a divindade do cristianismo

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Imersão Apologética A divindade do Cristianismo

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A Divindade Do Cristianismo

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Page 1: A Divindade Do Cristianismo

Imersão ApologéticaA divindade do Cristianismo

Page 2: A Divindade Do Cristianismo

Relações entre Deus e o homemÉ de grande importância conhecer as relações que existem entre Deus, Criador e Providência, e o homem dotado de alma racional, livre e imortal. É incontestável que a relação de dependência entre a criatura e o criador impõe ao homem deveres paracom Deus, e que o homem, só com o auxílio da razão, pode conhecer, mais ou menos perfeitamente, o conjunto das obrigações que constituem a religião.

Page 3: A Divindade Do Cristianismo

Relações entre Deus e o homemComo poderemos saber ao certo se Deus elevou o homem acima dos seus próprios direitos iniciais, impondo-lhe por conseguência novos deveres? Se Deus falou à humanidade, não há dúvida que temos obrigação de crer na sua palavra, mas para isto é necessário que esta intervenção seja acompanhada de sinais tão claros que não deixem a menor dúvida.

Page 4: A Divindade Do Cristianismo

Etimologicamente, a palavra religião deriva :

a) segundo uns (Cícero), de «relegere» recolher, ajuntar, considerar com cuidado, e opõe-se a negligere, fazer pouco caso, negligenciar; a religião seria, pois, a observância fiel dos ritos;

b) segundo outros (Lactâncio, São Jerônimo, Santo Agostinho), de religare, ligar, e teria por fundamento o laço que prende o homem a Deus. Embora a primeira etimologia pareça mais provável, a segunda é mais simples e indica, melhor a razão de ser da religião.

A Religião em geral

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Há dois métodos para determinar os elementos que constituem a religião em geral ; a priori e a posteriori,

a) A priori - Se examinarmos o que já conhecemos acerca da natureza de Deus e do homem, podemos deduzir as relações provenientes de o primeiro ser Criador e Senhor, e o segundo, criatura e servo;

b) A posteriori - Se em vez de considerarmos a religião duma maneira abstrata, interrogarmos os fatos e estudarmos à luz da história o chamado fenómeno religioso, tal como nos aparece no passado e no presente, é fácil descobrir o fundamento de todas as religiões.

Elementos da Religião

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Por estes dois processos chegaremos ao mesmo resultado e veremos que a religião encerra três elementos: crenças, preceitos e culto.

Crenças ou dogmas: Nenhuma religião pode subsistir sem um certo número de crenças acerca da existência e natureza da divindade e da existência e sobrevivência da alma humana. Todas as religiões se baseiam na crença em algumas divindades.

Preceitos: fundados na distinção entre o bem e o mal, Todas as religiões impõem obrigações morais, de cujo cumprimento ou infracção depende a recompensa ou o castigo. Se se admite um Senhor Supremo, é evidente que a impiedade e a injustiça não podem receber o mesmo prêmio que a justiça e a piedade

Culto, isto é, ritos: cerimônias exteriores, orações, sacrifícios, pelos quais o homem manifesta o seu respeito e gratidão para com o seu Senhor e Benfeitor, confessa a sua dependência, implora os favores da divindade e aplaca a sua ira. O culto é a continuação e a consequência da fé num ou mais seres superiores.

Elementos da Religião

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A religião pode pois definir-se como o conjunto das crenças, deveres e ritos, pelos quais o homem confessa a existência da divindade, lhe rende as suas homenagens implorando a sua assistência.

Definição de Religião

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A definição anterior aplica-se à religião em geral, mas é conveniente distinguir a religião natural da sobrenatural.

a) A religião natural é o conjunto das obrigações que dimanam para o homem do fato da sua criação e que pode conhecer ajudado semente pela razão;

b) A religião sobrenatural ou positiva é o conjunto das obrigações, impostas ao homem em consequência duma revelação divina, que não derivam necessariamente da natureza das coisas.

Religião natutal e sobrenatural

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O vínculo da dependência que liga o homem a Deus é o fundamento da Religião. Vamos ver se o homem pode libertar-se deste vínculo e rejeitar as obrigações que lhe impõe. A religião será um dever a que o homem não pode esquivar-se?

Adversários: A necessidade da religião é rejeitada pelos:

a) Ateus — Quem não admite existência de Deus, como os ateus, ou nega que seja cognoscível, como os positivistas e os agnósticos, deve logicamente afirmar que a religião não tem razão de ser; b) Indiferentistas, que sem ser ateus, pensam que Deus não dá importância às nossas homenagens; c) Por alguns deístas, que não acreditam na utilidade da oração, ou julgam que Deus deve ser adorado em espírito e verdade e não com culto externo e público.

Necessidade da Religião

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Todo o homem tem obrigação moral de professar a religião, isto é, de reconhecer a Deus como seu Senhor e Soberano, e de lhe prestar culto. — Esta proposição apoia-se em três argumentos: metafísico, psicológico e histórico.

Necessidade da Religião

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O fato de Deus ser nosso Criador, nossa Providência e nosso Legislador impõe ao homem deveres a que não pode subtrair-se. Como Criador, tem direito às nossas homenagens e adorações. É preciso que, por atos de culto, reconheçamos o seu domínio supremo e a nossa dependência absoluta. Sendo Providência, Deus conserva-nos a vida e cumula-nos de benefícios: tem, pois, direito à nossa gratidão. Como Legislador, — falamos semente da religião natural, — dá-nos a razão pela qual podemos discernir o bem do mal. Devemos, portanto, obedecer a esta lei, que nos é testemunhada pela consciência, e reparar as faltas pela penitência quando a transgredirmos.

Argumento metafísico

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Se interrogarmos as faculdades da nossa alma, reconheceremos a necessidade da religião, porque só ela pode satisfazer as suas aspirações.

1. A inteligência procura irresistivelmente a verdade, que só pode encontrar em Deus, Verdade infinita. Ora o fim da religião é levar a inteligência a Deus e arrancar dela as angústias da dúvida. «Como poderemos viver em paz, diz Jouffroy, se não sabemos donde viemos, nem para onde vamos, nem o que devemos fazer no mundo, onde tudo é enigma, mistério, objecto de dúvidas e inquietações?». A religião fixa e sossega a nossa alma mostrando-lhe a solução desses problemas;2. A vontade tende para o bem; mas para o alcançar sente-se fraca, perplexa e precisa de auxílios que não encontra fora da religião;3. A sensibilidade tem sede de felicidade, que em vão procura nas riquezas, na glória e nos prazeres deste mundo. A felicidade, que às vezes encontra, depressa murcha e se descolora; jamais cumpre as suas promessas: não é o que antes parecia e muito menos o que desejávamos. A felicidade deste mundo é ilusória e fugaz como sonho enganador. Só a religião é capaz de encher o vácuo da nossa alma, dando-nos a posse de Deus.

Argumento psicológico

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A história testifica tão claramente o fato da universalidade da religião, que alguns antropologistas definiram o homem «um animal religioso». Ora este fato seria inexplicável se a crença no sobrenatural não correspondesse a uma aspiração íntima da alma humana, se não se impusesse ao homem como uma necessidade. Ninguém hoje se atreve a pôr em dúvida que a universalidade da religião é fato historicamente incontestável.

Argumento histórico

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A religião natural, é para o homem não só um dever mas também uma necessidade. Mas bastará a religião natural? Certamente basta, se entre Deus e a criatura apenas existem as relações provenientes da criação. Mas se Deus estabeleceu uma nova ordem, se lhe aprouve, por um dom meramente gratuito, chamar o homem a uma vida sobrenatural que traz consigo outras verdades e outros deveres, nesse caso, não basta. Se essa hipótese se realizou, é evidente que os homens só teriam podido conhecê-la pela revelação divina. Temos então três questionamentos:

1. O que é a revelação?; 2. Ela é possível?;3. Ela é necessária?;

A Revelação

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Etimologicamente, revelar (latim revelare) significa retirar o véu que encobre um objeto e nos impede de o ver.

a) No sentido genérico da palavra, revelação é a manifestação duma coisa oculta ou desconhecida, É humana ou divina conforme for revelada pelo homem ou por Deus;b) No sentido especial e teológico, revelação é a manifestação que Deus faz ao homem de verdades ou deveres que este ignora. Portanto, a revelação é sempre um fato sobrenatural, porque requer a intervenção divina, que pode dar-se de duas maneiras, ou quanto à substância, ou quanto ao modo.

A Revelação - Noção

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Quanto à substância - se a verdade revelada ultrapassa as forças da razão; é a revelação propriamente dita;

Quanto ao modo - se a verdade revelada é uma verdade natural que, em rigor, a razão pode descobrir, é a revelação impropriamente dita.

A Revelação - Noção

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Os critérios (greg. «khritêrion», que serve para julgar) são os sinais que distinguem a verdadeira das falsas revelações. Vejamos como critérios positivos o milagre e a profecia.

Critérios da revelação

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Etimologicamente, milagre (latim miraculum, mirari, admirar) designa tudo o que é maravilhoso e excita a admiração. Ora um fenômeno é maravilhoso quando se apresenta como efeito inesperado, que nenhuma causa ordinária pode explicar.Em sentido lato, milagre é um fenômeno, cuja causa é um agente sobre-humano; um fenômeno insólito que parece efeito de seres inteligentes diversos do homem. Se o agente não for Deus, mas simplesmente uma criatura superior ao homem, anjo ou demónio, diz-se milagre impropriamente dito. Tais milagres têm o nome de prodígios ou prestígios.

Em sentido estrito, milagre é um fato sensível e extraordinário produzido por Deus; em outras palavras, um efeito que não pode ter por causa nenhuma natureza criada. Só estes fatos ou efeitos constituem o milagre propriamente dito.

Milagre

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Para se constituir milagre propriamente dito, são necessárias três condições: a) É necessário que o fato seja sensível. Uma vez que o milagre tem por fim dar-nos uma prova irrecusável da intervenção divina, segue-se que o fenômeno deve ser percebido pelos sentidos, sem o que, não poderia ser um sinal. Por conseguinte, uma obra sobrenatural, uma operação divina que não pode ser objecto da percepção dos sentidos, como a justificação do homem pela graça, não é milagre.

b) É preciso que o fato seja extraordinário. O fenômeno insólito e raro, cuja causa se ignora, não é necessariamente milagre; é preciso que esteja acima das leis gerais tanto naturais como sobrenaturais, que seja inexplicável por uma causa criada. Numa palavra, que seja extraordinário. Donde se deduz que a criação, por exemplo, não é milagre, porque precedendo, pelo menos logicamente, a existência das leis, não pode estar fora delas. Da mesma forma, a presença de Jesus Cristo sob as espécies eucarísticas, originada pelas palavras da consagração, também não é milagre; porque não é fato sensível e entra na ordem sobrenatural estabelecida por Deus; se um dia esta presença se manifestasse aos sentidos, seria milagre, por ser um fato sensível e extraordinário.

Condições de um milagre

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Os modernistas consideram o milagre como uma disposição subjetiva do crente, não como uma realidade objetiva, nem como um fato divino. Segundo uns, o milagre pressupõe a fé, para ser verificado e julgado como tal, Segundo outros (LE Ror, Dogme et Critique), a fé causa o milagre: atua à maneira «das forças da natureza », produz uma comoção fisiológica e, sob a sua influência, o espírito triunfa da matéria.

Falso conceito de milagre

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Etimologicamente, profecia (gr,prophétês; pro, antes e phêmi, digo) significa predição.

A, Em sentido lato e conforme a etimologia, a profecia é a predição dum acontecimento futuro. Neste sentido, a predição dum eclipse é uma profecia.

B. Em sentido estrito como geralmente se entende, a profecia pode definir-se com Santo Tomás, «a previsão certa e o anúncio de coisas futuras, que não podem ser conhecidas pelas causas naturais».

Profecia

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Desta definição se colige que se requerem duas condições para que haja profecia no sentido estrito da palavra:

a) Previsão certa e não ambígua, como eram muitas vezes os oráculos pagãos, dos quais dizia Cícero (De Divin. 1, II) que «eram tão habilmente compostos que tudo o que acontecia parecia sempre predito, e tão obscuros que os mesmos versos podiam em outras circunstâncias aplicar-se à outras coisas»;

b) Previsão que não possa ser conhecida por meio de causas naturais. O astrônomo que anuncia um eclipse e o médico que prediz a morte do doente, não fazem profecias propriamente ditas, porque a predição destes acontecimentos futuros pode deduzir-se facilmente do conhecimento das leis da natureza. Só há verdadeira profecia quando o acontecimento futuro não pode ser conhecido pelas suas causas naturais, porque estas não existem ainda e dependem da vontade humana.

Condições da profecia

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Há duas espécies de critérios pelos quais se pode reconhecer o valor objectivo de uma religião:

a) Uns fundam-se na doutrina (critérios intrínsecos). Toda a religião, que tem a respeito de Deus e do homem conceitos opostos às conclusões que a razão por si só estabeleceu na primeira parte, não pode ser a verdadeira religião.

b) Outros baseiam-se no fundador (critérios extrínsecos), Não basta que um homem se apresente como encarregado duma missão divina; é necessário que o prove e garanta o seu ensino por meio de sinais autênticos, que sejam como que o selo de Deus. Para conhecer o valor de cada religião, submetê-la-emos a dois exames, Primeiramente, dirigindo-nos ao fundador pedir-lhe-emos que apresente os seus títulos; depois, examinaremos a sua doutrina e veremos o que vale.

Investigação acerca das religiões

Page 24: A Divindade Do Cristianismo

Para conhecer o valor de cada religião, iremos submetê-la a dois exames. Primeiramente, dirigindo-nos ao fundador lhe pedimos que apresente os seus títulos; depois, examinaremos a sua doutrina e veremos o que vale.

Investigação acerca das religiões

Page 25: A Divindade Do Cristianismo

A nossa investigação terá por objecto, em primeiro lugar, as religiões em que não reconhecemos os sinais de origem divina, Trataremos :

1. do paganismo; 2. das religiões da China; 3. da religião da Pérsia; 4. do mitracismo;5. das religiões da Índia; 6. do islamismo; 7.° do judaísmo atual.

Investigação acerca das religiões

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Sob este título compreendemos as diversas religiões que professaram ou professam ainda o politeísmo. Sabemos que, desde os tempos mais remotos da história, o paganismo foi a religião de todos os povos da antiguidade, à exceção dos Judeus. os Caldeus e os Egípcios, os Assírios e os Babilónios, os Gregos e os Romanos, todos foram politeístas. Em nossos dias, o paganismo é ainda a religião dos povos feiticistas da Asia e da África.

Paganismo

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Fundador — Não só é supérfluo inquirir quais os fundadores do paganismo, mas torna-se até impossível saber como as mitologias se puderam formar. — a) Segundo Evêmero, filósofo grego do séc. IV a.c., os mitos eram narrações lendárias e os deuses, heróis divinizados, — b) Para Porfírio (séc. III da nossa era), os mitos pagãos eram símbolos que continham dogmas filosóficos e noções morais; a aventura de Ulisses e das Sereias não passava duma alegoria destinada a precaver-nos contra as seduções do mal, — c) A escola tradicionalista julgou ver nos mitos deformações da tradição primitiva, que não se conservou intacta senão entre os Judeus; desta maneira explicam muitos paralelismos entre as crenças pagãs e os relatos da Bíblia; por exemplo: caixa de Pandora, donde saíram todos os males, corresponde à queda de Eva, — d) Segundo uma escola mais recente (MAX MULLER, na Inglaterra, Bréal em França), os mitos têm a sua origem na linguagem. No princípio, dizem eles, os deuses eram considerados como os agentes misteriosos dos fenômenos da natureza, e por isso os seus nomes são apenas epítetos para designar os fenômenos.

Paganismo

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A doutrina do paganismo encontra-se consignada nas mitologias de que encontramos descrições nos poetas como HOMERO, ou nos historiadores como HESÍODO. As mitologias, porém, são fábulas mais ou menos ridículas de mitos extravagantes sobre a vida dos deuses e as suas relações com os homens. Para mostrar a inferioridade das doutrinas pagãs não é necessário descer a pormenores; basta indicar a multiplicidade dos deuses e as imperfeições da sua natureza, onde entram promiscuamente a grandeza e a fraqueza, a virtude e o vício.

Paganismo

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Na China havia três religiões principais: as duas primeiras indígenas, o Taoísmo e o Confucionismo; e a terceira importada da Índia, o Budismo, de que falaremos maisadiante.

O Taoísmo: Fundador.— É atribuída a Lao-Tsé, filósofo contemporâneo e rival de Confúcio. Conhecemos poucos dados da sua vida. Alguns pensam até que a religião fundada com o seu nome não é de modo algum obra sua, mas unicamente uma coleção de antigas superstições chinesas, rejeitadas por Confúcio, e que, no intuito de fazer oposição ao Confucionismo, foram recolhidas e agrupadas em nome de um sábio, Lao-Tsé, a fim de lhes dar mais autoridade.

Doutrina. — É uma amálgama de superstições grosseiras de bruxaria e de magia com as doutrinas filosóficas de Lao-Tsé desfiguradas pelos seus discípulos. É uma religião politeísta e, por esta razão, é inútil insistir mais no assunto.

Religiões da China

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O Confucionismo — Fundador. — Confticio nasceu em 551 antes da nossa era, no reino de Lou, duma antiga família de nome Khung. Ainda jovem, distinguiu-se de tal modo pela vivacidade da inteligência e pela retidão de carácter que o rei de Lou não hesitou em confiar-lhe, apesar da sua pouca idade, funções importantes no seu governo, que ele em breve abandonou para seguir a sua vocação. Deu-se então ao estudo dos Kings ou Livros Sagrados da China e quis consagrar-se à direção dos povos. Com este fim, percorreu os principados feudais que formavam o Império chinês; depois, cansado dessa vida errante, voltou a Lou onde abriu uma escola, na qual lecionou até à sua morte.

Religiões da China

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Doutrina. — O confucionismo é mais um a filosofia moral do que uma religião. Os deuses, isto é, o Céu (Chang-Ti), a Terra e os Espíritos superiores são considerados, não como pessoas reais, mas como abstrações. Por isso, entre todos os cultos, o único tido em estimação é o dos antepassados; esta é a razão porque o confucionismo é uma religião verdadeiramente nacional. Parece que no sentir de Confúcio e dos seus adeptos, o Chang-Ti, ou Senhor do Céu, e os outros deuses são somente os espíritos dos primeiros antepassados da nação. Mas, caso estranho, Confúcio, apesar de afirmar a sobrevivência dos espíritos, não fala da vida futura nem resolve a questão da imortalidade da alma. A moral de Confúcio possui certa elevação e distingue-se por um amor real da humanidade; contudo, não ultrapassa os limites de uma moral humana. Proclama bem alto que é necessário não fazer aos outros o que não queremos que nos façam a nós, e não vai além desta simples regra de justiça.

Religiões da China

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A antiga religião da Pérsia, ou do Irã, chama-se Zoroastrismo, do nome do seu fundador, ou Mazdeísmo, do nome do deus Ahura-Mazda, que Zoroastro coloca acima de todos os outros deuses, sem exceptuar o próprio Mitra, o deus da luz.

Fundador — Não se sabe se o profeta, a quem se atribui a fundação da religião dos magos é personagem histórica ou lendária. Diz-se que Zoroastro viveu no séc, VI a.c. Revoltado contra os abusos da idolatria e do culto dos Devas, ou maus gênios, retirou-se a uma gruta solitária, onde se entregou durante 7 anos à meditação. Ali teve revelações de Ahura-Mazda, o senhor onipotente, que confirmou a sua missão, fazendo numerosos prodígios em seu favor.

Doutrina — O Zend-Avesta é o livro sagrado do Zoroastrismo. A data da sua composição é incerta. Encerra, além disso, fragmentos de época diferente, alguns dos quais parecem ser de composição relativamente recente. Em metafísica esta doutrina admite o dualismo. Ormazd, o Deus supremo, é criador e Deus do céu; mas opõe-se-lhe um princípio mau, chamado Ahriman, que lhe disputa o império. Os dois princípios do bem e do mal são eternos, se bem que desiguais. Rodeados cada um de seu exército terão de lutar durante 9.000 anos; deste combate Ormazd sairá vencedor e precipitará Ahriman e os Devas, seus sequazes, no inferno.

Religiões da Pérsia

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O Mitracismo é uma religião originada no Maz-deísmo. Havia pouco tempo que tinha penetrado em Roma e no Ocidente, quando ali chegaram os Apóstolos para pregar a Jesus Cristo. Não nos demoraríamos a falar desta religião, aliás de importância secundária, se os nossos adversários, aproveitando-se também aqui das numerosas analogias que existem entre o Mitracismo e o Cristianismo, não acusassem este último de plagiato. Eis aqui as principais semelhanças, que eles gostam de realçar: Mitra é um deus jovem, que viveu entre os homens e nasceu também numa gruta ou estábulo. Quando já homem, matou os animais nocivos e em particular um touro; depois subiu ao céu, donde continua a velar por aqueles que se iniciam nos seus mistérios e lhe dirigem preces. O culto de Mitra apresenta analogias não menos claras com o culto cristão. A iniciação mitríaca compreendia sete graus que foram comparados com os sete sacramentos do cristianismo ; entre outras coisas continha abluções simbólicas, a impressão de um sinal na fronte, a oblação de pão e de água, unções de mel...

Mitracismo

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Os historiadores racionalistas das religiões concluem destas semelhanças que o mitracismo é um antepassado do cristianismo. Não se deveria deduzir antes o contrário? Os pontos de semelhança entre as duas religiões, não são porventura de data posterior na tradição romana acerca de Mitra? Os primeiros apologistas cristãos, S. JUSTINO e TERTULIANO, assim pensavam e denunciaram já o plagiato mitríaco dos ritos cristãos? Se não tivessem razão, como se explica que o imperador Juliano, — que teria grande satisfação em depreender em falsidade o cristianismo e os seus apologistas, — não tivesse acusado estes últimos de terem tirado a sua doutrina da religião de Mitra? Portanto, a hipótese da influência mitríaca nos dogmas e no culto cristão não tem fundamento histórico.

Mitracismo

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As principais religiões que se sucederam na Índia sãos o Vedismo, o Bramanismo, o Budismo e o Hinduísmo ou Neo-bramanismo.

Vedismo — O Vedismo é, entre as diversas religiões dos Hindus, a primeira de que fala a história. A religião védica está contida nos livros sagrados, chamados Vedas e particularmente no mais antigo dentre eles, o Rig-Veda. E uma religião naturalista onde os fenômenos e as forças da natureza são divinizados. Sob este aspecto, pode compara-se ao Paganismo, de que já falámos anteriormente, o que nos dispensa de demonstrar a sua falsidade.

Religiões da Índia

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O Bramanismo — Nenhum documento nos permite fixar rigorosamente a origem do Bramanismo e, muito menos ainda, indicar o nome do fundador. A doutrina do bramanismo encontra-se nos livros sagrados chamados Vedas, cuja interpretação é da competência exclusiva dos brâmanes, isto é, dos sacerdotes de Brama. Ora os Vedas contêm, por assim dizer, duas religiões sobrepostas: uma, que era a base da antiga religião védica, que é um politeísmo naturalista; outra, que é um panteísmo idealista junto com a ideia da metempsicose, constitui o bramanismo propriamente dito.

Brama é o ser único, do qual procede o mundo por emanação. Todos os seres saem dele e nele tornam a entrar, e assim sucessivamente, até que a alma purificada de toda a mancha possa ser definitivamente absorvida em Brama e entrar para sempre no Nirvana.

Religiões da Índia

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Budismo — O bramanismo antigo, com a sua moral austera e o seu culto frio, sem templos e sem ídolos, não podia ser uma religião popular. Não é pois de admirar que a Índia acolhesse favoravelmente a religião de Buda. A vida de Buda foi escrita muito tempo depois da sua morte: os seus biógrafos ficaram, portanto, inteiramente à vontade, para nela introduzir todas as lendas que lhes aprouve. Só depois da era cristã, — note-se bem esta circunstância, — utilizaram os documentos ainda existentes, ajuntando-lhes numerosas interpolações. As características da doutrinabudista são: — a) o ateísmo ou, se quiserem, o agnosticismo. Buda não indaga se existe a Causa primeira, o Ser supremo, porque a seu ver esse problema é insolúvel e inútil;

Religiões da Índia

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b) a crença na metempsicose: doutrina que pertence também ao bramanismo. O homem, depois da morte, é levado ao tribunal de Yama, que o julga e entrega nas mãos dos seus algozes. Depois de expiada a pena, — o inferno não é eterno, — a alma é reenviada ao mundo para recomeçar nova existência, retomando na escala dos seres o lugar que mereceu pela vida anterior. Só estão isentos do renascimento e entram na beatitude perfeita do Nirvana aqueles que são proclamados Budas;

c) o pessimismo: Na doutrina de Buda, a existência é um mal e a felicidade suprema consiste em libertar-se dela e chegar ao Nirvana. Mas o que é a felicidade do Nirvana? É muito difícil dizê-lo. O Nirvana não é o nada, mas a não-existência individual, a isenção da transmigração e, por conseguinte, da dor; é uma espécie de bem-aventurança passiva e negativa, em que não existe a vida nem o amor.

Religiões da Índia

Page 39: A Divindade Do Cristianismo

O Hinduísmo ou Neo-bramanismo: O budismo, tal como acabamos de expor, só existiu na Índia durante alguns séculos. No século III a.c., apareceram outras seitas a que deram o nome genérico de hinduísmo ou neo-bramanismo. A nova religião era o fruto de várias escolas, e nenhum nome se liga à sua fundação: é uma espécie de fusão entre o bramanismo e os antigos cultos idolátricos da Índia. As duas principais seitas são o Visnuísmo e o Civaismo, assim chamadas pelo facto de reconhecerem como Deus supremo Visnu, ou Civa. Só o visnuísmo nos interessa por causa das semelhanças que a sua doutrina apresenta com o cristianismo.

Religiões da Índia

Page 40: A Divindade Do Cristianismo

Doutrina: O distintivo do visnuísmo ou, pelo menos, o que a nosso ver lhe dá maior interesse, incluir na sua doutrina os dois dogmas da Trindade e da Incarnação. — a) A Trindade hindu, ou Trimurti, compõe-se de Brama, o deus criador, de Visnu, o deus conservador, e de Civa, o deus destruidor, — b) As incarnações ou avatares de Visnu ocupam um lugar importante no hinduísmo, Visnu incarnou várias vezes, tomou sucessivamente as formas de peixe, de tartaruga, de javali, de leão, e apareceu principalmente na pessoa de dois heróis famosos Rama e Krisna. Este último é muito célebre: teve um nascimento milagroso, foi adorado por pastores, perseguido pelo rei Kamsa que o temia como um competidor e ordenou a morte das crianças. Como é fácil de ver, há uma grande aproximação entre o budismo e o cristianismo cujos adversários tentaram acusá-lo de plágio. Mas acusar não é provar. Deveriam demonstrar que as lendas do visnuísmo existiam antes da sua redação definitiva, que só se fez nos séculos XII ou XIII da nossa era; mas até agora ainda não se demonstrou.

Religiões da Índia

Page 41: A Divindade Do Cristianismo

Antes da fundação do maometismo, os Árabes semitas como os hebreus e, segundo eles, descendentes de Ismael, filho de Abraão e de Agar, estavam divididos em tribos independentes, umas nômadas e outras sedentárias. Havia um laço que as unia, a Káaba, santuário comum, que se erguia numa numa garganta do Hedjaz, há uns 90km do mar Vermelho. Aí adoravam o Deus de Abraão, porém, este culto não excluía o dos ídolos particulares de cada tribo. Todos os anos os Árabes iam a Káaba em peregrinação. Notemos ainda, para melhor compreensão das influências que podiam exercer-se no espírito de Maomé, que Meca, fundada no século V depois de Cristo, era em parte povoada por judeus e cristãos.

Islamismo

Page 42: A Divindade Do Cristianismo

Maomé (Muhammed, em árabe) nasceu em Meca em 570 depois de Cristo. Pobre e órfão muito cedo, foi destinado ao comércio por seu tio Abu-Talib. Numa viagem comercial, feita por conta duma viúva rica chamada Khadidja, com quem depois se casou, teve ensejo de encontrar um monge cristão com quem travou relações. Conheceu também Zaid, cristão de origem judaica, que desejava restaurar a religião de Abraão. Terá sido esta a origem da sua vocação? Pode duvidar-se.

O Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos e contém as revelações do arcanjo Gabriel ao profeta. Não foi escrito pelo próprio Maomet; é uma coleção de fragmentos de discursos, que os seus discípulos conservaram na memória ou recolheram em tabuinhas enceradas ou em ossos de camelo. O Alcorão é para o maometano o livro por excelência, que substitui todos os demais; encerra a lei civil e a lei religiosa, é o Código do juiz e o Evangelho do sacerdote.

Islamismo

Page 43: A Divindade Do Cristianismo

Pouco diremos do judaísmo actual, porque a prova de que não é a religião verdadeira baseia-se na demonstração que faremos da divindade do cristianismo. Veremos mais adiante que a religião moisaica era uma religião preparatória e que um dos dogmas principais da sua doutrina era a ideia messiânica, isto é, a expectativa de um enviado divino, que transformaria a religião particularista e nacional dos Judeus numa religião universal. Ora, se provarmos que esta espectação se realizou em Jesus Cristo, segue-se que o judaísmo actual está em erro quando defende, ou que o Messias ainda não veio e, por conseguinte, virá um dia como rei temporal a que todas as nações serão submetidas, ou que de fato já veio, mas que ficou desconhecido por causa dos pecados do seu povo.

O judaísmo atual

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Os quatro Evangelhos segundo S. Mateus, S. Marcos, S, Lucas e S, João, são os principais documentos que contêm o facto da Revelação cristã. É, pois, necessário, como fizemos com o Pentateuco, investigar o seu valor histórico. Falaremos 1,° a sua integridade; 2,° a sua autenticidade; 3,° a sua veracidade.

Integridade: Os textos atuais dos Evangelhos estão íntegros como quando saíram das mãos dos seus autores? Tal é o primeiro problema que vamos resolver. A sua solução apresenta alguma dificuldade porque os originais, escritos certamente em papiro, matéria friável e de pouca duração, há muito que desapareceram. Além disso, os críticos encontram mais de 150.000 variantes nas numerosas cópias que deles se fizeram, o que não nos deve causar admiração, pois era impossível que o texto primitivo tivesse passado por tantas mãos sem ser alterado ao menos nas suas circunstâncias mínimas. Umas vezes os copistas esqueceram palavras, trocaram-lhes a ordem, passaram uma linha, ou escreveram um termo por outro; outras vezes, as variantes foram propositadas, chegando até a corrigir frases que julgaram obscuras, ou substituir ideias por outras mais conformes às suas opiniões pessoais e às suas preocupações doutrinais.

Valor histórico dos Evangelhos

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Autenticidade: Reconstituídos os Evangelhos no texto primitivo, é necessário indagar quais os autores e qual a data da composição. Um documento só tem valor quando o autor pode conhecer os fatos que refere e quis narrá-los fielmente. Os Evangelhos foram porventura escritos por S. Mateus, S, Marcos, S, Lucas e S, João, como sustenta o apologista cristão, em conformidade com a doutrina da Igreja? Não é pelos Evangelhos que podemos sabê-lo, porque não era costume dos antigos e especialmente dos Orientais porem o seu nome no início das suas obras; ademais, há muito que os originais desapareceram.

A autenticidade dos Evangelhos só se pode demonstrar por duas espécies de argumentos ; — a) argumentos extrínsecos, fundados no testemunho da história, e — b) argumentos intrínsecos baseados na crítica interna, isto é, no exame do livro em si, do estilo, do método e das ideias sobretudo, porque as ideias duma época não podem ser fielmente reproduzidas senão por um contemporâneo. Apoiados nestes dois argumentos, poderíamos provar a autenticidade de cada Evangelho.

Valor histórico dos Evangelhos

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Veracidade: Os Evangelhos chegaram até nós na sua integridade substancial, e os seus autores são dois apóstolos: S. Mateus e S. João; e dois discípulos dos apóstolos S. Marcos e S. Lucas. A terceira questão que vamos falar é a do valor histórico destes documentos. Duas condições são necessárias para que o historiador seja digno de fé: O que esteja bem informado, e que seja sincero.

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