a história de roma

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A Histria de Roma

Tito Lvio"Historiador romano (Pdua, 64 ou 59 a. C. - Roma, 17 d. C.), autor de uma histria romana (das origens at o ano 9 a. C.) em 142 livros, dos quais restam apenas 35. Sincero, embora desprovido de esprito crtico, Tito Lvio celebra o passado de Roma e transforma a histria num monumento patritico". (Bibliografia n2 p.1609)

A Histria de Roma Os Sete Reis

Seiscentos anos aps os acontecimentos, Tito Lvio descreve o tempo em que Roma foi governada por reis. Por isso mesmo no se d grande credibilidade a esta poca, considerando-a uma mistura de factos e lendas pois desta altura s temos esta fonte para nos basear.

O primeiro rei foi Rmulo, entre 753 a.C e 715 a.C., foi o criador do incio da organizao poltica. Seguiu-se-lhe Numa Pompilius, um sabino que governou entre 715 a.C. e 673 a.C.. Foi o organizador da religio romana. De 673 a.C. governa Tullus Hostilius, um latino e entre 641 a.C. e 616 a.C., Ancus Marcius, um sabino.

No sculo VI a.C. Roma passou para domnio etrusco e governam mais trs reis: de 616 a.C. a 579 a.C. reina L. Tarquinius Priscus conhecido como Tarquinio I ou o Antigo, segue-se Servius Tullius entre 579 e 534 a.C. e por fim L. Tarquinius Superbus conhecido como Tarquinio II ou o Orgulhoso. Era filho de Tarquinio I. Apesar deste facto os reis no eram hereditrios, eram escolhidos pelo Senado. No incio a escolha era feita entre Latinos ou Sabinos (de certa forma eram considerados nacionais), at altura da invaso etrusca. A partir de ento Tarquinio I torna-se o primeiro rei etrusco. Embora parecesse que os romanos aceitassem os etruscos como reis, a cidade no se submeteu ao seu domnio. A prova est no facto de Tarquinio I e Servius Tullius terem sido assassinados. E embora Tarquinio II tenha reinado como um tirano, maltratando os senadores e tornando-se impopular, foi um processo de costumes que fez com que os romanos o expulsassem.

A Republica

Em 510/509 a.C., quando Tarquinius foi deposto nasce a Republica. O rei foi substitudo por dois magistrados que no inicio se chamaram Pretores e mais tarde por Cnsules. No incio da Republica eram eleitos anualmente entre os membros do senado.

Existiam ainda vrias categorias hierrquicas de governo que sofreram bastantes alteraes durante a Republica. Em 494 a.C. deu-se uma dessas alteraes quando a classe pobre urbana conhecida como a Plebe se revoltou contra a explorao a que estavam submetidos e criaram a categoria dos oficiais para os defenderem. Esta nova classe eram os Tribunos. O Senado era assim formado por uma Assembleia e um Conselho de cidados. Na Assembleia estavam os nobres romanos, a sua elite eram os Patrcios e eram considerados os protectores da cidade. A Republica durante os sculos V e IV a.C. ficou marcada pelas lutas entre Plebeus e Patrcios e pela conquista das zonas fronteirias do Lcio. Nos sculos III e II completaram as instituies e conquistaram um grande territrio na bacia do Mediterrneo. Por fim, no sculo -- deu-se a crise das instituies devido s ambies dos generais. As grandes lutas pelo poder davam-se porque os funcionrios de maior categoria que eram os Censores elaboravam uma seleccionadssima lista dos indivduos unicamente de origem patrcia em que se podia votar, enquanto os Cnsules dirigiam a lei entre os Aediles que tratavam do ramo das obras pblicas e entre os Quaestores que se encarregavam do bom funcionamento dos tribunais. De sublinhar novamente que qualquer um destes indivduos pertencia classe nobre. Quando Roma se desenvolveu apareceu uma nova classe que alterou a luta das classes. Foi a classe dos comerciantes que enriqueceram com o florescer de Roma. Esta nova classe animou ainda mais a luta entre classes. Provocou a nomeao dos Tribunos do povo e em 494 a.C. deu-se mesmo uma assembleia popular. Todos os Senadores tinham de fazer manter a continuidade e respeito pelas tradies.

Os Imperadores

Desde finais do sculo II a.C. at 60 a.C. a histria de Roma construiu-se com revoltas do povo e aproveitamento dos generais em proveito prprio e revoltas de territrios subjugados. At que em 60 a.C., os trs homens fortes de Roma: Pompeu, Crasso e Csar formam o Primeiro Triunvirato. Pompeu e Crasso morrem e em 48 a.C. o ditador de Roma. Morre assassinado em 44 a.C.. Csar, no seu testamento deixa Octvio como herdeiro e acaba por juntar-se a Marco Antnio e Lpido que eram os chefes de estado. Ento em 43 a.C. forma-se o Segundo Triunvirato que foi uma ditadura legal que vigoraria por cinco anos, mas a ambio leva Lpido a querer ser o nico no poder mas acaba por ser afastado do mesmo. Mais tarde Marco Antnio envolve-se com Cleopatra e como era casado com a irm de Octvio, este persegue-o at ao suicdio de Marco Antnio.

Em 27 a.C. Octvio senhor absoluto de Roma, logo o primeiro Imperador. Estabiliza e reforma o imprio atribuindo terras aos soldados. Recebe o poder consular vitalcio e morre em 14 a.C., no sem antes edificar uma majestosa cidade. Chegamos a 98 d.C. sob o governo de Trajano, quando o Imprio Romano atinge o seu maior grau de expanso.. Sucedeu-lhe Adriano que para manter o domnio do Imprio no se interessou pelas ltimas anexaes. Em 180 d.C. Roma est beira da Anarquia e comea o seu declnio, em 284 d.C. o imperador Diocleciano reforma o governo e a administrao. E em 286 d.C. o governo passa a ser dividido por quatro pessoas. Esta forma de governo tem o nome de Tetrarquia. O governo foi ento dirigido por dois Co-imperadores conhecidos como Augustus. Um dos Augustos, Diocleciano ficou a governar o Ocidente e o outro, Maximiano, o Oriente. Abaixo dos dois co-imperadores estavam dois Csares, que estavam abaixo da posio de imperador e com o passar do tempo sucederiam aos Augustus. Mas a situao econmica continuou um caos.

A 305 d.C. os dois co-imperadores abdicam, voltando a anarquia at ao sculo IV em que reposta a Tetrarquia. Lcinio governa o Ocidente e Constantino, o Oriente. Em 313 o Imprio Romano torna-se Cristo e passa a haver liberdade de culto. Em 324 d.C. o fim de Roma irreversvel.

quando Constantino, o Grande, submete Bizncio e esta re-baptizada de Constantinopla e torna-se a capital do Imprio Romano falando o grego como lngua oficial.

Assim acaba o poderoso Imprio Romano... que se conota pela histria dos prprios imperadores! Dos muitos senhores de Roma (muitos dos quais no foram aqui falados, foi necessrio seleccionar apenas os que me pareceram mais importantes) alguns foram assassinados, outros suicidaram-se, tudo pelo governo da capital do mundo.

Em 27 a.C. Octvio senhor absoluto de Roma, logo o primeiro Imperador. Estabiliza e reforma o imprio atribuindo terras aos soldados. Recebe o poder consular vitalcio e morre em 14 a.C., no sem antes edificar uma majestosa cidade. Chegamos a 98 d.C. sob o governo de Trajano, quando o Imprio Romano atinge o seu maior grau de expanso.. Sucedeu-lhe Adriano que para manter o domnio do Imprio no se interessou pelas ltimas anexaes. Em 180 d.C. Roma est beira da Anarquia e comea o seu declnio, em 284 d.C. o imperador Diocleciano reforma o governo e a administrao. E em 286 d.C. o governo passa a ser dividido por quatro pessoas. Esta forma de governo tem o nome de Tetrarquia. O governo foi ento dirigido por dois Co-imperadores conhecidos como Augustus. Um dos Augustos, Diocleciano ficou a governar o Ocidente e o outro, Maximiano, o Oriente. Abaixo dos dois co-imperadores estavam dois Csares, que estavam abaixo da posio de imperador e com o passar do tempo sucederiam aos Augustus. Mas a situao econmica continuou um caos.

A 305 d.C. os dois co-imperadores abdicam, voltando a anarquia at ao sculo IV em que reposta a Tetrarquia. Lcinio governa o Ocidente e Constantino, o Oriente. Em 313 o Imprio Romano torna-se Cristo e passa a haver liberdade de culto. Em 324 d.C. o fim de Roma irreversvel.

quando Constantino, o Grande, submete Bizncio e esta re-baptizada de Constantinopla e torna-se a capital do Imprio Romano falando o grego como lngua oficial.

Assim acaba o poderoso Imprio Romano... que se conota pela histria dos prprios imperadores! Dos muitos senhores de Roma (muitos dos quais no foram aqui falados, foi necessrio seleccionar apenas os que me pareceram mais importantes) alguns foram assassinados, outros suicidaram-se, tudo pelo governo da capital do mundo.RESUMO DA ENEIDA

Prof. Dr. Zlia de Almeida Cardoso(FFLCHUSP - DLCV)

Canto I Partindo da Siclia, os navios de Enias so atingidos por violenta tempestade provocada por olo a pedido de Juno; (excertos 5 e 6); Netuno acalma os mares (excerto 6); os navios so desviados para as praias do norte da frica (excerto 8). Vnus intercede pelos troianos (excerto 9); a chegada a Cartago (excerto 10); Dido acolhe os nufragos e lhes oferece um banquete durante o qual se apaixona por Enias (fig. 4).Canto II Por solicitao de Dido, Enias relata a histria da guerra de Tria, enfatizando os episdios que lhe determinaram o fim: o aprisionamento do grego Sino, instrudo por Ulisses para enganar os troianos, a introduo do cavalo de madeira na cidade, a sada dos soldados escondidos na calada da noite, a batalha noturna, o incndio, o ataque ao palcio do rei, a vitria dos gregos, a fuga de Tria, com Anquises e Ascnio (fig. 5), o desaparecimento de Cresa (excerto 11).Canto III Continuando a narrao, Enias relata rainha as peripcias e prodgios que marcaram a viagem dos troianos: as escalas na Trcia (excerto 12) e em Creta, a partida para a Itlia, o encontro com as harpias, a chegada ao Epiro e Siclia e a morte de Anquises.Canto IV Dido se apaixona por Enias (excertos 13 e 14), convida os troianos para participarem de uma caada (excerto 15) e se vale de um encontro casual, durante uma tempestade, para entregar-se ao chefe troiano (excertos 16 e 17). Censurado por Jpiter, que lhe envia Mercrio como emissrio (excerto 18), Enias se dispe a abandonar Cartago, disposto a cumprir a misso para a qual fora preservado. Dido, desesperada, o amaldioa (excerto 19) e se suicida (fig. 6).Canto V Chegando novamente Siclia, Enias realiza jogos fnebres em homenagem ao primeiro aniversrio da morte de Anquises.Canto VI Fazendo uma escala em Cumas, Enias consulta uma sacerdotisa de Apolo, toma cincia do que o espera, no futuro, e obtm permisso para fazer uma visita ao reino dos mortos (fig. 7); encontra-se com Anquises que lhe d preciosas informaes e fala do futuro de Roma (excerto 20).Canto VII Enias chega regio do Tibre e o rei Latino se dirige ao orculo de Fauno (excerto 21); so enviados embaixadores troianos ao rei, que oferece a Enias a mo de sua filha, Lavnia. Amata, a rainha, se enfurece com a aliana, o mesmo ocorrendo com Turno, chefe rtulo a quem a moa fora prometida em casamento. declarada a guerra entre latinos e troianos. Turno obtm aliados, entre os quais os volscos, chefiados por Camila (excerto 22)Canto VIII Enias procura fazer aliana com o rei Evandro enquanto Vnus solicita a Vulcano armas para o troiano.Canto IX Eclode a guerra. Turno ataca os acampamentos de Enias e dois jovens troianos, Niso e Euralo, tm oportunidade de mostrar seu valor, embora encontrando a morte. A me de Euralo se lamenta (excerto 23). A guerra prossegue.Canto X Jpiter procura conciliar Juno e Vnus, a fim de que a guerra chegue ao fim (fig. 8). A violncia, entretanto, continua. H perdas importantes de ambos os lados. Morre Palante, o jovem filho do rei Evandro, aliado dos troianos. Canto XI Faz-se uma trgua para que se enterrem os mortos; realiza-se o funeral de Palante (excerto 24); cogita-se numa proposta de paz; os exrcitos inimigos, todavia, se defrontam. A carnificina terrvel e morre Camila, rainha dos volscos, aliada de Turno.Canto XII Vendo o exrcito desanimado, Turno se dispe a enfrentar Enias num duelo; firmam-se as condies, mas o tratado violado; uma seta fere Enias e Vnus o cura. O exrcito troiano chega at os muros da cidade e Amata se suicida. Trava-se o combate singular entre Enias e Turno. O chefe troiano vence o inimigo e o sacrifica (excerto 25 e fig. 9).

EXCERTOS1. Verso inicial: ARMA VIRUMQUE CANO TROIAE QUI PRIMUS AB ORIS-.........U...U....-........U......U.....-..........-...-..........-........-......U....U....-......-R-MA V|RUM QUE C|NO || TR|IAE QUI | PR-MUS AB | R-IS2. Proposio do assunto: "Canto as armas e o varo que, proveniente das praias de Tria, fugindo por fora de seu prprio destino, foi o primeiro a chegar Itlia e aos litorais lavnios; foi ele atirado de um lado para outro, nas terras e no mar, pela fora dos deuses, pela ira memorvel da cruel Juno, e sofreu muito na guerra at que construsse uma cidade e introduzisse os deuses no Lcio, de onde procedem a gerao latina, os velhos albanos e os muros da altiva Roma" (I, 1-7).3. Invocao: "Musa, relembra-me as causas: foi por ter sido ferida em sua divindade ou por que outra razo, que a magoada rainha dos deuses teria obrigado um varo insigne por sua piedade a envolver-se em tanta desgraa, a enfrentar tanta luta? Porventura to grandes iras se abrigam nos espritos celestes?" (I, 8-11).4. Causa do dio de Juno pelos troianos: "Havia uma cidade antiga os colonos trios a ocupavam , Cartago, diante da Itlia e da foz do Tibre, mas distante, opulenta em riquezas e durssima na prtica da guerra; fala-se que Juno a amava mais do que a todas as outras, tendo deixado de lado a prpria Samos. Ali estiveram suas armas, ali esteve seu carro; a deusa pretende que, se os fados o permitirem, este seja o reino de todos os povos, e o protege. Ouvira dizer, entretanto, que haveria de surgir, oriunda de sangue troiano, uma raa que um dia derrubaria as fortalezas trias" (I, 12-20).5. Descrio da Elia, para onde Juno se dirige "Revolvendo estes pensamentos em seu corao inflamado, a deusa se dirigiu Elia, terra dos nimbos, lugar chicoteado pelos austros enfurecidos. Ali o rei olo, num vasto antro, contm com seu poder os ventos lutadores e as estrondosas tempestades e os refreia com cadeias e priso" (I, 50-54).6. A tempestade "... os ventos, como se tivesse sido organizado um esquadro, se precipitam pela porta que lhes foi aberta e sopram sobre a terra, em turbilho. Lanam-se sobre o mar, at suas profundezas, o Euro e o Noto, ao mesmo tempo, e tambm o frico, freqente nas tempestades, e arremessam s praias imensos vagalhes. Segue-se a isso o clamor dos homens e o estridor das cordas. As nuvens, subitamente, arrancam o cu e a claridade dos olhos dos teucros; uma noite negra cai sobre o mar. O firmamento ribomba e o ar fasca com relmpagos incessantes e tudo parece mostrar aos homens a morte iminente" (I, 82-91). 7. Interveno de Netuno "... Netuno percebeu, entretanto, que o mar se agitava com um grande fragor e que uma tempestade se desencadeara e que os abismos tinham sido revolvidos, em suas profundezas, e se enfureceu intensamente [...]; acalma os mares revoltos, afugenta as nuvens que se haviam acumulado e traz de volta o sol" (I, 124-126; 142-143).8. Chegada dos troianos Lbia "Os Enadas, fatigados, procuram chegar, em seu curso, ao litoral prximo e voltam-se em direo s praias da Lbia. H ali um local, numa vasta baa: uma ilha forma um porto, com a barreira de seus lados, contra os quais todas as ondas do mar se quebram e se dividem em ondulaes que refluem. De um lado e de outro, grandes penhascos e dois rochedos gmeos ameaam o cu; sob seus vrtices, ao longe, as guas se calam, tranqilas. Alm deles, como se fosse um cenrio com rvores tremulantes, h um bosque escuro que se situa no alto, com uma sombra misteriosa. Diante dele h uma gruta com estalactites pendentes; em seu interior, a morada das ninfas, h gua fresca e assentos na rocha viva. Ali nenhuma corda precisa prender os navios cansados, nenhuma ncora os retm com seu dente adunco. Enias entra nesse local com sete navios escolhidos dentre todos e os troianos, desembarcando com grande saudade da terra, se apossam da praia alcanada e estendem na areia os membros molhados com gua salgada. Imediatamente Acates tira uma centelha da rocha, apara o fogo em folhas, alimenta-o com nutrimento seco e obtm uma chama nos gravetos. Em seguida, embora cansados com esses procedimentos, tiram dos navios os dons de Ceres, molhados pelas ondas, os cereais, e se preparam para torrar os gros no fogo e quebr-los com pedras" (I, 157-179).9. Jpiter profetiza o destino dos romanos "Nascer de uma nobre origem, descendente da famlia Jlia, que tirou seu nome do grande Iulo, um Csar troiano que estender seu imprio at as guas ocenicas e sua fama at os astros. Tu, tranqilizada, o recebers um dia no cu, carregado com o esplio do Oriente; e ele tambm ser invocado com votos" (I, 286-289). 10. Enias e Acates chegam a Cartago "Tomaram ento o caminho por onde existe uma vereda. Subiram a colina que domina a cidade e que se volta, de cima, para a cidadela fronteira. Enias admira a construo imponente, outrora pobres choupanas, admira as portas, o alarido e o calamento das ruas. Os trios, cheios de ardor, apressam-se, uma parte em erguer muralhas e construir a fortaleza e, com as mos, fazem as pedras rolar; outra parte, em escolher um lugar para suas casas e a cerc-lo com um fosso. Eles tm leis e magistrados e tambm o sacrossanto senado. Alguns escavam portos, outros preparam profundos alicerces para os teatros, cortam enormes colunas de pedra, belas decoraes para os futuros cenrios. Dessa forma o trabalho anima as abelhas, no vero, pelos campos floridos, quando fazem sair a prole j adulta de sua espcie ou quando adensam o lqido mel e enchem os favos com o doce nctar" (I, 418-433).11. O encontro de Enias com a sombra de Cresa "A mim que a procurava, desvairado, entre as casas da cidade, apareceu ante meus olhos um triste simulacro, a sombra da prpria Cresa, uma imagem maior do que a que eu conhecia. Fiquei estarrecido, meus cabelos se arrepiaram e a voz se me prendeu na garganta (Obstipui steteruntque comae et uox faucibus haesit). Ento ela assim falou e com suas palavras acalmou meus cuidados: De que adianta te entregares a uma dor insana, querido esposo? Estas coisas no acontecem sem a vontade dos deuses. Nem o destino nem o rei do alto Olimpo permitem que leves Cresa como companheira. Longos exlios e uma vasta extenso de mares devem ser enfrentados por ti: chegars terra Hespria onde o Tibre ldio corre por entre os frteis campos dos homens com uma corrente mansa. Ali coisas felizes te sero reservadas, um reino e uma esposa real; afasta as lgrimas de tua querida Cresa. [...] Assim que disse tais palavras, ela se afastou de mim, que estava chorando e desejava dizer-lhe muitas coisas, e desapareceu nos ares. Trs vezes tentei abra-la, trs vezes a imagem retida escapou de minhas mos, igual ao vento, semelhante a um leve sonho" (II, 771-784; 790-794). 12. Enias ouve a voz de Polidoro "Eu estava oferecendo sacrifcios minha me, a filha de Dione, e aos deuses protetores das obras iniciadas e ia sacrificar um belo touro na praia em homenagem ao supremo rei dos celcolas. Havia ali perto uma elevao tumular em cujo cimo estavam rebentos de pilriteiro e uma murta eriada de muitas hastes. Aproximei-me e, tentando arrancar da terra um galho verde para cobrir o altar com ramagens frondosas, presencio um prodgio espantoso e horrendo de contar, pois assim que a planta foi arrancada do solo, com suas razes arrebentadas, gotas de sangue negro dela escorrem e mancham a terra com a podrido. Um frgido terror sacode meus membros e, com o medo, meu sangue gelado se paralisa. Tento arrancar novamente um ramo flexvel de outra rvore e descobrir as causas ocultas do prodgio. Cai sangue negro da casca da outra rvore. Remoendo na mente muitas coisas, pus-me a invocar as ninfas agrestes e o pai Gradivo que preside os campos gticos, para que, de acordo com o rito, protegessem as aparies e afastassem os maus pressgios. Mas depois que seguro um terceiro ramo com mais fora e firmo os joelhos no cho que se lhes ope (deverei falar ou calar-me?), ouve-se um gemido lacrimoso do fundo do tmulo e a voz que escapa chega a meus ouvidos: Enias, por que dilaceras um infeliz? Tem compaixo de quem j est morto. Abstm-te de tornar sacrlegas tuas pias mos. Nem Tria me gerou estranho a ti nem este sangue mana de um galho de rvore. Ai de mim! Foge destas terras cruis, foge desta praia cobiosa. Pois eu sou Polidoro. Foi aqui que uma grande quantidade de lanas de ferro me trespassou e cresceu sob a forma de dardos agudos. Fiquei estarrecido, meus cabelos se arrepiaram e a voz se me prendeu na garganta" (Obstipui steteruntque comae et uox faucibus haesit) (III, 19-48).13. Dido se apaixona por Enias "Mas a rainha, atingida por uma grande aflio, alimenta seu ferimento em seu sangue e se entrega a um fogo oculto. Retorna constantemente a seu esprito a lembrana da grande coragem do troiano e da nobreza de seu povo; permanecem fixados em sua mente o semblante e as palavras que ele proferiu e ela no consegue oferecer aos membros um tranqilo repouso. A Aurora seguinte iluminava as terras com a luz de Febo e j havia afastado do cu as sombras midas quando, desvairada, ela assim se dirige irm querida: - Ana, minha irm, que insnia e que agitao me aterrorizam! Que novo hspede este que entrou em nossa casa? [...] Se eu no repudiasse o tlamo e a tocha, talvez pudesse sucumbir a esta nica falta" (IV, 1-10; 18-19).14. Desvario de Dido "A infeliz Dido se inflama e vagueia desvairada por toda a cidade, como a cora ferida pela flecha; o pastor, que a perseguia com suas armas, sem saber, atingiu, de longe, a imprudente, nos bosques de Creta, quando ela estava distrada, e nela ficou fixada a haste de ferro que veio pelos ares; ela percorre em sua fuga as florestas e os bosques dicteus; a flecha mortal vai presa a seu flanco" (IV, 68-73).15. Partida para a caada "Entretanto, a Aurora surgindo, deixou o Oceano; ao descambar da estrela da manh, a juventude escolhida se dirige s portas da cidade; redes de malha larga, telas, grossos dardos de ferro; os cavaleiros masslios se apressam bem como os ces de fino faro. Os chefes fencios esperam junto ao limiar a rainha que se demora em seu leito; um cavalo est a postos, deslumbrante pelo ouro e pela prpura, e morde, impaciente, os freios espumantes. Finalmente a rainha se aproxima, acompanhada de um grande sqito, envolta numa clmide sidnia, com a fmbria bordada; sua aljava de ouro, os cabelos so presos com ouro, uma fivela de ouro fecha-lhe o manto purpreo". 16. A tempestade "O cu, entretanto, comea a tumultuar-se com grandes estrondos; sobrevm uma nuvem carregada e granizo; tanto os trios como os jovens troianos e o dardnio neto de Vnus procuram, com medo, diversos abrigos pelos campos; torrentes despencam das montanhas. Dido e o chefe troiano chegam mesma gruta. A terra, primeiro, e Juno como prnuba do o sinal: os fogos se acenderam, bem como o ter, cmplice dos casamentos, e as ninfas gritaram do mais alto cimo. Esse primeiro dia foi causa de sofrimentos e morte: Dido j no se importa com a convenincia ou com a sua reputao; j no considera seu amor como clandestino; chama-o de casamento e com essa palavra encobre sua culpa" (IV, 160-172).17. A Fama "Imediatamente a Fama vai pelas grandes cidades da Lbia. A Fama e nenhum outro mal mais veloz que esse tem grande mobilidade e caminhando adquire foras. Inicialmente pequena em razo do medo, eleva-se rapidamente nos ares, anda no solo e esconde a cabea nas nuvens" [...] " um monstro horrendo, enorme, que tem tantas plumas no corpo quanto olhos vigilantes sob elas, coisa incrvel, tantas lnguas quanto bocas que falam, quanto ouvidos que se pem atentos" (IV, 173-176; 181-183).18. A mensagem de Mercrio "Assim que Mercrio tocou as pequenas casas da Lbia, com seus ps alados, viu Enias construindo fortalezas e reformando as habitaes. Tinha ele uma espada marchetada de jaspe dourado e brilhava num manto de prpura, pendente de seus ombros: era um presente que Dido lhe fizera; ela mesma bordara o tecido com fios de ouro. O deus o interpela, no mesmo momento: Tu, agora, constris os alicerces da altiva Cartago e, servindo a uma esposa, edificas uma bela cidade, ai, esquecido de teu reino e de tua misso! Envia-me a ti, do claro Olimpo, o prprio rei dos deuses, que move cus e terras com sua vontade; ele prprio me ordenou que te trouxesse estas ordens pelos ares velozes. Que pensas tu? Com que esperana despendes teu cio pelas terras lbicas? Se no te move nenhum anseio de glria por uma to grande misso, se no te dedicas a nenhum trabalho para teu louvor, olha Ascnio que est crescendo e as esperanas de Iulo, teu herdeiro, a quem devido o reino da Itlia e a terra romana" (IV, 259-276).19. Maldio de Dido "Nem uma deusa tua me nem Drdano o ancestral de tua raa, prfido. O pedregoso Cucaso te gerou nos penhascos escarpados e as tigresas da Hircnia te deram as tetas. Por que dissimulo, porm? Para que dores maiores me reservo? Acaso ele se comove com meu pranto? Acaso desvia os olhos? Acaso, vencido, verteu lgrimas ou teve compaixo de sua amante?" [...] "No te detenho nem respondo a tuas palavras. Vai, dirige-te Itlia com os ventos, alcana teu reino com as ondas. Mas eu espero, se as piedosas divindades podem algo, que sofras suplcios no meio dos rochedos e que muitas vezes invoques Dido por seu nome. Ausente, eu te acompanharei com fogos negros e quando a frgida morte tiver separado meus membros de minha alma estarei por toda parte, como sombra. Ters teu castigo, perverso. Disso eu saberei e a notcia me chegar nas profundezas dos manes" (IV, 365-370; 380-387).20. Profecia de Anquises "Outros povos trabalharo com mais delicadeza os bronzes que parecem respirar assim creio eu e tiraro do mrmore rostos que parecem vivos, discursaro melhor em suas causas, descrevero com o compasso o espao do cu e discorrero sobre os astros que surgem. Quanto a ti, romano, lembra-te de governar os outros povos com o teu poder. Esta ser a tua arte: impor as condies de paz, poupar os vencidos, destruir os soberbos" (VI, 847-853).21. Conselhos de Fauno ao rei Latino "No procures unir tua filha a um esposo latino, meu filho, e no confies no casamento combinado. Viro de fora os genros que, por sua prognie, elevaro nosso nome at os astros; os descendentes dessa raa vero que a seus ps se curva, deixando-se dominar, tudo aquilo que o sol ilumina ao percorrer seu caminho entre os dois oceanos" (VII, 96-100).22. Camila "Alm destes, chega Camila, da gente volsca, comandando, guerreira, um esquadro de cavaleiros e batalhes brilhantes pelas armas de bronze; ela no acostumou suas mos femininas roca de Minerva e aos balaios de l, mas embora donzela, a suportar duras guerras e a enfrentar os ventos em corridas, a p. Se ela corresse por sobre as plantas de uma seara intacta no ofenderia as tenras espigas em sua corrida; se avanasse pelo mar, suspensa sobre uma onda encapelada, no molharia os cleres ps na gua. Todos os jovens e a multido de mes, sadas das casas e dos campos, com os olhos presos a ela e com a mente atnita, vem-na caminhar e admiram como a clmide real lhe enfeita os ombros delicados, com sua prpura, como a presilha, com seu ouro, lhe prende a cabeleira, como ela segura a aljava lcia e a murta dos pastores com a ponta de ferro nela fixada" (VII, 803-817).23. Lamentao da me de Euralo "Entretanto a Fama mensageira, voando com suas asas pela cidade apavorada, chega aos ouvidos da me de Euralo: o calor, subitamente, abandona os ossos da infeliz; a lanadeira lhe cai das mos e a l se emaranha. Arrancando os cabelos, a infeliz se precipita para fora, num alarido bem feminino; endoidecida, dirige-se aos muros e aos acampamentos, no se lembrando dos homens, dos perigos, dos dardos; enche ento os ares com suas lamentaes: assim que te vejo, Euralo? Tu, que eras o tardio repouso de minha velhice, pudeste deixar-me s? s cruel! E, enviado a uma misso to perigosa, no permitiste tua infeliz me que te desse o ltimo adeus? Ai de mim! Jazes agora em terra estrangeira, abandonado como presa aos ces latinos e s aves! No te acompanhei, como me, em teus funerais, no te fechei os olhos, no lavei tuas feridas, cobrindo-te com o manto que, cuidadosa, tecia para ti, noite e dia, consolando no tear, minhas preocupaes de anci. Onde te procurarei? Que terra possui agora teus despojos, teus membros arrancados, teu cadver mutilado?" (IX, 473-491). 24. Funeral de Palante "Eles colocam o jovem ali, estendido sobre um leito de folhas, qual flor arrancada de mimoso p de violeta ou de delicado jacinto pela mo de uma menina; o brilho e a beleza ainda no a abandonaram mas a terra me j no lhe ministra foras. Enias ento trouxe dois mantos de prpura, bordados com ouro, que outrora a Dido sidnia, feliz, fizera para ele com as prprias mos, bordando o tecido com fios de ouro" (XI, 67-74). 25. Morte de Turno "Embora impetuoso nas armas, Enias parou, baixando os olhos, e reteve sua mo, mas assim que o triste discurso de Turno comeara a comov-lo, viu em seu ombro altivo, com as conhecidas tachas brilhantes, o cinturo do jovem Palante que Turno abatera com um ferimento mortal, trazendo agora em seu ombro o esplio do inimigo insigne. Depois de ver com seus prprios olhos os despojos, testemunhos de uma dor cruel, Enias se deixa inflamar pela fria e terrvel em sua ira exclama: E tu hs de escapar de mim levando o esplio dos meus? Palante, Palante que te imola com este ferimento e que se vinga de teu sangue criminoso. Dizendo estas palavras, inflamado, enfia a espada no peito que lhe estava fronteiro. Os membros de Turno desfalecem com o frio da morte e a vida indignada foge para as sombras com um gemido" (XII, 938-952). Ovdio (43AC - 17DC)

Ovdio (43AC - 17DC), poeta romano, em "As Metamorfoses", dcimo-quinto livro, escreveu:

"Ah, que maldade introduzir carne em nossa prpria carne, engordar nossos corpos glutes empanzinando-nos com outros corpos, alimentar uma criatura viva com a morte de outra ! No meio de tanta riqueza como a terra, a melhor das mes, prov, nada, na verdade, te satisfaz, a no ser o comportar-se como os ciclopes, que infligem dolorosos ferimentos com seus dentes cruis ! No podes apaziguar o desejo faminto de teu estmago cruel e gluto exceto destruindo outras vidas.

No tire a vida que voc no pode dar. Porque todas as coisas tm um mesmo direito de viver, Mate criaturas nocivas onde seja pecado salvar; Esta a nica prerrogativa que temos; Mas nutramos a vida com alimento vegetal, E evitemos o gosto sacrlego do sangue.

Abstenhamo-nos, mortais, De corrompermos nossos corpos com alimento to mpio! H milho para voc, mas, cujo peso faz vergar Os galhos entortados; h uvas que enfeitam Os vinhais, e ervas agradveis, e verduras Feitas suaves e macias com o cozinhar; h leite E mel. A terra generosa Com sua proviso e seu sustento muito gentil; ela oferece, para suas mesas, Alimento que no necessita derramamento de sangue e nem assassnio.

boi, quo grande a sua sobremesa ! Um ser sem traio, inofensivo, Simples, disposto ao trabalho ! Ingrato e sem valor dos frutos da Terra o homem, que seu prprio empregado assassina e golpeia com o Machado o pescoo de quem tantas vezes renovou para ele o rosto da Terra dura por tantas colheitas."

A poesia de Publius Ovidius Naso inclua poemas sobre o amor (Ars Amatoria), sobre os mitos (Metamorfoses) e sobre seu sofrimento no exlio (Tristia).