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    A EXALTAO AO TRABALHO NO GRAU DE COMPANHEIRO

    Permitam-me, meus Irmos, apoderar-me de um dos mais belos trechos da Orao aos Moos,de Rui Barbosa: Orao e trabalho so os recursos mais poderosos na criao moral dohomem. A orao o ntimo subliminar-se da alma pelo contato com Deus. O trabalho o

    inteirar, o desenvolver, o apurar das energias do corpo e do esprito, mediante a ao contnuade cada um sobre si mesmo e sobre o mundo onde labutamos. O Criador comea e acriatura acaba a criao de si prpria. Quem quer, pois, que trabalhe, est em orao aoSenhor.

    O Grau de Companheiro, ensina-nos o Rito Escocs Antigo e Aceito, o Grau dedicado exaltao do Trabalho. De pouca relevncia o tipo de trabalho, ministra tambm lies nessesentido, o Ritual. Imprescindvel, entretanto, nos dias tumultuados de nossa atualidade,quando valores invertidos atropelam sem ressentimentos a tica, que o trabalho sejaprestado com respaldo nos melhores princpios da dignidade, que o ato de trabalhar seja

    praticado com a alegria do crescimento espiritual, pois o homem, na sua capacidade de errare transgredir, esmera-se em arquitetar formas nada saudveis e recomendveis detrabalhos distantes de qualidades sublimes, exercidos unicamente co m o intuito deprovocar um enriquecimento rpido e sem causa, com a meta apenas de acumular amatria.

    O Companheiro exalta o trabalho, impe ao aos instrumentos colocados sua disposio,como o mao e o cinzel, a rgua, o compasso e o esquadro, o prumo e o nvel, a alavanca,aprendendo a manej-los com habilidade e dedicao incontidas, buscando a abundncia deespigas de trigo; transformando em Pedra Cbica a Pedra Bruta que j desbastara; escalando aescada do aprimoramento espiritual; lanando-se s profundezas dos mistrios de suaexistncia; conhecendo o significado da letra G, vendo e sentindo a Estrela Flamejante.

    No encarar como um castigo, o trabalho, um sbio ensinamento e um grande e bomdesafio. O preceito bblico da transformao do suor e da fora do trabalho em alimento, comuma carga evidente de suplcio, teve l sua razo de ser. O G:.A:.D:.U:., em momento de justafria, lanou sobre o homem a pecha que o haveria de seguir pelas suas trilhas terrenas. Erealmente, por sculos, trabalhar era prprio de algum inferior, era prprio de escravoscondenados a suprir com seu suor e esforo o alimento de seus senhores, na turva viso dotrabalho como desonra e estigma social. O Ir:. Raimundo Rodrigues, em um excelente artigopublicado na Cartilha do Companheiro 1a. Edio da Ed. A Trolha, lembra-nos que -o ora etlabora era um incentivo que se dava aos religiosos para que pudessem evitar e, at mesmo,vencer as tentaes e que essa forma de entender o trabalho passou a se modificar com oadvento do humanismo e mais ainda com a chegada do Renascentismo.

    Mas a mesma sabedoria do Grande Arquiteto teve o condo de mudar conceitos, mesmo queto arraigados; teve a sabedoria de incutir em filsofos a essncia magnfica do trabalho e danasceram apologias e exaltaes ao ato de trabalhar, desmistificou-se a supremacia doconhecimento sobre a ao e descobriu-se que o homem, se podia pensar, conhecer, melhorestaria se colocasse em prtica seus pensamentos e conhecimentos.

    pela ao do trabalho que obras maravilhosas acontecem. pelo trabalho que a inrciadesaparece, o Universo se transforma e que tudo est em constante e perene movimento,ainda nas palavras do Irmo Raimundo Rodrigues.

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    O Grau de Companheiro possui uma caracterstica bastante forte de participao, de ao ecriao em grupo, possibilitando o exerccio da fraternidade com plenitude e ampliando aviso espiritual sobre a vida material. Usando a trolha, smbolo da indulgncia, o Companheirounir as pedras cbicas pela argamassa da irmandade, lanando o reboco e corrigindo asarestas, reconhecendo, acima de tudo, na lio de Assis Carvalho, as qualidades de cada

    Irmo, perdoando- lhe os defeitos reparveis. (Cartilha do Companheiro 1a. Edio EditoraA Trolha pginas 145 e seguintes).

    O trabalho, nas anotaes feitas pelo Ir:. Raimundo Rodrigues em sua obra j mencionada,evoca a essncia da Maonaria e faz parte de sua filosofia e de sua histria e alguns aspectosservem sobremaneira como evidncias a esse respeito, tais como:

    Na Maonaria operativa, o trabalho dos construtores tinha uma alta qualidade e era bastantecriativo, como provam as estupendas construes, muitas ainda de p e deslumbrando a quemas visita;Passando a ser especulativa em 1.717, a Maonaria adquire um carter filosfico, espiritual e

    social;Os locais dos Maons, como Obreiros, passam a ser conhecidos como Templos ou Oficinas;A vestimenta do Maom o avental, smbolo grandioso do trabalho;As atividades em Loja passam a denominar-se Trabalho, tendo este a qualidade de Justo ePerfeito, quando transcorre em obedincia aos ditames da lei manica; quando praticadoem ambiente de harmonia; com respeito aos princpios da liberdade, igualdade e fraternidadee quando recebe as benos do Grande Arquiteto do Universo.

    E se o trabalho uma caracterstica primordial da Maonaria, mais ainda o no Grau deCompanheiro, que a ele se dedica, como se dedica s cincias, filosofia e s artes, ouvindosempre, falando quando necessrio e trabalhando bem e muito, dentro dos melhoresprincpios manicos.

    Trabalhar, principalmente para o Companheiro, dedicar-se construo do seu TemploInterior, em um processo contnuo, no qual o sentido de vencer as paixes e submeter asnossas vontades mais se acentua e se faz presente. Pouco a pouco, com a pertincia dotrabalho e o uso adequado das ferramentas, e sobretudo irmanado, o Companheiro se entrega construo do edifcio, dentro de si, mas com o objetivo de projetar-se para fora, para asociedade, em um processo sociolgico que pretende exteriorizar e transmitir para outrosindivduos as conquistas espirituais que constituem a argamassa e os demais materiaisutilizados na ao de construir.

    E seu templo social ser erguido, sempre em vertical, como quem tem o p no cho e acabea, o esprito, perto do Grande Arquiteto. E nessa obra, sero observados osensinamentos da Maonaria, com o edifcio amparado em pedras cbicas cinzeladas parasuportar uma slida estrutura; com clculos feitos no projeto com o melhor uso da geometriae das demais cincias; apoiados no melhor manuseio do compasso, do esquadro e da rgua. Ena construo, parede por parede, que a trolha tenha bom uso no aparo das arestas e com opoder de indulgncia que lhe caracteriza; que o nvel seja usado de bom grado para assegurara horizontalidade e a igualdade das superfcies, onde os Irmos estaro no mesmo patamar;que o prumo tenha a manipulao adequada, demonstrando a retido da construo, visvelna perfeita verticalidade das paredes. E, quando os obstculos se impuserem, ou mesmoquando um esforo maior for exigido para a execuo da tarefa de construo, que a alavancaseja usada na melhor acepo de Arquimedes, para facilitar a transposio de dificuldades econtribuir para a consecuo dos trabalhos.

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    A alegria e o pensamento positivo devem acompanhar o Companheiro na construo doTemplo e, maior ser essa alegria, quando houver a descoberta que a construo , naverdade, um processo de transformao, no qual, a cada pedra assentada, as virtudes vosubstituindo os vcios; o esprito vai tomando o lugar da matria; a fraternidade, pois otrabalho no deve ser apenas solitrio, vai se sobrepondo ao individualismo e vaidade.

    E assim o trabalho manico, o trabalho exaltado no Grau de Companheiro. De tal sorte que,se praticado com perseverana e entusiasmo, sepultar intolerncias, ressentimentos, mgoase medos, bem como outros sentimentos que no so e no devem ser prprios das virtudesperseguidas pelo Maom e, em contraponto, ressaltar virtudes fortemente necessrias aoaprimoramento da humanidade, papel fundamental do verdadeiro Maom.

    Bibliografia consultada:

    Ritual do 2 Grau Companheiro Rito Escocs Antigo e Aceito

    Bblia SagradaCadernos de Bolso A Trolha Instrues para Loja de CompanheiroCadernos de Pesquisas Manicas n 14 Ed. A TrolhaCadernos de Estudos Manicos n 17 Ed. A TrolhaCartilha do Companheiro Ed. A TrolhaGrau dos Companheiros e seus Mistrios Jorge Adoum Ed. PensamentoJornal A Gazeta Manica julho/agosto de 2003 pg. 3

    A Religio do Trabalho

    O Maom deve considerar o trabalho de uma maneira completamente diferente de como oconsidera o homem vulgar: para este o trabalho uma necessidade e quase uma escravido,um jugo que pesa sobre ele pela fora das circunstncias, ao que deve sujeitar-se para viver.Enquanto o homem ordinrio trabalha para viver escravo de suas necessidades e de seusdesejos, o Maom deve viver para trabalhar, que dizer, para fazer uma obra ou um labor,expressando o Ideal que faz dele um artista diferenciando-lhe do artfice.O esprito com o qual o homem ordinrio considera o trabalho se acha pois, expresso namaldio bblica: "Do suor de seu rosto comers o po". Esta maldio, personificadasimbolicamente na Bblia, quando se interpreta com o esquadro da Razo e o compasso daCompreenso representa simplesmente a voz ou expresso impessoal da lei sob cujo o efeitoou causalidade se coloca o homem por si mesmo, escolhendo trabalhar como escravo da

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    Iluso exterior para satisfazer seus instintos, necessidades, desejos e paixes, a raiz de suadesobedincia a voz da Realidade, a nica que pode indicar-lhe a senda da Liberdade.Longe de ser uma maldio, o trabalho para o Maom o primeiro e fundamental objeto daexistncia terrena, fonte de todos os Bens e de todas as Bem-dizeres. O avental branco que seusa, como distintivo de sua qualidade, representa o novo espirito com o qual deve dedicar-se a

    seu prprio trabalho ou atividade, na qualidade de Obreiro da Inteligncia Universal, com aque tem o privilgio e a honra de cooperar, interpretando e realizando seus planos na medidade sua compreenso e habilidade.Estes planos so as idias ou Ideais Construtores que se manifestam em sua Inteligncia pararealizar-se em sua vida, e, segundo adquire a capacidade de express-los, se libertaautomaticamente de toda escravido exterior, por ser a verdadeira Liberdade, obedincia aoque de mais elevado h em nossa alma e em nosso ser. O homem , pois, escravo, segundoobedece a seus impulsos inferiores e a iluso exterior; e se faz livre em proporo com suacapacidade de elevar-se sobre os primeiros por meio da Virtude, e sobre a segunda por meioda Verdade.A cor branca do avental um smbolo da pureza das intenes com os quais se predispem a

    Obra, j no com o nico fim de satisfazer seu egosmo ou suas necessidades, ou seja mirandoa utilidade pessoal que pode sacar de sua atividade, seno principalmente com o objeto debuscar a glria ou expresso da mesma Inteligncia construtora, ou Grande Arquiteto doUniverso em sua prpria atividade, qualquer que seja. Este intento superior, expresso pelobranco, o que caracteriza ao Maom e o diferencia do profano.A qualidade de Maom no se adquire, pois, por meio de um reconhecimento exterior, pagandodeterminados direitos e sofrendo determinadas cerimonias, ou pertencendo fielmente a determinadoCorpo ou Obedincia. Este s o smbolo do Maom. Enquanto a qualidade verdadeira ha de serindividualmente realizada com seus prprios esforos por cada Maom, aplicando as qualidadesexteriormente recebidas ou reconhecidas. Por conseqncia, o homem que obra maonicamente,conformando-se com sua vida e atividade aos mesmos Princpios e Ideais que a Maonaria ensinasimbolicamente a seus adeptos, muito mais digno do apelativo de Maom, em que nunca foiexteriormente iniciado ou recebido em nossa Instituio, que aquele que limita dita dignidade ao nome e a

    uma observncia puramente formais."Nobreza Obrigada". Cumpra, pois, seu dever, todo Maom que quer ser digno deste nome e cuide deexalt-lo e enobrec-lo constantemente em sua atividade e em sua vida.