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A Finalidade da Salvação por Cristo
Ou, Salvos para quem e para o quê?
Silvio Dutra
JAN/2016
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A474
Alves, Silvio Dutra
A finalidade da salvação por Cristo./ Silvio Dutra
Alves. – Rio de Janeiro, 2016.
131p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Salvação. 3. Cristianismo.
I. Título.
CDD 234
CDD
230.227
3
Sumário
Salvação 4
Jesus Não Veio Condenar mas Salvar 9
Por que é Difícil a Entrada dos Ricos no
Reino de Deus?
12
Salvos sem Merecimento 15
A Ilustração da Salvação em Cristo na Cura de Naamã
18
A Serpente de Bronze Levantada 32
Focalizando o Ponto Correto, Principal e
Vital
65
Focalizando o Ponto Correto, Principal e Vital
70
O Ladrão que creu 72
O Caminho da Salvação 101
Uma Cura Tríplice para um Mal Tríplice 123
Sem Fé não Há Salvação 125
“Poderoso para salvar” (Isaías 63:1) 129
4
Salvação
Quando a Bíblia fala na salvação do pecador o
que está em foco é muito mais do que simples
livramento de perigos iminentes, pois é
sobretudo a restauração do pecador caído para
que nele se cumpra o propósito eterno de Deus de ter muitos filhos semelhantes a Jesus Cristo.
Somos a rigor salvos de nós mesmos, de nossa condição de miséria e de morte espiritual e
eterna.
Somos livrados de uma inclinação constante para o mal para nos inclinarmos para o bem e
para tudo o que se encontra na natureza de Deus.
Jesus nos livra do pecado; do consequente estado de morte espiritual que se transforma
em morte eterna quando morre o corpo; e da
também consequente ira, da condenação , e do juízo eternos de Deus; da servidão ao diabo; das
enfermidades do corpo e da alma; da maldição
da Lei – mas além disso Ele nos purifica,
santifica, nos reveste de Suas próprias virtudes, nos reconcilia com Deus e nos torna seus filhos
amados, e nos faz herdeiros juntamente com Ele
de toda a glória que Ele possui no céu.
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Para este propósito, desde que houve a queda do primeiro casal no pecado, Deus sujeitou a
criação à vaidade, ao vazio, à maldição de ter que
enfrentar tantos males e tribulações. Pode parecer um paradoxo, mas se não fosse por isto,
jamais seríamos resgatados de nossa condição
de orgulho e rebelião contra a justiça e a
santidade.
Necessitamos das tribulações para sermos tornados humildes e vermos o quanto
dependemos da graça e da misericórdia de
Deus.
Para além das tribulações há os braços estendidos de um grande Pai de amor, que
deseja que estejamos conscientes de nossa plena aceitação por Ele, apesar de sermos
pecadores, por causa da visitação em juízo dos
nossos pecados em Jesus.
Ele nos amou tanto que nos deu o Seu próprio
Filho Unigênito, sem qualquer mancha ou pecado, cheio de glória e majestade, para que
pudesse morrer a nossa morte, e assim
tivéssemos acesso a tudo o que havíamos
perdido por causa do pecado, e que Ele havia planejado para nós, para toda a eternidade.
Daí ter sido anunciado pelo anjo à virgem Maria que aquele que nela seria gerado pelo Espírito
Santo era o eterno Yeshua (em hebraico), que
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significa o Salvador, ou Aquele que salva. No texto original grego esta palavra foi
transliterada para iesous, de onde também por
transliteração vem o nosso Jesus em português.
Ele, que é o Grande Eu Sou (YWHW – hebraico)
juntamente com o Pai e o Espírito Santo, tomou este nome por causa do trabalho de livramento
e restauração que Ele operaria em favor da
humanidade, pois a salvação inclui tanto uma
coisa quanto outra.
Muitas são as operações que estão vinculadas à salvação que Jesus veio consumar. Antes de
tudo a eleição, depois a chamada, o
convencimento do Espírito, a justificação, a
regeneração, a santificação e por fim a glorificação.
Que grande trabalho de paciência e sabedoria eterna está envolvido em tudo isto.
Quem seria suficiente para tanto – algum homem ou anjo?
A resposta óbvia é não. Senão somente Deus de Deus, feito perfeito homem, nascido em corpo
de homem, poderia realizar uma obra tão maravilhosa, celestial e espiritual.
Não temos um Salvador que foi estabelecido na hora da nossa emergência, mas Alguém que foi
designado para tal antes mesmo da fundação do
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mundo. Alguém que foi anunciado por muitas
profecias no Velho Testamento, e até mesmo
nos dias anteriores a Moisés, como a promessa
feita a Adão do descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, e a feita a
Abraão de abençoar no Seu descendente
(Cristo) todas as nações da Terra.
Outro ponto importante a ser considerado na salvação é que ela é segura e firme. Nada pode apagá-la ou destruí-la. É uma obra de caráter
eterno para adentrar a eternidade, assim como
é eterno o nosso Salvador e Senhor.
O crente está firmemente seguro na graça que lhe foi concedida em Jesus para nunca mais ser
daí removido de uma forma final. Ainda que caia será levantado pelo poder do Senhor, porque
tem prometido não lançar fora por motivo
algum a qualquer que tenha sido salvo por Ele.
De tantas que são as profecias que temos em
relação a esta salvação no Velho Testamento, não teríamos espaço suficiente para aqui
enumerá-las, senão citar apenas algumas no
anexo em que apresentamos vários textos
relativos a este assunto.
Cabe lembrar que todo o mobiliário do tabernáculo, o ofício dos sacerdotes, profetas e
reis, os sacrifícios de animais do Velho
Testamento, tudo isto era uma figura, um tipo,
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do grande Salvador que se manifestaria ao
mundo na plenitude dos tempos.
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Jesus Não Veio Condenar mas Salvar
Marcos 2:17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de
médico, e sim os doentes; não vim chamar
justos, e sim pecadores.
João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não
vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.
Dê a devida atenção a estas palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Até que Ele volte, a porta da salvação estará
aberta para todo aquele que se arrepender dos seus pecados e buscar viver para Ele.
Amados leitores, nosso Senhor mesmo definiu a Sua principal missão em ter vindo a este mundo
há cerca de 2.000 anos atrás, como sendo a de
salvar e não a de condenar pecadores.
Então, enquanto perdurar esse tempo de graça até que Ele volte, Deus está abrindo uma
grande oportunidade para todas as pessoas que
queiram ser livradas da manifestação da ira
vindoura, em forma de juízo de uma condenação eterna, que há de vir sobre todos os
que viveram neste mundo, sem terem se
convertido a Cristo.
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Por isso, queremos ser muito claros, sinceros e diretos em todas as mensagens transmitidas aos amados leitores, mantendo o foco do evangelho
que aponta somente para Jesus Cristo para que
sejamos salvos de tal condenação em razão do
pecado.
É bom lembrar que um único pecado praticado ao longo de toda a vida já sujeita o seu praticante
à condenação eterna.
Portanto, não há um único justo, de si mesmo, pela sua própria justiça, diante de Deus.
Por isso Jesus morreu em nosso lugar na cruz, carregando sobre si toda a culpa dos nossos
pecados.
Em suma, tudo o que se refere à necessidade de um viver reto, do dever de se guardar os
mandamentos de Deus, e tudo o mais que se
refira à santificação de nossas vidas, somente
pode ser praticado e vivido caso sejamos convertidos a Cristo, e estando em comunhão
com Ele, por meio do Espírito Santo.
Assim, se a Lei santa de Deus lhe condena justamente por causa do pecado, lembre que
pela fé em Jesus, nos está sendo oferecida gratuitamente a libertação de tal condenação,
ao mesmo tempo que somos por Ele capacitados
a viver de modo aprovado pela justiça divina,
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pelo poder da graça de Jesus, mediante o
trabalho do Espírito Santo em nossos corações.
Não há qualquer condenação no evangelho, porque Jesus, pelo evangelho que nos trouxe, ou
seja, por esta maravilhosa notícia, que é o significado desta palavra no original grego do
Novo Testamento, tem se oferecido para ser a
nossa justiça, de modo que Deus possa se
agradar de nós e se reconciliar conosco.
A rejeição do evangelho. Desta oferta de justiça da pessoa de Jesus, tão graciosa, é que traz
condenação.
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Por que é Difícil a Entrada dos Ricos no
Reino de Deus?
“Lucas 18:24 E Jesus, vendo-o assim triste, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os
que têm riquezas!
Lucas 18:25 Porque é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar
um rico no reino de Deus.”
Nosso Senhor Jesus Cristo se referiu à riqueza
de bens deste mundo como um fator não
impeditivo, mas gerador de grande dificuldade
para a conversão que garante a entrada dos pecadores no reino de Deus.
Percebemos que suas palavras não se referem à dificuldade de permanência dos ricos no reino,
mas à própria admissão deles.
Por que é difícil para eles tal ingresso, conforme pode ser constatado na experiência real de suas vidas ao longo destes dois mil anos de
Cristianismo?
Deus não ama aos ricos tanto quanto aos pobres de bens mundanos?
Deus fez uma prioridade pelos pobres, de modo a excluir a grande maioria dos ricos?
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De modo nenhum!
O bom senso não o permita!
A dificuldade não está em Deus e nem sequer em sua boa vontade para salvar a qualquer que
vier a Cristo, mas nos próprios ricos.
A conversão requer arrependimento, humildade de espírito, confiança total em Cristo
e dependência total de Sua graça salvífica.
Reconhecimento da condição de miséria da nossa natureza terrena, que está morta em
delitos e em pecados, e que está naturalmente indisposta contra Deus, e em real estado de
inimizade contra Ele.
Confessar a Jesus como Senhor e Salvador de sua vida, e suplicar-lhe humildemente que lhe
salve da condenação eterna.
Entristecer-se pelos pecados e buscar um viver
santificado no Espírito Santo para a purificação da consciência e do coração, pela entrega total
de si mesmo à prática da justiça e das boas obras.
Uma vez convertido pelo Espírito, negar-se a si mesmo, carregar a cruz cotidianamente e
dispor-se como uma criança a obedecer fielmente todos os mandamentos de nosso
Senhor Jesus Cristo, conforme se encontram
registrados na Bíblia.
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É nisto tudo, basicamente, que reside a dificuldade dos que são ricos para serem salvos,
e nem tanto pelo fato propriamente dito de
serem detentores de grandes riquezas.
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Salvos sem Merecimento
Deus justifica por eleição e misericórdia.
“Terei misericórdia de quem quiser ter misericórdia”.
É preciso ter muito cuidado para não colocarmos o assunto da justificação em termos de méritos pessoais ou da justiça própria.
Assim fazendo não incorreremos no erro do fariseu em relação ao publicano, na parábola
citada por Jesus, o qual se considerava justo
diante de Deus, pelas obras que praticava.
Ao seu lado, um desprezado publicano, reconhecia-se pecador, e sequer ousava erguer
os olhos para o céu, em arrependimento dos
seus pecados. Este foi justificado e não o outro.
A parábola dos trabalhadores na vinha também exemplifica a concessão da graça na mesma
medida salvadora, para todos os homens, independentemente dos seus méritos.
Pois todos receberam o mesmo salário, tanto os que trabalharam muitas horas quanto os que
trabalharam uma só hora.
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A razão porque o Senhor “não desamparará o seu povo” como está afirmado em I Sm 12.22 está
expressada aqui mais explicitamente, tanto
quanto a declaração do Seu imutável amor.
Não é porque eles fossem menos pecadores do que os outros, quer em natureza quer por
praticá-lo; ou por causa de alguma qualidade
moral que se encontrasse neles; mas “porque
aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo.”, e “por causa do Seu grande nome”.
É da natureza terrena nos compararmos com outros e pensarmos que somos mais justos do
que eles. Mas aos olhos de Deus todos somos
transgressores da sua lei e culpados.
Somente em Cristo e por meio de Cristo e por causa de Cristo, que podemos ser aceitos, porque a nossa natureza terrena, seja ela qual
for, a de um sincero Nicodemos, ou a de um
terrível malfeitor, está separada de Deus, em
sua morte espiritual, e necessita de um novo nascimento, que só pode ter aquele que for
justificado pela fé.
A graça somente opera para o nosso bem porque é de fato um favor imerecido. De outra forma
não operaria para nenhum de nós. Bem faríamos em fazer sempre como o publicano,
por maior que seja o grau de nossa santificação:
“Oh Deus sê compassivo a mim mísero
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pecador”, e também a dizer juntamente com Paulo, “Miserável homem que sou. Quem me
livrará do corpo desta morte ? Graças a Deus por
Jesus Cristo.”.
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A Ilustração da Salvação em Cristo na
Cura de Naamã
Nós aprendemos do relato de II Reis 5, que os
dons de Deus não podem ser comprados pelo homem.
A Sua graça não pode ser vendida pelos Seus ministros, porque eles têm recebido de graça da
parte do Senhor os dons com os quais devem
servir aos homens.
O que foi recebido pela graça deve ser ministrado pela mesma graça.
É basicamente este ensino que nos é dado em quase tudo o que é narrado no quinto capítulo de
II Reis.
“Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de
graça recebestes, de graça dai.” (Mt 10.8).
Não é dito qual era o rei de Israel na época em que Naamã foi curado da sua lepra, e não
podemos fazer qualquer afirmação neste
sentido, porque o ministério de Eliseu foi
extenso e durou cerca de cinquenta anos, abrangendo os reinados de Jorão, Jeú e Jeoacaz,
e nenhum destes reis andou nos caminhos do
Senhor, de modo que não ficassem sujeitados ao
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juízo determinado do Senhor de entregá-los nas
mãos da Síria, por causa do pecado de Israel, que
nunca se desviou do pecado de adoração dos
bezerros de ouro que havia sido introduzido por Jeroboão desde a inauguração do Reino do
Norte.
Nós vemos no primeiro versículo deste capitulo que fora pela graça de Deus que Naamã, general
da Síria obteve vitória sobre o próprio povo de Israel, em razão de ter sido o instrumento
escolhido do Senhor para castigar o pecado de
Israel. Na expressão que lemos no referido
verso: “porque por ele o Senhor dera livramento aos sírios”, a palavra usada para livramento no
original hebraico é teshuah, que significa
vitória, livramento, socorro, salvação.
Sendo ele general do exército da Síria veio a obter com isto a reputação de ser um grande homem diante do seu rei, e era muito respeitado
por todos.
Apesar de ser leproso o Senhor fizera dele um valente na guerra (v 1b).
E do verso 2 nós depreendemos que havia sido feito por Naamã mais do que uma investida
sobre o território de Israel, e alguns israelitas haviam sido tomados para serem escravos na
Síria, e dentre estes Naamã colocou uma jovem
israelita a serviço de sua esposa.
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A preocupação desta jovem com a saúde de Naamã dá testemunho do tratamento humano e
bondoso que ela recebia na sua casa, pois não
somente se preocupou pelo bem estar dele como disse à sua senhora que se ele procurasse
o profeta que estava em Samaria, fazendo
referência a Eliseu, certamente seria curado da
sua lepra (v. 2, 3).
Naamã reportou ao rei da Síria todas as palavras
da sua serva (v. 4), tendo obtido não apenas permissão do rei para ir a Israel como também
se dispôs a escrever uma carta ao rei de Israel (v.
5), na suposição de que ele saberia o que fazer
em relação à cura da sua lepra.
Os reis de Israel não tinham em alta estima o ministério dos profetas porque estes
protestavam contra os seus pecados, e do povo,
mas seria de se esperar o contrário, porque
aqueles que falam da parte de Deus para o Seu próprio povo deveriam ser não apenas
estimados como também ouvidos e obedecidos.
Naamã estava tão esperançoso da sua cura, que levou consigo, como forma de demonstrar sua
gratidão ao profeta, ao qual esperava ser enviado pelo rei de Israel, dez talentos de prata,
e seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa (v.
5).
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Para que se tenha uma ideia da riqueza que ele pretendia dar ao profeta, um talento pesava
cerca de 35 kg, então ele levava nada menos do
que o valor em moedas que correspondiam a
350 kg de prata.
Como o siclo correspondia aproximadamente a 12 g, o valor em ouro que Naamã daria a Eliseu
seria equivalente a cerca de 72 kg de ouro.
Além disto lhe daria ainda dez mudas de roupa novas.
Quando o rei de Israel leu a carta que lhe enviara o rei da Síria, que dizia: “Logo, em chegando a ti
esta carta, saberás que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o cures da sua lepra.”, ele rasgou
as suas vestes e pensou que ele estava
procurando um pretexto para guerrear contra ele.
Ele declarou que não era Deus para que pudesse fazê-lo, mas não havia nenhuma verdadeira
humildade e reconhecimento da parte dele
nisto, da glória que é devida ao Senhor, porque
se tivesse de fato o verdadeiro temor de Deus ele saberia a quem deveria recorrer para que a cura
fosse efetuada.
Todavia, alguém na corte sabia o que fazer, apesar de o rei ímpio não sabê-lo, e o fato chegou
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ao conhecimento de Eliseu, e não seria de se
estranhar que ele tivesse enviado uma mensagem ao rei de Israel repreendendo-o por
ter rasgado as suas vestes, em vez de ter enviado
Naamã a ele para que soubesse que os
verdadeiros profetas de Deus viviam em Israel (v. 8).
Iniciamos o comentário do quinto capítulo de II Reis afirmando que os dons de Deus são
gratuitos mas a concessão deles raramente
deixa de colocar à prova a nossa fé.
O Senhor faz com isto que valorizemos estes dons, que façamos aquilo que muitas vezes
contraria a própria natureza como prova de
demonstração da nossa completa confiança nas
Suas promessas.
E com Naamã a bênção seguiria a regra da provação da fé, e não a exceção, do recebimento
do dom e da misericórdia sem a necessidade do
concurso da fé.
Aquela cura ilustraria o modo da salvação espiritual. Porque é por simplesmente confiar
na Palavra de Deus no evangelho, e recebê-la por graça e mediante a fé, que a cura do nosso
espírito que se encontra morto, é efetuada, e por
nada mais.
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O nome do Deus de Israel seria glorificado naquela cura, a ponto de vir a ser referida no futuro pelo próprio Jesus, como prova da fé que
se espera daqueles que se aproximam de Deus
(Lc 4.27).
Não somente a fé de Naamã seria provada, como ele seria curado ao mesmo tempo de uma religiosidade falsa, de orgulho, de presunção e
de outras atitudes pecaminosas, quando tivesse
que reagir ao método que Eliseu lhe apresentou
para ser curado, e a maneira como recepcionou o general sírio, uma vez que este viera ter com
profeta já com toda uma ideia preconcebida
quanto ao modo como seria recebido e curado.
Jamais passou pela sua mente a possibilidade de sequer o profeta vir à sua presença, e ainda lhe enviar um mensageiro lhe ordenando que
mergulhasse sete vezes no rio Jordão para que
fosse purificado da sua lepra (v. 9 11).
A fé de Naamã não foi destruída com esta dura prova, mas ela foi detida pela sua perplexidade e indignação.
Questionar os métodos de Deus nunca é bom para a nossa fé.
E de igual modo, o orgulho, a ira e a indignação nos impedem de desfrutar das bênçãos do
Senhor.
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Mandar um leproso mergulhar num rio, e não apenas uma vez, mas sete, não é um caminho lógico e natural para curar a lepra de alguém,
porque a água em vez de ajudar na cura, poderia,
naquelas condições, até mesmo agravar a
doença pelo amolecimento das feridas.
Por outro lado, Naamã esperava ser recebido como um general, mas na presença dos
ministros de Deus, quando estes estão a Seu
serviço, todos os homens não são apenas iguais,
como aquele que deve ter a precedência da honra é aquele que está ministrando na
presença do Senhor, e não aquele que está
buscando a bênção de Deus, através dos Seus
ministros.
Naamã chegou até mesmo a desprezar por um momento o país que o abençoaria, porque
desdenhou as águas do Jordão comparando a
inferioridade da qualidade delas às dos rios da
Síria.
Ele se deixou levar pela lógica e não pela fé,
porque se a cura demandaria um mergulho em um rio, porque não lhe foi pedido que o fizesse
em sua própria terra e em águas melhores?
Entretanto, o caminho da fé não é o caminho da lógica.
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A vida será sempre dura e difícil para aquele que não se submeter ao caminho estreito da obediência que nos é exigida pelo Senhor, para
um viver abençoado.
Na verdade há um grande perigo até mesmo de perdição eterna para aqueles que em vez de se
submeterem ao caminho de se obter a justiça de Deus, que é pela graça, mediante a fé, acabam
nunca alcançando a salvação de suas almas por
tentarem estabelecer o seu próprio caminho ou
aquele que receberam por tradição de seus pais, e que seja diferente daquele que é estabelecido
pelo Senhor na Sua Palavra.
A luta com Naamã era exatamente esta de abandonar o caminho da cura que ele havia
elaborado pela sua própria imaginação para acatar o que estava sendo proposto pelo profeta.
Ele havia inclusive decidido não se submeter à palavra do profeta e retornar à sua terra, quando
a Providência usou os próprios servos de Naamã
para considerar que nenhuma coisa difícil havia sido pedida a ele.
Era exatamente por não ter sido difícil que ele a estava rejeitando.
Muitos deixam de ser abençoados pelo Senhor porque não admitem que seja realmente tão
fácil o caminho que Deus estabeleceu para
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recebermos coisas tão preciosas infinitas, como
a própria salvação das nossas almas, a saber, o único caminho da fé, e realmente da fé somente.
Nada além da fé, porque o que passa da fé naquilo que é pedido por Deus para a nossa
justificação e regeneração (novo nascimento) já
é desobediência e rebelião.
A nós cumpre somente fazer o que Ele determinou e o resto Ele fará, para honrar a nossa fé naquilo que a Sua boca tem proferido.
Deus tem afirmado na Bíblia que é o evangelho, a fé do evangelho, o Seu poder para a salvação de
todo aquele que nele crer.
Todavia, há passos a serem cumpridos por nós para a confirmação dessa fé salvadora. Primeiro arrependimento, depois confiança total no
Senhor Jesus, e ainda um caminhar
perseverante de degrau a degrau, no processo
da santificação.
Veja o caso de Naamã, que não poderia ter
mergulhado menos do que sete vezes seguidas no Jordão, porque seis vezes apesar de ser um
número muito próximo de sete, não era ainda o
cumprimento do que fora ordenado.
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É bem provável e quase certo que cada mergulho dado por ele não lhe trouxe nenhuma evidência de melhora até que desse o sétimo.
É possível que tenha havido uma grande luta entre a sua mente racional e a obediência da fé,
porque não podemos descartar a possibilidade
de ter pensado até mesmo que poderia estar sendo zombado e ludibriado à medida que
mergulhava e não obtinha qualquer evidência
de cura.
Isto pode parecer um método cruel, mas o Senhor sabe muito bem o que cada um de nós
precisa para ser curado da lepra da incredulidade e do orgulho, de modo que
venhamos a andar humilde e obedientemente
na Sua presença.
Tendo sido curado, Naamã voltou à presença de
Eliseu e pôs-se diante dele afirmando que agora sabia que o único e verdadeiro Deus era o de
Israel (v. 15) e instou que Eliseu recebesse como
expressão da sua gratidão todos os presentes
que havia trazido consigo da Síria, mas o profeta recusou recebê-los e permaneceu firme na sua
decisão apesar de Naamã ter insistido com ele
para que os recebesse (v. 15, 16).
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Este testemunho da graça divina manifestado na recusa do profeta de receber algo em troca
pela cura, ainda que fosse em forma de gratidão,
reforçou em Naamã a certeza que havia somente um Deus verdadeiro, e que as nações
que têm muitos deuses, não servem a nenhum
Deus verdadeiro.
Ele veio então a fazer uma outra declaração na presença de Eliseu que atestava a genuidade da
sua fé e conversão, porque se dispôs a levar da terra de Israel para a Síria, certamente para
construir um altar no qual pudesse oferecer
sacrifícios Àquele que reconheceu como sendo
o único que era digno de recebê-los, porque estava determinado a nunca mais oferecer
holocausto nem sacrifico a outros deuses, senão
somente ao Senhor (v. 17).
Ele foi sincero ainda diante de Eliseu ao lhe
dizer, não para justificar o que teria que continuar fazendo na Síria, mas para que fosse
apresentado pelo profeta por ele em intercessão
ao Deus de Israel, o fato de ter que acompanhar
o rei da Síria, na qualidade de um oficial do reino, e não de um religioso devotado, nas
ocasiões oficiais que ele tinha que comparecer
ao templo do deus sírio, Rimom.
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Ele disse isto para demonstrar que não o faria para honrar o falso deus, pois sabia que só há um único e verdadeiro Deus, a saber, o de Israel,
mas faria por conta de sua obrigação de honrar
o rei de sua terra.
Assim, Naamã disse a Eliseu que esperava ser perdoado pelo Senhor quanto a este constrangimento ao qual ele estaria obrigado a
fazer por conta do seu ofício.
O profeta, em sua sabedoria, não lhe impôs qualquer carga, nenhum tropeço àquele novo
convertido, dizendo-lhe apenas “vai em paz”, como a dizer, a paz do Senhor será contigo
apesar disto, pois, em sua experiência sabia a
quantos constrangimentos muitos servos de
Deus estão expostos neste mundo.
Nós pensamos por exemplo nos policiais que são obrigados a fazer segurança de casas
noturnas, sendo verdadeiros crentes.
Eles devem cumprir a sua função enquanto se guardam de se contaminar com o pecado do
ambiente, que por força das circunstâncias, são
obrigados a vigiarem.
Como em toda conversão genuína o diabo nunca se dá por satisfeito, enquanto não
conseguir desviar o novo convertido da fé, quer
pelos ataques diretos que faz contra eles em
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relação aos mandamentos de Deus, arrazoando
que os que servem ao Senhor não são em nada
diferentes dos que são do mundo, despertou a
cobiça de Geazi, o moço de Eliseu.
Mas é possível Naamã tenha tido conhecimento posteriormente que Geazi ficara leproso, e que
fora dito por Deus pelo Seu profeta, que aquela
lepra de Geazi era a mesma que estava
anteriormente nele, e que não estaria somente em Geazi, mas em toda a sua descendência, de
modo que o testemunho do profeta
permaneceria verdadeiro, pelo fato de ter dito a
Naamã que não receberia nenhum dos seus presentes porque esta era a vontade de Deus
naquele caso.
Geazi mentiu em nome do próprio Eliseu, dizendo que por força das circunstâncias de
uma visita inesperada havia pedido a Naamã uma parte daqueles presentes que havia trazido
com ele.
Ele somente não pediu tudo, provavelmente, para não levantar qualquer tipo de desconfiança
no general sírio.
Mas cobiçando herdar um dinheiro que o próprio Deus havia recusado porque estava em jogo um bem muito mais precioso que era a
alma do próprio Naamã, Geazi acabou herdando
a lepra de Naamã e é bem possível que tenha
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ficado até mesmo sem os bens, porque
certamente Eliseu deve ter determinado que tudo fosse devolvido ao seu legítimo dono.
“Ajuntar tesouros com língua falsa é uma vaidade fugitiva; aqueles que os buscam,
buscam a morte.” (Pv 21.6).
Geazi cometeu o mesmo pecado de Ananias e Safira, que foi o de mentir em assuntos
envolvendo o nome de Deus, para obter vantagem pessoal, escondendo a sua própria
cobiça, e achou com isto um juízo de morte.
32
A Serpente de Bronze Levantada
Por Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra
Eu pensei que a melhor maneira que eu
poderia expressar a minha gratidão a Deus, pelo
sermão de número 1.500 a que chegamos, seria
pregar novamente Jesus Cristo, e apresentá-lo
em um sermão no qual o simples evangelho é exposto tão simples como o alfabeto de uma
criança. Espero completar a lista de 1500
sermões, com este que lhes prego agora, o
Senhor me dará uma palavra que vai ser mais abençoada do que qualquer outra que a
precedeu, para a conversão daqueles que a
ouçam ou a leiam. Que aqueles que estão
mergulhados nas trevas, porque eles não entendem a gratuidade da salvação e o método
fácil pelo qual pode ser obtida, são trazidos à luz
pela descoberta do caminho da paz por meio da
fé em Cristo Jesus. Desculpe este prelúdio, minha gratidão não iria deixar-me abster de
expressá-la.
Passemos agora ao nosso texto e à serpente de bronze. Se você procurar no Evangelho de João,
você vai notar que seu início contém uma espécie de lista ordenada de tipos tomados a
partir da Sagrada Escritura. Começa com a
criação. Deus disse: "Haja luz", e João começa por
33
afirmar que Jesus, o Verbo eterno, é "a luz
verdadeira que ilumina todo homem que vem
ao mundo." Antes de concluir seu primeiro capítulo, João introduziu um tipo proporcionado
por Abel, porque quando o Batista viu que
Jesus vinha para ele, disse: ". Eis o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo" E ele não terminou o primeiro capítulo antes de nos
lembrar da escada de Jacó, pois descobrimos
que nosso Senhor disse a Natanael: "vereis o Céu
aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem". Quando chegamos ao
terceiro capítulo, já temos avançado tão longe
como o fez Israel no deserto, e lemos as palavras
de alegria, "E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do
Homem seja levantado, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. "
Vamos falar hoje sobre este ato de Moisés, para que todos nós, possamos contemplar a serpente
de bronze e comprovar que a promessa é
verdadeira, "Qualquer um que for mordido e
olhar para ela, viverá." Pode ser que vocês, que a tenham olhado antes, obtenham um novo
benefício ao olharem para ela novamente,
enquanto alguns que nunca voltaram seus olhos
nessa direção, possam olhar firmemente o Salvador levantado, e poderem ser salvos do
veneno abrasador da serpente neste dia,
desse veneno mortal do pecado que agora se
34
esconde em sua natureza, e que gera morte em
suas almas. Que o Espírito Santo faça que esta
palavra seja eficaz para esse fim misericordioso.
I. Lhes convido para analisarem o tema, primeiro, vendo a PESSOA em perigo mortal,
para o qual a serpente de bronze foi feita e
levantada. Nosso texto diz: "E quando alguma
serpente mordia alguém, olhava para a serpente de bronze, e vivia."
Notemos em primeiro lugar, que as serpentes abrasadoras chegaram em meio do
povo, porque esse povo tinha desprezado o
caminho de Deus e do pão de Deus. "E o povo ficou desanimado pelo caminho." Era o caminho
de Deus, Ele o tinha escolhido para eles, e tinha
escolhido em sabedoria e misericórdia, mas
eles murmuraram contra o caminho. Como afirma um velho teólogo, "Era longo e solitário",
mas mesmo assim, era o caminho de Deus e,
portanto, não era para ser desagradável:
Sua coluna de fogo e de nuvem ia adiante deles, e seus servos Moisés e Arão os levou como um
rebanho, e deveriam haver-lhes seguido
alegremente. Cada passo de sua jornada tinha
sido previa e corretamente ordenado, e deveriam ter estado extremamente seguros de
que esse desvio da terra de Edom, foi também
ordenado corretamente.
35
Mas não, eles brigaram com o caminho de Deus
e queriam seguir o seu próprio caminho. Esta é
uma das loucuras permanentes dos homens:
não podem simplesmente esperar no Senhor e seguirem o seu caminho, mas preferem uma
vontade e um caminho próprios.
O povo também discutiu com o alimento de Deus. Ele lhes forneceu o melhor dos melhores,
porque "pão de nobres comeu o homem", mas se referiram ao maná com um título infamante,
que em hebraico contém um sentido de
ridículo, e até mesmo em nossa tradução
transmite a ideia de desprezo. Eles disseram: "Nossa alma abomina este pão vil" como o
considerando inútil e útil apenas para inflá-los,
porque era de fácil digestão, e não produzia
neles esse calor do sangue e a tendência às doenças que uma dieta mais pesada teria
produzido.
Estando insatisfeitos com o seu Deus, eles discutiram com o pão que ele colocou em sua
mesa, embora superasse qualquer outro que o mortal, houvesse comido, antes ou depois.
Esta é a obra da insensatez do homem, seu
coração se recusa a se alimentar da palavra de
Deus ou crer na verdade de Deus. O homem aprecia o alimento da carne e da razão carnal, os
alhos da tradição supersticiosa, e os pepinos da
especulação. E não pode tolerar que sua mente
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se rebaixe para crer na Palavra de Deus, ou
aceitar uma verdade tão simples, tão adequada à
capacidade de uma criança.
Muitas pessoas exigem algo mais profundo que o divino, mais profundo do que o infinito, mais
liberal do que a graça imerecida. Brigam com o
caminho de Deus, e com o pão de Deus, e por
isso se apresentam entre eles as serpentes ardentes da concupiscência maligna, e da
soberba do pecado.
Eu poderia estar me dirigindo a algumas pessoas que até agora têm brigado com os
preceitos e doutrinas do Senhor, e eu afetuosamente quisera lhes advertir que sua
desobediência e presunção levarão ao pecado e
ao desespero. Os rebelde contra Deus são
propensos a se tornarem cada vez piores. As modas e correntes do pensamento encorajam
os vícios e os crimes do mundo. Se desejamos os
frutos do Egito, em breve teremos de enfrentar
as cobras do Egito. A consequência natural de nos voltarmos contra Deus, como serpentes, é
encontrar serpentes que aparecem no nosso
caminho. Se abandonamos o Senhor em espírito
ou na doutrina, a tentação porá uma emboscada em nosso caminho e o pecado morderá nossos
pés.
Eu lhes peço que observem cuidadosamente que aqueles para quem a serpente de bronze foi
37
levantada especialmente, já haviam sido mordidas pelas serpentes. O Senhor enviou
serpentes abrasadoras àquelas pessoas, porém
não foi porque as serpentes estavam entre eles
que ordenou o levantamento de uma serpente de bronze, mas porque as cobras realmente lhes
haviam mordido, o que O levou a prescrever um
remédio. "E quem foi mordido e olhar para ela,
viverá." As únicas pessoas que realmente olharam e tiveram o benefício da cura
maravilhosa levantado no meio do
acampamento foram aqueles que haviam sido
mordidos pelas serpentes.
A noção comum é que a salvação é que a salvação é para pessoas boas, que a salvação é
para aqueles que lutam com a tentação, que a
salvação é para aqueles que estão
espiritualmente saudáveis, mas quão diferente é a palavra de Deus. O remédio de Deus para os
enfermos e Sua saúde é para aqueles que sofrem
doenças. A graça de Deus dada por meio da
expiação de nosso Senhor Jesus Cristo, é para os homens que são efetiva e realmente culpados.
Não pregamos uma salvação sentimental de uma culpa imaginária, mas um perdão real e
verdadeiro de ofensas reais. Eu não me importo
nada com supostos pecadores, que nunca fizeram nada de errado, que são tão bons
interiormente que estão perfeitamente bem,
não tenho nada a ver com vocês, porque eu sou
38
enviado para pregar Cristo para aqueles que
estão cheios de pecado, e são dignos da ira
eterna. A serpente de bronze era um remédio para aqueles indivíduos que tinham sido
realmente mordidos.
Que coisa terrível é ser mordido por uma cobra peçonhenta! Ouso dizer que alguns de vocês se
lembram do caso de Gurling, um dos guardiões dos répteis do zoológico. O incidente ocorreu
em outubro de 1852, e, portanto, alguns de vocês
podem lembrar. Este homem infeliz estava
prestes a dizer adeus a um amigo que estava viajando para a Austrália, segundo o costume de
muitos, tinha de beber com o amigo. Ele bebia
grandes quantidades de gin, mas
provavelmente teria ficado muito bravo se alguém tivesse dito que ele estava bêbado, no
entanto, razão e bom senso, obviamente,
tinham sido submetidos. Ele retornou ao seu
posto no zoológico num estado de excitação. Alguns meses antes tinha visto uma exibição de
encantadores de serpentes, que ainda
permaneciam em seu pobre
cérebro estupefato. Devia imitar os egípcios, e brincar com cobras. Primeiro tirou da sua gaiola
uma cobra venenosa de Marrocos, que colocou
em volta do pescoço, e deixou-a enroscar-se
em seu corpo. Felizmente para ele, não acordou o suficiente para mordê-lo. O guarda
assistente gritou: "Por Deus, solte a cobra", mas
o tolo respondeu: "Eu estou inspirado." Esta
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serpente letal estava um pouco letárgica por
causa do frio da noite anterior e, portanto, o
imprudente a colocou em seu peito até que ela se reanimou, e deslizou para baixo e sua cabeça
saiu na parte traseira do seu colete. Ele tentou
segurá-la pela cauda para girá-la em torno de
sua cabeça. Ele a segurou por um instante contra a sua face, e como o relâmpago, a cobra o
mordeu no meio dos olhos. O sangue correu em
torrentes pelo seu rosto, e pediu ajuda, mas seu
companheiro fugiu horrorizado e, segundo declarou ao júri, não sabia quanto tempo esteve
ausente, porque ficou 'perplexo'. Quando a ajuda
chegou, Gurling estava sentado numa cadeira,
depois de ter colocado a serpente na gaiola. Ele disse: "Sou um homem morto". Eles o colocaram
numa carruagem e o levaram para o hospital.
Primeiro perdeu a fala e só podia gemer, então a
visão lhe falhou, e perdeu a audição. Sua taxa de pulso diminuía gradualmente, e dentro de uma
hora a partir do momento que ele tinha sido
mordido, era um cadáver. Só havia uma
pequena marca na ponta do seu nariz, mas o veneno se espalhara pelo seu corpo, e morreu.
Conto essa história para usá-la como uma parábola e aprendam a não brincarem com o
pecado, e também para apresentar vividamente
para vocês no que consiste ser mordido por uma cobra. Suponham que Gurling pudesse ter sido
curado se ele tivesse olhado para uma peça de
bronze, não teria sido uma boa notícia para ele?
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Não havia nenhum remédio para essa pobre
criatura orgulhosa, porém há um remédio para
vocês. Jesus Cristo foi levantado na cruz para que os homens que foram mordidos pelas
serpentes venenosas do pecado: não somente
para vocês que ainda estão brincando com a
serpente, não somente para vocês que a têm abrigado em seus peitos, sentindo-a deslizar
sobre a sua pele, mas para vocês que foram
realmente mordidos e estão mortalmente
feridos. Se alguém é mordido de tal forma, que se enferme pelo pecado, e sente o
mortífero veneno em seu sangue, Jesus está
exposto hoje para ele. A graça soberana fornece
um remédio, mesmo para os casos considerados extremos.
A mordida da serpente era dolorosa. O texto bíblico nos informa que essas cobras eram
"abrasadoras", que pode se referir, talvez, à sua
cor, mas mais provavelmente se refere aos efeitos de queima de seu veneno. Esquentava e
acendia o sangue de tal forma que cada veia se
tornava um rio fervente e crescido pela
angústia. Em alguns homens o veneno de víboras que chamamos de pecado, tem
inflamado suas mentes. Eles estão inquietos,
insatisfeitos e cheios de medo e de ansiedade.
Escrevem sua própria condenação, eles têm certeza de que estão perdidos, e recusam todas
as boas notícias de esperança. Não conseguimos
que prestem uma atenção calma e sóbria para a
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mensagem da graça. O pecado produz neles tal terror, e eles se dão como mortos. Em sua
própria compreensão são, como disse David,
"Deixados entre os mortos, como os mortos à
espada que jazem no sepulcro, dos quais você não se lembra agora." A serpente de bronze foi
levantada para os homens mordidos pelas
serpentes ardentes, e Jesus é pregado aos
homens envenenados de fato pelo pecado. Jesus morreu por aqueles que se encontram
totalmente desesperados: por aqueles que não
conseguem pensar retamente, por aqueles
cujas mentes são agitadas de cima para baixo, por aqueles que já estão condenados. Foi pelos
tais que o Filho do homem foi levantado na cruz.
Que coisa tão confortável é que possamos dizer-
lhes isso.
A picada dessas serpentes era, como eu lhes disse, mortal. Os israelitas não poderiam ter
qualquer dúvida sobre isso, porque em sua
própria presença "muita gente de Israel
morreu." Viram morrer pelas picadas das cobras, seus próprios amigos e até ajudaram a
enterrá-los. Eles sabiam por que eles morreram
e tinham certeza de que era porque o veneno das
cobras ardentes corria pelas suas veias. Eles não tinham nenhuma desculpa para imaginarem
que poderiam ser mordidos e ainda viverem.
Agora, sabemos que muitos têm perecido como resultado do pecado. Nós não temos nenhuma
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dúvida sobre o que o pecado vai fazer, pois a palavra infalível nos ensina que "o salário do
pecado é a morte", e também que "o pecado,
sendo consumado, gera a morte." Sabemos
também que esta morte é uma miséria sem fim, pois a Escritura descreve os perdidos como
sendo lançados nas trevas exteriores ", onde o
seu verme não morre e o fogo não se apaga".
Nosso Senhor fala dos condenados que irão para o castigo eterno, onde haverá choro e ranger de
dentes. Nós não temos nenhuma dúvida sobre
isso, e a maioria daqueles que duvidam disso,
são aqueles que temem que será a sua própria porção, eles sabem vão descer à dor eterna e,
portanto, tentam fechar os olhos para a sua
condenação inevitável.
Oh, quão terrível é encontrar bajuladores no púlpito para incentivar o seu amor ao pecado tocando a mesma melodia. Nós não estamos em
sua classe. Acreditamos no que o Senhor tem
dito com toda a solenidade de terror, e,
conhecendo os terrores do Senhor, procuramos persuadir os homens a fugirem disso.
Todavia era para os homens que tinham experimentado a mordida mortal, para os
homens sobre cujos rostos pálidos a morte
começou a colocar o seu selo, para os homens cujas veias estavam queimando com esse
terrível veneno da serpente. Foi para eles que
Deus disse a Moisés, "Faça uma serpente
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ardente, e põe-na sobre uma haste, e qualquer que tenha sido mordido e olhar para ela, viverá."
Não há nenhum limite fixado para o grau de envenenamento, não importa o quanto ele
tenha avançado, o remédio ainda teria poder. Se
uma pessoa tivesse sido mordida um instante antes, e ainda que tenha visto apenas algumas
gotas brotando, e somente sentiu um pouco de
dor, poderia olhar e viver, e se tivesse esperado,
infelizmente esperado, ainda por meia hora, e fala lhe faltasse, e o pulso ficasse enfraquecido,
mas se pudesse olhar, viveria imediatamente.
Não havia limites para o poder deste remédio
divinamente ordenado.
A promessa não continha uma cláusula condicional: "Qualquer um que for mordido e
olhar para ela, viverá", e nosso texto nos diz que
a promessa de Deus foi aplicada em cada caso,
sem exceção, pois lemos: "E quando uma serpente mordia alguém, olhava para a serpente
de bronze, e vivia ". Assim, então, eu descrevi a
pessoa que estava em perigo mortal.
II. Em segundo lugar, consideremos o remédio fornecido para essa pessoa. Este era tão singular com efetivo. Foi puramente de origem divina, e
é claro que a sua invenção, e capacitação foram
inteiramente de Deus.
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Não havia remédio algum para as picadas das
serpentes de fogo no deserto, exceto aquele que
Deus havia fornecido, e à primeira vista, esse
remédio deve ter parecido loucura. Um simples olhar sobre a figura de uma serpente sobre uma
haste! Quão improvável era que funcionasse!
Como e por que meios poderia se efetuar uma cura por simplesmente olhar para uma peça de
bronze retorcida? Parecia, de fato, que era quase uma piada convidar os homens a olharem aquilo
que tinha causado a sua desgraça. Por acaso se
poderia curar a mordida de uma cobra, olhando
para uma serpente? Traria vida aquilo que causou a morte? Porém, é nisto que residia a
excelência do remédio, que era de origem
divina, pois quando Deus ordena uma cura, está
obrigado, por esse mesmo fato, a colocar uma força nela. Ele não conceberia um fracasso, ou
prescreveria um escárnio. A nós sempre nos
bastará saber que Deus ordena um modo de
bênção para nós, pois se Ele ordena, tem que se cumprir o resultado prometido.
Não necessitamos saber como funcionará,
basta-nos que a poderosa graça de Deus esteja
empenhada em fazer o bem às nossas almas.
Este remédio particular de uma serpente levantada numa haste era muito instrutivo,
embora eu não ache que Israel teria entendido.
Nós temos recebido o ensinamento de nosso
45
Senhor e sabemos o seu significado. Se tratava
de uma serpente enrolada numa haste. E assim
como tomarias uma haste pontiaguda para perfurar a cabeça de uma cobra para matá-la, de
igual modo a serpente de bronze foi mostrado
como estando morta e pendurada sem vida à
vista de todos. Era a imagem de uma cobra morta.
É a maravilha das maravilhas que o nosso Senhor Jesus Cristo se rebaixou ao ser
simbolizado por uma cobra morta. A instrução
para nós, depois de ler o Evangelho de João, é esta: o nosso Senhor Jesus Cristo, em
humilhação infinita, se dignou a vir ao mundo, e
concordou em se fazer maldição para nós. A
serpente de bronze não teria veneno em si, mas tomou a forma de uma serpente ardente. Cristo
não é um pecador, e não há pecado nele, mas a
serpente de bronze tinha a forma de uma
serpente, e da mesma maneira, Jesus foi enviado por Deus "à semelhança da carne do
pecado". Ele veio sob a lei, e o pecado Lhe foi
imputado, e, portanto, caiu sob a ira e maldição
de Deus por nossa causa. Em Cristo Jesus, se você olhar para a cruz, você vai ver que o pecado
é mortalmente ferido e pendurado como uma
cobra morta, também ali a morte é vencida,
porque "Jesus Cristo ... aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade" : e ali também a
maldição é para sempre cancelada porque Ele a
carregou, sendo "feito maldição por nós (porque
46
está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado no madeiro)." Então, estas serpentes
são pendurados na cruz como um espetáculo para todos os espectadores, todas mortas por
nosso Salvador agonizante. O pecado, a morte e
a maldição agora são como serpentes mortas.
Oh, que visão! Se pudessem vê-lo, que prazer lhes proporcionaria. Se os hebreus tivessem compreendido o significado desta cobra morta
pendurada numa haste, lhes
haveria profetizado o quadro glorioso a nossa fé
contempla neste dia: Jesus sacrificado, e o pecado, a morte e o inferno mortos nEle. Então
o remédio que devia ser contemplado era
sumamente instrutivo, e sabemos que a
instrução foi concebido para nos ser comunicada.
Não se tratava apenas de se olhar para uma serpente de bronze, porque era necessário ter fé
que aquele remédio estranho provido por Deus,
seria realmente o suficiente para livrar da morte da picada mortal. Os que desconfiassem da
eficácia do remédio, pela sua simplicidade, e
não olhassem para a serpente de bronze,
morreriam. E assim, também morrerão eternamente, todos aqueles, que estando
feridos pela picada mortal do diabo e do pecado,
se recusam a olhar para o Cristo crucificado.
47
Assim, a instrução a ser comunicada aos pecadores, pela figura da serpente de bronze, é
a de que Deus os livra da morte por se ter fé, que
simplesmente olharem para o Cristo que foi levantado e morto na cruz, os salva da própria
morte eterna deles, porque Ele destruiu o
veneno do pecado, a maldição e perfurou a
cabeça da velha serpente, o diabo, quando morreu por nós na cruz.
Lembre-se que em todo o acampamento de Israel não havia senão apenas um remédio para
a picada de cobra, e que remédio era a serpente
de bronze, e só havia uma serpente de bronze, não duas. Israel não podia fazer outra. Se eles
fizessem uma segunda serpente, não teria
nenhum efeito: havia uma cobra, e apenas uma,
a que foi erguida no centro do acampamento, de modo que se alguém foi mordido por uma cobra
poderia olhá-la e viver.
Há um Salvador e somente um. Não há outro nome debaixo do céu dado entre os homens
pelo qual possamos ser salvos. Toda a graça está concentrada em Jesus, de quem, lemos:
"aprouve ao Pai que, nele, residisse toda a
plenitude." Cristo suportou a maldição e acabou
com a maldição, Cristo foi ferido no calcanhar pela velha serpente, mas esmagou a cabeça da
serpente: é somente Cristo que devemos olhar,
se queremos viver. Oh pecador, olha para Jesus
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na cruz, pois Ele é o único remédio para todas as
formas de feridas envenenadas de pecado.
Havia apenas uma serpente curadora, e esta era resplandecente e brilhante. Era uma serpente de bronze, e bronze é um metal brilhante. Foi
um bronze forjado e, portanto, não estava
obscurecido, e sempre que o sol brilhava,
refletia um brilho que vinha da serpente. Poderia ter sido uma cobra feita de madeira ou
qualquer outro metal, se Deus tivesse ordenado
isso, mas ele ordenou que ela deveria ser de
bronze, para que estivesse cheia de brilho.
Que grande brilho há em nosso Senhor Jesus Cristo! Se simplesmente o expusermos em seu
próprio metal verdadeiro, é brilhante aos olhos
dos homens. Se pregamos simplesmente o
evangelho, e não pensamos em decorá-lo com nosso pensamento filosófico, veremos que há
suficiente brilho em Cristo para captar o olho do
pecador, e realmente chama a atenção de
milhares de pessoas. O Evangelho Eterno brilha de longe, na pessoa de Cristo. Assim como o
estandarte de bronze refletia a luz solar, assim
também Jesus reflete o amor de Deus pelos
pecadores, e vendo-O, olham pela fé e vivem.
Além disso, este remédio era duradouro. Era uma serpente de bronze, e suponho que
permaneceu no meio do acampamento desde
aquele dia. Foi inútil depois que Israel entrou
49
em Canaã, mas enquanto no deserto,
provavelmente foi exibida no centro do acampamento, perto da porta do tabernáculo,
sobre um estandarte elevado. No alto e aberta a
todos os olhos, pendia essa imagem de uma
serpente morta: a cura perpétua para o veneno de serpentes. Se tivesse sido feita a partir de
outros materiais, poderia ter-se quebrado, ou
poderia ter sido destruída, mas uma serpente de
bronze duraria enquanto as serpentes abrasadoras importunassem o acampamento
no deserto. Quando um era mordido, ali estava a
serpente de bronze para curá-lo.
Que conforto é este, que Jesus ainda salva perpetuamente a todos os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para
interceder por eles. O ladrão moribundo viu o
brilho da serpente de bronze, quando ele olhou
para Jesus pendurado ao seu lado, e foi salvo, e assim como você e eu podemos olhar e viver,
porque "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e
pelos séculos dos séculos. "
"Minha cabeça desfalecida e meu coração fraco doente,
Ferido, todo machucado,
Eu sinto o aguilhão ardente de Satanás
Envenenado com o orgulho do inferno:
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Mas se à beira da morte,
Dirijo meus olhos para o alto,
Eu vejo Jesus levantado,
E eu vivo por Ele, que morreu por mim. "
Espero que não obscurecer o meu tema com
estas figuras. Eu não quero fazer isso, mas apresentá-los claramente. Para todos os
que sejam realmente culpados, para todos os
que foram mordidos pela serpente, o remédio
certo é olhar para Jesus Cristo, que tomou sobre si os nossos pecados e morreu no lugar do
pecador ", “Aquele que não conheceu pecado, se
fez pecado por nós, para que fôssemos
feitos justiça de Deus nele. " O único remédio de vocês está em Cristo e em nenhum outro lugar.
Olhem para Ele e sejam salvo.
III. Somos levados a considerar agora, em terceiro lugar, a aplicação do remédio ou o elo
entre o homem mordido pela serpente e a serpente de bronze iria curá-lo. Qual era o
vínculo? Era o tipo mais simples imaginável. A
serpente de bronze poderia ser levada pela
ordem de Deus, aonde estava o enfermo pela picada, mas não foi assim.
O remédio poderia ter sido aplicado por fricção: poderia se esperar que o mordido fizesse
alguma forma de oração repetitiva, ou que o
51
sacerdote realizasse uma cerimônia, porém não
havia nada disso, o enfermo somente deveria
olhar.
Foi bom que a cura fosse tão simples, porque o perigo era generalizado. As picadas de cobras
foram dadas de diversas maneiras: um homem
poderia estar recolhendo madeira, ou apenas
caminhando nos arredores, e era mordido. Mesmo agora, no deserto, as cobras são
perigosas. O Sr. Sibree comentou que uma
ocasião ele viu o que parecia ser uma pedra
redonda, muito bem marcada. Ele estendeu a mão para pegá-la, quando, para seu horror,
descobriu que era uma serpente viva que estava
enrolada.
Durante todo o dia, quando as serpentes abrasadoras foram enviadas entre eles, os israelitas deviam ter estado em perigo. Em suas
camas e quando comiam em suas tendas e
quando saíam, eles foram expostos ao perigo.
Essas cobras são chamadas por Isaías "serpentes voadoras", não porque elas realmente voem,
mas porque eles se enrolam e, de repente,
saltam até alcançarem uma altura considerável,
e um homem pode ser surpreendido e atacado a perna enquanto ele ainda está além do alcance
destes répteis malignos.
O que um homem deveria fazer? Não teria nada a fazer, senão ficar de fora da porta da sua tenda,
52
e olhar onde brilhava longe, o fulgor da serpente
de bronze, e no momento que ele olhava ficava
curado. Não teria que fazer nada, senão apenas olhar, não era necessário nenhum sacerdote ou
água santa ou de um abracadraba ou livro de
oração, ou qualquer outra coisa, exceto uma olhada.
Um bispo da Igreja Romana disse a um dos primeiros reformadores, quando ele pregou a
salvação pela fé simples: "Oh senhor abra este
portão para o povo e nós estaremos arruinados."
E arruinados, estão, de fato, pois o negócio e o comércio do sacerdócio estariam acabados para
sempre, se os homens simplesmente
confiassem em Jesus para viverem.
E é assim. Creiam nEle, pecadores, pois este é o significado espiritual de olhar, e imediatamente o seu pecado é perdoado, e ainda mais, o seu
poder mortal deixa de operar dentro do seu
espírito. Há vida em olhar para Jesus. Não é tão
simples?
Mas, por favor, note como era estritamente pessoal. Um homem não poderia ser curado por
qualquer coisa que alguém fizesse por ele. Se ele
foi mordido por uma cobra e se recusou a olhar
para a serpente de bronze, e havia se recolhido para a cama, nenhum médico poderia ajudá-lo.
Uma piedosa mãe poderia se ajoelhar e orar por
ele, mas não adiantaria. As irmãs poderiam vir e
53
implorar-lhe, pastores poderiam ser chamados para orarem para que o homem pudesse viver,
mas morreria, apesar de suas orações, se não
olhasse para a serpente de bronze.
Havia somente uma esperança para sua vida: deveria olhar a serpente de bronze. É exatamente o mesmo com você. Alguns me
escreveram me pedindo para orar por eles:
assim o tenho feito, porém não seria de nenhum
uso a não ser que você mesmo creia em Jesus Cristo. Não há sob as abóbadas do céu, nem no
céu, nenhuma esperança para qualquer um de
vocês, a menos que você creia em Jesus Cristo.
Seja você quem for, por mais mordido que esteja pela serpente, e por mais que esteja próximo da morte, se olhar para o Salvador, viverá, mas se
não fizer isso, você deve ser condenado, tão
certo como você vive. No último grande dia, vou
testemunhar contra você, porque lhe disse direta e claramente. "Aquele que crer e for
batizado será salvo, mas o que não crer será
condenado." Não há nenhuma outra ajuda para
isso, você pode fazer o que quiser: unir-se à igreja que você escolher; tomar a Ceia do
Senhor, se batizar, aplicar-se severas
penitências, ou entregar todos os seus bens para
sustento dos pobres, todavia você é um homem perdido a menos que você olhe para Jesus, pois
Ele é o único remédio, e até mesmo o próprio
Jesus Cristo não pode salvá-lo, a menos que você
54
olhe para Ele. Não há nada em Sua morte que lhe
salve, nada em sua vida que lhe salve, a menos
que você confie nEle. Se resume a isto: você deve
olhar, e olhar para si mesmo.
Então, também, é muito instrutivo. O que significa esse olhar? Isso significa o seguinte: a
autoajuda deve ser abandonada e tem que se
confiar em Deus. O homem ferido diria:.! "Eu não
devo ficar aqui olhando a minha ferida, porque isso não me salvaria.
Vejo onde a cobra me atacou, o sangue está fluindo, tingido de negro pelo veneno. Como
arde e incha. Meu coração desfalece. Mas todas
essas considerações não me aliviarão. Devo
olhar para longe, a serpente de bronze que foi levantada. " É inútil olhar qualquer outro lugar,
exceto ao único remédio ordenado por Deus.
Os israelitas devem ter compreendido isto: que Deus requer que confiemos nele, e que
utilizemos este instrumento de salvação. Devemos fazer conforme o que nos ordene, e
confiar que Ele vai operar a nossa cura, e se não
fizermos isso, nós morremos eternamente.
Esta forma de cura tinha a intenção de que magnificassem o amor de Deus, e atribuíssem a sua saúde inteiramente à graça divina. A
serpente de bronze não foi apenas uma figura,
como já comentei, que mostra que Deus tira o
55
pecado ao aplicar a Sua ira em Seu Filho, senão que foi uma demonstração do amor divino. E eu
sei disso porque o próprio Jesus disse: "Como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim
importa que o Filho do homem seja levantado ... Porque Deus amou o mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito"; afirmando
claramente que a morte de Cristo na cruz foi
uma demonstração do amor de Deus aos homens, e qualquer que olhar para esta
exposição muito grande do amor de Deus ao
homem, isto é, Sua entrega de seu Filho
unigênito para se tornar uma maldição, certamente viverá.
Agora, quando um homem era curado ao olhar para a serpente, não poderia dizer que ele
tinha curado a si mesmo, pois ele apenas olhou
e não havia qualquer poder no seu próprio olhar. Um crente não pode reivindicar qualquer
mérito ou honra, por causa de sua fé. A fé é uma
graça nega o ego, de maneira que nunca venha
a jactar-se. Onde está o grandioso crédito de crer simplesmente na verdade, e humildemente
confiar em Cristo para nos salvar? A fé glorifica
a Deus, e assim nosso Senhor a tem escolhido
como o instrumento da nossa salvação.
Se um sacerdote tivesse se aproximado e tocado o homem mordido, este poderia atribuir alguma
honra ao sacerdote, mas como não havia
nenhum sacerdote envolvido no caso, como não
56
havia necessidade de qualquer coisa exceto
olhar para a serpente de bronze, o homem era levado à conclusão de que o amor e o poder de
Deus lhe haviam curado.
Eu não sou salvo por qualquer coisa que tenha feito, senão pelo que o Senhor fez. Deus quer que
todos nós cheguemos a essa conclusão, todos temos que confessar que se somos salvos, é pela
graça gratuita, rica, soberana e imerecida,
mostrada na pessoa de Seu Filho amado.
IV. Dê-me um momento quanto ao quarto tópico, que é A CURA EFETUADA. O texto nos informa que "quando uma serpente mordia
alguém, olhava para a serpente de bronze, e
vivia", ou seja, era curado imediatamente. Não
teria que esperar cinco minutos ou cinco segundos.
Caro ouvinte, você já ouviu isso antes? Se não tinha ouvido falar, poderia ficar surpreendido,
mas é verdade. Se você tem vivido no pecado
mais negro possível, até este momento, mas se você agora crer em Jesus Cristo será salvo antes
de o relógio bater o seu próximo tic-tac. Isto é
realizado com a velocidade de um relâmpago, o
perdão não é um trabalho de tempo. A santificação requer uma vida inteira, mas a
justificação não precisa mais do que de um
instante. Se você crê, você vive. Se você confiar
57
em Cristo, seus pecados desaparecem, e você é
um homem salvo no instante em que crê.
"Oh", dirá alguém - "isso é uma maravilha." É uma maravilha, e continuará sendo uma maravilha por toda a eternidade. Os milagres de
nosso Senhor quando estava na terra, foram em
sua maioria instantâneos. Ele os tocava e os que
padeciam de febre eram capazes de se levantar e servirem-no. Nenhum médico poderia curar
uma febre dessa maneira, pois gera uma
fraqueza quando o calor da febre diminuiu.
Jesus opera curas perfeitas, e quem nele crê, ainda que tenha crido um só minuto, é
justificado de todos os seus pecados. Oh, a graça
incomparável de Deus!
Este remédio curava uma e outra vez. Muito possivelmente, depois que um homem tinha sido curado, poderia voltar ao trabalho, e ser
atacado por uma segunda serpente, pois
havia ninhadas delas em todos os lugares. O que
deveria fazer? Bem, olhar novamente, e se ele fosse ferido mil vezes, tinha que olhar mil vezes.
Você, querido filho de Deus, se tem pecado contra a sua consciência, olhe para
Jesus. A maneira mais saudável de viver onde
abundam as serpentes, é nunca tirar o olho da serpente de bronze. Ah, vocês víboras, podem
morder se quiserem, pois enquanto que meu
olho estiver pregado na serpente de bronze, eu
58
desafio suas presas e seus sacos de veneno, pois
tenho um remédio permanente operando
dentro de mim. A tentação é vencida pelo
sangue de Jesus. "Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé."
Esta cura era universalmente eficaz para todos os que a usaram. Não houve nenhum caso em
todo o acampamento de Israel, de um homem
que tivesse olhado a serpente de bronze e tivesse morrido, e nunca haverá qualquer caso
de um homem que olhe para Jesus, e permaneça
sob condenação. O crente deve ser salvo.
Algumas das pessoas devem ter olhado a uma longa distância. A haste com a serpente de
bronze não poderia estar à mesma distância de
todos, todavia, desde que pudessem vê-la,
curava a todos, tanto os que estavam perto quanto os que estavam longe.
Tampouco importava se os seus olhos eram fracos. Nem todos os olhos teriam a mesma
capacidade de visão, mas se olharam, viveram.
Talvez o homem não podia discernir a forma da cobra quando olhava. "Ah", disse para si mesmo:
"Eu não posso discernir os contornos da serpente de bronze, mas eu posso ver o brilho do
metal", e viveu.
Oh, pobre alma, talvez não possas ver totalmente a Cristo, nem todas as suas belezas e
59
riquezas de Sua graça, mas se você pode ver que
Ele se fez pecado por nós, viverás. Se você disser:
"Senhor, eu creio, ajuda minha incredulidade:" Sua fé lhe salvará, um pouco de fé vai lhe
proporcionará um grande Cristo, e você
encontrará a vida eterna nEle.
Assim, tentei descrever a cura. Oh, que o Senhor
possa opera essa cura em cada pecador que nos ouve agora. Peço-lhe que o faça.
É um pensamento agradável que se olhassem aquela serpente de bronze, sob qualquer tipo de
luz, viviam. Muitos a contemplaram no brilho do
meio dia, e viam seus contornos reluzentes, e viviam, mas não me surpreenderia que alguns
foram mordidos durante a noite, e a luz da lua
apareceu e olhavam para cima e viviam. Talvez
fosse uma noite escura e tempestuosa, e não havia nenhuma estrela visível. A tempestade
ribombava nas alturas, e das nuvens se
desprendiam os relâmpagos. Pelo brilho desta
luz repentina, o moribundo via a serpente de bronze, e pelo único instante em que a viu, vivia.
Da mesma forma, um pecador, se sua alma está
envolvida na tempestade, e se a nuvem mostra
um único raio de luz, olhe para Jesus Cristo com a ajuda dos raios e viva.
V. Concluo com este último ponto de reflexão: Há aqui uma lição para aqueles que amam o seu
Senhor. O que devemos fazer? Devemos
60
imitamos Moisés, cuja responsabilidade era
colocar a serpente de bronze em uma haste. É,
portanto, sua responsabilidade como a minha levantar o Evangelho de Jesus Cristo para que
todos possam vê-Lo. Tudo o que Moisés teria
que fazer era colocar a serpente de bronze à
vista de todos. Ele não disse: "Aarão, traga o seu incensário, e traz contigo muitos sacerdotes, e
formem uma nuvem de incenso." Ele não disse
"Eu mesmo vou usar o meu traje de legislador, e
eu estarei lá." Não, Moisés não tinha nada a ver com o que era pomposo e cerimonial. Somente
tinha que mostrar a serpente de bronze e deixá-
la descoberta e disponível ao olhar de todos. Ele
não disse: "Aarão traga aqui um manto de ouro e envolve a serpente em linho fino azul e
escarlate." Um ato assim teria sido, certamente
contrário às suas ordens. Ele deveria manter a
serpente descoberta. Seu poder estava em si, e não o que a rodeava. O Senhor não lhe disse para
pintar a haste e decorá-la com as cores do arco-
íris. Oh, não. Qualquer haste serviria. Os
moribundos não necessitavam ver a haste, eles precisavam apenas de ver a serpente. Eu diria
que ele fez uma haste nítida, porque a obra de
Deus deve ser feito com decência, mas ainda
assim, a serpente era tudo que eu tinha para ser olhado.
Isso é o que temos que fazer com nosso Senhor. Temos que pregamos a Cristo, ensiná-lo, e
torná-lo visível para todos. Não devemos Lhe
61
ocultar com os nossos intentos de envolvê-lO
com a eloquência e o conhecimento. Temos que
acabar com a haste polida da eloquência, e aqueles pedaços de carmesim e azul, na forma
de frases grandiosas e estrofes poéticas. Tudo
deve ser feito para que Cristo possa ser visto, e não deve ser tolerado nada que o oculte.
Moisés pode ir para casa e se deitar uma vez que a serpente está levantada. Tudo o que é
necessário é que a serpente de bronze esteja
visível tanto de dia como de noite. O pregador
pode se ocultar a tal ponto que ninguém saiba quem ele é, pois, se expuser a Cristo, é melhor
que não se interponha.
Agora, vocês, mestres, ensinem a Jesus a seus filhos. Mostrem a eles a Cristo crucificado.
Mantenham a Cristo diante deles. Vocês que são jovens e intentam pregar, não tentem faze-Lo de
maneira grandiosa. A verdadeira grandeza da
pregação consiste em que Cristo seja
grandiosamente exibido nela. Não é necessária qualquer outra grandeza. Mantenham o ego em
segundo plano, porém coloquem Jesus Cristo no
meio do povo, evidentemente crucificado entre
eles. Ninguém, senão Jesus. Ele deve ser a suma e a substância de todos os seus ensinamentos.
Alguns de vocês têm olhado a serpente de bronze, eu sei, e têm sido curados, porém, o que
têm feito com a serpente de bronze desde
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então? Não têm vindo à frente para confessarem
a sua fé e se juntar à igreja. Não têm falado com
ninguém sobre a sua alma. Colocaram a serpente de bronze em um baú e a esconderam.
Isso é correto? Tirem-na e a coloquem numa
haste. Preguem a Cristo e Sua salvação. A intenção nunca foi que fosse tratado como uma
curiosidade de museu, o objetivo é que seja
exibido nas ruas para que aqueles que têm sido
mordidos possam olhar para Ele.
"Mas eu não tenho uma haste adequada", diz
alguém. O melhor tipo de haste para mostrar Cristo, é a que seja muito alta, para que possam
vê-lO de longe. Exaltem a Jesus. Falem bem do
Seu nome. Não conheço nenhuma outra virtude
que possa estar na haste, senão a sua altura. Quanto mais puderem falar em louvor do seu
Senhor, quanto mais alto possam levantá-Lo,
será melhor. Levantem a Cristo de verdade.
"Oh", diz alguém: "mas eu não tenho uma haste
longa." Então você tem que levantá-lo com o que tiver, pois existem pessoas ao seu redor de baixa
estatura que seriam capaz de vê-Lo através de
você.
Creio que lhes tenha falado uma vez do quadro que vi da serpente de bronze. Quero que os professores da escola dominical ouçam isso. O
artista representou todos os tipos de pessoas
reunidas em torno da haste, e quando olhavam,
63
as horríveis serpentes se desprendiam de seus
braços, e viviam.
Havia tal multidão em torno da haste que uma mãe não pôde se aproximar dela. Ela estava carregando um bebê que tinha sido mordido por
uma cobra. Você pode ver os sinais azul do
veneno. Desde que não poderia chegar mais
perto, a mãe segurava a criança no alto, e virou a cabeça para que ele pudesse ver com seus
olhos infantis a serpente de bronze e poderia
viver.
Façam isso com as crianças pequenas a seu cuidado, vocês que são professores de escolas dominicais. Mesmo que ainda sejam muito
pequenos, orem para que olhem para Jesus
Cristo e vivam, pois não há um limite de idade
estabelecido. Idosos mordidos por serpentes viriam cambaleando sobre suas muletas. "Eu
tenho 80 anos de idade", disse alguém, "mas eu
olhei para a serpente de bronze, e estou curado."
Crianças pequenas foram levadas por suas mães, mas ainda não podiam falar claramente, e
gritavam em sua linguagem infantil: ". Eu olho a
grande serpente e sou abençoado”
Todos as classes e gêneros, e personalidades e disposições olharam e viveram. Quem quer olhar para Jesus nesta boa hora? Oh almas
queridas, querem ter vida ou não? Desprezarão
a Cristo e perecerão? Se assim for, seu sangue
64
caia sobre as suas próprias vestes. Eu lhs tenho
falado do caminho da salvação de Deus, e vocês
têm que se apegar a ele. Olhem para Jesus
imediatamente. Que Seu Espírito os conduza gentilmente a fazê-lo. Amém.
Quanto a este sermão disse Spurgeon:
"Eu apreciaria muito se este sermão pudesse ser amplamente distribuído. Eu pedi aos
impressores, os Srs. Passmore e Alabaster, que
o publiquem em forma de livro. Pode ser obtido a um preço altamente adequado". Charles
Haddon Spurgeon.
65
Focalizando o Ponto Correto, Principal e
Vital
O apóstolo João destacou em seu evangelho nem tanto os milagres de cura de nosso Senhor Jesus
Cristo, conforme estes se acham registrados
nos chamados evangelhos sinópticos, mas
concentrou sua narrativa especialmente naquelas coisas essenciais e indispensáveis à
nossa salvação, porque foi nisto também que
nosso Senhor concentrou em Seu ministério
terreno todos os Seus esforços, porque afinal viera a este mundo com a missão de salvar
pecadores.
Daí lermos estas suas seguintes palavras em Jo 3.17 e 12.47:
“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (Jo 3.17)
“E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar, eu não o julgo; pois eu vim, não para
julgar o mundo, mas para salvar o mundo.” (Jo
12.47)
É importante se frisar que as passagens de Jo 3.1-21 e Jo 12.20-36 estão intimamente relacionadas, porque na primeira, João destaca o ensino de
Jesus sobre a salvação no discurso que fizera a
Nicodemos, e em Jo 12.20-36 temos, a
66
reafirmação do ensino de Jo 3.1-21, quando ele
estava em Jerusalém às portas da Sua crucificação, que seria o ponto de partida para a
salvação de pessoas em todas as partes do
mundo.
Nestas duas passagens citadas nosso Senhor
destacou o modo pelo qual ocorreria tal salvação e o que seria necessário fazer para
alcançá-la, e além disso Ele citou qual é o
propósito de Deus na referida salvação, e no que
ela consiste realmente.
Ora, se nosso Senhor definiu o que é e qual é o propósito e o modo da salvação, conforme isto
se encontra relacionado à Sua missão em
relação a nós pecadores, faríamos bem, então,
em prol do destino eterno de nossas almas, concentrarmos a nossa atenção e esforços,
justamente em compreender tais palavras.
Veja que na passagem de João 3.1-21, Nicodemos falou de Deus, dos milagres realizados por Jesus,
e que entendia que por isso Ele era Mestre vindo da parte de Deus, e que Deus era com Ele, Jesus,
mas recebeu da parte de nosso Senhor a
afirmação de que ele, Nicodemos, não conhecia
nem a Ele, nem ao Pai, nem ao reino de Deus, apesar de tudo quanto havia afirmado, que
poderia dar a impressão de que ele havia se
convertido de fato.
67
Então nosso Senhor passou a instruir Nicodemos lhe dizendo que toda a possibilidade
de se conhecer de fato a Deus e entrar no Seu
reino, decorre de uma experiência transformadora de vida com o Espírito Santo.
E que o motivo de tal operação transformadora é o de revivificar nossos espíritos, para que
possamos responder ao amor de comunhão
com Deus.
Assim, quando nosso Senhor disse que “Deus
amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê
não pereça mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16)
tencionava nos ensinar que não é possível ter
qualquer comunhão com Deus sem que se tenha fé em Seu Filho Jesus Cristo.
E que o objetivo principal desta fé é nos gerar novas criaturas, com um espírito vivificado pelo
Espírito Santo, o qual possa responder ao amor
de Deus, que se traduz principalmente em comunhão, porque a comunhão é uma das
partes principais da expressão do espírito
divino.
Somente no Espírito de Deus, que é um espírito vivo, residem em plenitude e perfeição todas as faculdades essenciais do espírito, como as da
comunhão, da intuição e da consciência, e estas
faculdades somente podem ser experimentadas
68
por aqueles que tiverem seus espíritos revivificados pelo Espírito Santo, e daí ter nosso
Senhor proferido a Nicodemos que nos importa
a nós pecadores, nascermos do Espírito Santo, para que possamos entrar no reino de Deus.
Na passagem de Jo 12.24-26, nosso Senhor definiu o resultado da salvação com as seguintes
palavras:
“24 Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só;
mas se morrer, dá muito fruto.
25 Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para
a vida eterna.
26 Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se
alguém me servir, o Pai o honrará.” (Jo 12.24-26)
Ele deixou claro que esta vida divina, que
procede do céu, decorre de um processo de morte e ressurreição, e que demanda portanto a
morte do nosso ego pecaminoso, para vivermos
pela vida do próprio Cristo.
E ainda, que tal renascimento espiritual tem por alvo nos conduzir a viver não mais solitariamente, quanto a não termos comunhão
real no espírito com Deus e com os que são
nascidos do Espírito, mas a vivermos num corpo
69
do qual o próprio Cristo é a cabeça, a saber, a Sua
Igreja.
Sem esta morte referida do ego, que Jesus chamou de “odiar a vida”, nada mais é do que o ato de se aborrecer a própria vontade para que
se possa fazer a de Deus, porque a palavra “vida”
no citado texto vem do original grego “psique”,
que significa alma. Está em vista então não vivermos pela alma mas pelo espírito
revivificado pelo Espírito Santo.
Em suma, nosso Senhor quer nos ensinar que não é possível ter comunhão, intuição e
consciência espirituais plenas, divinas e verdadeiras, sem esta vida do Espírito Santo no
nosso espírito, e que não poderemos ter isto sem
esta disposição de morrermos para a nossa
própria vontade pecaminosa, para praticarmos a vontade de Deus revelada na Sua Palavra.
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“A salvação é do Senhor." (Jonas 2.9)
A salvação é obra de Deus. É somente ele que vivifica a alma "morta em delitos e pecados", e é
ele também que mantém a alma em sua vida
espiritual.
Ele é tanto "Alfa e Ômega". "A salvação é do Senhor". Se eu estou em oração, Deus me faz
orar; se eu tenho graças, elas são dons de Deus
para mim, se eu mantenho uma vida coerente, é
porque ele me sustenta com sua mão.
Eu não faço nada para a minha própria
preservação, exceto o que Deus fez primeiro em mim. Qualquer bem que eu tenha, vem somente
do Senhor. Se eu peco, isto procede de mim, mas
quando ajo corretamente, isto vem de Deus, total e completamente.
Se eu tenho repelido um inimigo espiritual, é a força do Senhor que sustenta meu braço. Eu vivo
diante dos homens uma vida consagrada? Não
sou eu, é Cristo que vive em mim.
Estou santificado? Eu não purifico a mim mesmo; é o Espírito Santo de Deus que me santifica. Estou desmamado do mundo? Eu sou
desmamado por Deus com aflições santificadas
para o meu bem.
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Eu cresço em conhecimento? O grande Instrutor me ensina. Todas as minhas joias
foram formadas pela arte celeste. Acho em Deus tudo o que eu necessito, mas acho em mim
mesmo nada além de pecado e miséria.
"Somente ele é a minha rocha e a minha
salvação."
Eu me alimento da Palavra? Essa Palavra não seria comida para mim a menos que o Senhor a
fizesse alimento para a minha alma, e me
ajudasse a alimentar-me dela. Eu vivo do maná
que cai do céu? O que é o maná, senão o próprio Jesus Cristo encarnado, cujo corpo e cujo
sangue eu como e bebo? Estou continuamente
recebendo aumento de forças renovadas? Onde
eu reúno minhas forças? O meu socorro vem das colinas do céu: sem Jesus nada posso fazer.
Como o ramo não pode dar fruto se não
permanecer na videira, não mais posso eu, se
não permanecer nele. O que Jonas aprendeu no grande abismo, deixe-me aprender em oração
no meu quarto: "A salvação é do Senhor."
Texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr
Silvio Dutra.
72
O Ladrão Que Creu
“Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Respondeu-lhe Jesus: Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:42, 43).
Faz algum tempo que preguei sobre a história
completa do ladrão moribundo. Não me
proponho a fazer o mesmo no dia de hoje, somente quero vê-lo desde um ponto de vista
específico. A história da salvação do ladrão
agonizante é um exemplo notável do poder de
salvação de Cristo, e de sua abundante disposição para receber a todos que vêm a Ele,
em qualquer condição em que possam estar.
Não posso considerar este ato de graça como um
exemplo solitário, como tampouco a salvação de Zaqueu, a restauração de Pedro, ou o chamado
de Saulo, o perseguidor.
Em certo sentido, toda conversão é única: não há duas iguais, e contudo, qualquer conversão é
um modelos de outras. O caso do ladrão moribundo é muito mais semelhante à nossa
conversão, do que diferente; de fato, seu caso se
pode considerar mais como típico do que como
um fato extraordinário, e assim o considerarei neste momento. Que o Espírito Santo fale por ele
para alentar aqueles que estão à beira do
desespero!
73
Recordem, amados amigos, que nosso Senhor Jesus, no momento que salvou a esse malfeitor,
estava em seu ponto mais baixo. Sua glória havia minguado no Getsêmani, e diante de Caifás,
Herodes e Pilatos; mas agora havia alcançado
seu nível mais baixo. Despido de sua túnica, e
cravado na cruz, a atrevida multidão zombava de nosso Senhor que, agonizante, estava
morrendo; então Ele “foi contado entre os
transgressores” e foi feito como escória de todas
as coisas. Contudo, ainda nessa condição, concluiu esse maravilhoso ato de graça. Vejam a
maravilha produzida pelo Salvador despojado de
toda Sua glória, e pregado no madeiro em um
espetáculo de vergonha, à beira da morte! Quão certo é que pode fazer grandes maravilhas de
misericórdia agora, visto que regressou a Sua
glória, e está assentado no trono de luz! “Pode
salvar por completo aos que por meio dele se achegam a Deus, posto que vive para sempre
para interceder por eles”.
Se um Salvador agonizante salvou o ladrão, meu argumento é que Ele pode fazer ainda mais
agora que vive e reina. Todo poder no céu e na terra Lhe foi dado; pode algo no momento
presente se sobrepor ao poder de Sua graça?
Não é somente a debilidade de nosso Salvador
que faz memorável a salvação do ladrão penitente; é o fato de que o malfeitor moribundo
o viu diante de seus próprios olhos. Você pode se
pôr em seu lugar, e imaginar a alguém que está
74
suspenso em agonia de uma cruz? Poderia facilmente crer que era o Senhor da glória, e que
logo iria a seu reino?
Não seria pouca a fé para que, em um momento assim, cresse em Jesus como Senhor e Rei. Se o
apóstolo Paulo estivesse aqui, e quisesse agregar um versículo ao Novo Testamento, ao
capítulo onze do Livro de Hebreus, começaria
certamente seus exemplos de fé admirável com
a fé deste ladrão, que creu em um Cristo crucificado, ridicularizado e agonizante, e
clamou a Ele como a alguém cujo reino viria
com certeza. A fé do ladrão foi ainda mais
notável porque estava sob uma terrível dor, e condenado a morrer. Não é fácil exercitar a
paciência quando se é torturado por uma
angústia mortal. Nosso próprio descanso
mental às vezes se vê perturbado pela dor do corpo quando somos sujeitados por um
sofrimento agudo, não é fácil mostrar essa fé
que cremos possuir em outras situações. Este
homem, sofrendo como estava, e vendo ao Salvador em um estado tão triste, contudo,
ainda assim creu para a vida eterna. Fala aqui
uma fé que raramente se vê.
Recordem, também, que estava rodeado de zombadores. É fácil nadar com a corrente, mas é duro ir contra ela. Este homem ouviu os
sacerdotes orgulhosos, quando ridicularizavam
ao Senhor, e a grande multidão do povo, todos a
75
uma só voz, unirem-se no escárnio; seu companheiro captou o espírito da hora e
também zombou, e ele talvez tenha feito o
mesmo por um breve momento; mas pela graça
de Deus foi transformado, e creu no Senhor Jesus apesar de todo seu desprezo. Sua fé não foi
afetada pelo que o cercava; ele, pelo contrário,
ladrão agonizante como era, se reafirmou em sua confiança. Como uma rocha saliente,
colocada no meio da torrente de águas, declarou
a inocência do Cristo, de quem outros
blasfemavam. Sua fé é digna de que a imitemos em seus frutos. Nenhum outro membro de seu
corpo estava livre exceto sua língua, e a utilizou
sabiamente para repreender a seu irmão
malfeitor, e defender ao Seu Senhor. Sua fé tornou manifesto um valente testemunho e
uma confissão ousada. Não vou elogiar o ladrão,
ou a sua fé, mas a exaltar a glória dessa graça
divina que deu ao ladrão uma fé assim, e logo imerecidamente o salvou por seu meio. Estou
ansioso de mostrar quão glorioso é o Salvador,
esse Salvador que salva de maneira completa,
aquele que em um momento assim, pôde salvar a esse homem, e dar-lhe uma fé tão grande, e tão
perfeita e rapidamente prepará-lo para a
felicidade eterna. Vejam o poder desse Espírito
que podia produzir tal fé em um solo tão pouco promissor, e em um clima tão pouco propício.
Entremos de imediato no centro do nosso
sermão.
76
Primeiro, observem ao homem que foi o último companheiro de nosso Senhor na terra;
segundo, observem que esse mesmo homem foi o primeiro companheiro de nosso Senhor na
porta do paraíso; e terceiro, vejamos o sermão
que nosso Senhor nos prega neste ato de graça.
Oh, que o Espírito Santo abençoe este sermão do princípio ao fim!
I. Com muito cuidado OBSERVEMOS QUE O LADRÃO CRUCIFICADO FOI O ÚLTIMO
COMPANHEIRO DE NOSSO SENHOR NA
TERRA. Que triste companhia nosso Senhor selecionou quando esteve aqui. Não se juntou
com os religiosos fariseus nem com os
filosóficos saduceus, senão que era conhecido
como o “amigo de publicanos e de pecadores”. Como me regozijo nisto! Me dá a segurança de
que Ele não recusará associar-se comigo.
Quando o Senhor Jesus me fez seu amigo,
seguramente que não fez uma seleção que lhe trouxesse crédito. Crês que ganhou alguma
honra quando te fez seu amigo? Acaso ganhou
algo por causa de nós alguma vez? Não, irmãos
meus; se Jesus não tivesse se inclinado tão baixo, talvez não teria vindo a mim; e se não tivesse
procurado ao mais indigno, não teria vindo a ti.
Assim o sentes, e estás agradecido pois Ele veio
“não para chamar a justos, senão pecadores”. Como o Grande Médico, nosso Senhor passava
muito tempo com os enfermos: se dirigia para
onde podia exercitar sua arte de curar.
77
Os sãos não necessitam de um médico: não podem apreciá-lo, nem oferecem a
oportunidade para que ele exercite sua habilidade; por conseguinte, Ele não frequentou
suas moradas. Sim, depois de tudo, nosso
Senhor fez uma boa escolha quando te salvou e
quando me salvou; em nós encontrou abundante campo para a sua misericórdia e
graça. Houve suficiente espaço para que Seu
amor pudesse trabalhar dentro dos terríveis
vazios de nossas necessidades e pecados; e ali Ele fez grandes coisas por nós, pelas quais nos
alegramos.
Para que não haja aqui alguém que se desespere e diga: “nunca se dignará a olhar para mim,”
quero que estejam advertidos que o último companheiro de Cristo na terra foi um pecador,
e não um pecador comum. Havia transgredido
as leis do homem, pois era um ladrão. Alguém
que se chama “bandido”; e suponho que provavelmente esse era o caso. Os bandidos
desses dias mesclam o assassinato com seus
roubos: era provavelmente um pirata armado
contra o governo romano, fazendo disto um pretexto para saquear se a ele fosse apresentada
a oportunidade. Ao fim, foi feito prisioneiro e foi
condenado por um tribunal romano, que de
forma geral, era usualmente justo, e neste caso, certamente o foi; pois o mesmo confessa a
justiça de sua condenação. O malfeitor que creu
na cruz era um ladrão convicto, que havia
78
permanecido na cela dos condenados e logo
sofreria a pena capital por seus crimes. Um
criminoso convicto era a última pessoa com a qual nosso Senhor teve que tratar nesta terra.
Que amante das almas dos culpados é Ele! Como
se inclina até o mais baixo da humanidade! À
este homem tão indigno, antes que deixasse a vida, o Senhor da glória falou com graça
incomparável, falou-lhe com palavras tão
maravilhosas como nunca se poderão superar
ainda que procures em todas as Escrituras: “Hoje estarás comigo no paraíso.”
Não creio que em nenhuma parte deste Tabernáculo se encontre alguém que tenha sido
convencido diante da lei, que nem sequer se
possa culpar de uma transgressão contra a honestidade comum; mas se houvesse uma
pessoa assim entre os meus ouvintes, a
convidaria a que encontrar perdão e
transformação em seu coração por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Podes chegar a Ele,
quem quer que sejas; este homem o fez. Aqui há
um exemplo de alguém que havia chegado ao
fundo da culpa, e que o reconheceu; não procurou desculpas, nem buscou um manto
para tapar seu pecado; estava nas mãos da
justiça, enfrentando sua sentença de morte, e
contudo creu em Jesus, e disse uma humilde oração para Ele, e ali mesmo foi salvo. Como é a
amostra assim é o todo. Jesus salva a outros do
mesmo tipo. Por isso, deixem-me expor de
79
forma muito simples, de maneira que ninguém
me interprete mal, nenhum de vocês está
excluído da infinita misericórdia de Cristo, por maior que seja a iniquidade de vocês: se creem
em Jesus, Ele os salvará.
Este homem não somente era um pecador; era um pecador que apenas havia despertado. Não
creio que antes tivesse pensado seriamente no Senhor Jesus. De acordo com os outros
evangelistas, parece que se tinha unido com seu
companheiro ladrão para zombar de Jesus: se
em realidade não utilizou palavras de opróbrio, no mínimo chegou a consentir com elas, de
maneira que o evangelista não lhe fez injustiça
quando disse, “também os ladrões que estavam
crucificados com ele lhe injuriavam da mesma maneira”. Contudo, repentinamente, se
desperta a convicção de que o homem que está
agonizando ao seu lado é algo mais que um
homem. Lê o título sobre a sua cabeça, e acertadamente crê: “Este é Jesus, o rei dos
judeus”. Ao crer-lhe assim, fez sua petição ao
Messias, que havia encontrado havia pouco
tempo, e se encomenda em suas mãos. Querido leitor, vês esta verdade, que no momento em
que um homem sabe que Jesus é o Cristo de
Deus pode pôr de imediato confiança Nele e ser
salvo? Um certo pregador, cujo evangelho era muito duvidoso, dizia: “vocês, que viveram no
pecado por cinquenta anos, creem que em um
instante podem ser limpos pelo sangue de
80
Jesus?” Respondo: “Sim, certamente cremos que em um instante, por meio do precioso
sangue de Jesus, a alma mais negra pode se
tornar branca. Certamente cremos que em um
simples instante podem ser absolutamente perdoados os pecados de sessenta ou setenta
anos, e que a velha natureza, que ia se tornando
cada vez pior, pode receber sua ferida de morte
em um instante, enquanto a vida eterna pode ser implantada de imediato na alma.” Assim foi
com este homem. Havia tocado no fundo, mas
em um momento, se despertou a convicção de
que o Messias estava junto a ele, e crendo, o viu e viveu.
Assim que, meus irmãos, se vocês nunca tiveram uma convicção religiosa em suas vidas,
se viveram até agora uma vida totalmente ímpia,
ainda assim, se neste exato momento creem que o amado Filho de Deus veio ao mundo para
salvar aos homens do pecado, e sinceramente
reconhecem seus pecados e confiam Nele,
imediatamente serão salvos. Sim, enquanto digo estas palavras, a obra da graça pode ser
consumada pelo Ser glorioso que foi ao céu com
poder onipotente para salvar.
Desejo expor este caso de forma muito simples: este homem que foi o último companheiro de Cristo sobre a terra, era um pecador na miséria.
Seus pecados lhe haviam encurralado: agora
tinha a recompensa por suas obras.
81
Constantemente encontro pessoas nesta
condição: viveram uma vida de libertinagem, excessos e descuidos, e começam a sentir que
caem em seus corpos as chamas de fogo da
tempestade da ira; vivem em um inferno
terreno, um prelúdio da condenação eterna. O remorso como uma áspide os picou,
convertendo seu sangue em fogo. Este homem
estava neste terrível estado, e mais, estava no extremo. Já não podia viver muito: a crucificação
era inevitavelmente fatal; em pouco tempo as
pernas lhe romperiam para pôr fim a sua
existência infeliz. Ele, pobre alma, não tinha de vida senão um curto espaço do meio-dia ao pôr-
do-sol; mas esse era o tempo suficiente para o
Salvador, que é poderoso para salvar. Alguns
têm muito medo que as pessoas adiem o momento de vir a Cristo se afirmamos isto. Não
posso impedir o que os homens de má fé façam
com a verdade, mas eu vou proclamá-la de todas
as maneiras. Se estão a uma hora de morrer, creiam no Senhor Jesus Cristo, e serão salvos. Se
não chegarem jamais a seus lares, porque
poderão morrer no caminho, se agora creem no
Senhor, serão salvos de imediato. Olhando para Jesus e confiando nele, Ele lhes dará um coração
novo e um espírito reto, e tirará a mancha dos
vossos pecados. Esta é a glória da graça de Cristo.
Como gostaria de enaltecer sua graça com uma linguagem adequada! A última vez que foi visto
na terra antes de morrer foi em companhia de
um criminoso convicto, a quem falou da
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maneira mais amorosa. Venham, oh culpados, e Ele os receberá com abundante graça!
Mais ainda, este homem a quem Cristo salvou no último momento era um homem que já não
podia realizar boas obras. Se a salvação fosse
pelas boas obras, não poderia ter sido salvo; posto que estava atado de pés e mãos ao madeiro
de seu destino funesto. Tudo havia terminado
para ele quanto a qualquer ato ou obra de
justiça. Poderia dizer uma ou duas boas palavras, mas isso era tudo; não podia executar nada bom;
se sua salvação tivesse dependido de uma vida
ativa de serviço, certamente que nunca poderia
ter sido salvo. Como pecador que era, não podia exibir um arrependimento duradouro do
pecado, pois tinha curtíssimo tempo para viver.
Não podia ter experimentado uma amarga
convicção de seus atos, que tivesse durado meses e anos, pois seu tempo estava medido em
instantes, e estava à beira da sepultura. Seu fim
estava muito perto, e contudo, o Salvador o pôde
salvar, e o salvou tão perfeitamente que antes do pôr-do-sol, estava no paraíso com Cristo.
Este pecador, que não pude descrever com cores demasiadamente negras, foi um que creu
em Jesus, e confessou sua fé. Confiou no Senhor.
Jesus era um homem, e assim ele lhe chamou; mas também soube que era o Senhor, e assim
lhe chamou e disse: “Senhor, lembra-te de
mim”. Tinha tal confiança em Jesus que se tão
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somente o Senhor pensasse nele, se tão-
somente o recordasse quando chegasse ao seu
reino, isso seria o que pediria dele. Ah, meus queridos leitores! A inquietude que sinto por
alguns de vocês é que sabem tudo acerca do
Senhor, e contudo não confiam nele. A
confiança é o ato salvador. Há alguns anos estavam no ponto de confiar realmente em
Jesus, mas agora seguem tão distantes dele
como estavam então. Este homem não titubeou:
se agarrou a essa única esperança. Não guardou em sua mente a segurança no Senhor como
Messias como uma crença seca, morta, senão
que a transformou em confiança e oração,
“Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. Oh, que muitos de vocês possam
confiar neste dia, na infinita misericórdia do
Senhor! Seriam salvos, estou seguro que
seriam: se vocês, ao confiarem Nele não são salvos, eu mesmo teria que renunciar a toda
esperança. Isto é tudo o que nós temos feito:
temos visto, e temos vivido, e continuamos
vivendo porque vemos ao Salvador vivente; oh, que esta manhã, ao sentir o pecado, vejam a
Jesus, confiando nele, e confessando essa
confiança! Reconhecendo que Ele é Senhor para
a glória de Deus Pai, vocês devem e serão salvos.
Como consequência de ter esta fé que o salvou, este pobre homem disse uma oração humilde
porém apropriada, “Senhor, lembra-te de mim”.
Isto não parece que seja pedir muito, mas como
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ele o compreendeu, é tudo o que um coração
ansioso poderia desejar. Ao pensar no reino,
tinha uma tão clara ideia da glória do Salvador, que sentiu que se o Senhor tão somente
pensasse nele, seu estado seria salvo. José na
prisão, pediu ao copeiro do rei que se lembrasse
dele quando o rei restaurasse seu posto; porém o copeiro o esqueceu. Nosso José nunca esquece
um pecador que clama a Ele dentro do mais
profundo calabouço; em seu reino recorda os
lamentos e queixas dos pobres pecadores oprimidos pelo sentimento de seu pecado. Não
podes orar nesta manhã, e desta maneira
assegurar-te um lugar na memória do Senhor
Jesus?
Assim intentei descrever ao homem, e depois de ter feito o melhor que pude, falharei em meu
propósito a menos que os faça ver que qualquer
coisa que este ladrão tenha sido, não é senão
uma descrição do que vocês são. Especialmente se foram grandes pecadores, e se viveram muito
tempo sem se preocuparem pelas coisas
eternas, são como este malfeitor; e contudo,
vocês, sim, vocês, podem fazer o que o ladrão fez; podem crer que Jesus é o Cristo e
encomendar suas almas em suas mãos, e Ele os
salvará tão seguramente como salvou ao
bandido condenado. Jesus com graça abundante disse: “Ao que vem a mim, de maneira alguma o
lançarei fora”. Isto significa que se vocês vêm e
confiam Nele, não importa o que sejam, Ele, por
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nenhuma razão, e sob nenhum fundamento, nem circunstância, os lançará fora.
Compreendem esse pensamento? Sentem que
lhes pertence, e que, se vão a Ele, encontrarão
vida eterna? Me regozijo se já percebem esta verdade.
Há poucas pessoas que tenham tanto trato com almas abatidas e desesperadas como eu. Pobres
rejeitados me escrevem continuamente.
Apenas sei o motivo. Não tenho um dom especial para consolar, mas com gosto me
inclino a reconfortar aos afligidos, e parece que
eles sabem. Que alegria tenho quando vejo a um
desalentado que encontrou a paz! Tive esta alegria várias vezes durante a semana que acaba
de terminar. Quanto desejo que alguns de vocês,
que têm o coração destroçado, porque não
podem encontrar perdão, quisessem vir ao meu Senhor, e confiar Nele, e descansar! Ele não
disse: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu os aliviarei”?
Venham e o ponham à prova, e o descanso será de vocês.
II. Em segundo lugar, OBSERVEM QUE ESTE HOMEM FOI O COMPANHEIRO DE NOSSO
SENHOR NA PORTA DO PARAÍSO. Não vou
especular quanto ao lugar para onde foi nosso Senhor quando abandonou o corpo que estava
pregado na cruz. Por algumas Escrituras parece
que desceu ao centro da terra, para que pudesse
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cumprir todas as coisas. Mas Ele atravessou
rapidamente as regiões dos mortos. Recordem que Ele morreu, talvez uma hora ou duas antes
do ladrão, e durante esse tempo a glória eterna
brilhou através do mundo subterrâneo, e estava
fulgurando através das portas do paraíso justo quando o ladrão perdoado entrava no mundo
eterno. Quem é este que entra pela porta de
pérolas ao mesmo tempo que o Rei da glória?
Quem é este favorecido companheiro pelo Redentor? É um mártir digno de honra? É um
fiel apóstolo? É um patriarca, como Abraão; ou
um príncipe, como Davi? Não, nenhum deles.
Vejam, e assombrem-se com a graça soberana! O que entra pela porta do paraíso, com o Rei da
glória, é um ladrão, que foi salvo em um decreto
de morte. Não é salvo de uma maneira inferior,
nem é recebido na beatitude de um modo secundário. Verdadeiramente, há últimos que
serão primeiros!
Aqui gostaria que notassem a condescendência da eleição de nosso Senhor. O camarada do
Senhor da glória, por quem o querubim deixa de lado sua espada de fogo, não é uma grande
pessoa, senão um malfeitor recentemente
convertido. E por quê? Penso que o Salvador o
tomou com Ele como um exemplo do que Ele queria realizar. Parecia dizer a todos os poderes
celestiais: “Trago um pecador comigo; é uma
amostra do restante”.
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Vocês não ouviram daquele que sonhou que
estava em frente das portas do céu e enquanto estava ali, ouviu uma música doce de um grupo
de veneráveis pessoas que seguiam seu
caminho até a glória? Entraram pelas portas
celestiais, e houve grande regozijo e exclamações. Ao perguntar: “quem são estes?”,
lhe foi dito que eles eram a boa companhia dos
profetas. Suspirou e disse: “Ai! Não sou um deles”. Esperou um pouco, e outro grupo de
seres brilhantes se aproximou, e adentraram ao
céu com aleluias, e quando perguntou: “Quem
são estes e de onde vêm?”, a resposta foi: “Este é o glorioso grupo dos apóstolos”. Outra vez
suspirou e disse: “Não posso entrar com eles”.
Então veio outro grupo de homens com túnicas
brancas e levando palmas em suas mãos, esses homens andaram em meio de grandes
aclamações dentro da cidade dourada. Soube
então que era o nobre exército dos mártires; e
outra vez chorou, e disse: “não posso entrar com estes”. Ao final ouviu as vozes de muita gente, e
viu uma multidão maior que avançava, entre os
quais percebeu a Raabe e Maria Madalena, Davi
e Pedro, Manassés e Saulo de Tarso, e observou especialmente ao ladrão, o que morreu à destra
de Jesus. E foram se aproximando das portas
celestiais. Então ansiosamente perguntou:
“quem são estes?” E lhe responderam: “esta é a hoste de pecadores salvos pela graça”. Então se
pôs extremamente contente, e disse: “eu posso
entrar com estes”. Ainda que pensou que não
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haveria aclamações quando esta multidão chegasse ante as portas e que entrariam no céu
sem cânticos; contudo, pareceu que se
levantava um louvor sete vezes maior com
aleluias para o Senhor do amor; porque há alegria entre os anjos de Deus pelos pecadores
que se arrependem. Eu convido a qualquer
pobre alma que não aspira servir a Cristo, nem
sofrer por Ele todavia, que no entanto, venha à companhia de Jesus com outros pecadores
crentes, pois Ele nos abre uma porta diante de
nós.
Enquanto analisamos este texto, observem bem o bendito lugar ao qual o Senhor chamou a este penitente. Jesus disse: “Hoje estarás comigo no
paraíso”. Paraíso significa jardim, um jardim
cheio de deleites. O jardim do Éden é o tipo do
céu. Sabemos que paraíso significa céu, pois o apóstolo nos fala de um homem que foi
arrebatado ao paraíso, e em seguida lhe chama
o terceiro céu. Nosso Salvador levou este ladrão
agonizante ao paraíso de deleite infinito, e é para ai onde levará a todos nós, pecadores que
cremos nele. Se confiarmos nele, ao final
estaremos com Ele no paraíso.
A seguinte palavra é ainda melhor. Notem a glória da sociedade na qual é introduzido este pecador: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Sim
o Senhor disse, “Hoje estarás comigo,” não
necessitamos que se agregue outra palavra;
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porque onde Ele está, é o céu para nós. Agregou
a palavra “paraíso” para que ninguém se perguntasse para onde iria. Pensa nele, alma
desprovida de graça; vais a habitar com o Todo
Desejável para sempre. Vocês, pobres e
necessitados, estarão com Ele em sua glória, em sua felicidade, em sua perfeição. Onde Ele está,
e como Ele é, ai estarão e serão vocês. O Senhor
olha esta manhã para os seus olhos chorosos, e diz: “Pobre pecador, tu estarás comigo um dia”.
Penso ouvi-los dizer: “Senhor, essa é uma
felicidade demasiadamente grande para um
pecador como eu”; porém responde: “Te amei com um amor eterno, por conseguinte com
misericórdia vou te atrair a mim, até que estejas
onde eu estou”. A ênfase do texto está na rapidez
de tudo isto. “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso”. “Hoje”. Não permanecerás
no purgatório por gerações, nem dormirás no
limbo por tantos anos; senão que estarás pronto
de imediato para a alegria, e de imediato irá desfrutá-la. O pecador já estava quase ante às
portas do inferno, mas a misericórdia todo
poderosa o levantou, e o Senhor disse, “Hoje
estarás comigo no paraíso”. Que mudança da cruz à coroa, da angústia do Calvário à glória da
Nova Jerusalém! Nessas poucas horas o
mendigo foi levado do esterco e foi posto entre
príncipes. “Hoje estarás comigo no paraíso”. Podem medir a mudança desse pecador,
abominável em sua iniquidade quando o sol
estava no alto do meio-dia, a esse mesmo
90
pecador, vestido de branco puro, e aceito no Amado, no paraíso de Deus, ao pôr-do-sol? Oh,
Salvador glorioso, que maravilhas podes fazer!
Quão rapidamente podes realizá-las!
Por favor, estejam advertidos também, sobre a majestade da graça do Senhor neste texto. O Salvador lhe disse? “em verdade te digo, hoje
estarás comigo no paraíso”. Nosso Senhor dá
sua própria vontade como razão para salvar este
homem. “Te digo”. O disse quem reclama o direito de falar assim. É Ele quem terá
misericórdia de quem Ele quiser ter
misericórdia, e terá compaixão de quem Ele
quiser ter compaixão. Fala com majestade, “Em verdade te digo”. Acaso não são palavras
imperiais? O Senhor é um Rei em cuja palavra
há poder. O que Ele diz ninguém pode
contradizer. Ele, que tem as chaves do inferno e da morte te diz, “Te digo, hoje estarás comigo no
paraíso”. Quem impedirá o cumprimento de Sua
Palavra?
Vejam a certeza disto. Diz: “em verdade”. Nosso bendito Senhor na cruz retomou sua antiga maneira majestosa, quando dolorosamente
volveu sua cabeça, e viu ao seu ladrão
convertido. Ele sempre inicia sua prédica com,
“Em verdade, em verdade”; e agora que está agonizando utiliza sua maneira favorita, e diz,
“Em verdade”. Nosso Senhor não jurava; sua
mais forte asseveração era, “Em verdade, em
91
verdade”. Para dar ao penitente a mais simples
segurança, disse, “Em verdade te digo, hoje
estarás comigo no paraíso”. Nisto tinha uma segurança absolutamente indisputável que
ainda que tivesse que morrer, contudo viveria e
se encontraria no paraíso com seu Senhor.
Desta maneira lhes mostrei que nosso Senhor passou pela porta de pérolas em companhia de um a quem Ele mesmo havia garantido a
entrada. Por que você e eu não haveríamos de
passar através dessa porta de pérolas a seu
devido tempo, vestidos com Seu mérito, lavados em Seu sangue, descansando em Seu poder? Em
um destes dias os anjos dirão de ti e de mim,
“Quem é este que vem do deserto apoiando-se
no Amado?” Os luminosos se assombrarão ao ver a alguns de nós indo. Se viveste uma vida de
pecado até agora, e contudo te arrependes e
entras no céu, que assombro haverá em cada
rua dourada ao pensar que chegaste ali! Nos primeiros anos da Igreja Cristã, Caio Mário
Vitorino[1] se converteu; porém havia alcançado
uma idade tão avançada, e havia sido um tão
grande pecador, que o pastor e a igreja duvidaram dele. Deu contudo uma clara prova
de haver experimentado a transformação
divina, e então houve grandes aclamações e
muitos gritos de “Vitorino se converteu em cristão!” Oh, que alguns de vocês grandes
pecadores possam ser salvos! Com quanto gosto
me regozijaria por vocês! Por que não? Não seria
92
para a glória de Deus? A salvação deste convicto assaltante de caminhos fez nosso Senhor ilustre
por Sua misericórdia ainda neste dia; Não faria o
mesmo caso de vocês? Não exclamariam os
santos: “Aleluia! Aleluia!”, se ouvissem que alguns de vocês saíram da escuridão para a luz
admirável? Por que não seria assim? Creiam em
Jesus e assim será.
III. Agora chego a meu terceiro e mais prático ponto: NOTEM DE TUDO ISTO, O SERMÃO DO SENHOR PARA NÓS.
O demônio quer pregar um pouco nesta manhã. Sim, Satanás pede para passar à frente e pregar-
lhes; mas não se pode permitir-lhe. Vai-te
enganador! Contudo não me assombraria se ele se aproximasse de alguns de vós quando
termine o sermão, e lhes diga em voz baixa:
“Vejam que podem ser salvos no último
momento. Adiem o arrependimento e a fé; podem ser perdoados em seu leito de morte”.
Senhores, vocês sabem quem é o que quer
arruinar-vos com esta sugestão. Aborreçam seu
ensino enganador. Não sejam ingratos porque Deus é bondoso. Não provoquem ao Senhor
porque é paciente. Uma conduta assim seria
indigna e ingrata. Não corram um risco terrível
simplesmente porque alguém escapou ao perigo tremendo. O Senhor aceitará a todos os
que se arrependam; mas como sabem vocês que
vão se arrepender? É verdade que um ladrão foi
93
salvo, mas o outro se perdeu. Um é salvo, e
portanto não podemos nos desesperar; o outro
está perdido, e portanto não podemos nos vangloriar. Queridos amigos, confio que vocês
não estão feitos de tão diabólica substância
como para tirar da misericórdia de Deus um
argumento para continuar no pecado. Se vocês o fazem, somente lhes posso dizer que a vossa
perdição será justa; a haverão atraído sobre
vocês mesmos.
Considerem agora o ensino de nosso Senhor; vejam a glória de Cristo na salvação. Está pronto para salvar no último momento. Já estava
morrendo; seu pé estava no umbral da casa do
Pai. Então chega este pobre pecador, ao final da
noite, na undécima hora, e o Salvador sorri e manifesta que não entrará se não for com este
tardio vagabundo. Aí mesmo na porta declara
que esta alma que o busca entrará com Ele.
Houve muito tempo para que Ele tivesse vindo antes: vocês sabem como podemos dizer:
“Esperaste até o último momento. Já me vou, e
não posso atender-te agora”. Nosso Senhor
tinha as angústias da morte sobre Ele, e contudo atende ao criminoso que perece, e lhe permite
passar através do portal celestial em Sua
companhia. Jesus salva com muita facilidade aos
pecadores pelos quais Ele morreu com tanta dor. Jesus ama resgatar aos pecadores de sua
queda no poço. Estarás muito feliz se fores salvo,
mas não estarás nem na metade de felicidade
94
como Ele estará quando te salvar. Vejam quão terno Ele é!
“Sua mão nos leva ao trono,
Nenhum terror vistes à sua frente;
Nem raios para lançar nossas almas culpadas
Às ferozes chamas do inferno”.
Se achega a nós cheio de ternura, com lágrimas em seus olhos, misericórdia em suas mãos, e
amor em seu coração. Creiam que é um grande
Salvador de grandes pecadores. Ouvi de alguém
que havia recebido grande misericórdia que dizia: “Ele é um grande perdoador;” e gostaria
que vocês dissessem o mesmo. Vocês verão suas
transgressões apagadas, e os vossos pecados
perdoados de uma vez para sempre, se vocês confiam nele.
A seguinte doutrina que Cristo prega desta maravilhosa história é a fé que se apropria da
promessa. Este homem creu que Jesus era o
Cristo. O que fez a seguir foi apropriar-se desse Cristo. O ladrão lhe disse: “Senhor, lembra-te de
mim”. Jesus poderia ter dito: “O que tenho eu
que ver contigo, e o que tens tu a ver comigo? O
que tem que ver um ladrão com o Ser perfeito?” Muitos de vocês, boas pessoas, tratam de
afastarem-se tanto quanto possam dos que
erram e dos caídos. Poderiam contaminar sua
95
inocência! A sociedade nos exige que não estejamos em términos de familiaridade com as
pessoas que ofenderam suas leis.
Não devemos ser vistos associados com eles, porque cairíamos no descrédito. Bobagens
infames! O que nos pode desacreditar, pecadores como somos, tanto por natureza
como pela prática? Se nos conhecemos diante
de Deus, não estamos suficientemente
degradados em nós mesmos e por causa de nós mesmos? Depois de tudo, há alguém no mundo
que seja pior do que nós quando nos vemos no
espelho fiel da Palavra?
Tão pronto como um homem crê que Jesus é o Cristo, que se firme Nele. No momento que creias que Jesus é o Salvador, agarra-te a Ele
como teu Salvador. Se me lembro bem,
Agostinho chamou a este ladrão “Latro
Laudabilis et Mirabilis,” um ladrão para ser louvado e admirado, que se atreveu, por assim
dizer, a tomar para si ao Salvador como seu.
Nisto deve ser imitado. Toma ao Senhor para
que seja teu, e o terás. Jesus é propriedade comum de todos os pecadores que se atrevem a
tomá-lo. Todo pecador que tem o desejo de fazê-
lo pode levar para sua casa ao Senhor. Ele veio ao
mundo para salvar aos pecadores. Tomem-no pela força, como os que roubam tomam seu
despojo;porque o reino do céu sofre a violência
da fé que se atreve. Agarre-o, e Ele nunca se
96
separará de ti. Se confias Nele, deve te salvar. Estejam advertidos sobre a doutrina da fé em
seu poder imediato.
“No momento que um pecador crê,
E confia em seu Deus crucificado,
Recebe de imediato seu perdão,
Redenção completa por Seu sangue”.
“Hoje estarás comigo no paraíso”. Assim que crê, Cristo sela sua fé com a segurança completa
de que estará com Ele para sempre em sua
glória. Oh, queridos corações, se vocês creem nesta manhã, serão salvos nesta manhã! Que
Deus lhes conceda, por sua rica graça, que
venha a salvação aqui, neste lugar, e de
imediato!
O seguinte é, a proximidade das coisas eternas. Pensem nisto por um minuto. O céu e o inferno
não são lugares distantes. Podem estar no céu
antes de outro “tic” do relógio, está tão perto.
Que possamos rasgar esse véu que nos separa do desconhecido! Tudo está ali, e tudo perto.
“Hoje,” disse o Senhor; no máximo de três ou
quatro horas, “estarás comigo no paraíso;” está
tão perto. Um estadista nos deu a expressão de estar “em uma distância medível”. Todos
estamos dentro de uma distância medível do
céu e do inferno; se há alguma dificuldade em
97
medir a distância, descanse em sua brevidade mais que em sua longitude.
“Um suave suspiro rompe as cadeias,
Apenas podemos dizer, se foi,
Antes que o espírito redimido,
Tome sua mansão próximo ao trono”.
Oh, que nós, no lugar de aceitar com leviandade estas coisas, porque parecem tão distantes, as
tomássemos solenemente em conta, pois estão
tão próximas! Este mesmo dia, antes que se
ponha o sol, algum ouvinte, sentado neste lugar, pode ver em seu próprio espírito as realidades
do céu e do inferno. Tem ocorrido
frequentemente nesta congregação tão grande,
que alguém de nossa audiência tenha morrido antes que chegasse o seguinte Domingo; pode
ocorrer esta semana. Pensem nisto, e que as
coisas eternas lhes impressionem ainda mais
devido a sua proximidade.
Mais ainda, saibam que se creram em Jesus estão preparados para o céu. Pode ser que
tenham que viver na terra por vinte, ou trinta,
ou quarenta anos para glorificar a Cristo; e, se
assim é, agradeçam o privilégio; mas se não vivem uma hora a mais, essa morte instantânea
não alteraria o fato de que quem crê no Filho de
Deus está pronto para o céu. Seguramente se
98
algo fosse necessário além da fé para nos
tornarmos dignos do paraíso, o ladrão teria sido
retido um pouco mais de tempo aqui; mas não, ele está na manhã em sua natureza, ao meio-dia
entra no estado de graça, e ao anoitecer está no
estado de glória. A pergunta nunca é, se um
arrependimento no leito de morte é aceito se é sincero. A pergunta é: É sincero? Se assim é, se
o homem morre cinco minutos depois de seu
primeiro ato de fé, está tão seguro como se
houvesse servido ao Senhor por cinquenta anos. Se tua fé é verdadeira, se morres um momento
depois que creste em Cristo, serás admitido no
paraíso, ainda que não tenha desfrutado de
tempo para produzir boas obras e outras evidências da graça. Ele que lê o coração lerá tua
fé escrita nas tábuas de carne, e te aceitará por
meio de Jesus Cristo, ainda que nenhum ato de
graça se tenha feito visível aos olhos dos homens.
Concluo dizendo outra vez que este não é um caso excepcional. Comecei com isso, e com isso
quero terminar, por haver tantos falsos
pregadores do evangelho, terrivelmente temerosos de pregar a graça imerecida com
plenitude. Li em algum lugar, e creio que é
verdadeiro, que alguns ministros pregam o
evangelho da mesma maneira que os asnos comem espinhos, ou seja, muito, mas muito
cuidadosamente. Pelo contrário, eu pregarei
atrevidamente. Não tenho a menor apreensão
99
acerca deste assunto. Se alguém de vocês faz
mau uso do ensino da graça gratuita, não o
posso impedir. Aquele que será condenado pode arruinar-se por perverter o evangelho como por
outra coisa qualquer. Não posso impedir o que
os corações baixos possam inventar; mas o meu
intuito é pregar o evangelho em toda a sua plenitude de graça, e assim o farei.
Se o ladrão foi um caso excepcional, e nosso Senhor não atua usualmente desta maneira,
haveria uma indicação de um fato tão
importante. Teria sido posto um cerco de proteção para esta exceção a todas as regras.
Não teria dito o Salvador tranquilamente ao
moribundo: “És o único a quem tratarei desta
maneira”? “Não o menciones, pois senão terei muitos me assediando”. Se o Salvador quisesse
que fosse um caso solitário, lhe teria dito em
baixa voz: “Não deixes que ninguém saiba; mas
hoje estarás no reino comigo”. Não, nosso Senhor falou abertamente, e os que estavam ao
redor ouviram o que disse. Ademais, o inspirado
escritor o assentou assim. Se fosse um caso
excepcional, não teria sido escrito na Palavra de Deus. Os homens não publicam suas ações nos
periódicos se sentem que ao registrá-las podem
conduzir outros a esperar o que não podem dar.
O Salvador fez que esta maravilha da graça se reportasse nas notícias diárias do evangelho,
porque Ele quer repetir essa maravilha a cada
dia. O todo será igual a amostra, e por isto lhes
100
põe frente à amostra a cada um de vocês. Ele é
capaz de salvar por completo, pois salvou ao
ladrão que agonizava. O caso não teria sido
exposto para alentar esperanças que Ele não poderia cumprir. Todas as coisas escritas então,
foram escritas para que aprendêssemos e não
para que nos desalentássemos. Por isso, lhes
rogo, se alguns de vós todavia não estão confirmados no meu Senhor Jesus, venham e
confiem Nele agora. E então cantarão comigo:
“O ladrão agonizante se regozijou ao ver,
Essa fonte em seu dia,
E ali eu também, tão vil como ele,
Lavei todos os meus pecados.
Por Charles Haddon Spurgeon
101
O Caminho da Salvação
“Não há salvação em nenhum outro; porque
abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que
sejamos salvos” Atos 4.12
É uma circunstância muito feliz, quando os
servos de Deus estão preparados a transformar
tudo por conta de seus ministérios. Neste
momento o Apóstolo Pedro foi chamado,
perante os sacerdotes e Saduceus – Os chefes dessa nação – para respondê-los por ter curado
um homem que era coxo de nascença. Enquanto
considerava esse caso de cura, ou se eu posso
usar a expressão, esse caso de salvação temporal, o Apóstolo Pedro teve esse
pensamento sugerido a ele. “Enquanto eu estou
levando em consideração a salvação desse
homem da condição de coxo, Eu tenho uma ótima oportunidade para mostrar a essas
pessoas o caminho de salvação da alma, que de
outra forma não nos ouviriam”. Então ele
prosseguiu do menor para o maior, da cura do membro do homem para a cura da alma do
homem. E tendo os informado uma vez que foi
pelo nome de Jesus Cristo que aquele homem
impotente foi feito um homem inteiro, ele agora anuncia aquela salvação – a grande salvação,
deve ser trabalhada do mesmo modo. – “Não há
salvação em nenhum outro; porque abaixo do
102
céu não existe nenhum outro nome, dado entre
os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos”.
Que grande palavra é essa, a palavra salvação.
Ela inclui a limpeza de nossa consciência de toda culpa do passado e a libertação da nossa alma de
toda aquela propensão ao mal que tão
fortemente predominava em nós. Ela se entende, na verdade, para a destruição de tudo
o que Adão fez. Salvação é a total restauração do
homem de seu estado de caído. E ainda é algo a
mais que isso, a Salvação de Deus determina uma condição mais segura do que nós
sentíamos antes – ela nos encontra quebrados
em pedaços pelos pecados do nosso primeiro
pai – contaminados, sujos e amaldiçoados. Ela primeiro cura nossas feridas, ela remove nossas
doenças, ela leva embora nossa maldição; ela
coloca nossos pés sobre a Rocha, Jesus Cristo, e
tendo feito isso, ela levanta nossa cabeça bem mais alto sobre todos os principados e
potestades, para sermos coroados para sempre
com Cristo, o Rei dos Céus! Algumas pessoas,
quando elas usam a palavra, “salvação” não entendem nada mais que livramento do Inferno
e admissão no Céu. Agora, isso não é salvação –
essas duas coisas são efeitos da salvação! Nós
fomos redimidos do inferno porque fomos salvos e entramos no céu porque
antecipadamente fomos salvos. Nosso estado
eterno é o efeito da salvação em nossas vidas.
103
Salvação, é verdade, inclui tudo isso porque a
salvação na verdade é a mãe dessas coisas e as
carrega no interior do seu coração, mas ainda assim é errado para nós pensar que essas coisas
são todo o significado da palavra. A Salvação
começa com as pessoas vagueando como
ovelhas. Ela nos acompanha nesse caminho complexo. Ela coloca-nos nos ombros do pastor.
Ela leva-nos para o aprisco. Ela reúne os amigos
e vizinhos. Ela se regozija conosco. Ela preserva-
nos no aprisco por meio da vida! E então por último ela nos traz para os pastos verdes do
Paraíso – ao lado das águas tranquilas da
felicidade – onde descansamos para sempre na
presença do Pastor Chefe, nunca mais seremos perturbados.
Agora nosso texto nos fala que só há um único caminho de salvação. “Não há salvação em
nenhum outro; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos
4.12). Antes de tudo, eu introduzirei a Verdade
negativa que Deus ensina aqui, em outras
palavras, não há salvação fora de Cristo. E então, secundariamente, a verdade positiva que Deus
infere, em outras palavras, há salvação em Jesus
Cristo pelo qual importa que sejamos salvos.
104
I. Primeiro, então, UM FATO NEGATIVO, “Não
há salvação em nenhum outro”. Você percebeu a intolerância da Religião de Deus? Em tempos
antigos o gentio, que tinha deuses diferentes,
respeitava os deuses do seu vizinho. Por
exemplo, o rei do Egito confessaria que os deuses de Nínive eram deuses verdadeiros e
reais e o príncipe da Babilônia reconheceria que
os deuses dos filisteus eram reais e verdadeiros. Mas Jeová, o Deus de Israel,
colocou como um de seus primeiros
Mandamentos, “Não terás outros deuses diante
de mim” (Êxodo 20.3). E ele não permitiria a eles prestar o mais leve respeito a deuses de outras
nações. “Mas derribareis os seus altares,
quebrareis as suas colunas e cortareis os seus
postes-ídolos” (Êxodo 34.13). Todas as outras nações eram tolerantes – uma com as outras –
mas os judeus não poderiam ser. Uma parte de
sua religião era: “Ouve, Israel, O Senhor, nosso
Deus, é o único Senhor” (Deuteronômio 6.4). E a consequência dessa crença, de que havia só um
Deus, e que esse Deus único era Jeová era que
eles sentiam a obrigação de chamar todos os
outros deuses por apelidos, para cuspir em cima deles, para tratá-los com ofensa e desprezo. Se
você aplicar a um Bramam o conhecimento de
um caminho para a salvação, ele provavelmente
te dirá que uma vez que as pessoas seguirem suas religiões com convicções sinceras, serão
indubitavelmente salvas. “Há”, ele diz, “ Os
Muçulmanos – se eles obedecerem Maomé e
105
sinceramente acreditarem no que ele ensinou
sem dúvidas – Alá ira glorificá-los no final”.
Então, o Bramam volta-se para o missionário Cristão e diz – “Qual a finalidade, de você trazer
seu cristianismo aqui para nos perturbar? Eu
digo que nossa religião é totalmente capaz de
nos levar para o paraíso se nós formos fiéis a ela”. Agora só ouçam o texto – Quão intolerante
é a religião Cristã – “Não há salvação em
nenhum outro”. O Bramam pode admitir que
existe salvação em 50 religiões junto a sua, mas nós não admitimos coisa semelhante! Não há
salvação verdadeira fora de Jesus Cristo! Os
deuses dos gentios podem nos aproximar com
falsa caridade e dizer-nos que todo homem pode seguir as convicções da própria consciência e
ser salvo. Nós respondemos – “Nada disso! Não
há salvação em nenhum outro – porque abaixo
do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos.”
Agora, o que vocês supõem ser a causa para essa intolerância – se eu posso usar essa palavra
novamente? Eu acredito que é porque só existe a verdade de Deus tanto para o Judeu como para
o Cristão. Uns mil erros podem viver em paz uns
com outros, mas a verdade de Deus é o martelo
que quebra todos esses erros em pedaços! Milhares de religiões mentirosas podem dormir
pacificamente em uma cama – mas em todo
lugar a religião cristã chega como a verdade de
106
Deus. É como um tição e não tolera nada que é
mais substancial que a madeira, como o feno e a
palha do erro carnal. Todos os deuses dos gentios e das outras religiões são nascidos no
inferno e, então, são filhos do mesmo pai,
pareceria errado que eles deveriam cair,
reprovar e lutar! Mas a religião de Cristo é criatura de Deus – seu pedigree vem do alto e,
então, uma vez que ela é empurrada em meio a
essa geração incrédula e rebelde, não há
nenhuma paz, nem discussão, nem tratado – pois é a Verdade de Deus, que não se pode
permitir ser emparelhada com erro – ela ergue-
se sobre seus próprios direitos e declara ao erro
que nele não há salvação – mas na verdade de Deus, e na verdade de Deus somente, a salvação
pode ser encontrada.
Novamente – e é porque nós temos o castigo de Deus. Seria impróprio para qualquer homem
que tivesse declarado um credo de si próprio declarar que todos os outros que não acreditam
nisso devessem ser condenados. Seria uma
impressionante disposição de condenar e inveja
cega que nos permitiria sorrir. Mas desde que a religião de Cristo é revelada dos próprios céus –
Deus que é o autor da própria Verdade – tem o
direito de anexar a essa verdade a terrível
condição que, quem quer que seja rejeitar, irá perecer sem misericórdia! E ele pode proclamar
que separado de Cristo nenhum homem pode
ser salvo. Nós realmente não somos
107
intolerantes com nós mesmos, mas ecoamos as
Palavras dEle que fala dos Céus e que declara
que amaldiçoado é o homem que rejeita essa religião de Cristo, visto que não há salvação fora
dEle. “Não há salvação em nenhum outro;
porque abaixo do céu não existe nenhum outro
nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”
Agora, eu ouço uma ou duas pessoas dizendo, “Você imagina então, que ninguém pode ser
salvo separado de Cristo?” Eu respondo, eu não
imagino, mas eu tenho aqui em meu texto claramente ensinado! “Bem mas,” diz um, “Em
relação a morte de crianças? Não morrem as
crianças sem um pecado real? Elas são salvas? E
se são, como?” Eu respondo, elas são salvas, sem dúvidas – todas as crianças morrendo na
infância são levadas para o Terceiro Céu de
glória eternamente! Mas anote isso – nenhuma
criança foi salva separada da morte de Cristo. Jesus Cristo comprou com seu sangue todos os
que morreram na infância. Elas são todas
regeneradas, não em pequena quantia, mas
provavelmente no momento de suas mortes uma maravilhosa mudança passa por suas vidas
pela respiração do Espírito Santo. O sangue de
Jesus é aplicado, e eles são lavados de toda
corrupção original que herdaram dos seus pais – e dessa forma, lavados e purificados, eles
entram no reino dos Céus. De outra forma,
amados, não estariam aptas a participar da
108
canção eterna. Àquele que nos ama, e, pelo seu
sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap
1.5c) Se as crianças não forem lavadas no sangue de Cristo, elas não podem participar da canção
universal que perpetuamente circunda o Trono
de Deus! Nós acreditamos que elas todas são
salvas – cada uma delas sem exceção – mas não separadas do grande Sacrifício do Senhor Jesus
Cristo.
Outros dizem, “Mas e os gentios? Eles não conhecem Cristo – alguns dos gentios são
salvos?” Anotem, as Santas Escrituras dizem alguma coisa concernente à salvação dos
gentios, mas pouco. Há muitos textos nas
escrituras que nos levam a inferir que todos os
gentios irão perecer. Mas há alguns outros textos, que de outro modo, levam-nos a
acreditar que alguns dos gentios, conduzidos
pelo Espírito secreto de Deus, estão procurando
Ele no escuro. Pelo Seu Espírito eles se esforçam a descobrir uma coisa que eles não poderiam
descobrir na natureza. E pode ser que o Deus de
infinita Misericórdia que ama suas criaturas,
esteja contente em fazer essas revelações em seus próprios corações. Revelações misteriosas
e secretas em relação às propriedades do Céu –
então mesmo eles podem ser feitos
participantes do sangue de Jesus Cristo – sem ter uma visão tão aberta como a que nós
recebemos – sem comtemplar a Cruz
visivelmente elevada e Cristo exposto entre
109
eles. Foi observado que em muitas ilhas pagãs
antes dos missionários estarem lá, havia um forte desejo pela religião de Cristo. Nas Ilhas
Sandwich, antes de nossos missionários irem
para lá, havia uma estranha comoção na mente
daqueles pobres bárbaros. Eles não sabiam o que era isso, mas eles tiveram um súbito
descontentamento com a sua idolatria e depois
tiveram um profundo desejo de algo maior, melhor e mais puro do que qualquer coisa que
eles tinham descoberto até então. E tão logo,
quando Jesus foi pregado eles com vontade
largaram toda a sua idolatria e se colocaram sobre Ele, para Ele ser a sua força e salvação
deles! Agora nós acreditamos que isso foi o
trabalho do Espírito de Deus secretamente
inclinando essas pobres criaturas a buscá-lo. E nós não podemos dizer que em alguns locais
isolados onde nós pensamos que o evangelho
nunca foi pregado, não pode haver algum
panfleto isolado, algum capítulo da Bíblia, algum verso solitário do Escrito sagrado
lembrado o qual pode servir suficiente para
abrir olhos cegos e guiar esses pobres corações
ignorantes aos pés da cruz de Cristo! Mas uma coisa é certa – nenhum gentio, de qualquer
forma moral – seja na velha filosofia ou no
tempo presente de seu barbarismo – jamais
entrou ou poderia entrar no Reino dos Céus separado do nome de Jesus Cristo “Não há
salvação em nenhum outro” Um homem pode
procurá-lo e trabalhar de sua própria maneira,
110
mas não é possível encontrá-lo, “porque abaixo
do céu não existe nenhum outro nome, dado
entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.”
Mas depois de tudo, meus queridos amigos, é muito melhor – quando estamos lidando com
esses assuntos – não falar de maneira
especulativa, mas falar pessoalmente a nós mesmos. E deixe-me agora te perguntar essa
questão – Você já provou por experiência a
verdade desse grande fato negativo, que não há
salvação em nenhum outro? Eu posso falar o que eu sei e testificar o que eu tenho visto
quando eu declaro solenemente na presença
dessa congregação que é mesmo assim! Uma
vez eu pensei que havia salvação em boas obras e eu trabalhei duro e diligentemente me
esforcei para preservar um caráter de
integridade e sinceridade. Mas quando o
espírito de Deus veio ao meu coração “reviveu o pecado, e eu morri.”(Rm 7.9c) O que eu pensava
ser bom, provou ser mal – De maneira que eu
pensava ser santo – eu me descobri como não
santo. Eu descobri que minhas melhores ações eram pecaminosas. Que minhas lágrimas a
serem choradas e minhas muitas orações
precisavam do perdão de Deus! Eu descobri que
eu estava buscando salvação pelas obras da lei – que eu estava fazendo todas as minhas boas
obras por um motivo egoísta – em outras
palavras salvar a mim mesmo e, então, elas não
111
poderiam ser aceitáveis a Deus. Eu descobri que
eu não poderia ser salvo por boas obras por duas razões muito boas. Primeiro, eu não tinha
nenhuma, e segundo, se eu tivesse, elas não
poderiam me salvar! Foi depois disso que eu
entendi que a salvação poderia ser obtida de uma certa forma por reforma e de uma certa
forma por confiar em Cristo. Então eu trabalhei
duro novamente e pensei que se eu adicionasse umas poucas orações aqui e ali, algumas
lágrimas de penitência e algumas promessas de
melhora, tudo estaria bem. Mas depois de
trabalhar por muitos dias enfadados, como um cavalo cego trabalhando em um moinho, eu
achei que não havia mais, mas ainda estava lá, a
maldição de Deus, pairando sobre mim.
“Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para
praticá-las.” (Gl 3.10b). E ainda havia um vazio
doloroso em meu coração, que o mundo não
poderia preencher – um vazio de agonia e preocupação – em mim que estava
dolorosamente perturbado porque eu não
conseguia alcançar o descanso que minha alma
desejava! Você tentou desses dois modos chegar ao Céu? Se você tentou, eu confio no Senhor, no
Espírito Santo, que fez seu coração doente,
porque você nunca entraria no Reino do Céu
pela porta correta até você primeiramente ser levado a confessar que todas as outras portas
estão barradas em seus dentes! Nenhum
homem virá até Deus pelo caminho estreito e
112
apertado até que ele tenha tentado todos os
outros caminhos – e quando nós nos
descobrimos gastos, frustrados e derrotados – então pressionados por uma necessidade
dolorosa, nós nos entregamos à fonte aberta e
nós nos lavamos e nos tornamos limpos.
Talvez tenhamos aqui alguns que estão tentando ganhar a salvação por cerimônias. Você foi batizado na infância. Você toma
regularmente a Ceia do Senhor. Você está
presente em sua igreja ou capela. E se você ficar
sabendo de outras cerimônias você estará presente nelas. Ah, meus queridos amigos,
todas essas coisas são palha diante do vento na
questão da salvação! Elas não podem te ajudar a
dar um passo em direção a aceitar a Pessoa de Cristo. Construir sua casa com água é como
construir sua salvação com pobres coisas como
essas. Elas são boas o bastante para você quando
você é salvo, mas se você procura salvação nelas, elas serão para você como poços sem
água, nuvens sem chuva, árvores secas, duas
vezes mortas, arrancadas pelas raízes! Qualquer
que seja seu caminho de salvação – porque há milhares de invenções do homem pelas quais
eles procuram se salvar! Qualquer que seja ele,
ouça a sentença de morte dela a partir desse
versículo “Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro
nome, dado entre os homens, pelo qual importa
que sejamos salvos”
113
II. Agora, isso me leva ao FATO POSITIVO o qual é inferido no texto, em outras palavras, há
salvação em Jesus Cristo, certamente, quando eu faço esse enunciado, eu posso exclamar em
seguida a canção dos anjos e dizer “Glória a
Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os
homens, a quem ele quer bem.”(Lucas 2.14) Aqui há milhares de misericórdias unidas em uma,
nesse doce, doce fato – que há salvação em Jesus
Cristo! Eu me esforçaria agora para dividir com
qualquer alma aqui presente que mantém uma dúvida em relação a sua salvação em Jesus
Cristo. Eu queria destacar e dirigir a você
carinhosamente e seriamente, eu quero me
esforçar para mostrar-lhe que você ainda pode ser salvo e que em Cristo há salvação para você!
Eu conheço você pecador! Você tentou encontrar o caminho para o Céu e o perdeu.
Você realizou milhares de truques
deslumbrantes para enganar-se, e mesmo assim, nunca conseguiu uma base sólida de
conforto para os seus pobres pés cansados. E
agora, cercados pelos seus pecados você não é
capaz de erguer os olhos. A culpa está como um fardo pesado em suas costas, e seus dedos estão
em seu lábios para você não ousar gritar por
perdão. Você tem medo de falar sob pena de sua
própria boca que você deve ser condenado! Satanás murmura em seus ouvidos “Tudo está
sobre você – não há misericórdia para quem é
como você – você está condenado e condenado
114
você deve ser! Cristo é capaz de salvar muitos, mas não de salvar você.” Pobre alma! O que eu
devo lhe dizer, além disso – venha comigo a cruz
de Cristo e você verá lá uma coisa que ira
remover sua incredulidade! Você vê aquele Homem pregado naquele madeiro? Você
conhece Essa Personalidade? Ele está sem
mancha, ou defeito ou qualquer coisa assim. Ele não era ladrão para ter morrido uma morte
criminosa – Ele não era um assassino nem um
criminoso para ele ter sido crucificado entre
dois malfeitores. Não – Sua origem era pura, sem um pecado. E Sua vida era Santa, sem uma
falha! Da Sua boca procediam somente bênçãos.
Suas mãos eram cheias de boas ações e Seus pés
eram rápidos em relação a atos de misericórdia. Seu coração era branco, com Santidade! Não
havia nada Nele que um homem poderia culpar.
Mesmo Seus inimigos, quando procuraram
acusá-Lo, encontraram falsas testemunhas, e mesmo delas “os depoimentos não eram
coerentes”(Mc 14.56b). Você O vê morrendo?
Pecador, deve haver mérito na morte de um
Homem como Aquele! Sem um pecado próprio, quando ele é colocado para sofrer – deve ser
pelos pecados de outros homens! Deus não iria
afligi-Lo e fazê-Lo sofrer se Ele não merecesse
isso. Deus não é o tirano que esmagaria o inocente! Ele não é alguém não Santo que
puniria um homem justo. Ele sofreu, então,
pelos pecados de outros-
115
“por pecados não os seus,
ele morreu para expiação”
Pense na pureza de Cristo e então veja se não há salvação Nele. Olhe agora para si mesmo, com
toda a escuridão, e olhe para a Sua Brancura. Olhe para si mesmo com toda a sua
contaminação e olhe para a Sua Pureza. E você
olha para a Sua pureza como o Lírio e você vê o
vermelho de Seu sangue transbordando, deixe esse murmúrio ser ouvido em seus ouvidos – Ele
é capaz de te salvar, pecador, na medida em que
ele foi “tentado em todas as coisas, à nossa
semelhança” ainda Ele esteve “sem pecado” (Hb 4.15). Então o mérito de seu sangue deve ser
grande. Oh, que Deus nos ajude a crermos nEle!
Mas essa não é a coisa magnífica que deveria recomendá-lO a você. Lembre, Ele que morreu
naquela cruz é nada menos que o eterno Filho de Deus! Você vê Ele lá? Venha, torne seus olhos
mais uma vez para Ele. Você vê suas mãos e pés
gotejando fluxos de sangue? Aquele Homem é o
Deus todo-poderoso. Aquelas mãos que estão pregadas na madeira são mãos que podem
balançar o mundo! Naqueles pés que estão
furados, se Ele tiver vontade de colocá-los
adiante, tem uma potência de força que pode fazer as montanhas derreter abaixo de seus
passos. Aquela cabeça, agora oprimida em
angústia e fraqueza, tem a sabedoria da Cabeça
116
de Deus que com seu aceno pode fazer o
universo tremer. Ele que está pendurado
naquela cruz é Ele sem o qual nada do que foi feito existiria – por Ele todas as coisas consistem
– Produtor, Criador, Protetor, Deus da
providência e Deus da Graça – Ele que morreu por você é Deus sobre tudo, santificado para
sempre. E agora, pecador, em um Salvador com
Esse há algum poder para salvar? Se ele fosse
um mero homem, um Cristo Sociniano ou Ariano, eu não ofereceria minha confiança
Nele. Mas como Ele não é nenhum outro senão
Deus, Ele mesmo, Encarnado em carne
humana, eu te suplico, lance-se nele -
“Ele é capaz, ele está disposto, sem mais
dúvidas”
Ele é capaz de salvar totalmente, então venha a Deus por Ele.
Você lembrará, novamente, como uma consolação a mais na sua fé, você pode acreditar
que Deus o Pai aceitou o Sacrifício de Cristo? È a
fúria do Pai a maior causa que você tem para tremer – o Pai está irado contra você, porque
você pecou e ele prometeu com uma maldição
que Ele iria puni-lo por suas ofensas! Agora
Jesus morreu em lugar de cada pecador que se arrependeu ou mesmo irá se arrepender. Jesus
Cristo foi colocado como seu substituto e seu
bode expiatório. Deus, o Pai, aceitou o Cristo em
117
lugar de pecadores! Oh, isso não deveria levá-lo a aceitá-lo. Se o Juiz aceitou o sacrifício,
certamente você pode aceitá-lo também! E se
Ele está satisfeito – certamente você também
pode estar contente. Se o Credor escreveu um perdão da dívida livre e completo – você o pobre
devedor pode regozijar-se e acreditar que esse
perdão da dívida é lhe satisfatório para porque é
satisfatório para Deus. Mas você pode me perguntar como eu sei que Deus aceitou a
expiação de Cristo. Eu lembro a você que Jesus
ressuscitou dos mortos. Cristo foi colocado na
prisão do túmulo depois que ele morreu, e lá Ele esperou até Deus aceitar a expiação.
“Se Jesus nunca tivesse pagado a dívida Ele nunca teria sido libertado”
Cristo estaria no túmulo esse mesmo dia se Deus não tivesse aceitado Sua expiação para
nossa justificação! Mas o Senhor olhou do Céu e Ele avaliou o trabalho de Cristo e disse consigo
Mesmo, “Muito Bom. É o suficiente.” E virando-
se para um anjo disse “Anjo, meu filho está
confinado em uma prisão, um refém para meus eleitos. Ele pagou o preço. Eu sei que ele não
quebrará a prisão por si Mesmo – vá anjo, vá e
role aquela pedra da porta do sepulcro e O
liberte.” Voou abaixo o anjo e rolou a pedra pesada. E levantando das sombras da morte o
Salvador viveu! “Ele morreu e ressuscitou para
nossa justificação.” Agora, pobre Alma, você
118
entende que Deus aceitou a Cristo – Então
certamente, você pode aceitá-lo e crer nele!
Um outro argumento que talvez possa se aproximar de sua própria alma é esse – muitos
que foram salvos são tão desprezíveis como você, então, há salvação! “Não,” você diz,
“ninguém é tão desprezível como eu.” È uma
misericórdia da qual você pensa desse modo, no entanto é quase certo que outros que foram
salvos foram tão imundos como você. Você foi
um perseguidor? Sim, mas você não teve mais
sede de sangue do que Saul! E ainda aquele chefe de pecadores se tornou o chefe dos
santos! Você foi um praguejador? Você
amaldiçoou o Todo-poderoso em Sua Face? Sim.
E tais foram alguns de nós que levantamos nossas vozes em oração e nos aproximamos de
Seu trono com aceitação. Você foi um bêbado?
Sim, assim como muitos do povo de Deus foram
por muitos dias ou por muitos anos – mas eles abandonaram sua podridão e se voltaram ao
Senhor com pleno propósito de coração. No
entanto é grande o seu pecado, eu te digo,
homem, mulher, alguns tão afundados no pecado como você foram salvos! E se ninguém
que foi salvo foi tão grande pecador como você,
então uma razão muito maior porque Deus deve
te salvar – Ele pode ir além de tudo aquilo que ele mesmo já fez! O Senhor sempre se alegra em
fazer maravilhas. E se você permanece o chefe
dos pecadores, um pouco a frente de todo o
119
resto, eu creio que Ele irá se alegrar em salvar
você – que as maravilhas de Seu amor e de Sua
Graça podem ser mais notoriamente conhecidas! Você ainda diz que é o chefe dos
pecadores? Eu te digo que eu não acho isso. O
chefe dos pecadores foi salvo anos atrás – esse
foi o Apóstolo Paulo – mas mesmo se você excedesse-o – ainda aquela palavra vai um
pouco além de você! “Por isso, também pode
salvar totalmente os que por ele se chegam a
Deus” (Hb 7.25a) Lembre, Pecador, se você não encontrar salvação em Cristo, será porque você
não procurou-o, porque ela certamente está lá.
Se você irá perecer sem ser salvo pelo sangue de
Jesus Cristo, não será por ausência de poder no sangue para te salvar, mas completamente por
ausência de vontade de sua parte – que você não
crerá nele, mas de forma libertina e intencional
rejeitou Seu sangue para sua própria destruição! Tome cuidado consigo mesmo,
porque certamente como não há salvação em
nenhum outro, tão certamente há salvação
Nele.
Eu posso voltar-me a mim mesmo e lhe dizer que certamente deve haver salvação em Cristo
para você assim como eu encontrei salvação em
Cristo para mim. Frequentemente eu tenho dito
que eu nunca vou duvidar da salvação de ninguém, enquanto eu posso, somente sabendo
que Cristo me aceitou. Oh, quão escuro era o
meu desespero quando pela primeira vez eu
120
procurei seu Propiciatório! Eu pensava que se
ele tivesse misericórdia do mundo todo, Ele ainda nunca teria misericórdia de mim! Os
pecados da minha infância e adolescência me
assombravam. Eu procurei me livrar deles um
por um, mas eu fui pego em uma rede de ferro de maus hábitos e eu não podia pôr fim neles.
Mesmo quando eu renunciava meu pecado a
culpa ainda aderia em minhas roupas. Eu não poderia tornar a mim mesmo limpo! Eu orei por
três longos anos. Eu dobrei meus joelhos em
vão, e procurei, mas não encontrei
misericórdia. Mas, no fim, abençoado por Seu nome, quando eu tinha desistido de toda
esperança e pensava que sua fúria rapidamente
me destruiria e que a sepultura do inferno
abriria sua boca e me engoliria, no tempo em que eu cheguei ao meu limite Ele se manifestou
e me ensinou a me lançar simplesmente e
completamente a Ele! Assim será com você –
somente confie Nele, porque há salvação Nele – descanse assegurado disso. Todavia, para
apressar sua diligência, Termino referindo que,
se você não encontrar a salvação em Cristo,
lembre-se que você nunca irá encontrá-la em outro lugar. Que terrível coisa será se você
perder a salvação provida por Cristo. “como
escaparemos nós, se negligenciarmos tão
grande salvação?” (Hb 2.3a) Hoje, muito provavelmente, eu não estou falando para
muito dos mais rudes pecadores, ainda eu sei
que estou falando para alguns dessa classe. Mas
121
sejamos nós rudes pecadores ou não – quão
terrível coisa será para nós morrermos sem primeiro ter encontrado interesse no Salvador.
Oh Pecador! Isso deveria te apressar em ir ao propiciatório. Lembre que se você não
encontrar misericórdia em Jesus você não
encontrará em nenhum lugar mais. Se os portões do céu nunca se abrirem para você,
lembre que não há nenhum outro portão que
possa ser aberto para sua salvação! Se Cristo
recusar você, você é recusado! Se seu sangue não for borrifado em você, você está perdido,
sem dúvida. Oh, se ele mantém você esperando
um pouco, continue em oração. É digno esperar
por – especialmente quando você tem este pensamento mantendo-o esperando, ou seja
que não há esperança em nenhum outro,
nenhum outro caminho, nenhuma outra
esperança, nenhuma outras base de confiança, nenhum outro refúgio. Lá eu vejo os portões do
céu, e se eu devo entrar, eu devo rastejar em
minhas mãos e joelhos porque é um portão
baixo. Lá eu vejo, é estreito e apertado, eu devo deixar atrás de mim meus pecados, minha
justiça e meu orgulho e devo rastejar por aquela
portinhola. Venha pecador, o que você diz? Você
vai além por esse portão apertado e estreito, ou você vai desprezar a vida eterna e arriscar a
felicidade eterna? Ou você vai passar
humildemente esperando aquele que deu a si
122
mesmo por você, te aceitou e te salvou agora e eternamente.
Tomara que essas poucas palavras tenham poder para atrair alguns para Cristo e assim fico
contente. “Crê no Senhor Jesus e serás salvo”
(At 16.31b) “porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”
Amém. Amém!
Por Charles Haddon Spurgeon
123
Uma Cura Tríplice para um Mal Tríplice
Existem três principais defeitos no homem
desde a queda:
Há ignorância e cegueira.
Há rebelião na vontade e afeições.
E no que diz respeito à sua condição, em razão
dos pecados da natureza e da vida, há a sujeição a um estado amaldiçoado, sob a ira de Deus e à
condenação eterna.
Agora, para responder a estes três grandes males, aquele que deve ser ordenado Salvador
deve fornecer remédios adequados para os mesmos. Por isso há um tríplice ofício em
Cristo, que é ordenado para salvar o homem,
para curar esses três males citados.
Como somos ignorantes e cegos, ele é um profeta para nos instruir, para nos convencer do mau estado em que estamos, e, então, para nos
convencer do bem que ele designou para nós, e
que tem feito por nós, para nos instruir em todas
as coisas para o nosso conforto eterno. Ele é um profeta que não somente nos ensina
externamente, mas o nosso homem interior. Ele
abre o coração, ele ensina a fazer as coisas que
124
ele ensina. Os homens ensinam o que devemos
fazer, mas não podem nos capacitar
interiormente a fazê-las. Ele é um profeta que
tanto nos ensina o que fazer, como também a amar e obedecer, etc.
E responde à rebelião e pecaminosidade de nossas disposições, ele é um rei para dominar
tudo o que está mal em nós, e também para
subjugar todos os poderes que se opõem em nós. Pouco a pouco ele vai subjugando todos os
inimigos debaixo de seus pés, e sob os nossos
pés, também, dentro de pouco tempo.
Agora, como nós fomos amaldiçoados por causa de nossa condição pecaminosa, por isso ele é
um sacerdote para satisfazer à ira de Deus contra nós. Ele foi feito maldição por nós, Gál
3.13. Ele se tornou um servo, para que, sendo
assim, ele pudesse morrer, e se submeter à morte de maldição na cruz, não somente uma
morte, mas uma morte amaldiçoada, e por isso
o seu sangue pode ser uma expiação, e ele um
sacerdote. Assim, respondendo ao tríplice mal em nos, você pode ver aqui um tríplice ofício em
Cristo.
Tradução feita pelo Pr Silvio Dutra de parte de um texto de Richard Sibbes, em domínio
público.
125
Sem Fé não Há Salvação
Alguns pensam que é difícil que não haja nada
para eles senão ruína caso não creiam em Jesus
Cristo; mas se você pensar nisso por um minuto
verá que é justo e razoável. Eu suponho não haver outra forma de manter um homem com
suas forças exceto por comer. Se você dissesse,
“Eu não vou comer novamente, eu desprezo tal
animalismo”, você poderia ir para a Ilha da Madeira, ou viajar por todas as terras (supondo
que você viva o suficiente!), mas verificaria que
nenhum clima e nenhum exercício
conseguiriam manter você vivo se você recusasse comida. Você então reclamaria, “É
uma dura coisa que eu tenha de morrer porque
eu não acredito em comer”? Não é uma coisa
injusta que, se você for tão tolo a ponto de não comer, você morra. É precisamente assim com
a fé. “Creia e serás salvo”. Se tu não creres, não é
uma coisa dura que tu tenhas de se perder. Seria
estranho, na verdade, que não fosse assim.
Um homem com sede está diante de uma fonte. “Não”, ele diz, “eu não vou tocar em uma gota de
umidade enquanto eu viver. Eu não posso ter
minha sede saciada de outra forma?” Dizemos a
ele, não; ele deve beber ou morrer. Ele diz, “Eu nunca vou beber; mas é algo duro que por isso
eu tenha de morrer. É fanatismo, crueldade
dizer isso para mim”. Ele está errado. Sua sede é
126
o resultado inevitável de negligenciar as leis da natureza. Você também deve crer ou morrer;
porque se recusar a obedecer ao mandamento?
Beba, homem, beba!
Tome a Cristo e viva. Aí está o caminho da salvação, e para entrar você tem de confiar em Cristo; mas não há nada de duro no fato de que
você perecerá se não confiar no Salvador. Eis um
homem no mar; ele tem um mapa que indica a
posição das estrelas, e aquele mapa, se bem estudado, irá, com a ajuda da bússola, guiá-lo
pela sua jornada até o fim. A estrela polar brilha
além das nuvens, e isso também o ajudará.
“Não”, diz ele, “Eu não terei nada que ver com as estrelas; eu não creio no pólo norte. Eu não vou
prestar atenção naquela coisa dentro daquela
caixa; uma agulha é igual a qualquer outra. Eu
não tenho fé no seu mapa, e não lhe darei atenção. A arte de navegação é totalmente sem
sentido, e foi criada por pessoas cuja intenção
era ganhar dinheiro, e eu não serei enganado
por ela”. Então Jesus diz, “Quem não crer já está condenado”. “Isso é muito duro”, diz você. Mas
não é. Não é mais duro do que o fato de que se
você rejeitar a bússola e a estrela polar você não
chegará ao porto. Não há como mudar isso; tem de ser assim.
Você diz que não terá nada com Jesus e Seu sangue, e você se esquiva de toda religião. Você
achará difícil rir desses assuntos quando você
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morrer, quando o suor frio for limpo de sua testa, e seu coração bater no peito como se
quisesse saltar e voar para longe de Deus. Pobre
alma! Você descobrirá então, que aqueles
domingos, e aqueles serviços, e este velho Livro, são algo mais e melhor que você pensou que
eram, e você perceberá que você era muito
ingênuo para ter negligenciado qualquer ajuda
real de salvação. E além de tudo, que infortúnio ter desprezado a Cristo, a estrela-polar que por
si só pode guiar o marinheiro para o
ancoradouro de descanso!
Aonde você vive?
Você talvez viva do outro lado do rio, e você tem de cruzar uma ponte antes de chegar em casa. Você tem sido tão idiota se perceber que você
não acredita em pontes, barcos ou mesmo na
existência de algo como a água. Você diz, “Eu
não vou passar por nenhuma das suas pontes, e nem entrar em nenhum dos seus barcos. Eu não
creio que haja um rio, ou que haja algo como a
água”. Você está indo para casa, e logo chega à
velha ponte; você não a atravessará. Na margem há um barco; mas você está determinado a não
entrar nele. Há ali um rio, e você resolve não
cruzá-lo da maneira habitual; e ainda assim você
pensa ser algo muito duro que você não consiga chegar em casa. Certamente alguma coisa
destruiu sua capacidade de raciocínio, pois você
não pensaria ser isso duro se estivesse
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plenamente consciente. Se um homem não fizer
o que é necessário para determinado objetivo,
como ele espera alcançá-lo? Você tomou
veneno, e o médico traz o antídoto, e diz, “Tome rápido, ou você morrerá, mas se você tomar
logo, posso garantir que o veneno será
neutralizado”. Mas, diz você, Não doutor, eu não
acredito em antídotos. Deixe que tudo aconteça como deve, como a água segue o seu devido
curso; Eu não terei nada que ver com o seu
remédio. Além do mais, eu não creio que haja
nenhum remédio para o veneno que eu tomei; e, ainda, eu não me importo se há ou não.
Bem, meu caro, você irá morrer; e quando o
inquérito do legista for realizado em seu corpo,
o veredicto será, “Serve-o bem!” Assim será com você se, tendo ouvido o evangelho de Jesus
Cristo, disser, “Eu sou um homem muito
avançado para me meter com aquela noção antiquada de substituição. Eu não atenderei ao
discurso do pregador sobre sacrifício e aspersão
de sangue”. E, quando você perecer, o veredicto
finalmente dado por sua consciência, que vai se sentar lá em cima junto com o Rei, será,
“Suicídio: ele destruiu a própria alma”.
Assim diz o velho Livro – “A tua ruína, ó Israel,
vem de ti”. Leitor, eu lhe imploro, não faça isso.
Por Charles Haddon Spurgeon
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“Poderoso para salvar” (Isaías 63:1)
Pela palavra "salvar" compreende-se toda a
grandiosa obra da salvação, desde o primeiro desejo santo até a completa santificação.
Na verdade, eis aqui toda misericórdia em uma só palavra.
Cristo não é somente "poderoso para salvar" aqueles que se arrependem, mas Ele também é
capaz de fazer com que os homens se
arrependam.
Ele conduzirá ao céu todos os que creem; além disso, Ele também é poderoso para dar aos
homens um novo coração e operar dentro deles
a fé.
Ele é poderoso para fazer o homem que odeia a santidade, amá-la, e para constranger aos que desprezam o Seu nome, a dobrar os joelhos
diante dEle.
Isso não é tudo, pois o poder divino é igualmente visto depois da conversão.
A vida do cristão é uma série de milagres operados pelo "Poderoso Deus".
A sarça arde, mas não se consome.
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Ele é poderoso para manter o Seu povo em santidade de vida após tê-lo tornado santo, e
para preservá-los em temor e amor até
consumar sua existência espiritual no céu.
O poder de Cristo não está em tornar uma pessoa crente e depois deixar que ela mude por
si mesma; mas
Aquele que começa a boa obra continua o Seu trabalho; Aquele que dá o primeiro sopro de vida
na alma morta prolonga a existência divina e
fortalece-a até que ela rompa todos os laços do
pecado e a alma salte da terra, aperfeiçoada em glória.
Cristão, eis aqui o teu alento.
Estás orando por um ente querido?
Oh, não desistas das tuas orações, pois Cristo é "poderoso para salvar".
Tu és impotente para recuperar o rebelde, mas o teu Senhor é Todo-Poderoso.
Agarra-te nesse braço poderoso e usa-o para que te dê da Sua força.
São os teus próprios problemas que te atormentam?
Não temas, pois a força dEle é suficiente para ti.
Começando com os outros ou continuando a obra em ti, Jesus é "poderoso para salvar"; a
melhor prova disso reside no fato de que Ele te
salvou.
Quantas misericórdias não tens encontrado nAquele que é poderoso para salvar!
Por Charles Haddon Spurgeon