a escola tem futuro

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  • 1. A Escola tem Futuro?Rui CanrioArtmed, 2006

2. Rui Canrioeducador portugus 3. extratos(Andr Camargo :: novembro/2012) 4. O sculo XXFoi marcado pelo triunfo do projeto deescolarizaoA hegemonia da forma escolar, a naturalizao e apersistncia da configurao organizacional doestabelecimento de ensino 5. Mas esse mesmo sculo pode ser visto como umperodo de barbries que tiveram, na Europacivilizada e escolarizada, as suas expresses mximas 6. Quanto mais as nossas sociedades se escolarizam, maisse confrontam com problemas de ordens social eambiental que configuram autnticos impasses decivilizao 7. H um desequilbrio acentuado entre:- o conhecimento cientfico e tcnico quemarca as nossas sociedades&- a imaturidade social e poltica(expressa na incapacidade de controlar os efeitosindesejveis do progresso) 8. Escola!Durante sculos, asaprendizagens foramrealizadas emcontinuidade com aexperincia e porimerso na prpriarealidade social. 9. Acontece que a escola inveno histricarecente instituiu um espao e um tempodistintos, destinados s aprendizagens. 10. Consagrou, por um lado, adicotomia aprender-agir e, por outro,modalidades deaprendizagem que sebaseiam no nacontinuidade, mas naruptura com aexperincia. 11. A separao da realidade social produziu umefeito de fechamento da escola sobre simesma, cujos inconvenientes esto bempatentes no desejo recorrentementemanifestado de ligar a escola vida. 12. Subestimar a experincia dos aprendentes tem-se traduzido em um dficit de sentido dotrabalho escolar, marcando negativamente arelao com o saber. 13. Na prtica necessrio que as crianas que chegam escola sejamrapidamente transformadas em alunos. Essatransformao, no entanto, tem um preo: o fim da individualidade e dasingularidade de cada sujeito, alm da no-valorizao de suaexperincia anterior na construo e aquisio de novosconhecimentos, o que torna difcil dar um sentido positivo para otrabalho e a experincia escolares.fonte: entrevista a Revista Impresso Pedaggica 14. ExemploEsta histria diz respeito a um exame acadmico ese passou com o clebre fsico Niels Bohr, aquem, em prova oral, o professor teria perguntadocomo se media a altura de um edifcio com base nautilizao de um barmetro. A resposta esperadatinha como base a variao dos valores da pressoatmosfrica, medida na base e no topo do edifcio.O aluno foi propondo solues, sucessivamenterejeitadas pelo professor por no corresponderem auma boa resposta 15. Primeira soluo: deixar cair o barmetro do telhado ecalcular a altura do edifcio a partir da medio do tempogasto na queda (recorrendo a um cronmetro) Segunda: pendurar o barmetro com uma corda, a partirdo telhado e at tocar no cho. Descer e medir a corda Terceira: colocar o barmetro ao sol e determinar a alturado edifcio, a partir do conhecimento da altura dobarmetro, do comprimento de suas sombras e do prprioedifcio Quarta: utilizar o barmetro como unidade-padro paramedir o edifcio em barmetros 16. Depois de enunciar vriasoutras solues e perante umprofessor previsivelmente irritado,o aluno ainda conseguiu propor,de forma provocativa, uma ltima maneira deproceder para resolver o problema, recorrendo, destavez, a competncias de natureza social. 17. Tratava-se de utilizar o barmetro como moedade troca para obter a informao desejada naportaria do prdio. 18. As trs caractersticas mais marcantesda ESCOLA1. Menosprezo pela experincia no-escolar do aluno 19. 2. Dificuldade dos alunos em atribuir sentidos tarefas escolares impostas 20. 3. Tendncia a ensinar solues e darrespostasSubestimando a capacidade de pesquisa e dedescoberta, que exige competncias para equacionarproblemas e imaginar diferentes solues. 21. Afinal, a maior parte dos problemas importantes tem carteraberto e indeterminado, admitindo uma pluralidadede solues possveis 22. HegemoniaEsta forma escolar de conceber o processo de aprenderfoi, progressiva e tendencialmente, constituindo-se como anica maneira de conceber a educao, o que teve duasconsequncias fundamentais:1. Conferir escola o quase monoplio da aoeducativa (desvalorizando os saberes no adquiridos porvia escolar)2. Contaminar todas as modalidades educativasno-escolares, transformando-as sua imagem esemelhana 23. Esse empobrecimento do campo e dopensamento educativos privou a prpria formaescolar de referenciais exteriores que lhepermitiriam criticar-se e se transformar. Emsntese, durante o sculo XX, a educaotornou-se refm da forma escolar. 24. NaturalizaoA progressiva escolarizao das nossassociedades conduziu a quase fazercoincidir a educao com a escola, comose fossem a mesma coisa. 25. A escola correspondea uma invenohistrica recente queemerge nosprincpios damodernidade,coincidindo com atransio dassociedades de AntigoRegime para asmodernassociedades liberais eindustriais. 26. Apesar de serinequivocamente umacriao humana, aescola, ao tornar-sehegemnica, sofreu umprocesso denaturalizao, que tornadifcil um distanciamentocrtico. Ou seja, a escolano vista como umarealidade social, mas simcomo algo de naturale, portanto, imutvel. 27. S coisa ruim?No, tambm uma conquista histricaa escola correspondeu a uma formidvel invenoorganizacional, que permitiu que um mestrepudesse ensinar simultaneamente muitos alunos,como se fossem um s. A inveno da organizaopor classes permitiu passar do ensino individual aoensino simultneo e, assim, lanar a base do queviria a ser uma escola de massas.fonte: entrevista a Revista Impresso Pedaggica 28. A escola do futuro?Do meu ponto de vista, desejvel que, nofuturo, a escola possa ser um lugar onde seaprende pelo trabalho, e no para otrabalho. 29. Tambm desejvelque a escola seja um lugar privilegiado paradesenvolver e estimular o gosto pelo atointelectual de aprender cujo valor reside na possibilidade deinvestir o que se aprende(para ler e intervir no mundo) 30. Finalmente bom que a escola corresponda a um lugar onde seadquira o gosto pela poltica, ou seja: onde se vive a democracia onde se aprende a ser intolerante com as injustias e a exercer o direito palavra 31. foroso reconhecer que a escolaatual est bem longe desses anseios! 32. Para transformar a escola necessrioagir em3planosfundamentais 33. preciso pensar a escola apartir da educao no-escolar1. A escola muito dificilmentemodificvel a partir da suaprpria lgica2. Nossas aprendizagensmais importantes soda ordem do no-formal1. 34. imprescindvel caminhar nosentido de desalienar otrabalho escolar, para que aao de aprender possa servista como uma obra.2. 35. As transformaes daeducao, e em particular daescola, devem ser o resultadode movimentos sociais quearticulem um projeto deescola com um projeto socialNo ser possvel uma escolaque promova a realizao dapessoa, livre de tiranias e deexplorao, em um sociedadebaseada em valores e empressupostos que sejam o seuoposto3. 36. Em SumaO grande problema hojeno s saber como ser aescola do futuro, massaber se h um futuro paraa escola.De uma entrevista aPaula Nadal 37. Muitas das crticas escolarizao, particularmenteas que foram desenvolvidaspelo filsofo austraco IvanIllich (1926-2002), quedefendia uma sociedade seminstituies oficiais de ensino,aparecem hoje como bastanterealistas. Em muitosaspectos, a escola deixoude ser a soluo para fazerparte do problema. 38. A Educao transcende em muito as fronteirasda escola e o modelo ali desenvolvido s terfuturo se ele tornar-se poroso e deixar-secontaminar por diferentes formas educativas. 39. Andr [email protected]/andrecamargocosta