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ISBN 978-85-87837-31-8 A ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE UM KIT DE TRIÂNGULOS MODELÁVEIS PARA ATIVIDADES DE ENSINO DE CLASSIFICAÇÕES DE TRIÂNGULOS Raissa Moda ICMC/IQSC/IFSC, Universidade de São Paulo ([email protected]) Luiz H. C. Salles - ICMC/IQSC/IFSC, Universidade de São Paulo ([email protected]) Dayana Mara Santos - ICMC/IQSC/IFSC, Universidade de São Paulo ([email protected]) Esther de Almeida Prado Rodrigues - ICMC, Universidade de São Paulo ([email protected]) Financiamento/Apoio: PIBID - CAPES Modalidade: Relato de Experiência RESUMO Estudos e documentos oficiais apontam o potencial de materiais manipuláveis como um recurso que pode tornar significativo o processo de ensino e aprendizagem de Matemática. Nesse sentido, bolsistas do grupo de Geometria do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), da Matemática, ao elaborarem uma sequência didática, decidiram por utilizar um material manipulável. Dessa forma, esse relato de experiência trata da criação e reflexão sobre a aplicação desse, à saber no desenvolvimento de uma aula de classificações de triângulos. Para isso, a primeira

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ISBN 978-85-87837-31-8

A ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE UM KIT DE TRIÂNGULOS

MODELÁVEIS PARA ATIVIDADES DE ENSINO DE

CLASSIFICAÇÕES DE TRIÂNGULOS

Raissa Moda – ICMC/IQSC/IFSC, Universidade de São Paulo

([email protected])

Luiz H. C. Salles - ICMC/IQSC/IFSC, Universidade de São Paulo

([email protected])

Dayana Mara Santos - ICMC/IQSC/IFSC, Universidade de São

Paulo

([email protected])

Esther de Almeida Prado Rodrigues - ICMC, Universidade de São

Paulo

([email protected])

Financiamento/Apoio: PIBID - CAPES

Modalidade: Relato de Experiência

RESUMO

Estudos e documentos oficiais apontam o potencial de materiais manipuláveis como

um recurso que pode tornar significativo o processo de ensino e aprendizagem de

Matemática. Nesse sentido, bolsistas do grupo de Geometria do Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), da Matemática, ao elaborarem

uma sequência didática, decidiram por utilizar um material manipulável. Dessa forma,

esse relato de experiência trata da criação e reflexão sobre a aplicação desse, à saber

no desenvolvimento de uma aula de classificações de triângulos. Para isso, a primeira

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autora desse trabalho desenvolveu um kit de triângulos modeláveis feitos de canudos

e linhas, a fim de que os alunos pudessem explorar esse tema e se apropriarem dos

conceitos envolvidos. A aplicação deste, junto a outros bolsistas, foi em nonos anos do

ensino fundamental de uma escola estadual em São Carlos/SP, no primeiro bimestre

de 2016, e foi avaliada no decorrer e posteriormente, por meio de exercícios e uma

prova final. Através dessa experiência, foi possível verificar que é possível em baixo

custo e em pouco tempo o desenvolvimento de materiais manipuláveis que agucem o

interesse dos alunos, tornando a aula mais participativa, o que facilitou a abstração

dos conceitos estudados.

INTRODUÇÃO

Estudos mostram que materiais didáticos manipuláveis constituem

potenciais ferramentas na abstração de conceitos escolares (PAIS, 2006). O

uso de recursos didáticos é, inclusive, destacado pelos Parâmetros

Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p.55) como um importante suporte à

ação reflexiva do aluno. Esse documento nacional também indica que

(...) o ensino de Matemática prestará sua contribuição à medida que

forem exploradas metodologias que priorizem a criação de

estratégias, a comprovação, a justificativa, a argumentação, o espírito

crítico, e favoreçam a criatividade, o trabalho coletivo, a iniciativa

pessoal e a autonomia advinda do desenvolvimento da confiança na

própria capacidade de conhecer e enfrentar desafios. (BRASIL, 1987,

p.26)

Nesse sentido, de que é necessário explorar essas metodologias,

bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID),

do grupo de Geometria - Matemática (ICMC/USP) -, ao elaborarem uma

sequência didática sobre classificações de triângulos e Teorema de Pitágoras,

decidiram por fazer uso de materiais manipuláveis para facilitar a abordagem

do tema com os alunos. Dessa forma, esse relato de experiência trata da

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criação e reflexão sobre a aplicação de um desses materiais, a saber no

desenvolvimento de uma aula de classificações de triângulos. Tendo em vista,

ainda, que, é importante, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais

(Brasil, 1987, p. 56), para os alunos que estes saibam "identificar

características das figuras geométricas, percebendo semelhanças e diferenças

entre elas", desenvolvemos um kit de triângulos modeláveis feitos de canudos

plásticos e linhas, conforme Figura 1 a seguir

Figura 1. Triângulos modeláveis feitos de canudo e linha.

Fonte própria

A elaboração deste material, voltado para o processo de ensino e

aprendizagem de classificação de triângulos, teve como objetivo, dentro da

sequência didática elaborada, proporcionar a exploração das formas dos

triângulos. Proporcionou a observação e comparação dos ângulos e lados, a

construção dos diferentes tipos possíveis de triângulos, utilizando, ferramentas

de medidas não usuais, como os dedos (tamanho dos lados – em substituição

à régua) e o canto do caderno (ângulo maior, igual ou menor que 90º - em

substituição ao transferidor), fazendo uma reflexão quanto à escolha do tipo de

ferramenta que seja mais adequada em função da situação-problema e do grau

de precisão para obtenção do resultado desejado. Essas habilidades também

estão previstas nos Parâmetros Curriculares Nacionais enquanto um objetivo

da matemática para os anos finais do ensino fundamental (BRASIL, 1987 p.

56).

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Com isso, resumidamente, buscou-se trabalhar o olhar geométrico dos

alunos, grande objetivo do grupo de geometria do PIBID Matemática USP São

Carlos, sobre a classificação dos triângulos, e também refletir acerca da

utilização deste tipo de material enquanto uma ferramenta facilitadora do

processo de ensino e aprendizagem de geometria.

Entendemos por “olhar geométrico” as atividades de ensino de

geometria que proporcionam a leitura mais detalhada de uma figura geométrica

e de seus elementos constitutivos. No caso dos triângulos, essas atividades

visam destacar a identificação, leitura, comparação e medição de seus lados e

ângulos, elementos geométricos necessários para estabelecer a classificação

de triângulos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Em reuniões semanais do Grupo de Geometria do PIBID, no começo do

ano com 6 integrantes, nos organizamos em três duplas sendo que cada uma

ficou responsável por desenvolver um Plano de Aulas e uma sequência

didática, que o compõem, contendo cinco aulas, para cada ano/série, a saber

7º e 9º ano do Ensino Fundamental e 2º série do Ensino Médio de uma escola

da rede estadual paulista. Vamos descrever aqui o desenvolvimento do plano

do 9º ano do ensino fundamental deste plano.

Nesta primeira etapa, de elaboração do plano de aula, foi escolhido

como tema estudar mais profundamente os triângulos retângulos. Depois da

escolha do tema, foi desenvolvido o Plano de Aulas, assim como foi

confeccionado o kit de triângulos modeláveis para sua aplicação na primeira

aula deste plano, do que trata este relato de experiência.

A regência do plano ocorreu no período do primeiro bimestre de 2016,

em três turmas (A, B e C) de 9º ano do Ensino Fundamental, no período da

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tarde, e foi dividida segundo um cronograma. A utilização do kit foi feita nas

primeiras aulas, com retomada de exercícios na segunda, e avaliação final na

quinta, sendo estas três, portanto, focos deste relato.

Por fim, após a regência do plano, e feitas as correções das avaliações

nas três turmas, os três autores deste trabalho fizeram sínteses didáticas que

consistem em relatos desse desenvolvimento, com reflexões acerca disso.

Estas sínteses, ao final de cada semestre do PIBID, compõem o relatório final

de atividades dos bolsistas do programa, e auxiliaram no desenvolvimento

deste trabalho. Ainda, durante a aplicação dos planos, vale ressaltar que houve

momentos de comunicação dos relatos em reuniões do Grupo de Geometria do

PIBID, proporcionando um diálogo de experiências que corrobora para a

formação do futuro professor de Matemática e para as possíveis mudanças de

rotas no desenvolvimento da sequência no decorrer de sua aplicação. Como

exemplo, a avaliação final foi alterada de maneira a valorizar questões que

tratassem mais do olhar geométrico do aluno e menos da parte algébrica da

geometria, existente, por exemplo, no Teorema de Pitágoras.

DESENVOLVIMENTO

Primeiramente, os dois primeiros autores deste trabalho desenvolveram

uma sequência didática, para nonos anos do ensino fundamental, contendo

cinco aulas para o estudo dos triângulos. Intitulada por “O Triângulo Retângulo

e o Teorema de Pitágoras”, esta sequência, em sua versão final, trouxe na

primeira aula as classificações dos triângulos, na segunda os componentes do

triângulo retângulo, e, por fim, as conclusões de Pitágoras sobre esses

triângulos na terceira aula. Após estas três aulas, que trabalharam mais a parte

do olhar geométrico do aluno, a aula 4 foi preparada para resoluções de

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exercícios e situações-problemas pitagóricos. Por fim, a quinta aula tratou de

uma avaliação final contemplando todo o conteúdo trabalhado.

Quanto ao desenvolvimento do tema de Classificações de triângulos,

foco deste relato, observamos que algumas dessas classificações estão

definidas no caderno do professor, volume 2, 5ª série / 6º ano, 2014 – 2017,

ainda nas primeiras unidades. Segue trecho do caderno a respeito do assunto,

em Figura 2:

Figura 2. Imagem ilustrativa com um trecho do texto sob o título de “Conteúdos básicos do volume” do Caderno do Professor, volume 2, 5ª série / 6º ano do Ensino Fundamental, 2014 –

2017.

Nesse trecho, podemos observar a importância de tratar o assunto de

Classificações de Triângulos de maneira a motivar os alunos. São sugeridas,

para isso, aulas em que o aluno possa ser desafiado, seja através de jogos ou

dinâmicas, ou então através da utilização de materiais manipuláveis. Através

disso, os novos vocabulários poderão ser naturalmente apresentados, e

associados, quando possíveis, com outros vocabulários prévios dos alunos

para melhor compreensão.

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Entretanto, apesar dessas indicações no Caderno do Professor (2014-

2017), e de tratar desses assuntos em situações de aprendizagem, propondo

atividades mais envolventes, jogos e materiais manipuláveis, o Caderno não

traz a classificação de triângulos, quanto aos lados e quanto aos ângulos, de

maneira conjunta. Isto é, não há um momento em que as informações de um e

outro triângulo são colocadas lado a lado para uma comparação entre estas

formas. Inclusive, as classificações abordadas neste caderno se limitam aos

triângulos isósceles, equilátero, escaleno e retângulo, sem contemplar,

portanto, o obtusângulo e o acutângulo. Isso, pois os ângulos obtusos e agudos

são tratados apenas no Caderno do Professor da 6ª série / 7º ano do Ensino

Fundamental.

Tendo isso em vista, ao elaborar o plano de aula contendo esse tema

esperava-se que os alunos dos nonos anos, público-alvo da sequencia

desenvolvida, já tivessem visto o assunto em questão em anos anteriores. Ou

seja, os vocabulários, assim como as propriedades de um triângulo que dão

base para comparações e classificações, e também as próprias classificações,

já eram supostamente conhecidos pelos alunos. Assim, optamos por utilizar

apenas uma aula, como uma revisão desta parte, importante para o posterior

estudo mais profundo do triângulo retângulo.

Para essa retomada, no entanto, foi seguida a indicação de que este

tema não fosse abordado de maneira expositiva apenas. Embora o plano tenha

previsto a construção de duas tabelas na lousa, como na Figura 3 e 4, para

serem completados junto aos alunos, resgatando seus conhecimentos prévios,

foi criado um kit de triângulos modeláveis feitos de 3 (três) canudos dobráveis e

linha (como mostrado na Figura 1, p. 2).

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Figura 3. Tabela contendo a classificação de triângulos quanto aos seu lados. Fonte: Alison Simião, bolsista no PIBID.

Figura 4. Tabela contendo a classificação de triângulos quanto aos ângulos. Fonte: Alison Simião, bolsista no PIBID.

O desenvolvimento desta aula foi planejado da seguinte forma:

Através dos triângulos modeláveis, o aluno deverá explorar a

definição de triângulo, verificar os vértices, lados e ângulos do

triângulo.

Em seguida, verificará que é possível aumentar e diminuir seus

lados, alterando, assim, seus ângulos. E que para alterar um ângulo,

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também alterará o lado. Utilizando os dedos e/ou a régua, poderá

medir seus lados, e através do canto do caderno e/ou transferidor,

poderá medir seus ângulos, verificando quando são maiores, iguais

ou menores que 90º.

o Neste momento, é importante lembrar nomes dos ângulos

(reto, agudo, obtuso) que ajudam, depois, na classificação dos

triângulos segundo esses ângulos.

Depois, poderemos construir os triângulos e começar a completar as

tabelas:

o Primeiro, observando os lados, e ir representando-os através

de desenhos na lousa, conforme a coluna 3 da Figura 3. No

segundo momento, questionar sobre a presença ou não de

lados iguais nos triângulos. E, por fim, nomeá-los, segundo as

lembranças dos alunos, e também mostrando a origem dessas

palavras. Exemplo: equilátero: equi, “igual”, mais lateralis,

“relativo a lado”, de latus, “lado”. Ou seja, 3 lados iguais. E

assim por diante.

o Segundo, observando os ângulos, mostrando a existência de

um ângulo reto, depois de um ângulo maior que 90º e, por fim,

quando todos são menores que 90º. É importante relembrar

que o triângulo tem três ângulos internos cuja soma é 180º,

tema previsto no Caderno do Professor (2014-2017), no

volume 1, 6ª série / 7º ano do Ensino Fundamental, mais

especificamente na Situação de Aprendizagem 7 do Caderno

(p.66). Por isso não tem a possibilidade de um triângulo ter

mais de um ângulo reto ou obtuso, assim como não tem como

ter um reto e um obtuso ao mesmo tempo - se não a soma

daria maior que 180º, não sendo, portanto, um triângulo.

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Por fim, foi entregue uma lista contendo dois exercícios.

o A primeira questão solicitava aos alunos que construíssem os

seis casos de triângulos, dados o tamanho dos lados,

utilizando-se os dedos. Após essa construção, o aluno deveria

classificar esses triângulos quanto aos lados e ângulos.

Nessa construção é possível ser realizada a

classificação dos triângulos utilizando ferramentas não

usuais de medidas, já que não é necessário um algo

grau de precisão. Mas, é possível também utilizar régua

e transferidor para as verificações, ficando à critério do

aluno e da disponibilidade ou não dessas ferramentas.

Segue um caso, à exemplo, da questão:

1º Caso

(lado 1 = medida de 5 dedos; lado 2: medida de 5 dedos; lado 3

= medida de 4 dedos)

CLASSIFICAÇÃO: triângulo isósceles e acutângulo.

o A segunda questão foi proposta para observar os resultados

encontrados no exercício anterior e, a partir da análise de seus

elementos, responder verdadeiro ou falso para alguns itens.

Seguem, como exemplo, dois itens (de oito) dessa

questão:

( F ) Todo triângulo isósceles é equilátero.

( V ) Todo triângulo equilátero é isósceles.

Já na segunda aula, as classificações de triângulos serão usadas para

um estudo mais aprofundado do triângulo retângulo. Isso, da seguinte forma:

Iniciar a aula relembrando um pouco, sem precisar colocar

nada na lousa, as classificações dos triângulos.

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Com isso, questionar aos alunos: “Quando um exercício fala

que um tal triângulo é isósceles (mostrar na lousa), e dá ao

leitor o valor de um dos lados congruentes, eu preciso do valor

do outro lado, congruente ao dado?”, e seguir, depois da

discussão, para o mesmo questionamento quanto ao

equilátero, e posteriormente perguntar sobre o escaleno, para

os alunos verificarem que não conseguem, de forma direta,

obter informações que estão “escondidas” nesse caso.

Com isso, seguir perguntando: “será então que tem

informações que podem ser escondidas no triângulo

retângulo? O que sabemos sobre ele?”.

o A discussão gerada é importante, pois dá chance ao

aluno de construir uma hipótese, e de estimular seu

raciocínio, dando, inclusive, oportunidade ao pibidiano

de conhecer melhor o aluno e seus conceitos

previamente construídos.

Por fim, na quinta aula, o tema de classificação dos triângulos é

retomado através da avaliação final. São duas as questões que abordaram

esse tema:

QUESTÃO 1

(Avaliação final do PIBID) Classifique os triângulos abaixo em relação

aos ângulos (retângulo, acutângulo ou obtusângulo) e lados (isósceles,

equilátero ou escaleno):

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TRIÂNGULOS

CLASSIFICAÇÃO

LADOS ÂNGULOS

A

B

C

D

E

Tabela 2. Tabela para os alunos completarem com as classificações dos cinco triângulos dados.

Fonte própria

QUESTÃO 3

(Avaliação final do PIBID) Responda o que se pede nos itens a

seguir acerca dos triângulos indicados.

A

Quais são as classificações deste triângulo? Sabendo disso, qual é o tamanho do lado “x”?

B

Qual é a classificação do triângulo ao lado? Nele é possível esconder algum dos lados e depois descobrir quanto vale? Explique como isso é possível.

Tabela 3. Tabela elaborada pela Raissa Moda, já relacionando o tema de classificações de triângulos com o Teorema de Pitágoras, discussão que ocorreu nas aulas.

Fonte Própria

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No desenvolvimento deste plano, foi possível observar um maior

envolvimento dos alunos nas duas primeiras aulas se comparado com a

terceira. Isso, pois naquelas os alunos foram estimulados a pensar, a

investigar, a buscar soluções, e testar seus próprios conhecimentos, o que

acabou dando maior significação a estes conceitos que dos outros

desenvolvidos na terceira aula. Na avaliação final, por exemplo, foi observado

que os alunos conseguiam, com maior facilidade, desenvolver os temas

envolvendo o olhar geométrico, o conhecimento dos triângulos, inclusive do

retângulo, enquanto que tiveram grandes dificuldades na parte algébrica do

Teorema de Pitágoras, por exemplo, que foi abordado sem esses recursos na

terceira aula.

Nas questões da primeira aula, com a utilização dos triângulos

modeláveis, os alunos puderam ver, manipular e palpar os triângulos, material

que tem o potencial. Com isso, os alunos puderam estabelecer relações entre

os tamanhos dos lados dos triângulos e os ângulos, verificar o que acontece

com os ângulos se aumentados os lados proporcionalmente, dentre outros.

Portanto, essa experiência seguiu a orientação dos PCN’s (p.58) de estimular

os alunos a observarem as características de figuras bidimensionais,

permitindo com que identifiquem propriedades e estabeleçam, a partir disso, as

classificações.

Vale ressaltar que este kit de triângulos modeláveis foi feito com baixo

custo. Para fazer o triângulo, bastou cortar os canudos com o tamanho igual a

partir das dobras, que funcionam como os vértices dos triângulos, e depois

encaixar esses canudos um no outro, deixando assim os lados do triângulo

ajustáveis. Para aumentar a durabilidade do triângulo, foi utilizado uma linha

que passa pelos lados, para que não se perca nenhuma das partes dos

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canudos. Portanto, o kit foi de rápida confecção: em um dia foram feitos cerca

de 80 triângulos.

Por fim, outra observação que vale ser feita, a partir do desenvolvimento

das aulas e da avaliação final, é que, embora os alunos tenham ido melhor na

parte envolvendo classificações de triângulos na prova, observamos certa

hesitação por parte destes em relação a prova. Aqui vale o questionamento de

por que nos momentos dos exercícios nas aulas os alunos demonstram maior

entendimento que em uma prova? Será o problema com o método de

avaliação, ou então com a compreensão dos conceitos? Não é possível, neste

trabalho, uma resposta a estas perguntas. Mas vale refletir sobre a avaliação,

os tipos de perguntas elaboradas (se correspondem ou não ao trabalhado em

sala de aula), ou fatores de outras ordens.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise dos documentos oficiais, mostra-se cada dia mais

importante uma reflexão quanto às abordagens adotadas pelos professores no

tratamento de assuntos, como o de Geometria. Nesse sentido, experiências

com a incorporação de materiais manipuláveis ou outras ferramentas didáticas

alternativas aos livros, apostilas e cadernos, para um processo de ensino e

aprendizagem mais significativo, se tornam essenciais. Nessas experiências,

os objetivos precisam estar bem explícitos e os papéis dos conteúdos bem

definidos para que possamos utilizar métodos, ferramentas e estratégias

adequadas neste processo. No PIBID, os bolsistas do grupo de Geometria, que

são futuros professores de Matemática, podem fazer essa experiência, como a

relatada neste trabalho.

Foi possível observar, portanto, que é possível criar materiais de baixo

custo para o ensino de Geometria. E também, que a aula se torna mais

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dinâmica quando estes tipos de materiais são utilizados. Consideramos

também que o material manipulável deve estar alicerçado em um Plano de

Aula que o torne dinâmico e significativo para os alunos, para isso foi

necessário que nós, pibidianos, entendêssemos as necessidades dos alunos e

as potencialidades do material.

Consideramos que ao optar por desenvolver o olhar geométrico nas

atividades de ensino de geometria foi possível aos alunos realizar a leitura do

triângulo e de seus elementos constitutivos, ângulos e lados, habilidade

necessária para estabelecer as características que definem a classificação dos

triângulos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares

nacionais: matemática / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:

MEC/SEF, 1997. 142p.

PAIS, Luis Carlos. Ensinar e aprender matemática. São Paulo: Autêntica,

2006. Disponível em:

<http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/1085/primeiras%20etapas%20de%

20escolariza%C3%A7%C3%A3o.pdf?sequence=1>. Acesso em: 02 mai. 2016.

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Material de

apoio ao currículo do estado de são Paulo. Caderno do Professor:

Matemática. Ensino Fundamental – anos finais. 5ª série/6º ano. Vol.2. Edição

2014 – 2017.