a Ética docente

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1 1 A ÉTICA DOCENTE Trabalho de conclusão de curso elaborado sob orientação de Roselane Zordan Costella, apresentado como requisito parcial para a obtenção de título de Licenciatura em Geografia. Graduando em Geografia Diógenes Venceslau da Rocha Cardoso DEZEMBRO DE 2012 Resumo. Tendo como origem a percepção e reflexão que se deu a partir dos estágios de docência em geografia no ensino fundamental e médio e também a partir da experiência como professor contratado da rede pública estadual de educação, esse artigo faz referência direta à conduta profissional docente que visa, presume-se, o estabelecimento do respeito e da valorização aos profissionais da educação através do cumprimento integral às prerrogativas pedagógicas e burocráticas legais inerentes à escola sob o pleno atendimento aos preceitos de um código de ética da categoria. Prerrogativas, essas, presume-se voltadas ao bom andamento da educação no contexto escolar, nos moldes quantitativos e qualitativos em direção à boa formação intelectual, moral e social do corpo discente. Abstract. It originated with the perception and reflection made from the stages of teaching geography in elementary and high school and also from experience as a teacher hired state public education, this article makes direct reference to the professional conduct aimed at teaching, presumably, the establishment of respect and appreciation for education professionals through full compliance with legal and bureaucratic educational prerogatives inherent to school in full compliance with the precepts of a code of ethics category. Prerogatives, these, presumably aimed at the smooth progress of education in the school context, similar quantitative and qualitative toward well-educated intellectual, moral and social development of the student body. Palavras-chave: aprendizagem, docência, discência, educação, ensino. 1. INTRODUÇÃO A partir dos estágios de docência em geografia no ensino fundamental e médio e, também, como não se poderia deixar de dizer, a partir da experiência como professor contratado da rede pública estadual de educação, começou-se a estabelecer uma reflexão sobre a ética docente: objeto desse artigo.

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A ética docente sempre em mãos.

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    A TICA DOCENTE Trabalho de concluso de curso elaborado sob orientao de Roselane Zordan

    Costella, apresentado como requisito parcial para a obteno de ttulo de Licenciatura em Geografia.

    Graduando em Geografia Digenes Venceslau da Rocha Cardoso

    DEZEMBRO DE 2012

    Resumo. Tendo como origem a percepo e reflexo que se deu a partir dos estgios de docncia em geografia no ensino fundamental e mdio e tambm a partir da experincia como professor contratado da rede pblica estadual de educao, esse artigo faz referncia direta conduta profissional docente que visa, presume-se, o estabelecimento do respeito e da valorizao aos profissionais da educao atravs do cumprimento integral s prerrogativas pedaggicas e burocrticas legais inerentes escola sob o pleno atendimento aos preceitos de um cdigo de tica da categoria. Prerrogativas, essas, presume-se voltadas ao bom andamento da educao no contexto escolar, nos moldes quantitativos e qualitativos em direo boa formao intelectual, moral e social do corpo discente.

    Abstract. It originated with the perception and reflection made from the stages of teaching geography in elementary and high school and also from experience as a teacher hired state public education, this article makes direct reference to the professional conduct aimed at teaching, presumably, the establishment of respect and appreciation for education professionals through full compliance with legal and bureaucratic educational prerogatives inherent to school in full compliance with the precepts of a code of ethics category. Prerogatives, these, presumably aimed at the smooth progress of education in the school context, similar quantitative and qualitative toward well-educated intellectual, moral and social development of the student body.

    Palavras-chave: aprendizagem, docncia, discncia, educao, ensino.

    1. INTRODUO

    A partir dos estgios de docncia em geografia no ensino fundamental e

    mdio e, tambm, como no se poderia deixar de dizer, a partir da experincia como

    professor contratado da rede pblica estadual de educao, comeou-se a

    estabelecer uma reflexo sobre a tica docente: objeto desse artigo.

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    Num primeiro momento importante definir o que tica e,

    consequentemente, o que moral. O entendimento deste termo direciona a

    intencionalidade das reflexes. Para tal definio, apropriou-se do que expressa a

    seguinte citao:

    Quando nos referimos tica e moral faz-se inteiramente necessrio defini-las e procurar esclarecer de onde falamos. Falaremos, inicialmente, da definio clssica (ou mais acessvel) que diferencia etimologicamente, embora com certa dificuldade, tica e moral.

    A palavra tica deriva do grego ethos, que possui duas derivaes: thos para costumes, morada habitual e thos para carter.

    J a moral, deriva do latim mores que significa morada. A aproximao das culturas e das duas palavras fez com que fossem usadas como sinnimos.

    Para Kant, a tica a filosofia prtica dos costumes e a moral a reflexo sobre a liberdade (autonomia e submisso lei moral).

    A tica tambm definida como a cincia filosfica que estuda os valores e os costumes da humanidade. comumente relacionada ao cdigo de valores de uma sociedade ou mesmo de uma categoria profissional.

    (ANDRADE, 2006, p. 45-46)

    Uma vez estabelecido uma significao adequada ao termo tica, se segue

    com as reflexes destacando que o ttulo do artigo A tica Docente no o ttulo de um artigo que cujo papel o de fazer referncia contextualizao da tica em

    seu momento histrico-social ou em um meio sociocultural; nem de um artigo cujo

    papel procurar estabelecer tica e, por extenso, tica docente diferentes

    classificaes; como, por exemplo, o expressado na seguinte citao:

    H, portanto, uma infinidade de teorias ticas buscando explicar o fenmeno da moralidade, ora privilegiando um aspecto, ora relegando outro. Surgem tambm teorias que objetivam, primordialmente, refutar outras. E essa variedade devida tambm disparidade dos mtodos empregados que refletem, por sua vez, a prpria complexidade do fenmeno. E isso implica, naturalmente, em classificaes dessas ticas. (ANDRADE, 2006, p. 49)

    Percebe-se que o termo tica aqui evidenciado compreende a defesa de um

    caminho pelo qual se busca a essncia reflexiva sobre diferentes comportamentos.

    No h julgamento ou tomada de posio, h levantamento de questes que

    direcionam o pensamento reflexivo.

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    E, no, to pouco, visa o papel de determinar uma conduta tica docente que pretenda servir de espelho ou contraponto a uma conduta moral tanto dos docentes

    quanto dos discentes; como, por exemplo, o expressado na seguinte citao:

    A escola uma atividade social onde aes morais so realizadas e discutidas diariamente diante de cada nova situao. Os professores se deparam com situaes controversas e suas aes diante delas so formas de moral. Tais aes necessitam de uma discusso mais profunda e refletida. Esse o papel da tica docente. Uma reflexo sobre a ao docente de cada dia que, em seu conjunto reflete uma prtica moral. E essa prtica carece de definio, de reflexo e de sistematizao. Pois somente a partir de uma discusso aprofundada e refletida sobre nossas aes, seremos capazes de emitir juzos ticos (e no apenas morais) sobre a ao docente e, consequentemente, sobre os valores da educao. Isso permite a visualizao de uma tica docente baseada em princpios comuns, nas exigncias e demandas sociais e nos meios adequados para alcan-los. (ANDRADE, 2006, p. 52)

    O ttulo A tica Docente, trata, sim, do ttulo de um artigo, esse artigo, que, efetivamente, quer fazer referncia direta a condutas e atitudes profissionais

    docentes de cunho tico procedimental de uma categoria. E, estimadamente, quer

    destacar que o procedimento tico docente deve ser praticado integralmente e

    unanimemente pela categoria. Uma vez praticadas, supe-se servem ao

    estabelecimento do resgate ao respeito e valorizao aos profissionais da

    educao, por um lado, e manuteno e ao bom andamento da educao, por

    outro lado. Uma vez no praticadas, supe-se uma conseqncia lesiva aos docentes, como educadores, e aos discentes, como educandos: tm-se percebido a

    no prtica e a conseqncia.

    O termo conseqncia, expressado na frase anterior e em frases posteriores

    ao longo desse artigo, faz referncia ao conjunto de fatos negativos causados pelo

    descumprimento de prerrogativas pedaggicas e burocrticas legais por parte do

    docente no exerccio da funo. O termo prerrogativas, por sua vez, faz referncia

    a um conjunto de (bem adequadamente): Vantagens ou privilgios inerentes a

    certas dignidades, conforme expressado no Dicionrio Priberam da Lngua

    Portuguesa (Disponvel em http://www.priberam.pt/dlpo/ Acessado em 02/01/2013).

    O propsito, ao trazer a percepo existncia da conseqncia lesiva e da

    no prtica integral e unnime dos procedimentos ticos, , supe-se, provocar,

    num primeiro momento, a reflexo sobre as mazelas geradas pela consequncia em

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    questo, e, num segundo momento, provocar o despertar necessidade de

    combater efetivamente as causas geradoras dessa consequncia; uma vez que se

    queira, de fato, resgatar educao o seu poder construtivo e reparador de uma

    sociedade condizente s expectativas humanas de liberdade e bem estar social.

    As condutas e atitudes docentes consideradas antiticas e tidas como causa

    conseqncia at ento evidenciada, nos moldes desse artigo, podem, at, terem

    sua origem, tambm ou exclusivamente, no, publicamente, reconhecido problema

    salarial da categoria e estrutural da escola. Porm, no cabe a esse artigo trazer

    esses problemas discusso, uma vez tendo-os como causa da causa; cabendo,

    por hora, somente enfatizar os fatores da causa e da consequncia em questo,

    porque estas que vo de encontro ao objeto desse artigo, a tica docente, e ao

    objeto da educao, a formao intelectual, moral e social do corpo discente.

    2. O QUE SO AS PRERROGATIVAS PEDAGGICAS E BUROCRTICAS EM QUESTO E COMO ELAS SO DESCUMPRIDAS PELO DOCENTE?

    As prerrogativas pedaggicas e burocrticas legais do docente, nos moldes

    desse artigo, so suas obrigaes funcionais e podem ser estabelecidas da seguinte

    forma:

    - pelo cumprimento da elaborao dos planos de aula e dos dispositivos avaliativos

    de forma criteriosa;

    - pelo cumprimento integral das horas em sala de aula, pela realizao da chamada,

    verificao dos alunos presentes e ausentes, e pelo vigor didtico;

    - pelo cumprimento dos corretos registros nos dirios de classe e pela reflexo e

    autoavaliao sobre as aulas ministradas;

    - pelo cumprimento da correo dos dispositivos avaliativos de forma atenciosa e

    pelo cumprimento dos prazos estipulados;

    - pela realizao de pesquisa quando necessrio, alm da prtica do respeito e da

    atenciosidade aos alunos e aos colegas, indiscriminadamente, e da participao em

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    reunies pedaggicas e de formao continuada, e assim por diante.

    O descumprimento integral ou parcial dessas prerrogativas, entre outras,

    pode ser considerado antitico nos moldes desse artigo.

    A percepo da falta ou existncia de tica docente comeou a fluir na

    observao e nas discusses cotidianas em funo da participao nos estgios de

    docncia em geografia no ensino fundamental e mdio e a partir da experincia

    como professor contratado da rede pblica estadual de educao; proporcionando

    uma reflexo sobre a tica docente.

    Por muitas vezes no se consegue concordar com atitudes vivenciadas na

    escola: professores desmotivados e/ou sem condies de se organizar;

    impossibilitado de poder dispor do tempo necessrio ao planejamento das aulas,

    elaborao e correo minuciosa dos dispositivos avaliativos de rendimento escolar

    do corpo discente, reflexo da sua prtica, pesquisa...

    A escola um lugar de aprendizagem, e aprendizagem tambm se d pelo

    exemplo, pelos bons exemplos. , tambm, um lugar de desenvolvimento da

    cidadania como conquista, como resgate, como prtica... boa formao intelectual,

    moral e social do corpo discente; conforme expressado na seguinte citao:

    A escola, como espao de responsabilidade social, tem como

    parmetro de ao a interpretao e o desenvolvimento de competncias

    ou capacidades ou ainda de complexas reaes reflexivas. Essas

    capacidades que vo alm dos contedos significam a escola como um

    momento de acontecimentos inesquecveis e necessrios. Nela se aprende

    sim capacidades ou competncias atitudinais, ou seja, reflexes sobre a

    atuao contnua na sociedade, a posio e a reflexo da cidadania.

    (COSTELLA in: REV. TRAJ. MULT. ANO 3, N 7, AGO/2012, p, 88)

    Entende-se, com base nos estudos ao longo do curso de licenciatura e nas

    experincias adquiridas durante a realizao dos estgios de docncia e como

    professor, que a preocupao com o aluno, com o conjunto das atribuies

    escolares, com o aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem e de

    convivncia deve ser constante. Sendo assim, para que tudo isso possa ser

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    realizado de forma plena e eficiente necessrio a criao de um ambiente propcio

    que passa, principalmente, pela prtica zelosa dos procedimentos devidos, sob a

    tica Docente, e, secundariamente, pela prtica zelosa de acontecimentos

    interdisciplinares, sob o plano de aula; conforme expressado na seguinte citao:

    Ao voltarmos ao aluno, professor e escola como elementos que

    estruturam e reestruturam pensamentos, devemos pensar um lugar de

    acontecimentos interdisciplinares, compreendidos pelas aes conjuntas

    que estes acontecimentos devero gerar no evento aprendizagem. O

    professor, fruto de universidades disciplinares, compostas por gavetas,

    precisa dar conta de um ensino inteligente e conjugado diante dos seus

    alunos. O professor aprende de uma forma e precisa ensinar de outra, esta

    realidade que o torna inexperiente. (COSTELLA in: REV. TRAJ. MULT.

    ANO 3, N 7, AGO/2012, p, 88)

    - Ento. Exclama-se: No momento em que o docente precisa ensinar diferente do

    que aprendeu se torna um ser hbrido pelo fato de contemporanizar dois enfoques: o

    de guarda e o de vanguarda!. E. Pergunta-se: Ser sempre assim ou somente

    durante esses tempos denominados, conforme Bauman, 2007 119 p.: tempos

    lquidos, estendendo o significado dos referidos termos ao contexto da educao? -

    A manuteno do bom andamento da educao no contexto escolar, nos

    moldes quantitativos e qualitativos, em direo boa formao intelectual, moral e

    social do corpo discente, supe-se, se d, principalmente, atravs do cumprimento

    de um conjunto de normas que funcione como um cdigo de tica da categoria

    com partes gerais e partes especficas regulamentao voluntria e controlada

    da conduta dos profissionais docentes no exerccio da funo em todos os seus

    aspectos; como o proposto, por exemplo, por Liliana Valdz e Raul E. de Titto,

    segundo nota de rodap da REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES

    EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 45, num trabalho apresentado em um Simpsio

    sobre tica Docente realizado em 05/09/1985 na sede do I.C.A.N.A., organizado

    pelo IIE (Instituto de Investigaciones Educativas); conforme expressado na seguinte

    citao:

    Em um momento de su actividad docente y profissional um grupo de personas, entre ls cuales se hallabam los autores de estas normas, entendieron que resultaba conveniente y necessrio comenzar a pensar

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    sobre um importante tema como es el de la regulacin voluntria y controlada de la conducta de los profesionales docentes. As surgieron estas normas, que em parte reflejan la realidad propia de la profesin docente y em parte constituyen la aplicacin de normas de utilidad em otras profesiones. (VALDZ e TITTO in: REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 45)

    Conforme a REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES

    EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 95, Liliana Valdz Professora de Histria pelo

    Instituto Superior do Professorado Joaquin V. Gonzlez, desempenhou a docncia

    nos nveis mdio e superior e atuou como Chefa do Departamento de Histria do

    Instituto Santa Mara; e, Ral E. de Titto Professor em Cincias da Educao,

    Subdiretor do Instituto de Investigaes Educativas, Vice-Diretor do Colgio

    Pestalozzi, Ex-Assessor Pedaggico do Colgio Nacional N 4 e ex-integrante da

    ctedra de Poltica Educacional e Educao Comparada.

    Na literatura nacional, at onde se pode pesquisar, no se encontrou

    publicao que elaborasse expresso a uma tica docente nos moldes desse artigo.

    Os autores expressam tambm o desejo de oferecer atravs da sugesto

    dessas normas uma proposta privada de autocontrole sobre a conduta dos

    profissionais docentes que venham a impulsionar sucessivas e ampliadas reflexes

    que resultem em um novo conjunto de normas mais completo e mais vlido;

    conforme expressado na seguinte citao:

    Outra intencin que anim a los autores se halla contituida por el deseo de ofrecer una propuesta privada de autocontrol sobre la conducta de los profesionales docentes que funcione como impolsora de sucesivas y ampliadas reflexiones profesionales que resultarn, sin duda, em um cuerpo de normas ms completo y de mayor validez que el que aqui se presenta. (VALDZ e TITTO in: REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 45)

    O Prembulo e a parte geral, itens 1 a 21, do conjunto de normas criado

    pelos autores citados apresentam-se no anexo desse artigo.

    Numa constatao inicial, entre outras, pode-se destacar que a verificao

    ao item 16 do conjunto de normas anexo vai de encontro a algo que vem ocorrendo

    anos a fio, em larga escala e com a anuncia do Estado; conforme expressado na

    seguinte citao (que traz, na ntegra, o referido item 16 do conjunto de normas

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    anexo):

    16. No debe aceptar ni acumular cargos, funciones, tareas o asuntos que le resulten materialmente imposibles de ser atendidos de acuerdo con las normas que regulam la actividad profesional docente. (VALDZ e TITTO in: REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 48)

    Trata-se da acumulao de tarefas atravs da ampliao da carga horria que,

    inicialmente, estipulada, atravs de edital de concurso pblico a provimento de

    cargo docente, uma carga horria de 20h semanais para quantidades maiores que

    s 20h estipuladas inicialmente. H, ento, uma quantidade expressiva de

    profissionais docentes ou, quando no, toda a categoria que se encontra

    realizando uma carga horria que chega ao rol das 40, 50 e, at, 60h semanais a

    custas de uma melhoria salarial; ferindo assim a tica e a dignidade docente.

    Embora expressado inicialmente no caber a esse artigo trazer o problema

    salarial discusso, cabe comentar que esta sobrecarga no ocorreria se o

    professor conseguisse manter-se com dignidade no cumprimento jornada de 20h

    semanais. A dignidade, supe-se, que passa pelo zelo conduta tica por parte dos

    profissionais docentes, valorizaria o corpo docente e contribuiria boa formao

    intelectual, moral e social do corpo discente.

    2.1. A conduta tica no cumprimento s prerrogativas pedaggicas e burocrticas legais.

    Com base nos estudos ao longo do curso de licenciatura e nas experincias

    adquiridas durante a realizao dos estgios de docncia e como professor, pode-se

    estabelecer que a jornada de trabalho docente composta de, no mnimo, trs

    momentos especficos e diferenciados: a pr-aula, a aula e a ps-aula.

    - A pr-aula, quando o docente planeja a sua aula ou elabora os seus

    dispositivos avaliativos do rendimento escolar dos discentes aula e dispositivos

    avaliativos esses que devem vir carregados de diversos momentos envoltos em

    criativos e instigantes desafios.

    - A aula, propriamente dita, quando o docente aplica a aula planejada. E.

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    - A ps-aula, quando o docente avalia a aula aplicada, atravs da anlise e

    reflexo das aes e reaes dos discentes nos diversos momentos da aula

    planejada, e, quando necessrio, dispe-se pesquisa ou anlise e correo dos

    dispositivos avaliativos do rendimento escolar ora aplicado aos discentes (provas,

    trabalhos e outros), ou aos registros nos dirios de classe ou a reunies

    pedaggicas e de formao...

    A quantidade de horas, legalmente, destinadas aos momentos pr e ps-

    aula em torno de 30% da carga horria total abarcada pelo profissional docente,

    localmente denominada Hora Atividade. legalmente definida conforme Lei

    Federal n 11.738/2008, onde assegurado que 2/3 do horrio dos professores

    sejam cumpridos para o desempenho das atividades de interao com os alunos e o

    restante para planejamento de aulas, pesquisas, reunies pedaggicas, entre outras

    atividades (Disponvel em http://www.riodasostras.rj.gov.br/noticia397.html Acessado

    em 17/12/2012).

    Por si s, a hora atividade, j tem se mostrado, na prtica, insuficiente

    realizao de todas as prerrogativas citadas anteriormente, ou seja, o planejamento

    de boas aulas a serem aplicadas; a realizao da anlise e reflexo das aulas

    aplicadas, a elaborao ou a correo dos dispositivos avaliativos do rendimento

    escolar dos discentes de forma atenciosa e criteriosa, e, os devidos registros

    (contedos/atividades aplicados, notas/avaliaes atingidas...) nos denominados

    Dirios de Classe...

    Outra referncia de cunho s prerrogativas pedaggicas e burocrticas

    legais porm, desta vez, de forma inversa porque comea numa incorreo de

    ordem burocrtica e, supe-se consequentemente, vai desembocar na ampliao

    dos problemas de ordem pedaggica e percebida atravs da observao e nas

    discusses cotidianas, em funo da participao nos estgios de docncia e como

    professor, procura estabelecer comentrios ao um fato eventual, por assim dizer. o

    fato de o docente concordar em procurar uma forma de registrar, nos denominados

    Dirios de Classe, valendo como letivo os momentos que, por fatores alheios,

    acabam por no sendo utilizados para esse fim, ora por motivos de fora maior, ora

    por motivo de paralisao da categoria ou, at, por falta de designao de professor

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    a momento letivo por parte da mantenedora etc..

    Estabelece-se, assim, outro tipo de conduta e atitude que vai de encontro a

    uma tica docente que faz jus manuteno do bom andamento da educao no

    contexto escolar, no moldes quantitativos e qualitativos, em direo a boa formao

    intelectual, moral e social do corpo discente, j citado anteriormente. Vai de encontro

    direto ao item 11 do cdigo de tica citado anteriormente, conforme expressado na

    seguinte citao (que traz, na ntegra, o referido item 11 do conjunto de normas em

    anexo):

    11. No debe aconsejar ni intervenir cuando su actuacin profesional permita o facilite o ampare actos incorrectos o punibles o sirva para burlar las normas estabelecidas. (VALDZ e TITTO in: REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 47)

    Alm do mais, conforme o item 13, o descumprimento da tica docente no

    deve ocorrer nem sob ordens superiores, conforme expressado na seguinte citao

    (que traz, na ntegra, o referido item 13 do conjunto de normas em anexo):

    13. No debe realizar actos reidos con su conciencia o con la tica profesional, aun cuando pudiera ser en cumplimiento de rdenes de autoridades. (VALDZ e TITTO in: REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 48)

    O que na prtica, em uma cultura profissional que pode ter vindo se constituindo,

    pode vir a ocasionar o surgimento de uma situao de constrangimento entre

    subordinado e subordinando e vice-versa frente ao estabelecimento de um impasse.

    2.2. A carga horria docente: avanos e retrocessos.

    Sero citados agora, como exemplo, trs casos que se referem carga horria

    docente em diferentes lugares do pas. Casos que, ora fazem referncia

    ampliao da carga horria de professor, ora fazem referncia reduo da

    carga horria de professor. importante evidenciar esses casos para entender que

    j existem propostas que sugerem a diminuio de carga horria docente; embora

    existam, tambm, propostas que sugerem o contrrio. Trata-se, respectivamente,

    dos casos do Estado do Cear e do Tocantins, e, do caso do Municpio de Rio das

    Ostras:

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    - o primeiro caso trata-se do Estado do Cear, ocorreu ao longo dos anos de

    2006 e disps sobre a ampliao de carga horria de professor, conforme a

    seguinte citao:

    O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEAR Fao saber que a Assemblia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:

    Art.1 Os Professores integrantes do Grupo Ocupacional Magistrio - MAG, do Quadro do Pessoal da Secretaria da Educao Bsica do Estado, que tenham ingressado na funo ou no cargo efetivo at 31 de dezembro de 2003, se encontrem em pleno exerccio de suas funes e sejam aprovados em avaliao de desempenho na conformidade de Decreto a ser editado pelo Chefe do Poder Executivo, podero optar pela ampliao definitiva de sua carga horria de trabalho para 40 (quarenta) horas semanais, caso se enquadrem em uma das seguintes situaes:

    I - que tenham sido oficialmente includos, at 31 de dezembro de 2004, em regime de ampliao temporria, em efetiva regncia de classe, nos termos das Leis n 12.268, de 23 de maro de 1994, e n12.502, de 31 de outubro de 1995, contando pelo menos 3 (trs) anos, consecutivos ou no, nessa situao;

    II - que comprovem haver trabalhado de fato, em regime de 40 (quarenta) horas aula semanais, em efetiva regncia de classe, pelo perodo mnimo de 3 (trs) anos, consecutivos ou no, at 30 de novembro de 1998, inclusive percebendo a remunerao respectiva;

    III - que estejam em exerccio de cargo em comisso do Ncleo Gestor das Escolas e aps o mandato venham a implementar pelo menos 3 (trs) anos, consecutivos ou no, em regime de ampliao temporria da carga horria de trabalho em efetiva regncia de classe, dentro do prazo de 3 (trs) anos e 6 (seis) meses, sob pena de decadncia.

    Pargrafo nico. A opo de que trata o caput, em relao aos incisos I e II, dever ser exercida no prazo de 90 (noventa) dias aps a edio do Decreto, dispondo sobre a avaliao de desempenho, sob pena de decadncia.

    (Disponvel em http://www.apeoc.org.br/index2.php?option=com_content&view=article&id=68:ampliacao-da-carga-horaria&catid=40:seus-dir.Acessado em 17/12/2012)

    - o segundo caso trata-se do Estado do Tacantins, ocorreu ao longo dos anos

    de 2012 e disps sobre a reduo de carga horria de professor, conforme a

    seguinte citao:

    O secretrio estadual da Educao, Danilo de Melo, anuncia nesta quinta-feira, 27, s 8 horas, a proposta de reduo de carga horria para

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    12

    professores. O assunto ser abordado durante reunio de trabalho no auditrio do Palcio Araguaia, com a participao de servidores da Secretaria Estadual da Educao (Seduc) e os diretores Regionais de Ensino. Atividades do Plano Estadual do Livro e da Leitura, dos programas Pronatec e Tocantins Conectado tambm sero discutidos. Conforme a Secretaria de Comunicao do Estado (Secom), a inteno do governo do Estado que as atuais 32 aulas semanais de 50 minutos sejam reduzidas para 24 horas/aulas por semana. A proposta apresenta ainda uma ampliao no tempo destinado s atividades de planejamento. Se aprovada, os professores passaro a ter 40% da carga horria para planejar, sendo que 20% (8h) sero cumpridas na escola e a outra metade do tempo em atividade de livre docncia.

    (Disponvel em: http://www.portalct.com.br/estado/2012/09/27/48537-seduc-anuncia-proposta-de-reducao-de-carga-horaria-para-professoresAcessado em 17/12/2012)

    - o terceiro caso trata-se do Municpio de Rio das Ostras, ocorreu, tambm,

    ao longo dos anos de 2012 e disps, tambm, sobre a reduo de carga horria de

    professor, conforme a seguinte citao:

    Mais tempo para a formao continuada, planejamento de aulas e descanso. A reduo da carga horria de todos os professores da Rede Municipal de Rio das Ostras, que passou de 25 para 20 horas semanais, vai trazer benefcios para os cerca de 1.500 educadores e, consequentemente, para todos os alunos. Cumpre lembrar que o horrio dos estudantes em sala de aula no ser reduzido. Em setembro de 2011, aprovamos o Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos dos Profissionais da Educao de Rio das Ostras. Este ano foi sancionada a lei que assegura a reduo da carga horria dos professores, que tm prestado um excelente servio, garantindo os bons resultados do ensino na cidade, afirma a secretria de Educao, Maria Lina Paixo.

    (Disponvel em http://www.riodasostras.rj.gov.br/noticia397.htmlAcessado em 17/12/2012)

    Este ltimo caso trouxe, no teor do texto informativo que o contm, a opinio

    de duas professoras locais em relao s vantagens da reduo da carga horria de

    professor; porm, como se pode constatar, uma das professoras em questo

    expressou uma possvel atitude antitica nos moldes deste artigo, trata-se da

    professora da primeira opinio, onde expressa o desejo de adquirir uma segunda

    matrcula, mais outra carga horria; conforme a seguinte citao:

    Considero que essa lei municipal valoriza os professores da cidade. Agora ser mais fcil ter uma segunda matrcula na rede pblica ou outro trabalho. Os benefcios recebidos nos levam a ter maior comprometimento e dedicao ao ensino, afirma Regina. Lecionando h 10 anos na Rede Municipal, Vanderla da Silva Panisset regente de uma turma do 2 ano do Ensino Fundamental na Francisco de Assis Medeiros Rangel. De acordo com a professora, a nova lei vai garantir um tempo maior

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    para a qualificao e o cuidado com a famlia. Eu vou poder me dedicar mais a minha filha de 6 anos e tambm aos cursos de formao que sempre procuro fazer, conta Vanderla.

    (Disponvel em http://www.riodasostras.rj.gov.br/noticia397.htmlAcessado em 17/12/2012)

    Atravs da exposio dos trs exemplos citados, procura-se trazer tona o

    contraditrio em relao prerrogativa da carga horria de 20h estipulada

    inicialmente; onde:

    - por um lado, o Estado do Tocantins e o Municpio de Rio das Ostras,

    citados como exemplo, implementaram, legalmente, uma reduo de carga horria

    dos professores sob o discurso de estar trazendo benefcios para os educadores e,

    consequentemente, para os alunos; dentro do contexto deste artigo, esto

    favorecendo a possibilidade de cumprimento das prerrogativas pedaggicas e

    burocrticas legais voltadas ao bom andamento da educao escolar, nos moldes

    quantitativos e qualitativos, em direo a boa formao intelectual, moral e social do

    corpo discente;

    - por outro lado, o Estado do Cear, citado como exemplo, implementou,

    legalmente, uma ampliao da carga horria dos professores; dentro do contexto

    deste artigo, est desfavorecendo a possibilidade das prerrogativas pedaggicas e

    burocrticas legais voltadas ao bom andamento da educao escolar, nos moldes

    quantitativos e qualitativos, em direo a boa formao intelectual, moral e social do

    corpo discente.

    O docente, no exerccio de sua profisso, ao permitir-se praticar aes que

    vo em detrimento da denominada tica Docente, nos moldes desse artigo e

    conforme exposto anteriormente, est estabelecendo um exerccio de ferimento a

    tica docente por ambos os lados: por um lado, atravs da j citada prtica de aes

    que ferem a tica de forma direta (como o aumento de tarefas, para alm da

    possibilidade de atender corretamente, por causa do aumento da carga horria para

    alm do estabelecido inicialmente, e, como os registros falsos ou inadequados de

    dias letivos e/ou de contedos/atividades nos respectivos dirios de classe, por

    diversas causas); e, por outro lado, atravs da prtica de aes que ferem a tica

    docente, de forma indireta, propriamente dito, e que se estabelece no fato do

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    desatendimento s obrigaes docentes estipuladas legalmente e inerentes

    conquista da moralidade e da conduta tica, e que se d no descumprimento,

    individual ou coletivo, do que expressa a seguinte citao (que traz, na ntegra, o

    item 1 do cdigo de tica em destaque):

    1. Es deber primordial de los docentes respetar y hacer respetar todas las disposiciones legales y reglamentarias que incidan em actos de su prefesin. Es tambin deber primordial de los docentes velar por el prestigio de la profesin. (VALDZ e TITTO in: REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 46)

    Cabendo, at, recorrer a instncias superiores internas ou externas ao

    meio, conforme o caso em busca de condies que possam garantir o

    estabelecimento do cumprimento das disposies legais que se encontram

    transgredidas, conforme expressado na seguinte citao (que traz, na ntegra, o item

    12 do cdigo de tica em destaque):

    12. El docente debe respeitar las disposiciones legales y cuando est en desacuerdo con actos o disposiciones de la superioridad acudir a la va jerrquica o cuando corresponda, a la presentacin ante la justicia (VALDZ e TITTO in: REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, junho de 1986 p. 48)

    2.3. Quando o dinheiro fala mais alto.

    Ainda, relacionado ao comentrio referente ao permitir-se praticar aes em

    detrimento denominada tica Docente, nos moldes desse artigo, deve-se

    comentar, tambm, outro fato que faz referncia ao aumento da carga horria das

    20h iniciais para o rol das 40, 50 e, at, 60h semanais. Trata-se da ampliao do

    ferimento tica em questo (a tica docente) atravs do descumprimento dos

    seguintes termos, conforme expressado na seguinte citao (que traz, na ntegra, o

    item 7 do cdigo de tica um destaque):

    7. El desinters que debe caracterizar al docente no consiste en el desprecio del provecho pecuniario, sino en el cuidado de que la perspectiva de tal provecho no sea nunca la causa determinante de ninguno de sus actos. (VALDZ e TITTO in: REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 47)

    Ou seja, o receber pecunirio mensal, mesmo aqum da capacidade de reposio

    das necessidades pessoais e/ou aqum do considerado justo s exigncias

    inerentes formao e prtica docente e/ou aqum ao estabelecido pelo mercado,

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    no deve ser nunca causa determinante de nenhum dos atos do docente; ou que

    venha, por ventura, a influenciar no aumento ou diminuio do seu interesse

    funcional conforme o caso. Tal atitude pode ser considerada antitica. Supe-se,

    que prejudicar a garantia prerrogativa de manuteno do bom andamento da

    educao escolar, nos moldes quantitativos e qualitativos, em direo boa

    formao intelectual, moral e social do corpo discente.

    2.4. A apatia e o desinteresse docente.

    Enfatiza-se, tambm, a percepo, atravs da participao nos estgios de

    docncia e como professor, da natural apatia que o docente passa a demonstrar, em

    relao a sua conduta com os discentes e a sua prtica docente, ao encontrar-se

    nas condies de trabalho relacionado a uma carga horria bastante ampliada, nos

    moldes do que vem sendo exposto nesse artigo em relao a esse tema; indo

    assim, em detrimento a uma outra prerrogativa que, tambm, pode ser dada como

    componente de uma tica docente, nos seguintes termos; conforme Freire, 2000, p.

    159: Ensinar exige querer bem os alunos. Querer bem o aluno poder enxerg-lo,

    olhar onde esto suas dificuldades... O professor com 60h semanais no tem, na

    maioria dos casos observados atravs da participao nos estgios de docncia em

    geografia no ensino fundamental e mdio e a partir da experincia como professor

    contratado da rede pblica estadual de educao, esta serenidade. Supe-se,

    querer bem o aluno , tambm, poder cumprir adequadamente com todas as

    prerrogativas pedaggicas e burocrticas legais a ele inerentes. E, isso traz bem

    estar profissional; levando em considerao uma classificao da tica no contexto

    das denominadas ticas de mximos ou ticas da felicidade, conforme expressado

    na seguinte citao:

    Desse modo, as ticas de mnimo ou ticas de justia, ocupam-se unicamente da dimenso universalizvel do fenmeno moral, isto , aqueles deveres de justia que so exigveis de qualquer ser racional e que, em suma, s compem algumas exigncias mnimas (Cortina, 2005, p. 115). J as ticas de mximos ou ticas da felicidade aconselham a seguir um modelo, nos convidam a tom-lo como orientao de conduta, mas no podem exigir que seja seguido, porque a felicidade objeto de conselho e de convite, no de exigncia (idem). (ANDRADE, 2006, p. 50-51)

    E, para reforar a idia de bem estar profissional que pode estar atrelada a

    possibilidade de realizao do cumprimento adequado dos deveres e, que pode

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    estar atrelada, tambm, a possibilidade de poder perceber, em contrapartida, a

    realizao do cumprimento adequado dos direitos alheios e de si prprio pode-se

    apropriar-se da discusso entre ticas teleolgicas e deontolgicas, conforme

    expressado na seguinte citao:

    Acreditamos que a discusso entre ticas teleolgicas e deontolgicas so a expresso direta da tnue linha de diviso entre moral e tica. As primeiras referem-se a tudo que consideramos bom, a felicidade, a vida boa; enfim se dirige ao significado da vida plena e, consequentemente, moral. J as ticas deontolgicas so uma referencia a tudo que normativo e universal; dirige-se precisamente constituio dos deveres. (ANDRADE, 2006, p. 50)

    Cabe enfatizar tambm um outro tipo de conduta e atitude docente

    percebida em funo da participao nos estgios de docncia e como professor

    que pode ser classificado como indo, tambm, em detrimento de alguma

    prerrogativa de tica docente comum observar, entre os professores, situao

    de descaso dos mesmos em relao ao comportamento diante de uma formao

    docente (ou de uma formao continuada), por exemplo: passam a apresentar um

    perfil semelhante ao do corpo discente, quando se encontram reunidos em situao

    semelhante ou seja: em situao de sala de aula. Perfil, esse, ligado a condutas e

    atitudes que vo desde as simples mas no menos desagradveis conversas

    paralelas, e, chegam at demonstrao de desinteresse total ao que est sendo

    exposto, abordado, mostrado... O referido pode ser muito bem ilustrado atravs da

    reproduo de uma cena real entre diversas citadas na mesma fonte conforme

    expressado na seguinte citao:

    Cena 4. Cidade do planalto mdio do Rio Grande do sul, seminrio promovido pela Secretaria Municipal de Educao. Entrada de um salo, 8 horas e 30 minutos da manh, cerca de 800 professores em imensa fila, carimbo de entrada. Painel integrado por trs professoras convidadas, que tinham vindo da capital, e coordenado por uma supervisora da Secretaria. s 11 horas e 15 minutos, sem que a terceira painelista tivesse concludo a sua exposio nem ocorrido os debates, outra fila de professores comea a se formar no corredor de acesso ao salo. O que est acontecendo? pergunto baixinho. A coordenadora explica, tambm sussurrando: Comeamos a carimbar a sada das professoras s 11 horas e 45 minutos. Elas esto em fila, esperando o carimbo. O painel termina com mais professoras na fila do que no auditrio. (CORAZZA, 2005, p. 34-35)

    A citao traz o descaso do docente com a sua matria prima: o conhecimento!

  • 17

    17

    2.5. O que pensa o aluno?

    Em meio a tudo que foi enfatizado neste artigo e com o intuito de poder perceber de

    que forma o discente est recebendo tudo isso e de que forma isso poder estar lhe

    afetando, coube ouvir o que ele tem a dizer: o que aprendeu na escola e junto aos

    docentes; o que esperava aprender e o que almeja profissionalmente. Ouviu-se as

    respostas deles s referidas indagaes mediante pesquisa realizada pessoalmente

    com um grupo de oito discentes de uma escola de educao bsica de Porto Alegre

    durante a confeco do artigo (desse artigo), mais precisamente, discentes da

    escola onde se tem atuado como professor contratado da rede pblica estadual de

    educao. O resultado da pesquisa se deu conforme expressado a seguir:

    As perguntas foram s seguintes e assim elaboradas para atender, de forma

    simples e objetiva, a necessidade de se poder perceber de que forma o discente

    est recebendo os problemas escolares decorrentes do descumprimento de

    prerrogativas pedaggicas e burocrticas legais por parte do docente no exerccio

    de sua funo e de que forma esses problemas podero estar lhe afetando.

    Eis as perguntas, conforme foram dirigidas aos pesquisados pelo

    pesquisador:

    1. Diga o que voc lembra nesse momento que a escola te ensinou?

    2. O que voc pensa que a escola (o professor) deveria ter te ensinado e no te ensinou?

    3. Voc tem idia de que profisso voc pretende exercer?

    As repostas foram s seguintes e observou-se, atravs delas e de uma

    forma geral, que a percepo dos alunos em relao interao escola/aluno e

    aluno/escola ainda se encontra no nvel da inocncia e da inexperincia prprias da

    pouca idade e da pouca formao intelectual que ainda dispem, no nvel do senso

    comum e dos contedos pontuados limitadores do campo de anlise e reflexo em

    que precisariam operar para poderem estabelecer um senso crtico ou, ento, no

    nvel da inibio e constrangimento que o impedem de responder honestamente o

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    que pensam da escola no momento em que so questionados a respeito por uma

    pessoa que ao mesmo tempo seu professor em determinada disciplina.

    Frente a isso, somente uma das respostas, a do aluno 7, se apresentou de

    forma mais crtica em relao realidade escolar. Isso prova que o aluno ou no

    reflete sobre a escola ou no se sente a vontade para opinar; alm de se poder

    provar o fato de que nenhum dos alunos entrevistados expressou o desejo de atuar

    profissionalmente na funo/profisso de professor.

    Eis as respostas, conforme foram dirigidas ao pesquisador pelos

    pesquisados e acompanhadas de uma pequena anlise do pesquisador:

    Aluno 1 18 anos de idade 2 ano do ensino mdio

    - Lembro que a escola me ensinou literatura e lngua portuguesa.

    - Penso que no faltou nada a ser ensinado.

    - Profissionalmente, pretendo ser nutricionista.

    Percebe-se, neste caso, respostas simples e pontuais.

    Aluno 2 18 anos de idade 1 ano do ensino mdio

    - Lembro que a escola me ensinou a me empenhar mais nos estudos.

    - Penso que a escola deveria passar conhecimentos de economia tambm.

    - Profissionalmente, pretendo ser psiclogo, modista, msico...

    Desta vez se percebe um esprito sugestivo.

    Aluno 3 16 anos de idade 1 ano do ensino mdio

    - Lembro que a escola me ensinou a dar valor s pessoas, porque uma vez

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    eu mudei de escola e percebi que passei a sentir falta dos antigos colegas cujo durante o convvio dirio no os valorizava tanto.

    - Penso que a escola deveria ter ensinado o ato de confiar (o ato de reconhecer as pessoas de confiana), pois acabam chamando muito ateno a alunos que no precisam de cuidados disciplinares (que no so indisciplinados).

    - Profissionalmente, pretendo ser tcnico em eletroeletrnica e gerente de loja (de eletrnicos).

    Aqui se apresenta respostas mais subjetivas e humanizantes.

    Aluno 4 16 anos de idade 1 ano do ensino mdio

    - Lembro que a escola me ensinou a ser mais educado, mais organizado e mais pontual.

    - Penso que a escola me ensinou tudo que eu deveria aprender.

    - (Acabou no respondendo sobre o que pretende ser profissionalmente).

    V a escola por um vis disciplinarizante.

    Aluno 5 15 anos de idade 1 ano do ensino mdio

    - Lembro que a escola me ensinou que as pessoas so hipcritas.

    - Penso que a escola deveria ter ensinado japons.

    - Profissionalmente, pretendo ser escritor.

    Respostas de cunho ora niilista ora desconexo.

    Aluno 6 17 anos de idade 1 ano do ensino mdio

    - Lembro que a escola me ensinou a marchar e a ser organizado.

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    - Penso que a escola deveria ter ensinado coisas relacionadas informtica e russo e alemo.

    - Profissionalmente, pretendo trabalhar com programao de computador ou relacionado a jogos (games) ou, at, ser jogador profissional de vdeo games.

    Um pouco ironizantes por um lado e objetivas por outro

    Aluno 7 17 anos de idade 1 ano do ensino mdio

    - Lembro que a escola me ensinou interseco de conjuntos.

    - Penso que a escola deveria ter me ensinado a ser uma cidad e no uma mo-de-obra barata e que deveria ensinar coisas teis, coisas que vou usar no dia-a-dia.

    - Profissionalmente, pretendo ser fotgrafa.

    Esta sim, iniciou com ironizao, passou pela criticidade e finalizou com objetividade.

    Aluno 8 17 anos de idade 1 ano do ensino mdio

    - Lembro que a escola me ensinou a ser responsvel, organizado, a trabalhar em equipe e a ser respeitador.

    - Penso que a escola me ensinou o principal e que o resto a vida ensina (se aprende na vida).

    - Profissionalmente, pretendo ser veterinrio.

    Demonstrao de satisfao.

    2.6. Um contraponto: o docente reflexivo e pesquisador.

    Supe-se, uma das prerrogativas que vai ao encontro de uma tica docente onde

    faz jus manuteno do bom andamento da educao no contexto escolar, no

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    moldes quantitativos e qualitativos, em direo boa formao intelectual, moral e

    social do corpo discente; muitas vezes citados ao longo do artigo (desse artigo) a

    atitude reflexiva e pesquisadora que o docente pode desenvolver e praticar ao longo

    de sua jornada profissional. Atitude, essa, entendida nos estudos do curso de

    licenciatura e que poder reparar o que vem sendo perdido na educao como

    instituio; conforme expressado na seguinte citao:

    O professor reflexivo e pesquisador poder, alm e acima de tudo, resgatar uma dvida histrica que a escola contraiu que a escola contraiu criana. Na espontaneidade do cotidiano, a criana aprendeu a perguntar: Frequentemente, o entorno familiar responde com tamanha ferocidade a esse comportamento infantil que pouco sobradele depois de alguns anos; a escola se encarregar de extinguir o que sobrou. A famlia arma um cerco em torno desse comportamento infantil, reprimindo-o de mltiplas formas, fazendo a criana perceber o quanto ela inconveniente ao fazer perguntas. Talvez a forma mais perversa desse comportamento adulto, da famlia e da escola, seja ignorar as perguntas da criana. O professor-pesquisador abrir espao privilegiado para as perguntas, no apenas das crianas, mas de todos os alunos, pois ele sabe que toda investigao comea com uma pergunta. Dizia Bachelard que para o esprito cientfico, todo o conhecimento resposta a uma pergunta. (BECKER in: BECKER e MARQUES (org.), 2010, p. 19)

    E, na sequncia, para enfatizar uma conduta e atitude docente que, conforme

    Becker, 2010, p. 19, diz estar na contramo do esprito cientfico de Bachelard,

    reproduziu-se o que diz uma professora de matemtica, no ensino mdio, conforme

    expressado na seguinte citao:

    vezes eu pergunto e respondo. Eu mesma pergunto e explico, porque ningum responde. s vezes, dou aula em funo da pergunta. Vou perguntando e perguntando, a vejo que eles no vo responder; ento eu respondo (MEDEIROS apud BECKER in: BECKER e MARQUES (org.), 2010, p. 19)

    Onde, a partir dessa citao Becker, 2010, p. 19 expressa o seguinte: O despreparo

    docente para trabalhar com a pedagogia da pergunta, e preparar assim um esprito

    de pesquisa, flagrante..

    Mais adiante, na mesma obra, Marques fala de pesquisar o pensamento do

    discente, conforme expressado na seguinte citao:

    por tudo isso que o professor precisa ser um pesquisador. Precisa ser um pesquisador do pensamento do seu aluno. Precisa descobrir o que seu aluno pensa e como pensa. Precisa descobrir quais os caminhos que levam a uma construo: da inexistncia de uma capacidade para uma

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    capacidade ativa e efetiva. No me lembro do meu prprio processo de alfabetizao. E para a maioria das pessoas isso no interessa. Basta saber ler e escrever. Ou seja, o que interessa o resultado. O que interessa poder usar competentemente a lngua portuguesa para ler e escrever. Para o professor responsvel pela alfabetizao, porm, isso no basta. Para poder ensinar, ele precisar saber como se aprende. Como ele no se lembra como aprendeu, ele precisar investigar minuciosamente esse processo. Precisar saber como esse processo ocorre. Precisar saber o que os seus alunos j construram a respeito e que hipteses esto construindo a respeito desse processo. E de que forma o professor poder conhecer o processo de seu aluno? Uma das formas dando espao para as suas manifestaes, para que possa conhecer a realidade do seu pensamento. Convm lembrar a definio de pesquisa: Indignao ou busca minuciosa para averiguao da realidade. (MARQUES in: BECKER e MARQUES (org.), 2010, p. 59)

    Frente a isso e partindo do pressuposto de reduo da carga horria

    docente, cabe ao docente, em virtude a sua ao profissional, dispor de aproveitar

    parte do tempo livre para ler mais, assistir mais, interagir mais, interpretar mais,

    refletir mais, pesquisar mais, escrever mais, construir mais e, consequentemente,

    acertar mais (ou errar menos); uma vez que a rotina do professor no deve se limitar

    apenas ao planejamento de aulas, aos registros nos dirios de classe e as

    elaboraes e correes dos dispositivos avaliativos.

    3. CONSIDERAOES INICIAIS.

    Enfim, chamou-se o ttulo desta seo de CONSIDERAES INICIAIS, ao invs

    de CONSIDERAES FINIAIS, porque, a partir de reflexes realizadas ao longo

    do texto do artigo cientfico em questo, em cima das percepes originadas em

    funo da participao nos estgios de docncia e como professor, chegou-se ao

    final tendo a impresso de que nem se comeou a reflexo... Reflexo, essa, que

    poder-se-ia comear a partir do estabelecimento dos seguintes questionamentos:

    Os questionamentos abordados a seguir fazem parte da reflexo sobre as

    conseqncias de falta de tica docente. Os dirios de classe que apresentam

    registros de aulas que no existem, sobrecarga de trabalho que no permite maior

    eficincia no planejamento, a desmotivao que inibi a participao efetiva do

    professor nas horas dedicadas formao continuada. Refletem diretamente na

    qualidade da formao do aluno.

    - No seria falta de tica deformar o discente ao invs de formar?;

  • 23

    23

    Deformar, ou seja, no se apropriar de metodologia adequada ao ofcio do ensino-

    aprendizagem...

    - No seria falta de tica deixar passar pelas mos de um docente um discente que

    fingiu aprender o tempo inteiro?;

    Fingir aprender enquanto o professor no enxerga o seu aluno...

    - No seria falta de tica o docente sonegar a construo do conhecimento junto ao

    discente?;

    Sonegar porque no pode planejar adequadamente a sua aula...

    - No seria falta de tica o docente deixar de aproveitar o tempo de aula, sendo que

    no final da jornada escolar do discente alguns minutos dirios viraro meses sem

    aula?...

    Chegar atrasado permite essa lgica...

    Mas, tambm, cabe expressar que uma conduta tica do docente, nos molde

    desse artigo, o impede de fingir a ao de ensinar; de no perceber a falta de

    aprendizagem do aluno e, consequentemente, supe-se, poder inibir a oferta de

    baixa remunerao por parte do Estado e, at, do mercado, por assim dizer

    devido elevao do respeito e da valorizao ao profissional da educao.

    Ao mesmo tempo deixa-se outro ponto para reflexo. Se o professor fosse

    remunerado adequadamente, no seria mais incentivado a exercer de forma

    eficiente a sua funo e de forma cumpridora da tica docente.

    Porm, um inquietamento vem tona... possvel ser tico? Ou... Conforme

    disponvel em http://bartmoura.blogspot.com.br/2008/04/qual-sua-obra-prof-mario-

    cesar-cortella_06.html e acessado em 08/01/2012: Antitico aquele(a) que pensa

    e age ao contrrio de um grupo.

  • 24

    24

    4. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ANDRADE, Jaqueline Alencar. tica docente: Estudo sobre o juzo moral dos professores. Porto Alegre: UFRGS, 2006. BAUMAN, Zygmunt, Tempoe lquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. BECKER, Fernando. MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. (org.). Ser professor ser pesquisador. Porto Alegre: Mediao, 2010. (2. ed. atual. ortog.)

    CORAZZA, Sandra Mara. Uma vida de professora. Iju: Uniju, 2005.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. RJ: Paz e Terra, 2000.

    REVIASTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, Buenos Aires: Artes Grficas Los Andes, junho de 1986, ano 12, N 54.

    REV. TRAJ. MULT., agosto de 2012, ano 3, N 7.

    Disponvel em http://www.apeoc.org.br/index2.php?option=com_content&view=article&id=68:ampliacao-da-carga-horaria&catid=40:seus-dir Acessado em 17/12/2012.

    Disponvel em http://bartmoura.blogspot.com.br/2008/04/qual-sua-obra-prof-mario-cesar-cortella_06.html Acessado em 08/01/2012

    Disponvel em http://www.portalct.com.br/estado/2012/09/27/48537-seduc-anuncia-proposta-de-reducao-de-carga-horaria-para-professoresAcessado em 17/12/2012.

    Disponvel em http://www.priberam.pt/dlpo/ Acessado em 02/01/2013

    Disponvel em http://www.riodasostras.rj.gov.br/noticia397.html Acessado em 17/12/2012.

    4.1. Obras consultadas

    ULBRA, Universidade Luterana do Brasil (org). Instrumentalizao Cientfica. Curitiba: Ibpex, 2007.

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    ANEXO

    [...]

    Prembulo

    Es el propsito de este Cdigo enunciar normas y principios que deben inspirar la actitud, conducta y actividad del docente para el logro de elevados fines morales y cientficos. Dichas normas y principios tienen su fundamento ltimo en la responsabilidad de los docentes hacia la sociedad. Constituyen la gua necesaria para el cumplimiento de las obligaciones contradas con la casa de estudios donde se graduaron, con la profesin, con sus colegas y con sus alumnos. En virtud de esta responsabilidad, el docente debe realizar los mayores esfuerzos para mejorar su idoneidad y su probidad, as como la imagen de la profesin.

    Estas normas ticas no excluyen otras no enunciadas expresamente pero que surgen del correcto quehacer profesional y que conforman un digno comportamiento profesional.

    Generales

    1. Es deber primordial de los docentes respetar y hacer repetar todas las disposiciones legales Y reglamentares que incidan en actos de su profesin. Es tambin deber primordial de los docentes velar por el prestigio de la profesin.

    2. El docente debe contribuir con su conducta profesional y por todos los medios a su alcance, a que en el consenso pblico se forme y se mantenga un exacto concepto del significado de la profesin en la sociedad, de la dignidad que la acompaa y del alto respeto que merece.

    3. Ajustar su conduta a las reglas del honor, probidad y moral. Ser una persona honrada en el ejercicio de su profesin al igual que en cualquier acto de su vida pblica.

    4. El docente debe actuar siempre con integridad, veracidad, independencia de criterio y objetividad. Tiene la obligacin de mantener un elevado nvel de competencia profesional a lo largo de toda su carrera.

    5. El docente debe actuar con dignidad no slo en el ejercicio de su profesin, sino tambin en su vida privada. En sta debe evitar todo lo que pueda afectar su decoro o disminuir la consideracin pblica que debe merecer.

    6. La probidad que se exige al docente no es slo correccn, sino tambin veracidad y buena fe.

    7. El desinters que debe caracterizar al docente no conssiste en el

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    desprecio del provecho pecuniario, sino en el cuidado de que la perspectiva de tal provecho no sea nunca la causa determinante de ninguno de sus actos.

    8. El docente debe educar a los alumnos en los principios democrticos y en la forma de gobierno instituda em la Constitucin Nacional y en las leyes dictadas en su consecuencia, con absoluta prescindencia partidista.

    9. El docente en su accionar no har disticiones de nacionalidad, religin, raza, ideologia, condicin social o econmica.

    10. Colaborar con la administracin pblica en el cumplimiento de las disposiciones legales que se relaconen con la profesin. Asimismo, har conocer lealmente sus reservas, fundndolas adecuadamente, cuando advierta en aquellas disposiciones algn aspecto que estime lesivo para los legtimos intereses de la profesin, de los alumnos o de otros sectores de la comunidad, hacindolo por las vas idneas: administrativas o gremiales.

    11. No debe aconsejar ni intervenir cuando su actuacin profesional permita o facilite o ampare actos incorrectos o punibles o sirva para burlar las normas establecidas.

    12. El docente debe respetar las disposiciones legales y cuando est en desacuerdo con actos o disposiciones de la superioridad acudir a la va jerrquica o cuando corresponda, a la presentacin ante la justicia.

    13. No debe realizar actos reidos con su conciencia o con la tica profisional, aun cuando pudiera ser en cumplimiento de rdenes de autoridades.

    14. No debe permitir que otra persona ejerza la profesin en su nombre, ni facilitar que persona alguna pueda aparecer como profesional sin serlo.

    15. No debe actuar em institutos de enseanza oficiales o no oficiales que desarrollen sus actividades mediante propaganda o procedimentos incorretos o que emitan ttulos o certificados que induzcan a confusiones con los ttulos profesionales reconocidos.

    16. No debe aceptar ni acumular cargos, funciones, tareas o asuntos que le resulten materialmente imposibles de ser atendidos de acuerdo con las normas que regulam la actividad profesional docente.

    17. Considranse comprendidos en el presente cdigo los actos docentes en cuanto puedan afectar el buen nombre de la institucin educativa, las reglas de convivencia profesional, la tica, el decoro o el respeto y la consideracin debidos a los colegas.

    18. La presentacin inicial de todo trabajo de investigacin deber hacerse por medio de las sociedades y la prensa cientfica, siendo contraro a las normas ticas la introduccin de los hallazgos cientficos y tcnicos a travs de los medios masivos de comunicacin: prensa, radio, televisin, cine.

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    19. En los artculos especializados, conferencias de divulgacin y otras cumunicaciones com el pblico, cuidar de no incurrir en desmedida propaganda personal o de instituciones mediante la promesa de resultados rpidos y/o infalibles en el proceso de aprendizaje. Dichos artculos, conferencias y otras comunicaciones se limitarn a procurar la ampliacin del saber general o a informar de alguna investigacin en particular.

    20. Toda publicidad en que se ofrezcan servicios profesionales debe hacerse en forma mesurada y co respeto por el decoro de la profesin, limitndose a enunciar datos tales como el nombre de la institucin, la denominacin del servicio, el nombre y apellido de los profesionales que lo brindan, su ttulo, domicilio y telfono.

    21. Estn expresamente reidos con toda norma de tica los anuncios que renan alguna de las siguientes caractersticas:

    a) Los de tamao desmedido, con caracteres llamativos o acompaados de fotografia.

    b) Los que ofrezcan un aprendizaje infalible o en plazos que no correspondan con los objetivamente necesarios para las asignaturas o temas de que se trate.

    c) Los que invoquem ttulos o antecedentes que no se posean legalmente.

    d) Los que por su redaccin o ambigedad induzcan a error o confusin respecto a la identidad o ttulo profesional del anunciante.

    e) Los que involucren el fin preconcebido de atraer numerosos alumnos mediante la aplicacin de nuevos sistemas o procedimientos para acelerar el proceso de aprendizaje, cuya eficacia no est comprobada.

    f) Los transmitidos por altoparlante o por radiotelefona, televisin o cine mediante tcnicas publicitarias que impliquen la violacin de lo expresado en el arculo 20.

    g) Los que aun cuando no infrinjan alguno de los apartados del presente artculo sean exhibidos en lugares inadecuados o sitios que compremetan la seriedad de la profesin.

    Relacin docente-docente

    [...]

    (VALDZ e TITTO in: REVISTA DEL INSTITUTO DE INVESTIGACIONES EDUCATIVAS, junho de 1986, p. 46-49)