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1 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pedagogia Alex Clayton Do Prado A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO JOVEM COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUA INCLUSÃO NO MUNDO DO TRABALHO EM LINS LINS – SP 2013

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Page 1: A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO JOVEM COM DEFICIÊNCIA … · através de pesquisa desenvolvida no primeiro semestre de 2013. O objetivo da pesquisa foi analisar a inserção do jovem

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pedagogia

Alex Clayton Do Prado

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO JOVEM COM

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUA INCLUSÃO

NO MUNDO DO TRABALHO EM LINS

LINS – SP

2013

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ALEX CLAYTON DO PRADO

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO JOVEM COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL E SUA INCLUSÃO NO MUNDO DO TRABALHO EM LINS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Curso de Pedagogia, sob a orientação da Profª Ma. Kátia de Moura Graça Paixão e orientação técnica da Profª Esp. Érica Cristiane dos Santos Campaner.

LINS – SP

2013

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Alex Clayton do Prado

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO JOVEM COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL E SUA INCLUSÃO NO MUNDO DO TRABALHO EM LINS

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.

Aprovado em: _____/______/______

Banca Examinadora:

Profa Orientadora: Ma. Kátia de Moura Graça Paixão

Titulação: Mestra em Pscicologia pela Universidade Estadual Paulista “Julio de

Mesquita Filho”- UNESP, Marília.

Assinatura:_________________________________________________

Profa: ______________________________________________________

Titulação: __________________________________________________

Assinatura:__________________________________________________

Profa: ______________________________________________________

Titulação: __________________________________________________

Assinatura:__________________________________________________

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DEDICATÓRIA

Aos meus familiares, especialmente ao meu pai e a minha mãe, que com muito

amor e simplicidade me encorajou sempre a terminar este trabalho e a nunca

desistir dos meus ideais; em meio a toda dificuldade encontrada, e nos

momentos da minha ausência souberam compreender.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus Altíssimo, por me iluminar, por guiar os

meus objetivos e os meus sonhos, dando-me perseverança e motivação para

concluir este trabalho.

Ao meu pai Ademir e à minha mãe Solange, por terem feito tudo o que

estava ao seu alcance para que eu pudesse concluir a graduação.

À minha professora e orientadora Kátia de Moura Paixão, por ter me

acolhido, por toda a sua dedicação e confiança em meu trabalho, pelas

maravilhosas considerações para a pesquisa e por ampliar o meu

conhecimento a cerca dessa pesquisa.

A todos os amigos e familiares que me apoiaram de alguma forma na

conclusão desta pesquisa, e compreenderam as minhas ausências e me

incentivando nesta maravilhosa caminhada.

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EPÍGRAFE

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as

imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter

consciência de que é dono do seu destino. (Mário Quintana)

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RESUMO

Desde a Declaração de Salamanca, é apontado a necessidade de criar uma política de educação inclusiva, que priorize especialmente a capacitação das escolas e centros especializados, afim de não oferecer somente a escolarização, mas que possa atender todos os jovens e adultos numa perspectiva de prepara-los para o mundo do trabalho. O direito das pessoas com deficiência intelectual na igualdade ao mundo do trabalho vem sendo discutido em Leis Nacionais e através de acordos Internacionais. Essa pesquisa analisa a inserção do jovem com deficiência intelectual no mercado de trabalho, levando em consideração como tem ocorrido esse processo de escolarização e profissionalização. Este estudo tem como resultado, o levantamento do processo de escolarização, preparação para o mundo do trabalho, a inserção do jovem deficiente na empresa, a relação interpessoal com os demais funcionários e ainda uma análise desde a antiguidade até o século XXI, como foram tratados os deficientes em cada período. Os dados foram analisados por meio de pesquisa qualitativa, através de entrevistas realizadas em escola pública, na empresa e com o jovem deficiente intelectual. As oficinas desenvolvidas na escola pesquisada, demonstrou a potencialidade de discutir sobre a inclusão de educação especial profissionalizante, uma vez que as pessoas com deficiência foram historicamente excluídas desse sistema de ensino. Considera-se que essa investigação contribui para uma reflexão sobre esse assunto que vem sendo discutido diariamente através de temáticas de inclusão no mundo do trabalho, ampliando assim a compreensão dos aspectos que envolvem o processo de inclusão do deficiente intelectual no mundo do trabalho.

Palavras-chave: Pessoa com Deficiência Intelectual. Mundo do Trabalho.

Relatórios da Entrevista.

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ABSTRACT

Since the Declaration of Salamanca, is indicated the need to create an inclusive education policy, which prioritizes especially the empowerment of schools and specialized centers, in order not only to provide education, but that can meet all young people and adults from the perspective of preparing them for the working world. The right of people with intellectual disabilities to equality in the workplace has been discussed in National Laws and through international agreements. This research analyzes the inclusion of youth with intellectual disabilities in the labor market, taking into account as it has this process of education and vocational training. This study has resulted in the lifting of the schooling process, preparation for the world of work, the inclusion of disabled young company in the interpersonal relationship with other employees, and an analysis from antiquity to the twenty-first century, they were treated the disabled in each period. Data were analyzed using qualitative research through interviews conducted in school, in company with the young and poor intellectual. The workshops held at the school researched, demonstrated the capability to discuss the inclusion of special education professional, since people with disabilities have historically been excluded from the system of education. It is considered that this research contributes to a reflection on this subject that is being discussed daily through thematic inclusion in the workplace, thus increasing understanding of the issues involved in the process of inclusion of the poor in the world of intellectual work.

Key- words: People with Intellectual Disabilities. World of Work. Reports of

Interview.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Vida em grupo, trabalho agrícola e a caça.................................15

Figura 2: Civilização Romana......................................................................18

Figura 3: Período pós guerra.......................................................................20

Figura 4: Hospital psiquiátrico....................................................................27

Figura 5: Deficiente Intelectual, promoção no mundo do trabalho.........29

Figura 6: Inclusão e capacitação individualizada.....................................32

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

CAPÍTULO I - A PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL- ASPECTO HISTÓRICO ...................................................................................................... 13

CAPÍTULO II - A PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O MUNDO DO TRABALHO ................................................................................................ 25

CAPÍTULO III - RELATOS ................................................................................ 34

3 RELATOS DA ESCOLA FORMADORA.........................................................34

3.1 RELATOS DO JOVEM COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL......................39

3.2 RELATOS DA EMPRESA CONTRATANTE................................................42

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 45

CONCLUSÃO ................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 49

APÊNDICES ..................................................................................................... 51

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa analisa o tema ‘a formação profissional do jovem

com deficiência intelectual e sua inclusão no mundo do trabalho em Lins’,

através de pesquisa desenvolvida no primeiro semestre de 2013.

O objetivo da pesquisa foi analisar a inserção do jovem com deficiência

intelectual no trabalho formal e seu processo de formação e qualificação.

Existem diferentes conceitos para definir a deficiência intelectual, o

jovem pesquisado encontra-se com debilidade média, através do auxílio da

escola que oferece a alfabetização e cursos nas oficinas, a orientação da

família, ele conseguiu adaptar-se ao convívio social e do trabalho.

Questiona-se como o jovem com deficiência intelectual tem se inserido

na vida social e do trabalho. Mediante análise de literatura da conceituação do

que a deficiência intelectual desde a antiguidade e até as Leis, e principalmente

por meio das entrevistas com os agentes envolvidos nesse processo. Analisa-

se como tem ocorrido a formação desses jovens com deficiência intelectual

egresso da escola municipal, e qual a contribuição da formação e qualificação

profissional.

Foram surgindo algumas hipóteses através das leituras que foram

realizadas, buscava em cada leitura uma resposta quanto ao processo de

formação e de qualificação profissional do jovem deficiente e sua inserção

formal no mundo trabalho.

O processo de pesquisa ocorreu inicialmente, por meio de pesquisa

exploratória, através de conversas informais, com educadores, gestores, do

município de Lins.

A pesquisa qualitativa e sua análise seja ela desenvolvida através da

observação ou da entrevista pretende analisar, compreender os dados do

campo, neste sentido, a observação social seria mais uma forma de

compreender a realidade.

A entrevista foi realizada em três momentos: inicialmente com o jovem

trabalhador deficiente intelectual, incluindo a participação do seu pai. Em um

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segundo momento da empresa, que emprega o deficiente intelectual, o gerente

apresentou informações relevantes a cerca de que a inserção do deficiente é

tão comum que se torna algo necessário em todas as empresas, não somente

pelo cumprimento da Lei de Cotas, e sim pela responsabilidade de permitir que

essas pessoas sintam-se acolhidas e que desempenhem suas funções como

qualquer outro cidadão.

No terceiro momento, a entrevista acontece no espaço de formação e

escolarização do aluno com deficiência, é possível perceber que o trabalho

realizado pela escola, soma e muito nas práticas de trabalho, no entanto ainda

percebe-se que existe a falta de oficinas que tenha o segmento a

profissionalização.

A pesquisa está dividida em três capítulos que partem desde a análise

do conceito, terminologia desde a antiguidade até o século XXI, e vem até a

prática do trabalho através das Leis de proteção que garante o direito de

inserção no mundo do trabalho.

O capítulo 1 intitulado: a pessoa com deficiência intelectual- aspecto

histórico: uma análise contextualizada através do período histórico do

deficiente intelectual, demonstra-se, como era visto pela sociedade, o que

acontecia com esses deficientes nesses períodos.

No capítulo 2, intitulado: o mundo do trabalho e a pessoa com

deficiência intelectual: remete-se a análise do mundo do trabalho, através de

conceito médico, através da Declaração de Salamanca, neste capítulo,

apresenta-se algumas ideias de como é visto a pessoa com deficiência no

trabalho a partir dessa conceituação.

No capítulo 3, intitulado: relatos da escola formadora, do jovem

trabalhador e da empresa, desenvolve-se a análise qualitativa do campo de

pesquisa, abordando os relatos desses agentes nesse processo de inclusão.

Para as considerações finais, do trabalho apresenta-se as ideias do que

pode se tornar viável para entender o processo de formação profissional aos

deficientes intelectuais, valorizando o processo de escolarização que muito tem

acrescentado aos jovens deficientes, através da Proposta de Intervenção e

Conclusão.

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CAPÍTULO I

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL- ASPECTO HISTÓRICO

Em diferentes épocas, a deficiência foi denominada de diferentes

modos: deficiente intelectual, portador de deficiência mental, débil mental,

idiota, excepcional, inválido, retardado mental, maluco ou louco?

Na era Paleolítica ou conhecida como idade da Pedra Lascada, não se

plantava, dependia-se praticamente da caça de alguns animais, esses animais

não eram domesticados, sendo assim o grupo dependia exclusivamente de

alguns animais exclusivos, que por sinal eram muito cobiçados naquela época.

Para participar da caça, um dos requisitos básicos senão o exclusivo

“[...] era a sua inteligência muito superior à dos animais cobiçados, a

capacidade de atuar em grupos bem coordenados e criativos.” (SILVA, 1987,

p.12)

Sendo assim, não imagina-se como as pessoas com deficiências

intelectuais sobreviveriam nesses grupos, onde a capacidade intelectual era

necessidade de sobrevivência.

Já na época Mesolítica, período intermediário o homem conseguiu

significado desenvolvimento no que se refere á sobrevivência, inclusive

aprendeu a fazer o fogo. Através desse desenvolvimento se compreende a

necessidade de ter o intelecto preservado.

Certamente foram muitas tentativas de sobrevivência, já no final desse

período, foram necessários fazer amputações de pés e de mãos conforme o

autor “[...] e também a incrível cirurgia craniana conhecida como ‘trepanação’,

com a comprovada sobrevivência do ‘operado’.” (SILVA, 1987, p.14)

Conforme o citado, a própria trepanação, cirurgia ou abertura de um

orifício no crânio, indica uma crença primitiva de origem desconhecida de

males físicos ou mentais.

Nesse mesmo período, instrumentos pontiagudos surgiram para facilitar

a caça, customização de vestimentas e auxiliar nas intervenções cirúrgicas.

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Neste sentido, o conhecimento do homem se fez necessário, pois

muitos deles não se dedicavam somente a caça, em parte muitos se

dedicavam em aliviar as dores, estancar sangue e fazer a cura através do

procedimento cirúrgico. Porém toda essa experiência se deu a partir de

observações constantes e contínuas, onde uma pessoa com o intelectual

afetado não teria condições de contribuir para o grupo.

Na era Neolítica, cerca de 8.000 anos atrás, a deficiência era causada

principalmente por questões genéticas, devido às relações sexuais, pela falta

de higiene do ambiente que os cercava.

Em cada época foi usado um termo, atrelado a visões sobre o ser

deficiente, no qual será apresentado neste capítulo.

Anomalias físicas ou mentais, deformações congênitas, amputações traumáticas, doenças graves e de consequências incapacitantes, sejam elas de natureza transitória ou permanente, são tão antigas quanto a própria humanidade. (SILVA, 1987, p.21)

Segundo Silva (1987), o homem descobriu segredos básicos da

natureza, da domesticação de animais e da agricultura.

O trabalho agrícola era a base de sobrevivência e através disso se tinha

a relação social, o homem dependia da força do seu corpo para o trabalho, e

especialmente para garantir o seu território. O homem usava do seu

conhecimento intelecto para desenvolver o plantio, e assim estabelecer a

sobrevivência de si e de seu grupo. O papel da esposa, era de desenvolver

artesanato, cozinhar e cuidar dos filhos e dos homens do grupo.

A pessoa que tivesse qualquer tipo de deficiência, física ou intelectual

(mental), que fosse impedida de realizar os trabalhos da tribo, trabalhos esses

de sobrevivência ou mesmo dela própria era abandonada a própria sorte, a

imagem abaixo retrata este período, onde a vida em grupo, se fazia necessária,

a necessidade do trabalho agrícola e especialmente a caça de animais,

funções essas tradicionais para a sobrevivência em grupo. Todos tinham suas

funções, e mesmo em grupo a troca era necessária.

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Figura 1: Vida em grupo, trabalho agrícola e a caça

fonte: www.biologiapequenograndemundo.blogspot.com.br , 2013

A vida do grupo, foi se tornando cada vez mais sociável e cada vez

menos difícil e perigosa, uma vez que a interação com o ambiente facilitava

ainda mais o domínio da pratica da caça.

“Em alguns casos o indivíduo gravemente ferido não falecia, mas podia

ficar vitimado e se tornava limitado para a atividade principal da qual

originalmente participava: a caça ou a guerra.” (SILVA, 1987, p.36)

Grande parte dos primitivos, tinha o extermínio como solução para os

problemas das deficiências físicas ou mentais.

Pensando ainda nas três eras, a morte acontecia devido à pressão

causada pelas dificuldades em conseguir mais alimentos ou mesmo de cuidar

de si mesmo, afim de garantir sua integridade física na hora do perigo.

Na história da civilização Egípcia, as pessoas que apresentavam indícios

de males graves, tais como deficiências físicas ou mentais adquiridas através

de malformações congênitas ou de acidentes causados pela guerra não eram

excluídos dos grupos sociais.

As pessoas com grandes lesões físicas faziam trabalhos escravos, ou

eram inseridas em alguma função de acordo com a sua condição física ou

mental.

Segundo os médicos do Antigo Egito, as doenças graves e as deficiências físicas ou os problemas mentais graves eram provocados por maus espíritos, por demônios ou por pecados de vidas anteriores que deviam ser pago. (SILVA, 1987, p.34)

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Ainda assim na civilização Egípcia pessoas com doenças graves e

mentais não poderiam ser reprimidas, a não ser pela ação dos deuses, que

muitas vezes usavam as preces, exorcismos ou encantamentos como forma de

executar o trabalho médico ou terapêutico.

Na civilização Grega, “[...] é mais fácil ensinar a um aleijado a

desempenhar uma tarefa útil do que sustentá-lo como indigente.” (SILVA, 1987,

p.63)

Ainda assim, existia outra forma de dispor das crianças malformadas,

doentias ou com deficiência mental, para que não chegasse a fase adulta.

Isso não remetia diretamente a morte, mas se dava a exposição e essa

era o próprio abandono que de fato, era deixar a vida a própria sorte de viver

ou morrer.

Recorriam os seus habitantes a lugares considerados como sagrados, tais como as florestas, os vestíbulos dos templos, as beiras dos rios, as cavernas, onde as crianças eram deixadas bem embrulhadas numa grande panela de barro ou num cesto, com roupas que continham seus símbolos maternos. (SILVA, 1987, p.84).

Os símbolos bordados nas roupas, poderiam identificar a família que fez

o abandono, caso a criança morresse era usado a manta para usar em seu

funeral.

Apesar de ser aceito a prática do extermínio, foi na Grécia que ocorreu

os primeiros atendimentos médico e assistencial com os indivíduos que

lutavam com outros povos.

A deficiência na Grécia era de origens congênitas ou adquirida através

das lutas, existia somente três tipos de deficientes:

Os multilados ou deficientes devido a ferimentos ou acidentes próprios da guerra e de atividades afins; Os prisioneiros de Guerra com deficiência física, ou os detentos criminosos civis, cuja mutilação ou deficiência era causada por uma pena ou castigo; Os deficientes civis por doenças congênitas ou adquiridas, ou também por acidentes variados. (SILVA, 1987, p.97)

As pessoas com deficiência eram aniquiladas da sociedade por serem

consideradas fisicamente fracas, elas de certa forma não poderiam demonstrar

que estavam inaptas para disputar batalhas e guerras com outras civilizações.

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De acordo com as ideias da medicina grega, a pessoa com deficiência

mental era aquela que demonstrava comportamentos inadequados pela

sociedade, há poucos relatos da deficiência mental na civilização Grega.

Na civilização Romana, os deficientes mentais e outros deficientes,

nascidos com malformação eram ligados diretamente a casas comerciais, a

tavernas, a bordéis e nas atividades circenses, faziam muitas vezes serviços

simples e muitas vezes eram submetidas a serviços humilhantes.

Na Roma dos tempos dos Césares, ou seja, em séculos mais sofisticados e menos bárbaros, deficientes mentais, em geral tratados como ‘bobos’, eram mantidos nas vilas ou nas propriedades das abastadas famílias patrícias, como protegidos do ‘pater famílias’. (SILVA, 1987, p.89)

Isso ocorreu durante muitos séculos na história da Humanidade

Romana.

Com a era do Cristianismo, se voltou tudo para a caridade, para o amor

ao próximo, para o perdão das ofensas, para a valorização do individuo a e

compreensão das diferenças, da pobreza, da simplicidade e da humildade da

vida, incluindo os deficientes mentais.

O Cristianismo, um novo e mais justo posicionamento quanto ao ser humano em geral, ressaltando a importância devida a cada criatura como um ser individual e criado por Deus, com um destino imortal - o que, sem dúvida, muito beneficiou os escravos e todos os grupos de pessoas sempre colocadas de lado e menosprezadas na sociedade romana, tais como os portadores de deficiências físicas e mentais, antes considerados como meros pecadores ou pagadores de malefícios feitos em vidas passadas, inúteis, possuídos por maus espíritos, ou simplesmente como seres que, em muitos casos, deveriam continuar sendo eliminados ao nascer, segundo as leis e costumes de Roma recomendavam há séculos. (SILVA, 1987, p.105)

A Igreja, foi responsável por diversas organizações, cuja missão era

desenvolver um papel auxiliador frente ás pessoas segregadas.

Eles praticavam a caridade e a fraternidade para conquistar o reino do

céu, acreditava que se fizesse o bem, o bem colheria para o resto de sua vida.

Segundo Silva (1987), no final da idade média, o corpo com anomalias e

lesões era visto pela Igreja como forma de punição pelos pecados cometidos

por seus pais durante o processo de suas vidas.

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Por causa da deformidade e da anomalia, sob influência das ideias

religiosas o indivíduo diferente era visto como desumano.

Figura 2: Civilização Romana

Fonte: www.icepbrasil.com.br, 2013

A civilização romana buscava a perfeição estética corporal sendo assim

a deformidade é visto como monstruosidade, os bebês eram vistos como

pequenos monstros e muitos eram afogados ou sufocados.

Algumas crianças tinham a sorte de serem abandonadas, assim

garantiam suas vidas, pois eram levadas pelos escravos.

Os deficientes passaram a ser considerados indivíduos de Deus, dignos

de proteção e cuidados especiais, sua alma não era deformada, uma grande

alma poderia ser encontrada em um corpo disforme dos padrões estabelecidos

pela sociedade.

Durante o movimento renascentista, com o surgimento da ciência, a

medicina aprofundou os estudos referentes a causa da deficiência intelectual e

julgou que os problemas cognitivos, faziam parte da estrutura cerebral.

Nesse período inicia o processo de tratamento médico aos deficientes

intelectuais, que juntou-se também as prostitutas, idosos, indigentes,

criminosos, loucos, acredita que esse tratamento poderia ser feito a partir de

um trabalho coletivo. Não respeitando em si cada particularidade ou

necessidade das diferentes doenças.

Dos séculos XVI ao XVIII, estudos foram realizados no período da Idade

Moderna, para objetivar as causas da deficiência mental e através do estudo

buscava compreender a relação ou não com as doenças mentais.

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Até o século XVI ás crianças com retardo mental profundo eram consideradas em certos meios como entidades que se assemelhavam a seres humanos, mas que não o eram. Havia a crença generalizada principalmente entre alguns religiosos que essas crianças ocupavam o lugar e chegavam a substituir mesmo crianças normais, através da atuação e interferência diretas de maus espíritos, de bruxas ou de fadas maldosas e de duendes demoníacos. (SILVA, 1987, p.164)

Era questionado na época que mesmo pessoas com altos

conhecimentos intelectuais, ainda acreditavam nesses rótulos de que o corpo

estava com maus espíritos.

O comportamento social do deficiente mental era como o da pessoa com

deficiência intelectual de hoje, mas o que diferenciava eram os estímulos e a

forma como eles eram vistos pela sociedade, conseguia comer, fazer suas

necessidades físicas.

Segundo Fonseca (1995), os estudos de Jean Itard, realizados no século

XIX, na França sobre a Educação Especial, acerca da pesquisa com o menino

selvagem que nunca foi socializado com qualquer grupo de indivíduos, Vitor o

‘menino lobo’ como foi conhecido passou grande parte de sua vida em

recuperação com Jean Itard.

Jean Itard, foi considerado um dos primeiros a realizar o estudo

sistemático de reabilitação de uma criança com deficiência mental, através das

pesquisas de Itard, ouve revolução da Educação Especial, pois suas

descobertas serviram de base para propostas significativas para quem trabalha

com a Educação Especial.

Segundo Silva (1987), no século XX, pesquisas voltadas a deficiência

mental, ganharam destaques e avanço, uma vez que iniciou as análises entre a

loucura e a idiotia.

Nesse mesmo século, o termo ‘inválido’, era usado para retratar

indivíduos sem valor: essa pessoa era vista socialmente como inútil, um peso

morto para a sociedade, alguém sem valor profissional.

Em seguida, após a I e II Guerras Mundiais, usava-se o termo

‘incapazes’, pois a guerra produziu incapacitados: a deficiência reduzia a

capacidade da pessoa em todos os aspectos, físico, psicológico, social e

profissional.

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Figura 3: Período pós guerra

fonte: www.agentesdahistoria.blogspot.com.br, 2011

Em meados de 1960 até 1980, foram usados diferentes termos, entre

eles o termo ‘defeituoso’, ‘deficiente’ e ‘excepcional’, o defeituoso tinha o

aspecto de deformidade, especialmente a característica física. Já o deficiente

poderia ser qualquer tipo que externasse aspectos defeituosos, como exemplo

indivíduos com deficiências múltiplas, sendo ela física, auditiva ou visual, o

excepcional era na época o deficiente intelectual de hoje.

A Organização das Nações Unidas (ONU), refletindo sobre os problemas

sociais acerca do desenvolvimento de diretrizes em torno das deficiências, no

ano de 1971, faz a Assembleia Geral para a aprovação de uma resolução que

mais tarde se tornará a Declaração dos Direitos das Pessoas com Retardo

Mental.

As pessoas deficientes têm os mesmos direitos civis e políticos que outros seres humanos: o parágrafo sétimo da Declaração de Direitos das Pessoas com Retardo Mental aplica-se a qualquer possível limitação ou supressão desses direitos para as pessoas mentalmente deficientes. (Declaração dos Direitos das Pessoas com Retardo Mental, 1975)

A citação acima é uma parte da Resolução que foi aprovada pela ONU,

no dia 9 de dezembro de 1975.

Mais tarde, um ano depois em 16 de dezembro de 1976, foi aprovada a

Resolução que define o ano de 1981, como o Ano Internacional para as

Pessoas Deficientes, e por isso se deu o nome de ‘Pessoas Deficientes’.

Um dos objetivos desse encontro Internacional, era de possibilitar a

conscientização do mundo todo frente à problemática das pessoas portadoras

de deficiências.

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De 1981 até 1987, a Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo o

Brasil, discutiu mundialmente uma forma de encontrar um termo adequado

para se remeter ao deficiente.

No ano de 1988 até 1993, alguns representantes de organizações de

pessoas com deficiência, apresentaram a ideia de que o termo usado ‘pessoa

deficiente’ denotava que a pessoa num todo se encontrava como ‘deficiente’,

isso era inaceitável uma vez que sabemos que cada deficiente tem as suas

peculiaridades.

Logo em seguida, somente o Brasil modificou esse termo utilizando

‘pessoas portadoras de deficiência’, que rapidamente foi alterado para

‘portadores de deficiência’.

Esse termo ‘portadores de deficiência’, foi incorporado à Constituição

Federal, leis estaduais, e nas políticas públicas e organizações representativas.

Em junho de 1994, com a Declaração de Salamanca, é priorizado à

educação inclusiva para todos que tenham ou não uma deficiência.

Reconvocando as várias declarações das Nações Unidas que culminaram no documento das Nações Unidas ‘Regras Padrões sobre Equalização de Oportunidades para Pessoas com Deficiências’, o qual demanda que os Estados assegurem que a educação de pessoas com deficiências seja parte integrante do sistema educacional. Notando com satisfação um incremento no envolvimento de governos, grupos de advocacia, comunidades e pais, e em particular de organizações de pessoas com deficiências, na busca pela melhoria do acesso à educação para a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se encontram desprovidas; e reconhecendo como evidência para tal envolvimento a participação ativa do alto nível de representantes e de vários governos, agências especializadas, e organizações inter- governamentais naquela Conferência Mundial. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.1) 2. O direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração Universal de Direitos Humanos e foi fortemente reconfirmado pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriadas às necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.3)

A inclusão de crianças, jovens e adultos no sistema regular de ensino é

o ponto de partida, sobre a qual a Declaração de Salamanca discorre.(1994)

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A Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais foi

feita pelo governo espanhol, com ajuda do Unesco. A Declaração de

Salamanca repercutiu de forma significativa, é considerada um dos principais

documentos mundiais que visam a inclusão social, incorporando nas políticas

educacionais brasileiras.

Em 2004, a Declaração de Montreal, define a deficiência mental como

deficiência intelectual.

Pessoas com deficiências intelectuais e outras deficiências, familiares, representantes de pessoas com deficiências intelectuais, especialistas do campo das deficiências intelectuais, trabalhadores da saúde e outros especialistas da área das deficiências, representantes dos Estados, provedores e gerentes de serviços, ativistas de direitos, legisladores e advogados, reunidos na Conferência Internacional sobre Deficiência Intelectual, da OPS/OMS (Organização Pan-americana de Saúde e Organização Mundial de Saúde), entre os dias 05 e 06 de outubro de 2004, em Montreal, Canadá, (DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL, 2004, p.1)

O termo deficiência intelectual, surgiu em meados do século XXI, esta

nova expressão, vem sendo usada nas reflexões e discussões de políticas

sociais.

Este termo ainda pode ser encontrado na legislação brasileira.

Segundo a Declaração de Montreal, (2004) as pessoas com deficiência

intelectual, são como outros seres humanos, nascem livres, são iguais em

dignidade e tem os mesmos direitos.

Segundo a Associação Americana de Deficiência Intelectual e

Desenvolvimento (AAIDD) (2006), antes chamada de Associação Americana

de Retardo Mental que é referência mundial, a deficiência intelectual esta

pautada em cinco eixos: habilidades intelectuais, comportamento adaptativo,

participação, interações e papéis sociais.

Segundo a AAIDD, (2006) a deficiência é definida como limitações que

afetam o funcionamento intelectual, acompanhado de limitações em algumas

áreas de habilidade: comunicação, auto cuidados, habilidades sociais, relação

interpessoal, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança.

De acordo com a AAIDD, (2006) a mudança de deficiência mental para

deficiência intelectual, ocorreu a partir da necessidade de adequar e

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compreender uma a incapacidade por importantes limitações, no fator

intelectual e no comportamento adaptativo.

A presença da deficiência não implica, sempre, em dificuldade de aprendizagem. De outro lado, inúmeros alunos apresentam distúrbios de aprendizagem sem serem, necessariamente, portadores de deficiência. Mas, ambos os grupos tem necessidades educacionais especiais, exigindo respostas educativas adequadas, além de medidas preventivas para evitar que, na escola, os casos se originem ou intensifiquem. (BRASIL, 2006, p.32)

A citação acima, define que a deficiência intelectual, é apenas um fator

que compromete em parte o intelecto, ela compromete apenas algumas áreas

e não o todo, sendo assim pessoas sem a deficiência também estarão sujeitos

a ter necessidades educacionais, inclusive adaptativas se este não estabelecer

uma relação de contato com o meio que o cerca.

A deficiência, poderá ser mais leve ou intensa, pessoas com essa

deficiência apresentam humor variado, e muita dificuldade na relação

interpessoal. A doença mental, não é caracterizada como deficiência, é

caracterizada como doença, algumas pessoas possuem as duas patologias.

Através de mecanismos internacionais, a AAIDD, operacionalizou um

sistema multidimensional para que pudesse ter uma dimensão mais completa e

eficiente para apontar cada particularidade da deficiência intelectual.

A Deficiência Intelectual é definida como limitações importantes que afetam o funcionamento intelectual, significativamente abaixo da media, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, auto cuidados, habilidades sociais e interpessoais, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança. O Inicio desse processo deve ocorrer antes dos 18 anos. (AAIDD, 2006, p 32)

Através da citação acima, entende-se que o deficiente intelectual, não

carrega consigo uma doença, ele tem apenas uma incapacidade intelectual

inferior a de qualquer pessoa comum, seja pela comunicação, auto cuidados,

habilidades sociais e interpessoais, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer,

saúde e segurança.

Ainda assim se pontuar as suas particularidades, cada deficiente tem um

desenvolvimento diferente do outro, levando em consideração que o meio em

que ele está inserido é fator relevante para essa tomada de desenvolvimento,

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ou seja, através da sua própria peculiaridade, os deficientes possuem

habilidades e mantêm uma relação normal com o meio.

A história da deficiência é um campo vasto e infinitamente diversificado,

diversos problemas foram enfrentados desde as Eras, Paleolítica, Neolítica e

Mesolítica até os dias atuais. Contudo esse primeiro capítulo apontou alguns

contextos históricos, dessa forma acredita-se ser importante participar de

estudos e contribuir para que cada vez mais deficientes de diferentes

peculiaridades e limitações possam ter uma vida comum.

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CAPÍTULO II

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O MUNDO DO TRABALHO

Nós trabalhamos porque precisamos do dinheiro para sobreviver. Mas também trabalhamos porque isso contribui para a nossa dignidade, o nosso valor como pessoas. O trabalho nos dá mais controle sobre a nossa vida e nos conecta com as outras pessoas. Sinto-me realmente privilegiado em ser remunerado pelo que adoro fazer . Toda sociedade que exclui pessoas do trabalho por qualquer motivo – sua deficiência ou sua cor ou seu gênero - esta destruindo a esperança e ignorando talentos. Se fizermos isso, colocaremos em risco todo o futuro. (Robert Whithe, SASSAKI, 1997, p.59)

Em diferentes épocas, como apresentado no capítulo anterior,

Paleolítica, Neolítica e Mesolítica, até meados a década de 60, empregar

deficientes era visto como uma exploração, e por isso deveria ser punido e

condenado por lei quem adotasse essa prática.

Segundo Sassaki (1997), a exclusão social repercutiu por vários séculos,

a exclusão acontecia em todos os setores, de forma total, ás pessoas com

deficiência era excluída da sociedade porque eram vistas como inválidas,

sendo incapazes de serem utilizadas para o trabalho.

A partir do final da década de 60, o movimento pela integração social,

começou a inserir as pessoas com deficiência nos sistemas de educação, do

trabalho, da família e do lazer.

Segundo Correia (1997), foram criadas as denominadas escolas

especiais, com o objetivo de separar e isolar as crianças com deficiência, assim

seria uma forma de demonstrar uma resolução de problemas que afetavam a

sociedade.

A década de 60, por exemplo, testemunhou o boom de instituições especializadas, tais como: escolas especiais, centros de habilitação, centros de reabilitação, oficinas protegidas de trabalho, clubes sociais especiais, associações desportivas especiais. (SASSAKI, 1997, p.31)

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Conforme o citado, a ideia de integração seria o contrário da exclusão,

permitindo a participação da pessoa com deficiência no contexto social.

Antes de se pensar na integração social, o modelo médico da deficiência

tenta melhorar o comportamento dessas pessoas para adequá-las na

sociedade.

Na visão médica “[...] a pessoa deficiente é que precisa ser curada,

tratada, reabilitada, habilitada etc. a fim de ser adequada à sociedade como ela

é, sem maiores modificações”. (SASSAKI,1997, p.29)

A partir dessa visão médica, a sociedade resiste á necessidade de

modificar suas estruturas já estabelecidas para integrar no seu meio social as

pessoas com quaisquer tipos de deficiências.

Segundo Bianchetti, (1998) com a visão médica iniciou estudos de

pesquisas para compreender a deficiência.

De todo modo, diversas vantagens se oferecem para o deficiente ao passar das mãos do inquisidor às mãos do médico. Passando pelas instituições residenciais no século XIX e as classes especiais no século XX. No século XIX, os médicos passaram a dedicar-se ao estudo desses seres diferentes- os deficientes, como eram chamados. (BIANCHETTI, 1998, p.45)

Esse modelo médico, tenta de certa forma, melhorar as pessoas

deficientes e estabelecer uma adequação aos costumes da sociedade, ora

através de uma reflexão da Antiguidade, ou de integração até a Educação

especial, como as classes especiais.

No processo de integração social, no final da década de 60, visava

vencer as práticas da exclusão social, que perseguiram durante vários séculos,

os deficientes e suas debilidades.

“Se algumas culturas simplesmente eliminavam as pessoas deficientes,

outras adotaram a prática de interná-las em grandes instituições de caridade,

junto com doentes e idosos”. (SASSAKI, 1997, p. 1)

Na imagem abaixo, é retratado na década de 60, que em hospitais

psiquiátricos existia a esperança de permitir a integração total, mesmo que

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fosse misturado jovens com idosos e de diferentes tipos de problemas,

inclusive o intelectual.

Figura 4: Hospital psiquiátrico.

fonte: www.pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_psiquiatrico, 2013

Percebe-se que a institucionalização ocorria por uma desvinculação total

ou parcial da sociedade, mas também ocorria em demasia por acreditar que

essas instituições poderiam oferecer algum diferencial aos deficientes.

A proposta destas instituições, no entanto, era de oferecer apenas

abrigo, alimentação e o medicamento necessário.

A ideia de integração surgiu para derrubar a prática da exclusão social a que foram submetidas as pessoas com deficiência por vários séculos. A integração tinha e tem o mérito de inserir o portador de deficiência na sociedade, sim, mas desde que ele esteja de alguma forma capacitado a superar as barreiras físicas, programáticas e atitudinais existentes. (SASSAKI, 1997, p. 30-34)

A integração social, apesar de propor a inserção do deficiente à

sociedade, em hospitais e asilos que atendem os deficientes, com vistas a sua

preparação. Esses locais não permitem o desenvolvimento completo aos

deficientes, tornando ainda passivos, numa visão segregada.

Conceitua-se a inclusão social como processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão social constitui-se, então, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos. (SASSAKI, 1997, p.41)

De acordo com o autor, a prática da inclusão social, baseia-se em

princípios até então incomuns, como a aceitação das diferenças individuais, a

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valorização sistemática de cada pessoa, especialmente valorizando cada

particularidade.

A aprendizagem se dá nesse processo a partir da troca de

conhecimentos, a partir do trabalho em cooperação e do desejo de almejar um

novo tipo de sociedade.

Em diferentes partes do mundo, já vem acontecendo esse processo de

inclusão, no qual o ambiente social se adapta às necessidades da pessoa com

deficiência.

De acordo com a Declaração de Salamanca sobre Princípios, Política e

Práticas na área das Necessidades Educativas Especiais:

1. Nós, delegados à Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, representando noventa e dois países e vinte e cinco organizações internacionais, reunidos aqui em Salamanca, Espanha, de 7 a 10 de Junho de 1994, reafirmamos, por este meio, o nosso compromisso em prol da Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e a urgência de garantir a educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais no quadro do sistema regular de educação, e sancionamos, também por este meio, o Enquadramento da Ação na área das Necessidades Educativas Especiais, de modo a que os governos e as organizações sejam guiados pelo espírito das suas propostas e recomendações. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.1)

Os princípios da inclusão, estabelecem que é fundamental romper todas

as barreiras, físicas, atitudinais e programáticas para que os deficientes

possam ter acesso aos serviços e informações diversas, ampliando sua visão

de mundo e suas relações sociais, educacionais e profissionais.

Em se tratando do mundo do trabalho, ainda existe muitas situações que

caracterizam ainda uma fase de exclusão profissional.

Na perspectiva de implantar esse sistema social, ambientes como a

educação, lazer, transporte, saúde, serviços sociais, programas de trabalho e a

vida social num todo se adéquam a essa nova perspectiva.

Diante do que foi apresentado anteriormente, entende-se que o

processo de integração reforçou em parte a crença de incapacidade, falta de

perspectivas e descrédito na potencialidade da pessoa com deficiência,

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especialmente a intelectual, quando se retrata a ascensão profissional e cargos

e funções mais qualificadas.

No caso do deficiente intelectual, o emprego, possibilita o

reconhecimento de suas potencialidades, desfocando suas limitações.

No mundo moderno a formação profissional dos trabalhadores se tornou

cada vez mais necessária. O progresso técnico e a setorização do trabalho, fez

crescer o número de vagas que exigem a especialização do profissional.

Figura 5: Deficiente intelectual, promoção no mundo do trabalho

Fonte: http://isabel-ramos.blogspot.com.br, 2011

Na imagem acima, Ricardo José de Lima, 28 anos, deficiente intelectual,

atuava como atendente na rede Mc Donald’s, atualmente ele se tornou instrutor

na mesma rede onde vai auxiliar outros colaboradores.

O sucesso escolar, ou a profissionalização, seja através de

especializações por meio da escolarização ou mesmo por meio de cursos

profissionalizantes para preparar o jovem ou adulto a ingressar no mercado de

trabalho, mas e a oportunidade de crescimento profissional dentro da mesma

empresa.

Segundo Sassaki (1997), demonstra nos comentários anteriores, é a

falta de comprometimento, de ações sociais, de mecanismos e Instituições

para capacitar os funcionários deficientes, são fatores que impede a inserção

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em funções mais avançadas na mesma empresa, não basta apenas contratar,

é importante que se pense na promoção do colaborador.

O artigo de pesquisa, que aborda a temática ‘Treinamento Profissional e

Capacitação aos trabalhadores deficientes’, Amaral (1992) realizou o estudo

sobre o ‘Mercado de trabalho e Deficiência’ e demonstra através do artigo que

se faz necessário a implantação de programas de treinamento dentro das

próprias empresas, sempre que seja possível e desejável, a exemplo do que

sempre acontece com grande parcela da população não deficiente. E assim

poder oferecer através dessas capacitações, possibilidades de até mesmo

promover o trabalhador dentro da mesma empresa, valorizando seu

desenvolvimento integral no mercado de trabalho.

Ainda no mesmo artigo, é questionado por Amaral (1992), que não

existe a necessidade de privilegiar a pessoa com deficiência, e sim

proporcionar igualdade de oportunidade de acesso ao mercado de trabalho,

não fechando a porta antecipadamente pela presença da deficiência, se torna

fundamental que o deficiente tenha chance de desempenhar funções mais

próximas possíveis de suas possibilidades reais, nem a baixo e nem acima

delas.

O Direito a Cotas, aconteceu através da Lei nº 8.213 de 24/07 de 1991,

a Constituição de 1988, previu a reserva de vagas no setor público, mais tarde

ampliou-se para o setor privado considerando o artigo 93, seus incisos e

parágrafos, o referido artigo dispositivo de Lei apresenta a seguinte forma:

Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I - até 200 empregados............................................................2%;

II - de 201 a 500.......................................................................3%;

III - de 501 a 1.000...................................................................4%;

IV - de 1.001 em diante. ..........................................................5%.

§ 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só

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poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante.

§ 2º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades representativas dos empregados. (BRASIL,1991)

Este dispositivo, traz uma redação objetiva que contempla a obrigação

em admitir o trabalhador com qualquer tipo de deficiência, esta obrigação esta

vinculada ao número de trabalhadores que a empresa tem ao total, o inciso 93

informa a totalidade da porcentagem de vagas destinadas aos deficientes.

De acordo com o artigo sobre a temática ‘Lei de Cotas’, Elsner (2012)

diz que o artigo 93, aborda de forma clara e objetiva que ao empregador, não

resta dúvidas de que se faz necessário se enquadrar dentro do padrão

estabelecido pela norma, a empresa se torna obrigada a reservar vagas e

contratar pessoas com deficiências para preenchê-las. Sendo assim, é

valorizado o respeito a pessoa com deficiência, seja através do

reconhecimento de seus direitos e promoção de igualdade de oportunidades na

sociedade em que está inserido.

Através da Lei de Cotas, as pessoas com deficiências na nossa

sociedade são inseridas de forma natural, através do reconhecimento de que o

mesmo é cidadão e tem os seus valores e os mesmos direitos.

Existem alguns direcionadores, algumas perspectivas laborais e que

através de programas de capacitações para atender cada vez mais os

deficientes, especialmente os intelectuais. No programa de avaliação para o

mundo do trabalho, é feito um levantamento no qual é visto as potencialidades

que o deficiente tem, para mais tarde desempenhar as funções de emprego,

ainda são feitos testes de analises e diferentes tipos de entrevista para avaliar

a capacidade de cada deficiente.

No sistema de pré-profissionalização, é ofertado uma diversidade de

experiência do trabalho prático, como limpeza de ambientes, a horticultura, a

jardinagem, já os complementares, estão o teatro, a música, educação física e

a cultura.

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Diante dos diversos processos, existe o programa de prontidão para o

emprego, este programa orienta quais são os direitos e os deveres do

trabalhador, trabalha o desenvolvimento de habilidades antes, durante e depois

das entrevistas de seleção, orienta ainda sobre a postura, sobre a forma da

apresentação visual para a entrevista.

A próxima etapa inicia-se com o programa de treinamento em

assertividade, esse programa auxilia na preparação profissional dos

deficientes, de certa forma algumas pessoas são naturalmente introvertidas,

isso por conta da perseguição que muitos já sofreram ao longo desse difícil

luta. Mesmo pessoas com deficiências seja (física, mental, auditiva, visual ou

múltipla) até em grau severo podem hoje competir dentro do mercado de

trabalho após passar por um programa de emprego apoiado (SASSAKI, 1995,

1996b)

Esse programa citado por Sassaki (1995), funciona dentro das

Instituições e por meio dele, a pessoa com deficiência é colocada na empresa,

antes mesmo de fazer qualquer treinamento ou capacitação, conhecido como

‘colocar e treinar’, esse modelo é diferente do qual estamos habituados de

antes capacitar, em seguida incluir no mundo do trabalho.

Figura 6: Inclusão e capacitação individualizada

Fonte: www.vidamaislivre.com.br, 2013

Mesmo no mercado competitivo, o jovem é orientado e recebe a

capacitação depois da contratação.

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Dessa forma, o individuo terá um treinamento individualizado e contínuo,

levando em consideração o tempo que for necessário para obter conhecimento.

Num passado, bem próximo os programas de emprego apoiado eram

mais limitados, atualmente as vagas vão além dos setores de supermercados,

restaurantes, lanchonetes e hotéis. Atualmente expandiu essa possibilidade e

se consegue empregos apoiados em praticamente todos os segmentos.

Ao longo da história, o movimento de emprego apoiado conseguiu

ocupar o espaço antes ofertado a deficiências tidas como leves como a

intelectual ou motora e hoje atende diversas deficiências, inclusive as múltiplas.

E quanto aos tipos de deficiência, o movimento de emprego apoiado defende a necessidade de atender a todos eles: mental, físico, visual, auditivo, múltiplo, os de dificuldade de aprendizagem e as deficiências de desenvolvimento. (SASSAKI, 1997, p.83)

De fato, é importante compreender, através da citação de Sassaki

(1997), que o processo de inclusão no emprego, também devem contemplar as

deficiências severas, pois a estas pessoas deve ser dada a oportunidade de

fazer escolhas, tomar decisões, conquistando diariamente a independência, e

dentro da possibilidade de cada um, o controle de sua vida.

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CAPÍTULO III

RELATOS DA ESCOLA FORMADORA

Neste capítulo, as observações e as entrevistas da pesquisa qualitativa,

foram realizadas três entrevistas, aplicadas de forma direta, com os seguintes

segmentos 1 (um) gestor de escola, 1 (um) representante da empresa

contratante e 1 (um) jovem trabalhador com deficiência intelectual.

Num primeiro momento, foi realizada entrevista com a gestora da

Escola, ‘Educação de Jovens e Adultos’.

Essa pesquisa realizada na escola, teve o objetivo de compreender

como é o processo da formação e qualificação profissional, visando a inserção

do jovem com deficiência intelectual no mundo do trabalho.

A preparação profissional remete aos conhecimentos transmitidos aos

jovens nos órgãos de formação em vista de habilitá-los a conseguir um lugar no

mercado de trabalho. (TROTTIER, 1998, p.152)

A inserção do jovem, pode ser entendida como um processo de

socialização profissional, através dos conhecimentos adquiridos, as

habilidades, as regras e valores vivenciadas no espaço escolar ou laboral.

O município de Lins tem acompanhado em partes as determinações da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, conforme o artigo

59, inciso IV (Brasil, 1996) afirma: que a educação especial para o trabalho visa

à efetiva integração social do educando por meio da formação de nível básico e

de preparação para o exercício da atividade laboral.

Na cidade de Lins, ainda não existe um projeto oferecido pelo município

com o objetivo de oferecer de forma integral a capacitação laboral ou

preparação para o mundo do trabalho.

Mas a escola oferece através da matriz curricular, e das oficinas,

conhecimentos necessários para integrar-se no ambiente do mundo trabalho,

seja através do processo educacional, alfabetização, leitura e escrita, oferecer

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desenvolvimento na relação social com os demais alunos, professores, e

funcionários, resgatando que o mundo do trabalho se da por meio da relação

com outras pessoas, seja a partir da solução de conflitos, seja por meio da

visão de mundo, que ele é agente transformador, emissor e receptor de

conhecimentos.

Segundo o decreto nº2.208 de 17 de abril de 1997, (Brasil, 1997) que

regulamenta o artigo 36,39,40,41 e 42 da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, fica estabelecido através do artigo 3º “a educação

profissional compreende níveis”, especialmente o nível básico, esse é o

oferecido pela escola que foi analisada.

A escola tem atualmente cerca de 34 (trinta e quatro) jovens com

deficiência intelectual e múltiplas, existe no total 13 (treze) salas de

alfabetização do ciclo I, e conta com salas descentralizadas, espalhadas pela

cidade, afim de oferecer ao aluno condições para o ingresso na vida escolar.

A matriz curricular é composta por Português, Matemática, Estudos

Sociais e Natureza e Informática para Inclusão Digital.

Atualmente existem seis oficinas de formação ao aluno, Atividade Vida

Diária, Educação Ambiental, Linguagens Artísticas, Comunicação, Educação

física adaptada e Informática.

As oficinas são organizadas em seis modalidades diferentes, das mais complexas até as mais simples, sendo assim os alunos desenvolvem qualidades que todo trabalhador tem, como a pontualidade, assiduidade, persistência na solução de um problema, a relação interpessoal com os demais colegas de oficina, entre outras qualidades que são exigidas pelo mercado de trabalho. (Entrevista, gestor educacional, 2013)

A escola conta com o ‘Festeja’, feira de artesanatos, eles vendem os

produtos que são criados aqui na escola, ganhando conhecimento prévio sobre

o mundo do trabalho, a escola capacita de forma parcial, possibilitando que o

aluno tenha uma dimensão do que é a prática do trabalho.

Muitas empresas, são conscientes da responsabilidade de cumprir a Lei

de Cotas, que prevê medidas de responsabilidades por empresas de médios e

grandes porte.

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A Lei de nº 8.213, de 24 de julho de 1991, da seguridade social foi

escrita após três anos de Constituição Federal de 1988, foi citado no capítulo

anterior.

Prestes a completar vinte e dois anos, desde a promulgação da Lei nº

8.213/91, existe hoje um mapeamento do mercado de trabalho formal que

comporta lado a lado pessoas com e sem deficiência.

Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re) educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.(BRASIL, 1988)

Esta Lei estabelece claramente que as empresas são obrigadas a

integrar em seus quadros profissionais, trabalhadores com necessidades

especiais. A Lei, é acompanhada pelo Ministério do Trabalho, órgão este

competente em fiscalizar as empresas, inclusive de aplicar multas caso seja

necessário.

O Brasil demorou para dar-se conta desse direito fundamental. Mas a Lei de Cotas – Lei Federal nº 8.213/91- foi fruto da mobilização das próprias pessoas com deficiência, que exigiram uma medida mais efetiva do Poder Público para eliminar as desigualdades acumuladas no tempo. (Schwarz; Haber, 2009, p. 20)

A partir da criação dessa Lei, a inclusão econômica das pessoas com

deficiência é discutida cada vez mais em nossa sociedade, em especial através

das empresas que passaram a seguir a legislação e a incluir funcionários com

deficiência.

O trabalho de pesquisa de dissertação e de tese de mestrado que

aborda a temática da Lei de Cotas, Cordeiro, (2013) realizou o estudo sobre ‘a

inclusão de pessoas com deficiência na rede regular de Educação Profissional’,

e demonstra que a contratação da Pessoa com Deficiência é assegurada

conforme a Constituição Federal de 1988, que além de apresentar os princípios

de igualdade e de dignidade da pessoa humana, assegura de forma geral,

proteção e garantias de acesso e permanência às pessoas com deficiência.

Ainda segundo estudo, é relatado que a Lei veio para inverter a ordem

estabelecida e garantir trabalho às pessoas com deficiência.

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Muitas empresas da nossa cidade, entra em contato com a nossa escola, procurando alunos com deficiência para integrar-se ao mercado de trabalho. Sempre que temos um aluno preparado, encaminhamos para as empresas que farão o processo de seleção dos jovens. Entre as exigências, estão que o jovem tenha condições de ter um relacionamento pessoal harmonioso com os demais colegas de trabalho, que o laudo médico seja encaminhado junto com o aluno para que a empresa possa ter dimensão de qual é a deficiência para ter uma dimensão de como integrar esse jovem no mundo do trabalho e assim contribuir para sua inclusão social. A documentação necessária é encaminhada pela família, por parte dos responsáveis legais. (Entrevista, gestor educacional, 2013)

A família é peça fundamental nesse processo de inclusão no mundo do

trabalho, mais adiante na entrevista com o jovem trabalhador será relatado

essa importância, no decorrer da entrevista, nota-se que a escola não faz um

trabalho de acompanhamento com os familiares responsáveis pelos alunos

deficientes, seria importante desenvolver nos familiares esse hábito de

incentivar e apoiar os estudos, oferecer esse suporte que não existe, seja por

meio de palestras, encontros mensais onde seriam relatados os

desenvolvimentos de seus filhos.

Porém a escola, não tem a missão de formar diretamente jovens para o

mercado de trabalho, ela oferece o processo de escolarização e pontua de

forma indireta ações do dia a dia de um trabalhador.

Segundo a gestora da escola, o aluno mantêm vínculo com a escola

porque ele da sequência aos estudos, como no caso do jovem trabalhador

pesquisado, ele estuda no período contrário ao do trabalho.

Os alunos em sua grande maioria, esperam que o mundo do trabalho

ofereça suporte de integração com os demais colegas, que através desse

possa ter a troca de experiências em especial que desenvolvam a relação

social.

A escola por sua vez não tem a formação profissional, o conhecimento

ocorre através das oficinas que são organizadas, com o desenvolvimento de

atividades artesanais para de ações comportamentais de cada aluno envolvido

nesse processo de escolarização.

Através das oficinas, a proposta, do artesanato para o mundo do

trabalho, se dá a partir do objetivo de oferecer hábitos e atitudes que faça o

aluno compreender algumas práticas do trabalho.

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É importante que o aluno tenha a consciência da importância que o trabalho tem na sua vida, através da oficina o aluno terá condições de mediar, atividades, como inicio, meio e fim, ele terá dimensão que o seu trabalho será importante para o desenvolvimento da oficina e se fosse empresa, contribuiria para a mesma. O aluno se torna responsável, é assíduo, sabe resolver problemas que acontecem dentro da oficina, tem conhecimentos de cuidados com a higiene, ele acaba ganhando conhecimento e desenvolve habilidades através dessas situações do mundo do trabalho. (Entrevista, gestor educacional)

A oficina de trabalho é apenas de preparação e não de

profissionalização das pessoas com deficiência intelectual, pois visa a

formação de hábitos e comportamentos sociais que são considerados

adequados aos trabalhadores, como citado anteriormente pela gestora. Sendo

assim o trabalho de alfabetização de jovens com deficiência intelectual, ocorre

juntamente com a profissionalização.

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3.1 Relatos do jovem com deficiência intelectual

Não queria depender do Governo, não queria ser aposentado sabendo que eu poderia trabalhar e ter uma vida normal, minha mãe ficou com medo, quis que eu ficasse aposentado, meu pai mesmo com medo me apoiou, e então decidi não ser mais aposentado. Foi interrompido a minha aposentadoria para que eu pudesse trabalhar e ter uma vida comum, eu não dependo do Governo. (Entrevista, jovem trabalhador com deficiência intelectual, 2013)

Ao analisar a trajetória de inclusão profissional, não se deve esquecer

que esta contextualizando as relações sociais de um jovem. A juventude vai

conquistando o seu espaço nesta discussão, o deficiente, tem desejos, almeja

seu lugar na sociedade seja pela escolha de estudar ou até mesmo de ter um

trabalho.

O jovem deseja obter bens de consumo, bens materiais, formar família,

dar continuidade aos estudos.

Para conhecer mais de perto a realidade de um jovem com deficiência e

o caminho percorrido para a inclusão no mercado de trabalho realizou-se

entrevista com o jovem com deficiência intelectual e o contexto que está

inserido: a escola onde ele recebe a capacitação educacional e a empresa que

o contratou, apresentando sua experiência, sua trajetória que o levou até o

mercado formal.

Foi entrevistado um jovem trabalhador com deficiência intelectual, com

23 anos de idade, ele foi indicado ao mercado de trabalho pela escola que

estuda, ‘Educação de Jovens e Adultos’.

Apesar de ser indicado pela escola que estuda ao comércio varejista, o

jovem trabalhador com deficiência intelectual, acumula experiência profissional

na área da indústria onde trabalhou numa fábrica de calçados.

Em seguida, foi trabalhar em um supermercado da cidade e,

posteriormente foi encaminhado ao atual serviço onde se encontra há dois

anos.

A entrevista foi formulada, com perguntas mais claras e objetivas, com

palavras mais próximas do vocabulário do aluno.

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O jovem que foi entrevistado, já aguardava ansioso a prestar

informações sobre seu trabalho e no decorrer da entrevista o mesmo

respondeu muito bem as informações solicitadas.

O jovem entrevistado, usou um vocabulário básico para responder as

perguntas. Seu comportamento durante a entrevista foi tranquilo, respondendo

sempre com um sorriso, de forma descontraída.

Ele se identificou como morador da cidade de Lins, como aluno da

escola EJA ‘Educação de Jovens e Adultos’, que estuda no período noturno,

período esse contrario ao horário do trabalho.

Quando questionado sobre a sua rotina no trabalho, ele fez questão de

pontuar todos os detalhes, disse que ao chegar no centro da cidade na parte

da manhã ele toma café da manhã em lanchonete, o seu horário de trabalho é

das 8h30min ás 12h30min “(...) aí eu vou almoçar nos restaurantes do centro

da cidade e retorno do almoço às 14h30min e saio às 18h”. (Entrevista, Jovem

trabalhador com deficiência intelectual).

O jovem trabalhador com deficiência ainda relatou sua rotina de

trabalho, e todas as suas funções dentro da loja:

Eu ajudo a receber mercadorias, coloco os produtos no elevador, ajudo abastecer mercadorias na loja. No final da tarde, depois das 17 horas eu levo as caixas de papelões no lado de fora da loja para os catadores de lixo reciclados pegarem. (Entrevista, jovem trabalhador com deficiência intelectual, 2013)

No decorrer da entrevista, o trabalhador com deficiência intelectual,

egresso de escola municipal, demonstrou a importância que a família tem como

base para o processo de inclusão profissional.

O jovem trabalhador disse que procura realizar sua função no trabalho

com muita seriedade e da melhor forma possível.

Sobre a empresa, o jovem demonstrou que é um espaço de

socialização, onde conhece novas pessoas e faz amigos. Ainda na conversa o

jovem disse que recebe treinamento na empresa, ora do gerente, ora dos

amigos de trabalho e, que inclusive, os ajudam quando tem algum tipo de

dificuldade.

Quando foi perguntado se o mesmo almeja crescer na empresa,

recebendo promoção ou se destacando por seus potenciais, respondeu:

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Quero ser gerente, quero administrar a loja que eu trabalho, estou nesse trabalho nessa loja há mais de dois anos, antes disso já trabalhei na indústria, numa fábrica de calçados e depois no supermercado. A loja que estou nesse momento é o serviço que eu mais gostei. (Entrevista, jovem trabalhador com deficiência intelectual)

Conforme o relato existe a possibilidade de ingresso do jovem com

deficiência intelectual no mercado formal. Muitas vezes encontramos processo

de inclusão falho, onde a pessoa fica na sua função dez, quinze anos e não

tem nenhum tipo de promoção, não é caso dessa empresa, uma vez que a

promoção acontece conforme a capacitação que cada funcionário tem.

Quando eu entrei na loja, o gerente me mostrou todos os setores, me orientou em tudo o que eu deveria fazer, me ensinou todo o serviço, me acompanha sempre para ver o meu trabalho. Gosto de todos os funcionários, eles são meus amigos, quando preciso eu também chamo eles, peço ajuda, gosto do gerente, ele se tornou meu amigo. (Entrevista, Jovem trabalhador com deficiência intelectual)

A aceitação do trabalhador com deficiência intelectual foi apresentada

como uma oportunidade de inclusão, resgatando assim o direito a dignidade do

indivíduo.

De acordo com o jovem trabalhador entrevistado, ele esta satisfeito com

o seu salário, pois consegue fazer tudo o que quer “(...) o meu salário é para

comprar as minhas coisas, eu trabalho para poder ter as minhas coisas.”

(Entrevista, Jovem trabalhador com deficiência intelectual)

Já comprei um celular do jeito que queria, aspirador de pó, adoro comprar roupas, sapatos dos mais caros e perfumes de marca boa. Todos os dias eu tomo café da manhã na lanchonete, como salgado, suco ou refrigerante, tenho uma cota para não gastar demais, na hora do almoço eu vou á restaurantes no centro da cidade. (Entrevista, jovem trabalhador com deficiência intelectual, 2013)

Ainda através do relato, o jovem com deficiência após ingressar no

mercado de trabalho, sente-se trabalhadores, por ter garantidos os direitos

trabalhistas e sua autonomia financeira, a inclusão no mercado de trabalho

formal representa uma forma de legitimação social e de integração social,

tornando mais próximos dos padrões de normalidades.

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3.2 Relatos da empresa contratante

Foi realizado entrevista com a empresa contratante da cidade de Lins,

essa loja atua no segmento de confecção feminina, masculina e infantil,

calçados e malas, tapetes e colchões, cama, mesa e banho, lingerie, moda

praia e tecidos. Segundo relatou o gerente, o grupo Tanger contrata e é a favor

do trabalho da pessoa com deficiência no processo de inclusão.

A entrevistada, as informações foram prestadas pelo departamento de

recursos humanos e pela gerência que acompanha o trabalho do jovem com

deficiência intelectual.

A empresa contrata pessoas com vários tipos de deficiência, sendo

deficiência visual, deficiência auditiva, deficiência física, deficiências múltiplas e

até mesmo a intelectual, o trabalho dos mesmos ocorre conjuntamente com os

demais trabalhadores.

Realizo a busca no mercado de trabalho através de indicações, ás vezes feito através dos nossos próprios funcionários, através de currículo entregue diretamente na loja e faço as entrevistas necessárias para contratação. Após seleção do candidato, os documentos são enviados ao RH para os procedimentos burocráticos. (Entrevista, Contratante da Empresa , 2013)

Os critérios para admissão da pessoa com deficiência, são por meio da

seleção de trabalhadores com deficiência, encaminhados por escolas

especiais, por indicação de colegas e pelos currículos entregues na própria

loja.

Quanto a escolaridade, a empresa não exige a conclusão do Ensino

Fundamental ou qualificação profissional.

Segundo a empresa entrevistada, as pessoas com deficiências,

possuem habilidades e muita capacidade, mas adquirem tudo isso e assimilam

de forma mais lenta, necessitando apenas de estímulos adequados e

paciência.

Segundo o gerente, a inclusão do deficiente intelectual no mercado de

trabalho, representa não apenas uma obrigação social para o cumprimento da

lei, mas é visto como um resgate social da dignidade do indivíduo.

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Com relação aos salários pagos, a empresa afirmou que é igual aos

demais trabalhadores, que ocupam a mesma função, sem nenhum tipo de

distinção, mesmo não existindo a perfeição a empresa remunera sem nenhum

tipo de diferença salarial.

Os trabalhadores têm os mesmos benefícios dos demais, como vale

transporte, e outros benefícios de acordo com as normas da CLT.

Com relação ao tratamento dado ao trabalhador com deficiência

intelectual na empresa, foi relatada uma convivência harmônica com os demais

colegas de trabalho e com a gerência, existe uma interação com os demais

colegas de trabalho e a troca mútua como citada anteriormente, através do

trabalho em equipe.

De acordo com o gerente da loja, não existe diferenciação, o

entrosamento é muito bom, a relação interpessoal com os colegas de trabalho

é a melhor possível, ele é tratado como um funcionário normal, não existindo

nenhum tipo de preconceito, sentindo-se o deficiente incluído por todos os

colaboradores da loja.

A empresa analisada, é um caso de sucesso na contratação de jovens

com deficiência, uma vez que se percebe através da entrevista que o ambiente

é acolhedor, propicio para se desempenhar o trabalho. A empresa onde foi

realizada essa pesquisa, é uma empresa consciente e oferece o mesmo

tratamento de igualdade com todos os funcionários, a empresa oferece

continuidade na capacitação dos trabalhadores com deficiência, segundo o

gerente a oportunidade é oferecida conforme a capacidade do trabalhador.

Uma empresa inclusiva é, então, aquela que acreditou no valor da diversidade humana, contempla as diferenças individuais efetua mudanças fundamentais nas praticas administrativas, implementa adaptações no ambiente físico, adapta procedimentos e instrumentos de trabalho, treina todos os recursos humanos na questão da inclusão. Uma empresa pode tornar-se inclusiva por iniciativa e empenho dos próprios empregadores, que para tanto buscam informações pertinentes ao principio da inclusão, e ou com acessória de profissionais inclusivistas que atuam em entidades sociais. (SASSAKI, 1997, p.65)

De acordo com a empresa pesquisada, acredita-se que a sociedade esta

mais mobilizada e sensibilizada com relação á inclusão do deficiente no

mercado de trabalho, mesmo existindo um número de pessoas que recusam a

aceitação, seja por representantes de outras empresas que fazem a

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contratação e mesmo a equipe de trabalho, por desacreditar nos potenciais e

adaptação do mesmo junto ao mercado de trabalho, não sendo o caso da

empresa que foi pesquisada, uma vez que a relação do deficiente com os

demais colegas de trabalho é harmoniosa e a inclusão ocorre de forma integral

na empresa.

A inclusão no mercado de trabalho para o jovem com deficiência,

representa uma oportunidade de integração social, sabe-se ainda que as

barreiras para a inclusão do jovem com deficiência intelectual no mundo do

trabalho não se da somente a sua disponibilidade e empenho, mas

especialmente a uma relação social de aceitação e legitimação do trabalho, a

empresa busca muitas vezes um trabalhador que cumpra suas funções e

especialmente, que seja assíduo e que tenha um comportamento adequado às

regras interpessoais.

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

O presente estudo avaliou um jovem trabalhador com deficiência

intelectual, matriculado numa escola municipal de Lins, que atende jovens com

diferentes tipos de deficiência entre elas, a intelectual.

O objetivo dessa pesquisa é analisar a inserção do jovem com

deficiência intelectual no mercado de trabalho formal, por meio de processos

de escolarização e desenvolvimento de oficinas que permitem o

desenvolvimento para o mundo do trabalho.

A oficina de trabalho oferecida pela escola, serve apenas de preparação

inicial e não de profissionalização das pessoas com deficiência intelectual, pois

visa a formação de hábitos e comportamentos sociais que são considerados

adequados aos trabalhadores. Sendo assim o trabalho de alfabetização de

jovens com deficiência intelectual, ocorre juntamente com as oficinas.

Esse sistema permite que o aluno tenha condições de ter noções

básicas essenciais na prática do trabalho.

Acredito que o sistema que a escola emprega as oficinas já contribui e

muito com as noções básicas do trabalho, mas acredito que exista a falta de

cursos que sejam voltados apenas para a prática do trabalho, que direcione o

aluno deficiente numa referida profissão, facilitando assim seu ingresso nas

empresas, uma vez que a escola é muito procurada por empresas para que

possa ser cumprida a Lei de Cotas.

Através dessa sugestão, alguns pontos relevantes poderiam ser

mapeados para que esse processo abranja sua totalidade, permitindo que essa

inclusão aconteça de forma intensa.

• necessidade de implantação de cursos ou inserção de conteúdos e

oficinas para o trabalho na EJA;

• levantamento das pessoas com deficiência no município;

• levantamento das demandas das empresas e comércio local;

• mapeamento junto ao Ministério do Trabalho para observar quais são as

empresas, que se enquadram na Lei de Cotas;

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• formação de profissionais capacitados para ministrar os cursos

profissionalizantes na escola regular, ensino profissionalizante ou cursos

livres;

• que o município se preocupe com a formação de educadores

capacitados a oferecer esse acompanhamento profissional, com

conhecimentos da indústria ou mesmo do comércio;

• preparação (sensibilização e cursos) das empresas e comércio para o

recebimento do trabalhador com deficiência;

• oferecimento de cursos técnicos em parceria com instituições como o

Senai (indústrias) e o Senac (comércio);

• implantação de oficinas ou cursos de curta duração como silk-sreen,

empacotador, serviços gerais, culinária, telefonista, recepcionista entre

outros;

• acompanhamento da adaptação do trabalhador na empresa por equipe

especializada;

• deve ser analisado, os níveis de conhecimento que o aluno tem;

• será necessário fazer um trabalho de conscientização com os demais

comerciantes do município afim de se tornarem parceiros no processo

da inserção do deficiente, em especial o intelectual;

• oferecimento de oficinas direcionadas para a profissionalização e não

escolarização, o aluno sinta-se como integrante desse processo, e

responsável pelo saber.

• que aconteça de forma integral a escolarização e as oficinas, que

através de cada uma seja criada ideias para que o aluno se torne cada

vez mais responsável pela transformação.

O jovem com deficiência apresentou de forma clara, seus anseios pela

busca da aceitação e espaço na sociedade através do trabalho.

É necessário que tenha um tipo de oficina, visando a organização de um

currículo para a formação profissional, que seja diferente da escolarização

básica. Seria interessante se a mesma fosse desenvolvida em níveis básico e

técnico, com uma metodologia adequada as características e necessidades da

pessoa com deficiência intelectual.

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CONCLUSÃO

A pesquisa que fundamentou esse trabalho, intitulado: “A Formação

Profissional do Jovem com Deficiência Intelectual e Sua Inclusão no Mundo do

Trabalho em Lins” analisou a inserção do jovem com deficiência intelectual no

mercado de trabalho formal, por meio da escolarização e de processos de

formação e de qualificação profissional, através das oficinas.

Na pesquisa bibliográfica, percorreu desde a antiguidade, destacando

como era o conceito, as terminologias usadas naquelas épocas até chegar as

conquistas para o direito da inserção no mundo do trabalho, com a conquistas

das Leis, Conferências Mundiais, e todo o processo do mundo do trabalho.

A empresa pesquisada procura aproximar-se de práticas inclusivas,

sendo assim apresentou por meio da entrevista aspectos relevantes quanto a

inserção do jovem com deficiência intelectual. Conforme o relato da empresa, o

jovem com deficiência intelectual demonstra que considera seu emprego

interessante e que desenvolve uma função que gosta.

O trabalho por sua vez, vai possibilitar à entrada na fase adulta, onde os

jovens são capazes de exercer uma função responsável e mostrando

resultado, ajudando muitas vezes suas famílias e contribuindo para a

sociedade.

A formação realizada através da oficina, oferece um desenvolvimento

inicial ao aluno inserido no mercado de trabalho, porém ele não da formação

profissional adequada para o mercado de trabalho.

Um fator que deve ficar claro, é que o espaço da escola, ou da empresa

não são os únicos responsáveis pela formação e extensão a qualificação ao

mundo do trabalho. Existem outros agentes e instituições com esse papel

fundamental na integração e inclusão social dos deficientes, como o Estado,

não somente através da Lei de Cotas, mas através de incentivos e

fiscalizações; os familiares que aos poucos vão conseguindo compreender que

esses jovens não tem que ficar excluídos da sociedade, presos em suas casas

porque têm limitações, a sociedade em geral, destacando os empresários que

precisam conhecer melhor as condições dos trabalhadores, compreendendo

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que eles tem sim suas limitações mas cada um tem a sua potencialidade, que

basta apenas ser desenvolvida. Ora pela oficina, ora em casa pelos familiares

e mesmo no próprio espaço de trabalho.

O desenvolvimento dessa pesquisa, rendeu alguns questionamentos,

esses abrem novas oportunidades de análises e possibilidades de estudos

futuros.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2006.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão: Avaliação para identificação das necessidades educacionais especiais. Brasilia: SEESP, 2006. BIOLOGIA, Vida em grupo, trabalho agrícola e a caça. Disponível em: <http://biologiapequenograndemundo.blogspot.com.br, > Acesso em: 20 mar. 2013. BIANCHETTI, L . Um olhar sobre a diferença: interação, trabalho e cidadania. Campinas: Papirus, 1998. CORDEIRO, D. A Inclusão de Pessoas com Deficiência na Rede Regular de Educação Profissional. 2013. Dissertação (Mestrado em Educação)- Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” Unesp- Marília, 2013. CORREIA, L. M. Alunos com necessidades educativas especiais nas classes regulares. Porto: Porto, 1997. CIVILIZAÇÃO, Civilização Romana. Disponível em: <http://icepbrasil.com.br > Acesso em: 20 mar. 2013. DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL. BRASIL. Decreto de Lei nº 2.208, de 17 de abril de 1997. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasilia: ,1996.

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DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM RETARDO MENTAL. Disponível em: <http:// direitoshumanos.gddc.pt/3_7/IIIPAG3_7_3.htm > Acesso em: 20 mar. 2013. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Ministério da Educação, Brasil, Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf> Acesso em: 20 mar. 2013. DEFICIENTE, Deficiente intelectual, promoção para o trabalho. Disponível em: <http://isabel-ramos.blogspot.com.br > Acesso em: 20 mar. 2013. Elsner, L. O. Uma análise legal sobre o sistema de cotas para pessoas com deficiência e repercussões no âmbito do trabalho. 2012. Artigo. 2012 FONSECA, V. Educação especial. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. GUERRA, Período Pós Guerra. Disponível em: <http://agentedahistoria.blogspot.com.br > Acesso em: 20 mar. 2013. HOSPITAL, Vida em hospital psiquiátrico. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/hospital_psiquiatrico > Acesso em: 20 mar. 2013. INCLUSAO, Inclusão e capacitação individualizado. Disponível em: <http://vidamaislivre.com.br > Acesso em: 20 mar. 2013. SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 2. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997. SCHWARZ; H. Cotas: como vencer os desafios da contratação de pessoas com deficiência. São Paulo: I Social, 2009. SILVA, O. M. A epopéia ignorada- a história da pessoa deficiente no mundo de ontem e hoje. São Paulo: Cedas, 1987. TROTTIER, C. Emergência e constituição do campo de pesquisa sobre a inserção profissional. In: DESAULNIERS, J. B. R. (Org.) Formação & trabalho & competência: questões atuais. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

Eu,________________________________________ representante legal da

instituição/entidade _____________________________________,

CNPJ nº_________________________, autorizo a divulgar total ou parcialmente, pela

internet ou por outros meios, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Intitulado:_______________________________________________________

___________________________________________, realizado pelo aluno Alex

Clayton do Prado, do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium –

UNISALESIANO, do curso de Pedagogia, orientado pela Profª Ma Katia de Moura

Graça Paixão, cuja pesquisa de campo ocorreu nesta empresa no ano de 2013.

Lins, 18 de abril de 2013.

_____________________________________

Responsável pela Empresa

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APÊNDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

Eu,________________________________________ representante legal da

instituição/entidade __________________________________, CNPJ

nº_________________________, autorizo a divulgar total ou parcialmente, pela

internet ou por outros meios, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Intitulado:_______________________________________________________

___________________________________________, realizado pelo aluno Alex

Clayton do Prado, do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium –

UNISALESIANO, do curso de Pedagogia, orientado pela Profª Ma Katia de Moura

Graça Paixão, cuja pesquisa de campo ocorreu nesta escola no ano de 2013.

Lins, 18 de abril de 2013.

_____________________________________

Diretora da Unidade Escolar

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APÊNDICE C- TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

Eu __________________________________________________, de

nacionalidade _______________, idade _____, RG _______________,

trabalhando na função de ______________________________, estou sendo

convidado (a) a participar da pesquisa científica

“____________________________________________________________________

________________________________”, realizada pelo aluno Alex Clayton do Prado,

do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, matriculado no

6º semestre do curso de Pedagogia, sob orientação da Profª Ma. Kátia de Moura

Graça Paixão.

Essa pesquisa tem por objetivo analisar a participação do jovem com

deficiência intelectual, no mercado de trabalho.

Os dados e informações por mim fornecidos, através da entrevista, serão

utilizados na pesquisa mencionada, visando esclarecer os tipos de formação e o

processo de inclusão destes trabalhadores.

Autorizo a divulgar total ou parcialmente, pela internet ou por outros meios, o

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Autorizo a divulgar a minha imagem no ambiente de trabalho, visando mostrar

que fiz parte do processo de formação e capacitação para o mercado de trabalho.

A entrevista, a divulgação da pesquisa, e a minha imagem, tem autorização de

meu responsável legal, os dados se encontram no final desse termo.

Poderei interromper a entrevista a qualquer momento, pedir que seja retirada

parte da entrevista, ou se necessário me recusar a prestá-la.

Tenho conhecimento, que é garantido livre acesso a todas as informações e

esclarecimentos adicionais sobre a pesquisa.

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Enfim, compreendo a natureza e o objetivo do estudo, manifesto meu

consentimento em participar da pesquisa, estando totalmente ciente de que não há

nenhum valor econômico a receber ou a pagar por minha participação.

Lins, ____ de _______________ de 2013.

Entrevistado

Assinatura:________________________________________________

RG:______________________________________________________

Nome:____________________________________________________

Jovem trabalhador (a)

Responsável Legal:

Assinatura:________________________________________________

RG:______________________________________________________

Nome:____________________________________________________

Pais ou responsáveis

Entrevistador

Assinatura:_________________________________________________

Nome: Alex Clayton do Prado

Pesquisador

Testemunha:

Assinatura:__________________________________________________

Nome:______________________________________________________

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APÊNDICE D- QUESTIONÁRIO PARA EMPRESA

UNISALESIANO

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM

CURSO DE PEDAGOGIA – GRADUAÇÃO

Licenciando: Alex Clayton do Prado

Orientadora: Profª Ma. Kátia de Moura Graça Paixão

ROTEIRO DE PESQUISA

1. Qual a sua participação na empresa, com a contratação de trabalhadores, em especial, de trabalhadores com deficiência intelectual?

2. Como o RH da sua empresa seleciona os trabalhadores com a. deficiência?

3. Além do trabalhador com deficiência intelectual, vocês empregam

pessoas com qualquer outro tipo de deficiência?

4. Existem diferenças salariais entre os colegas que desempenham a mesma função? Comente.

Ficha do entrevistado

Número da entrevista:____

Nome:___________________________________________________

Sexo ( ) feminino ( )masculino Estado civil: ________________

Formação:_______________________________________________

Empresa que trabalha: _____________________________________

Função que exerce:________________________________________

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5. Alguns trabalhadores com deficiência intelectual são egressos do CEP

Paulo Freire de Lins. Existe alguma relação da empresa com essa escola, como parceria?

6. Qual é a exigência, quanto a escolaridade para as funções que são empregados os trabalhadores com deficiência? Exige-se uma qualificação ou apenas uma habilidade?

7. Como é a relação interpessoal do trabalhador com deficiência intelectual, com os demais colegas de trabalho?

8. Qual é a reação dos clientes ao serem atendidos por uma pessoa com deficiente intelectual?

9. A empresa oferece uma continuidade na capacitação dos trabalhadores com deficiência intelectual?

10. Como avalia a inclusão de pessoas com deficiência nesta empresa?

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APÊNDICE E- QUESTIONÁRIO PARA GESTORA

ESCOLAR

UNISALESIANO

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM

CURSO DE PEDAGOGIA – GRADUAÇÃO

Licenciando: Alex Clayton do Prado

Orientadora: Profª Ma. Kátia de Moura Graça Paixão

ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. Quantos alunos com deficiência intelectual estão matriculados na escola e qual a grade curricular, estrutura e funcionamento da escola?

2. A Educação de Jovens e Adultos exerce influência na inserção da

pessoa com deficiência no mercado de trabalho? Quais ações são realizadas pela escola?

Ficha do entrevistado

Número da entrevista:____

Nome:___________________________________________________

Sexo ( ) feminino ( )masculino Estado civil: ________________

Formação:________________________________________________

Escola que trabalha: _______________________________________

Tipo: ( ) particular ( ) filantrópica ( ) estadual ( ) municipal

Função que exerce:________________________________________

Trabalha há quanto tempo nessa escola?______________________

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3. O projeto político pedagógico da escola considera a formação profissional dos adultos e jovens com deficiência matriculados?

4. A escola encaminha o aluno com deficiência intelectual ao trabalho formal? Se sim, baseado em que critérios?

5. Aos alunos que são encaminhados para o mercado de trabalho, quais os tipos de exigências das empresas para a contratação?

6. A escola oferece alguma capacitação, orientação ou acompanhamento para os familiares dos alunos que são encaminhados ao mercado do trabalho?

7. Qual é a relação da escola, com as empresas que empregam os jovens no processo de inclusão? O que elas esperam da formação ou capacitação ofertada pela escola?

8. Quais as principais dificuldades percebidas pela escola no processo de encaminhamento ao mercado de trabalho do jovem ou adulto com deficiência?

9. Após a inserção no mercado de trabalho do aluno com deficiência, existe a continuidade do contato entre a escola, empresa e aluno? Explique.

10. O que os alunos com deficiência intelectual, esperam do trabalho formal, como relatam suas experiências no mundo do trabalho?

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APÊNDICE F- QUESTIONÁRIO PARA JOVEM COM

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

UNISALESIANO

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM

CURSO DE PEDAGOGIA – GRADUAÇÃO

Licenciando: Alex Clayton do Prado

Orientadora: Profª Ma. Kátia de Moura Graça Paixão

ROTEIRO DE PESQUISA

1. Como você conseguiu o trabalho na empresa?

2. Como é seu dia a dia na empresa?

3. Está satisfeito com o seu salário? O que já conseguiu adquirir (comprar) com seu salário?

4. A escola que você estava matriculado contribuiu para sua

contratação na empresa?

Ficha do entrevistado

Número da entrevista:____

Nome:___________________________________________________

Sexo ( ) feminino ( )masculino Estado civil: ________________

Empresa que trabalha: _____________________________________

Função que exerce:________________________________________

Trabalha a quanto tempo nessa empresa?______________________

Desde quando trabalha? ____________________________________

(Quando conseguiu o primeiro emprego)

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5. O que você aprendeu na escola (EJA) foi importante para a função que ocupa?

6. Em seu emprego você sentiu falta de algum conteúdo ou

conhecimento que a escola pudesse ter lhe ensinado?

7. A empresa que você trabalha ofereceu alguma capacitação profissional ou treinamento no emprego?

8. Como é a sua relação com os colegas de trabalho, você pede ajuda quando sente dificuldades?

9. Esse é o seu primeiro emprego? O que espera conquistar

profissionalmente?

10. Sua família apoiou sua decisão de trabalhar?