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PÁGINAS AZUIS Rômulo F. Federici desvenda o perfil de Michel Temer como político. www.cartapolis.com.br Nº 1065 - MAIO/2016 | CIRCULAÇÃO NACIONAL | R$ 14,00 A MÍDIA NA CRISE Por Célia Ladeira AUGUSTO Deputado encrencado A ERA TEMER DILMA Lamenta mágoas e traições Uma análise das condições que pressionam o tempo do governo Temer para superar o pas- sado, organizar o presente e garantir o futuro.

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PÁGINAS AZUISRômulo F. Federici desvenda o perfil de Michel Temer como político.

www.cartapolis.com.br Nº 1065 - MAIO/2016 | CIRCULAÇÃO NACIONAL | R$ 14,00

A MÍDIA NA CRISEPor Célia Ladeira

AUGUSTODeputado encrencado

A ERATEMER

DILMALamenta mágoas e traições

Uma análise das condições que pressionam o tempo do governo Temer para superar o pas-sado, organizar o presente e garantir o futuro.

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Um novo governo assomou a República, fazendo-a projetar-se para confirmar a origem do termo: é uma coisa de todos (“res publica”).

Houve uma mudança no plano histórico com o advento de um novo presidente, de forma substantivada, pela norma constitucional. O Brasil não vive sob a lei das selvas.

Os adjetivos ficam à conta dos cidadãos republicanos que não concordam com a forma, mas não com a norma.

O Brasil sai dividido do episódio, mas não enfraquecido. Testou as suas instituições e observa que todas elas funcionam a con-tento.

O Estado sobreviveu ao impeach-ment da presidente Dilma Rousseff in-tocado, impávido colosso acima das paixões tormentosas que abalaram o Governo.

Os contratos privados e públicos conti-nuam em vigor. Os protocolos, tratados, con-venções e acordos internacionais, respeitados. Os bancos, recebendo e pagando suas operações cotidia-nas. Os aeroportos, operando febrilmente; nenhuma saída do Brasil ou a entrada em seu território obstruída. Quarteis restam mudos. As praças, barulhentas, com suas crianças brin-cando. A paz dos supermercados é a mesma paz dos cemitérios.

Não é convencionalismo, nem conformismo. É a realidade por detrás de uma política no mais das vezes sórdida e suja, a carecer de uma reforma que vá até à medula de suas imperfeições. Haveremos de chegar lá.

Essa sociedade, apesar do ódio, traz um pedido de licença para continuar a seguir com um Governo que lhe pese menos nos ombros. Deixar a sociedade viver, fluir, produzir e prosperar em paz. Deixá-la sublimar o ódio e a intolerância antes que se tornem profissão.

Seguir a trilha republicana, sob um novo governo, com o mesmo Estado. Certos de que somente um ato será capaz de mudar o estado das coisas - da coisa pública: o voto do cidadão, livre e manifestado nas urnas. Em outubro de 2016 ou em outubro de 2018. A decidir, repu-blicanamente.

EDITORIAL

LicençaPARA A SOCIEDADE CONTINUAR VIVENDO

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CARTA POLIS revista mensal de bastidores do poder em Brasília.Editor-responsável: Leonardo Mota Neto ([email protected])Diretora: Ellen Rôse Aguiar Barbosa  ([email protected])Fotógrafa: Ana Ingrid Ruckschloss ([email protected]) Imagens: Divulgação e Internet Comercial: [email protected]ção, Comercial e Administração: SCS QD 1 Bloco G Sala 1105 - Ed. Baracat - Asa SulCEP: 70309-900 BRASÍLIA - DFTel: 61 3201-1224 • Tel comercial: 61 99516250 • WhatsApp: 61 8355-0047 CARTA POLIS é uma publicação da POLIS.COM; Diagramação e projeto gráfico: Gn1 Design Studio (www.gn1designstudio.com) (61) 3542-7461.Todos os direitos reservados.

EXPEDIENTE

*Os artigos assinados nesta edição são de responsabilidade de seus autores. CARTA POLIS não se responsabiliza pelos conceitos neles emitidos.

Nesta Edição

04

12

24

38

10

14

28

OS 10 MAIS DE MARÇO

TEORI ZAVASCKI

POLÍTICAREFORMA POLÍTICA NÃO RESOLVERÁ

A CARA DO BRASIL II

ESTADO DO PLANALTO CENTRAL

A UPA DECRISTALINA

AUGUSTO CARVALHODEFENDIDO COM DINHEIRO PÚBLICO

A EX-PRESIDENTEUM PASSADO SEM GLÓRIA

CapaComeça a Era Temer

uma análise completa de seu perfil político

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4 CARTA POLIS | MAIO 2016

POLÍTICA

Teori ZavasckiDestaque do Mês

10OS na Política e no PoderDE MAIO

Ministro-relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, surpreendeu o país com a concessão de liminar ao afastamento do deputado Eduardo Cunha da Presidência da Câmara e de suas funções parlamentares, com o que provocou um

corte institucional de características históricas.Jamais foi determinado no Brasil o afastamento de um presidente de poder por limi-

nar. Sobrelevou a autoridade de quem a deferiu: um ministro que se caracterizou pela seriedade com que julga e vota. E, agora, com que relata os autos da Operação Lava Jato dentro do STF.

Contando com o respeito de seus colegas, foi avançando no pegajoso terreno da judicialização da política, valendo-se do pudor de quem incursiona no terreno que leva ao choque entre os poderes se não for conduzido com mãos hábeis.

Teori Zavascki, porém, caminhou junto com a sociedade e seus clamores ao deferir a medida liminar que afastou Eduardo Cunha, tendo sido confirmado pelo pleno

do Supremo, como de resto têm sido todos os seus atos. Raramente, é voto

vencido no plenário.Como nome de proa da so-

ciedade organizada neste mês de maio, ele é o destaque do mês. Posiciona-se como o outro lado do trabalho do juiz Sérgio Moro. Não haveria Moro se não houves-se Zavascki.

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5CARTA POLIS | MAIO 2016

(*) Esses nomes estão sendo apresentados por ordem alfabética. O critério da escolha foi uma consulta ao Conselho Editorial da CARTA POLIS.

CELSO DE MELLOO decano do STF ganhou o país com sua pregação da tese anti-golpe a respeito do im-peachment, praticamente encerrando uma longa carreira como magistrado com uma palavra impecável sobre a legitimidade do processo sob o que comina a Constituição.

HENRIQUE MEIRELLESVolta ao governo para uma missão dificí-lima de devolver as bases de confiança do mercado interno e externo na economia brasileira, num momento de confluência de crises políticas que reduzem a possibilida-de de saídas a curto prazo, uma vez que não haverá soluções mágicas.

JOVAIR ARANTESRelator da Comissão Especial da Câmara prevaleceu com a produção de uma peça essencialmente política como condiz a um processo de impeachment, tal qual é assen-tado pela melhor legislação universal, daí ganhou influência a ponto de passar a ser forte candidato à presidente da Câmara.

ANTÔNIO ANASTASIAUm sólido parecer jurídico, embebido de veia política, como é da natureza do pro-cesso de impeachment, marcou sua rela-toria na Comissão Especial do Senado, acrescido de sua serenidade para enfrentar os argumentos que conduziam os debates para as tecnicalidades.

JOSÉ EDUARDO CARDOSOImpôs-se no governo no processo de im-peachment como um ministro da Justiça, depois ministro-chefe da AGU, seguro, argumentativo, emocionalmente estável, distante da teoria única do golpe contra a presidente, porém eivado de boa técnica jurídica.

KATIA ABREUPostura e integridade impressionaram nes-sa tempestade de mau caratismo político, ao se constituir o único dos ministros do PMDB a permanecer no cargo, leal à pre-sidente Dilma, quando todos os demais a abandonaram.

ELISEU PADILHAEixo da equipe do novo governo, juntou sua antiga experiência como político à de gestor de três pastas ministeriais para ocu-par a Casa Civil de Temer, onde terá traba-lho redobrado nas duas vertentes de ação, nas quais pontua com paciente e discreta abertura para o diálogo.

JOSÉ SERRA Aceitou o desafio de mais um encargo mi-nisterial após ter sido ministro do Planeja-mento e da Saúde, deixando em ambos a sua marca. Agora assume o Itamaraty com a in-cumbência de lhe dar o verniz de força-auxi-liar da recuperação da economia brasileira, com atuação firme no comércio exterior.

MARINA SILVALidera todas as pesquisas entre os pré--candidatos à Presidência da República, seja para 2016 (se o TSE impugnar a chapa Dilma-Temer), seja para 2018. Recebe crí-ticas e é criticada por preconceitos de todos os lados e por aspectos culturais, o que é prova de sua força eleitoral na sociedade.

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UM MOSQUITO NÃO É MAIS FORTE QUE UM PAÍS INTEIRO.

O mosquito Aedes agora também transmite Zika. Cuide da sua casa, mobilize a família, seus

vizinhos e a sua comunidade.

Tampe os tonéise caixas-d’água.

Coloque areia nos vasos de plantas.

Mantenha as calhas sempre limpas.

Retire sempre a água dos pneus.

Deixe garrafassempre viradas.

Mantenha a lixeira bem fechada.

COMBATA O MOSQUITO PERIODICAMENTE:

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UM MOSQUITO NÃO É MAIS FORTE QUE UM PAÍS INTEIRO.

O mosquito Aedes agora também transmite Zika. Cuide da sua casa, mobilize a família, seus

vizinhos e a sua comunidade.

Tampe os tonéise caixas-d’água.

Coloque areia nos vasos de plantas.

Mantenha as calhas sempre limpas.

Retire sempre a água dos pneus.

Deixe garrafassempre viradas.

Mantenha a lixeira bem fechada.

COMBATA O MOSQUITO PERIODICAMENTE:

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8 CARTA POLIS | MAIO 2016

POLÍTICA

Michel Temer teve que fugir de sua casa em São Paulo, para uma fazenda no interior do Estado para se livrar de uma multidão de candidatos a assumir cargos no seu governo.

Como também para indicar outros. O assédio era tão grande até o mo-mento em que o vice presidente resolveu sumir da capital paulista, que seus dois homens-fortes, Eliseu Padilha e Moreira Franco, não mais suportavam receber tantos telefonemas e pedidos pessoais de coloca-ções no novo governo.

É apenas um símbolo do ocaso de uns e ascensão de outros. A cada quatro anos se dá o mesmo fenômeno no Brasil, mas desta vez seus

contornos são mais dramáticos, como fechar a equação de remanejar mais de 20 mil cargos públicos federais que pertencem ao PT, nomea-dos nos últimos 13 anos.

Temer não terá certamente 20 mil nomes disponíveis para substi-tuir os petistas a curto prazo. Nem o PMDB, nem os demais partidos que formarão sua futura base de apoio, dispõem de tanta gente apta para de uma hora para outra administrar o país.

A solução pode ser uma negociação política que desaguará num grande entendimento entre Temer e Lula, logo após se efetivar o impe-achment da presidente Dilma.

a era Temer CUIDADO PARA NÃO REPETIR DILMA

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9CARTA POLIS | MAIO 2016

Passaria por um chamado do novo presidente a Lula, para que ele e o PT o ajudem a aprovar no Congresso Nacional as reformas econô-micas necessárias para recuperar o ânimo da economia. Mencionam-se

até mesmo privatizações em série e a reativação do pacote de conces-sões de infraestrutura.

O apelo de Temer deverá encontrar em Lula uma previ-sível resistência. Afinal, seu futuro político em 2018 para

voltar ao Palácio do Planalto terá como bandeira uma firme oposição ao novo governo e a denúncia radical contra o modelo de ajuste fiscal que Temer promete implantar, com privatizações e concessões, que pode-rão até mesmo incluir a venda da parte da Petrobras que é sagrada para o PT, o pré-sal.

As circunstâncias do destino deixam Lula, porém, diante de uma encruzilhada. Foi o próprio Lula que queria Henrique Meirelles como ministro da Fazen-da de Dilma, para salvar o declinante governo. Agora Meirelles estará no topo da equipe econômica de Te-mer. Em segundo lugar, Lula não poderá se lançar a uma campanha nacional contra o novo governo, ajuda-do por agressivos militantes do PT e dos movimentos sociais, quando parece estar havendo certa unanimida-de política a concordar com o impeachment de Dilma.

As contradições do atual momento brasileiro ajudam mais Temer do que Lula. O futuro presiden-te usará essa arma para atrair o maior líder de massa

do Brasil. Se não conseguir, o agravamento da crise política brasileira poderá chegar a níveis insuportáveis, pois Lula e suas hostes elevariam a níveis assustadores a ocupação das ruas e a paralisação das estradas.

O impasse poderia ser negociado num grande acordo político se não houvesse na linha do horizonte a operação Lava Jato que promete novas operações em breve, dessa vez voltadas para proeminentes figu-ras do mundo político brasileiro, como as do PMDB que figuram hoje no palco do novo governo.

Será um caos definitivo, se o PT, já totalmente envolvido na Lava Jato e demais operações desfechadas pela Polícia Federal em várias áre-as de governo em que aconteceram crimes contra o patrimônio público, passar a ter também a companhia do PMDB, PSDB, PP e dos demais partidos em atuação. Seria o fim do atual sistema político e partidário do país e somente uma profunda reforma política retiraria o Brasil de um vazio de poder.

Some-se a isso tudo a circunstância de que o Supremo Tribunal Federal mostra-se cada vez mais disposto a afirmar sua autoridade como maior intérprete da Constituição, como fez quando assumiu de vez sua responsabilidade de enquadrar e afastar o deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados, por solicitação ex-pressa do procurador geral da República Rodrigo Janot.

A intervenção da Corte Suprema evitou que ocorresse o pior, ou

seja, a possibilidade de Cunha ocupar a presidência da República numa eventual crise sucessória. Essa perspectiva era impensável pelos brasi-leiros que hoje rejeitam Temer mais do que rejeitam Dilma.

O processo no TSE é longo, burocrático e permite vários recursos sem contar com o pedido de divisão de res-ponsabilidade pela prestação de contas já feito por Temer, e sem contar com a possibilidade de interferência junto aos ministros por razões políticas e de compra de votos. A com-posição do TSE por ministros do Supremo, do Superior

Tribunal de Justiça e por advogados militantes indicados pela OAB fragilizam muito o tribunal...

Um presidente mesmo interino por seis meses tem um poder imenso e se contar com boa vontade do em-presariado pode dar resultados econômicos que o conso-lidariam, veja-se o exemplo Sarney no plano cruzado.

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A EX-PRESIDENTE

Como Dilma Rousseff pôde governar assim? Segundo o Estadão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da

Silva responsabilizou a presidente Dilma Rousseff pela crise política em conversa com ao menos um deputado do Amazonas que esteve com ele antes da votação do impeachment. Lula afirmou que Dilma é culpada porque insistiu em disputar as eleições de 2014 se recusando a ceder a vaga para ele.

Ela tentou, enfim, mas o feixe de circunstâncias adversas acabou por travar as tentativas. Tinha contra si forças domésticas. O princi-pal adversário foi Lula. Um inimigo cordial, dentro de casa. Sempre criticando ou menosprezando Dilma em comentários sorrateiros, Lula plantou uma imagem de uma sucessora que não ouvia seus conselhos e teimosamente insistia em se afastar dos políticos e do Congresso.

Havia ainda reparos feitos no sentido de que Dilma era muito concentradora. Outras vezes, que Dilma se arvorava da condição de ministra da Fazenda. Que não saia de Brasília para viajar aos estados. Que não abraçava o povo nem beijava as criancinhas. Que era dura e desprovida de carisma.

Certa vez, Lula chegou a comentar numa roda de conversa que Dilma não contava piada e não gostava de futebol. E que deveria arranjar um namorado. Isso tudo vazava para a imprensa e chegava ao conhecimento de Dilma através de fieis amigos, que filtravam os comentários de Lula.

Lula passou até ao terreno de tentar afastá-la dos auxiliares mais leais a ela. Não gostava, sobretudo, de Aloísio Mercadante. Afastou-o. Não gostava de José Eduardo Cardoso. Foi afastado em parte, caindo para cima, da Justiça para a AGU ( “porque não con-trola a Polícia Federal” - queixava-se Lula). Não gostava de Giles Azevedo. Dilma teve que mantê-lo um tempo afastado. “Ele fica controlando a porta de entrada do gabinete de Dilma e não deixa ninguém entrar” - queixava-se Lula abertamente de Giles, o mais fiel dos assessores dela.

Em contrapartida, Dilma jamais aceitou a companhia de Rui Falcão, ala de Lula, e presidente nacional do PT. Deixou isso bem claro a Lula desde o primeiro momento do primeiro man-dato.

Um passadoQUE NÃO LHE

PERMITIU A GLÓRIA

10 CARTA POLIS | ABRIL 2016

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11CARTA POLIS | MAIO 2016

Diga-se de passagem que a presidente jamais se deixou impreg-nar de ressentimentos contra o criador. A criatura manteve seu fas-cínio pela figura de quem lhe tirou da obscuridade para galgar à condição de primeira mulher a chegar à Presidência da República. E ser reeleita.

Foi leal a ele e teve o despojamento necessário para sempre lhe dar a condição de “primus inter-pares”, quando estavam juntos. No episó-dio da tentativa de tornar Lula ministro da Casa Civil, chegou às raias de se ofuscar inteiramente, admitindo a total perda de seu privilégio de função.

Assessores, que sinceramente a apoiavam, chegaram a tentar erigir uma barreira de proteção entre ela e Lula, para que Dilma não sofresse reduções de hierarquia. Telefonemas de Lula em alguns momentos não foram passados à presidente, na tentativa de defendê-la dele e de suas ordens.

Mas logo Dilma reabria o diálogo e aceitava tudo que vinha do ex-presidente, que sentia-se inteiramente à vontade no Palácio da Al-vorada, como se ainda fosse sua casa.

A PROPOSTA

A proposta de Dilma Rousseff de emenda constitucional para antecipar as eleições para outubro tem base legal discutível, na medida que retira direitos adquiridos inclusive de governadores e senadores eleitos. A convocação de eleições gerais é regra parlamentarista. Por outro lado onde serão conseguidos os votos para aprová-la, ou seja, dois terços de todo o Parlamento?

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POLÍTICA

12 CARTA POLIS | MAIO 2016

Leonardo Mota Neto

A Câmara dos Deputados não pode ser culpada de mau com-portamento na noite de domingo, 17 de abril, quando apro-vou a admissibilidade do impeachment. A Câmara é a cara

do Brasil”. Dito isso assim, numa frase solta, pode parecer defesa de um

parlamentar ou de um assessor em defesa da instituição achinca-lhada aqui e no exterior por seus excessos verbais e de postura bi-zarra dos deputados naquela noite.

Mas a observação é de um dos mais respeitados magistrados dos tribunais superiores que acumula apreciável experiência com a observação dos fatos no Congresso Nacional, por lidar com proces-sos judiciais envolvendo políticos.

Numa conversa, vai sentenciando:– “A Câmara é a cara do Brasil. É a nossa cara, sem tirar nem

por. Não agimos assim, daquele mesmo modo, no nosso cotidiano? Para melhorar a Câmara só na eleição, via eleitor, com seu voto”.

Tamanho realismo não compartilha nem a possibilidade de uma reforma política para melhorar o padrão genético dos políticos.

– “A reforma política só virá com um presidente eleito com uma votação maciça, forte de apoio popular e agindo logo nos primeiros dias de seu mandato.”

Seguindo-se a linha de raciocínio do magistrado, não se deve aguardar que Michel Temer proponha qualquer reforma política em seu curto mandato, ainda mais quando não terá direito à re-eleição.

O Congresso Nacional para ele, por cumprir da melhor forma possível seu papel na sociedade, tem funcionado como instrumento da vontade do povo brasileiro.

– “E se o Congresso estivesse fechado, que obscuridade seria para a democracia, não seria? O papel do Poder Legislativo é fundamental para o funcionamento integral das instituições!”

O magistrado relaciona projetos sobre os quais o Senado e a Câ-mara se debruçam, votando e aprovando matérias do mais alto interes-se público.

– “Poderemos mudá-lo, para melhor? Sim, mas somente nas elei-ções, através do eleitor.”

Reforma política NÃO RESOLVE

PROBLEMAS DO PAÍS

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13CARTA POLIS | MAIO 2016

Pergunto se o fenômeno da baixa qualidade dos políticos brasilei-ros decorre de uma educação falha que leva os representantes do povo a emitir conceitos erráticos e folclóricos diante das câmeras de TV para uma vasta audiência nacional.

O magistrado não responde de imediato. Fixa seu olhar num ponto neutro de seu gabinete lotado de livros jurídicos ainda em arrumação. Volta à terra após uma divagação com seus muitos di-plomas na parede.

– “Acho mesmo que essa questão de reforma política não resolveria os problemas do País. O que resolverá é a economia. Temos que recu-perar urgente nosso crescimento econômico porque só depois disso teremos condições para resolver a crise política”.

Muito realismo. Avanço para o papel do Supremo Tribunal Fede-ral nessa conjuntura. Dubiedade? Ele contesta.

– “Não vejo dubiedade. O Supremo Tribunal Federal é um poder de garantia. É para onde se corre quando se quer garantir os direitos da Constituição quando estão sob ameaça.

Intervencionismo (a chamada ‘judicialização’ da política) nos as-suntos internos do Poder Legislativo? Não vê isso.

Elogia os ministros do STF de maior centralidade nos julgamentos Acha essa qualidade do bom julgador que age com equilíbrio como a marca principal do bom juiz. O mais elogiado por ele é Dias Toffolli. “Julga sem perder a visão do todo julgado”. Gilmar Mendes recebe nota alta na qualidade de profundo conhecedor do Direito. Destaca a coe-rência dos recentes pareceres de Teori Zavascki.

– “Sobre a Lava Jato também?” - pergunto.– “Sim, sobre a Lava Jato também, embora faça ressalvas ao uso

das prisões preventivas. Estão demandando tempo longo demais para o encerramento da fase dos interrogatórios para a instrução final dos processos.

Pergunto se essa é uma falha do juiz Sergio Moro. Ele não crê. Prefere acreditar que seja um vício judicial brasileiro, alimentado pelas brechas na lei.

– “A única ressalva que faço da atuação do juiz Sergio Moro foi ele autorizar a divulgação da conversa telefônica gravada entre o ex-presi-dente Lula e a presidente Dilma. Ele se desculpou depois em nota, mas, em última análise, errou.

Outro erro analisado, este, no Senado Federal. Foi a operação des-fechada pela Polícia Federal nas instalações da casa legislativa para bus-ca e apreensão de documentos e computadores no gabinete do senador Delcídio do Amaral.

– “A Polícia Federal cumpria a determinação de uma autoridade do Poder Judiciário, portanto, não cometeu arbitrariedade ao operar dentro do Senado”.

Volto e insisto:– “O Senado não errou ao aceitar sem reação uma operação policial

contra um dos seus 81 membros?– “Sim. O Senado deveria ter relaxado as sanções contra Delcídio.

Teria sido uma resposta corporativa. Hoje, o senador Delcídio parece um zumbi dentro do Senado vagando sem destino certo.”

(*) Leonardo Mota Neto é jornalista e editor-geral desta CARTA POLIS.

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14 CARTA POLIS | MAIO 2016

ARTIGO/POLÍTICA

O brasileiro dormiu no domingo do dia 17 de abril com a sensação de que havia presenciado um ritual quase antropofágico de índios caetés, a deglutir a democra-cia em vigor no país. Em todas as telas das emissoras

de TV, uma imagem mostrava a votação da admissibilidade do im-peachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputa-dos. A cena não só invadiu os lares brasileiros como foi transmitida para quem quisesse ver no mundo inteiro.

Que pessoas eram aquelas na imagem? Aos gritos a cada voto pelo impeachment, com cartazes acenando despedidas à presidente, os deputados pareciam estar em estádios de futebol, assistindo a uma partida movimentada, alheios ao significado histórico do que estava sendo votado. Os que defendiam a de-mocracia e o voto contra o afastamento da presidente eram vaia-dos e constrangidos pela massa ululante.

O político: um aventureiro A votação do dia 17 de abril consagrou um tipo que se tor-

nou comum no Congresso Nacional: os aventureiros da política. São pessoas despolitizadas, que nem se deram ao trabalho de ler e refletir sobre os argumentos da defesa e da acusação do proces-so para decidir suas posições. Estes parlamentares fazem parte de um conjunto de 25 partidos políticos, muitos deles formados ao sabor das conveniências regionais, sem história, sem lastro social, sem cultura política. A despolitização ficou evidente nas frases anunciadas na hora do voto: ‘voto por Maria, João, meu

A Cara do Brasil II

filho, meu neto’. Talvez até pelo cachorrinho de estimação. Que tipo de representação é esta? Ela significa a negação da

democracia representativa, ou seja, não reflete a organização social que é a base estruturante da atividade política, porque esfacelada em grupos que só visaram a uma parcela de poder, por mínima que fosse. São partidos formados nas sobras das coligações, um sistema espúrio que elege quem não tem voto, mas tem tempo de TV dis-ponível para vender.

Estes aventureiros da política nos revelam a cara de um Brasil que pensávamos evoluído, moderno. Que brasileiros são estes? Uma das características de identidade apontadas por Sérgio Buarque de Holanda, no livro Raízes do Brasil, é a ambiguidade da nossa ma-triz cultural, que nos apresenta ora como um povo afável, trabalha-dor, ora como aventureiros ou ‘heróis sem nenhum caráter’, como sugere Mário de Andrade em Macunaíma. A transmissão pela TV da aventura política vivida pelo Brasil mostrou um retrato sincero do que somos, para o bem ou para o mal.

O Brasil que o mundo viu O chocante espetáculo da Câmara dos Deputados recebeu

atenção mundial devido ao show em si e a algumas repulsivas afir-mações de parlamentares, como Jair Bolsonaro, que disse estar vo-tando em homenagem a um coronel torturador, que violou os direi-tos humanos durante a ditadura militar. Um artigo do New York Times afirmou que “60% dos 594 membros do Congresso brasileiro (deputados e senadores) enfrentam sérias acusações como subor-

HERÓIS SEM CARÁTER Para o aventureiro, o ideal é colher o fruto sem plantar a árvore. Vive dos espaços ilimitados, dos projetos vastos, dos horizontes distantes.

(HOLANDA, 1988:13).

Célia Ladeira (*)

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15CARTA POLIS | MAIO 2016

no, fraude eleitoral, desmatamento ilegal, sequestro e homicídio”. O NYT mencionou a preocupação de danos a longo prazo para a “jovem democracia brasileira, restabelecida em 1985 após duas dé-cadas de ditadura militar”.

Uma reportagem, no jornal inglês Le Guardian, atribui a crise política no Brasil à mídia nacional. Segundo o jornal, “a imprensa e as emissoras de TV dominantes no país estão nas mãos de um pequeno grupo de famílias, entre as mais ricas do Brasil, e são cla-ramente conservadoras. Por décadas, esses meios de comunicação têm sido usados em favor dos ricos brasileiros, assegurando que a grande desigualdade social (e a irregularidade política que a causa) permanecesse a mesma”. Em outro artigo, o jornal inglês ironiza a votação: “a sessão também expôs o caráter burlesco da democracia brasileira em alguns momentos, como o Partido das Mulheres, que só tem deputados, ou o Partido Progressivo Socialista, um dos mais à direita do Congresso”, de acordo com o correspondente do Guar-dian para a América Latina, Jonathan Watts.

O jornal francês Le Monde publicou texto intitulado “O Le Monde foi parcial?”, em que analisa o questionamento de leitores sobre um primeiro editorial publicado em 31 de março chamado “Brasil: isto não é um golpe de Estado”. O jornal lamenta não ter enviado um correspondente ao Brasil para uma análise mais neutra e afirma ter se valido da leitura dos jornais brasileiros. Em novo artigo, o Le Monde lamenta não ter citado que “entre os apoiadores da destituição de Rousseff, muitos estão implicados em casos de corrupção”, e conclui: “o país do futuro ainda não terminou com o

espectro de um retorno ao passado”.O argentino La Nación destacou o clima no plenário da Câ-

mara, “um cenário mais próprio a um campo de futebol do que a um dos momentos mais importantes da história do país”. O diário espanhol El País ironizou as manifestações religiosas na votação em reportagem intitulada “Deus derruba a presidente do Brasil”.

Em sua cobertura, por sua vez, o americano Wall Street Journal diz que o impeachment de Dilma é um sério teste para o processo democrático no Brasil e cita a estatística histórica de que quatro dos oito presidentes eleitos no Brasil desde 1950 não conseguiram com-pletar seu mandato. O jornal cita o depoimento de Melvyn Levitsky, embaixador dos EUA em Brasília entre 1994 e 98, que descreve o sistema político brasileiro como “completamente estragado”.

Em 2013, o grupo Repórteres Sem Fronteiras já havia dedi-cado um dossiê ao que chamou de “o país de trinta Berlusconis”, referindo-se aos grupos de comunicação de massa que dominam o Brasil, engajados com as velhas oligarquias. Essa união tem sido responsável pelas aventuras políticas que ameaçam a democracia, e que nos colocam diante da afirmação de um estudante, repetida pelo ministro Luiz Barroso: “não quero viver em outro país. Quero viver em outro Brasil”. Poderíamos dizer um Brasil que plante as sementes, antes de colher os frutos. Será possível um dia?

(*) Célia Maria LadeiraProfessora de Comunicação Pesquisadora do NEMP

(Núcleo de Estudos de Mídia e Política) da UnB.

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16 CARTA POLIS | MAIO 2016

Rômulo F. Federici

PÁGINAS AZUIS

“TEMER É FIGURA EMBLEMÁTICA DO POLÍTICO HÁBIL POR

EXCELÊNCIA” Nessa nova entrevista a CARTA POLIS, o analista e consultar político e geopolítico aborda as questões cruciais do Governo Temer; Romulo F. Federici o acompanha de perto desde começou que presidiu a Câmara dos Deputados e o então presidente nacional o PMDB despontava como futuro líder político nacional.Frequentador do Congresso Nacional há 30 anos e ao mesmo tempo sem deixar de manter estreito relacionamento com o setor privado e com a área internacional, nosso entrevistado é o profissional de

consultoria mais indicado para traçar um diagnóstico sobre as intenções do

presidente interino da República.

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17CARTA POLIS | FEVEREIRO 2016

CARTA POLIS – Quem é MICHEL TEMER?RFF – Independentemente de nossas crenças políticas ou ideológi-cas, temos de concluir que MICHEL TEMER é, no momento pre-sente, a melhor solução para desatar o imbróglio político a que esta-mos submetidos e que tem de cessar o mais rapidamente possível.CARTA POLIS – Qual o perfil político de TEMER?RFF – Criou-se na política como um virtual CARDEAL RICHELIEU, aquele, que em 1624, infiltrou-se na corte de Luis 13 e fez carreira junto ao poder sempre nas sombras.Meses atrás, contei um fato ocorrido em uma reunião qualificada como “conspiratória“ rea-lizada em São Paulo entre TEMER e sua en-tourage local. Alguém com acesso à pauta me comentou:– “TEMER saiu daqui para ser Presidente, está decidido. Dilma está definhando a olhos vistos em meio a sucessivos erros. ”TEMER é aquela figura emblemática do po-lítico hábil por excelência. Com excepcional sensibilidade política está sempre focado no seu destino final, e vai deixando pelo caminho tudo aquilo que seja irrelevante ou possa atra-palhar sua jornada. Normalmente, consegue chegar aos seus objetivos.

CARTA POLIS – Quais as principais características de personalida-de do presidente?FE – Repare que TEMER guarda sempre uma face estratégica de semi-sorriso, aquela face que você nunca sabe se ele está satisfeito com o que está vendo ou, sarcasticamente, finge que não percebe um ardil, mas se previne. Na política, navega entre ser frio e calculista e paciente observador. É capaz de ouvir uma indelicadeza ou perceber um ataque traiçoeiro sem mexer um só músculo da face, mesmo sabendo-se que, internamente, pudessem existir ressentimentos devidamente adminis-trados. Será sempre um gentleman, mas não esquece.

CARTA POLIS – Haverá analogias com os 2 anos de ITAMAR?RFF – Sim e não. A maior similaridade encontra-se no fato de que sucederam a Presidentes defenestrados por proximidade com es-quemas de corrupção. Ambos apenas complementaram mandatos dos Presidentes afastados e dispuseram de um período reduzido de mandato: Dois anos. Mas as semelhanças param por aí.

CARTA POLIS – Detalhe melhor seu raciocínio.RFF – ITAMAR sucedeu a FERNANDO COLLOR. Este, estava sem base parlamentar mínima, vinculado a um partido pequeno, pró-ximo a esquemas perigosos de corrupção e no bojo de uma rejeição quase unânime em todos os segmentos da sociedade.A falta de base parlamentar e sua postura impe-rial, fe-lo perder o que ainda tinha de apoio no Congresso que, por seu turno, providenciou o rol de acusações num processo de impeachment incontornável.A figura de ITAMAR, apesar de ter uma per-sonalidade mercurial era próximo ao populis-mo e, por isto, não lhe foi difícil cooptar apoio da opinião pública.Seu perfil lhe fez peregrinar por vários partidos, com idas e vindas, mas mantendo sempre a re-ferência principal com o PMDB. Isto facilitou--lhe a vida pois, em princípio quem tem apoio

peemedebista tem sossego. O partido, além de ser o maior, tem poder de imantação para atrair outros partidos.Em suma, ITAMAR teve sossego para governar, principalmente depois da criação do PANO REAL em seu governo.TEMER é um peemedebista histórico que sempre esteve em po-sições relevantes no âmbito do executivo e no âmbito parlamentar. Referência como culto, professor de direito e conhecedor consa-grado da Constituição, sempre foi uma reserva técnica do PMDB para cargos com alguma complexidade.Estrategicamente indicado para Vice-Presidente em chapa do PT,

“NUNCA SE SABE SE ELE ESTÁ

SATISFEITO COM O

QUE ESTÁ VENDO”

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18 CARTA POLIS | MAIO 2016

PÁGINAS AZUIS

esteve sempre disponível para assumir a presidência em caso de vacância do cargo desde o governo LULA.No governo DILMA sua posição ficou ainda mais estratégica quando ficou claro, desde seu primeiro mandato, que ela não ti-nha condições de repetir a performance de seu antecessor, dele não tinha o mesmo carisma e dele não herdou o talento político para montar uma base parlamentar sólida e confiável.

No segundo mandato, DILMA ofereceu a todos, uma monumen-tal crise econômico-financeira e uma incapacidade total de montar e manter uma base parlamentar.Conseguiu a proeza de frustrar seus interlocutores políticos em todas as tentativas de ter apoio no congresso, tanto por incapacida-de de seus representantes como por descumprimento de acordos costurados.Veio o processo de impeachment anunciado desde os primeiros momentos do segundo período de governo, gerando uma crise gra-ve que lá encontrou o PMDB e TEMER devidamente postados para serem convocados.

CARTA POLIS – O PMDB será uma garantia de apoios que deem a TEMER sossego para governar?RFF – TEMER não terá tanto sossego para governar quanto pos-

sa parecer porque, primeiro lugar DILMA pertence a um partido grande, que já foi governo por três mandatos e, apesar de perdas, tem uma base popular e ideológica grande e ruidosa.O impedimento da Presidente resgatará um PT ruidoso, agressivo e capaz de muitos contratempos, um PT que estava adormecido pelas benesses do poder há cerca de 15 anos.Em contrapartida, TEMER contará com o PMDB que é grande,

mas é uma federação de interesses e chefes regionais.Como qualquer governo, no regime atual, pressupõe a distribuição de cargos como moeda de apoio políti-co, mas existem mais demandas do que espaços disponíveis.O pior é que todos os partidos alia-dos, mesmos os menos relevantes, sonham com cargos relevantes e com muita verba no momento de cobrar apoio. A dificuldade de disponibili-zar espaços para saciar as demandas já está instalada, mas a vantagem é que TEMER, ao contrário de DIL-MA, tem talento político esculpido por décadas de peemedebismo mili-tante. Acabará dando conta.

CARTA POLIS – E a montagem do gover-no já está tendo problemas que TEMER

não tem como contornar?RFF – Já está tendo problemas,porque muitos no-

mes não estão aceitando por uma série de motivos. Em primeiro lugar o fato ser um governo curto sem apoio entusiasma-do de partidos que também estarão interessados em competir, nas eleições de 2018. Depois ninguém sabe o que o PMDB vai arru-mar ao final deste mandato tampão nem que fim levará TEMER que, no momento é o fiador do partido. Isto sem falar na disputa por lugares insuficientes para tanta demanda.Isto entre outros motivos.

CARTA POLIS – O PSDB entrará no governo como sola inteira ou meia sola, mirando sorrateiramente 2018?RFF – Na minha opinião os tucanos podem ter feito um movi-mento errado. Precipitaram um processo de impeachment que, na opinião de alguns não foi a opção mais estratégica porquê o partido não tinha munição para desalojar o PMDB, pelo me-nos no momento. Segundo eles, o melhor teria sido deixar a DILMA e o PT cumprir os dois anos faltantes, com poderes reduzidos e colhendo todos os frutos negativos de uma grande crise que só poderia ser atenuada ao final do mandato, mas aí, de proveito do sucessor.

“IMPEACHMENT DA PRESIDENTE RESGATARÁ UM PT RUIDOSO E AGRESSIVO”

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POLIS, MEIRELLES é a opção mais pala-tável por todas as partes envolvidas porque, mesmo sendo uma personalidade típica de mercado, tem experiência política e sabe que nem tudo com que sonha o establish-ment é possível politicamente.Outros nomes que foram cogitados são claramente mais radicais e, portanto, com grande potencial de risco.

CARTA POLIS – Finalmente, como vê a per-cepção e o relacionamento do novo gover-no nos eixos internacionais: Minguará o bolivarianismo? Frequentaremos de novo a rota de influência dos EUA ou insistire-mos no Acordo Direto com a Europa? O Mercosul? O BRICs? Este conjunto pode exaurir-se?RFF – Temos de ter em mente que o eixo e a estratégia de comércio e relações interna-cionais deixarão a área terceiro-mundista para reinserir-se na área do establishment internacional.Consequentemente haverá, inexoravelmen-te, uma maior e mais fluida interlocução com os Estados Unidos. Isto, no entanto, não criará obstáculos à um relacionamen-to mais objetivo com a Europa onde estão, também, importantes núcleos de negócios e interesses.O Brasil já atingiu uma estatura geopolítica que lhe permite se relacionar com grandes potências sem medo de ser apequenado ou tratado como desimportância.Por via de consequência, teremos menor ênfase em termos de América do Sul sem nos iludirmos que podemos nos dar ao luxo de abandonar a área à ocupação de interesses que só aguardam nossa saída

para se aboletarem em nossas fronteiras e neutralizarem nossa influência e interesses.Ademais,a América do Sul tende a ter um incremento de sua im-portância o que só aumentará a necessidade de nossa atenção. No entanto, de fato, os aspectos ideológicos que vêm pautando nosso relacionamento, com nossa compreensão ao bolivarianismo e ou-tros aspectos da política sul-americana, deixarão de ter a ênfase e as prioridades hoje existentes.Daí ser de fundamental importância uma convivência próxima e permanente entre as RELAÇÕES EXTERIORES e o COMÉR-CIO INTERNACIONAL.

Nos dois anos finais haveria tempo sufi-ciente para um meticuloso processo de de-sidratação do que restasse de credibilidade da Presidenta e, principalmente do PT, um grande nome a ser batido nas próximas elei-ções de 2018.O PT, nessas condições, não seria páreo para uma PMDB “salvador da pátria” e, ao mesmo tempo, estariam reduzidas, em muito, as possibilidades eleitorais do PSDB.Na realidade o que se vê é um tucanato conformado com os fatos, limitando-se a apresentar sugestões, algo muito cômodo, e fazendo questão de reiterar que não é go-verno TEMER. Nessa linha pressionou o senador JOSÉ SERRA a recusar convites já feitos para se incorporar ao novo gover-no, mas ele acabou aceitando as Relações Exteriores.Aí pergunta-se: mantendo-se nas sombras os tucanos teriam energia e visibilidade para se lançarem como a solução nas próximas eleições? Há controvérsias.

CARTA POLIS – Com HENRIQUE MEI-RELLES no comando da economia o esta-blishment se satisfará e o dinheiro voltará a ser injetado no Brasil?RFF – Para a volta de um fluxo consistente de investimentos ao Brasil a pergunta não é “se voltará”, mas “quando voltará”.Isto porque não existem tantas opções de investimentos em países que, ao mesmo tempo, reúnam dimensões continentais, 200 milhões de habitantes com um grande número de consumidores recém-chegados ao mercado e um mercado que, apesar dos contratempos políticos, tem um grande po-tencial de crescimento. Sim, porque, como está ficando cada vez evidenciado, no Brasil as instituições são fortes.Uma pessoa muito próxima acabou de chegar de um importante con-gresso no exterior, reunindo investidores de todo o mundo em deter-minado setor e que, apesar de fazerem pilhéria com nossos maremo-tos políticos do momento, acabam por reconhecer que voltarão. Isto a partir do momento em que a situação se estabilize quando voltarão, gradativamente ao país cujo potencial não pode ser negligenciado.

CARTA POLIS – A volta de MEIRELLES é tão significativa assim?RFF – Como disse em outro artigo publicado na própria CARTA

19CARTA POLIS | MAIO 2016

“MEIRELLES É A OPÇÃO MAIS

PALATÁVEL POR TODAS AS PARTES

ENVOLVIDAS”

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20 CARTA POLIS | MAIO 2016

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21CARTA POLIS | MAIO 2016

Carlos Alberto Rabaça (*)

Hora de renovar

O maior interesse da população pela personalidade e caráter do presidente Michel Temer deve somar-se à consciência da necessidade de reformas institucio-

nais. As instituições – o Congresso, os partidos, o Supremo e a imprensa – são imprescindíveis para tornar a conduta presi-dencial condizente com os ideais democráticos. Os problemas que enfrentamos são desafiantes. As injustiças sociais, a cor-rupção do Governo, o poder excessivo das grandes empresas privadas, a tentativa de esvaziar o Ministério Público, devem ser encarados de frente.

Hoje sabemos que em uma era de instituições gigantescas e despersonalizadas, não só os pobres e as minorias se sentem impotentes. Muitos cidadãos estão frustrados e confusos com a corrupção e a incapacidade governamental de atender as suas necessidades vitais. Sofremos de alienação em meio à riqueza, de desintegração dos conceitos de honestidade e moralidade política e de um declínio considerável na qualidade de vida de grande percentual da população. São questões difíceis de enca-rar e de resolver. Urge a decisão de executar as reformas neces-sárias com a exigência de que elas sejam executadas responsa-velmente. O Congresso, em particular, deve assumir papel mais atuante, não só na fiscalização dos atos do Executivo, mas na

COM A TRANSIÇÃO NA PRESIDÊNCIA

formulação de programas relevantes para o país. Para que essas mudanças institucionais e psicológicas sejam possíveis, é pre-ciso que o Congresso esteja disposto a colaborar. Na verdade, precisamos de uma reforma política, tão importante quanto a da presidência.

Como chefe do Governo, o presidente Temer deve ter como objetivo restabelecer a responsabilidade do poder, sem a qual será impossível reconquistar a confiança do povo. Ela só pode existir através de uma relação honesta e dinâmica entre um presidente forte, um Congresso honesto e um povo infor-mado, disposto a enfrentar os problemas internos e internacio-nais com espírito de justiça e retidão. Preservar e fortalecer a unidade federativa é o objetivo mais importante. E para res-taurar a responsabilidade no Governo, a primeira tarefa deve ser a reabertura da comunicação entre o presidente e o povo. Necessitamos primeiro de um presidente que seja forte, capaz de liderar sem impor e sem mentir. Colhemos, ainda, os frutos amargos de uma falha fundamental na responsabilidade da ex--presidente. Precisamos, agora, restaurar essa responsabilidade, para assegurar o sucesso do novo Governo.

(*) Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor

ARTIGO/POLÍTICA

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“MINISTRO, EU NÃO QUERO MUDAR DE

PAÍS, EU QUERO MUDAR DE BRASIL”

Do ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal

Federal, contando na sessão de ontem como foi interpelado

por um estudante universitário durante palestra em um centro

acadêmico, na TV-Senado

Frasesdo MêsMAIO

“O VICE-PRESIDENTE NÃO TEM TEMPO PARA ERRAR”

Do senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, após visitar vice-presidente Michel Temer no

Palácio do Jaburu, segundo o Bom Dia Brasil

“EU QUERO ENTRAR PARA A HISTÓRIA”Do vice-presidente Michel Temer, à revista Veja

“CRESCE O APOIO A ELEIÇÕES

ANTECIPADAS. AS PESQUISAS DIZEM

QUE A POPULAÇÃO QUER NOVAS

ELEIÇÕES”.

Do senador Paulo Paim, PT/ RS sobre a tese

defendida por ele e os colegas Jorge Vianna e

Lindebergh Farias de antecipação das eleições para

outubro, segundo O Globo“ALERTO QUE ESTE COMPORTAMENTO

TERMINA EMPURRANDO OS INDECISOS

PARA VOTAREM PELO IMPEACHMNET”

Do senador Cristóvam Buarque, após ser vaiado e

xingado de ´traidor´ numa livraria de Brasília, por

suspeita de que vá votar contra Dilma no Senado, em

mensagem no Facebook, segundo o jornalista Luiz

Carlos Azedo

“PRESIDENCIALISMO SEM POSSIBILIDADE DE IMPEACHMENT É

DITADURA”Do senador Antonio Anastasia, relator do impeachment da presidente Dilma na Comissão Especial do Senado no seu parecer, segundo O Globo

“O NOME ADEQUADO DEVERIA SER CONTABILIDADE

DESTRUTIVA”Do procurador-geral do TCU, Júlio Marcelo de

Oliveira, sobre as alegações da AGU de que o

governo cometeu “contabilidade criativa” nas

pedaladas fiscais, segundo o Portal G1

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“HÁ CRIME DE SOBRA”Da advogada Janaína Conceição Pascoal, em sua fala na Comissão Especial de Impeachment o Senado,

ao defender que os senadores estendam o julgamento à Operação Lava Jato, segundo a Folha de S.Paulo

“SEU FILHO (DE CERVERÓ) FOI CORAJOSO”

Do juiz Sergio Moro ao ex-diretor da Petrobras,

Nestor Cerveró, em seu depoimento, quando este

chorou ao lembrar a gravação feita por seu filho

da conversa com o senador Delcídio do Amaral,

segundo o Estadão

“DILMA COMETE GRAVÍSSIMO

EQUÍVOCO AO CHAMAR IMPEACHMENT

DE GOLPE”Do ministro Celso de Mello, do STF, sobre as

acusações da presidente Dilma Rousseff de

golpe parlamentar promovido pela Câmara dos

Deputados ao aprovar o seguimento do processo

de seu impeachment, segundo o Jornal Nacional

“O CONGRESSO ESTÁ AGINDO COM A LEI, PORTANTO NÃO PODE SER CONSIDERADO UM GOLPE. TRATA-SE DE UMA CRISE GERADA NO BRASIL PELOS PRÓPRIOS BRASILEIROS”.

Do New York Times, edição de hoje, ouvindo o ex-embaixador americano no Brasil, Melvyn Levitsky, citado pelo site Antagonista. O ex-embaixador ainda ajuntou:” A esta altura, duvido que a solidariedade internacional possa ajudá-la de alguma maneira”.

“O PSDB ERRA. SE QUER

SER O FUTURO, TEM QUE

AJUDAR A CONSTRUÍ-LO. O

CAMINHO DE QUEM NÃO É

GOVERNO É OPOSIÇÃO, O

RESTO É CRISE EXISTENCIAL”

Do ex-deputado e ex-ministro Geddel Vieira

Lima, do PMDB, dos mais ligados ao vice-

presidente Michel Temer, sobre a recusa do

PSDB em participar do eventual governo,

segundo o próprio, no seu perfil do twitter

“NÃO POSS0, NÃO DEVO E NÃO IREI INTERFERIR NA LAVA JATO. MESMO QUE PUDESSE INTERFERIR, JAMAIS O FARIA”

Do vice-presidente Michel Temer, à Época, ao descartar o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira para ministro da Justiça, por ter se manifestado contrariamente à Lava Jato

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24 CARTA POLIS | MAIO 2016

Está tramitando na Câmara dos Deputados o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que convoca plebiscito entre os eleitores de Goiás e do Distrito Federal para

criação de um novo estado, o Planalto Central. A medida está prevista no Projeto de Decreto Legislativo 1127/13.

O autor é o ex-deputado federal Francisco Escórcio, na época integrante da bancada do Maranhão pelo PMDB.

Sua intenção ao apresentar o projeto foi que o novo ente federativo seja composto “pelo desmembramento das áreas onde se situam as Regiões Administrativas do DF” e mais os seguintes municípios de Goiás: Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Alvorada do Norte, Buriti-nópolis, Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho, Corumbá de Goiás, Cristalina, Damianópolis, Flores de Goiás, Formo-sa, Luziânia, Mambaí, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto, São João da Aliança, Simolândia, Sítio d’Abadia, Valparaíso de Goiás e Vila Boa de Goiás.

- “A criação do novo estado deve gerar desenvolvimento, principalmente para a região do entorno do DF” - argumenta Escórcio, atualmente alto prócer do PMDB nacional.

- “Além de o Distrito Federal figurar como capital, é pa-trimônio cultural da humanidade, o que impossibilita o desen-volvimento de meios de sustentação próprios, dependendo dos recursos do governo central”, observa o ex-parlamentar.

E continua, na defesa do novo Estado:- “Mas, paradoxalmente, grandes fluxos migratórios foram

atraídos para a região, gerando crescimento urbano desordena-do e caótico, de difícil administração, o que gerou carências de escolas, hospitais, saneamento básico e outras necessidades de atendimento à coletividade”.

PLEBISCITO, PRIMEIRO PASSO PARA NOVO ESTADO

Em 23 de agosto de 2013 o então deputado federal Fran-cisco Escórcio (PMDB-MA) apresentou o Projeto de Decreto Legislativo n. 1127/2013, que “Convoca plebiscito no Estado

Estado Planalto Central

BRASÍLIA

PROPOSTA ESTABELECE PLEBISCITO

de Goiás e no Distrito Federal para ouvir o eleitorado sobre a criação do Estado do Planalto Central”.

Sua íntegra:

O Congresso Nacional decreta:Art. 1º Os Tribunais Regionais Eleitorais do Estado de Goiás e do Distrito Federal realizarão, em todos os Municípios do Estado e em todo o Distrito Federal, no prazo de dois anos a contar da promulgação deste Decreto Legislativo, plebiscito sobre a criação do Estado do Planalto Central, a ser constituído pelo desmem-bramento das áreas onde atualmente se situam os Municípios de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia,Alvorada do Norte, Buritinópolis, Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho,Corumbá de Goiás, Cristalina, Damianó-polis, Flores de Goiás Formosa, Luziânia,Mambaí, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina de Goiás,Santo Antônio do Descoberto, São João da Aliança. Simolândia; Sítio d’Abadia,Valparaíso de Goiás e Vila Boa de Goiás, todos do Esta-do de Goiás, e pelo desmembramento das áreas onde se situam as Regiões Administrativas do Distrito Federal.Art. 2º O Tribunal Superior Eleitoral expedirá instruções aos Tribunais referidos no art. 1° para a organização, realização, apuração, fiscalização e proclamação do resultado do plebiscito de que trata o presente Decreto Legislativo.Art. 3º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICAÇÃO:O Projeto de Decreto Legislativo ora apresentado pre-

tende convocar plebiscito para oitiva do eleitorado sobre a criação do Estado do Planalto Central, a ser constituído pelo desmembramento de áreas de Municípios do Estado de Goiás e de áreas onde se situam as Regiões Administrativas do Distrito Federal.

A presente iniciativa inspira-se no Projeto de Decreto Le-gislativo nº 298, de 2002, de minha autoria, apresentado no Senado Federal, e no Substitutivo de autoria do Relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça daquela Casa Legislativa, o nobre ex-Senador JEFFERSON PÉRES.

Na Câmara Alta, a proposição foi analisada pela Co-missão de Constituição e Justiça, tendo recebido parecer pela constitucionalidade, juridicidade, boa técnica legislativa e, no

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25CARTA POLIS | MAIO 2016

mérito, pela aprovação, do ilustre ex-Senador JEFFERSON PÉRES, lamentavelmente já falecido.

O Substitutivo do relator foi o resultado de longas e profícu-as discussões e audiências públicas realizadas naquele órgão técni-co do Senado Federal, quando foram ouvidas autoridades e espe-cialistas na matéria que muito contribuíram para o esclarecimento do tema. Como resultado, a proposição apresentada ao final dos trabalhos daquela Comissão logrou aperfeiçoar o projeto original.

Ocorre que, após o arquivamento do Projeto de Decreto Legislativo nº 298/02, não foi possível a reapresentação da ma-téria naquela Casa Legislativa, motivo pelo qual consideramos, agora, momento oportuno e conveniente para continuarmos o debate do tema no Congresso Nacional, partindo-se desta Casa dos Representantes do Povo.

A verdade é que ninguém desconhece a grave situação em que se encontra a Capital Federal, inicialmente criada para comportar um número muito menor de habitantes do que o contingente populacional que hoje comporta.

O que vemos, hoje, é a perda da qualidade de vida, de-semprego, insegurança e muitos outros fatores que conduzem a maior parte de seus habitantes a um padrão de sobrevivência insatisfatório, muito aquém do desejável.

Não há como não vincular essa crescente perda de qualidade de vida ao fato de que o Distrito Federal, ente federativo cuja razão de ser, primacialmente, é abrigar o Governo Federal, portanto, cria-do sem a viabilidade econômico-financeira que seria de se esperar de um Estado Membro, acaba por atender, mesmo sem recursos e competência legal para tal, os Municípios do chamado entorno, pertencentes, na verdade, ao Estado de Goiás.

O Estado de Goiás não dedica às cidades do entorno a devida prioridade, parecendo considerar que as mesmas estão vinculadas ao DF. Isso é negativo tanto para a população da Capital quanto para a população das referidas cidades, que hoje padecem de graves problemas sociais.

Sabe-se que, além de o Distrito Federal figurar na Fe-deração como Capital da República, encerra a condição de Patrimônio Cultural da Humanidade, o que impossibilita o desenvolvimento de meios de sustentação próprios, de-pendendo dos recursos do Governo Central. Mas, parado-xalmente, grandes fluxos migratórios foram atraídos para a Região, gerando crescimento urbano desordenado e caótico, de difícil administração, o que gerou carências de escolas, hospitais, saneamento básico e outras necessidades de aten-dimento à coletividade.

Importa sempre lembrar a ausência de indústrias e de produção agrícola na região do DF, dada a sua natureza pecu-liar, o que acarreta baixa arrecadação tributária. Como a vida dos Municípios e entorno se faz toda praticamente em Brasília, consideramos urgente a solução do problema que, a nosso ver, pode ser alcançado com a criação de um Estado que abrigue essas cidades, dando-lhes a assistência de que necessitam para a melhoria de suas condições de vida, fato que beneficiará, tam-bém, a população do Distrito Federal.

Certos de que nossa proposta vem ao encontro do bem estar da coletividade por ela visada, e crendo que aprimorará a condição do Distrito Federal na sua vocação de sede do Gover-no Central, esperamos de nossos ilustres Pares o seu aperfeiço-amento e aprovação.”

O plebiscito é o primeiro passo necessário para a criação de um novo estado. Caso as populações envolvidas aceitem a mudança, os parlamentares ainda precisam aprovar uma lei complementar, que seguirá para sanção presidencial.

A proposta está sendo analisada pelas comissões de Inte-gração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia;

de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Ci-dadania antes de seguir para votação pelo Plenário.

Como somente neste mês de maio as comissões permanentes da Câmara começaram a ser organizadas, com a eleição de seus membros, acredita-se que a partir de agora, o PDL 1127/13 co-meçará a tramitar efetivamente para ser votado ainda neste ano.

Taguatinga Capital?

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26 CARTA POLIS | MAIO 2016

LEGADO DE TAQUES Se tivesse permanecido como senador, o atual governador de Mato Grosso, Pedro Taques, teria sido o escolhido por seus pares para relator da Comissão Especial do Impeachment, tal o seu conhecimento ju-rídico. Porém, o relator Antônio Anastasia sempre foi visto como legítimo herdeiro da cátedra de Taques por seus conhecimentos de Direito Constitucional, como professor da matéria em Minas.

OS TELEFONISTASO Palácio do Planalto dispõe de uma tropa de choque, sim. É integrada não por ministros ou assessores, mas por um exér-cito de telefonistas que são capazes de localizar, se quiserem, ou forem ordenadas a isso pela presidente, de localizar no Kremlin um “valet de chambre” que prepara uma caneca de chá para Vladimir Putin.Esse pessoal vem de outras guerras, de outros presidentes, hoje está a serviço das desesperadas ordens de Dilma para procurar políticos com quem jamais falou ou a ministros do Supremo, que relutam em atender as ligações dela.

JOVAIR CRESCE Cresceu a cotação do deputado goiano Jovair Arantes, do PTB, e rela-tor da Comissão Especial do Impeachment da Câmara, para presidir a casa numa eventual eleição que se sucederia ao afastamento de Eduardo Cunha. Ele supera a cotação do deputado Rogério Rosso, que presidiu os trabalhos.

MAGNO DESABRIDO Um súbito herói do dia, o senador capixaba Magno Malta roubou a cena na fase dos debates sobre o impeachment, com um discurso du-ríssimo contra Dilma. Foi tão contundente que as redes sociais, que nunca haviam dado importância ao senador pelo PR, bombaram numa audiência pouco vista para um político. Há quem veja Mal-ta como o único com linguagem desabrida capaz de enfrentar Lula. Detalhe: ele quer se candidatar a presidente em 2018.

JEFFERSON ADMOESTAAmigos e aliados, Roberto Jefferson e Eduar-do Paes podem se dar ao luxo de entrarem em divergência, trocando palavras acres. Uma das mais recentes culminou com uma admoesta-ção de Jefferson ao prefeito do Rio que deve ter doído na alma: “Você não pode achar que é Deus! Senão Deus vem para te colocar na tua verdadeira situação!”. Foi devido ao compor-tamento de Paes em relação à queda do trecho da ciclovia em São Conrado.

Alberto Caeiro

S NAR

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27CARTA POLIS | MAIO 2016

PORTA FECHADA Na sucessão dos acontecimentos no gabinete da presidente Dilma, o ministro José Eduardo Cardoso saiu imediatamente para o Supremo. A intenção era procurar os ministros Ricardo Lewandowski e Teori Zavascki. Foi atendido. Logo a seguir, procurou falar com o procurador-geral Rodrigo Janot, mas não foi atendido.

CORREIOS DESPREZADODiante das mais desencontradas informa-ções sobre o destino da pasta das Comuni-cações e particularmente dos Correios, um diretor dessa empresa, outrora considerada a instituição de maior orgulho pelos brasilei-ros, queixava-se: - “Ninguém nos quer mais. Antes, todos nos queriam...” Quem quis, finalmente, foi o PSD de Gilberto Kassab. Animem-se, carteiros.

MESSIAS MUDOUO subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Roberto Messias, o Messias a que Dilma aludiu no vídeo de sua fala com Lula grampeada pela Polícia Federal, e divulgada pelos meios de comunicação, tem dito a amigos mais chegados que sua vida só piorou após o episódio em que se viu nacionalmen-te conhecido. Funcionário de carreira do Palácio do Planalto, hoje é anti-dilmista militante.

PESSOAL RELUTAFoi o secretário pessoal de Dilma Rousseff, Giles Azevedo, quem de-finiu a relação dos 17 assessores que a presidente levaria ao Palácio da Alvorada em seu período de afastamento. Ato contínuo, Giles começou a sondar os 17. Entre os que sondou apenas 2 se dispuseram imediata-mente a colaborar. Os demais deram respostas vagas e ficaram de res-ponder mais tarde. Outros tiraram licenças médicas.

CORO LAMENTAUm coro de lamentações em palavreado rude foi o que se sucedeu ao conhecimento por Dilma da re-presentação do procurador-geral da República Rodrigo Janot, enviada ao STF, solicitando abertura da investigação contra a presidente e o ex-presidente Lula. No gabinete dela, reunida com os minis-tros mais ligados, ouviram-se expressões fortes como “traidor!” e “ele tinha compromisso conosco!”

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28 CARTA POLIS | MAIO 2016

BRASÍLIA/POLÍTICA

O deputado federal Augusto Carvalho, mineiro, sociólogo graduado pela UnB, de origem sindi-cal (foi presidente do Sindicato dos Bancários, concursado no Banco do Brasil) tinha tinha

tudo para ser aquele modelo de uma nova política de costumes elevados que seria uma das contribuições renovadoras de Bra-sília para o País.

Constituinte em 88, na primeira eleição direta ocorrida no Distrito Federal, em 86, pelo então PCB (Partido Comu-nista Brasileiro), carregava a mística de uma nova geração que iria enterrar a velha política.

Augusto é defendidoEM QUESTÕES PARTICULARES POR ADVOGADO PAGO COM DINHEIRO PÚBLICO

Leonardo Mota NetoSuas 4 reeleições à Câmara Federal e uma passagem pela

Câmara Legislativa do DF – após uma frustrada tentativa de eleição ao Senado – tornavam evidente que Augusto se encaixava à perfeição no modelo de bom-moço, o querubim desejado pela autonomia política da Capital da República: que tudo nela tivesse o toque da qualidade, incluindo os políticos.

1992. O PCB se reformula e passa a se chamar PPS. Em agosto de 2008 licenciou-se do cargo de deputado federal para assumir o cargo de Secretário de Saúde do governo do Distrito Federal. Começaram os seus dramas.

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29CARTA POLIS | MAIO 2016

O governador era José Roberto Arruda. Na Secretaria de Saúde, experimentou uma torrente de aflições derivadas de denúncias de malfeitos gerenciais numa época conturbada que terminou pela cassação do governador.

Augusto foi perdendo gradativamente a chama e o brilho de político-esperança que encantava a capital da esperança.

A imagem do sociólogo de classe média, líder bancá-rio, ex-comunista, com presença carismática ajudada por um perfil tímido e frágil, foi se desfazendo para dar lugar a um político fisiológico que se enveredou nas trilhas da imoralidade.

Os eixos acusatórios contra Augusto Carvalho tiveram di-versas fontes, épocas e variedades de objeto. Mas num aspecto elas são imutáveis. Ele foi sempre defendido pelo advogado Mar-celo Barbosa Coelho, inscrito na OAB/DF sob o número 8558. Assinou todas as petições dos processos da série histórica.

Porém, o diferencial é que Augusto não foi procurar um advogado com escritório particular para contratar para defen-dê-lo no rol de processos a que responde.

Foi recrutá-lo no seu próprio gabinete. O advogado Marcelo Barbosa Coelho integra a assessoria do deputado Augusto Car-valho na Câmara dos Deputados, como secretário parlamentar.

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30 CARTA POLIS | MAIO 2016

Assessores dos gabinetes dos deputados, pagos pelo con-tribuinte, só podem atuar para de-fendê-los nas demandas judiciais originárias do exercício do manda-to. O contrário significa ferir a ética profissional do advogado e o decoro do deputado.

Na dança partidária que o fazia não mais o novo, mas um politico com os demais, viciado em experimentar novos nichos, deixou o PPS e filiou-se ao Solidariedade em outubro de 2013.

SEMINÁRIO DA SAÚDE

A assinatura do advogado Marcelo Barbosa Coelho, lotado no gabinete de Augusto Carvalho na Câmara dos Deputados, como secretário parlamentar, está fir-mada nos vários atos de sua defesa.

Em 1 de agosto de 2012, o deputado federal Augusto Carvalho firmou, por exemplo, um ato de outorga ao advogado Marcelo Barbosa Coelho para lhe atribuir poderes de defesa em qualquer juízo, dirigido ao juiz da Sétima Vara da Fazenda Pública do DF.

O objeto foi uma contestação a uma ação de ressarcimen-to movida pelo Erário Público do DF, através de sentença do Tribunal de Contas do DF, relativo ao processo licitatório na modalidade pregão eletrônico firmado como Secretário de Saúde com empresa de promoções e eventos que organizou um seminário no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (“Integração Governo-Saúde”).

Mais adiante, em 10 de setembro de 2012, Barbosa Coelho voltou a requerer ao Juiz de Direito da Sétima Vara da Fazenda Pública do DF, para produzir prova testemunhal no sentido de que seu chefe parlamentar, como Secretá-rio de Saúde, preservou o patrimônio público e que tudo fez dentro dos estritos limites da lei.

Endereçado ao mesmo juízo da Sétima Vara da Fazenda Pública

do DF, seguiram-se até 2015 várias outras petições em outros processos, todas assinadas por Marcelo Barbosa Coelho na defesa de Augusto Carvalho.

AGRAVOS DE INSTRUMENTO

A Oitava Vara da Fazenda Pública do DF procede a outra ação de improbidade contra o deputado federal e o filme não muda seus protagonistas.

O advogado e secretário parlamentar do gabinete de Au-gusto assinou um agravo de instrumento em 2 de março de 2015 para que o processo do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios não prospere.

Outro foi impetrado em 1 de dezembro de 2015 como pedido de liminar contra a decisão do juízo da Oitava Vara da Fazenda Pública que anulou monocraticamente sentença de mérito com extinção do processo.

BRASÍLIA/POLÍTICA

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31CARTA POLIS | MAIO 2016

CONVÊNIOS PARA HOSPITAISSó para recordar o pano de fundo desses processos.

O principal eixo acusatório contra o deputado Augusto Car-valho é movido pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, que moveu ação de improbidade administrativa, gerando bloqueio de bens, alusiva à sua gestão como Secretário de Saúde do governo Arruda em 2009.

Segundo o MP, foram celebrados dois convênios suspei-tos de irregularidades, o primeiro para reforma e ampliação do Hospital Municipal Bom Jesus, de Águas Lindas e o outro para capacitação de pessoal, contratação de serviços, aquisição de material de consumo, equipamentos e material permanente.

Augusto figura nesse termo de responsabilidade junto ao governador José Roberto Arruda e Geraldo Messias de Queiroz.

Augusto contestou em 27 de abril de 2015, através de se advogado Marcelo Barbosa Coelho, a ação de improbidade que o acusa de omissão por não ter tomado providências para evitar um sinistro no Hospital Materno-Infantil.

A peça densa de defesa de Marcelo, em nome de seu clien-te, foi exarada em 10 de abril de 2014, quando apresentou ma-nifestação ao juiz da Oitava Vara da Fazenda da Fazenda Públi-ca, refutando as alegações e documentos contidos no processo do Ministério Público.

O que se torna pecado original a afetar a moralidade administrativa, à Lei da improbidade (Lei 8429) e ao princípio do decoro parlamentar, na conduta do de-putado federal Augusto Carvalho é o em-prego de seu assessor de gabinete Marcelo Barbosa Coelho como advogado particular para causas pessoais, remanescentes da época em que e foi Secretário de Saúde do governo Arruda, de onde saiu crivado de processos.

Servir-se de um secretário parlamentar, que percebe salários pa-gos com dinheiro público, para advogar em seu nome em causas parti-culares, é sério agravo ao decoro.

Com o também é grave crime perante os códigos do funciona-lismo público legislativo e à ética que rege os advogados registrados na OAB. O advogado, no caso, utiliza-se das franquias permitidas pelo dinheiro público para defender Augusto Carvalho em questões judiciais privadas.

A prova de que Marcelo Barbosa Coelho é integrante do quadro de secretários parlamentares é o simples constar de seu nome quando se consulta a lotação do gabinete do deputado federal Augusto Carvalho, sujeito a ponto eletrônico..

Entre os 17 secretários parlamentares ponto 183678 corresponde a Marcelo Barbosa Coelho com a indicação de que seu órgão de origem é o Ministério de Minas e Energia e que a data de publicação do ato é 13 de fevereiro de 2015.

Ocorre que o advogado vem prestando serviços de forma irregular ao gabinete do deputado federal, acúmulo de funções públicas, o que é crime diante das das leis vigentes.

De fato, em 4 de maio último uma portaria assinada pelo Se-cretário-Executivo do Ministério de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata Ferreira, e publicada no Diário Oficial da União, prorroga até 30 de agosto de 2017 a cessão do funcionário, no grau funcional de advogado, à Câmara dos Deputados.

Até esta data da prorrogação de sua cessão, ele assinou várias das petições à Justiça em nome de seu constituinte, funcionando como advogado particular em causas criminais.

Dos 8 processos localizados nas referências que tramitam na Justi-ça do DF tendo Augusto Silveira de Carvalho como demandante ou réu, 4 deles são defendidos por Marcelo Barbosa Coelho.

Em 15 de outubro de 2015, Marcelo Barbosa Coelho funcionou como advogado de Augusto Carvalho junto à Quinta Turma Cível do Tribunal de Justiça do DF e Territórios no agravo de instrumento con-tra o Ministério Público, portanto, bem, antes da portaria assinada pelo Secretário-Executivo do Ministério de Minas e Energia.

MARCELO, SECRETÁRIO PARLAMENTAR

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32 CARTA POLIS | MAIO 2016

SWING POLÍTICO 1.0

Eduardo Cunha era um jovem pre-sidente da Telerj, companhia telefônica do Rio de Janeiro.Estava implantando os telefones celulares e aposentando as linhas fixas que eram explorados por carteis externos ao governo e que cobra-va preços exorbitantes. Havia ainda um mercado negro de linhas.

Cunha veio a Brasilia com seu pro-tetor político, o então senador Francisco Dornelles. Queria se lançar no grande mundo do poder da capital. Já tinha ambições da altura do Himalaia.

Dornelles parecia ão desejar as-sumir tal encargo,. Convidou um ami-go que mora em Brasilia, o engenheiro

e consultor José Carlos Mello, de mui-tos amigos na capital, para almoçar em companhia do jovem Cunha. Pe-diu-lhe para abrir as portas da capital para o ambicioso jovem.

No almoço, falante como um ca-melô da Cinelândia, Cunha não deixava sequer que Mello se apresentasse.

Foi quando Dornelles perdeu a paciência. Bateu na mesa e dirigiu-se ao jovem Cunha:

– “Você aí se cale! Deixa o Dr. Mello falar!”

O Dr. Mello não pôde falar. O jovem Cunha não permitia. Deu no que deu.

Antes da presidente afastada Dilma Rousseff, as mulheres nunca tiveram um acesso tranquilo aos governo para atuarem como ministras. A primeira foi Esther de Figueiredo Ferraz,no governo Figueiredo, para a pasta da Educação mas só foi cha-mada depois que saíram dois ministros anteriores, Eduardo Portella e Rubem Ludwig.

No governo seguinte, o de Sarney, a única mulher-ministra foi convidada por acaso. Sarney precisava de um ministro para Indústria e Comércio, para substi-tuir Elcio Alvares.

Quem? Sarney, se debatia consigo mesmo para encontrar um perfil que agra-

dasse gregos e troianos. paulistas e goianos.Foi quando, numa certa noite no Palá-

cio da Alvorada, assista aos telejornais em companhia de seu filho Fernando.

Numa matéria sobre economia brasileira,que naquele tempo apontava para uma hiper-inflação, Fernando ob-servou a entrevista com uma economista mineira que em rápidas palavras fez um preciso diagnóstico da economia, falando bem, pausada e docemennte, e com conhe-cimento de causa.

– ” Papai, eis a sua ministra” – Fernan-do apontou ao pai a imagem na tela da TV.

Foi convidada no dia seguinte. Era Dorothea Werneck.

PODE SER POR OBRA DO ACASO, COMO DOROTHEA

CUNHA COLOCAR NARIZ ONDE NÃO DEVIA

Mulher em ministério

Dornelles não deixou

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33CARTA POLIS | MAIO 2016

Agora que Michel Temer assumiu, as com-parações com Itamar Franco serão inevitáveis. Só há uma dúvida pairando no ar entre os po-líticos que acompanharam o governo da Repú-blica do Pão de Queijo, como era chamada era Itamar: quem será ACM de Temer?

É que ocorreu naquele período um episó-dio que poderia ter sido dramático se não aca-basse sendo hilário.

O então governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães, o ACM, fazia sucessivas de-núncias sobre corrupção no governo.

Itamar, cônscio do seu rigoroso ânimo anti--corrupção, e certo de que estava conduzindo seu governo com moralidade.

ACM, certo dia, desafiou Itamar a recebê-lo no Planalto. Disse que comprovar o que denuncia-va com documentos sobre quem e onde se estava roubando dinheiro público. O presidente topou.

Itamar, astuto, mineiro de Juiz de Fora, to-mou precauções e pediu ao ministro da Justiça Mauricio Correa para testemunhar o encon-trou.Ainda deixou os jornalistas que cobriam o Palácio do Planalto de prontidão.

No dia, ACM chegou sobraçando uma pi-lha de documentos. Entretanto, ficou surpreso com a presença de Correa.Havia solicitado uma conversa particular.

O que aconteceu foi constrangedor. ACM, mudo, Abreviou a conversa. Itamar pediu-lhe os documentos. ACM largou-os na mesa. Eram apenas coleções de recortes de jornais. Não ha-via documento de prova algum.

Para fechar a pantomima Itamar mandou os jornalistas entraram no gabinete. Foi cons-tatado um ACM visivelmente apanhado em posição de quem foi apanhado em flagrante parlapatice.

Um dos homens fortes do novo governo Te-mer, Moreira Franco, do PMDB, carrega em sua biografia politica um troféu de rara importância. Quando governou o Rio derrotou nada mais, nada menos, do que o então senador Darcy Ri-beiro que concorria pelo PDT, isso em 87.

Incansável gestor ,Moreira fez de tudo para mudar a fisionomia do Rio e levou o metrô ate Copacabana. A obra na Praça Cardeal Arcozelo denmorou muito e ficou conhecida com “o bura-co do Moreira. Finalmente, anos depos, o metrô entrou em funcionamento.

Mas, o povinho é ingrato. Nas eleições para a sucessão, em 90, Moreira não conseguiu eleger seu candidato, Nelson Carneiro. Leonel Brizola, do PDT voltou ao governo do Rio, vencendo a disputa já no primeiro turno.

Ele próprio perdeu a eleição para o Senado em 98. Ganhou-a Francisco Dornelles.

Os marqueteiros de Moreira, após essa derrota eleição majoritária, debruçaram-se para saber as causas do insucesso. Depois de muita pesquisa, constataram que o vilão havia sido o slogan da campanha:

– “Meu nome é trabalho!”Trabalho, logo no Rio de Janeiro, com suas

lindas praias?Moreira concordou. Hoje, na equipe de

Michel Temer, não mais. A fama de homem trabalho continuou perseguindo-lhe desde que, ministro da Aviação Civil de Dilma, pro-mete inaugurar o aeroporto de Vitória com dia e hora mercados, como mostra a charge de Amarilo…

DENÚNCIAS DE CORRUPÇÃO, MAS ERAM APENAS RECORTES DE JORNAIS

“MEU NOME É TRABALHO”, O FEZ PERDER ELEIÇÃO PARA SENADOR

Itamar recebeu de ACM

Slogan de campanha de Moreira,

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34 CARTA POLIS | MAIO 2016

O Supremo

Desde quando chegou o Supremo Tribunal à Brasília, e tive a oportunidade de recepcionar cada ministro que chegava no início da capital, faz cinquenta e seis

anos, todos faziam questão de dizer para a imprensa que só falavam sobre processo nos autos e não davam entrevista sobre o que iriam julgar, pois, caso contrário, ficariam impedidos.

O Supremo sempre foi a Corte Superior, dando exemplo aos demais magistrados do país, e ensinava que um ministro tem de ser imparcial, não só no julgamento, como também na aparência, e por isso não se encontravam suas excelências em festas, bares ou entrevistas.

DE ONTEM E DE HOJE

Agora, como se tem visto, quase todos os ministros da Alta Corte dão entrevistas sobre o que irão julgar, falam aber-tamente sobre política, e defendem algumas pessoas que estão para ser julgadas pelo próprio Supremo.

Se seguirmos a orientação da Corte Suprema, desde sua inauguração, parece-me que quase todos os ministros estão impedidos para julgar os processos da Lava Jato e dessa crise política sem precedentes.

(*) Gilberto Amaral é jornalista, mineiro de São Sebastião do Paraíso e pioneiro de Brasília.

Gilberto Amaral (*)

ARTIGO/JUDICIÁRIO

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35CARTA POLIS | MAIO 2016

Um votoEu fui à pauta de hoje, aleatoriamente, e lá encontrei,

como último processo, um de relatoria da Ministra Rosa Weber. Ele é emblemático, caricatamente emble-

mático, do que vem acontecendo.Trata-se de um crime de homicídio cometido em 1991.

Vinda a sentença de pronúncia houve um recurso em sentido estrito. Posteriormente, houve a condenação pelo Tribunal de Júri e foi interposto um recurso de apelação. Mantida a decisão, foram interpostos embargos de declaração.

Mantida a decisão, foi interposto recurso especial. Decidi-do desfavoravelmente o recurso especial, foram interpostos no-vos embargos de declaração. Mantida a decisão, foi interposto recurso extraordinário.

Isso nós estamos falando de um homicídio ocorrido em 1991 que o Supremo está julgando em 2016. Pois bem: no recurso extraordinário, o Ministro Ilmar Galvão, o estimado Ministro Ilmar Galvão, inadmitiu-o. Contra a sua decisão, foi interposto um agravo regimental. O agravo regimental foi des-

DO MINISTRO BARROSO

provido pela 1ª Turma, e aí foram interpostos embargos decla-ratórios igualmente desprovidos pela 1ª Turma. Desta decisão, foram interpostos novos embargos de declaração, redistribuí-dos ao Ministro Carlos Ayres Britto. Rejeitados os embargos de declaração, foram interpostos embargos de divergência, dis-tribuídos ao Ministro Gilmar Mendes.

E da decisão do Ministro Gilmar Mendes que inadmi-tiu os embargos de divergência, foi interposto agravo regi-mental, julgado pela Ministra Ellen Gracie. Não parece nem uma novela.

Parece uma comédia. E em seguida à decisão da Ministra Ellen Gracie, foram interpostos embargos de declaração, co-nhecidos como agravo regimental, aos quais a 2ª Turma negou provimento. Não obstante isso, nós estamos com embargos de declaração no Plenário. Portanto, mais de uma dúzia de recur-sos, quase duas dezenas de recursos. E, consequentemente, em relação a um homicídio cometido em 1991 até hoje a sentença não transitou em julgado”.

JUDICIÁRIO

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36 CARTA POLIS | MAIO 2016

FERA FERIDAUma lição os advogados dos réus da Operação Lava Jato vão levar como experiência desse período da história do Brasil. Não se deve subestimar a Justiça naquilo que ela tem de mais sagrado, isso para não despertar seus instintos mais primitivos. Chama-se: tentativa de obstrução da Justiça. Muitos tentaram e cutucaram a fera que existe em cada magistrado que se julga obstruído.

DILMA TELEFONOU A

CARMEN LÚCIA.

ELA NÃO ATENDEUA atual fase do relacionamento entre a presidente Dilma Rous-

seff e os ministros do Supremo Tribunal Federal é mesmo muito

tensa. No aniversário da ministra Carmen Lúcia, no dia 4 de maio,

a presidente Dilma tentou cumprimentá-la. Tentou telefonar-lhe

pelo número fixo do gabinete da ministra uma, duas e três vezes. A

ministra não atendeu. Tentou uma quarta vez pelo celular pessoal

da ministra. Mais uma vez ela não atendeu. Dilma desistiu. Deve

ter percebido as portas do Supremo fechadas.

Ricardo Ramos

S NARMAIS

JANOT REVELADOUma explicação sobre a mudança de comportamento do procurador-geral Rodrigo Janot após meses submergido em silêncio: ele voltou pouco antes ao Brasil após uma viagem aos Estados Unidos e à Suíça. Teria robustecido a colheita de provas contra os principais investigados da Operação Lava Jato.

MEDO CHINÊS Investidores internacionais não veem chegar a hora da estabilização da conjuntura política brasileira para faze-rem lances em oportunidades de adquirir ativos atraentes. Os chineses lideram essas plataformas de interesse. Dinheiro é que não lhes falta. Mas dinheiro também tem medo.

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CELINA DESCONFIADAA política do Distrito Federal está vivendo dias eletrizantes com a fratura cada vez mais visível das relações entre o governador Rodrigo Rollemberg e a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão. O agravamento se deu quando Celina teve desaprovado por um voto o projeto que permitiria sua reeleição à mesa da Câmara. Rollemberg havia sido de inicio simpático à ideia. Hoje, Celina desconfia que foi dele a inspiração para que a deputada Luiza de Paula (PSB) faltasse no dia da votação, o que levou à derrota do projeto.

DECOLAGEM ABORTADAO deputado Rogério Rosso perdeu força na decolagem de seu voo para o Palácio do Buriti. Teve ótimo desempenho à frente da Comissão Especial da Câmara, logrando maciça mídia por dias seguidos. Porém, no domingo da votação em plenário, perdeu-se entre os demais deputados no risível papel de homenagear tudo que pudessem.

FILIPPELLI VOAUma dos assessores de Michel Temer mais próximos historica-mente dele, o presidente do diretório regional do PMDB do DF, Tadeu Filipelli, almeja voos audaciosos. Quer disputar o Palácio do Buriti em 2018 com um marketing assentado na imagem de mestre de obras que foi como secretário de Obras de Joaquim Roriz. Além disso, como o político brasiliense de maior acesso a Temer.

FENÔMENO REGUFFEUm ícone da política de Brasília, o senador Reguffe, sem parti-do, mantém a mística de equidistante do cotidiano. De quando em vez ocupa a tribuna para pronunciar-se. Nas comissões não é presença tão frequente. Mesmo assim, os tabuladores de pesqui-sas locais o consideraram favorito à eleição para governador em 2018. Vá explicar o fenômeno!

BRASÍLIA CONFIDENCIAL

TERRA SÁFARA Um experiente conhecedor da política nacional analisa a razão de os partidos negarem uma eleição

para presidente e vice em outubro deste ano. “Não há nomes”. O fator Lava Jato comete o milagre de

deixar a terra eleitoral sáfara de candidatos.

ÁLVARO VERDEO PV está tentando convencer Álvaro Dias a aceitar sua candidatura presidencial em 2018 e começar a trabalhar já. Começaria por viajar pelo país para ser mais conhecido, no corpo a corpo. É campeão de audiência nas redes sociais, mas falta-lhe o contato direto com o eleitor. O senador ainda reluta, mas animou--se com o Paraná Pesquisas, que lhe atribuiu 3% de intenções espontâneas. É um animador ponto de partida para um verde.

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38 CARTA POLIS | MAIO 2016

POLÍTICA

Ao completar sete anos e meio à frente da Prefeitura de Cris-talina, no Entorno do DF, o prefeito Luiz Carlos Attié tem investido grande parte dos recursos no atendimento à saúde

dos cristalinenses. A mais recente realização foi a entrega de uma mo-derna Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas para casos de urgência e emergência que custou R$ 3 milhões, sendo 2 milhões dos cofres municipais.

A UPA de Cristalina atenderá pacientes locais e acidentados das rodovias que cortam o município.

Para facilitar o deslocamento e atendimento, a Prefeitura doou o terreno que fica ao lado da UPA, para construção do quartel do Corpo de Bombeiros e arcará com 50% do valor da obra. Também está sendo construído um heliponto para pousos e decolagens de helicópteros do Corpo de Bombeiros.

Com os atendimentos feitos pela UPA, haverá mais tranquilidade

no Hospital Municipal que continuará com o centro cirúrgico, mater-nidade e enfermaria. O hospital foi reformado, ampliado e moderniza-do e também recebe pacientes de outros municípios.

De acordo com o Ministério da Saúde, as UPAs funcionam 24 ho-ras por dia, sete dias por semana, e podem resolver grande parte das urgências e emergências, como pressão e febre alta, fraturas, cortes, in-farto e derrame.

As UPAs inovam ao oferecer estrutura simplificada com Raio X, eletrocardiografia, laboratório de exames e leitos de observação. Nas localidades que contam com as UPAs, 97% dos casos são solucionados na própria unidade.

Quando o paciente chega às unidades, os médicos prestam socor-ro, controlam o problema e detalham o diagnóstico. Eles analisam se é necessário encaminhar o paciente a um hospital ou mantê-lo em ob-servação por 24h.

Cristalina ATTIÉ INVESTE NA SAÚDE E INAUGURA UPA

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39CARTA POLIS | MAIO 2016

SAÚDE PARA TODOS Em 2015, foram entregues duas Unidades Básicas de Saúde (UBS).O objetivo desses postos é atender até 80% dos problemas de saúde

da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para hospitais.

Com isso, descentraliza o atendimento e deixa a comunidade mais próxima dos serviços de saúde e desafoga os hospitais.

Neste ano em que o município completa 100 anos de emancipação política, mais duas UBS serão entregues. Cada unidade terá 279 m² de área construída e custarão quase 500 mil reais cada.

Somam-se a elas mais 10 postos de saúde, inclusive um com aten-dimento exclusivo aos moradores da zona rural.

Outro destaque na área da saúde é o serviço preventivo. Equipes de agentes de saúde da família e agentes de endemias trabalham junto

à comunidade e a Prefeitura realiza mutirões de limpeza e combate aos focos de criação do mosquito Aedes Aegypti.

A Secretaria Estadual de Saúde mensalmente emite uma carta ver-de certificando o município com baixa incidência de dengue.

A comunidade tem acesso gratuito a serviços básicos de saúde como mais de 50 diferentes exames no laboratório municipal; trata-mento dentário no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO); consultas e exames em 20 especialidades médicas; cirurgias eletivas de pequena, média e alta complexidade e medicamentos gratuitos na far-mácia municipal.

Os cristalinenses estão bem servidos no quesito saúde. Attié deixa-rá saudades pela forma dinâmica de administrar. Por isso, já é sondado para ocupar cargos nos Governos do Distrito Federal e de Goiás após concluir seu mandato em dezembro.

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40 CARTA POLIS | MAIO 2016

Destaque do Mês

osBrasiliensesMachado

VieiraDestaques em Maio

BRASÍLIA

O desembargador Mário Machado Vieira Netto é o novo presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). O mandato será de dois anos. Assumiu no lugar do desembargador

Getúlio Moraes. No discurso, ele destacou o foco de sua administração: “Nos empenhare-

mos em cumprir as metas do Conselho Nacional de Justiça, entre elas, a de priorizar os julgamentos de processos de improbidade administrativa e de crimes contra a administração pública”.

Os demais poderes do Distrito Federal, presentes: o governador Rodrigo Rollemberg e a deputada Celina Leão, presidente da Câmara Legislativa.

E ainda os deputados distritais Chico Leite e Raimundo Ribeiro; o reitor da Universidade de Brasília Ivan Camargo; a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos; e o secretário de Educação, Júlio Gregório, prestigiaram a cerimônia.

O presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, também esteve na Sala de Sessões Plenárias.

Na mesma cerimônia tomaram posse os desembargadores Humberto Adjuto Ulhoa como primeiro vice-presidente e José Jacinto Carvalho, segundo

vice-presidente.

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41CARTA POLIS | MAIO 2016

Esses nomes estão sendo apresentados por ordem alfabética. O critério da escolha foi uma consulta ao Conselho Editorial da CARTA POLIS.

CLÁUDIA PEREIRA Publicitária e jornalista, dirige o Gabinete Comunicação, agência que tem como maior cliente as Organizações Paulo Octavio, premiada por suas promoções em datas marcantes nos shoppings da rede. Criativa, dinâmica, tem um discurso de otimismo sobre a superação da crise que atingiu a economia da capital federal.

GERVÁSIO BAPTISTA O mais famoso fotógrafo de Brasília que está com 93 anos, mudou-se para um asilo. Recebe poucas visitas. Foram mais de cinco décadas na profissão, com cliques de todos os presidentes entre Getúlio Vargas e Luiz Inácio Lula da Silva, sete copas do mundo e 16 concursos de Miss Universo.

HELENA CHAGASJornalista, ex-ministra da Comunicação Social, re-criou-se mais uma vez nas ferramentas da Internet inaugurando o moderníssimo site de noticias Os Divergentes, com Tales Faria, Orlando Brito, An-drei Meirelles, Ivanir Bortot. Esse é um caminho do jornalismo que não descura do papel de guardar a história dos fatos.

RINALDO DE OLIVEIRA Jornalista, criou um blog que se tornou num site que só dá noticias boas. De tanto dar notícias ruins durante os sete anos em que apresentou te-lejornais, sua saúde começou a dar sinais de que precisava sorrir mais. E foi em frente. Deixou o emprego e criou seu blog, hoje site com conteúdos positivos fenômeno de visualizações.

CRISTOVAM BUARQUE Esteve no centro de uma controvérsia sobre seu voto no impeachment da presidente Dilma Rous-seff no Senado, motivo pelo qual chegou a ser provocado numa livraria de Brasília. Uma urna foi colocada na cidade para “desvotação” de eleitores frustrados. Mas jamais perdeu a centralidade.

FABIANA CLAUDINOAtleta da seleção brasileira feminina de vôlei, teve a honra de receber da presidente Dilma Roulsseff na rampa do Palácio do Planalto a tocha olímpica que iniciou na capital sua peregrinação por todo país, até chegar ao Rio de Janeiro em agosto.

DAVID FLEISCHERNascido em Washington D. C, brasileiro naturaliza-do e brasiliense por adoção, 73 anos, é um cientista político e professor emérito da UnB (Instituto de Ci-ência Política) em atividade febril nessa crise política: dá seus pareceres à mídia nacional e mundial e coloca Brasília no mapa da alta investigação das tendências.

NEUSA ALVES Numa cerimônia prestigiadíssima, tomou posse como a nova vice-presidente do Tribunal Regional Federal, em Brasília. É o maior dos cinco Tribunais Federais do País, com jurisdição em 14 estados, en-tre eles a Bahia. O DF também faz parte da juris-dição dele. Baiana de Salvador, é desembargadora federal desde 2004.

MIGUEL MOLINA Grafiteiro brasiliense, 24 anos, participou no come-ço do mês de uma exposição que reuniu renomados artistas internacionais. A exposição Cruzamentos DF — ou Crossings in DF — foi realizada no Mu-seu Nacional Honestino Guimarães. Dividiu espaço com dois artistas holandeses, David Elshout e Paul Börchers; e com as irmãs japonesas Eru & Emu.

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POLÍTICA

42 CARTA POLIS | MAIO 2016

CRÔNICA

T angencio a política, nutriz dessa revista. Posicio-no-me diante do maior significado de maio: a força nutriz do mundo, a maternidade.

Como está distante das preocupações das au-toridades! O Dia das Mães passou, mas o mês inteiro é para se dirigir um olhar para elas.

Tão desamparadas, a começar pela rede de hospitais e ma-ternidades públicas ou privadas!

Em nossa metrópole, capital da República, não é me-nor o drama que elas enfrentam. Um leito para procedimen-

to natal é disputado como se fosse privilégio. Não houve planejamento para suprir a demanda de uma população que só aumenta.

Uma nova política de Saúde Pública dirigida às mães seria a retomada da universalidade da criação do SUS. O recomeço do esforço seria feito pelo início da cadeia da natalidade: a me-lhor assistência às mães.

Vejo o sofrimento delas nos postos de saúde da periferia do Distrito Federal, no Entorno, nos ambulatórios dos hospi-tais. E vejo também no plano piloto. Nada as ajuda em condi-

Chega de bandeiras desbotadasPARA O BRASIL

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43CARTA POLIS | MAIO 2016

protesto é entre quatro paredes, rumorejando.Elas fazem parte de um contingente silencioso, uma maio-

ria silenciosa de nossa cidade e de nosso país. Senhores políti-cos, já foram informados que elas votam?

Além de usarem um termômetro para medir a tempera-tura de seus filhos elas também o utilizam para medir quem merecerá o voto delas.

Não seria melhor começar a incluí-las na cidadania? Nes-te maio, façam delas uma nova bandeira. Chega de bandeiras desbotadas para o Brasil.

ções de atendimento. Cada mãe leva um filho, dois ou até três com ela. Uma corrente de sofrimento.

A angústia é circular. Estende-se a toda uma rede de falta de assistência às mães. O transporte público é deficien-te. As creches ultrapassam suas vagas. O sistema de ensino, obsoleto e decadente. Farmácias populares esgotam seus su-primentos.

Chamem as mães, senhores políticos, conversem com elas. Dificilmente, as mães estarão nas manifestações, passeatas. Não deixarão os filhos em casa para irem às ruas protestar. Seu

é diretora da CARTA POLISEllen Barbosa

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44 CARTA POLIS | MAIO 2016

O TSE terá um novo presi-dente em 30 de maio, o ministro Gilmar Mendes, quando se en-cerra a gestão do ministro Dias Toffolli.

Haverá mudança prevista da relatora do processo de cassação da chapa Dilma-Temer. A rela-tora é a ministra Maria Thereza de Assis Moura, corregedora-ge-ral que agregou as quatro ações dos tucanos. Ela já era a relatora de outros três processos contra Dilma.

O parecer da relatora não só poderá ser mudado, sob a in-fluência de Gilmar, mas o julga-mento antecipado.

Esse é um contraponto im-portante por se conhecer as en-tranhas do TSE como tribunal de jurisprudência frágil e por ser ajustado demais às circunstân-cias políticas.

Chamam- no até de “tribu-nal jaboticaba” porque só existe no Brasil.

Luciana Temer, filha do vice-presi-dente, é discretíssima como advogada e professora há 20 anos do curso de Direi-to da PUC de São Paulo.

Tal qual o pai, na especialidade de Direito Constitucional, guarda uma apreciação da realidade brasileira que está longe de ser um estímulo aos que defenderam o impeachment pelo impe-achment.

Pensa ela que, com uma democracia tenra de apenas 24 anos, é um risco para sua sobrevivência termos tido impea-chment de dois presidentes nesse curto período.

No entanto, Luciana comunga com milhões de brasileiros o estado de expecta-tiva positiva com os novos rumos do país.

Com seu pai à testa.

Gilmar,

Luciana,

POLIS Confidencial

DOUTORA TEMER

E A JABOTICABA

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45CARTA POLIS | MAIO 2016

O fotógrafo brasiliense Ricar-do Stuckert foi um dos premiados no Oman 1st Internacional Pho-tography Circuit, premiação que reuniu participantes de 45 países.

A edição do concurso teve quatro temas principais: pessoas, paisagem, preto e branco e colori-do. Ricardo concorreu com uma

imagem de um índio Kaiapó no rio Xingu e recebeu medalha de ouro na categoria Muscat - Pes-soas.

A fotografia competiu com 1885 imagens de profissionais de países como China, Rússia, Portu-gal, Itália, Egito, entre outros.

Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, secretário-geral da Mesa do Se-nado, é uma presença sempre junta ao senador Renan Calheiros quando este preside as sessões.

A razão é que ele é conhecido como o melhor regimentalista da casa, na tradição da secretária anterior, Cláudia Lyra.

Foi também reconhecido como tal pelo presidente e pelo relator da

Comissão Especial, Raimundo Lira e Antônio Anastasia, durante os deba-tes, como regimentalista de plantão que não permitiu que ambos se vissem embaraçados pelos pedidos de “pela or-dem” que põem em cheque o regimen-to interno.

Ao vivo, diante da maciça audiên-cia de telespectadores da TV Senado em todo o país, Bandeira recebeu seus elogios.

Stuckert,

Bandeira,

O PRÊMIO

O REGIMENTALISTA

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POUCOS CONDESTÁVEIS O Brasil tem poucos condestáveis em sua política. São aqueles sábios veteranos a quem recorrer num momento de extrema fragilidade institucional, em que tudo parece se desfazer no ar. Resta sempre um conselho deles. Eis quem sobrou: Delfim Netto (88 anos em 1o. de maio último), José Sarney (86 anos em 25 de abril último). Fernando Henrique Cardoso (84 anos em 18 de junho próximo).

Álvaro Campos

S NARÚLTIMO

CARMEN, NA ESPREITA Se o processo do impeachment no Senado for longo, a ministra Carmen Lúcia, do STF e futura presidente da Corte, em substituição ao ministro Lewandowski, poderá presidir o julgamento do mérito do processo contra a presidente Dilma Rousseff.Esse é um dado inequivocamente importante haja visto que a mineira de Montes Claros foi indicada para o Supremo por Lula, no primeiro mandato, em 2006, após ter sido procuradora do Estado de Minas do então governador Itamar Franco.

WAGNER VOA O Gabinete de Segurança Institucional recomendou que o ministro Jaques Wagner seja o único a continuar usando os jatinhos da FAB para se deslocar para sua cidade de origem. Isso se deve ao fato de que Wagner tem sido constantemente ameaçado por populares quando vai a locais públicos, tanto em Brasília quanto em Salvador. Assim, não tem condições de viajar em voos comerciais segundo constatou o GSI.

IMPERADOR CUNHASó neste maio o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, liberou as bancadas para elegerem os presi-dentes e demais integrantes das comissões permanentes. Esse foi mais um dado que demonstra como o Impera-dor Cunha tinha todos os poderes nas mãos para fazer o que quisesse na Câmara dos Deputados, até o Supremo Tribunal Federal encontrar a saída para a tragicomédia.

GILES FIEL Nos momentos de grande esvaziamento no Palácio do Planalto e em todos os órgãos do Governo Federal, o maior exemplo em termos de lealdade a Dilma é o secretário pessoal Giles Azevedo, que não sai de perto dela um só instante. No entanto, mesmo Giles tem tomado iniciativas para procurar uma futura ocupação em um governo estadual do PT ou de governador fiel a Dilma.

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ARMANDO VOLTAO ministro Armando Monteiro Neto só quis terminar sua participação no governo de Dilma sem nenhuma ambição maior que preservar a existência do Ministério do Desenvolvimento - o que acabou acontecendo, pois Temer não o extinguiu - e voltar ao Senado para terminar o mandato como senador pelo PTB como interlocutor do novo governo com os industriais.

KÁTIA CASTIGADAA ministra Kátia Abreu, fiel a Dilma Rousseff até o último momento, sairá do Minis-tério da Agricultura duplamente chamuscada: 1) entre os produtores, como presidente licenciada da CNA, ao perder contato com o segmento conservador que domina o campo, e 2) como ministra, pois não tem diálogo com os movimentos sociais ligados à pasta. A ministra amarga ainda o fato de que, filiada ao PMDB, nunca foi considerada integrante da cota do partido no ministério. Foi sempre da cota pessoal de Dilma. Para coroar suas atribulações, é voz corrente entre os parlamentares do Tocantins que Kátia Abreu não mais terá condições de se reeleger para o Senado.

CRISTÓVAM DECIDIDODado como ministro certo do governo Michel Temer, após visitá-lo no Jaburu, o senador Cristovam Buarque negou o convite. Tudo indica que não teria gostado da pasta sugerida – a da Cultura – e retornou ao banco de indecisos.

GETÚLIO CONTORCIDO A grande contribuição do jurista Geraldo Luiz Mascarenhas Prado, professor de Direito Processual da UFRJ, aos debates sobre o impeachment da presidente Dilma, na Comissão Especial do Senado, foi trazer a luz uma frase atribuída pelo brasilianista Guilherme O´Donnell a Getúlio Vargas, um gênio nada processual: “Aos amigos tudo, aos inimigos, a lei”. Dilma não escutou.

MISTÉRIO CRISTÓVAMUma misteriosa evolução de sua posição quanto ao impedimento da presidente Dilma levou o senador Cristóvam Buarque, do PPS, a perder pontos de sua popularidade no Distrito Federal. Passou de indecisão a pró-impeachment. Com sua indefinição inicial perdeu pontos no eleitorado do Distrito Federal mais à direita. Quando se definiu perdeu pontos no segmento da esquerda, o seu.

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Lei de MurphyO fantasma do engenheiro espacial americano Edward

Murphy, Jr está rondando corações e mentes do go-verno Temer, como uma ave agourenta. É foi autor

da famosa lei de Murphy, que reza: “Se uma coisa pode dar er-rado, com certeza dará” .

Murphy morreu em 1990, mas sua nunca esteve tão viva. Um belo dia, pode ser comprovada mais uma vez não mais na engenharia espacial, mas no Brasil, na sua política terra-a-terra.

O governo Temer, por exemplo, não pode errar. Murphy esta rondando os seus passos. Mesmo porque saiu da votação do Se-nado ungido por uma derrota vergonhosa da presidente afastada Dilma Rousseff, de Lula, do PT e do Senado, por 55 votos a 22, permitindo que a novíssima república alçasse ao poder, mesmo provisoriamente, por até 180 dias, quase que sob aclamação.

RONDA GOVERNO

Murphy adverte: cuidado com os sintomas da doença do “mais do mesmo” É uma séria moléstia que se enraizou no or-ganismo da velhacaria política brasileira.

Era 1949, nos Estados Unidos, Murphy era engenheiro da Força Aérea que testava um seu experimento para testar a tolerância humana à aceleração. Um deles envolvia um con-junto de 16 medidores de aceleração colocados em diferentes partes do corpo humano. Existia duas maneiras de colocar os sensores, e um técnico instalou todos os 16 da maneira errada.

Foi neste momento que Murphy proclamou do mundo e ao universo a sua imortal lei. A Lei de Murphy reza que se uma coisa pode dar errada, com certeza dará.

POLÍTICA

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SWING POLÍTICO 2.0

Ulysses Guimarães completava seu poder total como presidente da Câmara dos Deputados através de um diretor--geral que sabia de tudo e mandava em tudo, Adelmar Sabino. Tinha ordens expressas de Ulysses para assim proce-der. Assim, o aliviava das questões ad-ministrativas, para se dedicar ao fuxico contra o presidente Sarney.

O deputado Lula era umas das estrelas da Constituinte, eleito em São Paulo com um caminhão de votos. Seu apertado gabinete servia como “bunker” (tal como recentemente, num hotel em Brasília) para abrigar companheiros, muitos companheiros.

E tome pedido de Lula a Sabino para ampliar o gabinete. Ora era um au-mento das mesas, ora novas divisórias.

Não havia espaço disponível nem verba. O velho tinha mão fechada.

Lula reclamava tanto que Sabino foi despachar com Ulysses, que não queria saber de nada sobre adminis-tração, mas como se tratava de Lula era outra coisa.

– “Presidente, o deputado Lula quer mais divisórias para seu gabine-te…”

– “Não temos dinheiro. Todo de-putado vai querer um gabinete maior…”

– “Mas, presidente, temos que atendê-lo em alguma coisa…”

– “Aumente a franquia postal dele e a cota da gráfica. Ele precisa enviar muitos “santinhos” para os eleitores …”

E assim foi feito. Lula se vingou. Não assinou a Constituição-cidadã.

José Serra, como eventual chanceler no eventual governo Michel Temer, seguirá o mesmo curso de Fernando Henrique Cardo-so, chanceler do governo Itamar Franco.

Aliás, FHC sempre contava, em tom de amigável gozação, que Serra procura imitá-lo em sua carreira, numa desenfre-ada busca pelo tosão dourado, a conquista da Presidência da República.

Tudo mesmo, até em matéria de gabi-nete de senador, Serra imita FHC. Eleito pela primeira vez, em 94, com a maior vo-tação daquela eleição, a mesma que levou FHC ao Palácio do Planalto, Serra veio rá-

pido a Brasilia antes mesmo da posse para escolher seu gabinete.

Queria ocupar o mesmo gabinete de Fernando Henrique, que era estratégico pois único do Senado com porta de saída de emergência, a qual á para a Praça dos Três Poderes e Palácio do Planalto.

Conseguiu o que queria, mas não che-gou a ocupá-lo uma vez que o novo presi-dente o nomeou ministro do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.Mais tarde, foi transferido ao Ministério da Saúde.

Até hoje segue o êmulo. Será chance-ler. Quem sabe chegará lá?

É IMITAR FHC EM TUDO, ATÉ NO GABINETE COM SAÍDA SECRETA

POR NÃO AMPLIAR SEU “BUNKER” NA CONSTITUINTE

Alegria de Serra

Lula se vingou de Ulysses

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51CARTA POLIS | MAIO 2016

A presidente Dilma Rousseff lamentou em privado as traições que diz ter sofrido na votação do impeachment pela Câmara dos De-putados, cometidas por quem ela considerava aliado leal. Entre eles, um ex-ministro do primeiro man-dato (Agnaldo Ribeiro) e do atual (Gilberto Kassab).

Ora, traição é um ingrediente comum na vida dos políticos. Não está no breviário das virtudes que um político deve ter.

A palavra traição acompanha a eternidade do jogo político, tor-nando legendária a maldição de que toda criatura acaba traindo o criador. No caso de Dilma, o cria-dor (Lula) jamais permitiu autono-mia de voo à criatura. Resultado, ela jamais decolou. Ou seja, criador trai a tradição republicana de que não se limita o poder de quem en-

verga a faixa, detém a caneta e as-sina decretos para o Diário Oficial publicar.

Quem interpretou muito bem essa antiga contingência da condi-ção humana foi Alexandre Costa. Senador, governador do Mara-nhão, ministro, e referência da arte de reduzir os conceitos mais com-plexos a palavras simples.

A Francisco Escórcio, empre-sário maranhense que mora em Brasília desde 1966, a quem con-vidou para assessor especial no Ministério da Integração Regional (governo Itamar Franco), depois tornando-o suplente de senador pelo Maranhão que assumiu o mandato quando o titular morreu, Alexandre interpretou um dia o verbete traição.

– “O pior companheiro é aque-le que vive ao lado da gente”

Uma historieta envolvendo o legen-dário Senador Vieira – assim era conhe-cido no Congresso Nacional durante as décadas que por lá desfilou sua verve e seu anedotário. Não tinha mandato ele-tivo. O senador era por conta do porte elegante com que trajava sua senatoria honorária.

Sua função era de assessor parla-mentar e dos bons.

No regime militar, ele foi olhado de esguelha por causa de suas posições políticas.

Quando houve prisões de políticos na fase mais aguda do regime, o Senador Vieira livrou-se de uma situação-limite, por causa de seu constante bom humor e presença de espírito.

Bem cedo, numa manhã, bateram na porta de seu apartamento funcio-nal. Eram militares em busca dele, para levá-lo no que hoje se chama condução coercitiva.

O “senador” terminou calmamente o seu banho, os militares aguardando na sala de visitas.

– Pois não, o que desejam?– Viemos prender e levar o Sena-

dor Vieira.– Não sou eu!– Como, o Sr não é o Senador

Vieira?– Não, meu filho... eu nunca fui

senador!Os militares, sem entender nada,

foram embora…

NÃO CABE PALAVRA TRAIÇÃO, ENSINAVA VELHO MESTRE

ALEGANDO QUE NUNCA FOI SENADOR

Em combate político

Senador livra-se de ser preso

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52 CARTA POLIS | MAIO 2016

Quando ocorre

Quando uma organização escolhe desenvolver um acompanhamento contínuo da satisfação de seus clientes, ela procura, entre outras coisas, identificar

suas falhas, para poder sanar insatisfações e obter a excelência. Nos últimos anos, ficou comum aos que utilizam a internet, a solicitação para avaliarem os mais diversos tipos de produtos ou serviços. Solicitam para avaliar sites, informações, produtos, etc.

Esta prática já era desenvolvida em organizações físicas, como a Lojas Renner que em 1996, inaugurou o Encantôme-tro, um painel na frente de sua loja, para que o cliente descre-vesse como se sentiu na loja, se muito satisfeito, satisfeito ou insatisfeito, sendo ela a primeira empresa, no Brasil, a medir a satisfação dos clientes na porta das suas lojas.

Outra empresa que busca identificar e avaliar a satisfação de seus serviços é a Uber. Criada em 2009, com o objetivo de oferecer mais opções de locomoção às pessoas, a plataforma transformou pessoas interessadas em obter uma renda em mo-toristas e facilitou o deslocamento de muitas pessoas, ao pro-porcionar mais um meio de transporte.

A Uber trabalha com um processo de avaliação contínua. O usuário é avaliado pelo motorista e o motorista é avaliado pelo usuário, de tal forma, que permite um histórico de ava-liações, que farão a composição de uma nota, que ao longo do tempo poderá aumentar ou diminuir.

A forma de avaliar é por quantidade de estrelas. A nota maior que poderá ser atribuída é cinco estrelas e a menor uma estrela, com a possibilidade de deixar um comentário, se for atribuída três ou menos estrelas.

A ALTERAÇÃO DA NOTA DO UBER

Manter a nota é algo essencial para os motoristas, pois uma nota baixa põe o motorista em risco de ser excluído da plataforma, e para Uber notas como 4,6 ou mesmo 4,7 não são consideradas muito altas, apesar da nota máxima, que poderá ser atingida ser 5,0.

Para desenvolver a média das avaliações, a Uber mantém o registro das últimas 500 viagens.

Este número de viagens, para um motorista que dirija meio período, pode demorar em torno de seis meses para ser atingido. O perfil dos motoristas é amplo, há os esporádicos, que buscam compartilhar seus trajetos; os que buscam com-plementar a renda e os exclusivos, que encontraram na Uber um trabalho.

Como ter e manter uma boa avaliação é importante para o motorista, o Quadro 1: Quantidade de Estrelas para Aumentar a Nota no Uber, poderá ajudar a compreender o método de avaliação. Se a nota de motorista for 4,50 e ele fez 50 viagens, para que a nota suba para 4,51 ele terá que obter uma nota 5 estrelas. Já se ele fez 100 viagens, precisará de duas notas 5 estrelas, para que a sua nota suba para 4,51. E se realizou 500 viagens, dez notas 5 estrelas para sair de 4,50 para 4,51.

(*) Lucineide Cruz é Mestre em Liderança e coautora dos Livros: Gestão de Pessoas: manual de rotinas trabalhistas (8ª edição)

e Gestão de Talentos (lançamento em agosto de 2016), editora Senac--DF. Facebook_ Gestão de Pessoas: manual de rotinas trabalhistas.

(**) Paulo Bezerra: Professor, especialista em Finanças e graduado em Matemática. [email protected]

Lucineide Cruz (*) Paulo Bezerra (**)

ARTIGO/COMPORTAMENTO

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