a experiência brasileira no desenvolvimento de um combustível binário Álcool

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  • 7/24/2019 A Experincia Brasileira No Desenvolvimento de Um Combustvel Binrio lcool

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    A EXPERINCIA BRASILEIRA NO DESENVOLVIMENTO DE UMCOMBUSTVEL BINRIO LCOOL-DIESEL (*)

    Autores: Adailson da Silva Santos a,b

    Maria Letcia Murta Valle aRoberto Gomes Giannini a

    a Escola de Qumica/ UFRJ - Rio de Janeiro.b [email protected],

    [email protected]!r".br

    Resumo:

    Este trabalho tem como objetivo avaliar a situao atual do composto oxigenado etanoladicionado ao diesel. Para isto, procurou-se traar o perfil histrico das tentativas deimplantao, bem como a poltica de reduo do consumo de combustveis fsseis.

    Etanol em motores automotivos leves - PROALCOOL

    omo conse!"#ncia $s crises do petrleo, a necessidade estrat%gica de redu&ir adepend#ncia do pas da importao de petrleo resultou na 'oficiali&ao' do etanol comocombustvel em veculos leves e, em ()*+, foi criado o Programa acional do lcool -P/01//1.

    om o P/01//1, o consumo interno de gasolina foi drasticamente redu&ido, mas o nvelde refino no foi alterado, j2 !ue o consumo de leo diesel no pas era 3e continua sendo4extremamente alto, ocupando cerca de 5+6 do volume refinado 37E84.

    0o final da d%cada de *9, foi estudada a hiptese da substituio do leo diesel por 2lcool,

    em motores do ciclo diesel 3:;084. Esta substituio resultou em alguns problemas deade!uao do sistema ao novo combustvel 3E sobretudo do sistema de injeo > e o emprego demateriais mais resistentes ao desgaste oriundo do contato com o 2lcool.

    0s pes!uisas demonstraram no ser possvel a implantao deste programa de substituionos motores de ciclo diesel.

    0 forte justificativa da manuteno de extensa mo-de-obra empregada no campo , aliada $reduo nos nveis de poluio, por parte da ind?stria alcooleira junto o @overno Aederal,deram lugar $ proposta de adio de 2lcool no diesel 301BE84. :e estudos reali&ados em

    ()CD, usando uma mistura )56 vv de leo diesel e *6 vv de 2lcool anidro concluiu-se!ue, do ponto de vista t%cnico de funcionamento, esta mistura % vi2vel, no causando perdade efici#ncia ou aumento de consumo de combustvel e contribui para a reduo de emissode particulados. Em ())*, surge um projeto de 1ei, obrigando a adio de (+6 vv de2lcool etlico ao leo diesel 3AE8FE8E;AE4.

    0 deciso governamental de acrescentar o etanol $ matri& energ%tica do diesel acelerou ostrabalhos de pes!uisa e testes de campo necess2rios $ implantao do programa. 0 ;G03onselho ;nterministerial do 0?car e do lcool4 criou, ento, um grupo de trabalho

    http://ecen.com/eee20/adailson.htm#Notamailto:[email protected]:[email protected]://ecen.com/eee20/adailson.htm#Nota
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    formado por v2rias instituiHes, englobando rgos de pes!uisa e representantes dosdiferentes setores interessadosI produtores de cana e de combustvel, montadoras efornecedores de autopeas.

    :entre os trabalhos patrocinados pelo GF 3Ginist%rio de i#ncias e Fecnologia4, surgiu aalternativa t%cnica da formao de emulsHes 2lcool hidratado-diesel. Esta alternativa foi

    endossada pela GEFJ0EK, um grupo multinacional e um dos maiores produtores demetanol no mundo, !ue comerciali&a um agente emulsificante chamado :01/, fabricadopela australiana 0P0E 38/801104.

    Em 8o Paulo, encontravam-se em andamento testes com uma mistura de 2lcool hidratado,diesel )9,L6 pp de enxofre4, aditivo :01/ 39,+6 a 9,C6 vv4 e aditivos anticorroso eelevadores do ndice de cetana . Estes testes, tamb%m financiados pela ompanhia deFransportes oletivos de 8o Paulo > F-8P > , estavam sendo feitos em laboratrio e emcampo. /s ensaios foram reali&ados com at% L96 vv de 2lcool hidratado, emulsificante,com e sem aditivos anticorroso e elevador do ndice de cetana.

    /s principais pontos crticos levantados por este grupo foramI

    a. / ndice de cetana da emulso sofre um decr%scimo de 5 pontos.

    b. 0 emulso possui apar#ncia branco leitosa e a sua estabilidade % estimadaem dois anos de acordo com o fabricante.

    c. 8o necess2rias pe!uenas modificaHes nos motores, filtros e selos debombas.

    d. :evido ao aumento da presso de vapor gerada pela adio do 2lcool aodiesel, o sistema de tancagem deve ser reavaliado.

    e. 0 produo da emulso demanda condiHes especficas, sendo feita em linha,com ajuda de misturadores est2ticos para manter a estabilidade.

    f. 0o serem utili&ados polidutos, a emulso dever2 ser bombeada entre selos deleo diesel sem 2lcool.

    g. / aumento do preo para o consumidor estar2 entre (+6 a L96. Mpode-sefalar em aumento de custo ou do preo sem subsdio, provavelmente toda aestrutura seria penali&adaN

    /utros problemas levantados foramI depend#ncia de um ?nico fornecedor de emulsificante,dificuldade de integrao com outros pases, recusa dos fornecedores de autopeas emgarantirem a !ualidade do seu produto, considerando !ue haver2 um maior desgaste pelouso de etanol.

    :evido a !uestHes s%rias de deposio de resduos na bomba injetora, esta alternativa foiabandonada 3EOE4.

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    /utra possibilidade !ue vem sendo testada por um grupo patrocinado pela 0ssociao dosProdutores de lcool e 0?car do Paran2 % a soluo 2lcool anidro-diesel possvel graas aocomposto nacional 0EP-(9L, derivado da soja e biodegrad2vel. 0 seguinte proporo vemsendo utili&ada em alguns =nibus urbanos em uritiba e tamb%m em 8o Paulo3AE8FE8E;AE4I

    Fabela L - Gistura utili&ada nos =nibus urbanos de uritibaI

    diesel

    86,2 % v/v

    lcool anidro

    11,2 % v/v

    aditivo AEP-102

    2,6 % v/v

    A/FEI GE1J;/8, ())D.

    Fem sido observada uma reduo nas emissHes de fumaa e no consumo de combustvel, aelevao do ndice de cetana, bem como a ocorr#ncia de problemas apenas com bombasinjetoras rotativas, !ue so minorit2rias na frota brasileira 3a Gercedes en&, maiorfabricante de motores :iesel, s usa bomba rotativa em veculos leves4 3EOE4.

    omo uma estimativa de preos, calcula-se !ue a mistura venha a ser, para o consumidorfinal, (D6 mais cara !ue o diesel. /s testes continuam e um dos problemas mais crticosobservados % a estabilidade da mistura 3AE8FE8E;AE4.

    Procurando atender $ grande !uantidade de 2lcool estocado, e ainda no comerciali&ado,em novembro ?ltimo o @overno federal alterou a legislao do setor, permitindo a adio deLQ6 vv de 0E0 nos motores de gasolina, al%m de oficiali&ar a adio de 56 vv de 2lcoolno diesel 3PEF/084.

    Esta autori&ao 'pegou' de surpresa os fabricantes de motores para caminhHes, =nibus epicapes. 8endo a sua principal alegao a ocorr#ncia de corroso nas diversas peasenvolvidas. Esta alegao ainda % prematura pois os testes esto em andamento e aindaso in?meros os !uestionamentos, sobretudo no !ue se refere $ corroso sofrida pelas

    peas em funo da higroscopicidade do etanol, diminuio no ndice de cetana, sistemas deinjeo e consumo 3G7F0 B011E4.

    0s justificativas de reduo da emisso de poluentes apresentadas para reforar a mistura2lcool-diesel e compensar o fato de terem !ue ser superados in?meros problemas t%cnicosv#m de encontro ao programa de melhoria da !ualidade do diesel em andamento pelaPEF/08. Esta est2 investindo 78R (,+ bilho na ampliao do par!ue destinado aodiesel 3/E1J/4.

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    Em janeiro de ())), entrou em operao comercial a unidade de J:F 3hidrotratamento dediesel4 da P 3efinaria Presidente ernardes, 8P4. Para isto, foram investidos 78R L*9milhHes e a sua capacidade de tratamento % de + mil m5dia. o segundo semestre de())), tamb%m entraram em operao duas unidades de J:F na EP10 3efinaria PlanaltoPaulista, 8P4 3G0FSET4.

    Para o primeiro semestre do ano L999, comearo as obras de moderni&ao das unidadesde J:F e J:8 3hidrodessulfuri&ao de diesel4 das refinarias E:7 3efinaria :u!ue deaxias, U4, EP0 3efinaria Presidente @et?lio Bargas, P4, E@0P 3efinaria @abrielPassos, G@4, EA0P 3efinaria 0lberto Pas!ualini, 84.

    0l%m destas, tr#s outros projetos devero ser finali&ados at% L99L, com investimentoestimado em 78R Q99 milhHes. 8o eles 3G0FSET4I

    a. ;nstalao de uma unidade de hidro-refino na E:7, cuja finalidade %produ&ir leo diesel de alta !ualidade.

    b. ;nstalao de uma unidade de J:F 3capacidade de 5 mil m5dia4 na E@0P.

    c. ;nstalao de uma unidade de J:8 3capacidade para + mil m5dia4, cujafinalidade % retirar enxofre do combustvel.

    Consideraes finais

    0pesar dos testes feitos com =nibus metropolitanos em uritiba, Paran2, a mudanaanunciada provavelmente obrigar2 os fabricantes de motores a diesel a passarem a usarmateriais mais resistentes $ corroso 3PEF/084.

    0 par de suas vantagens e desvantagens, em decorr#ncia das suas multifacetas, mesmo

    aps mais de duas d%cadas de P/01//1, o emprego de etanol como combustvel est2longe de ter uma poltica definida, por sobrecarregar , de uma forma ou de outra, todos ossetores envolvidos 3@;0;;4.

    Referncias Bibliogrficas

    GIANNINI, Roberto Gomes. Taxionomia do setor sucro-alcooleiro do centro-sul doBrasil - uma abordagem estatstica. Tese de Mestrado, Escola de umica, !"R#, Rio de#aneiro, $%%&.

    'I()A 'ANT*', Adailson da. Adi+o de comostos oxigenados a motores do ciclo*TT* e IE'E(. /ro0eto 1inal de curso. Escola de umica, !"R#, Rio de #aneiro, $%%2.

    M!RTA )A((E, Maria (etcia. Adi+o de comostos oxigenados na gasolina e no diesel- exeri3ncia brasileira. 'imosio de Analisis 4 ise5o de lantas uimicas, 6 a 7 deno8embro de $%%2, 9uba.

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    IA', anilo de 'oua. Estrutura de re1ino do etr;leo e ossibilidades de substitui+odo diesel. In: 'emintica=, 'o /aulo: 9/"(,.$?7-$2$, $%2@.

    MARTNE, Maurcio (. A indCstria do etr;leo, 8olume I. Re8ista An

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    $ER(RA0: !tt"##$$$%"etrobras%com%br

    &1' )ota: $arte deste arti%o !oi a2resentado em on%resso, em uba.

    Governo investe na construo de 86hidreltricas e tem centenas no papelApesar de sua capacidade hdrica, o Brasil tem recorrido s termeltricas,dificultando a construo de novas Pequenas entrais !idreltricas

    "edao A#$e% & e'onstrumar(et

    ) Brasil aciona diariamente *+ -. de ener/ia /erada pelas usinas termeltricas porfalta de chuvas que consi/am encher os reservat0rios para /erar ener/ia hidreltrica1 )en/enheiro eletricista, 2vo Pu/naloni, especialista em ener/ia, e3plica que a cada ano oBrasil conse/ue encher menos seus reservat0rios durante o perodo chuvoso, devido maior necessidade de /erao1 ) consumo de ener/ia cresceu tanto que, para atender demanda, as usinas precisam /astar muita 4/ua at no perodo das chuvas, quandodeveriam acumular essa 4/ua para usar no perodo seco do ano1 5) nvel %ai3o dosreservat0rios e o pequeno investimento em novas usinas hidreltricas tm o%ri/ado o pasa recorrer s usinas movidas a /4s ou 0leo diesel, /astando "7 ,* %ilh9es ao ms comessas usinas trmicas : uma despesa pa/a pelos consumidores em suas contas de lu;

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    ) nvel %ai3o dos reservat0rios e o pequeno investimento em novas usinashidreltricas tm o%ri/ado o pas a recorrer s usinas movidas a /4s ou 0leodiesel

    Pu/naloni afirma que um nDmero muito maior de hidreltricas poderia estar sendoconstrudo caso o /overno alterasse sua poltica ener/tica, de modo a favorecer aconstruo e o funcionamento das Pequenas entrais !idreltricas EP!F1 # lem%ra que olicenciamento am%iental de uma P! muito mais f4cil do que o de uma /rande usina15o sou contra as termeltricas a /4s, mas com o potencial hdrico que o Brasil possui, um contrassenso manter esse tipo de /erao de ener/iaetos de P! que esto espera deaprovao da Aneel1 o entanto, a a/ncia li%erou, de + at ho>e, uma mdia de *-. por ano1 5esse ritmo, levar4 + anos para aprovar todos esses pro>etos, que soinvestimentos privadoseto para ser aprovadoprecisa prever a recomposio da mata ciliar e nativa em 4rea com lar/ura de ? metrosem todo o permetro do reservat0rio, formando as Ireas de Proteo Permanente EAPPF1

    Alm disso, os operadores das P! so respons4veis pela vi/ilJncia e manutenodessas APPs, devendo recuperar a fauna, re/ulari;ar os rios contra enchentes e aindaevitar a ocupao irre/ular1 5As P! no a/ridem o meio am%iente1 Ao contr4rio, a>udamem sua recomposio e preservao4 tm at os pro>etos aprovados e as outor/as da Aneel para

    construir ?+ novas P!, com capacidade total de -. de potncia1 As o%ras noso iniciadas porque no conse/uem contratos de compra de ener/ia1 Cem isso, no tm/arantias de rece%veis para oferecer na o%teno de financiamento do Banco acional de=esenvolvimento #conKmico e Cocial EB=#CF1

    A falta de contratos de compra de ener/ia ocorre porque as termeltricas produ;em maisdo que o necess4rio, /erando Lso%ra de ener/iaM1 #m%ora o custo se>a de "7 6, a "7?1, por -.h, a so%ra ne/ociada com %ase no Preo de Niquidao de =iferenas

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    EPN=F : que definido pela Jmara de omerciali;ao de #ner/ia #ltrica E##F e queche/ou a ser de "7 8, por -.h15#ssa so%ra vendida a preos to irris0rios provoca concorrncia desleal e /era ummercado de ener/ia de papel4 aprovadas, que poderiam ter in>etado mais de "7 ? %ilh9es em o%ras, /erando milharesde postos de tra%alho1 5#m ve; de o%ras e empre/os, temos /erado %astante fumaa de0leo queimado