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A ELETRO-ACUPUNTURA NO CONTROLE DA DOR:
UMA REVISÃO.
Monografia apresentada ao Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Acupuntura.
Florianópolis (SC), Fevereiro de 2011.
CIEPH – Centro Integrado de Estudos e Pesquisa do Homem
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA
A ELETRO-ACUPUNTURA NO CONTROLE DA DOR:
UMA REVISÃO.
Elaborado por
MAURO SILVEIRA MAULE
COMISSÃO EXAMINADORA:
Profa. Tátila Souza Barcala, Esp.
Orientador Presidente de Banca
Prof.Marcelo Fabián Oliva, Esp.
Membro de Banca
Profa.Luisa Regina Pericolo Erwig, MSC Membro de Banca
Florianópolis (SC), Fevereiro de 2011.
SUMÁRIO
CAPÌTULO I – INTRODUÇÃO.............................................................................................8
1.1. O PROBLEMA....................................................................................................................8
1.2. OBJETIVOS........................................................................................................................9
1.2.1. Objetivo Geral...............................................................................................................9
1.2.2. Objetivos Específicos......................................................................................................9
1.3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................................9
CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA................................................................10
2.1 DOR....................................................................................................................................10
2.1.2. Classificação da Dor......................................................................................................10
2.1.3. Aspectos Psicosociais relacionados à Dor...................................................................11
2.1.4 Incidência........................................................................................................................14
2.1.5 Tratamentos “convencionais”.......................................................................................15
2.1.6 Dor e MTC......................................................................................................................17
2.2 ELETROACUPUNTURA..................................................................................................18
2.2.1 Conceito...........................................................................................................................19
2.2.2 Correntes elétricas.........................................................................................................20
2.2.2.1 Onda densa...................................................................................................................21
2.2.2.2 Onda Esparsa................................................................................................................21
2.2.2.3 Onda Densa-esparsa.....................................................................................................21
2.2.2.4 Onda intermitente.........................................................................................................22
2.2.2.5 Onda Serrada................................................................................................................22
2.2.3 POSSÍVEIS MECANISMOS DE AÇÃO DA ELETRO-ACUPUNTURA e
PARÂMETROS DE APLICAÇÃO..........................................................................................22
CAPITULO III – METODOLOGIA....................................................................................27
3.1 METODOLOGIA DE PESQUISA.....................................................................................27
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................28
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................30
RESUMO
Esta monografia tem o objetivo de estudar a eletro-acupuntura no controle da dor. A acupuntura objetiva à terapia e à cura das enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas em pontos específicos. Essa técnica esteve isolada do mundo ocidental durante milênios, distanciando sua forma de raciocínio e linguagem da cultura ocidental. Isto restringe sua aceitação no Ocidente, sendo considerada mística e sem base científica. Além disso, a prática da acupuntura no Ocidente se depara com deficiências no ensino e difusão científica. Porém, a eficácia dessa terapia levou a Organização Mundial de Saúde a listar enfermidades que podem ser tratadas pela acupuntura e, recentemente, essa técnica foi reconhecida também como especialidade médica veterinária no Brasil. A pesquisa da acupuntura reveste se, portanto, de grande interesse, na medida em que poderá traduzir conhecimentos milenares, contribuindo para sua aceitação e incorporação. Palavras-chave: acupuntura, história da acupuntura, eletro-acupuntura.
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CAPÌTULO I - INTRODUÇÃO
1.1. O PROBLEMA
A dor, sua compreensão e tratamento, vêm sendo uma preocupação constante
desde os primórdios da humanidade. A problemática é, por se tratar de uma sensação,
sua compreensão é subjetiva. Apesar de toda dedicação ao estudo da dor, ainda não
podemos compreendê-la na sua totalidade, talvez por se tratar de uma sensação
individual (CHAITOW, 1984) p. 52.
Nas sociedades antigas, a dor, sem outra causa aparente como o traumatismo, era
atribuída à invasão do corpo por maus espíritos e como punição dos deuses. Acreditava-
se que o coração e os vasos sangüíneos estivessem envolvidos na apreciação do
fenômeno doloroso. Na China a dor e as doenças eram atribuídas ao excesso ou
deficiência de certos fluidos no interior do organismo (CHAITOW, 1984) p.30.
A dor é como uma “experiência sensorial e emocional desagradável que é
associada a lesões reais ou potenciais ou descrita em termos de tais lesões. A dor é
sempre subjetiva. Cada indivíduo aprende a utilizar este termo através de suas
experiências”. Este conceito não admite uma relação direta entre lesão tecidual e dor e
enfatiza o aspecto de subjetividade na interpretação do fenômeno doloroso (CHAITOW,
1984) p.35.
A eletro-acupuntura desenvolveu-se tendo como base a Acupuntura, e é utilizada
como método terapêutico através do uso de aparelhos elétricos que, conectados às
agulhas, transmitem estímulos aos pontos de acupuntura. A corrente elétrica que passa
pelo corpo através da agulha, produz estímulos elétricos que substituem as
manipulações manuais (CHAITOW, 1984) p. 40.
O fato é que a dor acompanha muitas pessoas podendo causar um leve
desconforto até situações bastante desagradáveis e até mesmo insuportáveis. A
acupuntura, mais especificamente a Eletro-acupuntura vem sendo apontada como uma
alternativa eficaz no mecanismo de supressão da dor. Diante do exposto anteriormente,
a questão que norteia este estudo é: Quais os mecanismos de ação da eletro-acupuntura
para o controle da dor?
Este estudo será dividido em capítulos, como pode-se observar em seguida:
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O Capítulo I iniciará com um histórico da acupuntura, seus conceitos gerais e
um breve estudo sobre a acupuntura e a dor.
No Capítulo II, o estudo abordará a dor, sua fisiologia, classificação e os
aspectos psicossociais relacionados à dor e finalizará com um estudo da eletro-
acupuntura, suas contra-indicações e os possíveis mecanismos de ação da eletro-
acupuntura, mostrará alguns tipos de fibras e finalizará com uma comparação científica
da eficácia da eletro-acupuntura no controle da dor.
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Objetivo Geral
a) Apresentar a ação da Eletro-acupuntura no mecanismo supressor da dor.
1.2.2. Objetivos Específicos
a) estudar os mecanismos de ação da Eletro-acupuntura no alívio da dor;
b) apresentar os tipos de dor em que o uso da Eletro-acupuntura se mostra mais
eficiente.
c) conhecer os parâmetros terapêuticos mais indicados no controle álgico.
1.3. JUSTIFICATIVA
A justificativa para escolha deste tema é que, acredita-se que embora a eletro-
acupuntura tenha as mesmas indicações que a Acupuntura, apresenta melhores
resultados no combate a dor. O primeiro sinal de que algo está errado em nosso corpo é
a dor. Em razão disso, é naturalmente desejável o alívio da dor no menor espaço de
tempo possível, e a acupuntura oferece um grande número de fórmulas comprovadas e
testadas que podem ser utilizadas para este fim, não importando o método escolhido
pelo acupunturista para tratar as causas desse problema.
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CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA
2.1 DOR
A palavra que hoje conhecemos como dor, teve origem no latim “ôrem" e de
acordo com o comitê de taxonomia, da Associação Internacional para o Estudo da Dor
(International Association for Study of Pain), ela é definida como “uma experiência
emocional e sensorial desagradável, associada a lesões reais ou potenciais, ou descrita
em termos dessas lesões” (CHAITOW, 1984) p.35.
Dor foi conceituada, em 1986, pela Associação Internacional para o Estudo da
Dor (IASP) como uma "experiência sensorial e emocional desagradável que é associada
a lesões reais ou potenciais ou descrita em termos de tais lesões. A dor é sempre
subjetiva. Cada indivíduo aprende a utilizar este termo através de suas experiências".
Este conceito não admite uma relação direta entre lesão tecidual e dor e enfatiza o
aspecto de subjetividade na interpretação do fenômeno doloroso (CHAITOW, 1984)
p.45.
Para Baez (1990), a dor pode ser definida como um fenômeno inatingível,
invisível e imensurável.
A dor é um alerta de que alguma coisa não anda bem no organismo é uma
resposta a algum fator, interno ou externo que alerta ao indivíduo para alguma alteração
(BAEZ, 1990) p.60.
Compreender e avaliar a dor possibilita conhecer com mais precisão a sua causa,
assim também como pode aproximar o terapeuta do paciente, tornar o terapeuta mais
atento ao problema do paciente e também aumenta a chance da escolha de um
procedimento terapêutico mais apropriado.
2.1.2. Classificação da Dor
De acordo com Kanner (1998), a classificação da dor é baseada em mecanismos
neurofisiológicos inseridos ou relacionados à duração, etiologia ou região afetada.
Para o referido autor, a dor pode ser classificada de acordo com mecanismos
neurofisiológicos em nociceptiva e não-nociceptiva. Sendo que a nociceptiva está
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subdivida em somática e visceral. Já a não-nociceptiva se divide em neuropática e
psicogênica. Sobre as dores nociceptivas, enquanto a somática é precisa tanto em
relação ao tempo quanto ao espaço a visceral é vaga e imprecisa e está associada a
estruturas distantes daquelas comprometidas. As dores neuropáticas decorrem de uma
lesão no sistema nervoso periférico ou central enquanto a dor psicogênica é muito rara e
normalmente diagnosticada em casos onde não existe nenhuma evidencia clinica que
comprove sua existência.
Quanto a duração, a dor pode ser classificada em aguda ou crônica. Sobre a dor
aguda sua principal função é de alerta, é causada por uma lesão tecidual e desaparece
com o resolução do processo patológico. Tem tanto etiologia quanto localização bem
definidas, como padrão, qualidade, freqüência e duração. Já a dor crônica é aquela que
persiste além do razoável, pode estar associada a uma seqüela de uma dor agudar ou a
outro fator patológico. Sua principal característica além é claro da longa duração, é que
indefinida quanto a sua localização e normalmente está associada a fatores estressantes
e psicopatológicos.
A dor rápida é a dor sentida em cerca de 0,1 s depois que o estimulo doloroso é
aplicado. Este tipo de dor é sentido frente a um traumatismo agudo, geralmente térmico
ou mecânico (BAEZ, 1990) p.62.
A dor lenta é a dor sentida após 1s ou mais, e aumenta lentamente , durante
muitos segundos até minutos. Este tipo de dor está geralmente associado a destruição de
tecidos, podendo ser um estimulo químico, físico ou mecânico. Pode levar a um
sofrimento insuportável e prolongado. Pode ocorrer tanto na pele como nos tecidos mais
profundos do corpo (BAEZ, 1990) p.56.
2.1.3. Aspectos Psicosociais relacionados à Dor
A dor não pode ser compreendida apenas como um fenômeno descritivo da
nocicepção experimentada, mas um fenômeno multidimensional e que pode envolver
diversos outros fatores psicológicos como também emocionais, sociais, culturais e até
mesmo educacionais. Principalmente nos casos de dores crônicas que têm uma ampla
relação com fatores emocionais, diferente das dores agudas que por atuarem como um
sinal que induz a pessoa a afastar-se do agente causador da dor, pode provocar uma
resposta ansiosa e de estresse, porém apenas momentaneamente segundo Teixeira &
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Figueiró (2001). Portanto de acordo com os referidos autores, pacientes com dor
crônica , geralmente apresentam em associação distúrbios do sono, apetite, peso, libido,
irritabilidade, concentração, atividades familiares e profissionais. Os mesmo autores
ainda dizem que fatores ambientais também podem provocar ou reforçar determinados
padrões de comportamento relacionados a dor crônica fazendo que a sensação dolorosa
esteja presente até mesmo na ausência de estímulos nociceptivos. Podem contribuir para
a manutenção da dor reforços diretos como, cuidados médicos, maior atenção do pai,
mãe, cônjuge, etc. e indiretos, como evitar situações desagradáveis e penosas.
Deste modo, é de extrema importância que pacientes portadores de dor crônica
se atenham a importância de tratamentos múltiplos e multidisciplinares que possam
realizar diferentes abordagens, como psicosociais, ambientais e até mesmo culturais
(ERNEST, 2001) p.30.
A percepção dos estímulos dolorosos pode ser modificada quantitativamente e
qualitativamente em função de uma série de fatores internos e externos aos indivíduos.
Dentre estes salientamos o estado emocional e de vigilância, fatores sociais, culturais e
ambientais, o significado de uma série de experiência dolorosa tem para o indivíduo em
um momento específico de sua vida e, finalmente, o contexto no qual o estímulo álgico
ocorreu.
No caso da dor aguda, que comumente está associada a dano tecidual, esta
percepção atua como um sinal que induz a pessoa a adotar comportamentos que
objetivem afastar, reduzir ou eliminar a causa da dor. Estas reações são
significativamente influenciadas pelas experiências aprendidas no passado, pelo
contexto sócio cultural no qual ocorreu a lesão e a dor, pelo estado psicológico do
indivíduo no início da experiência e pela personalidade pré-mórbida do mesmo
(ERNEST, 2001) p. 32.
As reações afetivas predominantemente associadas à dor aguda são a ansiedade e
a resposta de estresse com as manifestações de hiperatividade simpática concomitantes
(ERNEST, 2001) p.31.
Medidas ansiolíticas como a explicação do que está ocorrendo, relaxamento,
drogas ansiolíticas, técnicas de auto controle, distração e hipnose tendem a reduzir a
intensidade da dor e magnitude da resposta dolorosa nesta circunstância (ERNEST,
2001) P.40.
Em contraste com a dor aguda, a dor crônica tem função biológica diferente e
associa-se a pouca atividade autonômica. Os doentes com dor crônica, geralmente
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exibem sintomas neuro vegetativos como alterações nos padrões de sono, apetite, libido,
associados a irritabilidade, alterações de energia, diminuição da capacidade de
concentração, restrições da capacidade para as atividades familiares, profissionais e
sociais. Há, geralmente menor expressão dos sinais físico da doença orgânica e
manifestações emocionais de depressão, ansiedade hostilidade. Evidencia-se maior
preocupação somática, adoção de posturas particulares, comportamentos de evitação,
com maiores períodos de repouso e suas conseqüências financeiras e sociais. Assim, as
atividades rotineiras da vida do doente são significativamente comprometidas em
decorrência da dor crônica (ERNEST, 2001) p.50.
Além da depressão e ansiedade, observam-se reações de desesperança,
hipocondríase, raiva, negação e dependência. A incerteza quanto ao futuro, a gravidade
do transtorno patológico, a morbidade, a mortalidade, implicações atuais e futuras, o
medo da morte e da mutilação, a perda da dignidade e da posição socioeconômica são
causas e fatores de agravamento da ansiedade. A dor persistente, a incapacidade física, a
desesperança, a preocupação com incurabilidade da doença, a desfiguração, a perda da
importância individual no ambiente social, familiar e profissional, as perdas
econômicas, a sensação de abandono, o isolamento e a ruptura da dinâmica familiar pré-
existente são fatores que contribuem para a ocorrência da depressão. A progressão ou a
estabilização da condição dolorosa e o desapontamento com os freqüentais insucessos
das várias terapias propostas e aplicadas contribuem para exarcebar a hostilidade conta
si mesmo, familiares, amigos e profissionais de saúde, isolando o paciente do seu
sistema de apoio e transformando relações de suporte em relações adversas (ERNEST,
2001) p.53.
Socialmente, a incapacidade física e o sofrimento concomitante diminuem o
rendimento no trabalho, reduzindo os proventos pessoais, o que é agravado pelas
despesas decorrentes das terapias empregadas (ERNEST, 2001) p.54.
Muitos doentes que apresentam propensão à dor tendem a exagerar o
desconforto ao mesmo tempo em que tendem a negar a relação entre os aspectos
psicológicos e seu sofrimento (ERNEST, 2001) p.60.
O comportamento do doente com dor crônica pode ser influenciado por fatores
ambientais. A dor gera padrões de comportamento sensíveis a recompensas que são
modulados pelo ambiente e são passíveis de aprendizado. Estes comportamentos
aprendidos mantêm-se ou extinguem-se, de acordo com as reações do contexto nos
quais eles ocorrem. Assim quando o ambiente reforça positivamente um comportamento
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doloroso este tende a persistir e existir mesmo na ausência dos estímulos nocioceptivos.
Reforços diretos (cuidados médicos, repousos, medicações, maior atenção do cônjuge
ou familiares), ou indiretos (evitando situações desagradáveis ou obrigações penosas)
pode contribuir para a manutenção da dor, amplificação da percepção dolorosa,
incapacidades funcionais, sofrimento psíquico, uso exagerado do sistema de saúde, etc.
(ERNEST, 2001) p.27.
Não há dúvida de que aspectos familiares, sociais e culturais podem participar
dessa modificação da expressão das sensações e sentimentos, induzindo os doentes a
rotular seu sofrimento psicológico como dor (ERNEST, 2001) p.65.
Desse modo, é fundamental, nos pacientes com dor crônica, ir além do visível e
do imediatamente audível e buscar o entendimento de uma linguagem corporal que não
pode ganhar representação no campo psíquico, estando, portanto, incapacitada de
manifestar-se como emoções e palavras (ERNEST, 2001) p.39.
À medida que avança o conhecimento a respeito dos pacientes com dor crônica,
fica mais evidente a complexidade deste problema e mais freqüentemente, se recomenda
uma avaliação compreensiva com tratamento múltiplos e integrados, incluindo a
abordagem dos aspectos psicosociais, ambientais e culturais envolvidos na gênese e
perpetuação das algias crônicas.
2.1.4 Incidência
A Medicina Chinesa considera a função do corpo e da mente como o resultado
da interação de determinadas substancias vitais. Estas substâncias manifestam-se em
vários níveis de “substancialidade”, de maneira que algumas delas são muito rarefeitas e
outras totalmente imateriais. Todas elas constituem a visão chinesa antiga do corpo-
mente. O corpo e a mente não são vistos como um mecanismo (portanto, complexo),
mas como um círculo de energia e substâncias vitais interagindo uns com os outros para
formar o organismo. A base de tudo é o Qi: as outras substâncias vitais são
manifestações do Qi em vários graus de materialidade, variando do complemente
material, tal como os Fluidos Corpóreos (Jin Ye), para o totalmente imaterial, tal como a
Mente (Shen) (MACIOCIA, 1996) p.150.
As substancias vitais são:
Qi;
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Sangue (Xue);
Essência (Jing) e
Fluidos Corpóreos (Jin Ye).
Conhecer a causa da desarmonia do paciente é uma das partes mais importantes
da prática médica chinesa. É importante não considerar o desequilíbrio em questão
como uma causa da patologia. Como exemplo, se um paciente apresentar diarréia,
cansaço e anorexia, a Deficiência do Qi do Baço não será a causa da patologia, mas
simplesmente uma expressão da desarmonia presente. A causa da desarmonia em si
pode ser localizada nos hábitos dietéticos, estilo de vida, prática de exercícios, etc.
(MACIOCIA, 1996) p.131.
Identificar a causa da desarmonia é um fator importante porque, somente assim,
podemos aconselhar o paciente a evita-la, minimizando ou prevenindo a sua ocorrência
(MACIOCIA, 1996) p.123.
A medicina Chinesa enfatiza o equilíbrio como uma questão chave da saúde: o
equilíbrio entre o repouso e os exercícios, na dieta, equilíbrio das atividades sexuais e
climáticos. Qualquer desarmonia contínua pode se tornar uma causa patológica
(MACIOCIA, 1996) p.101.
2.1.5 Tratamentos “convencionais”
Independente da doença apresentada pelo paciente, a acupuntura é empregada
sempre que necessário. Este princípio se aplica a doenças crônicas, como hipertensão,
obesidade e diabetes. Dependendo da gravidade do problema, o equilíbrio
proporcionado pelas agulhas pode diminuir a quantidade de drogas ingeridas pelo
paciente (MACIOCIA, 1996) p.79.
Assim como na medicina ocidental, a terapia para toda a vida. Mesmo o
diagnóstico, que na prática chinesa é feita em 70% dos casos com uma boa conversa
com o paciente, não prescinde de exames laboratoriais como hemogramas e
ressonâncias. Somente o especialista em acupuntura pode estipular o número de sessões
necessárias, levando em conta a importância do problema de cada paciente, bem como o
seu histórico médico e sua reação ao tratamento (MACIOCIA, 1996) p.59.
Para quem nunca se submeteu a uma sessão de acupuntura, o especialista explica
que, depois do diagnóstico, são escolhidos os pontos para a aplicação das agulhas, com
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o paciente deitado confortavelmente. Então, a pele é limpa com uma solução anti-
séptica e as agulhas são introduzidas até 0,3 cm na derme. O especialista de acupuntura
aprofunda a agulha até o ponto desejado em um movimento de rotação. Para casos
crônicos, a penetração é superficial. Doenças agudas necessitam de uma penetração
mais profunda. O número de agulhas usadas em uma sessão varia de cinco a quinze, de
acordo com o distúrbio apresentado pelo indivíduo. O tempo de cada sessão é, em
média, de 20 a 30 minutos (MACIOCIA, 1996) p.126.
Quadro - Sintomas e Ações da acupuntura.
Sintomas e doenças tratáveis Ação mais importante
Dor de qualquer origem Analgésica.
Artrite e reumatismo Antiflamatória.
Contratura muscular, torcicolo. Relaxante muscular.
Insônia, estresse, ansiedade, irritabilidade,
síndrome de abstinência.
Ansiolítico (calmante).
Angústia, depressão Antidepressivo.
Asma, enfisema, bronquite. Broncodilatadora.
Anomalias circulatórias, AVC, angina. Vasodilatadora.
Náuseas, vômitos de origem
gastrointestinal da gravidez e pós-
quimioterapia.
Antiemética.
Escara, acne, incisões cirúrgicas. Cicatrizante.
Rinite, alergia, asma. Imunidade.
Fonte: Maciocia, 1996.
A acupuntura é um tratamento ao mesmo tempo preventivo e curativo. Segundo
(BEAU 1982, p.111), "a verdadeira indicação da acupuntura é para o distúrbio
funcional, em oposição às lesões que empregam a cirurgia ou outros métodos".
O primeiro passo é selecionar os pontos mais indicados para o tratamento, a
seguinte etapa é a estimulação desses pontos.
Um único ponto de acupuntura pode ser estimulado de várias maneiras, tais
como: com massagens, com agulhas, com calor.
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A acupuntura começou numa forma de massagem dos pontos. E após algum
tempo, foi verificado que "picando" os pontos com agulhas, a reação era mais rápida e
duradoura.
Mas, segundo (CHAITOW 1984, p. 17) “em pacientes mais fracos ou em
crianças, a massagem dos pontos é mais aconselhável que a introdução das agulhas”.
A massagem dos meridianos e pontos de acupuntura é chamada de shiatsu, que é
executada por massagistas e é extremamente relaxante.
Segundo (FERREIRA 1985, p. 60) "a acupuntura não cura doenças, ela estimula
o próprio organismo a se curar".
Normalmente o tratamento pela acupuntura é longo, durando de algumas
semanas até alguns anos, de acordo com a doença a ser tratada.
Porém o tratamento tem algumas restrições. A acupuntura deve ser evitada após
uma grande refeição, se o paciente é hemofílico, no início da gravidez e em pessoas
muito debilitadas ou inconscientes.
2.1.6 Dor e MTC
" A dor é o sinal de alarme do corpo, e ao se tratar com ele, é essencial que as
causas subjacentes sejam compreendidas e que, quando necessário, estas sejam vistas de
maneira ampla." (CHAITOW, 1984, p. 3)
Ilustração– Mapa da mão.
Fonte: Revista Época
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O primeiro sinal de que algo está errado em nosso corpo é a dor. Em razão disso,
é naturalmente desejável o alívio da dor no menor espaço de tempo possível, e a
acupuntura oferece um grande número de fórmulas comprovadas e testadas que podem
ser utilizadas para este fim, não importando o método escolhido pelo acupunturista para
tratar as causas desse problema.
A dor pode ser causada por qualquer número de fatores.
A acupuntura pode freqüentemente eliminar uma dor que não tenha nenhum
papel útil para informar o paciente de que alguma coisa não vai bem.
Se, entretanto, a dor estiver servindo a um propósito útil, devemos encarar seu
controle de forma diferente. No caso da dor estiver apontando um problema mais sério,
é importante investigar o que está errado e, além de aliviar a dor, a acupuntura deve
curar a doença.
A acupuntura vai muito além da analgesia, devendo também diagnosticar e tratar
o que não está certo em nosso organismo.
Segundo a Sociedade de Medicina Tradicional Chinesa, existem cerca de 300
doenças tratáveis pela acupuntura. Em algumas delas, acupuntura exerce efeito por si
só; para outras, entretanto, seria necessária a associação de outras terapias, o que pode
diminuir o uso de medicamentos e, conseqüentemente, fazer com que o paciente tolere
mais o medicamento e sofra menos efeitos colaterais.
2.2 ELETROACUPUNTURA
A Eletroacupuntura é uma combinação da acupuntura clássica e da eletroterapia,
de modo que, após a inserção das agulhas, e obtida a sensação QI, por elas se faz passar
uma corrente elétrica. Este recurso terapêutico foi primeiro utilizado na China, durante a
década de 30, com algumas vantagens como:
a) Substitui a manipulação manual das agulhas;
b) Tanto a quantidade como a qualidade do estímulo podem ser mensuradas e
reguladas ajustando-se o tipo de corrente, a amplitude e,
c) Produz uma estimulação mais potente, regular e contínua a manual.
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2.2.1 Conceito
Com o advento da pilha de volta em 1799, a estimulação de músculos com
eletricidade tornou-se possível. Em 1816, Berlioz registrou o uso da Acupuntura elétrica
para tratamento da dor (LEE & LIAO, 1994). Salandiere cunhou a palavra
Eletroacupuntura, seguindo técnicas da Acupuntura Japonesa, no tratamento de
reumatismo e dor, publicando um livro sobre o assunto em 1825. (LEE & LIAO, 1994;
AMESTOY, 1998)
Mesmo que existam relatos sobre seu uso desde o século XIX, a
Eletroacupuntura começou a ser utilizada com mais freqüência a partir da década de 30.
Em 1950 foi descrito o Método Ryodoraku, que não deixa de se enquadrar com método
de Eletroacupuntura, mesmo que praticamente não tenha em conta os princípios da
Medicina Tradicional Chinesa, e sim, a medição da resistência de pontos na pele
(AMESTOY, 1998) p. 52.
A Eletroacupuntura passou a ser mais difundida a partir dos anos 60, e seu
emprego está se aprimorando à medida que surgem novas pesquisas e comprovações
clínicas (AMESTOY, 1998) p.52.
Longe de ser uma panacéia, a Eletroacupuntura encontra indicações bastante
precisas. No entanto abarcam um leque terapêutico extenso, podendo ser empregada,
com algumas exceções, sempre que a Acupuntura tenha sido indicada (AMESTOY,
1998) p.36.
A eletroacupuntura é um tipo especial de método terapêutico no qual é aplicada
uma carga elétrica, semelhante á eletricidade biológica do corpo humano, às agulhas já
inseridas nos pontos onde já tenha sentido o deqi. Isto tem a vantagem de combinar a
estimulação tanto da agulha quanta da eletricidade e, pode, portanto, potencializar o
efeito do tratamento (MAO-LIANG, 2001) p.10.
Além disso, com a eletroacupuntura, a intensidade de estimulação pode ser
apropriadamente controlada e pode-se evitar uma estimulação cansativa (MAO-LIANG,
2001) p.14.
A Eletroacupuntura também pode ajudar a normalizar as desarmonias de Zang-
Fu, quando não respondem de forma adequada à aplicação da Acupuntura tradicional
(AMESTOY, 1998) p.51.
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A Eletroacupuntura também pode ser a primeira escolha, como na indução de
trabalho de parto, hérnia de disco e algumas seqüelas neurológicas.
A Eletroacupuntura consiste em dois aspectos:
(1) o acupunto precisa ser encontrado na superfície, testando a resistência
elétrica,
(2) é preciso estimular o acuponto com um pulso elétrico em vez de penetrar a
pele com a agulha tradicional (LOW & REED, 2001).
Klein & Parisier (1987) apud Low & Reed (2001) apresentam que pontos de
acupuntura (acupuntos) e pontos-gatilho (trigger-points) têm uma impedância elétrica
mais baixa que a área ao redor. Melzack et al (1977) apud Low & Reed (2001) apontam
também que os pontos de acupuntura e os pontos-gatilho parecem ser correspondentes.
2.2.2 Correntes elétricas
Os tecidos do corpo consistem em água, sais inorgânicos e biocolóides
carregados, formando juntos um complexo condutor eletrolítico. Quando o corpo
humano é incitado por uma corrente pulsante, na qual a forma de onda e a freqüência
mudam constantemente, os íons nos tecidos passam a adquirir movimento direcional,
eliminando o estado polarizado da membrana da célula que, irá afetar as funções nos
tecidos corporais (MAO-LIANG, 2001) p.12.
Alterações na concentração e distribuição são as alterações eletrofisiológicas
mais elementares no tratamento por meio de uma corrente elétrica.
Aplica-se eletricidade através de uma agulha, estimulando o ponto a fim de obter
um efeito que regule o funcionamento do corpo como um todo, potencializando efeitos
analgésicos e tranqüilizantes, promovendo a circulação do Qi e do Xue e regulando o
tônus muscular (MAO-LIANG, 2001) p.16.
O efeito de uma carga elétrica pulsante de baixa freqüência varia com diferentes
formas de onda e freqüências. As ondas com altas freqüências (50 a 100Hz) são
chamadas de ondas densas e as com baixa freqüência (2 a 5Hz) de ondas esparsas
(MAO-LIANG, 2001) p.43.
Alguns estimuladores têm meios diversos de produzir ondas densas, onda
esparsas, ondas esparsa-densas, ondas intermitentes, etc., (MAO-LIANG, 2001) a fim
21
de proporcionar uma seleção clínica mais adequada às condições da doença e de
potencializar o efeito terapêutico (MAO-LIANG, 2001; AMESTOY, 1998) p.56.
2.2.2.1 Onda densa
Esta pode reduzir o funcionamento carregado do trajeto do sistema nervoso,
inibindo em primeiro lugar a ação sobre os nervos sensoriais e, em segundo, sua ação
inibidora sobre os nervos motores. Aplica-se freqüentemente para aliviar a dor, alcançar
a tranqüilidade, aliviar os espasmos musculares e vasculares e na anestesia por
acupuntura (MAO-LIANG, 2001) p.45.
2.2.2.2 Onda Esparsa
Juntamente com uma estimulação forte, esta pode causar contração dos
músculos e aumentar a tônus muscular e a força dos ligamentos. Sua ação inibidora
sobre os nervos sensoriais e motores é bastante lenta. É usada freqüentemente para tratar
Síndromes Wei, ferimentos nas articulações, ligamentos, tendões e músculos.
2.2.2.3 Onda Densa-esparsa
Esta é uma forma de onda com aspecto alternativo de ondas densas e ondas
esparsas, cada uma permanecendo por cerca de 1,5 segundo, evitando portanto, as
desvantagens de uma onda isolada a que o paciente pode se adaptar facilmente. Tem
uma forte ação dinâmica e seu efeito excitatório é melhor durante o tratamento, quando
promove o metabolismo do corpo e a circulação do Qi e do Xue, aperfeiçoa a nutrição
do tecido e elimina o edema inflamatório (MAO-LIANG, 2001) p.23.
É usada com freqüência para aliviar a, para entorses, contusões, artrite periférica
no ombro, perturbação na circulação do Qi e do Xue, ciática, paralisia facial, miastenia e
ferimentos locais pelo frio (MAO-LIANG, 2001) p.36.
22
2.2.2.4 Onda intermitente
Esta corrente ocorre em intervalos regulares – o intervalo dura 1,5 segundo – e a
onda densa começa a funcionar em 1,5 segundo. É difícil para o organismo se adaptar a
este efeito e a sua ação dinâmica é grande. Pode acentuar a excitação do tecido muscular
e produzir uma boa contração dos músculos estriados. É usada com freqüência no
tratamento da Síndrome Wei, paralisia e treino de ginástica eletromuscular.
2.2.2.5 Onda Serrada
Esta tem uma forma de onde ondulatória com uma mudança serrada em
amplitude. Sua freqüência é de 16 a 20 vezes por minuto ou 20 a 25 vezes por minuto,
que é muito semelhante ao ritmo respiratório dos humanos e, dessa forma, pode ser
usada para estimular o nervo frênico (correspondente ao ponto Tianding IG17) para
tratamento de respiração artificial de emergência em falha respiratória (MAO-LIANG,
2001). Pode aperfeiçoar a excitação dos nervos e dos músculos, regular as funções dos
canais e melhorar a circulação do Qi do Xue (MAO-LIANG, 2001) p.32.
2.2.3 Possíveis mecanismos de ação da eletro-acupuntura e parâmetros de
aplicação.
Ainda atualmente, os mecanismos de ação da acupuntura não são totalmente
conhecidos, apesar de que cada vez mais pesquisas estão surgindo contribuindo para
que este conhecimento realmente intrigante possa se desvendado, Tribioli (2004) p.30.
Já foi, porém, comprovado que a acupuntura tradicional e a eletro-acupuntura na
maior parte das vezes apresentam resultados distintos, fato este que nos leva a crer que
os mecanismos acionados através destas duas modalidades não sejam exatamente os
mesmos e, portanto desencadeiem diferentes processos no organismo, Tribioli (2004)
p.52.
Se uma agulha colocada no mesmo ponto, quando estimulada manualmente pode
gerar efeitos diferentes a estrutura responsável por receber e perceber este estímulo
23
provavelmente devem ser diferentes. Neste caso a estrutura que nos referimos são as
fibras nervosas, Tribioli (2004) p.23.
De acordo com a maior parte dos acupunturistas, a sensação descrita por
pacientes quando as agulhas de acupuntura são aplicadas sem nenhum tipo de estimulo
elétrico é um leve desconforto e não propriamente uma sensação dolorosa, este fato
segundo Bousher (1987) leva a crer que as fibras que estão sendo estimuladas não as
fibras A delta, uma vez que são estas fibras as responsáveis pela captação desta
sensação no organismo. As fibras A gama por sua vez quando estimuladas provocariam
a sensação de entorpecimento, as A delta distensão e peso enquanto que a irritabilidade
seria percebida pelas fibras C.
Para que haja benefício no tratamento da supressão da dor, o estímulo por eletro-
acupuntura deve resultar em analgesia, foi justamente o que Chung el al (1984) se
propuseram a estudar. Os referidos autores concluíram que a estimulação das fibras A
alfa e A delta provocariam um efeito analgésico, assim como a estimulação das fibras
C. Enquanto que a estimulação das fibras A delta provocou um considerável efeito
analgésico, perdurando até mesmo após cessarem-se os estímulos. Supõe-se, portanto
que o efeito analgésico depende fundamentalmente da estimulação das fibras corretas.
As fibras A delta parecem ter grande importância no mecanismo de supressão da
dor por eletro-acupuntura, porém não são as únicas. Um experimento comandado por
Toda e Ichioka na década de 70 demonstrou que a estimulação das fibras A beta por
eletro-acupuntura a uma freqüência de 45 Hz também resultou em efeito analgésico
relevante, Tribioli (2004) p.45.
A eletro-estimulação por eletro-acupuntura, portanto não é uma técnica fechada,
é composta por muitas variáveis e depende de muitos padrões para que seja eficaz em
seu propósito. A eletro-acupuntura possibilita que o estimulo elétrico aconteça em
freqüências que não podem ser conseguidas através da estimulação manual. Uma
determinada fibra nervosa pode responder a um estímulo elétrico de baixa freqüência
enquanto que uma outra fibra somente será sensibilizada por estímulos elétricos de
média ou alta freqüência, Guo et al (1996) p.48.
É sabido também, que diferentes estímulos dolorosos são percebidos por
diferentes fibras nervosas, tornando o termo Dor bastante amplo, ao passo que se
existem diversos tipos de dor e portanto diferentes meios para sua inibição através da
eletro-acupuntura. segundo Ernest e White (2001), até 1970 os mecanismos da dor eram
24
explicados através da Teoria da especificidade e acreditava- se que a dor era percebida
através de receptores que enviavam a mensagem de dor até o centro do cérebro.
No entanto essa teoria não podia explicar o fato da existência de áreas lesadas
sem necessariamente a sensação de dor. Esse simples fato corriqueiro pos em xeque a
teoria da especificidade e permitiu supor que deveria existir um mecanismo de controle
e inibição do estímulo doloroso.
A teoria da especificidade então deu lugar a Teoria do controle de portão da
dor, de Melzack e Wall em 1965, onde o estímulo não é considerado essencialmente
doloroso. Em vez disso, indica traumas e, portanto é designado nociceptivo. Segundo
Ernest e White (2001), os estímulos nociceptivos ativam pequenas fibras nervosas,
incluindo as fibras C amielinizadas e fibras A delta mielinizadas. A estimulação das
fibras C primitivas produz dor com uma qualidade profunda (dor crônica ou lenta,
profunda) e um forte efeito emocional e pode ser inibida pela ação de fibras
mielinizadas maiores, incluindo os grupos A delta e A beta.
O termo dor diante das diferentes sensações que o estímulo doloroso pode
acarretar fica um pouco genérico, uma vez que a dor pode ser dividida de acordo com
diversas características primarias. Essas características que hora pareciam irrelevantes
passam na verdade a ter extrema importância para um correto uso da eletro-acupuntura.
Uma vez que pode nos indicar quais são as estruturas envolvidas e desta forma
indicando o melhor método terapêutico, Ernest e White (2001) p.63.
A correta avaliação do quadro clínico é fundamental para se determinar o tipo de
dor e as fibras envolvidas, as vias de controle e consequentemente a seleção do método
terapêutico mais adequado, Amestoy (2005) p.55.
De forma geral a inibição da dor se dá de forma descendente, e através dos
sistemas serotonérgicos e noradrenérgicos. A inibição descendente ocorre pela
estimulação das fibras A delta que ativam o hipotálamo que vai por sua vez descender e
inibir a nocicepção em toda a medula espinhal, Ernest e White (2001) p.65.
Este mecanismo inibitório faz uso principalmente de duas vias, uma mediada
pela serotonina e outra pela noradrenalina, Ernest e White (2001) p.57.
As estruturas que compõe a via inibitória mediada pela serotonina é compostas
pelas estruturas da linha mediana, a substancia cinzenta periaquedutal e o núcleo magno
da rafe. Já a via mediada pela noradrenalina desce em cada lado da linha mediana,
através dos núcleos gigantocelulares e paragigantocelulares de acordo com Ernest e
White (2001) p.35.
25
Um outro mecanismo seria o controle inibidor maciço difuso, que na verdade
seria um estímulo nocivo em qualquer outra parte do corpo. Este mecanismo é mediado
pela estimulação das fibras C e geraria um efeito analgésico, explicando também o fato
de pessoas com histórico de dor crônica apresentam uma maior tolerância a dor, Ernest
e White (2001) p.75.
Compreendendo os mecanismos pelos qual a dor é sentida, decodificada e
compreendida enquanto informação de alerta, melhor fica elucidada as formas de
inibição destes mecanismos e também as estruturas envolvidas, entre elas os diferentes
tipos de fibras, neurotransmissores e receptores, e ainda que muito ainda seja
desconhecido, muito já conhecemos nos amparando na escolha de métodos terapêuticos
e servindo de base para novos estudos, Ernest e White (2001) p.45.
Han e Wang (1992), afirma que atualmente são conhecidos pelo menos dois
mecanismos de inibição do estímulo doloroso. O primeiro aconteceria pela inibição da
atividade de neurônios responsáveis pela transmissão de dor em nível medular
(mecanismo de PIPS intramedular). A inibição da aferência nociceptiva pelos meios da
ativação de sistemas supressores de dor segmentares e suprasegmentares explicado
teoria de controle de portão, que corrobora com a idéia de que os sinais nociceptivos
transmitidos através de fibras de diâmetro pequenos são bloqueados pela acupuntura,
que induz impulsos levados por fibras grandes (mecanoreceptores) ao mesmo segmento
da espinha dorsal.
Sobre a eletro-acupuntura, diversos estudos apontam que estímulos gerados por
alta e baixa freqüência produzem efeitos diferentes. Fazendo uso de uma freqüência de
2 Hz, Guo et al (1996) concluiu que ocorreria a liberação de encefalinas e beta-
endorfinas do cérebro na medula espinhal, interagindo com receptores opiáceos M e S
no sistema nervoso central (SNC). Observaram também que este mecanismo produziria
um efeito analgésico de longa duração e que poderia ser revertido através da
administração da naloxona, um antagonista morfínico.
Por outro lado, Han e Wang (1992), perceberam que a eletro-acupuntura de alta
freqüência (100 Hz) aumentava a liberação de dinorfina na medula espinhal que
interage com receptores opiáceos K no corno posterior da medula espinhal, já o efeito
analgésico produzido era de curta duração e não poderia ser revertido pela
administração de naloxona.
Este mesmo estudo também concluiu que tanto a eletro-acupuntura de 2Hz,
como a de 100 Hz produzem acomodação, ou seja o paciente se acostuma com o
26
estímulo e passa não responder mais da mesma forma que antes. Os melhores resultados
foram conseguidos ao se combinar as duas freqüências consecutivamente com duração
de 3 segundos cada uma delas. Desta forma o efeito analgésico foi mais potente, uma
vez que combina interações analgésicas diferentes e este modelo também atrasa o efeito
acomodativo provocada pela estimulação elétrica contínua com uma única freqüência,
Han e Wang (1992) p.12,
Guo et al (1996), sugere que as correntes elétricas de baixa freqüência são
recomendadas para tratamento da dor crônica enquanto que os estímulos elétricos por
correntes de alta freqüência são recomendados ao tratamento de dor aguda. O mesmo
autor considera ainda que as correntes tipo Burst e Mistas são bastante indicadas porque
retardam a acomodação das fibras nervosas, proporcionando um melhor efeito
analgésico.
Cada vez mais a eletro-acupuntura está sendo usada no combate a dor e a grande
maioria das pesquisas concordam que este fato se deve ao meio de modulação do
sistema endógeno supressor da dor, através da liberação de substâncias capazes de
modular a sensação de dor, entre ela a serotonina, noradrenalina, os peptídeos opióides,
entre outras. Medeiros et al (2003) em um experimento com ratos que foram
estimulados através da eletro-acupuntura no ponto E36 durante 30 minutos com uma
freqüência de 100 Hz apresentaram uma maior tolerância a dor quando submetidos ao
Tail-Flick. O efeito analgésico também foi comprovado pela expressão C-fos na
substância cinzenta periaquedutal (PAG). O C-fos é um marcador de atividade celular,
que justamente pode indicar a liberação de substancias analgésicas. Os mesmos autores
verificaram também que a estimulação de um não-acupunto com correntes de mesmas
características resultou em aumento da tolerância a dor avaliada pelo Tail-Flick, porém,
quando o efeito analgésico foi analisado pela expressão C-fos, os resultados não
comprovaram nenhum tipo de atividade celular na PAG. Confirmando a existência de
diferentes mecanismos supressores da dor.
O mesmo estudo mostrou ainda que ao mesmo tempo a resposta não é a mesma
em todos os indivíduos quando submetidos aos mesmos padrões, confirmando também
a existência de bons e maus respondedores. Muitos fatos podem explicar sete fenômeno.
A possibilidade mais aceita é de que maus respondedores não respondem a eletro-
acupuntura com a liberação de substancias supressoras da dor ou ainda que
naturalmente possuam substancias antagonistas aquelas supressoras da dor em maior
quantidade.
27
CAPITULO III – METODOLOGIA
3.1 METODOLOGIA DE PESQUISA
O presente estudo baseia-se num detalhado levantamento bibliográfico a respeito
do tema. Para tanto foram selecionados, artigos encontrados na internet, livros, capítulos
de livros, artigos apresentados em congressos e periódicos.
Entende-se por levantamento bibliográfico:
O material constituído por dados primários ou secundários que possam ser utilizados pelo pesquisador. A pesquisa bibliografia é, portanto a consulta a livros, periódicos, artigos, etc. que possam servir como de apoio ao pesquisador (FACHIN, 2003 p. 21).
De forma geral, as referências mais comumente usadas são livros e periódicos.
Entende-se por livro, uma publicação não periódica com mais de 48 páginas que podem
ser divididos em didáticos ou de referência. Já periódicos são publicados de forma
muito mais rápida, em revistas, congressos, simpósios, etc. e justamente por isso são a
preferência de muitos pesquisadores que fazem uso do levantamento bibliografia, pois
são sempre informações mais recentes.
28
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os quadros de síndromes dolorosas são cada vez mais freqüentes atualmente,
este contexto se deve em partes, as novas rotinas cotidianas que acarretam em extremo
desgaste físico e emocional contribuindo justamente para o aumento das síndromes
dolorosas.
A forma e o grau como uma pessoa sente e reage a dor é altamente variável,
depende em parte da capacidade do próprio organismo e de seus mecanismos
supressores dos estímulos dolorosos. Um mecanismo natural e inerente ao ser humano
(assim também como em outros animais) de controle da dor e que envolve várias
substâncias neurotransmissores que podem ter a sua ação intencionalmente
potencializada com o uso da eletro-acupuntura.
Apesar de a acupuntura ser usada a milhares de anos como auxílio ao
mecanismo de controle da dor, estes mecanismos não eram realmente conhecidos.
Apenas recentemente estes mecanismos estão sendo melhor compreendidos.
Atualmente já se aceita que a acupuntura, em especial a eletro-acupuntura atua sabre
receptores nociceptivos provocando a liberação de neurotransmissores que atuam
conduzindo estímulos ao sistema nervoso central principalmente através de fibras A
delta e C desenvolvendo um mecanismo de supressão da dor.
A analgesia opióide-dependente é resultado da estimulação por eletro-
acupuntura principalmente de baixa freqüência já comprovada por diversos estudos.
Obviamente muito está sendo produzido sobre os efeitos da eletro-acupuntura e
muitos terapeutas vem fazendo uso deste conhecimento, beneficiando muitos pacientes
vítimas de síndromes dolorosas. Os efeitos benéficos deste método terapêutico já são
conhecidos e comprovados cientificamente atuando não só no controle da dor
proveniente de síndromes dolorosas, mas também nos casos de anestesias, tanto que
Takeshige (2005) afirma que atualmente se conhece mais sobre a estimulação elétrica,
seus efeitos e resultados do que a anestesia provocada por certos tipos de gases
anestésicos, com a vantagem entre outros fatores de que na anestesia por eletro-
acupuntura a consciência é mantida, os efeitos anestésicos são prolongados permitindo
ao paciente se locomover após a cirurgia sem a presença de dor. Também por eliminar o
risco das altas dosagens do anestésico que por vezes causam diversas complicações.
29
Contudo muito se tem por pesquisar sobre o tema, de forma que muitas
pesquisas estão sendo feitas. E apesar que aparentemente muito simples e sem riscos
esta técnica na verdade é bastante complexa e deve ser de total conhecimento daqueles
que pretendem fazer uso como método terapêutico.
30
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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