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NÚMERO 41 DE 15 DE ABRIL A 15 DE MAIO DE 2006 1 A ENCE poderá continuar a poluir fora de Louriçám após a sua resituaçom O mês de Abril foi assinalado como limite para que as consel- harias implicadas entreguem os relatórios necessários para adop- tar umha decisom definitiva quanto ao complexo de Louriçám. A mudança de locali- zaçom da ENCE foi umha das primeiras promessas que lançou o executivo autonómico ao che- gar a Sam Caetano. Ainda con- cordando no básico, a disposi- çom dos dous partidos para levar a cabo a transferência nom esti- vo isenta de confrontos entre representantes das diferentes conselharias sobre o modo de proceder. Porém, as principais discrepán- cias nom se estám a produzir dentro do Governo, mas entre o executivo e os sectores que sem- pre se opugérom ao proteccio- nismo institucional da ENCE, que afirmam que a nova localiza- çom que postulam as conselha- rias do Ambiente e da Indústria, no polígono industrial de Barro- Meis, seria a maneira de premiar umha empresa que estivo a estragar a ria de Ponte Vedra desde há mais de quarenta anos, já que o desmantelamento e posterior resituaçom seria finan- ciada pola própria Junta. De facto, o crescimento da empresa depois da sua privatizaçom só se explica com um forte apoio insti- tucional, tanto do governo de Fraga como do actual executivo autonómico, que parte da pre- missa de que a transferência da Celulose nom haverá de prejudi- car os interesses da empresa. Mas isto poderia implicar a con- tinuidade do modelo florestal e poluente actual, segundo a opi- niom do ambientalismo. / Pág. 10 SURGEM DUAS INICIATIVAS para fortalecer o futebol galego: a Taça Gallaecia e a Taça Junta da Galiza / 19 E AINDA... Opinions de Fernando Venâncio, Dionísio Pereira, Pedro Alonso, Xan Duro e Xan Carlos Ánsia "É necessário fomentarmos o conhecimento mútuo; na nossa posiçom periférica, acho que só mesmo juntos é que poderemos avançar" Paulo Ruben Reis, membro da ATTAC, entidade organizadora da Semana da Galiza em Braga PÁGINA 15 Economia alternativa contra consumismo descontrolado A Galiza começa a caminhar novamente em Portugal Enquanto na Galiza o reintegra- cionismo está a conseguir rom- per discretamente o silêncio mediático imposto por duas décadas de administraçom Fraga, com a irregular difusom de ini- ciativas normalizadoras nos meios públicos, um outro campo imenso parece estar-se a abrir do outro lado da raia para este movi- mento. Nada comparável ainda ao relacionamento que existiu entre a intelectualidade galego- portuguesa em etapas pretéritas da nossa história, nomeadamen- te aquela que o golpe fascista de 1936 quebrou violentamente, mas digna de mençom. A prova é o interesse que estám a desper- tar nos media de maior audiência do país irmao certas iniciativas cívicas que na Galiza mal saem dos meios de comunicaçom aber- tamente galeguistas: desde Dezembro, o movimento norma- lizador galego já ocupou em três ocasions um lugar de destaque nos telejornais mais vistos pola populaçom lusa. NOVAS DA GALIZA viaja neste número a Portugal para medir o alcance de umhas iniciativas que pola pri- meira vez em várias décadas envolvem pessoas, quase sempre bastante novinhas, de origem portuguesa. Seria injusto disso- ciar este fervilhar associativo galaico-português do trabalho bem feito que se tem estado a desenvolver em numerosos ámbitos, desde o comunicacio- nal, com o Portal Galego da Língua, até o cultural, com Ponte... nas Ondas, sem esque- cermos as numerosas iniciativas musicais e de outro tipo promo- vidas mesmo por pessoas amiú- de desligadas de qualquer pro- jecto associativo deste género. Tendo em conta que o êxito do mútuo conhecimento é funda- mental para o fortalecimento da nossa língua e cultura, será imprescindível agir com respon- sabilidade, sem acordar fantas- mas irredentistas. Assim o adverte Fernando Venâncio (um dos intelectuais portugueses que mais se tem implicado nos últimos anos em prol do conhe- cimento da realidade galega em Portugal) num artigo de opi- niom que publicamos neste número. / Pág. 14 O MODELO FLORESTAL DE MONOCULTIVO DE EUCALIPTO CONTINUARÁ INTACTO Diversas iniciativas cívicas espalham na Galiza um outro modelo de consumo / 13 Diversas iniciativas levam a pensar que a Galiza poderá interessar mais do que se pensava no país irmao COORDENADORA GALEGA de Centros Sociais organizará em Oleiros Dia das Letras protagonizado polos movimentos sociais / 05 A MAE DE DIEGO VINHA quer chegar até o fim para apurar a responsabilidade da Guarda Civil na morte do jovem / 05 CESSAR-FOGO DA ETA poderá resituar a posiçom das forças políticas bascas / 08 Ambientalistas denunciam falta de vontade para rematar de forma definitiva com a poluiçom de ENCE e o seu modelo florestal Momento das Jornadas da Galiza organizadas em Lisboa

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Page 1: A ENCE poderá continuar a poluir fora de Louriçám após a ...Assembleia da Mocidade Independentista, Frente Popular Galega e NÓS-UUnidade Popular C onforme se achega a data simbólica

NÚMERO 41 DE 15 DE ABRIL A 15 DE MAIO DE 2006 1 €

A ENCE poderá continuar a poluir fora de Louriçám após a sua resituaçom

O mês de Abril foi assinaladocomo limite para que as consel-harias implicadas entreguem osrelatórios necessários para adop-tar umha decisom definitivaquanto ao complexo deLouriçám. A mudança de locali-zaçom da ENCE foi umha dasprimeiras promessas que lançouo executivo autonómico ao che-gar a Sam Caetano. Ainda con-cordando no básico, a disposi-çom dos dous partidos para levara cabo a transferência nom esti-vo isenta de confrontos entrerepresentantes das diferentes

conselharias sobre o modo deproceder. Porém, as principais discrepán-cias nom se estám a produzirdentro do Governo, mas entre oexecutivo e os sectores que sem-pre se opugérom ao proteccio-nismo institucional da ENCE,que afirmam que a nova localiza-çom que postulam as conselha-rias do Ambiente e da Indústria,no polígono industrial de Barro-Meis, seria a maneira de premiarumha empresa que estivo aestragar a ria de Ponte Vedradesde há mais de quarenta anos,

já que o desmantelamento eposterior resituaçom seria finan-ciada pola própria Junta. Defacto, o crescimento da empresadepois da sua privatizaçom só seexplica com um forte apoio insti-tucional, tanto do governo deFraga como do actual executivoautonómico, que parte da pre-missa de que a transferência daCelulose nom haverá de prejudi-car os interesses da empresa.Mas isto poderia implicar a con-tinuidade do modelo florestal epoluente actual, segundo a opi-niom do ambientalismo. / Pág. 10

SURGEM DUAS INICIATIVAS parafortalecer o futebol galego: a TaçaGallaecia e a Taça Junta da Galiza / 19

E AINDA...

Opinions de Fernando Venâncio, Dionísio Pereira,Pedro Alonso, Xan Duro e Xan Carlos Ánsia

"É necessário fomentarmos o conhecimento mútuo; na nossa posiçom periférica, acho que só mesmo juntos é que poderemos avançar" Paulo Ruben Reis, membro da ATTAC, entidade organizadora da Semana da Galiza em Braga PÁGINA 15

Economia alternativa contraconsumismo descontrolado

A Galiza começa a caminharnovamente em Portugal

Enquanto na Galiza o reintegra-cionismo está a conseguir rom-per discretamente o silênciomediático imposto por duasdécadas de administraçom Fraga,com a irregular difusom de ini-ciativas normalizadoras nosmeios públicos, um outro campoimenso parece estar-se a abrir dooutro lado da raia para este movi-mento. Nada comparável aindaao relacionamento que existiuentre a intelectualidade galego-portuguesa em etapas pretéritasda nossa história, nomeadamen-te aquela que o golpe fascista de1936 quebrou violentamente,mas digna de mençom. A prova éo interesse que estám a desper-tar nos media de maior audiênciado país irmao certas iniciativascívicas que na Galiza mal saemdos meios de comunicaçom aber-tamente galeguistas: desdeDezembro, o movimento norma-lizador galego já ocupou em trêsocasions um lugar de destaquenos telejornais mais vistos polapopulaçom lusa. NOVAS DAGALIZA viaja neste número aPortugal para medir o alcance deumhas iniciativas que pola pri-

meira vez em várias décadasenvolvem pessoas, quase semprebastante novinhas, de origemportuguesa. Seria injusto disso-ciar este fervilhar associativogalaico-português do trabalhobem feito que se tem estado adesenvolver em numerososámbitos, desde o comunicacio-nal, com o Portal Galego daLíngua, até o cultural, comPonte... nas Ondas, sem esque-cermos as numerosas iniciativasmusicais e de outro tipo promo-vidas mesmo por pessoas amiú-de desligadas de qualquer pro-jecto associativo deste género.Tendo em conta que o êxito domútuo conhecimento é funda-mental para o fortalecimento danossa língua e cultura, seráimprescindível agir com respon-sabilidade, sem acordar fantas-mas irredentistas. Assim oadverte Fernando Venâncio (umdos intelectuais portuguesesque mais se tem implicado nosúltimos anos em prol do conhe-cimento da realidade galega emPortugal) num artigo de opi-niom que publicamos nestenúmero. / Pág. 14

O MODELO FLORESTAL DE MONOCULTIVO DE EUCALIPTO CONTINUARÁ INTACTO

Diversas iniciativas cívicas espalham naGaliza um outro modelo de consumo / 13

Diversas iniciativas levam a pensar que aGaliza poderá interessar mais do que se pensava no país irmao

COORDENADORA GALEGA de Centros Sociaisorganizará em Oleiros Dia das Letrasprotagonizado polos movimentos sociais / 05

A MAE DE DIEGO VINHA quer chegar até o fim para apurar a responsabilidade da Guarda Civilna morte do jovem / 05

CESSAR-FOGO DA ETA poderá resituar a posiçomdas forças políticas bascas / 08

Ambientalistas denunciam falta de vontade para rematar de forma definitiva com a poluiçom de ENCE e o seu modelo florestal

Momento das Jornadas da Galiza organizadas em Lisboa

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 200602 OPINIOM

O PELOURINHO DO NOVAS

Se tens algumha crítica a fazer, algumfacto a denunciar, ou desejas transmi-tir-nos algumha inquietaçom oumesmo algumha opiniom sobre qual-quer artigo aparecido no NGZ, este éo teu lugar. As cartas enviadas deve-rám ser originais e nom poderámexceder as 30 linhas digitadas a com-putador. É imprescindível que os tex-tos estejam assinados. Em caso con-trário, NOVAS DA GALIZA reserva-se odireito de publicar estas colaboraçons,como também de resumi-las ouestractá-las quando se consideraroportuno. Também poderám ser des-cartadas aquelas cartas que ostenta-rem algum género de desrespeito pes-soal ou promoverem condutas antiso-ciais intoleráveis. Endereço: [email protected]

HOMENAGEMA HELENA TALHO

No passado dia de Natal finavana cidade de Lugo a militanteindependentista Helena TalhoArrivas. A sua morte fijo com que13 organizaçons e agrupaçons polí-ticas, sociais e culturais (Associa-çom Cultural Alto Minho, CIG,Clube Cultural Valle Inclán,Colectivo Anti-Fascista O Piloto,AMI, NÓS-UP, FPG, Coorde-nadora Feminista Donas de Nós,Cova da Terra, CoordenadoraLocal Marcha Mundial dasMulheres, CNT, Coordenadorapola Paz, Rádio Clavi e amigos eamigas de Helena Talho) promo-vessem um programa de actospara lembrarem a sua memória.Estes actos, consistentes numconcerto recital e na descobertade umha placa em homenagem àmilitante independentista, conti-

nuaram com umha série de confe-rências sobre o anti-imperialismo,o nacionalismo popular e a luitafeminista, às quais animamos aassistir e partilhar. As três organi-zaçons independentistas de Lugoqueremos fazer um agradecimen-to público pola nutrida assistên-cia e as múltiplas mostras de apoioe solidariedade com o indepen-dentismo e a família da compan-heira Helena.

A AMI, FPG e NÓS-UP que-rem lembrar conjuntamente aentrega abnegada e patriótica deHelena Talho, que desenvolveuumha actividade importante nasassociaçons vicinais, sociais, políti-cas e sindicais desta comarca esempre defendeu os valores daindependência e o socialismo comfirmeza e coerência.

Assembleia da MocidadeIndependentista, Frente PopularGalega e NÓS-UUnidade Popular

Conforme se achega a datasimbólica do dia 14 deAbril, que em 2006 vem

sendo o 75 aniversário da pro-clamaçom da IIª República noEstado espanhol, umha moreiade actos comemorativos desteevento acompanha as múltiplashomenagens que se estám adesenvolver polo País adiantecom as vítimas do franquismocomo protagonistas: de Ourensea Fene, da Corunha até Tui,Redondela, Monforte, Teio ouSilheda, cidadaos, associaçonsde diversa índole, cámarasmunicipais e particulares, des-envolvem um activismo poucohabitual por estes pagos emtorno de umha temática que,até há bem pouco, era "tabu"fora de círculos mui reduzidos.A própria Conselharia da Culturada Junta da Galiza apresentará noinício do mês de Abril, no palco doantigo campo de concentraçom daIlha de Sam Simom, as actividadesque vai promover com o galho do70 aniversário do golpe militar queesnaquizou tantas vidas e roteiroscolectivos. Vai-no fazer, e isso é umacerto importantíssimo, apoiadaem boa medida nesta rede que sefoi argalhando silandeira, comoquem nom quer a cousa, desde háanos. Colectivos pioneiros como aAssociaçom de Amigos da Re-pública de Ourense ou a Fun-daçom 10 de Março das CCOOda Galiza, abrírom caminho hámais de umha década a meiocento de associaçons que, espa-lhadas por todo o território, podemlevar hoje em dia as suas propostasa milhares de cidadaos e cidadás.Historiadores como BernardoMáiz, Manuel González Probados,Carlos Nuevo, Suso Torres ouCarlos Fernández, à margem daAcademia e alumiados tam só poloseu compromisso, precedêrom emquase que vinte anos, em con-diçons muito precárias, as primei-ras individualidades procedentesda Universidade que, após apassagem do belga Marc Wouterspola Faculdade de História com-postelana, começárom a prestaratençom às múltiplas faces darepressom franquista na Galiza.Nos dias de hoje som perto de umcento de estudiosos e estudiosasque, dentro ou fora dos lindes da

Academia, estám a trabalhar nestecampo, de maneira que podemosaguardar em breve prazo umavanço sem precedentes noconhecimento da barbárie fascistae das suas consequências noconjunto do País. A convocatória do Ano daMemória, impulsionada polareferida Conselharia, tivo avirtualidade de exercer comocatalizador de muitos dos esforçosindividuais e colectivos queentesoura este tecido social que,apesar da sua dispersom eheterogeneidade, tem avançadonom pouco no seu mútuo(re)conhecimento. Agora, cumprearticular espaços de relaçomabertos onde a troca de informa-çom permita coordenar activi-dades, promover a ajuda mútua e acolaboraçom transversal, superan-do algumha que outra iniciativavertical, teledirigida por antigosmembros de IU e do PCG próxi-mos na actualidade do PSOE,necessitados de propagar umdiscurso cúmplice com os silên-cios culpáveis da Transiçom. Aprópria diversidade dos indivíduose dos colectivos, onde na maioriadas ocasions convivem pessoas deideários bem diferentes, é oprincipal activo desta malha e amelhor garantia de que as suaspropostas chegarám a importantessegmentos da populaçom galega;por isso, considero muito negativaqualquer tentativa de controlopartidário, quer venha daqui querdacolá. Porque, na minha opiniom,mais do que salientar o sacrifíciode umha personagem emblemá-tica ou de umha determinadacorrente ideológica, deveríamospretender que a maioria social doPaís visualizasse com toda a cruezaa repressom em toda a suacinzenta amplitude, propiciandoa reflexom e o debate sobre apersistência de ressaibos fran-quistas na actualidade.Porém, nem todas som luzes nesteAno da Memória. Nom pareceque todo o Governo da Juntatenha o mesmo interesse que aDirecçom Geral de CriaçomCultural chefiada polo ponte-vedrês Luis Bará. Chama a aten-çom, por exemplo, a ausência deumha declaraçom institucional doParlamento da Galiza em prol da

DIONÍSIO PEREIRA

“ A LINGUAGEM É UMHA DAS ARMAS MAISPODEROSAS PARA NOS COLOCARMOS NO MUNDO,

PARA NOS SITUARMOS COMO PESSOAS E EMRELAÇOM ÀS OUTRAS. TEM MUITA MAIS FORÇA E INFLUÊNCIA QUANDO A LINGUAGEM VEM DA

BOCA DO PODER, DA IMPRENSA E DOS E DAS QUE EXERCEM A POLÍTICA”

Algumhas consideraçons sobre o Ano da Memória

eliminaçom da simbologia franquista,cuja primeira concreçom deveria ser aretirada de rótulos em instituiçonsdependentes da Junta, tal comohospitais ou escolas. E já que falamosde ensino, a inibiçom da Conselhariada Educaçom está a provocar ainvisibilidade do Ano em questomnos centros; o assunto é grave,porque mal se ensina à mocidadeactual nada do que aconteceunaqueles malfadados anos.Tampouco, que saibamos, há emandamento nenhuma iniciativa emrelaçom às necessárias reparaçonsde que som credores os retaliados eas suas famílias, começando polanulidade dos julgamentosfranquistas. Neste sentido, asvacilaçons do PSOE no Parlamentoespanhol na hora de redigir umhaLei de Memória Histórica quereivindique os valores democráticose libertadores dos vencidos, nomsom um bom presságio.

Nom obstante, o absentismo nomaninha tam só nas fileirassocialistas: no nacionalismo tam-bém andam a vê-las vir e algunssectores, se calhar desmotivadospolo cativo controlo que o BNGestá a ter do processo, viram-lhe ascostas fazendo gala de um par-tidarismo vesgo e, ao meu enten-der, profundamente desnorteado.O 'passotismo' da CIG e do SLGao respeito, deve ser lamentado.Finalmente, umha última considera-çom: reivindico um tratamento'político' das homenagens às vítimasdo franquismo na Galiza, para nomcairmos numha visom nostálgica echoramingueira. É-che bem certo queos chegados das vítimas merecemtodo o nosso respeito e o nosso apoio,mas também cumpre dizer que nomse trata só de pessoas, mas dos valoresque elas sustentárom. E dessesvalores nos reclamamos os queprocuramos mais liberdade e

igualdade para as nossas exis-tências. Transmitir arelas derebeldia contra os privilégios, deapoio mútuo e solidariedade, deacçom colectiva para defender osdireitos dos indivíduos e dos povos;eis a maneira de os homens e asmulheres sacrificadas polo fran-quismo precisamente polo seucompromisso libertador, sobre-viverem nas angueiras de hoje emdia em prol de umha sociedademais justa. Cumpre tender umhaponte entre os luitadores de onteme de hoje, de maneira queAlexandre Bóveda, Jaime Quin-tanilha, José Vila Verde ou BenignoÁlvares, entre tantos outros eoutras, estejam connosco quandorejeitarmos a precariedade laboral,a discriminaçom da mulhertrabalhadora, a exploraçom dosimigrantes, ou reclamarmos comfirmeza o direito a decidir dasnaçons sem Estado.

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006 03EDITORIAL

Para Portugal, a convi-vência galega prometevantagens. Uma delas

seria o travar da igualizaçãocultural e linguística do país,quem sabe se o inverter doprocesso. É porque estou con-vencido dessas vantagens quefaço do incentivo dessa convi-vência uma tarefa de cidadão.

Preocupa-me, por isso,certa deriva galega que, dei-xada a si, virá lançar a confu-são, comprometendo longos eempenhados esforços. Essaderiva tem vários nomes.Escolhamos o de 'nostalgia', anostalgia dos 'nossos' primór-dios. Ela vem enroupada nainsistente lembrança aos por-tugueses da origem comum. Étocante, é inofensivo. Mascedo a nostalgia se transmutaem mística. E ela sonha com ocalor do ninho portugalego eidealiza Portugal e o portu-guês, essa língua tão 'autênti-ca', tão limpa de contamina-ções. Tanto basta para encheruma alma. E deve dizer-seque há galegos em constantelevitação portugalega.

Os problemas surgem quan-do se exporta para Portugalessa mística, com palavras deordem ("somos todos gale-gos") e iconografia. Trata-se,bem visto, duma mística gale-gocêntrica. Um dos ícones é a'Grande Galiza', esse mapa-fantasma sobreposto ao daGaliza e do Norte de Portugal.Chega-se a desenhá-lo, e onosso Norte chama-se agoraGaliza Sul, ou GalizaPortuguesa, ou simplesmenteGaliza. A portugueses, essaeuforia soa primeiro estranha,depois suspeita, por fim irri-tante. Em vez de reconside-rar-se, acusa-se-nos então de'escondermos', de 'rejeitar-mos' o nosso passado. E assim,da levitação, entrou-se empleno delírio.

O nosso passado? Vejamos.Dois terços de Portugal nuncativeram nada a ver com aGaliza. O outro terço vive há

nove séculos sem lembrançaefectiva da velha união. Mashá mais. Numa conquista ful-minante, entre 1140 e 1250, aocupação nortenha veio imporao resto do território uma lín-gua estrangeira. Qual? Pois, ada Grande Galiza. Só que,hoje, nenhum português doCentro ou do Sul se revoltacom isso, e ainda bem. Porqueesta - esta - é desde então alíngua dos nossos amores edas nossas canções. Acordaruma nostalgia da liberdadeentão perdida e das línguasentão trucidadas seria tocan-te, mas alucinatório. Orabem, a nostalgia da GrandeGaliza é outra alucinação.

Talvez vós, amigos galegos,não o saibais. Mas nós, por-tugueses, já carregamos lixoideológico de sobra. Já temosde aturar as tretas da 'identi-dade portuguesa', do 'QuintoImpério' e essa duvidosa'lusofonia'. Dispensamos,pois, e muito gratamente, atreta da 'Portugaliza'.Dispensamo-la sobretudoquando ela traz, como umaagenda secreta, a ânsia defazer-nos aliados nos vossosconflitos e mútuos ressenti-mentos.

Não, amigos, há mil coisasboas que podeis oferecer-nos.Provai connosco o vosso espí-rito empreendedor e laborio-so. Trazei-nos a vossa músi-ca, a vossa história, a vossaliteratura. Mostrai-nos avossa expressão, o vosso léxi-co, os vossos giros, quem sabealguma coisa podemos apro-veitar, ou então só deliciar-nos com a riqueza do idiomacomum. É este o idioma quecorre grave risco na Galiza?Pois estudai connosco o quepossamos fazer.

Mas não apareçais sozin-hos. Trazei os outros galegos,que os há, e muitos, tão preo-cupados como vós, e a quemdetestais. No melhor danossa atenção, haverá sempreespaço para todos.

Desde que a crise ambiental ameaça a exis-tência de todos, as democracias de mer-cado elevárom certo ecologismo a ideolo-

gia necessária para limitar os custos da desfeita.Este ambientalismo selectivo enche a boca detodos os políticos; figura nos anúncios de carros eperfumes; as casas geminadas vendem-se comoconstruçom ecológica e o 'consumo verde' temlugar de privilégio nas prateleiras das áreascomerciais.

Mas nom há esbanjamento possível sem as suasconsequências letais, como nom há catástrofesem vítimas. Os espaços insalubres deslocam-se aáreas menos visíveis e zonas imensas dos milhei-ros de periférias mundiais padecem o que o cen-tro opulento vem de rejeitar. Indústrias poluin-tes, transportes desfasados ou marés de refugalhonom casam com os cenários impolutos do 'turismocultural', a vigorosa economia do consumo de pai-sagens e o património 'revalorizado' em forma demuseu. Também na Galiza esta proposta de pos-tal ganha devagar o seu espaço ao alento da tercia-rizaçom, o fim dos espaços comunais e a liquida-çom da economia produtiva.

A luta contra ENCE tem-se erguido como justo

referente de mobilizaçom popular ao longo dasúltimas décadas. Polo massivo da resposta susci-tada, e por enfrentar um conglomerado industriale financeiro que parecia encarnar a imagem maisnítida da Galiza fanada e dependente, a implica-çom cidadá contra o complexo de Louriçám sinte-tizou como poucas a aposta colectiva por umhamudança radical. A falta de clareza do governobipartido quanto o futuro da empresa (dilatandoa decisom tomada com o pano de fundo de decla-raçons contraditórias) motiva preocupaçonsmuito razoáveis. Está por ver se o pulso mantidovalentemente contra Caixa Galicia no ámbitopontevedrês alcança dimensons realmente nacio-nais; cumpre sabermos para já se a vontade deerigir a vila do Leres em referente do turismoverde e livre de chaminés fica em simples propó-sito local ou supõe a panca para umha políticaagrária e florestal substancialmente diferente. Senom se constringir ao máximo a acçom dos delin-quentes ambientais, liquidando a sua esfera deinfluência insitutucional, confirmaremos quequatro ilheus de sustentabilidade servem de sim-ples excepçons acoutadas para fazer-nos esquecero alcanço da desfeita.

ENCE: ATRASO E DISTRACÇOM

D. LEGAL C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçomrespeitando a ortografia e citando procedência. A informaçom continua periodicamente no sítio web www.novasgz.com e no portal www.galizalivre.org

EDITORA

MINHO MEDIA S.L.

DIRECTOR

Carlos Barros G.

REDACTORA-CHEFA

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CONSELHO DE REDACÇOM

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DESENHO GRÁFICO E MAQUETAÇOM

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INTERNACIONAL

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COLABORAÇONS

Maurício Castro, I. Gomes, D. Loimil,X. Carlos Ánsia, Santiago Alba, Daniel Salgado,Kiko Neves, J.R. Pichel, R. Pinheiro, JosebaIrazola, Asier Rodrigues, Carlos Taibo, IgnacioRamonet, Ramón Chao, Germám Hermida,Celso Á. Cáccamo, João Aveledo, Jorge Paços,Adela Figueroa, Joám Peres, Pedro Alonso,Alexandre F., Joana Pinto, Miguel Burros,Ana Rocha, Luís G. Blasco ‘Foz’, Alberte Pagán

FOTOGRAFIA

Arquivo NGZNatália Gonçalves

HUMOR GRÁFICO

Suso Sanmartin, Pepe Carreiro, Pestinho+1,Xosé Lois Hermo, Gonzalo Vilas, Farruquinho,Aduaneiros sem fronteiras, Xosé Manuel

CORRECÇOM LINGÜÍSTICA

Eduardo Sanches Maragoto

IMAGEM CORPORATIVA

Miguel Garcia

FECHO DA EDIÇOM: 15/04/06

SUSO SANMARTIM

Contra a NostalgiaFERNANDO VENÂNCIO

“ O NOSSO PASSADO? VEJAMOS. DOIS TERÇOS DE PORTUGAL NUNCA TIVERAM NADA A VER COM

A GALIZA. O OUTRO TERÇO VIVE HÁ NOVESÉCULOS SEM LEMBRANÇA EFECTIVA DA VELHA

UNIÃO. MAS HÁ MAIS. NUMA CONQUISTAFULMINANTE, ENTRE 1140 E 1250, A OCUPAÇÃO

NORTENHA VEIO IMPOR AO RESTO DOTERRITÓRIO UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA.

QUAL? POIS, A DA GRANDE GALIZA”

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006

NOTÍCIAS

04 NOTÍCIAS

Grande convulsom no sector vinícolaSindicatos agrários denunciam incumprimento dos acordosmínimos fixados na passada reuniom da Mesa do Vinho

REDACÇOM / Nos últimosmeses, o sector vinícola está aviver umha grande convulsominterna. Por um lado, os produ-tores, que como o resto do sec-tor primário sofrêrom - e aindasofrem - as conseqüências dainflaçom, tanto dos carburan-tes como dos sulfatos, fertili-zantes, seguros agrícolas obri-gatórios e outras despesas. Poroutro, as adegas, que já mani-festárom - e levárom à prática -o propósito de rebaixarem opreço que pagam aos viticulto-res.

Neste sentido, o SindicatoLabrego Galego (SLG) consi-derou umha "autêntica declara-çom de guerra" a atitude deadegas como a do Ribeiro, querejeitárom assinar um contratode pagamento das uvas da col-heita de 2005. Desta forma,segundo a central sindical, osempresários estariam incum-prindo os acordos mínimosfixados na passada reuniom daMesa do Vinho.

Segundo o SLG, apenas a

Cooperativa Vitivinícola está acumprir os acordos, enquantoadegas como Campante eDocampo "manifestárom expli-citamente que nom assinariamnenhum". Por esta razom, oSLG e os outros dous sindica-tos, Jovens Agricultores eUnions Agrárias, empreende-rám diferentes acçons comunspara pressionarem os empresá-rios e conseguirem que paguema uva dentro das margens pre-estabelecidas. Também farámum chamamento a adegas comoCunqueiro, Alejandro e Pazo doMar, que inicialmente se mos-traram mais receptivas paraassinarem acordos.

Segundo o SLG, nestesmomentos, as adegas iniciáromumha "guerra suicida de pre-ços", vendendo o vinho abaixodo preço de custo, aproveitan-do "a flexibilidade que existepara diminuírem o pago aosviticultores". De facto, a nívelpolítico, já se reclamou a cria-çom de umha interprofissionalagrária que medeie entre

indústria e produtores e queconsiga diminuir a tensomexistente na actualidade.

Relevo em Val d'EorrasO último - mas nom derradeiro- episódio deste longo conflitofoi o demissom de ManuelMaximino Losada Arias comochefe do Conselho Reguladorda Denominaçom de OrigemVal d'Eorras. A decisom foitomada pola Conselharia doMeio Rural para tentar recon-duzir umha situaçom que ame-açava com sumir o sectornumha funda crise.

Havia tempo que LosadaArias estava a questionado porparte dos sindicatos agrários edos produtores, mas nom só.Por exemplo, a deputada nacio-nalista Tereixa Paz pronunciou-se a favor do relevo, esperandoque assim "se repare a imagemdeste órgao", ainda que tam-bém manifestasse as suas dúvi-das sobre se a destituiçom aju-daria a mitigar "as tensas rela-çons e a falta de consenso".

Detenhem independentistas em Ponte Areias sem que se conheça acusaçomREDACÇOM / António Pino ePaulo Porto fôrom detidospor agentes da Guarda Civilno passado dia 6 de Abril emPonte Areias. Ainda que osindícios apontassem à vincu-laçom da operaçom repressi-va com a retirada de simbo-logia fascista, os detidosnom conhecêrom as causasda detençom durante asduas horas em que fôromprivados de liberdade, nasquais fôrom interrogados erecebêrom ameaças.Durante a tarde do mesmodia, diferentes elementos daGuarda Civil vigiárom domi-

cílios de militantes indepen-dentistas e agrupárom-se àporta do local social BaiucaVermelha, que conseguiuabrir as portas após umhaconcentraçom espontáneaem frente do centro autoge-rido. Às nove da noite váriasdúzias de pessoas concentra-vam-se perante a Cámaramunicipal ponte-areá, con-vocadas por NÓS-UnidadePopular, para protestaremcontra as acçons repressivase de criminalizaçom dosmovimentos populares leva-das a termo polo institutoarmado.

Investigam a autoria de duassabotagens em CompostelaRedacçom /Fontes policiaise jornalísticas nom esclare-cêrom as origens de duasnovas sabotagens aconteci-das na comarca deCompostela, embora apontá-rom diversas hipóteses. NoDomingo 9 de Abril, umartefacto incendiário danavaseriamente o escritório doBBVA no bairro de SamLázaro, cujo funcionamentofoi paralisado temporalmen-te polas obras de reparaçom.

Segundo a imprensa local, "aacçom teria sido obra deanarquistas vinculados aomovimento ocupa catalám".Dous dias mais tarde, noconcelho de Teio, uns ope-rários topavam com bombasincendiáras prontas paraestourarem nas obras damacrourbanizaçom Vale daRamalhosa. A televisomautonómica responsabilizouo independentismo polasabotagem.

Primeiro plenário nacional doEspaço IrmandinhoREDACÇOM / Durante os pas-sados dias 18 e 19 de Marçotivo lugar, na CasaEncantada de Compostela, oprimeiro plenário nacionalde Espaço Irmandinho,autodefinido como "fórumde encontro e formaçompara a prática" de militantesindependentistas de diver-sos movimentos sociais. As eos presentes revisárom a

actualidade de dinámicassócio-políticas como as rela-cionadas com a contra-infor-maçom, a anti-repressom oua laboral, e debatêrom umdocumento intitulado 'Oscentros sociais como alterna-tiva independentista e revo-lucionária'. Em poucas sema-nas publicarám na rede estese outros documentos de for-maçom.

Lidia Senra, na manifestaçom que reuniu em Ribadávia milhares de labregos em luita por um preço justo para o leite / SLG

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006 05NOTÍCIAS

Como lhe notificam a mortedo seu filho?Nom soubem nada até as onzeda noite, quando telefonou aminha filha, e ele já tinhamorto às 5 da tarde. Nemsequer tivem conhecimento dadetençom o dia anterior, por-que essa temporada ele estavaa viver com o pai. Nem a polí-cia, nem a Guarda Civil, nem opai se dignárom a me dizernada. A desinformaçom foiabsoluta.

Foi o próprio pai o autor dadenúncia que levou à deten-çom do Diego. Porquê?O pai denunciou-no apósumha discussom por maus tra-tos, mas o parte médico recol-he que nom apresenta lesons.É umha pessoa mui conflituosae mantinham umha relaçommuito tensa, por isso Diegoestava em tratamento. O paiestava bêbedo quando realizoua denúncia; de facto, ao sair doquartel deu positivo num con-trolo de alcoolemia. Valeu-seda relaçom que tinha com umdos guardas para que tivessema denúncia em conta. Emesmo declarou que figera

umha denúncia falsa para tiraro filho de cima.

Que passos destes para denun-ciar o caso?Eu soubem no cemitério que opai efectuara umha denúnciacontra a Guarda Civil para con-seguir algo da indemnizaçompola morte do filho. Depois,pugem-me em contacto comum advogado e figemos umabaixo-assinado para que osfactos fossem esclarecidos.Assim que conseguim adenúncia feita polo pai e sou-bemos da existência de irregu-laridades, mudei de advogadoe, insistindo muito, este ace-deu a pôr a denúncia polopenal. PreS.O.S. elaboroudepois umha denúncia maiscompleta e pouco a poucofomos dando conta das contra-diçons, da desapariçom de pro-vas, até que finalmente, há unsmeses, o TSJG admitiu adenúncia a trámite.

Falávamos de pontos obscurosna detençom e na morte, podeassinalar alguns?A Guarda Civil di que se enfor-cou com as calças, mas quando

o juiz foi levantar o cadáverencontrou-no no chao. Nom ovigiárom nos calabouços e osguardas que o levárom aomédico desobedecêrom asordens deste para ser transferi-do para um centro de toxico-depêndencias. Entom, o Diegofoi levado de novo para o quar-tel, onde nom lhe dérom amedicaçom que precisava, eisto agravou o seu estado deansiedade. Também desapare-cêrom as calças... há muitíssi-mas cousas que nom quadram.

Que pretende com a denúncia,para além de esclarecer amorte do Diego?Quero que os cinco guarda civisdenunciados paguem polo quefigérom, sejam encarcerados eafastados do corpo; ademais,quero que se saiba que naGuarda Civil se tortura, quesirva para que as pessoas tomemconsciência do que se passa nosquartéis. O que aconteceu aomeu filho pode acontecer aqualquer pessoa. Por tudo isto épolo que vou luitar: demonstraro que é a Guarda Civil é o queme mantém em pé. Nom vouparar até chegar ao fundo.

Coordenadora Galega deCentros Sociais organizaráDia das Letras em OleirosREDACÇOM / A iniciativa con-tará também com o apoio deentidades como a AGAL, oMDL e o jornal NOVAS DAGALIZA e realizará-se nodia 20 de Maio. As e os orga-nizadores contam com oapoio da Cámara Municipalde Oleiros para a programa-çom das suas actividades,polo que constitui um actosem precedentes. ACoordenadora de CentrosSociais e o resto de entida-des participantes dedicarámtoda umha jornada à reivin-dicaçom do idioma comespecial protagonismo paraos movimentos sociais: feiracom exposiçom de materialde diferentes movimentospopulares e projectos cultu-rais, mesas redondas, teatroe um concerto conformam omais significativo do calen-dário de umha jornada quedará começo às 13h00 horas

do meio-dia e continuará aolongo da noite. Será a pri-meira grande actividadeimpulsionada pola referidaCoordenadora, organismocriado muito recentementepara a troca de recursos eexperiências entre os dife-rentes Centros Sociais queoperam no País. Após a suaimplantaçom em sete dascidades da Galiza, a suaexpansom está a produzir-sepor vilas médias como PonteAreias, Bertamiráns e Ribad'Ávia.

Por seu turno, a Mesa polaNormalizaçom Lingüísticacomemora o Dia das Letrascom o seu acto tradicional.Umha manifestaçom partiráda Alameda compostelana aexigir que o dever de conhe-cer o galego figure no novoEstatuto de Autonomia daGaliza.

PGOUM de Arteijo: "nulo de pleno direito"REDACÇOM / A Junta da Galizaanunciou a sua intençom derevisar as mudanças efectua-das nas normas urbanísticasdo concelho de Arteijo paradeterminar se procede a suaanulaçom. A modificaçom doanterior Plano Geral deOrdenaçom Municipal(PGOM) fora efectuada nopassado ano polo presidenteda Cámara municipal, ManuelPosse (PP), sendo ratificadapolo Governo galego em fun-çons, do mesmo partido.Desta forma, os actuais res-ponsáveis pola Junta preten-dem esclarecer se a nova orde-naçom urbanística respeita oudesrespeita o estabelecido naLei do Solo. O actual PGOMde Arteijo fixou um solo urba-no de 45.800 metros quadra-dos, dos quais 27.400 corres-ponderiam ao parque fluvial eo resto a diferentes unidadesde execuçom. Esta modifica-çom implica a alteraçom das

superfícies inicialmente des-tinadas a zonas verdes e espa-ços livres de carácter público.A Administraçom galegaobserva que o PGOM desres-peita os limites legais de edifi-cabilidade estabelecidos paraos concelhos de mais de20.000 habitantes e menos de50.000 - como é o caso, já queapenas podem dispor de ummetro quadrado edificável porcada metro quadrado de solo.No caso do concelho ártabro,porém, a reforma urbanísticasupera em 0,2 o máximo legal.Por estas razons, considera-se"nulo de pleno direito" o pro-jecto de reordenaçom urba-nística em Arteijo. Ainda,apreciam-se outras infrac-çons, como a requalificaçomde uns 3.000 metros quadra-dos de uso público para aconstruçom de diferentesedifícios religiosos - igreja,casa paroquial - de titularida-de privada.

CARMEN CASTRO , MAE DE DIEGO VINHA

"Demonstrar o que fai a GuardaCivil é o que me mantém em pé"Diego Vinha era um moço de 22 anosque em Setembro de 2004 morreude forma mais que suspeita no quar-tel da Guarda Civil de Arteijo. Desdeentom, começou a luita da sua mae efamiliares para conhecerem as cau-sas da morte. Ano e meio depois,após muita pressom da famíliamaterna e de diversas organizaçons,vinhérom à luz multidom de irregu-laridades na detençom, na denúnciaque levou Diego ao quartel e na esta-dia de Diego nos calabouços, o quedeu lugar a que o Tribunal Superiorde Justiça da Galiza acabasse poradmitir a trámite a denúncia contraos agentes implicados. CarmenCastro e Elena Silveira, mae e primado falecido, explicam-nnos as irregula-ridades e iniciativas que se estám alevar a cabo para esclarecer a mortede Diego e apurar responsabilidades. Diego Vinha morreu nos calabouços da Guarda Civil de Arteijo

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 200606 NOTÍCIAS

REDACÇOM / No sábado 25 deMarço realizou-se em Monforteum acto de homenagem à lem-brança de quatro membros doExército Guerrilheiro da Galizaassassinados pola Guarda Civil a20 de Abril de 1949, na paróquiade Chavaga. Os falecidos foramEvaristo Gonçales Peres, 'o Roces',Guilherme Morám Garcia, 'oAsturiano', Juliám Acebo Albarca,'Guardinha' e GregórioColmenero, 'Lugo'. Em lembrançados guerrilheiros foi instalada, 57anos depois de terem sido sote-rrados numha vala comum, umha

placa comemorativa com os seusnomes no lugar do cemitério mon-fortino em que ficaram os corpos.Mais de cinquenta pessoas assistí-rom ao emotivo acto, segundo afir-márom vários assistentes, realiza-do pola Delegaçom de Cultura daCâmara Municipal de Monforte,com a colaboraçom daCoordenadora Galega de Roteiros(COGARRO) e do ArquivoGuerra Civil e Exílio (AGE). Trêsdias depois, porém, a placa des-aparecia do lugar, ficando vazio oespaço de dignificaçom históricaque correspondia aos que lutárom

pola liberdade e contra a opres-som da ditadura franquista. Nos anos quarenta estabelecera-se em Chavaga o Estado Maior daguerrilha para a comarca, quedepois do assassinato dos quatrohomenageados começou a ir emdeclínio, tanto na zona como noresto da Galiza administrativa e noBerzo, segundo afirmou no actodo dia 25 o ex-guerrilheiroFrancisco Martínez, Quico, queestivo acompanhado polo tam-bém ex-guerrilheiro, embora dadécada de oitenta, Antom ÁriasCurto.

A morte dos quatro guerrilheirosde Chavaga produzira-se ao serdescoberto o seu refúgio polas for-ças policiais fascistas. A casa emque se encontrava e outra próxi-ma, nos limites entre Monforte e aPóvoa do Brolhom, foram daquelaassaltadas por mais de sessentaGuardas Civis de Lugo e dePonferrada, que matárom tam-bém vários dos membros da famí-lia vizinha e incendiárom ambasas casas, segundo se narra no livroA Guerrilha Antifranquista deMário de Langulho, escrito porAntonio Téllez.

REDACÇOM / A situaçom peniten-ciária do preso independentistaUgio Caamanho está a piorar naprisom madrilena deNavalcarnero. Nos últimos diasde Março foi enviado para omódulo de isolamento depoisde se ter recusado a entrar nasua cela como medida de pro-testo polas condiçons de inter-namento a que está submetido.Recentemente tinha sido sepa-rado do contacto com qualquerpreso político e deslocado paraum módulo onde convivia compresos afectados por toxicode-pendências. O castigo peniten-ciário de isolamento durará umtempo indefinido, que podeoscilar entre várias semanas oumeses.Entre os direitos desrespeitadose denunciadas polo políticogalego encontram-se aspectosrelacionados com a atençomhigiénico-sanitária, as comuni-caçons externas, as listas devisita e os seus períodos derenovaçom, as restriçons impos-tas no correio ou a mudançacontínua do dia das visitas. UgioCaamanho tinha reivindicadoem várias ocasions dispor deumha cela individual, direitorecolhido pola Lei GeralPenitenciária, ou partilhar celacom algum preso político.Ambas as possibilidades fôromdesatendidas polos directivosda prisom, que estám a intensi-ficar as medidas de castigo con-tra o independentista, aindapendente de julgamento juntocom Giana Rodrigues. Ambosforam detidos no passado 23 deJulho em Compostela, sob aacusaçom de terem participadona colocaçom de um explosivoque desfijo parte da sede cen-tral de Caixa Galicia na capitalgalega.

Ugio Caamanhotransferido para o módulo de isolamento

10-03-2006

SINDICATOS AMEAÇAM commobilizaçons contra descida dopreço do leite

11-03-2006

10.000 GALEGAS poderám ser co-titulares de exploraçons agrárias

12-03-2006

TOURINHO RECLAMA con-senso para a reforma do estatuto

13-03-2006

CONVOCADAS 2.200 VAGASpara o sergas

14-03-2006

JUNTA E GOVERNO argentinoassinam convénio sanitário paraemigrantes

15-03-2006

JUNTA REALIZARÁ inspecçonsurbanísticas

16-03-2006

PRINCÍPIO DE ACORDO nosector das ambuláncias

17-03-2006

TOURINHO FINALIZA a suaviagem à Argentina

18-03-2006

PRESIDENTE DA JUNTA nomconsidera oportuna a subida dossalários dos parlamentares galegos

19-03-2006

ASSALTO AO CARREFOUR naCorunha

20-03-2006

COMEÇA A TRABALHAR Acomissom de tránsito na Corunha

21-03-2006

MÉNDEZ ROMEU propom diá-logo para acordar projecto áreametropolitana de Vigo

22-03-2006

POLÍTICOS GALEGOS espe-rançados com trégua da ETA

24-03-2006

JUNTA RETIRA documentopara área metropolitana de Vigo

25-03-2006

TOURINHO PEDE à cámara deVigo diálogo para a criaçom da áreametropolitana

CRONOLOGIA Jovens de Compostela impulsionamumha Assembleia de Precários

REDACÇOM / Vários moços emoças da comarca deCompostela de origens mili-tantes diversas pugérom emandamento um novo projec-to com que pretendem "lui-tar a partir da base contra ocrescente problema social daprecariedade". A finalidadeda Assembleia de Precários"é levar o tema à rua" paraconsciencializar a sociedadeda situaçom sócio-laboral aque estám submetidos mil-hares de jovens no nossopaís.A assembleia inaugurou-seoficialmente com umha ceiade protesto contra oRestaurante Central no pas-sado dia 22 de Março. Nesteestabelecimento os rapazese raparigas da assembleialevantárom-se das mesasantes de acabarem o menucom umhas máscaras bran-cas na cara e negárom-se apagar a conta, e perante oolhar de trabalhadores eclientes repartírom panfle-tos informando das causasdo protesto.Na Assembleia anunciáromnovas acçons nos próximosmeses contra "grandes

empresas, o patronato, sindi-catos colaboradores e ETT'sem forma de actos de desobe-diência."Com o slogan: "Perigo: pre-cári@s organizad@s e rebel-des" anuncia a sua próximacampanha contra as empre-sas mais significativas noincumprimento dos directoslaborais que serám assinala-das com pintura vermelha ea palavra "chupa-sangues".

As ETT's Adecco e umhaloja da cadeia de modaInditex, Stradivarius fôromrecentemente sabotadascom pintura vermelha.As campanhas da assembleiacentrarám-se na denúnciado sector serviços, concreta-mente o turismo selvagemque padece a comarca deCompostela, o labor desilenciamento dos media e olazer consumista.

Segundo dados publica-dos polo INEM, revela-seque 97,3 por cento dos205.672 contratos assinadospor galegos e galegas meno-res de 25 anos em 2005fôrom de carácter temporá-rio. Em quase metade des-tas contrataçons, até93.816, as causas da transi-toriedade devêrom-se a"circunstáncias da produ-çom". A seguir, os maisnumerosos som os contra-tos a prazo para trabalhosde obra ou serviço: 73.428,atingindo a percentagem de35,7 por cento. A maior dis-

táncia, os contratos even-tuais por razons de interi-nidade, formaçom ou está-gios implicárom conjunta-mente 13,94 por cento,ultrapassando ligeiramenteos 28.000.

Mas nom só os jovenssofrêrom - e sofrem - osefeitos da temporalida-de: também fôrom even-tuais 94,88 por cento doscontratos assinados polosegmento de populaçomdos 30 aos 39. Ainda, umem cada quatro jovens de16 a 19 anos está desem-pregado.

Precariedade juvenil é de 97%

Recuperaçom e desprezo da memória históricaantifascista em Monforte de Lemos

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006 07NOTÍCIAS

REDACÇOM /Chega com darumha vista de olhos às listaseleitorais dos principais par-tidos políticos da Galiza paranos apercebermos de que anormalizaçom onomásticanom é umha das conquistasdo movimento normalizadordos últimos vinte anos.Mesmo nas fileiras naciona-listas, os Quintanas, Dopicose Oteros fam com que aGaliza dificilmente poda con-correr em compromisso indi-vidual com as outras naçonsdo Estado, onde a normaliza-çom de nomes e apelidos estábastante generalizada. Masainda se regista mais umparadoxo: quando a galegui-zaçom dos nomes e apelidosse produz, costuma fazer-seseguindo as normas da orto-grafia castelhana, de maneiraque a identidade galega ficaamiúde escondida atrás de

apelidos como Cuña,Fernández ou Carballo.

Preguiça individual e colectivaAté a actualidade, as causasdo escasso sucesso da gale-guizaçom dos nomes e apeli-dos, especialmente destesúltimos, som tam diversascomo pessoas susceptíveis deefectuarem a mudança:mesmo entre pessoas cons-cientes, as razons esgrimidasvam desde as estritamentefamiliares às supostas origensremotas da estirpe, queporiam em causa a procedên-cia galaica do apelido. Osmitos quanto à onomásticafamiliar estám, de facto,muito espalhados na Galiza,mas atrás deles costumahaver só isso, lendas, arejadascom freqüência a justificar apreguiça para dar um passoque costuma nom ser bem

visto no ámbito familiar.Assim o vê a Gentalha doPichel, a primeira associaçomque pom em andamentoumha campanha pola galegui-zaçom reintegrada dos nossosnomes e apelidos: "quer porpreguiça, quer por medo aromper com umha tradiçomfamiliar, o certo é que as pes-soas som reticentes a efec-tuarem esta mudança."

Funcionário de turnoMas a normalizaçom dosnomes nem sempre é tamfácil. No reintegracionismo,a maior parte das pessoasusam o seu nome galeguiza-do na vida pessoal. Nosdocumentos oficiais, noentanto, o nome permaneceespanholizado, umha vezque a ortografia galega nomé reconhecida como tal polaadministraçom, tornando-se

enormemente longo e difícilo caminho da galeguizaçom.Por isso, a Gentalha doPichel decidiu reunir pesso-as interessadas em dar estepasso, ajudando-as para con-duzirem com êxito o proces-so de normalizaçom onomás-tica. Contam com um asses-sor que já tinha conseguidogaleguizar os apelidosseguindo a ortografia históri-ca e disponibilizam na rededocumentos e conselhospráticos para encurtar o pro-cesso quanto possível. Emprincípio na comarca deCompostela, mas gostariamque ideia se espalhasse atodo o País. Asseguram-nosque "sempre existe ummodo de fazê-lo", dependen-do com freqüência "do fun-cionário de turno; trata-sede nos dirigirmos à pessoaadequada."

Primeira campanha pola galeguizaçomreintegrada de nomes e apelidos

A Gentalha do Pichel quer combater a preguiça no ámbito da normalizaçom onomástica

26-03-2006

CONSTITUÍDO CONSELHOgalego de saúde

27-03-2006

ENCONTRAM JAZIGOS roma-nos em Vigo

28-03-2006

FESTA DA RECONQUISTA emVigo. vizinhos insultam presiden-ta da cámara

29-03-2006

DESBLOQUEADA TRANSFE-RÊNCIA do ISM e FP contínua

30-03-2006

PSOE E BNG QUEREM deba-ter área metropolitana. dim quepp nom respeita lei elaborada poreles

31-03-2006

ILHA DE CORTEGADA entrano parque das Ilhas Atlánticas

1-04-2006

TOURINHO PROPOM incluirdireitos de terceira geraçom nonovo estatuto de autonomia

02-04-2006

JUNTA E MADRID fecham acor-do para eliminar portagens derande e barcala

03-04-2006

ANÚNCIO DE FOMENTO dasupressom das portagens

04-04-2006

MINISTRO DA INDÚSTRIA ePresidente da Junta assinam acor-do para reindustrializar Ferrol

05-04-2006

GREVE EM TVE e RNE

06-04-2006

PROTESTOS POR DESCIDAdos preços do leite

08-04-2006

PP QUER QUE sejam retiradastodas as cabines de portagens

09-04-2006

RECORDO DOS retaliados polofranquismo

10-04-2006

OBRAS DO AVE poderám estarem andamento no próximo ano

NUNO GOMES / A nova ligação ferroviária entreo Porto e a fronteira com a Galiza (parte dafutura linha em bitola europeia Lisboa-Corunha) tem como prazo de concretizaçãoo ano de 2015, segundo declarações dogoverno português. O financiamento dalinha tem estado a ser estudado, tendo sidoaventada a hipótese de serem as regiões agarantirem os encargos financeiros (atravésda Comissão de Coordenação eDesenvolvimento Regional do Norte e daJunta da Galiza). Do lado português come-çam-se já a discutir pormenores, como a loca-lização da paragem do comboio no Porto (aactual estação de Campanhã é a hipótesemais forte), a construção de uma nova pontesobre o Douro, a passagem da linha pelo

aeroporto Francisco Sá Carneiro e qual será aestação intermédia entre este último e afronteira (Braga ou Barcelos).

A paragem do novo comboio rápido no aero-porto é vista com bons olhos pelo presidenteda TAP (Transportadora Aérea Portuguesa),Fernando Pinto. Este defende que o trans-porte rodoviário em Velocidade Elevada per-mitirá catapultar o objectivo de tornar oaeroporto Francisco Sá Carneiro como asegunda "placa giratória" do país, a seguir aoaeroporto de Lisboa. Uma futura articulaçãocom os três aeroportos galegos poderá per-mitir uma especialização do aeroporto portu-guês, referiu Rui Rio, presidente da Câmarado Porto e da Junta Metropolitana do Porto.

Foram anunciados três projectos a unir oNorte de Portugal e a Galiza na área tec-nológica. Um desses projectos é entre aUniversidade do Minho e suas congéneresgalegas, e tem como objectivo a criaçãode empresas relacionadas com as novastecnologias. A Comunidade de TrabalhoNorte de Portugal - Galiza anunciou ointercâmbio de conhecimento sobre omar, de forma a que a euro-região se possaposicionar favoravelmente na UniãoEuropeia, numa altura em que está paraser revelada a estratégia comunitárianesta área. Foi também anunciada umaligação on-line entre os centros hospitala-res das duas regiões, que permitiria gerarsinergias e combater listas de espera.

NOVAS DE ALÉM MINHO

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 200608 INTERNACIONAL

INTERNACIONAL

DUARTEFERRÍN / Os Estados espan-hol e francês nom conseguíromacabar com a ETA nem com aesquerda abertzale apesar da enor-me repressom exercida: as batidaspoliciais, os processamentos emmassa, as torturas até a morte, asprisons perpétuas em cárceres deextermínio, os 'suicídios' de presos,a dispersom, a guerra suja, os pac-tos anti-terroristas, o encerramen-to de jornais, rádios, herriko taber-nas e gaztetxes, as fianças milioná-rias, as leis especiais, os tribunaisde excepçom.... Organizaçonsjuvenis, culturais, sociais, partidospolíticos, fundaçons e todo umpovo foi passado por esquadras equartéis, pola Audiência Nacional,e finalmente polo cárcere.O que realmente preocupa aosEstados espanhol e francês nom ésomente a ETA mas todo ummovimento político de resistênciafrente ao fascismo e em defesa doslegítimos direitos de um povonegado polos dous Estados. Nestes últimos anos todo o seuinteresse foi tentar demonstrarpara logo condenar judicialmenteque toda a luita política e social noPaís Basco formava parte de ETA.Mas na realidade acontece o con-trário: é a ETA que forma parte deum movimento mais amplo deluita que nom claudicou. Precisa-mente por isso nom pudérom aca-bar com a luita armada, porquepara acabarem com ela, primeirotenhem que acabar com os movi-mentos populares dos quais faiparte.Agora a ETA tomou umha decisom

valente e comprometida: o cessar-fogo indefinido para impulsionarum processo democrático emEuskal Herria, para que, medianteo diálogo, a negociaçom e o acordo,o povo poda superar o actual marcode negaçom, partiçom e imposi-çom, e poda garantir o desenvolvi-mento de todas as opçons políticas.Chega-se a esta oportunidade polí-tica porque milhares de pessoas doPaís Basco persistírom na sua luitae compromisso polos direitos comopovo e polo reconhecimento deEuskal Herria. Este anuncio da ETA é umha opor-tunidade que os Governos deEspanha e de França devem apro-veitar, contribuindo para o êxitodeste processo de negociaçom como respeito à palavra expressa polopovo basco. Eles tenhem na suamao abrir umha nova etapa políti-ca, desactivando todas as medidasrepressivas e de condicionamentoda actividade política, que deverátrazer consigo a saída das presas epresos das cadeias, a volta das refu-giadas e refugiados, a recuperaçomda memória histórica do povobasco, esmagada pola memória ofi-cial espanhola, a derrogaçom daLei de Partidos, e o respeito dosdireitos básicos da cidadania basca.Os Estados espanhol e francêsdevem reconhecer os resultadosdeste processo democrático, semnenhum tipo de ingerências nemlimitaçons.O povo basco é o destinatário destainiciativa e a sociedade basca develiderar este processo de dialogoque defina um acordo sobre a terri-

torialidade e o direito de autode-terminaçom. A mobilizaçom socialdeve ser capaz de blindar o proces-so, contendo os que tratam de difi-cultá-lo, em defesa dos seus inte-resses sectários, e partidários. Ofuturo de Euskal Herria dependede todas as bascas e bascos.Neste novo cenário as diversas fac-çons da direita tenhem diferentesobjectivos:Os objectivos do PSOE som gan-har as próximas eleiçons gerais atri-buindo-se a consecuçom de umhatrégua da ETA e o início de umprocesso de paz, mantendo oEstado espanhol entretido comeste processo entrementes fampassar a nova reforma laboral e aspolíticas neoliberais que queremaplicar nesta legislatura.Querem que o processo seja longopara desgastar a esquerda abertza-le em debates internos que pode-riam gerar-se ao redor de quantose há de ceder e à vez para chegarem boas condiçons à próxima cam-panha eleitoral. Por outro lado,tenta apresentar à opiniom públicaespanhola umha imagem daesquerda abertzale assediada edebilitada com a clara intençom deconformar-se com um acordo embaixa.O PP vai seguir umha estratégia deboicote às negociaçons. Cadamovimento do governo que supon-ha suavizar a política repressiva,por pequeno que seja, será respon-dido polo PP com a agitaçom parla-mentar e extra-parlamentar. No PPnom querem aparecer perante aopiniom pública como os 'inimigos

da paz', mas pretendem deixar oPSOE como 'inimigos de Espanha'e 'cúmplices do terrorismo'. Com ofracasso das negociaçons, a extre-ma-direita 'legitimaria' ante osseus adeptos e ante a opiniompública manipulável o seu discursode mao dura, à vez que enterraria odiscurso do PSOE, tentando fazer-lhes perder as próximas eleiçons.As condiçons que o PP pujo paraapoiar a 'negociaçom' é que arepressom continue como sempre.Tendo mobilizada a Associaçom deVítimas do Terrorismo e sectoresdo aparelho de Estado, sobretudoo judicial, tentam bloquear e fazerimpossível o processo de paz.Além disso, as ameaças golpistasproduzidas recentemente, reflec-tem o apoio em determinados sec-tores do poder militar, que pode-riam continuar com as suas amea-ças caso o processo nom caminhepolo carreiro que gosta ao PP.

O PP e amplos sectores do PSOEtratam de caracterizar o processocomo um mero procedimento depacificaçom dissociado de qual-quer lógica de resoluçom do con-flito.Isto acabará por virar-se contraeles, sobretudo em Navarra, ondeo debate nom vai ser sobre o quese vai impor aos navarros, massobre se estes vam poder decidirem liberdadeO PNB pretende erigir-se comoprotagonista do processo de pazem Euskal Herria. O seu propósi-to é que o processo dure o máxi-mo possível para desgastar assim aesquerda abertzale, à vez que seapresentarám às próximas elei-çons autoproclamando-se como oscondutores do processo de paz.Tentarám lograr que a mesa denegociaçom nom suponha um for-talecimento da esquerda abertza-le e que as conquistas que deladerivem sejam vitórias atribuídasà vontade do PNB por lograr a paz.O PNB teme de que a superaçomdo actual marco político sejaentendida pola sociedade comoumha vitória da esquerda abertza-le em geral e da ETA em particu-lar, e tenterám apresentá-la comoa sua derrota. Som conscientes deque este processo pode dar rendi-mentos eleitorais tanto à esquer-da abertzale como ao PSOEO PNB dos dous últimos anosderivou ainda mais para o autono-mismo, tendo-se aproximado doPSOE, e tenta manter a sua ges-tom e os seus negócios perma-nentes.

ETA DECLARA CESSAR-FOGO PERMANENTE

Ao contrário das teses defendidas pola AudiênciaNacional, é a ETA que formaparte de um movimento maisamplo de luita que nom claudicou. Precisamentepor isso nom pudérom acabar com a luita armada,porque para acabarem comela, primeiro tenhem que acabar com os movimentospopulares dos que fai parte

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006 09OPINIOM

AENCE é só um exemplomais do que a combina-çom de imoralidade

empresarial, incompetênciapolítico-administrativa, despre-zo polo povo e falta de planifi-caçom tem significado para odesenvolvimento económico eterritorial da Galiza. Mediantea situaçom e dimensionamentode umha empresa consegue-seestragar umha parte muitoimportante dos montes galegospor causa do monocultivo deeucalipto, poluir umha ria enor-memente produtiva até limitesqualificados como delitoambiental por sentença judicialfirme, desfazer com recheiosumha das margens da ria dePonte Vedra, afogar duas cida-des com as suas emissons econverter-se num problema decomplexa soluçom para o con-junto da Galiza.

Porque umha cousa fica clara: aENCE tem que sair da sua actual

situaçom. A recuperaçom da riade Ponte Vedra e da qualidadede vida dos seus e das suas habi-tantes assim o exige. Ora bem,para onde? Em que condiçons?

Nas últimas semanas temosseguido com atençom as notíciassobre o conflito na Argentinapola instalaçom de duas papelei-ras, umha delas da ENCE. Hoje

em dia, às grandes empresas, é-lhes mais barato transferirem-separa países com umha legislaçomambiental mais laxa do que insta-lar os custosos equipamentosque precisariam para o cumpri-mento das normas no seu país deorigem. Mas, é isto ético? Umhadas faces da injustiça no mundo éa injustiça ambiental. O facto de

que Ocidente deslocalize as suasindústrias mais poluentes paraafastar os prejuízos, ainda quesejamos os maiores consumido-res de derivados da celulose, éabsolutamente contrária à justiçaambiental.

Entom, qual é a soluçom? Umdimensionamento ajustado: Aeconomia de escala neste caso

gera prejuízos de escala. A aplica-çom de medidas de controlo dapoluiçom estritas som mais fáceiscom volumes médios de produ-çom. Umha situaçom racional:instalaçom num lugar onde osimpactos forem mínimos, afasta-do de núcleos de povoaçom etendo em conta todas as variá-veis referidas a ventos dominan-tes, hidrologia, etc. Um sistemade produçom limpo, substituin-do processos com substánciastóxicas por outros de menorimpacto e com parámetros deemissons mais estritos dos esta-belecidos pola legislaçom. Efinalmente, mas nom menosimportante, umha populaçomresponsável, consciente de queo seu modo de consumo está nabase dos problemas surgidos aoredor destes grandes complexosindustriais, estando na sua maomudar em grande medida esteshábitos e assim contribuir parasolucionar os seus impactos.

ENCE, tem soluçom?XAN DURO

UMHA COUSA FICA CLARA: A ENCE TEM QUE SAIR DA SUA ACTUAL SITUAÇOM. A RECUPERAÇOM DA RIA DE PONTE VEDRA E DA

QUALIDADE DE VIDA DOS SEUS E DAS SUAS HABITANTES ASSIM O EXIGE. ORA BEM, PARA ONDE? EM QUE CONDIÇONS?

EM DADOS...

As dimensons de ENCE· Produçom total. Mais de 1.000.000 de toneladas de celulose anuais nas diferentes fábricas. 365.000 em Ponte Vedra.

· Exportaçom. 90% da produçom.

· Produçom eléctrica. 1.233.200 Mwh. por biomassa e gás natural.

· Percentagem de alergólogos. 10 vezes superior em Ponte Vedra que à média das cidades de populaçom semelhante.

· Elementos contaminantes. Mercúrio, chumbo e outros metais pesados.

· Árvores cortadas na Galiza. 6.500.000 m3 de madeira com côdea cada ano, quase todos pinheiros e eucaliptos.

· Sector madeireiro. produz 60% dos tabuleiros do Estado, 40% da madeira de serraçom e 20% da pasta de papel.

· Origem. Em 1956 é promovida por decreto. No Outono de 1962 a fábrica já está construída.

· Dimensons da fábrica. 612.500 metros quadrados, umha parte dos quais som da auxiliar Elnosa.

· Despejos na ria. 77% de origem industrial. 75% deles procedem da ENCE e Elnosa.

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P. ALONSO - C.BARROS / A mudança delocalizaçom da Ence foi umha dasprimeiras promessas que lançou oExecutivo autonómico como pontoforte do seu programa de governo. Adisposiçom manifesta dos partidosno poder nom estivo isenta de con-frontos entre representantes dosdiferentes sectores em relaçom à suanova localizaçom e o procedimentopara levá-lo a cabo. O mês de Abrilfoi assinalado como limite para queas conselharias implicadas entre-guem os relatórios necessários paraadoptarem decisons. Tanto o titularda Indústria, Fernando Blanco, comoo do Ambiente, Manuel Vázquez,afirmam que a transferência vai serefectuada. O polígono industrial deBarro-Meis perfila-se como um dosdestinos possíveis para a instalaçomda celulose, entre outras alternativasem diferentes pontos do País. Nocentro do debate interno está tam-bém o financiamento de umha ope-raçom que se prevê venha a custarpor volta de 500 milhons de euros.Enquanto está por decidir se a Juntaassumirá o seu pagamento, esta pos-sibilidade suscita numerosas críticaspor parte de sectores ambientalistase sociais tradicionalmente contráriosà defesa institucional da ENCE. Umbiólogo especializado em celulosesargumenta que isto implicaria "pre-miar umha empresa que leva maisde quarenta anos delinquindo eestragando a ria de Ponte Vedra".

Esta mesma fonte aponta que"ninguém minimamente informadoacredita na viabilidade de umhatransferência, que literalmenteimplicaria desmantelar as actuaisinstalaçons e transferir a maquinariapara manter a capacidade e o pro-cesso produtivo", mantendo assimos níveis de contaminaçom. "Aúnica possibilidade real para viabili-zar a mudança prometida seria aconstruçom de umha fábrica total-mente renovada", em palavras doespecialista consultado.

Param-llhe os pés no UruguaiA corporaçom ENCE quer avançarno processo de expansom interna-cional com a implantaçom de umhanova central na cidade uruguaia de

Fray Bentos. Porém, a oposiçomlocal de ambientalistas e vizinhan-ça, junto com a pressom da provín-cia argentina de Entre Rios -as ins-talaçons situam-se numha zonafronteiriça- forçárom a recenteparalisaçom das obras por parte dacelulose espanhola e a finlandesaBotnia, que possuem em conjunto110.000 hectares de eucaliptais emUruguai, quase na mesma propor-çom e através das sociedadesEufores e UPM-Kymmene respec-tivamente. Agora, as empresasaguardam a resoluçom dos litígiosabertos, enquanto o governo uru-guaio parece estar a apoiar decidi-damente os projectos industriais.No fecho desta ediçom um repre-sentante do Sindicato daConstruçom de Uruguai anunciavaque as obras de Botnia e Ence iamser reanudadas o 18 de Abril.

Nas propostas de ambas as com-panhias solicitava-se produzir1.500.000 toneladas por ano de celu-loses, que lançariam para o rioUruguai 120 milhons de metroscúbicos anuais de resíduos, segundose deduz de cálculos estimados naproduçom de celuloses de tipo ECF.

Em Setembro de 2005 o governa-dor de Entre Rios (Argentina), juntocom organismos sociais dos paísesafectados e quarenta mil assinatu-ras individuais, apresentavam umhadenúncia perante o Banco Mundialpara deterem o financiamento doprojecto, da qual resultou a anula-çom da Avaliaçom de ImpactoAmbiental efectuada por nom cum-prir os mínimos requeridos e execu-tar um processo de informaçom e

consulta deficiente. No entanto, aaliança da ENCE com os poderespolíticos da administraçom autonó-mica serviu-lhe para que ManuelFraga se entrevistasse, junto comum selecto grupo de empresários,com Tabaré Vázquez, para atar oprojecto da celulose pouco antes daseleiçons, ou para que o próprioTourinho defendesse no Uruguai avinculaçom directa da empresa coma comunidade galega e os seussupostos benefícios. A eles uniu-senoutra ocasiom o ministro dosNegócios Estrangeiros, MiguelÁngel Moratinos, ao qual o presi-dente da Deputaçom de PonteVedra, Rafael Louzán, reclamava omesmo compromisso com a ENCEna defesa da planta de Louriçám.

A engrenagem empresarialA que fora umha das companhiasestatais mais rentáveis entrou nonúcleo de empresas privatizadaspolo governo Aznar na década de 90,num processo denunciado em 2005polo Tribunal de Contas, dado que ocoordenador global da venda parcial,o entom BSCH, exercia as funçonsde assessor, anulando assim a sua

necessária objectividade. Já em2001, ano da privatizaçom total,Caixa Galicia assumia o controlo dacelulose, onde iria incrementando oseu poder até conseguir umha per-centagem superior a 18%, o que lhepermitiu dirigi-la junto com outrasalianças e situar como presidente opróprio José Luís Méndez. Nomobstante, no Outono do ano passadoa corporaçom financeira começou adesprender-se de importantes seg-mentos do seu corpo de accionistase ficou em 10,04% das acçons,enquanto emergia o poder de JuanLuis Arregui, que possui já o 12,52%através da sociedade RetosOperativos XXI após a recente com-pra de parte do acionariado quemantinha Bankinter. Conselheiro deIberdrola e Gamesa, empresa da queé co-fundador, Arregui era vice-pre-sidente de ENCE desde Março econverteu-se o passado 12 de Abrilno seu máximo mandatário após aobrigada renúncia de Méndez. Deforma paralela cresceu a presençados conhecidos Alberto Cortina eAlberto Alcocer, que incrementároma sua presença accionarial nos pri-meiros dias de Abril comprando boaparte das acçons que mantinhaBankinter e convertendo-se nos pri-meiros accionistas da companhiacom 12,57%. Com estes dous pode-rosos grupos empresariais à frente,ENCE adquire um perfil maisagressivo de cara às negociaçonscom a Junta. E com presença signifi-cativa no capital da ENCE tambémestám Cajastur, diferentes caixas ebancos, sociedades de carteira, imo-biliárias e personagens como AliciaKoplowitz, que dispom de umhapercentagem de acçons sem deter-minar nos registos consultados.

Os tentáculos da ENCE atingemum bom número de empresas dasua propriedade, criadas por ela oucompradas. Entre elas destacaNorte Forestal SA (NORFOR) eprincipal fornecedora de madeira,Ibercel Celulosa SL, CelulosaEnergia SL, Celulosas de AsturiasSL, Silvasur Agroforestal SA, paraalém de outras sociedades interna-cionais, como Eufores ou o assera-doiro uruguaio Southern Cross

NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 200610 A FUNDO

A FUNDO

A JUNTA E O GOVERNO DE MADRID APOIAM À CELULOSE PERANTE AS DIFICULDADES PARA INSTALAR UMHA NOVA CENTRAL EM URUGUAI

A chamada Empresa Nacional de Celuloses é a primeira proprietária europeia de bosques deeucalipto, líder na Europa e segunda fornecedora mundial de celulose procedente desta árvo-re. Em 2004 obtinha 48,75 milhons de euros em benefícios líquidos, a partir de umha quotado mercado europeu superior a 20% e com os olhos postos na América Latina, onde ultimaos preparativos para abrir umha nova grande fábrica. A oposiçom da cidadania uruguaia e aadministraçom argentina ao novo projecto da ENCE é, no entanto, contundente. E na

Galiza, o litígio encenado entre BNG e PSOE espera encontrar umha soluçom de consensopara umha transferência anunciada, que se entende imprescindível para regenerar a ria, maspoderia implicar enormes custos ao governo autonómico se assumisse o seu financiamento.Em frente, umha poderosa e rentável companhia que lucrou condicionando o desenvolvi-mento florestal do País mediante a massificaçom das plantaçons de eucalipto e que só pudoexecutar os seus planos com a conivência de sectores inseridos na rede de poder.

No centro do debate sobre a nova ubicaçom está também o seu financiamento, que se prevê venha a custar por volta de500 milhons. Enquanto está por decidir se a Junta assumirá o seu custo, esta possibilidade suscita numerosas críticas

Juan Luis Arreguipassou a serpresidente de ENCEapós a compra deum novo pacote deacçons. O seu capitaljunto com o dos‘Albertos’ supom ocontrolo das decisonsempresariais

A nova ubicaçom de ENCE nom evitará os problemasde poluiçom nem a sua incidência na massa florestal

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006 11A FUNDO

Timber, do qual possui um 53%.Entre os seus principais aliados des-taca o Grupo Nogueira, proprietáriodos estaleiros de Marim e da con-cessom do serviço de estivaçom edesestivaçom do porto, e a empresaExplotaciones Forestales de Galicia,SL, que nutre a fábrica deLouriçám. O seu grande negócioestá no transporte marítimo, ondedeclarou rendimentos por um valorsuperior aos vinte milhons de eurosem 2004, através da empresaCeferino Nogueira SA.

Apoios necessáriosOs apoios institucionais fôrom otrunfo com que contou a empresapara continuar a crescer após a suaplena privatizaçom. Se bem quetivesse que enfrentar umha conde-naçom por delito ambiental com oprocessamento dos seus dirigentesem 2001 e visse anulado o projectode papeleira na localizaçom actual, aENCE dispujo sempre do apoiodecidido da administraçom Fraga econtinua a receber o amparo doEstado e o novo governo autonómi-co, que prepara um processo detransferência partindo da premissa

de nom lesar os interesses da celulo-se e de manter o seu nível de produ-çom, algo que traz consigo necessa-riamente poluiçom. Desde a sen-tença de 2001 a celulose empreen-deu umha política de lavado de ima-gem, conhecida no ámbito da mer-cadotecnia como 'green-washing',mostrando-se publicamente comoagente activo na cidade e defensorado ambiente. Para isto financiouimportantes campanhas publicitá-rias nos meios de comunicaçom,patrocinou equipas desportivas esituou anúncios promocionais nosprincipais pontos da cidade. Estastácticas, junto com umha políticasalarial generosa com os trabalhado-res, a utilizaçom de sindicatos comoCCOO e UGT, que "defendem osinteresses patronais", e umha "CIGdomesticada e discrepante com oBNG", segundo fontes críticas, somo aval da defesa desta indústria, quetem acesso aos principais recursosdo poder e pretende manter a suaposiçom mediante estratégias depropaganda e pressom empresarial.

O sector está ao seu favor e soli-cita novos espaços. No passado anoo chamado 'Clúster da Madeira daGaliza' chamava a potenciar mais oeucalipto na Galiza para convertera massa florestal na primeira pro-dutora de madeira para laminar,nesta ocasiom, destinada à cons-truçom. E da parte da ENCE, odirector geral de NORFORRicardo Llorente Morales chamavarecentemente a baixar os preços damadeira produzida no País, adver-tindo que o produtor galego cobrao mesmo preço que pagariam polamatéria prima nas fábricas do Brasile Uruguai. Llorente anima investi-dores e proprietários a unificaremterrenos promovendo plantaçonsmaciças, que considerou recente-mente "muito mais rentáveis doque um banco" para quem se dedi-que à produçom florestal.

Após 2 ou 3 turnos de produçom, NORFOR procede à ‘aireaçom profunda da terra’, modificando a topografia. Emausência de cuberta vegetal protectora, origina processos de perda de solo por arraste

Para umha fábrica das dimensonsde Celuloses de Ponte Vedra, ofornecimento de um volume sufi-ciente de madeira converte-senumha prioridade. Desde a entra-da em funcionamento no ano1963 até a actualidade, a ENCEsoubo sempre adaptar-se à reali-dade em constante mudança dopanorama da produçom florestal,desenvolvendo mecanismos cadavez mais seguros para garantir osobjectivos de produçom. Umhadas primeiras mostras desta capa-cidade foi a natureza da matériaprima. Se num princípio começoufabricando pasta de celulose apartir de madeira de pinheiro,anos depois mudaria o seu siste-ma produtivo, abastecendo-secom madeira de eucalipto, espé-cie que começava a ser espalhadapolo País devido ao seu excelenterendimento e facilidade de pro-pagaçom espontánea. Outra provadessa faculdade foi a de aproveitaras estruturas empresariais exis-tentes. Desde a sua instalaçomum dos agentes estratégicos dofuncionamento da ENCE foi oempresariado que lhe servia amadeira em Louriçám. Nesseempresariado salienta CeferinoNogueira, fundador primeiro deMaderas Nogar e, mais tarde, deExplotaciones Forestales deGalicia S.L., empresa referencialpara o provimento de madeirapara a ENCE. De facto, CeferinoNogueira conseguiu levantar oempório do seu grupo de empre-sas através de privilégios no usodo porto de Marim e outros por-tos galegos que empregou para adescarga de mercadorias graças àssuas relaçons e aos seus serviços àcelulose de Ponte Vedra. Após 30anos de 'entrega e dedicaçom',recebeu a medalha Castelao em2004, o mesmo ano em que foi

condecorado com a medalha aomérito no trabalho entregue pologoverno estatal.

Outro momento na história doabastecimento de madeira àENCE foi a criaçom em 1977 dasua filial Norte Forestal SA(NORFOR), que a partir dessemomento, e aproveitando as faci-lidades para fazer-se com a pro-priedade de numerosas parcelasde antigos montes comunais,ocupa-se de garantir umha partesignificativa do volume de madei-ra de eucalipto que precisa aENCE em Ponte Vedra. NOR-FOR desenvolve actividades silví-colas intensivas que procuramobter o máximo rendimento dosplantios de eucalipto. Na actuali-dade actua em 158 prédios naGaliza e outros 48 nas Astúrias,ademais de gerir 53.000 hectaresno Uruguai. Nestes prédios, acitada empresa aplica os princí-pios mais agressivos da silvicultu-ra industrial e nom duvida emempregar indiscriminadamenteherbicidas de elevada toxicidade,como o glifosato, mesmo à beirade regos e cursos de água, ou por

cima dos mananciais que forne-cem os poços de numerosasaldeias, facto denunciado polaSociedade de Caçadores de Róisnos montes de Rei Bom e Vilar doAbade (La Voz de Galicia, 01-10-2005). Ainda, os trabalhos silvíco-las implicam a periódica remoçomem profundidade das terras flo-restais, depois de se recolher amadeira, com o fim de arejar erenovar a capacidade produtiva dosolo. Estas práticas suponhem emmuitas ocasions a apariçom degraves processos erosivos, fre-quentemente na proximidade derios, como o Tambre no caso doprédio que NORFOR possui noVachao, em Santiago deCompostela.

Para mitigar a imagem negativados plantios de eucalipto, NOR-FOR recorreu às entidades certi-ficadoras para que lhe concedes-sem a etiqueta de sustentabilida-de. Em 2002 a Pan EuropeanForestry Certification PEFC,umha entidade ligada ao floresta-lismo mais agressivo, concedeu-lhe o seu reconhecimento apesarde infringir vários dos seus princí-pios e requerimentos ambientais.Em 2004, o FSC, ForestStewardship Council, entidadeteoricamente mais conservacio-nista, apoiada polo World WildlifeFund, também lhe reconheceu oseu 'mérito' ambiental, após umhaauditoria mais do que questioná-vel. Esta entidade aprovou umprotocolo específico de certifica-çom para plantios industriais quepermite que se lave a imagem decentos de milhares de hectares deeucaliptais na Indonésia, noChile, na Tailándia ou mesmo naGaliza. Este facto verifica que acapacidade de infiltraçom dasceluloses atinge também o con-servacionismo ambiental.

NORFOR: a fornecedora de eucaliptosENCE dispujo doapoio decidido da

administraçom Fragae continua a receber oamparo do Estado e ogoverno autonómico,

que prepara umprocesso de transfe-

rência partindo dapremissa de nom

lesar os seus interesses

NORFOR utiliza indiscriminadamente ervicidas como o glifossato nos seus plantios.Na foto superior, vegetaçom seca polos ervicidas em Coto Moinho. Na inferior,Dolmen conhecido como Arca da Piosa, no mesmo prédio ubicado em Zás

NORFORocupa-se de garantirumha parte signifi-

cativa do volumede madeira deeucalipto que

precisa a ENCEem Ponte Vedra.

Actua em 158prédios na Galiza

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 200612 A FUNDO

Para radiografarmos o sector florestalgalego e os problemas ambientaisassociados, devemos efectuar umhaanálise em duas escalas. Na primei-ra definiríamos as condiçons e carac-terísticas do meio natural, a disponi-bilidade e acessibilidade aos merca-dos das diferentes matérias primas -a estrutura produtiva de base - e aspossibilidades de diversificaçom dasproduçons em funçom destes facto-res. Noutro plano deveria abordar-sea caracterizaçom da indústria, quaissom os domínios e tendênciasindustriais preponderantes no sec-tor, em que situaçom se encontramas empresas de transformaçom eque peso tenhem na ocupaçomlaboral e no valor acrescentado cria-do, quais som as suas eivas e poten-cialidades e que incidência, positivaou negativa, tem a calamidade dosincêndios, o empobrecimentodemográfico e o abandono dos mon-tes no seu ciclo produtivo.

Evidentemente, este nom é oespaço para descrevermos estesparámetros. Apontaremos, porém,que a situaçom se caracteriza polaverticalidade e subordinaçom domonte à indústria, pola segregaçomespacial das múltiplas funçonsdaquele, pola procura do 'curtopra-zismo', com a marginalizaçom dasespécies autóctones do sistema pro-dutivo, e polo absoluto domínio dasespécies de crescimento rápido nasoperaçons de compra e venda demadeira. Tudo isso num entornofísico multifragmentado ao nível dapropriedade, que dificulta o desen-volvimento de umha política flores-tal de longo alcance. A nível indus-trial, a facturaçom está concentradamormente nas empresas de tritura-çom da madeira (fábricas de tabulei-

ros e de celulosa), a serraria está emdeclínio e a elaboraçom de móveis ésecundária e encontra-se estancada.Isto favorece umha realidade polari-zada. Por um lado, impulsiona-se aflorestaçom maciça com espécies derápido crescimento (entre 1941 e1973 florestárom-se mais de320.000 h., praticamente todas compinheiros e eucaliptos; entre 1986 e1998, coincidindo com o 'florestalis-mo' depredador do PP, a superfíciede massas puras de eucalipto pas-sou de 36.384 a 174.210 hectares; eentre 1983 e 1997, o esforço investi-dor em frondosas distribuiu-se em93% para plantios de eucalipto e orestante para outras frondosasautóctones). Por outro, assistimos àmaciça e paulatina corta de carval-heiras e bosques autóctones (porexemplo, na parcelária de Vilar deSantos, concelho curiosamentegovernado polo nacionalismo, fôromarrasadas dúzias de hectares de árvo-res centenárias que se vendêrom aodesbarato a especuladores damadeira que as leváron para as fábri-cas de móveis de Valência).

Umha situaçom acompanhada,ademais, por umha problemáticaecológica de gravidade extrema, naqual o lume e as práticas silvícolasintensivas conduzem os nossosmontes à perda de biodiversidade, àerosom, ao empobrecimento edáficoe à simplificaçom produtiva.

De umha perspectiva nacional, éevidente que esta realidade florestalse interpreta como produto deumha imposiçom de carácter colo-nial e como resultado do triunfo dasilvicultura industrial e da filosofiavertical do binómio monte-indús-tria. Nunca se tivo em consideraçomo valor estratégico da nossa paisa-

gem e dos nossos bosques, e se setivo, foi precisamente para despo-jar-nos dos elementos identitáriosem que se sustém e reproduz anossa resistência à assimilaçom.Hoje, a recuperaçom dessa paisa-gem e desses bosques tem umhaimportáncia estratégica para forta-lecer a nossa consciência nacional e

consolidar a confiança nos modelosautocentrados de desenvolvimento.

Por isso, num momento demudança política como este, revela-se a impossibilidade de fazer qua-drar o modelo actual, no qual salien-ta o papel preponderante da ENCEe as empresas de desintegraçom,com um modelo florestal e indus-

trial diversificado que procure, ade-mais, a compatibilizaçom das trêsfunçons do monte (produtiva,ambiental e recreativa). Torna-seabsolutamente necessária a relega-çom da fabricaçom de celulose epapel a um estrito segundo plano,em funçom das necessidades reaisde consumo da nossa terra, e ofomento de umha iniciativa estraté-gica de capital misto e de interessepúblico, que garanta umha produ-çom limpa, o fecho do ciclo do papele a sua imbricaçom numha políticamais ampla onde estas produçonsnom sejam mais que umha parte doamplo leque de possibilidades inte-gráveis nos nossos montes.

Isto implicaria recuperar de umhavez a filosofia do projecto florestalde 1939 de Ceballos e Ximénez deEmbún, que pretendia alcançar aintegraçom horizontal dos três usosdo monte, diversificando as produ-çons em funçom das potencialida-des das terras. É evidente que istoimplicaria um esforço técnico,humano e orçamental ingente, quedeveria mobilizar vontades políticasalém das nossas fronteiras (UE,especificamente). Ao mesmotempo, é óbvio que a persistênciada ENCE e do modelo florestal quea sustém, ainda que seja deslocan-do-a de sítio, só significará a perpe-tuaçom do modelo, que inclusivesairia reforçado se por detrás datransferência se esconde o incre-mento da capacidade produtiva e,portanto, a blindagem da produçomde madeira de rápido crescimento.

Nota: Como é prática habitual, a ortografia

deste artigo, cujo original seguia as normas

ILG-RAG, foi adaptada por NGZ com a

autorizaçom do autor.

Manuel ‘Pachi’Vázquez, Conselheiro do Ambiente, Pérez Touriño e FernandoBlanco, de Indústria, protagonizam o debate sobre a futura situaçom da central

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Umha aposta decidida a favor do progresso florestal da Galiza

Francisco Franco na inauguraçom da central de Louriçám. Por trás dele, FilgueiraValverde, entom Presidente da Cámara de Ponte Vedra, que se tinha oposto ao projecto

PEDRO ALONSO

REVELA-SE A IMPOSSIBILIDADE DE FAZER QUADRAR O MODELO ACTUAL, COM O PAPEL PREPONDERANTE DA ENCE E AS OUTRAS EMPRESAS, COM UM MODELO

FLORESTAL E INDUSTRIAL DIVERSIFICADO QUE PROCURE, ADEMAIS, A COMPATIBILIZAÇOM DAS TRÊS FUNÇONS DO MONTE (PRODUTIVA, AMBIENTAL E RECREATIVA)

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006 13REPORTAGEM

ANTOM SANTOS / Da mesma manei-ra que noutros pontos do Planeta, aorganizaçom a favor de um outromodelo social e económico adoptana Galiza novas formas. Dúzias deactivistas do movimento associativoensaiam, no coraçom da sociedadedo esbanjamento e a opulência, ini-ciativas e projectos para viverem deoutra maneira. É isso possível? Paraos representantes da cooperativa deconsumidores 'Joaninha', em Trás-Ancos, "é plenamente factível como consumo responsável, dado queconsumimos mais vezes do quevotamos". Para Raul Asegurado,membro da associaçom por uminteresse solidário 'o Peto', "tudocomeça por nom subvencionarmosos nossos piores inimigos: os ban-cos." NOVAS DA GALIZA oferece aosseus leitores e leitoras um retratoimpressionista de projectos aindadesconhecidos para a maioria.

Nos dias de hoje, praticamente nomhá cidade da Galiza onde nom seponham em andamento projectosrelacionados com umha outra formade consumir, produzir ou distribuir.Sem mais vínculos entre si, na maiorparte dos casos, do que a vontadede preservar a saúde colectiva, criarredes sociais que fujam dos grandesmonopólios ou evitar a morte defini-tiva do agro e o triunfo da agro-indústria poluente. Como pano defundo, o interesse por evitar a des-apariçom definitiva das aldeias e,com elas, de parte essencial da cul-tura da Galiza. Há quem vaia aindaalém, pondo mesmo em causa a uti-lizaçom do dinheiro e a dependên-cia das finanças dominantes.

Um peto para os pobresDizem-nos n'o Peto que há quecomeçar a considerar a riquezacomo umha grande ameaça.Claridade e contundência poucohabituais nas chaves do nossoPrimeiro Mundo, onde mesmoinúmeros membros de militantes einiciativas populares pertencem aossectores mais acomodados e esban-jadores da nossa sociedade. Estaafirmaçom pode dever-se porven-tura ao peso de activistas cristaos naassociaçom, mas Raul Asegurado,um dos sócios, quer desmentirqualquer reducionismo: "o certo éque nos embarcamos neste projectogentes de origens muito diversas,desde cristaos a nacionalistas - ouambas as cousas a um tempo. Une-nos o anti-capitalismo e as vontadede fazer cousas com resultadosreais, como as relacionadas com aluta pola renda básica". Tudo come-

çou quando um grupo de pessoascom parecidas inquietaçons se reú-nem para ensaiar um modelo de'banca ética' ou 'banca solidária'.Com quotas mínimas de 60 euros,diz-nos Raul, "conseguimos já umcapital de 18.000 euros, e pensamosaumentá-lo." Dedicam-se a fazerempréstimos sem interesse de trêsanos de duraçom para aquelas pes-soas sem aval que nom podem ace-der a um crédito da banca conven-cional. A decisom sobre os emprés-timos corre a cargo de umha juntadirectiva formada por todos e todasas sócias, que tomam as decisonspor maioria qualificada. Por enquan-to, o balanço é positivo: "ainda nomfizemos outra cousa que pormo-nosa andar e já concedemos um créditode 4.000 euros a um alvanel paraque conseguisse umha carrinha parao trabalho". Ainda, Raul Aseguradodiz-nos que é cedo demais para sefazerem valorizaçons concludentes:"veremos o que acontece. Aindaestamos a apresentar socialmenteumha iniciativa sobre a que existeum grande desconhecimento. Oprojecto parece muito novo, mas

nom se diferencia demasiado dascaixas de resistência que pugerama andar anarquistas e socialistasno seu tempo."

Produzir no agro e consumir saúdeA maior parte dos projectos coope-rativos postos a andar na Galiza dosúltimos tempos nom tenhem nadaa ver com a moda recém instituidada 'volta ao verde' e da 'conquistada saúde' promovida polos media efornecida a preços desorbitados nasgrandes áreas comerciais. De facto,a luita contra os intermediários éum dos sinais distintivos destemovimento incipiente, como tam-bém a deslegitimaçom do consumoresponsável como 'mais umha modaentre tantas'.

Existem iniciativas de produ-çom ecológica em lugares comoRairiz de Veiga ou o Condado,onde trabalha a cooperativa 'Hortado Condado'; focadas ao consumo,trabalham cooperativas como aassociaçom de consumidores 'OBandulho Ecológico' em Lugo, ou'O Grelo Verde', em Verim. EmCompostela acabou de abrir a loja

'A Cesta da Saúde'. A cooperativade consumo mais veterana e conso-lidada é Árvore, de Vigo. Funda-seem 2000 a partir dos restos de ini-ciativas anteriores. Para AlejandroPérez, presidente da cooperativa,'o futuro do projecto é prometedor:fornecemos produtos a 60 núcleosfamiliares, isto é, por volta de 340pessoas, com umha evoluçomregular desde a nossa fundaçom'.Para Alejandro, ficam claras moti-vaçons como a saúde ou a qualida-de a preços razoáveis, mas nem só.Os princípios fundacionais deÁrvore, recolhidos nos seus estatu-tos fundacionais, som tam nítidoscomo 'nom capitalismo, economiasocial, defesa do património etno-gráfico e cultural' ou 'construçomde redes alternativas'.

É precisamente nas cidades, ondehá décadas que se desintegrárom asrelaçons cara a cara e os circuitos deproximidade, onde os projectosestám a irromper com mais energia.Nom por acaso, 'a Joaninha' ampliaem Ferrol a sua base de apoios, e fai-no beneficiando os produtores queresistem no muito rural da comarcade Trás-Ancos. "Constituímo-nosem Janeiro de 2005 e alcançamos os90 sócios e sócias", comenta-nosXan: 'acabamos de abrir umha loja ehá três pessoas trabalhando nela'.Para os membros da Joaninha, nomhá umha só causa que poda explicar osurgimento de projectos como este:'misturam-se sempre factores diver-sos: a vontade de manter o meio e acultura do rural, o desejo de consu-mir saúde ou a vontade de criar alter-nativas puras e duras ao capitalismocostumam confluir'. Por isso umhagrande parte das pessoas sócias parti-cipam ao mesmo tempo dos movi-mentos populares, e por isso deJoaninha descartam a criaçom deumha 'grande entidade cooperativa'."Preferimos trabalhar na rede"comenta-nos Xan, "evitando formarum grande funil e favorecendo aauto-organizaçom a partir da base".

Qual será o porvir destas e deoutras iniciativas semelhantes?Difícil dizê-lo, ainda que pareçaevidente que procedem da mesmainquietaçom sentida de maneirasimultánea por gentes e sectoresmuito diversos. Nestes meses, umgrupo de activistas de movimentospopulares preparam a constitui-çom de mais umha cooperativa deconsumo em Compostela. Otempo dirá se, na Galiza, esta outraeconomia sobrevive como nichomarginal no capitalismo dominan-te ou abre umha corrente de seuque envolva multidons.

Iniciativas diversas para umha outra economia

REPORTAGEM

'A Joaninha', cuja loja vemos na foto, amplia em Ferrol a sua base de apoios beneficiando os produtores que resistem norural da comarca de Trás-Ancos. "Constituímo-nos em Janeiro de 2005 e alcançamos os 90 sócios e sócias", comentam.

A LUITA CONTRA OS INTERMEDIÁRIOS É UM DOS SINAIS DISTINTIVOS DESTE MOVIMENTO INCIPIENTE

Aluita contra os intermediários é um dos sinais distintivos deste movimento incipiente,como também a deslegitimaçom do consumo responsável como “moda”

Praticamente nomhá cidade daGaliza onde nomse ponham emandamento projectosrelacionados comumha outra formade consumir,produzir ou distribuir

Existem iniciativasde produçomecológica emRairiz de Veiga ouno Condado; focadasao consumo, aassociaçom 'OBandulho Ecológico'em Lugo, ou'O Grelo Verde',em Verim. EmCompostelaacabou de abrir aloja 'A Cesta daSaúde'. A cooperativade consumomais veterana econsolidada éÁrvore, de Vigo

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 200614 REPORTAGEM

GERARDO UZ / "Galegos e portugue-ses nom devem ter as costas volta-das, nem devem ter intermediáriosa falarem por nós. Simplesmentedevemos falar, entendermo-nos edesfrutarmos de umha cultura e deumha língua que bebem de fontescomuns, que som comuns". Comestas eloqüentes palavras referia-se o director do Portal Galego daLíngua (PGL), Vítor M. Lourenço,a um evento que estava prestes acomeçar, a Semana da Galiza emBraga, encontro organizado entreos passados dias 18 e 26 de Marçopola ATTAC Braga.

Como também salientou oFrontera Notícias na sua ediçom deMarço, até a celebraçom deste acon-tecimento havia quase meia décadaque na capital da antiga Gallaecianom surgiam iniciativas para apro-fundar no relacionamento luso-gale-go. E se alguém em particular secomprometeu a fundo com estaideia e deve receber reconhecimen-to individual polo sucesso consegui-do, esse é Paulo Ruben Reis, habi-tual noutro tipo de actos similares -em Fevereiro de 2005 foi o anfitriombracarense de um encontro entrevisitantes do PGL.

O sucesso foi a todos os níveis,tanto em assistência como a nívelde comunicaçom. Tal foi assim que aprópria Rádio-Televisão Portuguesa(RTP) emitiu no seu Jornal daTarde umha reportagem sobre oevento bracarense. Também outraspublicaçons, nom apenas minhotas,dérom informaçom sobre a Semanada Galiza organizada pola ATTACBraga. A cobertura na Galiza foiessencialmente a de sempre, a dosmeios próprios do reintegracionis-mo, jornais amigos como o diáriodigital Vieiros e, curiosamente, tam-bém a Rádio Galega, que entrevis-

tou Ângelo Cristóvão (Associação deAmizade Galiza-Portugal), algoimpensável há apenas uns meses.

Entre os conteúdos, um curso deculinária, projecçons cinematográfi-cas, lançamentos editoriais, apresen-taçom do PGL e do dicionário e-Estraviz, conferências sobre a pro-blemática lingüística. Neste senti-do, deve destacar-se o debate inau-gural, intitulado 'O movimento asso-ciativo como elemento de defesa dalíngua na Galiza', no qual participá-rom pessoas e colectivos muitodiversos - por vezes enfrentados -como Carlos Callón (A Mesa),Teresa Carro (Movimento Defesada Língua), Ângelo Cristóvão (AAG-P) e Bernardo Penabade(Associaçom Galega da Língua).

Jornadas da Galiza em LisboaMenos de umha semana após oencerramento da Semana da

Galiza, um colectivo de recentecriaçom, a Associação deSolidariedade com a Galiza Gz.Pt,organizou em Lisboa as Jornadasda Galiza. A associaçom é formadapor galegos residentes na capitalportuguesa e por naturais damesma, visando aproximar-se "darealidade cultural, social e políticada Galiza", assim como "despertaro interesse pola Galiza comonaçom lusófona e a solidariedadecom a luita do povo galgo pola suaautodeterminaçom".

Os organizadores calculam quepor volta de um cento de pessoasassistírom a estas jornadas, dousdias nos quais tivérom a oportuni-dade de assistir a projecçons audio-visuais - como a série de curta-metragens Há que botá-los ou areportagem da RTP sobre a pro-posta do MDL contra a disgrega-çom do galego-português na UE -,

e palestras sobre a situaçom sócio-lingüística galega. Tudo isto, ame-nizado com música tradicionalgalega e menu composto por pro-dutos do nosso país tais como olacom com grelos, chouriços,empadas, filhós e um longo - esaboroso - et cetera. Tal foi o suces-so de público que a Gz.Pt falou jáde organizar um novo evento nopróximo 25 de Abril.

Iniciativas no Porto e em CoimbraMais lúdica que as anteriores -mas nom exenta de conteúdo - foia Festa Galega que organizou emmeados de Março a AssembleiaGalego-Portuguesa do Porto, con-juntamente com Cão Danado &Companhia. O de 'festa' foi onome genérico escolhido para umamplo leque de actividades enca-minhadas, como no caso das ini-ciativas já comentadas, a fazer visí-

vel em Portugal de umha formaamena a 'questom galega'. Entreos convidados a este encontro esti-vo também o director deste perió-dico, Carlos Barros, e o redactorMoncho Marinho, que viajaramaté a Faculdade de Letras do Portopara apresentarem o NOVAS DA

GALIZA e dialogarem com o públi-co sobre diferentes questons daactualidade galega.

Por outra parte, a Plataforma deSolidariedade Coimbra-Galiza, derecente criaçom, também encetouas suas actividades no frutífero mêsde Março. Concretamente fijo-ocom umha palestra intitulada'Repressão no Estado espanhol: ocaso do independentismo galego'.Esta associaçom autodefine-secomo "um movimento aberto atodas as pessoas que acreditem equeiram ajudar a lutar pelo direitodo povo galego a atingir a sua auto-determinaçom política, cultural eterritorial negada e reprimida peloEstado espanhol".

Também pretendem exercer umlabor de "divulgaçom da cultura elíngua galega, assim como dasmovimentaçons políticas na Galizae da repressom exercida sobre osmovimentos independentistas".De facto, no seu blogue (www.pla-taforma-coimbra-galiza.blogspot.com),que começou a andar neste mês deAbril, já noticiárom temas sobre asrádios livres, os símbolos nacionaisgalegos, a questom do nome dopaís - Galiza/Galicia - ou a deten-çom de militantes independentis-tas pola Guarda Civil.

Audiência ZeroPor outra parte, o colectivo portu-guês Audiência Zero, criou recen-temente o seu projecto Eixo Norte.Esta associaçom, fundada em 2002,

Passando a raia

REPORTAGEM

O sucesso da Semana da Galiza em Braga produziu-se tanto em assistência como a nível de comunicaçom. A própria RTPemitiu no seu Jornal da Tarde umha reportagem sobre o evento. Na foto, Paulo Ruben Reis e Jorge Rodrigues Gomes

COLECTIVOS PORTUGUESES PROMOVEM INICIATIVAS SOLIDÁRIAS COM A GALIZA

Apartado 24034 - 28080 - Madrid

Nos últimos anos, as iniciativas de aproximaçom galego-pportuguesas ou luso-ggalaicas nomtenhem passado de encontros esporádicos, dilatados no tempo e incapazes de servirem paraum relacionamento fluído e para um mútuo enriquecimento das duas beiras do Minho. No

mês de Março deste ano, porém, na Galiza assistimos a umha avalanche de propostas chega-das de Portugal como nunca antes se tinha visto, todas elas com um comum denominador:provenhem do associaçons de base, nom da oficialidade.

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Porquê umha iniciativadeste tipo em Braga?Fazemos parte do mesmo espaçogeográfico e económico, e como aATTAC é umha associaçominternacionalista, fai muito senti-do que exista umha troca deideias entre os movimentossociais e associativos das duasmargens do Minho. É umhaquestom de lógica. A Galiza emBraga é umha verdadeira descon-hecida. Queremos criar umhadinámica de recuperaçom dasrelaçons entre a Galiza e o nortede Portugal, especialmente noámbito da intervençom cidadá.

Que achas mais interessante naGaliza de hoje?Acompanho a realidade galega, apolítica e os movimentos cívicos.Acho que está a viver-se algomuito interessante a nível asso-ciativo e de participaçom cidadá,e acho que nós, em Portugal,deveríamos aprender neste ámbi-to. Os movimentos sociais estámverdadeiramente mal. Existe ummovimento associativo antigoque parte da I República, e essemantém-se, embora perdesse

dinamismo, mas os novos movi-mentos que surgem no mundoainda nom arrancárom em Portugal.

Que fai falta para ultrapassar asfronteiras mentais e estatais?Da parte do governo portuguêsnom há vontade de relaciona-mento nem de abertura: Portugalé o país mais centralista daEuropa. Seria necessário descen-tralizar o país e aproveitar aspotencialidades de cada área, nonosso caso permitiria criar novasdinámicas. A relaçom entre ospovos deve surgir da sociedadecivil. Estas relaçons nom se fampor decreto, tem que ser a socie-dade civil a fazê-lo.

Quais os vossos objectivos?A Semana da Galiza pretendeuser mais um modesto contributopara promover este relaciona-mento necessário, fomentar oconhecimento mútuo. Na nossaposiçom periférica, acho que sómesmo juntos é que poderemosavançar. E algumha cousa há desair daqui, nom sei o quê exacta-mente, mas este tipo de encon-tros sempre dam frutos.

NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006 15ANÁLISE

centra as suas actividades na coor-denaçom e dinamizaçom de acti-vidades culturais, artísticas oueducativas. Até o momento já pujoem andamento umha escola demúsica, obradoiros de artesanato eprojecçons multimédia, entreoutras iniciativas.

Neste sentido, Eixo Nortenasce como fruto do esforço depessoas interessadas na Galiza,como Pedro Cadima, com o únicointuito de incidir no relaciona-mento luso-galego através dadivulgaçom de actividades artís-ticas tais como a música, o cinemae outras. Embora no fecho destaediçom nom tenham definidanenhuma acçom concreta, na suaweb (www.audienciazero.org/eixo) jáinformam de actividades conjun-tas como a III Ediçom do Festival

da Tainha (Goiám) ou concertosem Vigo, Esposende ou no Porto.

Com toda esta variedade deactos, este dinamismo associati-vo, este interesse evidenciadodesde além-Minho e a capacidadede convocatória demonstrada ficaclaro que o interesse nos temasgalegos pode ultrapassar a retóricaoficialista e manifestar-se em todaa sua expressom quando as inicia-tivas surgem na base, tendo comoprotagonista umha cidadania quedescobre a descobrir-se.Recuperando de novo umhaspalavras do Vítor M. Lourenço, "aoficialidade institucional já nomé a única que marca o ritmo nasrelaçons Galiza-Portugal", bem aocontrário, "talvez os movimentossociais estejam a retomar, de unsanos para cá, umha lenta marcha

que acabará por conseguir oreconhecimento daquilo queainda hoje é por vezes adultera-do, calado e mesmo negado: aGaliza e Portugal".

Mais umha 'ponte nas ondas'Como se da iniciativa de apre-sentar o património imaterialgalego-português como bem dahumanidade - Ponte... nas Ondas-, umha outra acçom está-se adesenvolver através das ondasradiofónicas. Trata-se do progra-ma Eurorregião Rádio, que seproduz e emite em seis estaçonsde rádio do Norte português -VilaNova de Cerveira, Maia, SantoTirso, Chaves, Valença e Braga.

Este programa realiza tarefasde divulgaçom do património tra-dicional galego-português, pro-jectando e comunicando as afini-dades históricas, culturais,sociais e lingüísticas indissociá-veis dos habitantes da Galiza edo Norte de Portugal. A progra-maçom é composta, quase na suatotalidade, por reportagens,entrevistas e música tradicionaldas duas beiras do Minho.

No que di respeito ao últimoponto, nestes momentos os pro-dutores do programa estám acontactar com diferentes associa-çons e agrupaçons que operamna Galiza para conseguiremumha maior divulgaçom dos fun-dos musicais próprios da Galiza,já que consideram EurorregiãoRádio como "um espaço privile-giado" para umha maior difusomdeste tipo de trabalhos.

“As relaçons entre povosdevem surgir da sociedade”

PAULO RUBEN REIS, MEMBRO DA ATTAC-BRAGA

Marta Negro deu umha palestra sobre a situaçom sociolinguísticada Galiza no quadro da programaçom das Jornadas de Lisboa

NGZ / A Semana da Galiza em Braga juntou na capital da regiom do Minho uminteressante elenco de colectivos e projectos em torno do presente e do futu-ro da nossa língua e cultura na Galiza. Paulo Ruben Reis é membro daATTAC Braga, a entidade organizadora deste evento, que partiu directamen-te da iniciativa de pessoas portuguesas. Aproximar a realidade galega e ultra-passar as barreiras interpostas entre povos fôrom os seus objectivos.

Participantes das Jornadas da Galiza em Lisboa. A Associação de Solidariedade com a Galiza Gz.Pt visa aproximar-se"da realidade cultural, social e política da Galiza", assim como "despertar o interesse pola Galiza como naçom lusófona”

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 200616 CULTURA

CULTURA

ANDRÉ RIOS / Se se escrevesseumha crónica da história do teatropúblico na Galiza, haveria quemlhe tivesse posto por título ‘OCentro Mui Dramático Galego’.Este é o nome de um artigo queassinou a actriz Mabel Rivera napágina Galicia Audiovisual,depois de que o dia 9 de Março adirectora do centro, ÁnxelesCuña, apresentasse a suademissom. A Conselharia daCultura, que dirige ÁnxelaBugallo, via-se, a seis meses danomeaçom da pessoa a que setinha confiado a transformaçomdo CDG, envolvida numhapolémica que levantou a voz dealarme no teatro galego. A que atéa nomeaçom era a directora deSarabela Teatro, demitia apósquase um mês de negociaçompara conseguir que a Conselhariacumprisse a única condiçom que,segundo reiterou em váriasocasions, pujo para gerir o teatropúblico. No sector manifestavamlogo decepçom por se terdemitido sem desenvolver o novoprograma umha pessoa em quemdepositaram grande confiança. Anomeaçom de Cuña tinha sido, defacto, mui bem acolhida polosprofissionais. O Director Geral dePromoçom e Difusom Cultural,Luís Bará, anunciava que nom sepodia reservar o destino dedocente em Ourense e ao mesmotempo – e dado que a situaçom doanterior director era a mesma:docente em comissom de serviço– que Manuel Guede estivera acargo do CDG durante treze anos“de maneira ilegal”. Um homemque durante esses anos nomestivo isento de polémicas: fijoquestionar o papel do centropúblico, foi acusado de concorrercom as companhias privadas elevantou fortes críticas co-produzindo e dirigindo com o

Centro Dramático Nacional LosViejos No Deben de Enamorarse, quechegou a representar-se na Galiza.Alguns profissionais começárom afalar de conspiraçom e de cessomem vez de demissom no caso deÁnxeles Cuña; outrosquestionárom um abandono que,se fosse polos motivos expostospola Conselharia, deveriatranscender para além de umhanova nomeaçom, já que durantetreze anos o que pedia Cuña simfora possível. Os dias que seseguírom à demissom deixáromna já referida página de umcolectivo de profissionais (GaliciaAudiovisual) um feixe decomentários: “raro, raro, raro”,“grande batota”, “um adeus comdesgarro” ou o pedido aospolíticos de “umha explicaçom emesmo a reposiçom de umprojecto que durante estes mesesfoi capaz de estimular a maiorparte do sector” como apontavaRubén García, Director da Mostrade Teatro de Riba d’Ávia.

A nomeaçom de CristinaDominguez, que dirigia FactoriaTeatro, como nova responsável,amainou a tormenta. RobertoLeal, um dos actores queparticipam em Illa Reunión (a

montagem do CDG que dirigeAna Vallés e que junto com ACabana de Babaiagá, realizada einterpretada por PaulaCarballeira, conformam o totaldas obras que o centro estreousob o mandato de Cuña) escrevia“passou o susto... era umha defantasmas de Kafka em versomsub-género?”.

A nomeaçom de CristinaDominguez foi interpretada polacrítica como umha boa opçompara que no teatro saísse de novoo sol. A polémica que se levantouserviu para demonstrar o apoiodos profissionais a umha mudançaradical no CDG. Aliás, asmontagens estreadas tivérom eestám a ter um bom acolhimento.Illa Reunión, depois de um mês noSalom Teatro de Santiago, emque recebeu mais de milespectadores, começou umhadigressom que a levará durantedous meses a vários pontos daGaliza e A cabana de Babaiagá estáa ensinar a muitas crianças o queé a estepe russa.

Aguarda-se agora aapresentaçom do projecto deCristina Domínguez comoresponsável polos desígnios doteatro público.

ANTIA RODRÍGUEZ / O que fai doPlay-Doc de Tui um festival algoestranho nom é o facto de ape-nas se exibirem documentários,já que este é um género que estáagora em auge; o raro é que tudoesteja organizado por umha asso-ciaçom cultural de moços emoças da vila, que nada tenhema ver com a administraçom, acámara municipal ou qualquercousa assim. Enfoques é a associa-çom formada há um ano paraorganizar o primeiro Play-Doc‘na vila fronteiriça’ de Tui, e, emtam pouco tempo conseguiucriar um festival de grande quali-dade que serve como plataformade exibiçom aos melhores trabal-hos documentais feitos nos últi-mos anos.

O que acontece sempre quenascem este tipo de projectos, éque o género documental ficaesquecido, porque parece maissingelo fazer um festival de fic-çom ou de animaçom para asse-gurar um público e subvençonsda Junta. Mas no Play-Doc tra-balha-se para que Tui se conver-ta numha janela através da qualolhar o mundo, aproximando rea-lidades às vezes alheias. Aindaque apareçam muitos logótiposda administraçom ou de grandesmarcas comerciais, o dinheiro,asseguram, é pouco. Dos tapetesdas entradas à imensa base dedados de documentalistas, tudoestá feito polo pessoal deEnfoques, num trabalho continua-do que começou em Junho e queterminou em Março do anoseguinte. Cumpre dizer que ten-hem um local perfeito: todo oTeatro Municipal da ÁreaPanorâmica para fazerem as pro-jecçons, mas também que as aju-das do Cámara Municipal de Tuisom poucas e às vezes mal enca-minhadas. Na passada ediçom, opresidente da Cámara munici-pal, o ‘popular’ Rocha, e os seusvereadores da Cultura, censurá-rom o fotograma de um filme emque aparecia umha mulher des-pida, para o incluir na revistamunicipal de cultura. Mas este

ano transigírom com algumhadas actividades programadas emTui para continuar a festa, comoos Dj’s, os Vídeo J’s e, sobretudo,o grupo de travestis da cenaunderground norteamericana,All The Pretty Horses.

Neste segundo Play-Doc, quea imprensa qualificou de ‘altonível’, concorrêrom 13 filmesque passárom por umha peneirabem fina, já que chegárom a Tuicerca de 353 documentários de44 países diferentes. Na secçomoficial competitiva havia duascategorias, a de curtas e a delonga-metragens; o filme ganha-dor da primeira foi Po Cud (‘Porum milagre’), do polaco JarekSztandera, e a longa-metragemganhadora foi Georgi i Peperudite(‘Georgi e as borboletas’), dobúlgaro Andrey Paounov. A pri-meira narra a viagem infernal deum grupo de pessoas deficientesque desejam ir da sua vila daPolónia a Lourdes, em França, àprocura de um milagre. Nalonga-metragem conta-se a his-tória de um psiquiatra búlgarocujo sonho é organizar umhagranja no seu centro para que ospacientes podam criar caracóis,avestruzes, faisáns… e produzirseda e pam de soja. Ademais, no Play-Doc há umhasecçom especial para documen-tários em língua galega ou portu-guesa que ganhou o filme brasi-leiro A pessoa é para o que nasce, deRoberto Berliner; vários prémiose mençons da própria organiza-çom e um concurso de ediçom, oobradoiro Xpréssate.

Polémica demissom de ÁnxelesCuña como directora do CDG

Os melhores documentáriosde 2005 no Play-Doc de Tui

Luis Bará afirma que Manuel Guede dirigiu o Centro Dramático Galegodurante treze anos “de maneira ilegal”. A nomeaçom de CristinaDomínguez amaina o temporal

Cristina Domínguez (esq.) substitui Anxeles Cuña (dir.) na direcçom do CDG

Sara García e Ángel Sánchez som osorganizadores de Play-Doc

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006 17CULTURA

MIGUEL BURROS

Ingredientes (4 ppeessssooaass))::140 g de farinha milha105 g de farinha triga1 *cc de Royal1 cc de bicarbonato1 cc de sal4 *cs de cebola6 cs de milho em graos

295 ml. de leite coalhado ouiogurte*cc: colher de chá *cs: colher de sopa

Misturam-se os ingredientessecos e a continuaçom adiciona-se o resto, misturando bem.Fam-se bolas e fritam-se a 180ºem abundante azeite até quedouram.

ARROZ COM CHÍCHAROS

Croquetes de milho (Hushpuppies. Típica dos EUA)

Quando te deslocaste à ilha deZapatera, foste filmar ou foste edepois aproveitaste para filmar?O de filmar era umha ideia quetínhamos em conta, mas de factoeu cheguei ali com umha brigadado COSAL (Comité deSolidariedade com a AméricaLatina) sem cámara; depois, outrorapaz trouxo umha. Tratava-se degravar todo o possível. Algumhaideia sim havia, porque há, porexemplo, muitos rostos que simque me interessava filmar empormenor... E logo três entrevistasque tivemos ali com três pessoasque som as que aparecem debanda sonora no filme. EmZapatera nom havia electricidadee havia um problema para carregara cámara. Só tinham um pequenomotor que funcionava comgasolina e utilizavam para ver TVquando acabavam de trabalhar outambém quando ali se juntava

toda a aldeia para ver a telenovelado momento.

Zapatera é o teu primeiro filmefinalizado, mas nom o primeiroque figeste...Eu estou a tentar fazer filmesdesde há muito tempo, e de factoas primeiras cousas que figemfôrom com umha maquininha quecomprara de 16 mm. e umprojector. Mas, claro, umha pessoaencontra-se logo com adificuldade dos custos do própriofilme... Realmente o vídeo dá-nosumha facilidade: democratizabastante todo o processo defilmagem. Agora tenho imagensdo Sara, de um acampamento derefugiados em Tinduf (Argélia);de Buenos Aires, que é o filmeque estou a fazer agora. Tambémgravei na Colômbia, mas destepaís só conservei as cassetes quenom me roubárom, porque a maior

parte, sobretudo as da populaçomindígena, desaparecêrom.

Podemos dizer que vais filmandoe depois tentas armar algo...No COSAL também estou agravar as pessoas que intervenhemnas conferências para fazer umhacompilaçom de rostos, de imagense de vozes diferentes e dediferentes partes do mundo. E defacto material tenho bastante. Orabem, há de levar-se em conta oproblema técnico. Até há três ouquatro anos eu nom tinha umcomputador decente para podermontar em vídeo; nem sequertinha cámara de vídeo. E quandoconseguim a cámara ainda tardeiem ter um bom aparelho paraeditar, com o qual fumacumulando bastantes fitas àsquais quero dar forma agora, eestou a tentá-lo desde há unsaninhos.

CINEMA

Alberte Pagán, à margem do convencional

Nom há muito passou poloPaís a obra de teatro OsMonólogos da Vagina,

inspirada numha ideia original deEve Ensler. O que ali se mostrou éum exemplo mais da má-educaçom sexual dominante quenos impom o modelo genitália,modelo doutrinador, mas nomeducador.

A vagina nom é a cona.Cona (relacionado com o latim

conus) fai referencia à forma cónicados chamados genitais externosfemininos. A cona som: o montede Vénus, os lábios maiores emenores, o clítoris, a entrada dauretra (conduz ao aparelhourinário) e a entrada da vagina

(conduz ao aparelho reprodutor-gerador).

A vagina (lat. vagina) remete-nosà bainha (guardadora de frutos), àmatriz, fai antes portantoreferência ao interno e nom aoexterno.

Os genitais (lat. genitalis, queprovém do verbo gignere,engendrar) aludem o aparelhoreprodutor-gerador; segundo afisiologia ao uso dividem-se emexternos (cona) e internos(reprodutor).

Mas, fam parte os genitaisexternos do aparelho gerador? E dourinário? Porque tradicionalmentese incluem no primeiro e nom nosegundo? Onde começam e onde

acabam os genitais (gerador)femininos? De que nos querdoutrinar o modelo genitália deeducaçom sexual e a anatomo-fisiologia convencional?

Entendo que, na obra OsMonólogos da Vagina, quando se divagina, nalguns casos quer-se dizercona. Ainda que onde se dimonólogos da vagina nom serefiram aos monólogos da cona,mas do sexo, feminino claro. Econtinuamos a ser ‘mal-educadas’e a escapar às palavras e à suatransparência.

“Passei o campo da Ínsua,passei-o de madrugada, topei umanel de ouro numha maçácolorada”.

A CONJUGAR O VERBO SEXUAR

BEATRIZ SANTOS

Porque dim vagina se querem dizer cona?

DE BASE

ANTOM SANTOS / Três anos de dinámica associativa no Vale da Amaíae mais um passo para a frente na consolidaçom do projecto. A Foucede Ouro, que nascera em 2004 como ferramenta “para a defesa dalíngua, a cultura e os valores dissidentes”, conseguiu já um espaçofísico para realizar as suas actividades. O centro social que vai abrirem Bertamiráns soma-sse à dúzia de projectos semelhantes queactuam noutras comarcas da Galiza. Falamos com Pedro, Hadriám,Manolo e Carme, que representam as três geraçons de activistas queconvivem n’A Fouce.

“Queremos abrir um espaço para quemnom tem voz”

O grupo que conforma A Foucetem umha característicaespecial que nom partilhamoutros projectos semelhantesno País: nele convivem trêsgeraçons diferenciadas. Desdea sua fundaçom em Abril de2004 tem juntado à sua volta ogrupo mais crítico e activo deAmes e Briom. Comenta-nosum dos seus membrosfundadores que “nos iníciosapostamos na recuperaçom dasfestas populares, como oMagusto ou o Sam Joám; agoraprecisamente pensamos emrecuperar umha velha tradiçomque já estám a activar em Róis.É umha festa com fachos que sechama ‘alumar o pam’, na qualse festejavam as colheitas dePrimavera”. A associaçom temtrabalhado outros campos,organizando festas com dj’s amicro aberto, comparsas deEntruido denunciando aespeculaçom ou maratonas defutebol polas selecçonsnacionais. Também abrírom umblogue, inserido na página daAGAL, que dá cumprida contadas suas actividades.

Com a abertura do localcomeça umha nova época emque se apresenta o repto daconsolidaçom. “Custa manterum centro social aberto – diz-nos – num concelho pequenocomo este, com grande peso domundo rural”. Por isso

desenham um ambicioso planode actividades que sirva paraoferecer mais algo do que osimples balcom de um bar:terám Internet de graça para avizinhança, biblioteca emediateca, e suportes de todo otipo para a realizaçom de cursosde formaçom, de informática agalego-português.

Comentam-nos que “ofundamental é que o centrosocial sirva para dar resposta aalgumha das grandesproblemáticas dos nossosconcelhos. Por exemplo, aespanholizaçom da mocidadepor influxo da nova populaçomque vem das cidades ou acensura municipal: nabiblioteca de Bertamiránsretirárom reiteradamentepublicaçons independentistaspor nom serem do seu agrado, ejá está na hora de que existamespaços para as pessoas quenom tenhem voz”. Somespecialmente críticos com agestom das cámarasmunicipais, aindadiferenciando Briom e Ames:“de Briom só recebemos osilêncio por resposta. Nunca sedignárom a responder as nossasmoçons”. Quanto a Ames, arealidade é um bocadodiferente: “tenhem umhapolítica de apoio à língua, masfalta-lhes agressividade eenvolvimento da gente nova”.

Centro social ‘A Fouce’

RAMIRO LEDO / Os filmes de Alberte Pagán(Carvalhinho, 1965) vam à margem do convencional, secalhar porque o cinema convencional é umha fábrica dedesatençom, de alienaçom mediante a imagem, que nosapampa com a ilusom de que tudo o que há é o quevemos na tela. Estudioso e apaixonado do cinemaexperimental e de vanguarda, é o responsável polaprogramaçom de cinema experimental do Laboratóriode Movimentos (Compostela). Ademais de váriosartigos sobre cinema, tem dous livros publicados e umpara sair do prelo verbo dos filmes de Andy Warhol.

O vindouro dia 9 de Maio o Cineclube deCompostela projecta-llhe Como Foi o Conto (2004) eestreia pola primeira vez em público Conversas emZapatera (2002), um filme que fijo entre 1996 e 2002 aoabeiro de umha comunidade sandinista na Nicarágua. Pagán estreia em Maio Conversas em Zapatera

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 200618 E TAMBÉM...

Aarte neste país (Galiza)estava ficando cada vez maiscomplicada para nós da

“Arte Livre”; complicada no senti-do da distribuição em terras gale-gas. Com tantas incoerênciasdeste meu país, resolveu-se cons-truir o Teatro Arte Livre.

Quem resolveu construir?Nós: eu e o ator/diretor brasilei-

ro Eisenhower Moreno, que can-sados desta mendigância de datas,dias e locais e com a impressão deque sempre fomos os recém che-gados do Brasil, em uma terra quehá anos me consagrei que “chuta-mos o balde”; (expressão tipica-mente brasileira para expressaruma ruptura); e aí nasceu este,que agora é o primeiro teatro ofi-cial privado da Galiza.

Entra com uma política de dis-tribuição cultural até agora inexis-tente em panoramas teatrais gale-gos. Cada obra adulta, infantil ouadolescente estará durante trêsmeses em cartaz.

Ao entregarmos o projeto para oIGAPE, a nossa surpresa foi quaseimediata, em três dias eles aprova-ram e em 45 dias o projeto estavadesenvolvido e terminado, super-visionado por um tutor designadopor eles: outra grata surpresaquando nos deram 40% a fundoperdido e um financiamento dorestante, além de contribuirmos,das nossas economias, com 35%

do investimento total.O TEATRO ARTE LIVRE está

situado estrategicamente emVigo, na Rúa Vázquez Varela, 19,atrás do Corte Inglês, do lado daRenfe, quase esquina com Urzaiz,com estacionamento por minutodo lado do teatro e restauranteItaliano do melhor.

Vigo foi o ponto clave para odesenvolvimento desta grandeempreitada intitulada tambémcomo TAL (Teatro Arte Livre),devido à aproximaçom com oNorte de Portugal, público quenos interessa atingir e “catequi-

zar” os irmaos lusistas que a cultu-ra galego-brasileira abrange maisdo que compras familiares noCorte Inglês ou feijoada com cai-pirinha. Daí a necessidade de co-produções com Portugal, Brasil,Espanha, Londres...; enfim, todauma torre de babel na cidade olívi-ca. O Teatro Arte Livre cumpreuma programação constante comcurso de formação de actores,curta-metragem e ateliers de som-bras e títeres para crianças e adul-tos, musicais... O mercado adoles-cente é uma das metas maisempolgantes deste projeto.

TEATRO

ROBERTO CORDOVANI

Do outro lado da arte livre

HORIZONTAIS: 1a. O mês passado; 1b. Omês de Marte. // 3a. Informaçom, nota,nova; 3b. (Peixe) Chicharro, cavalinha,jurelo. // 5a. Avelaira / o “Tavao”, outroilustre galeguista reintegracionista doexílio argentino, fundador da ADIGAL,companheiro (e mecenas) de Castelao,Alonso Rios, Soares Picalho, BlancoAmor...; 5b. Artista lalinense, um dosgrandes da pintura galega. // 6. Sem (...)nem piedade / C na notaçom alfabéticada escala musical. / 7a. Fenda que apare-ce nos cascos dos cavalos; 7b. A Banda deTonhito de (...) // 8. Marcha ou movi-mento de recuo / Segunda nota da esca-la musical. // 9a. Que exprime dúvida;9b. “Que tivo a Galiza reis antes queCastela (...)” // 10. Símbolo químico deastatínio. // 11. Que vê com clareza /esperto / prudente, cauteloso. // 12.Símbolo químico do Cério / Terceiraletra do alfabeto. // 13a. Trilha, debulhade cereais na eira / diz-se da vaca que seressente das articulaçons das patas devi-do ao muito trabalho; 13b. Que tem acor ruiva / Apelido do escritor, director einvestigador do teatro galego membro daRAG. // 14a. Verdade (...) e crua; 14b. Nojogo da estornela, cada umha das tiradasque se dam à bilharda com o palám /Interjeiçom / Símbolo eléctrico de Volt-Ampere. // 15a. Qualquer instrumentomusical de sopro, com tubo mais oumenos longo e em geral afunilado; 15b.Outro nome que se dá ao asturiano,

bable ou mirandês. VERTICAIS 1a. Nome do concelho(Burom) e comarca montanhosa contí-gua dos Ancares e dos Oscos; 1b. Estadoem francês / (De baixo para cima)Interjeiçom para expressar sentimentosde cautela, surpresa, assombro... // 3a.Sinal feito com os dedos em forma de“V” / equipa de futebol de Guimarães;3b. Magnífico cantor, poeta e compositorbrasileiro, adito às balas (guloseimas), eautor de “Lenha” ou “Vamos praBabylon”. // 5. Fórmula que prescreveum remédio ou indica a composiçom decertos medicamentos / Aquilo que serecebe em dinheiro ou em valores. // 6.Qualidade do que é suave. // 7. Ilha jóni-ca, reino de Ulisses / poema de C.Kavafis. // 8. Ordem de S. Domingos. //9. Bico / beijo de paz e amizade. // 10.Lugar povoado de árvores (ou arbustos)das amoras. // 11. Título dos príncipesou potentados da Índia / pessoa muitorica (fig.) // 12. Pessoa que trabalha ouvende peles finas, peleiro. // 13. Ripa /Ripanço / que tem boa madeira parafazer ripas. // 14a. Assentamento fenícioe romano no actual Padrom; 14b.Pavimento inferior de umha casa, abaixodo nível da rua / adega. // 15a. Lentes decorrecçom visual usadas em frente dosolhos; 15b. “Lembro-me, meu amor,daquela noite de Verao/ ti contavas as(...) e eu as areias do chao”.

PALAVRAS CRUZADAS, por Alexandre Fernandes.

TEMPOS LIVRES

PALAVRASCRUZADAS:Horizontais1a.1a.- fevereiro; 1b.- março. // 3a.- notícia; 3b.- carapau // 5a.- (JoséBieito) Abraira ; 5b.- Lajeiro // 6.- Sem dó nem piedade / 7a.- riaças; 7b.- (Tonhito de) Poi // 8.- Ré //9a.- dubitativo; 9b.- “Que tivo Galiza reis antes que Castela leis” // 10.- At // 11.- clarividente // 12.-Cê // 13a.- Trilhada; 13b.- (Eulógio) Ruival // 14a.- Verdade nua e crua; 14b.- Va// 15a.- Trombeta;15b.- leonês. Verticais:1a.- Fonsagrada; 1b.- État / Tate! // 3a.- Vitória;3b.- Zeca Baleiro // 5.- receita// 6.- suavidade // 7.- Ítaca // 8.- Dominicana // 9.- Ósculo // 10.- Amoreiral // 11.- Marajá // 12.- pele-teiro // 13.- ripeiro // 14a.- Iria Flavia; 14b.- Cave // 15a.- Óculos; 15b.- “Lembro-me, meu amor,daquela noite de verao/ ti contavas as estrelas e eu as areias do chao”. DESCOBREOQUESABES:1. Piscatório; 2. 1986; 3. 1850; 4. Colliure; 5. Dahomey

REDACÇOM / O III Seminário dePolíticas Linguísticas, realizadoentre os dias 26 e 28 de Marçoem Compostela, serviu paraanalisar a obra do sociolingüistaAntónio Gil Hernández(Valhadolid, 1941), depois demuitos anos a leccionar aulas naCorunha e muitos anos de intensode trabalho sociolingüístico.Castelhano de nascimento egalego de adopçom, o ProfessorGil Hernández foi, na década de80, um dos co-fundadores daAGAL, se bem que actualmenteesteja distanciado da linhaseguida por esta associaçom. Noentanto, as discrepáncias com aAGAL nom o afastárom do

reintegracionismo. De facto,numha entrevista publicadarecentemente no PGL(www.agal-gz.org), o professorreferiu duas razons paracontinuar polo caminho doreintegracionismo, embora naopiniom dele nom sejaexactamente esta a direcçommarcada pola AGAL. Umha delasfazia referencia à acçom,indicando que “se osreintegracionistas nom tivessemagido e agitado na Galiza, haveriatempo que o processoaniquilador do português galego– e do ‘galego normativo’! –estaria muito avançado, muitomais avançado do que hoje está”.

Com a segunda foi ainda maisclaro, afirmando que oreintegracionismo é “a base e aaltura do processo normalizadorda sociedade galega e doconseqüente processonaturalizador da sua línguanacional”.

Homenagem ao sociolingüista António GilDESCOBRE O QUE SABES... por Salva Gomes.

1.Em que sector do povo trabalhadorgalego se cria o associacionismo de clas-se com mais demora?

- Operário - Agrário - Piscatório

2.Em que ano se cria a organizaçomfeminista galega MNG (MulheresNacionalistas Galegas), com mulheresda esquerda nacionalista?

- 1986 - 1988 - 1990

3.Por volta de que ano se implanta oconsumo da batata de maneira definiti-va na Galiza?- 1800 - 1825 - 1850

4.Onde morre o escritor, poeta e mestreAntónio Machado, sem abandonar o seucompromisso antifascista?

- Marselha- Toulouse- Colliure

5.Que país do mundo tivo como capitala cidade de Porto Novo?

- Cabo Verde- São Tomé e Príncipe- Dahomey

O III Seminário de Políticas Lingüísticas analisou a sua extensa obra

Cena da obra Evita, Eva Perón , em cartaz nestes dias em Vigo

O Professor Gil foi co-fundador da AGAL

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NOVAS DA GALIZA15 de Abril a 15 de Maio de 2006 19DESPORTOS

DESPORTOS

XAVIER PAÇOS / Em finais de Marçoapresentou-se em Compostela aque será a primeira ediçom da TaçaGallaecia. O torneio está organizadopola Fundaçom Compostela-Desporto e apoiado pola FederaçomGalega de Futebol, a DirecçomGeral para o Desporto e asFederaçons Regionais de Futeboldos distritos de Viana do Castelo,Vila Real, Bragança, Braga e Porto. Acompetiçom desenvolverá-se entreo dia 26 de Maio e o dia 27 deAgosto e será disputada por dozeselecçons de categoria sub-18 deambas as beiras do Minho: seterepresentando as cidades galegas ecinco os distritos do norte dePortugal. Em primeiro lugar, a ini-ciativa tem umha leitura enorme-mente positiva, já que contribuirá areforçar os laços com o país vizinho.

Neste sentido, o presidente daFederaçom Galega de Futebolmanifestou que "hoje é um dia his-tórico para a uniom entres estespovos" e o representante daAssociaçom de Futebol de Braga,Carlos Coutada, assegurou que "onascimento deste torneio vai forta-lecer os laços históricos entre aGaliza e Portugal". Para além disso,o facto de que futebolistas que seacham em degraus prévios paracomeçar a contar para as primeirasequipa galegas, podam jogarnumha competiçom destas carac-terísticas será um elemento demotivaçom para as abandonadas'canteiras' do futebol galego.

Por sua vez, a Taça Junta da Galizapermite também fazer umha leiturapositiva nom isenta de aspectos cri-ticáveis. Como aconteceu com a ati-tude timorata do Governo galego nahora de denominar a selecçomnacional de futebol com o nome de

'selección galega', em lugar deempregar o nome do país, aDirecçom Geral para o Desportooptou nesta ocasiom pola denomi-naçom oficial da instituiçom galega('Copa Xunta de Galicia'). Que lhescustaria chamar as cousas polo seunome? Por acaso o nome do Paísnom contribuiria muito melhor paraa identificaçom e valorizaçom dotorneio por parte de adeptos e equi-pas? Alguém imagina que a CopaCatalunya se denominasse 'CopaGeneralitat'? A denominaçom Taçada Galiza permitiria manter um elohistórico com o antigo campeonatogalego das décadas de dez e vinte.

Naquela altura, as equipas gale-gas (daquela já destacavam oDesportivo da Corunha e os clubesvigueses Fortuna e Sporting de Vigo,e a partir de 1923 o Celta) partiam acabeça pola supremacia do futebolgalego, anos antes do início da pri-

meira liga estatal em 1929. Paraalém desta questom nominalista, oformato do torneio semelha muitoatraente: oito equipas distribuídasem dous grupos

Os quartos jogarám-se numha'liguinha' de quatro equipas confron-tadas entre si num jogo único a dis-putar na casa da equipa de inferiorcategoria. As meias-finais e a finaldisputarám-se em Riaçor e Balaídos.No grupo Norte ficam enquadradosDesportivo, Racing de Ferrol,Negreira e Lugo; no Sul, Celta,Ponte Vedra, Ourense e Celta B.Para as equipas pequenas o torneio éumha magnífica oportunidade paraconcorrerem realmente por um títu-lo com o Celta e o Desportivo, apriori favoritos.

Fica por ver o interesse que asduas grandes equipas do País ten-hem numha competiçom que sejogará após a finalizaçom da liga

estatal, com os jogadores a pensar jánas férias. As torcidas do Desportivoe do Celta deveriam fazer ver às suasequipas a importáncia de serem"campeás da Galiza". O torneio per-mitirá também pôr a prova a solidezdas relaçons entre as diferentes cla-ques de siareiros e siareiras mobili-zadas conjuntamente à volta daSelecçom nacional de futebol.

A criaçom desta selecçons e daclaque Siareir@s Galeg@s quaseque eliminou quaisquer possibilida-des de confrontos entre claques emarginalizou definitivamente oscada vez mais reduzidos elementos'bairristas'. O impulsionamento daTaça Junta da Galiza e da TaçaGallaecia é considerada porSiareir@s Galeg@s como um avan-ço para a consolidaçom do futebolgalego e um passo adiante no camin-ho da reivindicaçom da oficialidade:"Em Siareir@s Galeg@s, nompodemos senom congratular-nos porter sido posto em andamento estecampeonato, que deve converter-senumha prova mais da vontade dodesporto galego de participar comas nossas equipas em competiçonsinternacionais, junto com outrasnaçons e estados, aderindo aos des-ejos de um próximo jogo da nossaequipa nacional de futebol contra aselecçom lusa".

Porém, parece que a DirecçomGeral para o Desporto optou por tra-balhar polas selecçons desportivasgalegas dando-lhes um perfil baixo,e adiando a reivindicaçom da oficia-lidade para mais adiante, quer poracharem que a oficialidade é umhalinha a nom ultrapassar polomomento quer por preferirem darpequenos passos e fazer todo o per-curso aguardando a consolidaçomdas primeiras iniciativas.

Taça Gallaecia e Taça Junta da Galiza:iniciativas para fortalecer a identidade do futebol PROTAGONIZADAS POLOS PRINCIPAIS CLUBES E SELECÇONS SUB-18 DE CIDADES GALEGAS E DOS DISTRITOS DO NORTE PORTUGUÊS

Siareir@s: "Estecampeonatodeve converter-senumha provamais da vontadedo desporto galego de participar com asnossas equipasem competiçonsinternacionais"

ADirecçomGeralparaoDesporto,daqualé titularonacionalis-taSantiagoDomingues, continuaa impulsionar iniciativasorien-tadas a fortalecer o futebol galego. Após o grande sucesso no

debute da selecçom nacional em Dezembro e do anúncio decriaçom de novas selecçons noutras modalidades desportivas,agora preparan-sse duas taças de futebol. Por enquanto, para os

sectores mobilizados em prol das equipas desportivas galegas,estánahoradecomeçaradarpassosparaa reclamaçomdaoficia-lidade destas selecçons nacionais.

Umha competiçom destas características será um elemento de motivaçom para as 'canteiras' do futebol galego

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OPINIOM 2EDITORIAL 3NOTÍCIAS 4INTERNACIONAL 8

A FUNDO 10REPORTAGENS 13CULTURA 16DESPORTOS 19

“Normalizamos o facto de sermos galegos”

- CComo surgiu PG?- Há 10 anos fundamos Sons deLuita, umha discográfica e pro-motora de concertos. Um dos tra-balhos que fazíamos era merchan-dasing para grupos como HabeasCorpus, Fermín Muguruza ouInadaptats. Ao cabo de certotempo vimos que a roupa saíamuito bem e fomos por aí.Primeiro centramo-nos em cami-solas de tipo político. A primeiracolecçom funcionou sobretudoem festivais e na Internet, ondedamos informaçom dos concertos.Um segundo passo foi distribuir eeditar a roupa de Aduaneiros semFronteiros e logo a da SelecçomGalega. Entretanto, abrimos anossa primeira loja MAIX emVigo. Proximamente haverá outraem Santiago.

- QQue tipo de roupa fazedes?- Tiramos dous catálogos por ano, odo Inverno e o do Verao. A linhamais básica é a de crítica política,mas de um ponto de vista inteli-gente, sem sermos panfletários.Nom queremos converter os lemasem ícones nem transformar ideiasem algo meramente estético, como

aconteceu com o Che. Queremosexpressar ideias políticas a provo-car, a fazer pensar. Por outro ladolevamos à roupa os desenhos deAduaneiros sem Fronteiras, dentrodesse estilo de camisolas 'comretranca' que também é um movi-mento cultural com carga ideológi-ca, apesar de nom semelhar.

- DDe onde pensas que surgeesta paixom polas 'camisolascom retranca'?- Na Galiza nom prendeu o fenóme-no com umha empresa concreta; foia partir de ideias pontuais que tivé-rom um êxito brutal, como a camiso-la que saiu com o lema Licor Café, omerchandising de Nunca Mais...De seguida apareceu o Rei Centolo,que foi o primeiro que fijo a sérioumha colecçom para as lojas, e a par-tir daí Aduaneiros, 11 Varas emSantiago, Nice Trips na Corunha...Agora há um boom, penso que estáum pouco sobreexplorado.

- OOutra linha do vosso catálogo é ada Selecçom Galega...- Com a roupa da Selecçom o quetratamos é de normalizar o facto daGaliza. Há umha camisola oficial

de futebol em que tentamos parti-cipar, mas o concurso decidiu-sepor umha linha neutra. Nós aposta-mos em normalizar o escudo quefijo Castelao e levá-lo ao máximo. Écurioso o desconhecimento queexiste ao redor da sereia, nos festi-vais e nas lojas todo o mundo per-gunta que é, de onde sai... Agoratemos um novo modelo de basque-tebol e projectamos o de rugby.

- EEm que consiste o processodesde que surge a ideia até que acamisola chega ao cliente?- Cada ano tiramos uns 40 desen-hos novos. Tentamos captar ideiasde fora para além das dos nossosdesenhadores, que vam variandono tempo. Nós fabricamos toda aroupa em Portugal, e estamosmuito contentes, temos alternati-vas como a China ou o Marrocosmas nom queremos perder nemum ponto de qualidade. Portugalpermite um controlo real do tecidoque compramos e do que produzi-mos. Temos um armazém noPorrinho e daqui levamos a produ-çom aos estabelecimentos comer-ciais e os pedidos pola Internet.

-QQualéoobjectivocomoempresa?- A roupa fai um labor de propagan-da. Mesmo marcas muito conheci-das como Nike fam camisolas polí-ticas ("Nike Revolution"), adaptamtudo, mas esvaziam de conteúdo amensagem. Na nossa roupa nomhá marca, o que importa é a mensa-gem. Esperamos que se as pessoascompram estas peças é porque gos-

tam e lhes provocam algo namente. Essa crítica captam-na logotambém amigos, vizinhos e a cousavai crescendo. Nós temos modelosque sabemos que nom vam funcio-nar comercialmente, mas somideias bestiais e só por expô-lascriam umha reacçom.

- AAté agora, estades contentescom os resultados?- A experiência é muito positiva,antes pola repercussom que che-gamos a ter do que polo aspectoeconómico. Começamos distri-buindo estas camisolas no nossoambiente, e foi umha alegria vercomo há muita mais gente inte-ressada. Nas lojas entra gente detodo o tipo, de todas as idades,sobretudo mocidade, mas tam-bém gente menos nova quepede o modelo 'Ga-lego' ouespanhol-falantes que querempeças de roupa da Selecçom.Isto reflecte que houvo umhamudança na forma de pensar. Ecreio que cada vez estám maisorgulhosos de levá-las, sem com-plexos de nenhum tipo.

-QQueprojectostendesparaofuturo?- Tirar umha nova linha dentro donosso estilo urbano e under-ground. Também tentamos che-gar a outros países, à parte daInternet. Já temos um acordo paradistribuirmos, desde este Verao,em Itália e na Alemanha. Levamosroupa de PG a estabelecimentosem Berlim e Roma e a resposta foimuito boa, para a nossa surpresa.

IVÁN LEIS / Camisolas 'com retranca' ou que convidam à reflexom políti-ca, bagagens alternativas da Selecçom Galega, roupa 'urbana e undre-ground' com a marca GZ... som propostas que superam a concepçom deProjecto Global (PG) como mais outra empresa têxtil do País. A suaaposta na qualidade, o desenho rompedor e o contacto directo através daInternet explicam que em pouco tempo tenham chegado nom só a todaa Galiza mas também ao País Basco, à Catalunha, Roma ou Berlim.Mantivemos um encontro com José Grajal, responsável pola empresa, noseu centro de operaçons do Porrinho.

JOSÉ GRAJAL PROJECTO GLOBAL

É tempo de catolicismos. A pri-meira Semana Santa do bipartido.De momento, também som feria-dos a quinta e a sexta feira.Supom-se que temos que come-morar, ou algo assim, a derradeiraceia, a paixom e a morte de Jesus,a traiçom de Judas, que agoraparece que nom foi TAM maucomo no-lo pintaram, e participarem via-crúcis, procissons e vigí-lias várias. O do jejum e a absti-nência vai ser cousa de dá-la porsuposta. O de lavar os pés aos dis-cípulos, está mui longe de que opodamos ver fazer a Tourinho oua Quintana. Vivem num endeusa-mento que os impede de teractos de amor fraterno.

Enquanto as sondagens cozin-hadas por Antón Losada nom osbaixe do limbo, ali continuarámcada vez mais à deriva eleitoral.

Já som muitos os pecadosveniais nos meses de exercíciodos cargos públicos: contrataçomde filhas, de personalidades afins,para assessorar em gabinetes daJunta. Ir em veículo oficial jogarumha 'pachanga' de homens daConselharia da Cultura contramulheres e homens da Vice-Presidência, com transporteincluído a hotel de cinco estrelaspara continuar com o 'terceirotempo'. Nomear como directivosautonómicos um primo e umcunhado. Manter nos mesmospostos de altos cargos destacadospanegiristas de Fraga. Algumhachefa de gabinete, que o foi como governo do PP, foi ratificadatambém para assessorar oQuintana, fica claro que aplican-do isso de todos somos iguais eque mais dá Xam que Perilhám.Também há pecados mortais.Alguns dos cometidos com plenoconhecimento do mal que se fai,podem ser: fazer turismo gastro-nómico pagado com orçamentosde imprevistos, aumentar em10% o próprio salário, criar comis-sons mistas de normalizaçom lin-güística para colocar quatro espe-cialistas a cobrar sete quilos dosde antes, privatizar os serviçossociais, dando-os às caixas depoupança, olhar para outro ladoem Reganosa, fazer-se os remo-lons com Celuloses e continuar abotar o Luar em faixa horária demáxima audiência. Deus nospilhe confessados, aos ateus.

XAN CARLOS ÁNSIA

Confessomdos pecados