a ginastica geral na educação fisica escolar e a pedagogia historica critica
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A GINASTICA GERAL NA EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR E A PEDAGOGIA HISTORICA CRITICA
A história da Educação Física nas escolas inicia-se no Brasil após a
proclamação da República no final do século XIX, influenciada por pedagogos
europeus e médicos sanitaristas, que introduzem a ginástica como seu principal
conteúdo. Por um período considerável de tempo, a Educação Física ficou restrita a
ginástica e a sua prática nas escolas, visando principalmente a formação de corpos
saudáveis e de pessoas com boas condições físicas, aptas para o trabalho e defesa
do país.
No entanto, este cenário vai se modificar ao longo do século XX, quando
ocorre no Brasil, um amplo processo de expansão do esporte, que repercutiu sobre
diversas práticas corporais, como: a ginástica e a dança, as quais foram, aos poucos,
sendo esportivizadas. Tal fenômeno alcançou a Educação Física escolar, onde
atualmente destaca-se o esporte enquanto conteúdo hegemônico.
Segundo Soares (2005), no início do século passado, a ginástica praticada
na Educação Física escolar restringia-se a prática de exercícios físicos dirigidos por
um instrutor e apresentava como finalidade principal produzir corpos saudáveis, livres
de doenças, produtivos e educados/civilizados para servir a pátria brasileira, numa
perspectiva que muitos estudiosos chamaram de higienista. Derivando desse contexto
histórico, a Educação Física vem sendo confundida no âmbito da escola como uma
atividade de caráter meramente prático e detentora de práticas esportivizadas, na sua
maioria, voltadas ao esporte de rendimento. Este processo, por sua vez, dá origem, a
no mínimo, a três problemas que precisam ser enfrentas pela Educação Física: o
primeiro, é que restringe o acesso e a apropriação ao conhecimento, bem como a
prática das diferentes manifestações da cultura de movimento; segundo, origina
situações de desigualdades entre os estudantes, pois, somente os “mais aptos”,
aqueles que apresentaram melhores condições motoras, serão convidados a participar
das aulas; e o terceiro, consiste no quase desaparecimento da ginástica geral das
aulas de Educação Física.
As problemáticas destacadas acima se colocam como questões
importantes a serem discutidas pela Educação Física escolar, buscando superá-las,
por meio de uma concepção de Educação Física que contemple a
problematização/ressignificação crítica de todas as representações de movimento
produzidas pela humanidade ao longo de sua história, tratando-as pedagogicamente e
não priorizando apenas um conteúdo, como acontece atualmente com o esporte na
maioria das escolas.
Considerando que o campo que compreende as manifestações de
movimento é bastante amplo, é necessário, nesse momento, fazermos um recorte,
enfatizando como objeto de estudo desta pesquisa, a ginástica geral.
Conceitualmente, podemos afirmar que a ginástica moderna está
alicerçada principalmente em três perspectivas: 1) a produção e manutenção de um
corpo produtivo; 2) a produção de corpos adestrados; 3) produção de corpos
saudáveis, e se propaga majoritariamente por meio de uma pedagogia tecnicista e
normativa.
Nesse sentido, a ginástica por ter vários entendimentos pode abarcar
uma infinidade de práticas, que incluem desde as atividades físicas, praticadas
informalmente, sem sistematização até os exercícios físicos, praticados regularmente
e sistematizados, como a musculação e as ginásticas de academia. Também, existem
as ginásticas de competição, mundialmente difundidas e praticadas nas seguintes
modalidades: Artística, Rítmica, Aeróbica, Acrobática e de Trampolim. Há também a
ginástica geral, que se diferencia das demais por não apresentar caráter competitivo e
incluir, durante sua performance, outros elementos da cultura de movimento como: a
dança, o teatro, as artes circenses e o jogo.
A partir disso, é possível perceber que ginástica pode assumir diferentes
finalidades, dependendo do interesse do sujeito que a pratica e do contexto social em
que ela acontece. Assim, pode ser requerida na preparação esportiva, na melhora da
aptidão física, na forma recreativa-educacional e de competição (profissional). Em se
tratando da ginástica geral, a mesma inclui a prática com ou sem a utilização de
materiais e aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados e ao ar livre,
possibilitando, por meio de suas práticas sem fins competitivos, maior conhecimento
de si e percepção do próprio corpo no mundo.
Conforme Santos (2001) a ginástica geral é definida como:
Um campo abrangente da Ginástica, valendo-se de vários tipos de
manifestações, tais como danças, expressões folclóricas e jogos, apresentados
através de atividades livres e criativas, sempre fundamentadas em atividades
ginásticas (p. 23).
Entre as principais características da ginástica geral, podemos destacar
que: a motivação para a sua prática não se baseia na competição (vitória de um em
detrimento da derrota do outro), mas sim, na superação de desafios e de problemas
resolvidos coletivamente por seus praticantes; possibilita o desenvolvimento de
trabalhos com grupos heterogêneos, formados por homens e mulheres, de diferentes
idades, sem restrição quanto ao número de participantes e de habilidades motoras e
físicas necessárias para sua prática, sendo vivenciado a partir de uma perspectiva
inclusiva, criativa e lúdica. Busca-se por meio da ginástica geral, incentivar a
descoberta de novas experiências de movimento e de diferentes formas de interação
do sujeito com o contexto onde está inserido.
Portanto, se for entendida e assumida como fenômeno social e
historicamente produzido pelo homem, constitui-se como bem cultural, que deve ser
apropriado pela população. Desse prisma, buscamos o desenvolvimento de uma
reflexão sobre o seu desenvolvimento no contexto da Educação Física escolar.
No que diz respeito à Educação Física escolar, nosso entendimento é de
que a mesma constitui-se como prática pedagógica, que trata política e
pedagogicamente dos temas da cultura corporal (jogo, dança, esporte, lutas,
ginástica), visando apreender a expressão corporal como linguagem . Desta forma,
pode contribuir para a formação de indivíduos críticos e criativos e intervir de forma
significativa em sua realidade social.
É a Ginástica no contexto da Educação Física escolar, isto é, como
um tema que se insere na chamada cultura corporal e que, portanto, deve ser tratado,
experimentado, problematizado, conhecido e transformado. Entre outros temas como
a dança, os jogos, as lutas, a capoeira e o esporte, a Ginástica manifesta-se de modo
articulado com as aspirações, projetos e relações existentes em nossa sociedade e,
em qualquer circunstância, é uma forma de expressão não verbal de valores, idéias,
concepções, saberes e práticas sociais. Para Coletivo de Autores (1992), a expressão
corporal é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade e,
como tal, precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos na escola, pois a sua
ausência impede que o homem e a realidade sejam compreendidos em sua totalidade.
No corpo e nas suas manifestações são gravadas as impressões da cultura e, assim,
como meios de inscrição e revelação do processo social e educativo de uma dada
sociedade, o corpo, os gestos, os movimentos e as práticas corporais se tornam um
campo fértil através do qual podemos conhecer e intervir sobre a realidade. Desse
modo, a corporalidade é uma dimensão humana que precisa ser considerada quando
da elaboração de uma proposta de educação que se pretenda crítica, criativa e
integral, em que todos os domínios e capacidades humanas sejam promovidos e
ampliados.
Mas, como contribuir efetivamente para ampliarmos nossa
compreensão sobre o corpo e as atividades corporais, apontando novas perspectivas
para o redimensionamento dos valores, ações, interesses e possibilidades de nos
relacionarmos com eles e de nos comunicarmos com o mundo, permitindo, também,
experimentar novas e diferentes formas de convivência e sociabilidade.
Desse modo, com base no princípio de que a corporalidade é uma
dimensão construída culturalmente e que constitui todo e qualquer processo
educativo, acreditamos que o conhecimento e a experimentação da Ginástica como
linguagem pode ser uma das possibilidades para a ascensão a uma formação
omnilateral. Formação esta que, como já dissemos, pressupõe o desenvolvimento
humano em todos os seus domínios: moral, afetivo, corporal, cognitivo, ético, estético,
político, etc. Concebendo-a como uma forma de expressão e comunicação – o que se
contrapõe à prática da Ginástica no mundo do esporte e do fitness –, temos pensado a
Ginástica como uma manifestação pertencente ao universo das linguagens artísticas
contemporâneas.
Ao lado da dança, do circo novo, das performances, da música, das
artes cênicas e visuais, a Ginástica se apresenta hoje como um campo vasto, rico em
conteúdos, variado em formações plásticas e quase inesgotável em possibilidades de
expressão, criação e transformação, pois é composto por um denso registro de
saberes que permitem ampliar, interagir e mesclar a Ginástica a outras expressões,
tendências e sistematizações, e também identificá-la e caracterizá-la como uma
prática específica e singular. É recuperando e fortalecendo a sua identidade e seus
significados historicamente construídos que procuramos conceber a Ginástica.
A Ginástica Geral, que se apresenta como uma leitura
contemporânea da Ginástica, abarca o conjunto das várias modalidades ginásticas,
bem como elementos da dança, do circo, da capoeira, dos jogos, das lutas, enfim, das
diversas manifestações da cultura corporal que, todavia, ao serem apropriadas e
interpretadas pelos movimentos ginásticos, são transformadas e incorporadas à
linguagem gímnica. Queremos dizer com isso que o eixo fundamental da Ginástica
Geral continua sendo a Ginástica, a qual, embora possa dialogar e interagir com
outras práticas e outros elementos da cultura corporal, contém uma narrativa própria,
constituída pelos signos e caracteres (conteúdo, forma, história, objetivos e orientação
metodológica) que configuram e materializam a seu tipo de linguagem.
Nesse sentido, os fundamentos básicos da Ginástica Geral não são
de forma alguma desprezados, mas sim considerados no sentido dado por Mauss
(1974) às técnicas corporais5. Entretanto, nenhum movimento é trabalhado de forma
isolada ou descontextualizado, embora tenhamos, sim, uma preocupação com a
estética do movimento gímnico, compreendendo que esta é uma qualidade, sempre
superior e muito diversificada, que pode ser adquirida e atribuída ao gesto com o
tempo, o conhecimento e a experiência. Como o treinamento não é o objetivo central
da proposta, a prática e a técnica são experimentadas como possibilidades de
melhorar e ampliar a qualidade e a harmonia dos movimentos e da criação
coreográfica.
O processo de comunicação intra e interpessoal se dá
constantemente por meio de uma variedade enorme de atividades expressivas que
envolvem, então, ações de resgate e reconstrução dos saberes prévios, vivência dos
fundamentos e aparelhos oficiais da ginástica, pesquisa e exploração de movimentos
com base nas referências individuais e coletivas, criação e expressão de seqüências e
composições temáticas, oficinas de construção de materiais, instrumentos musicais,
cenário e figurino, dramatização e significação de narrativas corporais a serem
representadas pela linguagem da Ginástica.
Esta proposta é capaz de promover um conhecimento aguçado sobre o
corpo, suas qualidades e as manifestações gímnicas, bem como em termos de
expressão cênica e capacidade de comunicação dos conteúdos desejados. Ademais,
acreditamos que as dificuldades, contradições e limites presentes na ação pedagógica
são, aos poucos, superados, na medida em que os pré-conceitos existentes entram
em confronto com as novas concepções de corpo, homem, mundo e sociedade
construídos pela prática da Ginástica e pelas discussões que ocorrem no
desenvolvimento das atividades.
Assim como temos procurado fazer com a Ginástica, a Educação Física
comprometida com uma formação crítica necessita da construção e da sistematização
qualificada de novas metodologias envolvendo outros elementos da cultura corporal,
pois um projeto de educação ampliada, omnilateral, requer uma preocupação com
todos os domínios do ser humano, inclusive o corporal. É nesta perspectiva que
apostamos e inserimos a proposta apresentada, objetivando, com base em Saviani
(1996, p. 38), “tornar o homem cada vez mais capaz de conhecer os elementos de sua
situação para intervir nela transformando-a, no sentido de uma ampliação da
liberdade, da comunicação e da colaboração entre os homens”. É para este projeto de
sociedade que procuramos dar a nossa contribuição, colaborando para a formação
humana crítica e transformadora.
CONCLUSÃO
A ginástica deveria ser trabalhada no contexto escolar, pois dentro da
Educação Física ela é importante para o aluno, seja no aspecto motor, social,
cognitivo e até mesmo afetivo.
O fato da ginástica abranger todos os músculos do aluno, faz com que
ele adquira uma maior flexibilidade, equilíbrio e força muscular. E tudo isso é
conseguido de uma maneira que elas adoram.
Embora as vantagens da ginástica escolar sejam muitas, deve-se tomar
um cuidado especial com a evolução dos exercícios. Deve seguir uma sequencia
pedagógica adequada. Assim, todas as crianças terão um desempenho similar, não
favorecendo uma comparação negativa entre elas e que pode gerar uma certa
frustação e isolamento, contrariando um dos grandes benefícios da ginástica escolar
que é o desenvolvimento afetivo e social.
O professor de Educação Física que se propõe a trabalhar com
ginástica deve estar atento, pois se tratar de um exercício físico de muita
complexibilidade e coordenação, e principalmente, por ser trabalhado com crianças,
há um grande risco de que ocorram lesões devido a prática incorreta. Esta lesão além
de atrasar o desenvolvimento da criança, pode ser também um estímulo a prática
deste esporte.
A boa prática da ginástica escolar está também muito ligada ao apoio da
escola. Deve dar totais condições de trabalho ao professor de Educação Física,
fornecendo a ele local, aparelhos e materiais adequados para a prática segura das
atividades.
Devido a todos os seus benefícios, expostos neste trabalho, a ginástica
escolar vem crescendo de uma maneira considerável. Devido a sua grande
repercussão, competições escolares vêm sendo criadas na modalidade da ginástica
geral para todas as idades. Muitos alunos que tiveram ginástica como contexto da
Educação Física escolar, hoje são ginastas profissionais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APPLE, Michael & NÓVOA, Antônio (org.). Paulo Freire: política e pedagogia.
Portugal: Porto Editora, 1998.
AYOUB, Eliana (1998): A Ginástica Geral na sociedade contemporânea:
perspectivas para a Educação Física Escolar. Tese de doutorado. Universidade
Estatal de Campinas, Faculdade de Educación Física, Editorial Unicamp,
Brasil.
http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/94/2379
http://www.efdeportes.com/efd180/a-importancia-da-ginastica.htm