a filosofia de platão

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A filosofia A filosofia de Platão de Platão

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Page 1: A filosofia de platão

A filosofia de A filosofia de PlatãoPlatão

Page 2: A filosofia de platão

A alegoria da caverna A alegoria da caverna

http://www.youtube.com/watch?v=eABFLQXXEIU

Page 3: A filosofia de platão

Imaginemos uma caverna separada Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino uma fresta por onde passa um fino

feixe de luz exterior, deixando a feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, completa. Desde o nascimento,

geração após geração, seres geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de humanos encontram-se ali, de

costas para a entrada, acorrentados costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem se sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas locomover, forçados a olhar apenas

a parede do fundo, vivendo sem a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter nem a luz do sol, sem jamais ter

efetivamente visto uns aos outros efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as nem a si mesmos, mas apenas as

sombras dos outros e de si mesmos sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e por que estão no escuro e

imobilizados.imobilizados.

Page 4: A filosofia de platão

Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior há um fogo que ilumina vagamente o interior

sombrio e faz com que as coisas que se sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e lado de fora, pessoas passam conversando e

carregando nos ombros figuras ou imagens de carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras homens, mulheres e animais cujas sombras

também são projetadas na parede da caverna. também são projetadas na parede da caverna. Os prisioneiros julgam que as sombras de Os prisioneiros julgam que as sombras de

coisas e pessoas, os sons de suas falas e as coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e projetados são seres vivos que se movem e

falam...falam...

Page 5: A filosofia de platão

Um dos prisioneiros, inconformado com a Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide condição em que se encontra, decide

abandoná-la. Fabrica um instrumento com abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões e sai da caverna.o qual quebra os grilhões e sai da caverna.

Ao permanecer no exterior o prisioneiro, Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em estivera prisioneiro a vida toda e que em

sua prisão vira apenas sombras. sua prisão vira apenas sombras.

Page 6: A filosofia de platão

No entanto não pode deixar de lastimar a sorte No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio decisão de regressar ao subterrâneo sombrio

para contar aos demais o que viu e convencê-los para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.a se libertarem também.

Só que os demais prisioneiros zombam dele, não Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não acreditando em suas palavras e, se não

conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim

ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo.da caverna, certamente acabam por matá-lo.

Page 7: A filosofia de platão

Alegoria da Alegoria da CavernaCaverna

“ “ A descrição platônica é dramática: o A descrição platônica é dramática: o caminho em direção ao mundo caminho em direção ao mundo exterior é íngreme e rude; o exterior é íngreme e rude; o prisioneiro libertado sofre e se prisioneiro libertado sofre e se lamenta de dores no corpo; a luz do lamenta de dores no corpo; a luz do Sol o cega; ele se sente arrancado, Sol o cega; ele se sente arrancado, puxado para fora por uma força puxado para fora por uma força incompreensível. Platão incompreensível. Platão narra um narra um parto:parto:

Page 8: A filosofia de platão

O parto da alma que O parto da alma que nasce para a verdade e nasce para a verdade e é dada à luz.”é dada à luz.”

(Chauí, Marilena – (Chauí, Marilena – Introdução à História da Introdução à História da

Filosofia.)Filosofia.)

Page 9: A filosofia de platão

O Retorno à O Retorno à CavernaCaverna

O Alegoria da Caverna coloca O Alegoria da Caverna coloca o proceder filosófico como o proceder filosófico como agente libertador da agente libertador da ignorância e da servidão ignorância e da servidão dos sentidos e nos lança a dos sentidos e nos lança a um mundo novo onde a um mundo novo onde a verdade e a compreensão é verdade e a compreensão é a ordem normal das coisas.a ordem normal das coisas.

Page 10: A filosofia de platão

Na medida em que nos Na medida em que nos libertamos da ilusão dos libertamos da ilusão dos sentidos e elevamos nossa sentidos e elevamos nossa mente nas alturas, passamos a mente nas alturas, passamos a perceber uma outra ordem de perceber uma outra ordem de realidade (mundo das idéias), realidade (mundo das idéias), onde é possível a harmonia, o onde é possível a harmonia, o equilíbrio, a beleza e, o que equilíbrio, a beleza e, o que era o grande sonho de Platão, era o grande sonho de Platão, a Justiça plena, total e a Justiça plena, total e irrestrita.irrestrita.

Page 11: A filosofia de platão

A propostaA proposta A filosofia platônica pretende ser o reflexo dos A filosofia platônica pretende ser o reflexo dos

ensinamentos do mestre Sócrates, já que Platão é ensinamentos do mestre Sócrates, já que Platão é conhecido por ser o discípulo mais “apaixonado” pela conhecido por ser o discípulo mais “apaixonado” pela teoria socráticateoria socrática

A prática da filosofia, para ele, pode se dar nas atitudes A prática da filosofia, para ele, pode se dar nas atitudes éticas e políticas éticas e políticas Questões fundamentais:

1- O conhecimento: É possível conhecer a realidade?

2- O método: Como esse conhecimento é possível?

3- Os instrumentos: sentidos e razão

4- O objeto do conhecimento: a realidade ou a essência?

Page 12: A filosofia de platão

Objetivo:Objetivo: Compreender por que a sociedade ateniense Compreender por que a sociedade ateniense

condena à morte “o mais sábio de todos os condena à morte “o mais sábio de todos os homens”homens”

Através da compreensão da cultura e da política, Através da compreensão da cultura e da política, reflete sobre o modo de vida e governo da Grécia reflete sobre o modo de vida e governo da Grécia antiga, seus valores e ideais.antiga, seus valores e ideais.

Preocupação com: Preocupação com: ciência, moral e ciência, moral e política política (enquanto formas de (enquanto formas de Poder e realização daPoder e realização da condição humana condição humana – – cidadã)cidadã)

A morte de Sócrates, por Jacques-Louis David (1787).

Page 13: A filosofia de platão

As oposições: (conhecimento As oposições: (conhecimento humano X verdade)humano X verdade) OPINIÃO X VERDADEOPINIÃO X VERDADE DESEJO X RAZÃODESEJO X RAZÃO INTERESSE PARTICULAR X INTERESSE PARTICULAR X

INTERESSE UNIVERSALINTERESSE UNIVERSAL SENSO COMUM X SENSO COMUM X

FILOSOFIA FILOSOFIA

Prática filosófica: visa o Prática filosófica: visa o abandono do mundo abandono do mundo sensível (real) para sensível (real) para alcançar o mundo perfeito alcançar o mundo perfeito (das ideias ou conceitos)(das ideias ou conceitos)

Page 14: A filosofia de platão

A Filosofia deve buscar sempre a verdadeA Filosofia deve buscar sempre a verdade Diálogo: busca pelo consenso Diálogo: busca pelo consenso forma textual forma textual oposto de imposição/ violência oposto de imposição/ violência

(manipulação)(manipulação) Filosofia como projeto político: transformação da Filosofia como projeto político: transformação da

realidaderealidade

Regras: decisivas para diferenciar verdade de Regras: decisivas para diferenciar verdade de opiniãoopinião

Método: dialéticaMétodo: dialética

Page 15: A filosofia de platão

O problema que Platão propõe-se a resolver é a tensão entre Heráclito e Parmênides: para o primeiro, o ser é a mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é não pode ser, assim, não há mudança.

Ou seja (por exemplo), o que faz com que determinada árvore seja ela mesma desde o estágio de semente até morrer, e o que faz com que ela seja tão árvore quanto outra de outra espécie, com características tão diferentes? Há aqui uma mudança, tanto da árvore em relação a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto da árvore em relação à outra. Para Heráclito, a árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para Parmênides, ela nunca muda, é sempre a mesma e é uma ilusão sua mudança.

Page 16: A filosofia de platão

Platão resolve esse problema com sua Teoria das Idéias. O que há de permanente em um objeto é a Idéia, mais precisamente, a participação desse objeto na sua Idéia correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas uma incompleta representação da Idéia desse objeto.

No exemplo da árvore, o que faz com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a despeito de sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de outras árvores de outras espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é sua participação na Idéia de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida representação da Idéia de Árvore.

Page 17: A filosofia de platão

Teoria do conhecimentoTeoria do conhecimento O desafio do conhecimento consiste O desafio do conhecimento consiste

na descoberta das estruturas na descoberta das estruturas invariáveis a que temos acesso invariáveis a que temos acesso somente pelo espírito;somente pelo espírito;

O mundo que captamos pelos O mundo que captamos pelos sentidos é apenas um reflexo sentidos é apenas um reflexo imperfeito daquelas estruturas;imperfeito daquelas estruturas;

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Método dialético de PlatãoMétodo dialético de Platão

Como se dá o processo do Como se dá o processo do conhecimento:conhecimento:

1ª etapa1ª etapa: impressões ou sensações : impressões ou sensações advindas dos sentidos (opiniões);advindas dos sentidos (opiniões);

2ª etapa2ª etapa: passagem da opinião para : passagem da opinião para a esfera racional da sabedoria, a esfera racional da sabedoria, mundo das idéias.mundo das idéias.

Page 19: A filosofia de platão

DialéticaDialética Opinião (tese) – discussão – negação da tese – Opinião (tese) – discussão – negação da tese –

purificação de erros e equívocos;purificação de erros e equívocos;

OpiniãoOpinião nasce da percepção da aparência e da nasce da percepção da aparência e da diversidade das coisas (mundo sensível – habitado diversidade das coisas (mundo sensível – habitado por seres individuais e mutáveispor seres individuais e mutáveis

ConhecimentoConhecimento nasce do contato com as idéias nasce do contato com as idéias (mundo inteligível – ser absoluto, imutável e (mundo inteligível – ser absoluto, imutável e eterno: justiça, bondade, coragem, sabedoria...eterno: justiça, bondade, coragem, sabedoria...

Mito da CavernaMito da Caverna: tentativa de explicar o processo : tentativa de explicar o processo do conhecimento.do conhecimento.

Page 20: A filosofia de platão

A teoria das ideiasA teoria das ideias Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato

permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis.dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis.

Esta é a Esta é a Teoria das IdeiasTeoria das Ideias ou ou Teoria das FormasTeoria das Formas. Foi desenvolvida . Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira de como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma inteligibilidade relativa aos fenômenos.inteligibilidade relativa aos fenômenos.

Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Ideias. Cada objeto concreto que pálida reprodução do mundo das Ideias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua existe participa, junto com todos os outros objetos de sua categoria de uma Ideia perfeita. Uma determinada caneta, por categoria de uma Ideia perfeita. Uma determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta, perfeita, que esgota canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Ideia desse então, que algo é na medida em que participa da Ideia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.

Page 21: A filosofia de platão

DualismoDualismo Platão divide a realidade em mundo Platão divide a realidade em mundo

sensível e mundo inteligível (ou sensível e mundo inteligível (ou mundo das ideias).mundo das ideias).

Mundo Sensível → o mundo a que Mundo Sensível → o mundo a que temos acesso mediante os cinco temos acesso mediante os cinco sentidos;sentidos;

Mundo Inteligível → o mundo a que Mundo Inteligível → o mundo a que temos acesso somente pelo espírito;temos acesso somente pelo espírito;

Page 22: A filosofia de platão

Mundo das IdeiasMundo das Ideias Não é material é espiritual;Não é material é espiritual; As ideias/formas são invariáveis;As ideias/formas são invariáveis; O mundo material que conhecemos é O mundo material que conhecemos é

modelado a partir das ideias;modelado a partir das ideias; Aí encontram-se as verdades que são Aí encontram-se as verdades que são

fixas, eternas e imutáveis.fixas, eternas e imutáveis.

Page 23: A filosofia de platão

Mundo inteligível

Superioridéias

Inteligência razão intuitiva

(conceitos)Inferior

Objetos da Matemática

Entendimento razão discursiva(conhecimentomatemático)

Mundo sensível

Seres vivos objetos do mundo

Fé / Crença

Imagens/Sombras Suposição / ilusão

Page 24: A filosofia de platão

Platão e a teoria das idéias ou das formas perfeitasPlatão e a teoria das idéias ou das formas perfeitas A realidade sensorial e inteligívelA realidade sensorial e inteligível

REALIDADE SENSORIAL:

1- O Mundo material

2- Mutável e Passageiro

3- Ilusão, Sombras

4- Aparência, Pré-conceito O Mundo físico e Enganoso

REALIDADE INTELIGÍVEL

1- Mundo das Idéias

2- Imutável e Eterno

3- Verdade, Conhecimento

4- Essência, Conceito O mundo das idéias que é a verdade, as formas perfeitas.

Obs: Para Platão a Filosofia seria um instrumento de retorno do ser humano ao mundo inteligível abandonado pelo apego à materialidade.

Page 25: A filosofia de platão

Referente ao mundo material o homem pode ter somente a doxa (opinião) e

téchne (técnica), que permitia a sobrevivência do homem, ao passo que referente

ao mundo das idéias, ou verdadeiro conhecimento filosófico o homem pode ter a

épisthéme (verdadeiro conhecimento).

Page 26: A filosofia de platão

Platão também elaborou uma teoria gnosiológica, ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas, ou ainda, uma teoria do conhecimento.

Segundo ele, ao vermos um objeto repetidas vezes, uma pessoa lembra-se, aos poucos, da Idéia daquele objeto, que viu no mundo das Idéias. Para explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito (ou uma metáfora) que diz que, antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma Estrela, onde localizam-se as Idéias.

Quando uma pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o que viu na Estrela. Mas ao ver um objeto aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma recorda-se da Idéia daquele objeto que foi vista na Estrela. Tal recordação, em Platão, chama-se anamnesis.

Page 27: A filosofia de platão

Para Platão o conhecimento é Inato Para Platão o conhecimento é Inato (ANAMNESE ou REMINISCÊNCIA)(ANAMNESE ou REMINISCÊNCIA) A Filosofia teria o papel de levar o homem a relembrar o A Filosofia teria o papel de levar o homem a relembrar o conhecimento que já esta na sua mente desde o seu conhecimento que já esta na sua mente desde o seu nascimento (Conhecer é relembrar);nascimento (Conhecer é relembrar); Idéia PlatônicaIdéia Platônica Na linguagem comum, o termo idéia indica Na linguagem comum, o termo idéia indica genericamente um conteúdo qualquer da mente.genericamente um conteúdo qualquer da mente. Para Platão a idéia possui uma realidade própria em si Para Platão a idéia possui uma realidade própria em si mesma, é eterna e imutável e existe antes mesmo de ser mesma, é eterna e imutável e existe antes mesmo de ser pensada por alguém.pensada por alguém. A Filosofia seria um instrumento de acesso da mente à A Filosofia seria um instrumento de acesso da mente à essas idéias através da razão.essas idéias através da razão.

Page 28: A filosofia de platão

Solução PlatônicaSolução Platônica A mudança só acontece na superfície da A mudança só acontece na superfície da

realidade (no mundo sensível). No mundo das realidade (no mundo sensível). No mundo das ideias, isto é, na verdadeira estrutura da ideias, isto é, na verdadeira estrutura da realidade nada muda de fato.realidade nada muda de fato.

Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e a felicidade. Assim a forma de conhecimento era um reconhecimento, que faria o homem dar-se conta das verdades que sempre já possuía e que o levavam a discernir melhor dentre as aparências de verdades e as verdades. A obtenção do autoconhecimento era um caminho árduo e metódico.

Page 29: A filosofia de platão

““A República”A República” A RepúblicaA República é um diálogo socrático escrito por Platão é um diálogo socrático escrito por Platão

no século IV a.C.Todo o diálogo é narrado, em primeira no século IV a.C.Todo o diálogo é narrado, em primeira pessoa, por Sócrates. O tema central da obra é a pessoa, por Sócrates. O tema central da obra é a justiça.justiça.

No decorrer da obra é imaginada uma república fictícia No decorrer da obra é imaginada uma república fictícia (a cidade de (a cidade de CallipolisCallipolis, que significa cidade bela) onde , que significa cidade bela) onde são questionados os assuntos da organização social são questionados os assuntos da organização social (teoria política, filosofia política).(teoria política, filosofia política).

O diálogo está dividido em dez livros, subdividido em O diálogo está dividido em dez livros, subdividido em capítulos. A República usa uma argumentação dialética. capítulos. A República usa uma argumentação dialética. O pensamento dialético caracteriza-se por apreender a O pensamento dialético caracteriza-se por apreender a realidade à luz de posições contraditórias, uma das realidade à luz de posições contraditórias, uma das quais acaba por ser compreendida como verdadeira e a quais acaba por ser compreendida como verdadeira e a outra falsa. A imagem correspondente é a do confronto outra falsa. A imagem correspondente é a do confronto entre luz, sol, claridade e trevas, escuridão e caverna. entre luz, sol, claridade e trevas, escuridão e caverna.

A dialética ascendente apresenta a ideia por confronto A dialética ascendente apresenta a ideia por confronto com os pontos de partida empíricos; a dialética com os pontos de partida empíricos; a dialética descendente verifica a corrupção da ideia devido à sua descendente verifica a corrupção da ideia devido à sua incorporação numa situação empírica.incorporação numa situação empírica.

Page 30: A filosofia de platão

"... os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros eautênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades,por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente". República: Reflexão filosófico-política sobre o governo e República: Reflexão filosófico-política sobre o governo e a sociedade ideal.a sociedade ideal.

O governo ideal seria baseado no conhecimento e seus O governo ideal seria baseado no conhecimento e seus governantes selecionados pela capacidade intelectual.governantes selecionados pela capacidade intelectual. Os governantes não sairiam de um processo eleitoral nem Os governantes não sairiam de um processo eleitoral nem hereditário mas sim da qualidade intelectual.hereditário mas sim da qualidade intelectual.

Academia de Platão

Page 31: A filosofia de platão

Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma.

A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado, ou seja, a do governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.

A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do estado, isto é, os soldados, pois sua alma de prata é imbuída de vontade.

E, por fim, a virtude da temperança, que deveria ser o baixo-ventre do estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo desejo das coisas sensíveis.

Page 32: A filosofia de platão

Platão identifica a sua sociedade ideal na forma de Platão identifica a sua sociedade ideal na forma de uma pirâmide.uma pirâmide.

A sociedade perfeita de Platão seria aquela em que A sociedade perfeita de Platão seria aquela em que cada classe executa-se o trabalho para o qual sua cada classe executa-se o trabalho para o qual sua natureza e aptidões o tivesse habilitado.natureza e aptidões o tivesse habilitado. Todos cooperassem de maneira diferente para Todos cooperassem de maneira diferente para produzir um todo eficiente e harmonioso.produzir um todo eficiente e harmonioso. Esse seria o Estado ideal de Platão.Esse seria o Estado ideal de Platão.

Reis-Filósofos

Guerreiros

Classe econômica

Page 33: A filosofia de platão

Para Platão a justiça é fazer aquilo que nos cabe.Para Platão a justiça é fazer aquilo que nos cabe. a justiça é virtude, sabedoria, ética;a justiça é virtude, sabedoria, ética; e a injustiça é maldade e ignorância.e a injustiça é maldade e ignorância.

A República de Platão não é uma democracia mas A República de Platão não é uma democracia mas também não é uma tirania e sim um ideal de também não é uma tirania e sim um ideal de governo baseado exclusivamente na oportunidade governo baseado exclusivamente na oportunidade de educação para os cidadãos e os mais sábios, ou de educação para os cidadãos e os mais sábios, ou seja, os que atingiram o inteligível, governariam.seja, os que atingiram o inteligível, governariam.

Page 34: A filosofia de platão
Page 35: A filosofia de platão

A Origem e a função do Estado 1. Origem: O Estado origina-se e justifica-se pelo fato de

sozinho ninguém ser suficiente ou bastar-se.

Não se pode ser artesão, alfaiate, camponês, soldado, professor, sapateiro, etc. ao mesmo tempo.

Satisfazer todas as necessidades é associar-se e co-dividir as várias ocupações e habilidades.

Page 36: A filosofia de platão

A Origem e a função do Estado 2. Funções:

O Estado deveria cuidar da:

• Eugenia

o Bom nascimento.o Boa origem.

• O Estado permitiria que somente os que se distinguissem pela saúde, inteligência e beleza pudessem procriar.

• O Estado deve dar educação, garantindo que todos crescessem isentos de fraquezas, mau exemplo ou costumes debilitantes.

Page 37: A filosofia de platão

As Leis em Platão

Para que o Estado exista em plenitude e o cidadão seja feliz é preciso que haja obediência às leis.

Obedecer à lei é inabalável, inexorável: se a obediência não for possível pela persuasão e pelo consentimento livre e racional, que sejam usados métodos de força: prisão, exílio e mesmo a morte.

A integridade do Estado é que deve ser mantida.

Page 38: A filosofia de platão

CONCEITO DE ESTADO IDEAL  Platão procura a justiça no Estado e não nos indivíduos; O objetivo do governante é governar, zelar pelo

bem comum; Cada um tem uma função na qual tem aptidão

esta é definida pelo governante; Educação é a base do caráter dos indivíduos; O Estado Ideal não precisa de muitas leis; Possui quatro grandes virtudes: sabedoria,

coragem, temperança e justiça; Objetivo: o Estado perfeito e sem discórdia.

Page 39: A filosofia de platão

DEFINICÕES DOS PODERES 

ARISTOCRÁTICO: o Estado Governado pelos Melhores;

TIMOCRÁTICO: auxiliares dos chefes chegam ao poder. A sabedoria e a razão dão lugar à honra e à ambição. O homem timocrático valoriza o exercício físico, a caça, a coragem, a ambição e os feitos militares;

OLIGÁRQUICO: o Estado que supervaloriza a riqueza e o poder dos ricos. O homem oligárquico provém do homem timocrático. Impera o sistema de opressão do pobre pelo rico;

DEMOCRÁTICO: os pobres revoltados eliminam seus opressores e vigoram direitos iguais para todos os cidadãos. Surge a democracia. Nela cada um é livre para pensar a agir e para participar da vida pública. Ninguém é obrigado a possuir o requisito da educação para participar na política. Aparentemente versátil, segue sem ordem ou orientação.

TIRÂNICO: degeneração da democracia. O líder popular que faz tudo o que o povo deseja, posteriormente passa a fazer somente o que ele próprio quer.

Page 40: A filosofia de platão

CONCLUSÕES  Todo filósofo deve ter cuidado em revelar a

verdade, pois os homens tendem à apatia e ao comodismo. As elites se aproveitarão disso e colocarão o povo contra o filósofo. Filosofia e Ética devem ser estudadas na academia e levadas às instâncias de governo. O limite para os excessos e apetites do poder remete a uma Justiça do Além. Os deuses julgarão os atos humanos após a morte e punirão as almas desencarnadas. A possibilidade da retidão, da ética, da justiça – do Direito – na Terra se dá pelo “medo” da punição transcendental, no além. Todos os espíritos serão julgados e os bens materiais de nada servirão diante dos deuses (humildade).

Page 41: A filosofia de platão

CONCLUSÕES  O julgamento e a possibilidade de punição

ocorrem pela totalidade da experiência vivida e acumulada no espírito, e não apenas pelos últimos atos humanos da última reencarnação. O objetivo é o contínuo aprimoramento espiritual, e não a punição em si mesma. Portanto, quando a alma é julgada e punida no além, o objetivo é que se aprimore para poder servir melhor na próxima reencarnação (direito restaurativo ao (direito restaurativo ao invés de repressivo).invés de repressivo). Ao reencarnar-se, a alma esquece de suas experiências anteriores: iguais condições espirituais, comuns a todos os homens, necessidade de oportunidades iguais para o são e equilibrado desenvolvimento de todas as potencialidades voltadas para o bem (igualdade de oportunidades)(igualdade de oportunidades).

Page 42: A filosofia de platão

CONCLUSÕES  “Suas críticas aos homens de seu tempo e às práticas

políticas  de sua época têm valor substancial para todos os tempos. Daí por que a perenidade de suas idéias e de seus modelos.”  (Bittar, pág.63)  

“...basta observarmos na história as formas de totalitarismo, a Inquisição, o nazismo,o fascismo ou personalidades como Nero, Napoleão, Hitler, para percebermos que a descrição platônica do tirano, homem destituído de racionalidade e portador de desequilíbrio mental, continua atual. Talvez Platão faça uma caricatura do homem tirânico, mas não se pode negar sua contribuição à psicologia do tirano e das massas que o sustentam.” (Paviani, págs. 54 e 55)

 

Page 43: A filosofia de platão

Aristóteles e o sistema aristotélicoAristóteles e o sistema aristotélico O Filósofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C. e morreu em O Filósofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C. e morreu em

322 a.C. Seus pensamentos filosóficos e ideias sobre a 322 a.C. Seus pensamentos filosóficos e ideias sobre a humanidade têm influências significativas na educação e no humanidade têm influências significativas na educação e no pensamento ocidental contemporâneo. pensamento ocidental contemporâneo.

Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico. Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras influenciaram também na teologia medieval da Suas obras influenciaram também na teologia medieval da cristandade. cristandade.

Biografia e linha de pensamentoBiografia e linha de pensamento Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde conheceu Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde conheceu

Platão, tornando-se seu discípulo. Passou o ano de 343 a.C. Platão, tornando-se seu discípulo. Passou o ano de 343 a.C. como preceptor do imperador Alexandre, o Grande, da como preceptor do imperador Alexandre, o Grande, da Macedônia. Fundou em Atenas, no ano de 335 a.C, a escola Macedônia. Fundou em Atenas, no ano de 335 a.C, a escola Liceu, voltada para o estudo das ciências naturais. Liceu, voltada para o estudo das ciências naturais.

Page 44: A filosofia de platão

Seus estudos filosóficos baseavam-se em Seus estudos filosóficos baseavam-se em experimentações para comprovar experimentações para comprovar fenômenos da natureza.fenômenos da natureza.

O filósofo valorizava a inteligência humana, O filósofo valorizava a inteligência humana, única forma de alcançar a verdade. Fez única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pensamentos foram seguidos escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. e propagados pelos discípulos.

Pensou e escreveu sobre diversas áreas do Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética, conhecimento: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia,  metafísica, didática, teologia, pedagogia,  metafísica, didática, poética, retórica, física, antropologia, poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. psicologia e biologia.

Publicou muitas obras de cunho didático, Publicou muitas obras de cunho didático, principalmente para o público geral. principalmente para o público geral. Valorizava a educação e a considerava uma Valorizava a educação e a considerava uma das formas crescimento intelectual e das formas crescimento intelectual e humano. Sua grande obra é o livro humano. Sua grande obra é o livro Organon, que reúne grande parte de seus Organon, que reúne grande parte de seus pensamentos. pensamentos. 

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A MetafísicaA Metafísica

O termo "Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos O termo "Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles de filosofia de metafísica era chamado por Aristóteles de filosofia primeira. Esta é a ciência que se ocupa com realidades que primeira. Esta é a ciência que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que possuem fácil e estão além das realidades físicas que possuem fácil e imediata apreensão sensorial.imediata apreensão sensorial.

O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há uma definição única. O filósofo deu complexo e não há uma definição única. O filósofo deu quatro definições para metafísica:quatro definições para metafísica:

a ciência que indaga causas e princípios; a ciência que indaga causas e princípios; a ciência que indaga o ser enquanto ser; a ciência que indaga o ser enquanto ser; a ciência que investiga a substância; a ciência que investiga a substância; a ciência que investiga a substância supra-sensível. a ciência que investiga a substância supra-sensível. Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância

e acidente possuem especial importância na metafísica e acidente possuem especial importância na metafísica aristotélica.aristotélica.

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A concepção aristotélica de Física A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o parte do movimento, elucidando-o nas análises dos conceitos de nas análises dos conceitos de crescimento, alteração e crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e mudança. A teoria do ato e potência, com implicações potência, com implicações metafísicas, é o fundamento do metafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e potência sistema. Ato e potência relacionam-se com o movimento relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria e forma enquanto que a matéria e forma com a ausência de movimento.com a ausência de movimento.

Para Aristóteles, os objetos caíam Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente para se localizarem corretamente de acordo com a natureza: o éter, de acordo com a natureza: o éter, acima de tudo; logo abaixo, o acima de tudo; logo abaixo, o fogo; depois a água e, por último, fogo; depois a água e, por último, a terra.a terra.

O Sistema

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No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, menos exata na medida em que se ocupa com assuntos menos exata na medida em que se ocupa com assuntos passíveis de modificação. Ela não se ocupa com aquilo que passíveis de modificação. Ela não se ocupa com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as virtudes e os vícios. Seu de hábitos que constituem as virtudes e os vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da felicidade.felicidade.

Partindo das disposições naturais do homem (disposições Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a cada um e que constituem o caráter), a particulares a cada um e que constituem o caráter), a moral mostra como essas disposições devem ser moral mostra como essas disposições devem ser modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições costumam estar afastadas do costumam estar afastadas do meio-termomeio-termo, estado que , estado que Aristóteles considera o ideal. Assim, algumas pessoas são Aristóteles considera o ideal. Assim, algumas pessoas são muito tímidas, outras muito audaciosas. A virtude é o meio-muito tímidas, outras muito audaciosas. A virtude é o meio-termo e o vício se dá ou na falta ou no excesso. Por termo e o vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo: coragem é uma virtude e seus contrários são a exemplo: coragem é uma virtude e seus contrários são a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência de coragem).de coragem).

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As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais sentido quando as relações humanas têm mais sentido quando as relações humanas desaparecem, como, por exemplo, em relação a Deus. desaparecem, como, por exemplo, em relação a Deus. Totalmente diferente é a virtude especulativa ou Totalmente diferente é a virtude especulativa ou intelectual, que pertence apenas a alguns (geralmente os intelectual, que pertence apenas a alguns (geralmente os filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento pelo conhecimento. É assim que a contemplação aproxima pelo conhecimento. É assim que a contemplação aproxima o homem de Deus.o homem de Deus.

Page 49: A filosofia de platão

As quatro causasAs quatro causas Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na

existência de algo:existência de algo: A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a

argila, por exemplo); argila, por exemplo); A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila); A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila); A causa eficiente (aquilo que dá origem ao processo em A causa eficiente (aquilo que dá origem ao processo em

que a coisa surge, como as mãos de quem trabalha a que a coisa surge, como as mãos de quem trabalha a argila); argila);

A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos para enfeitar um ambiente). portar arranjos para enfeitar um ambiente).

A teoria aristotélica sobre as causas estende-se sobre toda A teoria aristotélica sobre as causas estende-se sobre toda a Natureza, que é como um artista que age no interior das a Natureza, que é como um artista que age no interior das coisas.coisas.

Page 50: A filosofia de platão

Essência e acidenteEssência e acidente Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em

alguma coisa.alguma coisa. A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o

que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo: pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de estória ou informações um livro sem nenhum tipo de estória ou informações estruturadas, no caso de um livro técnico, não pode ser estruturadas, no caso de um livro técnico, não pode ser considerado um livro, pois o fato de ter uma estória ou considerado um livro, pois o fato de ter uma estória ou informações é o que permite-o ser identificado como "livro" e informações é o que permite-o ser identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente "maço de papel").não como "caderno" ou meramente "maço de papel").

O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois (o tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua uma flor grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor o que ela é).não faz de uma flor o que ela é).

Page 51: A filosofia de platão

Potência, ato e movimentoPotência, ato e movimento Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em

potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma árvore - uma ato, também são em potência (pois uma árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica com o BemPuro, que Aristóteles identifica com o Bem

Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da mediante algum movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência.potência enquanto está em potência.

O ato é portanto, a realização da potência, e essa realização O ato é portanto, a realização da potência, e essa realização pode ocorrer através da ação (gerada pela potência ativa) e pode ocorrer através da ação (gerada pela potência ativa) e perfeição (gerada pela potência passiva).perfeição (gerada pela potência passiva).

Page 52: A filosofia de platão

DIVISÃO DAS CIÊNCIASDIVISÃO DAS CIÊNCIAS As As ciências práticasciências práticas são são referentes às ações referentes às ações

que têm seu início e seu termo no próprio que têm seu início e seu termo no próprio sujeito agente. São as sujeito agente. São as ações moraisações morais..

As As ciências poiéticasciências poiéticas são são relativas às ações, relativas às ações, que têm seu início no sujeito, mas são dirigidas que têm seu início no sujeito, mas são dirigidas a a produzirproduzir algo fora do próprio sujeito. algo fora do próprio sujeito.

As As ciênciasciências teoréticasteoréticas são diferentes, porque são diferentes, porque não se referem à ação nem à produção, mas não se referem à ação nem à produção, mas têm como fim têm como fim o puro conhecimentoo puro conhecimento como tal. como tal.

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METAFÍSICAMETAFÍSICA A metafísica é A metafísica é ciência das causas e ciência das causas e

dos princípios primeiros e supremos. dos princípios primeiros e supremos. A metafísica é a ciência do ser A metafísica é a ciência do ser

enquanto ser: “teoria da substância“.enquanto ser: “teoria da substância“. A ontologia é a base da filosofia de A ontologia é a base da filosofia de

Aristóteles que, a partir dos Aristóteles que, a partir dos princípios de identidade e de não princípios de identidade e de não contradição, funda a lógica e toda contradição, funda a lógica e toda demonstração. demonstração.

Page 54: A filosofia de platão

O SER E A SUBSTÂNCIAO SER E A SUBSTÂNCIA O conceito de ser não pode ser reduzido a O conceito de ser não pode ser reduzido a

um um gênero, gênero, menos ainda a uma menos ainda a uma espécie. espécie. As várias coisas que são ditas exprimem As várias coisas que são ditas exprimem

significados diversos do ser, mas, ao significados diversos do ser, mas, ao mesmo tempo, todas elas implicam a mesmo tempo, todas elas implicam a referência a algo uno, que é a substância. referência a algo uno, que é a substância. Portanto, o centro unificador dos Portanto, o centro unificador dos significados do ser é a substância significados do ser é a substância (ousía). A(ousía). A substância, é o princípio em relação ao qual substância, é o princípio em relação ao qual todos os outros significados subsistem.todos os outros significados subsistem.

Page 55: A filosofia de platão

1 O tema da justiça e da 1 O tema da justiça e da ética ética

Para Aristóteles a justiça, definida como Para Aristóteles a justiça, definida como virtude (virtude (dikaiosýne)dikaiosýne), é o foco das atenções , é o foco das atenções da ciência prática, intitulada ética. da ciência prática, intitulada ética.

A investigação do justo é uma primeira A investigação do justo é uma primeira premissa para a ação conforme a justiça.premissa para a ação conforme a justiça.

A política compete traçar as normas A política compete traçar as normas suficientes e adequadas para orientar a suficientes e adequadas para orientar a atividade da atividade da polis, polis, e dos sujeitos que a e dos sujeitos que a compõe, para a realização palpável do compõe, para a realização palpável do Bem Comum. Bem Comum.

Os princípios éticos estão condicionados Os princípios éticos estão condicionados ao exame do caso particular ao exame do caso particular

Page 56: A filosofia de platão

2 Justiça como virtude2 Justiça como virtude A justiça é uma virtude e como tal um justo A justiça é uma virtude e como tal um justo

meio. meio. Somente a educação ética, ou seja, a Somente a educação ética, ou seja, a

criação do hábito do comportamento criação do hábito do comportamento deliberado pela reta razão (deliberado pela reta razão (ortós lógos)ortós lógos), , pode construir o comportamento virtuoso. pode construir o comportamento virtuoso. EthosEthos significa hábito, reiteração da prática significa hábito, reiteração da prática virtuosa. virtuosa.

A ciência prática que cuida da conduta A ciência prática que cuida da conduta humana, tem esta tarefa de elucidar e humana, tem esta tarefa de elucidar e tornar realizável, factível, a harmonia do tornar realizável, factível, a harmonia do comportamento humano individual e social.comportamento humano individual e social.

Page 57: A filosofia de platão

3Acepções acerca do justo e 3Acepções acerca do justo e do injusto: o justo totaldo injusto: o justo total I I

Aristóteles analisa as diversas acepções Aristóteles analisa as diversas acepções de justiça:de justiça:

Justiça totalJustiça total (díkaion nomimón) consiste (díkaion nomimón) consiste na virtude de observância da lei, no na virtude de observância da lei, no respeito àquilo que é legítimo e que vige respeito àquilo que é legítimo e que vige para o bem da comunidade. para o bem da comunidade. O fim da leiO fim da lei (nómos) é o (nómos) é o Bem ComumBem Comum..

O legislador ao construir o espaço O legislador ao construir o espaço normativo da pólis, está exercendo a normativo da pólis, está exercendo a prudênciaprudência ( (phrónesis)phrónesis) legislativa. legislativa.

Page 58: A filosofia de platão

Acepções acerca do justo e Acepções acerca do justo e do injusto: o justo total IIdo injusto: o justo total II

Aquele que contraria as leis contraria a Aquele que contraria as leis contraria a todos que são por elas protegidos e todos que são por elas protegidos e beneficiados.beneficiados.

Nesta acepção Nesta acepção justiça e legalidadejustiça e legalidade são são uma e a mesma coisa. uma e a mesma coisa.

Virtude totalVirtude total (dikaiosýne) é apenas uma (dikaiosýne) é apenas uma disposição de espírito.disposição de espírito.

Justiça totalJustiça total (díkaion nomimón) (díkaion nomimón) envolve envolve também, e sobretudo, os importes também, e sobretudo, os importes relacionais para com o outro. relacionais para com o outro.

Justiça e virtude devem ser idênticas. Justiça e virtude devem ser idênticas.

Page 59: A filosofia de platão

4 Acepções acerca do justo e do 4 Acepções acerca do justo e do injusto: o justo particularinjusto: o justo particular

A justiça particular refere-se ao outro A justiça particular refere-se ao outro singularmente no relacionamento direto entre singularmente no relacionamento direto entre as partes. O justo particular admite divisões: de as partes. O justo particular admite divisões: de um lado, o justo distributivo um lado, o justo distributivo (díkaion (díkaion dianemetikón);dianemetikón); de outro o justo corretivo de outro o justo corretivo ((díkaion diortotikón).díkaion diortotikón).

O justo distributivo é todo tipo de distribuição O justo distributivo é todo tipo de distribuição levada a efeito no Estado. levada a efeito no Estado.

O justo corretivo dá-se nas relações entre os O justo corretivo dá-se nas relações entre os indivíduos. Trata-se de uma justiça apta a indivíduos. Trata-se de uma justiça apta a produzir a reparação nas relações. Está a produzir a reparação nas relações. Está a presidir a igualdade nas trocas e demais presidir a igualdade nas trocas e demais relações bilaterais, voluntárias ou involuntárias. relações bilaterais, voluntárias ou involuntárias.

Page 60: A filosofia de platão

5 Justo particular 5 Justo particular distributivo Idistributivo I Atribuição a membros da comunidade de bens Atribuição a membros da comunidade de bens

pecuniários, de honras, de cargos, assim como pecuniários, de honras, de cargos, assim como de deveres, responsabilidades, impostos,… de deveres, responsabilidades, impostos,…

Pressupõe uma relação de subordinação entre Pressupõe uma relação de subordinação entre as partes que se relacionam, entre aquele que as partes que se relacionam, entre aquele que distribui e aqueles que recebem. distribui e aqueles que recebem.

A justiça distributiva consiste numa medida a A justiça distributiva consiste numa medida a ser estabelecida entre quatro termos de uma ser estabelecida entre quatro termos de uma relação, sendo dois desses sujeitos que se relação, sendo dois desses sujeitos que se comparam e, os outros dois, os objetos. A comparam e, os outros dois, os objetos. A distribuição atingirá seu justo objetivo se distribuição atingirá seu justo objetivo se proporcionar a cada qual aquilo que lhe é proporcionar a cada qual aquilo que lhe é devido, dentro de uma razão de devido, dentro de uma razão de proporcionalidade.proporcionalidade.

Page 61: A filosofia de platão

Justo particular distributivo IIJusto particular distributivo II Entre o mais e o menos o justo aqui reside no Entre o mais e o menos o justo aqui reside no

meio (meio (méson)méson) e representa o igual e representa o igual (íson)(íson). . A justiça distributiva é estabelecida de acordo A justiça distributiva é estabelecida de acordo

com um critério de estimação dos sujeitos com um critério de estimação dos sujeitos analisados. analisados.

O critério de avaliação subjetiva não é único: a O critério de avaliação subjetiva não é único: a liberdade é para o governo democrático o liberdade é para o governo democrático o ponto fundamental de organização do poder; ponto fundamental de organização do poder; para a oligarquia é a riqueza ou o nascimento; para a oligarquia é a riqueza ou o nascimento; e para a aristocracia, a virtude.e para a aristocracia, a virtude.

A igualdade estabelecida é de tipo geométrico, A igualdade estabelecida é de tipo geométrico, visa a manutenção de um equilíbrio. visa a manutenção de um equilíbrio.

Page 62: A filosofia de platão

Justo particular corretivoJusto particular corretivoDestina-se a ser aplicada nas relações entre Destina-se a ser aplicada nas relações entre

indivíduos em paridade de direitos e obrigações indivíduos em paridade de direitos e obrigações em face da legislação. em face da legislação.

Vincula-se à idéia de igualdade perfeita ou Vincula-se à idéia de igualdade perfeita ou absoluta. absoluta.

Uma parte pratica a injustiça e a outra sofre. A Uma parte pratica a injustiça e a outra sofre. A noção de igual é exclusivamente aritmética. noção de igual é exclusivamente aritmética.

A justiça aqui está em se retirar de uma que há A justiça aqui está em se retirar de uma que há de mais e se juntar à de que há de menos. de mais e se juntar à de que há de menos. ((dikaiondikaion))

Aplica-se nas relações voluntárias e Aplica-se nas relações voluntárias e involuntárias. involuntárias.

Page 63: A filosofia de platão

Relações voluntárias e involuntáriasRelações voluntárias e involuntárias

Voluntárias: compra, venda e troca de Voluntárias: compra, venda e troca de serviços que não se correspondem. serviços que não se correspondem.

Para que haja trocas a presença da moeda Para que haja trocas a presença da moeda estabelece um liame entre os elementos e estabelece um liame entre os elementos e estabelece a medida. A moeda é uma estabelece a medida. A moeda é uma convenção, que deriva da lei. convenção, que deriva da lei.

A justiça tem função primordial no âmbito das A justiça tem função primordial no âmbito das interações involuntárias. Igualdade rompida interações involuntárias. Igualdade rompida por clandestinidade ou violência. O sujeito por clandestinidade ou violência. O sujeito ativo de uma injustiça recebe o respectivo ativo de uma injustiça recebe o respectivo sancionamento. O sujeito passivo da injustiça sancionamento. O sujeito passivo da injustiça vê-se ressarcido pela concessão de uma vê-se ressarcido pela concessão de uma reparação. reparação.

Page 64: A filosofia de platão

7 Justo da cidade e da casa: justo 7 Justo da cidade e da casa: justo político e justo domésticopolítico e justo doméstico..

O justo políticoO justo político ( (díkaion politikón)díkaion politikón) diverso do diverso do justo domésticojusto doméstico (oikonomikòn dikaion)(oikonomikòn dikaion) é a é a justiça que organiza um modo de vida que justiça que organiza um modo de vida que tende à auto-suficiência da vida comunitária tende à auto-suficiência da vida comunitária (autárkeian)(autárkeian), vigente entre homens que , vigente entre homens que partilham de um espaço comum, dividindo partilham de um espaço comum, dividindo atividades segundo a multiplicidade de aptidões atividades segundo a multiplicidade de aptidões e necessidades de cada qual, formando uma e necessidades de cada qual, formando uma comunidade que tem por fim a comunidade que tem por fim a eudaimonía eudaimonía e a e a plena realização das potencialidades humanas. plena realização das potencialidades humanas.

Porém mulheres, crianças e escravos não Porém mulheres, crianças e escravos não usufruem da justiça política.usufruem da justiça política.

Page 65: A filosofia de platão

8 Justo legal e justo natural8 Justo legal e justo natural O O justo político, abrange o justo legaljusto político, abrange o justo legal

((díkaion nomikón) díkaion nomikón) e o e o justo naturaljusto natural ( (díkaion díkaion physikón)physikón)

O justo natural, por todas as partes, possui a O justo natural, por todas as partes, possui a mesma potência e não depende da mesma potência e não depende da positividade, de qualquer opinião ou conceito.positividade, de qualquer opinião ou conceito.

O justo legal constitui o conjunto de O justo legal constitui o conjunto de disposições vigentes na disposições vigentes na pólispólis definida pela definida pela vontade do legislador. A lei possui força vontade do legislador. A lei possui força fundada na convenção. fundada na convenção.

Page 66: A filosofia de platão

Justiça mutávelJustiça mutável Para alguns o Para alguns o justo políticojusto político, resume-se , resume-se

ao ao justo legaljusto legal (dikaion nomikón),(dikaion nomikón), pois, pois, no argumento destes as leis são no argumento destes as leis são mutáveis e não poderia existir uma mutáveis e não poderia existir uma justiça por natureza que admitisse a justiça por natureza que admitisse a mutabilidade. mutabilidade.

Deve-se admitir aquilo que é mais Deve-se admitir aquilo que é mais mutável (justo legal) subsistindo ao lado mutável (justo legal) subsistindo ao lado do que é menos mutável (justo natural). do que é menos mutável (justo natural).

Page 67: A filosofia de platão

O O justo convencional justo convencional e e justo naturaljusto natural

O O justo convencionaljusto convencional ou justo legal, ou justo legal, equipara-se às demais convenções equipara-se às demais convenções humanas, variando de local para local. humanas, variando de local para local.

O O justo naturaljusto natural, consiste no conjunto de , consiste no conjunto de todas as regras que encontram aplicação, todas as regras que encontram aplicação, validade, força e aceitação universais. É a validade, força e aceitação universais. É a parte do justo político que encontra parte do justo político que encontra respaldo na natureza humana, sendo por respaldo na natureza humana, sendo por conseqüência de conseqüência de caráter universalistacaráter universalista..

Compartilham os povos noções e princípios Compartilham os povos noções e princípios comuns. comuns.

Page 68: A filosofia de platão

Natureza princípio teleológicoNatureza princípio teleológico A A naturezanatureza é princípio ( é princípio (archéarché) e ) e

causa ( causa ( aitía)aitía) de tudo que existe; mais de tudo que existe; mais ainda, é princípio e fim do movimento, ainda, é princípio e fim do movimento, e não busca fora de si o movimento. e não busca fora de si o movimento. Dentro de um pensamento teleológico Dentro de um pensamento teleológico cada coisa dirige-se para seu bem cada coisa dirige-se para seu bem ((agathós). agathós). O movimento, ou seja, a O movimento, ou seja, a atualização das potências de um ser, atualização das potências de um ser, realiza-se guiado por uma pulsão realiza-se guiado por uma pulsão natural interna do ser.natural interna do ser.

Page 69: A filosofia de platão

PhýsisPhýsis Phýsis, Phýsis, algo independente da vontade algo independente da vontade

humana, que decorre da essência da humana, que decorre da essência da coisacoisa.. Sendo naturalmente ser político, o homem é Sendo naturalmente ser político, o homem é

condicionado a sua natureza: à condicionado a sua natureza: à sociabilidade, à politicidade, à reciprocidade. sociabilidade, à politicidade, à reciprocidade.

Reger-se sob o signo da natureza significa Reger-se sob o signo da natureza significa estar sob o governo da estar sob o governo da razãorazão. É a justiça . É a justiça natural o princípio e causa de toda justiça natural o princípio e causa de toda justiça legal. legal.

A natureza, estando submetida a A natureza, estando submetida a contingência temporal também é mutável.contingência temporal também é mutável.

Page 70: A filosofia de platão

Racionalidade variávelRacionalidade variável O ser racional varia na proporção da razão O ser racional varia na proporção da razão

que possui. que possui. O O justo legaljusto legal tem sua tem sua origemorigem no no justo justo

naturalnatural, princípio comungado por todos os , princípio comungado por todos os seres de natureza racional do qual se deduz seres de natureza racional do qual se deduz especificações.especificações.

Só as leis justas estão a serviço do bem Só as leis justas estão a serviço do bem comum as injustas estão a serviço de formas comum as injustas estão a serviço de formas de governo corrompidas. Constituições boas de governo corrompidas. Constituições boas podem ter alguns dispositivos injustos e podem ter alguns dispositivos injustos e constituições más alguns dispositivos justos. constituições más alguns dispositivos justos.

Page 71: A filosofia de platão

Equidade e justiçaEquidade e justiçaEquidade e justiça não se equivalem.Equidade e justiça não se equivalem. O eqüo é algo melhor e mais desejado que o O eqüo é algo melhor e mais desejado que o

justo. É a equidade a correção dos rigores da justo. É a equidade a correção dos rigores da lei.lei.

A lei prescreve conteúdos de modo genérico A lei prescreve conteúdos de modo genérico dirigindo-se a todos, sem diferenciar. Cada caso dirigindo-se a todos, sem diferenciar. Cada caso demanda uma atenção especial e singular.demanda uma atenção especial e singular.

Fazer uso da equidade significa ter em conta a Fazer uso da equidade significa ter em conta a intenção do legislador, não a parte, mas o todo. intenção do legislador, não a parte, mas o todo.

O julgador, que se faz legislador no caso O julgador, que se faz legislador no caso concreto é um homem eqüo, neste sentido. concreto é um homem eqüo, neste sentido.

A equidade é uma disposição de caráter. A equidade é uma disposição de caráter.

Page 72: A filosofia de platão

10 Amizade e justiça10 Amizade e justiça

A amizade (A amizade (philía)philía) é o liame que mantém a é o liame que mantém a coesão de todas as cidades-estado. O homem coesão de todas as cidades-estado. O homem alheio ao convívio social, ou é uma besta ou é alheio ao convívio social, ou é uma besta ou é um deus.um deus.

A mais genuína forma de justiça é uma espécie A mais genuína forma de justiça é uma espécie de amizade. A amizade entre pessoas virtuosas de amizade. A amizade entre pessoas virtuosas é a mais desinteressada, a mais excelente e a é a mais desinteressada, a mais excelente e a mais perfeita manifestação do sentimento de mais perfeita manifestação do sentimento de amizade que se possa conceber. O grau de amizade que se possa conceber. O grau de justiça está mais presente onde maior a justiça está mais presente onde maior a proximidade e a afeição.proximidade e a afeição.

Page 73: A filosofia de platão

11 Juiz justiça animada11 Juiz justiça animada O juiz (O juiz (diastésdiastés) é o mediador de todo ) é o mediador de todo

o processo de aplicação da justiça o processo de aplicação da justiça corretiva. Incumbe ao juiz colocar os corretiva. Incumbe ao juiz colocar os indivíduos desiguais em uma indivíduos desiguais em uma situação de paridade, de igualdade situação de paridade, de igualdade absoluta, de acordo com o estado absoluta, de acordo com o estado inicial em que se encontravam antes, inicial em que se encontravam antes, e do convencionado e e do convencionado e consubstanciado na legislação.consubstanciado na legislação.

Page 74: A filosofia de platão

ConclusãoConclusão A justiça é entendida como sendo uma virtude A justiça é entendida como sendo uma virtude

que apela para a razão prática. A ciência que apela para a razão prática. A ciência prática, que discerne o bem e o mau, o justo e prática, que discerne o bem e o mau, o justo e o injusto, se chama ética e recorre a noção de o injusto, se chama ética e recorre a noção de mesotésmesotés..

Por natureza político, e por natureza racional; Por natureza político, e por natureza racional; o homem exerce essa racionalidade no o homem exerce essa racionalidade no convívio político.convívio político.

A comunidade organizada ao bem tende a A comunidade organizada ao bem tende a realização da felicidade. O homem é capaz de realização da felicidade. O homem é capaz de deliberar e escolher o que é melhor para si e deliberar e escolher o que é melhor para si e para o outro. para o outro.

Page 75: A filosofia de platão

ConclusãoConclusão A justiça também não é única e Aristóteles A justiça também não é única e Aristóteles

distingue suas espécies. A equidade é algo distingue suas espécies. A equidade é algo para além do juízo de mediedade. para além do juízo de mediedade.

A justiça total, virtude de obediência a lei, A justiça total, virtude de obediência a lei, vem complementada pela noção de justiça vem complementada pela noção de justiça particular corretiva ou distributiva. particular corretiva ou distributiva. Também exercida nas relações Também exercida nas relações domésticas. domésticas.

Aos juizes compete a compensar das Aos juizes compete a compensar das diferenças. diferenças.