a gestao escolar na educacao democratica

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CENTRO DE EST UDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRCEU VIV AN A GESTÃO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO DEMOCRÁTIC A: Construção Participativa da Qualidade Educacional Londrina 2008

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A Gestao Escolar Na Educacao Democratica

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  • CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAO EM FORMULAO E GESTO DE POLTICAS PBLICAS

    DIRCEU VIV AN

    A GESTO ESCOLAR NA EDUCAO DEMOCRTICA: Construo Participativa da

    Qualidade Educacional

    Londrina

    2008

  • DIRCEU VIVAN

    A GESTO ESCOLAR NA EDUCAO DEMOCRTICA: Construo Participativa da

    Qualidade Educacional

    Londrina 2008

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Formulao e Gesto de Polticas Pblicas, da Universidade Estadual de Londrina-UEL, como requisito para obteno do ttulo de Especialista. Orientadora: Profa. WILMARA RODRIGUES

    CALDERON

  • DIRCEU VIV AN

    A GESTO ESCOLAR NA EDUCAO DEMOCRTICA: Construo Participativa da

    Qualidade Educ acional

    COMISSO EXAMINADORA _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ Londrina, 04 de Julho de 2008.

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Formulao e Gesto de Polticas Pblicas, da Universidade Estadual de Londrina-UEL, como requisito para obteno do ttulo de Especialista. Orientadora: Profa. WILMARA RODRIGUES

    CALDERON

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, pois sem sua graa e misericrdia nada seria possvel. A minha esposa, Mari a Jos (Zez), pelo carinho, dedi cao e compreenso. As minhas filhas Marilia e Lvia, pela minha ausncia. A minha orientadora, prof. Wilmara, pela pacincia e incentivo. Finalmente, aos meus professores, pela aprendizagem que me foi proporcionada.

  • RESUMO

    VIVAN, Dirceu. A GESTO ESCOLAR NA EDUCAO DEMOCRTICA: Construo participativa da Qualidade Educacional. 2008. Monografia (Especializao em Formulao e Gesto de Polticas Pblicas) Universidade Estadual de Londri na-UEL. Londrina.

    Este estudo teve como objetivo diagnosticar e analisar se as Escolas Pblicas da regio central da cidade de Londrina, nos seus diferentes segmentos, tm autonomia e liberdade de ao, podendo as mesmas serem consideradas escolas democrticas. A populao analisada foi formada por Diretores, Equipe Pedaggi ca, Professores, Funcionrios, Alunos e membros da APMF de cinco escolas. O material utilizado para coleta de dados constitui-se de questionrios especficos para os diferentes segmentos da Comunidade Escolar, contendo questes individuais e conjuntas, relacionadas distribuio dos recursos financeiros pblicos e se estes so suficientes para atender as necessidades da escola; se os membros participantes da comunidade escolar tm conhecimento da forma que esses recursos so utilizados; como a participao de equipe pedaggica, professores, funcionrios, alunos e comunidade nos assuntos da escola; sobre a autonomia na tomada de decises dos assuntos escolares e sobre a relao entre direo, professores, funcionrios, equipe pedaggica, alunos e comunidade. Aps a anlise dos resultados, concluiu-se que os recursos financeiros no so suficientes para atender as necessidades da escola, esses recursos so distribudos em material de expediente, de limpeza, didtico, esportivo e na manuteno do prdio, sendo que a comunidade tem conhecimento da forma que esses recursos so empregados. Os diferentes segmentos participam ativamente dos assuntos escolares e a maioria tem autonomia para tomar decises na sua rea de trabalho. Consideram timo o relacionamento com a direo, boa a relao entre Escola e Comunidade e a maioria acha ruim a participao da Comunidade na Escola. Conclui-se, portanto, que apesar de alguns segmentos considerarem que algumas decises so tomadas arbitrariamente, a maioria das Escolas, tm como proposta uma Gesto Democrtica, onde as pessoas que fazem parte da Comunidade Escolar tm autonomia e liberdade de ao. Palavras-chave: Democracia; autonomia; gesto escol ar.

  • ABSTRACT VIVAN, Dirceu. The SCHOOL ADMINISTRATION IN THE DEMOCRATIC EDUCATION: Construction participative of the Educational Quality. 2008. Monograph (Specialization in Formulation and Administration of Public Politics) - State University of Londrina-UEL. Londrina. This study aimed to examine and diagnose whether the Public Schools of the region's central city of Londrina, in its various segments, have autonomy and freedom of action, can the same be considered democratic schools. The population examined was formed by Directors, Pedagogical Team, Professors, Staff, Students and members of the APMF of five schools. The material used for collection of data was specific questionnaires to the different segments of the Community School, containing individual and joint issues, related to the distribution of public funds and whether these are sufficient to meet the needs of the school, if members participating of the school community are aware of how those resources are used, as is the participation of team teaching, teachers, officials, students and community in the affairs of the school, on autonomy in decision-making affairs school and on the relationship between direction, teachers, officials, teaching team, students and community. After analyzing the results, it was concluded that financial resources are not sufficient to meet the needs of the school, these resources are distributed in administrating, cleaning, teaching, sports material and maintenance of the building, where the community is aware the way that resources are employed. The various segments actively participate in school affairs and the majority has autonomy to make decisions on your desktop. Consider the great relationship with the direction, the good relationship between School and Community and the majority thinks poor the participation of the Community in the School. It follows therefore that despite some segments consider that some decisions are made arbitrarily, most schools has as a proposal Democratic Management, where people who are part of the Community School have autonomy and fr eedom of action. Key-word: Democratization; autonomy; school administration.

  • iv LISTA DE FIGURAS Pgina Figura 01 - Construo da gesto democrtica num processo de

    Aprendizado coletivo................................................................................11

    Figura 02 O Papel do Gestor de Escola..................................................................45

    Figura 03 - Tempo de atuao na dir eo da Escola.................................................50

    Figura 04 Perodos de funcionamento das escol as................................................51

    Figura 05 Nmero de alunos matriculados na Escola.............................................51

    Figura 06 Nmero de funcionr ios administrativos da escola.. ...............................52

    Figura 07 Nmero de funcionrios dos servios gerais..........................................52

    Figura 08 Os recursos pblicos so suficientes para manuteno da escola........53

    Figura 09 A manuteno da escola feita somente atravs de recur sos . pblicos...................................................................................................53

    Figura 10 Em percentual como as verbas so apl icadas........................................54

    Figura 11 Participao dos pai s nos assuntos da Escola.......................................55

    Figura 12 Estratgia para aumentar a participao da comuni dade na Escola ......55

    Figura 13 A quem fei ta a prestao de contas da Escol a....................................56

    Figura 14 Participao da comuni dade na elaborao do Projeto Poltico

    Pedaggico da Escola........ .....................................................................57

    Figura 15 Participao dos professores at iva na elaborao do Projeto

    Poltico Pedaggico da Escola................................................................57

    Figura 16 - Os alunos tm conhecimento das condies financeiras da escola?......58

    Figura 17 A direo expe as condi es financeiras da escola aos alunos?.........58

    Figura 18- Sobre as propostas de inovaes da secretaria......................................59

    Figura 19 Sobre as decises da equipe pedaggica sem seu conheci mento ou em

    sua ausnci a...........................................................................................59

  • v

    Figura 20 - Suas decises em relao aos alunos nas questes di sciplinares so

    acatadas pela Equipe Pedaggica e Direo..........................................60

    Figura 21 Como sua relao com a equipe pedaggi ca......................................61

    Figura 22 - Tem autonomia na elaborao do planejamento?...................................61

    Figura 23 - Conhece o projeto poltico pedaggico da Escola?................................62

    Figura 24 - Relao entre a equipe pedaggica e alunos..........................................62

    Figura 25 - Tem autonomia para tomar decises nas questes escol ares?.............63

    Figura 26 - Tem respaldo da direo nas resolues de problemas junto aos

    Professores............................................................................................63

    Figura 27 - Tem respaldo da direo nas resolues de problemas junto aos

    Alunos e comunidade?......... ...................................................................64

    Figura 28 Participao na prestao de contas para a equipe e comunidade.......64

    Figura 29 - Tem autonomia para tomar decises nas questes relaci onadas

    sua rea de trabalho?..........................................................................65

    Figura 30 - Tem respaldo da direo nas resolues de problemas junto aos

    Alunos......................................................................................................65

    Figura 31 - Relao entre a equipe pedaggica e alunos..........................................66

    Figura 32 - Sabe se a direo convoca os pais para prestar contas dos gastos da

    Escola.......................................................................................................66

    Figura 33 Tempo em que estuda na Escola. ...........................................................67

    Figura 34 Como sua relao com a equipe pedaggi ca......................................67

    Figura 35 Sua relao com os Professores............................................................68

    Figura 36 Liberdade na exposio das idias.........................................................68

    Figura 37 - Com quem voc te m mais liberdade para falar.......................................69

    Figura 38 - A direo expe com fr eqncia as condies financeiras da escola e

    fala sobre a prestao de contas..............................................................69

  • vi

    Figura 39 Como obtm conheci mento das condies financeiras da escola.........70

    Figura 40 - Voc ou sua faml ia receberam o regimento interno da escola na

    matricula ou em outro momento...............................................................70

    Figura 41 - Voc acha que as opi nies da comunidade so ouvidas e levadas

    em considerao pela direo?................................................................71

    Figura 42 - Os recursos pblicos so suficientes para a manuteno da

    Escola.......................................................................................................72

    Figura 43 Como voc consi dera a participao dos pai s nos assuntos da

    Escola......................................................................................................73

    Figura 44 - A escola utiliza alguma estratgia para aumentar a participao da

    comunidade na escola.............................................................................73

    Figura 45 - Relao da APMF com a relao da escola............................................74

    Figura 46 - Voc v a direo expor amplamente as condi es financeiras da

    Escola.......................................................................................................74

    Figura 47 A quem a APMF faz a prestao de contas...........................................75

    Figura 48 - Voc concorda com as deci ses da direo na elaborao de projetos

    e obras realizadas na escola...................................................................75

    Figura 49 - A direo da sua escol a trabalha com empenho para melhorar

    as condies fsicas e pedaggicas.........................................................76

    Figura 50 Tempo que trabalha na Escol a...............................................................77

    Figura 51 - Suas propostas so ouvi das e acatadas pel a direo da Escola?..........78

    Figura 52 - Participa ativamente na elaborao do projeto poltico pedaggico

    da escola?...............................................................................................78

    Figura 53 - Participa ativamente na elaborao do Regimento Escolar?..................79

    Figura 54 Sua relao com os alunos.....................................................................79

    Figura 55 - A direo expe as condi es financeiras da Escola aos alunos? ........80

  • vii

    Figura 56 - As opinies dos di ferentes segmentos da comuni dade escolar so

    ouvidas e levadas em consi derao pela direo?..................................80

    Figura 57 - Seu relacionamento com a direo da Escola.........................................83

    Figura 58 - Relao entre Escola e Comunidade.......... .............................................83

    Figura 59 - Participao da comunidade na Escola...................................................84

    Figura 60 - A Escola em que est atuando democrtica?.....................................84

  • viii LISTA DE ANEXOS Pgina Anexo 1................ .....................................................................................................98 Anexo 2................ ...................................................................................................101 Anexo 3................ ...................................................................................................103 Anexo 4................ ...................................................................................................105 Anexo 5................ ...................................................................................................107 Anexo 6................ ...................................................................................................109

  • SUMRIO Pgina Agradecimentos............... ..............................................................................................i Resumo....................... ..................................................................................................ii Abstract........................................................................................................................iii Lista de Figuras...........................................................................................................iv Lista de Anexos........... ...............................................................................................viii I INTRODUO......... .............................................................................................01 1.1. O Problema e sua Impor tncia......................................................................01 1.2. Objetivos........................................................................................................03 1.2.1. Objetivo geral.....................................................................................03 1.2.2. Objetivos Especficos.........................................................................03 1.3. Justificativa....................................................................................................04 II REVISO DE LIT ERATURA............. ...................................................................05 2.1. Escol a Democrtica: A Busca Pel a Autonomia e Descentrali zao da Educao Ci dad.......................................................05 2.2. A Gesto Escol ar Dentro do Processo Democrtico .................................08 2.3. Gesto Escolar: Normatizao para o Estado do Paran...........................14 2.4. Est rutura Democrtica da Gesto Escol ar 2.4.1. Conselho Escolar.............................................................................14 2.4.2. Associao de Pai s, Mestres e Funcionrios....................................17 2.4.3. Grmio Estudantil ..............................................................................17 2.4.4. Conselho de Classe............................ ..............................................18 2.4.5. Rotatividade no Quadro de Dirigentes.............................................19 2.4.6. Construo do Projeto Poltico Pedaggico.....................................20 2.4.7. Poltica Educacional e Financiamento Pbl ico da Educao ............23 2.4.8. As Dimenses de Abrangnci a da Gesto Escolar .........................27 2.4.8.1 Gesto por Resultados........... ............................................27 2.4.8.2 Gesto Pedaggi ca............................................................30 2.4.8.3 Gesto Parti cipativa e Estratgica.....................................32 2.4.8.4 Gesto de Pessoas.. ..........................................................35

  • 2.4.8.5. Gesto de servios de apoio, recursos fsicos e financeiros.......................................................................37 2.4.8.5.1 Gesto de ser vio de apoio............................37

    2.4.8.5.2 Gesto de r ecursos fsicos...............................38 2.4.8.5.3 Gesto de r ecursos financeiros........................39 2.5. Qualidade da Educao: Atuao dos Gestor es na Escola Democrtica..................................................................................................40

    2.5.1. Papel do Gestor Escolar.....................................................................43 III - PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ............... .............................................48 IV- RESULTADOS E DISCUSS ES...................... .............................................50 4.1. Questionrio Dirigido Direo das Escolas ..............................................50

    4.2. Questionrio Dirigido aos Professores d as Escolas ....... ............................60 4.3. Questionrio Dirigido Equipe Pedaggica das Escolas............................63

    4.4. Questionrio Dirigido aos Funcionrios das Escol as................................65 4.5. Questionrio Dirigido aos Alunos.................................................................67 4.6. Questionrio Dirigido APMF......................................................................72 4.7. Questes Comuns Di rigidas aos Professores, Equipe Pedaggica e Funcionrios......................... ..............................................77 4.8. Questes Comuns Dirigidas aos Professores, Equipe Pedaggica, Funcionrios e Alunos............. .............................................83 V- CONSIDERAES F INAIS.................. ...........................................................88 VI- REFERNCIAS.................. ............................................................................92 Anexo 1................ .....................................................................................................98 Anexo 2................ ...................................................................................................101 Anexo 3................ ...................................................................................................103 Anexo 4................ ...................................................................................................105 Anexo 5................ ...................................................................................................107 Anexo 6................ ...................................................................................................109

  • I INTRODUO

    1.1. O PROBLEMA E SUA IMPORTNCIA

    O presente trabalho tem como objetivo diagnosticar e analisar se as Escolas

    Pblicas da regio central da cidade de Londrina, nos seus diferentes segmentos,

    tm autonomia e liberdade de ao, podendo as mesmas serem consideradas

    escolas democrticas.

    Por meio de pesquisa de campo ser analisado se existe uma construo

    participativa da qualidade educacional na gesto das escolas.

    Em consonnci a com os princpios humanistas que regem a Carta

    Magna brasileira, a Escola democrtica foi instituda como cone do processo

    educacional, transformadora da sociedade, promoveradora de cidadania, aptides e

    competncias, garantidora da qualidade de ensino que provesse ao indivduo plena

    capacitao para vida pessoal, social e profissional.

    Em outras palavras, a Carta Magna estabeleceu a educao para a cidadania, a qual, para Arajo (2005, p. 7), deve prover os indivduos de instrumentos que permitam a plena realizao da participao motivada e

    competente; visar a instrumentalizao de pessoas para a participao motivada e

    competente na vida poltica e pblica da sociedade; e o desenvolvimento de

    competncias para lidar com a diversidade e o conflito de idias, com as influncias da cultura, e com os sentimentos e emoes presentes nas relaes do sujeito

    consigo mesmo e com o mundo a sua volta .

    Assim, instala-se na educao brasileira, pelo menos em tese, o

    sistema de educao autnoma-cidad, democraticamente gerida (WITTMANN, 2000, p. 90). Por ser autnoma, essa escola deve se mostrar aberta, flexvel,

    democrtica, participativa, um espao ao propsito da socializao e interagir com a

    comunidade escolar: professores se comprometem com os resultados dos alunos;

    pais e mes so presentes; e alunos so valorizados e estimulados a aprender.

    Nesse sistema, a escola. J a descentralizao se faz presente pela transferncia

  • escola da responsabil idade por importantes decises educativas, pela conduo em

    conjunto com o Governo e outros setores da sociedade, dos destinos da educao.

    Em suma, escola democrtica autnoma existe quando so transferidas a

    autoridade e responsabilidade pelas tomadas de decises s escolas locais

    (MACHADO, 2000) .

    Cabe ressaltar que a descentralizao no uma tendncia restrita

    Educao, nem tampouco, se limita ao contexto nacional. Trata-se de uma

    preocupao internacional e que vem acontecendo em quase todos os setores. A

    viso universal de que o poder de deciso deve ser delegado a quem lida com as

    questes, a quem conhece com maior propriedade a realidade sobre a qual se toma

    decises. Ou seja:

    A descentralizao favorece a gesto com responsabilidade, na medida em que envolve muito mais atores na deciso final dos resultados. Propicia a quebra de colocar nos outros a culpa pelo fato de que as coisas no vo bem. Num sistema educacional centralizado cada qual coloca no outro a culpa do insucesso. Ningum responsvel. H uma sensao que a educao vai al porque todos se sentem sem poder para fazer mudanas que julgam necessrias. O diretor da escola culpa os professores, estes os pais dos alunos, que por sua vez culpam o Ministrio da Educao, que vai jogar a culpa na situao scio-econmica das famlias e vai se formando uma cadeia que no termina nunca. Na medida em que esta situao rompida e se entrega a cada um responsabilidade compartilhada pelos resultados, cada qual se sente comprometido com o que pode fazer para reverter a situao (MACHADO, 2000, p. 4).

    Assim, a autonomia da escola e a descentralizao de sua gesto

    compreendem exigncias do contexto histrico, que demandam dos avanos

    tericos-prticos da educao e de sua administrao (WITTMANN, 2000), as quais

    tomaram fora a partir do advento da globalizao, que viabilizaram as informaes,

    obrigando uma adaptao permanente e constante reviso dos acontecimentos. Tal

    fato gerou a necessidade do poder de deciso se manter exatamente onde o fato

    acontece, pois o poder de deciso em outro local, quando chegar ao se destino, j

    estar ultrapassada, mediante a velocidade com que as mudanas ocorrem (LCK,

    2000). Nesse contexto, segundo Machado (2000), a escola democrtica s se torna

    eficaz quando a autoridade transferida s localidades e a responsabilidade acerca

    das prestaes de contas lhes atribuda.

    A escola democrtica e descentralizada passou,

    concomitantemente, a ser autnoma, tendo independncia para gerir sua variedade

    de abrangncias, mediante o compromisso de promover a participao de todos os

  • elementos envolvidos no contexto educacional (direo, professores, pais,

    profissionais e demais elementos interessados, pertencentes comunidade local), e

    a responsabilidade de prestar contas sob seus atos .

    Nesse contexto, a gesto escolar, que outrora atendia as exigncias

    da escola autoritria, passa a atender os preceitos da escola democrtica,

    preconizando a participao como busca pela qualidade da educao, tornando-se

    foco de ateno da comunidade educacional, enquanto enfoque novo, desafiador,

    superador das limitaes administrativas arraigadas nas instituies de ensino.

    Entretanto, essa nova concepo de gesto exige do profissional institudo na

    funo (gestor escolar) uma qualificao sustenta nos fundamentos da liderana

    voltada para o sucesso do processo de desenvolvimento humano e a formao da

    cidadania, por meio da organizao, mobilizao e articulao de todas as

    condies humanas e mater iais disponveis.

    1.2 OBJETIVOS

    Para a soluo deste problema foram considerados os seguintes objetivos:

    1.2.1. OBJETIVO GERAL

    Diagnosticar e analisar se as Escolas Pblicas da regio central da cidade

    de Londrina, em seus diferentes segmentos, tm autonomia, liberdade de ao,

    podendo as mesmas serem consideradas escolas com gesto democr tica.

    1.2.2. OBJETIVOS ESPECFICOS

    - Diagnosticar a opinio de diretores, professores, equipe pedaggica e

    funcionrios sobre a autonomia na tomada de deci ses dos assuntos escolares.

    -Diagnosticar se os alunos e membros da APMF consideram democrtica a

    atuao dos di retores na gesto escolar.

    -Verificar as questes relevantes levantadas pelos questionados.

  • 1.3. JUSTIFICATIVA

    Diante do exposto, o presente estudo, justificado pela necessidade de

    conhecimento e compreenso acerca das complexas abrangncias em que atua o

    gestor escolar, se prope analisar a gesto como processo de democratizao e

    busca pela qualidade educacional, atravs de questionrios direcionados aos

    diferentes segmentos atuantes na escola.

    Alguns questionamentos a esse respeito devem ser levados em conta,

    tais como: Se os recursos financeiros pblicos so suficientes para atender as

    necessidades da escola e como os mesmos so distribudos, bem como, se os

    membros participantes da comunidade escolar tm conhecimento da forma que

    esses recursos so utilizados; como a participao de equipe pedaggica,

    professores, funcionrios, alunos e comunidade nos assuntos da escola; sobre a

    autonomia na tomada de decises dos assuntos escolares e sobre a relao entre

    direo, professores, funcionrios, equipe pedaggi ca, alunos e comuni dade.

    Com os resultados da pesquisa pode-se incentivar a continuidade do

    processo democrtico nas escolas ou propor aes que possam beneficiar e ampliar

    esse processo.

    II REVISO DE LITERATURA

    2.1. ESCOLA DEMOCRTICA: A BUSCA PELA AUTONOMIA E DESCENTRALIZAO DA EDUCAO CIDAD

  • Assegurada pelo modelo humanitrio igualitrio, desenhado na

    Constituio Federal Brasileira de 1988 (Art. 205), a Educao se apresenta como

    direito de todos. Um direito que deve ser promovido e incentivado para o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e a

    qualificao para o trabalho, pautada nos princpios de igualdade de condies, liberdade de aprendizagem e ensinagem, pluralismo de idias e concepes para o exerccio pedaggico, gratuidade do ensino pblico, valorizao dos profissionais da Educao, gesto de ensino democrtica; e, por ltimo, mais igual em

    importncia, a garantia do padro de qualidade (art. 205, incisos I a VII) (BRASIL, 2004, p. 126).

    Tais princpios concentram o anseio da sociedade brasileira, to

    ferida nos seus direitos igualitrios, desde o incio de sua formao. A histria da

    educao no Brasil foi desde a sua mais tenra origem talhada por uma escola que

    atendia a um sistema divisor da sociedade em grupos ou classes sociais; e que,

    diante disto, tratava diferentemente os menos favorecidos com preconcei to e

    desdm. Como afirma Machado (2000), a Educao em seus primrdios no foi

    capaz de discernir sobre a necessidade de se respeitar todos os povos, suas

    culturas, e aceitar que todos os indivduos agem e reagem de forma diferente,

    pecando durante muito tempo ao ser incapaz de dizer um basta a esta situao

    catica que se instalou no sistema educacional brasileiro.

    Nesse nterim, Machado (2000) elucida que durante muito tempo, a

    escola foi castrada na possibilidade de cumprir, plenamente, a sua misso

    institucional, visto que durante as dcadas de 1970 e 1980, as polticas

    expansionistas marcaram pelo centralismo, autoritarismo e pelas estruturas

    burocrticas verticais.

    Segundo Mello (1993), a atividade escolar era quase que totalmente

    determinada de fora para dentro. Formalmente, no existia ou era muito restrito o

    espao que a escola possua para as tomadas de decises sobre seus prprios

    objetivos, organizao e gesto, modelo pedagogia e, principalmente, sobre suas

    equipes de trabalho.

    No entanto, h muito a sociedade admitia a importncia da Escola

    na preparao dos indivduos para o convvio em sociedade e para a obteno do

  • melhor potencial de trabalho. A Educao, desde os mais remotos tempos, delegou-

    se o feito de transformao da sociedade, o permitir aos indivduos o galgar de

    degraus sociais, por meio da ascenso cultural-profissional que, consequentemente,

    levam a ascenso econmica. nico processo capaz de dissolver as grandes

    desigualdades sociais e culturais, por meio da promoo da equipar ao dos direitos

    e o combate s iniqidades. Assim, a escola concebida como meio de ascenso social, de erradicar a pobreza e minimizar a violncia valorizada nacional e internacional (GOMES, 2007, p. 1).

    Como afirma Menezes Filho (2001), a Educao o veculo para a

    construo de uma sociedade igualitria, visto que a desigualdade em grande parte resultado da pssima distribuio educacional existente, tanto em termos

    pessoais como entre grupos de indivduos com caractersticas similares. Vale ressaltar que a preocupao com a democratizao e descentralizao da escola,

    cujo pice compreende a promulgao da Lei referida, data, no Brasil, desde a

    dcada de 1930. O Manifestao dos Pioneiros da Educao de 1932, j enfatizava

    a autonomia administrativa da escola nos aspectos tcnicos, administrativos e

    econmicos.

    Desta forma, visando transformao de um sistema educativo

    autoritrio, que perpetua as diferenas de classes e mantm os indivduos

    pertencentes s classes menos privilegiadas em meros objetos de alienao e

    submisso, facilmente manipulados pelos sistemas dominantes, em um sistema

    democrtico, cujo escopo compreende a participao da sociedade como um todo,

    no processo transformador que busca a integrao social, a conscientizao e a

    cidadania de seus membros, a Carta Magna (art. 214) previu que a lei estabeleceria

    o plano nacional de educao, de durao plur ianual, que visasse a articulao e o desenvolvimento dos di ferentes nveis de ensino, assi m como a:

    (...) integrao das aes do Poder Pblico, que conduzissem : (...) I - erradicao do analfabetismo; II - universalizao do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formao para o trabalho; V promoo humanstica, cientifica e tecnolgica do pas (BRASIL, 2004).

    Ou seja, a escola democrtica permite, e mais, requer a participao coletiva e a

    democratizao da sua gesto. Trata-se do resultado de uma evoluo histrica da

    sociedade, cuja contemporaneidade representa uma metamorfose significativa e

  • revolucionria, que representa um momento crtico e privilegiado de mudanas

    radicais, embora no se trata de melhora ou reforma daquilo que j existe, e sim, um

    processo de transformao que exige um constante recriar e reinventar das prticas.

    A escola (democrtica e descentralizada) permite que educadores reencontrem e

    reconstruam o sentido e o prazer de educar; permite a construo de uma nova

    educao, gerada no interior das escolas, que ressignificando o ato educativo-

    pedaggico; e a produo de novos conhecimentos sobre o aprender e sobre a sala

    de aula, que, inclusive, gerando ricas terminologias, como, por exemplo,

    ensinagem, aprendncia, ecologia cognitiva e sociedade aprendente, entre outras (WITTMANN, 2000).

    Entretanto, para Machado (2000, p. 6), a autonomia e a

    descentralizao exigem a ao diferenciada dos gestores educacionais, a nvel de

    sistema e de escola, visto que o enfoque da educao deixa de ser o processo e

    passa a contemplar o resultado. No mais existe um processo nico, mas sim

    flexibilidade na execuo que, de fato, possa atender as demandas dos alunos de

    uma determinada escola: cada um encontra seu caminho na busca da qualidade do ensino. No existe uma receita pronta, mas modelos exitosos. O importante o objetivo almejado e o resultado a se alcanar.

    Contudo, imprescindvel que exista por parte do governo central,

    uma poltica educacional, norteadora de metas claras, assim como a capacitao

    tanto de professores quanto de gestores. essencial a definio de um currculo

    nacional, pelos gestores governamentais, que promova a equidade em termos de

    conhecimentos e habilidades. Por outro lado. a escola precisa ter a flexibilidade para enriquec-lo com os conhecimentos que a comunidade defina como relevantes

    para o seu contexto scio-econmico e cultural. Cabe salientar que a descentralizao exige capacitao diferenciada, alteraes no modo de

    comunicao, que deixa de ser somente entre governo e escola e passa a ser

    tambm entre escolas e dentro da prpria escola, alm de mudanas no enfoque do

    papel dos gestores educacionai s, relativamente aos processos (MACHADO, 2000, p. 5).

    Portanto, importante ressaltar que a autonomia da escola

    compreende uma conquista contnua, que requer tanto a preparao da escola

    quanto dos indivduos para a autonomia pessoal como prerrogativa necessria para

    a qualidade da educao (FREITAS, 2000).

  • 2.2. A GEST O ESCOLAR DENTRO DO PROCESSO DE MOCRTICO

    A gesto escolar democrtica e descentralizada, prevista pela

    Constituio Federal de 1988, ganhou legislao prpria com a promulgao da Lei

    n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educao

    Nacional - LDB, cuja redao pautada no princpio democrtico do ensino pblico,

    descreve a escola como uma instituio autnoma formadora de um corpo de entendimentos, estabelecidos atravs do consenso interno, gerado pela prpria comunidade escolar, mediante a participao de diretores, pais, professores,

    funcionrios e alunos, vinculando a construo social de novas realidades cultura

    local (BOTLER, 2003, p. 121) .

    Assim, a LDB prev em seu artigo 3., inciso VIII, que o ensino ser

    ministrado com base no principio da gesto democrtica do ensino pblico, na forma desta Lei e da legislao dos sistemas de ensino, entre outros; mediante a participao dos profissionais da educao na elaborao da proposta pedaggica e a participao das comunidades escolar e local, em conselhos escolares ou equivalente (art. 14., incisos I e II) ; mediao ao fato de q ue sero assegurados s escolas progressivos graus de autonomia pedaggica, administrativa e de gesto

    financeira por parte dos sistemas de ensino (art. 15.) (BRASIL, 1996) .

    Dentro do princpio democrtico, segundo Maia e Bogoni (2003, p.

    2), a Gesto Escolar compreende o processo poltico por meio do qual as pessoas

    integrantes da escola, tendo como princpio bsico, o dilogo e a autoridade

    discutem, deliberam e planejam, solucionam problemas e os encaminham, acompanham, controlam e avaliam o conjunto das aes voltadas ao

    desenvolvimento da prpria escola, mediante a participao efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, o respeito a normas coletivamente construdas

    para os processos de tomada de decises e a garantia de amplo acesso s

    informaes aos sujeitos da escola.

    Para Silva (2007, p. 3), a gesto escolar, dentro da perspectiva

    democrtica, passa pela democratizao da escola e por sua natureza social, no se restringindo exclusivamente aos processos transparentes e democrticos ligados

  • funo administrativa. Assim sendo, a gesto escolar engloba duas dimenses: interna e a externa. A primeira refere-se organizao interna da escola, que

    contempla os processos administrativos, a participao da comunidade escolar nos projetos pedaggicos, poltico e administrativo. A segunda est ligada funo social da escola, sua vocao democrtica, mais especificamente, no sentido de divulgar o conhecimento produzido e sua sociali zao.

    Nesse nterim, Maia e Bogoni (2008, p. 7) citam que; As dificuldades externas enfrentadas pela escola na gesto democrtica compreendem a pequena vontade poltica; e a contrariedade idia de participao poltica. As dificuldades internas permeiam a resistncia socializao do poder e a viso patrimonialista. As dificuldades gerais se concentram na cultura democrtica ainda pouco consolidada nos diversos segmentos da sociedade e nas dificuldades em entender a importncia do Controle Social.

    No entanto, tanto o todo (sistemas educacionais), quanto s

    unidades sociais (estabelecimentos de ensino), so organismos vivos e dinmicos, caracterizados por uma rede de relaes entre todos os elementos, que atuam ou

    interferem direta ou indiretamente. Tal fato determina a necessidade de direo sob

    um novo tipo de organizao, que encontra resposta na gesto escolar, cuja

    abrangncia exige dinmica das interaes, decorrente do trabalho como prtica

    social. Assim, considerando que a gesto educacional passa por um processo de

    transio, a escola defronta-se ainda com um sistema contraditrio em que foras de

    tutela ainda esto presentes, ao mesmo tempo em que os espaos so criados, e a

    escola assume aes para as quais no desenvolveu as competncias necessrias.

    Portanto, ainda preciso que dirigentes e escola desenvolvam novos

    conhecimentos, habilidades e atitudes pertinentes nova concepo de educao.

    Trata-se de um novo paradigma que emerge e se desenvolve acerca da educao,

    da escola e sua gesto, que demanda espaos para a participao e a conseqente

    responsabilidade sobre esta. Nesse contexto, muda a fundamentao terica e

    mitolgica inerente orientao e compreenso do trabalho da direo da escola,

    entendida como um processo de equipe, associado participao social (LCK,

    2000, p. 15).

    O paradigma referido caracteriza-se, sobretudo, pela mudana de

    conscincia a respeito da realidade e da relao das pessoas envolvidas,

    fundamentado pel os seguintes pressupostos:

  • A realidade global: tudo est direta ou indiretamente

    relacionado a tudo, est abelecendo uma rede de fatos, si tuaes e

    circunstncias, interligadas intimamente;

    A realidade dinmica, construda socialmente pela criao de

    pensamento, ao e interao das pessoas;

    Ambiente social e comportamento humano: dinmicos e

    imprevisveis. Podem ser coordenados e orientados, mas no

    controlados plenamente.

    Incerteza, ambigidade, contradies, tenso, conflito e crise,

    elementos naturais ao processo social, que permite

    oportunidades e condies para o crescimento e a

    transformao;

    Busca pela realizao e sucesso: pr ocesso e no meta;

    Responsabili dade maior do dirigente: representa a articulao

    sinrgica do talento, competnci a energia humana;

    Boas experincias de outros contextos; servem como referncia,

    mas no como modelo. No podem ser transferidas em virtude

    da peculiaridade de cada model o organizacional;

    Vida das organizaes: desenvolvem e realizam seus objetivos,

    mediante apenas participao conjunta sinrgica de seus

    profissionais e usurios;

    Melhor forma de realizar a gesto de uma organizao

    estabelecer a sinergia por meio da formao de uma equipe

    atuante, considerando o ambiente cultural;

    Talento e energia humanas: associados representam os

    melhores e mais poderosos recursos para movimentao e

    transformao de uma organizao (LCK, 2000) .

    Nesse entendimento, professores, equipe tcnico-pedaggica,

    alunos, funcionrios, comunidade, pais, so mais do que partes do ambiente

    cultural, pois ajudam na construo e formao desse ambiente, atravs do agir,

    caracterizando a identidade da escola na comunidade e tambm o seu papel na

    mesma e seus resultados. Essa mudana de conscinci a requer o reconhecimento desse fator pelos participantes do processo escolar, de sua compreenso ao seu

    papel em relao ao todo (LCK, 2000, p. 16). A Figura 1 mostra a representao e construo da gesto democrtica num processo de aprendizado coletivo.

  • Fonte: MAIA; BOGONI, 2008, p. 26. Figura 1 - Construo da gesto democr tica num processo de aprendi zado coletivo Entretanto, cabe registrar, que no cotidiano escolar, os incentivos

    concretos ao exerccio da autonomia administrativa, pedaggica, financeira e gesto

    democrtico-participativa tem sido insuficientes. Segundo Ferreira (1999), a

    autonomia da escola no vai alm da heteronomia, pois:

    O desenvolvimento de lideres escolares autnomos no ocorre. Os incentivos polticos e institucionais participao das comunidades escolar e local tm sido poucas e ineficientes na construo da autonomia escolar. A descentralizao e a democratizao da administrao de escolas pblicas so perseguidas teoricamente, mas com poucos resultados significativos e permanentes. Vrias polticas e reformas legislativas, federal, estadual e at mesmo municipal tm observado e incorporado a crescente tendncia, poltica e social, a democratizao da gesto escolar. Contudo, a participao na tomada de decises administrativas, financeiras e pedaggicas no alcanou a maior parte que vivem e fazem a escola acontecer (FREITAS, 2000, p. 50).

    Fortuna (1998) elucida que falta transparncia nas informaes e

    nos controles de avaliaes e debates e votao das decises coletivas, o que

    desfavorece a prtica da gesto democrtico-participativa. Alm disso, o indivduo,

    eixo central do processo, no , de fato, ouvido, no recebe ateno e, sobretudo,

    suas necessidades e objetivos passam desapercebidos. Madeira (1998, p. 71)

    comenta que as polticas educacionais se restringem oportunidade de participao do indivduo apenas mecnica adeso. A no considerao do

    GESTO DEMOCRTICA

    NA ESCOLA

    Construo

    do PPP

    Formao Continuada

    Eleio de Diretores

    Poltica Educacionaaalal e Financiamento

    Pblico da Educao

    Fortalecimento Grmio

    Estudantil

    Democratizao das Relaes

    de Poder Conselho Escolar e

    APMF

    Respeito a Diversidade

  • indivduo a qualquer ao educativa abre um imenso espao ao fracasso. O sucesso, por sua vez, advm do exerccio da gesto participativa, que se mantm

    constantemente aberta ao dilogo, pois quando as pessoas so percebidas e

    valorizadas como agentes, as coisas passam a acontecer na escola e as polticas

    so implementadas ou simplesmente integram arquivos. O foco no indivduo garante

    benefcios Nao. A qualidade educacional elevada, quando existe respeito com

    o trabalho do professor, com o gestor escolar, com as comunidades e localidades.

    Cabe registrar, entretanto, que a qualidade da educao no se

    restringe a competncia de gestores, professores, pais, funcionrios, alunos, pois o

    sucesso tambm est relacionado ao do Estado quanto ao investimento (gastos

    e recursos) destinados ao desenvolvimento do processo educacional e a adoo de

    novos modelos de reorganizao administrativa da escola (FREITAS, 2000, p. 50).

    Assim, de acordo com Maia e Bogoni (2008), para realizar uma

    gesto democrtica preciso acreditar que a atuao do todo conjuntamente tm mais chances de encontrar os caminhos para atender s expectativas da sociedade

    a respeito da atuao da escola. Quanto maior for o nmero de pessoas participando na vida escolar, maior probabilidade de estabelecer relaes mais flexveis e menos autori trias entre educadores e comuni dade escolar, pois:

    Quando pais e professores esto presentes nas discusses dos aspectos educacionais, estabelecem-se situaes de aprendizagem de mo dupla: ora a escola estende sua funo pedaggica para fora, ora a comunidade influencia os destinos da escola. As famlias comeam a perceber melhor o que seria um bom atendimento escolar, a escola aprende a ouvir sugestes e aceitar influncias (MAIA; BOGONI, 2008, p. 23) .

    Desta forma, importante que todos participem das discusses, em

    condies de igualdade e com liberdade para expor suas opinies, mesmo que

    contrrias, porque qualquer privilgio destinado a determinados grupos ou

    interesses pessoais se manipulados nas tomadas de decises podem gerar

    situaes que perpetuem ou faam renascer autoritarismo, podendo ocorrer

    mascaramento na gesto democrtica. Na construo desse processo pode-se

    deparar com docentes ou algumas pessoas do corpo funcional que se acham

    proprietrias da escola, sentindo-se ameaadas na sua autoridade pedaggica se

    abrirem espao para uma participao comunitria; dirigentes escolares que no

    aceitam o socializar do poder; familiares dos alunos e a sociedade toda (incluindo

  • os profissionais da educao) que possuem pouca experincia com o controle

    social; familiares que se recusam a participar quando percebem falta de seriedade

    na execuo do processo democrtico, ou que no gostam de se envolver nas

    questes internas da escola, a menos que tenha relao imediata com o seu filho; acmulo de ms experincias com formas inadequadas de participao comunitria

    por parte da escola; inexistncia da cultura participativa na comunidade e na escola

    (MAIA; BOGONI, 2008, p. 23) .

    2.3. GESTO ESCOLAR: NORMATIZAO PARA O ESTADO DO PARAN

    No Estado do Paran a normatizao da gesto escolar prescrita

    pela Deliberao 16/99, do Conselho Estadual de Educao - CEE/PR, que em seu

    art. 4., define que comunidade escolar compreende o conjunto constitudo pelos corpos docente e discente, pais de alunos, funcionrios e especialistas, todos

    protagonistas da ao educativa em cada estabelecimento de ensino; e que a organizao institucional de cada um desses segmentos ter seu espao de atuao reconhecido pel o regimento escolar (PARAN, 1999).

    Quanto gesto escolar, a Deliberao determina, em seu art. 6.,

    que a gesto escolar da escola pblica, como decorrncia do princpio constitucional da democracia e colegialidade, ter como rgo mximo de direo

    um colegiado, estabelecendo que: 1. - O rgo colegiado de direo ser deliberativo, consultivo e

    fiscal, tendo como principal atribuio estabelecer a proposta

    pedaggica da escola, eixo de toda e qualquer ao a ser desenvolvida

    no estabelecimento de ensino.

    2. O rgo colegiado de direo ser constitudo de acordo com o

    princpio da representatividade, devendo abranger toda a comunidade

    escolar, cujos representantes nele tero, necessariamente, voz e voto.

    3. Podero participar do rgo colegiado de direo representantes

    dos movimentos sociais organizados, comprometidos com a escola

  • pblica, assegurando-se que sua representao no ultrapasse 1/5 (um

    quinto) do colegiado (MAIA; BOGONI, 2008, p. 4).

    Os mecanismos da Gesto Democr tica compreendem: Conferncia Municipal da Educao; Conselho Municipal da Educao; Conselho do FUNDEF (CACS); Outros Conselhos; Oramento Participativo na Educao; Eleies para diretores. Conferncia Local da Comunidade Escolar/ Assemblia Escolar; Conselho de Escola; Oramento Participativo Local; Associao de Pais; Grmio Estudantil; Rotatividade do quadro de diretores da escola (MAIA; BOGONI, 2008,

    p. 4).

    2.4. ESTRUTURA DEMOCRTICA DA GESTO ESCOLAR

    2.4.1. Conselho Escolar

    O Conselho Escolar o rgo mximo de direo nas Escolas

    Pblicas, com poder institudo pelo processo de democratizao escolar. No Paran,

    o Conselho Estadual de Educao - CEE instituiu os Conselhos de Escola, por meio

    da Deliberao 020/91, a qual estabelece em seu bojo que todas as escolas devem ter um rgo mximo de decises coletivas, o colegiado, que deve abranger

    representao de toda a comunidade escolar, reforando o princpio constitucional

    da democracia. Assim, o Conselho Escolar institudo pela legislao estadual compreende um colegiado formado por: pais, alunos, professores, direo, equipe

    pedaggica e funcionrios administrativos e de servios gerais, alm do

    representante do grmio estudantil e dos movimentos sociais organizados. Todas as

    pessoas ligadas escola se fazem representar e decidem sobre aspectos

    administrativos, financeiros e pedaggicos, como um canal de participao, que

    tambm atua como instrumento de gesto da prpria escola, cuja funo o estudo

    e planejamento, debate e deliberao, acompanhamento, controle e avaliao das

    principais aes da escola, tanto no campo pedaggico, como no administrativo e

    financeiro (AMBONI, 2007, p. 3) .

  • Desta forma, o Conselho Escolar uma instituio que, perante a

    lei, deve coordenar a gesto escolar no seu dia-a-dia. Entretanto, na prtica, o

    conselho quase sempre se submete vontade do diretor. Ou seja, o Conselho

    deveria ser o rgo responsvel pelo estudo e planejamento, debate e deliberao,

    acompanhamento, controle e avaliao das principais aes da escola, tanto no

    campo pedaggico, como no administrativo e financeiro (MAIA; BOGONI, 2007, p.

    10).

    No Estado do Paran, o Estatuto do Conselho Escolar de acordo

    com a Resoluo 2124/05, em seu artigo 4, tem as seguintes funes:

    1 A funo deliberativa, refere-se tomada de decises relativas s diretrizes e linhas gerais das aes pedaggicas, administrativas e financeiras quanto ao direcionamento das polticas pblicas, desenvolvidas no mbito escolar.

    2 A funo consultiva refere-se emisso de pareceres para dirimir dvidas e tomar decises quanto s questes pedaggicas, administrativas e financeiras, no mbito de sua competncia.

    3A funo avaliativa refere-se ao acompanhamento sistemtico das aes desenvolvidas pela unidade escolar, objetivando a identificao de problemas e alternativas para melhoria de seu desempenho, garantido o cumprimento das normas da escola bem como, a qualidade social da instituio escolar.

    4 A funo fiscalizadora refere-se ao acompanhamento e fiscalizao da gesto pedaggica, administrativa e financeira da unidade escolar, garantido a legitimidade de suas aes (AMBONI, 2007, p. 4).

    Como tem sua institucionalizao, constituio e funcionamento

    determinados por lei, para tambm atuar na fiscalizao da gesto financeira, o

    Conselho Escolar exerce o controle social sobre a aplicao oramentria da

    Instituio Escolar. Alm da tarefa de apresentar propostas, pois tambm decide e

    determina onde e como sero aplicados os recursos (CISESKI; ROMO, 2004). Por

    receber dinheiro pblico, est submetido Lei de Responsabilidade Fiscal, pois tem

    que emitir pareceres, acompanhar, fiscalizar e aprovar a gesto do dinheiro pblico

    no mbito das escolas, o que garante a legitimidade de suas aes (AMBONI,

    2007).

    Nas instituies escolares do Estado do Paran, cada comunidade

    escolar organizada passa a participar diretamente da gesto financeira e controlar

    os gastos pbli cos em seu interior. O controle interno das or ganizaes escolares do

  • Estado do Paran est expresso nas atribuies do Conselho Escolar, incisos X e

    XVIII, do Ar tigo 43, do seu Estatuto:

    X definir e aprovar o uso dos recursos destinados escola mediante Planos de Aplicao, bem como prestao de contas desses recursos, em ao conjunta com a Associao de Pais, Mestres e Funcionrios APMF e,

    XVIII avaliar, periodicamente e sistematicamente, as informaes referentes ao uso dos recursos financeiros, os servios prestados pela Escola e resultados pedaggicos obtidos (PARAN, 2005, p. 18:19):

    Esse processo ocorre com a participao dos pais nos conselhos

    escolares e nas Associaes de Pais, Mestres e Funcionrios - APMFs, cuja

    participao decorre de eleies no interior das escolas pblicas do Paran EPPs, em nmero que assegura a igualdade entre os representantes das escolas e dos

    pais, junto ao Consel ho Escolar .

    2.4.2. Associao de Pais, Mestres e Funcionrios

    Trata-se de uma associ ao civil, entidade jurdica de direito privado,

    vinculada escola, que funciona em prol da qual trabalham se fins lucrativos. Uma

    APMF formada por um nmero ilimitado de scios, sendo admitidos pais,

    professores e funcionrios que desejarem se associar scios efetivos; alunos e ex-alunos, pais de ex-alunos, ex-professores e demais membros da comunidade

    interessados na problemtica scio-educacional (scios colaboradores). A admisso

    ainda estendida a todos que, por aprovao da assemblia geral, forem

    considerados como prestadores de relevantes servios educao e APMF

    (scios honorrios). A estrutura de uma APMF composta pela assemblia geral,

    pelos conselhos deliberativo e fiscal e pela diretoria. Seus objetivos compreendem a

    discusso e colaborao nas decises sobre as aes para a assistncia ao

    educando, para o aprimoramento do ensino e para a integrao famlia-escola-

    comunidade; integrao da comunidade no contexto escolar; representao dos

    reais interesses da comunidade e dos pais dos alunos junto escola; contribuindo

    para a melhoria do ensino e para a adequao efetiva dos planos curriculares; e a

    promoo do entrosamento entre pais, alunos, professores, funcionrios e membros

    da comunidade, atravs de atividades educacionais, culturais, sociais e esportivas

    (SEED-PARAN, 2002, 52 -53).

  • 2.4.3. Grmio Estudantil

    O Grmio Estudantil o rgo mximo de representao dos

    estudantes a servio da ampliao da democracia na escola. Por meio das suas

    funes de representao e organizao dos alunos, contribui para a efetivao de

    uma educao emanci patria e transformadora (MAIA; BOGONI, 2007, p. 12).

    Trata-se de uma organizao sem fins lucrativos, cuja representao

    defende os interesses dos estudantes, possuindo fins cvicos, culturais,

    educacionais, desportivos e sociais (DIA-A-DIA EDUCAO, 2003) .

    2.4.4. Conselho de Classe

    O Conselho de Classe o colegiado, definido como reunio liderada pela equipe pedaggica de uma determinada turma, que tem como funo: compartilhar informaes sobre a classe e sobre cada aluno para embasar a tomada de decises (NOVA ESCOLA, 2006). Engloba professores das diversas disciplinas, direo, equipe pedaggica e alunos representantes de turma, que se

    renem para refletir, avaliar e propor aes no acompanhamento do processo

    pedaggico da escola (MAIA; BOGONI, 2007, p. 13).

    Vale acrescentar que a atuao do Conselho de Classe favorece a integrao entre professores, a anlise do currculo e a eficcia dos mtodos

    utilizados; alm de facilitar a compreenso dos fatos por intermdio da exposio de diversos pontos de vista. Entretanto, imprescindvel que as observaes sejam

    concretas, para no rotular o aluno; e o devido cuidado para que a atuao no seja

    meras confirmaes de aprovao ou de reprovao. Para tanto, atuao deve

    considerar somente a pauta da discusso e o direito palavra deve ser pertinente a

    todos, visando enriquecer o diagnstico dos problemas, suas causas e solues. O

    resultado final deve ser um consenso da equipe em relao s intervenes

    necessrias no processo de ensino-aprendizagem, considerando as reas afetiva,

    cognitiva e psicomotora dos alunos. Para o professor, as reunies deve ser objeto

    de auto-anlise. Cabe a equipe, a previso de mudanas tanto na prtica diria de

  • cada docente como tambm no currculo e na dinmica escolar, sempre que

    necessrio (NOVA ESCOLA, 200 6).

    2.4.5. Rotatividade no Quadro de Dirigentes

    De acordo com Maia e Godoni (2008), a rotatividade no quadro de

    dirigentes, por meio de eleies fundamental para efetivao do processo

    democrtico na escola.

    A eleio para diretores um caminho para a implantao de uma

    gesto mais democrtica na escola, visto que a eleio para diretores envolve todos

    os segmentos da comunidade escolar (pais, alunos, funcionrios e professores), na

    participao nas discusses e no exerccio do fazer poltico. Assim, por meio de

    processo, efetiva-se, de fato, a democracia, a cidadania, da construo coletiva, a

    descentralizao do ensino e a autonomia da escola, pois os novos espaos e

    tempos permitem a organizao coletiva dentro da sociedade. Desta forma, a

    eleio para dirigentes escolares compreende uma aula de poltica e democracia, onde todos ensinam, todos aprendem e todos ganham com o fortalecimento da

    cidadania e participao (MARTINS, 2006, p. 1).

    Entretanto, cabe colocar, que a promoo de eleio de diretores

    traduz o delineamento de uma proposta de escola, de gesto, firmando

    compromissos coletivos para leva-la a efeito. No entanto, na prtica, a eleio

    compreende a falta de compromisso com qualquer participao, inclusive, a de acompanhar as aes necessrias para pr em prtica poltica democrtica. Assim, a aspirao de que com a prtica da eleio do diretor, haveria harmonia nas

    relaes na escola, fazendo desaparecer as prticas clientelistas, mostrou-se ingnua e irrealista, pois a eleio como instrumento de democracia, no garante a dissoluo de conflitos; constituindo, todavia, em uma forma permissiva para

    evidenci-los, o que permite que se mostrem e se coloquem ao alcance da ao das pessoas e grupos para resolv-los.

    Desta forma, como afirma Lck (2000, p. 23), a eleio do diretor

    compreende uma rea de atuao sobre a qual muito se tem a aprender, sobretudo,

    sobre como eleger o melhor e mais competente disponvel para o cargo, como

  • superar os interesses individuais e de grupos isolados, como buscar o bem social e a qualidade da educao, como manter a mobilizao da sociedade e o

    compromisso coletivo em torno da escola, em perodos extra-eleies.

    2.4.6. Construo do Projeto Poltico Pedaggico - PPP

    Etimologicamente, projeto pedaggico compreende um trabalho

    conjunto, pensado e elaborado em favor do bem comum. Uma proposta para o

    porvir de uma escola. O termo projeto de origem latina: projecto ou proiecto, cujo

    significado lanar para a frente, fazer pulsar a partir de dentro, arremessar, afastar; e o pedaggico vem do grego paidagojiks, que significa cuidar de uma doena. Paidagogiks, por sua vez, deriva do termo paidea, que corresponde a educao, ensino, exerccio com as crianas, mtodo de ensino, formao, conhecimento, arte de fazer qualquer coisa, do qual advm o ter mo paidagoja , que significa direo de crianas, educao, cuidado de um enfermo (LOURENO et al., 2003, p. 2).

    Alm destes termos, projeto e pedaggica, Veiga (2002) aborda tambm o enfoque poltico, traduzido pela busca um rumo, de uma direo, por meio de uma ao intencional , que possui sentido explcito, um compromisso

    definido coletivamente. Assim, todo projeto pedaggico de escola um projeto

    poltico, porque alm de ser pedaggico no sentido de definir as aes educativas e as caractersticas necessrias s escolas para atingirem os propsitos e intencionalidades almejados, tambm est intimamente ligado ao compromisso

    sociopoltico com os interesses reais e coletivos da populao maj oritria.

    Assim, a projeto poltico-pedaggico PPP compreende a construo coletiva, dos atores da Educao Escol ar, resultando na traduo que a Escola faz de suas finalidades, a partir das necessidades que lhe esto colocadas,

    por todos os agentes envolvidos no processo da educao democrtica:

    professores/alunos/equipe pedaggica/pais, mediante os recursos de que dispe

    (PIMENTA, 2002). Gadotti (1994) elucida que: A construo do projeto compe a

    direo poltica, o rumo, norte, por esse motivo, a construo do projeto um

    inconcluso, uma etapa em direo a uma finalidade que permanece como horizonte da escola.

  • Os elementos so mutveis, modificam-se de ano para ano, no

    mesmo ano; de Escola para Escola, na mesma Escola. Por isso, a equipe vai

    depurando, explicitando e detalhando a insero da Escola na transformao social.

    Assim, o projeto poltico-pedaggico vai ficando consistente e slido medida que

    vai captando sistematicamente a realidade na qual se insere. Motivo pelo qual, a

    realizao contnua de diagnsticos abertos dessa realidade um instrumental

    importantssimo para essa construo, pois constatam a realidade, permitindo a

    leitura e a interpretao, supondo conhecimento/posicionamento terico/prtico da

    equipe (ROSSI, 2003) .

    Nesse contexto, Loureno et al. (2003, p. 2) elucidam: O PPP figura

    como pr-requisito bsico para que algum faa parte do corpo docente ou at

    mesmo da equipe administrativa, visto que nenhuma atividade educacional pode ser feita a esmo, sem referncia ao que a instituio como um todo se prope

    alcanar.

    Assim sendo, a responsabilidade pela construo do PPP no

    se restringe direo da escola, pois, na gesto democrtica, a escolha da direo

    se d mediante o conheci mento da competnci a e liderana do profissional capaz de

    executar o projeto coletivo. A criao do PPP precede a escolha de que possa

    execut-lo, pois a eleio do diretor permite a escolha de um PPP para a escola. Ao se eleger um diretor de escola o que se est elegendo um projeto para a escola.

    Na escolha do diretor ou da diretora percebe-se j o quanto o seu projeto poltico (GODOTTI, 1994).

    Desta forma, para Veiga (1995; 2001), o PPP poltico, pelo

    compromisso com a formao do cidado para um tipo de sociedade, e pedaggico,

    por definir as aes educativas e as caractersticas necessrias s escolas para

    cumprirem seu propsito, sua intencionalidade (unicidade teoria e prtica,

    construo do currculo, qualidade do ensino).

    Entretanto, o PPP se funda em duas lgicas conflitivas e distintas,

    empresarial e emancipadora. Empresarial porque se alicera na lgica do

    planejamento estratgico empresarial, o que concebe um instrumento de controle,

    atrelado a uma multiplicidade de mecanismos operacionais e estratgias que

  • emanam de vrios centros de deciso. Emancipador porque implica na construo

    de um modelo de gesto democrtica, envolvendo diferentes instncias que atuam

    no campo da educao (escola-comunidade e demais foras sociais), cujo objetivo

    emancipao voltada para a construo do sucesso escolar e a incluso como

    princpio e compromisso social. A construo do projeto poltico-pedaggico implica,

    sobretudo, no repensar da estrutura poltica, o que traduz para instituio escolar,

    um desafio inovador emancipatrio ou edificante, tanto na organizao do processo

    de trabalho pedaggico como na gesto que exercida pelos interessados (ROSSI,

    2003).

    Considerando que a escola muito mais que uma instituio

    reprodutora das relaes sociais e valores dominantes, pois figura tambm como

    instituio de confronto, de resistir e propor de inovaes, a inovao educativa deve produzir rupturas e, sob essa tica, procurar romper com a clssica ciso entre

    concepo e execuo, diviso caracterstica da fragmentao do trabalho. Desta forma, o projeto pedaggico inovador amplia a autonomia da escola, empreendida

    por meio do intercmbio e da cooperao permanente como fonte de contraste e enriquecimento", que sobrepe o isolamento e do saudosismo (CARBONELL, 2002,

    p. 21).

    Para Loureno et al. (2003, p. 2), o PPP compreende o corao da escola, um instrumento que engloba o conhecimento que o passado oferta, a vitalidade pertinente ao presente e o anseio da remodelao suscetvel no futuro

    prximo.

    Nesse sentido, Vasconcelos (2002) elucida que projeto poltico

    pedaggico traduz um plano global da instituio que, sendo processo, implica em

    elaborao (expresso da identidade, opes, viso, julgamento da realidade e as

    propostas de ao) que, a partir da realidade, visam concretizao daquilo que se

    prope, e realizao interativa, a implementao prtica do projetado, acompanhado

    de avaliao.

    A construo continuada desse projeto implica no desenvolvimento

    coletivo do pensar/escrever o projeto, pensar/aplicar o projeto, pensar/avaliar o projeto e pensar/atualizar o projeto, as quais no acontecem separadamente, mas se integram, permeadas pela articulao terico-aplicativa. Da a importncia da

  • sensibilizao e organizao coletiva da comunidade escolar, porque sensibilizar a melhor forma de contar com o envolvimento e a participao de todos,

    concretizados atravs da reflexo sobre determinados princpios, como igualdade, qualidade, liberdade, gesto democrtica e valorizao do magistrio (VEIGA, 2002, p. 4).

    Cabe acrescentar que, quanto estrutura do Projeto Poltico

    Pedaggico, o Conselho Estadual da Educao, por meio da Deliberao n. 014, de

    08 de outubro de 1999, (item 4) determina que o mesmo englobe: explicitao sobre

    a organizao da entidade escolar; filosofia e os princpios didtico-pedaggicos da

    instituio; contedos, competncias e habilidades propostas e os respectivos

    encaminhamentos metodolgicos; atividades escolares, em geral, e as aes

    didtico-pedaggicas a serem desenvolvidas durante o tempo escolar; matriz

    curricular especfica e a indicao da rea ou fase de estudos a que se destina;

    processos de avaliao, classificao, promoo e dependncia; regimento escolar;

    calendrio escolar; condies fsicas e materiais; relao do corpo docente e

    tcnico-administrativo; plano de formao continuada para os professores; plano de

    avaliao interna e sistemtica do curso (PARAN, 1999) .

    2.4.7. Poltica Educacional e Financiamento Pblico da Educao

    Segundo Machado (2000, p. 8) papel dos organismos

    governamentais, tanto de nvel central quanto de nvel regional ou local, proverem as

    escolas com recursos financeiros suficientes para propiciar educao de qualidade para todos. Esses recursos compreendem a transferncia de recursos financeiros aos Estados, Municpios e escolas, por meio de programas assistenciais a

    educao, tais como: Programa Dinheiro direito na Escola PDDE; programa Nacional de Alimentao Escolar PNAE; Programa de Garantia de Renda Mnima e outros.

    Em nvel federal, o Programa Dinheiro Direto na Escola PDDE consiste no repasse de verbas anuais para as escolas, calculados com base na

    quantidade de alunos, indicada pelo censo escolar do ano anterior e repassado para

    a APMF (PARAN, 2002). Foi criado pela Resoluo 12, de 10 de maio de 1995,

  • modificado por Medida provisrio. Sua finalidade prestar assistncia financeira, em

    carter suplementar, s escolas pblicas do ensino fundamental das redes

    estaduais, municipais e do Distrito Federal, assim como s escolas privadas de

    educao especial mantidas por entidades, sem fins lucrativos, beneficentes de

    assistncia social, ou entidades similares que prestem atendimento direto e gratuito

    a populao, devidamente registradas no Conselho Nacional de Assistncia Social

    (CNAS), com o objetivo de implementar a infra-estrutura fsica e pedaggica,

    reforar a autogesto escolar nos planos financeiro, administrativo e didtico e

    elevar os ndices de desempenho do ensi no fundamental . Para a transferncia no

    necessria celebrao de convnio, ou instrumento congnere. As verbas

    destinam-se a cobertura de despesas de custeio, manuteno e pequenos

    investimentos, e devem ser empregadas em:

    (...) aquisio de material permanente; manuteno, conservao e pequenos reparos da unidade escolar; aquisio de material de consumo necessrio ao funcionamento da escola; capacitao e aperfeioamento de profissionais da educao; avaliao de aprendizagem; implementao de projeto pedaggico e desenvolvimento de atividades educacionais (BRASIL, 2008b).

    Com relao ao repasse das verbas, o art. 4., da Resoluo

    FNDE/CD n 043, de 11 de novembro de 2005, define, que as escolas pblicas com

    at 50 (cinqenta) alunos, que no possurem Unidade Executora Prpria (UEx),

    recebero os recursos financeiros do PDDE, em parcela nica anual, por intermdio

    da Entidade Executora (EEx); e as escolas numero de alunos superior a 50

    (cinqenta) , recebero por intermdio da Unidade Executor a Prpria (UEx).

    Cabe ressaltar que somente as escolas com at 50 alunos sem

    unidades executoras prprias podem receber indiretamente os recursos. As escolas

    pblicas com nmero de alunos igual ou superior a 50 estudantes matriculados

    devem criar Conselhos Escolares, Associao de Pais e Mestres ou entidades

    equivalentes para que possam receber os benefcios advindos dos recursos do

    PDDE.

    Em escala regional foi criado o fundo rotativo, cuja finalidade suprir

    as escolas paranaenses com recursos financeiros para a manuteno, recuperao

    e conservao dos prdios pblicos. O Fundo rotativo origina-se de programas

  • descentralizados de recursos, desenvolvidos pela Fundepar ao longo dos ltimos 30

    anos. Segundo a Fundepar, compreende uma soluo criativa para agilizar e

    viabilizar com maior rapidez o repasse de recursos aos Estabel ecimentos de Ensi no da Rede Estadual, para a manuteno e outras despesas relacionadas com a

    atividade educacional (AMBONI, 2007).

    Em 18 de julho de 1990, o Conselho de Administrao da Fundao

    Educacional do Paran, baixou a Resoluo n 04/90, que dispe sobre repasse de

    recursos financeiros, exclusivamente para atender as despesas com a manuteno

    das escolas da rede estadual, sob regime de adiantamento. Tal documento contm

    a regulamentao da aplicao dos recursos, alm de estabelecer que a anlise, aprovao e regularizao da Prestao de Contas ficaro sob responsabil idade do

    Tribunal de Contas (art. 17). Fundepar, cabe atuar como coordenadora, promovendo orientao, treinamento e controle dos recursos repassados em regime

    de adiantamento, bem como a expedio de normas complementares (art. 18), por meio do Departamento Econmico Financeiro. Esto presentes as normas para a

    liberao de recursos e o controle externo, pois a prestao de contas enviada ao

    Tribunal de Contas do Estado, que dever verificar os atos de legalidade do gestor e

    emitir o parecer aprovando ou reprovando as contas. No mbito escolar ainda no

    est presente comunidade escolar como fiscalizadora dos atos da administrao

    escolar.

    Por fora da Lei n 14.267/03, foi autorizada a criao do Fundo Rotativo em Estabelecimentos de Ensino, Ncleos Regionais de Educao, nas

    Unidades Descentralizadas da Secretaria de Estado da Educao e nas Delegacias

    de Polcia. s respectivas Secretarias coube a responsabilidade da aplicao dos recursos de cada Fundo Rotativo, mediante a fiscalizao da Comunidade Escolar.

    A mesma Lei ainda estabeleceu a participao da comunidade escolar como

    fiscalizadora dos atos de gesto dos recursos pblicos, ou seja, criou um controle

    interno para apreciar a prestao de contas antes de ser em enviadas FUNDEPAR.

    Para esse fim, determinou prazos, para a execuo dos recursos financeiros e o

    encaminhamento das r eferidas contas, conforme segue:

    Art. 4. A administrao do Fundo prestar contas da aplicao dos recursos de cada exerccio ao Tribunal de Contas do Estado, na forma e prazos legais.

  • 1. A prestao de contas dos Fundos Rotativos dos Estabelecimentos de Ensino dever ser enviada at 31 de janeiro do ano subseqente ao respectivo Ncleo Regional de Educao e posteriormente Fundepar. I O Ncleo ter 30 dias para analisar a prestao de contas. II A Fundepar ter 90 dias para analisar a prestao de contas e enviar ao Tribunal de Contas. 2. A prestao de contas dos Fundos Rotativos dos Ncleos Regionais de Educao e das Unidades Administrativas Descentralizadas da Secretaria de Estado da Educao devero ser enviadas at 31 de janeiro do ano subseqente Secretaria de Estado da Educao para anlise, que as enviar, em at 120 dias, ao Tribunal de Contas do Estado (PARAN, 2003, Lei n 14.267/03).

    A aplicao dos recursos descentralizados, tambm foi disciplinada

    pela Lei em questo, sendo de carter exclusivo para a manuteno e a

    conservao do prdio pblico, bem como pa ra as atividades de seu di a-a-dia.

    Art. 2. A receita de cada Fundo Rotativo ser composta pelas transferncias do oramento do Estado e contribuies da comunidade, e destinada s despesas da respectiva unidade. 1. Os Estabelecimentos de Ensino, os Ncleos Regionais de Educao e as Unidades Administrativas Descentralizadas da Secretaria de Estado da Educao podero aplicar os recursos: I na manuteno, reparos, aquisio de material de consumo e outros gastos correntes; II mediante prvia autorizao, podero realizar despesas relativas a reformas, melhorias, ampliaes, aquisio de equipamentos e materiais permanentes e outras despesas de capital (PARAN, 2003, Lei n 14.267/03).

    Desta forma, elucida Amboni (2007), a aplicao dos recursos segue

    rigorosamente o determinado por lei. Nesse sentido, no existe autonomia ao gestor

    do fundo rotativo, cabe o que est escrito na legislao. O poder administrativo do

    diretor fica restrito a reposio de materiais de consumo e reparao do prdio

    pblico, no sendo permitido o investimento em aquisio de bens permanentes. As

    atividades pedaggicas, por vezes, ficam comprometidas, pois a lgica inadequada

    para essa aplicao dos recursos financeiros torna escola impotente frente aos

    desafios da modernidade.

    2.4.8. As Dimenses de Abrangncia da Gesto Escolar

    A gesto escolar, como qualquer outra, abrange diferentes reas. A

    democratizao e descentralizao delegaram escola, pelo menos em tese, a

    responsabilidade de gerir todos os seus recursos e atribuies pedaggicas e

  • financeiras, incluindo recursos humanos, recursos fsicos e materiais. Assim, a

    escola democrtica possui uma abrangncia de atuao, que permeia no mnimo

    cinco esferas: resultados, pedaggico, participao, pessoas, recursos fsicos e

    financeiros (SSED-PARAN, 2002), preconizadas pelo Prmio Nacional de

    Qualidade em Gesto Escol ar.

    2.4.8.1 Gesto por Resultados

    Segundo Rossi Junior (2007), a teoria bsica que fundamenta

    muitos sistemas de gesto est relacionada idia que os dirigentes das

    organizaes formulam planos, pem em prtica estes planos, avaliam as

    conseqncias das aes e, finalmente, usam este controle para ajustar seus

    planos, fazendo com que o ciclo: planejamento-ao-controle, repita-se

    continuamente. Nesse nterim, a gesto para resultados uma ferramenta

    administrativa que, atravs de sua metodologia, alinha o planejamento, a ao e o

    controle, promovendo a eficincia e a eficcia da organizao, por meio de uma

    seqncia de eventos necessrios para uma gesto vinculada a resultados: misso;

    diagnostico de desempenho; objetivos estratgicos; indicadores, metas,

    monitoramento de desempenho; e pl ano de ao.

    A gesto por resultados significa ter clareza com relao aos resultados que se quer alcanar e a partir da planejar e mobilizar esforos e

    recursos para concretiza-los, alem de realizar auto-avaliaes sistemticas e correes de rumo, quando necessrias obteno da excelncia. Para tanto,

    imprescindvel a definio dos objetivos (resultados) almejados, das estratgias,

    aes, metas que viabilizem os resultados; e o estabelecimento dos indicadores de

    desempenho, que permitam o acompanhamento dos progressos alados. Assim, a

    gesto por resultados, como qualquer outra gesto, requer uma seqncia lgica de

    passos, geralmente, pautadas no planejamento, organizao, execuo, avaliao,

    acompanhamento e na correo de rumo (SEED-PARAN, 2002, p. 10) .

    O planejamento implica no processo que resulta no plano de

    trabalho (estabelecimento de aes coordenadas, cuja finalidade o sucesso dos

    objetivos e metas propostos). Em se tratando de instituies de ensino, o plano de

    trabalho constitui a Proposta Pedaggica, que preferencialmente deve ser elaborada

  • para alcanar alguns anos, um planejamento de longo prazo (plano plurianual),

    determinando os objetivos e metas e as principais estratgias a serem adotadas

    para alcan-las. O plano plurianual permite o estabelecimento das aes anual, o

    detalhamento das metas a serem alcanadas e as aes a serem executadas.

    importante relembrar que o planejamento pedaggi co requer a compreenso sobre a

    verdadeira misso da escola, sobre o novo paradigma da educao contempornea,

    sobre a legislao pertinente e, sobretudo, a realizao de um diagnstico da

    atualidade, que permite o conhecimento dos problemas, recursos, deficincias,

    pontos fortes/fracos da escola, entre outros (SEED-PARAN, 2002) .

    A avaliao compreende a etapa que analisa (determina, mede,

    evidencia) os resultados obtidos, por meio de indicadores que fornecem dados e

    informaes confiveis. Entre os tipos de avaliao, destacam-se:

    Avaliao institucional: avalia a escola como um todo: a

    qualidade da gesto, dos resultados alcanados, incluindo o

    rendimento dos alunos, o nvel de formao dos professores, a

    qualidade das instalaes, a participao dos pais nas atividades

    da escola e outros. Um exemplo de instrumento de avaliao o

    Premio Nacional de Referncia em Gesto Escol ar;

    Avaliao Pedaggica: realizada com os alunos, escopa

    identificar a assimilao destes em relao aos contedos

    trabalhados, o que determina a aprovao ou no. Geralmente

    executada por meio de provas ou outros instrumentos de

    avaliao, utilizados pelo professor;

    Avaliao do rendimento escolar: tem por finalidade a

    comparao do desempenho dos alunos com parmetros

    estabelecidos previamente e no com os contedos ministrados

    pelo professor. Exemplo: ENEM e o bol etim da escola;

    Avaliao Interna: realizada dentro da escola, visando medir os

    resultados de setores ou pessoas. Exemplos; professores

    avaliam alunos; direo avalia professores etc.;

    Avaliao externa: realizada por agentes alheios escola;

    Auto-avaliao: Avaliao realizada pelo agente sobre si prprio

    (em termos de resultados ou processo) (SEED-PARAN, 2002) .

  • J o acompanhamento compreende a ateno com a qual se

    observa os acontecimentos, os resultados, o qual feito baseando-se em

    indicadores formalmente estabelecidos (informaes quanti tativas e/ou qualitativas),

    que contribuem para a melhoria continua da gesto e figura como pr-requisito para

    a implantao da gesto por resultados. Na escola, os indicadores devem mostrar

    os resultados obtidos pelos processos que fazem a escola funcionar, tais como: Processo Pedaggico: aprendizagem; aprovao e reprovao; evaso;

    etc. Gesto de Pessoas: nvel de formao e qualificao; absentesmo;

    motivao; etc. Participao Comunitria: percentagem de pais presentes nas reunies

    pedaggicas; horas de atividades desenvolvidas por voluntrios na escola; valores monetrios arrecadados pelas (...) APMs; projetos desenvolvidos pelos alunos junto comunidade; etc.

    Processos Administrativos de Apoio: tempo necessrio para emisso dos relatrios finais; organizao da documentao escolar; quantidade e qualidade da merenda escolar; limpeza da escola, etc.

    Gesto dos Recursos Financeiros: recursos investidos por aluno (total de recursos prprios + recursos de programas estaduais e federais divididos pelo total de alunos da escola); tempo necessrio para fechamento da contabilidade e emisso dos relatrios de prestao de contas (SEED-PARAN, 2002, p. 15).

    Vale acrescentar alguns fatores pertinentes a boa execuo da

    gesto por resultados. Entre os quais, destacam-se: ao corretiva e preventiva; a

    agenda do diretor; autonomia; censo escolar; competncia (conhecimento,

    habilidade, atitude); controle, desempenho, diagnstico, estratgia, excelncia e

    gerenciamento de tempo; estabelecimento de metas e objetivos; elaborao e

    implementao do plano de ao, avaliao externa (Prmio Nacional de Referncia

    em Gesto Escolar), regimento escolar, organizao de processos para a realizao

    de tarefas: planejamento, matrculas, ensino, avaliao, limpeza, funcionamento;

    resultados, mtodos para a soluo de problemas e viso sistmica, entre outros

    (SEED-PARAN, 2002) .

    2.4.8.2 Gesto Pedaggica

    O paradigma resultante da democratizao da educao, definida

    pela LDB, em consonnci a com as orientaes da UNESCO para as polticas

    educacionais do terceiro milnio, mudam a nfase do projeto educacional de

    ensino para aprendizagem, e desloca o eixo da liberdade de ensino para direito

  • de aprendizagem. Nessa perspectiva, muda tambm o paradigma do contedo

    ensinado, que deixa de ser visto como algo acabado, concluso, para se tornar um

    veculo para formar cidados sociveis, criativos, ativos. O conhecimento,

    entretanto, continua figurando com singular destaque de importncia, pois sem este

    no existe, evidentemente, competncia. Entretanto, dentro deste novo paradigma

    educacional os contedos e metodologias de ensino devem ser estabelecidos

    visando o desenvolvimento do aprendi z (aluno).

    Nesse contexto, autonomia delegada escola permite a busca por

    solues coerentes e condizentes para concretizar esta nova proposta de educao.

    A gesto pedagogia compreende a ao coletiva e integral focada no propsito

    nico de educar o aluno, na busca continuada para desenvolver no alunado

    competncias para lidar de forma produtiva com a realidade (interna e externa),

    alm de prov-los, indistinguivelmente, com oportunidades de melhores chances de

    xito na vida.

    Para que a ao coletiva acontea em harmonia e atinja resultados

    positivos, imprescindvel:

    ambiente escolar reforce valores;

    confiabil idade e encorajamento por parte dos professores;

    unidade escolar disciplinada, com ordem, limpeza e respei to;

    percepo da capacidade do alunado em perceber o contedo

    ensinado;

    interdisciplinaridade de di sciplinas;

    planejamento ou preparao de aulas condizentes com o nvel

    de aprendizagem do alunado, com acontecimentos e tendncias

    do meio, e com conheci mentos e informaes atualizadas;

    avaliaes realizadas pela superviso pedaggica, considerando

    a aprendizagem do aluno, e que os resultados obtidos sejam

    compartilhados e discutidos entre superviso pedaggica e

    professores, alm de sociali zados;

    planos, objetivos e metas construdos conjuntamente por

    professores e superviso pedagogia;

    sigilo quanto a falhas, erros, indisciplinas por parte de

    professores;

  • proposta pedaggi ca direcionada a ao do pr ofessor;

    dialogo entre direo e professores acerca dos resultados da

    aprendizagem;

    ao constante, preventiva e tempestiva: o gestor deve estar

    constantemente informado sobre alunos com desanimo e/ou

    dificuldades de aprendi zagem;

    providncias corretivas oportunas, enrgicas e competentes,

    frente a resultados negativas demonstrados pela avaliao de

    aprendizagem (SEED-PARAN, 2002, p. 30 -31).

    Vale acrescentar que a Proposta Pedaggica ou Plano Poltico

    Pedaggico (Ver 2.2.6), compreende a principal e mais importante ferramenta da

    gesto pedaggica, visto que dela emanam as diretrizes, ori