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A História Geral da Igreja SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

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A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

PREFÁCIO

A História Geral da Igreja é um manancial de conhecimentos, que veio somar

satisfatoriamente para o crescimento dos nossos obreiros.

O Mestre na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pastor Arteniso da Silva Vieira,

esforçou-se exaustivamente por apresentar, em especial aos nossos obreiros, um trabalho bem

elaborado, que vale a pena compulsá-lo.

Companheiros e companheiras, alunos e alunas do nosso Seminário em Teologia a

nível Bacharel, vamos crescer no conhecimento! E juntos faremos da nossa grande Igreja, uma

potência mundial.

Juntos somos fortes!!

Bispo Cordeiro

A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

SUMÁRIO

1. HISTÓRIA GERAL DA IGREJA..................................................................................................... 4

2. AS PERSEGUIÇÕES DA IDADE ANTIGA DE 5 A.C A 590 D.C............................................... 6

2.1. A igreja perseguida pelos judeus ............................................... ............................................... 6

2.1.1 Primeiras condenações de Paulo. ..................................................................................... 8

2.1.2 Prisão, condenação e morte ............................................................................................. 8

2.1.3 Circunstâncias da morte de Paulo ................................................................................... 9

2.1.4 Últimos julgamentos e morte de Paulo seguindo as cartas Pastorais Timóteo e Tito 9

2.1.5 No segundo interrogatório Paulo é sentenciado a morte ............................................ 10

2.1.6 Perseguição romana .......................................................................................................... 10

2.1.7 Nero o primeiro imperador romano a perseguir a igreja de Jesus Cristo. ................ 11

3. COMO A IGREJA PRIMITIVA ERA CONHECIDA .................................................................. 14

4. A OFICIALIZAÇÃO DA IGREJA PELO ESTADO ...................................................................... 19

5. APARECIMENTO E CRESCIMENTO DO PODER DO PAPA ................................................... 22

6. A HISTÓRIA DA TRADIÇÃO ........................................................................................................ 22

7. CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA ...................................................................................................... 23

8. A IGREJA NA IDADE MÉDIA(CATÓLICA) (590 A 1517) ...................................................... 25

9. PRIMEIROS SETE CONCÍLIOS ECUMÊNICOS ....................................................................... 27

10. OS CONCÍLIOS GERAIS DA IGREJA .......................................................................................... 28

10.1. Concílio de Nicéia I (325) ......................................................................................................... 29

10.2. Concílio de Constantinopla I (381) ......................................................................................... 30

10.3. Concílio de Éfeso (431) ............................................................................................................. 30

10.4. Concílio de Calcedônia (451) ................................................................................................... 31

10.5. Concílio de Constantinopla II (553) ....................................................................................... 32

10.6. Concílio de Constantinopla III (680/1) .................................................................................. 32

10.7. Concílio de Nicéia II (787) ........................................................................................................ 33

10.8. Concílio de Constantinopla IV (869/870) .............................................................................. 34

10.9. Concílio de Latrão I (1123) ....................................................................................................... 34

10.10. Concílio de Latrão II (1139) ................................................................................................ 35

A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

10.11. Concílio de Latrão III (1139) ................................................................................................ 36

10.12. Concílio de Latrão IV (1215) ................................................................................................. 37

10.13. Concilio de Lião I (1245) ....................................................................................................... 38

10.14. Concilio de Lião II (1274) ..................................................................................................... 38

10.15. Concílio de Viena-França (1311-12) ..................................................................................... 39

10.16. Concílio de Constança (1417) ................................................................................................ 39

10.17. Concílio de Ferrara-Florença (1438-1445) ........................................................................... 40

10.18. Concílio do Latrão V (1512-1517) ........................................................................................ 41

10.19. Concílio de Trento (1545-47, 1551-52, 1562-63) .............................................................. 42

10.20. Concílio do Vaticano I (1869-70) ....................................................................................... 43

10.21. A Concílio do Vaticano II (1962-65) ................................................................................. 44

11. DIVISÃO ENTRE A IGREJA CATÓLICA OCIDENTAL E ORIENTA (O GRANDE CISMA)

............................................................................................................................................................ 45

12. AS CRUZADAS ............................................................................................................................... 46

13. INQUISIÇÃO - DENOMINADA SANTO OFICIO........................................................................ 48

14. O AUGE DO PODER DO PAPAL................................................................................................... 49

15. A REFORMA - REVOLTA DENTRO DA IGREJA...................................................................... 51

15.1. Outros precursores da reforma.................................................................................................. 53

15.2. Valdenses................................................................................................................................... 54

15.3. Anabatistas................................................................................................................................. 54

15.4. Erasmo (1466-1536) .................................................................................................................. 55

16. A REFORMA..................................................................................................................................... 55

16.1. 95 teses de Martinho Lutero...................................................................................................... 58

16.2. Ulrico Zwínglio.......................................................................................................................... 65

16.3. A origem do nome protestante. ................................................................................................ 66

16.4. Os efeitos da Reforma................................................................................................................ 66

16.5. A reforma Reformada................................................................................................................. 67

16.6. Esforço para reformar a igreja apóstata. .................................................................................... 69

16.7. O inicicio de algumas igreja que nasceram da reforma.......................................................... 70

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17. IGREJA CATÓLICA - REFORMA PROTESTANTE..................................................................... 71

17.1. Luteranos ................................................................................................................................... 71

17.2. Presbiterianos............................................................................................................................. 71

17.3. Anglicanos.................................................................................................................................. 71

17.4. Batistas. ..................................................................................................................................... 72

17.5. Metodistas ................................................................................................................................. 72

17.6. Pentecostais................................................................................................................................ 72

17.7. Neopentecostais.......................................................................................................................... 72

18. A HISTÓRIA DA IGREJA EVANGELICA NO BRASIL............................................................... 72

19. HISTÓRIA DA IGREJA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. ................................................. 75

1.1. Breve histórico dos presidentes.................................................................................................. 76

19.1. A nossa Missão........................................................................................................................... 81

19.2. A nossa Vissão........................................................................................................................... 81

20. CONFISSÃO DE FÉ.......................................................................................................................... 82

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................

. 86

AVALIAÇÃO...........................................................................................................................................

. 88

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1. HISTÓRIA GERAL DA IGREJA

João Batista o Percussor, descendência de pais tementes a Deus, pertenciam a uma

geração sarcedotal, a sua mãe Isabel e o seu pai Zacarias eram dessedentes de Arão. João viveu

os seus primeiros anos no deserto ao ocidente do mar Morto, no ano 28 d.C, apareceu pregando

o batismo de arrependimento no deserto do Jordão.

João foi o maior de todos os profetas, por ter o privilegio de preparar o povo para a vinda

do messias, e apresenta-lo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Jesus foi batizado por João Batismo, e após passar quarentas dias no deserto jejuando,

logo em seguida deu inicio o seu ministério, e durante três anos e meio pregou o reino de Deus,

curando os enfermos e atribulados, expulsando demônios, Jesus no seu ministério na terra,

chamava aos homens ao arrependimento e a uma vida de consagração diante do Senhor, pregava

a fé em Deus e nele mesmo.sempre colocando o homem acima de qualquer doutrina ou

instituição, ensinava como quem tem autoridade, e não limitava como os escribas, a citar

autoridades antigas, denunciava a hipocrisia dos fariseus e tinha compaixão dos desprezados,

onde começou chamando os primeiros discípulos. Reuniu ao seu redor dois grupos de

seguidores: os mais íntimos (apóstolos), e o outro, menos chegados (discípulos).

Jesus Veio para o seu povo os judeus mas, os judeus o rejeitaram, e foi ai que começou a

história da igreja, de um povo zeloso de boas obras, de todas as denominações e povos. .

No final do seu ministério na terra, Jesus foi preso, condenado e morto em nosso lugar,

por causa dos nosso pecados, mas Jesus não permaneceu na sepultura, ele ressuscitou e subiu ao

céu.

Cinquenta dias depois de sua crucificação e dez dias depois da sua ascensão ao céu, o

Espírito Santo desceu sobre os quase cento e vinte discípulos que estava reunidos em Jerusalém,

acompanhado de sinais tão evidente que não restava a menor duvida, de que o que estava

acontecendo era o cumprimento da promessa profetizado pelo profeta Joel Joel 2:27-32. Isto

prova que Jesus esta a destra do Pai, como havia profetizado.

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A História Geral da Igreja

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A igreja do Senhor foi inaugurada numa poderosa manifestação do Espírito Santo com o

som de um vento impetuoso, e com línguas de fogo pousando sobre cada um dos primeiros

membros da igreja, com a primeira proclamação pública da ressurreição de Jesus, feita para

representantes do mundo inteiro.

Ora em Jerusalém estavam habitando homens religiosos de todas as nações, e quanto

aquele som ocorreu ajuntou-se uma grande multidão e estava confusa, porque cada um ouvia

falar na sua própria língua, Partos medos,elamitas, e os que habitavam na Mesopotâmia, Judéia,

Capadocia, Ponto e Ásia, Frigia e Panfilia, Egito e partes da Líbia,junto a Cirene e forasteiros

romanos tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, cada um ouvia na sua própria língua

falar das grandezas de Deus. Atos 2:6-12.

A igreja começou com os judeus em Jerusalém, onde no dia de pentecostes agregaram

quase três mil almas na primeira pregação Atos 2: 6-41. na segunda pregação este numero subiu

para quase cinco mil convertidos

Logo no inicio da fundação da igreja veio as perseguições, prisões, apedrejamentos e a

dispersão. Atos 8:1,2.

Com a perseguição da igreja que se levantou em Jerusalém, os cristão foram espalhadas

pela Judeia e Samaria, pelas nações e em pouco tempo, o evangelho chegou a todos os povos do

primeiro século.

Em Antioquia da Síria a 500 Km ao norte de Jerusalém, os crentes fugiram de Jerusalém

e começaram pregar aos gentios, e muitos se converteram, foi em Antioquia, que os discípulos

foram chamados pela primeira vez, de cristãos

De Antioquia pela indicação do Espírito Santo, a igreja enviou dois missionários, Paulo e

Barnabé, para a Ásia menor. Surgiram as igrejas de Antioquia da Pisidia, Iconio, Litra e Derbe.

Mais tarde surgiram as igrejas de Éfeso e Colosos.

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A História Geral da Igreja

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Paulo tem uma visão de um varão macedônio disse: ...Passa à Macedônia e ajuda-nos....

Paulo atendeu o apelo e fundou a igreja em toda a Macedônia, Tessalonica e Coríntio.

Finalmente a igreja chegou até Roma, na Itália.

A igreja primitiva tinha suas reuniões em casas particulares. Havia dois tipos de reuniões:

Cultos de Oração: orações, ensinos e cânticos de hinos.

Festa do amor ou fraternidade e no fim celebravam a Ceia do Senhor: normalmente

realizada no primeiro dia da semana, comemoravam a ressurreição de Jesus. Também faziam

uma refeição comum. Repartiam o que traziam de casa.

2. AS PERSEGUIÇÕES DA IDADE ANTIGA DE 5 A.C A 590 D.C.

2.1. A igreja perseguida pelos judeus.

Os judeus perseguiram os cristãos porque pregavam a Jesus como o verdadeiro Messias,

e porque a igreja aceitavam que os gentios participassem da Igreja sem serem circuncidados.

Logo após o martírio de Estevão, a paz relativa desfrutada pela igreja de Jerusalém, foi

perturbada por uma perseguição mais severa, O apedrejamento de Estevão, Saulo liderou,

terrível e obstinada perseguição contra os discípulos de Cristo, prendendo e acoitando homens e

mulheres. A igreja em Jerusalém dissolveu-se nessa ocasião, e seus membros dispersaram-se por

todos os lugares. instigada em 44 d.C por Herodes Agripa I, que, desde 41 até sua morte, em 44,

foi um rei vassalo do antigo território de Herodes, o Grande. Pedro foi preso, mas escapou da

morte. O apostolo Tiago foi decapitado. Esta perseguição se fez sentir não somente no território

judaico, mas por toda a parte onde era pregado o evangelho.

O apostolo Pedro segundo as tradições foi crucificado de cabeça para baixo em uma cruz

em forma de X, entre os anos 64 e 67, embora não encontramos tais narrativa no Novo

Testamento, são os escritores cristãos e padres da Igreja: Jerônimo, Tertuliano, Eusébio. Além

disso, há a biografia, pseudo histórica, presente nos apócrifos, que falam dessa morte. Mas a

origem histórica desses livros é muito discutida.

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Pedro: João 21:18 sugere que Pedro morreu na cruz. Clemente de Roma, que morreu em

95 depois de Cristo, diz que a sua morte aconteceu no tempo de Nero, por volta do ano 64. A

tradição posterior diz que os romanos crucificaram Pedro de cabeça para baixo, pois o apóstolo

teria pedido para não ser comparado com Cristo.

André: A tradição do martírio desse apóstolo está ligada à "cruz de santo André", em

forma de x, presente na bandeira da Escócia. Portanto teria sido crucificado numa cruz em forma

de x.

Tiago: o irmão de João, como conta Atos 12:1-2, foi martirizado em Jerusalém, por causa

da perseguição de Horodes Agripa, por volta do ano 40 depois de Cristo. Em Jerusalém teve um

papel importante na comunidade nascente. Na Espanha é conhecido como Santiago e uma

tradição diz que ele, depois da ressurreição, foi anunciar o Evangelho naquele país. Além disso,

conta-se que, depois do martírio, os restos mortais viajaram, milagrosamente até à Espanha, onde

está o seu túmulo.

João: Conta-se que morreu com cerca de 100 anos. Foi preso, em Éfeso, no tempo do

imperador Domiciano, em 89, e levado até Roma onde é condenado à morte. A pena, porém, foi

mudada em exílio, em Patmos. Passou alguns anos naquela ilha e voltou para Éfeso, onde

morreu.

Filipe: Atos dos Apóstolos afirma que ele se encarregou da evangelização da Samaria e

de Cesárea. Parece que era casado e tinha filhos Atos 21. A respeito da sua morte sabemos

pouco. Alguns dizem que morreu em Hierapolis, também crucificado, mas outras tradições

afirmam que por causas naturais.

Bartolomeu: é o apóstolo, amigo de João, que pergunta: POR ACASO VEM ALGUÉM

QUE PRESTA DE NAZARÉ? A tradição diz que foi um grande missionário e que teria chegado

até na Índia. Quanto à sua morte, conta-se que foi martirizado, tendo sido tirada a sua pele,

provavelmente na Síria.

Tomé: É o apóstolo que não acredita na ressurreição de Jesus, que pretende tocar o Cristo

ressuscitado. Mas é também aquele que diz: VAMOS MORRER COM ELE . Ele teria

evangelizado na Síria e na Pérsia, mas sobretudo a Índia, onde teria sido martirizado

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Mateus: O cobrador de impostos e escritor de um dos evangelhos teria morrido na

Etiópia e o seu túmulo se encontra em Salerno, na Itália.

Tiago: É o autor de uma das cartas que tem o seu nome. Não sabemos quase nada da sua

morte, mas pode ter sido martirizado em 62 depois de Cristo.

Judas Tadeu: Também escreveu uma carta, a última carta . Teria morrido mártir no ano

70, em Mesopotâmia.

Simão: Morreu, como conta a tradição, junto com Judas Tadeu, na Mesopotâmia. É o

apóstolo associado ao movimento dos revoltosos da Palestina contra o império romano, os

Zelotas.

Judas Escariotes: Traiu Jesus com 30 moedas. Mateus conta que, depois da morte de

Cristo, ele se enforcou Mateus 27:3-5. Atos dos Apóstolos conta que foi substituído por Matias.

2.1.1. Primeiras condenações de Paulo.

O livro dos Atos dos Apóstolos narram os momentos difíceis que Paulo passou em

Jerusalém, no anuncio do Cristo ressuscitado. Apenas recordamos esta passagem dos Atos

25:19-21, que apresentam como Pórcio, Festo, o rei Agripa e Berenice que pressionados pelos

judeus tentam condená-lo a morte. Como sabemos Paulo se defende com o título de cidadão

Romano, escapando da morte. Enviado para ser julgado a Roma no outono do ano 60 d.C, sob o

governo de Festo. Nesta viagem por motivo de tempestade, permanece 90 dias na ilha de Malta.

Até que é conduzido a Roma. Depois de um processo de 2 anos recebe a liberdade. Surge neste

momento a figura de Nero que acusa os cristão de incendiarem Roma.

2.1.2. Prisão, condenação e morte

Em 67 d.C. retorna a Roma acompanhado por Lucas e reconstitui a Comunidade,

dizimada pelas perseguições de Nero. Paulo passa a viver na margem esquerda do Rio Tibre,

perto da ilha Tibiriçá. Neste local ergueu-se uma Capela dedicada a sua memória “San Paolo

Allá Regola”. Foi preso e acusado de chefiar a seita cristã. Neste segundo cativeiro, sua situação

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ficou complicada pelo fato de pesar sobre os cristãos a acusação de terem incendiado Roma e era

tratado “como malfeitor”. 2 Tim 2,9.

2.1.3. Circunstâncias da morte de Paulo:

Alguns biógrafos de Paulo mencionam que Paulo foi decapitado fora da cidade de

Roma, “ad Aquas Salvias”, e os seus discípulos o enterraram numa propriedade particular as

margens da via que leva para Óstia.

A Igreja Católica venera o lugar e erigiu uma grande Igreja chamada Basílica de São

Paulo fora dos muros. Que lembra o fato e considera este local das três fontes o indicado na

morte de Paulo.

Existe um grupo de estudiosos que negam a autenticidade das cartas Pastorais,

concluindo que ele tenha sofrido o martírio durante a perseguição do Imperador Romano Nero

em 64 d.C.

No entanto os últimos anos de Paulo só se consegue conhecer, fazendo uma combinação

de datas e notas que foram escritas nas cartas Pastorais. Acreditamos que nesta forma de estudar

a biografia de Paulo é a que se aproxima mais da verdade.

2.1.4. Últimos julgamentos e morte de Paulo seguindo as cartas Pastorais Timóteo e

Tito

Paulo por ser cidadão romano, devia ser julgado pelo Tribunal Imperial. No primeiro

Interrogatório permitiram ao Apóstolo fazer a sua própria defesa, da acusação de cumplicidade

no incêndio de Roma. Mas ninguém o ajudou, senão Deus. 2 Tim 4:16-17 Contudo, deve ter se

saído bem, pois a audiência foi suspensa sem qualquer condenação. Este é um dos textos das

cartas pastorais que nos ajudam a entender o final da vida de Paulo.

Na prisão escreveu a Timóteo (a Segunda Epístola a Timóteo), a quem cuidava e o tinha

como filho espiritual nomeando-o como executor de seu testamento. Tinha esperança de vê-lo

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A História Geral da Igreja

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ainda uma vez, pede também uma velha capa que deixara em Trôade, a friagem do calabouço

estava minando rapidamente a sua saúde.

No outono do ano 67 na Segunda Sessão do Tribunal Paulo é condenado e só resta a ele a

entrada no reino dos Céus, a segunda carta a Timóteo 4:7-8 muito bem descreve:

"Combati o bom combate, terminei a minha carreira , guardei a fé. Desde já me está

reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará o Senhor naquele dia, e não

somente a mim mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua aparição" 2 Timóteo 4:7-8.

2.1.5. No segundo Interrogatório Paulo é sentenciado a morte.

Levaram Paulo ao longo da Via Ostiense, seguindo pela Porta Trigemina, passaram pela

Pirâmide de Céstio e pelo local onde hoje se encontra a Basílica de São Paulo. Extramuros que

foi o lugar da morte. A seguir o cortejo deixa a estrada e vão até o local onde ele foi executado.

Hoje naquele lugar, existe a “Piazza Tre Fontane”. No local da execução, a cabeça do Apóstolo

tombou por um golpe de espada.

De acordo com a opinião mais comum, Paulo sofreu o martírio no mesmo dia e no

mesmo ano que o Apóstolo Pedro, mas em locais diferentes.

2.1.6. Perseguição romana

Os romanos consideravam os cristãos como: Anti-sociais - As expressões de

cumprimento dos romanos naquela época sempre incluíam o louvor a um deus pagão. Muitos

cristãos não gostavam de dizer bom dia aos seus vizinhos, pois com simples cumprimento eles

tinham que invocar o nome do deus Júpiter. Os cristãos se recusavam a participar das cerimônias

pagãs antes da refeição. Para os romanos, esta era mais uma prova de que os cristãos eram contra

a sociedade.

O imperador romano era considerado divino. E os cristãos recusavam-se a reconhece-lo

como divino. Por isso eles foram acusados de serem desleais ao imperador.

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A História Geral da Igreja

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Os cristãos não tinham proteção das autoridades, eles reuniam em lugares secretos, como

as Catatumbas de Roma, onde usavam como lugares de refúgios.

Quando alguém se convertia a Cristo, destruía todos os seus ídolos. Afirmavam que o seu

Deus era invisível, mas os romanos dizia que qualquer pessoa que não tivesse nenhum ídolo era

um ateu.

Grande parte da cidade de Roma foi destruída por um grande incêndio. Os cristãos foram

apontados como causadores do sinistro. Cristãos foram presos e condenados sumariamente. Para

cristãos incendiários só restava fogueiras, espadas, cruzes, feras, forcas, prisões e outros mais

tipos de punições.

O maior destaque na História da igreja no segundo e terceiro século foi, sem duvida,

perseguição ao cristianismo pelos imperadores romanos.

A perseguição, no século IV, durou até o ano 313, quando o edito de Constantino, o

primeiro imperador "cristão", fez cessar todos os propósitos de destruir a igreja de Cristo.

2.1.7. Nero o primeiro imperador romano a perseguir a igreja de Jesus Cristo.

Em 64 d.C. ocorreu o grande incêndio de Roma. O povo suspeitavam de Nero; este para

desviar de si tal suspeita, acusou os cristãos e mandou que fossem punidos.

A morte dos cristãos se tornou mais cruel pelo escárnio. Alguns foram vestidos de peles e

despedaçados pelos cães, outros morreram numa cruz em chamas; ainda outros morreram

queimados depois do por do sol, para assim alumiar as trevas. O imperador Nero cedeu o próprio

jardim para o espetáculo.

No ano 250 d.C. o imperador Décio decretou pela primeira vez uma perseguição

universal aos cristãos, que atingiu todo o império romano. Multidões pereceram sob as mais

cruéis torturas: exílios, prisões, trabalhos na minas, execuções pelo fogo, animais ferozes e

espadas.

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A História Geral da Igreja

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No ano 303 d.C. Diocleciano, decretou a segunda perseguição em todo império Romano.

Foi a ultima perseguição imperial e a mais severa. Os cristãos foram caçados pelas cavernas e

floretas; queimados, lançados as feras, sofrendo todas as crueldades imagináveis.Foi um esforço

resoluto, determinado e sistemático por abolir o nome dos cristãos.

Entre os vários Pais da igreja mencionaremos: Policarpo, Inácio, Irineu, Orígenes e

Eusébio.

Policarpo ( 69 - 156 d.C.) era bispo de Esmirna e discípulo de João. Na perseguição

ordenada pelo imperador foi preso e levado a presença do governador. Ofereceram-lhe a

liberdade, se ele negasse o nome de Cristo, mas ele respondeu: Oitenta e seis anos faz que sirvo a

Cristo e Ele nunca me fez mal; como podia eu, agora, amaldiçoa-lo, sendo Ele meu senhor e

salvador? Sua resposta entrou para a história. Por causa destas palavras, Policarpo foi queimado

vivo.

Inácio (110 d.C.) Bispo de Antioquia, discípulo do apostolo João. Quando o imperador

Trajano fez uma visita a cidade de Antioquia, mandou prende-lo e após o julgamento foi

condenado a morte.

Nessa viagem de Antioquia a Roma para onde ia como prisioneiro, o bispo escreveu seis

cartas, dirigidas a várias Igrejas e a Policarpo. Tais cartas constituem preciosos documentos

sobre a Igreja primitiva, seus fundamentos teológicos, sua constituição hierárquica... Trazido

acorrentado para Roma, onde terminou os seus dias na arena, devorado pelas feras selvagens,

tornou-se objeto de afetuosas atenções da parte das várias comunidades cristãs nas cidades por

onde passou. A ânsia de alcançar Deus, de encontrar Cristo, expressa com intensidade que faz

lembrar Paulo. " o viver para mim é Cristo, e o morrer é ganho"

"Que as feras atirem-se com avidez sobre mim. As suas palavras inflamadas de amor a

Cristo e à Igreja ficaram na lembrança de todas as gerações futuras. "Deixem-me ser a comida

das feras, pelas quais me será dado saborear Deus. Eu sou o trigo de Deus. Tenho de ser triturado

pelos dentes das feras, deixai-me apenas que eu me una a Cristo.

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A História Geral da Igreja

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Irineu (130 - 200 d.C.) Criou em Esmirna, onde conheceu Policarpo e tornou-se seu

discípulo. Mais tarde veio a ser bispo de Lião. É considerado por muitos historiadores como um

dos principais líderes teológicos.

Por volta do ano de 165 d.C, escreveu sua principal obra (Contar as Heresias) com a

intenção de refutar o gnosticismo. Assim Irineu resumiu numa frase a obra de Cristo: Nós

seguimos ao único Mestre verdadeiro e firme, o Verbo de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, o

qual, mediante o seu amor transcendente, se tornou o que somos, a fim de que nós pudéssemos

transformar naquilo que é Cristo, fazendo com que esta esperança voltasse a brilhar com

intensidade nos corações dos fiéis.

Considerava o Novo Testamento como Escritura Sagrada tão completa quanto o Antigo

Testamento. Morreu mártir.

Orígenes (185 -254 d.C.) Um dos homens mais eruditos da igreja antiga. Na cultura e

poder intelectual não houve que superassem no seu tempo. Ele e Tertuliano foram os dois

maiores homens da igreja dos séculos II e III.

Orígenes nasceu em Alexandria, seus pais eram crentes (seu pai, Leronidas, sofreu

martírio). Com dezoito anos de idade tornou-se mestre de uma escola de catequese da igreja de

Alexandria. sua maior obra foi a "Hexapla" O Antigo Testamento em seis idiomas.

Eusébio (264 -340 d.C.) Foi bispo de Cesaréia, na Palestina, é considerado como o "Pai

da história Eclesiástica". Ele compôs uma "Crônica Universal, que abrange toda a história desde

o principio do mundo até principio do século IV da nossa era. Em seguida escreveu uma "

História Eclesiástica", com dez volumes, narrando desde Cristo até o Concilio de Nicéia.

Roma perseguiu a Igreja até o ano 313, após esta data, oficializou a religião, adulteraram

a Igreja primitiva colocando a inquisição, além da venda de indulgencias e a doutrina da

infabilidade papal.

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A História Geral da Igreja

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3. COMO A IGREJA PRIMITIVA ERA CONHECIDA

Vejamos alguns nomes pela qual era conhecida a igreja de primitiva, nomes estes que não

foram dados por homens, visto não haver senão uma só igreja naqueles tempos Efésios 4:4,

referiam-se com frequência ao corpo de Cristo apenas pela palavra igreja. Era a igreja em

Jerusalém Atos 11:22, na Ásia Menor Atos 14:23, e em Roma Rom. 16:5.

A igreja era também chamada a igreja de Cristo Rom. 16:16 e a igreja de Deus. O nome

igreja de Deus não era usado em apenas uma localidade mas em Corinto 1 Cor. 1;2, em

Tessalonica 1 Tes. 2;14 , na região de Galacia Gal. 1:13, em Efeso 1 Tim. 3:5. A igreja de Atos

dois era conhecida apenas por nomes que glorificavam a Deus e a Jesus Cristo.

Cada membro da igreja era chamado cristão na Ásia Menor Atos 11:26 e entre os judeus

da Dispersão em varias partes do mundo 1Pedro 4:16. Eram chamados discípulos em toda Ásia

Menor Atos 11:26 e também filhos de Deus 1 João 3:1 e Gal. 3:26. Estes eram nomes religiosos

que glorificavam a Deus.

Líderes religiosos não era então exaltados e chamados por títulos altissonantes como são

hoje. Jesus condenou claramente tais praticas em Mat. 23:9,10: "A ninguém sobre a terra

chameis vosso pai; porque um só é vosso Pai, aquele que está no céu. Nem sereis chamados

guias, porque um só é vosso guia, o Cristo". O apostolo Pedro recusou-se a deixar Cornélio se

curvar diante dele para honra-lo, e disse, "Ergue-te, que eu também sou homem".

Atos 10:26. podemos estar certos de que nomes como pai, reverendo, santíssimo

reverendo não eram usados por cristão da igreja primitiva.

Orações fervorosas foram uma característica da igreja primitiva. Jesus tinha prometido

"tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome ele vo-lo concederá" João 15:16. Paulo chamando

atenção para o fato de que "há um só Deus e um mediador entre Deus e os homens Cristo Jesus",

exortou os homens "em todo lugar" a orarem 1 Tim. 2:5, 8.

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A História Geral da Igreja

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Em consequência em Jerusalém At. 12:5, em Roma Rom. 8:26, em Macedônia 1 Tes.

5:17, sim "em todo lugar" os cristão levantaram orações a Deus em nome de Cristo

APOSTASIA DA IGREJA.

O período de 180 -313 é o que diz respeito à igreja Católica. foi marcado por grande

relaxamento de seus membros influenciados pelos cultos pagãos. Entre os muitos males,

encontram: a ceia mágica, sacrifício meritório à hierarquia e outras distorções.

Ensinava-se que o batismo lavava as pessoas de todos os pecados. Os pecados menores

eram perdoados pela oração, boas obras, jejum e esmolas. Os mortais (pecados mais graves),

como fornicação, homicídios, apostasia e outros, não tinham perdão, portanto, quem praticasse

este tipo de pecado era banido da Igreja.

Diante destes problemas, a solução encontrada foi dar ao bispo autoridade para perdoar

pecados. Invertendo o papel do perdão, ao contrario do pecador arrependido ir ao encontro de

Deus, ia ao encontro do homem.

O batismo no tempo de Tertuliano era em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e

eram comuns os batimos de crianças com padrinhos, e eram por imersão. A eucaristia era no

domingo, do II século em diante novos vislumbres acerca das formas de cultos apareceram nas

igrejas.

Justino Mártir reconhecia a semelhança da eucaristia com o Mitraismo (o culto dos

ministérios) Ele considerava o vinho e o pão, o sangue e o corpo de Cristo.

A missa e santa ceia eram a mesma coisa;

A missa renova o sacrifício do Calvário;

O pão e o vinho usados na missa são transformados no corpo real de Cristo no momento

da celebração;

Quem não diferenciar o pão que é servido na missa com o vendido na padaria, come e

bebe para sua própria condenação.

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Em seu ministério pessoal Jesus predisse a apostasia: Levantar-se-ão muitos falsos

profetas e enganarão a muitos Mat. 24:11. O Espírito Santo dirigiu Paulo a profetizar o desvio:

Eu sei que depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o

rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando cousas pervertidas para

arrastar os discípulos atrás deles. At. 20:29,30. Paulo também disse, Ninguém de nenhum modo

vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia, e seja revelado o

homem da iniquidade, o filho da perdição 2 Tes. 2:3. Acrescentou, "Ora, o Espírito afirma

expressamente que nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé" 1 Tim. 4:1. E também houve

entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão

encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que resgatou, trazendo sobre si mesmos

repetina perdição. 2 Pedro 2:1. Outras Escrituras contem afirmações semelhantes sobre o

distanciamento. As poucas passagens citadas acima permitirão ao leitor constatar que a igreja

iria ter uma grande batalha com os falsos professores.

Quando se cerrou a cortina no fim do século I, forças do mal já estava, em ação para

fazerem surgir falsos mestres e uma igreja apostata 2 Tes. 2:7; 2 João 7.

A partir do ano 250 começaram a se reunir os sínodos providenciais. Uma das primeiras

inovações introduzidas na igreja foi uma modificação gradativa do esquema

organizacional.Lembre-se de que as igrejas primitiva tinham cada uma pluridade de presbíteros;

cada presbítero ocupava uma posição equivalente a de qualquer outro Atos 14:23. Estes

presbíteros também eram chamados bispos Tito 1:5-7. A autoridade que exerciam não

ultrapassavam os limites da igreja em que se encontravam. Cristo era o único bispo-chefe ou

supremos pastor sobre todas as igrejas 1 Pedro 5:4.

No segundo e terceiro século foi se desenvolvendo a ideia de uma posto congregacional

separado e acima do de presbítero. O ocupante do cargo mais elevado se chamava bispo em um

sentido diferente do nome usado em Tito 1:5-7, para designar todos os presbíteros. Enquanto que

no começo, uma pluralidade de bispos guiava cada igreja local, agora não havia senão um bispo

em cada congregação.

Mais tarde foi feita outra adaptação na organização da igreja, e o bispo se tornou chefe de

diversas igrejas compreendidas numa determinada região. Por exemplo, o bispo da igreja em

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Antioquia não representava apenas autoridade mais elevada dentro da igreja de Antioquia, como

também tinha autoridade sobre outras igrejas situadas nas vizinhanças de Antioquia.

A esta altura, todos os bispos ainda tinham poderes equivalentes. Isto é, o bispo de Roma

não tinha mais poder do que o bispo de Antioquia. Os bispos mais tarde começaram a ter

posições que variavam segundo a importância das áreas sobre as quais exerciam autoridade.

Os bispos de cidade ou metropolitanos prestavam serviços nas capitais de certas

províncias. Os bispos das igrejas em Alexandria, Jerusalém, Roma, Antioquia e Constantinopla,

tornaram-se mais poderosos e se transformaram em patriarcas da mesma categoria. Em carta a

Eulógio, bispo de Alexandria, Gregório I, bispo de Roma, afirmou que a Sé de Pedro "em três

lugares é a Sé de uma". Frizou que estes três lugares onde a Sé de Pedro existia eram Alexandria,

Antioquia e Roma. Acrescentou ainda, "Desde então á Sé de um, e uma Sé, sobre a qual três

bispos atualmente presidem por autoridade Divina". É obvio que Gregório, que mais tarde foi

declarado Papa e Santo pela igreja Católica, não considerava o patriarca de Roma mais poderoso

que os outros patriarcas. Entretanto, surgiu uma grande rivalidade entre os bispos de Roma e de

Constantinopla.

Quando o patriarca de Constantinopla, João, o Jejuador, começou a se intitular de "bispo

universal", Gregório I, o patriarca de Roma, denunciou o título como profano, orgulhoso e

malvado. Entretanto o sucessor de Gregório, Bonifacio III, não levantou, aparentemente, a

mesma objeções ao titulo e diz-se que ele o assumiu publicamente em 606 D.C. Nos séculos

que se seguiram a autoridade papal foi aumentando até que nos tempos modernos (1870 D.C.) o

papa foi considerado infalível pelo concilio Vaticano.

Nenhum posto deste tipo existia na organização da igreja primitiva. Dessa forma, a

hierarquia e o papado do Catolicismo Romano, são resultados de séculos de afastamentos

gradativos do plano de organização da igreja conforme se encontra no Novo Testamento.

Voltemos nossa atenção agora para algumas modificações na doutrina da igreja. Na

realidade, a apostasia já tinha se iniciado antes da Era do Novo Testamento ter chegado ao fim 2

Tes. 2:7.

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Segundo o Novo Testamento, todos os cristãos são sarcedotes 1 Pedro 2:5,9; Apoc.1:6.

Um estudo cuidadoso da epistola de 1 Pedro mostrará que Pedro estava escrevendo para esposas,

serventes, bispos, para todos os cristãos em outras palavras. Reconhecia todas as pessoas como

sarcedotes: constituíam um sarcedocio real.

Mais tarde os chefes ou oficiais da igreja, reivindicaram para si a designação de

sarcedotes especiais. A formação de duas classes: clero (os sarcedotes) e leigos (os outros

membros, acentuou-se progressivamente, com o afastamento da organização original,

escrituristica.

A posição de Maria é exclusiva porque foi por seu intermédio que o Divino Jesus entrou

no mundo e recebeu sua condição humana. A posição de Maria como mãe de Jesus fez surgir

muita especulação nos últimos séculos posteriores. Em consequência, existem atualmente,

muitas doutrinas que envolvem em torno dela, como as doutrinas da Imaculada Conceição, da

Virgindade Perpétua, e da Ascensão Corpórea aos céus. Os versículos abaixo representam todas

as referencias a Maria no Novo Testamento. Estes versículos revelam que as doutrinas sobre a

exaltação de Maria não tem fundamento nas Escrituras. Por exemplo, a Bíblia dá os nomes dos

irmãos e irmãs de Cristo, deixando assim subentender que Maria não permaneceu virgem

perpétua. Queiram estudar as seguintes escrituras: Mat. 1:16, 18-25; 2:11, 13-15, 20,21; 12:46-

50; 13:55,56; Marcos 3:31-35; 6:3; Lucas 1:27-56;2:5-7,16,19,22,27,33,39,41-51; 8:19-21;

11:27,28; João 2:1-10,12; 6:42; 19:25-27; Atos 1:14.

Refere-se qualquer uma destas escrituras a imaculada conceição de Maria, à sua

virgindade perpétua, ou assunção corpórea aos céus? O silencio guardado pelas Escrituras no

tocante a estas doutrinas mostra que elas não vieram de Deus. De fato, a exaltação de Maria

acima dos outros cristãos foi expressamente negada por Jesus. Quando uma certa mulher disse a

Jesus, "Bem-aventurada aquela que te concebeu e os seios que te amamentaram" a resposta de

Jesus foi, "Antes bem-aventurados são os que ouve a palavra de Deus e a guardam" Lucas

11:27,28.

Portanto, pelas declarações de Jesus aprendemos, sem qualquer dúvida, que Maria não é

mais abençoada ou mais bem-aventurada que o mais humilde dos cristãos obedientes. Visto que

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a doutrina de Maria vieram de homens, e, portanto, caem sob a condenação de Jesus Mateus

15:9.

Pouco depois do término do século I, o celibato (o estado civil de solteiro) foi

recomendado, mas ainda continuava sob opção. O tempo se passou e cada vez mais pressão foi

sendo exercida para forçar o clero a uma vida celibatária. Finalmente foi feita a proibição do

casamento clerical, a qual se arrogava como sendo de autoridade eclesiástica universal, pelo

menos no Ocidente. De fato, enquanto Paulo havia dito em I Timóteo 3:2 que um bispo deve ser

o marido de uma mulher, a igreja apóstata acabou chegando a dizer que o bispo não pode ter

nenhuma esposa. Dessa forma, a profecia de Paulo em I Timóteo 4:1-3 se realizou, pois havia

dito, "Ora o Espírito afirma expressamente que nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé...

proíbem o casamento..."

Por volta de 606 D.C. a igreja apóstata estavam em pleno florescimento e havia deixado

de ser a igreja de Cristo.

4. A OFICIALIZAÇÃO DA IGREJA PELO ESTADO

Roma perseguiu a Igreja até o ano 313, após esta data, oficializou a religião, adulteraram

a Igreja primitiva colocando a inquisição, além da venda de indulgencias e a doutrina da

infabilidade papal.

CONSTANTINO I, também conhecido como Constantino Magno, foi um imperador

romano que nasceu na cidade de Naissus (na atual Sérvia) em 26 de fevereiro de 272. Seu nome

completo era Flávio Valério Aurélio Constantino (em latim: Flavius Valerius Aurelius

Constantinus). Foi o primeiro imperador romano cristão da História.

Constantino foi imperador do Império Romano entre os anos de 306 a 337. No ano de

312 foi aclamado como Augusto no Ocidente. Viveu boa parte de sua infância e juventude na

corte do imperador Diocleciano.

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Aos 33 anos participou das campanhas militares romanas na região da Britânia (atual

Grã-Bretanha). Com a morte do pai (Constâncio Cloro) em 306 foi aclamado imperador

romano.

Constantino apesar de se considerar o "Bispo dos bispos" não achou prudente batizar-se

senão poucos dias antes de sua morte, ocorrida no ano 337 d.C..

Através do Edito de Milão (ano de 313) acabou com a perseguição romana aos cristãos.

Constantino se converteu ao cristianismo, porém não transformou a religião em oficial do

Império. Se aproveitou do crescimento do cristianismo, em quase todas as regiões do império,

para aumentar sua força política.

Em 7 de março de 321 foi promulgado o Edito de Constantino, legislação que defendeu o

descanso aos domingos em homenagem ao deus-Sol (Sol Invictus).

Convocou o I Concílio de Niceia em 325. Participaram cerca de 300 bispos cristãos. Sob

a influência de Constantino, o concílio definiu a natureza divina de Jesus, a fixação da data da

Páscoa (passou a ser diferente da Páscoa judaica) e a promulgação da lei canônica. Ficou

definido também que o domingo seria o dia de descanso dos cristãos. Eximiu o clero das

obrigações militares e municipais, insentou as suas propriedades de impostos.Derrotou e aboliu

certos costumes e ordenanças pagãs ofensivas aos cristãos.

Ordenou a observância do domingo (dia do sol) ; Legalizou as doações das igrejas cristãs;

Contribuiu com a construção do templo; Deu aos seus filhos educação cristã; Esta dito que no

ano 324, prometeu a cada convertido vinte moedas de ouro e uma roupa branca para a cerimônia

batismal, e naquele ano verificaram-se o numero de doze mil homens batizados.

No ano 325 advertiu seus súditos a abraçarem o cristianismo. Construiu a cidade de

Constantinopla (atual Istambul, capital da Turquia) a partir de Bizâncio, de 326 a 330. Transferiu

a capital do império para Constantinopla de onde governou.

Constantino faleceu em 22 de maio de 337 na cidade de Nicomédia (atual Izmit,

Turquia).

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TEODÓSIO (379 a 395) Foi o primeiro Imperador Ortodoxo e sob a sua influencia o

Senado Romano reconheceu o cristianismo como religião oficial.

Teodósio, por meio do Édito da Tessalônia, não apenas tornou o cristianismo oficial, mas

proibiu os cultos pagãos greco-romanos, de modo que, pouco a pouco, todo o simbolismo pagão

passou a ser assimilado pelo cristianismo, como a data do Natal. Entretanto, Teodósio pensava e

agia como herdeiro das estirpes de imperadores.

Prevalecendo dessa situação favorável, muitos bispos, auxiliados pelo poder civil,

incitavam o povo a assaltar os santuários pagãos. O paganismo foi vencido,mas virtualmente

continuou a viver no seio da igreja Cristã pelas conversões forçadas.

Depois da morte de Juliano em 365, todos os imperadores professaram o cristianismo,

sendo estabelecido como religião do império, antes de findar o quarto século.

Com a derrota do paganismo, os seus templos foram destruídos e transformados em

igrejas cristãs. O sacrifício e o culto pagão foram abolidos, e as escolas foram fechadas.

O cristianismo deixou de ser religião espiritual para tornar-se secular (Religião do

Estado). Os pagãos que se convertiam nominalmente, reclamaram seus deuses, seus objetos de

adoração; A igrejas encheram-se de objetos de adoração por causa dos maus costumes dos

pagãos.

A reação contra o mundanismo resultou em excessivo ascetismo, os mais espirituais

viram que era impossível uma vida cristã pura dentro da igreja mundana, diante disto, muitos

afastaram da igreja para desertos, onde passaram tempo em jejum e oração, fazendo assim

triunfar o espírito sobre a carne.

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5. APARECIMENTO E CRESCIMENTO DO PODER DO PAPA.

Em 325, quando reuniu o primeiro Concílio Ecumênico, o cristianismo tinha assumido

várias características em descordo com as Escrituras Sagradas, o que podiam ser chamados

"Católicos":

A ideia de uma Igreja visível universal, que é compacta de bispos;

A crença que os sacramentos tem um tipo mágico de graça transformadora;

A admissão de um sarcedote especial, que pela odernação fica autorizado a administrar estes

sacramento. O reconhecimento dos bispos como corpo reinante da igreja. Todas estas

características se encontram nos grupos que são chamados Católicos Romanos, Católicos Gregos

e Anglicanos.

6. A HISTÓRIA DA TRADIÇÃO

A igreja romana afirma que Pedro foi Papa durante 25 anos, mas estas asseções não

foram realizadas até o século quinto, depois que o bispo já havia se tornado poderoso. A teoria

dada pelo bispo Leão I (440 - 461) era baseada em três textos Mat. 16:13-18; João 21:15 -17 e

Lucas 22:31-32. A teoria é que passou aos seus sucessores no bispado romano. Durante o

mesmo período (325 - 461) os bispos de Roma demonstraram grande sabedoria no sentido

doutrinários, conduzindo-se bem durante a grandes debates a respeito da natureza de Cristo e a

salvação dos homens.

6.1. LEÃO I "O GRANDE" (440-461)

No Segundo em 449, os representantes de Leão entregaram seu famoso "Tomo" ("carta"

em latim), uma afirmação da fé da Igreja romana, endereçado ao arcebispo Flaviano de

Constantinopla que repete, de forma muito aderente às teorias de Agostinho, as fórmulas da

cristologia ocidental. O concílio não apenas não leu a carta e ignorou os protestos dos legados de

Leão, como depôs Flaviano e Eusébio de Dorileia, que apelaram para Roma. Parcialmente por

conta disto, este concílio jamais foi reconhecido como ecumênico e terminou depois sendo

repudiado no Concílio de Calcedônia.

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Depois disso, Leão exigiu do imperador que um concilio ecumênico fosse realizado na

Itália e, enquanto isso não acontecia, num sínodo em Roma em outubro do mesmo, repudiou

todas as decisões do já infame " Latrocinio de Eféso". Sem fazer um exame crítico de seus

decretos dogmáticos, ele exigiu em suas cartas ao imperador e outras personalidades a deposição

de Eutiques, acusando-o de ser Maniqueísta e docético.

Com a morte de Teodósio II em 450 e da mudança brusca que se seguiu no cenário

político oriental, Anatólio de Constantinopla, o patriarca seguinte, seguiu as recomendações de

Leão e seu "Tomo" foi lido e reconhecido em toda parte.

Depois disso, Leão não queria mais realizar um concílio, especialmente por que ele

dificilmente se realizaria na Itália. Ao invés disso, ele foi convocado para uma reunião em Nicéia

, que foi depois mudada para Calcedônia

7. CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA

Uma ocasião perfeita para ampliar a autoridade de Roma no oriente se mostrou quando a

controvérsia cristológica sobre as ideias de Eutiques se reacendeu. No início do conflito, apelou

a Leão e se refugiou nele em sua condenação ao arcebispo de Constantinopla Flaviano. Mas, ao

receber um relato mais completo do próprio Flaviano, Leão passou a apoiá-lo decisivamente. O

Tomo foi apresentado novamente em Calcedônia como uma solução proposta para a controvérsia

cristológica que ainda grassava tanto no oriente quanto no ocidente. Desta vez ele foi lido. Os

atos do concílio relatam que "Depois da leitura da citada epístola, os mais reverenciados bispos

gritaram: 'Esta é a fé dos padres, esta é a fé dos apóstolos. Assim cremos todos, assim creem os

ortodoxos. Anátema àquele não acredita. Pedro falou conosco através de Leão. Assim

ensinaram os apóstolos. Piedosamente e verdadeiramente Leão ensinou, assim ensinou Cirilo.

Eterna seja a memória de Cirilo. Leão e Cirilo ensinaram o mesmo, anátema àquele que não

acredita nisso. Esta é a verdadeira fé. Aqueles entre nós que são ortodoxos acreditam nisso.

Esta é a fé dos padres. Por que estas coisas não foram lidas em Éfeso? Estas são as coisas que

Dióscoro escondeu".

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Leão defendia a verdadeira divindade e a verdadeira humanidade da pessoa única e não

dividida de Cristo (a chamada união hipostática) contra heresias que defendiam variações desta

fórmula. Ele abordou o tema em muitos de seus sermões e, através dos anos, desenvolveu ainda

mais seus conceitos originais. Uma ideia central para Leão, à volta da qual ele aprofunda e

explica sua teologia, é a presença de Cristo na Igreja, mais especificamente na doutrina e na

pregação da fé Escrituras, tradições e suas interpretações), na liturgia (sacramentos e

celebrações)), na vida de cada fiel e da Igreja organizada, especialmente quando reunida em

concílio.

Apesar da aceitação do "Tomo", Leão recusou-se firmemente a confirmar as decisões

disciplinares do concílio, que pareciam permitir que Constantinopla adquirisse, na prática, uma

autoridade similar à de Roma, principalmente ao considerar a importância civil de uma cidade

como fator determinante para sua posição eclesiástica; mas ele apoiou fortemente seus decretos

dogmáticos, especialmente quando, depois da ascensão do imperador bizantino Leão I, o Trácio

(457), uma possível acomodação com Eutiques parecia possível.

Leão conseguiu ainda fazer com que um patriarca imperial, Timóteo III de Alexandria,

fosse eleito como patriarca de Alexandria no lugar do copta Timóteo II Eluro depois do

assassinato do ortodoxo grego Protério de Alexandria.

A importância do pontificado de Leão está em sua afirmação da jurisdição universal do

bispo de Roma, expressada em suas epístolas e em suas outras 96 orações sobreviventes. Esta

tese é conhecida geralmente como a doutrina da primazia petrina: de acordo com Leão, diversos

padres da Igreja e algumas interpretações das Escrituras, a Igreja foi construída a partir de Pedro,

de acordo com a chamada "Confissão de Pedro" Mateus 16:16-19. Leão foi proclamado Doutor

da Igreja por Bento XIV em 1754 (Doctor Ecclesiae)

As cartas e sermões de Leão refletem os muitos aspectos de sua carreira e personalidade e

são fontes históricas de valor inestimável. Sua prosa rítmica, chamada de cursus leonicus,

influenciou a linguagem eclesiástica por séculos.

O imperador decretou que nenhum bispo fosse permitido fazer qualquer coisa sem

autorização do "Pai da cidade Eterna. Sendo o estado espiritual foi representado universalmente

pelo bispo de Roma, e o estado secular pelo imperador.

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Os papas que sucederam Leão I foram: Gedásio (492-496); Simaco (498-514) e

Hamindos (514-525). Todos os papas, apesar de serem alguns corruptos, alcançaram

prerrogativas papal. Nos anos de 527 a 565, o imperador Justiniano entrou em conflito com o

papado reivindicando direito de o imperador controlar a religião como departamento de governo.

8. A IGREJA NA IDADE MÉDIA(CATÓLICA) (590 A 1517)

Com a expansão do feudalismo por toda a Europa Medieval, observamos a ascensão de

uma das mais importantes e poderosas instituições desse mesmo período: a Igreja Católica.

Aproveitando-se da expansão do cristianismo, observada durante o fim do Império Romano, a

Igreja alcançou a condição de principal instituição a disseminar e refletir os valores da doutrina

cristã.

Naquela época, logo depois do Primeiro Século, diversas interpretações da doutrina cristã

e outras religiões pagãs se faziam presentes no contexto europeu. Foi através do Concílio de

Niceia, em 325, que se assentaram as bases religiosas e ideológicas da Igreja Católica Apostólica

Romana. Através da centralização de seus princípios e da formulação de uma estrutura

hierárquica, a Igreja teve condições suficientes para alargar o seu campo de influências durante a

Idade Média.

Estabelecida em uma sociedade marcada pelo pensamento religioso, a Igreja esteve nos

mais diferentes extratos da sociedade medieval. A própria organização da sociedade medieval

(dividida em Clero, Nobreza e Servos) era um reflexo da Santíssima Trindade. Além disso, a

vida terrena era desprezada em relação aos benefícios a serem alcançados pela vida nos céus.

Dessa maneira, muitos dos costumes dessa época estavam influenciados pelo dilema da vida

após a morte.

Além de se destacar pela sua presença no campo das ideias, a Igreja também alcançou

grande poder material. Durante a Idade Média ela passou a controlar grande parte dos territórios

feudais, se transformando em importante chave na manutenção e nas decisões do poder

nobiliárquico. A própria exigência do celibato foi um importante mecanismo para que a Igreja

conservasse o seu patrimônio. O crescimento do poder material da Igreja chegou a causar

reações dentro da própria instituição.

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Aqueles que viam na influência político-econômica da Igreja uma ameaça aos princípios

religiosos começaram a se concentrar em ordens religiosas que se abstinham de qualquer tipo de

regalia ou conforto material. Essa cisão nas práticas da Igreja veio subdividir o clero em duas

vertentes: o clero secular, que administrava os bens da Igreja e a representava nas questões

políticas; e o clero regular, composto pelas ordens religiosas mais voltadas às praticas espirituais

e a pregação de valores cristãos.

Sob outro aspecto, a Igreja também teve grande monopólio sob o mundo letrado daquele

período. Exceto os membros da Igreja, pouquíssimas pessoas eram alfabetizadas ou tinham

acesso às obras escritas. Por isso, muitos mosteiros medievais preservavam bibliotecas inteiras

onde grandes obras do Mundo Clássico e Oriental eram preservadas. São Tomás de Aquino e

Santo Agostinho, por exemplo, foram dois membros da Igreja que produziram tratados

filosóficos que dialogavam com os pensadores da Antiguidade.

Mesmo contando com tamanho poder e influência, a Igreja também sofreu com

manifestações dissidentes. Por um lado, as heresias, seitas e ritos pagãos interpretavam o texto

bíblico de forma independente ou não reconheciam o papel sagrado da Igreja. Em 1054, a Cisma

do Oriente marcou uma grande ruptura interna da Igreja, que deu origem à Igreja Bizantina.

Não cabe a nós querer criminalizar ou repudiar a Igreja dos dias de hoje, com base nas

suas ações passadas. As questões e práticas dessa instituição não são exatamente iguais àquelas

encontradas entre os séculos V e XV. Dessa maneira, ao darmos conta do papel desempenhado

por essa instituição religiosa, durante a Idade Média, obtemos uma grande fonte de reflexão sob

tal período histórico.

As constantes guerras de conquistas na Europa Ocidental, no período da Idade Média,

atingiram profundamente a Igreja, que era então mais uma força política do que uma extensão do

Reino de Deus na terra. O papa tornara-se o senhor absoluto da Igreja que se estendia por todo o

território do antigo Império Romano. Aquele que antes dependia só de Deus tornara-se agora um

negócio de homens.

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O declínio moral e espiritual pelo qual passava a Igreja no período da Idade Média

refletia-se em todos os seus aspectos em todos os lugares. Veja, por exemplo, a situação da Igreja

na França, nos séculos VII e VIII, antes de Bonifácio, o missionário inglês, introduzir nela um

pouco de decência e ordem.

A maioria dos sarcedotes era constituída de escravos foragidos ou criminosos que

alcançaram a posição sarcedotal, sem qualquer ordenação. Seus bispados eram considerados

como propriedades particulares e abertamente vendidos a quem oferecesse mais.

O acerbispo de Ruão não sabia ler; seu irmão de Treves, nunca fora ordenado.

Embriagues e adultério eram os menores vícios de tal credo que havia apodrecido até a medula.

Não há nenhum exagero em dizer que por toda Europa, o numero de sarcedotes

envolvidos com escândalo era bem maior que os de vida honesta. Não somente prevalecia a

ignorância e o abandono de seus deveres para com as paróquias aos seus cuidados; tais

sarcedotes eram acusados de roubo e venda dos ofícios. O próprio papado, por mais de 150 anos,

a partir de 890, foi alvo de atos altamente vergonhoso e vis.

9. PRIMEIROS SETE CONCÍLIOS ECUMÊNICOS

Na história do cristianismo, os primeiros sete concílios ecumênicos, começando no

Primeiro Concilio de Nicéia em 325 e terminando no Segundo Concilio de Niceia em 787 são os

concílios ecumênicos que representam, quando vistos em conjunto, a tentativa de alcançar

alguma forma de consenso ortodoxo para se estabelecer uma cristandade unida para suportar a

igreja estatal do Império Romano. O Grande Cisma do Oriente, ocorrido formalmente em 1054,

mas cujas raízes são muito mais antigas, ainda estava a três séculos no futuro em 787, mas já na

época as grandes sés ocidentais, embora ainda estivessem formalmente em plena comunhão com

a igreja estatal do Império Bizantino, estavam todas fora do território imperial e o papa coroaria

Carlos Magno imperador do ocidente apenas treze anos depois.

Igrejas ortodoxas, católicas e anglicanas reivindicam a sucessão de seu clero - através da

chamada sucessão apostólica - até este período ou até antes, ao cristianismo promitivo (pré-

niceno). Porém, rupturas que persistem ainda hoje já ocorriam na época.

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A História Geral da Igreja

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A Igreja do Oriente aceitou os dois primeiros dos sete concílios, mas rejeitou o terceiro, o

Primeiro Concilio de Efeso (431). O Concílio Quinissexto (692), que tentou estabelecer a

pentaquia e que não é geralmente contado como um dos sete concílios ecumênicos, não é aceito

pela Igreja Católica Romana, que também considera terem havido muitos outros concílios

ecumênicos depois dos sete primeiros.

O período começa com o Primeiro Concílio de Niceia, que enunciou o "credo niceno"

que, em sua forma original e na modificada pelo Primeiro Concilio de Constantinopla em 381,

era a pedra fundamental da ortodoxia na doutrina da Trindade. Neste ponto, embora os

imperadores já não mais morassem em Roma, a igreja da cidade era vista como a primeira entre

igrejas iguais. Em 330. Constantino construiu sua "Nova Roma", que ficou conhecida como

Constantinopla, no oriente. Todos os sete concílios foram realizados neste "oriente",

especificamente nos primeiros centros cristãos da Anatólia e na própria capital imperial.

O primeiro acadêmico a considerar este período como um conjunto foi Philip Schaff, que

escreveu "Os Sete Concílios Ecumênicos da Igreja Não-Dividida", publicado pela primeira vez

depois da sua morte em 1901. O tema é de particular interesse para os proponentes da paleo-

ortodoxia que buscam recuperar a doutrina da igreja anterior aos grandes cismas.

10. OS CONCÍLIOS GERAIS DA IGREJA

Em síntese: "Concílio Geral" ou "Ecumênico" é a reunião dos bispos do mundo inteiro

sob a presidência do Papa ou de seus legados, tendo em vista definir ou esclarecer algum tema

debatido. Ecumênico, no caso, quer dizer, "universal"; vem do grego (ge) oikoumene (a terra

habitada, o mundo inteiro).

Percorrer a história dos Concílios é fazer uma síntese da história da Igreja. Eis a

sequência:

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Concílio de Nicéia I (325)

O primeiro Concílio Ecumênico foi o de Nicéia I, reunido de 26/05 a 25/07/325.

Desde o século II, os cristãos voltaram a sua atenção para as verdades da fé reveladas

pelo Evangelho, procurando penetrar-lhes o sentido. Sem dúvida, uma das que mais se

impunham à reflexão dos fiéis, era a questão do relacionamento de Jesus Cristo com Deus Pai ou

com o único Deus (revelado no Antigo Testamento): seria Jesus realmente Deus ou apenas

criatura?

Após correntes que concebiam Jesus como inferior ao Pai, o presbítero Ario de

Alexandria em 312 começou a ensinar que o Logos (ou o Filho) era, como criatura, subordinado

ao Pai; daí os nomes de sua escola: arianismo ou subordinacionismo.

O Imperador Constantino, que concedera a paz aos cristãos mediante o Edito de Milão em

313, quis contribuir para a solução da controvérsia teológica assim originada, convocando um

Concílio universal para Nicéia (Ásia Menor) em 325. O Papa S. Silvestre, idoso como era, fez-se

representar na assembleia, dando-lhe a autoridade legítima. Os padres conciliares, após

acalorados debates,

1) definiram que o Filho de Deus é consubstancial ou co-essencial (homoousios) ao Pai - o que

significa que não é criado, mas compartilha a essência do Pai (ou a Divindade). Esta verdade foi

expressa no Símbolo de Nicéia;

2) fixaram a data da Páscoa, que seria celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia

da primavera do hemisfério Norte;

3) estabeleceram a ordem de dignidade dos Patriarcados: Roma, Alexandria, Antioquia,

Jerusalém.

O Papa S. Silvestre confirmou as decisões do Concílio.

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10.1. Concílio de Constantinopla I (381)

Após a controvérsia sobre a divindade do Logos, os cristãos se voltaram para a do

Espírito Santo: houve quem professasse ser o Espírito Santo mera criatura. O arauto principal

desta tese foi Macedônio, bispo de Constantinopla; donde o nome de Macedonismo ou Pneuma-

tomaquismo que lhe foi dado. O Imperador Teodósio (379-395), zeloso da reta fé, houve por bem

convocar novo Concílio Ecumênico, desta vez para Constantinopla. Esta assembleia reuniu-se de

maio a julho de 381. Firmou três decisões principais:

1) O Espírito Santo é Deus, da mesma substância e essência que o Pai e o Filho. Em

consequência, o Símbolo da fé Niceno foi completado com as palavras:

"Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, que é adorado e

glorificado com o Pai e o Filho e que falou pelos Profetas".

2) Foram condenados todos os defensores do arianismo sob qualquer das suas modalidades.

3) À sede de Constantinopla ou Bizâncio foi atribuída uma preeminência sobre as demais logo

após a de Roma, pois Bizâncio era considerada "a segunda Roma".

O Concílio de Constantinopla I não contou com a presença do Papa ou de algum legado

deste. Todavia foi reconhecido explicitamente pela Sé de Roma a partir do século VI, no que

concerne às suas proposições de fé (divindade do Filho e do Espírito Santo).

10.2. Concílio de Éfeso (431)

Após o estudo da Trindade, os cristãos se detiveram sobre Jesus Cristo: como poderia ser

Deus e homem ao mesmo tempo?

Levando adiante ideias de autores anteriores, Nestório, bispo de Constantinopla, pôs-se a

combater o título Theotókos, Mãe de Deus, que os cristãos desde o século III atribuíam a Maria .

Tal título significava que em Jesus havia uma só pessoa - a divina -, que, além de possuir tudo o

que Deus possui, dispunha de verdadeira natureza humana. Para Nestório, a humanidade de Jesus

seria apenas o templo ou o revestimento do Filho de Deus; a divindade teria passado por Maria,

mas não nascera de Maria, o que implicava uma pessoa humana em Jesus distinta da segunda

pessoa da SS. Trindade.

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Tal doutrina causou celeuma entre os cristãos, de modo que o Imperador Teodósio II (408-

450) convocou um Concílio Ecumênico a se realizar em Éfeso (Ásia Menor) de junho a setembro

de 431. O Papa S. Celestino I (422-432) fez-se representar por S. Cirilo de Alexandria. O

Concílio de Éfeso,

1) Condenou e depôs Nestório, rejeitando a sua doutrina. Não elaborou fórmula de fé, mas

aprovou a segunda carta de Cirilo a Nestório e confirmou o título Theotókos;

2) Condenou o pelagianismo (doutrina excessivamente otimista no tocante à natureza humana)

e o messalianismo (corrente de espiritualidade que apregoava a total apatia ou uma Moral

indiferentista).

3) O Papa Celestino I confirmou as decisões do Concílio de Éfeso.

10.3. Concílio de Calcedônia (451)

O pensamento teológico, tendo superado o Nestorianismo (que cindia Jesus Cristo,

atribuindo-lhe dois eu ou duas pessoas), esteve sujeito a movimento pendular. A tese da

ortodoxia, que rejeitava a dualidade de pessoas, foi exageradamente enfatizada no chamado

"monofisismo" ou "monofisitismo". Com efeito, Êutiques de Constantinopla, adversário de

Nestório e seguidor de S. Cirilo, ultrapassou o seu mestre, ensinando o seguinte: em Cristo, não

havia apenas uma só pessoa (um só eu), mas havia também uma só natureza, visto que a natureza

divina absorvera a humana.

Tal posição suscitou ardente controvérsia, pois se lhe opunham Teodoreto de Ciro,

Domno de Antioquia e o próprio Papa Leão I (440-461).

O Imperador Marciano (450-457) convocou então um Concílio Ecumênico para Éfeso, o

qual, iniciado nesta cidade, foi transferido para Calcedônia (junto a Constantinopla); durou de 8

de outubro a novembro de 451. Leão Magno, Papa, enviou seus legados, assim como uma carta

que definia a doutrina ortodoxa: em Cristo há uma só pessoa, mas duas naturezas (a divina e a

humana) não confundidas entre si. Tal doutrina foi aclamada pelos padres conciliares, que

condenaram Êutiques e o monofisismo aos 25/10/451.

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A História Geral da Igreja

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O Concílio de Calcedônia também se voltou para questões disciplinares, condenando a

simonia, os casamentos mistos e proibindo as ordenações absolutas (isto é, realizadas sem que o

novo clérigo tivesse determinada função pastoral).

Em seu famoso cânon 28, o Concílio reconheceu à sé de Constantinopla, a cidade

imperial, os mesmos privilégios que à de Roma. O Papa Leão Magno recusou-se a aprovar este

cânon, visto que Roma é a sede dos Apóstolos Pedro e Paulo, ao passo que Constantinopla não

foi sede de Apóstolo, mas derivava sua importância do simples fato de ser sede do Imperador.

10.4. Concílio de Constantinopla II (553)

O Concílio de Calcedônia não conseguiu pôr termo às controvérsias cristológicas. Em

527 subiu ao trono imperial de Bizâncio Justiniano I, que muito se interessava por assuntos

teológicos; em consequência, julgou que serviria à causa da verdade e da Igreja se condenasse

três autores do século V tidos como nestorianos: Teodoro de Mopsuéstia, Teodoreto de Ciro e

Ibas de Edessa. Originou-se assim a controvérsia dos Três Capítulos, visto que os bispos

orientais e ocidentais assumiram atitudes diversas diante da posição de Justiniano. Este

constrangeu o Papa Vigílio a ir de Roma a Constantinopla para apoiar o Imperador. Finalmente

Justiniano resolveu convocar um Concílio Ecumênico para dirimir a controvérsia. Este, reunido

em Constantinopla a 2/06/553, condenou os Três Capítulos. O Papa Vigílio aprovou tal

condenação depois de proclamada pelo Concílio, dando assim foros de legitimidade tanto ao

Concílio de Constantinopla II quanto ao seu decreto condenatório.

O Papa Gregório I, em 591, confirmou o mencionado Concílio, que foi fortemente

agitado por causa da indevida ingerência do Imperador.

10.5. Concílio de Constantinopla III (680/1)

O monofisitismo, que não se extinguiu após o Concílio de Calcedônia, assumiu nova

forma (assaz sutil) chamada monotelitismo. Este ensinava que em Cristo havia uma só vontade (a

divina) e um só princípio de atividade ou energia (o divino) - o que redundaria em unidade de

natureza ou monofisismo. O protagonista desta tese era o Patriarca Sérgio de Constantinopla, ao

qual se opunha Sofrônio de Jerusalém.

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A História Geral da Igreja

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A disputa suscitou, da parte do Imperador Constantino IV Pogonato (668-685), a

convocação de bispos, inclusive legados papais, para Constantinopla; assim teve origem mais um

Concílio Ecumênico (7/11/680 a 16/09/681). O monotelitismo foi então condenado e afirmou-se

a existência, em Cristo, de duas vontades (a divina e a humana) moralmente unidas entre si, e de

dois princípios de atividade.

Os Papas Agatão (678-681) e São Leão II (682-683) confirmaram as sentenças do

Concílio.

10.6. Concílio de Nicéia II (787)

O Concílio de Constantinopla III encerrou a série de controvérsias teológicas sobre Jesus

Cristo, sua Divindade e sua humanidade; os pontos essenciais referentes à Trindade e à

Encarnação do Filho estavam definidos. Todavia os teólogos não cessaram de estudar as

verdades da fé. Novo motivo de disputas veio a ser o uso de imagens nas igrejas, dando ocasião à

controvérsia iconoclasta.

Desde os primeiros séculos os cristãos costumavam pintar e esculpir as figuras de Cristo e

dos santos, não a fim de adorá-las, mas no intuito de melhor poder voltar sua atenção para o

Senhor e seus irmãos mártires ou confessores da fé. Todavia, sob a influência do judaísmo e do

islamismo, houve cristãos no século VIII que se puseram a combater o uso das imagens; os

Imperadores Leão III o Isáurico (717-741), Constantino V Coprônimo (741-775), Leão IV (775-

780) favoreceram o iconoclasmo. O principal defensor das imagens foi João Damasceno (+749),

que, juntamente com outros cristãos, padeceu árdua perseguição por causa de sua fidelidade à

Tradição cristã. Morto Leão IV, a rainha-mãe regente, que patrocinava o culto das imagens,

resolveu, de comum acordo com o Papa Adriano I (772-795), convocar um Concílio Ecumênico

para Nicéia. Este realizou-se de 24/09 a 23/10/787; foi então lida a carta do Papa ao Patriarca

Tarásio de Constantinopla e a Irene em favor das imagens; o Concílio declarou outrossim que

reconhecia a intercessão de Maria, dos anjos e dos santos, assim como o culto da Cruz e das

imagens; tal, culto seria relativo ao Senhor Jesus e aos santos, de modo tal que ao primeiro (Jesus

Cristo) se prestaria adoração e aos santos veneração.

Após o Concílio, a luta ainda continuou, salientando-se então o patriarca Nicéforo de

Constantinopla e o monge Teodoro Studita como defensores das imagens.

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A História Geral da Igreja

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No Ocidente o Imperador Carlos Magno (800-814) mostrou-se propício ao iconoclasmo,

o que não teve graves consequências na vida do povo cristão.

10.7. Concílio de Constantinopla IV (869/870)

A exposição até aqui mostra como os cristãos orientais eram propensos a discussões

teológicas, às vezes de índole sutil. Tais controvérsias punham não raro o Oriente em confronto

com o Ocidente, especialmente com a sé de Roma, onde havia menos acume dialético.

As tensões foram, a partir de 859, alimentadas pela atitude do patriarca Fócio de

Constantinopla. Este em 867 reuniu um Sínodo em Constantinopla, que, sob a inspiração de

Fócio, proferiu a condenação da sé de Roma. Então o Papa Adriano II (867-872) e o Imperador

Basílio I (867-886) entenderam-se sobre a convocação de um Concílio Ecumênico, que teve

lugar em Constantinopla de 5/10/869 a 28/02/870; os padres conciliares assinaram um

documento que prescrevia a todos a submissão à Igreja de Roma, "na qual a fé sempre se

conservou sem mancha". Fócio foi condenado por fomentar o cisma. O Concílio reafirmou

outrossim a ordem de precedência das cátedras patriarcais: Roma, Constantinopla, Alexandria,

Antioquia, Jerusalém.

O culto das imagens foi confirmado.

O Papa Adriano II aprovou as decisões do Concílio.

10.8. Concílio de Latrão I (1123)

Com o Concílio de Constantinopla IV termina a série dos Concílios Ecumênicos

realizados no Oriente. Em 1054 deu-se o cisma de Constantinopla, que perdura até hoje

(excetuados breves períodos de reatamento). De então por diante, os Concílios Ecumênicos serão

todos celebrados no Ocidente.

Nos séculos X e XI, a Igreja latina sofreu do mal da ingerência do poder político na

distribuição dos bispados; os Imperadores e os senhores feudais queriam nomear os prelados de

acordo com os seus interesses políticos, praticando assim o que se chama "a investidura leiga"; à

autoridade eclesiástica tocaria apenas dar a ordem sacra ao candidato designado exclusivamente

pelo poder civil.

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A História Geral da Igreja

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Como se compreende, desta prática resultavam bispos sem vocação pastoral e,

consequentemente, o clero se ressentia de relaxamento da respectiva disciplina; havia outrossim

simonia e nicolaismo). Em Roma, a própria cátedra de Pedro era cobiçada pelas famílias nobres

da cidade e das redondezas, que tentavam impor-lhe os seus favoritos.

Com o Papa Gregório VII (1073-85) começou a forte réplica da Igreja a tal situação ou a

luta do sacerdócio e do Império, que redundaria em fortalecimento do Papado. Em 1122 o Papa

Calixto II (1119-1124) e o Imperador Henrique V assinaram a Concordata de Worms, que

assegurava à Igreja plena liberdade na escolha e ordenação de seus bispos. Tal resultado foi

promulgado pelo Concílio do Latrão I, convocado pelo Papa Calixto II para Roma e celebrado de

18/03 a 16/04/1123 por cerca de trezentos bispos e abades.

Os cânones definidos pelo Concílio versavam todos sobre a disciplina eclesiástica. Com

efeito, voltaram-se contra a simonia, o nicolaismo e proibiram a ordenação de bispos que não

tivessem sido escolhidos canonicamente.

Em particular no tocante ao celibato sacerdotal, note-se que desde os primeiros séculos

foi abraçado espontaneamente pelos clérigos; o Concílio de Elvira (Espanha), por volta de 306,

foi o primeiro a promulgar tal praxe em âmbito regional; no decorrer dos séculos subsequentes

Concílios regionais confirmaram o celibato dos clérigos. O Concílio do Latrão I não criou a lei

do celibato, mas apenas corroborou a legislação vigente nas diversas regiões da Igreja, usando os

seguintes termos:

"Proibimos expressamente aos presbíteros, diáconos e subdiáconos viver com concubinas

e esposas como coabitar com outras mulheres; excetuam-se apenas aquelas com as quais o

Concílio de Nicéia permitiu habitar unicamente por motivo de necessidade, a saber: mãe, irmã,

tia paterna e outras a respeito das quais não pode haver suspeita".

As decisões do Concílio do Latrão I foram confirmadas pelo Papa Calixto II.

10.9. Concílio de Latrão II (1139)

Este dista do anterior apenas dezesseis anos. Foi convocado pelo Papa Inocêncio II (1130-

1143) para reafirmar a unidade e a disciplina da Igreja após o cisma do antipapa Anacleto II. Na

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A História Geral da Igreja

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verdade, em 1130, quando morreu o Papa Honório II, foi eleito o Papa legítimo Inocêncio II;

todavia uma facção elegeu ilegitimamente Pedro de Leão como antipapa Anacleto II. Este

conseguiu prevalecer em Roma - o que levou Inocêncio II a deixar a cidade eterna. São

Bernardo, tendo reconhecido Inocêncio como Pontífice legítimo, moveu reis, nobres e todo o

povo de Deus a apoiarem o Papa. Este conseguiu voltar a Roma em 1133; finalmente, Anacleto

faleceu aos 25/01/1138. Foi então que Inocêncio, desejoso de consolidar a unidade da Igreja,

reuniu mais de quinhentos bispos e abades no Concílio do Latrão II, de 4 a 30/04/1139. Esta

assembleia corroborou os cânones dos Concílios regionais anteriores, proibindo a simonía e o

nicolaísmo; aos clérigos vetou outrossim o exercício da medicina e da advocacia. Rejeitou a

usura ou os juros; quem cedesse a esta prática, seria tido como infame.

Os decretos do Concílio foram confirmados por Inocêncio II.

10.10. Concílio de Latrão III (1179)

A luta da Igreja medieval contra os Imperadores, de um lado, e contra males internos, de

outro lado, prosseguiu mesmo após os Concílios anteriores.

Alexandre III teve um pontificado longo (de 1159 a 1181), durante o qual quatro

antipapas se sucederam por instigação dos Imperadores germânicos, especialmente de Frederico I

Barbarroxa (1152-1190). Eram Vitor IV (1159-64), Pascoal III (1164-68), Calisto III (1168-78),

Inocêncio III (1178-80). Durante o mesmo pontificado agravou-se o movimento dos Cátaros ou

albigenses, hereges dualistas, que assolavam regiões do Norte da Itália e do Sul da França.

No final do seu pontificado Alexandre III quis reunir um Concílio Ecumênico para tomar

as providências exigidas pelas circunstâncias. Tal assembleia se reuniu na basílica do Latrão de 5

a 19 de março de 1179. Entre outras medidas promulgadas então, destacam-se,

a regulamentação das eleições papais; doravante seriam exigidos 2/3 dos votos, ficando

excluído qualquer recurso a autoridades leigas para dirimir dúvidas oriundas no processo

eleitoral;

rejeição do acúmulo de benefícios ou funções dentro da Igreja por parte de uma só pessoa;

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A História Geral da Igreja

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recomendação da disciplina da Regra aos monges e aos cavaleiros regulares, que interferiam

indevidamente no governo da Igreja;

promoção e organização do ensino, em favor de estudantes que não pudessem pagar seus

mestres;

condenação das heresias da época, que tinham um fundo dualista (catarismo) ou de pobreza

mal entendida (a Pattária, o movimento dos Pobres de Lião ou Valdenses).

O Papa Alexandre III confirmou as decisões do Concílio.

10.11. Concílio de Latrão IV (1215)

O pontificado de Inocêncio III (1198-1216) representa o apogeu do prestígio papal em

toda a história da Igreja.

Ao termo da sua gestão, marcada, entre outras coisas, pelo surto das Ordens mendicantes,

pelo combate aos albigenses, pela intervenção em questões da Igreja da Inglaterra..., Inocêncio

III quis reunir um Concílio Ecumênico. Convocado desde 19/04/1213 para abrir-se a 17/11/1215,

o Concílio teve sua primeira sessão aos 11/11/1215, com a presença de 412 bispos, 800 abades e

Superiores de Ordens Religiosas, embaixadores de reis e nobres, que perfaziam uma bela

imagem da grandeza da Igreja governada por Inocêncio. O Concílio decretou,

a condenação dos albigenses e valdenses, assim como a dos erros de Joaquim de Fiore, que

esperava o fim do mundo para breve, apoiando-se em falsa exegese bíblica; o Concílio

professou a existência dos demônios como sendo anjos bons que abusaram do seu livre

arbítrio pecando;

a realização de mais uma cruzada para libertar o Santo Sepulcro de Cristo, que se achava nas

mãos dos muçulmanos;

a profissão de fé na Eucaristia, tendo sido usada a palavra "transsubstanciaação"

a obrigação da confissão e da comunhão anuais"

O Concílio legislou aindaa sobre vários pontos da disciplina e da Lirtugia da Igreja,

abragendo ampla área da vida eclesial. Aprovada pelo Papa Inocêncio III, é o mais importante

dos Concílios Ecumentos realizados no Ocidente antes do de Trento.

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10.12. Concílio de Lião I (1245)

Ao grande Papa Inocêncio III sucederam-se Honório III (1216-1227), Gregório IX (1227-

1241), Celestino IV (1241); Inocência IV (1243-1254). Este periodo foi, sem duvida, glorioso

para o Papado, mas caracterizou-se pela recrudescencia da luta entre o Sarcedote e o Império. Na

Alemanha. o Imperador Frederico II (1215-1250) foi pessoa marcante; afilhado do Papa

Inocêncio III, teve uma corte de soberano oriental ou sultão, dada ao luxo desenfreado e um tanto

recoberta pelo véu do mistério.

Inocêncio IV, sentindo-se inseguro em Roma, transferiu sua residencia para Lião na

França, onde poderia contar com a tutela do rei Luis IX. Lá o Papa quis reunir os bispos da Igreja

univeersal para considerar o procedimento do Imperador, as invasões dos árabes e dos mongóis

no Oriente e a reunião dos cristãos gregos com os latinos. O Concílo durou de 28?06 a

17?07?1245, limitando-se quase unicamente ao ouvir o depoimento de Tadeu de Suessa,

delegado do Imperador; após o que o monarca foi excomungado.

10.13. Concilio de Lião II (1274)

Após Frederico II a luta entre o Sarcedote e Império declinou-o que levou Gregório X

(1271-1276), um santo Pontifice, a procurar o reatamento de cristãos bizantinos e ocidentais.

Para tanto, escreveu ai Imperador Miguél VIII o Paleólogo, de

Constantinopla, mostrando-lhe que a reunião de todos os cristãos fortaleceria a presença dos

mesmos no Oriente. O Imperador Miguel mostrou-se disposto a aceitar a união com Roma,

apesar dos protestos de dignitários da corte bizantina. Por isto, enviou legados a Lião, aonde o

Papa convocara todos os bispos da Igreja. O Concílio durou de 7/05 a 17/07/1274. Conseguiu

realmente a reunião de latinos e bizantinos sob o primado do Papa.

Afim de evitar as constantes intervenções políticas de Imperadores e nobres na eleição

dos Papas, o Concílio promulgou novas medidas para garantir a liberdade dos eleitores, entre as

quais a prescrição de permanecerem em local fechado a chave ou conclave.

O Papa Gregório X abriu e encerrou o Concílio, dando plena aprovação aos seus atos.

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10.14. Concílio de Viena-França (1311-12)

O Papa Clemente V (1305-1314) teve que enfrentar o rei da França Filipe IV o Belo, que

representava, na época, o surto do absolutismo dos monarcas independentes do Sacro Império

Romano.

O rei cobiçava os bens da Ordem dos Templários. Esta era constituída por cavaleiros que,

mediante votos religiosos, se consagravam a Deus e se comprometiam a defender os peregrinos

da Terra Santa. No fim do século XIII os Templários haviam perdido a sua finalidade específica

de cavaleiros; enriquecidos por doações, começaram a provocar a ambição do rei. Este então pôs-

se a pressionar o Papa, levando-lhe acusações contra os Templários, a fim de obter a extinção da

Ordem. Clemente V, não querendo assumir a sós a responsabilidade de tal atitude, convocou para

16 de outubro de 1311 o Concílio Ecumênico de Viena (França); o local se deve ao fato de que

os Papas residiam em Avinhão desde 1305. –A assembleia se reuniu até 6/05/1312. Acabou

cedendo às instâncias da situação criada pelo rei, declarando supressa a Ordem dos Templários.

Estiveram na pauta conciliar também os Franciscanos, dos quais uma corrente, dita "dos

Espirituais", alimentava ideias exageradas ou mesmo heréticas sobre a maneira de viver a

pobreza. O franciscano Pedro Olivi foi outrossim condenado por sua doutrina, que admitia no ser

humano elementos intermediários entre a alma e o corpo.

O Papa Clemente V confirmou as decisões do Concílio.

10.15. Concílio de Constança (1417)

A crescente ingerência da França na história do Papado levou não somente ao exílio de

Avinhão (1305-1378), já mencionado anteriormente, mas também ao Grande Cisma do Ocidente.

Com efeito, quando o Papado voltou a fixar residência em Roma no ano de 1378, o primeiro

conclave realizado na Cidade Eterna elegeu o Papa Urbano VI (1378-89), ao qual um grupo de

Cardeais, influenciado pelo rei da França, opôs o antipapa Clemente VII (1378-94), que ocupou a

sede de Avinhão. Houve então, daí por diante, duas obediências na Igreja: a de Roma, autêntica,

e a de Avinhão, espúria. Desejosos de remediar a este mal, vários Cardeais e bispos se reuniram

em Pisa num "pseudo-Concílio ecumênico" de 1409; declararam depostos o Papa e o antipapa e

elegeram Alexandre V, que se tornou o segundo antipapa, com sede em Pisa.

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A situação perplexa assim oriunda foi superada aos poucos pela intervenção do Imperador

Sigismundo (1410-37). Este resolveu convocar um Concílio para Constança em 1414. Tal

assembleia não era legítima, pois se reunia sem a aquiescência do Papa ou do bispo de Roma; os

bispos e teólogos reunidos começaram por afirmar o conciliarismo ou declarar (ilegitimamente) a

supremacia do Concílio Ecumênico sobre o Papa, de tal modo que o Romano Pontífice deveria

submeter-se às decisões do Concílio. Em consequência, depuseram o antipapa João XXIII.

Quanto a Gregório XII, o Papa legítimo, resolveu convocar os Padres Sinodais reunidos em

Constança, para que doravante pudessem constituir autêntico Concílio Ecumênico; tendo os

referidos bispos aceito o mandato, Gregório XII renunciou às funções papais, de modo que a

cátedra de Pedro ficou vacante. Por sua vez, Bento XIII, o antipapa residente na Catalunha, foi

deposto pelo Concílio. - Estava assim aberta a via para a legítima eleição do sucessor de

Gregório XII. O novo Papa foi finalmente escolhido aos 11/11/1417 com o nome de Martinho V.

O Concílio de Constança só se tornou legítimo a partir da sua 36a. sessão, ou seja, depois

que Gregório XII lhe conferiu autoridade para agir. Donde se vê que a apologia de conciliarismo

feita anteriormente não tem valor teológico ou jurídico. Após a eleição de Martinho V, os padres

conciliares ainda condenaram a doutrina de João Wiclef, João Hus e Jerônimo de Praga, que

eram precursores de Lutero. Tomaram medidas relativas à disciplina do clero e estipularam que

periodicamente se realizariam Concílios Ecumênicos para atender ao governo da Igreja.

10.16. Concílio de Ferrara-Florença (1438-1445)

Martinho V, desejoso de continuar a obra dos Concílios anteriores, convocou um

Concílio Ecumênico para Basiléia (Suíça) em 1431. Eis, porém, que os padres em Basiléia

reafirmaram o conciliarismo, rejeitado anteriormente - o que provocou conflitos entre a

assembleia de Basiléia e o sucessor de Martinho V, que era Eugênio IV. Em consequência, este

Papa resolveu dissolver o Concílio de Basiléia e convocar outro para Ferrara em 1438; esta

assembleia teria por principal objetivo promover a reunião de gregos e latinos.

O Concílio de Ferrara, aberto aos 10/01/1438, contou com a presença do Imperador

bizantino João o Paleologo e de sua comitiva. Desabonou as resoluções do Concílio de Basiléia.

A peste tendo surgido em Ferrara, o Papa Eugênio IV transferiu a assembleia para Florença. O

tema principal dos estudos foi a extinção do cisma: após prolongadas conversações, os

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conciliares puseram-se de acordo sobre os pontos teológicos e disciplinares controvertidos, o que

deu ensejo à Bula Laetentur caeli de 06/07/1439. Também voltaram à unidade da Igreja cristãos

monofisitas (coptas, etíopes e armênios).

Em fins de 1442, já tendo partido os gregos, o Papa transferiu o Concílio para Roma.

Nesta cidade, ainda voltaram à unidade da Igreja os monofisitas da Mesopotâmia, alguns grupos

de nestorianos (caldeus) e de maronitas (monotelitas) da ilha de Chipre.

Infelizmente, a união com Bizâncio foi efêmera, pois os prelados do Patriarcado de

Constantinopla se recusaram a aceitá-la.

10.17. Concílio do Latrão V (1512-1517)

A vida da Igreja, após o Concílio de Ferrara-Florença, viu-se agitada por causas diversas:

persistência de correntes conciliaristas, que eram fomentadas pelos monarcas desejosos de criar

Igrejas nacionais independentes de Roma...; além do que, havia necessidade de sérias medidas

disciplinares.

Diante disto, o Papa Júlio II convocou mais um Concílio Ecumênico, que foi inaugurado

aos 03/05/1512 e só se encerrou aos 16/03/1517 sob o pontificado do Papa Leão X. Condenou a

Pragmática Sanção de Bourges, declaração que favorecia a criação de uma Igreja Nacional de

França. Com isto o conciliarismo foi mais uma vez rejeitado. Em lugar de tal documento, a Santa

Sé e a França assinaram uma Concordata que regulamentava as relações entre os dois Estados.

No setor doutrinário, o Concílio tomou posição de grande importância, condenando a tese

segundo a qual a alma humana é uma só para todos os homens; tal tese, segundo o seu autor

Pietro Pomponazzi, seria verídica no plano filosófico, ainda que falsa no plano teológico. -

Foram outrossim tomadas medidas disciplinares relativas ao clero (seus estudos e sua formação)

e à pregação; exigiu-se o Imprimatur para livros que versassem sobre fé ou teologia; seria

queimado todo livro não munido da devida permissão.

Infelizmente, as resoluções do Concílio, oportunas como eram, não encontraram eco nos

diversos países católicos, pois o clima da época, bafejado por cultura pagã, dificultava uma séria

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e profunda conversão dos cristãos. Como quer que seja, o Concílio do Latrão V preparou a

grande Reforma da Igreja, promulgada pelo de Trento.

10.18. Concílio de Trento (1545-47, 1551-52, 1562-63)

Este foi o mais importante Concílio de toda a história, importância esta que se explica

pela problemática que enfrentou (a Reforma protestante) e as soluções que adotou.

Pouco depois de lançar o seu brado de protesto contra a Igreja em 1517, Lutero apelou

para a realização de um Concílio Ecumênico que considerasse os pontos por ele lançados em

rosto à Igreja.

Todavia este apelo só começou a encontrar resposta sob o pontificado de Paulo III (1534-

1549). As razões do adiamento eram várias: o Papa Leão X não deu grande importância ao gesto

de Lutero; além disto, havia certa resistência, da parte dos clérigos, a uma reforma dos costumes

na Igreja; ademais a situação geral da Europa era de agitação política.

Foi precisamente a agitação religiosa e política da Europa que cindiu a realização do

Concílio em três etapas na cidade de Trento:

A primeira fase (1545-47) definiu mais uma vez o cânon da S. Escritura e declarou a

Vulgata latina isenta de erros teológicos. Abordou as questões discutidas sobre o pecado original,

a justificação, os sacramentos, a residência dos bispos nas respectivas dioceses. A peste tendo

começado a grassar em Trento, o Papa transferiu o Concílio para Bolonha. O Imperador Carlos V

tendo-se oposto a esta determinação, foi necessário suspender o Concílio.

A segunda fase continuou em Trento (1551-52) sob o Papa Júlio III (1550-55).

Promulgou longa exposição e cânones sobre a Eucaristia (presença real, transubstanciação,

culto...). Algo de semelhante ocorreu no tocante ao sacramento da Penitência (necessidade, partes

essenciais, satisfação) e ao da Unção dos Enfermos (origem, efeitos, ministro, sujeito...). O

Concílio, aos 28/04/1552, foi mais uma vez suspenso por motivo de pressões políticas.

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O Papa Pio IV (1159-1565) reabriu o Concílio aos 18/01/1562. Esta terceira fase

reafirmou as verdades referentes ao S. Sacrifício da Missa, aos sacramentos da Ordem, do

Matrimônio, ao purgatório, à invocação dos santos, às imagens e às indulgências. Promulgou

também resoluções a respeito dos Religiosos e das monjas.

Pela Bula Benedictus Deus (26/01/1564) Pio IV confirmou todos os textos conciliares,

dando por encerrado o Concílio, que havia de marcar profundamente o catolicismo dos tempos

modernos.

10.19. Concílio do Vaticano I (1869-70)

Após o Concílio de Trento, a tendência ao esfacelamento dos valores da Idade Média

mais e mais se fez sentir. A Revolução Francesa (1789) significou o brado da razão e do

nacionalismo contra a fé. Seguiu-se o século XIX, que foi marcado pelo materialismo e o ateísmo

fora da Igreja, e dentro da Igreja pelos ecos das tendências conciliaristas e do separatismo, que

solapavam a autoridade papal e a unidade da Igreja. Foram estes fatores que induziram o Papa

Pio IX (1846-78), aconselhado por eminentes figuras do episcopado e do laicato católicos, a

convocar o 20° Concílio Ecumênico para o Vaticano. A grande assembleia de 764 padres

conciliares se reuniu de 8/12/1869 a 20/10/1870, tendo por objetivo fazer frente ao racionalismo

do século XIX, como o Concílio de Trento fizera frente ao protestantismo do século XVI.

Infelizmente o Concílio foi suspenso (não encerrado, porém) prematuramente por causa

do início da guerra franco-alemã em setembro de 1870. Promulgou, porém, duas Constituições

Dogmáticas de real importância:

uma, a Dei Filius, sobre a fé católica ensina que Deus se revela através da criação como

também através de Jesus Cristo; por conseguinte, pode ser reconhecido tanto pela razão

como pela fé, as quais não podem estar em desacordo entre si;

a outra, a Pastor Aeternus, referente à Igreja, definiu a infalibilidade do Pontífice Romano

quando fala ex cathedra sobre assuntos de fé e de Moral.

O Concílio trataria também dos bispos e dos demais membros da Igreja se não tivesse

sido interrompido abruptamente. Tal tarefa haveria de ser a do Concílio do Vaticano II.

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10.20. Concílio do Vaticano II (1962-65)

Como dito, o Concílio do Vaticano I ficou incompleto, deixando em suspenso diversas

questões teológicas e pastorais.

Os Papas desde São Pio X (1903-14) pensaram em reativar os trabalhos do Concílio;

todavia as circunstâncias não favoreciam tarefa de tal envergadura. Foi a coragem do idoso Papa

João XXIII (1958-63) que convocou o 21° Concílio Ecumênico da história aos 25/01/1961. Este

certame foi inaugurado aos 11/10/1962 sob João XXIII, e encerrado aos 7/12/1965, sob o Papa

Paulo VI.Tinha em mira, de modo geral, realizar o aggiornamento ou a atualização da Igreja

numa época em que os costumes e as mentalidades evoluem com rapidez surpreendente. O

alcance deste Concílio foi enorme: sem perder o contato com a Tradição, os padres conciliares

promulgaram dezesseis documentos (Constituições, Decretos, Declarações), que levaram em

consideração os principais temas que se impunham à reflexão da Igreja. O Concílio teve índole

eminentemente pastoral, isto é, visou à vida cristã e à sua disciplina, em vez de se voltar para

definições de fé ou de Moral. A abertura equilibrada dos documentos conciliares pode ser

percebida em seus traços marcantes:

renovação da Liturgia, que deveria ser celebrada em estilo mais comunitário e acessível

aos fiéis.

reafirmação da Igreja como sacramento, estruturado por Pedro e a hierarquia, sem deixar

de responsabilizar, na medida precisa, todo o povo de Deus;

abertura para os demais cristãos (protestantes, ortodoxos e outros) que não se acham em

plena comunhão com a Igreja de Cristo entregue a Pedro e seus sucessores;

declaração sobre as religiões não cristãs, nas quais os padres conciliares realçaram a

existência de elementos positivos;

declaração sobre a liberdade religiosa, que significa o direito, inerente a todo homem, de

formar livremente a sua consciência diante de Deus e da fé;

tomada de posição da Igreja frente às diversas facetas que o mundo de hoje lhe apresenta:

família, comunidade política, economia, cultura, paz e guerra...

Em síntese, pode-se dizer que o Concílio do Vaticano II foi uma das mais significativas

realizações da Igreja nos tempos modernos, portadora de amplas consequências (das quais

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algumas foram menos felizes em virtude de falsa compreensão dos textos e da mente dos padres

conciliares).

11. DIVISÃO ENTRE A IGREJA CATÓLICA OCIDENTAL E ORIENTA (O

GRANDE CISMA)

No século VII, os católicos da Grecia separaram-se dos católicos de Roma. Os gregos não

cresceram muitos, porque a influencia nos impérios foi pouca e porque no campo onde poderia

crescer, são os países árabes, apareceram o islamismo com propostas melhores, como a bigamia

além de dezenas de costumes das crenças regionais. O Grande Cisma foi o evento que causou a

ruptura da Igreja, separando-a em duas: Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica

Apostólica Ortodoxa, a partir do ano 1054, quando os líderes da Igreja de Constantinopla e da

Igreja de Roma excomungaram-se mutuamente.

Como foi uma excomunhão mútua, isto é, bilateral, a nomenclatura neutra para este

evento é Grande Cisma, apesar de fontes católicas romanas frequentemente apontarem para

Cisma do Oriente. Algumas fontes ocidentais antigas utilizam Grande Cisma para falar do

Cisma do Ocidente, de tal forma que alguns autores chegaram mesmo a preferir a nomenclatura

Cisma Oriente-Ocidente ou simplesmente Cisma de 1054

Quando Miguel Celulário, se tornou patriarca de Constantinopla, no ano de 1043, deu

início a uma campanha contra as Igrejas latinas na cidade de Constantinopla, ordenando o

fechamento de todas em 1053, envolvendo-se na discussão teológica da natureza do Espírito

Santo, questão que viria a assumir uma grande importância nos séculos seguintes.

Em 1054, o legado papal viajou a Constantinopla a fim de repudiar a Cerulário o título de

"Patriarca Ecumênico" e insistir que ele reconheça a alegação de Roma de ser a mãe das igrejas.

O principal propósito do legado papal foi procurar ajuda do Império Bizantino em vista da

conquista normanda do sul da Itália, e lidar com recentes ataques por Leão de Ácrida contra o

uso de pão não fermentado e outros costumes ocidentais, ataques que tinham apoio de Cerulário.

Em face da refusa de Cerulário em aceitar as demandas, o líder do legado, cardeal Humberto,

excomungou-o, e Cerulário por sua vez excomungou Humberto e os outros legados

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12. AS CRUZADAS

O entorno do ano 1000 viu o significativo crescimento das peregrinações de cristãos a

Jerusalém, pois eles acreditavam que o fim do mundo estava próximo e, por isso, faziam

sacrifícios e buscavam as terras sagradas para evitar a eternidade no inferno. O mundo não

acabou e os muçulmanos ocuparam cada vez mais a Terra Santa, criando grandes impedimentos

para o trânsito de cristãos. A situação se agravou no decorrer do século XI e irritou os cristãos,

que se reuniram para a primeira expedição militar que os levaria à Terra Santa para tentar

expulsar os muçulmanos da região e devolvê-la aos cristãos. Entre os anos 1096 e 1270, muitas

expedições foram organizadas para tentar reconquistar Jerusalém, porém os muçulmanos se

mantiveram firme na região após vários conflitos.

Antes da primeira Cruzada organizada por nobres europeus, houve um movimento extra-

oficial que ficou conhecido como Cruzada dos Mendigos ou Cruzada Popular. O monge Pedro

reuniu uma multidão que incluía mulheres, velhos e crianças para atuar como guerreiros. A

expedição até chegou ao Oriente, mas foi facilmente massacrada. A Primeira Cruzada oficial foi

convocada pelo Papa Urbano II, que reuniu a nobreza europeia em 1095 para combater os infiéis

que ocupavam a Terra Santa. No ano seguinte, os cruzados partiram para Jerusalém e tiveram

sucesso, conquistando a Terra Santa, o principado de Antioquia e os condados de Trípoli e

Edessa.

Algumas décadas depois, os muçulmanos conseguiram reconquistar a cidade de Edessa, o

que motivou uma nova expedição, a segunda Cruzada, entre os anos 1147 e 1149. No entanto,

não causou a mesma comoção da primeira e resultou em uma grave derrota, o que deixou

profundo ressentimento no Ocidente. Mais décadas se passaram e, em 1187, o sultão Saladino

obteve uma vitória esmagadora sobre os cristãos em Jerusalém, reconquistando a cidade para os

muçulmanos. Em resposta, o Papa Gregório VIII convocou uma nova Cruzada, que ficou

famosa pela participação de três importantes reis da Europa: Ricardo Coração de Leão, da

Inglaterra; Frederico Barbarossa, do Sacro Império Romano Germânico; e Felipe Augusto, da

França. A Terceira Cruzada, que ocorreu entre os anos 1189 e 1192, mais uma vez, não resultou

em vitória para os cristãos, mas o rei Ricardo Coração de Leão conseguiu assinar um acordo de

paz com Saladino permitindo a peregrinação dos cristãos com segurança até Jerusalém.

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A História Geral da Igreja

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No início do século seguinte, nova Cruzada foi convocada para atacar Constantinopla. A

expedição ocorrida entre 1202 e 1204 tinha fins políticos que não receberam a aprovação do

Papa Inocêncio III. A Quarta Cruzada deixou notáveis consequências política e religiosas

porque enfraqueceu o Império Oriental e agravou o ódio entre a cristandade grega e latina.

Poucos anos depois, em 1208, o mesmo papa convocou uma Cruzada contra os cátaros no

Lanquedoc. O catarismo, doutrina que acreditava no dualismo, ou seja, na existência de um Deus

bom e outro mal, era considerado uma heresia e seu crescimento incomodava muito a Igreja

Católica. Séculos mais tarde, seus seguidores seriam perseguidos também pela Inquisição.

Um dos eventos mais curiosos envolvendo as Cruzadas certamente foi o de 1212. Na

ocasião, crianças e adolescentes que acreditavam estarem possuídas do poder divino para

reconquistar Jerusalém partiram em direção aos portos para embarcarem rumo à Palestina. A

expedição que ficou conhecida como Cruzadas das Crianças vitimou vários dos jovens ainda

durante a viagem e os sobreviventes foram vendidos como escravos aos muçulmanos quando

atracaram no porto de Alexandria. Calcula-se que 50 mil crianças tenham sido colocadas nos

barcos da mais desastrosa das expedições cristãs.

Nova Cruzada oficial ocorreria entre os anos 1217 e 1221. Porém o fracasso não seria

novidade. A quinta expedição não conseguiu nem mesmo superar as enchentes do Rio Nilo e

acabou desistindo de seus objetivos de tomar uma fortaleza muçulmana no Egito. Poucos anos

depois, a Sexta Cruzada, ocorrida entre 1228 e 1229, finalmente alcançou sucesso através da

liderança de Frederico II. Este conseguiu obter a posse de Jerusalém, de Belém e de Nazaré

para os cristãos por dez anos. No entanto, em 1244 os cristãos perderam o domínio dessas

localidades novamente para os muçulmanos.

Entre 1248 e 1254, a Sétima Cruzada foi liderada pelo rei francês Luis IX que

desembarcou para combate no Egito e recebeu a oferta de posse de Jerusalém, a qual recusou. Na

continuidade dos conflitos, o rei foi aprisionado e seu resgate custou 500 mil moedas de ouro.

Mas foi o mesmo rei que comandou a Oitava Cruzada em 1270. Só que ele faleceu devido à

peste logo após desembarcar em Túnis, o que encerrou mais uma expedição. Uma Nona Cruzada

ainda é descrita por alguns, embora muitos argumentem que tenha sido parte integrante da

Oitava Cruzada. Após a morte do rei Luís IX, o príncipe Eduardo da Inglaterra teria comandado

seus seguidores até o Acre (cidade em Israel) para combater os adversários nos dois anos

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A História Geral da Igreja

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seguintes. Mas, preparando-se para atacar Jerusalém, recebeu a notícia do falecimento de seu pai

e decidiu retornar à Inglaterra para herdar seu trono de direito, encerrando a expedição e o

turbulento século XIII.

As Cruzadas foram um fracasso em seu objetivo de conquistar a Terra Santa para os

cristãos. Custaram muito caro para a nobreza europeia e resultaram em milhares de mortes. No

entanto, essas expedições influenciaram grandes transformações no mundo medieval. Elas

causaram o enfraquecimento da aristocracia feudal, fortaleceram o poder real e possibilitaram a

expansão do mercado. A civilização oriental contribuiu muito para o enriquecimento cultural

europeu, promovendo desenvolvimento intelectual. Nunca mais Jerusalém foi dominada pelos

cristãos, mas as movimentações ocorridas no trajeto para a Terra Santa expandiram os

relacionamentos com o mundo conhecido na época.

13. INQUISIÇÃO - DENOMINADA SANTO OFICIO

Também chamada de Santo Ofício, essa instituição era formada pelos tribunais da Igreja

Católica que perseguiam, julgavam e puniam pessoas acusadas de se desviar de suas normas de

conduta. Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e XIV, e a feroz Inquisição

moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que durou do século XV ao XIX. Tudo começou

em 1231, quando o papa Gregório IX – preocupado com o crescimento de seitas religiosas –

criou um órgão especial para investigar os suspeitos de heresia. “Qualquer um que professasse

práticas diferentes daquelas reconhecidas como cristãs era considerado herege”, afirma o

historiador Rogério Luiz de Souza, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atuando

na Itália, na França, na Alemanha e em Portugal, a Inquisição medieval tinha penas mais brandas

– a mais comum era a excomunhão -, embora a tortura já fosse autorizada pelo papa para

arrancar confissões desde 1252. Já sua segunda encarnação surgiu com toda força na Espanha de

1478.

Dessa vez, o alvo principal eram os judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os

recém-convertidos ao Catolicismo, acusados de continuarem praticando o Judaísmo

secretamente. “A justificativa desse retorno da Inquisição era a necessidade de fiscalizar a

fidelidade desses conversos”, diz outro historiador, Nachman Falbel, da Universidade de São

Paulo (USP). A verdade é que esses grupos já formavam uma poderosa burguesia urbana que

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atrapalhava os interesses da nobreza e do alto clero. O apoio dos reis logo aumentou o poder do

Santo Ofício, que, para piorar, passou a considerar como heresia qualquer ofensa “à fé e aos

costumes”. Por exemplo, quem usasse toalhas limpas no começo do sábado ou não comesse

carne de porco era acusado de Judaísmo. A lista de perseguidos também foi ampliada para

incluir protestantes e iluministas, homossexuais e bígamos.

As punições tornaram-se bem mais pesadas com a instituição da morte na fogueira, da

prisão perpétua e do confisco de bens – que transformou a Inquisição numa atividade altamente

rentável para os cofres da Igreja. A crueldade dos inquisidores era tamanha que o próprio papa

chegou a pedir aos espanhóis que contivessem o banho de sangue. A migração de judeus

expulsos da Espanha para Portugal, em 1492, fez com que a perseguição se repetisse com a

criação do Santo Ofício lusitano, em 1536. O Brasil nunca chegou a ter um tribunal desses, mas

emissários da Inquisição aportaram por aqui entre 1591 e 1767. Calcula-se que 400 brasileiros

foram condenados e 21 queimados em Lisboa, para onde eram mandados os casos mais graves.

Os inquisidores portugueses fizeram 40 mil vítimas, das quais 2 mil foram mortas na fogueira.

Na Espanha, até a extinção do Santo Ofício, em 1834, estima-se que quase 300 mil pessoas

tenham sido condenadas e 30 mil executadas.

14. O AUGE DO PODER DO PAPAL

O monge Hidelbrando, que se pontificou de 1073 a 1085 com o titulo de Gregório VII,

foi um dos mais poderosos papas.

Ele cria que seu poder não estava apenas sobre a igreja, mas também sobre reis,

imperadores, príncipes e sobre todos os que estivessem sujeitos a estes, ele exerceu autoridade

sobre governos distantes, e se serviu da legislação da igreja para solucionar problemas difíceis,

ele fez do papa o maior de todos os governadores do Ocidente.

Esse papa, assim que subiu ao trono pontifício, publicou as suas "máximas", nas quais

transparece o mais ferrenho despotismo. Essas famosas "máximas" de Hidelbrando tem sido

consideradas, desde então, a essência do papado dentre outras podemos destacar:

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A História Geral da Igreja

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Que o papa é a única pessoa deste mundo cujos pés devem ser beijados por príncipes e

soberanos.

Que o papa tem autoridade para depor imperadores, e priva-lo de sua dignidade imperial.

Que a igreja Romana nunca errou nem jamais errará, como a escritura testifica.

Dispunha de uma milícia pronta para agir aminimo aceno. Instituiu também, no ocidente a

obrigatoriedade do Celibato Clerical.

Seguindo os mesmos passos absolutistas de Gregório VII, o papa Inocêncio III (1198 -

1216), que chegou a ser considerado um dos maiores estadistas da Europa, declarou-se "vigário

de Cristo", "vigário de Deus", "soberano supremo da Igreja e do mundo", com o direito de depor

reis e príncipes, que "todas as coisas na terra, no céu e no inferno estão sujeitos ao vigário de

Cristo".

Com isto levou a Igreja a sobrepor-se ao estado, os reis da Alemanha, França, Inglaterra,

e,praticamente, todos os monarcas da Europa faziam a sua vontade.

Até o Império Bizantino foi por ele dominado, embora a maneira brutal como tratou

Constantinopla resultasse mais tarde no afastamento do Oriente. Nunca na história, um homem

exerceu maior autoridade do que ele.

Ordenou duas cruzadas.

Decretou a transubstanciação.

Confirmou a confissão auricular.

Declarou que o sucessor de Pedro "nunca e de modo algum podia apartar-se da fé

católica" (infabilidade papal).

Proibiu a leitura da Bíblia em vernáculo.

ordenou a exterminação dos hereses.

Instituiu a inquisição.

Mandou massacrar os Albigenses.

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15. A REFORMA - REVOLTA DENTRO DA IGREJA

João Wyclif foi o primeiro precursor da reforma e era professor de Oxford. Conhecendo a

palavra de Deus e desejando salvar o seu pais da tirania papal, ele escreveu tratados em defesa da

verdadeira fé e também traduziu quase toda a Biblia para a língua inglesa, tendo por base a

Vulgata.

Ao morrer, 1384, a sua grande obra foi continuada por João Purvey e concluída em 1388.

As cópias dessas Bíblias foram objetivas de grandes queimas públicas nos anos 1410 e 1413,

mas pelo menos 170 delas ainda existem até hoje.

Wyclif pregava contra a dominação espiritual do clero e a autoridade do papa; opunha-se

a existência de papas, cardeais, patriarcas e frades; atacou a transubstanciação e a confissão

auricular, defendeu o direito, que o povo tinha de ler a Bíblia.

Jan Huss antecipou várias críticas às doutrinas e à prática da Igreja Católica que ficariam

célebres com Lutero e Cálvino. Dentre elas, é interessante destacar sua oposição à venda de

indulgencias e a riqueza da Igreja, bem como a comunhão ser restrita ao corpo eclesiástico, não

sendo oferecida aos demais crentes, principalmente os de origem popular.

Nascido em 1369 ou 1371 na Boêmia, onde hoje se localiza a República Tcheca, Jan

Huss teve formação filosófica e teológica, apesar de ser oriundo de de familía humilde. Na

Universidade de Praga, tornou-se professor de teologia em 1398, sendo ordenado padre em 1400.

Estudioso das doutrinas de John Wycliff, de quem adotava algumas ideiais, Huss passou

a ppregar em seus sermões que a bíblia era a grande autoridade dentro do cristianismo e o grande

paradigma para a vida do cristão, contrapondo-se à autoridade da hierarquia eclesiatica.

Defendia que a comunhão do pão e do vinho deveria ser oferecida a todos os fieis. Além disso,

Jan Huss pregava a ideia de uma Igreja pobre contra a opulencia que pregava a Igreja Católica.

Parta eles, os esforços realizados pelo homem na terra deveria aproximar-lo do mundo perfeito

de Deus.

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Tal postura de Huss causou uma forte oposição da Igreja, como era de se esperar.

Entretanto, as condições sociais a que estava submetida grande parte da população da região

contribuiram para que a situação se tornasse ainda mais conflituosa. A pregação de Jan Huss

sobre a criação de um mundo de justiça social entrava também em conflito com a situação de

exploração e miséria a que estavam submetidos os camponeses da Boêmia. Para Huss, a

desintegração do mundo contemporâneo a ele era o indício do aparecimento do anticristo.

Soma-se a isso o fato de grande parte da nobreza proprietária das terras ser de origem

alemã. As ideais de Jan Huss conseguiram sensibilizar os nobres de origem tcheca, que viam em

suas pregações uma forma de enfrentar os germânicos. Com isso, Huss garantiu sua eleição para

o cargo de reitor na Universidade de Praga, em 1409, sob as ordens do rei da Boêmia, Venceslau

IV. A indicação de Huss era uma forma de contrapor a influência germânica dentro da

Universidade.

Rapidamente a Igreja católica passou a se manifestar contra a presença de Jan Huss na

Universidade. O papa decretou um interdito, banindo as cerimônias religiosas em Praga

enquanto Jan Huss estivesse na cidade. As posições contra a venda das indulgências e demais

críticas contra a Igreja levaram-no a ser acusado de heresia. Em 1412, Huss foi excomungado.

As consequências vieram logo. Em 1414, Hus foi convocado a se apresentar ao Concílio

de Constança e a renegar a sua doutrina. O reformador negou-se a cumprir a exigência. No dia 6

de julho de 1415, Hus foi então morto na fogueira.

Não foi atingido, porém, o propósito da Inquisição de liquidar o movimento protestante

de Hus através da morte do seu líder. As revoltas esparsas transformaram-se numa rebelião geral

dos protestantes da Boêmia, que durou 20 anos. Só em 1434 é que o movimento foi aniquilado,

em decorrência de traições e intrigas nas próprias fileiras.

Savanarola (1452 - 1498)

Jerônimo Savonarola ou Hieronymous Savonarola, foi um padre dominicano e

pregador na Florença renascentista que ficou conhecido por suas profecias, pela destruição de

objetos de arte e artigos de origem secular e seus apelos de reforma da igreja católica.

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Nesse período, Savonarola começou a reforma interna do mosteiro, quando São Marcos e

outros mosteiros de Toscana foram separados da congregação da Lombardia. Savonarola

começou a criticar a imoralidade, a vida de prazeres dos florentinos, enquanto pregava que a

população voltasse à vida da virtude cristã. Seus sermões e sua personalidade causavam um

profundo impacto na população.

Savonarola intensificou suas críticas, agora contra os abusos na vida eclesiástica, da

imoralidade de grande parte do clero — sobretudo a vida imoral de muitos membros da Cúria

romana —, dos príncipes e dos cortesãos. Em termos proféticos, passou a anunciar o juízo final,

numa alusão a Carlos VIII, o rei de França, que tinha entrado na Itália e estava avançando contra

Florença

Em seus novos sermões atacou violentamente os crimes do Vaticano, que aumentaram

desse modo as paixões em Florença. Um cisma começou a se prefigurar e o papa foi forçado

outra vez a agir. Mesmo assim, Savonarola prosseguiu com suas pregações cada vez mais

violentas contra a Igreja de Roma, recusando-se a obedecer às ordens recebidas. Em 12 de maio

de 1497, foi excomungado.

Logo seus inimigos o levaram à autoridade secular. Algumas confissões foram obtidas

por tortura, e ele foi condenado à morte na forca por heresia. Ele foi para a morte com fortitude e

grandeza, um homem que muitos acreditaram que era um santo. Ele morreu em 25 de maio de

1498

15.1. Outros precursores da reforma

PETROBRUSSIANOS: Fundado por Pedro de Bruys, discípulo de Abelardo, 1110, na

França, rejeitavam a missa, sustentavam que a comunhão era um memorial, e que os ministros

deviam casar-se.

ARNALDISTAS: Arnaldo de Bréscia, 1155, discípulo de Abelardo, pregava que a igreja

não devia ter propriedades, que o governo civil pertencia ao povo, que Roma deveria ser liberta

do domínio do papa. Foi enforcado, a pedido do papa Adriano IV.

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ALBIGENSES OU CÁRTAROS: Sul da França, norte da Espanha e da Itália. Pregava

contra a imoralidade do clero; contra as peregrinações, o culto aos santos e imagens; rejeitavam

completamente o clero e suas pretensões; criticavam as condições da igreja; opunham-se às

pretensões da Igreja de Roma; eram assíduos as escrituras; viviam abnegadamente e eram muito

zelosos da pureza moral.

Em 1167, constituíam, talvez a maioria da população do sul da França e em 1200 era

muito numerosos no norte da Itália.

Em 1208, o papa Inocêncio III ordenou uma cruzada, seguiu-se uma guerra sangrenta,

dificilmente, houve outra igual na história; cidade após cidade foi passada ao fio da espada,

massacraram o povo, sem poupar idade nem sexo, em 1229, foi estabelecida a inquisição e

dentro de 100 anos os Albigenses foram completamente derrotas.

15.2. Valdenses

Sul da França e norte da Itália. Parecia-se com os Albigenses, mas não eram os mesmos.

Valdo, rico negociante de Leão, ao sul da França, 1176, deu suas propriedades aos pobres

e saiu a pregar; opunha-se à usurpação e aos desregramentos do clero; negava a este, o direito

exclusivo de pregar o evangelho; rejeitava missas,orações pelos mortos e purgatório; ensinava

que a Bíblia era a única regra de fé e de conduta. Sua pregação despertou, no povo, um grande

desejo de ler a Bíblia.

Foram sendo reprimidos, aos poucos, pela Inquisição, exceto nos vales Alpinos, a

sudoeste de Turim, onde hoje podem ser encontrados. São eles a única seita medieval que

sobreviveu, tendo para contar uma história de heríca resistência sob perseguição.

15.3. Anabatistas

Apareceram através da Idade Média, em vários países europeus, sob diferentes nomes,

em grupos independentes, representavam uma variedade de doutrinas, mas, de ordinário, eram,

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fortemente anticlericais, rejeitavam o batismo de crianças, dedicavam-se às escrituras, e

pugnavam pela absoluta separação entre a Igreja e o Estado.

Numerosos na Alemanha, Holanda e Suíça. No tempo da Reforma perpetuavam ideias

recebidas de gerações anteriores. Era um povo calmo e genuinamente piedoso, mas foram

rudemente perseguidos, especialmente nos Países Baixos.

15.4. Erasmo (1466-1536)

Homem de vastíssima cultura e autor muito popular da Reforma, sua grande ambição foi

libertar os homens de ideias falsas a respeito de religião; e achou que melhor meio para isso era

voltar às Escrituras. A edição que fez do Novo Testamento grego forneceu aos tradutores um

texto acurado com que pudessem trabalhar.

Critico implacável da igreja Romana deleitava em ridicularizar os homens profanos de

ordens sacras.ajudou muita a Reforma, mas nunca aderiu a ela.

16. A REFORMA

Alguns historiadores classificam o movimento religioso da Alemanha de "Reforma".

outros lhe chamam "Revolução Protestante", foi uma Reforma que fez voltar aos seus adeptos os

quatro princípios fundamentais do cristianismo primitivo:

As Escrituras Sagradas como única regra de fé e prática.

A justificação pela fé.

O sarcedocio de cada crente.

Erros que exigiam a Reforma. Os três erros principais que necessitavam de ser extirpadas

da Igreja Romana eram;

No século 16, na Europa central, foi iniciado um movimento de renovação da Igreja cristã

denominado Reforma Protestante. Já no final da Idade Média vários fatores contribuíram para

que isso ocorresse: a formação dos Estados Nacionais ou as modernas nações europeias, com

toda a descentralização política e com príncipes limitando a autoridade do Imperador e com forte

tensão entre o Estado e a Igreja.

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O poder do papado entrou em declínio, ocorreram confrontos com reis, divisões entre os

próprios clérigos e a necessidade de reforma. Houve um Grande Cisma e até mesmo 3 papas

rivais em lugares diferentes, de 1378 a 1417. O movimento Conciliar buscou solução para a crise

numa tentativa fracassada de democratizar a Igreja e governa-la por meio de concílios. Os

movimentos dissidentes na França acarretaram forte oposição e a Inquisição fora oficializada em

1233.

Nos séculos 14 e 15 alguns movimentos esporádicos de protestos surgiram contra os

ensinos e práticas da Igreja medieval e alguns líderes foram chamados de pré-reformadores:

João Wycliff (1325-1384), João Huss (~1372-1415) e Jerônimo Savonarola (1452-1498), por

combaterem irregularidades e imoralidades do clero, condenar superstições, peregrinações,

veneração de santos, celibato e as pretensões papais. Também outros movimentos romperam

com a Igreja, os movimentos devocionais como o misticismo, a Devoção Moderna dos Irmãos da

Vida Comum. Também nasceu o interesse em estudar as obras da Antiguidade pelos

Renascentistas e isso levou alguns “humanistas bíblicos” ao estudo da Bíblia nas línguas

originais.

Muita convulsão política, social e religiosa havia no final da idade média, revoltas dos

camponeses, guerras, epidemias, o declínio do feudalismo e da liderança dos Papas e da Igreja. A

população se ressentia dos abusos da Igreja e da sua falta de propósitos e corrupção.

Muita violência, baixa expectativa de vida, contrastes e desigualdades sociais e

econômicas às vésperas da Reforma, havia até mesmo certa revolta com a chamada “matemática

da salvação” ou religiosidade contábil que tratava pecados como débitos e as boas obras como

créditos e a venda de “indulgências” para perdão das penas temporais do pecado.

Quando o dominicano Tetzel foi vender indulgências em Wittemberg, Martinho Lutero

(1483-1546), se pronunciou contrário. Lutero, natural de Eisleben, ingressou no mosteiro de

Erfurt e tornou-se professor na Universidade de Wittemberg. Diante das indulgências, ele afixou

na porta da Igreja da cidade, em 31 de outubro de 1517, 95 Teses ou convites para o debate na

comunidade acadêmica, desafiando a autoridade da Igreja. Por isso, foi acusado de heresia e

chamado a Roma, em 1518, mas recusou-se a ir e manteve suas posições. Em 1519, participou

de debate e afirmou que o “infalível” Papa podia errar.

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Em 1520, recebeu uma "Bula Papal" para retratar-se ou seria excomungado. E Lutero,

estudantes e professores de Wittemberg queimaram a Bula em praça pública. Também escreveu

livros e tornou-se popular e notório em toda a Europa. Em 1521, na Dieta de Worms, Lutero

reafirmou suas ideias e precisou se refugiar no castelo de Wartburg sob proteção de um príncipe-

eleitor. Ali Lutero traduziu a Bíblia para o alemão e a “reforma luterana” se espalhou

rapidamente, com o apoio de vários principados alemães, por todo o sacro Império.

Mas, houve forte oposição católica às novidades luteranas. Em 1526, houve certa

tolerância. Mas, como em 1529 acabou essa política conciliadora, os líderes luteranos fizeram

um “protesto” formal de apoio a Lutero e isso deu origem ao nome histórico “protestantes”. O

auxiliar de Lutero, Filipe Melanchton (1497-1560) apresentou ao Imperador a “Confissão de

Augsburgo”, defendendo a doutrina luterana (21 artigos) e indicando 7 erros da Igreja Romana.

Ocorreram guerras político-religiosas entre católicos e protestantes, de 1546 a 1555,

findando com o tratado de “Paz de Augsburgo”, reconhecendo a legalidade do luteranismo como

religião oficial de um território cujo príncipe a adotasse como tal. O Protestantismo se espalhou

pela Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia. Foram defendidos princípios básicos que

caracterizaram as convicções e práticas protestantes: os cinco “Solas”: SOLA SCRIPTURA

(somente as Escrituras), SOLUS CHRISTO (salvação somente em Cristo), SOLA GRATIA

(salvação somente pela graça divina), SOLA FIDES (salvação somente pela fé), SOLI DEO

GLÓRIA (glória dada somente a Deus), além do sacerdócio universal dos cristãos.

Em uma época que o povo comum era privado da leitura das Escrituras e o papa liderava

a cristandade com mãos de ferro, Lutero foi uma voz levantada por Deus para dar início a uma

completa revolução espiritual na Alemanha.

Lutero combateu os vários desvios doutrinários de sua época praticados pela Igreja

Católica Romana, condenou veementemente a venda de indulgências, traduziu a Bíblia para o

alemão e a colocou nas mãos do povo comum. Enfim, inflamou o coração de seus irmãos à uma

busca sincera por Deus e o Cristianismo autêntico.

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Toda esta coragem levou Lutero a sofrer excomunhão por meio de uma bula editada pelo

papa. Martinho Lutero em reação à Igreja Católica queimou a bula papal em praça pública,

rompendo de vez o elo com a Igreja Católica Romana. Finalmente, nos dizeres de Calvino, “Post

Tenebrax, Lux” (depois das trevas, luz), após anos de anos de escuridão e sombras, a luz do

Evangelho voltava a brilhar para o mundo.

31 de Outubro de 1517 é uma data importante para os cristãos protestantes/evangélicos de

todo o mundo. Neste ano de 2017 comemora-se o aniversário de 500 anos da Reforma

Protestante.

Quando o monge católico Martinho Lutero, filiado à ordem de Santo Agostinho, fixou

suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo, em Wittemberg, ele estava conclamando o povo e os

eruditos para que repensassem o modo como interpretavam e viviam o Cristianismo.

16.1. 95 teses de Martinho Lutero

1 Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que

toda a vida dos fiéis fosse penitência.

2 Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e

satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

3 No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria

nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

4 Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira

penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

5 O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão

própria ou dos cânones.

6 O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada

por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados,

a culpa permanecerá por inteiro.

7 Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo

humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

8 Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada

deve ser imposto aos moribundos.

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9 Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre

exclui a circunstância da morte e da necessidade.

10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos

penitências canônicas para o purgatório.

11 Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido

semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

12 Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como

verificação da verdadeira contrição.

13 Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo,

por direito, isenção das mesmas.

14 Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto

mais, quanto menor for o amor.

15 Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena

do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

16 Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e

a segurança.

17 Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que

cresce o amor.

18 Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que

elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

19 Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-

aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.

20 Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas

somente aquelas que ele mesmo impôs.

21 Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda

pena e salva pelas indulgências do papa.

22 Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os

cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

23 Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos

mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

24 Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e

indistinta promessa de absolvição da pena.

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A História Geral da Igreja

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25 O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem

em sua diocese e paróquia em particular.

26 O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem),

mas por meio de intercessão.

27 Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma

sairá voando [do purgatório para o céu].

28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da

Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

29 E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este

não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.

30 Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena

remissão.

31 Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências,

ou seja, é raríssimo.

32 Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam

seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

33 Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela

inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.

34 Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental,

determinadas por seres humanos.

35 Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem

resgatar ou adquirir breves confessionais.

36 Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa,

mesmo sem carta de indulgência.

37 Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de

Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38 Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas,

porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.

39 Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo

tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.

40 A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências

as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.

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41 Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as

julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42 Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências

possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43 Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem

melhor do que se comprassem indulgências.

44 Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que

com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45 Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com

indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46 Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que

é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

47 Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

48 Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais

necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se

está pronto a pagar.

49 Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua

confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

50 Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de

indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e

os ossos de suas ovelhas.

51 Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu

dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o

dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

52 Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou

até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

53 São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem

calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

54 Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo

às indulgências do que a ela.

55 A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante)

são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o

mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

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A História Geral da Igreja

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56 Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente

mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57 É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores

não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58 Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a

graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

59 S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto,

a palavra como era usada em sua época.

60 É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo

mérito de Cristo, constituem este tesouro.

61 Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é

suficiente.

62 O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63 Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros

sejam os últimos.

64 Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos

últimos os primeiros.

65 Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens

possuidores de riquezas.

66 Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos

homens.

67 As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem

ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

68 Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus

e a piedade na cruz.

69 Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de

indulgências apostólicas.

70 Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os

ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes

foi incumbido pelo papa.

71 Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

72 Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de

um pregador de indulgências.

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A História Geral da Igreja

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73 Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar

o comércio de indulgências,

74 muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a

santa caridade e verdade.

75 A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um

homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76 Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos

pecados veniais no que se refere à sua culpa.

77 A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder

maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

78 Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores,

quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.

79 É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de

Cristo.

80 Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas

sejam difundidas entre o povo.

81 Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens

doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos

leigos.

82 Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da

extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um

número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é

uma causa tão insignificante?

83 Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele

não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já

não é justo orar pelos redimidos?

84 Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro,

permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem

por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?

85 Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito

revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências,

como se ainda estivessem em pleno vigor?

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A História Geral da Igreja

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86 Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos,

não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de

fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

87 Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita,

têm direito à remissão e participação plenária?

88 Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa,

assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações

100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

89 Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que

suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

90 Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los

apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os

cristãos.

91 Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do

papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

92 Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja

paz!

93 Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem

que haja cruz!

94 Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das

penas, da morte e do inferno;

95 e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela

segurança da paz.

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16.2. Ulrico Zwínglio

Outro reformador que marcou época foi Ulrico Zwínglio (1484-1531), reformador da

Suíça, no movimento chamado “segunda Reforma” que deu origem às Igrejas Reformadas na

Suíça alemã e no sul da Alemanha, promovendo mudanças mais radicais que os luteranos.

Os reformadores radicais ou Anabatistas (rebatizadores) geraram o terceiro movimento

reformado, também em Zurique, Suíça, sendo mais fanáticos, entusiastas e radicais. Os

anabatistas defenderam a separação completa entre igreja e estado.

O grande reformador do século 16 foi João Calvino (1509-1564), francês que se refugiou

em Genebra, estudou teologia e humanidades, Direito. Esteve em Genebra por duas vezes, de

1536 a 1538, e de 1541 até ao final de sua vida. A cidade se tornou o grande centro do

protestantismo e preparou líderes para toda a Europa, além de abrigar muitos refugiados das

guerras religiosas. O calvinismo foi o mais completo sistema teológico protestante e originou as

Igrejas Reformadas (Europa continental) e presbiterianas (Ilhas britânicas).

A Reforma Protestante ocorreu na Inglaterra com a atuação de refugiados que voltaram

de Genebra. Contribuíram também, o anticlericalismo dos ingleses, os ensinos luteranos desde

1520, a tradução da Bíblia para o inglês. Mas, principalmente o rei Henrique VIII (1491-1547),

com seus muitos casamentos e desentendimentos com o catolicismo, até que seu sucessor

Eduardo VI (1547-1553) e seus tutores implantaram a Reforma no país e cessaram as

perseguições. Sintetizaram as doutrinas luteranas e calvinistas, além dos traços da liturgia

católica e, no reinado de Elisabeth I, a Inglaterra tornou-se oficialmente protestante, criando a

Igreja Anglicana.

Na Escócia, o protestantismo foi introduzido por John Knox, discípulo de Calvino, e

criou o conceito político-religioso de “presbiterianismo”, com igrejas governadas por oficiais

eleitos pela comunidade, os presbíteros, livres da tutela do Estado.

De fato, esses protestantes não queriam inovar, mas restaurar antigas verdades bíblicas

que a Igreja havia esquecido ou trocado por suas tradições humanas. Valorizaram as Escrituras, a

salvação pela graça divina e pela fé somente, sem as obras.

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A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

16.3. A origem do nome protestante.

A rápida difusão dos ensinos de Lutero, pela Alemanha, acirrou uma disputa já existente:

a disputa entre nobres e príncipes dos Habsburgos, que, apoiado pela igreja católica, dominava

boa parte das terras alemãs, além da Espanha, dos países Baixos e de vários territórios da Europa

oriental.

Baseado na doutrina de Lutero, os cavaleiros alemães lutavam para tomar os bens da

igreja e para livrar do domínio dos Habsburgos.

Ao lado do imperador, alinhavam-se os nobres mais poderosos e a igreja católica,

ameaçada pelas pregações de Lutero.

Carlos V tentou colocar fim a esta agitação. Em 1529, foi formada uma espécie de assembleia,

conhecida como Dieta, onde ele tentou forçar a submissão dos nobres alemães ao catolicismo.

Os nobres protestaram o que originou o novo nome da religião luterana: protestante.

Em 1531, as cidades e os príncipes protestantes da Alemanha formaram uma liga para

enfrentar o exército imperial: a liga de Esmalcada. Iniciou-se , então, uma longa luta política e

religiosa, que se encerrou em 1555, com a assinatura da Paz de Augsburgo, que estabelecia que

cada príncipe devesse impor sua religião no território sob seu controle direto.

16.4. Os efeitos da Reforma

A Reforma foi uma revolução religiosa, porém, não devemos entender que se tratou

apenas da rebelião de um monge contra o Papa. A Reforma aconteceu pois houve uma gama de

transformações na política, economia, sociedade e o conhecimento em geral, além das ideias dos

pré reformadores, como vimos acima.

Os reformadores tiveram em comum a não conformidade com o sistema religioso vigente

e também não quiseram inventar nada novo, mas apenas seguir com fidelidade o que estava na

Palavra Revelada.

Neste processo de mudança, que durou alguns anos, certamente houve exageros, mas, em

contrapartida, se não houvesse a iniciativa destes homens, provavelmente nada teria mudado.

66

A História Geral da Igreja

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16.5. A reforma Reformada

Após o período inicial da revolução da Reforma Protestante começaram a surgir algumas

divergências entre seus líderes. Como não houve a cessão de nenhum dos lados, surgiram várias

ramificações de protestantes.

No cenário cristão inglês o Rei Henrique VIII, por conta de seus desejos amorosos,

rompe com a Igreja de Roma, que não queria aceitar seu divórcio com Catarina de Aragão e seu

matrimônio com Ana Bolena. Desta divergência surge a Igreja Anglicana, que, na prática, não se

diferenciava muito da Igreja de Roma.

Por volta de 1560, um grupo não satisfeito com a reforma promovida pela igreja

anglicana, por considerar que muitos dos “trapos do papado” permaneciam na igreja, recebeu a

alcunha de “puritanos”

Os puritanos estavam divididos entre si: uma parte era favorável à forma presbiteriana, e

outra, mais radical, queria a separação e autonomia do grupo; eram chamados de separatistas. No

princípio os presbiterianos tinham a primazia, e, por ordem do Parlamento, de maioria

presbiteriana, um grupo de ministros, reunidos em Westminster em 1643 elaborou a confissão de

fé, que ficou conhecida como Confissão de fé de Westminster. Mais tarde, sob o governo de

Oliver Cromwell (1653-1658) o presbiterianismo foi vencido e passou-se a adotar o sistema

separatista, ou congregacional. A partir de 1660, os anglicanos mais uma vez assumiram o poder,

e os puritanos foram perseguidos. Esta perseguição geraria a colonização dos Estados Unidos da

América.

De 1618 a 1648 acontece na Europa a guerra que ficou conhecida como Guerra dos trinta

anos. Esta guerra aconteceu entre católicos e protestantes, e foi uma tentativa da Igreja Católica

retomar seu poder perdido na Alemanha protestante. Esta guerra abateu o ânimo socio-religioso

do europeu, e além disso a fé cristã se tornara apenas uma questão intelectual.

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Em 1659 Phillip Jakob Spener (1635-1705), entrou em contato com a reforma protestante

na Suíça e decidiu voltar aos alicerces apostólicos dando grande ênfase na pregação do

evangelho acompanhado do testemunho cristão compatível com a fé professada.

A experiência cristã foi uma marca muito importante do movimento que ficou conhecido

como pietismo, além do destaque para a leitura sistemática da Bíblia e foco no perfeccionismo,

ou seja, o desenvolvimento social e espiritual do cristão. O pietismo foi o responsável pelo

reavivamento espiritual na Alemanha, mas passaria a ser a origem dos usos e costumes, alguns

em vigor até os dias de hoje, além de formar a base do pentecostalismo e metodismo. Com o

passar do tempo, a fé, dentro movimento pietista, passou a ficar amparada na experiência

religiosa, e não mais na Bíblia.

Nas primeira décadas do século XVIII, na Inglaterra, tanto a igreja oficial quanto a

dissidente começaram a entrar em declínio, e os cultos ficaram muito formais, sem mudança

moral significativa do povo, e com uma fé intelectualizada.

John Wesley, junto com seu irmão Charles e seu amigo George Whitefield, influenciados

pelo pietismo, desenvolveram algumas regras devocionais para a renovação da espiritualidade.

Em 1739, John Wesley começou a pregar que a vida cristã depende do testemunho do

Espírito; uma experiência religiosa íntima e pessoal. Fundou uma sociedade daqueles que

aceitavam seus ensinamentos, e ficaram conhecidos mais tarde como metodistas.

O movimento metodista, por muitos anos, não foi organizado como uma entidade

eclesiástica separada, mas Wesley sempre se considerou membro da Igreja da Inglaterra. Mas,

em 1784, após a independência americana da Inglaterra, os metodistas se organizaram como uma

igreja distinta.

Um dos grandes resultados deste processo de avivamento na Inglaterra foi a mudança

moral e espiritual da sociedade. Houve o desenvolvimento de muitas obras sociais de caráter

cristão, além do despertamento para o movimento missionário moderno. O reavivamento do

movimento missionário correu pelo século XIX e começo do século XX, sendo interrompido

pela Primeira Guerra Mundial.

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A História Geral da Igreja

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16.6. Esforço para reformar a igreja apóstata.

A história mostra que, através dos anos, diferentes grupos tentaram reformar a igreja

apóstata. Por volta de 1.500, o mundo religioso estava clamando por uma reforma religiosa.

Quase simultaneamente em varias partes da Europa, homens como Martinho Lutero, João Knox,

Ulrich Zwingli e João Calvino se projetaram no cenário do pensamento religioso com tentativa

de reformar a igreja apóstata.

Depois da morte deste grandes reformadores, seus seguidores deixaram de prosseguir na

busca da palavra de Deus em sua forma verdadeira e aceitara como definitivas as conclusões a

que chegaram seus mentores. Por conseguinte, ao invés de alcançarem a unidade da igreja do

Novo Testamento, deram inicio a igrejas diferentes entre si.

Os seguidores de Lutero se tornaram Luteranos (1530); Os seguidores de Calvino se

tornaram Presbiterianos (1536); Os seguidores de João Wesley se tornaram metodistas,

formando a Igreja Metodista(1738); A Igreja Batista teve inicio em cerca de (1536);A Igreja

Anglicana (1550); Mormons (1830); Adventista do Sétimo Dia (1844); Testemunha de Jeová

(1884) Movimento Pentecostal (1885)

E assim tem sido a história da cristandade a partir do século I. Todos os anos aparecem

mais e mais igrejas e maior confusão ainda para os que desejam sinceramente saber qual é a

igreja que realmente está certa.

Seria ótimo se houvesse apenas uma única igreja, e se esta igreja seguisse a Bíblia como

seu único guia religioso. Possuídos desta nobre ideia. Homens em todas as partes do mundo

estão abandonando as doutrinas humanas e estão pesquisando a Bíblia para aprenderem a

vontade de Deus.Estes homens abandonaram a ideia de reformar a religião corrupta e estão agora

se consagrando à ideia de restaurar a igreja original exatamente como Jesus a edificou. 2

Coríntios 6:17; 2 João 10-11.

Mas como será isto possível? em Lucas 8:4-15, Jesus deu a parábola do semeador que

semeava sementes em vários tipos de solo.Havia solos produtivos e outros improdutivos. Jesus

explicou a parábola dizendo: "A semente é a palavra de Deus" Isto mesmo a palavra de Deus é

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semente 1 Pedro 1:13. Quando plantada num coração mau da pouca ou nenhuma safra. Mas

quando plantada num coração bom e honesto, a safra é abundante.

Observem algumas das características da semente. Uma semente de laranja sempre

produz laranja. Uma semente de melancia produz melancias. Seres vivos reproduzem-se segundo

suas próprias espécies. A semente de um ser humano faz surgir um outro ser humano. Não há

exceções. Trata-se de uma lei da natureza.

Outras características da semente é que a despeito da passagem dos anos ela continuará

sempre produzindo-se de acordo com sua própria espécie. Afirmou-se que semente de trigo

retirada de uma pirâmide egípcia de milhares de anos de idade foral plantadas na

terra.Naturalmente, essas sementes produziram na idade moderna a mesma planta que elas

tinham produzido há muito tempo: trigo.

No século I, a palavra de Deus produziu cristãos Atos 11:26. A palavra de Deus é uma

semente viva 1 Pedro 1:23-26, e visto que a mesma semente produziu cristãos no século I, a

mesma semente produzira o mesmo fruto no século XXI. a palavra de Deus nunca produziu

frutos com um nome feito pelo homem. Cristãos em nível congregacional eram chamados

"igrejas de Cristo" Romanos 16:16. Dessa forma, a palavra de Deus produziu um corpo sectário,

uma igreja sem seitas divergentes. O emprego de uma autoridade que não a Bíblia (manuais de

igrejas, decisões de concílios, etc.). produz igrejas e nomes sectários.

Obedecendo a mesma palavra que a igreja do século I seguia, as pessoas religiosas de

hoje podem conseguir a mesma unidade que possuía aquela igreja: a mesma doutrina, o mesmo

amor, o mesmo nome, os mesmos requisitos para ingresso, a mesma organização e o mesmo tipo

de culto.

Este mesmo tipo de obediência é extremamente importante porque Jesus voltará de novo

para recompensar os bons e os justos, e castigar os perversos.

16.7. O inicicio de algumas igreja que nasceram da reforma

Os inimigos dos reformistas passaram a se referir a seus seguidores como "luteranos".

Estes, por sua vez, preferiam ser chamados de "evangélicos", termo hoje muito usado para se

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A História Geral da Igreja

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referir aos fiéis das igrejas protestantes. A liberdade pregada por Lutero acabaria abrindo espaço

para o surgimento de várias correntes religiosas. "O protestantismo tem uma pedra fundamental:

a autonomia. A ideia de que só Deus salva, a subjetividade do indivíduo e a possibilidade de

assumir e viver as diferenças vai gerar uma variedade enorme de igrejas", diz o cientista da

religião João Décio Passos, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Isso

ajuda a entender por que hoje existem tantas ramificações entre os protestantes. Crença na

autonomia Liberdade pregada por Lutero deu origem a várias correntes religiosas

17. IGREJA CATÓLICA - REFORMA PROTESTANTE

17.1. Luteranos

A ruptura de Luterano com os católicos, em 1517, lançou as bases para a expansão do

protestantismo. Os luteranos condenavam o comportamento moral dos padres católicos e

acreditavam que a salvação estava nas escrituras sagradas.

17.2. Presbiterianos

Inspirados no teólogo francês João Calvino (1509-1564), pregavam a predestinação

divina: ou seja, só os eleitos por Deus se salvariam.

O teólogo holandês James Arminius (1560-1609) criaria depois outra vertente do

presbiterianismo: o Arminianismo

17.3. Anglicanos

O rei inglês Henrique VIII (1491-1547) queria anular seu primeiro casamento para se unir

a outra mulher. Após a recusa do papa Clemente VII,

ele rompeu com a Igreja Católica e criou a anglicana em 1534, ficando livre da interferência

papal.

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A História Geral da Igreja

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17.4. Batistas

O movimento anabatista já existia quando Lutero começou a questionar a Igreja Católica.

Mas, como outras correntes protestantes, o movimento só ganhou expressão após a Reforma.

Acabou dando origem à Igreja Batista

17.5. Metodistas

Surgiram na Inglaterra no século 18, propondo reformar a Igreja Anglicana.

Baseadas na crença da salvação pela fé em Cristo, as ideias metodistas não conseguiram mudar

os anglicanos, mas deram origem a uma nova corrente protestante.

17.6. Pentecostais

Começaram a aparecer no início do século 20 como uma dissidência dos metodistas. Em

1910, foi fundada a Congregação Cristã do Brasil; no ano seguinte, a Assembleia de Deus, e em

1962, Deus é Amor. Os pentecostais creem na cura pela fé.

17.7. Neopentecostais

Fazendo parte do grupo a Igreja Universal do Reino de Deus, de 1977, e a Igreja

Renascer em Cristo, de 1986. Os neopentecostais têm em comum a adoção da mídia para pregar

aos fiéis, além dos cultos espetaculares e a realização de exorcismo e teologia da prosperidade.

18. A HISTÓRIA DA IGREJA EVANGELICA NO BRASIL.

No Brasil, Heliodoro Heoboano, filho de um confrade de Lutero, foi o primeiro luterano a

desembarcar no país, no ano de 1532, em São Vicente.

Mas o grupo luterano inicial foi formado apenas em 1824, no Rio de Janeiro, sob a

coordenação de Friedrich Osvaldo Sauerbronn, primeiro pastor de confissão luterana em terras

brasileiras. Por meio dos alemães que vieram para o país o luteranismo se expandiu

principalmente no Sul.

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A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

Hoje, encontram-se dois agrupamentos – a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no

Brasil e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil.

Os primeiros evangélicos chegaram ao Brasil ainda no período colonial, dois grupos são

particularmente relevante: Os franceses na Guanabara e os holandeses no Nordeste.

Sobre os holandeses, a igreja Reformada era oficial. Foram criadas vinte e duas igrejas

locais e congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo, o

Sínodo do Brasil (1642 - 1646), mais de cinquenta pastores serviram essas comunidades.

A igreja Reformada realizou uma admirável obra missionária junto aos indígenas. Além

de pregação, ensino e beneficência, foi preparado um catecismo na língua nativa.

Após a expulsão dos holandeses, o Brasil fechou suas portas aos evangélicos por mais de

150 anos. Foi só no inicio do século XIX, com a vinda da família real portuguesa, que essa

situação começo a se alterar.

Em 1810, Portugal e Inglaterra firmaram um tratado de Comércio e Navegação, cujo

artigo XII concedeu tolerância

religiosa aos imigrantes evangélicos. Logo, muitos começaram a chegar, entre eles um bom

numero de reformados.

Depois da independência, a Constituição Imperial, em 1824, reafirmou esses direitos,

com algumas restrições. Em 1827 foi fundada , no Rio de Janeiro, a Comunidade Protestante

Alemã-Francesa, que veio congregar, ao lado de luteranos, reformados alemães, franceses e

suíços.

Um dos primeiros pastores presbiterianos a visitar o Brasil foi James CooleY

Fletcher,1823- 1901, que chegou aqui em 1851. Fletcher foi capelão dos marinheiros que

aportavam no Rio de Janeiro e deu assistência religiosa a imigrantes europeus.

Ele manteve contato com D. Pedro II e outros membros destacados da sociedade. Lutou

em favor da liberdade religiosa, da emancipação dos escravos e da imigração protestante.

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A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

Nos anos 1950, surgiu uma nova onda do pentecostalismo, com a influência de

movimentos de cura divina e expulsão de demônios que geraram diferentes denominações: A

primeira delas a ser fundada em solo brasileiro foi a Igreja do Evangelho Quadrangular

(inicialmente fundada com o nome Igreja Evangélica do Brasil) em 15 de novembro de 1951, na

cidade paulista de São João da Boa Vista, trazida pelos missionários Harold Edwin Williams e

Jesus Hermírio Vaquez Ramos, que se instalaram inicialmente na cidade mineira de Poços de

Caldas. Por influência desta, muitas outras surgiram tais como: Igreja Pentecostal O Brasil para

Cristo, fundada pelo já falecido missionário Manoel de Mello, que pertenceu ao ministério

Quadrangular. Em 1962 surgiu a Igreja Pentecostal Deus é Amor, fundada pelo missionário

David Miranda.

Também nesta época várias igrejas protestantes que eram tradicionais adicionaram o

fervor pentecostal, como exemplos, a Igreja Presbiteriana Renovada, a Igreja Cristã Maranata, a

Convenção Batista Nacional. A Igreja Cristã Maranata foi fundada em outubro de 1968, no

morro do Jaburuna em Vila Velha, Espírito Santo por quatro antigos membros da Igreja

Presbiteriana do Centro de Vila Velha.

Na década de 1970, surgiu o movimento neopentecostal, com igrejas mais secularizadas,

padrões morais menos rígidos, e ênfase na teologia da prosperidade, como a Igreja Universal do

Reino de Deus. A partir dos anos 1980, surgiram igrejas neopentecostais com foco nas classes

média e alta, trazendo um discurso ainda mais liberal quanto aos costumes e menos ênfase nas

manifestações pentecostais. Dentre essas igrejas se destacam a Igreja Renascer em Cristo e a

Igreja Evangélica Cristo Vive.

Nas últimas décadas, o protestantismo, principalmente as igrejas pentecostais e

neopentecostais tem ganhado muitos adeptos, sendo o segmento religioso com maior índice de

crescimento. A maioria das igrejas protestantes estão presentes: no Paraná, Rio Grande do Sul(

descendentes de alemães, que trouxeram a Igreja Luterana, maior grupo religioso da Alemanha

até os dias de hoje), nas grandes capitais do sudeste, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo

Horizonte (onde as igrejas batistas têm grande espaço), Goiânia e Brasília (onde a igreja Sara

Nossa Terra têm grande percentual da população). Os protestantes estão em número bastante

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A História Geral da Igreja

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significativo nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e em toda a região centro-

oeste.

19. HISTÓRIA DA IGREJA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

Esta história teve início primeiramente no coração de Deus e concretizou na terra através

do inesquecível Pastor Marcos Batista Pereira da Silva, nascido em Salvador, Estado da Bahia.

A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo tem a sua fundação no dia 17 de maio do ano de

um mil novecentos e trinta e seis.

O nome da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, se deu através de revelação dada pelo

Senhor ao seu fundador, fundamentado na Bíblia Sagrada, no Evangelho de São Mateus, capitulo

16, versículo 18: “Pois também Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha

Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

Primeiro culto: O início foi com pregação em "ar livre", debaixo de uma árvore, existente

até hoje, no Jardim da Luz. Após a conversão de vários irmãos, resolveu-se alugar um salão para

acomodar o povo, quando o primeiro foi na Rua dos Italianos, nº 14, no Bairro Bom Retiro;

Posteriormente indo para a Rua dos Triunfos, em seguida para a Rua Prates, depois, Rua 25 de

Março, Rua Rubino de Oliveira, no Brás, até adquirir o terreno e construir o templo próprio na

antiga Rua José Pancetti, 190, hoje, Rua Urumajó, no Tatuapé.

Com o falecimento do Pastor Marcos Batista foram Presidentes da Igreja os Pastores:

Joaquim Camargo, Jovino Almeida de Jesus, Luiz Samaan, José Moreira da Silva, Antônio

Caetano, Mario Bernardini, Antônio dos Santos Medeiros, Manoel Zipo Pereira, Orestes

Rodrigues, Eugenio Rocha, Paulo Gabriel, José Candido de Oliveira e Atualmente José Cordeiro

de Souza.

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19.1. Breve histórico dos presidentes

De 1939 a 1945 os mandatos de ministros gerais, era de apenas um ano, mesmo assim

houve alguns ministros que não conseguiram cumprir seus mandatos.

1ª Gestão

Marcos Batista

Estado civil: casado

Família:

Esposa. Benedita e três filhos

Naturalidade:

Salvador Bahia, Brasileiro

Profissão:

Militar

Tempo de gestão: Da Fundação, até 28 de fevereiro de 1939

2ª Gestão:

Joaquim Camargo.

Estado Civil casado

Família:, Não se tem muitas Informações sobre sua família.

Nacionalidade. Brasileiro

Profissão: Não temos informações sobre profissão secular, mas consta-se em nossos

arquivos que era pastor.

Tempo de gestão. Durou pouco sua gestão, menos de um ano, mas contribui

muito para a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

3ª Gestão

Jovino Almeida de Jesus

Família. Pouco-se sabe deste pioneiro da INSJC sobre sua prole familiar

Nacionalidade: Brasileiro

Profissão: consta em nossos arquivos que foi um ministro Geral, e que de forma direta e

curta; cooperou para o crescimento do ministério da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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A História Geral da Igreja

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Tempo de gestão: Antes de concluir sua gestão, renunciou o cargo, Mas criou o Registro

Oficial da nossa Igreja.

4ª Gestão

Luiz Samaan

Estado civil: Casado

Família: Mosa Cury Samaan e como prole teve oito filhos

Nacionalidade: Turca

Profissão: vendedor ambulante

Tempo de Gestão: Esta informação é o que está baseada na Ata nº 03/01/44, onde diz

que 15/04 de 1944 o ministro geral era Luiz Samaan, e em 14 de Junho de 1947 foi

reeleito, então tivemos entre as duas gestões, 2 anos e meio.

5ª Gestão

José Moreira da Silva

Temos poucos registro sobre sua profissão, mas podemos afirmar que foi Ministro Geral

da INSJC, e também exerceu o Ministério pastoral os quais foram elementos

de grande ênfase no crescimento da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Família:

Nacionalidade: Brasileiro

Profissão: Não há dados registrados, mas consta em nossos

arquivos, que foi um Ministro Geral da INSJC, e que também foram tempos importantes

para o crescimento da Igreja.

6ª Gestão

Antônio Caetano

Família: Estado Civil Casado, mas em nossos arquivos não temos muitas informações

sobre sua vida familiar.

Nacionalidade: Brasileiro

Profissão: não temos informações precisas sobre o mesmo, mas consta em nossos

arquivos que exerceu ministério Pastoral na INSJC.

Tempo de Gestão: Dois anos e quatro meses, final de 1942 até o inicio

de 1945 Ata nº 24 de 19/02/1945.

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A História Geral da Igreja

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7ª Gestão

Mário Bernardini:

Família:

Estado Civil Casado

Nacionalidade: Brasileiro

Profissão: temos poucos registros sobre sua profissão, mas podemos afirmar que foi

Ministro Geral da INSJC, e também exerceu o Ministério pastoral os quais foram

elementos de grande ênfase no crescimento da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tempo de gestão: Entregou sua gestão por motivo de força maior no dia 30/03\01945 e

Mario Bernardino assumiu em seu lugar. (Ata nº 23)

8ª Gestão

Antônio dos Santos Medeiros:

Esposa: Tereza Medeiros

Profissão: Militar (Capitão)

No ano de 1950, foi eleito o Pastor Antonio dos Santos Medeiros, para um período de

gestão de 4 anos. A gestão do Pastor Medeiros durou 25 anos e teve grandes evoluções

administrativas como: Primeiro Informativo, Organização do Ministério Geral, das

Cooperadoras Geral, da Mocidade Geral, do Conjunto Coral, da Escola Bíblica, e

implantação do Programa Radiofônico. O Pastor Medeiros faleceu no mês de abril de

1972.

9ª Gestão

Manoel Zipo Pereira:

Esposa: Corália Alves Pereira;

Filhos: Eunice Pereira, Paulo Pereira, Pércida Pereira de Souza, Sara Pereira Moreira,

Marta Pereira Gomes, Lázaro Pereira, e Maria Madalena Pereira dos Santos.

Profissão: Segurança

Era o vice Presidente do Pr. Medeiros, assumiu a Presidência com o falecimento do

Titular, e permaneceu na Presidência por um período aproximadamente de um ano.

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A História Geral da Igreja

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

10ª Gestão

Bispo: Orestes Rodrigues:

Esposa: Marlene Calvo Rodrigues;

Filhos: Mara Calvo Rodrigues, Magda Calvo Rodrigues, Marcos Calvo Rodrigues, e

Gislaine Calvo Rodrigues.

Profissão: Militar

Em 1973, assumiu a Presidência o Bispo Orestes Rodrigues, havendo bom progresso em

números de membros e de templos, continuidade do Programa Radiofônico, criação do

Jornal “A Voz da Igreja”, implantação de Instrumentos Musicais, e abertura para Cursos

Teológicos em outras denominações, foi eleito, e depois reeleito duas vezes, presidindo a

Igreja por doze anos.

11ª Gestão

Bispo Eugênio Rocha:

Esposa: Joana Simões Rocha;

Filhos: Adna Rocha, Elizabete Rocha, Elias Rocha, Sônia Rocha, Débora Rocha, João

Rocha.

Profissão: Alfaiate

No ano de 1985, foi eleito o Bispo Eugênio Rocha, havendo vários progressos, como:

Instituição do Seminário Teológico por correspondência, implantação do sistema de

contribuições também através dos dízimos, Organização das Pastas Ministeriais da

Diretoria Geral, Liberação Total dos Instrumentos Musicais, e criação das Diretorias

Regionais. Neste período foi definido tempo integral para o Presidente, autonomia nos

usos e costumes, e na liturgia dos Cultos. O Bispo Eugênio Rocha também presidiu a

Igreja por doze anos.

12ª Gestão

Bispo Paulo Gabriel:

Esposa: Dinalva Fernandes Gabriel;

Filhos: Rosimeire, Rosângela, Paulo, Newton, e Fábio;

Profissão:

Advogado

Eleito em 1997, da mesma maneira colhemos os benefícios que se seguem: Edição da

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A História Geral da Igreja

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Revista própria da Igreja para as Escolas Bíblicas, Curso para Aperfeiçoamento de

Pastores, Desenvolvimento do Curso Básico de Teologia, instituição do Curso Médio,

Instituição do Cargo de Bispo, e Consagração de Mulheres como Oficiais da Igreja. A

gestão do Bispo Paulo Gabriel foi de oito anos.

13ª Gestão

José Candido de Oliveira

Esposa: Neuza Cozer de Oliveira;

Filhos: Renan, Lucas, e Jessé.

Profissão: Vendedor

Eleito em 2005, elaborou o Código de Ética Pastoral, o Manual de Grupos Familiares, e o

Manual de Maturidade Espiritual; Consolidou o Curso Médio em Teologia com o

material próprio da Igreja. Sua gestão foi também de oito anos.

14ª Gestão (Atual)

José Cordeiro de Souza

Esposa: Cleunice dos Santos Cordeiro;

Filhos: Gilliard Santos Cordeiro e Giselly Santos Cordeiro.

Profissão: Engenheiro

Bispo José cordeiro de Souza: Eleito em 2013, está praticando o seu plano de trabalho

apresentado aos Oficiais para a eleição: Visitas a todas as Igrejas, visitas a todos os

Pastores Titulares, a todos os Oficiais, Simplificação dos Manuais de Grupos Familiares e

de Maturidade Espiritual para facilitar a prática, e retornar a confecção das revistas para

as Escolas Bíblicas com as matérias do Curso Médio em Teologia simplificando-os para

Básico.

Possuímos hoje 135 Igrejas organizadas e 44 Congregações, ligadas a 21 Regionais;

Temos Igrejas nos Estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,

Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina, e São Paulo.

Para alcançarmos estes Estados, Deus levantou homens corajosos, que já estão com Ele,

como: Abraão Slebe Cury, Antônio dos Santos Medeiros, Antonio Policarpo, Ananias Ferreira

da Silva, Ananias Afôncio de Souza, Benedito de Lima, Benedito Satiro Moreira, Belchior

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Delmiro Conrado, Cândido Ferreira Lima, Expedito Gomes dos Santos, Gerardo Ataídes de

Souza, José Cassemiro de Pina, João Pereira, Joaquim Antunes de Souza, José Luna Sobrinho,

Justino Pacheco, Layri de Oliveira, Leopoldino Teodoro dos Santos, Luiz Samaan, Manoel Zipo

Pereira, Marcos Batista, Narciso Lima dos Santos, Neres Idalino de Oliveira, Nilo Pereira,

Sebastião Pedro da Silva, e muitos outros que fizeram a História da Igreja de Nosso Senhor Jesus

Cristo.

19.2. A nossa Missão

A Missão da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, é fazer acontecer a visão, através de

ganhar, consolidar, discipular e enviar; Se "GANHA" através das pregações da Palavra de Deus

nos cultos, nas cruzadas, congressos, e do compartilhamento da mesma nos lares; Se

"CONSOLIDA" através dos penieis, dos cultos e do curso de maturidade Espiritual; Se

"DISCIPULA" através das equipes nos lares, preparando as pessoas para o batismo; E se

"ENVIA" os batizados a discipularem e consolidarem outras pessoas.

19.3. A nossa Vissão

A "VISÃO" da igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, é DOBRAR o número de membros

a cada ano, através do discipulado nos Grupos Familiares.

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20. CONFISSÃO DE FÉ

I. Das Escrituras

Cremos que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus, a verdade dada aos homens. Não foi

escrita por vontade humana, mas inspirada por Deus (2Tm 3.16; 2Pe 1.21). A Bíblia é a nossa

regra de fé e prática, é Ela quem determina em quem devemos crer e o que devemos fazer. A

Bíblia é infalível, portanto, quem desobedecer aos seus ensinos, estará desobedecendo ao próprio

Deus.

II. De Deus

Cremos que há somente um Deus vivo e verdadeiro (Dt 4.35,39; Is 45.5; 1Co 8.4-6). Ele é

um ser inteligente, espiritual e pessoal. O Criador, o Redentor, o Sustentador e o Senhor do

universo. Deus é infinito em seu ser, em sua santidade, bondade e poder. E na unidade da

Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade: Deus Pai, Deus Filho e

Deus Espírito Santo, - isto é, a Santíssima Trindade (Gn 1.3,26; Mt 3.16,17; 28.19; 2Co 13.13;

1Jo 5.7).

1. Deus, o Pai

Cremos que Deus como Pai reina com cuidado providencial sobre o universo, sobre as

criaturas de acordo com os propósitos de sua graça. Ele tem todo poder, todo amor e toda

sabedoria. Deus é Pai em verdade para os que se tornam Seus filhos por meio da fé em Jesus

Cristo (Jo 1.11,12). Ele é paternal em sua atitude para com todos os homens.

2. Deus, o Filho

Cremos que Jesus Cristo é o eterno Filho de Deus (Mt 3.16,17), foi concebido pelo Espírito

Santo e nasceu da virgem Maria (Lc 1.35; Jo 1.14). Ele revelou perfeitamente a Deus e fez a Sua

vontade. Em sua morte na cruz fez provisão para a redenção do pecado. Ressuscitou dentre os

mortos e está exaltado à direita de Deus Pai, onde é o único Mediador entre Deus e o homem (Jo

1-3,18; Cl 1.16; Hb 1.3; 1Jo 5.20).

3. Deus, o Espírito Santo

Cremos que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade.Ele não é uma

força impessoal ou um poder cósmico. Ele é o Espírito de Deus. Ele inspirou santos homens do

passado para escreverem as Escrituras. Através dEle somos capacitados a entender a verdade.

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Ele exalta a Cristo. Convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo vindouro. Chama

os homens ao Salvador e efetua a regeneração. Desenvolve o caráter cristão, consola os crentes e

lhes concede dons espirituais pelos quais servem a Deus através de Sua igreja. Ele sela o crente

para o dia da redenção final. Reveste a igreja de poder para a adoração, a evangelização e o

serviço (Sl 139.7-10; Jo 14.16; 16.12,13; At 1.8; 1Co 12; Ef 4.30).

III. Do Homem

Cremos que o homem foi criado por um ato especial de Deus, à sua própria imagem, e é a

obra coroadora de Sua criação (Gn 1.26,27). O homem foi criado em santidade, sob a lei de seu

criador, mas voluntariamente se rebelou contra o seu Criador e caiu do estado santo e feliz. Pelo

fato do primeiro homem ter desobedecido a seu Criador, como conseqüência toda a humanidade

agora é pecadora (Rm 5.12). Somente a graça de Deus pode levar o homem à sua santa

comunhão e capacitá-lo a cumprir o propósito criativo de Deus. A natureza sagrada da

personalidade humana é evidente no fato de que Deus criou o homem à sua própria imagem e de

que Cristo morreu pelo o homem; portanto, todo o homem possui dignidade, sendo digno de

respeito e amor.

IV. Da Salvação

Cremos que a salvação envolve a redenção do homem e é oferecida a todos que aceitarem

Jesus Cristo como Senhor e Salvador, que por seu próprio sangue obteve eterna redenção para o

homem. Na salvação estão envolvidos: a justificação, regeneração, santificação e glorificação.

1. A Justificação – é o ato pelo qual Deus declara justos todos aqueles que confiarem no

sacrifício oferecido por Jesus Cristo na cruz do Calvário. A justificação leva o crente a

um relacionamento de paz e de favor para com Deus. Na justificação somos perdoados

(Rm 3.24-26; 5.1-10).

2. A Regeneração – ou o novo nascimento, é a obra da graça de Deus, por meio da qual os

crentes tornam-se novas criaturas em Cristo Jesus (Jo 3.1-8; 2Co 5.17). É o ato pelo qual

Deus por meio do Espírito Santo concede nova vida àqueles que aceitaram ao Senhor

Jesus. É uma mudança de coração realizada pelo Espírito Santo através da convicção de

pecado, na qual o pecador responde com arrependimento para com Deus e com fé no

Senhor Jesus Cristo.

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3. A Santificação – é a experiência que se inicia na regeneração, pela qual o crente é

separado para os propósitos de Deus e capacitado a progredir a perfeição moral e

espiritual através da presença e do poder do Espírito Santo que nele habita (Hb 12.14).

4. A Glorificação – é a culminação da salvação e o bendito e o duradouro estado final dos

remidos. É a santificação plena que se dará quando encontrarmos com o Senhor (Rm

5.9,10; 1Pe 1.5).

V. Da Igreja

Cremos que a Igreja é uma instituição divina, edificada pelo próprio Senhor Jesus (Mt

16.18). A Igreja é uma congregação de crentes batizados, associados por aliança na fé e na

comunhão do evangelho, observando as ordenanças de Cristo; governado por suas leis, e

exercendo os dons, direitos e privilégios neles investidos pela Sua Palavra. A Igreja é o Corpo de

Cristo, sendo Ele, por sua vez, o Cabeça da Igreja. Os oficiais que presidem na Igreja são aqueles

instituídos pelo próprio Senhor Jesus (Ef 4.11,12). A Igreja tem uma tríplice missão: adoração

(Ef 1.6), edificação (discipulado) e evangelização.

VI. Do Batismo e a Ceia do Senhor

Cremos que o batismo cristão é um testemunho público de arrependimento e fé. É realizado

por imersão do crente em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). É um ato de

obediência que simboliza a fé do crente no salvador crucificado, sepultado e ressurreto, a morte

do crente para o pecado, o sepultamento da velha vida e a ressurreição para que ande em

novidade de vida (Rm 6.1-7).

Cremos que a Ceia do Senhor é um ato simbólico pelo qual os membros da igreja, através

da participação do pão e do vinho recordam como memorial a morte de Cristo e anunciam a sua

segunda vinda (Mt 26.26-30; 1Co 11.17-32).

VII. Do Governo Civil

Cremos que o governo civil é instituído por Deus e designado para os interesses e para a

boa ordem da sociedade humana, portanto, deve-se orar pelas autoridades, e serem

conscientemente honradas e obedecidas (Rm 13.1-7), exceto somente nas coisas em que se opõe

à vontade de nosso Senhor Jesus Cristo que governa todas as coisas.

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VIII. Da Evangelização e Missões

Cremos que é dever e privilégio de cada seguidor de Cristo e de toda a igreja do Senhor

Jesus Cristo fazer discípulo de todas as nações. Todos os filhos de Deus devem constantemente

ganhar os perdidos para Cristo (Mt 28.18-20).

IX. A Mordomia

Cremos que Deus é dono de Todas as coisas, é o Senhor do universo e fonte de todas as

bênçãos, temporais e espirituais; tudo o que temos e somos devemos a Ele (Sl 24.1; 102.25; Is

45.12;1Pe 4.10; Ef 5.16). Portanto, temos a obrigação de servi-lO com tempo, talentos e bens

materiais; e devemos reconhecer todos esses bens como confiados a nós para serem usados para

a glória de Deus e para ajudar o próximo. De acordo com as Escrituras, os cristãos devem

contribuir com dízimos e ofertas de modo alegre, regular, sistemático, proporcional e

liberalmente para o avanço da causa do Reino de Deus (Ml 3.10; Mt 23.23; 2Co 8-9).

X. Das Últimas Coisas

Cremos que Deus, em seu próprio tempo e de seu próprio modo, levará o mundo ao final

que lhe cabe. De acordo com sua promessa, Jesus Cristo voltará pessoalmente e visivelmente em

glória à terra e a Igreja será arrebatada (Mt 24.29-31,36; At 1.11; 1Ts 4.13-18); os mortos serão

ressuscitados e Cristo julgará todos os homens em justiça. A primeira ressurreição será para

aqueles que morreram em Cristo, esta é a ressurreição para a vida, a segunda ressurreição será

para julgamento e condenação (Dn 12.2; Jo 5.28,29; Ap 20.4-6). Os ímpios serão destinados ao

inferno (lago de fogo que é o lugar de eterna punição); os justos, em corpo ressurreto e

glorificado, receberão sua recompensa e galardão e habitarão para sempre com o Senhor.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos. : São Paulo: Vida Nova, 1995.

CHAMPLIN, R. N.. BENTES, J. M.. Enciclopédia de bíblia, teologia e filosofia. Vol. 1. São

Paulo: Candeia, 1991.

GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Edições Vida Nova, 1994.

GONZALEZ, Justo L. A Era dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1997.

TALBOT, Kenneth G. e CRAMPTON, W. Gary. Calvinism, Hyper-Calvinism & Arminianism,

Dr., The Apologetic Group, p. 111-116.

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Nome:________________________________________________nota___________

Prova n°01 – QUESTIONÁRIO

1) O que Constantino Magno imperador romano considerado o "Bispo dos bispos" não achou prudente

realizar até poucos dias antes de sua morte?

a) ( ) Se casar

b) ( ) Participar da Ceia do Senhor

c) ( ) Se batizar

d) ( ) Perdoar

2) O evento que causou a ruptura da Igreja, separando-a em duas: Igreja Católica Apostólica Romana e

Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, a partir do ano 1054, quando os líderes da Igreja de

Constantinopla e da Igreja de Roma excomungaram-se mutuamente, chama-se?

a) ( ) O Grande Cisma

b) ( ) A Grande Ceia

c) ( ) A Grande Divisão

d) ( ) O Grande Mudança

3) Um dos eventos mais curiosos envolvendo as Cruzadas certamente foi o de 1212. Na ocasião,

crianças e adolescentes que acreditavam estarem possuídas do poder divino para reconquistar

Jerusalém partiram em direção aos portos para embarcarem rumo à Palestina. Esta Cruzadas vitimou

vários dos jovens ainda durante a viagem e os sobreviventes foram vendidos como escravos aos

muçulmanos quando atracaram no porto de Alexandria. Esta expedição ficou conhecida como?

a) ( ) Cruzadas dos menores

b) ( ) Cruzadas dos pequenos

c) ( ) Cruzadas dos pequeninos

d) ( ) Cruzadas das crianças

4) A instituição formada pelos tribunais da Igreja Católica que perseguiam, julgavam e puniam pessoas

acusadas de se desviar de suas normas de conduta era chamado como?

a) ( ) Cruzadas

b) ( ) Inquisição

c) ( ) Reforma

d) ( ) Iluminates

5) A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo tem a sua fundação no dia 17 de maio do ano de um mil

novecentos e trinta e seis. Teve início primeiramente no coração de Deus e concretizou na terra

através do Pastor?

a) ( ) Marcos Batista Pereira da Silva

b) ( ) Joaquim Camargo.

c) ( ) José cordeiro de Souza

d) ( ) Bispo Paulo Gabriel