revista hebraica - setembro 2013

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ANO LIV | Nº 619 | SETEMBRO 2013 | TISHREI 5774 Iom Kipur renova e liberta

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Page 1: Revista Hebraica - Setembro 2013

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ANO LIV | Nº 619 | SETEMBRO 2013 | TISHREI 5774

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Iom Kipur renova e libertaCapa set 2.indd 1 27/8/2013 14:29:51

Page 2: Revista Hebraica - Setembro 2013

palavra do presidente

Opção pelas crianças, escolha pelo futuro

Escrevo desde Ierushalaim, pouco antes de retornar ao Brasil, e ainda sob o impacto dos eventos durante esta última Macabíada, para a qual levamos uma das três maiores delegações do mundo e o Brasil teve uma das melhores classifi cações da história de sua participação deste acontecimento espetacular ao mesmo tempo esportivo, cultural, social somado à sua intensa mensagem de sio-nismo e judaísmo.Como sempre, a cada vez que viajo para Israel volto mais impressionado e emocionado com um ou outro aspecto, mas, desta vez, algo em especial chamou a minha atenção. É claro que poderia discorrer horas a respeito da fantástica cerimônia de abertura dos jogos no Estádio Teddy Kolek, em Jerusalém, equipado com o que há de mais moderno no mundo, e com a presença prestigiosa do presidente Shimon Peres, o primeiro-ministro Biniamin Netaniahu, as lideranças políticas do país e delegados estrangeiros. E o momento em que numa única voz cerca de cinquenta mil pes-soas cantaram juntos o Hatikva, emocionando a todos. Poderia também me estender durante al-gumas boas horas acerca do desenvolvimento do país, as novas construções, os novos bairros, os grandes empreendimentos de todos os tipos, cidades que surgem do nada em pleno deserto, a in-fraestrutura invejável, os jardins, o cuidado com o ser humano a preocupação com os que che-gam. Estradas modernas, transporte coletivo ligando o norte ao sul do país, os projetos como o de um trem de alta velocidade ligando Tel Aviv a Jerusalém. Os turistas afl uem a Israel nesta época do ano, vindos de todas as partes e pelas mais variadas razões, o tráfego nas estradas e o caótico trânsito em Tel Aviv. E falar das pessoas que passeiam pelas ruas de qualquer cidade até altas ho-ras com a maior segurança, os restaurantes e os bares lotados, e muito mais.Mas o que mais chamou minha atenção desta vez foi a quantidade de crianças. Parece que, de re-pente, o povo de Israel resolveu ter muitos fi lhos porque, mais do que sempre, acredita no futuro da nação, na certeza da sua segurança, na convicção das oportunidades de crescimento com qua-lidade de vida, e por esta razão aposta no futuro e no desenvolvimento do país que terá de conti-nuar crescendo e oferecendo oportunidades a toda esta futura geração que nasce num país jovem, de apenas 65 anos.É o que, de certa maneira, se reproduz aqui na Hebraica quando apostamos em um aumento substancial da frequência infantil a partir do momento em que a Escola Alef passou a funcionar no clube, em perfeita harmonia, com os demais associados e frequentadores nos dias de semana.A educação de qualidade na escola somada à sua integração com o clube é um projeto que vai se materializar em poucos anos no futuro da nossa comunidade com cidadãos bem formados para o exercício da plena cidadania e a vantagem de ser construída sobre as sólidas bases do judaís-mo feito das grandezas do passado e do presente e formador de uma só família, uma só tradição, a mesma história e o mesmo destino. Quando esta edição chegar às mãos dos nossos associados, estaremos celebrando as datas mais importantes do calendário mosaico. Por esta razão, desejo a todos Shaná Tová Umetuká. E Gmar Chatimá Tová.

PARECE QUE, DE REPENTE, O POVO DE ISRAEL RESOLVEU TER MUITOS FILHOS PORQUE, MAIS DO QUE SEMPRE, ACREDITA NO FUTURO DA NAÇÃO, NA CERTEZA DA SUA SEGURANÇA, NA CONVICÇÃO DAS OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO COM QUALIDADE DE VIDA, E POR ESTA RAZÃO APOSTA NO FUTURO

ShalomAbramo Douek

HEBRAICA | SEY | 2013

3

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Page 3: Revista Hebraica - Setembro 2013

HEBRAICA | SET | 2013

5

42Fotos e fatos

Os destaques do

mês na Hebraica e

na comunidade

49juventude

50Meidá

Décima oitava

turma do curso

de líderes

visitou Israel

52Teatro

Em setembro,

estreia o novo

musical infantil

57esportes58Macabíadas

Mais dez páginas

sobre o maior

evento esportivo

do mundo judeu

68Curtas

Os destaques

do judô, polo

aquático, xadrez e

basquete

75magazine

76Polêmica

Shabat até

domingo? O

debate em Israel

continua...

80Tecnologia

Conheça dez

aplicativos

israelenses para

facilitar o trânsito

82Nazismo

As relações do

papa Pio XII com

a Alemanha de

Hitler

86Czarismo

O misterioso

secretário de

Rasputin era

judeu?

92A palavra

As instigantes

traduções que

Robert Alter fez

da Bíblia

94Exposição

Até 15 de

setembro, a

mostra de cartazes

do teatro ídiche

9612 notícias

A visão do nosso

correspondente

em Israel

100Literatura

Um conto de I. L.

Peretz traduzido

por J. Guinsburg

106Cinema

Dois comentários

sobre Hannah Arendt, de

Margareth von

Trotta

108Leitura

Os destaques do

mês no mercado

das id

110Música

Onze lançamentos

imperdíveis, do

popular ao erudito

112Com a língua e

com os dentes

Com vocês, a

brasileiríssima

e deliciosa

mandioca...

118Medicina

esportiva

Tudo o que você

precisa saber sobre

fascite plantar

121diretoria

122Novidade

Foi lançado

catálogo de

prestadores de

serviços para festas

124Lista da Diretoria

Saiba quem são os

seus representantes

no Executivo

144Lista do Conselho

Veja a lista

atualizada de

conselheiros

146Conselho

Reuniões

promovem

encontro de

gerações

A DÉCIMA OITAVA TURMA DO CURSO DE LÍDERES MEIDÁ, EM GUARULHOS, PRESTES A EMBARCAR PARA ISRAEL

50

Editorial.indd 5 27/8/2013 16:16:58

4

sum

ário

58

24

6Carta da Redação

8Destaques

do Guia

A programação

de setembro e

outubro

14Capa

Os talentos

musicais que as

Grandes Festas

revelaram

HEBRAICA | SET | 2013

23cultural + social

24Festival de Cinema

Décima sétima

edição exibiu 33

longas-metragens

28Clube da leitura

Projeto se espalhou

por outros clubes

da cidade

30Gourmet

Chef Raphael

Despirite

desvendou segredos

do sufl ê

32Meio-Dia

Festival de Música

Judaica já está

em clima de

aquecimento

34Diplomacia

O novo cônsul de

Israel Yoel Barnea,

em entrevista

exclusiva

36Coluna um /

comunidade

Os eventos mais

signifi cativos da

cidade

GAROTAS DA GINÁSTICA ARTÍSTICA EM HOTEL DE NATÂNIA, DURANTE AS MACABÍADAS

OS DIRETORES CONVIDADOS SÉRGIO SLUTZKY, CÍNTHIA CHAMECKI E ALEX HELLLER, NO XVII FESTIVAL DE CINEMA JUDAICO

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Page 4: Revista Hebraica - Setembro 2013

HEBRAICA | SET | 2013

6

OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA “A HEBRAICA” DE SÃO PAULO RUA HUNGRIA, 1.000, PABX: 3818.8800

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FIS-CHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTEN-BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 - 1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKO-BOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

DIRETOR-FUNDADORPUBLISHER

DIRETOR DE REDAÇÃOEDITOR-ASSISTENTE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃOREPORTAGEM

TRADUÇÃO

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BERNARDO LERERJULIO NOBREMAGALI BOGUCHWALTANIA PLAPLER TARANDACHELLEN CORDEIRO DE REZENDE

BENJAMIN STEINER (EDITOR)CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO)FLÁVIO M. SANTOS

JOSÉ VALTER LOPES

HÉLEN MESSIAS LOPES ALEX SANDRO M. LOPES

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RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95 E-MAIL [email protected] CEP: 05435-040 - SÃO PAULO - SP

PAULO SOARES DO VALLECARMELA SORRENTINORODRIGO SOARES DO VALLESÔNIA LÉA SHNAIDERPREVAL PRODUÇÕESIBEP GRÁFICA AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619JAGUARÉ – SPTEL./FAX: 3814.4629 [email protected]

BERNARDO LERER MTB 7700

ANO LIV | Nº 619 | SETEMBRO 2013 | TISHREI 5774

calendário judaico :: festas

dom seg ter qua qui sex sábdom seg ter qua qui sex sáb

OUTUBRO 2013Heshvan 5774

SETEMBRO 2013Tishrei 5774

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

carta da redação

Gmar Chatimá TováO editor adjunto Julio Nobre foi feliz na escolha de uma das fotos de auto-ria de Flávio Mello para ilustrar a capa desta edição: a mão que substitui a mão humana apontando as linhas da Torá, lida nos serviços matutinos de Rosh Hashaná e Iom Kipur. A essa imagem juntamos os dois verbos que dão sentido a Iom Kipur, o nome próprio do último dos Dias Temíveis. Esta edição publica o material que Magali Boguchwal, como todo bom re-pórter, guardou das duas semanas que passou em Israel acompanhando a delegação brasileira e que complementa as reportagens a respeito do grande evento esportivo judaico, publicadas com exclusividade na edi-ção de agosto. São informações e histórias de bastidores que, em certa medida, explicam porque a próxima Macabíada começa quando a ante-rior ainda está em curso.No “Magazine”, nosso correspondente Ariel Finguerman explica a mais recente polêmica em Israel: fazer do domingo também fi nal de sema-na, emendando com o sábado. Para isso, entrevistou judeus observantes, contra e a favor. Ainda no “Magazine”, os textos de dois associados que assistiram ao fi lme de Hannah Arendt, dirigido por Margareth von Trot-ta. O ensaio de um dos maiores vaticanistas acerca do papa Pio XII e o na-zismo, os dez aplicativos para celular criados em Israel e a história do se-cretário judeu da muito conhecida fi gura de Grigori Yefi movich Rasputin.Este exemplar chega às mãos dos associados em meio às celebrações de Rosh Hashaná. Por esta razão, os votos de Shaná Tová seguem com o ne-cessário complemento de Gmar Chatimá Tová.

Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação

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Fale com a Hebraica

4. Véspera de Rosh Hashaná | 5. Primeiro dia de Rosh

Hashaná | 6. Segundo dia de Rosh Hashaná

13. 17h39, início do jejum de Iom Kipur

14. Iom Kipur termina às 18h33| 18. Véspera de Sucot

(ESTA EDIÇÃO CORRIGE A DATA EM UM ANÚNCIO A RESPEITO DAS COMEMORAÇÕES DE ROSH HASHANÁ E

IOM KIPUR, PUBLICADO NA CONTRACAPA DA EDIÇÃO DE AGOSTO)

VEJA NA PÁGINA 146 O CALENDÁRIO ANUAL 5773-5774

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Page 5: Revista Hebraica - Setembro 2013

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por Giovahnna ZieglerHEBRAICA | SET | 2013

8

gdestaques do guia

NO INÍCIO DO MÊS DE SETEMBRO, TEMOS A FESTA MAIS IMPORTANTE DA COMUNIDADE JUDAICA, O ROSH HASHANÁ 5774, COMEÇANDO NA PRIMEIRA SEMANA, SEGUIDO DAS CELEBRAÇÕES DE IOM KIPUR, NA SEMANA SEGUINTE. O AFTER SCHOOL COMPLETA 5 ANOS E A HEBRAICA COMEMORA COM TODA ESSA FAMÍLIA. DUDU FISHER SERÁ PROTAGONISTA NO TRIBUTO AOS GRANDES MUSICAIS QUE FIZERAM HISTÓRIA, NO EVENTO IN CONCERT BROADWAY. EM UMA REALIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE JUVENTUDE/TEATRO, O ESPETÁCULO “MONSTRUOSOS MONSTRENGOS DE MONSTRÓPOLIS” ESTREIA NA ÚLTIMA SEMANA DE SETEMBRO GARANTINDO DIVERSÃO PARA TODA A FAMÍLIA. CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA EM WWW.FACEBOOK.COM/CLUBEHEBRAICASP

cultura + social juventude

2/9Aniversário After School

22/9Espetáculo Monstruosos Monstrengos de Monstrópolis

Horários do ônibus• Terça a sexta-feiraSaídas Hebraica

11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30

Saída Avenida Angélica

9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45

• Sábados, domingos e feriados Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30,

16h45, 17h, 18h20 e 18h30

Saídas Avenida Angélica

9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45

• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h

Saída Hebraica – 13h45, 18h30

4 a 6/9Rosh Hashaná

13 a 14/9Iom Kipur

8/9In Concert Broadway

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Page 6: Revista Hebraica - Setembro 2013

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Page 7: Revista Hebraica - Setembro 2013

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capa | grandes festas 5774 | por Magali BoguchwalHEBRAICA | SET | 2013

14

As vozes que embalam o perdão

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HEBRAICA | SET | 2013

15

U ma exposição na Galeria de Arte convida os sócios a conhecer a longa histó-ria da identidade judai-

ca no clube. Fotos e textos mostrarão como as sucessivas gestões da Hebrai-ca sempre preservaram os costumes e valores, atenderam aos preceitos bá-sicos e não se prenderam a nenhuma corrente judaica.

Neste início do ano judaico de 5774, os lugares nas sinagogas montadas no Te-atro Arthur Rubinstein – onde atuará o chazan Dudu Fisher e terá a presença do rabino Henry Sobel –, no Salão Marc Chagall, com o chazan Gerson Herszko-wicz e na Sinagoga, com o chazan David Kullock, já estão reservados e enquanto os adultos fazem as orações, as crianças serão entretidas por monitores com ativi-dades centradas nas Grandes Festas. (veja horários e locais na próxima página).

A comemoração das Grandes Festas iniciada em 1965, quando o teatro da Hebraica tinha apenas dois anos, é um bom exemplo disso. Os diretores que se propuseram a tocar o ambicioso proje-to de celebrar Rosh Hashaná e Iom Ki-pur no clube foram Salomão Trezmielina (z’l) e Henrique Hecht, dois empresários que atuavam como diretores de Cultura Judaica durante a gestão do presidente Maurício Grinberg (z’l).

Eles contrataram o chazan Sidor Be-larsky, profi ssional com carreira interna-cional muito respeitado pelos sócios fre-quentadores de espetáculos musicais no exterior. O coro que o acompanhou por muitos anos foi regido primeiro pelo ma-estro Bernardo Federovsky e, depois, por Noach Foiguelman.

A partir daí, e a cada ano, houve adap-tações na ambientação do teatro, no posi-cionamento do púlpito e na participação dos diretores durante os rituais. Em 1972, na gestão de Beirel Zukerman, o Depar-tamento de Juventude lançou um serviço dirigido para o público jovem e reservou

NOS 48 ANOS DE EXISTÊNCIA DOS SERVIÇOS RELIGIOSOS DAS GRANDES FESTAS NA HEBRAICA O CANTO LITÚRGICO JUDAICO CONSOLIDOU INÚMERAS CARREIRAS MUSICAIS

o principal salão de festas para o evento.Aos 18 anos, Cláudio Lottenberg, hoje

presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e do Hospital Albert Eins-tein, foi o chazan, assistido por um ati-vista que poderia ser seu avô, Uron Mandel (z’l).

No ano seguinte, outro jovem, Gerson Herszkowicz assumiu como chazan do mesmo serviço que, ao longo dos anos se tornou tão tradicional como o do Te-atro Arthur Rubinstein. Com a morte do chazan Sidor, os ainda diretores Hecht e Trezmielina se apressaram em contratar outro grande ícone da música litúrgica internacional: Moshé Stern desembarcou pela primeira vez em São Paulo e ganhou rapidamente respeito e a admiração dos frequentadores do teatro. Por muitos anos, fez questão de trazer um coro esco-lhido por ele para acompanhá-lo.

Ano a ano, os serviços religiosos ga-nhavam cada vez mais espaço, levando o clube a interromper todas as ativida-des em Rosh Hashaná e Iom Kipur. Até meados dos anos 1980, as duas sinago-gas conquistaram adeptos, e cada um dos serviços uma identidade própria ao ponto de se tornarem conhecidos como o “serviço do Gerson” e o “serviço do Moshé Stern”. O bom andamento de am-bos e a infl uência dos já citados Trezmie-lina, Hecht e Mandel, até o fi nal da déca-da de 1990, de certa forma explicam as poucas alterações nos ofícios das Gran-des Festas na Hebraica.

“Claro que as pessoas vinham rezar, mas a prioridade delas era ouvi-los, es-pecifi camente Moshé Stern e Gerson”, conta Daniel Grabarz, ele também um dos muitos que encontraram um cami-nho na música em razão dos serviços re-ligiosos no clube, dos quais o do Salão Marc Chagall manteve a mesma estru-tura básica com Gerson Herszkowicz e o coral Zemer regido por Sima Halpern. Na Sinagoga, o chazan David Kullo-ck conta com a participação das famí-

O CANTOR DUDU FISHER EM MOMENTO SOLENE DURANTE AS GRANDES FESTAS

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Page 9: Revista Hebraica - Setembro 2013

capa | grandes festas 5774HEBRAICA | SET | 2013

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lias que o acompanham desde meados da década de 1990. No Teatro Arthur Ru-binstein, o chazan Dudu Fisher é acom-panhado pelo coral litúrgico regido pelo maestro Leon Halegua.

Eis, a seguir, os depoimentos de Da-niel Grabarz, Cláudio Goldman e Ricardo (Kiki) Wertheimer cujas carreiras foram marcadas pela atuação nas celebrações de Rosh Hashaná e Iom Kipur do clube.

Começo no coro“Eu frequentava a Sinagoga da Hebraica, Eu soube que o novo maestro procurava candidatos para o novo coro que acom-panharia Moshé Stern no teatro e como recompensa havia uma viagem para Is-rael. Fui aprovado nos testes com o ma-estro Leon Halegua e quase ao mesmo tempo soube que o diretor de Cultura Ju-daica José Luiz Goldfarb procurava no-vos leitores da Torá para a Sinagoga, e me candidatei. O clube patrocinou um curso com o chazan Simon Amar (z’l), com o qual aprendi tudo o que sei até hoje e ainda em 1994 me dividi entre o coro no teatro e a leitura da Torá na Sina-goga”, lembra Daniel Grabarz.

“Moshé Stern era muito exigente. Du-rante alguns anos, ainda trouxe canto-res do exterior. Primeiro, só homens, e depois uma chazanit, e o serviço do te-atro era o chazan e os dois corais. O ma-estro Leon recebia as partituras no início do ano e começávamos a ensaiar já em abril. Stern chegava duas semanas an-

tes de Rosh Hashaná e passávamos ho-ras ensaiando até satisfazê-lo, principal-mente depois que nos tornamos o único coral a acompanhá-lo. Aos poucos, ele foi aceitando o fato de haver cantoras no coral e em duas vezes trouxe uma chaza-nit russa de Israel para atuar no serviço”, conta Grabarz.

“Nós também o acompanhávamos nas apresentações do show ‘Liturgia in Con-cert’, ocasião em que revelava os seus dotes de cantor lírico. No último ano de contrato, teve um problema de hipogli-cemia em razão do jejum de Iom Kipur

e que assustou a todos. No ano seguinte, Cláudio Goldman foi contratado para o serviço do Teatro.”

Entre o popular e o litúrgico“Sou sócio da Hebraica desde bebê. Às ve-zes vinha ao clube para nadar, jogar xa-drez... Quando voltei de Portugal, em 1992, fui ao ‘Domingão do Faustão’, ‘Jô So-ares’, ‘Hebe’, e convidado pelo então pre-sidente Jack Terpins para fazer um show no clube”, recorda Cláudio Goldman.

“Muito tempo depois, em 1998, o maes-tro León Halegua me convidou para subs-

Durante todo o mês de setembro, a Galeria de Arte exibe a exposição “Hebraica Judaica”, retrospecto dos principais acon-tecimentos do Departamento de Cultura Judaica durante os sessenta anos do clube. Gerson Herszkowicz, o atual diretor do departamento lembra que “a Hebraica começou judaica, pois sua inauguração aconteceu durante Chanuká. Cantamos, fi zemos brachot (bênçãos) e acendemos a chanukiá”.

Sob a direção do vice-presidente Administrativo Mendel Szlejf, um entusiasta da cultura judaica em todas suas verten-tes, o Departamento de Cultura Judaica continua a tradição, que teve momentos marcantes durante essas seis décadas.

Contribuíram para a realização dessa mostra a cessão dos cartazes do teatro ídiche na Hebraica da coleção de Marcos Chusyd, a extensa pesquisa de Lucilla Glogowsky na Biblioteca consultando o acervo da revista Hebraica (a partir de 1964) e o trabalho minucioso de Flávio Mello com o material fotográfi co, parte dele em mau estado de conservação. Muitos dos visitantes poderão se ver nas fotos, alguns visíveis, outros recordando os fatos fotografados. Uma exposição para ser vista com fi lhos e netos.

Exposição na linha do tempo

O CHAZAN CLÁUDIO GOLDMAN DURANTE SERVIÇO RELIGIOSO EM 2000, AINDA NO ANTIGO SALÃO BEN-GURION

>>

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HEBRAICA | SET | 2013

17

tituir uma cantora que estava doente para interpretar Avinu Malkeinu. Fato curio-so, no Casino Estoril eu também substituí uma cantora que adoecera. O diretor José Luiz Goldfarb gostou do meu jeito de can-tor popular, sem nenhuma ligação com a religião, e fi lho do Alberto Goldman. Por pura ignorância, eu cantava textos litúrgi-cos sem kipá”, diz Goldman,

“José Luiz começou a me incentivar no estudo da chazanut. Passei a ter aulas de hebraico com a professora Gisela, mãe do rabino Michel Schlesinger, na época um adolescente, mas desisti. Achei que aquilo não era pra mim... Paralelamen-te, vivi uma época de ouro no clube, par-ticipando dos musicais Porgy and Bess, A Noviça Rebelde e tantas outras produ-ções com o coral do maestro Leon Hale-gua”, relembra Goldman.

“Insistiram, retomei o estudo de cha-zanut... E, para quem, como eu, nada sa-bia, foi uma proeza fazer as Grandes Fes-tas naquele pequeno salão onde hoje é a Sinagoga... Eu lia no transliterado, mas estudava muito e sabia exatamente o que estava cantando... Então, em 2001, passaram a cogitar que eu substituís-se o grande Moshé Stern no Teatro Ar-thur Rubinstein. Fui submetido a um tes-te, aprovado e colocaram à minha dispo-

sição os professores Carlos Dimant, Da-niel Grabarz e o chazan Avi Bursztein. Com cada um deles aprendi muito. Mas não fosse o querido Carlos Zakon, já fa-lecido, do Buffet Kasher, não teria conse-guido fazer o serviço. Pois como saber o que o Stern cantava? Como aprender as partituras dele com o coral, os recitati-vos? Aí surge o Carlos Zakon e me coloca nas mãos uma caixa de sapatos com um monte de fi tas cassete, com todo o servi-ço das Grandes Festas na voz de Moshé Stern”, revela Goldman.

“Durante seis meses, viajava com as fi tas e o Machzor no carro. Não me des-grudava um minuto... Lembro que esta-va estudando quando aconteceu a tragé-dia do World Trade Center. Houve quem duvidasse que eu pudesse me sair bem e aqueles que se surpreenderam por ter sido bem-sucedido. Ainda que no início eu quisesse imitar o vozeirão do Moshé Stern, que não é o meu estilo. Gosto de cantar com emoção, suave, envolvente, fazendo voz forte apenas nos momen-tos mais importantes. Mesmo sem o co-nhecimento do hebraico, era elogiado pela pronúncia das palavras. Recusei a proposta de me aprimorar em Israel por ter fi lhas pequenas aqui no Brasil. Optei por investir na minha carreira como can-

tor. 2010 foi o último ano como chazan no clube, um período mágico, pleno de emoção e da certeza de ter realizado um bom trabalho. Sou grato a cada um dos meus queridos amigos e professores. Hoje trabalho como chazan, com muito prazer, e sem deixar de atuar como can-tor popular”, conclui Goldman.

A história de Ricardo Por vários anos, Ricardo Wertheimer, ainda um garoto, encerrava o serviço re-ligioso de Iom Kipur entoando o Adon Olam diante de milhares de pessoas no Salão Marc Chagall. Aos 27 anos, ele agora desenvolve uma carreira musical na banda GPS e se dedica a estudar cha-zanut e volta aos anos durante os quais acompanhou o serviço religioso do cha-zan Gerson Herszkowicz.

“O meu interesse pela música é de fa-mília. Sou fi lho, neto, bisneto, e por aí vai, de tradicionais famílias de levyim soviéticos e húngaros. Meus antepassa-dos eram chazanim ou trabalhavam di-retamente com a música de alguma ma-neira. Desde pequeno conheci ambien-tes musicais, desde aulas de música, apresentações na escola, cantorias em família, até ensaios do Coral Zemer re-gido pela maestrina Sima Halpern com

Grandes Festas 5774

4/9 – 18h, véspera de Rosh HashanáAcendimento das velas às 17h365/9 – 9h – Início dos serviços 17h – Tashlich18h – Minchá e Arvit (Sinagoga)6/9 – 9h – Início dos serviços 13/9 – Iom Kipur, 18h – Kol NidreiAcendimento das velas e início do jejum às 17h3914/9 – 9h – Iom Kipur – Shacharit11h – Yizcor de Iom Kipur17h- Neilá Iom Kipur18h42 – Shofar e Kidush de Iom Kipur (fi m do jejum)

SALÃO MARC CHAGALL LOTADO PARA AS GRANDES FESTAS

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te e o coração àqueles valores e ideias que engrandecem a vida humana. O ho-mem precisa voltar-se a Deus para que seu espírito possa fl orescer.

Há muitos obstáculos no caminho de renovação, e é preciso identifi cá-los e compreendê-los para que possamos ten-tar superá-los. Muitas vezes, estamos presos atrás das grades dos nossos im-pulsos, emoções, atitudes e hábitos. O arrependimento é um processo de liber-tação no qual o ser humano se desvenci-lha das correntes que prendem e confi -nam seu espírito.

Conta-se uma história sobre Miche-lângelo, que levou certo dia um enorme bloco de mármore até o centro da Praça de São Pedro. As pessoas que passavam olhavam curiosas, sem entender o que estava acontecendo, até que alguém per-guntou: “Ei, o que você pretende fazer com isto?” E Michelangelo respondeu: “Dentro desta pedra há um anjo queren-do se libertar!”

Não é por isso que nós estamos aqui hoje: por que sentimos dentro de nós um anjo querendo se libertar? Bem, talvez não um anjo, mas certamente alguém um pouco melhor do que fomos no ano que passou. Será que conseguiremos

gou a fazê-lo. O convidado, entretanto, continuou falando do livro, descreven-do detalhadamente seu conteúdo. E, en-tão, Smedley começou a lembrar que era exatamente aquilo que ele tinha so-nhado em escrever. Em seguida, o con-vidado sentou-se ao piano e começou a tocar uma música, dizendo que era uma composição do Sr. Smedley. Novamente Smedley protestou, alegando que ele ti-nha realmente pensado um dia em com-por aquela melodia, mas não teve tempo de fazê-lo. Quando o convidado levan-tou-se para ir embora, Smedley agrade-ceu a visita e perguntou: “Desculpe-me, mas não ouvi bem o seu nome. Quem é o senhor?” E o convidado respondeu: “Eu sou o homem que você poderia ter sido”.

Pois é, meus amigos, é muito triste quando em Iom Kipur a gente se encon-tra na situação do Sr. Smedley; quando a gente ouve uma voz dizendo: “Eu sou o pai, o marido, o fi lho, o amigo, o ju-deu leal, o ser humano útil e criativo que você poderia ter sido”.

Nesse dia sagrado, em que rezamos pela vida, nós confrontamos o fato ine-vitável que a vida não é nossa para sem-pre, e que mais cedo ou mais tarde ela nos será tirada. Se este é o destino de to-dos nós, então nada é mais signifi cativo do que deixarmos atrás, quando partimos deste mundo, uma prova marcante de que nossa existência não foi em vão; que nossa vida, embora curta, não foi uma chama passageira, mas uma luz brilhan-te que iluminou o caminho daqueles que amamos, ajudando-os a andar com pas-sos mais fi rmes e corações mais alegres.

Ao contemplarmos nossa missão e nosso destino como seres humanos, va-mos iniciar o ano novo com um novo lema: “Esta é a única vez que eu vou per-correr a estrada da vida. Se existe algum bem que eu possa fazer no caminho — uma palavra meiga a dizer, um sorriso a oferecer, um carinho a dar, uma causa a abraçar —, é bom que eu o faça agora, sem demora”.

O anjo está aqui, dentro de cada um de nós, esperando o momento de se re-velar. Que possamos libertá-lo. Agora, sem demora.

este ano remover a camada de insensi-bilidade, apatia e indiferença que repri-me nosso “anjo interior”? Será que pode-remos esculpir a nossa personalidade e o nosso caráter, e revelar a beleza que exis-te dentro de nós?

Na liturgia de Iom Kipur, repleta de pre-ces pela vida, há um tom de dúvida, de incerteza. Qual de nós não sente um im-pacto ao ler no Machzor: “Mi yichê u’mi yamut”, “quem viverá e quem morrerá?” Diante dessa pergunta, torna-se mais ur-gente o desafi o que nos confronta. A tare-fa de desenvolver nosso potencial precisa ser empreendida imediatamente. Não há tempo a perder. Um sábio disse certa vez: “A tragédia da vida não é que ela termina tão cedo. A tragédia da vida é que nós de-moramos tanto para começar”.

Algumas semanas atrás, eu li uma his-tória chamada “Mr. Smedley’s Guest”, “O convidado do Sr. Smedley”. Certa noi-te quando cochilava tranquilamente em sua poltrona, o Sr. Smedley recebeu a vi-sita inesperada de um estranho. O ho-mem começou a dizer que o livro do Sr. Smedley havia sido aclamado pela críti-ca e pelo público. Smedley interrompeu, dizendo que ele realmente tinha pensa-do em escrever um livro, mas não che-

CONGREGAÇÃO PARTICIPA DO SERVIÇOS NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN, ONDE A PRESENÇA DO RABINO SOBEL AUMENTOU O INTERESSE DOS SÓCIOS PELO SERVIÇOS

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capa | grandes festas 5774 | por rabino Henry I. SobelHEBRAICA | SET | 2013

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P ara nós, a teshuvá signifi ca perce-ber que estamos no caminho erra-

do, signifi ca ter a coragem de voltar atrás e tomar um novo rumo. O autêntico ar-rependimento não é um remorso inútil e autodestrutivo pelos erros que comete-mos, mas sim a decisão madura e cons-ciente de mudar, de melhorar, de se mo-difi car. A teshuvá é uma renovação: mo-ral, psicológica e espiritual.

Talvez possamos melhor entender este processo observando o que aconte-ce agora, quando a natureza se renova. O que é que traz o início da primavera? O que é que faz a terra despertar, a se-mente brotar, a fl or desabrochar? A pri-

meira começa quando a Terra se inclina numa certa posição em relação ao Sol, quando ela literalmente se volta para o Sol. Somente então, sua energia poten-cial, que estava até então oculta, conse-gue se manifestar.

Assim como a Terra, o ser humano também traz dentro de si uma infi nidade de qualidades latentes. A teshuvá é um apelo para desenvolvermos criativamen-te todo este potencial moral e espiritual, toda esta fonte de riqueza ainda não ex-plorada. Assim como a Terra só se rege-nera quando se volta para o calor e a luz do Sol, assim também a nossa renova-ção só acontece quando abrimos a men-

Uma refl exão para Iom Kipur

O LEITMOTIV, O TEMA PREDOMINANTE DE IOM KIPUR, É TESHUVÁ. A PALAVRA É NORMALMENTE TRADUZIDA POR “ARREPENDIMENTO”, PORÉM O

QUE ELA IMPLICA É UM RETORNO, UMA VOLTA, UMA VIRADA. À PRIMEIRA VISTA, A IDEIA PODE NOS PARECER ANTIPÁTICA. VOLTAR TEM UMA

CONOTAÇÃO DE REGREDIR, RETROCEDER, RECUAR. MAS NÃO PARA O JUDEU

CHAZAN GERSON HERSZKOWICZ, À DIREITA, CONDUZ SERVIÇOS RELIGIOSOS NO SALÃO MARC CHAGALL, AO LADO DE RICARDO WERTHEIMER

o chazan Gerson Herszkowicz. Hoje, um terço do Coral Zemer é constituído de membros da minha família, como a minha mãe, o meu tio Léo Mutchnik e a minha irmã Débora Wertheimer Bon-der”, revela Wertheimer.

“No início da década de 1990, canta-va nos shabatot da escola regidos pela Régis Karlik (minha incentivadora ofi -cial na música), passei a estudar violão e piano, e cantava em ocasiões espe-ciais, como no coro mirim das Grandes Festas do Salão Marc Chagall. No meu bar-mitzvá, em maio de 1999, que teve participação da maestrina Sima Hal-pern, da morá Régis Karlik, do Coral Zemer e dos chazanim Avi Bursztein e Gerson Herszkowicz, pedi ao cha-zan Gerson autorização para cantar o Adon Olam na versão adaptada por ele, para as Grandes Festas do Salão Marc Chagall, a partir da melodia es-crita por Lalo Schifrin para o musical Tonight, a Musical e interpretado por Dudu Fisher. Então o chazan Gerson me convidou para cantar ofi cialmen-te na Hebraica nas grandes festas e no Coral Zemer. Ou seja, neste 2013 com-pleto quatorze anos, participando efe-tivamente das Grandes Festas do Salão Marc Chagall”, diz Wertheimer.

“É, sem dúvida, uma grande respon-sabilidade cantar para milhares de pessoas em Rosh Hashaná e Iom Ki-pur, e ainda sinto minhas pernas tre-merem. Quando começo a cantar, olho para o Gerson; ele me passa tranquili-dade e concentração que me faz cantar mais do que simplesmente com a voz, mas sim com o coração e com a alma. Graças a esse amor pela música, desde 2008, quando criei a Banda GPS. mi-nha principal atividade é cantar e en-treter em casamentos, bar e bat-mit-zvot e eventos corporativos. E além do meu trabalho com a Banda GPS, estudo canto lírico, popular e chaza-nut. Cantar é o meu maior prazer, e foi aqui, na Hebraica, que comecei a can-tar, dançar, atuar e apresentar, e quero sempre me manter ativo na Hebraica, que considero a minha segunda casa”, conclui Wertheimer.

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cultural+ social

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cultural + social > festival de cinema judaicoHEBRAICA | SET | 2013

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Edição exibiu 33 longas-metragens

A DÉCIMA SÉTIMA EDIÇÃO DO FESTIVAL DE CINEMA JUDAICO (FCJ) TEVE GRANDE REPERCUSSÃO NA MÍDIA PAULISTA, COM SESSÕES LOTADAS NO CINESESC, CINEMARK DO PÁTIO HIGIENÓPOLIS, CENTRO DA CULTURA

JUDAICA, E NOS TEATROS EVA HERZ, ARTHUR RUBINSTEIN E ANNE FRANK

O Relógio do Meu Avô, do diretor ca-rioca Alex Levy Heller, foi escolhi-

do pelo público do XVII Festival de Cine-ma Judaico como o melhor documentá-rio da mostra e ganhou uma exibição ex-tra na sessão reservada às pré-estreias três dias depois do encerramento.

“Houve muita procura pelos ingressos da sessão noturna realizada no Teatro Anne Frank durante o Festival e quan-do informamos o público que o docu-mentário tinha sido o mais votado pelo júri popular, houve muito mais interes-se”, informou a curadora do FCJ Daniela Wasserstein.

Heller foi um dos três diretores convida-dos no festival deste ano. Ele acompanhou

GEORGE LEGMAN, JOÃO BATISTA DE ANDRADE, DO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA, E O REITOR DA USP JOÃO GRANDINO ROSAS

todas as exibições do fi lme, explicando as circunstâncias que o fi zeram viajar até a Transilvânia para concluir em nome do avô a busca por um antigo relógio.

“Eu me empenhei em uma busca pes-soal por um relógio que estaria escondi-do na Transilvânia. O irmão do meu avô teria escondido o objeto antes da che-gada dos nazistas e do envio dos judeus para o campo de concentração. Eu, que sou da terceira geração, fui atrás dessa história e nessa busca você se aprofunda em questões como o Holocausto, conver-sa com sobreviventes. O fi lme trata des-sa busca pela identidade”, explica Heller.

O Relógio do Meu Avô é o primeiro longa-metragem do jovem que já tem

no currículo fi lmes premiados como Dzi Croquetes (2009), documentário onde atuou como diretor de produção. “O Relógio do Meu Avô é a minha estreia como diretor. Fiquei animado com o in-teresse demonstrado pelo público que veio à apresentação da noite de quarta-feira no Festival. Houve um debate de-pois do fi lme e pude mensurar a aceita-ção do meu trabalho”, afi rmou em en-trevista dada no dia seguinte à estreia no Festival. Ele se referiu a uma lacuna que percebe em relação ao cinema com temática judaica. “Ainda há pouca pro-dução brasileira. Veja este festival. Há quarenta fi lmes e apenas dois ou três fo-ram produzidos no país por profi ssio-nais brasileiros”, destacou.

O fi lme de Alex participou de festivais na Nova Zelândia, na Transilvânia e está inscrito em mostras de Luxemburgo e da Polônia. “Há algumas semanas, assi-namos um contrato para a transmissão pelo Canal Brasil, o que considero uma grande vitória”, comemorou Alex.

Cinthia Chamecki, curitibana ra-dicada nos Estados Unidos, fi nalizou em maio a produção de Estamos Aqui (Danken Got) que apresenta depoimen-tos de imigrantes judeus da Europa que ajudaram a formar a comunidade judai-ca curitibana. “Trabalho como editora de fi lmes e esta é minha estreia na pro-dução e também em um festival. Ontem estive com os alunos de cinema da Faap (Faculdade de Armando Alvares Pente-ado) e foi interessante debater o fi lme com pessoas de fora da comunidade ju-daica”, afi rmou a jovem.

O terceiro convidado foi Sérgio Slut-zky, diretor de Sem Ponto Final (Sin Punto y Aparte). Argentino radicado em Israel, esse jornalista rememora os anos 1970, quando um grupo de jovens judeus se vê dividido entre reagir ao complicado mo-mento político argentino e atender aos ideais sionistas depois de passarem um período atuando como voluntários em um kibutz logo após a guerra do Iom Ki-pur. “Minha resposta foi emigrar para Is-rael, mas muitos dos amigos que entrevis-tei para este fi lme decidiram tomar outro caminho”, comentou. (M. B.)

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É sempre instigante observar as esco-lhas feitas pelos júris populares nos festivais de cinema mundo afora. No caso do Festival de Cinema Judaico de São Paulo, o eleito foi o documen-tário O Relógio do Meu Avô, produção de 2012 realizada pelo cineasta brasi-leiro Alex Levy Heller. Chama a aten-ção que tenha sido realizado por um jovem integrante da terceira geração de imigrantes do pós-guerra e reve-la a gama de interesses desta faixa da comunidade judaica brasileira.

Heller é neto de um refugiado que deixou para trás a família na Hungria e encontrou abrigo no Brasil antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Terminado o confl ito, descobre que um dos irmãos sobreviveu. O documentá-rio mostra a busca de Heller por um re-lógio Patek Philippe que o avô deixara aos cuidados do irmão na Transilvânia.

Essa busca vem entremeada de de-poimentos de sobreviventes que che-

garam no fi nal dos anos 1940 ao Rio de Janeiro e ali, apesar do trauma do ge-nocídio, começaram uma nova vida, se integraram completamente ao Brasil, criaram fi lhos, netos e uma identidade tipicamente carioca e judaica.

Antes de partir para a Hungria, Heller decide visitar parentes em Israel, onde se encontra com uma prima que desis-tira de compreender os fatos ocorridos com os avós na Europa. Ao ser indaga-

da sobre o que acha que ele vai encon-trar na Hungria, ela responde: “Outras perguntas”.

Esta passagem parece resumir as expectativas das novas gerações em relação ao Holocausto e às terríveis ex-periências dos judeus sob o nazismo. Também parece apontar para a espe-rança de que outras boas produções realizadas por jovens cineastas podem estar a caminho. (J. N.)

Júri escolheu documentário brasileiro

A PLATEIA DO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN FICOU LOTADA PARA ABERTURA DO FESTIVAL

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cultural + social > festival de cinema judaicoHEBRAICA | SET | 2013

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Em sua décima sétima edição, o Festival de Cinema Judaico de São Paulo já faz parte do calendário cultural da cidade como mostram estas fotos da noite de abertura, com a exibição de fi lme argentino A Sorte em Suas Mãos, dirigido por Daniel Burman

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cultural + social > clube da leituraHEBRAICA | SET | 2013

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T udo começou com a leitura do ro-mance Dois Irmãos, de Milton Ha-

toun. O Clube da Leitura pegou e hoje existem dez grupos formados na cidade e no interior de São Paulo. Dos quator-ze integrantes iniciais do primeiro gru-po formado na Hebraica, cerca de seis sócios se mantiveram fi éis ao projeto. A cada mês, o grupo acolheu novos lei-tores. Um total de dez livros escolhidos foram analisados pelos participantes e pela atenta mediadora Vivian Schlesin-ger, que a partir da experiência com o Clube da Leitura desenvolveu uma car-reira profi ssional ligada à formação de críticos literários.

Um ano, dez livros e novos amigos

LANÇADO PELO SINDI-CLUBE EM PARCERIA COM A ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS E A COMPANHIA DAS LETRAS, O CLUBE DA

LEITURA COMEÇOU NA HEBRAICA EM AGOSTO DE 2012. A IDEIA JÁ SE ESPALHOU PELA CIDADE

Na reunião que coincidiu com a co-memoração do primeiro ano do proje-to, o livro debatido foi De Amor e de Tre-vas, do escritor israelense Amos Oz. Im-pressionada com o alto nível das inter-venções, a mediadora enviou a seguinte mensagem aos participantes do primei-ro grupo. “Ontem completamos um ano de grupo # 1, e Eunice trouxe um bolo para comemorarmos, delicioso, diga-se. Ela agradeceu a todos por terem acredi-tado no projeto do Clube de Leitura. Eu é que devo agradecer, porque além do prazer de trabalhar com vocês e de tudo que tenho aprendido, vocês têm me tra-zido muita sorte: muita coisa boa tem

me acontecido em consequência dessas conversas de sábado à tarde. Vocês são bárbaros!”

O roteiro literário do grupo # 1 incluiu Diário da Queda, de Michel Laub, Os Versos Satânicos, de Salman Rushdie e, mais recentemente, Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera. No primeiro semestre, Michel Laub esteve na Hebrai-ca e conversou com os integrantes dos três grupos. O próximo será Luiz Ruffato, premiado autor de Eles Eram muitos Ca-valos, entre outras obras, provavelmente 7 de dezembro, um sábado, em horário ainda a ser confi rmado.

“Para melhor aproveitar o momen-to, em outubro leremos Eles Eram mui-tos Cavalos. Os títulos escolhidos para o segundo semestre continuam com A Máquina de Fazer Espanhóis, de valter hugo mãe, em setembro”, informou.

Ainda sobre o Clube da Leitura: a res-ponsável pela Biblioteca Eunice Lopes informou aos participantes dos três gru-pos da Hebraica que o mediador do Clu-be Paulistano convidou dois visitantes. E eis que o Clube da Leitura abre um novo capítulo em sua história. (M. B.)

O CLUBE DA LEITURA COMEMOROU UM ANO DE ATIVIDADES

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cultural + social > espaço gourmetHEBRAICA | JUL | 2013

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O novo diretor voluntário do Espaço Gourmet é o argentino Diego Man, que traz o gosto por vinhos e comidas de várias gerações da família. Man iniciou a carreira de sommelier em Buenos Aires, aprimorada na Associação Brasileira de Sommeliers (ABS).

É consultor e escreve nas revistas Paladar e Sociedade da Mesa, uma das mais conhecidas no setor. Argentino de nascimen-to. “Eu me criei neste clube, sou da primeira leva de madrichim do Hebraikeinu”, conta.

Man já planejou sua linha de atuação com a chef Ana Recchia, a profi ssional responsável pelo local. Novos eventos, cursos, degustações farão parte dos futuros “cardápios”, feira gastronômica e surpresas como o intercâmbio com chefs israelenses. Aguardem.

Sob nova direção

A história do tradicional restau-rante francês Marcel começou

com a abertura de um pequeno bistrô, em 1955, por Marcel Aurières. Anos depois, veio Jean Durand, dono de ou-tra casa francesa de renome, o La Po-pote, que queimou num incêndio.

Durand comprou o Marcel, atual-mente dirigida pelo neto Raphael Des-pirite, que começou na cozinha como ajudante, aos 14 anos. Depois formou-se em gastronomia na École Ritz Esco-ffi er, do badalado Hotel Ritz de Paris, trabalhou em Portugal, na Espanha e foi eleito Chef Revelação em 2007 pela revista Prazeres da Mesa. Aos 28 anos, a cozinha de Despirite revela gosto pela pesquisa de novos produ-tos e a incorporação do conhecimento da biologia e da botânica, mantendo o sufl ê, marca da casa.

“Sufl ado” ou “soprado” é a melhor defi nição para este prato, do sécu-lo 15, em pleno Renascimento, com a descoberta do poder aerador das claras batidas em neve. Quatro sécu-los depois, o francês Antonin Carême aperfeiçoou a receita com o calor do forno já passando por tubulações.

No Espaço Gourmet, diante de ho-mens e mulheres interessados em co-nhecer os passos da autêntica recei-ta francesa, Raphael Despirite mos-trou a preparação dos sufl ês de quei-jos Gruyère e Brie, cogumelos e alho poró. Para fi nalizar, sufl ê de goiaba-da. Foi fácil agradar aos trinta parti-cipantes da noite, convencidos da fama de mais de cinco décadas na gastronomia paulistana. (T. P. T.)

Suflê com autoridadeCORINTIANO SOFREDOR E CHEIO DE MANIAS EM DIA DE JOGO, O JOVEM RAPHAEL DESPIRITE É CHEF DO MARCEL, CONHECIDO COMO O RESTAURANTE QUE SERVE O MELHOR SUFLÊ DA CIDADE

FAZER O FAMOSO SUFLÊ DO MARCEL É UMA ARTE QUE O CHEF RAPHAEL CONHECE BEM

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cultural + social > hebraica meio-diaHEBRAICA | JUL | 2013

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O ren Neiman e Ben Zvi são co-nhecidos como o Duo Isra-Alien,

nome escolhido quando chegaram aos Estados Unidos para completar os estu-dos musicais. Era uma forma de identi-fi car os dois “estrangeiros” com Israel, onde nasceram e se tornaram amigos durante o serviço militar.

Ambos são de locais próximos a Tel Aviv e os dois violões que tocam convi-vem de forma tão harmoniosa a ponto de dar a impressão de uma pequena orques-tra em cena, tal os sons que Neiman e Ben Zvi tiram deles. As ousadas improvi-sações fazem parte de um repertório que retrata a tradição da música klezmer, gre-ga, do leste europeu, dos Bálcãs, mediter-rânea e outras mais, cuja inspiração e his-tórias pessoais produziram composições próprias. Durante o show, os dois expli-cam a época e detalhes de cada música.

A PRESENÇA DOS ISRAELENSES OREN NEIMAN E GILAD BEN ZVI NO HEBRAICA MEIO-DIA FOI UMA INTRODUÇÃO AO PRÓXIMO FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICA JUDAICA, DE 28 DE SETEMBRO A 6 DE OUTUBRO

Próximas atrações 1º./9 – O samba transcendental de Marcos Ozzellin8/9 – Grandes Festas – não haverá apresentação15/9 – Lançamento do CD de João Macacão, Praça Jerusalém22/9 – Jazz com Renata Versolatto 29/9 – Festival de Música Judaica – Amir Gwirtzman (Israel) e Jaffa Road (Canadá)Para conhecer o programa completo do Festival de Música Judaica, acessar www.imjbrasil.com.br

A semana em São Paulo foi corrida. Houve várias apresentações no Sesc Vila Mariana, Bar Madeleine, Centro da Cul-tura Judaica, workshop na Casa do Nú-cleo e encerraram com o Hebraica Meio-Dia no Teatro Arthur Rubinstein. Anima-dos e felizes por estar no Brasil, na He-braica tinham a ajuda de Nicole Borger

cantando Singing for a Better World, no original, em hebraico, e nas versões em inglês e português. O refrão, pedindo paz, foi cantado pelo público acompa-nhando o vigor que a música transmite.

Os preparativos para o IV Festival In-ternacional de Música Judaica estão em ritmo acelerado, e os contatos com mú-sicos e cantores nacionais e do exterior prometem uma programação de alto ní-vel. Por enquanto, o show de abertura está programado para o teatro do Sesc Pompeia, dia 28 de setembro, com a apresentação do musical A Night in the Old Marketplace (“Uma Noite no Velho Mercado”), adaptação do conto de I. L. Pe-retz, música de Frank London e texto de Glen Berger. Como nos anos anteriores, o grande show de encerramento será no Te-atro Arthur Rubinstein.

O Hebraica Meio-Dia faz parte do pro-jeto Hebraica para Todos, através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, com o apoio do Hospital Israeli-ta Albert Einstein. (T. P. T.)

Festival de Música Judaica esquenta

OREN NEIMAN E GILAD BEN ZVI FAZEM DO

IMPROVISO UMA ARTE

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cultural + social > diplomaciaHEBRAICA | SET | 2013

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Hebraica – Fale de sua trajetória pes-soal.

Yoel Barnea – Meus pais eram da en-tão Tchecoslováquia, passaram pela Shoá, em 1948 emigraram para a Argen-tina, onde residiam alguns parentes. Sou fi lho único, a primeira geração da famí-lia nascida na Argentina. Aos 12 anos, meu pai morreu, fi z o bar-mitzvá e em seguida imigrei com minha mãe para Is-rael, onde fi z a trajetória de todo israelen-se. Fui educado num ambiente identifi ca-do com o judaísmo e as tradições. Estu-dei na Universidade de Genebra, Suíça, e ao regressar fui trabalhar no Ministério das Relações Exteriores de Israel.

Sua formação em economia infl uiu na escolha para este novo cargo? As re-lações do Brasil com Israel são focadas mais no setor econômico?

Barnea – A economia sempre me in-teressou, pessoal e profi ssionalmente, e me interessei pelo tema durante os 32 anos no ministério. Estou no Brasil, em primeiro lugar, pela minha forte ligação com o país desde quando fui cônsul no Rio de Janeiro (1994-1998) e sou casa-do com Lúcia, uma carioca. É importan-te esse elo que Israel tem com a América Latina e o Brasil em particular, cultural, política e economicamente o país mais importante da região. E, nesse espaço, São Paulo é a locomotiva. Então, propus ao ministério, como primeira opção, vir

Ligação com Brasil infl uiu na escolha

ARGENTINO CASADO COM UMA CARIOCA, YOEL BARNEA É O NOVO CÔNSUL DE ISRAEL EM SÃO PAULO E, EM ENTREVISTA EXCLUSIVA A

TANIA TARANDACH, AFIRMOU QUE “OS ISRAELENSES DEVEM ATUAR PARA ISRAEL E O JUDAÍSMO DA DIÁSPORA, E OS LÍDERES COMUNITÁRIOS

PARA SUAS COMUNIDADES, REFLETINDO A IMPORTÂNCIA DO ESTADO JUDEU. SOMOS UM POVO COM DESTINO COMUM”

para cá e recebi a confi rmação. São Pau-lo é um centro importante da realidade brasileira. Nosso Consulado é responsá-vel também pelo Rio Grande do Sul, Pa-raná e Santa Catarina. Uma das razões pelas quais também quis vir ao Brasil foi o fato de falar o português de forma con-veniente. Gosto da língua portuguesa, ela é rica em nuances.

Sabemos que existe um relacionamen-to forte no Nordeste brasileiro com Israel. Como é atendido?

Barnea – O Brasil é um continente. Se-ria positiva uma presença maior no Nor-deste, mas temos de fazer escolhas, às ve-zes não muito fáceis. É uma questão de orçamento. A Embaixada de Israel em Brasília se ocupa dessa região brasileira.

O senhor foi cônsul em países africa-nos. Como vê a grande imigração dessa região para Israel?

Barnea – Fui embaixador na Costa do Marfi m de 1998 a 2000, uma experiência enriquecedora. Como parte das Nações Unidas, Israel ajuda refugiados que en-tram legalmente no país. Porém, nos úl-timos anos, a entrada ilegal, via Egito, tem criado grandes problemas de em-prego, saúde e condições de vida, pois essas pessoas não são cobertas pelo sis-tema de segurança social. Outro aspec-to é o aumento da criminalidade. Nem sempre temos a capacidade orçamentá-

ria de dar a elas as condições que mere-ceriam e ajudamos para que sejam aco-lhidas em outros países também. Nos-sa política é de acolher um número de imigrantes que o país pode absorver, in-cluindo a importância primordial da aliá de nossos irmãos da Diáspora.

Israel recebe imigrantes cada vez em maior número e de diferentes países. Como o sr. vê a pluralidade da popula-ção israelense?

Barnea – É um aspecto enriquece-dor porque numa sociedade pluralista aprendemos uns com os outros. Esse en-contro de diferentes culturas e visões é uma fonte de inspiração em todos os as-pectos. Israel teve a capacidade de cons-truir uma sociedade moderna, livre e de-mocrática. O resultado nos leva aos pri-meiros lugares em vários setores como saúde, educação, tecnologia e parte des-sas conquistas se encontra na pluralida-de das visões na sociedade israelense e nos triunfos sobre os desafi os.

Ações complementaresÉ correto imaginar que as lideranças co-munitárias estejam mais preocupadas em fortalecer as próprias comunidades formando novos líderes, por exemplo, do que em estimular a aliá?

Barnea – Acho que os dois temas têm a ver, um necessita do outro. É mui-to importante reforçar as comunida-des locais porque somos um povo com um destino em comum. Somos fortes na transmissão da herança, das tradi-ções e da longa história do povo judeu para evitar a perda de nossa identidade em qualquer lugar. É importante forta-lecer e aprofundar os dois lados e Israel tem um papel muito importante na Di-áspora para a preservação da identida-de judaica e assim continuar a singular epopeia de nosso povo. Uma comuni-dade forte serve também para o reforço da identidade de seus membros e pode levar a um acréscimo da aliá. Assim se completam os dois alvos, o apoio ao Es-tado de Israel e o fortalecimento das co-munidades na Diáspora.

No passado, a liderança judaica foi tes-

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35

temunha ocular da criação do Estado de Israel. Grandes transformações ocorre-ram no século 20, como a Shoá. Este ter-rível evento, junto com o estabelecimen-to do Estado de Israel, levou a uma gran-de mudança do judaísmo na Diáspora. Hoje, esses acontecimentos estão mais longe e por isso devemos considerar um novo tipo de relacionamento entre Israel e o judaísmo fora de nosso Estado. Temos projetos como o Taglit, Massá e outros or-ganizados também pela Agência Judai-ca para levar jovens ao Estado judeu, co-nhecerem o país e nossa herança milená-ria, proporcionando uma identifi cação maior com os objetivos comuns que nos ligam e preparando as novas gerações da liderança judaica fora de Israel.

Está certo o raciocínio das lideranças comunitárias de que “Israel é um país consolidado, uma nação forte e não pre-cisa dos jovens da Diáspora, a Diáspora é que necessita deles”?

Barnea – Nós necessitamos um do ou-tro, Israel pode proporcionar à Diáspora apoio, solidariedade e defesa dos interes-

tos e experiências com diferentes con-dições fi nanceiras aos diversos países, dependendo de seu nível de desenvol-vimento e capacidade de cobrir os gas-tos da transferência de conhecimentos e tecnologias. Pretendo reforçar essa coo-peração com agências brasileiras como a ABC (Agencia Brasileira de Coopera-ção do Itamaraty), pensando também em uma atuação trilateral, ou seja, Brasil e Israel ajudando um terceiro país, por exemplo, da América Central. Examina-rei essa temática em coordenação com nossa embaixada em Brasília e espero que dê bom resultado.

Suas considerações fi nais...Barnea – Vivemos em uma geração

privilegiada por ter um Estado Judeu in-dependente e sinto-me privilegiado em representa-lo. Somos todos nós, judeus em Israel e fora, integrantes de um povo e uma herança singulares, mantendo ao longo de quase vinte séculos nossa iden-tidade e nossas tradições, mesmo com as difi culdades de ser um povo sem uma base territorial. Hoje, com a existência do Estado de Israel, esta situação mudou radicalmente. Tivemos a capacidade, com a ajuda de nossos irmãos da Diás-pora, de fazer frente aos enormes desa-fi os e estou certo que, quando a paz che-gar à nossa região e esperamos que seja em um futuro próximo, poderemos dedi-car ainda mais esforços humanos e ma-teriais para o progresso, o bem estar e a prosperidade de nosso Estado e de nos-sos irmãos da Diáspora.

Aproveito para desejar a todos os mem-bros da comunidade judaica paulista um excelente Ano Novo repleto de saúde, fe-licidades e êxito, reforçando os múltiplos laços de cooperação e de irmandade en-tre Israel e esta comunidade.

*Mashav é o nome dado ao Programa de Cooperação Internacional criado por Israel em 1950. Organiza progra-mas que combinam teoria e planeja-mento prático, enfatizando a erradi-cação da fome e pobreza por meio do desenvolvimento comunitário e da transferência de tecnologia.

ses das comunidades judaicas; os líderes comunitários apoiam e fortalecem nosso Estado de diversas maneiras. Somos um povo com um destino comum e por isso podemos e devemos nos apoiar mutua-mente. É o que acontece nesses 65 anos da existência do Estado de Israel e da re-cuperação de nossa soberania nacional sobre a terra de nossos antepassados.

Sabemos de sua relação com o Mashav* nos últimos anos. Como vê a maior presença do Mashav em São Pau-lo e no Brasil?

Barnea – Nos últimos quatro anos, ao voltar do Uruguai, onde servi como em-baixador de Israel, trabalhei na coorde-nação do Mashav na América Latina e Central. Há na região países mais desen-volvidos e países em vias de desenvolvi-mento, estes com maiores necessidades de assistência e cooperação. Queremos compartilhar com todos os países os be-nefícios do Mashav, porém temos de aplicar um sistema de prioridades ten-do em conta nossas limitações de orça-mento. Oferecemos nossos conhecimen-

CÔNSUL YOEL BARNEA TEM VASTO CURRÍCULO DIPLOMÁTICO

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HEBRAICA | SET | 2013

37

Atendendo ao convi-

te para representar

Israel na Festa das

Nações, tradicional

acontecimento

anual em Barueri,

Soli Mosseri levou

o teclado, tocou e

cantou um repertório

sefaradita, asquena-

zita e ladino, com

explicações para um

público interessado e

participativo.

Sessenta anos bem

comemorados:

Maurício Mindrisz

reuniu a família e a

“turma do kidush” da

Sinagoga do clube

num almoço no

Kasher, com direito a

muitos lechaim.

As doenças e os me-

dos sociais estão no

mais recente livro de

Maria Luíza Tucci,

este junto com Yara

Nogueira Montei-

ro. Lançamento da

Editora Fap-Unifesp,

Livraria Martins

Fontes e Leer/USP.

Débora Brandt

assina o fi gurino de

A Caminho de Lis-

boa, novo texto do

dramaturgo Rubens

Júnior e realização

da RJ Produções.

Sempre jovial,

Sabina Karpovas

completou 90 anos

e comemorou com

as amigas do Grupo

Tiferet da Wizo.

Ensaios sobre

conceitos do traba-

lho do escritório do

arquiteto Samuel

Kruchin de restauro

e 26 projetos e obras

de preservação e

intervenções são

tema de Kruchin:

uma Poética da

História – Obra de

Restauro, livro

lançado pela

editora C4.

Uma mostra de

imensa delicadeza,

assim foram apre-

sentadas as criações

de Yukio Suzuki no

Espaço Cultural Citi.

Com a curadoria de

Jacob Klintowitz.

Um ciclo de debates

encerrou a exposição

“Walter Lewy: Mestre

do Surrealismo no

Brasil”, concebida

por Claude Martin-

Vaskou e Márcia

Feldon Borger.

Daisy Peccinini foi a

curadora.

A parceria Tok&Stok

e Apex-Brasil

convidou Alexandre

Herchcovitch para

participar do

“Café com Design”

que integra o

evento Design

Weekend e suas

conexões com a

moda, os negócios

e a inovação

tecnológica, entre

outros setores.

Tiago Worcman,

recém-contratado da

Viacom Brasil como

vice-presidente

de Conteúdo e

Programação e

Brand Manager da

MTV no Brasil, é o

responsável pela

estratégia criativa

e de programação

para consolidar a

emissora no país.

Worcman foi durante

sete anos diretor

de programação

do canal GNT da

Globosat.

O trio composto por

Ricardo Herz ao

violino, Pedro Ito

na bateria e Michi

Ruzitschka no

violão sete cordas

fez turnê pela

Alemanha, Grécia

e Israel. Na volta,

apresentou-se no

Sesc Consolação.

Misturando ritmos

brasileiros e

africanos mais a

improvisação do

jazz. Sucesso de

público e crítica.

Designer com fama

no exterior, Andree

Guittcis e seu anel

Galáxia foi incluído

entre os cem artistas

internacionais

presentes na quarta

edição do projeto

The Story of the

Creative.

É de Beth Szafi r o

prefácio do livro

Dores da Alma, do

psicanalista mineiro

Walter Sormanti

Hassin, que reverteu

a renda da edição

para entidades

fi lantrópicas de

Pouso Alegre.

Lançado na Livraria

Cultura/Conjunto

Nacional.

Leva a assinatura

de Juan Pablo

Rosenberg e Marina

Acayaba o projeto

arquitetônico da

Galeria Bergamin,

inaugurada no ti-ti-ti

da rua Oscar Freire.

Nelson Leirner é um

dos artistas presentes

nessa mostra inau-

gural com o título de

“Correspondências”.

A israelense Yael

Bartana é diretora

de cinema e veio a

São Paulo para pro-

duzir um vídeo/arte

a respeito de uma

réplica do Templo de

Salomão, que a Igre-

ja Universal do Reino

de Deus constrói no

bairro do Brás, em

São Paulo.

COLUNA 1

Bons votos dos chanichim Amor/Ahavá, boa festa, mabruk, fa-mília, chag sameach, teshuvá (re-torno), shofar, shlichá (perdão), ma-zal (sorte), shalom/paz foram as pala-vras mais usadas pelos jovens da Ofi-cina de Cultura Judaica do Chaverim para transmitir as mensagens de Sha-ná Tová.

Acordo Brasil-Israel O presidente do Conselho da Meizler UCB Biopharma Avi Meizler assinou um acordo de Parceria de Desenvolvi-mento Produtivo (PDP) com a Bio-Man-guinhos/Fiocruz, para fornecer e trans-ferir tecnologia do medicamento Ci-mzia (Certolizumab Pegol, nome cien-tífi co), para o tratamento da artrite reumatoide. O ministro da Saúde Ale-xandre Padilha, que esteve recente-mente em Israel, o secretário de Ciên-cia, Tecnologia e Insumos Estratégicos Carlos Gadelha, o presidente da Fio-cruz Paulo Gadelha e o diretor-geral de Bio-Manguinhos Artur Roberto Couto participaram do evento.

TRABALHO CONJUNTO NA CULTURA JUDAICA

PARCERIA NA ÁREA DA SAÚDE

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HEBRAICA | SET | 2013

36

coluna comunidade

por Tania Plapler Tarandach | [email protected]

CS egunda maior autoridade no gover-

no de Israel, atrás apenas do pri-meiro-ministro Biniamin Netaniahu, o vice-chanceler Zeev Elkin visitou a He-braica e a Escola Alef, em sua passagem por São Paulo após participar da cerimô-nia de posse do novo presidente do Para-guai Horácio Cartes.

Acompanhado por David Feffer e Ale-xandre Ostrowiecki, Elkin ouviu a dire-tora Mariana Gottfried falar a respeito do currículo judaico ali aplicado. Feffer des-tacou que o vice-ministro é um educador e se sentiu à vontade conversando com as crianças em hebraico, “o importante para nós e para as crianças”.

Durante o almoço, do qual participa-

ram os presidentes da Fisesp e da He-braica Mário Fleck e Abramo Douek, o vice-ministro enfatizou aos representan-tes das entidades judaicas a necessidade de conhecer e informar o que acontece no Oriente Médio e em Israel.

“O mundo treme ao redor de Israel, uma verdadeira ilha na região. Israel é, hoje, um país normal, o lugar mais tranquilo na re-gião.” Destacou a segurança de Israel e a permanente e cada vez mais intensa liga-ção com a Diáspora, “que é fundamental”.

Para Ostrowiecki, “a conversa com ele foi muito produtiva, revelou a importân-cia de a Diáspora apoiar Israel no esforço mundial de hasbará”. Douek deu a Elkin uma escultura do artista japonês Toyota.

Vice-ministro de Israel na HebraicaPedalar em IsraelAnualmente, cresce o número de ci-clistas que participam da Wheels of Love, a jornada realizada em benefí-cio do Hospital Alyn, em Jerusalém. Este ano, Robert Landecker e Albert Lisbona ouviram Luiz Grossman con-tar a aventura de pedalar em Israel e resolveram se juntar à turma que está em formação no clube. Lisbona ga-nhou a viagem da família, no seu sep-tuagésimo aniversário. Para quem quiser se juntar ao grupo, Grossman ([email protected]) tem todas as informações.

Comunicação diretaA Wizo São Paulo comemorou noventa anos e acompanha as novas formas de comunicação. Além do Facebook, um newsletter mensal. Envie seu endereço de e-mail para [email protected].

Alunas do Renascença põem mãos à obraJovens do Colégio Renascença conhe-ceram o Projeto Bar e Bat-Mitzvá do Grupo Barak, da Wizo, e valores como tzedaká e voluntariado. Na Wizo, elas montaram uma linha de produção para formar kits de higiene pessoal, doados a instituições carentes. As alunas ga-nharam um castiçal de Shabat e o di-ploma de honra ao mérito.

GENE KLEINHENDLER E MAURO WIJUNISKI

MÁRIO FLECK, ABRAMO DOUEK E GABY MILEVSKY ATENTOS ÀS PALAVRAS DO MINISTRO ELKIN

Como investir em IsraelTemas relacionados a investimentos fo-ram abordados no encontro que reuniu o chefe da Missão Econômica de Israel no Brasil Roy Nir, o vice-presidente da Câ-mara Brasil-Israel de Indústria e Comér-cio Mário Fleck, Henry Sztutman e Ra-phael Di Cunto (Pinheiro Neto Advoga-dos), Gene Kleinhendler e Eyal Diskin (GKH Law Offi ces), Yadin Kaufmann (Ve-ritas Ventures Partner) e Heitor Huztler (Trigger Participações).

Nir destacou: “Israel é um país dinâmi-co e informal, com políticas governamen-tais de apoio ao setor”. Kaufmann falou

do investimento da Veritas em start ups e a criação de dois novos fundos: na área de health care e outro com foco em compa-nhias palestinas de alta tecnologia.

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Page 20: Revista Hebraica - Setembro 2013

cultural + social > comunidade+coluna 1HEBRAICA | SET | 2013

38

Promoção conjunta

da Editora Cultura,

Unibes e Centro

da Cultura Judaica:

Ivo Minkovicius

autografou o livro

Na Kombi do

Meu Avô e Ana

Luísa Lacombe

contou histórias para

os pequenos.

Na Sala São Paulo,

Alegria e Alberto

Nigri, Roberta e

Carlos Ari Sundfeld,

Moshé Sendacz,

Ruth e David

Levisky aplaudiram

o pianista Nelson

Freire e a Orquestra

Sinfônica Brasileira,

regida por Roberto

Minczuk.

Maratona de 35

horas de atrações

atraiu sessenta mil

pessoas ao Conjunto

Nacional. Uma das

convidadas da Vira

Cultura, realização

da efi ciente

equipe de Pedro

Herz, foi a chef

Roberta Sudbrack,

responsável pela

Cozinha de Alfaiate,

mostrando a

riqueza da culinária

nacional.

Esther e Murilo

Schattan convidaram

para um bate-papo

com vários arquitetos,

entre eles Rodrigo

Mindlin Loeb e Hugo

Sigaud. Quem foi

participou do Ornare

Concept + Boomsp-

design Concept.

Preparação para as

Grandes Festas na

Congregação Beth-El

reuniu o psiquiatra

Guillermo Bigliani,

os psicoterapeutas

Luiz Cushnir e Da-

vid Cytrynowicz, e o

otorrinolaringologis-

ta Pedro Mangabei-

ra como mediador

do encontro. “Como

funciona a nossa

mente em relação

à culpa, por que

pedimos perdão?

A dor da culpa e o

alívio do perdão” foi

o tema abordado.

É de Vítor Levi o

design da plata-

forma de culinária

interativa da Sadia,

acessada por quase

um milhão de consu-

midores à procura de

receitas e dicas no

portal da marca.

Agora no mundo

da moda, Noemi

Weksler e Lilia

Renata K. Alves,

a Lica, atendem

em seu endereço

facebook.com/

justgirlsmodesty?

fref= ts, prometendo

sempre novidades.

Foi um sucesso a

tarde de abertura da

linha exclusiva da

Cau Chocolates para

as Grandes Festas.

A anfi triã Renata

Feffer e Ester Ta-

randach receberam

os convidados do

Chaverim, que

aderiram às compras

e benefi ciaram o

grupo adquirindo

selos comemorativos

para acompanhar os

doces. A venda conti-

nua até o fi nal deste

mês, nas lojas dos

Jardins e do Pátio

Higienópolis.

O comércio adere

aos feriados judaicos

em grande estilo:

o Melhor Bolo

de Chocolate do

Mundo, nascido

há vinte anos em

Lisboa e com receita

guardada a sete

chaves, entrou no

ritmo e lançou uma

cobertura especial

de calda de laranja;

a Casa Santa Luzia

inova a cada ano

e neste criou uma

linha temática de

presentes e um

menu especial

criado pelo chef

consultor Carlos

Siffert.

Fortuna e Duo Mi-

lewski uniram a sua

arte e apresentaram

“Canções Ladinas e

um Violino Ídiche”,

na Casa de Francis-

ca, sempre um lugar

de boas atrações nos

Jardins.

Yesh! Este é o nome

da casa criada por

Michel Sekierski

para ser “um restau-

rante judaico para

todos”. O chef Léo

Bahiense é o respon-

sável pela criação das

receitas que remetem

às raízes judaicas

pelo mundo, da Eu-

ropa Central, Oriental

e Ocidental, mais os

países árabes. Um

cardápio completo,

portanto.

Gladis e Daniela

colocam sua criativi-

dade em uma linha

de lembranças para

as Grandes Festas.

Para saber mais,

contate gladiswil-

[email protected].

Agora foi a vez de o

Grupo De’Longhi

convidar Suzy Ghe-

ler e Gustavo Rosa

para levar a mostra

“Arte com Arte” ao

Shopping Iguatemi

Campinas. Os bone-

cos de Suzy inspira-

dos nos quadros de

Rosa ganham vida e,

nesse encontro, os

produtos De’Longhi e

Kenwood fazem par-

te da exposição.

COLUNA 1

A fi lósofa Hannah Arendt dedi-cou parte da sua vida estudando a banalidade do mal e seus textos a respeito da Shoá, escritos após assistir ao julgamento de Adolf Ei-chmann em Jerusalém, repercuti-ram internacionalmente.

O Instituto Norberto Bobbio, voltado à pesquisa sobre direitos humanos, criou o Centro de Estu-dos Hannah Arendt, para contri-buir com o legado do livre pensar e a compreensão da trajetória da fi lósofa.

A cerimônia de inauguração, no auditório da Câmara Ítalo-Bra-sileira no Circolo Italiano, con-tou com a presença do presiden-te do Instituto Norberto Nobbio, Raymundo Magliano Filho, do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer e do professor da Uni-versidade Livre de Berlim, Wolf-gang Heuer.

Após a inauguração, seguiu-se uma mesa-redonda enfocando a atualidade do pensamento de Hannah Arendt seguida da pro-jeção e debate do documentário A Responsabilidade de Empresas em uma Sociedade Livre.

“Esta é uma inauguração espe-cial pela contribuição singular da homenageada, uma vez que a condição da pluralidade e da na-talidade nos permite trazer algo único a este mundo no qual nun-ca deixamos de ser estrangeiros”, disse Magliano Filho.

Inaugurado Centro de Estudos Hannah Arendt

WOLFGANG HEUER FOI O PALESTRANTE

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HEBRAICA | SET | 2013

39

Dezesseis entrevis-

tados, entre eles o

ex-presidente da

República Fernando

Henrique Cardoso,

a geneticista Mayana

Zatz (foto), o fi lósofo

da Unicamp Roberto

Romano participa-

ram do fi lme

Orgulho de Ser

Brasileiro.

A sessão especial,

no cine Sesc, foi

seguida de debate

com o jornalista,

diretor e produtor

do documentário

Adalberto Piotto,

que ofereceu três mil

cópias para envio

a escolas, univer-

sidades, associa-

ções, sindicatos e

institutos, ampliando

o acesso ao cinema e

provocando a discus-

são em um momento

único da sociedade

brasileira.

Há cinco anos,

Eduardo Giansante

e Homero Carmona

fundaram o E-Du-

blin, portal voltado a

brasileiros interes-

sados em estudar

inglês no exterior.

São mais de 1.300

artigos publicados,

três mil acessos

diários e trinta mil

fãs no Facebook, nú-

meros que levaram

ao prêmio de Melhor

Blog de Intercâmbio

e Experiências Inter-

nacionais pelo site

alemão Lexiophiles.

Em meio às atrações

internacionais,

Benjamin Taubkin

mostrou como é

bom no “Jazz na

Fábrica”, em sua

terceira edição no

Sesc Pompeia. De

Israel, veio o baixista

Avishai Cohen.

A paulistana Elka

Freller e a carioca

Tissa Berwanger

são as brasileiras

escolhidas para fi gu-

rar no Showcase 500

Art Necklaces, livro

anual cuja versão

2013 foi lançada no

mês passado nos

Estados Unidos.

O s imigrantes da Europa Oriental

tinham no teatro ídiche a continuação das tradi-ções vividas no shtetl. A mostra “Estrelas Erran-tes” reuniu, na abertura, muitos dos fi lhos dessa geração.

Conforme colocou o historiador Nachman Falbel, “assim como a literatura e a imprensa, o teatro ídiche teve seu momento áureo como parte da cultura do imigrante”.

Realização conjunta da Arquiprom, do Museu da Imagem e do Som, da Se-cretária da Cultura do Estado e do Ar-quivo Histórico Judaico Brasileiro (Ahjb), reuniu cartazes dos espetáculos encenados nos maiores teatros da épo-ca em São Paulo e no Rio de Janeiro, documentos, desenhos de cenários, al-guns de Lasar Segall, fi gurinos e grava-ções de época.

Memória do Teatro Ídiche no MIS

O material foi reunido a partir do en-tusiasmo e da perseverança de Jaime Serebrenic e selecionado pelo colecio-nador Marcos Chusyd. O presidente do Ahjb, Maurício Serebrenic, agradeceu aos diretores do MIS André Sturm e Ad-ministrativo-Financeiro Jacques Kann a parceria dessa realização cultural e his-tórica. A mostra fi ca até 15 de setembro das 12 às 21 horas, de segunda a sexta-feira, e das 11 às 20 horas aos sábados, domingos e feriados.

Palestinos na Knesset Dois dias após o reinício das negocia-ções de paz, dirigentes palestinos chefi a-dos por Mohamed Al Madani, membro do partido Al Fatah, visitou o Parlamento de Israel e se reuniu com deputados da Casa. A bandeira palestina foi hasteada na entrada da Knesset.

NACHMAN FALBEL, PAULO BRONSTEIN E JAIME SEREBRENIC NA ABERTURA DA MOSTRA

S antana, na zona norte da cidade, foi escolhida para a inauguração da sé-

tima loja da Unibes. Os recursos vindos das vendas foram responsáveis por 25% da renda total da instituição em 2012. Para chegar aos 30% no ano em curso, é necessário aumentar a doação de mó-veis, artigos para casa (panelas, louças, talheres), brinquedos, eletrônicos e ele-trodomésticos, os produtos mais procu-rados. As doações podem ser agendadas pelos telefones 3311-7266 e 3226-7266.

Santana ganha sétima loja da Unibes

MÓVEIS ENTRE OS OBJETOS À VENDA....

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Page 21: Revista Hebraica - Setembro 2013

cultural + social > comunidadeHEBRAICA | SET | 2013

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A nova ala do Museu do Holocaus-to, em Washington, tem o título de

“Mas eles eram nossos vizinhos...”. Ao per-corrê-la, o engenheiro Leon Alexandr gra-vou frases ali expostas: “...Eu jogava bola com a fi lha deles... Como puderam fazer isso conosco?... Como foram capazes de nos denunciar à Gestapo?”. Para Alexan-dr, “o que mais apavora é a ideia de que a humanidade ainda não aprendeu com a

Segundo robô da Vinci chega ao Einstein O cirurgião do aparelho digestivo Antô-nio Macedo fez a primeira cirurgia com o segundo robô em atividade no Hos-pital Israelita Albert Einstein. O hospi-tal tem 24 cirurgiões especializados ha-bilitados e outros 74 em treinamento para cirurgias robóticas.

Abate kasher proibido na PolôniaA Confederação Israelita do Brasil (Co-nib) posicionou-se contra a decisão do Parlamento polonês de impedir o aba-te de animais no país de acordo com as leis religiosas judaicas e muçulmanas. Há quarenta mil judeus numa popula-ção de 35 milhões poloneses.

O presidente Cláudio Lottenberg dis-se que “se a Polônia quer ser efetiva-mente percebida como uma demo-cracia da União Europeia deve respei-tar os direitos das minorias, em espe-cial de uma comunidade que enfrentou tantas difi culdades e perseguições ao longo da sua história naquele país”.

Alexandr faz roteiro de impactoprópria história. Vez por outra assistimos a cenas ou ouvimos palavras que revelam intenções (quando não seguidas de ações) eivadas de ódio e preconceito a minorias ou maiorias, condenando as diferenças de cunho racial, cultural ou espiritual e de-fendendo a divisão”. E completa: “O es-quecimento, arma de crápulas que negam a Shoá, é a única coisa que pode dar for-ças a novos nazistas”.

A perseguição aos judeus árabesQuase 850 mil judeus deixaram a Argélia, Líbia, Iêmen, Irã, Iraque, Líbano, Marrocos, Síria, Tunísia e Turquia fugindo às perseguições. Judeus Árabes: o Livro é o título de uma publicação e parte de um projeto que inclui acervo multimídia sobre a imigração judai-ca dos países árabes e muçulmanos. O projeto abrange o período anterior à partilha da Palestina britânica em 1947, a criação do Estado de Israel um ano depois e passa pe-los confl itos posteriores na região e a Guerra de Iom Kipur, em 1973. Muitos desses per-sonagens vivem hoje no Brasil. O jornalista Gabriel Toueg e Leslie Sasson Cohen estão à frente desse trabalho. Para os interessados, https://www.facebook.com/JudeusArabes.

C ada ano, mais professores da rede municipal de ensino de São Pau-

lo se interessam pela Jornada do Ensino da História do Holocausto e Antissemi-tismo, da B’nai B’rith e do Leer Arquivo Virtual sobre o Holocausto e Antissemi-tismo da USP. Mais de mil pessoas parti-ciparam do programa de esclarecimento e testemunhos, como o do sobrevivente Tomás Venetianer no Memorial da Amé-rica Latina, e apresentações artísticas de professores que trabalham o tema pro-

B’nai B’rith reúne professores

posto com seus alunos. Jornadas como esta são realizadas pela B’nai B’rith em várias capitais.

Motivos judaicos em exposição Sima Woiler criou uma série de pinturas com motivos judaicos, seguindo o concei-to da Carré d’Artistes, galeria de arte nas-cida na Provença e com a primeira fi lial brasileira no piso Veiga Filho do Pátio Hi-gienópolis. O público poderá apreciar os trabalhos a partir de 19 deste mês, no ver-nissage com pintura ao vivo. Fredéric Ar-mand e Juliana Yuri Matuoka são os res-ponsáveis pela vinda da galeria que tem como slogan “Arte para todos!”.

AGENDA2 a 6/10 – São Lourenço com a B’nai B’rith. Pas-

seios de trem, parques e Caxambu. Reservas:

Henrique, Roberta e Cris, telefone 3082-5844

13 a 17/10 – Seminário Aviv Internacional

no Hilton Hotel Tel Aviv. Informações na

Wizo com Mirta, telefone 3257-0100

23 a 29/11 – Viagem a Montevidéu e Punta

Del Este com a Hebraica. Apenas 36 lugares.

Informações, Departamento Social/Cultural/

Feliz Idade

12 a 17/6/2014 – Reserve a data para estar em

Massada, junto ao Mar Morto. La Traviata, de

Giuseppe Verdi, no Festival de Ópera de Israel

INÍCIO DOS TRABALHOS DA JORNADA

coluna comunidade.indd 40 27/8/2013 14:42:33 maringa.indd 4 26/8/2013 17:00:39

Page 22: Revista Hebraica - Setembro 2013

HEBRAICA | SET | 2013

42

1. Celso Lafer homenageado por Raymundo Magliano Neto no Institu-to Hannah Arendt; 2. Renata Feffer fez venda para o Chaverim na Cau Chocolates; 3. Jovens do Colégio Renascença aderiram ao Projeto Bar e Bat Mitzvá do Grupo Barak/Wizo; 4, 5, 6, 7 e 8.. Na Sala São Paulo, aplaudindo a Filarmônica de Israel: Ida Sztamfater e Vicky Steinbruch, cônsul Yoel Barnea; JP Cedroni e Paula Proushan; Vera e Jaime Bobrow; Mário Fleck recebido no camarim do maestro Zubin Mehta; 9. Maria-na Lima, da “Sessão de Terapia”, da GNT, e a atriz Bruna Lombardi com Guita Zarenczanski e Sônia Rochwerger na abertura do Festival de Ci-nema Judaico

1. 2. 3.

5. 6.4.

7. 8.

cultural + social > fotos e fatos

9.

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1. Renata Feffer, Ester Tarandach e Marina Brand na Cau Chocolates; 2 e 8. Israel representado na Feira das Nações pela música de Soli Mosseri; 3 e 9. Regina Bochner expôs na VI Mostra de Arte no Residencial Albert Einstein, vista por dirigentes; 4. Ana Recchia e Diego Man cuidam do Espaço Gour-met; 5. Na Livraria Martins Fontes, Maria Luíza Tucci Carneiro e Yara No-gueira Monteiro autografaram As Doenças e os Medos Sociais; 6. Sucesso mais uma vez das joias de Patrícia Gotthilff no Salão de Arte e Antiguida-des; 7 e 10. Romeu Chap Chap e Abram Berland; Jaime Blay, Hagai e Revital Bergman e Elie Horn após palestra do professor da Universidade Hebraica de Jerusalém no Hospital Israelita Albert Einstein

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1. Rosa Estevez teve canja de Boris Karlik no palco do Teatro Arthur Ru-binstein durante o Hebraica Meio-Dia; 2. Vereador Floriano Pesaro visi-tou as obras do Museu Judaico, ciceroneado por Sérgio Simon, Eduardo Groisman e Isaac Waissmann; 3. No Kasher do clube, convidados e fami-liares de Maurício Mindrisz brindaram os 60 anos do aniversariante; 4, 6 e 7. Música e ambiente dos anos 1960, 70 e 80 embalaram a noite dos saudosistas e dos mais jovens na “Rock Dance”, no clube; 5. Pais e fi lhos viraram pizzaiolos em tarde especial no Espaço Gourmet

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cultural + social > fotos e fatos

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1. M. Landa, da Arquiprom, um dos responsáveis pelo sucesso da mostra “Es-trelas Errantes”, no MIS; 2 e 3. Vanessa Cattan conferiu a sorte e Katy Bor-ger recebeu fi éis clientes nos sessenta anos da Casa Tody, a mais antiga da rua Augusta; 4 e 8. Chella Safra visitou o estande da Dan Galeria, no Salão de Arte e Antiguidades na Hebraica; Marisa Clerman mostrou suas joias para convidadas; 5, 6, 7 e 9. Consulesa Lúcia Barnea e dirigentes de entida-des femininas em almoço no Kasher com o vice-ministro Zeev Elkin. Na de-morada visita à Escola Alef, o chanceler cumprimentou alunos e mostrou seu entusiasmo pelo que viu em reunião com Abramo Douek, David Feffer e Alexandre Ostrowiecki; vice-ministro israelense com Fernando Lottenberg

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50juventude > viagem

Andanças do Meidá e do Hakotzrim por Israel

ALUNOS DO MEIDÁ E DANÇARINOS DO GRUPO

HAKOTZRIM ESTIVERAM EM ISRAEL QUASE NA MESMA ÉPOCA

EM PROGRAMAS ESPECIAIS DE TURISMO, APRENDIZADO E

DIVERSÃO

V inte e seis alunos da décima oitava turma do Curso de Líderes Meidá

e doze dançarinos do grupo Hakotzrim passaram algumas semanas em Isra-el em junho e julho, cumprindo progra-mas de turismo, aprendizado e diversão O único ponto em comum nos roteiros foi a participação na cerimônia de aber-tura da XIX Macabíada em Jerusalém. É comum as turmas de formandos do cur-so de líderes Meidá passar algumas se-manas em Israel e a viagem desta déci-ma oitava turma terminou dias depois da abertura da XIX Macabíada Mundial.

“Nosso grupo de 25 alunos pratica-mente cresceu junto como chanichim do Hebraikeinu. A coordenadora do Mei-dá Aninha e outro monitor nos acom-

panharam. Nos passeios, encontráva-mos um guia brasileiro radicado em Is-rael. Nossa viagem começou e terminou em Tel Aviv. Na chegada, visitamos al-guns museus e fomos à praia, muito bo-nita. Fiquei muito impressionado com o Museu da Diáspora”, conta Júlio Zanat-ta, um dos viajantes. “No primeiro fi nal de semana, quem tinha parentes no país foi visitá-los; eu e um pequeno grupo fi -camos no hotel e a programação que in-ventamos aumentou ainda mais nossa integração com os colegas”, revelou.

Ele descreve cada item do roteiro, in-cluindo os quatro dias passados na Gad-ná, acampamento de preparação de jo-vens para o exército. “Fomos divididos em dois grupos, cada um com um líder

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responsável e recebemos tratamento e instruções como se fôssemos soldados”, destaca. Depois da Gadná, os alunos co-nheceram as tendas beduínas em Ein Gedi, estiveram em Massada e nadaram no Mar Morto.

“Foi tudo organizado de modo a que pu-déssemos conhecer os aspectos mais in-teressantes de cada local, como a subida até Massada, de madrugada, e a chegada ao topo exatamente quando o sol nascia. “Num determinado momento, paramos a caminhada e gritamos ‘Am Israel Chai’ (‘O Povo de Israel Vive’, em hebraico) e nos-sas vozes ecoaram várias vezes e o maskir disse que era o povo judeu reafi rmando que se mantinha vivo e forte. Foi inesque-cível”, lembra o jovem. “Do Mar Morto fo-mos a Eilat, onde mergulhamos e anda-mos de bicicleta em um kibutz ecológico que só utiliza energia renovável”, lembrou. “Encontramos várias vezes um grupo de americanos que também se preparava para iniciar o trabalho como monitores e trocamos experiências com eles”, contou.

A chegada do grupo ao Muro Ociden-tal em Jerusalém coincidiu com Tishá B’Av, data em que os judeus jejuam por causa da destruição do Templo. “O Ko-tel estava lotado e as pessoas rezavam sentadas”, observou. Também foram a vários museus. “Quando estávamos em Yad Vashem, de repente uma senhora chegou até nós e mostrou o braço tatu-ado. Disse que vinha a Israel pela pri-meira vez e procurava informações da família no museu. Isso nos emocio-nou muito.” À noite, voltaram ao Muro e visitaram as escavações internas. De-pois de percorrem a cidade por mais um dia, os alunos terminaram o segun-do dia no Estádio Teddy Kolek para a abertura da XIX Macabíada Mundial. “Ainda deu tempo para conhecer Sfat e Rosh Hanikrá, na fronteira com o Lí-bano. Enfi m, foi possível ver muito do país e saber como se vive em Isra-el. Passamos o último dia em Tel Aviv, para o aeroporto e para casa”, encerrou Zanatta.

Turnê em IsraelO primeiro compromisso do grupo Hakotzrim foi o desfi le de abertura da XIX Macabíada. Os dançarinos vieram com um fi gurino especial que se desta-cava dos uniformes usados pelos atle-tas. “Fomos à frente da delegação brasi-leira e dias depois nos apresentamos em Ra’anana, Tel Aviv, Herzlia. Na maioria das vezes, éramos uma das atrações es-peciais nas harkadot organizadas pelos centros comunitários dos bairros”, con-tou Daniela Mederdrut, a coreógrafa que acompanhou o grupo.

O ponto alto da viagem do Hakotzrim foi a participação do festival folclórico de Karmiel. “Para a maioria de nós, era a es-treia nesse evento, o maior dos festivais de danças folclóricas judaicas. É diferen-te do nosso Carmel porque mobiliza toda a cidade de Karmiel. Os brasileiros dança-ram uma coreografi a massiva e partilha-ram o palco com um grupo da Turquia. Foi uma experiência muito interessante”, avaliou a coreógrafa. (M. B.)

DÉCIMA OITAVA TURMA DO MEIDÁ FEZ A FORMATURA EM ISRAEL;ABAIXO, GRUPO HAKOTZRIM DURANTE A ABERTURA DA XIX MACABÍADA

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52juventude > teatro

T rês integrantes da equipe técni-ca da peça Os Monstruosos Mons-

trengos de Monstrópolis iniciaram car-reira profi ssional na Hebraica: a direto-ra Luciane Strul (responsável pelas mon-tagens Chalabulá, Os Saltimbancos e O Mágico de Oz, entre outras), Heitor Gol-dfl us que responde pela dramaturgia e Paula Hemsi, pela iluminação.

“Esse fato é muito importante porque es-tamos envolvidos com o dia-a-dia e a par-ticipação de outros profi ssionais premia-

Os feios que encantam e divertem A PEÇA INFANTIL OSMONSTRUOSOS MONSTRENGOSDE MONSTRÓPOLIS ABRE A TEMPORADA TEATRAL DA VICE-PRESIDÊNCIA DA JUVENTUDE NO TEATRO ANNE FRANK, DIA 22 DE SETEMBRO, ÀS 16 HORAS, DIRIGIDA POR LUCIANE STRUL

dos como Marcelo Che e Helena Camargo, que assinam respectivamente as músicas e as coreografi as”, destaca o coordenador de teatro Henrique Schafer, ele mesmo re-centemente indicado ao prêmio Apca com a peça Afogando em Terra Firme.

As montagens infantis produzidas no clube são conhecidas pelo alto nível pro-fi ssional e pelo enredo e carisma dos personagens, que atraem a atenção de bebês até os pais dos pequenos a quem a peça se dirige.

Os Monstruosos Monstrengos de Mons-trópolis narra as aventuras de uma trupe de monstros que aparece atrás das corti-nas de um velho teatro. A partir daí, ocor-re o encontro entre monstros e humanos e a consequente descoberta de que uns não devem temer os outros. Ou seja, todos os elementos de fácil identifi cação pelo pú-blico. Também fazem parte da equipe téc-nica Michele Rolandi, Alexandre Bachie-ga e Tide do Nascimento (coreografi a) e Daniel Infantini (fi gurinos). (M. B.)

SERVIÇOOs Monstruosos Monstrengos de MonstrópolisEstreia 22/9, em cartaz até 3/11 – Sempre aos domingos, 16hSábado (Dia da Criança), 12/10, às 16hIngressos à venda na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889

ENSAIO DA NOVA PEÇA INFANTIL DO DEPARTAMENTO DE TEATRO

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54juventude > fotos e fatos

1. Monitores do Hebraikei-nu Gan no primeiro sábado de atividades do segundo se-mestre; 2. Júlio Zanatta elo-giou a disciplina ensinada no curso de preparação do exército; 3 e 4. Nos três dias de Gadná, os alunos do curso de líderes Meidá experimen-taram as condições de vida dos soldados israelenses; 5. A turma décima oitava do Meidá aproveitou para ab-sorver o máximo de conheci-mentos sobre Israel

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58esportes > XIX macabíada

M esmo sem os crachás, porque desnecessários, essas três fun-

ções citadas acima faziam dele uma das fi guras centrais na delegação brasilei-ra, pois ele e o chefe da delegação, Sami Sztokfi sz, respondiam por todos os qui-nhentos brasileiros espalhados por Na-tânia, Haifa, Tel Aviv, Jerusalém, cida-des que serviram de base para equipes ou modalidades inteiras.

Os dois cargos diretivos incluíram ta-refas ligadas ao controle fi nanceiro, dis-tribuição de uniformes ou exigências

Os doze trabalhos de Avi GelbergNESTA XIX MACABÍADA MUNDIAL, AVI GELBERG DEVERIA OSTENTAR TRÊS CRACHÁS: UM DE PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA MACABI (CBM), OUTRO DE VICE-PRESIDENTE DE ESPORTES DA HEBRAICA DE SÃO PAULO E UM TERCEIRO DE ATLETA DA EQUIPE +45 DE BASQUETE

Hebraica – Qual foi o resultado da participação do Brasil na XIX Macabía-da Mundial?

Avi Gelberg – Recentemente, tive mais uma prova de que ainda restam vestígios dessa experiência. Quem ouviu o depoimento do presidente da Hebrai-ca Abramo Douek na reunião do Conse-lho Deliberativo percebeu a emoção dele e de que todos nós, integrantes da dele-gação, partilhamos e é difícil traduzir em palavras. Creio que nosso papel como di-rigentes foi levar a juventude, principal-mente aqueles judeus que nunca foram a Israel ou participaram de um evento que reúna nove mil judeus do mundo intei-ro. Ver a interação dos júniores concen-trados no Instituto Wingate, onde passa-vam o dia inteiro juntos em competições ou atividades de lazer, ou lembrar das ce-rimônias de abertura e de encerramento como se fosse uma gigantesca balada em movimento constante. Houve o mercado de trocas entre os atletas.

Existem fatos muito particulares em

junto ao comitê organizador da Maca-bíada. Como jogador, Gelberg aplicou-se nos treinos e seguiu as orientações do técnico Eduardo Zanolli, ele também um ex-craque de basquete, hoje gerente de Esportes na Hebraica.

A entrevista a seguir foi realizada dias depois da Macabíada, quando os resul-tados alcançados pelo Brasil ainda eram festejados em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, as três cidades de onde veio a maioria dos atletas participantes do evento do judaísmo mundial.

DELEGAÇÃO BRASILEIRA REUNIDA JUNTO AO MURO OCIDENTAL PARA O KABALAT SHABAT

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No passado, fi cávamos em décimo lu-gar. Este ano terminamos em quinto ou sexto lugar. Nunca tivemos resultados tão positivos, e que representam o ponto mais alto de tudo o que vivemos em Is-rael. A todo momento, eu apontava para os aspectos positivos do evento, descon-tados o ônibus que atrasa, um passeio que não sai exatamente como planeja-do ou um grupo que não se considera atendido na medida do esperado. E não há como falar em perfeição, porque ela não existe, especialmente em uma Ma-cabíada. Erros aconteceram, mas eu re-petia nas reuniões noturnas da cúpula da delegação brasileira para pensarmos positivo e vermos sempre a parte cheia do copo. Uma atitude positiva traz bons resultados. No Kotel vimos os soldados dançando e os ortodoxos rezando. São imagens para guardar no coração que ul-trapassam a parte esportiva.

Hoje, quando iniciamos os preparati-vos para um torneio juvenil na Argenti-na, alguém disse que a CBM está virando uma agência de turismo. Uma correção: será uma agência de judaísmo. Por meio do esporte, conseguimos transmitir con-ceitos judaicos que permanecem dentro de cada um dos atletas. A repercussão desse trabalho é visível no clube. Rece-bi várias cartas e e-mails de pais agrade-cendo a oportunidade que demos de o fi -lho conhecer Israel. Algumas famílias se

propuseram a colaborar nos próximos projetos da CBM, da Hebraica e de ou-tras entidades. Esse é o melhor sinal de que estamos no caminho certo.

O senhor fala em jovens, mas a dele-gação era formada também por adultos. Qual foi o papel deles nesse projeto?

Gelberg – Sempre que menciono os jovens, penso nos garotos até 18 anos e também nas faixas etárias do open, mas sobretudo nos que têm espírito jovem. Meu time de basquete foi medalha de ouro e todos os jogadores têm mais de 50 anos. Somos jovens de espírito. Na faixa etária master havia pessoas que pisaram em Israel pela primeira vez ou voltavam depois de vinte anos ou mais. Ouvi vários depoimentos desses atletas. Todos se re-feriam às mudanças radicais e ao desen-volvimento do país. São formadores de opinião dentro do clube e da comunida-de. A partir desta semente transmitirão o que viram a outras pessoas que não con-seguiram ir desta vez, mas que estarão prontas para participar em 2017. A me-lhor propaganda é ainda o boca-a-boca. Cada um que foi este ano trará outros dois outros atletas para a delegação na pró-xima Macabíada. Há também o aspec-to do trabalho. Eles nos ajudarão em ou-tros eventos, porque agora entenderam os fundamentos do movimento macabeu e conheceram Israel. Com eles, amplia-

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uma Macabíada, além de ela aconte-cer em Israel, país que representa nosso povo. A noite em Jerusalém e o Shabat no Kotel deixaram todos os brasileiros emocionados. Era impossível fi car para-do, em silêncio, diante daquele cenário que se via do terraço da ieshivá. De um lado o Kotel e a Cidade Velha. Do outro, a Mesquita de Omar. Estar lá, junto com quatrocentos brasileiros cantando Hati-kva, o hino de Israel e recebendo no ros-to aquele ventinho característico de Je-rusalém é de arrepiar. Naquela noite eu disse a todos que aquele instante seria nossa medalha de ouro.

Até diminuí a importância das meda-lhas. Claro que elas contam. Trabalha-mos com esporte durante todo o ano. O Departamento Geral de Esportes se em-penhou, os atletas treinaram duro. Qua-se todos os nadadores quebraram recor-des pessoais nas provas disputadas em Wingate. E para isso foi fundamental o ambiente adequado no qual o atleta está rodeado por bons fl uidos. SAMI SZTOKFISZ, RONALDO ADLER, AVI GELBERG E GABY MILEVSKY NA ABERTURA DA MACABÍADA

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60esportes > XIX macabíada

remos o número de voluntários na CBM. Ganharemos mais credibilidade, o que, com certeza será útil à Hebraica e aos ou-tros clubes da comunidade.

É preciso lembrar os profi ssionais. A Hebraica enviou quase trinta. Acho que a Macabíada os fez entender ainda mais o que é trabalhar em um clube judeu, o tamanho e a complexidade da sua mis-são. Antes, eles priorizavam torneios paulistas, interclubes e durante a via-gem os técnicos chegaram comentaram comigo a respeito da beleza, da grandio-sidade e do envolvimento do governo is-raelense. O fato de o primeiro-ministro e o presidente participarem da cerimônia de abertura. Os depoimentos de dirigen-tes dos Estados Unidos Barack Obama, e da Inglaterra, David Cameron para a grande noite. Eles não podiam imaginar o que era a Macabíada. Com isso, con-quistamos esses trinta profi ssionais. Eles serão essenciais para o desenvolvimento das novas gerações de atletas. Formarão novos hebraicanos e macabeus.

Cito frequentemente o exemplo do co-ordenador do polo aquático Léo Verga-ra, e a contribuição que deu para o cres-cimento de uma modalidade com atle-tas da comunidade disputando torneios em alto nível. Isso se obtém com profi s-sionais qualifi cados que fazem um tra-balho de motivação de jovens desde a iniciação esportiva. Agora eu, como vi-ce-presidente da Hebraica, tenho mais trinta embaixadores para esse trabalho. Um investimento nos profi ssionais, que é uma política que instituí durante a mi-nha gestão à frente do Departamento Ge-ral de Esportes.

Qual era o clima em Kfar Hamacca-biah e qual é hoje a posição do Brasil en-tre os 78 países?

Gelberg – O clima em Kfar Hamac-cabiah, sede da União Mundial Maca-bi, era de euforia pelo êxito do evento tanto em relação ao número de partici-pantes, quanto ao desenvolvimento das competições e, por outro lado, a tensão nos equiparava ao centro nervoso do exército. Naquelas salas resolvíamos a falta de um ônibus ali, e de uma inscri-

ção acolá. O chefe da delegação da Rús-sia falava com o dirigente do Brasil que, por sua vez, se comunicava com o che-fe argentino. Foi como se todos os acon-tecimentos em Israel se concentrassem em Kfar Hamaccabiah e nós, da cúpu-la, nos desdobrávamos para resolver as questões e manter o ritmo dos jogos. Muitos de nós percorríamos o país, pois havia jogos em Wingate, Natânia, Jeru-salém e Tel Aviv.

Corro o risco da arrogância e da sober-ba ao dizer que o Brasil nunca esteve em um patamar tão bom em relação aos ou-tros países por duas razões: os Jogos Ma-cabeus Pan-Americanos de 2011/2012 re-alizados aqui, na Hebraica, cuja infraes-trutura impressionou a todos os dirigen-tes e o fato de hoje conseguirmos mostrar uma força que nunca tivemos no movi-mento macabeu. Levar quinhentas pes-soas para a Macabíada e sermos a tercei-ra delegação em número, excetuando-se a israelense revelou a tremenda força do Brasil. Se compararmos o número de in-tegrantes das delegações do Brasil e dos Estados Unidos em função do tamanho das comunidades de um e de outro, o Brasil leva vantagem proporcional.

Os Estados Unidos trouxeram duas ve-zes mais atletas, mas o ishuv de lá é mui-to maior então a delegação brasileira foi muito valorizada em Israel. Ganhamos

prestígio e espaço no Movimento Mun-dial Macabi. Foi essa força que mostra-mos nos Jogos Macabeus Pan-America-nos e na Macabíada abriu-se um cami-nho para um Brasil cada vez mais forte. Superamos a Argentina tanto no quadro de medalhas, quanto na participação de atletas. Os resultados do Brasil qua-se igualaram-se ao de todas as comuni-dades da América do Sul somadas. Até há pouco tempo, éramos só uma delega-ção a mais e agora somos Brasil, com “B” maiúsculo.

Qual é o aspecto mais interessante, o do esportista que ganhou medalha de ouro no basquete ou o do dirigente que também levou ouro?

Gelberg – Não tenho dúvidas em apontar o dirigente que levou os jovens, porque, para mim, cada integrante da delegação corresponde a uma medalha, então ganhei 506. Essas superam a me-dalha de ouro do meu time de basquete. Claro que, como atleta, a medalha se so-bressai, pois pratico basquete há muitos anos. Gosto do esporte e creio que o fato de o vice-presidente de Esportes e presi-dente CBM se dedicar a uma modalida-de ajuda muito. Para mim, a medalha de ouro foi levar tanta gente com tanto su-cesso e deixar essa lembrança marcada no coração dessas pessoas.

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PROFISSIONAIS DERAM DURO PELO SUCESSO DA DELEGAÇÃO BRASILEIRA

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Qual dos 77 outros países participan-tes da Macabíada o surpreendeu?

Gelberg – Alguns. Cuba marcou to-dos nós em razão da situação política e comunitária reinante na ilha. E também por ser da nossa região. Os indianos tam-bém se destacaram, especialmente du-rante as reuniões dos chefes das dele-gações que começavam sempre às sete da manhã. Como o esporte principal de-les era o críquete, esta modalidade sem-pre entrava em pauta. Nós, brasileiros, aprendemos muito a respeito deste es-porte, graças às intervenções da dele-gação da Índia nesses encontros. Eram reuniões muito interessantes, apesar do cansaço e do sono. Era uma Torre de Ba-bel. Era muito importante, porque nas discussões entendíamos algumas ques-tões operacionais e podíamos apontar alguns tópicos que exigiam imediata so-lução. Também escutávamos as reivindi-cações de outros países. Era um verda-deiro intercâmbio cultural.

Quais as perspectivas para a XX Ma-cabíada?

Gelberg – Achei esta edição bastan-te centralizada nos jogos, especialmen-te em relação aos jovens, que competi-ram nas instalações de Wingate ou usa-vam o sistema de transporte do local para os outros centros como no caso, por exemplo, da ginástica artística, xa-drez, judô. Para chegarmos a isso, foram muitos anos de reivindicação e conside-ramos um sucesso. Quanto ao open e ao master que foram disputados nas cerca-nias de Tel Aviv ou Jerusalém também foram mais concentrados do que em edi-ções passadas, quando tínhamos jogos em Haifa, Holon e outras cidades.

O que pretendo propor no próximo congresso é que os jogos dos adultos se-jam mais próximos do local do júnior para possibilitar, por exemplo, que pais e fi lhos assistam aos jogos uns dos ou-tros e de modo a que um se espelhe no entusiasmo do outro. Quem sabe quan-tos anos levaremos para conseguir isso? Mas vale a pena tentar... Tudo vale a pena depois de participar de uma Ma-cabíada. (M. B.)

OuroBasquete + 45Futsal (97/98)

Futsal openJudô (2 medalhas)

Natação (3 medalhas)Águas abertas (2 medalhas)

Total: 10 medalhas

Prata Xadrez (David D’Israel)

Judô (3 medalhas)Natação (15 medalhas)

Águas abertas 1 medalhaHandebol open masc.

Total: 21 medalhas

BronzeBasquete (95/96)

Futebol de campo (97/98)Futsal (95/96)

Karatê jr.Judô (6 medalhas)

Natação (18 medalhas)Águas abertas (2 medalhas)

Vôlei open femininoTênis de campo master –

Total: 32 medalhas

Basquete 97/98 – Disputou do 5º. ao 8º. lugaresXadrez (André Diamant) – 7º lugar Futebol de campo 95/96 – 6º lugar Futebol de campo Fem. Jr – 4º lugar Futebol de campo Open - 6º lugarFutebol de campo + 35 - 4º. colocado Futebol de campo + 45 – Disputou do 5º. ao 8º. lugaresPolo aquático masc. – 4º lugarPolo aquático fem. – 4º lugar Vôlei Jr. feminino Vôlei open masc . – Disputou do 5º. ao 8º. lugares Participação nas seguintes modalidades: karatê open, ginástica jr. e open, triathlon, tênis de mesa, Maccabi Man (corrida, bicicleta, águas abertas)

O melhor do Brasil em Israel

FUTSAL OPEN FOI A ÚLTIMA MODALIDADE A CONQUISTAR O OURO NA MACABÍADA

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62esportes > XIX macabíada

ACIMA, CENA DA CERIMÔNIA DA ABERTURA DA XIX MACABÍADA; À ESQUERDA, PROVA DE NATAÇÃO MA PISCINA DO INSTITUTO WINGATE; À DIREITA, JACK TERPINS E GUIORA ESRUBILSKY EM NOITE DE HOMENAGEM

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Uma verdadeira festa nacionalAO FAZER UM BALANÇO DA XIX MACABÍADA, REALIZADA EM JULHO, EM ISRAEL, O PRESIDENTE DA UNIÃO MUNDIAL MACABI GUIORA ESRUBILSKY DISSE QUE A GRANDE LIÇÃO DEIXADA PELO EVENTO “É A SUA FORÇA COMO ACONTECIMENTO TRANSFORMADOR DE IDENTIDADES”

“O s Jogos Macabeus são capazes de aprofundar a identidade ju-

daico-sionista daqueles que dela partici-pam e originários de marcos institucio-nais ativos, e também – e surpreenden-temente – têm o poder de gerar o amor ao povo judeu e ao Estado de Israel nos participantes da periferia judaica”, afi r-mou Guiora Esrubilsky.

Nesta entrevista à revista Hebraica, Es-rubilsky, que foi diretor do clube na dé-cada de 1990, agradece ao presidente da Confederação Brasileria Macabi (CBM) Avi Gelberg pela grande delegação bra-sileira aos Jogos “com alegría, vitórias e medalhas”. Reiterou o fato de a Macabí-ada ser o maior evento internacional ju-deu-sionista do qual participaram nove mil atletas de 77 países, e mais treze mil acompanhantes e espectadores.

“Nos últimos tempos, o conceito mais utilizado a nosso respeito como povo é o de peoplehood, isto é, o de perten-cer a um agrupamento diverso e rico, e a Macabíada é o próprio peoplehood em ação: um elo signifi cativo e prazeroso de judeus de todos os cantos da Terra entre si e todos juntos com o Estado de Israel e sua gente. Isso explica porque o tema educacional desta Macabíada tenha le-vado o nome de mifgash, isto é, ‘encon-tro’, expresso em muitos e memoráveis ‘encontros’ entre os judeus da Diáspora e com os irmãos de Israel. Uma verdadeira festa nacional”, resumiu Esrubilsky.

Ele está bastante satisfeito com os re-sultados desta Macabíada, o recorde de participantes e o número de países. “Os

principais objetivos foram alcançados e os atletas voltaram aos respectivos pa-íses cheios de Israel, plenos de emoção e entusiasmo e de genuína alegria de ser judeu e de pertencer ao povo judeu, e isso fi cou claro ao se ouvir mais de trin-ta mil pessoas cantando o Hatikva, no Estádio Teddy Kolek, em Jerusalém, em hebraico, mas com os sotaques caracte-rísticos de todas as línguas do mundo.”

Esrubilsky e a instituição que diri-ge ainda não têm planos para a próxi-ma Macabíada, em 2017, um ano depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e dos quais deverão participar muitos atle-tas judeus. Segundo Guiora, este é o mo-mento das avaliações de modo a apren-der com os erros e acertos para a próxi-ma grande convocação do esporte pra-ticado por judeus”. “Afi nal”, diz ele, “a Macabíada é o evento com maior capa-cidade de juntar o povo judeu, e isso fi -cou evidente em 2001 quando o Estado de Israel foi alvo de brutais e sangren-tos ataques terroristas decorrentes da segunda intifada e, apesar disso, o mo-vimento macabeu realizou a Macabía-da sem adiá-la um só dia. Um Estado de Israel em paz é uma bênção e um dese-jo ardente de todos. A Macabíada será sempre realizada, independentemente das situações que se apresentam ao Es-tado de Israel pelos seus vizinhos, como mais uma demonstração pública – den-tre muitas outras – do compromisso in-condicional e absoluto de apoio, solida-riedade e amor do movimento macabeu em relação ao Estado de Israel”. (B. L.)

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64esportes > XIX macabíada | por Márcio Pitliuk *

O primeiro impacto foi a chega-da a Kfar Hamaccabiah, a sede

da União Mundial Macabi (World Union Maccabi) no bairro de Ramat Gan, e onde funcionou o coração e o centro ner-voso do movimento macabeu. Ali, cen-tenas de profi ssionais e voluntários tra-balharam sem parar para que tudo, sem exceção, acontecesse com perfeição. Ao fi nal, graças à boa vontade e ao interesse comum, tudo deu certo.

Este pessoal se espalhou por corredores

Os jogos da pazUMA DAS EXPERIÊNCIAS MAIS EMOCIONANTES DE MINHA VIDA

FOI ACOMPANHAR A XIX MACABÍADA. MUITOS AMIGOS ME ADVERTIRAM QUE SERIA INESQUECÍVEL, MAS SOMENTE PARTICIPANDO

DELA, PARA ENTENDER O QUE DIZIAM e salas, formando um labirinto conheci-do somente pelos usuários. Foi nesse pré-dio, em um andar que não lembro qual, embora tenha voltado lá várias vezes, que fui apresentado a Rony, responsável por um fantástico arquivo onde está guardado tudo, faço questão de dizer, absolutamen-te tudo, a respeito da Macabíada.

Em pouco tempo pesquisa-se, selecio-na-se e grava-se em um cd o que é solici-tado. No mesmo edifício, três andares são reservados ao Museu Maccabiah com o

acervo das dezoito macabíadas anterio-res, e logo mais esta, a décima nona.

Do lado de fora, uma lanchonete ao ar livre serviu um dos melhores falafels de Israel, espécie de ponto de encontro dos dirigentes da delegação brasileira: Sami Sztokfi sz, Dório Elma, Avi Gelberg, Jaime Schnaider, da Maringá, e outros. No ane-xo, um centro de convenções onde fun-cionou o centro de imprensa. Um enorme hotel cinco estrelas domina o complexo e lá se hospedaram os chefes de delegações e os maiorais do movimento macabeu em todo o mundo o que explica a babel de línguas que se ouviu por lá.

A cerimônia de abertura da Macabía-da foi citada por todos como dos mais emocionantes do evento. Mas houve ou-tros. Por exemplo, a partida de futebol entre Brasil e Israel a que assisti ao lado do presidente da Confederação Brasi-leira Macabi (CBM) Avi Gelberg. Não sa-bia se olhava para o jogo ou para ele, que gritava, pulava, gesticulava e tan-

SELEÇÃO BRASILEIRA ENFRENTA A EQUIPE ISRAELENSE NA MACABÍADA

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to reclamou do juiz que foi expulso. Mas tudo terminou em festa, principalmen-te porque, em um fato inédito, o Bra-sil venceu por 2 a 1. Afi nal, tratava-se da seleção ofi cial sub-20 de Israel. Uma grande vitória, portanto.

Houve Wingate, centro de medicina e desenvolvimento esportivos próximo a Tel Aviv, onde se concentraram centenas de jovens de vários países. Wingate é um orgulho israelense. Ali, entre parques e árvores plantadas onde antes era deser-to, existem estádios poliesportivos, pis-cinas cobertas, campos de rugby, de fu-tebol e alojamentos.

Durante a Macabíada, Wingate foi uma festa que parecia não acabar para os jo-vens. Baladas com deejay, lanchonetes, restaurantes. Uma machané internacio-nal. Jovens judeus do mundo inteiro con-viveram, se conheceram, marcaram en-contros futuros, namoraram, partiram para excursões por Israel e, claro, como ninguém é de ferro, também lutaram por medalhas esportivas. Lá é também um centro de formação de líderes no espíri-to do movimento macabeu. E isso todos veem e sentem em Wingate. Esta convi-vência entre os jovens judeus de dezenas de países já valeu a Macabíada.

O evento de premiação do Yakir Mac-cabi, o prêmio máximo outorgado a quem muito contribuiu para o movimen-to macabeu, foi contagiante. Imaginei

que seria enfadonho: auditório, sugestão para usar roupa formal (que somente os homenageados e Sami Sztokfi sz vesti-ram), discursos, aplausos, etc. Felizmen-te, nada disso.

Foi emocionante conhecer gente de outros países que, como o querido Jack Terpins, se dedicaram ao movimen-to macabeu, e ouvi-los discorrer acer-ca da importância de preservar a cultu-ra, a história e as tradições judaicas. Foi sensacional o depoimento da america-na Toni Wortman a respeito da impor-tância do Movimento Macabi na pre-servação da identidade judaica. Desco-bri que na Macabíada até o formalismo é pleno de emoção, pois os convidados o tornam informal.

Foi tocante ver brasileiros no alto do pódio, como o recordista Enrique Be-renstein, por exemplo, que juntou à sua coleção mais nove medalhas – duas de ouro – nas provas de natação em águas abertas. E ver atletas de todas as idades e nacionalidades, vencedores e ven-cidos nas provas abraçados em nome do verdadeiro espírito esportivo, paz e congraçamento.

Vi o presidente da Hebraica Abramo Douek, com a camiseta do Brasil e um sorriso de criança, fotografando Jerusa-lém, como se fosse a primeira visita à cidade sagrada. E assim, se o primeiro Shabat no Kotel Hamaaravi a gente ja-

mais esquece, imagine na companhia de mais de trezentos brasileiros para a foto ofi cial da delegação com o Muro Ocidental ao fundo.

Depois, junto com o rabino Samy Pinto, que acompanhou a delegação, rezamos, cantamos, dançamos e a noite terminou com um kidush na cobertura de uma ieshi-vá próxima e que possibilitava uma vista privilegiada do Kotel. Lá, apesar dos reite-rados pedidos dos rabinos, todos fotogra-faram com câmeras ou celulares.

Finalmente, o ponto alto da Macabía-da e que encheu os meus, e milhares de olhos, de lágrimas: ouvir os milhares de judeus presentes no Estádio Teddy Kolek, cantar o Hatikva na cerimônia de aber-tura. Nada supera ouvir o hino de Israel cantado por milhares de vozes.

A conclusão é de que todos os judeus devem fazer três coisas na vida: em nome da religião e da tradição, orar jun-to ao Muro Ocidental; em nome da his-tória e do passado, participar da Marcha da Vida; e pela juventude e o futuro, vi-ver a Macabíada.

Contém comigo em 2017, na XX Ma-cabíada.

* Márcio Pitliuk, escritor, e Sérgio Chvaicer, fotógrafo, viajaram a convi-te da Confederação Brasileira Macabi (CBM) para coletar material e produ-zir um livro a respeito da Macabíada

BRASILEIROS JUNTO AO MURO OCIDENTAL

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66esportes > XIX macabíada

A driano Geraldes viajou como técni-co da equipe de basquete sub-16.

A lembrança da viagem é a medalha de bronze obtida pelos bravos atletas, uma leve cicatriz no nariz e outra na canela.

“Uma cancela do Instituto Wingate abaixou sem aviso e atingiu meu na-riz”, disse todas as vezes para satis-fazer o espanto dos colegas diante do curativo. Dias depois, explicou o in-chaço da perna pelo escorregão de um atleta que o atingiu por acidente. “O

Sangue, suor e muito trabalhoUMA PARTE DOS 509 INTEGRANTES DA DELEGAÇÃO BRASILEIRA DA XIX MACABÍADA MUNDIAL FOI A TRABALHO. PARA OS TÉCNICOS,

FISIOTERAPEUTAS, FUNCIONÁRIOS DA CBM, UMA FOTÓGRAFA E ATÉ PARA ESTA REPÓRTER A EMOÇÃO TAMBÉM ROLOU SOLTA FORA DAS QUADRAS

torneio foi tão interessante que nem me lembrava dos ferimentos quando estava em quadra orientando os meni-nos”, confessou Geraldes.

Murilo Santos, outro técnico, enfren-tou a ira da equipe argentina ao tentar garantir um lugar no ônibus para uma nadadora brasileira da equipe júnior em direção a Natânia. “Foi um pequeno inci-dente que não interferiu no desempenho dos nossos atletas”, garantiu Murilo. Para Geraldes, Murilo e todos os técnicos res-

ponsáveis pelos atletas juniores, o tra-balho durante a Macabíada extrapolava quadras e piscinas. Decidiam a respeito de passeios nos momentos livres, horá-rios de treinamentos e até onde a equipe faria as refeições.

Alexandre Chinelato, o técnico de fu-tebol dos garotos de 15 e 16 anos, tam-bém comemorou com eles a medalha de bronze em sua primeira Macabíada Mun-dial. “É uma experiência única. Eu sonha-va em conhecer Israel e estar aqui em uma competição só torna a viagem mais incrível ainda. Estou ansioso pela via-gem, hoje, para Jerusalém. Sinto que nes-tes primeiros dias fi quei mais próximo do time e do meu trabalho na Hebraica, se é que isso é possível, pois dou aulas para alguns dos garotos que estão nessa equi-pe desde a idade dos 5 anos”, conta ele.

“Já vi muitas cerimônias de abertura da Olimpíada das Escolas de Esportes, mas a da Macabíada me deixou arrepia-do. Todo mundo falava a respeito dela

EQUIPE DE BASQUETE COMANDADA POR ADRIANO GERALDES; AO LADO, ATLETAS DE ÁGUAS ABERTAS

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no Brasil, mas foi preciso desfi lar para entender a energia e a sensação de estar perante tanta gente”, contou, às véspe-ras da partida contra Israel, na semifi nal.

Vanildo Borges, que atuou como técni-co de tênis de campo do open e do master, tem em comum com Alexandre o fato de trabalhar há anos na Hebraica, e conquis-tou uma medalha de bronze para o Brasil na modalidade. A responsabilidade dele e de outros técnicos do open e do master em relação aos atletas era um pouco menor do que a dos técnicos do júnior.

“Eu já tinha participado de um con-gresso na Argentina e do Pan-America-no em São Paulo. Também viajei com te-nistas para outros estados do Brasil. Mas desde as etapas das convocações e sele-tivas antes do embarque, a Macabíada foi em tudo muito diferente. Para mim, a chance de ir para Israel foi um troféu pelos 22 anos de trabalho desde o tem-po em que era pegador de bola. Nunca vou esquecer o Shabat que passamos no Muro das Lamentações e a visita ao San-to Sepulcro, que foram dois momentos especiais. Vi que o que se fala nos notici-ários não corresponde à realidade. Isra-el é um país desenvolvido, bonito e onde as pessoas parecem felizes”, contou, já de volta ao Brasil.

O gerente de esportes da Hebrai-ca Eduardo Zanolli foi o técnico de bas-quete da equipe +45. “Tenho uma lon-ga história em relação ao movimento macabeu. Já participei de três Macabía-das, dois Pan-Americanos e a cada qua-tro anos embarco com algumas expecta-tivas e sou surpreendido com as mudan-ças no país. Este ano coube a mim tra-balhar com uma equipe master e fomos, eu e os jogadores, recompensados com a medalha de ouro”.

Convidado a apontar um momento es-pecial da Macabíada, ele recorda o jogo contra os Estados Unidos. “Perdíamos por quatorze pontos, então reuni o gru-po e os fi z acreditar na possibilidade de virar o jogo. Transmiti minha certeza do potencial dos jogadores, e eles conse-guiram. Vencemos por cinco pontos. Foi uma virada espetacular”, relembra.

Para Frima Sztokfi sz, a XIX Macabí-

ada representou uma mudança de fun-ção. “Foi muito bom ter atuado como fo-tógrafa profi ssional este ano. Até hoje participei como torcedora e acompa-nhei o Sami, meu marido, que é diretor da CBM. Criei um vínculo especial com os garotos cariocas do futsal open, que receberam a medalha de ouro. Antes do início da Macabíada, viajei até o kibutz Dafna para registrar as atividades do pré-camp. Foi cansativo atravessar o ter-ritório israelense em vários sentidos pois os jogos aconteciam em sequência, mas em locais diferentes. Algumas vezes, não cheguei a tempo de tirar fotos dos atletas perfi lados cantando o hino dos seus paí-ses. Cada cena dessas me emocionava”, conta. “Bati mais de seis mil fotos e apro-veitei cada segundo da experiência. Va-leu cada segundo.”

E meu depoimento pessoal como re-pórter que viveu a primeira Macabíada. No hotel de Natânia a todo minuto sur-gia um fato novo, fosse a descoberta de uma praia exclusiva para judeus orto-doxos ou a eliminação de uma equipe da competição. As ideias tinham de ser anotadas às pressas, assim como os ti-mes absorviam e superavam os resul-tados de um jogo, pois na meia hora se-guinte, alguém chegaria com uma his-tória melhor ainda ou, do nada, brotava uma vaga numa excursão para Massada e era preciso decidir, rápido, entre o pas-seio ou algumas horas diante do com-putador. Jornalista não ganha medalha, mas tenho orgulho em ter trocado uma camiseta do Brasil por uma da delegação israelense. Quem sabe trago outras na próxima Macabíada? (M.B.)

A edição de agosto de 2013 da revista Hebraica informa que Jerusalém foi sede da abertura da Macabíada pela primeira vez. Segundo o ex-presidente da Confede-ração Brasileira Macabi Johnny Cukier, por ocasião da intifada, em 2001, o mes-mo Teddy Kolek Stadium foi palco da abertura do evento. Inédito na XIX Maca-bíada foi a abertura e o encerramento terem sido realizados na capital de Israel.

A equipe de águas abertas teve papel essencial nesta Macabíada. Os atletas se organizaram e colaboraram para que Déborah Kabani ocupasse a vaga de técnica e também competisse pelo Brasil. Enrique Berenstein elogiou as insta-lações onde foram disputadas as provas da modalidade. E os oito atletas con-quistaram duas medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze.

Guilherme Minakawa foi o primeiro judoca a conquistar duas medalhas de ouro, ou seja, a conquistar o bicampeonato em edições consecutivas da Macabíada.

Correções, adendos e medalhas

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68esportes > curtas

Judô Cidadãona ParaíbaA técnica Miriam Minakawa acom-

panhou Ana Caroline Santos e Aline da Silva Cruz na disputa do Cam-peonato Brasileiro de Judô classe sub-13, em João Pessoa (PB). As duas judo-cas integravam a seleção paulista re-presentando a Hebraica no Projeto Campeão – Judô Cidadão mantido pela Hebraica em parceria com a Unibes. Cento e noventa e cinco outros atletas de 25 Estados brasileiros participaram.

Na categoria leve (abaixo de 38 kg), Ana Caroline derrotou adversárias de Sergipe e do Mato Grosso do Sul, mas perdeu na fi nal para uma gaúcha e fi -cou em segundo lugar. A meio-médio Aline (abaixo de 42 kg) repetiu a mes-ma performance invicta na fase classifi -catória e fi cou em segundo lugar no tor-neio. O desempenho das duas vices no brasileiro garantiu a participação de-las no sul-americano, no Chile, em data ainda a ser confi rmada.

Xadrez em Registro

B ernardo Sztokbant represen-tou o clube no IX Torneio de Xa-

drez da Cidade de Registro (SP), válido para obtenção de ranking internacio-nal e como etapa dos torneios “Aberto do Brasil”, da Confederação Brasileira de Xadrez que classifi cam um jogador para a fi nal do Campeonato Brasileiro Absoluto de Xadrez.

Em Registro participaram seis gran-des mestres internacionais e outros quinze titulados entre mestres inter-nacionais e FIDE. Foram 113 enxa-dristas inscritos. Sztokbant venceu na terceira rodada o grande mestre Eve-raldo Matsuura, ex-campeão brasilei-ro e, em seguida, o grande mestre ar-gentino Mareco. Terminou em oita-va colocação (6,5 em 9) distante ape-nas um ponto diferença do campeão do torneio, o grande mestre Krikor Mekhitarian (7,5 em 9,0). (M. B.)

Polo aquático na Acesc

F oram realizadas na Hebraica as partidas do I Torneio Infantil de Polo Aquático da Acesc “Um Sonho Olímpico” com a participação das equipes masculina e fe-

minina sub-11 do Clube Athlético Paulistano, Esporte Clube Pinheiros, Clube Painei-ras do Morumby (pela Acesc) e as entidades convidadas Associação Bauruense de Desportos Aquáticos (Abda) e Serviço Social da Indústria (Sesi). Durante o evento, destaque para a cerimônia de abertura e palestras do atleta profi ssional Rudá Fran-co e do coordenador de polo aquático do Sesi, Gilberto Guimarães. Os árbitros eram alunos do projeto Ofi cina na Piscina, que recentemente concluíram formação na As-sociação Aquática Paulista. Na foto, Moysés Gross (E) recebe Guimarães.

Minicamp de basqueteD e olho no aperfeiçoamento constante das equipes de basquete, o Departamen-

to Geral de Esportes agendou um minicamp durante recente visita do treinador e promotor de eventos americano Danin Altizer a São Paulo.

Com ajuda de um tradutor, ele demonstrou exercícios específi cos para auxiliar os garotos a melhorar passes e arremessos e técnicas para aumentar a efi ciência dos atletas em quadra. “Ele trabalhou com todas as categorias e adaptou a linguagem a cada uma das faixas etárias. É um profi ssional muito acessível e deixou muitos dos nossos atletas interessados em participar das clínicas e camps que ele realiza nos Es-tados Unidos”, afi rmou o técnico Adriano Geraldes que, a exemplo dos outros profi s-sionais da equipe técnica da modalidade, conversou com o convidado e trocou infor-mações úteis com ele.

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70esportes > fotos e fatos

1. Judoca Yarden Gedi, da seleção olímpica de Israel participou de uma tarde de autógrafos com crianças da comunidade; 2. Gilberto Guimarães falou aos atletas participantes do I Torneio Infantil de Polo Aquático da Acesc; 3. As baixas temperaturas durante o mês de agosto não atrapalharam os treinos dos nadadores do master; 4. Coordenadores de esportes das escolas garantiram a participação das equipes na Olimpíada de Escolas de Esportes; 5. Torneio em homenagem ao Dia dos Pais mobilizou muitos tenistas adultos

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espaço saúdeHEBRAICA | SET | 2013

Um dos grandes desafi os da neurologia

é diagnosticar o mais cedo possível as

alterações no cérebro que podem indi-

car o início da Doença de Alzheimer, uma dege-

neração cerebral que atinge aproximadamente

7% da população com idade entre 65 e 74 anos.

O único fator de risco conhecido para seu de-

senvolvimento é a idade, acima de 60 anos, a

probabilidade é maior e a cada cinco anos, do-

bra a prevalência. Em um país como o nosso,

onde a porcentagem de pessoas idosas se torna

maior a cada dia, enfrentaremos nos próximos

anos um problema difícil de ser controlado. To-

dos os anos, no dia 21 de setembro, no mundo

inteiro, acontecem atividades com a fi nalidade

de reunir as pessoas que, de alguma maneira

sejam afetadas por Alzheimer e outras demên-

cias e despertar na sociedade, de um modo ge-

ral, maior interesse e conhecimento sobre o

problema.

A doença de Alzheimer (DA) tem por caracte-

rística a perda progressiva de funções cere-

brais, como a memória, linguagem, da capaci-

dade de planejar e executar tarefas, além de al-

terações de comportamento. Essa perda ocorre

pela morte dos neurônios, células que consti-

tuem o cérebro.

Os familiares devem fi car em alerta para os

principais sintomas, são eles, perda gradual de

memória, declínio no desempenho de tarefas

cotidianas, perda gradual da linguagem, dimi-

nuição do senso crítico, desorientação de tem-

po e espaço, mudança na personalidade, difi -

culdade no aprendizado e na comunicação. A

própria pessoa acometida pode não perceber

estas mudanças, como característica da doen-

ça, é depender de um observador externo (que

pode ser cônjuge, fi lho ou outro familiar) para

procura auxílio médico.

O diagnostico é feito pela entrevista com o mé-

dico, avaliação das funções intelectuais por tes-

tes neuropsicológicos e exclusão de outras cau-

sas e doenças associadas. Essa doença acomete

os últimos 10-15 anos da vida da pessoa, saben-

do-se que quando ela se manifesta clinicamente,

as alterações no cérebro do paciente se inicia-

ram bem antes ( até duas décadas antes).

A busca agora é encontrar o marcador biológi-

co da DA e identifi car pessoas que possam cor-

rer maior risco de desenvolvê-la. Desse modo,

aumenta a possibilidade de utilizar medica-

mentos específi cos antes que ocorra a morte

neuronal. Atualmente existem procedimentos

que podem favorecer um diagnóstico mais pre-

coce, como a análise do liquido cefaloraquidia-

no (líquido da espinha) e medidas do volume

cerebral realizada pela ressonância magnética.

O tratamento atual tem por objetivo compensar

os neurotransmissores, e consegue estabilizar a

doença ou mesmo diminuir a progressão dos sin-

tomas, porém, não é o mesmo que cura, e portan-

to, a busca por melhores tratamento continua.

As pesquisas mais recentes procuram agir no

mecanismo bioquímico da doença, com medi-

cações que tentam impedir os processos que

levam á morte neuronal. Estes novos medica-

mentos estão em fase de testes, e não são dis-

poníveis para o tratamento da população.

O que podemos sugerir como prevenção à do-

ença, sempre baseado em estudos, é a ativida-

de física aeróbica (cerca de três vezes por se-

mana), alimentação saudável, controle rigoroso

de doenças como hipertensão e diabetes, bem

como evitar tabaco e álcool.

Conhecendo a Doença de Alzheimer (DA)

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DR. IVAN H. OKAMOTO, COODENADOR DO NÚCLEO DE EXCELÊNCIA EM MEMÓRIA DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN (NEMO-HIAE)

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magazine > polêmica | por Ariel Finguerman, de Tel Aviv

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O Shabat existe para santifi car o povo judeu, mas em Israel religiosos e laicos brigam por causa dele desde a fundação do Estado, em 1948. No episódio mais recente, o partido ortodoxo Ha-

Bait HaYehudi exigiu que todo o comércio de Tel Aviv não funcione aos sábados. Apesar de a lei já determinar que seja fechado, sempre houve um acordo na base do fi o de bigode segundo o qual as lojas da maior cidade laica do país pode-riam abrir. Mas agora isto pode mudar.

Além disso – e simultaneamente –, os partidos religiosos apresentaram um projeto de lei ao Parlamento para que o domingo se torne parte do fi m de semana. Atualmente os ju-deus observantes de Israel praticamente não conseguem re-laxar com as numerosas famílias nos parques ou shopping

Israel discute o que fazer no Shabat

centers porque quando o Shabat acaba, já é a hora de se preparar para voltar ao trabalho ou à escola.

Leia em seguida dois textos que dis-cutem o Shabat no Estado de Israel. O jurista carioca Jacob Dolinger (foto ao lado), que há dois anos fez aliá e é um intelectual liberal, convive com sua condição de judeu observante. E o colu-nista do jornal Yedioth Achronot, o reli-gioso Hanoch Daum, escreve de manei-ra surpreendentemente aberta a respei-to da frustração de passar o fi m de se-mana trancado em casa.

A OBSERVÂNCIA DO SHABAT VOLTA A DIVIDIR OS JUDEUS EM ISRAEL, COM PRESSÕES PARA FECHAR AS LOJAS DE TEL AVIV E UMA NOVA DISCUSSÃO: É POSSÍVEL INCLUIR O DOMINGO NO FIM DE SEMANA?

A PRAIA, ONDE HÁ, É UM DOS PROGRAMAS PREFERIDOS DOS JUDEUS SECULARES NO SHABAT

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E N T R E V I S T AO jurista carioca Jacob Dolinger (foto abaixo), 78 anos, um dos principais especialistas em direito internacional priva-do no Brasil antes de imigrar para Israel, também é um fi el observante do Shabat. Professor titular aposentado da Uerj, atualmente usa o tempo livre escrevendo, como a parte que lhe coube na enciclopédia da Academia de Haia, na Holanda, a respeito do direito brasileiro. Mas toda sexta-feira, quando o sol começa a se por, ele interrompe o trabalho em respeito ao Shabat. Nesta entrevista, diz não haver contradição entre ser um intelectual liberal e um judeu que não aperta o botão do elevador no sábado.

Hebraica – Hoje a maior parte dos judeus não observa in-tegralmente o Shabat. No passado, aparentemente havia uma maior observância. O que isto signifi ca?

Jacob Dolinger – É verdade. A maioria do povo judeu atu-almente não é religiosa. Mas não sei se na Idade Média era di-ferente de hoje. Também não sabemos como era na época do Templo de Jerusalém, quantos realmente cumpriam o Shabat. Talvez a nossa situação hoje seja o normal na história do juda-ísmo. Estou especulando, não sei, e não sei quem sabe.

Aqui em Israel, a função do Shabat também é defi nir clara-mente quem é religioso e quem é laico. O israelense que usa kipá, necessariamente observa o descanso do sábado. E quem não o cumpre, não ousa andar de kipá. É correto que seja as-sim?

Dolinger – Acho que sim. O Shabat está nos Dez Manda-mentos. É a única mitzvá que está ali totalmente maasit (de-pendente exclusivamente da ação humana). Isto tem força. Quem observa o Shabat também afi rma a crença na Criação do mundo por Deus.

O que o judeu secular perde ao não ob-servar o Shabat?

Dolinger – A interrupção do cotidia-no, que é a mais saudável manifestação de se tirar férias. Shabat é chofesh (“tem-po livre”). Além de descansar no sába-do, o judeu religioso também descansa a mente. Não pensa e nem fala de negó-cios, é relax total.

Então o Shabat pode conter uma men-sagem de auto-ajuda mesmo para o laico.

Dolinger – Sim, concordo. Se um ju-deu laico decidir ir à praia no sábado, e se realmente desligar o iphone e se des-conectar do trabalho, entrará num outro estado mental.

Mas para valer de fato como Shabat, precisa ser um dia dedicado a Deus?

Dolinger – Em termos. O judaísmo diz que o Shabat é “metade para Deus e me-tade para vocês”, ou seja, para os judeus. A segunda metade é o prazer de capri-char nas refeições, reunir a família, can-tar juntos. Isto faz bem à alma. Mesmo o judeu laico, que faz uma reunião fami-liar na noite de sexta-feira, ainda que de-pois dirija o carro, está elevando o valor daquele dia especial.

Então não é “8 ou 80”. É possível obser-var o Shabat de forma parcial?

Dolinger – Acho que observar só par-cialmente também tem valor. De alguma maneira, esta pessoa está se aproximan-do da ideia sabática prevista na Bíblia.

Como o senhor concilia a condição de jurista e intelectual liberal com a de um observante que não se permite apertar o botão do elevador no Shabat?

Dolinger – Isso não me perturba. Como religioso, sei que o Shabat pro-íbe gerar energia, e apertar o botão é eletricidade, então tenho que me abster disto. Como intelectual, isto é um exer-cício de autodisciplina, e uma vez por semana planejo tudo com antecedên-cia, incluindo o timer da luz de casa e do ar condicionado. E mesmo do ponto de vista médico, subir e descer escadas uma vez por semana é a recomendação

>>

“Acho que observar só

parcialmente também

tem valor. De alguma

maneira, esta pessoa está se aproximando

da ideia sabática

prevista na Bíblia”

(Jacob Dolinger)

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magazine > polêmica | por Hanoch Daum *

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que todo cardiologista faz (risos).

Quem vê de fora as dezenas de man-damentos a respeito do que é proibido ou não no Shabat pode concluir que há um exagero. Os cristãos, por exemplo, não têm nada disto.

Dolinger – Uma pessoa, como eu, educada desde a infância no cumpri-mento das mitzvot, aceita isto com na-turalidade. Mais tarde, esta mesma pes-soa pode refl etir acerca dos mandamen-tos do Shabat e notará uma coerência, um entrelaçamento de ideias. É o que eu chamo de lógica da Halachá (lei judaica); há uma lógica ali.

Nas últimas semanas, deputados do partido religioso Habait HaYehudi pres-sionam a prefeitura de Tel Aviv para for-çar o fechamento das lojas da cidade que insistem em abrir no Shabat. Isto é correto?

Dolinger – Do ponto de vista demo-crático, não é aceitável, pois a maioria quer as lojas abertas. Mas do ponto de vista social, milhares de pessoas que tra-balham poderão descansar. Não falo em cumprir o Shabat, mas em descansar.

Mas se a questão é apenas o descanso do trabalhador, poderiam ser feitos acor-dos. O sujeito trabalha no sábado e des-cansa outro dia da semana. Como em Londres ou Nova York, onde nada fecha e há boas leis que protegem o trabalha-dor.

Dolinger – Sim, se for só uma questão de direito do trabalho, daria para fazer um certo arranjo. Reconheço que este é um problema delicado.

O que o sr. acha desta ideia que circu-la entre os religiosos de Israel, de incluir o domingo no fi m de semana?

Dolinger – A única coisa que penso é se isso não prejudicaria a economia do país. Na sexta-feira, difi cilmente seria possível trabalhar o dia completo, espe-cialmente no inverno. Haveria então um fi m de semana de dois dias e meio no país, um luxo a que não sei se a econo-mia nacional poderia se permitir.

Q uero dedicar minha coluna deste fi m de semana ao Sha-bat religioso. Existe muita dissimulação e hipocrisia na

crítica que nós, os religiosos, fazemos aos judeus laicos de Is-rael, especialmente quando negligenciamos os problemas que existem em nossas próprias casas. Não sei bem o que realmen-te rola entre os laicos no Shabat, o que eles fazem, mas em muitas das nossas famílias o fi m de semana dos religiosos, e principalmente no verão, se transforma em um tormento bem distante do que seria um dia de descanso e tranquilidade.

Peço desculpas antecipadas aos que se sentirem ofendidos. Sei que parte de entre nós, religiosos, pensa diferentemente de mim. E que outra parte prefere simplesmente reforçar esta fi c-ção de que não há nada como o Shabat religioso, e que os laicos são uns pobres coitados que no fi m de semana suam na praia e quebram a cabeça para, a cada vez, arrumar um novo progra-ma para fazer, enquanto nós, tranquilos, nos sentamos em torno da mesa e cantamos melodias de Shabat. Fomos criados assim, educados para falar e comentar como o Shabat laico é horroro-so, comparado ao nosso, de fraternidade. Mas o que há de rea-lidade nisso? Ao menos quando se trata dos longos períodos de Shabat de verão, negar o Holocausto não é muito mais compli-cado que negar o sofrimento no Shabat religioso.

Entre nós, religiosos, conhecemos muito bem como são es-ses dias, em que acordamos às oito da manhã para uma reza de duas horas e meia; portanto, às 10h30 da manhã, já esta-

Tsholent em sábado de verão

AFINAL DE CONTAS, DURANTE QUANTO TEMPO É POSSÍVEL BRINCAR DE QUEBRA-CABEÇAS. E POR QUANTOS ANOS DÁ PARA PASSAR OS SHABATOT

DA MESMA MANEIRA, COM A MESMA ORDEM DAS COISAS, O MESMO HORÁRIO DA SONECA E O MESMO TOBOGÃ NO PARQUE AO LADO DE CASA?

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mos comendo carne com tsholent, e ao meio-dia tiramos uma soneca, sem ter a menor ideia de como passar o restante do tempo até a seudat hashlishit (a terceira refeição do Shabat). Às 20h15, quando o Shabat, acaba, nos sentimos como Gi-lad Shalit (o solado sequestrado pelo Hamas) após fi car cinco anos encarcerado. Porque para o religioso, salvo uma mudan-ça aqui e outra acolá, assim se parecem os shabatot no verão.

São dias longos demais, em que em vez de fazermos algo in-teressante com nossa família, transformamos o dia numa série de pesadas refeições e num sono sem sentido, a que se soma o barulho de crianças ao fundo. Única atração disponível: às dezessete horas, todos se encontram no parquinho ao lado de casa, onde três minitobogãs e um balanço, única opção de di-vertimento permitida pela Halachá, se transformam em nossa Disneylândia.

Meus irmãos religiosos, não percam seu tempo falando das vantagens do Shabat religioso. É realmente sensacional des-ligar a TV um dia da semana, junto com o Facebook e o ipho-ne. De fato. Em parte, as proibições da Halachá têm muita ló-gica. Também é muito legal estudar a parashat hashavua por meia hora com as crianças e brincar de quebra-cabeça com os menorzinhos. Mas quando o calor aumenta no verão e não se pode ligar o ar condicionado, aí não é nada legal, e nem lógico.

Nesses momentos, o Shabat se transforma de dia de descan-so em um dia que parece uma versão sádica do Big Brother:

uma família numerosa, fechada num apartamento, sem poder fazer a maior parte das coisas que se fazem nos outros dias. O primeiro a enlouquecer ganha um pedaço de kigel (macarrão doce).

Afi nal de contas, durante quanto tem-po é possível brincar de quebra-cabe-ça? E por quantos anos dá para passar os shabatot da mesma maneira, com a mesma ordem das coisas, o mesmo ho-rário da soneca e o mesmo tobogã no parque ao lado de casa? O melhor de um dia livre não seria a liberdade de esco-lher o que fazer?

Este é o resumo do caráter trágico do Shabat religioso: não é um dia livre. Na sexta-feira há a dureza de preparar as re-feições, no sábado elas são comidas e, em seguida, tudo é lavado e se dorme tanto até que a cabeça começa a doer. No domingo, a gente chega ao trabalho exausto, porque depois de tudo isto é di-fícil adormecer, e o verdadeiro descanso realmente não aconteceu. O Shabat re-ligioso é rotineiro. É bom comer com a família e ir à sinagoga, mas não é bom quando os shabatot são todos iguais por toda a vida.

Então o que se pode fazer? Este colu-nista não está proclamando o hilul sha-bat (“profanação do sábado”) em mas-sa. Minha pretensão é somente admitir que existe um problema e devemos pen-sar em como resolvê-lo, dentro da Ha-lachá. Uma primeira atitude no sentido de transformar o israelense religioso em uma pessoa livre e um pouco mais ale-gre seria transformar o domingo em fi m de semana.

Assim, após o Shabat religioso com a família, poderíamos aproveitar um dia livre laico para passeios, visitas e praia. Desta forma, o religioso chegaria para trabalhar na segunda-feira num bom as-tral. É um passo bom para todos.

Vamos lá, políticos, deem-nos um dia livre no domingo e vocês terão uma vida boa e longa.

Shabat Shalom!

* Escritor religioso, tem uma coluna fi xa na edição de fi m de semana do Yedioth Achronot

HÁ RAZÕES ECONÔMICAS PARA RECUSAR A PROPOSTA DE HANOCH DAUM

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magazine > tecnologia

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1 – WazeO Waze já era um nome globalmente conhecido ainda antes de ser considerado o melhor aplicativo móvel do mundo – e em junho o Google pagou mais de US$1 bilhão por ele. É um aplicativo grátis de navegação com informações coletivas e vo-luntárias, e possibilita aos usuários compartilhar informações do trânsito automaticamente em tempo real, simplesmente se-guindo as trilhas de GPS. O Waze também permite que os mo-toristas montem mapas juntos e criem grupos privados para compartilhar dicas de trânsito. O serviço começou em Israel e está disponível em todo o mundo.

2 – iOnRoadEm março passado, a gigante de telecomunicações interna-cionais Qualcomm premiou o aplicativo de direção segura iOnRoad, com fi nanciamento e assistência, de US$ 250.000 porque ganhou o terceiro concurso anual de investimento de risco internacional QPrize. O iOnRoad usa câmeras de smar-tphones iPhone e Android , sensores e GPS para determinar riscos – por exemplo, se um motorista está muito perto do carro da frente ou se está acima do limite de velocidade – e envia um alerta audiovisual. O painel pessoal do aplicativo permite ao motorista, com um único toque, ouvir música, ou verifi car um mapa.

3 – TourPalEste aplicativo ligado ao GPS oferece visitas guiadas em áudio a países e cidades como Londres, Nova York, Los Angeles, Pa-ris, Roma, Madri, Bangcoc, Nova Délhi, Berlim, Nice e Buda-peste. Por menos de US $ 9 a excursão, trata-se de uma bênção para viajantes que não querem gastar muito e preferem visitar os pontos turísticos por conta própria. Os passeios são narra-dos por guias profi ssionais que sabem tudo a respeito de cada “imperdível” atração turística. Não se cobram taxas de internet quando se viaja com este aplicativo.

Dez aplicativos para socorrer motoristas

APLICATIVOS CRIADOS EM ISRAEL AJUDAM A ENCONTRAR ÔNIBUS, TÁXI, VAGA NO ESTACIONAMENTO, ROTA MAIS RÁPIDA PARA DIRIGIR, VERIFICAM A PRESSÃO DOS PNEUS E A TAXA DE ÁLCOOL DO MOTORISTA

4 – AlcohootO aplicativo Alcohoot funciona com um bafômetro de smartphone. Foi inventado por dois ex-soldados israelenses. Sopre no aparelho e veja o nível etílico do san-gue exibido na tela. O aplicativo rastreia os resultados apontados pelo bafômetro, ajuda a tomar decisões mais inteligentes e até mesmo pede um táxi se o usuário bebeu demais. Vale também para encon-trar restaurantes nas proximidades.

5 – TireCheckRecentemente a empresa israelense Ne-omatix lançou um aplicativo de smar-tphone que verifi ca a pressão dos pneus sem sujar as mãos. Escolha a marca e modelo em uma relação, aponte a câme-ra do telefone para cada pneu e o Tire-Check dá a leitura estimada da pressão. Se um pneu estiver um pouco vazio, o aplicativo informa qual o endereço da bomba de ar mais próxima, e a quanti-dade de ar necessário.

6 – GetTaxiUse este aplicativo em Tel Aviv, Londres, Nova York, Paris, Berlim ou Moscou, e nunca mais terá de esperar por um taxi na calçada. Com o aplicativo de telefo-nia móvel GetTaxi peça um táxi de um call center com um toque na tela. E se vê na tela, em tempo real, a aproximação do táxi, a imagem do motorista, nome, nú-mero de licença e índice de satisfação de

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clientes que já usaram os serviços dele. Em 2012, a GetTaxi le-vantou US$ 20 milhões durante a apresentação, em Nova York.

7 – MoovitO Moovit é um aplicativo gratuito de celular com dados comu-nitários que ajudam a navegar em cada etapa de uma viagem em transportes públicos. Ele mostra onde encontrar o ponto de ônibus e orienta que caminhos tomar, a pé, em direção ao destino. Baseado no Open Street Maps, o Moovit usa horários de empresas de transporte e dados de GPS acerca de ônibus em movimento. E a partir de informações de outros usuários informa a rapidez com que o ônibus está fl uindo no tráfego. Os usuários podem enviar relatórios a respeito das condições de viagem e atrasos.

8 – NetBusPor enquanto disponível apenas em Israel, o Netbus se vale de dados em tempo real capturados a cada vinte segundos a partir do rastreamento do GPS de servidores do Ministé-rio dos Transportes, e assim é possível saber quanto tempo o ônibus ainda vai demorar para chegar ao ponto em que está o usuário. A tela exibe um mapa que mostra o tão aguardado ônibus no trânsito. Em breve, nos celulares do mundo todo.

9 – Aplicativos para estacionarAo chegar ao destino é preciso estacionar. Com esse aplicati-vo, acabaram problemas do usuário: o Pango é o primeiro sis-tema de estacionamento do mundo pago por celular, pelo qual os usuários localizam, reservam e pagam por vagas de gara-gem via smartphone. O PangoUSA opera em um número cada vez maior de cidades, como Nova York e Phoenix.

O Parko se vale de informações coletivas e voluntárias para estacionar ao ligar os usuários em busca de vaga com os que vão deixar um determinado local. A maior parte da ação é automática, graças a sensores de GPS que informam

o aplicativo quando um usuário pare-ce ter estacionado e deixado o veículo, e quando o motorista está novamente se aproximando do carro. O Parko ven-ceu a competição Israeli Mobile Chal-lenge patrocinada pelo Google, em ju-nho de 2012.

O sistema de pagamento CellOPark de estacionamento por celular funciona na Alemanha, Israel, Brasil e Espanha. Com smartphones, os assinantes pagam para estacionar em espaços públicos destinados pelos municípios fi liados ao sistema CellOPark. O estacionamento é calculado por minuto, e os pagamentos são mensais com cartão de crédito.

10 – NirshamNunca há um policial próximo quando se vê um mau motorista. A start up israe-lense Nirsham (“gravado”, em português) resolveu esse problema – por enquanto em Israel – com um aplicativo de celular que documenta e monitora esses maus comportamentos como bullying na es-trada e infrações de trânsito.

A câmera trabalha nos modos “pedes-tre” ou “motorista”. Este último precisa apenas de um toque de botão para gra-var o que acontece do lado de fora. Fo-tos fi cam arquivadas durante uma se-mana no site da empresa. A partir das fotos e fi lmagens dos motoristas, a Nir-sham pode denunciar os infratores às autoridades competentes.

O sistema de pagamento

CellOPark de estaciona-mento por

celular funciona na Alemanha,

Israel, Brasil e Espanha

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magazine > nazismo | por John Cornwell *

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E ugenio Pacelli foi eleito papa em 1939, assumiu o nome de Pio XII, morreu em 1958 e foi a autorida-de máxima da Igreja Católica durante a Segunda Guerra e o início da Guerra Fria. Meio século de-

pois do seu papado restam algumas dúvidas, entre elas, por que não condenou abertamente o regime nazista? Ele temia que as suas críticas pudessem infl igir mais sofrimento às vi-timas? Ele era indiferente ao destino das vítimas das atroci-dades nazistas, incluindo as do Holocausto?

Com perguntas e sem respostas só é possível conjeturar em torno dos motivos, razões ou desculpas porque suas anódinas declarações não mencionavam publicamente judeus, nazistas e Hitler. Os documentos ofi ciais do pontifi cado dele continuam secretos, embora, talvez, o papa Francisco autorize a que se-jam examinados. Até onde se sabe, Pio XII não deixou um di-ário privado, não pedia nem aceitava conselhos, não tinha ne-nhum amigo íntimo, comeu sozinho durante todo o pontifi ca-do e a caminhada diária nos jardins do Vaticano sempre foi so-litária. Depois da guerra não deu explicações para as omissões nem se desculpou por elas.

A maioria dos estudos a respeito de Pio XII se concentra nos anos da guerra, como se não houvesse vida antes do início do seu reinado. Mas agora vieram à luz duas novas biografi as de autoria de historiadores norte-americanos da Igreja Católica – Robert A. Ventresca e Frank J. Coppa – cujos relatos incluem o período pré-papal, das décadas de 1920 e 1930. A interpre-tação dos documentos diplomáticos acerca do pontifi cado de Pio XI (1922-1939), seu antecessor, recentemente liberados, revelam que Pacelli não era simpatizante do nazismo, embora as consequências das políticas hitleristas, aprovadas pela San-

Hitler serviu-se do papa Pio XII?

EMBORA DE ACORDO COM A NOMENCLATURA NAZISTA EUGENIO PACELLI NÃO FOSSE UM ANTISSEMITA, EM NOME DE PIO XI ELE ACEITOU

AS BENESSES EDUCACIONAIS DE UM REGIME QUE PRIVAVA OS JUDEUS DE DIREITOS E RECURSOS, O QUE SINALIZAVA CONCORDAR COM AS

POLÍTICAS ANTISSEMITAS DE HITLER

ta Sé, numa fase inicial sem dúvida ace-leraram os planos de Hitler. Segundo Co-ppa e Ventresca, a chave para compre-ender Pacelli era a sua mentalidade le-galista e a diplomacia da Santa Sé nos primeiros trinta anos do século 20.

Como o pai e o avô, Pacelli especiali-zou-se em direito canônico, seguindo ali-ás, os passos dos antepassados que fo-ram assessores jurídicos e políticos, lei-gos, a serviço da Santa Sé em um mo-mento no qual os Estados Pontifícios eram devorados aos pedaços pelo emer-gente Estado-nação da Itália. Para os Pa-cellis era necessário um controle efetivo, e por meios legais, do Vaticano. Desta forma, o jovem padre Eugenio foi convi-dado a secretariar um fantástico projeto legal que consistia em reunir e sistema-tizar o vasto corpus da legislação eclesi-ástica, com suas muitas exceções e redu-zido âmbito de aplicação local, em um único código de Direito Canônico no es-tilo napoleônico. Um exemplo do obje-tivo centralizador do Código, publicado em 1917, foi a nova regra segundo a qual somente o papa tinha o direito de nome-ar bispos. Antes, o clero diocesano local, mais os fi éis leigos e mesmo as autorida-des civis de cada cidade do mundo cató-lico podiam indicar e nomear o bispo.

Pacelli foi ordenado bispo e enviado à Alemanha com a missão, a longo prazo, de renegociar as concordatas com os es-tados provinciais de modo a que estives-sem de acordo com os termos do novo

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Código, e ao mesmo tempo tentou negociar um Reichskonkor-dat (concordata entre a Igreja e o Estado), isto é, um tratado abrangendo toda a Alemanha.

Passados treze anos, Pacelli não conseguiu. A Alemanha era um Estado confessional pluralista e não estava disposta a con-ceder status privilegiado à Igreja Católica em relação a outras denominações religiosas, embora cinco dos chanceleres do período de Weimar fossem católicos. Em 1930, Pacelli retor-nou ao Vaticano na condição de cardeal secretário de Estado,

cargo em que ele se ocuparia mais sobre as relações com a Alemanha do que com qualquer outro país.

Sua principal preocupação era o pa-pel do Partido Alemão do Centro do da Alemanha (Deutsche Zentrumspartei ou somente Zentrum), de maioria católi-ca, que foi o principal agente das coali-zões partidárias de sustentação da Repú-

ENQUANTO O VATICANO NÃO ABRIR SEUS SEGREDOS DA SEGUNDA GUERRA, A ATUAÇÃO DE PIO XII CONTINUARÁ UM ENIGMA

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A conduta de Pacelli foi marcada por contradições.

No começo da guerra, ele estava disposto a

ajudar em uma conspiração

para derrubar Hitler, mas

não protestou contra a

invasão da Polônia. Em

1943, não teve o cuidado

de avisar os judeus que poderiam

ser mantidos presos no gueto de

Roma, embora muitos templos

católicos escondessem

judeus naquele momento

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magazine > nazismo

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blica de Weimar na década de 1920. Pa-celli pediu ao católico devoto e líder do Partido do Centro Heinrich Brüning, que foi chanceler entre 1930-1932, a partici-par da coalizão com Hitler, em vez de se aliar aos social-democratas. Firme opo-sitor do nazismo, Brüning disse “não”, e nas memórias, citadas por Ventresca, conta que Pacelli “nunca entendeu os as-pectos fundamentais da política alemã, ou o lugar especial do Partido do Cen-tro”. Segundo Brüning, Pacelli também “não tinha entendido direito” a verdadei-ra natureza do nazismo. O julgamento condenatório de Brüning foi que Pacelli desprezava “a democracia e o sistema parlamentar”, preferindo “governos for-tes, e fortemente centralizados”. O que talvez explicasse a preferência de Pacelli por Hitler, e não os social-democratas.

Todo poder a HitlerNo início de 1933, Hitler, chanceler, mas ainda não ditador, surpreendeu Pa-celli e sondou-o a propósito de um Rei-chskonkordat pelo qual oferecia garan-tias de direitos de prática religiosa aos católicos em troca de a Igreja se afastar

de todo tipo de ações sociais e políticas, assembleias e associa-ções, além de meios de comunicação, grupos de escoteiros e associações de mulheres. Em contrapartida, Hitler ofereceu fi -nanciamento educacional extra às escolas católicas, incluindo edifícios, áreas e salários para os professores. Mas a condição imposta por Hitler era que o Partido do Centro, primeiro, vo-tasse favoravelmente ao “Ato de Habilitação ao Poder” que lhe dava poderes ditatoriais, e, depois, a divisão do Partido. Para Ventresca, o Reichskonkordat deixou os católicos alemães sem “oposição eleitoral signifi cativa frente os nazistas”, enquanto os “benefícios da entente diplomática alardeada da Concorda-ta com o Estado alemão não eram claros nem objetivos”.

A recente historiografi a acerca do comportamento dos pro-fi ssionais liberais, das Igrejas de diversas denominações e do Judiciário, na Alemanha, a partir de 1933, sugere que as ne-gociações de Pacelli com Hitler tiveram consequências terrí-veis. O papel dos juízes, cientistas, acadêmicos e profi ssionais liberais que individualmente e coletivamente fi zeram negó-cios com Hitler, e dele receberam benefícios, embora distantes da ideologia nazista, tem sido caracterizada como a do Mitläu-fer, isto é, de “companheiros de viagem”. É possível que a con-dição de Mitläufer tenha sido pior que possuir carteirinha de membro do Partido Nazista. Vários prelados católicos nazistas eram conhecidos como “Bispos Marrons” e desprezados pelos fi éis. No entanto, a presença dos “companheiros de viagem”, geralmente fi guras de respeito, e as instituições que represen-tavam, desmoralizavam a oposição em potencial, escandali-zavam os jovens e justifi cavam Hitler interna e externamente. Pacelli era o prelado ideal para o Führer, e em razão dos acor-dos diplomáticos o futuro papa convinha, ainda que involun-tariamente, aos objetivos de longo prazo do ditador.

Pacelli escreveu no L’Osservatore Romano, órgão ofi cial do Vaticano, que o Reichskonkordat era uma vitória e um triunfo do Código de Direito Canônico, sugerindo que Hitler aceitara a imposição do novo Código aos católicos alemães, de modo a que a autoridade da Igreja local fosse transferida para o Va-ticano. Mas Hitler parece ter entendido de outra forma e em declarações no seu gabinete afi rmou que o tratado signifi cava o “reconhecimento do Estado alemão nacionalista” pelo Vati-cano, bem como a exclusão da Igreja de organizações políti-cas, e a dissolução do Partido do Centro. No fi nal, ameaçador, Hitler declarou que o tratado criou um “sentimento de con-fi ança”, que seria “especialmente signifi cativo na luta urgen-te contra o judaísmo internacional”. Embora de acordo com a nomenclatura nazista Pacelli não fosse um antissemita, em nome de Pio XI ele aceitou as benesses educacionais de um regime que privava os judeus de direitos e recursos, o que si-nalizava concordar com as políticas antissemitas de Hitler desde o inicio da perseguição aos judeus na Alemanha.

A serviço do ReichPor essas novas biografi as, fi ca evidente que a política de con-cordata da Santa Sé com a Alemanha deu um impulso invo-

O PAPA PIO XII SAINDO DO PALÁCIO

PRESIDENCIAL EM BERLIM

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luntário aos planos de Hitler. Durante a guerra Pacelli agradava involuntaria-mente à causa nazista porque suas de-clarações tinham um verniz de ambi-guidades anódinas, de modo a ser inter-pretado como indiferença moral. Para Robert A. Ventresca, a diplomacia de Pacelli nunca pendeu para o lado dos Aliados ou do Eixo mas se inspirava na “média do modelo dourado de neutra-lidade”, seja lá o que isso for. E Frank J. Coppa insiste em que a aparente neutra-lidade do novo papa durante a Segun-da Guerra ainda ecoava a diplomacia de equilíbrio da Santa Sé durante a Primei-ra Guerra.

A conduta de Pacelli foi marcada por contradições. No começo da guerra, ele estava disposto a ajudar em uma cons-piração para derrubar Hitler, mas não protestou contra a invasão da Polônia. Em 1943, ele não teve o cuidado de avi-sar os judeus que poderiam ser manti-dos presos no gueto de Roma, embo-ra muitos templos católicos escondes-sem judeus naquele momento. Quando Roma foi libertada, Pacelli recebeu ca-lorosamente na Basílica de São Pedro tropas aliadas de muitas nacionalida-des, mas pediu às autoridades america-nas que proibissem os soldados negros de entrar na Santa Sé, para “não cor-romperem as mulheres romanas”. Es-timulou os estudos bíblicos e reformou a liturgia, mas ao mesmo tempo anulou o movimento francês que pregava a ne-cessidade de renovação teológica, e ba-niu o movimento laboral dos sacerdo-tes. Não excomungou Hitler nem os ca-tólicos nazistas, mas assinou com sa-tisfação a excomunhão dos comunistas italianos depois da guerra.

Pacceli morreu aos 82 anos e foi ho-menageado pelos grandes e bons de todo o mundo. Mas passado o período de reminiscências hagiográfi cas, come-çaram as críticas. Em 1964, ele foi re-tratado como um cínico “cavador de di-nheiro”, na peça teatral de Rolf Hochhu-th, O Vigário, na qual também registrou o fato de Pio não condenar Hitler. Tam-bém a partir de meados da década de 1960, jornalistas e estudiosos amplia-

ram o tema do “silêncio” enquanto os defensores dele respon-diam que ele agiu secretamente na salvação de centenas de milhares de judeus. Paulo VI lançou a campanha para beati-fi cá-lo. Seguiu-se uma batalha de bastidores travada na tênue linha entre a memória do Holocausto e a polêmica católica de antidifamação. O tom venenoso do debate foi instilado princi-palmente pelo fato de os defensores dele considerarem a me-nor crítica a Pacelli, por mais bem fundamentada que fosse, como uma calúnia vingativa.

Esses novos estudos são reveladores dos intricados laços que prendem o caso Pacelli. Por exemplo, segundo Coppa, Pacelli assinou um documento em 1919, chamando o revolucionário de Munique, Max Levien, como “sujo”, “um judeu russo” e “re-pugnante”, nesta ordem. Menos mal, de acordo com o próprio Coppa, que Pacelli não disse que Levien era “um repugnante, judeu sujo”.

Ventresca admite que “muitos milhares de judeus encontra-ram abrigo, e fi nalmente sobrevivência, graças aos esforços dos representantes pontifícios agindo aparentemente com as bênçãos de Pio XII” e nem a falta de provas vinculando o res-gate dos judeus diretamente com Pacelli “não desencorajou os defensores do papa de construir o que dizem ser um sóli-do argumento [para fazer de Pio XII um salvador]”. Para esses autores, o pontifi cado de Pio XII é fundamental interesse na história de Pacelli. Depois de reestruturado pelos legisladores canônicos em resposta à perda de poder temporal, o papado dele foi duramente testado e fortemente abalado por crises e eventos sem precedentes. Se o papado falhou foi em razão de defi ciências tanto pessoais quanto coletivas e históricas.

Para os dois autores, Pio XII fez o melhor que podia depois que se tornou papa. Nenhum deles tenta conclusões a respei-to das consequências das políticas de Pacelli para os papa-dos subsequentes. A recusa do futuro João Paulo II em nego-ciar um acordo com os soviéticos na Polônia pode ter origem no temor de repetir o fi asco do Reichskonkordat. Mas a iro-nia da história é que se esse acordo entre a Igreja na Polônia e os soviéticos tivesse sido alcançado, o sindicato Solidarieda-de nunca se teria constituído e a queda do comunismo talvez fosse muito diferente.

Resta a questão da santidade do Pacelli. Tanto Robert Ven-tresca quanto Frank Coppa aparentemente aprovam o parecer do padre Robert Leiber, SJ, que foi secretário particular de Pa-celli durante trinta anos que, perguntado se achava Pacelli um grande santo, respondeu: “Grande sim... Um santo, não”. Quan-do se trata das guerras de Pio XII a imparcialidade acadêmica é duvidosa, mas para quem não têm nenhum interesse em qual-quer lado da disputa, os dois estudos são fi dedignos e servem para complementar o conhecimento a respeito de uma das fi -guras mais enigmáticas da história do século 20.

* John Cornwell é o diretor do Projeto da Ciência e da Di-mensão Humana no Jesus College, Cambridge e autor de OPapa de Hitler, a respeito de Pio XII

A recusa do futuro João Paulo II em

negociar um acordo com os soviéticos na Polônia pode

ter origem no temor de

repetir o fi asco do Reichskon-

kordat. Se esse acordo

entre a Igreja na Polônia e os soviéticos tivesse sido alcançado, o sindicato

Solidariedade nunca se teria constituído e a queda do comunismo talvez fosse

muito diferente

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H á alguns meses foi lançado nos Estados Unidos o livro Rasputin: as Memórias do seu Secretário, com base nas anotações de Aron Simanovitch, um dos assistentes pessoais de Rasputin, o guia

espiritual e curandeiro que deteve enorme infl uência na cor-te do último czar da Rússia. Rasputin e os Judeus, o livro das memórias original de Simanovitch, foi publicado pela pri-meira vez em Riga, (Letônia), em russo, e logo traduzido para o espanhol, alemão e francês. De acordo com o prefácio do próprio Simanovitch, são recordações do período de agitação revolucionária e do fi m da família Romanov.

Delin Colon o escreveu a partir das memórias de Simanovi-tch, irmão da sua tataravó, e em 2010, publicara outro livro a respeito do mesmo tema e cujo objetivo era se contrapor à opinião corrente segundo a qual Rasputin era essencialmen-te mau e que as memórias de Simanovitch foram redigidas por funcionários do governo do czar ou acadêmicos a seu serviço. Para Colon, os membros da corte dos Romanov invejavam a infl uência de Rasputin, e por isso era retratado de forma nega-tiva e diabólica, embora fosse vítima de uma aristocracia cor-rupta. Simanovitch conheceu Rasputin na intimidade e esta-va convencido do amor e compaixão dele por aqueles que so-friam, entre eles os judeus.

Aron Simanovitch nasceu em Kiev em 1875 e era um bem-sucedido comerciante de diamantes. Em 1902, viajou para São Petersburgo a negócios. Era considerado um grande co-merciante e, por isso, ganhou permissão especial para traba-lhar na capital do império. Simanovitch pagava os impostos direitinho para não ser deportado enquanto judeu. Para for-talecer os laços comerciais e aumentar os negócios, frequen-

tava teatro, balé, corridas de cavalos e cassinos. Tornou-se próximo da realeza, abriu e dirigiu os próprios cassinos e as mulheres da alta sociedade compravam dele joias muito caras.

Em suas memórias, conta que falaram dele para Sua Majestade a czarina Ale-xandra Fyodorova, que o chamou para opinar a respeito de pedras preciosas. Alexandra era conhecida por barganhar e Aron oferecia as joias por preços abai-xo daqueles sugeridos por Fabergé, o jo-alheiro ofi cial do palácio. A “integridade e honestidade” dele a impressionaram e ela o recomendou às pessoas próximas. Anos depois Rasputin, camponês, vesti-do a caráter, barba espessa, olhar pene-trante, e jeitão de visionário, chegou a São Petersburgo. Ele pertencera à seita dos khlysty (“fl agelantes”), que entravam em êxtase religioso em casas de banhos, os homens e mulheres se açoitavam le-vemente uns aos outros, para estimular a corrente sanguínea, faziam sexo nos pisos e agradeciam ao bom Deus por tão intensa felicidade.

Antes mesmo de chegar à cidade, Rasputin já era conhecido pelas curas mágicas e milagres em casos nos quais a medicina fracassara. Foi o único que conseguiu tratar a hemofi lia do herdei-ro do trono, e assim ganhou mais pres-tígio na corte. Esperto fi nancista, Sima-novitch logo percebeu que poderia cui-dar do cotidiano de Rasputin e, desta forma, se aproxima ainda mais da no-breza e da realeza. Assumiu as tarefas do dia-a-dia do milagroso camponês,

O secretário judeu de Rasputin ARON SIMANOVITCH, O ASSISTENTE PESSOAL DE RASPUTIN, NASCEU EM KIEV EM 1875 E ERA UM BEM-SUCEDIDO COMERCIANTE DE DIAMANTES. EM 1902, VIAJOU PARA SÃO PETERSBURGO A NEGÓCIOS. ERA CONSIDERADO UM GRANDE COMERCIANTE E, POR ISSO, GANHOU PERMISSÃO ESPECIAL PARA TRABALHAR NA CAPITAL DO IMPÉRIO

Todas as manhãs

Simanovitch via Rasputin acolhendo dezenas de pessoas aos

prantos e desvalidas em casa crentes

nos poderes de o starets salvá-los e ajudá-los. Na linguagem

popular russa, starets é o religioso de poderes

sobrenaturais

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magazine > czarismo | por Rut Becki Colodni

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UMA DAS FOTOS MAIS CONHECIDAS DE GRIGORY YEFIMOVICH RASPUTIN, NASCIDO EM 8172 EM POKROVKOYE (SIBÉRIA), COM O CZAR À DIREITA NA FOTO

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magazine > czarismo

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desde a manutenção da casa, despesas domésticas, paga-mentos, redação de cartas, organização de reuniões e trans-ferências de valores.

Todas as manhãs Simanovitch via Rasputin acolhendo deze-nas de pessoas aos prantos e desvalidas em casa crentes nos poderes de o starets salvá-los e ajudá-los. Na linguagem popu-lar russa, starets é o religioso de poderes sobrenaturais. Em Os Irmãos Karamazov, Dostoievski defi niu “starets” como aque-le a quem se entrega a alma e a faculdade de manejá-la como quiser. “Quando você escolhe alguém para ser teu starets, tua vontade desaparece em favor da vontade dele, obediente e desprezando o teu próprio ego”, escreveu Dostoievski.

Durante aqueles anos, ele detinha grande infl uência no im-pério moribundo, e por isso era invejado, perseguido, fotogra-fado em orgias e difamado perante o imperador. Em 1911, Ras-putin foi a Jerusalém purgar os pecados.

Pão seco na sopa Alguns livros a respeito de Rasputin mencionam Simanovi-tch. Segundo um dos biógrafos de Rasputin, Joseph T. Fuhr-mann, uma das fi guras mais importantes na trajetória de es-cândalos do milagreiro foi Simanovitch. Henry Troyat tam-bém fala de Simanovitch no livro Rasputin, e ambos se referem à carta citada nas memórias de Rasputin, e a decla-ração poucos dias antes de ser assassinado, em 1916: “Sin-to que deixarei minha vida antes de primeiro de janeiro. Eu

quero anunciar ao povo russo, ao nos-so pai, o czar, à nossa mãe, a czarina e aos seus fi lhos, o que devem fazer. Se eu for morto por assassinos abjetos, e especialmente, pelos meus irmãos os camponeses russos, não vos preocu-peis, oh czar da Rússia, não vos preo-cupeis pelos seus fi lhos, eles vão gover-nar ao longo de muitas gerações. Mas se eu for morto por nobres, e eles derra-marem meu sangue, meu sangue man-chará suas mãos por 25 anos, eles serão forçados a deixar a Rússia, irmãos lu-tarão contra irmãos, eles vão matar-se uns aos outros, ninguém da sua família, nenhum dos seus fi lhos viverá mais de dois anos. Eles serão mortos pelo povo russo”.

Se estas frases foram de fato ditas são uma profecia, pois a Revolução de Ou-tubro decretou o fi m do reinado da casa dos Romanov e sua corte, e até a Segun-da Guerra Mundial – vinte e cinco anos depois– correram rios de sangue na Rús-sia na revolução, nas guerras e no perío-do stalinista.

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Á ESQUERDA, RASPUTIN COM OS BISPOS DA IGREJA ORTODOXA RUSSA GERMOGEN E ILIODOR ; ACIMA, CAPA DO LIVRO RECENTEMENTE LANÇADO NOS ESTADOS UNIDOS, À VENDA PELA AMAZON

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As memórias de Simanovitch contêm imprecisões, exage-ros e fatos a respeito dos quais há referências únicas. É pos-sível conhecer o modo de vida de Rasputin em casa, a sopa de peixe com pão seco, como recebia os convidados, as cen-tenas de pessoas que lhe pediam ajuda e a vida despreocu-pada com o futuro e sem nunca pedir dinheiro. Nem preci-sava, pois em troca de ajuda dele jorrava dinheiro dos bolsos dos ricos, da casa real e da polícia secreta, a Okhrana, cuja missão era lhe dar segurança dia e noite, e seguir todos que o visitavam.

Um dos agentes da Okhrana era Manusovich-Manuilov, cujo pai fora um rabino convertido ao cristianismo. Como agente duplo e, talvez, triplo, Manusovich era um grande enganador e artista na intriga: incumbido de vigiar Rasputin, logo se tornou assistente dele. Manusovich o visitava todos os dias e quando chegava, o starets dispensava todos e se trancava com ele.

Isso é revelador do que ocorria na Rússia às vésperas da Re-volução de 1905, em que a polícia se juntou aos revolucioná-rios, e os revolucionários perseguidos e torturados traíram a Revolução e se juntaram à polícia secreta. Os mais proeminen-tes membros da polícia secreta eram apaixonados e determi-nados ex-revolucionários. Alguns traíram por ideologia, como Sergei Zubatov, depois comandante da polícia secreta; outros, como Manusovich-Manuilov, por dinheiro.

Porque trabalharam em épocas diferentes talvez Manusovi-ch-Manuilov não conste das memórias de Simanovitch, embo-ra ambos tenham sido assistentes de Rasputin. Possivelmente Simanovitch temesse trombar com a polícia secreta. Isso ex-plica por que queimou as suas anotações ao fugir da Rússia, e os textos eram de memória.

Mistério até na morteO livro Rasputin – Memórias do seu Secretário é dividido em capítulos temáticos como a confi ssão de Rasputin a Suas Ma-jestades, a chegada à Casa Real, como se comportava, rivali-dades na corte, o problema judaico, etc. No capítulo “o proble-ma judaico” narra histórias que parecem imaginárias e mere-cem uma revisão, como as supostas reuniões de Simanovitch com a aristocracia judaica endinheirada, as famílias Ginsburg, Polyakov e Brodsky. Ele faz referência às previsões de Raspu-tin a respeito do caso Bayliss, que foi absolvido ainda antes do julgamento.

Simanovitch descreve a visita ao palácio para evitar a expul-são de duzentos dentistas judeus de São Petersburgo. No en-tanto, o comandante da guarda pessoal da família real, general Alexander Spiridovich, que tinha uma rede de espionagem no palácio, garante nas suas memórias, publicadas em Paris em 1928 sob o título Os Últimos Anos do Czares, que Simanovitch nunca visitou o palácio e que suas informações são imprecisas e incorretas. Spiridovich sabia tudo a respeito dos czares e des-cendentes, pois os acompanhava a todos os lugares, como ao Palácio de Inverno na Crimeia, os passeios nos fi ordes da No-ruega, caçadas na fl oresta, banhos de mar, festas, comemora-

O livro Rasputin –

Memórias do seu Secretário

é dividido em capítulos

temáticos como a

confi ssão de Rasputin

a Suas Majestades, a chegada

à Casa Real, como se

comportava, rivalidades na corte, o problema

judaico, etc. No capítulo “o problema

judaico” narra histórias que

parecem imaginárias

RASPUTIN VIROU UM ÍCONE DA DECADÊNCIA DO CZARISMO

ções, preocupações e críticas a cada re-ferência a Simanovitch, cujo desapareci-mento é um mistério.

De acordo com seu livro, chegou à França após a revolução de 1917. No epí-logo do livro e nas “Páginas de Testemu-nho de Yad Vashem”, Delin Colon afi rma que durante a ocupação da França na Se-gunda Guerra, Simanovitch foi deporta-do para Auschwitz e assassinado; e o fi lho mais velho Simeão, em Sobibor.

Apesar disso ainda há dúvidas a res-peito do destino dele, pois de acordo com fontes da internet em russo, Aron Simanovitch e um dos fi lhos, Yoan, fo-ram para a Libéria, na costa ocidental africana onde morreu aos 103 anos, em 1978. Ele teria vivido na capital, Monró-via, e lá montou o restaurante Na Casa de Rasputin. Ficou amigo do presidente da Libéria e aconselhou-o em diversas questões, especialmente em apoio a Is-rael. De fato, a Libéria foi um dos primei-ros países da África a votar em favor da criação de Israel, em 1947.

Tradução de Yosi Turel

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população local e a reivindicar a terra para si. Mas Alter de-monstra que as mensagens do texto a respeito do êxito dessa empreitada são confl itantes. Segundo o texto, os israelitas rea-lizaram uma limpeza étnica dos cananeus de modo a que nin-guém em condições de resistir fosse deixado vivo.

No entanto, o Livro de Josué foi escrito ou editado séculos de-pois, quando a terra era, de fato, ocupada pelos cananeus. Al-ter: “Os cananeus não parecem ter desaparecido porque foram dizimados, mas porque foram assimilados pelos israelitas”. E foi uma assimilação bastante parcial: várias vezes em Ancient Israel lê-se como os israelitas tendiam a absorver os modos ca-naneus ao erguer totens sagrados para os deuses e ao adorar Baal. No entanto, muitas vezes os autores e editores da Bíblia recorrem a táticas engenhosas para encobrir esse fato.

Um exemplo no Livro de Juízes é a história de Gedeão, um entre muitos juízes – expressão que seria mais bem traduzida por “chefes” ou “senhores da guerra” – que surge para conduzir os fi lhos de Israel contra os inimigos durante um longo período de caos político. Um anjo diz a Gedeão para liderar os israeli-tas na batalha contra os madianitas, e consegue milagrosa vitó-ria. No entanto, o texto não pode esconder um fato conhecido: o nome original de Gedeão era Jerubaal, claramente canaanita.

O Livro dos Juízes explica o nome dizendo que tem origem no incidente em que Gedeão destruiu o altar de Baal, e procla-mou: “Se [Baal] é um deus, ele vai lutar por si mesmo, pois seu altar foi destruído”. Naquele dia foi chamado de Jerubaal, que signifi ca “Deixe-o lutar por si mesmo, pois seu altar foi destru-ído”. Mas Alter aponta para uma tradução mais provável do nome: “Baal luta [por seus adoradores fi éis]”. Ou seja, provavel-mente o herói israelita Gedeão nasceu adorador de Baal, e o texto inventa uma etimologia de seu nome para minimizar o escândalo deste fato.

O Livro dos Juízes é cheio de fi guras famosas e histórias – Ge-deão, Débora e, acima de tudo, Sansão, cuja lenda Alter com-para à de Hércules. Assim também são os livros posteriores, Reis I e II, que incluem os ciclos de contos milagrosos a res-peito dos profetas Elias e Eliseu (assim como longas listas de monarcas virtualmente intercambiáveis). Mas o coração de An-cient Israel está na história de David, que ocupa a maior par-te do Livro de Samuel. Alter assinala que a divisão de Samuel e Reis em dois livros é arbitrária porque não caberiam em um rolo de pergaminho de comprimento padrão.

Alter pensa na história de David há décadas e a considera uma das realizações supremas de toda a literatura. Algumas das observações em A Arte da Narrativa Bíblica, de 1981, re-aparecem em Ancient Israel: “A história de David é provavel-mente a maior representação narrativa na antiguidade da vida humana evoluindo por etapas lentas ao longo do tempo, to-mando forma e sendo alterada pelas pressões da vida política, instituições públicas, família, impulsos do corpo e do espírito, até a eventual triste decadência da carne”.

Segundo o autor, talvez o momento mais poderoso da his-tória de David esteja em II Samuel 12, ao fi nal do episódio de

Betsabá. A história é conhecida: do te-lhado do palácio David vê Betsabá to-mando banho e fi ca cheio de desejo por ela. Ele a convoca, deita-se com ela mas quando ela engravida, o dilema: como esconder o seu ato de Urias, mari-do de Betsabá? David manda Urias para a guerra onde será morto e isso permite reivindicar para si a mulher dele.

Mas “o que David fez pareceu mal aos olhos do Senhor”, diz o narrador, e paga um preço terrível: quando Betsabá dá à luz um menino, o bebê adoece e David reza pela recuperação dele: “E Davi im-plorou a Deus pela criança, e David je-juou, e veio e passou a noite deitado no chão”. Está tão tomado pela dor que os cortesãos temem lhe dar a notícia de que o menino morrera.

Quando fi nalmente contam se sur-preendem ao ver David recuperar-se imediatamente: “E David se levantou do chão e se banhou e se esfregou com óleo e trocou de roupa”. Quando lhe per-guntam a causa da súbita mudança, Da-vid responde com uma frase penetrante: “Enquanto a criança ainda estava viva, jejuei e chorei, porque pensei: ‘Quem sabe o Senhor possa me favorecer e a criança viverá’. E agora que ela está mor-ta, porque eu deveria jejuar? Eu posso trazê-lo de volta? Estou indo para ele e ele não vai voltar para mim.’ ”.

Alter sugere que neste episódio Da-vid se transforma de guerreiro e político em um ser humano falando da sua “nu-dez existencial”. Como na confi ssão do rei Lear: “Sou um velho carinhoso mui-to tolo”, ou na de Hamlet: “A prontidão é tudo”, David consegue juntar em uma única frase a nossa experiência de amor, mortalidade, medo e resignação.

Na tradução de Robert Alter, a leitura da Bíblia ajuda a dar mais foco a esses mo-mentos de força literária e humana gra-ças não só à sua tradução clara e elegan-te, mas também às notas abrangentes que explicam exatamente o que acontece em momentos cruciais no texto. Ancient Is-rael é uma ótima oportunidade para reto-mar essas histórias judaicas fundamentais e vê-las com novos olhos – e o que se en-contrar lá pode surpreender.

Na tradução de Robert Alter,

a leitura da Bíblia ajuda a dar mais foco a esses

momentos de força literária

e humana graças não

só à sua tradução clara

e elegante, mas também

às notas abrangentes que explicam exatamente o que acontece em momentos

cruciais

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magazine > a palavra | por Adam Kirsch

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A tradução grega da Bíblia hebraica foi concluída no século terceiro antes da Era Comum em cir-cunstâncias, segundo a tradição, claramente mi-lagrosas. O rei do Egito convidou 72 sábios judeus

para traduzi-la, isolando-os na ilha de Faros, no porto de Ale-xandria. Cada tradutor trabalhou sozinho, separadamente, mas ao concluir descobriu-se que cada um deles tinha produ-zido o mesmo texto, palavra por palavra, em grego.

Daí resultou a Septuaginta, como a Bíblia grega é conhecida, a partir da palavra “setenta”, espécie de imprimatur sagrado e pro-va da inspiração divina pela coincidência com a origem do tex-to. O fi lósofo judeu grego Fílon de Alexandria referia-se às duas versões como “irmãs”, e considerou-as igualmente ofi ciais.

Portanto, a Septuaginta, foi produto de um comitê. A Bíblia do rei James, que durante quatrocentos anos tem sido a Bíblia inglesa “irmã”, também foi produzida por um grande grupo de estudiosos e teólogos. A chave do poder dessas traduções é que não têm nenhum autor, e a tradução produzida por con-senso, ou por unanimidade, não parece surgir da mente de um único escritor, mas do gênio da própria língua.

No ensaio “A Tarefa do Tradutor”, Walter Benjamin declarou que a tradução era um processo de conclusão, isto é, um texto colocado em outro idioma recupera a dimensão perdida do seu signifi cado essencial – mas pensava naquele tipo de tradução. A palavra de Deus é tão infi nita que nenhum número de traduções esgota o seu signifi cado, e cada versão só olha de uma maneira pequena para as profundezas insondáveis da intenção de Deus.

Para o acadêmico e crítico Robert Alter, autor de traduções da Bíblia na última década, a tradução é necessariamente um processo muito diferente. Tal como um poeta ou romancista, Alter trabalha sozinho, e as versões que produz têm a autorida-de da imaginação e da literatura, não da religião. Até agora Al-ter traduziu os Cinco Livros de Moisés, os Salmos, os Livros Sa-pienciais, e agora, em Ancient Israel (“Israel Antigo”), os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis que, em certo sentido, repre-sentam os esforços de toda uma carreira e fazem pensar na Bí-blia como literatura.

Para Alter, isso não é rebaixamento, mas elevação, pois so-

A Bíblia como literatura

O ACADÊMICO, CRÍTICO E TRADUTOR ROBERT ALTER CONTINUA DEDICADO A DESCOBRIR A SUTILEZA E A INTELIGÊNCIA DAS HISTÓRIAS NOS

TEXTOS SAGRADOS E A VERSÃO DELE DOS SALMOS BUSCA RECONQUISTAR SUA BELEZA EM HEBRAICO

mente se nos aproximarmos da Bíblia como obra literária será possível enten-der a sutileza e a inteligência das suas histórias. No livro A Arte da Narrativa Bíblica diz Alter: “À medida que se des-cobre como ajustar o foco desses binó-culos literários, os fortes contos bíbli-cos revelam surpreendente sutileza e in-ventividade de detalhe, e, em muitos ca-sos, uma inteireza muito bem tecida. A verdade paradoxal pode muito bem ser que, ao se aprender a desfrutar mais plenamente como tal as histórias bíbli-cas, também vemos com mais clareza o que elas podem nos contar a respeito de Deus, do homem e do perigosamente importante reino da história”.

Em Ancient Israel, Alter chegou à par-te da Bíblia que mais tem a dizer acer-ca da história. O Pentateuco começa no mito e termina na exortação moral. Suas lendas mais famosas são precisamente isso, lendas, que só por um ato de fé po-dem ser aceitas como verdadeiras. Adão comer a maçã, Abraão sacrifi car Isaac, Moisés dividir o Mar Vermelho, não são coisas capazes de ser corroboradas com provas exteriores. A partir do Livro de Josué, no entanto, Ancient Israel pene-tra em um mundo mais reconhecível da política do poder, no qual os principais eventos são guerras entre tribos, estados e impérios, e intrigas de reis e cortesãos. A destruição do reino do norte de Israel pelo império assírio e o saque de Jerusa-lém pelo rei babilônio Nabucodonosor, no fi m do Livro de Reis, trata de eventos que também aparecem em inscrições e documentos fora da Bíblia. Com o pas-sar do tempo, os israelitas evoluíram de uma sagrada família para uma entidade política, com todos os compromissos e decepções que isso implica.

Infi éis a um Deus benevolenteEm Ancient Israel, a principal tensão de que a narrativa de Josué até Reis se ali-menta, é a incapacidade de os israelitas permanecerem fi éis a Deus. Quando o povo atravessa o Jordão para a terra de Canaã – o rio para de correr para atra-vessá-lo, repetindo o episódio do Mar Vermelho – ele é orientado a destruir a

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Sim, havia teatro feito por judeus no BrasilAINDA É TEMPO DE VISITAR A EXPOSIÇÃO “ESTRELAS ERRANTES – MEMÓRIA DO TEATRO ÍDICHE NO BRASIL” NO MUSEU DA IMAGEM E DO SOM (MIS), EM SÃO PAULO, EM CARTAZ ATÉ 15 DE SETEMBRO

M as quem, por algum motivo, não conseguir ver a exposição, compre o magnífi co livro (Ateliê Editorial, 382 pp., R$ 120,00) que o idealizador da exposição Nachman Falbel escreveu com

o mesmo título para recuperar a memória das companhias profi ssionais de outros países e dos círculos dramáticos ama-dores no Brasil, desde o início, em meados do século 19, até o seu fi nal, pouco mais de um século depois. Livro e exposição foram possíveis graças ao apoio do engenheiro Jaime Sere-brenic, ex-presidente do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro (Ahjb), e de Marcos Chusyd.

Falbel escreveu vários livros a respeito dos judeus e da pre-sença judaica no Brasil, temas a que dedicou boa parte da sua rica biografi a e do talento narrativo. Ao longo da coleta de ma-terial para aqueles livros, inaugurava pastas e arquivos a res-peito dos vários temas relativos aos judeus e ao judaísmo no Brasil nos quais juntava anotações próprias e de terceiros, ob-jetos, cartas, cartazes, livros, cadernos, etc. Várias dessas pas-tas e arquivos levavam o nome genérico de “teatro ídiche no Brasil” e quando se deu conta tinha a fonte de onde poderia jorrar material capaz de contar a história que faltava conhecer. Pela mesma razão, por exemplo, poderia escrever a respeito das instituições de benemerência, dos círculos políticos e cul-turais, etc.

Nachman, a quem muitos chamam de Nunho, vive com a mulher Shulamita no bairro da Lapa, em São Paulo. É uma re-sidência que parece muito maior que as necessidades de um casal que já se desfez dos fi lhos para a vida, mas é só impres-são. Duas das paredes da grande sala estão tomadas por es-tantes. E há muito mais estantes no mezzanino. Todas elas, no entanto, são de acesso restrito, e somente a ele, pois, afi nal, só ele consegue entender e localizar o que lhe interessa ou a quem o procura para conversar a cerca daqueles temas.

Convencido de que era necessário deixar falar o passado da representação teatral judaica no Brasil, Falbel foi juntando o

material que recolhia de visitas a espó-lios deixados na Unibes, a legados entre-gues na Biblioteca da Hebraica desde os tempos do primeiro diretor Moysés Gico-vate, a material abandonado na Bibliote-ca Scholem Aleichem do Rio de Janeiro e em outras cidades, como Curitiba e Por-to Alegre.

De certa forma, o livro avança mui-to além da narrativa do teatro ídiche no Brasil porque era preciso contextualizar o vasto tema, isto é, não se pode contar a respeito da vinda de uma determinada trupe de artistas europeus ao Brasil sem dizer que Rio de Janeiro e Santos eram paradas quase obrigatórias dessas com-panhias convidadas originalmente para se apresentar em Buenos Aires que, até meados do século passado, era um dos mais importantes centros comunitários judaicos no mundo. E explicar as liga-ções políticas e ideológicas desses mes-mos grupos teatrais em seus países de origem, principalmente no Leste euro-peu no rico período entre as duas guer-ras mundiais.

Este parágrafo fi nal é uma imagem surrada, mas inevitável: é muito impor-tante ver a exposição e ler o livro. Am-bos explicam e contam muito a respeito da história e da vida cultural da comuni-dade judaica no Brasil, disciplina que as escolas judaicas não ensinam. Nem por curiosidade. A exposição se encerra dia 15 de setembro.

Convencido de que era necessário deixar falar

o passado da representação teatral judaica

no Brasil, Falbel foi juntando o material

que recolhia de visitas a

espólios

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magazine > exposição | por Bernardo Lerer

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CARTAZES COMO ESTE, DE UM ESPETÁCULO NO MUNICIPAL, EM JULHO DE 1948, ERAM ESPALHADOS PELA CIDADE, E O TEATRO LOTAVA

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Filhos do HamasEm novembro passado, a cidade de Rishon Le-Tzion se tornou alvo de uma saraiva-

da de mísseis vindos de Gaza, e por isso a população passou horas extras trancada

nos quartos de cimento reforçado dos apartamentos. E o que fazer nesta situação? A

resposta aparece agora, nove meses depois, com uma leva fora do normal de mulhe-

res grávidas na cidade. Somente na prefeitura, 24 funcionárias entrarão em licença-

maternidade. Liat, 28 anos, assistente social e prestes a dar à luz o primeiro fi lho, diz

que “alguma coisa sai de bom mesmo de uma guerra”. Sivan, que trabalha no depar-

tamento de embelezamento da prefeitura, deu mais detalhes: “Meu marido foi para o

front como reservista, e esta gravidez é resultado da volta dele”.

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Cana brava Um terço dos israelenses de origem etíope foi detido pelos menos uma vez durante o

serviço militar, aponta nova pesquisa do Knesset. O dado é alarmante, mas melhor que

do ano passado, quando se apurou que 48% dos etíopes foram em cana enquanto ser-

viam o Tzahal. Isto coloca este segmento numa situação cinco vezes pior que a média

do restante da população. Já entre as garotas etíopes, o índice de prisão enquanto ser-

vem o Tzahal é menor – 14% delas foram detidas –, mas representa aumento de 5% em

relação ao ano anterior.

Contagem regressivaFoi publicado o edital para a construção da maior estação de trem de Israel, que esta-

rá localizada no subsolo da atual rodoviária de Jerusalém. Será parte do trem bala que

ligará Tel Aviv à capital, num trajeto de apenas 28 minutos. A estação fi cará a oitenta

metros abaixo do solo, com capacidade para circular duas mil pessoas, que subirão e

descerão por elevadores para 35 pessoas. Em caso de guerra, a mega-estação será con-

vertida em abrigo que resistiria até um ataque nuclear. Hoje existe um trem percorren-

do os setenta quilômetros entre as duas cidades, mas é extremamente lento e os pas-

sageiros desembarcam longe do centro de Jerusalém. O novo complexo ferroviário já

tem data para ser entregue ao povo: fi nal de 2017.

Olho no lance Israel está perigosamente dependente de apenas dez empresas locais para garantir

metade das exportações do país, aponta uma nova pesquisa. E, com o passar dos anos,

esta dependência parece somente aumentar: há cinco anos, essas empresas garantiam

apenas um terço das exportações. O Banco Central sabra soou o alarme, lembrando

que se um ou dois desses gigantes fi car mal das pernas, haverá um tsunami na econo-

mia do país. Entre as dez empresas estão a Elbit, fabricante de equipamentos milita-

res, a Teva, a maior produtora de remédios genéricos do mundo, e a Makhteshim, de

fertilizantes.

Criminalidade judaica Saiu o relatório anual da polícia a respeito da criminalidade no Estado judeu. Cerca

de mil delitos acontecem todos os dias em Israel, mas apenas um entre sete bandidos

vai para a cadeia. Preocupação especial é a violência contra idosos – cinco agressões

a cada dia, num total de 1972 vítimas em 2012 – e contra menores de idade, com mais

de dez mil casos de violência por ano, boa parte no seio da própria família. A cada três

dias, uma pessoa é assassinada em Israel, quase sempre ligada a rixas pessoais ou bri-

gas de gangues. Outro dado preocupante são as agressões sexuais, com onze registros

diários pelo país.

9

Tragédias de verão Mais uma vez o sol brilhou forte

em Israel, e novamente o país fi cou

assombrado com os casos de morte

de bebês esquecidos pelos pais no

banco de trás do carro. Em julho,

pico do calor, o pai de um bebê de 5

meses, residente na colônia judaica

Shiló, na Cisjordânia, deixou a fi lha

de 3 anos no jardim de infância.

Como trabalhara a noite toda e

madrugada o pai esqueceu que a

caçula fi cara no banco de trás e foi

dormir. Horas depois o telefonema

da esposa o acordou, lembrou-se da

fi lha no carro, chamou a ambulância

da Magen David Adom, mas o bebê

estava morto. Segundo especialistas,

quando a temperatura está na marca

dos 35 graus Celsius, em um veículo

fechado o termômetro chega a

sessenta graus em quarenta minutos.

Duas semanas antes, um pai em

Ramat Gan saiu de casa com os três

fi lhos. No meio do caminho recebeu

um telefonema do patrão largou

tudo e foi atender um compromisso

profi ssional. Horas mais tarde, a

esposa notou que o fi lho de oito

meses não estava com a baby sitter

e ligou para o marido, que só então

lembrou-se da criança deixada

no banco traseiro no carro com as

janelas fechadas. Estava morto. No

dia seguinte, a página de opinião do

Yedioth Achronot publicou a charge

de um pai conferindo a listinha

de obrigações para o dia: comprar

pão, ir ao banco, ver um amigo, ir à

academia e, por último, lembrar-se

de tirar o fi lho do carro.

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10 notícias de Israel

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por Ariel Finguerman | ariel_fi [email protected]

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2 Mente brilhante O caso aconteceu há alguns anos, mas até agora permaneceu

em segredo. O satélite israelense Ofek 5, que transmite do es-

paço informações importantes para a segurança do país, come-

çou a falhar e as fotografi as chegavam cada vez menos nítidas,

a tal ponto que se pensou em abandoná-lo. Mas um jovem ma-

jor da aeronáutica, cuja identidade continua secreta, foi à luta,

quebrou a cabeça e elaborou uma nova teoria segundo a qual

lentes no espaço tendem a sair naturalmente de foco. Ninguém

deu muita atenção até alguns momentos antes de se desligar o

satélite, quando a teoria foi testada. Deu certo, a lente foi regu-

lada a partir da base e o país economizou 138 milhões de dóla-

res. Agora o major foi, enfi m, premiado.

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Vida inteligenteTudo parecia um tanto inocente: uma escola de cursinho pré-vestibular bolou uma cam-

panha publicitária em que um E.T. verde diz: “Descobrimos inteligência avançada no

planeta Terra”. Mas a empresa de ônibus Egged, a maior do país, nem esperou a reação

do público para proibir os cartazes nos ônibus das linhas urbanas de Jerusalém. A em-

presa não queria ferir os sentimentos dos clientes ortodoxos. No entanto, a veiculação

nos ônibus que circulam pelo resto do país está liberada.

Troca de ideias Que o israelense gosta de uma discussão,

isto é coisa sabida. Mas a novidade é que

agora os bate-bocas serão organizados. Vem

aí a versão sabra do Speakers’ Corner, o fa-

moso ponto de debate livre do Hyde Park de

Londres. A prefeitura de Jerusalém já con-

cordou com a ideia, que será implantada no

começo do ano que vem, no Parque Sacker,

o maior da cidade santa. Ali será construído

um espaço com capacidade para 220 pesso-

as, para quem quiser aparecer para expres-

sar o que lhe passa pela cabeça. Como não

podia faltar em Israel, ao lado do local have-

rá uma cafeteria, para acalmar os ânimos.

Curtindo Israel Quem deu as caras por aqui foi Jared Morgenstern, bom menino judeu-nova-iorquino

que, como integrante da equipe do Facebook, contribuiu para transformar o nosso mun-

do ao bolar o ícone “Curtir” da empresa. Colega de Mark Zuckerberg na Universidade de

Harvard, foi contratado para trabalhar no Facebook quando a equipe era de apenas trinta

pessoas. Após criar o famoso logo, decidiu deixar a empresa. Agora, aos 32 anos, veio a Is-

rael por três semanas, com objetivos bem claros em mente. Conhecer melhor o país, para

poder defendê-lo em seus giros pelo mundo. E aproveitar para checar se arruma alguma

namorada judia. O moço, que não pode ser defi nido como belo, não se fez de rogado e

mandou um recado pela imprensa: “Ficaria feliz se encontrasse Bar Rafaeli”.

Adeus ao intelectual Morreu Geza Vermes, 89 anos, um dos maiores estudiosos modernos do judaísmo e um

dos pioneiros na busca do Jesus histórico por detrás do ser divino descrito nos Evange-

lhos. Seu livro Jesus, o Judeu, de 1973, foi uma das primeiras vozes a enfatizar o judaís-

mo do criador do cristianismo, algo banal nos dias de hoje, mas durante dois mil anos

foi negado no mundo ocidental. “Jesus foi um judeu completo, com ideias judaicas com-

pletas, cuja religião foi completamente judaica”, dizia o pesquisador. Vermes nasceu em

uma família judaica da Hungria, que se converteu ao cristianismo para tentar escapar

das perseguições do século 20. Ele se refugiou num mosteiro, de onde saiu padre, mas

os pais foram assassinados pelos nazistas. Após a guerra, retornou ao judaísmo e tornou-

se o primeiro professor de estudos judaicos da Universidade de Oxford. Vermes também

será lembrado como o primeiro tradutor para o inglês dos Manuscritos do Mar Morto,

rompendo o clima de segredo que envolveu estes documentos desde a sua descoberta

em cavernas no deserto da Judeia, em 1947. Pouco antes de morrer, numa entrevista ao

jornal inglês The Guardian, foi perguntado a respeito de sua fé mais íntima: “Sabe, não

sou um grande frequentador de sinagoga, nem de outros templos de adoração. Quando

quero escutar aquela pequena voz, saio para dar uma caminhada”.

Alegria aprisionadaEnfi m a revolução gay chegou às penitenciárias do Estado ju-

deu. Após anos de apelos seguidos de recusas nas mais altas

esferas da Justiça, a Autoridade das Prisões de Israel anun-

ciou que permitirá visitas íntimas para presos homossexu-

ais, homens e mulheres. Até 2006, esses encontros eram ex-

plicitamente proibidos. Naquele ano, uma corte de Tel Aviv

recusou a petição de um presidiário que exigia a visita do

parceiro. O caso foi parar na Suprema Corte, mas quando se-

ria julgado, o preso já estava livre. Agora a proibição caiu de

vez, mas a visita será permitida somente se o casal compro-

var união estável fi rmada em cartório ou provar que a relação

tem mais de dois anos.

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co no âmbito do judaísmo do leste europeu, quanto ao seu romantismo idealista, ao seu eticismo populista, à sua heroi-fi cação do espírito e ao seu missionarismo intelectual. Daí, também, a gangorra em que oscila a sua obra entre pessimis-mo e otimismo, entre certeza de redenção e desespero irôni-co, senão satírico, de condição.

Entretanto, a expressão maior de todo esse jogo de confron-tos e tensões e a substância do seu universo espiritual em que afl ora, sobretudo, uma fi losofi a dos valores e da idealidade éti-ca, estão no seu discurso fi ccional.

Assim, para tentar, pois, de algum modo, aproximar-se do seu pensamento humanístico pela via interior da sua pulsação poética, sem querer submetê-lo à camisa de força de uma or-dem expositiva ou pedagógica, de caráter sistêmico, nada me-lhor do que a leitura de uma das suas histórias mais paradig-máticas, neste particular, “E Talvez Mais Alto”.

“E Talvez Mais Alto”E em plena época das penitências, pouco antes do Ano Novo, o rabi de Nemirov2 costumava desaparecer, sumir!

Não era visto em parte alguma: nem na sinagoga, nem nas duas Casas de Estudo, nem em qualquer minian e muito me-nos em casa. Esta permanecia aberta. Quem quisesse entrava e saía; nunca faltara qualquer objeto, mas dentro não se encon-trava viva alma.

Onde estaria o rabi? Onde estaria? Sem dúvida no céu! Eram poucos os assuntos

a providenciar nesses dias penitenciais? Os judeus, o Senhor os proteja, precisam de pão, de paz, de saúde, de bons parti-dos, desejam ser bons e piedosos, mas os pecados são gran-des, e Satã, com seus mil olhos, esquadrinha o mundo de um a outro extremo, observa, acusa, denuncia... E quem haveria de ajudá-los, senão o rabi?

Assim pensava o povo. Certa vez, porém, apareceu um lítvak na cidade e riu da his-

tória. Vocês conhecem muito bem os lítvakes: pouco ligam aos livros de contos, mas por isto mesmo se empanturram de Tal-mud e das Leis. Mostrem uma Gemará a um lítvak e ele a reci-tará de cor e salteado. E até Moisés, o nosso mestre, prova o lí-tvak, não pôde subir ao céu em vida, mas se deteve dez pal-mos abaixo! E discuta-se com um homem desses!

– Mas então para onde vai o rabi? – perguntaram-lhe. – Sei lá! – respondeu o lítvak, encolhendo os ombros. E en-

quanto falava resolveu (do que não é capaz um lítvak!) deslin-dar o mistério...

Naquela mesma noite, pouco depois da prece vespertina, in-troduziu-se no quarto do rabi e escondeu-se debaixo da cama... E lá fi cou. Haveria de velar a noite inteira, mas descobriria que fi m levava e o que fazia o rabi nos dias penitenciais.

Qualquer outro talvez cochilasse e perdesse o ensejo: mas um lítvak sempre dá um jeito. Assim, pôs-se a repetir de cor um tratado inteiro do Talmud! Não me lembro mais se foi o de Holin ou Nedarin.

Ao alvorecer, ouviu o bedel fazer a ronda, convocando os fi éis para as mati-nas de contrição.

O rabi já acordara. Há quase uma hora que gemia baixinho.

Quem ouviu alguma vez o rabi de Ne-mirov gemer de afl ição sabe quanto pe-sar, quanta angústia impregnava cada lamento seu... O coração da gente ago-nizava com aquele lamento! Mas um lí-tvak tem coração de ferro. Assim, o nos-so lítvak ouvia, mas continuava deitado, impassível. O rabi também permanecia deitado. Mas o rabi, Deus o guarde, esta-va em cima da cama e o lítvak embaixo.

Depois, o lítvak escutou o ranger de to-dos os leitos da casa... Os moradores des-pertavam. Soaram murmúrios, o ruído de água e o abrir e fechar de portas. Todo mundo saiu, o silêncio e a obscurida-de tornaram a instalar-se. Apenas uma réstia de luar penetrava através de uma frincha da janela...

Mais tarde o lítvak confessou que, ao fi car a sós com o rabi, fora tomado de medo. Sentira um arrepio na pele, as ra-ízes dos cabelos formigaram e picaram como agulhas. Com razão, aliás, pois imaginem!, a sós com o rabi em dias de penitência!...

Mas um lítvak é teimoso. Tremia como peixe n’água, mas não arredou pé.

Afi nal, o rabi, Deus o guarde, levan-tou-se...

Primeiro fez o que um judeu deve fa-zer... Depois dirigiu-se ao armário e ti-rou uma trouxa... Apareceram roupas de camponês: uma blusa, um par de botas enormes, um grande gorro de peles, um longo e largo cinto de couro com cravos de cobre. O rabi vestiu tudo...

Do bolso da blusa saía a ponta de uma corda grossa... Uma corda de camponês!

O rabi deixou o quarto, e o lítvak, atrás!

De passagem, o rabi deteve-se na cozi-nha, curvou-se e, apanhando um macha-dinho debaixo de uma cama, meteu-o no cinto e saiu de casa.

O silêncio e o terrível pavor dos Dias de Expiação pairavam sobre as ruas es-curas. Aqui e acolá, um lamento de con-trição escapava de um minian de fi éis

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Expressão maior de todo esse jogo de confrontos e tensões e a

substância do seu universo espiritual em que afl ora, sobretudo,

uma fi losofi a dos valores e da idealidade ética, estão no seu discurso

fi ccional

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magazine > literatura | por J. Guinsburg

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A chamada “literatura ídiche moderna”, isto é, a que fl oresceu a partir de meados do século 19, consagrou-se como tal pela obra de três escrito-res considerados os seus “clássicos” e pelo valor

intrínseco e seminal das suas criações literárias. Ao lado de Mêndele Mokher Sforim e Scholem Aleikhem, Itzkhok Lei-busch Peretz é um deles. 1

Peretz não era fi lósofo, stricto sensu. Seus escritos não fi ccionais não apresentam refl exões ou de-

senvolvimentos demonstrativos de concepções ou escolas fi -losófi cas quanto aos temas, nem eram formalmente ensaísti-cos no tocante à escritura. Também não se encontra na leitura da produção jornalística de Peretz quase nenhuma referência a fi lósofos, com exceção de uma alusão a Nietzsche e um texto

O humanismo hassídico de PeretzO ROMANTISMO IDEALISTA, O ETICISMO POPULISTA, A HEROIFICAÇÃO DO

ESPÍRITO E O MISSIONARISMO INTELECTUAL DE ITZKHOK LEIBUSCH PERETZ NA ANÁLISE E NA TRADUÇÃO DO PROFESSOR J. GUINSBURG

que dedica a Darwin e Spencer, autores que examina no contexto do darwinis-mo social. Nas suas memórias Peretz, co-nhecedor de sete línguas, menciona lei-turas de Maimônides, Gersonídes, Bahya Ibn Pakuda, e da Cabala, bem como re-ferências às ciências naturais e à literatu-ra europeia.

Se se tomar por base as suas primei-ras incursões no campo das ideias, po-der-se-ia dizer que em seu espírito pa-rece haver um diálogo e uma tensão constantes entre o racionalismo mai-monidiano e a Cabala. Isto se coloca tanto em termos do seu intelectualis-mo decorrente da Haskalá, iluminista, do seu realismo engajado, da sua crítica a condições objetivas de caráter social, político, cultural, religioso e linguísti-

PERETZ, O SEGUNDO À ESQUERDA, E OUTROS ESCRITORES JUDEUS, COMO SHOLEM ASCH, EM PÉ, EM FOTO DO INÍCIO DO SEC. 20

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magazine > literatura

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ou, através de uma janela, o gemido de um enfermo... O rabi caminhava sempre pelos cantos das ruas, à sombra das pare-des... Deslizava de casa em casa e o lítvak atrás dele... Pouco além havia um pequeno bosque.

O rabi, Deus o guarde, embrenhou-se na mata. Deu uns qua-renta passos, parou ao pé de uma pequena árvore e o lítvak quase caiu de espanto; o rabi tirara o machadinho do cinto e pusera-se a golpear o tronco.

O rabi golpeou e golpeou. A árvore gemeu e estalou, in-clinou-se e tombou. O rabi dividiu-a em toros e os toros em achas. Juntou-as num feixe de lenha, amarrou-o com a corda que trazia no bolso, içou a carga às costas, meteu o machadi-nho no cinto e abandonou o bosque, dirigindo-se de volta à cidade.

Numa das primeiras vielas deteve-se diante de um mísero casebre semiderruído e bateu à janela.

– Quem é? – perguntou, do interior da casa, uma voz assus-tada. O lítvak reconheceu a voz de uma gentia, de uma mulher doente.

– Ia3! – respondeu o rabi num sotaque campônio. – Kto ia?4 – tornou a indagar a mesma voz. E o rabi contestou mais uma vez em russo: – Vassíli! – Que Vassíli? E o que queres, Vassíli? – Trago lenha – disse o pretenso Vassíli? – lenha para ven-

der... Muito barata... Quase de graça! E sem esperar resposta, entrou no casebre.

O lítvak esgueirou-se atrás dele e, à luz cinzenta do amanhecer, divisou um pobre, quebrado e soturno interior... Na cama jazia uma enferma enrolada em trapos e ela disse com voz amarga:

– Comprar? Comprar com quê? Onde tenho o dinheiro, eu, pobre viúva?

– Pagarás mais tarde – respondeu o su-posto Vassíli; – são apenas seis vinténs!

– E como poderei pagar-te? – gemeu a pobre mulher.

– Tola! – censurou-a o rabi. – Veja, és viúva e doente, e eu te fi o esta lenha. Tenho fé em que me pagarás; e tu, que tens um Deus tão grande e poderoso, não confi as nele... Nem, por meros seis vinténs.

– E quem acenderá o fogo? – chora-mingou a viúva. – Não tenho força para me levantar. Meu fi lho está fora, no tra-balho.

– Eu – disse o rabi.E, enquanto enfi ava a lenha no forno,

o rabi, gemendo, recitou a primeira das Preces da Penitência!

E quando acendeu o fogo e as chamas começaram a crepitar, o rabi pronun-ciou, já um pouco mais jubiloso, a se-gunda Prece...

Murmurou a terceira quando as cha-mas já esmoreciam e depois fechou o forno.

O lítvak que presenciou a tudo isso, converteu-se, não há dúvida, em beato do rabi de Nemirov.

E mais tarde, se um adepto do san-to homem contava que o rabi de Nemi-rov, nos dias de contrição, se erguia to-das as manhãs e voava para o céu, o lí-tvak não ria mais, porém acrescentava suavemente:

– E talvez mais alto!

Tradução de J. Guinsburg, em Contos de I. L. Peretz, São Paulo: Perspectiva, 2001, 3. ed. revista e ampliada

1 – Célebre rabi hassídico do fi m do século 18 e início do 19; 2 –Em russo: Eu; 3 – Idem: Eu quem?; 4 – Selikhot (pl. de selikha, perdão, absolvição): conjunto de orações de penitência, recitadas, em geral de madrugada, na semana anterior ao Ano Novo e aos dias de jejum.

JACÓ GINSBURG É UM ESTUDIOSO DA OBRA DE

SHOLEM ALEICHEM

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H annah Arendt é a prova de que assuntos mais pretensiosos podem ir ao cinema, mesmo que em meio a tantos agudos e graves provocados por mãos à procura de pipoca nos saqui-

nhos de papel. Questões de competência cinematográfi ca à parte, Han-nah Arendt poderia ser melhor, caso a diretora e os roteiristas não sen-tissem tanta necessidade de abarcar todos os ângulos da vida da fi lóso-fa alemã, como se fosse uma questão de justiça mostrar o lado menos público da sua vida, uma pessoa amorosa, sociável, espirituosa, sau-dável e intensa, em contraposição à sua imagem mais conhecida, uma pessoa insensível, que deu as costas para o seu povo como pareceu ser em sua análise fria e objetiva do totalitarismo hitleriano.

Mas esta intenção fi ca prejudicada pela própria vida da fi lósofa, pois esta é marcada pela paixão por Heidegger, mostrada várias vezes em fl ashback – alguém que fl ertou intensamente com o nazismo. Por conta disso, se a intenção era mostrá-la como alguém de valores indiscutíveis em sua vida social, esta face do fi lme – se consegue traçar um bom per-fi l da intelectual, serve mais para desviar do foco fundamental que é a análise do julgamento de Eichmann.

Diria assim: a diretora e corroteirista é apaixonada pelo complexo e an-timaniqueísta discurso intelectual de Hannah, e viu valor cinematográfi -co nesta complexidade, principalmente ao reconstruir o debate que a po-sição dela causou sobre o mundo judaico no imediato pós-guerra, quan-

Hannah, Eichmann e as pipocasSEGUNDO HANNAH ARENDT, EICHMANN NÃO APENAS NÃO ERA O MONSTRO QUE DEVERIA SER, MAS UM OUTRO TIPO DE CRIATURA, FRUTO DA BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA, DO FIM DAQUELE SER HUMANO QUE PRESERVAVA A SUA CULTURA, QUE TINHA PADRÕES DEFINIDOS DE ÉTICA E CIVILIDADE

do o Estado de Israel se consolidava in-ternacionalmente. Naquele momento de fragilidade, parecia até que qualquer críti-ca aos judeus só poderia vir de gente que não gosta de Israel, dos judeus e do sionis-mo.

Intolerável para a comunidade vir de uma judia, uma crítica às lideranças ju-daicas que – segundo ela – não soube-ram entender o que estava ocorrendo no início da década de 1930 com a Alema-nha, Polônia e Hungria. Mas tão intolerá-vel quanto isso, era a sua posição sobre Eichmann. Segundo ela, o nazista não apenas não era o monstro que deveria ser, mas um outro tipo de criatura, fruto da banalização da violência, do fi m da-quele ser humano que preservava a sua cultura, que tinha padrões defi nidos de ética e civilidade.

Hannah, ao contrário dos outros cor-respondentes do mundo inteiro que as-sistiram ao julgamento do assassino Eich-mann – responsável direto pela morte de milhões de judeus, símbolo da crueldade nazista – viu naquele ser patético alguém que acreditava piamente que seguia or-dens, protótipo do burocrata ideal.

As respostas dele indignaram o mun-do pois pareciam inocentar o monstro da SS, quando, na verdade, tecia uma acusação muito mais incisiva ao mundo que viria, não apenas aos totalitarismos em geral, mas a todas as autoridades ci-vis e militares. Culpava a democracia de-cadente que por suas falhas tinha permi-tido a ascensão dos monstros nazistas.

Ou seja, direcionava o perigo para muito além dos seres malignos que se-guiam um pintor frustrado de bigodinho. Criticava a insensibilidade, a indiferença perante a perda da dignidade.

Para Hannah, o que estava em jogo não era o sionismo e o antissionismo, o amor pelos judeus ou não. O que estava em jogo era a discussão da humanidade que emergiu do fi m da Segunda Guerra Mundial e seus horrores.* * * Antes de se tornar publicitário, gastrônomo e consultor de vinho, Bre-no Raigorodsky fez Escola Superior de Cinema da Faculdade São Luiz e se formou em fi losofi a pela USP

por Breno Raigorodsky ***

CENA EM QUE HANNAH ARENDT REDIGE UM DOS TEXTOS A RESPEITO DO JULGAMENTO DE EICHMANN

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magazine > cinema | por Rubens Hirsel Bergel * e Miriam Bettina Oelsner **

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Hannah Arendt e o filmeOS DOIS TEXTOS – UM A FAVOR, OUTRO CONTRA – A RESPEITO DO FILME CUJO TEMA É HANNAH ARENDT E DIRIGIDO POR MARGARETH VON TROTTA, PUBLICADOS NA EDIÇÃO DE JULHO DA REVISTA HEBRAICA (PG.82), ESTIMULARAM AINDA MAIS MUITOS ASSOCIADOS A ASSISTI-LO, E ALGUNS A ESCREVER COMENTÁRIOS. EIS, A SEGUIR, DOIS DELES

H annah Arendt foi injusta com os sobreviventes: desconsi-derou os profundos sentimentos próprios do luto e da de-pressão: nem tudo o que a razão indica é necessariamen-te uma verdade pronunciável; o que trago na alma im-

porta, mas ao ser proferido em público ganha uma nova dimensão a ser considerada. Quando uma ideia é expressa não está mais restrita ao que se tenha pretendido comunicar. Cabe ao intelectual, ao midiá-tico, considerar a possível repercussão.

Não cabe dúvida: há o contingente dos que sobreviveram tendo so-frido na carne os horrores aterrorizantes do nazismo. E há também os que vão certamente se comprazer em poder relativizar a tragédia e, certamente, utilizá-la a serviço do sempre renovado antissemitis-mo. Tantos autores, não só judeus, desde Primo Levi, David Bankier (z’l’), Gotz Aly e outros têm contribuído para levar adiante tais ques-tões. Desde o século 19 a sociedade alemã vinha impregnada de au-toritarismo e efervescente antissemitismo subjacente ao ideário de partidos políticos, de forma declarada ou sub-reptícia. Berthold Bre-cht, autor tão crítico das convenções, adotou em sua peça O Casa-mento do Pequeno Burguês como protótipo do pequeno burguês um judeu individualista e sovina, sendo os nomes dos personagens as-sim identifi cados.

Magistral orquestração por parte do comando nacional-socialista pôde aproveitar o substrato histórico e a cultura subliminar, expres-sa de forma escandalosa, somando a isto a implantação de uma ideo-logia veiculada por todos os meios. Os recursos de força e desmorali-zação sistemática voltados contra os possíveis dissidentes propensos a defender seus direitos e os das minorias, por um lado, e, por outro, o cerceamento dos mínimos direitos humanos, esmagados até uma ex-tensão antes inimaginável e, por fi m, a cooptação maliciosa e chan-tagista, aliciando até mesmo intelectuais potencialmente discordan-tes, contribuíram para formar aquela maioria silenciosa que cede em geral, em tais circunstâncias. Alguns “luminares” perceberam que era “inútil” tentar resistir e acabaram por defender a ideologia dominante.

As ordens do comando, transmitidas de modo codifi cado, indi-cavam em cada etapa apenas as providências práticas imediatas, de modo a quem não conviesse reconhecer o signifi cado do todo, fi cava até certo ponto possível “ignorá-lo”. Eichmann, de fato, longe de ser o ingênuo elo intermediário e pouco responsável, pois “cumpria or-dens superiores” foi, na verdade, elemento ativo patente nesta cadeia de transmissão. É possível que Eichmann tenha podido iludir uma ina-ceitavelmente ingênua Hannah Arendt. As informações hoje disponí-veis teriam eliminado qualquer dúvida a respeito do papel ativo de Ei-

chmann no genocídio. Quaisquer gru-pos humanos, quando reduzidos a uma condição de miséria e opressão absolu-ta tendem a desenvolver respostas va-riadas: um movimento de “identifi ca-ção com o agressor” e, outro, buscando “amansar” o inimigo poderoso aliando-se a ele na luta pela sobrevivência. Fal-tou hierarquizar a gravidade dos fatores: certamente a responsabilidade criminal nazista foi incomparavelmente maior do que a atitude, dita “colaboracionista” por parte de setores minoritários da lideran-ça judaica, esmagados pela opressão as-sassina nazista.

Arendt certamente estava prepara-da para compreender esta possibilida-de sociológica. Equivocou-se ao não se dar conta de que, fi lósofa que era, ex-pressava-se como jornalista, veiculan-do análises inaceitáveis para os sobre-viventes traumatizados. Identifi cou as-pectos críticos, causadores de descon-forto e dor, contribuindo para a análise da história, com verdades parciais. O fi lme é corajoso e oportuno. Certamen-te devemos hoje nos empenhar em dis-cutir as ideias por ela propostas. Exe-crá-la é certamente narrow-minded. Hoje, felizmente podemos mais. Os que se foram contem com nossa fi delidade e com a nossa argúcia. Isto poderá me-lhor contribuir para tragédias seme-lhantes não se repetirem.

* Rubens Hirsel Bergel é psiquiatra, psicanalista e presidente do Departa-mento de Psicologia Clínica da APM. Mestre pelo Departamento de Neu-rologia do Hospital das Clínicas da Fa-culdade de Medicina da USP* * Miriam Bettina Oelsner é douto-randa em história social, orientada por Anita W. Novinsky na USP. Prêmio União Latina de Tradução Especiali-zada 2010, primeiro lugar, com o livro alemão ‘LTI’ A Linguagem do Terceiro Reich, de Victor Klemperer

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Febre de BolaNick Hornby | Companhia das Letras | 352 pp. | R$ 39,00

Mais futebol. O autor tinha 11 anos quando foi a um jogo pela primeira vez levado pelo pai que meses antes se separara da mãe. Nick estava triste e inseguro, mas no estádio, com a torcida, fi cou fascinado pois desco-briu um lugar e uma comunidade que compartilhava o sofrimento como entretenimento. A partir daí virou fanático pelo futebol e pelo Arsenal e passou a atrelar aos sucessos e fracassos do seu time as respostas que buscava para a própria vida. O livro foi originalmente publicado em 1992 e se estrutura a partir de datas e placares de 24 anos.

Histórias que os Jornais não Contam MaisAnélio Barreto | Belaletra Editora | 431 pp. | R$ 34,90

O título se justifi ca porque o autor é de uma geração de jornalistas que transformava a reportagem na arte de levar aos leitores histórias e temas de interesse de modo claro e mais profundo do que uma simples nota. O jornalista garimpa o noticiário, seleciona, hierarquiza, contextualiza e informa. O livro reúne as reportagens que Anélio escreveu para o Jornal da Tarde a respeito do crime da rua Cuba, a loja Daslu, o assassino de Gian-ni Versace, etc. É jornalismo em estado puro.

A Prisão da FéLawrence Wright | Companhia das Letras | 597 pp. | R$ 54,00

As críticas literárias são extremamente elogiosas ao livro e igualmente devastadoras em relação à cientologia e para quem gosta dos escândalos das celebridades de Hollywood os capítulos referentes a Tom Cruise e John Travolta são apetitosos. O autor trata da cientologia – história, hierarquia e teologia – com lucidez investigati-va e mostra como a verdade pode ser mais estranha que a fi cção científi ca.

O Testamento de MariaColm Tóibín | Companhia das Letras | 87 pp. | R$ 29,00

O livro propõe uma versão nova e provocadora a respeito da origem do cristianismo, no qual o autor assume o ponto de vista da mãe de Jesus Cristo e, desta forma, questiona alguns dos pilares da cultura ocidental. Exi-lada e amedrontada na cidade de Éfeso, ela tenta lembrar os eventos que levaram à morte do fi lho, os mes-mos que se transformaram na narrativa do Novo Testamento e na fundação da religião católica.

À Queima-RoupaVicente Vilardaga / LeYa / 397 pp. / R$ 44,90

Outro livro a respeito do caso Pimenta Neves e cujo autor conseguiu entrevistar o jornalista que se tornou ain-da mais famoso do que já era antes de assassinar com dois tiros, um à queima-roupa, na cabeça, a ex-namo-rada Sandra Gomide que o rejeitara. É uma história rica de detalhes a respeito de Pimenta, Sandra e as famí-lias de ambos, ao mesmo tempo em que desenha um bom quadro do funcionamento das redações e do rela-cionamento possível e suportável entre os jornalistas. Mas, assim como outro livro acerca do mesmo tema, faz de Pimenta um monstro. É estranho, no entanto, que, depois de tantos anos, ninguém suspeitou dele.

FriedenreichLuiz Carlos Duarte | Belaletra Editora | 251 pp. | R$ 29,90

O livro é isso mesmo “a saga de um craque nos primeiros tempos do futebol brasileiro”, conta a história do pri-meiro ídolo de massas do futebol brasileiro cuja melhor defi nição foi do jornalista Armando Nogueira: “Arthur Friedenreich jogava futebol com o coração no peito do pé. Foi ele quem ensinou o caminho do gol à bola bra-sileira”. Fez 595 gols em 605 jogos. É a história do futebol no Brasil desde os primórdios porque não se refere a Charles Miller, que trouxe bola e regras para o país, mas trata de quem fazia a alegria do povo nos campos.

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leituras magazineL

por Bernardo Lerer

O Povo Eterno não Tem MedoShani Boianjiu | Alfaguara | 275 pp. | R$ 42,90

Pensou em Israel como esse povo? Acertou. Mas é um retrato implacável e belo dos danos causa-dos pelo confl ito ao conseguir recriar e romper o tédio e o amortecimento que provoca e os estra-gos que causa à memória, à intimidade, aos pen-samentos e à afeição. Tudo isso a partir da histó-ria de três meninas que crescem juntas num vi-larejo israelense e cujas vidas mudam de forma drástica quando prestam serviço militar. É a des-crição vibrante da vida de adolescentes no exér-cito e mostra os anseios de uma geração de jo-vens e o conturbado futuro. Com este livro, a au-tora já ganhou vários prêmios na Europa e Esta-dos Unidos.

Berlim, 1961Frederik Kempe | Companhia das Letras | 576 pp. | R$ 65,00

“Este livro é o que de melhor foi escrito sobre a mais perigosa crise da Guerra Fria, com muitas lições para o presente.” O autor da frase é Henry Kissinger, que entende muito de Guerra Fria e de crises. O livro é uma grande reportagem a respeito da crise que se iniciou em junho de 1961 quando o então secretário geral do PC soviético Nikita Khruschov disse que Berlim “é o lugar mais perigoso do mundo”. O livro conta, portanto, nos mínimos detalhes, a crise política que determinou a construção do Muro de Berlim, demolido em 1989, e de-fi niu os rumos da Guerra Fria.

As Damas do Século XIIGeorges Duby | Companhia das Letras | 384 pp. | R$ 26,50

O autor (1919-1996) é mais lembrado pela famosa coleção “História da Vida Privada” e é ainda um dos maiores especialistas em história medieval. As damas do título são Heloísa, Isolda e outras do século XII. Ele escreveu mais dois livros, A Lembrança das Ancestrais e Eva e os Padres. Duby analisa a relação das mulheres com a igre-ja naquele mesmo século, quando a instituição católica criou o rito da confi ssão, sacramento que permitiu reger a intimidade feminina e subjugar gestos e pensamentos que até então não se julgavam pecaminosos.

Éramos Jovens na GuerraSarah Wallis e Svetlana Palmer | Objetiva | 284 pp. | R$ 39,90

É a coleção de cartas e diários de dezesseis adolescentes ingleses, franceses, americanos, japoneses, polone-ses e alemães e russos, portanto, nos dois lados da Segunda Guerra que escrevem de forma direta e objetiva. Destes, sobreviveram três, porque os outros treze morreram lutando, de fome, de inanição, separados da fa-mília e que tiveram a vida transformada pelas experiências. Lê-se, por exemplo: “Discuto e começo a gritar pela menor migalha de comida. No que me transformei? Tenho apenas 16 anos! Esses canalhas que começa-ram esta guerra. Adeus meus sonhos de infância. Nunca mais serei o mesmo”.

Jango – Vida e Morte no ExílioJuremir Machado da Silva | L&PM | 376 pp. | R$ 42,00

Com o subtítulo “A Dor, a Tristeza do Exílio e a Morte que Desperta Suspeitas”, o historiador e autor do livro está convencido que de tanto pesquisar a vida de Janto no exílio descobriu que mais importante do que a sua vida era a sua morte. E, de fato, escrito no ritmo de uma novela policial, o livro desmonta narrativas e trata de mortes misteriosas, articulações inquietantes e chega à conclusão de que na história recente do país há cadá-veres no armário, e que o tempo de exumações chegou.

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Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena

Inglorious BasterdsWarner Records | R$ 34,90

É a trilha sonora de Bastardos Inglórios, a que assistimos sem saber se é para rir, ou para chorar de rir da tragédia que foi a Segunda Guerra. Nas quinze faixas, algumas obras-primas de compositores como Ennio Morricone e Lalo Schifrin e outros excelentes intérpretes como Jacques Loussier, também compositor. Ou-vindo a trilha tem-se a impressão de assistir ao fi lme.

Oboé ConcertosDecca | R$ 49,90

Heinz Holliger é um dos maiores oboístas em atividade. É também um dos mais requisitados para execu-tar o instrumento e alguns importantes compositores deste século, como Stockhausen, Berio, Messiaen escreveram peças especialmente para ele e mesmo aos 70 anos continua ganhando prêmios. Aqui execu-ta peças de Benedetto Marcello, Antonio Vivaldi e Tommaso Albinoni, junto com o conjunto I Musici.

FauréDeutsche Grammophon | R$ 59,90

O cd pertence à série “Classikon” da Deutsche Grammophon, e apresenta o Requiém, Doly Suite e a Pava-ne do magistral compositor, organista e professor francês, morto em 1924 e que infl uenciou muitos dos compositores do século 20. As peças são executadas pela Philharmonia Orchestra, regida por Carlo Maria Giulini, e pela Sinfônica de Boston, conduzia por Seiji Ozawa. Imperdível.

Zé Ramalho ao VivoSony | BMG | R$ 27,90

O cantor e compositor se apresentou em dois shows no antigo Teatro Olimpya, em São Paulo, em 2005, de que resultou este cd gravado ao vivo com algumas das obras mais conhecidas dele nas quais usa poucos mas variados instrumentos cuja combinação resulta em um som limpo e bem adequado à batida das mú-sicas. Vale prestar atenção em Avohai, durante a qual pede a colaboração do público para repetir o refrão.

Hymne à l’AmourMilan Records | R$ 34,90

Uma gravadora francesa reuniu em um cd 24 gravações originais de Edith Piaf (1915-1963), muitas em co-autoria, a primeira de 1946, a famosíssima La Vie en Rose. Piaf cantava o que a gente chamaria no Brasil de música de “dor de cotovelo”, de amor e perda, no fundo um retrato da própria vida, de ter sido abando-nada pela mãe quando criança e criada pela avó materna em um bordel da Normandia.

O Melhor do Bang-Bang à ItalianaSony | BMG | R$ 16,90

Ennio Morricone já era um compositor consagrado, mas poucos o conheciam até que os cinemas brasilei-ros começaram a exibir os spaghetti westerns, muitos deles rodados nas regiões desérticas de Israel. Um deles, tema do fi lme O Dólar Furado, começa com os sons de disparos, segue com a música assobiada, e continua sendo assobiada até hoje, embora o fi lme seja da década de 1960.

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músicas magazine

por Bernardo Lerer

Zuill BaileyTelarc | R$ 74,90

Quem vai a concertos certamente não se es-panta mais com o modo que os violoncelis-tas abraçam os instrumentos, como se fos-sem a pessoa amada. Este cd em que o Bai-ley executa obras-primas de Tchaikovsky como as Variações para um Tema Rococó e o Concerto # 1 de Shostakovich são exem-plos claros deste envolvimento quase pas-sional e que leva os intérpretes ao êxtase.

Monumental Works for StringsUnited States Marine Band | Naxos | R$ 29,90

Nos anos 1990 havia nos Estados Unidos mais de quatro mil bandas sinfônicas capazes de executar qual-quer peça, erudita ou popular. Mas são as militares, que existem em todas as bases, do exército, marinha e aeronáutica, as mais famosas, como esta, que interpreta peças de Verdi, Stravinsky, Aaron Copland e a pouco executada Marcha da Coroação, do compositor britânico William Walton.

Anne-Sophie MutterDeutsche Grammophon | R$ 59,90

Essa fantástica violinista da Filarmônica de Berlim toca concertos famosos de Mendelssohn e Brahms, gravados em 1981 e 1982. Na contracapa do cd, está sorridente mas sabemos que Herbert Von Karajan moveu uma insidiosa campanha machista contra a violinista, a quem não queria como a spalla da orques-tra. Atitude que não surpreendeu, pois era o queridinho dos nazistas e foi reabilitado pelos americanos.

Martha Argerich – Mischa MaiskyDecca | R$ 49,90

Gravado há quase trinta anos, em 1984, na Suíça, e remasterizado, é uma das mais brilhantes interpreta-ções da Sonata para Arpeggione e Piano, de Schubert, e as peças de fantasia de Schumann para piano e cello, duas obras difíceis de tocar e de interpretar. Isso explica porque as transcrições da composição de Schubert para qualquer instrumento exigem muito do executante, até se a partitura é simplifi cada.

Ute LemperSteinway & Sons | R$ 79,90

Nascida em 1963 e vivendo agora em Nova York, essa cantora e pesquisadora alemã tem se dedicado principalmente a recuperar a produção musical dos bares e cabarés da República de Weimar. Esse cd tem o título de Berlin Nights e Paris Days, mas o subtítulo “Between Love and War” sugere os dias tenebrosos do início do fi m da democracia na Alemanha. O cd inclui duas peças em ídiche de Chava Alberstein.

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magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky

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E sse tubérculo está em alta lá em casa. Faço muito bacalhau, no mínimo um a cada quinze dias. E difi cilmente repito o prato. Também pudera: como poderia repetir depois que, ao preparar uma aula a respeito do assunto, descobri uma centena de receitas

francesas, italianas e espanholas, além das conhecidíssimas Zé do Pipo, co-zida, ao forno do pimentão, cebolas, ovo cozido, azeitonas pretas e batatas?

Pois bem, troquei as batatas por mandioca e este é o mote deste artigo – a mandioca, talvez o ingrediente mais brasileiro de todos, nasceu por aqui, foi se-lecionada geneticamente pelos nossos índios, mas está longe de ser unicamen-te brasileira, porque tem feito grande sucesso em muitos outros países, incluin-do China, Nigéria, Moçambique e tantos outros das Américas, África e Ásia.

No caso da minha receita, vou logo contando, antes que me bombardeiem de perguntas. Tratou-se de um bacalhau desfi ado, com azeite, páprica tomando o lugar do pimentão, ovo mexido e tapenade de azeitona, tudo exaustivamente batido até formar um creme a que os franceses dão o nome de brandade.

Ao mesmo tempo, cozinhei bem uma farta porção de mandioca amarela com cebolas e pimenta em grão. Separando as pimentas, amassei tudo com um pou-co da água, até formar um bolo da mandioca, que pus numa forma, reguei com azeite e levei ao forno para formar crosta por fora, e deixar o recheio bem ma-cio. Cobri o bolo com a brandade e servi. Êxito absolutamente total, daqueles de não deixar restos para contar história.

Voltando para a mandioca, os índios conheciam tudo sobre mandioca desde antes da invasão portuguesa de 1500. Sabiam quando era venenosa e o que fa-zer para retirar o veneno por meio de métodos de cozimento, como se conser-va culturalmente até hoje entre os povos da fl oresta amazônica e que nos chega principalmente na forma do decantado pato no tucupi e no menos conhecido caldo tacacá, duas delícias imperdíveis da culinária de Belém do Pará. Sabiam fazer farinha com ela e se alimentavam principalmente dela em biju, usando-a

Mandioca é a bola da vez QUEM DIRIA... A BOA, VELHA E BRASILEIRÍSSIMA MANDIOCA CHEGOU

ÀS MESAS DA ÁSIA, ÁFRICA E AMÉRICAS, E JÁ ESTÁ SENDO VISTA COMO UMA BOA SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS NUTRICIONAIS DAS

POPULAÇÕES DE BAIXA RENDA

para fazer salgado ou doce, para enrola-dos de tapioca e tantos outros usos.

Ocorre que apenas a farinha de man-dioca e a mandioca frita deixaram a ca-tegoria de esquisitices regionais e entra-ram pela porta da frente na cozinha tí-pica do centro-sul do país, particular-mente na paulista-mineira, estando presente em quase todas as mesas da roça desses dois estados.

Nada tão diferente do que acontece com todos os produtos que não se conhe-ce bem, como o foi caso da própria bata-ta, que, ao chegar à Europa pela mão dos colonizadores espanhóis, depois de milê-nios de cultivo pelos povos andinos, foi rejeitada, tornou-se ração animal e por muito tempo não foi aceita à mesa.

E, no entanto, agora a mandioca é no-tícia mundial, baluarte da alimentação, rainha da vitamina A, particularmen-te para os povos de baixa renda, canta-da em prosa e verso pela FAO, como dis-se Teresa Losada Valle, pesquisadora do Instituto Agronômico de Campinas, para um excelente vídeo de apoio à revista da FAO (http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/02/06/cientistas-turbinam-man-dioca-com-mais-vitamina-a/): “A mandio-ca é a menina dos olhos da FAO, porque ela representa a segurança alimentar das populações tropicais, principalmente as de baixa renda. E a mandioca IAC 603 foi se fazendo seletiva, e, contraposta à mandioca branca que tinha 20 unidades internacionais (UI) de vitamina A, deu um salto para 900 UI, uma beleza”.

Hoje em dia, ela é também uma das meninas dos olhos da gastronomia bra-sileira bem-sucedida. No extremo, apa-rece de mil formas nos cardápios do res-taurante Mani – 48º melhor restauran-te do mundo, segundo a revista ingle-sa Restaurant – e do seu irmão voltado para eventos, o Manioca, cujos nomes são homenagens rasgada ao nosso pro-duto/tema (http://www.manimanioca.com.br/site.html).DESCUBRA AS VIRTUDES DESTE FORMIDÁVE TUBÉRCULO

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magazine > ensaio | por Reuven Faingold *

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D esencavar, transcrever e comentar o Diário de Viagem à Terra Santa (Diários 18-19, março 37, doc. 1057) de D. Pedro II, permite revelar a curio-sidade intelectual, a sensibilidade artística e o

empenho do monarca em desvendar a humanidade em toda a sua extensão. Escrito em 1876, o Diário retrata um homem despojado de mordomias que, apesar de rei, dormiu em bar-racas, hospedou-se em hotéis de quinta categoria, cavalgou sete horas diárias, arriscou-se a enfrentar beduínos, frequen-tou banhos turcos e colecionou souvenirs.

O Diário – guardado no Museu Imperial de Petrópolis – faz parte da segunda viagem internacional e na qual, em dezoi-to meses, D. Pedro II visitaria mais de cem cidades em quatro continentes. Na ocasião, anotou impressões de 24 dias no Lí-bano, Síria e Palestina otomana, percorrendo quase quinhen-tos quilômetros, um marco quando se trata de uma comitiva com mais de duzentas pessoas e a logística que isso signifi ca em água, alimentação, hospedagem e segurança. Na época D.

D. Pedro II na Terra Santa

EM 1876, O IMPERADOR D. PEDRO II PASSOU 24 DIAS NO LÍBANO, SÍRIA E PALESTINA OTOMANA,

PERCORRENDO QUASE QUINHENTOS QUILÔMETROS. DESTA VIAGEM NASCEU UMA LONGA AMIZADE COM

O FREI LIÉVIN DE HAMME, GUIA TURÍSTICO PARA O LUGARES SANTOS DA REGIÃO

Pedro já tinha 50 anos, e apesar disso não reclamou do cansaço, aproveitando cada minuto da peregrinação.

“Frère Liévin tudo me explicava, e muito me agrada por seu caráter singelo e jovial, além de ser bastante inteligen-te.” Com estes elogios registrados no Di-ário de Viagem à Palestina, o imperador D. Pedro II apresenta seu guia turístico na Terra Santa.

O franciscano frei Liévin de Hamme, natural de Hannover, (atual Bélgica), orientava peregrinos no momento em que a comitiva imperial brasileira, lide-rada por D. Pedro II, ancorava no peque-no porto de Beirute para uma visita de 24 dias ao Líbano, Síria e Israel, os terri-tórios em que Jesus nasceu e viveu, pre-

CAPA DO GUIA DA PALESTINA, DE AUTORIA DO FREI LIÉVIN QUE

ACOMPANHOU O IMPERADOR

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gou sua nova fé e morreu crucifi cado pelo império romano. Quando a comitiva imperial brasileira chegou à Terra Santa

em 1876, frei Liévin morava na região havia dezoito anos. Des-de 1858, ainda muito jovem, ganhava o seu pão como guia turís-tico de ilustres personalidades das cortes europeias. O francisca-no era modesto e ao ser perguntado acerca das suas atividades respondia que era um conducteur des pelerines (“guia de peregri-nos”), pois seu trabalho consistia basicamente em escrever guias turísticos e livros a respeito dos lugares santos da Cristandade.

Orientalistas, arqueólogos e numismatas franceses célebres como Louis F. Joseph Caignart de Saulcy, Charles Clermont-Ganneau e Guérin, e outras personalidades conhecidas do mo-narca brasileiro foram alguns dos notáveis viajantes que Lié-vin acompanhou. Na época, o contato da Europa com a Ordem dos Franciscanos era forte. De todos aqueles padres responsá-veis pela guarda dos lugares santos, Frei Liévin ocupa um lu-gar de destaque. Ele escreveu um roteiro em latim, (vertido ao francês) intitulado Guide Indicateur des Sanctuaires et Lieux Historiques de la Terre Sainte. Em dezembro de 1876, em Jeru-salém, este Guide foi oferecido de presente ao imperador com uma dedicatória. No rico acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro existem várias versões deste texto.

Frère Liévin pesquisou os lugares santos. Dois textos rele-vantes elaborados pelo guia belga são: Le Thabor et la Trans-fi guration du Sauveur e o Étude Topographique de la Forteres-se de Sion, este último com um bonito mapa de Jerusalém tam-bém guardado no Museu Imperial de Petrópolis.

Nas cartas pessoais do Imperador, frei Liévin de Hamme é lembrado com carinho e admiração. “Muito conversei com frei Liévin, de quem gosto cada dia mais, por ser um espírito es-clarecido e, portanto, tolerante”, escreve D. Pedro II, manifes-tando grande estima pelo franciscano. Mesmo após consultar e comparar outros guias, Sua Majestade concluiu que o seu guia em Jerusalém é autor do melhor roteiro da Terra Santa.

No Diário de Viagem à Palestina, Pedro II destaca as pesqui-sas sérias do franciscano e, no caminho de Jerusalém a Ram-leh, confessa que “não fosse ele [frei Liévin], não teria visto nem metade do que tem visto com a suas explicações”. Em outro trecho, o monarca se mostra inconformado porque “apesar das insistências, o superior dos franciscanos ainda não lhe deu um ajudante para se ir preparando a substituí-lo quando for neces-sário”. Um dia, ele há de fazer falta aos cristãos: como farão os peregrinos quando frei Liévin não mais puder acompanhá-los aos lugares santos?

Apreensivo com a falta de um sucessor para a função do franciscano belga, D. Pedro II parece confi ar pouco na capa-cidade intelectual dos franciscanos, e nota “falta de inteligên-cia na maior parte destes frades”. O monarca do Brasil apre-cia muito cada explicação de seu guia, mesmo quando o belga emite uma opinião preconceituosa a respeito do modo de re-zar dos judeus de Jerusalém:

“Estava a rua cheia de judeus que rezavam voltados para a

muralha. Alguns, sobretudo mulheres soluçavam realmente; e vi judeus respei-táveis por sua aparência agitar o corpo, dando mesmo saltinhos, o que, segun-do frei Liévin, simboliza os movimentos sobre os burros e camelos dos israelitas quando iam do Egito para a Terra da Pro-missão.”

A descrição do franciscano refere-se aos movimentos agitados feitos pelos ju-deus durante a oração Amidá, quando pronunciam as palavras hebraicas “Ka-dosh, kadosh, kadosh” (“Santo, Santo, Santo”), talvez a síntese da santidade di-vina. Frei Liévin ironiza práticas e pre-ceitos milenares do Povo de Israel, opi-niões que não achamos em nenhum tex-to moderno, apenas em tradições orais dos Pais da Igreja (gregos e latinos) e em relatos dos propagandistas cristãos dos séculos 12-14. A pergunta é se D. Pedro II seria tão ingênuo em aceitar tais expli-cações do seu guia.

Chegou o momento da partida de Ter-ra Santa. D. Pedro II precisa dar adeus ao guia, e o faz em grande estilo, no pró-prio navio Áquila Imperial; ancorado no cais do porto de Jaffa, ao subir as ânco-ras rumo a Port Saïd, no Egito. O monar-ca, satisfeito com o seu guia, admite que frei Liévin deixará muitas saudades, e se alguma vez a sua fi lha Isabel pensar em viajar à Palestina, o recomendará como seu guia. Lamentavelmente, a prince-sa jamais visitou a Terra Santa e nem co-nheceu “o bom e inteligente frei Liévin”.

A amizade entre Sua Majestade D. Pe-dro II com frei Liévin de Hamme continu-aria ainda durante o curto período do exí-lio em Paris, acompanhando o imperador em seu leito de morte, em 1891.

* Reuven Faingold é historiador e edu-cador; doutor em história e história judaica pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Professor na pós-gradu-ação do Departamento de Artes Plás-ticas da FAAP em São Paulo e Ribei-rão Preto; é sócio-fundador da Socie-dade Genealógica Judaica do Brasil e membro do Congresso Mundial de Ci-ências Judaicas

A amizade entre Sua

Majestade D. Pedro II com

frei Liévin de Hamme continuaria

ainda durante o curto período

do exílio em Paris, acompa-

nhando o imperador em

seu leito de morte, em 1891

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magazine > medicina esportiva | por Paulo Roberto Dias dos Santos*

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E sse problema também conhecido por esporão de calcâneo, que hoje atinge em torno de 10% da população em algum momento da vida em-bora a incidência real seja difícil de determinar

porque nem sempre o paciente procura atendimento médico imediato e em outros os sintomas podem regredir em pouco tempo. Mas, afi nal, o que é isso?

Na planta dos pés existe uma estrutura semelhante a um liga-mento unindo o calcanhar aos dedos, e que sustenta boa parte de nosso peso. Quando ocorre uma sobrecarga de origem mecâ-nica, como é comum aos corredores de maratona e pessoas que trabalham muitas horas em pé, por exemplo, esta fascia – um tecido pouco elástico semelhante a um ligamento – pode infl a-mar e até surgir pequenas roturas causando dor intensa no cal-canhar, principalmente pela manhã ao levantar da cama, ao sair de uma posição de repouso ou durante o ato de caminhar.

Percebidos os primeiros sintomas geralmente muitos pa-cientes passam por vários tipos de tratamentos e consultas com especialistas, e muitas vezes acabam se frustrando com os resultados e com a evidente mudança na qualidade de vida, pois existem pacientes que gostam ou necessitam de ativida-des físicas aeróbicas. O diagnóstico desta patologia é feito com exame clínico e por exames de imagem, como raios x, ultras-sonografi a e ressonância magnética.

O tratamento inicial consiste em diminuir a atividade físi-ca, medicação analgésica e anti-infl amatória, uso de calcanhei-ras de silicone e fi sioterapia entre outros. Importante também considerar outros possíveis fatores que estejam relacionados à origem do problema como o excesso de peso, trabalhar muito tempo em pé, uso de calçados inadequados, doenças reumáti-cas, etc. Os indivíduos mais jovens também podem desenvol-ver a doença e geralmente são praticantes de corrida de longa distância ou de outros esportes.

As recomendações para praticantes de esportes: utilizar calçados adequados para seu tipo de pé, que possam absor-ver impactos no solo, fazer alongamentos e aquecimento pré-vios e procurar o especialista logo ao surgirem os primeiros

Choque na fascite plantarSE VOCÊ TEM ENTRE 40 E 60 ANOS, ESTÁ ACIMA DO PESO E TEM PÉS CAVOS, É POSSÍVEL QUE JÁ TENHA SENTIDO

DOR NOS CALCANHARES E DIAGNOSTICADO UM PROBLEMA ORTOPÉDICO CHAMADO “FASCITE PLANTAR”

sintomas, para não agravar o problema.Para os pacientes que não responde-

ram ao tratamento clínico convencio-nal, tem sido utilizada uma modalidade de tratamento não invasiva, “as ondas de choque“, com excelentes resultados na maioria dos casos. A base desse trata-mento é a litotripsia (quebra pedras) usa-da em medicina há mais de trinta anos para o tratamento de pacientes com cál-culos nos rins. Esse aparelho emite on-das de som produzindo uma sequência de estímulos mecânicos, como se fos-sem “marteladas”, e por isso é neces-sário aplicar anestesia em razão da dor que provoca.

No caso da fascite plantar, a aplicação dessas ondas diretamente no tecido in-fl amatório, estimula a regeneração dos tecidos, aumentando a irrigação sanguí-nea e diminuindo a infl amação. O núme-ro de aplicações depende da resposta al-cançada.

Existem muitas outras indicações para este tratamento, como tendinite calcifi cada de ombro, tendinite de co-tovelo bursite de quadril, tendinite do tendão calcâneo, fraturas que estejam com retardo na consolidação (estimu-la o calo ósseo) e também auxiliam na cicatrização de feridas crônicas de pele como nos casos de úlceras diabéticas. Este tratamento hoje é difundido mun-dialmente, e começou na Alemanha e Áustria sendo empregado no Brasil há mais de doze anos.* www.ondasdechoque.com.br

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A locação de espaços para even-tos externos é importante fon-te de recursos para o clube. A

partir de agora, os clientes em potencial desse serviço têm à disposição o Part-ners Book, nome em inglês para um ca-tálogo com empresas e facilidades para agilizar a organização de festas ou se-minários.

Os interessados em conhecer ou alu-gar os espaços do clube devem primeiro se dirigir ao Departamento de Agenda, que está preparado para simplifi car e en-curtar o longo caminho que leva ao êxito garantido de um evento. Recentemente, os setores de Agenda e Compras forma-ram uma parceria na publicação do Par-tners Book, brochura com a relação de empresas e serviços habilitados a atuar no clube, sempre oferecendo uma van-tagem a mais ao locatário de espaços na Hebraica. Na entrevista a seguir, o dire-tor de Compras Henri Zylbersztajn deta-lha a utilidade do Partners Book.

Hebraica – O que é o Partners Book? Henri Zylbersztajn – Trata-se do pri-

meiro projeto feito pelos setores de Com-pras (responsável pela contratação de for-necedores) e Agenda (responsável pelos eventos e gerenciamento dos espaços), para oferecer aos associados um “cardá-pio” de fornecedores em 24 categorias de produtos e serviços. É uma prática co-mum no mercado. No caso do Partners Book, não há obrigatoriedade de parte do organizador do evento de usar os fornece-dores indicados nem de cobrar comissões deles. Na apresentação do projeto, deixa-mos claro a todos que o clube não se res-ponsabilizará pelos serviços prestados ou

Locatários ganham ajuda extra

OS DEPARTAMENTOS DE COMPRAS E AGENDA ELABORARAM UM CATÁLOGO DE FORNECEDORES DE SERVIÇOS PARA AUXILIAR NA PROMOÇÃO DOS

EVENTOS EXTERNOS REALIZADOS NOS ESPAÇOS ALUGADOS PELA HEBRAICA

produtos oferecidos. Esta responsabilida-de é 100% do fornecedor escolhido pelo promotor do evento que, no caso, seriam empresas, de associados ou não.

Como os dois departamentos trabalha-ram para chegar à elaboração do Part-ners Book?

Zylbersztajn – A tarefa de elaborar o Partners Book coube à agência GMar-tin, com a colaboração direta do pesso-al de Compras e Agenda, esta subordina-da à Secretaria. Os profi ssionais que atu-am na Agenda têm larga experiência em locações e coordenação de espaços para eventos sociais particulares e corpora-tivos e deram uma contribuição impor-tante na criação do Partners Book.

Qual foi a receptividade das empresas, quando consultadas sobre a possibilida-de de integrar o catálogo e qual seria, em média o montante de redução que um cliente obtém ao utilizar as empresas do catálogo? É possível fazer o evento completo a partir dos profi ssionais cons-tantes do catálogo?

Zylbersztajn – A receptividade foi óti-ma. Contratamos uma renomada empre-sa de consultoria de evento para nos au-xiliar na concepção deste projeto e tor-ná-lo operacional. Foram contatados aproximadamente 350 fornecedores em 24 diferentes categorias. Todos elogia-ram a iniciativa e muitos se interessa-ram em participar. Temos empresas de catering como os bufês Leopoldo, Fran-ça e Charlot, os hotéis Fasano e Hilton e profi ssionais como o chazan Cláudio Goldman, e a doceira Conceição Bem Casados, só para citar alguns. Nesta pri-

meira edição do Partners Book, foram escolhidos cem fornecedores que ofere-cem descontos de até 50% nos produtos e/ou serviços prestados.

Qual é a relação entre o catálogo e a Hebraica que também promove eventos?

Zylbersztajn – O objetivo do Partners Book não é promover eventos, mas ser um facilitador na prestação de serviços para os nossos associados ou corpora-ções que pretendam locar espaços para festas ou eventos. A partir das informa-ções contidas nele, podem pesquisar e consultar empresas qualifi cadas e certi-

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fi cadas para executar serviços especia-lizados sob contrato. Somando os servi-ços já oferecidos pela agenda e a consul-ta ao Partners Book, pretendemos atingir um alto nível de satisfação dos sócios e clientes que farão o seu evento no clube sempre que necessário.

O departamento de Compras consulta as empresas do catálogo?

Zylbersztajn – Quando precisar con-tratar um serviço o clube também terá os descontos. Isto já foi feito recentemen-te em relação à locação de geradores e de móveis para as Grandes Festas. (M. B.)

1. Além de uma informação inicial de fornecedores previamente qualifi cados e certifi cados, os sócios ou empresas promotoras do evento terão acesso aos be-nefícios e descontos especiais, sem alteração nos valores vigentes da locação. O clube, quando fi zer eventos próprios, também terá direito a esses descontos;2. A existência do Partners Book desenvolve uma competição saudável entre fornecedores, elevando o nível de prestação de serviços;3. Os benefícios atualmente oferecidos pela Hebraica aos locatários não sofre-rão qualquer alteração. Os valores de locação serão mantidos, utilizando ou não o catálogo. 4. O alto índice de satisfação dos sócios e empresas ao contratar a locação de um ou mais espaços implica benefício direto ao clube como instituição.

Quatro razões para usar o Partners Book

O SALÃO MARC CHAGALL É UM DOS ESPAÇOS DISPONÍVEIS PARA LOCAÇÃO NA HEBRAICA

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Page 63: Revista Hebraica - Setembro 2013

diretoria HEBRAICA | SET | 2013

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Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

DIRETOR SUPERINTENDENTE GABY MILEVSKY

ASSESSOR FINANCEIRO MAURO ZAITZASSISTENTE FINANCEIRO MOISES SCHNAIDERASSESSOR OUVIDORIA JULIO K. MANDELASSESSOR ESCOLA BRUNO LICHTASSESSORA FEMININO HELENA ZUKERMANASSESSOR REVISTA FLÁVIO BITELMANASSESSOR REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL JOSÉ LUIZ GOLDFARBASSESSOR SEGURANÇA CLAUDIO FRISHER (Shachor)ASSESSOR ASSUNTOS ACESC MOYSES GROSSASSESSOR ASSUNTOS RELIGIOSOS RABINO SAMI PINTOCERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS EUGÊNIA ZARENCZANSKI (Guita)RELAÇÕES PÚBLICAS ALAN BALABAN SASSON

DEBORAH MENIUKGLORINHA COHENLUCIA F. AKERMANSERGIO ROSENBERG

VICE PRESIDENTE ADMINISTRATIVO MENDEL L. SZLEJF

COMPRAS HENRI ZYLBERSTAJNRECURSOS HUMANOS CARLOS EDUARDO ALTONACONCESSÕES LIONEL SLOSBERGASADJUNTO AIRTON SISTER

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO SERGIO LOZINSKYDEPARTAMENTO MÉDICO RICARDO GOLDSTEINCULTURA JUDAICA GERSON HERSZKOWICZASSESSORES DA SINAGOGA JAQUES MENDEL RECHTER

MAURÍCIO MARCOS MINDRISZ

VICE PRESIDENTE DE ESPORTES AVI GELBERG

ASSESSORES CHARLES VASSERMANNDAVID PROCACCIAMARCELO SANOVICZSANDRO ASSAYAGYVES MIFANO

GESTÃO ESPORTIVA ROBERTO SOMEKHESCOLA DE ESPORTES VICTOR LINDENBOJMMARKETING/ESPORTIVO MARCELO DOUEK

FLÁVIA CIOBOTARIU

MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO AMIT EISLER

RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS ABRAMINO SCHINAZI

GERAL DE TÊNIS ARIEL LEONARDO SADKASOCIAL TÊNIS ROSALYN MOSCOVICI (Rose)

TÊNIS DE MESA GERSON CANER

FIT CENTER MANOEL K.PSANQUEVICHMARCELO KLEPACZ

CENTRO DE PREPARAÇÃO FÍSICA ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN

JUDÔ ARTHUR ZEGERJIU JITSU FÁBIO FAERMAN

FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY) FABIO STEINECKEFUTSAL MAURÍCIO REICHMANN

GERAL DE BASQUETE AVNER I. MAZUZBASQUETE OPEN DAVID FELDON

WALTER ANTONIO N. DE SOUZA

BASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS GABRIEL ASSLAN KALILIBASQUETE HHH MASTER LUIZ ROZENBLUM

VOLEIBOL SILVIO LEVI

HANDEBOL JOSÉ EDUARDO GOBBIADJUNTO DANIEL NEWMAN

PARQUE AQUÁTICO MARCELO ISAAC GUETTAPOLO AQUÁTICO FABIO KEBOUDINATAÇÃO BETY CUBRIC LINDENBOJMÁGUAS ABERTAS ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN

RUBENS KRAUSZ

TRIATHLON JULLIAN TOLEDO SALGUEIROCORRIDA ARI HIMMELSTEIN

CICLISMO BENO MAURO SHETHMAN

GINÁSTICA ARTÍSTICA HELENA ZUKERMAN

RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) JEFFREY A.VINEYARDBADMINTON SHIRLY GABAY

TIRO AO ALVO MAURO RABINOVICH

GAMÃO VITOR LEVY CASIUCH

SINUCA ISAAC KOHANFABIO KARAVER

XADREZ HENRIQUE ERIC SALAMA

SAUNA HUGO CUPERSCHMIDT

VICE PRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS NELSON GLEZER

MANUTENÇÃO ABRAHAM GOLDBERGMANUTENÇÃO E OBRAS GILBERTO LERNERPAISAGISMO E PATRIMÔNIO MAIER GILBERTPROJETOS RENATA LIKIER S. LOBEL

VICE PRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL SIDNEY SCHAPIRO

CULTURAL SERGIO AJZENBERGSOCIAL SONIA MITELMAN ROCHWERGERFELIZ IDADE ANITA G. NISENBAUMRECREATIVO ELIANE SIMHON (Lily)GALERIA DE ARTES MEIRI LEVINSHOW MEIO DIA AVA NICOLE D. BORGER

EDGAR DAVID BORGER

VICE PRESIDENTE DE JUVENTUDE MOISES SINGAL GORDON

ESCOLAS SARITA KREIMERGRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBARILANA W. GILBERT

SECRETÁRIO GERAL ABRAHAM AVI MEIZLER

SECRETÁRIO JAIRO HABERDIRETORES SECRETÁRIOS ANITA RAPOPORT

GEORGES GANCZHARRY LEON SZTAJER

JURÍDICO ANDRÉ MUSZKAT

SINDICÂNCIA E DISCIPLINA ALEXANDRE FUCSBENNY SPIEWAKCARLOS SHEHTMANGIL MEIZLERLIGIA SHEHTMANTOBIAS ERLICH

TESOUREIRO GERAL LUIZ DAVID GABOR

TESOUREIRO ALBERTO SAPOCZNIKDIRETORES SABETAI DEMAJOROVIC

MARCOS RABINOVICH

lista diretoria.indd 124 26/8/2013 15:55:47 Anuncios SET 2013.indd 10 26/8/2013 17:57:13

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Page 65: Revista Hebraica - Setembro 2013

vitrine > informe publicitárioHEBRAICA | SET | 2013

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Na Armadi o cliente pode ter o armário, o ba-nheiro, a cozinha, o dormitório e as estantes para sala ou home theater da forma que quiser. Os móveis da Armadi têm design atual e acaba-mento diferenciado, contemplam as melhores formas de usar os espaços com organização e

sofi sticação, garantem funcionalidade para as gavetas da cozinha, do banheiro e do closet, dei-xando cada coisa no seu devido lugar.Av. Europa, 229 A, Jardins

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cio, na indústria ou em condomínios. A Renowa também atua na área de limpeza, jardinagem, recepção e portarias comercial e industrial.Renowa – Segurança & Serviços

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tal, e aos países árabes. São mais de vinte pra-tos servidos no almoço em sistema de bufê. A partir das 9h30, o Yesh! ainda funciona como café, com menu especial.Rua Cunha Gago, 770, Pinheiros | F. 3032-4128

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roteiro gastronômicoHEBRAICA | SET | 2013

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roteiro gastronômicoHEBRAICA | SET | 2013

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HEBRAICA | SET | 2013

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Page 68: Revista Hebraica - Setembro 2013

HEBRAICA | SET | 2013

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NUTRICIONISTA

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indicador profi ssionalHEBRAICA | SET | 2013

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OFTALMOLOGIA OTORRINOLARINGOLOGIA

ORTOPEDIA

ONCOLOGIA

ONCOLOGIA

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ODONTOLOGIA

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HEBRAICA | SET | 2013

indicador profi ssional

TRAUMATOLOGIA ESPORTIVA

REPRODUÇÃO

PSIQUIATRIA

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compras e serviços

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compras e serviçosHEBRAICA | SET | 2013

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compras e serviçosHEBRAICA | SET | 2013

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compras e serviçosHEBRAICA | SET | 2013

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144conselho deliberativo

AARON BERNARDO SONDERMAN ABRAHAM AVI MEIZLER Secretário Geral Diretoria Executiva ABRAM BERLAND Conselho Fiscal ABRAMO DOUEK Presidente Diretoria Executiva ABRAMINO ALBERTO SCHINAZI ABRÃO B. ZWEIMAN ADOLPHO FISCHMAN AIRTON SISTER ALAN BOUSSO Comissão Jurídica ALAN CIMERMAN ALBERTO GOLDMAN ALBERTO HARARI ALBERTO RACHMAN Conselho Fiscal ALBERTO SAPOCZNIK Tesoureiro ALEXANDRE L. S. LOBEL ALEXANDRE OSTROWIECKI ALZIRA M. GOLDBERG ANITA G. NISENBAUM ANITA RAPOPORT ANITA W. NOVINSKY ANTONIO FLORIANO PESARO ARI FRIEDENBACH Assessor da Mesa do Conselho ARIEL LEONARDO SADKA ARTHUR ROTENBERG Ex-Presidente AVRAHAM GELBERG Vice-Presidente de Esportes BEATRIZ WOILER RAUSCHER BEIREL ZUKERMAN Ex-Presidente BERNARDO GOLDSZTAJN Comissão de Adm. e Finanças BERNARDO KRONGOLD BORIS BER BORIS CAMBUR BORIS KARLIK BORIS MOISES MIROCZNIK Relator da Comissão de Obras BRUNETE GILDIN BRUNO JOSÉ SZLAK Coordenador da Comissão de Obras CAIO MAGHIDMAN CARLOS GLUCKSTERN Coordenador da Comissão Jurídica CARLOS KAUFMANN CELIA BURD Assessora da Mesa do Conselho CELSO SZTOKFISZ CHARLES TAWIL CHARLES VASSERMANN Comissão de Obras CHYJA DAVID MUSZKAT CLARA NOEMI TREIGER CLAUDIA MARIA COSTIN CLAUDIA ZITRON SZTOKFISZ CLAUDIO LUIZ LOTTENBERG CLAUDIO STEINER CLAUDIO STERNFELD Vice-Presidente do Conselho CLAUDIO WEINSCHENKER Comissão Jurídica DANI AJBESZYC Comissão de Adm. e Finanças DAVE LAFER DAVID LEDERMAN DAVID PROCACCIA DAVID STUHLBERGER DAYVI MIZRAHI DEYVI ARAZI DIANA CHARATZ ZIMBARG DOV BIGIO EDUARDO DE AIZENSTEIN EDUARDO GRYTZ Comissão de Adm. e Finanças

EDUARDO ROTENBERG ELCIO NEUSTEIN ELIE K. HAMADANI ELISA RAQUEL NIGRI GRINER Comissão de Adm. e Finanças ERNESTO MATALON ESTER R. TARANDACH EUGEN ATIAS Comissão de Adm. e Finanças EUGÊNIO VAGO Comissão Jurídica EVA ZIMERMAN Comissão Jurídica EVELYN H. GOLDBACH FÁBIO AJBESZYC Comissão Jurídica FABIO KEBOUDI FERNANDO ROSENTHAL 2º Secretário do Conselho FISZEL CZERESNIA FLORA GHITA TAKSER FRANCISCO AMÉRICO RAICHMAN GABRIEL R. KUZNIETZ GEORGES GANCZ GILBERTO LERNER GIUSEPPE PIHA GLORINHA COHEN GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR GUSTAVO CIMERMAN GUSTAVO ERLICHMAN HELENA NISKIER HELENA ZUKERMAN Assessora Feminino HÉLIO BOBROW Ex-Presidente HENRIQUE BOBROW Ex-Presidente HENRIQUE FISBERG HENRIQUE JOSEF HENRIQUE MELSOHN HENRY JACQUES KLEIN Comissão de Obras HORÁCIO LEWINSKI Vice-Presidente do Conselho HUGO CUPERSCHMIDT IDA SEMER ISAAC AMAR ISAQUE RUBIN ISRAEL ISSER LEVIN ISY RAHMANI Coordenador da Comissão de Adm. e Finanças IVETTE MANDELBAUM JACKSON CIOCLER Comissão Jurídica JACOBO KOGAN Comissão de Adm. e Finanças JACK LEON TERPINS Ex-Presidente JACQUES ADONI JAIME CIMERMAN JAIME SHNAIDER JAIRO HABER Secretário Diretoria Executiva JAIRO OKRET JAIRO PEKELMAN JAIRO ZYLBERSZTAJN Relator do Conselho Fiscal JAQUES LERNER JAQUES MENDEL RECHTER JAYME BOBROW JAYME MELSOHN JAYME SZUSTER JAYME WYDATOR JEFFERSON JANCHIS GROSMAN JEFFREY ADONIS VINEYARD Comissão de Adm. e Finanças JOEL RECHTMAN JONAS GORDON

Lista de Conselheiros NOME CARGO NOME CARGO

E OS INTEGRANTES DAS COMISSÕES, DO CONSELHO FISCAL E DA DIRETORIA EXECUTIVA

lista de conselheiros.indd 144 26/8/2013 16:59:31

HEBRAICA | SET | 2013

145conselho deliberativo

JONNY CUKIER JOSÉ ABRAMOVICZ JOSÉ BIRKMAN JOSÉ EDUARDO GOBBI JOSÉ HENRIQUE CHAPAVAL JOSÉ LUIZ GOLDFARB Assessor de Redes Sociais e Comunicação Digital JOSÉ RICARDO M. GIANCONI JOSÉ WOILER Comissão de Adm. e Finanças JOSEPH RAYMOND DIWAN JULIO KAHAN MANDEL Assessor Ouvidoria KRYSTYNA OKRENT LEONARDO CUSCHNIR LEO TOMCHINSKY LEON ALEXANDER LIONEL SLOSBERGAS LORENA QUIROGA LUBA GLEZER ROSEMBERG LUCIA FELMANAS AKERMAN LUIZ FLÁVIO LOBEL 1º Secretário do Conselho LUIZ DAVID GABOR Tesoureiro Geral LUIZ JAYME ZABOROWSKY LUIZ KIGNEL LUIZ MESTER MAIER GILBERT MANOEL KRON PSANQUEVICH MARCELO DE WEBER MARCEL HOLLENDER MARCELO KAHAN MANDEL MARCELO MIROCZNIK MARCELO SCHAPOCHNIK MARCIA MELSOHN MARCOS ARBAITMAN Ex-Presidente MARCOS BURCATOVSKY SASSON MARCOS CHUSYD MARCOS KARNIOL Comissão de Obras MARIZA DE AIZENSTEIN MARLI KOTUJANSKY MAURICIO FOGEL MAURICIO JOSEPH ABADI Relator da Comissão Jurídica MAURICIO PAULO MATALON MAURO JOSÉ DE SALLES NAHAISSI MAURO ZAITZ Assessor Financeiro MAX WAINTRAUB MENDEL L. SZLEJF Vice-Presidente Administrativo MENDEL VAIDERGORN MICHEL STOLAR MILTON RZEZAK MIREL WALDMANN MIRIAM KRUGLIANSKAS MOACYR LUIZ LARGMAN Secretário da Comissão Jurídica MOISES SCHNAIDER MOISES SINGAL GORDON Vice-Presidente de Juventude MOISES SUSLIK MONICA R. ROSEMBERG MONICA TABACNK Relatora da Comissão de Adm. e Finanças MOSZE GITELMAN Conselho Fiscal MOYSES BOBROW MOYSES DERVICHE Secretário da Comissão de Adm. e Finanças MOYSES GROSS Comissão de Obras e Assessor Acesc

NAUM ROTENBERG Ex-Presidente NAUM SCHAPIRO NELSON GLEZER Vice-Presidente de Patrimônio e Obras NELSON ZLOTNIK Comissão de Obras NESSIM HAMAOUI NESSIM MIZRAHI NICOLE SZTOKFISZ Comissão de Obras NILSON ABRÃO SZYLIT PAULO BRONSTEIN Comissão de Obras PAULO DANILA PAULO ROBERTO FELDMAN PAULO ROBERTO EGEDY PEDRO MAHLER Secretário da Comissão de Obras PERLA JOSETTE MOSSERI PETER T. G. WEISS Presidente do Conselho RAMY MOSCOVICI RAQUEL MIZRAHI RAUL CZARNY REBECA LISBONA RENATO FEDER RENATO KASINSKY RICARDO BERKIENSZTAT ROBERTO GARBATI BECKER Conselho Fiscal RONEY ROTENBERG Conselho Fiscal RONY SZTOKFISZ ROSA BRONER WORCMAN Comissão de Obras ROSALYN MOSCOVICI (Rose) ROSITA KLAR BLAU RUBENS BISKER RUBENS KRAUSZ RUBENS ERNANI GIERSZTAJN RUGGERO DAVID PICCIOTTO SAAD ROMANO SALIM KEBOUDI SALO FLOH SALOMON WAHBA SAMI SZTOKFISZ SAMSÃO WOILER Ex-Presidente SANDRO ASSAYAG SARITA KREIMER SAUL ANUSIEWICZ Comissão Jurídica SERGIO CIMERMAN SERGIO GARBATI GROSS SERGIO KORN SERGIO PRIPAS SERGIO ROSENBERG SIDNEY SCHAPIRO Vice-Pres. Social Cultural SILVIA L. S. TABACOW HIDAL Assessora da Mesa do Conselho SILVIA WAISSMAN ZLOTNIK SILVIO BRAND SILVIO CHAN SIMÃO A. LOTTENBERG SIMÃO PRISZKULNIK SIMCHA B. BERENHOLC Comissão Jurídica SZLOMA ZATYRKO VANESSA KOGAN ROSENBAUM VICTOR LINDENBOJM Comissão de Obras WALTER MEYER FELDMAN YUDAH BENADIBA YVES MIFANO ZEEV TUCHMAJER Conselho Fiscal

NOME CARGO NOME CARGO

lista de conselheiros.indd 145 26/8/2013 16:59:35

Page 74: Revista Hebraica - Setembro 2013

HEBRAICA | SET | 2013

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Reuniões Ordinárias do Conselho em 2013

Peter T. G. Weiss PresidenteHorácio Lewinski Vice-presidenteClaudio Sternfeld Vice-presidenteLuiz Flávio Lobel SecretárioFernando Rosenthal Segundo secretárioSílvia Hidal Assessora da PresidênciaCélia Burd Assessora da PresidênciaAri Friedenbach Assessor da Presidência

Mesa do Conselho

conselho deliberativo

LOCAL: TEATRO ANNE FRANKHORÁRIO: 19H30

10/11/2013 – ASSEMBLÉIA GERAL 25/11/20139/12/2013

Em boa companhia Dinamismo é um atributo que combina muito bem com a Hebraica dos dias de hoje. Aos sessenta anos, o clube se destaca pela atuação no espor-te, em inúmeras áreas culturais e educativas e também religiosas, de for-ma que de domingo a domingo há pelo menos uma atividade em curso e muitos setores funcionando a todo vapor.Para manter um ritmo tão intenso é muito importante a manutenção de li-nhas de comunicação ativa entre a mesa do Conselho, os conselheiros e a Diretoria Executiva. É desta interação que se faz possível tocar obras e ser-viços de manutenção em mais de um lugar, assim como brindar os sócios com eventos exclusivos, como o Festival de Cinema Judaico. O bom relacionamento entre todas as esferas de direção do clube sempre foi o combustível para o crescimento do mesmo. Graças ao esforço, co-nhecimento e capacidade criativa de profi ssionais e voluntários surgiram grupos de teatro, carreiras artísticas e esportivas e serviços inovadores como foi a Sala de Internet e ainda é o Espaço Bebê.O intercâmbio de ideias entre diretores e conselheiros permite a transfor-mação de espaços e produzem a atmosfera moderna e efi ciente tão almeja-da por outros clubes e presente em todos os ambientes. O fértil exercício da diversidade de opiniões cria um cenário propício para cultivarmos ideias e projetos que podem levar anos para amadurecer, mas que respondem no tempo certo às necessidades das gerações que se sucedem na Hebraica. Hoje assistimos a convivência de três ou quatro gerações ativas no clube, todas elas bem representadas por conselheiros e diretores. É ao trabalho deles que avós, mães e fi lhos creditam o sucesso de serviços como o a li-nha de ônibus, o Centro Juvenil Hebraikeinu, o Ateliê e o After School. E a ousadia de receber e abrigar uma escola com funcionamento independen-te só reforça essas qualidades. Diretores, conselheiros e sócios se unem em um círculo virtuoso que pro-duz estímulos a todas as gerações. Dos fãs de carteado e das sessões sema-nais de cinema aos pequenos que aprendem as primeiras coreografi as ou as primeiras notas musicais.Da portaria da rua Angelina Maffei Vita à da rua Hungria passando pelos teatros, restaurantes, biblioteca e salas de estar o que se vê e ouve é resul-tado dessa história que começou e se renova constantemente nas reuniões do Conselho e da Diretoria. É só olhar em volta e constatar o trabalho fei-to até hoje e enxergar o quanto ainda se pode fazer a partir da valorização do sócio e dos voluntários a serviço da entidade que chamamos A Hebrai-ca de São Paulo.

CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2013SETEMBRO ** 4 4a FEIRA VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ ** 5 5a FEIRA 1O DIA DE ROSH HASHANÁ ** 6 6a FEIRA 2O DIA DE ROSH HASHANÁ ** 13 6a FEIRA 17H39 INÍCIO DO JEJUM DE IOM KIPUR ** 14 SÁBADO IOM KIPUR - TERMINA ÀS 18H33 18 4a FEIRA VÉSPERA DE SUCOT * 19 5a FEIRA 1O DIA SUCOT * 20 6a FEIRA 2O DIA SUCOT 25 4a FEIRA VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ - 7O DIA DE SUCOT * 26 5a FEIRA SHIMINI ATZERET - IZKOR * 27 6a FEIRA SIMCHAT TORÁ OUTUBRO 16 4a FEIRA DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN NOVEMBRO 27 4a FEIRA AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ DEZEMBRO 4 4a FEIRA AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ 2014JANEIRO 16 5a FEIRA TU B’ SHVAT 27 3a FEIRA DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU) MARÇO 13 5a FEIRA JEJUM DE ESTER 16 DOMINGO PURIM 17 2a FEIRA SHUSHAN PURIM ABRIL 15 3a FEIRA EREV PESSACH - 1º SEDER ** 16 4a FEIRA PESSACH - 2º SEDER ** 17 5a FEIRA PESSACH - 2º DIA ** 21 2a FEIRA PESSACH - 7º DIA ** 22 3a FEIRA PESSACH - 8º DIA 28 2a FEIRA IOM HASHOÁ - DIA DO HOLOCAUSTO MAIO 5 2a FEIRA IOM HAZIKARON – DIA DA LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL 6 3a FEIRA IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 66 ANOS 18 DOMINGO LAG BAÔMER 28 2a FEIRA IOM IERUSHALAIM JUNHO 3 3a FEIRA VÉSPERA DE SHAVUOT * 4 4a FEIRA 1O DIA SHAVUOT * 5 5a FEIRA 2O DIA SHAVUOT - IZKOR

JULHO 15 3ªFEIRA JEJUM DE 17 DE TAMUZ

AGOSTO 4 2ª FEIRA INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER 5 3ª FEIRA FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER 11 2ª FEIRA TU BE AV

* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS ** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES, FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS

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