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  A Ditadura Militar no Brasil

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Sumário

1.  Introdução ................................................................................................... 2 2.  O Golpe Militar de 1964 .............................................................................. 3 3.  Governo Castello Branco (1964-1967) ....................................................... 4 4.  Governo Costa E Silva (1967-1969) ........................................................... 4 5.  Governo da Junta Militar (31/8/1969-30/10/1969) ....................................... 5 6.  Governo Médici (1969-1974) ...................................................................... 5 7.  O Milagre Econômico .................................................................................. 5 8.  Governo Geisel (1974-1979)....................................................................... 6 9.  Governo Figueiredo (1979-1985) ................................................................ 6 10.  Movimentos De Resistência Durante O Período Da Ditadura Militar ....... 7 

10.1  O movimento estudantil ........................................................................ 7 10.2  Movimentos sindicais ........................................................................... 8 10.3

 Ligas Camponesas ............................................................................... 9

 11.  Derrocada Da Ditadura ............................................................................ 9 

11.1  A ausência de reparos morais e materiais ......................................... 11 12.  Conclusão .............................................................................................. 12 13.  Referencias Bibliográficas ..................................................................... 13 

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1. Introdução

Ditadura Militar consiste no período da política brasileira em que os militares

governaram o Brasil. Esta época abrange os anos de 1964-1985. Caracterizou-se

pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura perseguição

política e repressão aos que eram contrários ao regime.

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2. O Golpe Militar de 1964

Com o cenário estabelecido pela Ditadura, fazia-se necessário criar as

condições para ampliar os poderes obtidos com a derrubada do governo

democrático de João Goulart e a subida do general Castelo Branco à Presidência da

República. Justificados na burguesia que via a ditadura como uma benção ante o

avanço democrático que vivia o país, os militares impuseram todo tipo de

arbitrariedade em suas ações. Governaram através de decretos-lei, sem precisar

passar pelo Legislativo, expurgando funcionários públicos e políticos que

ameaçavam os interesses do regime, ao mesmo tempo em que mantinha uma

relativa liberdade de imprensa e firmava pontes com posições amenas da esquerda

nacional. Assim, Castelo Branco e a ala “branda” da ditadura aumentavam seu

poder.

A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O

vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político

adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às

organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores

ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por

exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média.

Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste

período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria. Este estilo populista e de esquerda,

chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes

conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.

Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o

Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe

de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o

Brasil enfrentava. No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande

comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defendeu as Reformas de Base.

Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e

educacional do país. Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores

organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da

Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do

centro da cidade de São Paulo. O clima de crise política e as tensões sociaisaumentavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São

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Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se

no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato

Institucional Número 1 (AI-1). Este cassa mandatos políticos de opositores ao

regime militar e tira a estabilidade de funcionários públicos.

3. Governo Castello Branco (1964-1967) 

Castelo Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente

da República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a

democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.

Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos

políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos

cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os

sindicatos receberam intervenção do governo militar.

Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o

funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a

Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de

certa forma controlada, o segundo representava os militares. O governo militar

impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste

mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e

suas formas de atuação.

4. Governo Costa E Silva (1967-1969)

Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser

eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos

e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país.

A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a

Passeata dos Cem Mil. Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários

paralisam fábricas em protesto ao regime militar. A guerrilha urbana começa a se

organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e

sequestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição

armada.

No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número

5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes, cassou

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mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão

militar e policial.

5. Governo da Junta Militar (31/8/1969-30/10/1969)

Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos

ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio

de Sousa e Melo (Aeronáutica). Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN

sequestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a

libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18

de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o

exílio e a pena de morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária,

ou subversiva". No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas

forças de repressão em São Paulo.

6. Governo Médici (1969-1974) 

Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio

Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período,

conhecido como "anos de chumbo". A repressão à luta armada cresce e uma severa

política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de

teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censuradas.

Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos,

torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e

Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna) atua como centro de

investigação e repressão do governo militar. Ganha força no campo a guerrilha rural,

principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas

forças militares.

7. O Milagre Econômico

Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período que vai de 1969 a

1973 ficou conhecido com a época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a

uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com

investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma

base de infraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos

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pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas, como a

Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói. Porém, todo esse crescimento teve

um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos

estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do

Brasil.

8. Governo Geisel (1974-1979)

Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um lento

processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do

milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo

e a recessão mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os

créditos e empréstimos internacionais diminuem.

Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição política

começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos

para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das

grandes cidades. Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos do

governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos membros da

esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências

do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho

aparece morto em situação semelhante. Em 1978, Geisel acaba com o AI-5,

restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.

9. Governo Figueiredo (1979-1985)

A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de

redemocratização. O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia,

concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais

brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura

continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da

imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de 1981,

uma bomba explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O

atentado fora provavelmente promovido por militares de linha dura, embora até hoje

nada tenha sido provado.

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10. Movimentos De Resistência Durante O Período Da Ditadura

Militar

10.1 O movimento estudantil 

Os Estudantes, organizados pela UNE, UBEs e respectivas UEEs, eram, antes

de abril de 64, um dos grupos que mais pressionavam o governo João Goulart no

sentido de fazê-lo avançar e, mesmo, radicalizar, na realização das reformas sociais.

Por isso, aos olhos dos militares que tomaram o poder, eles eram um dos setores

mais identificados com a esquerda, comunista, subversiva e desordeira; uma das

formas de desqualificar o movimento estudantil era chamá-lo de baderna, como se

seus agentes não passassem de jovens irresponsáveis, e isso se justificava para a

intensa perseguição que se estabeleceu. Logo em novembro de 1964 o governo

Castelo Branco fez aprovar uma lei que ficou conhecida como lei "Suplicy de

Lacerda", nome do ministro da Educação, que reorganizava as entidades, proibindo-

as de desenvolverem atividades políticas. Os estudantes reagiram negando-se a

participar das novas entidades oficiais e realizando manifestações públicas

(passeatas), que se tornaram cada vez mais frequentes concorridas. Ao mesmo

tempo, o movimento estudantil procurou assegurar a existência das suas entidades

legítimas, agora na clandestinidade.

Em 1968, ano marcado mundialmente pela ação política estudantil, o

movimento estudantil cresceu em resposta não só a repressão, mas também em

virtude da política educacional do governo, que já revelava a tendência que iria se

acentuar cada vez mais, no sentido da privatização da educação, cujos efeitos são

sentidos até hoje. A política de privatização tinha dois sentidos: um era o

estabelecimento do ensino pago (principalmente no nível superior) e outro, o

direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das

necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão-de-obra e técnicos

especializados). Estas diretrizes correspondiam à forte influência norte-americana

exercida através de técnicos da Usaid que atuavam junto ao MEC por solicitação do

governo brasileiro, gerando uma série de acordos que deveriam orientar a política

educacional brasileira.

As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de denúncia e

reação contra a subordinação brasileira brasileiro aos objetivos e diretrizes do

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capitalismo norte-americano. O movimento estudantil não parava de crescer, e com

ele a repressão. No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a má

qualidade do ensino, realizada no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de

Janeiro, foi violentamente reprimida pela polícia, resultando na morte do estudante

Edson Luís Lima Souto. A reação estudantil foi imediatamente: no dia seguinte, o

enterro do jovem estudante transformou-se em um dos maiores atos públicos contra

a repressão; missas de sétimo dia foram celebradas em quase todas as capitais do

país, seguidas de passeatas que reuniram milhares de pessoas. Em outubro do

mesmo ano, a UNE (na ilegalidade) convocou um congresso para a pequena cidade

de Ibiúna, no interior de São Paulo. A polícia descobriu a reunião, invadiu o local e

prendeu os estudantes.

10.2 Movimentos sindicais 

A greve dos metalúrgicos de Osasco, São Paulo, e de Contagem, Minas

Gerais, ambas em 1968, são as últimas manifestações operárias da década de 60.

Em 12 de maio de 1978, a greve de 1.600 trabalhadores, no ABC paulista, marca a

volta do movimento operário à cena política. Em junho, movimento se espalha por

São Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de julho registaram-se 166 acordos entre

empresas e sindicatos, beneficiando cerca de 280 mil trabalhadores. Nessas

negociações, torna-se conhecido em todo o país o presidente do Sindicato dos

Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Inácio da Silva, o Lula. Em 29 de

outubro de 1979, metalúrgicos de São Paulo e Guarulhos interrompem o trabalho.

No dia seguinte morre o operário Santos Dias da Silva em confronto com a polícia,

durante um piquete na frente uma fábrica no bairro paulistano de Santo Amaro. As

greves se espalham por todo o país. Em consequência de uma greve realizada nodia 1º de Abril de 1980 pelos metalúrgicos do ABC paulista e de mais 15 cidades do

interior de São Paulo, no dia 17 de Abril, o ministro do Trabalho, Murillo Macedo,

determina a intervenção nos sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André,

prendendo 13 líderes sindicais dois dias depois. A organização da greve mobiliza

estudantes e membros da Igreja.

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10.3 Ligas Camponesas 

A resistência acontece também no campo. Além da sindicalização, registrava-

se a formação de Ligas Camponesas que, sobretudo no Nordeste, sob a liderança

do advogado Franscisco Julião, eram importantes instrumentos de organização e de

atuação dos camponeses. Em 15 de maio de 1984 cerca de 5 mil cortadores de

cana e colhedores de laranja do interior paulista entram em greve por melhores

salários e condições de trabalho. No dia seguinte invadem as cidades de Guariba e

Bebedouro. Um canavial é incendiado. O movimento é reprimido por 300 soldados.

Greves de trabalhadores se espalham por várias regiões do país, principalmente no

Nordeste. 10.4 A luta armada Parte da Esquerda brasileira optou pela luta armada

como forma de resistir ao Regime Militar e abrir caminho para uma revolução.

Destacaram-se: Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada por Carlos Marighella,

ex-deputado e ex-membro do Partido Comunista Brasileiro, morto numa emboscada

em 69; Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), comandada pelo ex- capitão do

Exército Carlos Lamarca, morto na Bahia, em 17 de setembro de 1971; e o Partido

Comunista do Brasil (PC do B), uma dissidência do PCB. As organizações armadas,

conhecidas também como guerrilha, fizeram assaltos a bancos e seqüestros de

diplomatas para trocá-los por presos políticos e colaboradores do regime. A Ação

Popular foi, na década de 60, um dos mais importantes movimentos de resistência

ao regime militar. Teve origem em 1962 a partir de grupos católicos, especialmente

influentes no movimento estudantil. De 62 até 1972 a Ação Popular fez todos os

presidentes da UNE. De, inicialmente, moderada a AP passou a discutir a

necessidade da luta armada, devido a radicalização dos órgãos de repressão. A AP

lançou o movimento Contra a Ditadura e em 67 mudou sua sigla para APML (Ação

Popular Marxista-Lenista) buscando aliar-se aos movimentos camponeses e debóia-frias. Vários líderes da AP foram assassinados. A AP terminou com sua

incorporação ao PC do Brasil.

11. Derrocada Da Ditadura 

A crise do petróleo foi um duro golpe para os militares que, já sem o mesmo

apoio da burguesia, com sérias divisões internas e sofrendo pressões, mesmo que

diminutas, da população quanto às atrocidades do AI-5, foram levados a uma saídaestratégica da ditadura. A saída encontrada por eles estava na chamada “abertura,

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lenta, gradual e segura” proposta durante o governo do general Ernesto Geisel, em

meados da década de 70. Esta “abertura” consistia, na verdade, em conceder 

determinados direitos à população, mas sem abrir deliberadamente o acesso às

esferas políticas do regime. Encaminhar o país a uma “volta à democracia”, porém

sem revoluções, guerras, brigas, mantendo as coisas como estavam, apesar dos

somente aparentes rumos libertários que a nação parecia tomar. Este intento foi

amplamente apoiado pela burguesia e por outros que compartilhavam as opiniões

do regime, chamados. Este consenso desejava ver “a desagregação da ditadura

sem rupturas e sem conflitos profundos no seio da própria burguesia”. Caso

contrário isto colocaria sua supremacia em risco e abriria espaço para as classes

menos abastadas lutarem por melhorias significativas e almejarem tomar o poder.

Outro mecanismo adotado, já na década de 80, foi estabelecer a “reforma dos

partidos”, incentivando a criação de novos partidos políticos e o retorno dos antigos.

Isto, na verdade, mostrava o interesse dos militares em renovar sua “cara” perante o

povo, pois levavam sucessivas “surras eleitorais” nos pleitos menores. Com isto o

Partido da Arena se transformou em PDS (Partido Democrata Social), enquanto a

oposição se espalhou entre o MDB, mudado para PMDB, o PTB (Partido Trabalhista

Brasileiro), o PDT (Partido Democrata Trabalhista) e o PT (Partido dos

Trabalhadores), entre outros menos significativos. Com esta divisão entre os

opositores, a ditadura pretendia obter território nas eleições posteriores, para

prosseguir no controle até os últimos suspiros de um regime que não tinha mais para

onde ir. Um outro aspecto importante para a transição do regime ditatorial para a

democracia foi a “anistia” política oferecida a brasileiros expulsos do país pelo AI-5.

A partir do golpe militar de 1964, houve constantes movimentos de resistência

e de denúncia dos crimes da ditadura, desenvolvido principalmente pelos grupos defamiliares dos atingidos e pela União Brasileira de Mães, entidade civil cassada em

1969. Durante aquele período mulheres e homens que ousavam criticar, opor-se ou

integrarem-se aos movimentos de resistência às atrocidades praticadas pelos

militares, eram perseguidos, obrigados a viverem na clandestinidade ou no exílio.

Quando eram levados presos, eram torturados por agentes militares que não se

identificavam, nem sequer faziam a comunicação ao juiz competente. Estudantes,

trabalhadores, sindicalistas, intelectuais e, às vezes, até crianças eram submetidos a

interrogatórios sob tortura física, psíquica e moral, sendo que alguns foram

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mutilados e tiveram sérios comprometimentos da saúde física e mental e outros

foram mortos em decorrência dos maus tratos sofridos.

Nos anos 70, no auge da Ditadura Militar, a oposição desencadeou de maneira

vigorosa a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Foi criado o Movimento

Feminino pela Anistia, por iniciativa de Teresinha Zerbini, que colocou a questão

como necessidade imperiosa para recuperar a democracia e o Estado de Direito.

Representantes das Igrejas conclamavam os grupos e instituições a defenderem a

Anistia como passo fundamental em favor dos direitos humanos. A Anistia

Internacional denunciou, por diversas ocasiões, a prisão de advogados de presos

políticos no Brasil como "um atentado contra a independência e integridade do

sistema jurídico mundial”. O Ato Institucional nº 5 cassou políticos e suspendeu o

direito de habeas corpus.

Em 1969 foi editada nova Lei de Segurança Nacional que instituiu a pena de

morte para os opositores políticos, engrossando assim a lista de mortos e

desaparecidos políticos. Nos cárceres, os presos políticos lançavam mão da greve

de fome como último recurso para preservarem as mínimas condições humanas de

sobrevivência e, sobretudo, a dignidade.

11.1 A ausência de reparos morais e materiais 

Muitos trabalhadores demitidos por perseguição política não foram

reintegrados. Quase 10 anos depois, com a promulgação da Constituição Federal de

1988, foi estabelecido o direito ao reconhecimento dos anos de prisão ou de

clandestinidade como tempo de serviço. Mesmo assim, dos 2 mil trabalhadores

anistiados que encaminharam seu pedido de aposentadoria excepcional, conforme

prevê o texto constitucional, foram poucos os que tiveram respeitado este direitopelo atual governo federal. Em alguns estados brasileiros como o Rio Grande do

Sul, Santa Catarina e Paraná, os ex-presos políticos estão tendo o direito de receber

uma indenização como forma de reparação pelos maus tratos sofridos. Esta lei é de

caráter estadual.

Nos estados brasileiros que tiveram um maior contingente de presos políticos

como o Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Minas, Pernambuco, não há nenhuma lei

de reparação dos danos morais e materiais.(Parece que no Estado de Minas uma lei

deste tipo foi recentemente aprovada). O governo brasileiro, diferentemente dos

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representantes de outros países do cone sul, não teve coragem suficiente para pedir

perdão em nome do Estado pelos crimes cometidos, como a institucionalização da

tortura, os assassinatos e o ocultamento de cadáveres dos opositores políticos.

12. Conclusão

Podemos afirmar que a Ditadura Militar foi o período da política brasileira em

que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 até o ano de 1985,

caracterizando-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais,

censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar. O

Brasil, nessa época, enfrentou um dos períodos mais obtusos de toda a sua história.

A Ditadura Militar foi imposta com apoio da burguesia nacional reacionária e

com grande contribuição, inclusive bélica, do capitalismo estrangeiro. Com a derrota

do nazismo alemão, do fascismo italiano e do militarismo japonês para os aliados na

Segunda Grande Guerra, as forças fascistas que cresciam no Brasil, em particular

dentro do exército, perderam espaço para o conservadorismo “democrático” que a

burguesia tradicional tanto desejava manter.

Além disso, União Soviética e Estados Unidos saíram vitoriosos da guerra,

cada um, porém, seguindo um caminho diferente do outro. Os EUA, defendendo a

propriedade, o capitalismo e a liberdade como balizas fundamentais do crescimento

econômico. Já a ex-URSS tinha sua ideologia solidificada no comunismo, buscando

a horizontalidade nas relações econômicas e sociais, algo totalmente diverso do que

o “american way of life” pregaria a partir da década de 50. Isto fez com que o mundo

se dividisse, ao menos imaginariamente, em dois: uns países do lado dos Estados

Unidos e seus dogmas capitalistas e outros, de maior proximidade ao poderio

comunista da então União Soviética. O Brasil, com seu papel estratégico na América

do Sul, tinha a obrigação de se posicionar.

Assim, fez-se de tudo para trazer os brasileiros para junto de suas convicções

e anseios. A campanha do comunismo como o monstro e causa de todos os males

estava colocada e foi levada à exaustão pela mídia durante aqueles anos, apoiada

por políticos e militares. Isso tanto é verdade e solidificou-se de tal maneira que no

Brasil o medo dos ideais igualitários se tornou algo por demais assustador. De tão

arraigado, qualquer um que cismasse em falar de comunismo seria visto de formaestigmatizada e julgada sob pré-conceitos capitalistas ocidentais desprovidos de

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reflexão mais profunda, mesmo hoje em dia, com supostos ares democráticos nos

embalando. Com tudo isto, qualquer sinal de movimentação democrática nos anos

que se seguiram foram massacrados aterradoramente pelo discurso do senso

comum burguês, erguendo à condição de “comunista” toda e qualquer pessoa que

defendesse os ideais democráticos e libertários que poderia crer. Por conta desta

condição foi instaurada no Brasil a “Revolução Brasileira” (que possui este nome

entre os historiadores, dadas as suas características marcantes de uma revolução),

com o propósito de “livrar o país do comunismo”, mergulhando a nação num dos

períodos mais nebulosos e trágicos de toda a nossa história recente. O golpe contou

com grande participação do chamado imperialismo, devido ao plano de controlar os

governos dos países latino-americanos, impedindo que a “praga comunista” os

contaminasse, como “ocorrera” com Cuba, com a revolução socialista de 1959. Esse

“controle” procurava manter governantes alinhados com a proposta imperial, isto é,

de dependência ao mercado externo, e fortalecer as culturas primárias de

exportação.

Todavia, vários movimentos precederam a instauração da Ditadura Militar no

Brasil. Esses movimentos defendiam a liberdade de expressão, o livre acesso à

educação e à literatura estrangeira, o respeito à classe estudantil e operária. Porém,

esses movimentos resistência foram bruscamente reprimidos.

Até hoje podemos ver os reflexos deste período em nossa sociedade, a

ditadura trouxe sim desenvolvimento mas com grande custo social.

13. Referencias Bibliográficas

Reis, Daniel Aarão. Ditadura militar, esquerdas e sociedades , Ed. Zahar.

Anos de Chumbo" Dicionário Histórico e Biográfico Brasileiro , título Revolução

de 1964.

Castro, Celso de. Anos de Chumbo (Relume-Dumará)

Cony, Carlos Heitor; Ventura, Zuenir e Veríssimo, Luis Fernando. Vozes do 

Golpe (4 volumes), Companhia das Letras.