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A Essência da Vivência Prática A Caminhada Intensa da Professora Estagiária em busca da Identidade Docente Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto- lei nº 74/2006 de 24 de março e do Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro. Profª. Orientadora: Doutora Zélia Matos Luísa Fernandes das Fontes Porto, Setembro de 2015

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A Essência da Vivência Prática

A Caminhada Intensa da Professora Estagiária em busca da

Identidade Docente

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado com

vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente

ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-

lei nº 74/2006 de 24 de março e do Decreto-lei nº

43/2007 de 22 de fevereiro.

Profª. Orientadora: Doutora Zélia Matos

Luísa Fernandes das Fontes

Porto, Setembro de 2015

II

Ficha de catalogação

Fontes, L. (2015). A Essência da Vivência Prática: A Caminhada Intensa do

Professor Estagiário em busca da Identidade Docente. Relatório de Estágio

Profissional. Porto: L. Fontes. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção

do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, HETEROGENEIDADE

MOTORA, PROCESSO BUROCRÁTICO E PROCESSO PEDAGÓGICO,

APTIDÃO FÍSICA.

III

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e irmãos, pelo carinho e amor concedido durante os anos da

minha vida.

À família Castro Ferreira, Albina, Bernardino e Paula pelo acolhimento, simpátia,

neste percurso académico. Por ter sido acolhida como uma “filha adotiva”.

À Professora Doutora Zélia Matos, pela disponibilidade e orientação, pela

partilha de conhecimentos e experiências nas questões pedagógicas como na

orientação do relatório de estágio.

Ao Professor José Soares, pela orientação, disponibilidade e confiança

demostrada neste último ano. Pelas conversas descontraídas ao longo do ano

letivo.

Ao Professor Jorge Antunes, pela simpatia, apoio, coloboração e

sucessivamente aos seus alunos.

Ao Sr. Dias, pela simpatia, boa disposição e forma prestável com que sempre

nos tratou.

Aos meus alunos, pelas experiências inesquecíveis que foram proporcionando

por terem sido os primeiros, grande desafio a minha evolução.

Por fim, não menos importante, aos meus amigos e todas as pessoas que, de

uma forma menos direta, sempre me acompanharam e apoiaram ao longo desta

jornada académica.

Obrigada A Todos!

IV

V

Índice Geral

ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................... VII

ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................................... IX

RESUMO........................................................................................................... XI

ABSTRACT ..................................................................................................... XIII

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

2. ENQUADRAMENTO PESSOAL .................................................................... 3

2.1. O EU ENQUANTO EXISTÊCIA... ..................................................................... 3

2.2. EXPECTATIVAS EM RELAÇÃO AO ESTÁGIO PROFISSIONAL ............................... 8

2.3. ENTENDIMENTO SOBRE O ESTÁGIO PROFISSIONAL ...................................... 12

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ................................. 15

3.1. CONTEXTO LEGAL DO ESTÁGIO PROFISSIONAL............................................ 15

3.2. CONTEXTO FUNCIONAL DO ESTÁGIO PROFISSIONAL .................................... 16

3.2.1. À DESCOBERTA DA ESCOLA QUE ME ACOLHEU ......................................... 18

3.2.2. A IMPORTÂNCIA DA PROFESSORA ORIENTADORA E DO PROFESSOR

COOPERANTE AO LONGO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL ........................................ 20

3.2.3. O PAPEL E A DINÂMICA DO GRUPO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ......................... 22

3.2.4. O NÚCLEO DE ESTÁGIO .......................................................................... 23

3.2.5. A TURMA............................................................................................... 25

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ........................................... 29

4.1. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO ENSINO APRENDIZAGEM ................................. 29

4.1.1. Enquadramento Conceptual do Planeamento............................................... 29

4.1.1.1. Planeamento Anual ................................................................... 33

4.1.1.2. Unidades Didáticas .................................................................... 35

4.1.1.3. Plano de Aula ............................................................................ 39

4.1.2. Realização do ensino ................................................................................................ 41

4.1.2.1. Aula e a dimensão de ensino .................................................... 42

4.1.2.1.1. Disciplina ............................................................................. 42

4.1.2.1.2. Gestão da aula .................................................................... 43

4.1.2.1.3. Instrução.............................................................................. 45

4.1.3. Avaliação ...................................................................................... 47

4.1.3.1. Avaliação Diagnóstica ............................................................ 48

4.1.3.2. Avaliação Formativa ............................................................... 49

4.1.3.3. Avaliação Sumativa ................................................................ 50

4.1.3.4. Autoavaliação ......................................................................... 52

4.2. As Aulas de “45 Minutos” que Voam... ............................................ 53

4.3. Como Lidar com a Previsível “Heterogeneidade Motora” dos Alunos

............................................................................................................... 54

4.4. A Experiência Noutro Nível de Ensino – 2º Ciclo ............................ 61

4.5. ENTRE O PROCESSO PEDAGÓGICO E O PROCESSO BUROCRÁTICO

......................................................................................................................... 63

VI

4.5.1. TESTE SOCIOMÉTRICO E DE PERCEÇÃO SOCIOMÉTRICA ............................ 64

4.5.1.1. Que informações fornece o Teste/Questionário ................ 66

4.6. PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E AS RELAÇÕES COM A COMUNIDADE

......................................................................................................................... 67

4.6.1. A DIREÇÃO DE TURMA: O ELO DE LIGAÇÃO ENTRE A ESCOLA E A FAMÍLIA .... 69

4.6.2. O DESPORTO ESCOLAR ......................................................................... 71

4.6.3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA ESCOLA COOPERANTE ........................ 72

4.7. ATIVIDADE DE INICIATIVA DOS NÚCLEOS DE ESTÁGIO – FIT CHALLENGE .... 73

4.8. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL - ESTUDO INVESTIVAÇÃO-

AÇÃO ............................................................................................................... 79

4.8.1. FIT-SCHOOL – “TREINO FUNCIONAL NA ESCOLA”: ..................................... 79

4.8.2. Enquadramento do Tema ........................................................................................ 80

4.8.3. Objetivos .......................................................................................................................... 88

4.8.4. Material e Métodos ..................................................................................................... 88

4.8.4.1. Implementação do Programa de Treino .................................... 88

4.8.4.2. Caracterização das Turmas Sujeitas ao Programa ................... 89

4.8.4.3. Protocolo de avaliação / Conteúdos do Programa Aplicado ...... 89

4.7.5. Tratamento dos Dados ............................................................................................. 92

4.7.6 Resultados e Discussão ............................................................................................ 93

4.7.7. Conclusões ..................................................................................................................... 98

5. CONCLUSÕES E PRESPETIVAS FUTURAS ........................................... 101

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 103

8. ANEXOS ................................................................................................... XV

VII

Índice de Figuras

Ilustração 1: Fit-School - Exercícios Isolados ................................................... 90

Ilustração 2: Fit-School - Circuito ..................................................................... 92

VIII

IX

Índice de Tabelas

Tabela 1- Distribuição de Matérias ................................................................... 34

Tabela 2 - Comparação geral – Truma Experimental ....................................... 94

Tabela 3 - Comparação geral – Truma Controlo .............................................. 95

X

XI

Resumo

Este Relatório Final do Estágio Profissional, realizado é parte integrante e

conclusiva do Mestrado em Ensino da Educação Física dos Ensinos Básico e

Secundário pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, referente ano

letivo 2014/2015.

O Estágio Profissional desenvolveu-se tendo como objetivo favorecer a

integração e consolidação, no contexto da prática, os conhecimentos teóricos

adquiridos no 1º e 2º semestre do Curso de Mestrado, através de uma prática

docente supervisionada e orientada, com vista à profissionalização de

professores de Educação Física competentes.

O presente relatório está estruturado em três partes fundamentais. A primeira

parte consiste no enquadramento biográfico onde são apresentadas as

expectativas em relação ao Estágio Profissional.

Na segunda parte é realizado um enquadramento institucional.

A terceira parte, referente à realização prática profissional, situa as experiências

mais relacionadas com a ação prática organizando-se, para isso em três áreas:

na organização e gestão do processo de ensino aprendizagem, nas relações

com a comunidade e, por último, o estudo denominado “FitSchool – Treino

Funcional na Escola”. A parte final do relatório apresenta as conclusões.

O Estágio Profissional está orientado nesse sentido, mostrando-se uma óptima

oportunidade de aprendizagem e promotora da aquisição e desenvolvimento de

competências profissionais e pessoais, de atitudes proativas na identificação e

resolução de problemas pedagógicos, por forma a constituir o ponto de partida

para uma futura integração no mercado de trabalho na área da docência da

Educação Física e necessário a um desempenho proficiente.

Palavras-Chaves: ESTÁGIO PROFISSIONAL, HETEROGENEIDADE

MOTORA, TESTE SOCIOMÉTRICO E PERCEÇÃO SOCIOMÉTRICA,

APTIDÃO FÍSICA.

XII

XIII

Abstract

This report is the final stage of teaching practicum, it's also an integral and

concluding part of the masters in Physical Education Teaching of Basic and

Secondary Education at the Faculdade de Desporto of University of Porto,

correspondent to the school year 2014/2015.

The Professional Internship having as main goal to promote the integration and

strengthening, in a practice context, of the theoretical knowledge acquired during

the 1st and 2nd semesters of the Master’s Degree through a supervised and

guided teaching practice, aiming at the professionalization of competent Physical

Education teachers.

This report is, structured into three fundamental parts.

The first part consists of a biographical review, where personal expectations

about the professional intership are, presented.

The second part will be about the institution.

The third part refers to the professional practice, it lies in the most related

experiences with practical action, and that is, organized in three areas: the

organization and management of the teaching-learning process, community

relations and lastly, a study called "FitSchool” - Functional Training in School".

The final part of the report presents the conclusions of this work.

The teaching practicum is designed in that sense, proving to be an important

learning opportunity, facilitating the acquisition and development of professional

and personal skills, of proactive attitudes in the identification and resolution of

educational issues, in order to be the starting point to a future integration in the

job market in the physical education teaching field and necessary to a proficiency

performance.

KEYWORDS: PRACTICUM, HETEROGENEITY MOTOR, SOCIOMETRIC

TEST AND SOCIOMETRIC PERCEPTION, PHYSICAL APYITUDE.

XIV

1

1. Introdução

O presente documento constitui o Relatório Final da Unidade Curricular

Estágio Profissional, surgindo como parte integrante da unidade curricular de

Estágio Profissional, respeitante ao ano letivo de 2014/2015, visando a obtenção

do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário, pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O relatório

final de estágio evidencia todo o percurso efetuado durante o ano letivo, sendo

o culminar de cinco anos de percurso universitário.

O Estágio Profissional tem como principal objetivo favorecer a integração

dos conhecimentos teóricos adquiridos no decorrer dos 1º e 2 º semestres do

Curso de Mestrado, através de uma prática docente em situação real e orientada,

de forma a profissionalizar docentes de Educação Física capazes, competentes

e adequadamente preparados para a sua profissão.

O Diário de Bordo foi uma ferramenta utilizada ao longo de toda a minha

caminhada, onde registei todas as minhas dificuldades, preocupações, partilhas,

aprendizagens, sobre a forma de reflexões sobre todas as aulas e reuniões na

escola no âmbito do Estágio Profissional.

O relatório final tem como principal objetivo, refletir a atividade como

professora estagiária durante o ano letivo. Procura-se realizar um balanço, de

modo a que seja feita uma auto-observação sobre o trabalho desenvolvido,

partindo das expectativas iniciais, relativamente ao ano de estágio profissional,

seguidamente apresentando as diferentes e vastas tarefas realizadas

individualmente e em grupo para, com isto, elaborar uma reflexão na qual

constem todos os aspectos positivos e negativos, as dificuldades sentidas, a

importância de todo o trabalho e o impacto do estágio na formação do professor

estagiário e na formação dos alunos. Baseado em cinco capítulos: O primeiro

destina-se à “Introdução”, onde realizo uma síntese geral do conteúdo de todo o

documento; o segundo contém o assunto relativo ao “Enquadramento Pessoal”,

em que é realizada uma retrospetiva Biográfica, feita uma confrontação das

expectativas iniciais com o vivenciado na realidade; no terceiro são organizados

os temas relacionados com o “Enquadramento da Prática Profissional”, sendo

introduzidos o enquadramento institucional, legal e funcional do estágio

2

profissional, as áreas de desenvolvimento da prática de ensino, o entendimento

da evolução das Escolas, a turma atribuída, a supervisão do meu processo; no

quarto, “Realização da Prática Profissional”, são abordadas as vivências

relacionadas com cada área de desempenho, de acordo com o que o

Regulamento do Estágio Profissional profere: Área 1 – “Organização e Gestão

do Ensino e da Aprendizagem;”, Área 2 e 3 – “Participação na Escola e Relação

com a Comunidade”, Área 4 – “Desenvolvimento Profissional. Este processo, é

todo ele baseado no que foi refletido durante toda a experiência da prática de

ensino pedagógico. Neste capítulo é, ainda, explanado de forma detalhada e

sustentada um estudo cujo tema derivou da discussão e sugestões dos

professores cooperantes para a melhoria da aptidão física do aluno, durante as

aulas de Educação Física.

Finalmente, chegarei a uma conclusão final referente à formação inicial

quando comparada com o resultado obtido no decorrer do ano letivo.

3

2. Enquadramento Pessoal

2.1. O Eu Enquanto Existêcia...

“Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No minimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive”

Fernando Pessoa

Ao relembrar os passos percorridos até ao dia de hoje, cito um dos

poemas de Ricardo Reis, com o qual identifico o meu ser. Poema que sintetiza

os desafios de ser professora: exige tudo de nós (a nível físico, psicológico e

cognitivo) porque nesta profissão deparamo-nos constantemente com novos

desafios. Aos quais temos de dar resposta, superando-os, e assim,

reconstruindo a nossa identidade numa relação constante entre teoria e a prática

e por outro lado, permite complementar a nossa formação, através das

experiências e vivências do quotidiano.

Foi numa pequena frequesia madeirense que dei os primeiros passos no

mundo do exercício físico, ainda que pouco estruturados. Nascida e criada até

aos vinte anos de idade em meios rurais, tinha como passatempos trabalhar no

quintal, jogar às escondidas, apanhada, saltar à corda com amigos ou familiares.

Tudo era melhor do que ficar sem fazer nada a olhar para o nada.

A opção por determinada profissão está certamente marcada pelas

vivências enquanto jovens e pelas ambições relativas ao nosso papel como

adultos, Nóvoa (2008) e, comigo, não há de ter sido diferente: há alguns marcos

no meu percurso de vida que contribuiram para as minhas opções.

O gosto pelo desporto surgiu desde muito cedo. Aos 11 anos de idade,

em 2000, iniciei a prática desportiva na modalidade de Basquetebol. Porém, mais

tarde, desisti por falta de apoio dos meus pais para a prática desportiva e ao

mesmo tempo para as competições que decorriam ao fim de semana. Criança

sem competição não apresenta força de vontade suficiente só para treinar. Mais

4

tarde voltei a praticar a modalidade ao mesmo tempo que frequentava o ensino

secundário. A ligação à modalidade de Basquetebol cresceu além da ligação

como praticante. Fiz o curso de oficial de mesa de Basquetebol tendo já ajuizado

vários jogos.

No meu caminho desportivo, o Basquetebol era a modalidade de eleição,

porém, tudo o que eram atividades internas ao programa anual de atividades da

escola, lá estava eu presente e a querer muito participar: no corta-mato escolar,

nos jogos tradicionais, nos torneios entre turmas de futsal e basquetebol e no

peddy paper.

Foi, contudo, durante o Ensino Secundário que se “cimentou” a base do

que me trouxe até aqui. Como referi, já vibrava com o desporto, mas, foi no final

do Ensino Básico que uma professora de Educação Física realmente me cativou

para a prática desportiva com as suas aulas diferenciadas e motivadoras.

Anteriormente ao 9º ano, as aulas de Educação Física nem sempre foram as

preferidas e, infelizmente, durante o Ensino Básico e Secundário deparei-me

com alguns professores, (no meu entender de hoje, pouco motivados e

empenhados na profissão) que me cativavam pouco para a disciplina de

Educação Física. Todavia, a mudança de ciclo de ensino fez com que

conhecesse a professora que iria mudar o meu olhar relativamente à disciplina

de Educação Física, ou seja, que me influenciou, de forma decisiva, nas

escolhas que fiz quando chegou a hora de escolher o caminho universitário que,

de um modo mais ou menos direto, me poderá conduzir ao exercício de uma

profissão. Ao gosto pela prática desportiva, juntei a descoberta da importância

de ser professora e o empenho pessoal para adquirir e desenvolver diferentes

competências no ensino. De facto, ninguém chega a ser professor sem ter sido

aluno antes e as experiências vividas como aluno, dão indicações poderosas

sobre a escolha desta via para a vida!

Outra pessoa marcante na minha vida foi a minha treinadora de

Basquetebol, que se tornou o modelo de professora “ideal” para mim em todos

os aspetos: postura, conhecimento, relação professor/aluno. Ainda hoje contacto

com esta professora e são, efetivamente, relações como estas, entre

professores e alunos, que, para além de toda a nossa formação profissional e

5

pessoal, marcam o nosso percurso de vida. Todos precisamos de razões para

acreditarmos, e podermos presenciar o sucesso da aprendizagem e do ensino

para estabelecermos o papel de professora.

A participação e o ser catalisador desse processo de ensino é um ato de

amor, de entrega, de ajuda, que sempre quis desempenhar. Não esquecendo os

que nos ensinam o que de melhor nos transmitem tanto a nível profissional como

pessoal. Eles tornaram-nos melhores.

Um outro caminho que me encantava também era a academia militar. No

entanto, a minha relação com o desporto e as conversas com amigos com a

mesma prespetiva reforçaram a minha escolha académica, no sentido da minha

futura atividade profissional se relacionar com o ensino de desporto.

Apesar de sentidas e discutidas, as escolhas feitas e o percurso escolhido

não estiveram isentos de dificuldades, de dúvidas, incertezas e de questões a

que era necessário dar resposta.

É chegada a hora de referir que, apesar desta minha relação com o

desporto e com a ideia de vir a ser professora de Educação Física, nunca tive

rotinas familiares de prática desportiva nem incentivo para a sua prática. A minha

família não apoiava, por assim dizer, esta minha vertente desportiva e de ensino.

Como já esperava, os meus pais não receberam da melhor forma a informação

da candidatura aceite na Universidade de Vila Real, nem foram apologistas da

minha escolha isto porque, a menina dos seus olhos ia sair de casa para um

lugar desconhecido sem regresso próximo. Por isso, talvez valorize muito os

sucessos e os fracassos que vou tendo ao longo do curso superando-os ou

mesmo ultrapassando a deceção de não conseguir os objetivos como delineado.

Iniciei o percurso em 2009, ingressando na Universidade Trás-os-Montes

e Alto Douro, Vila Real, e em 2012 concluí a Licenciatura em Educação Física e

Desporto Escolar. Estes três anos de licenciatura foram muito importantes na

minha formação, pois adquiri uma gama diferenciada de conhecimentos sobre o

Desporto e matérias de ensino, começando a encarar e a compreender esta área

de uma forma diferente da que concedia.

Em síntese: é cada vez mais clara para mim a importância da formação

inicial na construção prática do que deve ser um professor de Educação Física.

6

Por experiência própria percebo a influência das imagens construídas antes de

se ingressar na universidade no percurso da própria formação académica, a

partir da pluralidade de experiências muitas vezes contraditórias e quase sempre

casuais e que, no meu caso, derivam: a) do gosto pela prática desportiva; b) das

aulas de educação física e da relação professor de educação física/aluno que

vivi; c) da influência da instância familiar.

Concluí com sucesso os três anos de Licenciatura em Educação Física e

Desporto Escolar da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro. Um destes três

anos (2º ano de licenciatura) decorreu numa experiência de Erasmus em Cluj-

Napacca, Roménia. Esta experiência enriqueceu a minha formação a nível

cultural, ao nível dos valores e dos métodos práticos de ensino. Por exemplo, as

didáticas são separadas por género na sua maioria. Um aspeto menos positivo

que salientou desta experiência é que em algumas didáticas, os professores são

bonevolentes com os pedidos dos alunos em não realizarem aula ou mesmo em

simplificarem o grau de aprendizagem ao nível que corresponde esta etapa

académica.

A separação por género como o “não fazer” as aulas e a exigência mínima

requeridas nas diversas didáticas presenciadas eram contraditórias às vivenciâs,

nas didáticas da Universidade de Vila Real. Neste ano de Eramus as didáticas

em Portugal eram todas com uma carga horária elevada de uma participação

rigorosa, minuciosa para não perder nenhuma aprendizagem transmitida ao qual

poderia causar a não transição da unidade curricular.

Hoje, posso afirmar que este período foi fulcral no meu desenvolvimento

pessoal. Vivi e passei por momentos fantásticos, cresci como pessoa única com

diversas perspetivas de ensino, de ver o real do dia-a-dia. Em que cada

estabelecimento de ensino tem os seus objetivos de Educação Física a cumprir

e são tratados de forma própria tendo em conta o contexto, a missão da escola

e o contributo de cada disciplina para além dos seus objetivos específicos.

Acabada a licenciatura, tenho plena consciência de que aquilo que quero

fazer é ensinar crianças e adolescentes. Procuro, portanto, um grau superior de

formação que me reforce e especialize o conhecimento aprendido até ao

momento, e possa, assim, vir a ensinar com eficiência e eficácia: em 2013,

7

ingresso no 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, vulgarmente

designado como “mestrado em ensino”.

Ao longo destes anos de vida académica, fui reconstruindo uma conceção

do “ser professora” e particularmente do Ser Professora de Educação Física.

Procurei adquirir o conhecimento transmitido pelos professores nas diversas

unidades curriculares mas nem sempre este processo foi fácil, ouve e ainda

existe muito trabalho para estar atualizada consoante as inovações na área. É

inevitável a importância do conhecimento de cada modalidade para um professor

de educação física. O ser capaz de interligar todos os conhecimentos e de os

tratar pedagogicamente para que no momento prático se consiga ajustar a todos

os obstáculos que possam surgir da prática.

A vivência desportiva não federada permitiu-me aprendizagens

importantes para a vida, e para o desempenho da profissão, visto que ser

professor, nos dias de hoje, é uma “tarefa” difícil e implica estar motivado e ser

capaz de ultrapassar as dificuldades que a realidade nos coloca. Esta

responsabilidade é acrescida no Professor de Educação Física porque este está

incumbido socialmente de leccionar a única disciplina acessível a todos os

alunos, sem exceção, cujo âmbito é o corpo e assim é a disciplina responsável

por o aluno ter uma Educação Corporal orientada.

A escola, como se dirige a todos, deve também ter atenção particular aos

menos “dotados”, despertando-lhes motivações para a prática desportiva

perante as suas reduzidas competências motoras. Compreendendo a

importância da educação corporal e consciente de que a única disciplina que na

escola dela se ocupa é a disciplina de Educação Física, espero contribuir para

que as aprendizagens de todos os alunos, no sentido de se tornarem autónomos

e futuramente continuem com hábitos de atividade física. O trabalho de

preparação para o futuro exige que se conheça bem o outro, no sentido de se

trabalhar para que os mesmos aprendam e valorizem esse mesmo trabalho.

Toda esta compreensão é possível hoje pelas escolhas, decisões e

mudanças no percurso académico até aos dias de hoje tornaram a minha

bagagem de conhecimento mais ampla e esta pode ser mais valorizada no futuro

8

com as diversas aprendizagens sobre o valor pedagógico do desporto. Essa

bagagem também se construiu através dos diferentes métodos de trabalho e

formas pensar e do interesse em conhecer realidades diferentes pelas quais

passei (UTAD, Cluj-Napocca e FADEUP).

2.2. Expectativas em Relação ao Estágio Profissional

O “ano de estágio” é o último ano da formação inicial, que conduz à licença

para exercer a profissão de professor. Chegar ao “ano de estágio” é sinal de que

realizei um trajeto com sucesso e, por isso, enquanto estudante-estagiária senti-

-o como um patamar-chave da minha formação, o culminar de um ciclo de

aprendizagens no sentido da aquisição de conhecimentos, do desenvolvimento

de capacidades, criação de uma base para a competência docente, necessária

no exercício profissional do professor. O Estágio Profissional tem uma natureza

muito diferente dos anos de formação anteriores, razão pela qual ganha sentido

chegar ao Estágio Profissional, seja um “objetivo central” para o estudante-

estagiário.

A realização do estágio é a aplicação de tudo o que somos e o que não

somos. Em que o que não somos teremos de nos superar, investigar para

dominar essas lacunas, ser produto de tudo o que vivemos, do que aprendemos.

Daí o Estágio Profissional ser um ano muito importante na formação do

estudante-estagiário pois todo o conhecimento adquirido ao longo de quatro

anos só faz sentido quando confrontado com a prática.

Segundo Matos1, o Estágio Profissional deverá ser um projeto de

formação que tem como objetivo a formação do professor profissional, promotor

de um ensino de qualidade. O Projeto de formação do estudante com a

integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor,

numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o

conhecimento no espaço escolar. Um professor reflexivo que analisa, reflete e

sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do profissionalismo

1 Matos, Z. (2014a). Normas orientadoras da Unidade Curricular Estágio Profissional do

cCclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em ensino de Educação Física nos Ensinos

Básicos e Secundário da FADEUP. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

9

docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções

letivas, de organização e gestão, investigativas e de cooperação.

As minhas expectativas eram muitas, principalmente pela turma, a crença

de “Ser Professora” crescer a nível profissional e pessoal. Citando Siedentop

(1991), as crenças sobre a profissão docente são bastante subjetivas. Estas são

mais discutíveis do que o conhecimento e provocam imensa discussão. As

crenças sobre o que deverá ser importante para a aprendizagem e como nós

acreditamos de que forma os alunos aprendem é o segundo conjunto de crenças

apontadas pelo autor que merece grande debate. Neste sentido, não devemos

ter medo em testar as nossas crenças e acumular conhecimentos e habilidades

para nos ajudar a ser-mos melhores professores. Na minha opinião, ser

professor não é somente ensinar e transmitir conhecimentos, deverá ser isto,

conjugando a paixão naquilo que fazemos, no ato de ensinar. Ou seja, a

educação em sentido lato, e não só a educação que se refere ao processo

educativo característico da educação formal e institucionalizada (sentido

restrito). Isto é, ser professor exige ainda outros aspetos importantes para além

de conhecimentos tais como: comprometimento pessoal face ao conteúdo da

disciplina; padrões morais e éticos da sua profissão; criação de um estilo

pessoal; experiência; condicionantes locais do exercício profissional e constante

atualização da sua formação.

A profissão de docente é uma adaptação constante a diferentes situações

e desafios, em que se exige uma resposta adequada e eficaz por parte do

professor, pois este deve ser um modelo, capaz de alterar o modo de agir de

todo o tipo de alunos. Por isso, a atividade do professor deverá conter uma

relação constante entre a atividade prática e teórica complexa, ocorrência num

processo de comunicação e tomada de decisões. Sendo uma das principais

expectativas que me competia dar forma, pois queria ter a capacidade de

transmitir e criar aprendizagem no aluno através das matérias que tinha para

lecionar, através dos ensinamentos educativos. Foi algo que aquiri ao longo

deste ano letivo, através de um papel sempre ativo e direto com os meus

discentes.

10

Perante isto, as minhas expectativas para a complexidade do Estágio

Profissional foram de superar os obstáculos das matérias de ensino, vivenciar as

mais diversas situações, para, no futuro, consiga previgiliar as seguintes

caraterísiticas: decidir autonomamente, saber, investigar, ser criativa e

desenvolver-me profissionalmente (Siedentop, 1991). É na prática que tudo se

confronta, a linha entre o ensinar e o aprender é tênue para um estudante

estagiário pelo facto do papel de aluno e professor estar muito próximo.

Segundo Alarcão e Tavares (2003), sabendo que a prática é o espaço

privilegiado para o desenvolvimento profissional dos professores, todo o

conhecimento académico adquirido, poderá ser agora mobilizado face à

realidade prática. Ou seja, o momento da prática é fucral para o estudante-

estagiário para experimentar, analisar, avaliar, debater tudo o que aprendeu das

teórias e se confrotar com os resultados ou se há a necessidade de as contornar

para que resultem na prática pedagógica. É um constante desafio ao qual me

agarrei com vontade de vencer. Ser bem-sucedida, ser autónoma, tomar

decisões certas no momento certo, conseguir compreender e apreender quais

as decisões mais acertadas perante as diferentes situações, pois como Freire

(1997, p. 25) refere “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina

ao aprender.” Ou seja, a finalidade do Estágio Profissional, assim como Pimenta

(2005, p. 70) refere, “ (…) é proporcionar que o aluno tenha uma aproximação à

realidade na qual irá atuar.” É o momento de resgatar a teoria apreendida na

formação inicial e conjugá-la com a prática e a reflexão advinda do Estágio

Profissional em que as dificuldades que esperava encontrar este ano não seriam

enfrentadas como obstáculos, mas sim como recursos para adquirir novos e

renovados conhecimentos. Nem sempre este espírito positivo prevaleceu, foram

diversas as quedas e as tentativas de superação, ultrapassar os obstáculos.

Todas as caídas foram acompanhadas de força e determinação. Não existe

nenhum mar de rosas neste processo, isto é, para ser consciente, realista, este

é contituído por espinhos ao longo do seu percurso no qual há a necessidade ter

pulso firme em constante luta pela docência.

Assim, uma boa atividade ser professor tem dois atos complementares na

relação teória-prática, pois como afirma Gómez (1992), existe um “abismo que

11

separa a teoria da prática. A parte teórica que tem de desenvolver, quer seja na

preparação e análise do ensino, no confronto com a literatura, quer seja no

desenvolvimento de métodos e estratégias. O professor desenvolve

capacidades, adquire conhecimentos, altera estratégias, que irão implicar

mudanças na prática. A parte prática fornece elementos que lhe permite

reformular e avaliar os problemas, ou seja, a teoria informa, sustenta a prática e

esta, por sua vez, ilumina os quadros teóricos porque gera novos impulsos,

implica novas reflexões, novos critérios.

Destes atos emerge a tarefa de reflexão complicada, principalmente

quando se trata de nós próprios, mas é fundamental no decorrer de processos

comunicativos com os alunos, matérias de ensino e perante a comunidade

educativa. Considero que se trata de um ponto crítico na construção de um

professor competente. Ou seja, o professor, mesmo tendo anos de experiência,

nunca sabe tudo, nem como agir consoante certas situações, momentos e

problemas, tendo para isso de, dia após dia, refletir e pensar em soluções para

melhorar o seu ensino. Além disso, deve refletir acerca dos objetivos a alcançar,

de forma a aumentar a eficácia e eficiência do seu trabalho, com soluções que

permitam detetar erros, encontrar estratégias e ultrapassar desafios tendo em

conta as necessidades dos seus alunos. Hoje, posso afirmar, que evoluí nesse

sentido com o acompanhamento, os ensinamentos da professora orientadora e

do professor cooperante.

De encontro a este raciocínio uma das minha expectativas sustenta-se em

promover a prática regular de exercício físico e as relações sociais nos alunos,

pois também é uma disciplina que contribui para a aprendizagem e aquisição de

hábitos de vida saudáveis, tão importantes para o seu desenvolvimento. É a

única disciplina que trabalha o movimento na aceção de “grande movimento”, no

sentido de trabalho motor que exige capacidades, habilidades, aprendizagem e

treino das capacidades e competências motoras e que se demarca do conceito

de movimento como mera deslocação. A par disto, conseguir transmitir regras,

condutas e normas de sociedade, para as relações entre colegas e pessoal

docente e não docente.

12

Para que conseguisse realizar este trabalho, concordo que todas as

vivências na faculdade e na vida fora desta prepararam de conhecimento para

este desafio. Porém, o receio de não ser capaz e de não conseguir responder

aos desafios da prática surgiram por diversas vezes. Neste sentido Bento (1982)

refere que o aspeto supremo do homem é o pensamento e o pensar

devidamente, mas para que isso ocorra, é essencial que se controle o corpo, em

vez de o arrastar ou suportar como uma alma penada, e que o mesmo tenha boa

saúde, pois só assim poder-se-á pensar infinitamente melhor

Assim de forma geral, as expectativas para este ano de estágio: mobilizar

os conhecimentos adquiridos e principalmente os apreendidos nas disciplinas

teóricas e didáticas do primeiro ano deste mestrado; contextualizar o programa

nacional, planificação anual; aprender a ajustar os exercícios às dificuldades

alunos; e aprender a motivar os alunos para as várias modalidades abordadas.

Também estava ciente de que iria aprender muito com os meus alunos, pois,

efetivamente, seriam aqueles que comigo mais iriam cooperar, quer na

lecionação dos conteúdos quer na sua avaliação.

Em suma, a) para se ensinar e promover aprendizagens nos alunos é

necessário recorrer a diferentes estratégias e, acima de tudo, estar preparado

para todos os conflitos e imprevistos que surgirão; o Estágio Profissional

possibilitou-me a aprendizagem de diferentes estratégias que me permitem

suprimir estes conflitos e imprevistos que surgem durante o processo ensino-

aprendizagem; b) aprender na prática e com a prática; c) integrar e gerir os

recursos formativos disponíveis no Estágio Profissional; d) contribuir para a

dignificação de Educação Física na escola, reforçando o seu papel com um

ensino de qualidade e envolvimento na comunidade escola.

2.3. Entendimento sobre o Estágio Profissional

“Depreende-se, portanto, que o estágio profissional é uma unidade

curricular que pretende dotar e capacitar o futuro do professor de Educação

Física de ferramentas que o auxiliem a desenvolver uma competência baseada

na experiência refletida e com significado”.

(Batista & Queirós, 2013, p. 33)

13

O Estágio Profissional é aquele pelo qual os alunos que ingressam no

Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da

FADEUP, mais aguardam e, ao mesmo tempo, mais temem. Na realidade é difícil

saber realmente o que nos espera do lado do desconhecido.

O Regulamento da Unidade Curricular do Estágio Profissional é referido

por Matos (2014) que “O Estágio Profissional visa a integração no exercício da

vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto real,

desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros

docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e

exigências da profissão”2. Ou seja, pressupõe a reflexão sobre a prática

pedagógica desenvolvida em torno do processo ensino-aprendizagem. Surgindo

assim, o envolvimento, pessoal e instrucional, que definiu o Estágio Profissional,

segundo Batista e Queirós:

“ (…) a prática de ensino oferece aos futuros professores a

oportunidade de imergirem na cultura escolar nas suas mais diversas

componentes, desde as suas formas e valores, aos seus hábitos,

costumes e práticas, que comprometem o sentir, o pensar e o agir

daquela comunidade específica” (2013, p. 33).

Esta etapa permite-me assim mergulhar na comunidade escolar,

conhecendo as condições locais, explorando a ligação entre escola e o meio. Na

minha opinião, o impacto da realidade escola e do ensino é uma experiência

muito marcante no processo de atribuição de significados e renovação de

entendimentos acerca do que é ser professor e levar a alterações na nossa forma

de pensar, a partir das interações constantes com professores, alunos e

comunidade educativa. De acordo com Cunha (2008), a formação está ao

serviço dos indivíduos e das organizações e deve ser encarada como uma

aquisição de competências de reflexão sobre as dimensões sócio - técnicas do

trabalho capazes de desenvolver as potencialidades inovadoras das equipas.

Neste sentido, o estágio é entendido como um momento único para potencializar

2 Matos, Z. (2014b). Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos

Conducente ao Grau de Mestre em ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e

Secundário da FADEUP. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

14

as capacidades reflexivas dos formandos, para poderem enfrentar os diversos

cenários da prática profissional em diferentes contextos. Com a iniciação e o

decorrer dos primeiros passos a sensação de insegurança aos poucos

desapareceu prevalencendo a garra que em mim existe para vencer os objetivos.

Siedentop (1991), defende que a formação contínua de professores tem

de ser vista como um fenómeno que agrega os formandos e os contextos

interativos em que se enquadra, em consonância com as instituições e a

sociedade. Entende que a formação de docentes e a construção da profissão

pressupõe variados fatores interligados com a dimensão do “ser professor”,

manifestados pelas questões éticas e deontológicas, pela identidade

profissional, pela construção de programas, pelo desenvolvimento do professor,

pelas componentes prática e teórica da formação, pelos papéis e funções dos

professores, bem como pela formulação a nível organizacional, curricular e

institucional, pelas filosofias formativas, pelas razões científicas, pedagógicas e

organizacionais, pela formação inicial, tornando a formação de professores uma

problemática complexa.

Em conclusão o estágio profissional foi um palco de ensinar e de aprender

com aqueles a quem nos dedicamos a 100% na sua aprendizagem e com todos

os intervinientes educativos. É um processo rico no crescimento pessoal na

procura da identidade docente estruturada e refletida.

Em suma, o Estágio Profissional é um projeto de formação que visa a

formação do professor profissional, do professor reflexivo que analisa, reflete e

sabe justificar o que faz em conformidade com as regras do profissionalismo

docente (Matos, 2014).

15

3. Enquadramento da Prática Profissional

3.1. Contexto Legal do Estágio Profissional

A estrutura e funcionamento do Estágio Profissional consideram os princípios

decorrentes das orientações legais nomeadamente as constantes do Decreto-lei

nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro e têm

em conta o Regulamento Geral dos Segundos Ciclos da Universidade do Porto,

o Regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do

Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física”.3 Neste sentido, permite a

uniformização dos critérios e procedimentos da atividade, essencial a nível

institucional, com o regulamento do respetivo curso, uma vez que o estágio pode

ser efetuado em diversas escolas com distintos professores orientadores e

cooperantes. Trata-se de um documento relevante que descreve as normas e

procedimentos a serem cumpridos e apreciados pela comunidade envolvida,

proporcionando autonomia em certas questões que podem variar tendo em

conta o contexto onde se realiza o Estágio Profissional.

Relativamente ao Regulamento do Estágio Profissional, há que referir que este

envolve a Prática de Ensino Supervisionada e o correspondente Relatório de

Estágio, pela legislação específica acerca da Habilitação Profissional para a

Docência. O Estágio Supervisionado proporciona uma melhor articulação entre

os fundamentos teóricos, modalidades de ensino e prática pedagógica, que

contribui para o desenvolvimento de competências profissionais através de

conhecimentos adquiridos, na vida académica assim como na vida profissional

e pessoal. Nesse sentido, o estágio tem por objetivo ampliar os saberes e refletir

a partir da ação profissional, sendo uma ferramenta essencial de conhecimento

e de integração do estudante estagiário na realidade social, económica e do

trabalho na sua área profissional. Assim o estágio supervisionado dá

oportunidade de aliar a teoria à prática. Aliado a este, surge o Relatório de

Estágio que requer outro nível de conceção onde se considera essencial a

3Matos, Z. (2014b). Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos

Conducente ao Grau de Mestre em ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e

Secundário da FADEUP. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

16

reflexão sobre a reflexão, que se deteve sobre a ação e sobre a reflexão na ação

ao longo do percurso letivo, levando a refletir a posteriori sobre os pensamentos

que teve após a ação, fundamental para o culminar de toda a prática.

A FADEUP organiza o estágio em gupos constiruídos por tês a quatro

estágiários, o professor cooperante e o professor orientador da faculdade. No

qual é fornecida apero estudante estagiário a responsabilidade de conduzir o

processo de ensino-aprendizagem de uma turma no ensino básico ou

secundário do professor cooperante. No entanto, todo o processo de conceção,

planeamento, realização e avaliação é supervisionado tanto pelo professor

cooperante como pelo professor orientador (Batista et al., 2012)

O ano de estágio é crucial para um bom entendimento de todo o processo

de ensino e aprendizagem vivido nas escolas e é de todo fundamental uma

grande disponibilidade da nossa parte para querer aprender e fazer parte deste

processo. Os determinantes do exercício da competência, tais como os valores,

a motivação e a atitude positiva face a profissão percorem todas as áreas de

desempenho e em todas têm de ser trabalhadas de forma sistemática como

refere Matos (2010).

No primeiro ano do mestrado consiste disciplinas de conhecimento teórico

e didático sobre o que esta inerente à escola e um conhecimento pedagógico e

didático algo restrito nos transmite noções elementares do ato de ensinar sem

um contexto real. No terceiro e quarto semestre a faculdade lança-nos no terreno

no qual temos de lecionar aulas sob a supervisão de um professor cooperante e

de um professor orientador.

Onde a intervenção do professor é sempre marcada pelo contexto da

comunidade escolar em que atua, pelas suas caraterísticas e necessidades.

Assim, pretende-se que o estagiário utilize de forma competente a formação

recebida e seja capaz de a adaptar face à realidade da profissão.

3.2. Contexto Funcional do Estágio Profissional

Para a criação das oportunidades de formação é importante a possibilidade

de cada estagiário assumir a responsabilidade de lecionar aulas de Educação

17

Física à turma ao longo de um ano letivo que se soma numa experiência de

ensino num nível.

O projeto de formação tem como objetivo a formação do professor

profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que

analisa, reflete e sabe justificar o que faz em conformidade com os critérios do

profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais

sobressaem funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de

cooperação. A atividade do professor não se resume à organização e gestão do

processo de ensino e aprendizagem, mas também passa pela participação na

escola e pela relação com a comunidade. Requer do professor uma diversidade

de competências pessoais e profissionais, mas todas com um objetivo comum:

o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos,

por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades,

procedimentos, atitudes, e valores) que, aliás, deve acontecer de maneira

contextualizada desenvolvendo nos discentes a capacidade de se tornarem

cidadãos participativos na sociedade em que vivem.

A importância do “eu” pessoal para o “eu” profissional e vice-versa, da

formação pessoal e individual, dos valores de cada um, concluindo que as

diferenças de cada pessoa, de cada professor, influenciam a sua prestação

profissional, porque também “ensinamos aquilo que somos e naquilo que

ensinamos encontra-se muito daquilo que somos” (Nóvoa, 2009, p. 15). Aliás,

neste sentido, ao longo das aulas, tentei incutir nos alunos valores que acredito

fundamentais, sobretudo: a interajuda e o espírito desportivo. A escola é,

efetivamente, uma instituição de grande importância e à qual compete dar uma

formação pessoal e profissional de grande qualidade. Tendo como finalidade a

transmissão cultural, que por sua vez tem como finalidade, o homem (Patrício,

1993). Nela trabalham pessoas que diariamente têm de desempenhar uma

multiplicidade de papéis – diretor, professor, especialista de recursos, entre

outros (Arends, 1997).

Assim, e como Bento (2008) refere, a escola perdeu a atração tornando-se

indesejada e sendo encarada com hostilidade, porque assenta em disciplina, em

trabalho, no sacrifício, nos deveres, nas regras, nos limites, nas rotinas, no

18

controle, no estudo e na concentração, o que não se ajusta a um ambiente social

que tudo promete e consente de maneira fácil e leviana.

Para que não exista extremos, isto é, aulas de caiz vazio ou mesmo sem

conteúdo, o regulamento do Estágio Profissional visa a inclusão no exercício da

vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino

supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais,

associadas a um ensino da Educação Física de qualidade, e organizando-se nas

seguintes áreas de desempenho: Área 1 - Organização e Gestão do Ensino e da

Aprendizagem; 2 e 3 - Participação na Escola e Relações com a Comunidade: e

4 - Desenvolvimento Profissional. A área 1 contempla a conceção, o

planeamento, a realização e a avaliação do ensino, tendo como objetivo a

criação de estratégias de intervenção que visem a eficácia pedagógica, o

processo de educação e a formação do aluno na aula de Educação Física. Por

sua vez, a área 2 engloba todas as atividades não letivas realizadas pelo

estudante estagiário, visando a sua integração na comunidade escolar,

contribuindo assim para a promoção do sucesso educativo, no reforço do papel

do professor de Educação Física na escola e na comunidade local, bem como

da disciplina de Educação Física, através de uma intervenção contextualizada,

cooperativa, responsável e inovadora. A área 3 engloba as atividades e vivências

importantes na construção da competência profissional, com o objetivo de se

compreender a necessidade do desenvolvimento profissional partindo da

reflexão acerca das condições e do exercício da atividade, da experiência, da

investigação e de outros recursos de desenvolvimento profissional.

Em suma, no final do Estágio Profissional, o estagiário deve estar apto para

ser professor face a qualquer contexto, aqui ou além, deve apresentar as

competências necessárias para o sucesso educativo.

3.2.1. À Descoberta da Escola que me Acolheu

A escolha da escola para realizar o estágio pedagógico teve por base

critérios logísticos, por ser uma das escolas com maior proximidade com a minha

residência atual. Tal decisão deve-se ao facto de ter de suportar os custos de

19

estudar, assim optando pela solução mais vantajosa e menos dispendiosa para

mim.

Após ter sido aceite na escola cooperante, sobre a qual não tinha

nenhum conhecimento concreto até ao primeiro dia, visitei-a pela primeira vez,

às 16 horas do dia 29 de Agosto de 2014, altura em que preenchi o formulário

de professora estagiária. A segunda visita foi para assistir à Reunião Geral e

conhecer os Professores Cooperantes, os professores do grupo de Educação

Física e os restantes professores e membros da comunidade escolar. Assisti,

pela primeira vez, a uma Reunião Geral de Professores, sessão de abertura para

o ano letivo de 2014/2015 dirigida pela Diretora da Escola. Neste primeiro dia,

tive ainda a oportunidade de conhecer as instalações da escola e de verificar

que estava dotada de excelentes condições para a lecionação das aulas de

Educação Física o que, no meu caso específico, como Professora Estagiária de

Educação física, era o ideal e o que me dizia respeito. Encontrei-me assim,

finalmente, perante a nova realidade.

A Escola Física foi inaugurada a 14 de outubro de 1983, possui umas

instalações desportivas riquíssimas sob o ponto de vista da pluralidade de de

matérias de ensino que permitem abordar. Possui um Pavilhão Gimnodesportivo

que mede 40mx20m que ainda pode ser subdividido em três espaços

possibilitando, assim, o decorrer de três aulas em simultâneo onde é possível

lecionar os Jogos Desportos Coletivos que integram a planificação, bem como

os Desportos de Raquetes. Possui ainda uma sala onde é possível lecionar

Ginástica bem como Atletismo (salto em altura). Está dotada ainda de um espaço

exterior, mais concretamente, de uma pista de atletismo e campo de jogos, que

neste momento se encontra inutilizável face às obras de requalificação de que a

escola tem sido alvo. A escola tem uma vasta variedade de equipamentos tanto

a nível de material didático das modalidades individuais e coletivas, como a nível

do material de trabalho da condição física, permitindo assim aumentar o leque

de modalidades a lecionar e a qualidade do ensino das mesmas, onde dois

professores poderão lecionar ao mesmo tempo o mesmo conteúdo. Possui ainda

cinco balneários para cada género, um gabinete para os professores e uma sala

para possíveis aulas.

20

Face a um protocolo estabelecido entre a Escola e o ginásio, é ainda

possível usufruir das instalações dessa instituição. As instalações são

compostas por um Pavilhão Gimnodesportivo, uma piscina e courts de ténis que

podem ser utilizados, consoante a disponibilidade, para lecionar as respetivas

modalidades. Este protocolo possibilita aos Professores de Educação Física

uma pluralidade de matérias a abordar, que se pode traduzir numa maior riqueza

motora por parte dos alunos.

Para o bom funcionamento da Escola - Educação Física existe uma

organização dos diferentes espaços, ou seja, existe um roulement - mapa de

ocupação das instalações desportivas, o que facilita a planificação e organização

das aulas dos diversos anos escolares.

A Escola Cooperante é a SEDE do Agrupamento de Escolas, Santo

Tirso, dispõe de diferentes níveis de ensino desde o 5º ano até ao 12º ano

(Ensino Básico e Secundário), apresentando uma vasta oferta formativa,

incluindo cursos profissionais.

As aulas de Educação Física da turma que lecionei decorreram no

Pavilhão Gimnodesportivo onde também se encontra a sala de ginástica bem

equipada. Este pavilhão fornece aos professores todas as condições

necessárias à lecionação da maioria das modalidades. Neste lecionei os Jogos

Desportos Coletivos (Andebol,Voleibol, Futsal e Basquetebol), os Desportos de

Raquetes (Badminton) e na sala de ginástica lecionei ginástica (Artística (solo e

aparelhos) e Acrobática). O facto de lecionar num espaço com condições para a

prática da Educação Física foi uma mais-valia para o meu desempenho, pois

permitiu-me abordar um leque mais abrangente de modalidades tendo condições

ótimas para a sua prática.

3.2.2. A Importância da Professora Orientadora e do Professor Cooperante

ao Longo do Estágio Profissional

A Professora Orientadora da Faculdade, como o nome atribuído assim

parece indicar, foi a professora que nos orientou na realização de trabalhos como

o Projeto de Formação Individual, e principalmente no Relatório de Estágio. Ao

longo dos encontros semanais decorriam seminários de partilha e de grandes

21

ensinamentos pedagógicos e enriquecimento pessoal. Estes encontros

semanais desenrolavam-se de questões levantadas pelos estudantes

estagiários sobre questões/problemas que decorriam ao longo do estágio.

Estes encontros pedagógicos decorriam em reuniões coletivas onde cada

estudante estagiário tinha o seu momento de orientação. Estes seminários eram

ricos para todos pelo facto de o problema de um poderia ajudar a clarificar certos

pontos no planeamento de ensino-aprendizagem.

Entre os Estudantes Estagiários existiu um clima positivo de cordialidade,

tendo-se verificado uma boa organização que possibilitou a reunião em

momentos chave para a resolução de diversos problemas: reflexão acerca das

observações de aula realizadas; planeamento das aulas de problemas surgidos;

elaboração do poster de núcleo; organização e construção do Relatório de

Estágio.

As aulas observadas foram momentos de aprendizagem, pois de seguida

procedia à sua avaliação, dando nota das falhas observadas e lançando

perspetivas de reflexão para a melhoria dos métodos de gestão da turma e dos

exercícios de progressão apresentados, desenvolvendo mais uma vez o espirito

crítico de cada um.

Foi uma pessoa que me orientou, aconselhou e contribuiu, de uma forma

significativa, para a minha formação profissional.

Quanto ao Professor Cooperante acompanhou-nos todas as semanas, é

aquele que tem, potencialmente, a influência mais significativa na aprendizagem

dos estudantes-estagiários no que concerne à prática de ensino.

As minhas expectativas iniciais relativamente ao professor cooperante

foram sendo vividas, pois a sua experiência, os seus conhecimentos e os seus

comentários diários contribuíram para a minha evolução como profissional. O

professor cooperante diariamente observava as aulas, dando feedbacks, que

tinham como objetivo refletir e pensar no que seria possível melhorar e retificar,

sempre com vista à obtenção do sucesso por parte dos alunos e a própria

aprendizagem do estudante estagiário. Nem sempre foi fácil gerir/compreender

as mensagens trasmitidas, o nível de exigência. Questões que levaram a duvidar

das minhas próprias capacidades de superação tanto a nível psicológico como

22

pedagógico. No final venceu a força de vontade, determinação perante os

obstáculos surgidos ao longo do Estágio Profissional.

Semanalmente, existiu um acompanhamento dos estudantes estagiários

por parte do professor cooperante, que se concretizou em reuniões de núcleo

semanais, que decorriam à 5ª feira, entre as 11h45 e as 13h20, em que se

discutiam, debatia, refletia em conjunto as aulas, matérias, planeamentos,

avaliações, atividades desenvolvidas e a desenvolver. De cada reunião resultou

uma ata, elaborada consecutivamente por um Estudante Estagiário

alternadamente.

O professor pooperante orientou a organização e realização da atividade

dos núcleos 1 e 2 - “Fit Challenge”. Esta atividade, realizada no âmbito das

atividades desportivas, visou a integração e socialização de toda a comunidade

escolar, correspondendo a uma das tarefas do estudante estagiário, expresso

nas normas orientadoras da unidade curricular do Estágio Profissional (Matos,

2014).

Em suma, como refere Metzler (1990), a supervisão utiliza uma relação

de cooperação entre um profissional mais competente e um profissional ou grupo

de profissionais menos competentes que se desenrola no “terreno profissional”

e visa identificar e diluir os hiatos existentes entre a formação teórica e as

exigências práticas de desempenho profissional (num sentido biunívoco), sendo,

tambem, um poderoso instrumento de construção de novos saberes

profissionais. A orientação de ambos os professores têm como finalidade

promover a aquisição das competências de ensino, segurança, comunicação

aberta com o objetivo do estudante estágiário se tronar autónomo.

3.2.3. O Papel e a Dinâmica do Grupo de Educação Física

O grupo de Educação Física da Escola Cooperante é composto por dez

professores. Este ano, o grupo englobou mais seis pessoas, os três professores

de cada núcleo de estágio de Educação Física. A boa relação com os colegas

de trabalho é indispensável para se obter sucesso. A troca de opiniões e de

experiências, as diferentes formas de ver e de lecionar as aulas e o diálogo, são

fundamentais para o progresso e aperfeiçoamento de cada um de nós. Segundo

23

Batista e Queirós (2013, p. 43) “Paralelamente, os focos de discussão entre os

estudantes e os professores mais experientes, no sentido de promover o diálogo

profissional e de encorajar os estudantes a estabelecerem ligações entre os

constructos teóricos acerca do ensinar e do aprender e as suas práticas no

contexto do processo de ensino/aprendizagem, assumem-se como

determinantes”. Realço então a forma como alguns professores da Escola

Cooperante ajudaram na minha integração e a disponibilidade que

demonstraram para o esclarecimento de dúvidas a nível pedagógico. Durante o

Estágio Profissional, fui conhecendo os diferentes professores e, naturalmente,

acabei por me identificar mais com uns do que com outros, tanto na forma de

estar, como na forma de ser, quer como pessoa quer como profissional. O facto

de ter tido a oportunidade de lecionar uma Unidade Temática no 2ºciclo levou ao

reencontro de um docente do meu passado enquanto aluna do 2º ciclo de

Educação Física. Este facto inicialmente deixou-me constrangida uma vez que

não estava à espera de todo que este reencontro pudesse surgir visto que, sou

Madeirense. Ao longo da minha escolariedade obrigatória foram dois

professores de Educação Física continentais que surgiram em 18 anos de vida.

Diz o velho ditado que o “mundo dá muitas voltas” facto é que depois de 15 anos

reencontro o meu segundo professor de Educação Física na escola cooperante

onde finalizo o estágio de otenção do grau de mestre.

Coincidência ou não a experiência de lecionar uma Unidade Didática no

2º ciclo decorreu numa das turmas do mesmo. A experiência foi um processo

enriquecedor, o professor “deu-me a liberdade” de manipular a matéria segundo

a sua conceção sendo que ao longo da Unidade Didática foi sugerindo

indicações enriquecedoras para o processo, tais como: utilizar mais o jogo na

aprendizagem; sugestões relativas aos exercícios aplicados. Este tipo de

sugestões a nível pedagógico enriqueceu a minha competência pedagógica e a

capacidade de liderar com escalões etários mais baixos.

3.2.4. O Núcleo de Estágio

O núcleo dois de estágio, inicialmente era formado por três estagiários:

eu, Luísa Fontes, e por mais dois colegas, Catarina Gomes e Rodrigo Oliveira,

24

posteriormente, o grupo ficou reduzido a dois estagiários. Isto porque um dos

colegas desistiu por motivos de pressão a nível pessoal e ao nível de

competência pedagógica pois não estava a conseguir transportar o

conhecimento teórico específico na prática pedagógica. ´

Já conhecia os meus colegas parcialmente do primeiro ano do curso de

mestrado, visto que, frequentamos a mesma turma.

O núcleo de estágio deveria traduz-se, sem dúvida, numa parte muito

importante no decorrer deste processo. Porém, o núcleo onde estive inserida, a

intreajuda não funcionou da forma mais adequada uma vez que os elementos

não dispunham de tempo para desenvolver conceções de trabalho, cooperação,

partilha de vivências, inquietações, estratégias o que poderia contribuir para um

crescimento superor enquanto futuros professores.

Na minha opinião, a partilha/cooperação entre colegas é importante para

elevar o crescimento a nível profissional e pessoal uma vez que as inseguranças

são partilhadas e poderá surgir soluções viáveis a resolução de problemas

surgidos no processo. Neste parâmetro não tive opção de escolha, nem poder

para “obrigar” os colegas a trabalharem em conjunto mas reconheço que o

trabalho em grupo é mais enriquecedor constatando que as conceções de

espaços coletivos de trabalho se constituem como um excelente instrumento de

formação (Nóvoa, 1992). Ainda segundo o mesmo autor, as práticas de formação

que se fundamentam em dimensões coletivas contribuem para a emancipação

profissional e para a consolidação de uma profissão que é autónoma na

produção dos seus saberes e valores.

Na reunião de apresentação de todo o núcleo, ficou decidido que, ao longo

do estágio, iríamos realizar uma reunião semanal, com a duração de 1h30m,

com o respetivo professor cooperante. Nestas reuniões, o ambiente de partilha

e o espiríto de grupo esteve sempre presente, reconhecendo os nossos erros e

discutindo-os de modo a cumprir os objetivos estabelecidos. As primeiras

reuniões incidiram mais sobre a resolução de dúvidas gerais pois, como foi o

primeiro contacto com a realidade, este foi o aspeto mais realçado e sujeito a

esclarecimento. À medida que o estágio foi decorrendo, os temas começaram a

25

ser mais específicos sobre tudo o que envolve o ensino, principalmente no que

diz respeito à Educação Física.

O trabalho desenvolvido inicialmente por mim era de partilha (grelhas de

avaliação, montagem de exercícios, troca de ideias de planeamento) mas, no

decorrer do processo, esta partilha não era recíproca. Este facto deve-se à falta

de disponibilidade de trabalhao em conjunto. Contudo, não deixei de ajudar os

meus colegas aquando da sua solicitação, tentei sempre dar apoio psicológico e

pedagógico.

Como forma de crescer enquanto futura profissional da educação,

presenciei e observei grande parte das aulas dos meus colegas, de modo a

poder tirar ilações sobre estratégias e métodos utilizados, que posteriormente

poderiam ser ajustadas à turma que lecionei.

Por fim, mas não menos importante, a relação desenvolvidas com as

colegas do núcleo 1, mais concretamente com a Maria Brito e Faro, no partilhar

de estratégias, conhecimentos e dúvidas existentes. Os 2 núcleos de estágio

cooperaram na organização e realização da atividade “Fit-Challenge” que

abordarei com pormenor no capítulo de “Participação na Escola e Relações com

a Comunidade”.

3.2.5. A Turma

No dia em que o Professor Cooperante tomou conhecimento das suas

turmas, deu-nos a escolher a turma que queríamos lecionar, tendo em conta o

horário de cada turma e o ciclo de ensino.

À escolha das respetivas turmas, estivemos nós, estagiários do núcleo 2,

presentes nas diversas Reuniões de Conselho de Turma das turmas do

Professor Cooperante aquando da distribuição das mesmas e por isso tínhamos

imagens vagas de cada uma.

A turma pela qual fiquei responsável, a sua 1ª reunião de Conselho de

Turma estavam presentes todos os professores das diferentes disciplinas da

turma e serviu para ter informações gerais acerca da mesma: constituída por 24

alunos, dos quais 24 têm Educação Física, 11 rapazes e 13 raparigas. Além de

informações gerais, a Diretora de Turma fez uma pequena observação acerca

26

dos alunos de forma individualizada no que se refere aos aspetos do

comportamento nas aulas: os faladores, os empenhados, os “maus” alunos, os

que não devem ficar juntos pelo aumento da desordem na sala de aula e alguns

problemas de saúde.

É necessário que, antes de traçar o processo de instrução,

nomeadamente os modelos e as metodologias de abordagem dos diferentes

conteúdos, se considere o aluno enquanto sujeito individual, com experiências

singulares, motivações específicas, e mesmo dificuldades particulares, pois os

alunos são sempre o alvo final do nosso processo de ensino (Rink, 2001).

A caraterização inicial da turma forneceu-me um leque de informações de

cada aluno que me permitiu conhecer e compreender melhor os objetivos de

cada um para com a disciplina e para com o futuro, os seus hábitos, os hobbies,

os conhecimentos, as dificuldades, as facilidades, os gostos, os

comportamentos, os hábitos de alimentação e até os problemas de saúde. Estas

informações possibilitaram um planeamento mais eficaz, pois pude averiguar os

conhecimentos de cada um sobre a disciplina, as suas maiores dificuldades, as

modalidades preferidas e as que menos gostam. Também fiquei alertada para

os problemas de saúde de alguns alunos, como a asma, por exemplo.

Deste modo, a caracterização da turma e o conhecimento das

singularidades de cada aluno é crucial para a atuação eficaz de qualquer

professor. Para o efeito, os núcleos de estágio 1 e 2 alteraram algumas questões

desajustadas ao contexto da ficha de caracterização individual do aluno já

existente, que foi fornecida a todos os nossos alunos. Posteriormente, procedi à

análise do preenchimento das fichas de cada um dos meus alunos, extraindo as

informações que considerei mais relevantes para o processo.

Desde logo pensei que ia ter um grande desafio pela frente, por um lado,

ao nível da comunicação e, por outro, ao nível dos diversificados

comportamentos que poderia encontrar. Assim, a primeira aula seria a leitura

prática e a contextualização da turma mediante a primeira impressão que

adquirira anteriormente. Pude constatar que tinha algum trabalho pela frente se

queria contribuir para uma melhoria daqueles alunos, tanto a nível motor como

27

a nível de atitudes porque uns não apresentam gosto pela prática desportiva e

outros demonstram um comportamento que não era adequado à sala de aula.

O preenchimento da ficha individual do aluno foi realizado por parte dos

alunos na aula de apresentação do dia 17 de setembro. Face à leitura do

questionário, vou apresentar alguns dados de forma a ilustar alguns aspetos

mais relevantes para o conhecimento da turma:

A turma que me foi atribuída era constituída por 24 alunos, sendo 13 sexo

feminino e 11 sexo masculino. Este dado revela que existe um equilíbrio entre

alunos dos dois géneros.

Os alunos que fazem parte da turma têm idades compreendidas entre os

13 e os 15 anos, sendo esta faixa a faixa etária normal para alunos que

frequentam este ano escolar. Este dado permite chegar à conclusão de que a

turma tem um bom aproveitamento escolar, contudo, apresenta 2 alunos com

retenções nos anos anteriores. Assim, 2 alunos nasceram em 2002; 1 aluno em

1999; 2 alunos em 2000 e os restantes em 2001. A maioria dos alunos é natural

de Santo Tirso.

Agregado familiar - É possível concluir que 88% da turma, ou seja, mais

de metade da turma, tem como membros familiares constituintes do agregado

familiar: pai, mãe e irmãos.

De salientar o caso de um aluno que vive somente com os avós e um com

a mãe. Onze alunos têm 1 irmão e dois têm 2 irmãos, dos quais quatro andam

na mesma escola.

Encarregados de Educação - O grau de parentesco dos Encarregados

de Educação é, na maioria da turma, a Mãe (19), seguindo-se o Pai (4) e a

Madrasta (1).

Em relação às habilitações literárias dos encarregados de educação,

existe um espetro que vai desde o 4º ano de escolaridade ao ensino superior.

No que diz respeito aos problemas de saúde detetados nos alunos da

turma, 8 alunos enunciaram diversos tipos de problemas. Estes problemas

dividem-se em problemas alérgicos em 5 alunos, 1 aluno mencionou problemas

de visão e 2 alunos referiram problemas asmáticos. De todos os problemas

salientados, não existe nenhum caso em específico que impossibilite algum

28

aluno para a prática de atividade física, ou seja, apesar dos problemas

mencionados, todos os alunos podem realizar a aula de Educação Física.

Relação com o desporto e educação física - 22 dos 24 alunos da turma

revelam ter gosto pela disciplina de Educação física. Este dado é indicador de

que os alunos se encontram motivados para as aulas e que têm gosto pelas

matérias abordadas nas mesmas.

As maiores dificuldades da turma prendem-se com as modalidades de

Ginástica, mencionadas por 8 alunos, futsal e voleibol igualmente referidos por

7 alunos. Visto serem modalidades que foram ensinadas ao longo do ano, este

dado traduziu-se em algumas reticiências e adoção de posturas de defesa nas

aulas por parte dos alunos. Este dado permitiu-me estar sempre alerta para a

postura dos alunos nas aulas e incentivá-los a participarem nas aulas por forma

a superarem as suas dificuldades.

13 dos 24 alunos da turma praticam atividade física de uma forma regular.

Este dado permite concluir que a turma pode ser considerada uma turma de

opostos, metade tem prática regular de atividade física e a outra metade não tem

prática regular de atividade física.

No que diz respeito às atividades que os alunos praticam, não existe uma

modalidade predominante mas sim um grupo de 4 modalidades (Fultsal, 3, Tênis

de Campo, 2, Ciclismo, 2, e Artes Marciais, 2) que se destacam perante as

restantes. Estes dados permitiram concluir que parte da turma era fisicamente

ativa o que se iria revelar, mais tarde, numa turma com uma disponibilidade

motora boa.

29

4. Realização da Prática Profissional

4.1. Organização e Gestão do Ensino Aprendizagem

4.1.1. Enquadramento Conceptual do Planeamento

Neste processo de formação como futura professora de Educação Física,

foram várias as tarefas, os desafios e as dificuldades que surgiram e cuja

superação necessita da minha determinação, força de vontade e empenho para

ultrapassar sem deixar que os mesmos me derrubem.

O planeamento é um processo racional, direcionado e consciente que

regula todo o processo, neste caso específico, o processo de ensino-

aprendizagem. É tarefa do professor a realização, operacionalização e, caso

seja necessário, alteração do planeamento. Citando Bento (2003, p.16), estas

ações são de vital importância para a aprendizagem do aluno. Assim, há a

necessidade de a sua realização se pautar pela qualidade e reflexão para o

alcançar de um “ensino educativamente eficaz”.

No planeamento, o professor não deve apenas replicar o programa

prescrito a nível nacional, mas deve ser mediador das suas diretrizes e ter

sentido próprio junto das condições que se insere. O Projeto Curricular de

Educação Física da escola deve ser adaptado à turma, posteriormente, deve

particularizar-se no aluno, já que a aprendizagem, de um sujeito é sempre

singular. Como ninguém ensina o que desconhece, julgámos que o

conhecimento da matéria de ensino é fundamental, não sendo de estranhar a

relação encontrada por Siedentop & Tannehill (2000) entre o conhecimento da

matéria de ensino e conhecimento pedagógico do conteúdo e o ensino eficaz.

Na organização, gestão do ensino e aprendizagem partem da construção

dos níveis de planeamento: anual, unidade didática e aula, com o intuito de que

teoria e prática formem uma ligação de proximidade. Na perspetiva de Bento

(2003, p.15), “ a planificação é o elo de ligação entre as pretensões, imanentes

ao sistema de ensino e aos programas das respetivas disciplinas, e a sua

realização prática.” Esta construção de um programa prático requer o ato de

planear: um processo de planeamento cuidado e um trabalho preparatório que

antecedem o ato de planear o planeamento, ou seja, uma orientação própria e

30

os documentos da escola que orienta a Educação Física naquele

estabelecimento de ensino. Consequentemente, existe um guia orientador, os

Programas Nacionais, embora sejam o principal aspeto a ter em conta, não

poderão ser os elementos máximos da planificação dadas as adequações

necessárias, contemplando as limitações do meio social e escolar.

Além dessa análise dos programas nacionais, a Escola Cooperante possui

um conjunto de documentos que orientam a disciplina de Educação Física: o

“Planeamento anual”, ao ser contruído teve como base o programa nacional do

3º ciclo de Educação Física”4; “Planeamento Anual5 “o “Mapa de distribuição das

Matérias de Ensino”6; Critérios gerais de avaliação”; “Critérios de avaliação

específicos de Educação Física”7; “Regulamento específico de funcionamento

da disciplina”8.Para iniciar a concretização do processo de organização e gestão

do ensino-aprendizagem, ouve o cuidado de interpretar detelhadamente os

documentos referidos anteriormente. Também foram, observadas as condições

gerais para lecionar as aulas de Educação Física, incluído o espaço e o material

didático.

Da análise destes documentos surgem conclusões de que a Escola

Cooperante, pela oferta educativa que oferece, os planeamentos estão

moldados/direcionados para o contexto do Programa Nacional. A leitura que fiz,

sendo sempre o mais objetiva possível, de acordo com critérios pedagógicos de

análise de programas reforçou a minha opinião pessoal de que este se encontra

desajustado da (minha) realidade escolar. De entre vários exemplos que o

comprovam, destaco este: o Programa Nacional de Educação Física do 8ºano

de escolaridade, no que concerne à modalidade de Andebol, parte do princípio

de que os alunos estão no nível avançado, o que significa uma “situação de jogo

5x5 ou 7x7” (Jacinto et al., 2001). Após, a avaliação diagnóstica, verifiquei que o

4In Programa de Educação Física (Reajustamento) 3º Ciclo do Ensino Básico: 2001, Lisboa:

Ministério da Educação. Jacinto, J., Carvalho, L., Comédias, J., e Mira, J 5In Planeamento Anual, aprovado no ano letivo 2014-2015. Agrupamento de Escolas Santo Tirso 6In Distribuição de Matérias, aprovado no ano letivo 2014-2015. Agrupamento de Escolas D.

Dinis, Santo Tirso 7In Critérios gerais de avaliação e Critérios de avaliação específicos de Educação Física

aprovado no ano letivo 2014-2015. Agrupamento de Escolas D. Dinis, Santo Tirso 8 In Regulamento das aulas de Educação Física 2014/2015, aprovado no ano letivo 2014-2015.

Agrupamento de Escolas D. Dinis, Santo Tirso

31

nível real dos alunos não se enquadrava no nível avançado mas sim no nível

introdutório. Deste modo, surge, assim, a necessidade de adaptar a teoria

(planificação da matéria de ensino) à ação, devendo a avaliação diagnóstica ser

um instrumento para determinar se os alunos possuem os pré-requisitos

necessários para a lecionação da modalidade em causa, como refere, a fase das

decisões do planeamento (Vickers, 1990). Relativamente, a esta relação teoria-

prática Shulman (1998), refere que a prática serve então como um importante

veículo para testar a validade e eficácia da teoria, sendo uma fonte de provas de

desenvolvimento das mesmas, permitindo que o aprendiz se mova a partir da

observação da participação limitada.

Para esta análise, existe uma hierarquia própria, segundo Vickers (1990),

que referiu que, à medida que avançamos de nível, o grau de especificação e de

especialização vai aumentando, tornando o planeamento cada vez mais objetivo.

Sendo este modelo desginado por Modelo de Estrutura de Conhecimento

de Vickers. Este define 4 categorias transdisciplinares do conhecimento:

habilidades motoras, condição física, conceitos psicossociais e cultura

desportiva, encaminha todo o processo de planeamento do processo de ensino-

aprendizagem. Para desenrolar o processo de ensino-aprendizagem, é

necessário que o professor tenha a sua atuação devidamente planeada e

estruturada tendo como objetivo último a evolução dos seus alunos em todos

campos: motor, condição física, cognitivo e psicossocial.

Efetivamente, este modelo é composto por três fases, uma fase de análise,

uma fase de tomada de decisão e uma fase de aplicação. É dividido em 8

módulos: o Módulo 1 – Categorias Transdisciplinares do Conhecimento; Módulo

2 – Análise das Condições de Aprendizagem; Módulo 3 – Análise dos Alunos;

Módulo 4 – Determinação da Extensão e da Sequência dos Conteúdos; Módulo

5 – Definição dos Objetivos; Módulo 6 – Configuração da Avaliação; Módulo 7 –

Criação de Progressões de Ensino e Tarefas de Aprendizagem e o Módulo 8 –

Aplicação. A utilização deste modelo mostrou-se vantajosa para a aquisição de

um conhecimento aprofundado sobre a diversidade de matérias a abordar e

eliminando algumas lacunas de conhecimento. Apresenta estruturas

fundamentais, os conteúdos a abordar, as condições materiais e humanas, a

32

estruturação e progressão pedagógica e as avaliações diagnóstica, formativa e

sumativa. Efetivamente, este modelo pretende reunir o máximo de informação

acerca da modalidade e dos conteúdos a abordar mas também as condições

existentes para essa abordagem, as caraterísticas dos alunos, nomeadamente

as suas capacidades motoras e de compreensão da modalidade.

A fase de análise é o momento inicial da planificação onde em primeiro

lugar é analisada a atividade a desenvolver e, posteriormente, analisado o

envolvimento e os alunos.

O passo seguinte é a fase de decisões e remete a planificação para o

momento onde se tomam as decisões em função da análise que foi efetuada na

fase anterior. Assim, nesta fase realiza-se, em primeiro lugar, uma determinação

da extenção e sequência dos conteúdos a abordar, mais concretamente através

da construção da unidade didática. De seguida, são definidos os objetivos, é

determinada a avaliação e, em último lugar, são criadas progressões de ensino

para todas as habilidades da atividade a desenvolver.

A última fase corresponde à fase de aplicação e reporta as aplicações

práticas onde todo este conhecimento prévio pode ser aplicado.

“Na planificação são determinados e concretizados os objetivos mais

importantes da formação e educação da personalidade, são apresentadas as

estruturas coordenadoras de objetivos e matéria, são prescritas as linhas

estratégicas para a organização do processo pedagógico.” (Bento, 2003, p.15).

O mesmo autor Bento (2003) indica alguns fundamentos a serem

ponderados no planeamento: “cientificidade”, “exigências à personalidade do

professor”, respeito pelo programa e pelas caraterísticas dos alunos, “conceção

lata” de ensino e educação, focar os planos no fundamental, inclusão de

estratégias que potenciem o trabalho e rentabilizem o tempo.

Rink (1993) define o planeamento nos seus diferentes níveis – anual,

unidade temática e aula, reapresenta o elo de ligação entre os princípios

constituintes do sistema de ensino, os programas das respetivas disciplinas e a

sua realização prática. Os programas são o reflexo da política educativa e

possuem um lugar central no planeamento do ensino realizado pelo professor.

Neles reside um conjunto de orientações em termos de conteúdos e objetivos,

33

prescritos a nível do poder central. Porém, devem ser alvo de uma

contextualização de forma a se ajustarem às condições e exigências locais e

específicas de cada escola, turma e aluno.

No prosseguimento da planificação, esta deve ser uma tarefa que permita

evitar a improvisação, ou seja, que estabeleça caminhos. Porém, o ato de

planear deve vir sempre acompanhado do ato de refletir, ou seja, um professor

deve ter sempre no seu entendimento que o seu planeamento não é inabalável

e que necessita de uma reflexão constante. Este momento de reflexão permite

ao professor retirar ilações para um planeamento futuro e o objetivo é que erros

ou decisões mal tomadas não se repitam no futuro próximo.

Foi neste sentido, de estabelecer caminhos que toda a documentação

referente ao planeamento foi realizada durante o ano letivo do estágio

profissional, todos os documentos construídos puderam ser alvo de adaptações

segundo a reação da população alvo (alunos).

Assim sendo, seguidamente irão ser apresentados de forma

pormenorizada os três elementos: Plano Anual, Unidades Didáticas e Planos de

Aula.

4.1.1.1. Planeamento Anual

A elaboração do Plano Anual constitui a primeira fase do planeamento e

preparação do ensino. Este traduz uma perceção e domínio aprofundado dos

objetivos de desenvolvimento da personalidade (habilidades, capacidades,

conhecimentos, atitudes), bem como reflexões e noções sobre a respetiva

estruturação do ensino no decurso do ano letivo (Bento, 2003). Este encontra-

se delineado na sua linha geral, elaborado pelo Subdepartamento de Educação

Física, tendo em conta os espaços físicos. De acordo com Bento (2003, p. 59),

fundamenta a prespetiva de forma global, situar e concretizar o programa de

ensino tendo em conta as caraterísticas e as necessidades dos alunos bem

como os recursos de que a escola dispõe. Desta forma, é um plano que não tem

ou tem poucos pormenores de atuação ao longo do ano. Porém, é nesta fase

que se inicia uma sequência lógica de planeamento e de conceção do ensino.

34

A minha atuação neste nível de planeamento evidencia-se na distribuição

anual de matérias, ou seja, articular as matérias que do planeamento anual e

distribuir essas mesmas matérias pelos três períodos letivos tendo em conta

aspetos como os espaços e os matérias disponíveis para a lecionação das

mesmas, de forma a cumprir com o plano. Outra das preocupações didáticas ao

longo desta construção foi o tipo de modalidades coletivas e individuais

lecionadas, intercalando sempre a sua abordagem.

É ainda a este nível de planeamento que o professor deve analisar o

número efetivo de horas disponíveis para a disciplina durante o ano escolar. Por

outro lado, Bento (2003) sublinha a importância de serem marcados os “pontos

altos” do ano, que consistem em datas de avaliação, competições, festas e

convívios desportivos.

Na Tabela (Tabela 1) seguinte estão presentes os conteúdos

programáticos a abordar ao longo do ano letivo bem como uma distribuição

desses mesmos conteúdos pelos três períodos.

1º Período 2º Período 3º Período Total

Apresentação 1 1

Aptidão física (Avaliação)

3 Aptidão física (Avaliação)

4 Aptidão física (Avaliação)

2 9

Andebol 17 Voleibol 14 Futsal 8 39

Ginástica (solo, barra fixa, paralelas

assimétricas)

16 Ginástica

Acrobática 8

Ginástica (solo, barra fixa, paralelas

assimétricas 8 32

Badminton 9 9

Trabalho Teórico 2 Teste 1 3

Autoavaliação 1 Autoavaliação 1 Autoavaliação 1 3

40 UT 28 UT 28UT 96UT

Tabela 1- Distribuição de Matérias

Feita a distribuição das matérias, houve a necessidade de elaborar um

planeamento anual de Aptidão Física em articulação com as restantes unidades

didáticas, com séries de exercícios de resistência, força e flexibilidade que

35

fossem implementados ao longo das aulas de forma a melhorar os níveis de

aptidão física da turma com a posterior avaliação da bateria de teste Fit Shcool.

Este trabalho era concentrado em momentos de interligação com as restantes

matérias ou mesmo dedicado um período de tempo para este trabalho específico

de Aptidão Física. Consiste no primeiro período trabalhar com mais ênfase as

capacidades condicionais resistência e flexibilidade isto porque, a atividade do

Corta Mato estar inserida no planeamento anual. Já no segundo e terceiro

período trabalhar a capacidade condicional força. A escola insere a metodologia

Treino Funcional com o objetivo de melhorar os índices de aptidão física dos

alunos é dado um período de tempo maior a sua aprendizagem. No qual se

traduzirá num estudo mais aprofundado de projeto investigação-ação no capítulo

final deste Relatório.

Portanto, o ato de planear deve fazer parte das tarefas do professor para

que o seu processo seja significativo dispondo de uma linha orientadora. Tendo

em consideração, os princípios metodológicos, psicológicos, didáticos, o

professor planifica as referências submetidas no programa (consoante as

categorias didáticas – objetivos, conteúdos e métodos) atendendo às condições

pessoais, sociais, materiais e locais a fim de pensar o processo de

desenvolvimento do aluno (Bento 2003).

4.1.1.2. Unidades Didáticas

A um nível intermédio de planeamento que é mais geral que o plano de

aula e mais específico que o primeiro - o Planeamento da Unidade Didática,

rege-se pelo princípio da componente macro para a componente micro. De

acordo com Bento (2003), as unidades didáticas são partes integrantes e

fundamentais do programa de uma disciplina pois constituem-se unidades

integrais do processo pedagógico e apresentam ao professor e aos alunos

etapas bem distintas do processo de ensino – aprendizagem.

Na elaboração das diferentes Unidades Didáticas, o objetivo foi sempre o

mesmo: enumerar os conteúdos que irria abordar e respetivas funções didáticas

distribuídas pelo número de aulas proposto para lecionar essa modalidade

(Anexo I).

36

Às unidades didáticas, segundo Bento (2003, p. 75), a duração de cada

unidade depende do volume e da dificuldade das tarefas de ensino e

aprendizagem, de princípios pedagógicos e didático-metodológicos, de

organização e de estruturação do processo pedagógico e do estado de

desenvolvimento dos alunos. O conteúdo e a estrutura do plano de cada Unidade

Didática são determinados pelos objetivos, pelas indicações acerca da matéria

e pelas linhas metodológicas do programa e do plano anual. O planeamento a

este nível procura garantir a sequência lógica e metodológica da matéria,

organizar as atividades do professor e dos alunos com orientação e regulação

pedagógica, tendo cada aula um contributo visível e sensível para o

desenvolvimento dos alunos.

Após uma reflexão consciente da pesquisa e análise de todos os

documentos iniciou-se o planeamento direcionado para a minha turma, segundo

o Modelo de Estrutura de Conhecimento (Vickers, 1990), referido anteriormente

no enquadramento conceptual do planemamento em que assenta numa unidade

distribuída em quatro categorias transdisciplinares: Habilidades Motoras;

Fisiologia do Treino e Condição Física; Cultura Desportiva e Conceitos

Psicossociais, tendo em consideração, o nível dos alunos a cada modalidade

bem como os conteúdos que deveriam ser abordados pela mesma, descritos no

planeamento anual.

As Unidades Didáticas foram elaboradas numa fase inicial da modalidade

enumerando-as: Andebol; Ginástica Artística (Solo e Aparelhos); Voleibol;

Ginástica Acrobática; Futsal; Badminton e Aptidão Física. Ao longo das mesmas

poderiam ser realizadas alterações que emanavam da prática pedagógica uma

vez que a avaliação do ensino permite fazer ajustamentos durante o processo

de ensino-aprendizagem. Cada Unidade Didática contém uma abordagem à sua

história, bem como à sua caracterização e regras, inclui os conteúdos técnicos

e táticos, no caso de modalidades coletivas subdividas em três parâmetros:

Relação com bola, Estruturação do espaço e Comunicação na ação.

Os recursos materiais, espaciais, humanos e temporais são componentes

específicos para a matéria abordada, o que será importante para o restante

planeamento da Unidade Didática.

37

A Avaliação Diagnóstica dos alunos permitiu detetar as suas principais

dificuldades e verificar os seus níveis de desempenho nas respetivas matérias.

Dai, selecionei um conjunto de conteúdos a lecionar mais adequado ao nível dos

alunos e que, ao mesmo tempo, fosse um plano exequível de encontro a

planificação anual da disciplina de educação física perante cada modalidade.

Depois de estabelecidos os objetivos, foram enumerados um conjunto de

tarefas de progressão pedagógica possíveis de se aplicar nas aulas da Unidade

Didática, de forma a criar situações na aula tendo em vista a evolução do aluno.

Através desta análise foi também elaborada a Extensão e Sequência de

Conteúdos que se traduz na separação dos objetivos pelas aulas da Unidade

Didática, atribuindo a cada uma função didática, seja ela de introdução,

exercitação, consolidação ou de avaliação.

A inclusão dos momentos de avaliação, definidos com coerência e

pertinência, foi também um aspeto importante na elaboração destes

documentos.

Durante a planificação das mesmas, senti dificuldades relativamente a

organização do tempo dedicado à abordagem dos diversos conteúdos, tendo em

conta uma lógica e as especificidades de cada aluno. O “tempo escasso” e o

elevado número de conteúdos foi um dos principais problemas identificados,

principlamente em modalidades menos aceites pelos alunos. Deriva-se pelo

facto de haver uma fraca relação e articulação entre este planeamento e o

planeamento da aula, o que resultou numa consequente definição de objetivos

desajustados que se traduziu na transmissão de conteúdos de uma forma pouco

pensada e consciencializada, com situações de aprendizagem desajustadas à

realidade. Estas dificuldades surgiram nas modalidades de Andebol e Futsal e,

consequentemente tornou-se mais difícil consolidar as matérias lecionadas. Para

corrigir esta dificuldade, concentrei-me no essencial, isto é, na gestão da turma

com o objetivo de lecionar de forma ajustada a matéria no tempo previsto.

Contudo, procurei sempre garantir uma sequência lógico-específica e

metodológica da matéria. Após esta realidade e debates com o professor

cooperante as planificações deste nível foram ponderadas.

38

O planeamento deverá, assim, ser um documento aberto e não fechado,

com vista à sua constante adaptação. Porque a necessidade de cumprir

objetivos de forma a rentabilizar o processo de ensino-aprendizagem foi uma das

primeiras preocupações. Levando a conclusão que em grande parte das

modalidades, o tempo estipulado não é suficiente para todos os conteúdos

programados pelo facto dos alunos não corresponderem ao estabelecido, o que

dificulta o trabalho do professor bem como a qualidade do ensino-aprendizagem.

Algumas unidades didáticas destacaram-se pelo desafio, pela superação

de dificuldades, tais como: andebol, futsal. Como se pode verificar na reflexão

que se segue:

“Relativamente à unidade temática de Andebol, eu tinha uma conceção de que

seria mais fácil a sua aplicabilidade e acima de tudo seria fácil a assimilação e

compreensão, por parte dos alunos, dos conteúdos previamente determinados a

abordar. Com o decorrer das aulas foi possível verificar que alguns erros de

planeamento tinham sido cometidos. (...) foram grandes as preocupações de adequar

os exercícios consoante os diversos conteúdos a abordar perante às dificuldades

apresentadas pelos alunos. (Reflexão da Unidade Didática de Andebol 13.12.2014)

Com a sua finalização, foi notório que esta Unidade Didática necessitava

de mais unidades letivas para a exercitação de exercícios de relação com bola

e jogos reduzidos para permitir aos alunos uma aprendizagem propícia do objeto

de jogo, permitindo-lhes assim transportar essas mesmas aprendizagens e

habilidades para o jogo 5x5.

Deste modo, as dificuldades que se colocam na conceção e planificação

da Unidade Didática, como apresentado na reflexão acima, prendem-se com as

dificuldades que eu tinha na abordagem à modalidade, as dificuldades

acrescidas que os alunos apresentavam nesta modalidade (na sua maioria as

alunas) o que foi um entrave numa estruturação verdadeiramente ajustada e

adequada à turma. O facto de eu, inicialmente, não ter a noção do tempo que os

alunos necessitavam para que realizassem corretamente as tarefas de

aprendizagem que lhes colocava, evidenciou-se na gestão do tempo, uma vez

que os alunos utilizavam mais tempo ou menos tempo do que tinha estipulado,

logo, a planificação não estava adequada.

39

Atualmente percebo melhor o que Bento (2003) refere sobre as Unidades

Didáticas: estas devem garantir a lógica na sequência da matéria, regular e

orientar a ação de professor e alunos, reservando em cada aula um especial

contributo para o seu desenvolvimento.

“Organizei os alunos por níveis ao longo da aula passei pelos diversos grupos

corrigindo, instruindo as suas performances dos exercícios. Os rapazes apresentam

uma capacidade motora mais avançada, instruí-os para a tarefa dando autonomia à sua

evolução, assim dediquei mais tempo ao grupo das raparigas uma vez que são o nível

mais baixo necessitam mais da minha intervenção na aprendizagem pedagógica”.

(Reflexão da aula nº 82 e 83)

Assim, consoante o decorrer do tempo a destreza no planeamento foi

melhorada, fazendo transitar as aprendizagens e as ilações retiradas dos erros

das unidades didáticas anteriores, ou seja, melhorou-se a seleção dos

conteúdos ao nível da turma e as situções de aprendizagens mais direcionadas

a cada nível.

4.1.1.3. Plano de Aula

Os planos de aula são um instrumento essencial ao processo/aula. De

acordo com Bento (2003, p.101 e 102), consideramos a matéria, os pressupostos

relativos aos alunos e às condições de ensino, bem como os dados fornecidos

pela análise das etapas anteriores. Na preparação dos planos de aula, definiu-

se com precisão objetivos e o seu decurso metodológico e temporal. A definição

de objetivos foi feita de acordo com as quatro categorias transdisciplinares do

conhecimento de Vickers, nomeadamente, condição física, cultura desportiva,

habilidades motoras e conceitos psicossociais.

“Esta aula tinha como objetivos gerais: A introdução do serviço curto, o remate

e o jogo 2x2. Aperfeiçoar a posição fundamental, as pegas de direita e de esquerda, os

batimentos clear, lob, serviço longo. Desenvolver a força e a capacidade de reação no

jogo. Desenvolver o conhecimento sobre a terminologia específica das habilidades

técnicas e as regras: campo 13,40m/6,10m, serviço na diagonal. Promover a

cooperação e autonomia”. (Reflexão da aula nº 76 e 77 - Badminton)

O Plano de Aula torna-se, assim, num guia para o ensino de uma sessão

em particular, referenciado a objetivos da unidade, onde se inclui o material, os

40

objetivos, a análise do conteúdo, a instrução, e métodos de avaliação (Rink,

1985). Segundo Bento (2003), o sucesso da aula está associado à boa

preparação da mesma. Apesar de não garantir o sucesso, esta preparação de

aula permite que o professor evite situações inesperadas durante a prática, o

que, sem o processo de reflexão prévio, pode ser difícil de evitar ou contornar.

Ao longo do ano letivo, foram inúmeras as preocupações de construção e

as alterações que os Planos de Aula sofreram. Com o avançar do tempo, foram

se tornando mais claros e concisos. Foram várias as reuniões de núcleo, para

clarificar o modo como deve ser concebida uma aula e o respetivo plano.

Segundo Aranha (2004), a construção dos planos de aulas deve incluir os

seguintes pontos: escola de lecionação, professor responsável, data e hora da

aula, ano e turma, número de aula a que corresponde e respetiva unidade

didática, instalação, objetivos específicos que se pretendem atingir, função

didática, conteúdos a lecionar, objetivos operacionais, e por fim material

necessário. Em reunião de núcleos 1 e 2 com os devidos professores

cooperantes analisámos a melhor estrutura de plano de aula a adotar, definindo

assim a construção de objetivos nas quatro categorias transdisciplinares,

objetivos comportamentais, organização metodológica e componentes críticas

aos objetivos. Neste mesmo modelo era descrita a Unidade Didática em questão,

o número da aula da Unidade Didática, o objetivo para a aula, a função didática

da mesma e os recursos materiais necessários (Anexo II).

Durante o ano letivo, foi talvez na elaboração dos planos de aula que se

despendeu mais tempo e mais atenção. Isto porque, é nosso objetivo que a aula

corresse da forma planeada e que fosse bem estruturada, coerente,

perspetivando a produtividade e evolução dos alunos. Aulas bem planeadas,

traduzem-se em aulas bastante ativas, com bom empenhamento motor, bastante

produtivas, agradáveis e aliciantes para os alunos porém, na prática nem sempre

é este o resultado do planeamento pela diversificidade de factores levantados

pela prática.

“ (...) os objetivos do plano de aula devem ser claros e bem definidos. Ou seja,

nos objetivos gerais tem de estar descrito o que vamos trabalhar com os alunos

explicitamente; os objetivos comportamentais devem estar sempre no infinitivo com a

descrição do que o aluno deve realizar, já nas componentes críticas, tem de estar

41

descrito o que iremos mesmo dizer aos alunos (palavras-chave) ”. (Reflexão da reunião

de núcleo 2.10.2014)

Progredindo perante “os objetivos gerais quando definimos temos de ter em

atenção: a estratégia, a organização metodológica, a observação, a avaliação e a

reestruturação se assim for o caso”. (Reflexão da reunião de núcleo 9.10.2014)

Em todo o processo, um dos objetivos era envolver os alunos de forma

ativa no processo de ensino, otimizar o tempo potencial de aprendizagem,

promover um ambiente positivo de aprendizagem, motivar e entusiasmar para a

prática, otimizar a prática através da instrução e estabelecer uma relação

professor-aluno para obter uma aprendizagem significativa.

Em termo de conclusão, organizei o processo de ensino aprendizagem

respeitando as normas nacionais (Programa Nacional) e da escola (planeamento

e critérios de avaliação do grupo de Educação Física). Os objetivos foram

organizados nos vários domínios de conhecimento de Vickers (1990) que refere

como sendo capitais para a concretização do Modelo de Estrutura de

Conhecimento.

Bento (2003) refere que o planeamento concretiza um nível de decisão do

professor que define os objetivos a alcançar e as estratégias a utilizar. Reflito

agora sobre estas palavras e destaco a qualidade, que acredito ter demonstrado,

das decisões tomadas no momento de planear, pois evidenciaram-se, na sua

globalidade, decisões acertadas que cumpriram com os propósitos de um bom

planeamento.

4.1.2. Realização do ensino

Neste parâmetro pretendo sintetizar os desafios e situações com que me

deparei ao longo da realização da prática de ensino.

Estes desafios foram sendo superados com orientação e

acompanhamento em momentos diferentes, pelo professor cooperante e pela

professora orientadora.

Assim, a professora orientadora incitou-me a aprofundar as situações que

surgiram da prática, a refletir sobre elas e a contextualizá-las do ponto de vista

da sua natureza, do seu enquadramento teórico e de como podem ser fonte de

aprendizagem e experiência. Isto levou-me a ter um melhor entendimento sobre

42

os desafios com que me deparei na prática, aumentando a minha aprendizagem

e o meu desenvolvimento como professora.

4.1.2.1. Aula e a dimensão de ensino

No âmbito da realização, ou seja, da intervenção pedagógica na aula de

Educação Física, Siedentop (1991) indica quatro dimensões que deverão estar

sempre presentes e sob o domínio do professor simultaneamente: a intrução, a

gestão, o clima e a disciplina. Todas elas estão sempre presentes

simultaneamente em qualquer episódio de ensino, foram sempre aspetos que

estiveram presentes no planeamento, na elaboração das diferentes aulas e nas

reflexões. No início desta fase, era difícil conseguir controlar todos estes fatores,

com a minha turma de 24 alunos com as caraterísticas diversificadas que fui

observando logo desde o início. Tal como refere Nóvoa (1995), o professor que

se acaba de formar não deve ser responsável por turmas difíceis e colocado nas

unidades mais difíceis, sem que haja o devido acompanhamento, pois

inicialmente pode não estar preparado para resolver os problemas disciplinares

dos alunos.

4.1.2.1.1. Disciplina

As tarefas básicas da Disciplina são, não só reduzir formas de

comportamentos disruptivos e inapropriados, mas também desenvolver formas

de comportamentos apropriados pelos quais os/as alunos/as podem aprender e

crescer em atitudes e valores (Siedentop, 1991). O mesmo autor refere, que a

disciplina diz respeito à diferenciação entre comportamentos apropriados (i.e.,

comportamentos que estão de acordo com a realização dos objetivos na situação

específica) e comportamentos não apropriados.

No que diz respeito ao meio escolar é possível referir falta de disciplina

como o incumprimento de leis gerais da escola, de normas de convivência e de

tarefas propostas, regras específicas da disciplina.

A turma apresenta caraterísticas diversificadas porém, não se verificaram

episódios muito graves ao longo de todo o ano letivo, nomeadamente, ao nível

de comportamentos desviantes e comportamentos fora da tarefa, a exceção de

43

um ou outro caso pontual. Para que isso acontecesse, ao longo de todo o ano

letivo, a minha postura foi sempre de colocar disciplina na aula para que os

alunos se envolvessem nas atividades propostas.

Outros factores que também são determinantes nos comportamentos

desadequados na aula são problemas de saúde como, por exemplo, défice de

atenção, pela dificuldade de concentração na realização da tarefa; o “aluno

perturbador” que emerge insegurança aos colegas pela falta de responsabilidade

que apresenta.

“ (...) a aula serviu em grande medida para retirar algumas conclusões acerca

das bases e dos volantes que a turma apresenta. Definir quem são as bases, os volantes

e os intermédios, uma vez que a tipologia dos alunos vai condicionar, em grande

medida, a execução dos exercícios e em última análise o planeamento das aulas. O

funcionamento dos grupos é fundamental, uma vez que para este tipo de trabalho a

confiança entre os membros é determinante a execução das tarefas.” (Reflexão da aula

nº 44)

“ (...) foi possível verificar que a turma tem uma boa capacidade de trabalho

autónomo, à exceção de alguns casos pontuais que me acompanham desde o início,

devido alo facto de quando não estou por presente decidem quebrar as regras”.

(Reflexão da aula nº 46 e 47)

4.1.2.1.2. Gestão da aula

Relativamente à gestão da aula, esta é também classificada como

fundamental na condução e controlo da aula de educação física. Assim sendo,

destacam-se aspetos como o controlo inicial da atividade, verificação da

disponibilidade de todo o material necessário, pontualidade, estabelecer sinais

de atenção, reunião e transição, utilização de interações e feedback positivo,

utilização do entusiasmo, incitamento e elogio. Tudo isto requer um controlo da

parte da professora estagiária.

Rink (1993) inclui nos fatores ambientais os recursos humanos,

temporais, espaciais, e materiais da aula. Entre as variações contextuais,

Siedentop (1991) refere ainda o ano de escolaridade, o estatuto socioeconómico

e aptidão dos alunos, os objetivos estabelecidos e o conteúdo.

44

Deste modo, numa fase inicial do processo, uma dificuldade que ocupou

algum tempo de reflexão e de análise foi o perceber o que poderia e deveria ser

modificado para que o tempo potencial de aprendizagem fosse elevado. Para o

tempo ser maximizado era necessário tornar claras as funções de cada aluno

perante o exercício ou momento de aula.

Rink (1993) indica que a gestão está associada ao comportamento do

professor relacionado com a estruturação, direção, ou reforço da conduta correta

na aula, e com a organização do tempo, espaço, alunos e material, lidando quer

com a conduta dos alunos quer com a organização dos meios disponíveis para

o professor.

Para a melhoria da gestão de aula, uma das estratégias utilizadas nos

jogos desportivos coletivos foi a colocação de uma bola para cada dois alunos e

com o decorrer da aula o número de bolas ia diminuindo, terminando a aula só

com uma bola numa situação de jogo 5x5. Com isto consegui gerir de forma

adequada o tempo disponível para cada tarefa e também o tempo de transição

entre cada exercício, uma vez que despendia menos tempo com o ir buscar ou

o ir pousar o material didático utilizado.

Da mesma forma, no que diz respeito à Ginástica Artística e à Ginástica

Acrobática, tive como grande preocupação a não realização de mais do que uma

situação de aprendizagem de risco elevado em simultâneo, uma vez que estas

situações exigiam atenção e segurança da professora estagiária. Ainda assim,

aquando da introdução de um conteúdo novo, instruía os alunos para a sua

execução mas também, e não menos importante, para a realização correta das

ajudas e da segurança. Para além disso, o meu posicionamento na aula permitia

ter sobre a minha observação todos os alunos e, por outro lado, permitia a

qualquer momento emitir um feedback a qualquer aluno.

A gestão foi uma das primeiras preocupações a ter no ano de estágio. No

início do ano letivo, esta dimensão foi de grande relevância em conjunto com a

organização e controlo da turma. Contudo, com a prática, e mesmo sem uma

ênfase tão grande sobre a mesma, a gestão foi melhorando devido à experiência

adquirida no decorrer das aulas. Por vezes houve mais tempo dedicado a tarefas

que se tornavam provocadoras de falta de motivação e de empenho e,

45

consequentemente levava a uma diminuição do tempo das tarefas realmente

importantes e fundamentais para a evolução e produtividade dos alunos.

4.1.2.1.3. Instrução

Relativamente à instrução de acordo com Siedentop (1991), esta tem por

âmbito todos os comportamentos e técnicas de intervenção pedagógica que

fazem parte do repertório do professor para comunicar informação. Assim, esta

engloba a transmissão de elementos informativos e um efeito persuasivo.

Continuando nesta linha de pensamento, a instrução ocupa um lugar nobre no

processo de ensino-aprendizagem, uma vez que está diretamente relacionada

com os objetivos e a matéria de ensino (Rosado & Mesquita, 2011).

A instrução, a informação transmitida pode ser referenciada em três

momentos: antes da prática, apresentando a tarefa, explicando e demonstrando;

durante a prática através de feedbacks e depois da prática pela análise àquilo

que ocorreu (Siedentop, 1991).

Durante o estágio pedagógico, esta dimensão mostrou-se bastante

importante no decorrer das aulas, tanto no que diz respeito às instruções iniciais

e finais como, e ainda com mais significância, na instrução de tarefas. A

intervenção tem vários fatores de grande importância que se revelaram no

decorrer do ano letivo. É importante informar o que fazer, como fazer, onde e

porquê. As informações transmitidas devem estar focalizadas para os objetivos

das tarefas, dispensando assim qualquer tipo de informações não relevantes.

Para que isto aconteça é fundamental que o professor domine os conteúdos que

está a abordar. A linguagem deve ser bem clara adaptada ao nível dos alunos.

Para Mesquita (1998), a linguagem deve ser simples e clara, deve falar-se

pausadamente e com poucas palavras, prestando atenção à reação dos alunos,

através das suas expressões faciais.

O aperfeiçoamento da apresentação da instrução é um fator relacionado

diretamente com a gestão e, quanto mais perfeita estiver a informação, melhor

é a gestão, ou seja, se for garantida a diminuição do tempo de instrução, se se

garantir a qualidade e pertinência da mesma, evitar-se-á situações como a

segunda explicação da tarefa. Porém, senti diversas vezes que efetuei

46

repetições desnecessárias, isto é, após a instrução já estar clara, ainda explicava

o que acabava de dizer, diminuindo assim o ritmo da aula, sendo que “aprende

mais quem dedica mais tempo a uma boa exercitação” (Mesquita e Graça, 2009).

A apresentação das tarefas eram complementadas com uma

demonstração, dada pela professora estagiária ou por um aluno da turma. Assim,

poderia aproveitar o facto de o aluno estar a realizar a demonstração para

proceder à transmissão de informação e/ou explicação sobre a prestação do

aluno.

Como refere Rosado & Mesquita:

“Após a realização de uma tarefa motora por parte de um aluno ou

atleta, este deve, para que o seu desempenho seja melhorado,

receber um conjunto de informações acerca da forma como realizou

a ação. É lugar-comum referenciar o feedback como uma mais-valia

do professor no processo de interação pedagógica” (2011, p. 82).

Por isso, a minha atuação foi centrada na emissão de feedbacks, numa

fase inicial com menos força, marcada pelas diversas preocupações da aula, na

gestão dos alunos, materiais e dos exercícios propostos. À medida que as aulas

foram avançando, foi notória a emissão dos mesmos porque a confiança e a

presença em aula foram aumentando.

Segundo Rink (1993), o feedback pode ser referente ao objetivo

(descritivo, prescritivo e avaliativo); quanto à forma de emissão (visual, auditivo,

cinestésico e misto); quanto à direção (individual, grupo ou turma); quanto ao

momento (durante - concorrente, após - terminal ou retardado) e ainda pode ser

positivo ou negativo.

Grande parte dos fatores referidos anteriormente foram tidos em conta no

decorrer do ano letivo de estágio. Houve sempre o cuidado de perceber se

estava a comunicar bem com os alunos e se estes percebiam a informação que

lhes transmitia. Outro fator que levou a esta preocupação foram as chamadas de

atenção do professor cooperante para esta dimensão: existe a necessidade ser

clara e consisa na informação transmitida sem alongar demasiado a

apresentação da tarefa.

47

4.1.3. Avaliação

A avaliação dos alunos, em Educação Física, decorrem da sua prestação

em três domínios: motor, psicossocial, e cognitivo. Estes, decorrem das 4

categorias transdisciplinares de Vickers, que sistematizam os conteúdos de cada

modalidade desportiva.

Ribeiro (1999) entende a avaliação como um processo que tenta

acompanhar o progresso do aluno ao longo do seu processo de aprendizagem,

identificando o que já foi alcançado e pretendendo encontrar as melhores

soluções para as dificuldades sentidas, podendo-se reformular o ensino e

aumentar a sua qualidade. Assim, a avaliação incide sobre o desempenho do

aluno e até sobre o plano de ação do professor, estando intrinsecamente ligada

ao processo pedagógico.

Segundo Rink (1993, p.227), a “avaliação é o processo de recolha de

informações para fazer um julgamento sobre produtos e processos numa

situação de aprendizagem”.

Para Vickers (1990), a avaliação pode ser consumada como análise e

como classificação. A análise é a recolha de informação válida e de confiança

para se atingir melhoramentos na performance, requerendo informações válidas

e de confiança, que englobam as variáveis de processo do professor e dos

alunos. Os resultados destas variáveis descrevem a performance no final de uma

unidade ou a alteração de comportamentos como resultado de uma experiência

de aprendizagem.

Relativamente, a avaliação foram vários os tipos utilizados. Os critérios

que correspondem as mesmas para a área disciplinar de Educação Física foram

definidos pelo subdepartamento de Educação Física, bem como as

competências a atingir de acordo com o currículo nacional, aferidos e aprovados

pelo Conselho Pedagógico, constituindo referenciais comuns a todos os

docentes do agrupamento. Isto torna a avaliação interturmas mais íntegra e

justa.

Em função da finalidade da avaliação, são considerados três tipos: uma

aferição que permite a organização inicial do Processo Ensino-Arendizagem,

uma averiguação do processo e o controlo sobre se os alunos atingiram os

48

objetivos inicialmente propostos. A avaliação assume um foco central no

processo de ensino-aprendizagem, uma vez que permite ao professor situar o

nível de desempenho dos alunos; os seus conhecimentos e as suas atitudes,

retirando daqui informações para a sua própria atuação.

4.1.3.1. Avaliação Diagnóstica

Segundo Ribeiro (1999), a Avaliação Diagnóstica tem como propósito

aferir as posições dos alunos face a novas aprendizagens, que lhes vão ser

apresentadas, e a aprendizagens anteriores, que lhes servem de base. A mesma

é de extrema importância, pois tal como refere Bento (2003, p.164):

“ (…) Sem se elaborar e ter em atenção o plano anual, e o plano da

unidade temática, sem se analisar e AVALIAR o ensino anterior, não

se pode falar propriamente de preparação das aulas”.

A Avaliação Diagnóstica tinha como principal objetivo, fornecer

informações sobre os níveis iniciais de desempenho dos alunos numa dada

matéria, sendo um ponto de partida para a elaboração das Unidades Didáticas.

Os dados recolhidos conduziam a tomadas de decisão através de uma

adaptação do ensino às caraterísticas e níveis dos alunos, como a adoção de

estratégias de diferenciação pedagógica e de adequação ou reformulação do

planeamento. Assim, este tipo de avaliação realizou-se no início do ano letivo

para algumas matérias e na primeira aula da Unidade Didática para outras.

Procedi à construção de grelhas de Avaliação Diagnóstica (Anexo III) para

cada matéria a abordar, baseando-me nos conteúdos programáticos definidos

pelo subdepartamento de Educação Física para o 8º ano.

O registo da avaliação era realizado de forma direta na grelha, através de

situações de sequências (técnica) e jogo (técnica e tática), consoante as

matérias. A cada critério correspondia um nível de desempenho, através de

níveis de 1 a 5 onde 1 (não executa) e 5 (executa). Posteriormente, era atribuído

a cada aluno, com base na avaliação obtida em cada critério, a classificação de

nível: introdutório, elementar ou avançado.

Inicialmente, devido à inexperiência, foram cometidos alguns erros nesta

avaliação em determinados conteúdos. Pelo facto de observar mais critérios dos

49

que eram possíveis de avaliar. Para que a avaliação seja mais autêntica, a

avaliação final deve ser congruente com a inicial, quer nos conteúdos a avaliar,

quer nos critérios, quer no contexto e forma de jogo em que se desenrola.

Em suma, este processo de avaliação era realizado, para cada matéria,

um relatório de Avaliação Diagnóstica onde analisava os dados obtidos e

estabelecia objetivos e estratégias de atuação para as aulas. Assim, como

referido anteriormente, a Avaliação Diagnóstica constituía o ponto de partida

para a elaboração da Unidade Didática ao definir-se os objetivos

comportamentais terminais, a extensão e a sequência de conteúdos e as

estratégias de ensino.

4.1.3.2. Avaliação Formativa

Segundo Ribeiro (1999) a Avaliação Formativa “pretende determinar a

posição do aluno ao longo de uma unidade de ensino, no sentido de identificar

dificuldades e lhes dar solução”.

Segundo Bento (2003, p. 175), “Sem um trabalho de reflexão

suficientemente aprofundado não é possível a avaliação dos alunos”. Somente

através de uma atitude reflexiva se poderá usufruir da riqueza desta etapa, que

baliza o Processo Ensino-Aprendizagem. Já Rink (1993), refere que a avaliação

formativa é a avaliação que tenta aceder ao progresso em direção a um objetivo.

Os procedimentos da avaliação formativa são usados para fazer ajustes no

processo de aprendizagem.

A Avaliação Formativa decorreu como principais objetivos verificar se o

aluno estava a atingir os objetivos previstos sob forma de conceitos, habilidades

e atitudes, identificando as suas dificuldades, recolher informações que

permitissem adaptar a ação pedagógica. Contudo, nem sempre foi dado o devido

valor a este instrumento pelo facto de que alguns alunos necessitam de uma

abordagem mais próxima e atenta da sua aprendizagem. Esta tinha um carácter

contínuo, sendo realizada em todas as aulas através da observação.

Em suma esta avaliação, contemplou aspetos relativos aos conceitos

psicossociais, tais como pontualidade, assiduidade, comportamento e empenho

e a cultura desportiva (conhecimento das regras de segurança, do equipamento

50

e material e das componentes críticas dos vários conteúdos), por meio do

questionamento no decurso das aulas. Também os aspetos relativos ao domínio

motor eram tidos em conta, sendo observados os desempenhos dos alunos, de

forma a verificar a direção do processo de aprendizagem e adaptar os objetivos

caso necessário.

4.1.3.3. Avaliação Sumativa

Segundo Ribeiro (1999) a Avaliação Sumativa pretende ajuizar do

progresso realizado pelo aluno no final de uma unidade de aprendizagem, no

sentido de aferir resultados já recolhidos por avaliações de tipo formativo e obter

indicadores que permitam aperfeiçoar o processo de ensino. Assim, tem uma

função de classifição o seu objetivo é atribuir uma nota definitiva, tendo por base

os níveis de aproveitamento que foram anteriormente estabelecidos, ao sumariar

o desempenho de um determinado aluno, num conjunto de objetivos de

aprendizagem (Arends, 1997).

Esta avaliação tinha como principal objetivo aferir a progressão dos

alunos e avaliar as suas aprendizagens durante a Unidade Didática, atribuindo-

lhes uma classificação quantitativa. Rink (1993) acrescenta, dizendo que a

avaliação sumativa mede o grau de objetivos que foram alcançados, e é

realizada na conclusão de uma aula ou unidade de ensino.

Arends refere que:

“As avaliações sumativas traduzem-se em esforços para utilizar a

informação sobre os alunos ou programas após um conjunto de

atividades de instrução ter ocorrido. O objetivo deste tipo de avaliação

é sumariar o desempenho de um determinado aluno, grupo de alunos

ou professor, num conjunto de metas ou objetivos de aprendizagem.

A informação obtida através das avaliações sumativas é a que os

professores utilizam para determinar as classificações e as

informações enviadas aos alunos e seus pais” (1997, p.229).

Para a avaliação final o subdepartamento de Educação Física, em reunião

definiu, para a avaliação sumativa, as seguintes percentagens para o 3º ciclo:

25% atitudes (interesse/empenho, responsabiliddae/assiduidade, relações

51

interpessoais, atitude crítica e autonomia); 20% conhecimentos (trabalhos e

testes); 55% domínio da prática dos exercícios físicos subdividido: 40% para as

atividades físicas e 15% para a aptidão física.

Os resultados da Avaliação Sumativa foram registados numa grelha de

Avaliação Sumativa através da atribuição de um nível de desempenho, de

acordo com uma escala 1 a 5 onde 1 (não executa) e 5 (executa muito bem),

onde:

1. Corresponde aos alunos que nunca realizam a ação motora;

2. Corresponde aos alunos que a realizam com muitas dificuldades e não

cumprem minimamente as suas componentes críticas;

3. Corresponde aos alunos que a realizam com dificuldade e que cumprem

minimamente as suas componentes críticas;

4. Corresponde aos alunos que a realizam bem e regularmente, cumprindo

quase sempre as suas componentes críticas;

5. Corresponde aos alunos que realizam muito bem a ação motora e que

cumprem todas as suas componentes críticas.

Relativamente às aulas de Avaliação Sumativa, apresentou sempre o

formato normal das aulas de Educação Física.

O registo da Avaliação Sumativa dos aspetos relativos às competências

motoras realizou-se de forma direta na grelha, através da observação dos

elementos técnicos e táticos (ofensivos e defensivos) que compunham os

objetivos propostos a alcançar e que os alunos deveriam realizar com sucesso

no final da Unidade Didática, em situação de sequência ou de jogo. Estes

momentos de avaliação não eram simples de observar ou ter certezas, isto

porque, nos momentos de observação nem sempre eram observados “duas”

execuções iguais em diferentes momentos.

Em complementação das avaliações práticas, para a atribuição do nível

final, foram realizado: um trabalho teórico no primeiro período e um teste teórico

no segundo período, estes visavam a aferição dos conhecimentos dos alunos.

Quanto ao trabalho foi definido pelo subdepartamento de Educação física

designado: “Estilos de vida ativos”. Para o mesmo formulei uma ficha com os

52

parâmetros que se pretendiam na sua construção para transmitir aos alunos

como deviam proceder a construção do trabalho de grupo.

Para a construção do teste, optei por um esquema de teste, baseado

sobretudo em escolhas/opções múltiplas. Segundo Arends (1997, p.242-243), os

testes de “verdadeiro-falso, escolha múltipla e preencher espaços vazios

constituem exemplos de itens de teste (...) que permitem abranger mais tópicos

ensinados, e podem ser fácil e objetivamente classificados (...) Também, se

apropriadamente redigidos, os itens de escolha múltipla podem avaliar alguns

tipos de raciocínio de ordem superior e de competências analíticas.”

Para finalizar este processo de avaliação, era produzida, para cada

matéria, uma reflexão de Avaliação Sumativa. Daqui foram recolhidas

informações sobre os objetivos efetivamente atingidos, ao comparar os

resultados perspetivados e os realmente alcançados, tornando-se esta avaliação

muito importante para reformular e avaliar a eficácia do processo de ensino –

aprendizagem.

Uma outra avaliação que necessitei de fazer, intitula-se de “Avaliação

alternativa”. A mesma foi elaborada para os alunos que não faziam aula por

motivos de doença, lesão ou outro aspeto impeditivo. Assim, era-lhes pedido que

realizassem tarefas de apoio ao professor, que participassem destes nas

atividades da aula em diferentes papéis (auxiliar do professor, entre outros) e

que realizassem trabalhos escritos sobre as modalidades ensinadas.

Em suma, um facto importante foi que “sempre” consegui ser “isenta”

quando avaliava e classificava o trabalho dos discentes. No entanto, e como

Arends (1997) defende na sua obra, todo este processo padece de subjetividade

por parte do professor, e então quando se trata de avaliar um gesto técnico ou

uma atitude comportamental, essa torna-se um pouco mais acrescida.

4.1.3.4. Autoavaliação

A Autoavaliação foi realizada no final de cada período e é fundamental

para o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que esta permite que cada

aluno se autoavalie de acordo com o que considera ter sido a sua evolução e o

seu desempenho ao longo de cada período e do ano letivo. Relativamente ao

53

primeiro momento em que a turma realizou a autoavaliação, este acabou por se

tornar um momento muito importante, uma vez que pude perceber o que cada

um pensava do seu desempenho ao longo do período perante a reflexão

introspetiva do seu percurso. Esta análise das avaliações por um lado foi

reconfortante ao verificar que parte dos alunos tem consciência do seu trajeto e

dos objetivos a desenvolver ao longo do período bem como dos critérios de

avaliação, por outro lado, é notório o desajuste da realidade, da leitura ao seu

desempenho.

4.2. As Aulas de “45 Minutos” que Voam...

Planear aulas de 45 minutos traduz-se numa grande complexidade em

termos de tempo horário, condições ambientais, a colocação da aula no horário

do aluno. Ou seja, são todos eles os aspetos que o professor deve ter em

atenção no planeamento. Inicialmente estas aulas para mim não faziam grande

sentido isto porque, na minha prespetiva num instante se iniciava como dava por

termina. No final sentia que os alunos não aprendiam nem mesmo eu transmitia

o conteúdo planeado para aquela aula em específico. Com o passar da

experiência em conversa/debate com o professor cooperante estas aulas

começaram a fazer sentido. Comecei a planear/refletir o conteúdo (objetivo) da

aula como um todo. Ou seja, a parte inicial aliada à parte fundamental tinham de

estar interligadas.

Estas aulas foram lecionadas em dois terços do pavilhão, condição

aceitável, porém, carecia de flexibilidade da minha parte por ter alunos muito

diferentes facto que, necessitava de diversificadas estratégias para alcançar o

objetivo da aula. Por outro lado, necessitava de um olhar atento nos alunos mais

“rebeldes”.

Se tivermos em conta o regulamento interno, este confere ao aluno 5

minutos de tolerância à entrada e a saída 10 minutos antes para o banho, fica

difícil justificar a exitência de uma aula de Educação Física com 30 minutos úteis.

Se ainda se referir o tempo de instrução e organização/transição de exercício, o

tempo potencial de aprendizagem fica reduzido a 15/20 minutos. No entanto, se

a aula for bem estruturada e eficiente, é possível trabalhar o objetivo definido.

54

Como referido anteriormente este conhecimento não estava ainda consolidado,

acabava por ser mais difícil trabalhar o objetivo da aula de forma eficaz. Se não

houver uma ligação entre o aquecimento e a parte fundamental da aula o

trabalho é muito vago e a aprendizagem reduzida.

As aulas de 45 minutos foram um grande desafio há minha capacidade de

planeamento, de gestão do tempo e à minha capacidade de me centrar no

essencial de cada sessão. Alertaram-me particularmente para a necessidade de

planear cuidadosamente a minha instrução de modo a que o tempo de sessão

fosse quase exclusivamente de empenho motor. A instrução nem sempre foi a

mais correta devido a lacunas em algumas modalidades que não dominava.

Neste sentido destaco a modalidade de Andebol em que a linguagem utilizada e

a transmissão dos conteúdos nem sempre foram as mais adequadas nas

situações de aprendizagem. Contudo, ao longo da unidade didática foi tentando

moldar esta situação para que a aprendizagem dos alunos não fosse

prejudicada.

Em suma, foi difícil planear estas aulas mas senti que fui evoluindo ao

longo do ano letivo. Que posso trabalhar de diversas formas os objetivos para

obter resultados com sucesso.

4.3. Como Lidar com a Previsível “Heterogeneidade Motora” dos Alunos

A escola tem como finalidade desenvolver ao máximo as potencialidades

de cada aluno, devendo proporcionar um conjunto de oportunidades

educacionais adequadas às suas habilidades e capacidades de aprendizagem.

“Todos diferentes, todos iguais” é uma máxima que se integra neste

contexto pois, apesar de a educação ser um direito comum, todos os alunos são

diferentes, logo, para haver qualidade no ensino, deve-se atender às

necessidades e caraterísticas de cada um, encontrar meios para ensinar todos

os alunos, independentemente das suas necessidades físicas, mentais,

psicológicas e sociais.

Segundo Mesquita (2003, p. 26), “as necessidades de cada um dos alunos

têm de ser contempladas, na medida em que a única forma de atender

55

verdadeiramente à igualdade de oportunidades entre indivíduos é equacionar as

diferenças de cada um”.

Nesta primeira experiência como docente deparei-me com a realidade da

“heterogeneidade motora”, uma vez que, a minha turma apresentava diferenças

significativas relativamente às suas habilidades motoras, verificadas logo após

as primeiras avaliações diagnósticas.

“ (...), a turma está centrada, maioritariamente, no nível introdutório e intermédio.

É incrível constatar esta realidade uma vez que estes alunos já contactaram diversas

vezes com a modalidade, (...). Esta aula foi vital para poder perceber que deverei

procurar organizar os grupos de forma homogénea, formando grupos com

competências motoras iguais/semelhantes entre si: nível avançado, nível elementar, e

nível introdutório.” (Reflexão da Avaliação Diagnóstica de Ginástica de Solo)

“(...), após uma avaliação introdutória... 15 alunos se situam no nível elementar

com algumas diferenças entre eles e os restantes estão no nível introdutório. Após esta

observação inicial, posso afirmar que a turma no geral está num nível razoável, irei

trabalhar de forma a que os de nível inferior cheguem ao nível elementar e os do

elementar cheguem ao nível avançado. ” (Reflexão da aula nº 42 e 43)

Neste cenário as dúvidas começavam a surgir com alguma frequência:

Como conseguir ajudar os alunos no seu crescimento a nível motor e

psicológico? Como organizar a turma ou os grupos? Instruir para a turma ou,

individualmente, para cada grupo?

Foi necessário ter em conta toda a planificação. Segundo Bento:

“O desenvolvimento de meios de programação dos processos de

ensino e aprendizagem apresenta, como uma caraterística essencial,

a tentativa de individualização, de influenciar a atividade de cada

aluno. Este aspeto ignora, por vezes, a necessidade de se chamar a

atenção para o perigo de um empobrecimento das relações coletivas

entre os alunos” (2003, p. 51-52).

Muitas foram as situações que ao longo deste ano letivo merecem

destaque, discussão e reflexão entre mim e o professor cooperante, numa

tentativa de ajustar devidamente as situações de aprendizagem aos níveis de

desempenho apresentados pela turma.

56

“ (...), colocá-lo em prática e avaliar se este está a decorrer como o esperado ou se é

necessário no momento reajustá-lo consoante o nível dos alunos”. (Reflexão da reunião

de núcleo com o professor cooperante 30.10.2014)

“Diferenciação dos alunos por níveis em todas as modalidades. Delinear objetivos para

cada nível e posteriormente criar estratégias adequadas aos níveis para a sua evolução.

Lançar desafios aos alunos mais avançados para que evoluam na sua aprendizagem e

não fiquem retidos sempre nos mesmos elementos quando já apresentam caraterísticas

para evoluir”. (Reflexão da reunião de núcleo com o professor cooperante 13.11.2014)

Assim, os planeamentos nem sempre foram fáceis de construir, ao longo

deste processo, pela diversidade motora apresentada pela minha turma. Em

diversas situações, o trabalho planeado nem sempre surtiu o efeito desejado,

sendo necessário adotar novas estratégias, no momento de aplicação, que se

“encaixassem” na resolução do problema.

Deste modo, era necessário encontrar novos desafios para que os alunos

mais capacitados pudessem continuar a superar-se e, por outro lado, equilibrar

as exigências das tarefas para os alunos menos dotados, estimulando-os a

ultrapassar as dificuldades.

A existência de um ambiente harmonioso de aprendizagem foi o foco

destas minhas preocupações. Uma das soluções aplicadas passava por agrupar

os alunos, em função das suas capacidades, garantindo um ensino mais

individualizado, mais rico e mais desafiante para cada aluno/grupo, numa

perspetiva de constante aprendizagem, evolução.

Este trabalho nem sempre foi de fácil aplicação, principalmente nos jogos

coletivos, isto porque a turma apresentava dois patamares muito distintos, não

havendo um meio-termo entre os níveis de desempenho dos alunos. Alguns

tinham tantas dificuldades que aparentavam não ter vivências anteriores nas

diferentes modalidades; outros encontravam-se num nível avançado, dominando

os conteúdos a lecionar. Nas modalidades individuais este planeamento tornava-

se um pouco mais “simples” pois diferenciava a complexidade das tarefas

(elementos ou sequências) e os alunos podiam progredir ao seu próprio ritmo.

57

Para um professor inexperiente deparar-se com esta realidade é um

“choque”, uma vez que não está preparado para dar respostas a todas as

necessidades que a turma exige.

Segundo Bento:

“A “integração” circunscreve a ideia de manutenção ou reposição de

âmbitos de vida e aprendizagem comuns a pessoas “normais” e

“especiais”, com a preocupação de alargar as possibilidades de

desenvolvimento de todos. Recusa, por isso, as ideias de isolamento,

de separação, de criação de ghettos, subentendendo, pelo contrário,

um processo de aceitação e adaptação recíproca” (1995, p.178).

Na minha opinião, considero importante, a fusão dos níveis de

desempenho, privilegiando o trabalho em grupos heterogéneos pois, nestas

situações, os alunos menos aptos têm a possibilidade de vivenciar o jogo de

forma autêntica, mais próxima da realidade, aquando das modalidades coletivas.

Por outro lado, considero que ao trabalhar com diferenciação de níveis

consegue-se um maior desenvolvimento de competências motoras, tendo

sempre em atenção que os objetivos definidos vão ao encontro das reais

capacidades dos alunos (nem demasiado fáceis, nem demasiado difíceis),

aumentando-se, assim, as oportunidades de aprendizagem.

Ao longo das aulas, este trabalho decorreu de forma progressiva, uma vez

que em determinados momentos sentia que a fusão dos grupos era uma mais-

valia para a aprendizagem – os alunos mais avançados contribuíam para a

evolução dos colegas com menor capacidade, e outros momentos em que a

separação era fundamental, mesmo sendo complicado gerir com tanta atenção

as tarefas de cada grupo:

“ (…) senti alguma dificuldade em ajudar e observar todos os alunos, sendo visível

uma maior atenção nos alunos com menores competências motoras, pelo facto de estes

necessitarem mais da minha ajuda para realizar as competências básicas pois

apresentam caraterísticas de insegurança para a concretização das tarefas solicitadas,

já os alunos com maior capacidade desportiva executam bem os elementos, sendo

necessário a minha ajuda para os conteúdos mais diíceis, em termos de segurança”.

(Reflexão de aula n.º 31)

58

Assim sendo, o processo de ensino-aprendizagem não deve estar

exclusivamente centrado na obtenção de resultados e é fundamental que este

promova o desenvolvimento de outros valores, contribuindo para o crescimento

do aluno a todos os níveis: motor, social, cultural. Este método torna a

intervenção mais cuidada.

A organização por níveis permite aos alunos evoluírem de acordo com as

suas reais capacidades. Se esta separação não existir poderá colocar em causa

a aprendizagem do aluno como um só. Esta separação é vantajosa uma vez que

facilita o ensino, tornando possível uma maior participação de todos os alunos.

Surgem assim oportunidades de igualdade para a aprendizagem e mantêm-se

os alunos no ensino com interesse e motivação, uma vez que não sentem que

estão a ser prejudicados nem que o seu ritmo de aprendizagem está a ser

reduzido ou aumentado. Como refere Bento (2003), o professor deve adotar

medidas de diferenciação no ensino, evitando o atraso crónico de alguns alunos.

Neste sentido, a estratégia que utilizei foi a divisão dos níveis de

desempenho por situações de aprendizagem adequadas a cada nível. Durante

a planificação, selecionei uma série de exercícios adequados aos níveis em

questão e que ao nível da organização fossem aplicáveis.

“Citando Bento, o professor deve considerar o modo como o outro lado se

comporta. E que um dos problemas do ensino – mais precisamente do seu sucesso –

seja, o de manter permanentemente aberto ao interesse e empenhamento de todos os

participantes. Nesta disciplina tenho imagens critério e todos os alunos têm de as

concretizar com uma aprendizagem mais rápida ou com necessidades de mais tempo

para a aprendizagem. Contudo, apresento um leque de diversas figuras para que os

alunos mais evoluídos consigam estar sempre em empenho motor e em evolução

mesmo que os alunos menos evoluídos não cheguem a esse patamar”. (Reflexão da

aula nº 58 e 59)

No entanto, estas estratégias nem sempre resultaram consoante as

matérias de ensino lecionadas. Principalmente nas matérias de ensino em que

o conhecimento é menor há dificuldades acrescidas em selecionar exercícios

que servissem os objetivos da aula e que fossem ao encontro dos diversos níveis

de desempenho da turma. A seleção dos exercícios foi uma tarefa bastante

59

minuciosa pois, para além de atender aos objetivos da aula, procurava exercícios

que pudesse adaptar aos vários níveis cumprindo a mesma organização.

Mesquita (2011, p. 31) referiu que “a inclusão dos alunos menos dotados,

com piores níveis de prestação motora, por exemplo, exige a criação de

condições que permitam prática acrescida, mais instrução, tarefas mais bem

estruturadas, mais encorajamento e atenção individualizada”. De facto, foi um

grande desafio, que mobilizou saberes e fazeres para atuar da melhor forma,

possibilitando uma educação de qualidade para todos.

Contudo, o importante para qualquer professor competente deve ser o

sucesso educativo, considerando os aspetos que deem continuidade, tendo em

conta os níveis, o seu progresso ao longo do ciclo, o ambiente a que está

habituado para que disso resulte no contínuo sucesso do aluno na

aprendizagem.

Ainda dentro desta linha de pensamento, Bento (2003, p. 33) ressalta que

muitas “vezes uma aula bem preparada do ponto de vista material e organizativo,

com objetivos e instruções para a atividade dos alunos claramente formuladas,

não leva aos resultados previstos”. Fundamentando que “no decurso da aula

constata-se uma discrepância entre as exigências da tarefa e o estado concreto

de desenvolvimento dos alunos; estes não possuem os pressupostos

necessários para aquele grau de exigências”. Para que os alunos obtenham

resultados elevados é necessário ler/avaliar, o nível concreto dos seus

conhecimentos e capacidades que apresentam nas aulas.

Exemplo disso foram as aulas de ginástica, a sua abordagem através de

estações, o trabalho por níveis foi incluído.

“ (…) para os alunos do nível introdutório, em cada estação, propunha a realização

de outros elementos/situações de aprendizagem concretizáveis de acordo com o nível

de desempenho e de forma a contribuir para a evolução (...) a evolução de alguns alunos

nos conteúdos abordados nos aparelhos como é o caso do grupo A (...) executam,

contudo, ainda apresentam alguma falta de resistência (força) para a realização da

sequência dos elementos transparecer elegante. No grupo B, as principais dificuldades

são a falta de força para conseguirem manter-se na barra fixa. O grupo C executa os

elementos em situação de aprendizagem analítica e no grupo D, devido às constituições

60

físicas e competências motoras, há uma menor eficiência e eficácia na realização

correta dos elementos. (Reflexão da aula n.º 78).

Nas aulas de Voleibol, houve a necessidade, de definir uma estratégia

que favorecesse o desempenho de todos os alunos:

“ A turma foi dividida por níveis, ou seja, existiam alunos a trabalhar em situação

de 4x4 e os alunos a exercitar o 3x3 e o 2x2, consoante o nível técnico-tático em que

estavam classificados. Após perceber o nível em que estes se encontravam, houve a

necessidade de determinar o tipo de exercícios adequados a esse nível. Daí termos a

turma a realizar atividades diferentes, sendo que esta organização será a mesma até à

aula de avaliação.” (Reflexão da aula 48)

Desta forma, a análise dos conhecimentos, das capacidades, das

habilidades e das atitudes dos alunos para com a aprendizagem, do grau de

disciplina e de atuação coletiva e do estado de desenvolvimento do pensamento

e da capacidade de aprendizagem constitui por isso uma tarefa principal para o

estabelecimento da estratégia do professor (Bento, 2003).

Citando Mesquita:

“Do ponto de vista das atitudes, importa desenvolver a ideia da

necessidade imperiosa de criar um ambiente de aprendizagem, na

aula de Educação Física, efetivo e aberto a todos os estudantes e

praticantes cujas habilidades caem fora do nível geral ou cujas

referências culturais diferem das do grupo maioritário, procurando

criar um ambiente onde todos possam alcançar o seu máximo

potencial” (2011, p. 29).

Dentro destas categorias transdisciplinares: conceitos psicossociais e

cultura desportiva, a turma não apresenta diferenças significativas.

Resumindo, a “heterogeneidade motora” da turma implicou a procura de

estratégias que respondessem à necessidade dos alunos. Considero que a

procura, através da reflexão crítica, me levou a seguir caminhos de sucesso mas

nem sempre da forma mais adequada. Apesar disto, tenho a consciência de que

o resultado nesta turma pode não ser eficaz numa outra turma com caraterísticas

semelhantes, sendo importante a constante procura de estratégias adaptadas

61

que resultem no contexto. No entanto, acredito que quando nos confrontamos

com “heterogeneidade motora” não esquecendo de que estas diferenças

acarretam aspetos bastante positivos. Considero que a evolução dos alunos

possa derivar da divisão por níveis de desempenho, mas acredito que a não

divisão em certos momentos de aula/ exercícios também possibilite a evolução

dos mesmos. Para além disto, a não divisão permite criar um ambiente bastante

positivo de ajuda mútua um aspeto determinante para o desenrolar das aulas.

4.4. A Experiência Noutro Nível de Ensino – 2º Ciclo

A vivência de lecionar durante um período de tempo uma Unidade

Didática ao 2º ciclo, mais concretamente no 6ºano de escolaridade, revelou-se

enriquecedora. Neste nível de ensino os alunos apresentam-se receptiveis para

aprender de uma forma satisfatória o que lhes é transmitido.

Nesta curta experiência de lecionação no segundo ciclo a aula foi sempre

uma preocupação e ao mesmo tempo um enorme desafio. Uma preocupação

porque como estudante, a aula é um momento importante, uma vez que dela

resultam todas as intenções, objetivos, sonhos acerca do papel da educação que

se concretizam devido à necessidade de se conduzir de forma eficaz respeitando

as tarefas e as diferentes estratégias de intervenção. Para conseguir ser eficaz

e por conseguinte, fazer com que os alunos evoluam é imperativo respeitar a

instrução, a gestão, o clima e a disciplina da aula. As tarefas de observação e de

reflexão foram deveras importantes nesta atuação para detetar os meus erros e

as minhas necessidades para potencializar as minhas qualidades na

transmissão de saberes aos alunos.

A observação e avaliação formativa é um instrumento que diagnostica as

aptidões e as dificuldades dos alunos bem como a organização dos conteúdos

de acordo com os níveis de desempenho. Assim, as tarefas desenvolvidas foram

seguidas de uma avaliação aula após aula com a ajuda do professor responsável

pela turma de modo a que o desenvolvimento e a seleção de critérios que

acompanham todo o processo de ensino-aprendizagem proporcionassem aos

alunos o sucesso ans aulas.

62

Nesta turma que lecionei, foi visível a coloboração mútua nos diferentes

exercícios, a ajuda que os alunos mais avançados prestavam aos colegas menos

dotados na modalidade para existir mais “competição nas mesmas”. Assim,

conseguia que existisse maiis tempo de exercitação, mais empenhamento motor

e menos tempo de espera. O que ao longo das aulas permitiu trabalhar de forma

mais insistente com os alunos com mais dificuldades na modalidade e assim

aumentarem os seus conhecimentos sobre a modalidade de Basquetebol.O

conhecimento da matéria é fundamental para o tornar claro para os alunos,

proporcionando desta forma uma compreensão e assimilação mais fácilitada.

Nesta abordagem não assumi que o nível inicial seria o meu ponto de

partida uma vez que já tinham alguma prática nesta modalidade com o professor

da turma por isso, prossegui o seu trabalho. Ao longo desta experiência cometi

alguns erros que merecem a minha atenção para futura correção tanto a nível

do conhecimento pedagógico que não estava ajustado à realidade, na instrução

inadequada, uma vez que trabalhar os conteúdos iniciais referentes à

modalidade. Algumas vezes não tive o cuidado de intruir de forma mais

simplificada. Para solucionar estes problemas tive a necessidade de pesquisar

assiduamente, e num leque alargado de documentação, informações que me

ajudassem a resolver este problema, por outro lado, os diálogos travados com a

professor responsável da turma ajudaram a direcionar o ensino na direção

correta.

Nesta abordagem não parti do nível inicial dos alunos uma vez que estes

já tinham alguma prática nesta modalidade com o professor responsável pela

turma e prossegui o trabalho do mesmo. Dentro desta experiência cometi alguns

erros que carecem da minha atenção e de futura correção, ao nível do

conhecimento pedagógico do conteúdo que não estava ajustado à realidade, na

instrução adequada ao nível dos alunos, uma vez que têm de trabalhar os

conteúdos iniciais referentes à modalidade e por vezes não tive o cuidado de

formular a instrução de forma mais simplificada. Para colmatar estes incidentes,

tive a necessidade de procurar intensamente, e num leque alargado de

documentação, informações que me ajudassem a resolver este problema, por

63

outro lado, os diálogos travados com a professor responsável da turma ajudaram

a direcionar o ensino na direção correta.

Em relação ao clima aula e ao nível psicossocial, (…) a exposição dos

diferentes conteúdos foi feita de forma bastante dinâmica, a intervenção dos alunos era

constantemente solicitada. A colocação de questões acerca dos conteúdos

desenvolvidos revelou-se uma boa estratégia para desinibir os alunos para participarem

ativamente nas aulas. Deste modo, conseguimos estabelecer uma interação professor-

aluno e aluno-aluno bastante saudável, no sentido de todos se sentirem livres para

expor e fundamentar as suas ideias e para concordarem ou discordarem das ideias de

outrem, sem receio da repreensão dos restantes presentes, para uma evolução nas

suas aprendizagens.” (Reflexão 2º ciclo 19.03.2015)

4.5. Entre o Processo Pedagógico e o Processo Burocrático

Relativamente à contextualização do trabalho em grupo, os professores

têm plena consciência de que existem turmas completamente distintas: turmas

trabalhadoras, distraídas, faladoras, conflituosas e outras com uma percentagem

de diversos comportamentos. Por estes motivos, o professor deverá conhecer

muito bem o grupo para conseguir exercer uma ação de aprendizagem de

sucesso.

Assim, após a identificação dos métodos de trabalho da turma (as atitudes

menos positivas entre a turma; a negação de trabalho em conjunto; a rejeição

entre alunos), foi necessário refletir as causas de todas essas reações.

Após pesquisas e conversas com a professora orientadora, de como

poder interpretar e resolver estas atitudes por parte dos alunos, chegamos à

conclusão de que seria útil a aplicação do teste sociométrico e de perçeção

sociométrica para a melhoria do ensino-aprendizagem nas aulas de Educação

Física.

Prossegui a pesquisa de como aplicar o mesmo e que vantagens

poderiam surgir da sua aplicação para as aulas de Educação Física. Posto isto,

preparei todos os procedimentos para o colocar em prática, seguindo os passos

de implementação do mesmo. Contudo, o tempo foi passando e não obtive

autorização por parte da Direção da Escola (procedimentos burocráticos que me

ultrapassam), impossibilitando-me de cumprir com o estabelecido.

64

Mesmo que esta autorização tivesse acabado por chegar, do ponto de

vista pedagógico já não existia interesse na sua aplicação, uma vez que era

necessário algum tempo para poder trabalhar os resultados e, posteriormente,

poder analisar se as primeiras respostas dadas pelos alunos se iam mantendo

com o avançar do tempo.

Muitas destas rejeições devem-se aos excessos que se vão cometendo

ao longo dos anos, excessos que desgastam, que moem e que, no final,

constituem redundâncias profundamente desnecessárias. Daí o corte das

autorizações para implementação de questionários entre outros.

Na minha opinião, esta burocracia de implementação do teste deveria ser

pedagógica e direcionada para o docente e não administrativa, visto que o teste

é anónimo e dá ao professor informações acerca das ligações/interações entre

os alunos da turma e que, possivelmente, levará a uma aprendizagem mais

eficiente e eficaz. Ou seja, as decisões que deveriam ser pedagógicas/didáticas,

uma vez que o professor é que observa os problemas da prática, continuam a

prevalecer como burocráticas e a ser fomentadas pela passagem de decisões

administrativas mas não deveria ser assim, sob pena de passarmos a ser meros

instrumentos e de deixarmos de ser intervenientes.

Se pensarmos bem, se o documento não fosse intitulado de

“Questionário”, provavelmente não necessitaria desta autorização para ser

implementado, uma vez que o professor tem o “direito” de avaliar os seus alunos

através dos mais diversos “testes motores”, por exemplo.

Em suma, é essencial que mudemos de paradigma, mas para isso as

mentalidades devem mudar e essa mudança não passa pelos sindicatos de

professores, nem pelos governantes. Passa exatamente por nós, profissionais

do ensino que nos deixamos instrumentalizar e que aceitamos as mudanças para

pior em vez de ser para melhorar o ensino dos nossos alunos.

4.5.1. Teste sociométrico e de Perceção Sociométrica

O teste sociométrico é um instrumento que fornece indicações sobre a

vida interna dos grupos, assim como sobre a posição e o papel de cada indivíduo

nesse grupo. É um teste de aplicação simples e consiste num questionário onde

65

é pedido a cada elemento do grupo que indique os colegas com quem gostaria,

ou não, de se associar em diferentes situações.

Contudo, o teste sociométrico apresenta algumas limitações: os dados

recolhidos não nos permitem extrapolar sobre o que serão os mesmos indivíduos

noutros grupos, para além de que as respostas obtidas podem variar muito com

o decorrer do tempo; por vezes surgem acontecimentos que influenciam as

respostas dos indivíduos mas, passado algum tempo, com novas ocorrências no

seio do grupo, os resultados poderão ser muito distintos.

Ainda assim, pela simplicidade da sua aplicação e pelas informações

importantes que o teste revela, é uma ferramenta eficaz para compreender o

funcionamento de um determinado grupo.

O teste foi construído da seguinte forma: formulação de três critérios,

englobando questões de preferência, rejeição e perceção sociométrica, onde era

permitido a cada aluno indicar três preferências por critério:

Grupa A – Preferências:

1. Qual ou quais dos teus colegas escolherias para se sentar ao teu lado?

2. Qual ou quais dos teus colegas escolherias para a tua equipa?

3. Qual ou quais dos teus colegas escolherias para uma saída num evento

desportivo?

Grupo B - Rejeições

4. Qual ou quais dos teus colegas não gostarias que se sentasse (m) ao teu

lado?

5. Qual ou quais dos teus colegas não gostarias que fosse (m) da tua

equipa?

6. Qual ou quais dos teus colegas não escolherias para uma saída num

evento desportivo?

Grupo C – Perceção das preferências:

7. Qual ou quais dos teus colegas pensas que gostaria (m) que te sentasses

ao seu lado?

8. Qual ou quais dos teus colegas pensas que gostaria (m) de te ter na sua

equipa?

66

9. Qual ou quais dos teus colegas pensas que te escolheria (m) para uma

saída num evento desportivo?

Grupo D – Perceção das rejeições

10. Qual ou quais dos teus colegas pensas que não gostaria (m) que te

sentasses ao seu lado?

11. Qual ou quais dos teus colegas pensas que não gostaria (m) para te ter

na sua equipa?

12. Qual ou quais dos teus colegas pensas que não te escolheria (m) para

uma saída à um evento desportivo?

4.5.1.1. Que informações fornece o Teste/Questionário

O teste sociométrico fornece dados que permitem obter todo um conjunto

de informações pertinentes para o professor.

Em primeiro lugar, pode verificar-se a posição social de cada elemento do

grupo/turma, quer em relação às preferências, quer em termos de rejeições. Uma

grande percentagem das escolhas concentra-se em alguns indivíduos,

repartindo-se uma parte restante sobre um maior número de elementos há ainda

alguns alunos sobre os quais não recai qualquer escolha.

Por outro lado, segundo Northway e Weld (1957), o teste sociométrico não

é somente um instrumento de diagnóstico individual, uma vez que possibilita o

estudo das relações interpessoais, ao permitir identificar preferências recíprocas

(relações de afinidade), rejeições recíprocas (relações conflituosas) e relações

de indiferença.

Este conjunto de informações é extremamente útil ao professor,

permitindo-lhe gerir as interações na aula, nomeadamente no estabelecimento

de grupos de trabalhos e na implementação de estratégias que visem ultrapassar

as clivagens existentes entre os alunos.

Toda a pesquisa/estudo que efetuei para compreensão da implementação

do Teste Sociométrico e de Perceção Sociométrica, e apesar de não ter feito a

sua aplicação, permitiu reconhecer mais facilmente as situações e agir em

conformidade e, por isso, achei pertinente fazer a abordagem a este teste no

presente relatório. AS observações das relações sociais da turma/grupo ao longo

das aulas foram sido manuseadas, incutindo valores para que todos sentissem

67

integrados no seio da turma. Os alunos “excluídos” por norma têm uma

personalidade e caraterísticas pessoais diferentes.

Perante os factos, no seguimento do longo do ano letivo, estive sempre

alerta para esse problema. Nas aulas, quer aquando da formação dos grupos,

quer na atenção prestada a esses alunos, quer nos diálogos estabelecidos com

os grupos/alunos, procurei sempre contribuir para ultrapassar as divergências,

de modo a criar-se um clima mais colaborativo na turma.

Esta pesquisa de aplicação do Teste Sociométrico e Perceção

Sociométrica permitiu-me tirar algumas ilações para o futuro.

Esta constante atenção obrigou-me a olhar de maneira diferente para as

relações sociais, para a forma como lidar/atuar, adquirindo novas competências,

numa área que até hoje era desconhecida. Este conhecimento enriquece o

professor de forma a conhecer a turma e a identificar eventuais problemas na

turma.

Numa turma, os alunos ditos “populares” podem facilitar a formação de

grupos pelo facto de poderem “chefiar” o seu grupo de trabalho e de fornecerem

alguma autonomia no trabalho que desenvolvem. Quanto aos alunos “excluídos”,

penso que não existirá uma fórmula de lidar com todos eles, porque não somos

todos iguais e as personalidades e caraterísticas são diferentes em cada

indivíduo com que nos deparamos ao longo da nossa caminhada.

Relativamente a este processo, apesar das tentativas de integração, não

houve grandes evoluções. Porém, no final do ano letivo, eram observáveis

algumas melhorias de comunicação, menos recusas da parte dos colegas em

trabalhar com estes alunos. A tomada de consciência do problema ao nível das

relações entre os alunos, foi determinante para que conseguisse atuar no sentido

de beneficiar as aulas.

4.6. Participação na Escola e as Relações com a Comunidade

A função de um professor na escola não se pode limitar só à lecionação

das aulas e à interação com os seus alunos. A sua integração na comunidade

escolar é também um fator que se reveste da maior importância na sua função

68

de educador, pois é impossível isolar a ação pedagógica dos universos sociais

que a envolvem (Nóvoa, 1992).

Segundo Matos (2014, p. 6) “Esta área engloba todas as atividades não

letivas realizadas pelo estudante estagiário, tendo em vista a sua integração na

comunidade escolar (…) um melhor conhecimento das condições locais da

relação educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio”.

Atendendo há minha maneira de ser, de estar e de agir, ou seja,

destemida e empenhada, considero ter alcançado uma boa relação com a

maioria dos elementos com quem contactei ao longo do Estágio Profissional. O

desenvolvimento pessoal e profissional que emergiu deste ano de estágio não

aconteceu de forma isolada, mas sim sob a alçada de uma relação com toda a

comunidade, principalmente com os dois Professores Cooperantes, os restantes

Estudantes Estagiários dos Núcleos de Estágio e um ou outro professor do grupo

de Educação Física que perante um pedido de ajuda se disponibilizaram para

ajudar.

Fazendo parte das tarefas impostas pelo regulamento (Matos, 2014),

cabe ao Estudante Estagiário acompanhar o Diretor de Turma e o Desporto

Escolar,propagando desta forma a importância do trabalho em grupo e da

cooperação quando se está envolvido num grupo de trabalho. Participei nas

diversas reuniões do seio escolar as mesmas proporcionaram-me

aprendizagens.

Participei em todas as reuniões do Departamento de Expressões e do

Grupo de Educação Física, normalmente realizadas às quartas-feiras à tarde,

em todas as reuniões de Conselhos de Turma da turma que lecionava e ainda

em todas as reuniões Gerais de Professores convocadas. Estas vivências

permitiram-me um maior conhecimento e uma maior integração na realidade

escolar, possibilitando-me ainda observar e aprender com a forma de ser, de

estar e de atuar dos diferentes intervenientes.Ou seja, as reuniões realizadas

tratavam os temas mais prementes na ordem de trabalhos do grupo,

nomeadamente no início do ano letivo onde se discutiam quais as modalidades

a abordar e em que ano de escolaridade. Por outro lado, ao longo do ano letivo

foram realizadas reuniões cujos pontos fundamentais consubstanciavam-se na

69

consecução e no cumprimento das planificações dos diferentes professores, o

plano anual de atividades, critérios gerais e especifífcos de avaliação,

procedimentos a adotar nas reuniões de avaliação final, análise global dos

resultados da avaliação sumativa.

Assim, estar presente nestas reuniões foi fundamental para que eu

pudesse perceber a dinâmica do grupo de educação física e os fatores que

estiveram na base de sustentação da tomada das diferentes decisões. Por outro

lado, o estar presente nestas reuniões foi um grande contributo e um grande

impulso para que eu, perante as diferentes tarefas da minha turma, tomasse

decisões concertadas e que fossem ao encontro das decisões tomadas nessas

diferentes reuniões.

4.6.1. A Direção de Turma: O elo de ligação entre a escola e a família

No início do estágio, acompanhamos as reuniões de direção de turma de

todas as turmas do professor cooperante.

No que diz respeito à complexidade do que é ser Diretor de Turma, apraz-

me referir que este é designado pelo Conselho Executivo e que desempenha ao

longo de todo o ano letivo uma função com contornos complexos e de uma

importância extrema.

Martins (2011) refere que existe uma enorme complexidade associada às

tarefas de Diretor de Turma, que é simultaneamente um Professor mas também

exerce um trabalho colaborativo servindo como interlocutor entre os

Encarregados de Educação, Alunos e a Escola (Professores e Administração).

Deste papel surgem tarefas associadas a cada um destes agentes no

processo de ensino-aprendizagem. São competências do Diretor de Turma o

que vem descrito no artigo 10º da portaria nº921/92 de 23 de setembro, por

exemplo: Conselho de Turma, a realização de ações conducentes à aplicação

do projeto educativo da escola, numa perspectiva de envolvimento dos

Encarregados de Educação e de abertura à comunidade; promover um

acompanhamento individualizado dos alunos; elaborar e conservar o processo

individual do aluno facultando a sua consulta ao aluno, professores da turma,

pais e Encarregado de Educação; assegurar a participação dos alunos,

70

professores, pais e Encarregados de Educação na aplicação de medidas

educativas decorrentes da apreciação de situações de insucesso disciplinar;

coordenar a elaboração do plano de recuperação do aluno decorrente da

avaliação sumativa extraordinária e manter informado o Encarregado de

Educação; presidir às reuniões de Conselho de Turma, com as seguintes

finalidades: colocar a cada professor, se necessário, questões trazidas pelos

alunos e/ou Encarregados de Educação, bem como deverá registar as

avaliações e informações que cada professor tem acerca de cada aluno.

O papel do Diretor de Turma revela a importância da interação entre a

escola – família para o sucesso educativo do aluno e para a resolução de

problemas, pois o contato frequente gera uma confiança, em ambas as partes,

muito benéfica para a realização de um trabalho conjunto. Para os pais e os

Encarregados de Educação, o contacto com o Diretor de Turma é um dos meios

disponíveis para a obtenção das mais variadas informações sobre o

desempenho escolar dos seus educandos e sobre todos os assuntos

relacionados com o contexto escolar, pois é um professor que coordena os

dados dos alunos e que frequentemente transmite essa informação aos

restantes professores do Conselho de Turma. O Diretor de Turma tem como

tarefas elaborar o dossie da turma, onde arquiva: os documentos legislativos e

normativos em vigor na escola do interesse dos alunos; os critérios de avaliação

das diferentes disciplinas; as atas de todas as reuniões do Conselho de Turma;

os testes sumativos das diferentes disciplinas; as fichas presenciais das reuniões

com os professores; as fichas presenciais das reuniões como os Encarregados

de Educação; o registo biográfico e todas as informações de cada aluno; os

contactos dos Encarregados de Educação e as justificações de faltas dos alunos.

Durante todo o ano letivo têm de abrir o livro de ponto, registar e justificar

semanalmente as faltas dos alunos; contactar com os Encarregados de

Educação no horário semanal de atendimento, através do telefone caso fosse

necessário devido à indisponibilidade do Encarregado de Educação. No meu

entender, as características que um Diretor de Turma deve possuir devem ser:

a responsabilidade, o cuidado, a vontade, o poder de comunicação, a boa gestão

de relações com os Encarregados de Educação, docentes e discentes, pois tem

71

a seu cargo um grupo heterogéneo de alunos, e a organização, pois existem

tarefas burocráticas que têm de ser semanalmente cumpridas.

O facto de ter acompanhado de forma muito geral as funções e as tarefas

inerentes ao papel de Diretor de Turma, posso afirmar que esta função deverá

ser exercida por aqueles professores verdadeiramente capazes e que tenham

espírito de missão, uma vez que esta função não é mais uma, mas sim uma

função fundamental, diria até que é um dos pilares do normal funcionamento do

sistema educativo e da relação escola-Encarregados de Educação, trazendo

cada vez mais os Encarregados de Educação à escola, até porque a educação

não se faz só com professores ou só com os Encarregados de Educação mas

sim com os pontos de convergência e com as pontes que se conseguem

estabelecer entre todos os intervenientes.Ou seja, nas funções da direção de

turma da minha turma, consegui compreender o papel deste agente na relação

com os pares, sob o ponto de vista administrativo e de gestão de relações

humanas. Para além disso, apercebi-me de que desempenha um papel fulcral

na resolução de problemas dos alunos bem como dos Encarregados de

Educação, pois é o primeiro agente educativo a quem eles se dirigem, na procura

de resoluções para os problemas.

4.6.2. O Desporto Escolar

O desporto tem de sair dos limites estreitos das aulas de Educação Física,

pois estas, por si só, não têm condições de responder a este desafio. Marques

menciona ainda a importância do Desporto Escolar:

“A aula de Educação Física é parte maior do desporto na

escola. Mas a promoção de uma verdadeira cultura desportiva na

escola passa por sair dos limites da aula de Educação Física e

explorar melhor as possibilidades do Desporto Escolar (2006, p. 145).

Relativamente à realidade encontrada na Escola Cooperante, penso que

apesar de termos excelentes condições humanas e materiais, o número de

participantes ainda é reduzido.

Apesar de não ter presenciado todas as modalidades que fazem parte do

desporto escolar presente na escola, companhei mais mais de perto o futsal

72

feminino e a ginástica acrobática e desde logo pude constatar os enormes

valores educativos evidenciados em cada sessão de treino. Foi possível verificar

o empenhamento, a motivação e o interesse que as alunas colocam em cada

tarefa que lhes é proposta. Por outro lado, verifiaquei a importância da atividade

de ensino e treino do Desporto Escolar enquanto processo dominante

pedagógico que pretende também a edificação nos alunos de estilos de vida

ativo e saudáveis, assentes numa prática desportiva regular que pode começar

na escola.

Carvalho (1987, p. 144) refere que “o desporto escolar só pode entender-

se numa perspetiva que nasça do próprio aluno servindo as suas necessidades,

respondendo aos seus interesses, não tendo outras justificações alheias à sua

função e significado”. Desta forma, o desporto escolar deverá estar adequado às

dificuldades e às exigências dos alunos da sua escola, proporcionando a

integração do aluno e a consequente evolução.

Contudo, apesar da variada oferta desportiva, quer ao nível de espaços

quer ao nível de modalidades, a verdade é que muitos dos alunos que estão nas

escolas têm como única oportunidade de praticar desporto o desporto escolar, o

que diz bem da importância que este assume junto da comunidade educativa e

mais concretamente junto dos alunos.

4.6.3. Atividades Desenvolvidas pela Escola Cooperante

A atividade do corta-mato foi a primeira atividade realizada pelo grupo de

Educação Física neste ano letivo.

A preparação do corta-mato foi desenvolvida ao longo das aulas de

Educação Física no início do ano letivo, a atividade realizou-se na manhã do dia

26 de novembro, organizada pelos alunos do Curso Profissional de Técnico de

Apoio à Gestão Desportiva sob a orientação do professor Vítor. A atividade teve

uma grande adesão pela parte dos alunos, proporcionou um ambiente de

competição e de socialização.

A minha função específica era organizar os alunos no final da prova mas

durante a prova fomo-nos dispersando pelo recinto da mesma para dar

assistência sempre que necessário aos alunos em prova.

73

“Um fator positivo a retirar é a socialização entre professores e alunos, as

capacidades dos alunos quando se empenham para conquistarem algo, a participação

passiva de muitos, o gosto, a obrigação”. (Reflexão do Corta-Mato)

A participação no Corta-Mato proporcionou a alguns dos alunos a

participação na fase Distrital, que decorreu no Parque da Cidade do Porto.

4.7. Atividade de Iniciativa dos Núcleos de Estágio – FIT CHALLENGE

“A nossa atividade foi desenvolvida no âmbito do Plano Anual de

Atividades da Escola Secundária de D. Dinis, bem como no do documento

Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente

ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e

Secundário da FADEUP.

Foram várias as reuniões em conjunto com os dois núcleos, para

organizar a mesma, quais as tarefas a realizar, tendo os “timings” das mesmas

de ser sempre os mais corretos de modo a não atrasar e/ou por em causa esta

atividade.

No dia 15 de abril de 2015 realizou-se, na Escola Secundária D. Dinis, a

atividade denominada "Fit Challenge" organizada pelos núcleos de Professores

Estagiários de Educação Física na Escola Cooperante. O planeamento,

organização e dinamização desta iniciativa desportiva foram da responsabilidade

dos estudantes estagiários. Os trabalhos foram coordenados pelos professores

Cooperantes.

De forma a estruturar melhor esta reflexão, a mesma será dividida em três

fases: planeamento, realização e avaliação.

Uma vez que os núcleos de estágio se encontravam a explorar o treino

funcional nas suas turmas e iriam também realizar um estudo de investigação-

ação sobre essa metodologia de treino e sendo este um método de trabalho

aliciante e motivador para se trabalhar a aptidão física com os alunos, numa

reunião de núcleos, a ideia para a realização desta atividade surgiu por parte dos

Professores Cooperantes que nos sugeriu o planeamento de uma atividade

desportiva que tivesse como tema o Treino Funcional e, preferencialmente, a um

nível competitivo. Desta forma, era dada continuidade ao trabalho desenvolvido

74

pelos estudantes estagiários de anos anteriores, no que diz respeito à inclusão

do Treino Funcional como metodologia de desenvolvimento e melhoria da

Aptidão Física.

Foi estruturada com três momentos a decorrer em simultâneo, que desde

logo se assumiram como definitivas – a competição de Treino Funcional e a

experimentação com materiais de Treino Funcional e as aulas de Zumba e Body

Combat, que acabariam por funcionar também como ativação geral para as

equipas que entrariam em competição.

No que concerne à competição do “Fit Challenge”, a sua estruturação não

foi nada simples e foi marcada por visões e formas diferentes de organizar as

provas e de organizar as equipas em cada uma. Ultrapassadas as divergências,

estruturou-se a competição de Treino Funcional em três provas: um 1º desafio

“Challenge Equipas” que decorria em equipa e que consistia na realização do

maior número de repetições durante 45’’, repetindo-se o processo ao longo de

12 exercícios distintos; um 2º desafio “Top Challenge Equipas” com um circuito

cujo objetivo era a sua realização no menor tempo possível onde competiam as

6 melhores equipas de cada ciclo de ensino; um 3º desafio “Top Challenge” com

o circuito da bateria de testes “Fit School” para os 10 alunos - 5 rapazes e 5

raparigas de cada ciclo - com melhores prestações no primeiro desafio. Os

circuitos e os exercícios baseados no Treino Funcional foram delineados tendo

em consideração a temporização da carga e a solicitação alternada dos grupos

musculares, equilibrando-se a exigência técnica e condicional e respeitando-se

os quatro pilares do movimento (Postura Bípede e Locomoção, Puxar e

Empurrar, Baixar e Elevar (mudança de nível, Rotação e Mudança de Direção).

No 1º desafio, o objetivo dos alunos era a realização do maior número de

repetições em 45 segundos, enquanto no 2º e 3º desafios pretendia-se a

realização de um número de repetições previamente estipulado no menor tempo

possível. Tais metodologias utilizadas provêm da bateria de testes de aptidão

física “Fit School” que tem vindo a ser cada vez mais implementada nas aulas

de Educação Física, indo ao encontro de um dos objetivos da atividade por

permitir que os alunos experimentem diferentes formas de trabalho para a

aptidão física.

75

Como já foi referido anteriormente, paralelamente à competição, decorria,

no pavilhão da escola, uma atividade de experimentação dos mais diversos

equipamentos ligados a esta metodologia de treino e, na sala de ginástica, aulas

de grupo (Zumba e Body Combat) que serviam como ativação geral e específica

para as equipas.

Como forma de divulgar a atividade, foram efetuados e afixados cartazes

(Anexo IV) pela escola, comunicados divulgados nas salas de aula e consoante

o pedido de alguns professores de Educação Física, os estagiários realizaram

por algumas turmas uma pequena formação sobre o que seria a competição de

treino funcional, como forma de dar a conhecer esse novo método e que os

alunos percebessem o que era pretendido com esta competição na atividade Fit-

Challenge.

Ambas as fases do Projeto – Conceção e Planeamento - continha a

apresentação da atividade (conceção, promotores, público-alvo, objetivos), a

listagem de tarefas, o regulamento da atividade, a previsão orçamental, os

recursos humanos e materiais, a descrição das atividades (bateria de exercícios

dos 3 desafios), o cronograma do evento, a distribuição dos recursos humanos

pelas atividades, o plano de organização (inscrições), a divulgação da atividade

(cartaz do evento, certificado de participação, convite, comunicado e ficha de

inscrição). Neste sentido, destacamos como principais erros a elaboração tardia

dos documentos cruciais para o desenrolar da atividade, a não integração do

briefing inicial com uma explicação dos três desafios para todos os alunos já que

a sua experimentação prática tornava de todo inviável o cumprimento do horário

do evento, e a ausência de uma experimentação prática prévia dos circuitos

constantes nos três desafios, isto é, anteriormente à sua colocação definitiva no

projeto da atividade.

Na fase de concretização, os desafios tornaram-se mais evidentes, não

estando só em jogo a nossa capacidade de colocar em prática tudo o que

projetamos, mas também a nossa capacidade de ação e de tomada de decisão

sobre acontecimentos imprevistos ou situações desajustadas ao momento.

O evento iniciou-se com a credenciação de todas as equipas inscritas,

integrando o registo de presenças, a colocação de dorsais e a entrega dos

76

manuais de equipa. A credenciação por equipa, com os seis elementos

presentes, impossibilitou o cumprimento do horário da primeira ativação geral,

desencadeando, consequentemente, o atraso de todas as atividades que se

seguiram.

A ativação geral foi dirigida pela instrutora de Fitness convidada, Diana

Santos, recorrendo a aulas de Zumba e Body Combat. Para garantir um transfere

para a prova. Cerca de 5 minutos finais foram usados para a mobilização dos

músculos mais recrutados nas provas através de uma solicitação de padrões de

movimento mais funcionais, recorrendo-se a exercícios de base como

agachamentos, afundos, pranchas, entre outros.

Relativamente à competição propriamente dita, o desafio acarretava uma

exigência condicional. Tratando-se de uma competição, a base de definição de

exercícios focou-se na variedade/novidade de movimentos, para que os alunos

compreendessem que o leque de exercícios do Treino Funcional vai muito além

daquilo que é possível explorar nas aulas de Educação Física; mas também num

equilíbrio de exigências, com uma alternância entre exercícios mais

conhecidos/fáceis e outros mais complexos. O primeiro desafio era composto

por 12 exercícios e exigia a execução do maior número de repetições num

intervalo de 45’’/15’’. Apesar destes 15’’ de descanso serem prolongados por um

período de espera (1’) na troca entre executantes, no final deste desafio grande

parte dos alunos acusou um nível de exaustão bastante elevado. No momento e

perante estes acontecimentos e a limitação do tempo (tempo despendido vs.

tempo restante para o final do evento), decidimos eliminar o 2º desafio. Desta

forma, as equipas vencedoras seriam conhecidas com base nos resultados do

1º desafio, ficando a faltar apurar somente o Top10 individual. O último desafio

previa uma seleção de 10 alunos de cada ciclo de ensino, 5 rapazes e 5

raparigas, embora no Ensino Básico tenham sido apurados mais alunos nos

casos de empate ou de resultados muito próximos (diferença de 1 a 3

repetições).

Entre estes dois desafios fomos brindados com uma excelente prestação

do Grupo-Equipa do Desporto Escolar de Ginástica que para além de valorizar

uma vertente mais estética do Desporto proporcionou um belo momento de

77

descontração, especialmente para os que esperavam ansiosamente pela

divulgação de resultados.

De uma forma geral, o evento teve um grande impacto. Contou com 156

participantes (58 do ensino básico e 98 do ensino secundário), com a

participação dos alunos do Grupo-Equipa do Desporto Escolar de Ginástica, com

a colaboração dos alunos das turmas do 11º I e do 12º E, a colaboração e

presença de 10 Professores de Educação Física, da Diretora do Agrupamento

de Escolas D. Dinis, do Presidente da Associação de Pais e da Instrutora de

Fitness convidada.

O envolvimento de todos foi notório, mas os alunos foram as personagens

principais e atuaram com todo o empenho e entusiasmo nas atividades do evento

(competição e experimentação), tornando-se isso bastante evidente no seu

esforço, espírito competitivo e, sobretudo, na sua capacidade de superação,

cumprindo-se assim todos os objetivos a que nos propusemos com o

desenvolvimento desta atividade: (a) Promover estilos de vida ativa e saudáveis

junto da comunidade educativa através da competição desportiva, b) Incutir o

gosto pela prática desportiva, motivando os alunos para a aquisição de hábitos

saudáveis no seu dia-a-dia, c) Promover a integração e socialização dos alunos,

d) Divulgar o trabalho desenvolvido ao nível da Educação Física na escola).

Assim, foram proporcionadas experiências distintas de cariz competitivo

e não competitivo mediado pelo contacto com o treino da aptidão física através

do Treino Funcional, o uso de materiais variados, a panóplia de exercícios que

podem ser feitos com ou sem materiais, a tipologia de modalidade solicitada na

ativação geral, o aprender a dosear o esforço, o cansaço físico e a superação,

lidar com a “derrota”, fazer o máximo possível, entre outros.

O que ficou da organização desta atividade foi um sentimento de dever

cumprido, apesar dos vários constrangimentos. Ficou patente a avaliação

positiva que os diferentes professores fizeram em relação à atividade e à forma

como esta foi organizada e gerida. No mesmo sentido, após a aplicação dos

questionários a alguns alunos da Escola Secundária de D. Dinis, foi possível

constatar que a maioria dos alunos gostou da atividade.

78

Todavia, o contacto entre os estagiários durante o evento foi muito

complicado por não termos definido de antemão uma estratégia de comunicação

e pela constante troca de informações de cariz diversificado que implicou o

processamento e a consecução de respostas também diferenciadas.

Uma das partes que necessitava de uma melhor organização era a

entrada dos alunos para a ativação geral e a competição inicial. Na competição,

a organização dos alunos não foi a mais adequada apesar das várias tentativas

de recuperação de tempo, facto que decorreu da falta de um teste antecipado

para percebermos como decorreria esta dinâmica.

Os alunos colaboradores e os professores de Educação Física

ofereceram um contributo valioso à nossa tarefa. Especialmente, acreditamos

ter envolvido a comunidade educativa neste projeto, se assim lhe podemos

chamar, e tratamos de mostrar, objetivo principal, a riqueza do treino funcional,

nomeadamente no que respeita ao trabalho da aptidão física de forma integrada,

segura, eficiente e adaptada, o que é bastante valioso do ponto de vista

pedagógico na Educação Física escolar e que por isso pode e deve ser

aproveitado.

Com a expetativa de que esta competição possa vir a ser desenvolvida

num futuro desconhecido, recordamos algumas propostas organizativas, no

sentido do que deveria ter sido feito e não foi: (a) Apostar numa divulgação da

atividade e de toda a informação referente à mesma com maior antecedência e

pormenorização, dando oportunidade de os alunos se integrarem melhor com o

trabalho desenvolvido; (b) Reunir com todos os professores e colaboradores

para esclarecer as diferentes tarefas e definir os momentos cruciais em que

necessitaríamos da sua ajuda e em que parâmetros; (c) Valorizar o trabalho em

equipa (entre estudantes estagiários) com uma preparação mais prática (e

atempada) do evento através de uma reunião prévia que permitisse sequenciar

todas as ações – ver passo a passo tudo o que ia acontecer, tempos limite, quem

fazia o quê e quando, pensar em estratégias para a rápida entrega de dorsais,

em métodos eficazes de encaminhar os alunos para os locais corretos, de gerir

os registos para facilitar o seu tratamento, entre outros”.

Relatório Final da Atividade Fit-Challenge – Núcleos 1 e 2

79

4.8. Desenvolvimento Profissional - Estudo Investivação-Ação

4.8.1. Fit-School – “Treino Funcional na Escola”:

Uma metodologia de desenvolvimento da função motora global,

centrada no aluno.

80

4.8.2. Enquadramento do Tema

“Sempre que um homem sonha

O mundo pula e avança”

(Gedeão, A. 1955)

A aptidão física é um conceito que ao longo da história tem sofrido

diversas alterações devido a uma compreensão cada vez maior da sua estrutura

a das suas implicações, quer no contexto da performance desportivo-motora

quer no contexto da saúde (Cardoso, 2000).

Para ilustrar a evolução do conceito aptidão física, apresento abaixo

algumas das definições, alterações e constantes mudanças adaptado de Freitas,

D., 1997.

Ator Ano Definição

Darling et al. 1948 É a capacidade funcional de um indíviduo para cumprir

uma tarefa.

Fleishman 1964

Capacidade funcional do um indíviduo em realizar

alguns tipos de atividades que exigem empenhamento

motor.

Karpovich 1965 O grau de capacidade para executar uma tarefa física

particular sob condições específicas de ambiente

Clarke 1967

Capacidade de executar umas tarefas diárias com

vigor e vivacidade, sem apresentar fadiga e com

ampla energia para fruir os momentos de lazer e

enfrentar emergências imprevistas.

AAHPERD 1980

É um “continuum” multifacetado que se prolonga

desde o nascimento até a morte. Os níveis de aptidão

são afetados pale atividade física e variam desde a

capacidade óptima em todos os aspetosda vida até

limites de doença e disfunções.

Sobral e

Barreiros 1980

Capacidade de efetuar, de modo eficiente, um

determinado esforço.

81

Carperson et

al 1985

Um conjunto de atributos que as pessoas têm ou

adquirem e que estão relacionados com a capacidade

de executar atividades físicas.

AAHPERD9 1988

É um estado físico de bem-estar que permite às

pessoas realizar as atividades diárias com vigor e

reduzir os problemas de saúde relacionados com a

falta de exercício. Proporciona uma base de aptidão

para a participação em atividades físicas.

Pate 1988

É um estado caraterizado por uma (a) capacidade de

executar atividades diárias com vigor e (b)

demostração de traços e capacidades que estão

associadas ao baixo risco de desenvolvimento

prematuro de doenças hipocinéticas (i.e., as que estão

associadas à inatividade física).

Safrit 1990 É um construto multifacetado.

Marsh 1993

É um construto multidimensional que não pode ser

compreendido se a sua multidimensionalidade for

ignorada.

Maia et al 2001

A aptidão física é um construto multidimensional (no

sentido que contém múltiplas dimensões,

componentes, facetas ou traços), não sendo

diretamente observável, pelo que se usam indicadores

para a avaliação das diversas dimensões ou facetas.

Enquadrando o tema nos documentos que representam a nossa área curricular:

os programas nacionais apresentam como uma das finalidades da disciplina a

melhoria da aptidão física dos alunos de modo harmonioso. Sobre a aptidão

física, os programas de Educação Física salientam que os alunos deverão ser

capazes de “elevar o nível funcional das capacidades condicionais e

9 AAHPERD - American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and

Dance

82

coordenativas gerais, particularmente da resistência geral de longa e média

duração, da força resistente, da força rápida, da velocidade de reacção simples

e complexa, de execução, de deslocamento e de resistência, das destrezas

gerais e específicas”, e de “conhecer e aplicar diversos processos de elevação

e manutenção da condição física de uma forma autónoma no seu quotidiano”.

(Programa Nacional de Ed. Física 3º ciclo reajustamento, pág. 12)

Um dos objetivos da Educação Física é o de melhorar as capacidades

motoras dos jovens, possuindo reflexos na saúde física, intelectual e

relacionamento social dos mesmos. Com o desenvolvimento destas

capacidades, possibilitamos ao aluno a melhoria das suas capacidades físico-

desportivas a nível quantitativo e qualitativo e consequentemente o aumento da

sua prestação nas aulas de Educação Física.

Verifica-se, nos programas nacionais de Educação Física a intencionalidade

de desenvolvimento da aptidão física condicionar a seleção das situações de

aprendizagem, a forma como se organizam as situações e se estrutura cada

uma, e o conjunto das aulas de Educação Física. Admite o trabalho específico e

integrado das diversas capacidades motoras, salvaguardando os procedimentos

metodológicos reconhecidos para o treino de cada uma, e a relação de contraste

ou complementaridade com as restantes situações da aula. Resguardando que

a estrutura da aula deve assegurar a intensidade do esforço desenvolvido pelos

alunos seja relevante, possibilitando a melhoria da aptidão física dos alunos,

considerando também a exercitação específica e os cuidados metodológicos

específicos do treino das diversas capacidades motoras.

Diante destes fatores, é descrito acima o tratamento da aptidão física como

matéria de "Ensino" sendo essencial. Ou seja, a aptidão física, por intermédio

das virtualidades que comporta, arroga-se, então, como uma matéria que não se

assume diferente das demais, pressupondo um tratamento vigilante e

sistematizado, que caminhe no sentido de proporcionar aprendizagens e

aquisições significativas aos alunos. Ainda os programas nacionais referem que

ao longo do ano letivo se devem prever períodos em que é predominante

determinada matéria (“aprendizagem concentrada”) e períodos de

revisão/aperfeiçoamento posteriores, em ciclos mais curtos ou em partes da aula

83

sistematicamente mantidas num determinado número de semanas

(“aprendizagem distribuída”) de modo a garantir ou a confirmar a consecução

dos objetivos no final do ano de escolaridade.

Constatando este facto, a especificidade do conteúdo da Aptidão Física

obriga a um trabalho sistemático: “estruturar em torno da periodização do

treino/elevação das capacidades motoras que constituirá uma componente da

atividade formativa em todas as aulas. As preocupações metodologicas, ao nível

do desenvolvimento das Capacidades Motoras, deverão seguir os mesmos

princípios pedagógicos das restantes áreas - a inclusividade e a diferenciação

dos processos de treino de acordo com as posiibilidades e limitações de cada

um”. (Programa Nacional de Ed. Física 3º ciclo reajustamento, p.2).

Esta conjuntura sugere que a aptidão física seja tratada em termos, de forma

distribuída ao longo de todo o ano letivo. Numa distribuíçao harmoniosa em que

se consiga conduzir os alunos na busca de melhoria das suas capacidades

motoras. Diferenciando-a das Unidades Temáticas, referentes às modalidades

desportivas, que foram planeadas de modo concentrado.

No treino funcional este trabalho das capacidades motoras, elege duas

capacidades/qualidades essenciais para a realização de qualquer movimento

humano, são elas a Força e a Coordenação, ambas designadas de

neurimusculares. Em que todas as outras capacidades são variações da força

muscular e tem subjacentes a Coordenação:

Velocidade é Força veloz também designada de Potência;

Resistência aeróbia é Resistência de Força;

Flexibilidade não é uma capacidade motora pois não é possivel alongar

um músculo voluntariamente. O cérebro apenas dá ordens de contração

e relaxamento ao músculo.

Desta forma, as capacidades físicas para a realização da maioria das

tarefas do dia-a-dia e deportivas são a Força e a Coordenação que estão na

base da produção do movimento. Perante estes factos, bem como face à

necessidade de incidência da aptidão física em todas as aulas e da sua

articulação com as restantes matérias de ensino, importa ao professor valer-se

dos critérios metodológicos do treino funcional que contlempla padrões de

84

movimento básicos do ser humano como: saltar, agachar, lançar, elevar uma

carga do chão, equilibrar. Este método está contemplado no programa de

Educação Física, pois deve-se trabalhar a condição física nas aulas e tentar criar

hábitos de vida saudável nos alunos. Sem a condição física, toda a estruturação

do repertório motor fica comprometida, tanto para as modalidades como para

todo o resto. As capacidades que vamos trabalhar não são aprendidas, mas sim

desenvolvidas e este trabalho deve ser um ponto de partida na escola para o

desenvolvimento das capacidades motoras dos alunos.

Para ilustrar o conceito Treino Funcional, Garganta defende:

"O treino funcional conjunto de exercícios que promovam a condição

física com base em “Padrões de movimento” que sirvam de suporte

para a realização de um conjunto alargado de tarefas do dia-a-dia ou

técnicas desportivas. É um tipo de treino que apela à função motora

global (como andar, correr, empurrar, puxar, agachar, saltar, lançar)

e em que se podem adotar materiais de treino diversificado e com uso

múltiplo" (2015, p.135).

Ainda no que diz respeito ao treino funcional Garganta (2015, p.138) refere que

inicialmente os exercícios que se contemplavam como essenciais para a

melhoria do condicionamento físico geral eram: andar, sentar, levantar, rodar,

saltar, pular, balançar, atirar, empurar, trepar, lutar, carregar, equilibar,

realizados de pé, ajoelhado, acocorado, ou sentado. Mais tarde Hérbert (1875-

1957) desenvolve o “Método Natural” em que sistematizou as 10 habilidades

naturais e essenciais, para a sobrevivência e para se estar em harmonia com a

natureza: 1. marchar, 2. correr, 3. saltar, 4. quadrupedia, 5. escalar, 6. equilibrar,

7. carregar e levantar pesos, 8. arremessar pesos, 9. lutar, e 10. nadar.

Atualmente apresenta uma nova “roupagem com um “sem número” de materiais

e metodologias.

Para ilustrar as caraterísticas do treino funcional segundo D’ Elia e D’ Elia

citado por Garganta (2015):

85

Transferência do treino. O Treino Funcional utiliza elementos

representativos da atividade quotidiana, conseguindo recriar o ambiente

e/ou gestos diários ou desportivos.

Utilização de padrões de movimento primários. O Treino Funcional tem

como “matéria-prima” movimentos básicos do ser humano: o agachar, o

levantar, o rodar, o puxar, o empurrar, etc., que podem ser enquadrados

em Padrões e Pilares de movimento;

Qualquer movimento deve ser realizado em “Cadeia Cinética”. O corpo

nunca se move apenas num plano mas em cadeia cinética, que

representa uma série de articulações, que se movem de forma sinergética

e multiplanar;

Ulilizar “quantidades controladas” da instabilidade para que o indivíduo

aprenda a reagir e a recuperar a estabilidade.

O Treino Funcional o desenvolvimento da consciência corporal e postural

que se assumem como um fator determinante na qialidade de movimento.

Permite uma consciencialização da postura dinâmica ou capacidade do

corpo manter o eixo de rotação durante o movimento.

O treino funcional apela à função motora global, ou seja, solicita num mesmo

movimento, músculos diferenciados (agonistas, antagonistas, sinergistas e de

suporte) transportando para a perspetiva pedagógica (aula) um método

diversificado com caraterísticas atraentes devido o facto de incluir de forma

integral, ou seja, incide nas capacidades condicionais (força, resistência,

mobilidade) mais as capacidades coordenativas (destreza, equilíbrio, agilidade)

de forma equilibrada; adaptado (individualizado); seguro (supervisionado pelo

professor); eficiente (consegue resultados em menos tempo).

O treino funcional tem como objetivo um conjunto de exercícios que

respondam às exigências do movimento humano e da sua funcionalidade por

este facto, surgiu em quatro grandes categorias de movimentos "pilares do

movimento", que se apresentam como determinantes na construção dos

86

exercícios que compõe este tipo de treino. De acordo Adaptado de Almeida

(2011-2012)10, os 4 pilares do movimento humano:

1. Postura Bípede e Locomoção – o 1.º pilar é a “postura bípede e a

locomoção”. Suporta o centro de massa do corpo em diferentes bases,

sendo fundamental para a nossa existência. A locomoção é a habilidade

bimotora mais básica que executamos e que envolve todos os pilares,

deslocando-se em cada passo o centro de massa na horizontal e vertical.

Envolve o movimento contra lateral de puxar/empurrar do

tronco/membros superiores, comum no 3º pilar, que é essencial na

travagem das forças rotacionais geradas nos membros inferiores,

permitindo um eficiente movimento, no plano sagital.

2. Puxar e Empurrar – o 2º pilar do movimento humano é puxar e empurrar.

Estes movimentos deslocam o centro de massa usando o tronco e os

membros superiores. O empurrar envolve reflexos básicos, como afastar

algo que não se goste ou a parte final de um lançamento. É também usado

no dia a dia para colocar algo numa prateleira alta ou para empurrar um

cortador de relva. Puxar é forma de trazer qualquer coisa para perto do

corpo, habitualmente em situações de transporte. Estes dois movimentos

também são usados ciclicamente num lançamento, por exemplo.

3. Baixar e elevar (mudanças de nível) - o 3.º pilar envolve diferentes

alavancas, que são caracterizadas por movimentos realizados pelo

tronco, pelas extremidades inferiores ou por combinações das duas que

baixam e elevam o centro de massa do corpo. São realizadas em tarefas

de não locomoção, como pegar num material ou levantar algo do chão,

por exemplo. Com os membros inferiores é possível variar as alavancas,

executando agachamentos, afundos ou trepar (e.g., subir e descer

árvores ou superfícies inclinadas).

4. Rotação e mudanças de direção - o mais importante pilar (4º) do

movimento humano é-nos dado pelas mudanças de direcção e produção

de força rotacional. Este pilar descreve a componente do plano transverso

10 Almeida, J. P. (2011-2012), Manuscrito

87

do movimento humano; é considerado o pilar mais importante porque a

maioria das ações humanas são explosivas e no plano transverso.

Deste modo, para a construção de um exercício de treino funcional, é

conveniente ter em conta a presença de pelo menos dois dos quatro pilares

de movimento, a alternância dos grupos musculares (trem superior, trem

médio, trem inferior) e das solicitações motoras (intensas/moderadas,

complexas/simples). Assim, os quatro pilares devem estar presentes no

treino para as cadeias musculares trabalharem em sinergia e atinjam o seu

máximo potencial.

Nomeadamente fazer este transfer para as aulas de Educação Física

segundo os programas nacionais de educação física os alunos deverão ser

capazes de “elevar o nível funcional das capacidades condicionais e

coordenativas gerais e de “conhecer e aplicar diversos processos de elevação e

manutenção da condição física de uma forma autónoma no seu quotidiano, na

perspetiva da saúde, da qualidade de vida e do bem-estar”. Menciona ainda que

o trabalho específico e integrado das diversas capacidades motoras,

salvaguardando os procedimentos metodológicos reconhecidos para o treino de

cada uma e a relação de contraste ou complementaridade com as restantes

situações da aula, dando conta, deste modo, do importante valor da aptidão

física, que se assume como uma das matérias nucleares.

Todavia, a um conjunto de motivos que afastam o trabalho da aptidão

física da educação física escolar, na matriz a que tem direito. Exemplos disso é

a escassez de tempo, em grande parte decorrente da redução da carga horária

semanal, o aumento do número de alunos por turma, a dificuldade de

racionalização dos espaços e, sobretudo, a crença de que já se incide

devidamente na substância aquando do ensino das outras modalidades

desportivas (o que faz com que, na prática, o tempo dedicado à aptidão física,

seja muito reduzido ou praticamente inexistente). Este núcleo de razões que

parece ajudar no sentido de negligenciar a especificidade e profundidade de que

carece o tratamento da aptidão física como matéria de "Ensino".

Neste sentido, este estudo pretendeu planear, operacionalizar, avaliar e

refletir sobre a aplicação da Unidade Didática de aptidão física ao longo de todo

88

o ano letivo. Uma vez que a aptidão física, por intermédio das virtualidades que

comporta, arroga-se, então, como uma matéria que não se assume diferente das

demais, pressupondo um tratamento vigilante e sistematizado, que caminhe no

sentido de proporcionar aprendizagens e aquisições significativas aos alunos.

Por outro lado, a especificidade do conteúdo da Aptidão Física obrigou a

um trabalho sistemático, em todas as aulas. Esta circunstância sugere que a

aptidão física seja tratada em termos, de forma distribuída ao longo de todo o

ano letivo. Diferenciando-a das Unidades Didáticas, referentes às modalidades

desportivas, que foram planeadas de modo concentrado.

4.8.3. Objetivos

Os objetivos gerais deste estudo centram-se na sistematização da

aplicação da unidade didática "aptidão física”, incluída no plano curricular da

turma no ensino básico lecionada pela estudante estagiária, regular nas aulas

de através de um programa de desenvolvimento das capacidades motoras

construído segundo os critérios metodológicos do treino funcional e avaliado

segundo a bateria de testes Fit-School.

Como objetivos específicos, procura efetuar a comparação dos dados do

grupo experimental e de controlo aferindo assim se o treino funcional é adequado

ao trabalho da aptidão física nos alunos ou se os alunos sem este método

desenvolvem de igual forma.

4.8.4. Material e Métodos

4.8.4.1. Implementação do Programa de Treino

Para dar início ao programa procedi à realização de uma avaliação inicial

e terminou com a realizaçao da avaliação final nas duas turmas utilizando a

bateria de testes funcionais - Fit School.

A bateria de testes é composta por seis exercícios, que serão descritos em

pormenor no capítulo referente aos “conteúdos do Pograma Aplicados”. A

avaliação realizou-se de duas formas distintas:

89

1. Sob a forma de exercícios isolados – em que, para cada exercício, o

objetivo consistia na realização do maior número de repetições num

determinado tempo;

2. Em circuito – em que se pretendia a realização dos seis exercícios

consecutivamente e no mínimo de tempo, concretizando um número

concreto de repetições em cada um.

A bateria de testes, nas suas duas expressões, sob a forma de exercícios

isolados e em circuito, foi avaliada segundo duas modalidades: uma avaliação

inicial, realizada a meio do 1º período; uma avaliação final a meio do 3º período.

Entre as duas avaliações existiu um trabalho de aptidão física, elaborando um

conjunto de exercícios diversificados de forma a motivar os alunos para esta

prática e evolução das suas capacidades motoras, diversos circuitos, com

inúmeros movimentos e variantes, aproveitando-se desta forma o material

disponível na escola e a inclusão de música durante o treino quando era

oportuno.

4.8.4.2. Caracterização das Turmas Sujeitas ao Programa

O programa de treino foi aplicado à Turma experimental que eu

acompanhava diariamente e a Turma de controlo, ambas de Ensino Básico.

Turma Nº Alunos Masculino Feminino Idade

Experimental 24 11 13 12-15

Controlo 21 11 10 13-14

Tabela 2 - Caracterização das Turmas

A amostra deste estudo é constituída por 45 alunos: 22 alunos do sexo

masculino e 23 alunos do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 12

e os 15 anos de idade, dos quais 6 desistiram ou não foram devidamente

avaliados, sobrando desse modo um total de 39 alunos. Os dois géneros

apresentam uma média de idades de 13 anos de idade.

4.8.4.3. Protocolo de avaliação / Conteúdos do Programa Aplicado

1. Fit School – Exercícios Isolados

90

Os seis exercícios que compõem a bateria de testes utilizada neste estudo

são os seguintes:

Método de Aplicação:

A bateria testes isolados tem como objetivo que o aluno realize o número

máximo de repetições durante 45 segundos. Este teste exige um esforço

máximo, ou pelo menos pretende por parte do aluno um esforço máximo, o

professor assegura um intervalo de recuperação de, no mínimo 2m30s,

possibilitando a recuperação do aluno. O método utilizado consistiu em dividir os

alunos por grupos e atribuir-lhes funções diferentes, estas alternam após a

conclusão do exercício. Assim, um aluno executa e o outro contabiliza o número

de repetições efetuadas de forma correta, assumindo a função de juiz. Sempre

que não se cumpram os critérios de execução, a repetição não é contabilizada,

devendo o aluno executante continuar a realizar o exercício.

1. Agachamento com torção (TRX) 2. Passe de peito com bola medicinal

(F-2kg/M-3kg) no plano sagital

3.Equilíbrio em plataforma instável,

trocando os cones de sítio

4.Desenvolvimento com Kettlebell

(8Kg)

5.Salto à corda

6. Burpees

Ilustração 1: Fit-School - Exercícios Isolados

91

O professor assume a função de juiz-chefe, controlando o tempo de

execução e estabelecendo uma visão sobre todos os alunos, principalmente

sobre os que assumem a função de juízes, verificando que os mesmos cumprem

os critérios de execução, validando assim o teste. O material necessário para a

realização desta avaliação foi: um TRX, uma plataforma instável, três cones, uma

corda, duas bolas medicinais (1 de 2kg, 1 de 3kg) e um Kettlebell (8kg).

2. Fit School – Circuito

O circuito é constituído pela seguinte sequência de exercícios:

1. 10 repetições - Agachamento com torção (TRX)

2. 10 repetições - Passe de peito com bola medicinal (2kg-feminino; 3kg

masculino) no plano sagital

3. 10 repetições - Equilíbrio em plataforma instável trocando dois cones de

sítio

4. 10 repetições - Desenvolvimento com Kettlebell (8kg)

5. 20 repetições - Saltar à corda

6. 10 repetições - Burpees

7. Sprint final

Método de Aplicação

O objetivo deste circuito era que o aluno realizasse os exercícios

propostos no menor tempo possível, realizando um número específico de

repetições em cada um deles. Além disso, 6 alunos desempenham a função de

juiz de contagem em cada um dos exercícios. Sempre que não se cumpram os

critérios de execução a repetição não é contabilizada, devendo o aluno

executante continuar a realizar o exercício. Os alunos que estão na função de

juiz de contagem trocam de função à medida que os restantes alunos realizam

o circuito.

O professor assume a função de juiz-chefe, controlando o início e término

do teste, verificando se cumprem os critérios de execução.

O material necessário para a realização desta avaliação foi: um TRX, uma

plataforma instável, seis cones, uma corda, duas bolas medicinais (1 de 2kg; 1

de 3kg) e um Kettlebell de 8kg.

92

Este teste decorria num espaço delimitado, como se pode observar na

Figura em baixo (Ilustração 2).

Ilustração 2: Fit-School - Circuito

Na realização desta bateria de testes para avaliação da aptidão física, é

considerada a idade e o género dos alunos. Nos exercícios isolados, para o

ensino básico e secundário, são realizados durante 45 segundos, o peso da bola

medicinal há diferença de 3kg para 4kg e o kettlebell de 8kg para 12 kg

diferenciando os géneros. No ensino secundário, existia essa diferenciação de

géneros para o Kettlebell com os rapazes a realizarem o exercício com um de

12kg e as raparigas com um de 8kg.

No circuito contemplava-se a diferença dos pesos das bolas medicinais e

dos kettlebell.

As turmas sujeitas às avaliações são do ensino básico e apenas este

modelo foi utilizado para a realização deste estudo.

4.7.5. Tratamento dos Dados

Concluída a realização das duas avaliações, em cada uma das turmas,

procedeu-se à criação de uma base de dados que incorporasse os dados das

turmas que foram alvo de avaliação, permitindo o posterior tratamento estatístico

dos dados. Para realizar todo este processo, foi utilizado o programa informático

SPSS STATISTICS (versão 23). A análise realizada contou com as seguintes

variáveis: Ano; Número de aluno; Turma; Resultado 1; Resultado 2.

93

Foram considerados dois grupos: o grupo 1 que corresponde ao grupo

experimental (com treino) e grupo 2 que corresponde ao grupo de controlo (sem

treino). Os exercícios incluídos para análise foram os seguintes: agachamento

com torção (TRX); passe de peito com bola medicinal (2kg-feminino; 3kg

masculino) no plano sagital; equilíbrio em plataforma instável trocando dois

cones de sítio; desenvolvimento com Kettlebell (8kg); Saltar à corda e Burpees.

Nesta base de dados foi ainda colocado o nome do teste com o número 1

(exemplo: TRX 1) significando o resultado obtido na avaliação inicial e também

o nome do teste com o número 2 (exemplo: TRX 2) significando o resultado

obtido na avaliação final.

O teste utilizado foi o “Teste T de medidas repetidas" que permite

estabelecer uma comparação entre 2 resultados obtidos, em momentos

diferentes, na realização do mesmo protocolo/teste. A análise de dados resulta

da comparação dos valores médios obtidos em cada um dos momentos em que

o teste/protocolo foi realizado.

Para análise dos resultados, são apresentadas duas hipóteses:

H1: μd≠0, p <0,05).

O valor de significância considerado foi de 5%.

4.7.6 Resultados e Discussão

Os primeiros resultados alvo de análise foram aqueles que englobam o

grupo experimental e o grupo de controlo. Esta análise foi em função da turma,

ou seja, os resultados estão dispostos de forma descritiva. Posteriormente foi

verificado o que se sucedeu antes e depois da aplicação desta bateria de testes

e do programa de desenvolvimento da aptidão física e se houve diferenças entre

que grupos. Cada um dos resultados estará disposto em Tabela (Tabela 2), onde

estará implícito o resultado na avaliação inicial, da avaliação final, a diferença

verificada entre as duas avaliações, o valor t do teste realizado e o valor de

significância de cada um dos testes.

94

1) Turma Experimental sujeita ao programa Fit School

Inicio Fim Diferença t P

TRX 27,4±5,3 37,5±11,1 10 - 4,3 0,000

Bola Medicinal 23,5±5,5 31,4±7,4 7,8 - 5 0,000

Equilíbrio 20,2±5,5 25,3±4,9 5 - 3,2 0,004

Kettlebell 15,9±4,1 18,1±6,5 2,1 - 1,5 0,144

Saltar corda 45,5±29,6 66,0±17,3 20,5 - 5,7 0,002

Burpees 12,1±4,1 17,9±6,8 5,8 - 3,4 0,000

Tempo 2,82±0,69 1,89±,0,45 -0,47 9,0 0,000

Tabela 2 - Comparação geral – Truma Experimental

Os resultados da análise descritiva permitem afirmar que existe uma

melhoria de desempenho por parte dos alunos do grupo experimental, quer na

realização dos exercícios de forma isolada, quer seja na realização do circuito.

Na Tabela 2 essa melhoria é assinalada pelo aumento do valor médio em cada

um dos testes da primeira para a segunda avaliação, no caso da realização da

avaliação dos exercícios de forma isolada. No que diz respeito ao circuito, esta

melhoria está representada pela diminuição do valor médio, que corresponde a

uma realização do mesmo em menos tempo.

Relativamente aos valores das diferenças de médias e do desvio padrão,

foi no teste de salto à corda em que este valor mais se evidenciou. Este resultado

pode justificar-se pela elevada amplitude no número de repetições que os alunos

efetuaram, dada a natureza coordenativa do teste.

De igual modo, no teste do circuito, estes valores encontram-se elevados

pelo facto de ser um teste onde está implícita a globalidade das capacidades

motoras dos alunos. Neste sentido, estes valores sugerem-nos que os alunos

que apresentam um melhor reportório motor, naturalmente, apresentam

melhores resultados que os alunos considerados sedentários. Ainda no que diz

respeito ao teste do circuito, a diferença que se assiste nos valores da primeira

para a segunda avaliação do teste do circuito, pode justificar-se ainda com o

trabalho desenvolvido ao longo das aulas de Educação Física, que permitiu que

os alunos que apresentavam valores muito reduzidos pudessem melhorá-los,

95

através do trabalho da sua aptidão física geral e os que apresentavam os valores

já mais elevados, pudessem manter ou aumentar os seus níveis de aptidão

física.

Verifica-se na última coluna, que apenas os resultados obtidos no

kettlebell apesar de se verificar uma melhoria, esta não é estatisticamente

significativa uma vez que se apresenta superior ao valor de significância

estipulado (p> (0,05). Isto poderá dever-se ao facto da capacidade condicional

força dos alunos não apresentar melhorias significativas durante este ano letivo

para que os resultados possam ser significantes. Nos restantes testes, podemos

verificar que existem diferenas estatisticamente significativas em todos os testes

(p <0,05), permitindo concluir que houve melhorias relevantes da primeira para

a segunda avaliação em todos os testes. Assim, em todos os testes rejeitamos

a hipótese nula, logo podemos concluir que existe uma melhoria significativa da

primeira para a última avaliação.

2) Turma de Controlo não sujeita ao programa Fit School

Tabela 3 - Comparação geral – Truma Controlo

Os resultados da Tabela 3 permitem afirmar que existe uma melhoria de

desempenho por parte dos alunos do grupo de controlo, na realização dos testes:

TRX, Bola Medicinal, Equilibrio, kettlebell, quer na realização do circuito. Na

tabela esta melhoria é observável pelo aumento do valor médio em cada um dos

testes da primeira para a segunda avaliação. Porém nos testes de saltar a corda

Inicio Fim Diferença t p

TRX 21,6±7,2 26,1±5,7 4,5 - 2,6 0,018

Bola

Medicinal 20,5±3,7 26,0±6,0 5,5 - 4,6 0,000

Equilíbrio 18,8±3,0 22,0±4,7 3,1 - 3,4 0,004

Kettlebell 14,8±5,9 17,1±4,8 2,2 - 2,3 0,029

Saltar corda 46,4±27,2 25,4±28,9 4,8 - 0,9 0,375

Burpees 15,1±3,2 14,8±3,9 0,3 - 0,4 0,673

Tempo 2,97±0,87 2,31±0,69 -0,65 4,1 0,001

96

e burpees onde se verifica a necessidade de trabalho acentuado de coordenação

motora e força verificamos que os alunos não evoluiram intensa que seria

necessário mais tempo de exercitação ou mesmo um trabalho mais rígido.

Relativamente aos valores das diferenças de médias e do desvio padrão,

os valores são equitativamente semelhantes não existindo diferenças

acentuadas.

De igual modo, no teste do circuito, existe uma melhoria pelo facto de

este ser um teste onde está implícita a globalidade das capacidades motoras dos

alunos.

Verifica-se na última coluna, que os resultados obtidos no saltar a corda

e brupees os resultados não são estatisticamente significativa (p> 0,05). Nos

restantes testes, podemos verificar que exitem diferenças esatisticamente

significativas (p<0,05), permitindo concluir que houve melhorias da primeira para

a segunda avaliação em todos os testes. Assim, nestes testes verifica-se uma

rejeição da hipótese nula, mostrando que existe uma melhoria significativa da

primeira para a última avaliação.

Análise dos dois grupos (experimental e controlo) no que aconteceu antes

e depois da aplicação da bateria de testes FIT SCHOOL e se há diferenças

e entre que grupos

Este estudo teve como objetivo de verificar a eficácia da aplicação desta

bateria de testes e do programa de desenvolvimento da aptidão física. Através

dos resultados encontrados, foi possível perceber dentro da amostra a influência

do programa na melhoria da aptidão física dos alunos durante o ano letivo. Desta

forma, o grupo experimental teve maior diversidade de comportamentos motores

ao longo das aulas com esta metodologia de trabalho aumentando assim o

empenho do aluno. Por outro lado, a não presença desta metodologia de

trabalho poderá impedir a diminuição de atividade motora, tempos de espera, ou

seja, paralizações das ações na dinâmica da aula.

O facto deste estudo ter implementado o treino funcional no grupo

experimental com o objetivo de melhorar os índices de aptidão física dos alunos,

poderá conduzir a melhoria nas capacidades motoras dos alunos.

97

Tal como esperado, o programa teve um efeito positivo nos valores

médios do grupo experimental como se pode constatar na Tabela 2.

Consequentemente, os dois grupos inicialmente apresentavam resultados

semelhantes na primeira aplicação da bateria de testes, como se pode constatar

nas Tabelas 2 e 3. Porém, com o desenvolvimento deste trabalho os resultados

finais diferenciaram-se de forma significativa. No grupo de controlo os valores

médios aumentaram contudo, não apresentam uma melhoria significativa nos

testes de saltar à corda e burpees.

No início do estudo (primeira implementação) não foram verificadas

diferenças significativas nos resultados entre os dois grupos para todos quer na

realização dos exercícios de forma isolada, quer seja na realização do circuito.

Após a implementação da metodologia ao longo do ano letivo com mais

incindência entre janeiro e maio, o grupo experimental (com treino) melhorou

significativamente em todos os exercícios de forma isolada, quer seja na

realização do circuito. Os valores médios significativamente superiores da

avaliação inicial para a avaliação final.

Tais resultados poderão ser considerados como benéficos para o grupo

experimental, sendo que o aumento dos valores médios de repetições poderá

ser resultado de um aumento das capacidades motoras.

A partir da análise do teste t de medidas repetidas para cada grupo e para

cada teste, levando em consideração o valor de p, observou-se que, nem no

grupo experimental nem no grupo de controlo se encontram diferenças

estatisticamente significativas entre eles.

A observação das alterações ocorridas permite constatar que se verificam

melhorias do primeiro para o segundo momento de avaliação em todos os testes

independetemente do grupo, à exceção dos testes saltar à corda e burpees na

segunda avaliação em que o grupo controlo apresentou valores inferiores.

A análise dos resultados não revelou um efeito estatistiamente

significativo no que diz respeito ao teste do grupo experimental (kettlebell;

p=0,144). Não se verificou de igual forma efeito significativo no grupo controlo

nos testes (saltar à corda; p=0,375 e burpees; p=0,673), apesar de haver uma

tendência para o grupo experimental apresentar melhores resultados. Estas

98

diferenças não são estatisticamente significativas, ou seja, com o resultado da

amostra pode se verificar que as diferenças são mínimas.

Em relação ao valor de significância o grupo experimental apresenta

valores superiores, nos testes trx (p=0,000), saltar à corda (p=0,002), burpees

(p=0,000), a exceção do teste kettlebell (p=0,144), que o grupo experimental não

regeita a hipótese nula e o grupo controlo de igual forma nos testes burpees

(p=0,673), saltar à corda (p=0,375).

Os resultados permitem concluir que houve melhorias consideradas muito

relevantes da primeira para a segunda avaliação na maioria dos testes nos dois

grupos. Esta diferença é significativa visto que se observa que o valor de p é

sempe inferior a 5% (0,05). Assim, em todos os testes se verifica uma rejeição

da hipotese nula, mostrando que existe uma melhoria significativa da primeira

para a segunda avaliação.

4.7.7. Conclusões

A aplicação desta bateria de testes decorreu entre os meses de dezembro

e junho, ainda que o trabalho de aptidão física baseado na metodologia do treino

funcional.

Os dois grupos partiram de um perfil inicial introdutório, nesta prespetiva

de trabalho. O facto de ser um trabalho da aptidão física realizado em condições

específicas, com reursos a materiais inovadores, posturas e movimentos

corporais em tudo diferentes ao treino da aptidão física convencional, mostrou-

se ser um fator motivante para os alunos.

Quando comparamos o desempenho do grupo experimental nos dois

momentos de avaliação e verificamos que existem diferenças significativas entre

eles, reconhecemos que esta metodologia de treino se adequa a alunos com

diferentes níveis de aptidão e que a sua aplicação nas aulas de EF cumpre o

objetivo delineado para esta UT: “elevar o nível funcional das capacidades

condicionais e coordenativas gerais”

Contudo, ao comparar com o grupo controlo também verificamos que

existem diferenças significativas, o que me leva a pensar que se deve ao trabalho

desenvolvido nas aulas mesmo sem esta metodologia de treino funcional.

99

Dos resultados reportados, saliento alguma dificuldade de se estabelecer

a tendência clara da aplicação do programa, visto que, não houve diferenças

significativas no valor de p (0.05) entre os dois grupos (com treino e sem treino).

Outro resultado que emerge deste estudo entre os dois grupos do primeiro

momento para o segundo momento de avaliação apesar de não haver melhorias

significativas, há uma tendência para o grupo experimental apresentar melhores

resultados.

Esses resultados podem dever-se às limitações do estudo (amostra

pequena; a necessidade de implementar os protocolos por mais tempo; o tempo

dedicado nas aulas ao longo do ano letivo; o nível de prestação motora, que

ficaram muito aquém do que pretendia perante a dificuldade em conseguir

melhorar a aptidão física dos alunos. Quanto ao grupo experimental houve a

intenção de trabalhar a aptidão física através da prespetiva do treino funcional.

No grupo de controlo o trabalho da aptidão física não foi com a prespetiva do

treino funcional.

Tais constatações apontam para a necessidade de se agir de forma

adequada junto da amostra, em particular no grupo experimental (com treino),

através do programa de ação devidamente estruturada incluindo atividades que

sejam suficientemente intensas, mas simultaneamente atrativas, motivadoras e

promotoras do sucesso individual do grupo.

Desta forma, tendo em conta o trabalho desenvolvido ao longo do ano

nesta unidade temática em comparação com o grupo controlo, podemos retirar

algumas conclusões que poderão ajudar no futuro, em investigações neste

mesmo âmbito.

Relativamente ao teste do kettlebell no grupo experimental, é nele que se

verifica melhorias menos significativas, possíveis de observar no aumento dos

valores médios dos alunos e em que p> 0,05 poderá dever-se ao facto do peso

do mesmo, ser desajustado a faixa etária da amostra pela constituição física

apresentada dos a

Relativamente ao teste dos burpees, após presenciar o desenvolvimento

do trabalho dos alunos, observei que este teste que pela sua dificuldade e

100

exigência, os alunos obtêm resutados menores (média) na primeira aplicação e

na segunda aplicação serem os mais baixos em ambos os grupos.

O teste de circuito revelou-se como o mais exigente do ponto de vista

físico, por ser um teste que envolve a realização de todos os exercícios de uma

forma consecutiva e pelo fator competição, que se foi verificando entre os alunos,

daí que, na generalidade, haja sempre uma melhoria estatisticamente muito

significativa da primeira para a segunda avaliação.

Em suma, constatei também que, com empenho e dedicação, o professor

consegue que os alunos registem melhorias nos seus níveis de aptidão

física.Todavia, este estudo foi realizado numa determinada região geográfica e

com uma amostra de pequena dimensão. Daí os resultados não serem

representativos para outros grupos de implementação e ser restrito. Será

desejável experimentar a implementação do programa a outras amostras mais

amplas para verificar se o mesmo programa tem um efeito semelhante ou

superior.

101

5. Conclusões e Prespetivas Futuras

O Estágio Profissional é no fundo o culminar de uma etapa marcante da

minha formação, o terminar desta longa etapa que começou a ser construída

desde o momento que entrei na Universidade. Este possibilitou-me em contexto

real, mobilizar os conhecimentos adquiridos ao longo de toda a formação e

aplica-los numa turma, sendo no entanto uma prática pedagógica

supervisionada. Posto isto, termina a minha formação inicial que contrinuiu de

uma forma enriquecedora para a minha identidade “ Ser Professora”,

O passado ano letivo foi composto por vivências positivas e negativas

quer do ponto de vista profissional, humano, que certamente vai permanecer

para toda a minha vida. Não reconhecer a importância que o Estágio Profissional

teve para a minha formação enquanto futura professora seria um erro, visto que

as experiências e desafios proporcionados, testaram e contribuíram para o

desenvolvimento das minhas competências pedagógicas.

A realidade de ensino foi uma experiência recheada de momentos difíceis,

reflexivos, potenciando a aprendizagem. Aos quais o professor deve estar em

constante atualização da sua atividade profissional.

O planeamento e o processo de reflexão foram fatores importantes para

a minha evolução, porém considero que existem pontos aos quais necessitão de

experiência e investigação para melhorar a minha ação enquanto docente. Tudo

isto, é possível melhorar através do esforço permanente, reflexão, conversas,

observações e discussões e assim progredir no processo de Ensino-

Aprendizagem até hoje desenvolvido.

Ao longo do ano fui constatando que o planeamento não é certo, ou seja,

existe a necessidade de por vezes adaptar perante as imprevisibilidades que nos

são apresentadas. Deste modo, a capacidade reflexiva assumiu um papel

fundamental na procura de novas estratégias para a melhoria das minhas

capacidades.

As conversas que mantive com os diferentes intervenientes do processo

educativo permitiram a absorção de variadas capacidades como a identificação

de problemas, a capacidade de refletir sobre os problemas e criar soluções,

contribuindo para o sucesso dos meus alunos e ganhando uma bagagem de

102

conhecimentos práticos fundamentais para o meu sucesso enquanto futura

professora.

Vivenciando as funções que o professor exerce na escola percebi a

importância que este possui na vida e comunidade escolar. O professor vai além

dum mero transmissor de conhecimentos; é também um promotor do desporto e

alguém em quem os alunos podem depositar confiança e se identificar.

A participação na organização de atividades na escola, também tiveram

um contributo importante para o meu crescimento, visto que estas permitiram

alargar o meu campo de intervenção pedagógica ao nível de outros contextos e

também permitir o contacto com outros intervenientes do processo educativo.

Assim ao concluir esta etapa da minha formação, constato que uma das

grandes aprendizagens que retirei deste ano de estágio profissional passou por

saber que um vasto domínio de toda a matéria de ensino, ainda que

imprescindível, não è suficiente para transformar todo esse conhecimento em

matéria para o aluno.

No futuro espero ter a oportunidade de poder exercer a função que

sempre lutei, Ser Professora. Porque Ensinar e Aprender são as maiores

riquezas que um indivíduo pode querer para a sua Vida enquando Ser Humano.

“Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca

tem medo e nunca se arrepende”. Leonardo da Vinci

103

6. Referências Bibliográficas

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XV

8. Anexos

XVI

XVII

Anexo I- Unidade Didática de Voleibol

XVIII

Anexo II – Plano de Aula

PLANO DE AULA – 16/09/2014

Unidade Didática: Aula nº: 1 de… Duração:45’

Horário:16:55’

Local:?

Professor(a) Estagiário(a): Luísa

Nº de alunos: 24 Ano/Turma: 8ºB

Material: Computador, vídeo projetor, fichas individuais do aluno e regulamento

Função Didática:

Objetivo Geral da aula: Explicação dos objetivos, critérios de avaliação e regulamento da disciplina; Preenchimento da ficha individual do aluno.

Objetivos Comportamentais

Situação de Aprendizagem Componentes Críticas

Inic

ial

5’

O aluno conhece o professor. Apresenta-se ao professor

Apresentação do professor cooperante e do

respetivo professor da turma (estagiário);

Depois realiza a chamada, e os alunos vão assinalando a sua presença, referindo o seu nome, o nome pelo qual gostam de ser tratados.

O aluno coopera

com o professor.

Fun

dam

en

tal

30’

Preenchimento da ficha individual O aluno percebe os objetivos da disciplina, os critérios de avaliação O aluno toma conhecimento das normas e regulamentos da disciplina

O professor com o auxílio de uma apresentação

power point passa a apresentar os seguintes

pontos:

Objetivo da disciplina;

Ficha individual;

Critérios de avaliação;

Matérias propostas para este ano letivo;

Manual;

Desporto escolar;

Normas e regulamento da disciplina

O aluno presta

atenção á

explicação do

professor

Atenção,

empenho,

silêncio;

Participação

ativa e

organizada.

Fin

al

10’

O aluno/professor esclarece dúvidas

Espaço livre para os alunos colocarem dúvidas e questões e o professor esclarecer ou rebater aspetos fundamentais

XIX

Anexo III - Grelha de Avaliação Diagnóstica de Ginástica Artística

XX

Anexo IV - FIT Challenge - Cartaz