a defensoria e o sistema de justiça (anadep)

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Jornalismo na Defensoria Pública; Comunicação Pública; Manual de Jornalismo; Sistema judiciário

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  • 1A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

  • 2 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

  • 3A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

    A DEFENSORIA E OSISTEMA DE JUSTIAManual para Jornalistas

  • 4 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

    Patativa do Assar

    Do campo at a cidadeAtrapaiando a verdadeSempre inxiste uma caipora,Vou fal pro mundo introComo eu era premroE com eu t sendo agora.(...)

    Meu av, munto correto,Dizia: Querido netoEscute vem o que digo,Use da sinceridadePruqu quem diz a verdadeNunca merece castigo.(...)

    Meu av tinha razo e a Ju

    Mas por pintura do diaboO coron Mane BraboComeou uma questoE tomou no p da SerraTrinta tarefa de terraDo Francisco Damio.Damio tinha dereito,Mas porm na houve jeitoPerdeu para o fazendro,A gente logo descobreQue o Damio era pobreE o Brabo tinha dinhro.Um dia numa bodegaOnde o pessoa chombregaCada qu sua bicada,Comearo a conversEm quem gosta de inricPor meio de trapaiada.

    Eu nada tinha bebido,Mas como tinha aprendidoAs lio do meu av,Disse com munta razoA terra do DamioSeu Man Brabo tomou.Dois fio do coronGritaro logo: o que Que voc falou a?E eu que prezava a verdadeCom munta sinceridadeMinha histora repeti.Mas vem na abri a boca,Os dois com uma fura lcaMe derrubaro no choE com a fora do braoBatia em meu espinhaoComo quem bate fejo.

    Os dois safado fizeroComigo o que bem quiseroE ali ningum se importou,Era os peste me surrandoE eu chorando e me lembrandoDas lio do meu av.Fiquei de corpo banido,Mas vendo que era perdido

  • 5A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

    azo e a Justia t errada

    do

    ade

    ca

    o

    eroou,obrando

    ido

    No dei nem parte a pulia,Tratei de me retirFui mora noutro lugE nunca mais dei nutia.Invergonhado daquiloProcurei viv tranqiloEm uma terra afastadaDizendo com os meu buto:Meu av tinha razoE a justia ta errada.Fui mora na LagoinhaUma cidade onde tinhaUma moa bem bonitaEra um anjo to prefeitoQue se eu f diz dereitoBem poa gente acredita.Parecia t presenteUm anjo em forma de genteFilisberta era o seu nome,Quem conhece consideraQue aquela garota eraO pra-raio dos home.Eu vendo a linda donzelaDisse bem pertinho delaFilisberta, tu jiaE a moa ficou me oiandoOiando e tambm inchandoQue nem a cobra gibia.

    E me gritou: -Atrevido,Seu sem vergonha, inxiridoDrobea lngua macriadoE uns palavro me dizendoSaiu depressa correndoPra d parte ao delegado.Fiquei pensando e dizendo:Nada a ela to devendoNo tenho medo nem corro,Mas sabe o que aconteceu?A pulia me prendeuE apanhei que nem cachorro.Por orde da FilisbertaMe fizero triste ofertaL num quarto da prisoQue eu fiquei cheio deimbombo,Era chicote no lomboE parmatora nas mo.

    Quando me dero surturaSa da priso escuraCom uma raiva danada,Dizendo com os meu buto:Meu av tinha razoE a justia ta errada.(...)S pruqu disse a verdadeMe sacudiro na gradeE apanhei de faz d,Com esta sorte misquinhaEu sada lagoinhaFui bat no Sirid.(...)Fiquei munto desgostosoDesgostoso e revortosoCom o que me aconteceuE hoje eu s um vagabundoE no inxiste no mundoQuem minta mais do que eu.(...)Respeitando um grande amigoS uma verdade eu digo,Esta verdade sagradaQue t no meu corao,Meu av tinha razoE a justia ta errada.

  • 6 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

    poema de Patativa do Assarilustra bem a falta que um De-

    fensor Pblico faz. Aos necessitados, sh efetivao de seus direitos quandoexiste quem os represente na Justia.Onde est o direito de defesa de Patativano poema Meu Av que estava certo ea Justia est errada? E onde est a liber-dade de expresso? De seu amigo Fran-cisco Damio, foi tirado o direito de pro-priedade sem que nada fosse feito. O de-legado deveria ser condenado por abusode autoridade e tortura. Filisberta deveriaser indicada por denunciao caluniosa.Para que isso acontea, para que a Justiano seja considerada errada, precisoque todos tenham acesso a ela e voz queos represente. E isso s acontece se aDefensoria Pblica, Instituio que repre-senta a voz dos necessitados no PoderJudicirio, estiver fortalecida. Dessemodo, todos passaro a usufruir o maisbsico dos direitos: o direito a ter direitos.

    Apresentao

    Se Patativa no tivesse sido injustiado,talvez no estivesse revoltado, desgos-toso e no tivesse se tornado mentiroso.Quando as pessoas sentem que so ouvi-das, respeitadas e tm seus direitos pre-servados, o resultado um sentimentode paz e harmonia social. Por isso, aDefensoria Pblica mais que uma assis-tncia jurdica de necessitados, uminstrumento de pacificao social.

    Esta cartilha tem como objetivo facilitar oseu trabalho como jornalista, para quevoc entenda melhor o Sistema de Justi-a e conhea quem e o que faz o Defen-sor Pblico. Com ela, queremos levar aoprofissional que tem como nobre funolevar informao sociedade o verdadei-ro sentido da Defensoria Pblica, institui-o essencial para a construo de umasociedade livre, justa e democrtica.

    Andra MeloAssessora de Comunicao da ADPEC

    OO Direito para todos

  • 7A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

    A vida em sociedade exige aexistncia de um Sistema deJustia estatal hbil a viabilizarum mnimo de equilbrio nasmuitas diferenas e desigual-dades decorrentes da convi-vncia entre seres humanos.Este Sistema de Justia, nocaso brasileiro, decorrnciada frmula constitucional idea-lizada para concretizar os obje-tivos da nossa repblica, quaissejam, entre outros a constru-o de uma sociedade livre,justa e solidria e a erradicaoda pobreza e da marginalidadealm da reduo das desigual-dades regionais.

    Para tanto, em um primeiromomento a Constituio Fede-ral de 1988 deu ampla garantiaa direitos individuais vida, li-berdade religiosa, moradia constitucionalizou os direitossociais (bem como os de ter-ceira dimenso, entre os quaiso direito ao meio ambiente eos direitos do consumidor).Logo em seguida, a carta pol-tica brasileira estabeleceu queo Estado brasileiro fosse orga-nizado por meio do PoderLegislativo, Poder Executivo,Poder Judicirio e funes es-

    Entendendo oSistema de Justia

    senciais Justia (MinistrioPblico, Advocacia, AdvocaciaPblica e Defensoria Pblica),tudo na perspectiva de queaqueles direitos pudessem serrealmente tirados do papel.

    Todas estas instituies, comono poderiam deixar de ser,so diferentes e com funescomplementares (nenhuma melhor ou mais importanteque a outra), da se tratar deum Sistema. O Ministrio Pbli-co o guardio da ordem jur-dica democrtica; a Advocacia,atividade indispensvel ad-ministrao da Justia; a Advo-cacia Pblica, defensora dasinstituies pblicas; a Defen-soria Pblica, incumbida de ga-rantir o acesso integral Justi-a e a Magistratura, poder res-ponsvel por proferir a decisomais justa do caso que for leva-do ao Poder Judicirio (e aqui,destaque-se, s deve ser leva-do ao Judicirio os casos queprecisem de uma deciso judi-cial, que no foram possveisser resolvidos em soluoamistosa e com esta posturase permite, inclusive, a duraorazovel do processo que tam-bm direito fundamental).

  • 8 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

    A carreira de Defensor Pblico organizada em entrncias e juris-dio e constituda dos cargosde provimento efetivo, providos,na classe inicial, por concurso p-blico de provas e ttulos (e, aps,por promoo atravs dos critri-os de antiguidade e merecimen-to). Temos, no Brasil, a DefensoriaPblica da Unio e as DefensoriasEstaduais (assim como temos aJustia Federal e a Justia Estaduale o Ministrio Pblico Estadual e oMinistrio Pblico Federal).

    Com atuao nas vrias esferasdos conflitos que envolvem os ne-cessitados (desde o sistemacarcerrio defesa do consumi-dor), incumbida de garantirqueles a quem assiste em pro-cessos administrativos ou judiciaiso direito ao contraditrio e am-pla defesa. , tambm, sua atribui-o prestar informao e orienta-o extrajudicial, ou seja, quandoo assunto ainda no est na Justi-a. Nesse caso, atua de forma pre-ventiva, evitando erros e conflitose propiciando a paz social.

    Cabe, ainda, aos defensores pbli-cos promover junto aos cartrios,o registro civil de nascimento ebito de pessoas que no possamarcar com os custos. Tem, atravsda Lei 11448/07, legitimidadepara a propositura de ao coleti-

    A DefensoriaPblica

    va que permite o tratamentosistmico de questes que afetamos destinatrios dos seus servios- os vulnerveis sociais brasileiros -trabalhando, inclusive, na formu-lao de Termos de Ajustamentode Conduta com entidades pbli-cas e privadas. De acordo com aLei 11449/07, todas as prises emflagrante daqueles que informa-rem no possuir advogados de-vem a ela ser comunicadas noprazo mximo de 24 horas sobpena de ilegalidade da priso.

    ModeloNo Cear, por exemplo, a Defen-soria Pblica regulamentadapela Lei Complementar n. 06, de28/04/97 e conta com autonomiafuncional, administrativa e da ini-ciativa da proposta oramentria. dirigida pelo Defensor PblicoGeral, eleito por membros da ins-tituio em lista trplice entre osmaiores de trinta e cinco anos ecom mais de dez de efetivo exer-ccio na carreira e nomeado peloGovernador do Estado. O nomedeve ser previamente aprovadopela Assemblia Legislativa e omandato de dois anos permiteuma reconduo ao cargo.

    A Defensoria Pblica, como amais nova das instituies jurdi-cas (ao contrrio das demais, foi

  • 9A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

    criada apenas atravs da Consti-tuio Cidad de 1988) - que tempor meta a consecuo da igual-dade material, fazendo comque os direitos fundamentaissejam frudos por todos e noapenas pelos que tm condiofinanceira privilegiada -, aindasofre inmeros equvocos objeti-vos e subjetivos, que prejudicamo desenvolvimento de sua missointrinsecamente ligada ao adven-to da verdadeira democracia e ci-dadania (que so duas faces damesma moeda) e da conseqenteafirmao do direitos humanos.

    O primeiro e mais grave equvo-co considerar que a Defensorias interessa ao pobre (se isto fos-se verdade, j teramos motivosmais do que fortes e suficientespara a defesa de sua forte eindependente existncia). MasDefensoria interessa democra-cia, haja vista que o equilbrio dasociedade exige que todos os ci-dados e cidads tenham afruio do mnimo vital de digni-dade e para tanto preciso amo do Estado articulando estacidadania atravs desta institui-o constitucional que examinao problema do acesso Justiano apenas pelo prisma econ-mico, mas igualmente pelo cul-tural e social utilizando o poder

    institucional para gerenciar solu-es eficazes e contnuas.

    A maneira como o Estado trata ovulnervel social refletida justa-mente naquele que est devida-mente inserido na sociedade (en-tre tantos exemplos, temos, semdvida, a grave situao da inse-gurana pblica; se a igualdade respeitada no sistema de Justia,as nulidades diminuem, o des-perdcio reduzido e a penapode ser cumprida com mais efi-cincia). No toa, por exem-plo, que nos lugares onde aDefensoria Pblica funciona ade-quadamente o ndice de Desen-volvimento Humano IDH mai-or. E, aqui, registre-se, no se fazuma apologia Defensoria: elasozinha no resolve nada, massem ela a frmula constitucional

  • 10 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

    no cumprida e o acesso Jus-tia fica comprometido.

    Outro equvoco confundir aces-so Justia com acesso ao Judici-rio, justamente quando se sabeque o direito que mais interessa o que realizado pacificamente,o que torna desnecessria a ida aoFrum, o direito a ter direitos. a capacitao para a cidadania. o foco na soluo do problemado assistido e no no ajuizamentode ao judicial.

    Ocorre que a igualdade perpetra-da pela Defensoria ainda incomo-da a muitos e, por conseqncia aefetiva estruturao da DefensoriaPblica um desafio e uma ne-cessidade candente que temimplicaes das mais diversas quetangenciam desde as polticas desegurana pblica, at a prpriaquesto da legitimidade do Esta-do Democrtico de Direito nohavendo como se falar em exer-ccio de cidadania sem que seinstrumentalize a salvaguarda de

    todos os outros direitos previstosem nosso sistema jurdico, basea-do na igualdade e que impe apresena efetiva da DefensoriaPblica.

    Preocupada com a fidelidade deseus membros ao cumprimentoefetivo de suas obrigaes institu-cionais que a Defensoria teminvestido na capacitao perma-nente de seus quadros, bemcomo fortalecendo a Corregedo-ria e priorizado um canal perma-nente de comunicao com a im-prensa e com os movimentos so-ciais (h, inclusive, no projeto dealterao da Lei Orgnica daDefensoria Pblica, a criao daouvidoria externa, com cargo a serocupado pela sociedade civil).

    Uma realidade mais justa e iguali-tria possvel e urgente, no sonho ou utopia, mas meta a seralcanada. Se aps a segundagrande guerra dissssemos queum cidado francs entrariatranquilamente no territrio ale-mo, seramos chamados de ut-picos ou alienados, e hoje, a UnioEuropia uma realidade. Se em75 dissssemos que em 88 tera-mos a Constituio Cidad noseramos levados a srio... poss-vel, sim, termos um Sistema deJustia forte e eficiente, capazde cumprir sua misso.

  • 11A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

    Quais so ascarreiras jurdicas?Carreiras jurdicas so aquelas,exercidas privativamente por ba-charis em direito, que trabalhamno Sistema de Justia, assim enten-dido como aquele formado pelaMagistratura e pelas Funes Essen-ciais Justia, a saber o MinistrioPblico, Defensoria Pblica, advo-gados privados e integrantes dascarreiras da Advocacia Pblica, deacordo com os Captulos III e IV doTtulo IV da Constituio.

    Juiz d parecer?No. O Juiz tem a funo de decidiralgo em processos judiciais. O Juizde primeiro grau (que atua juntoaos Fruns, Juizados Especiais, etc.)pode dar um despacho, que umadeciso tomada no curso do pro-cesso ou sentena, que a decisofinal do processo. Assim, por exem-plo, se o Juiz concedeu uma limi-nar (deciso dada no incio do pro-cesso), ele a deu por meio de des-pacho. Se o Juiz decidiu algo emum processo de forma final (nonecessariamente definitiva, vez quepode caber recurso), ele deu umasentena.

    Promotor d sentena?No. O Promotor, que um mem-bro do Ministrio Pblico, d pare-

    cer em processos cveis. O parecer a opinio do Ministrio Pblico so-bre como deve ser julgado o pro-cesso, que depois ser analisadapelo juiz. Isso na rea cvel, pois narea criminal geralmente o Promo-tor de Justia no d parecer, ele parte do processo, representando ointeresse da sociedade. Apenas noscrimes de ao penal privada o Pro-motor d parecer. A ao penal pri-vada aquela em que fica a critriodo ofendido ajuizar ou no a quei-xa, como nos casos de difamao,calnia e injria. No caso da aopenal pblica, o ofendido no deci-de se a queixa ser levada para fren-te, pois essa a obrigao do Minis-trio Pblico. A maioria dos proces-sos criminais desse tipo, como oshomicdios, furto, roubo, estuprocom violncia, etc.

    PerguntasFrequentes

  • 12 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

    De quem a culpa damorosidade da Justia?A morosidade da Justia um pro-blema complexo, gerado por umasrie de elementos. Entre eles po-demos citar: falta de pessoal sufici-ente para exercer as funes neces-srias ao trmite de um feito, a buro-cratizao dos processos e procedi-mentos, a falta de informaes claraspara a populao sobre como o sis-tema funciona e, portanto, como elepode melhor usufruir dele, entre ou-tros muitos fatores. Isto tudo soma-do cria uma srie de gargalos, comose em diversos momentos do tr-mite de um feito fosse necessrioum esforo para que ele siga seucurso normal at a resoluo finalda questo. Isto porque um pedidofeito na Justia depende do cum-primento de diversas formalidades(peties, ofcios, mandados, audi-ncias, etc.) e do trabalho de in-meros profissionais para que seja

    analisado, deferido (se for o caso) eexecutado. Se um nico setor res-ponsvel por estes encaminhamen-tos sofre com os sintomas acima des-critos, j pode prejudicar todo o per-curso para se chegar respostaalmejada pelo cidado.

    Quem so osoperadores do Direito?Quem termina uma faculdade deDireito tem o ttulo de bacharel.Caso seja aprovado no exame daOAB, torna-se advogado. Os opera-dores do Direito so as pessoas que,seja por meio da advocacia privada,seja por meio de concurso pblicopara o ingresso nas carreiras jurdi-cas participa do sistema de Justiaexercendo as funes previstas paracada cargo. Assim, so operadoresdo Direito os membros do Minist-rio Pblico (Promotores, Procurado-res de Justia, Procuradores da Re-pblica e Procuradores do Trabalho),os membros do Poder Judicirio(Juzes, Desembargadores, Ministrosde Tribunais Superiores), DefensoresPblicos (Estaduais e da Unio), Ad-vogados particulares e pblicos.

    Quem o procurador?Qual a diferena entreProcuradoria de Justia,Procuradoria do Estado,Procuradoria do Muni-cpio, Procuradoria daRepblica e Procura-doria do Trabalho?A distino que deve ser feita en-

  • 13A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

    tre o Ministrio Pblico e a Advoca-cia Pblica, j conceituada emquesto anterior. De acordo com oartigo 127 da Constituio Federal,o Ministrio Pblico a instituioessencial funo jurisdicional doEstado, incumbindo-lhe a defesa daordem jurdica, do regime demo-crtico e dos interesses sociais e in-dividuais indisponveis. J a Procu-radoria de Justia a parte do Mi-nistrio Pblico Estadual que atuano 2 grau de jurisdio. A Procura-doria da Repblica o nome que sed ao Ministrio Pblico Federal queatua em qualquer grau de jurisdio.Na esfera federal, importante notarque o nome do profissional no Promotor da Repblica (como naseara estadual), mas sempre Procu-rador da Repblica. A Procuradoriado Trabalho a parte do MinistrioPblico Federal que atua especifica-mente na seara trabalhista. Os Pro-curadores do Estado e do Munic-pio so advogados pblicosconcursados para representar osinteresses do estado e municpio,respectivamente. A mesma funo exercida na rea federal peloschamados Advogados da Unio.

    Qual a diferena entreProcurador de Justia ePromotor de Justia?O Promotor de Justia o membrodo Ministrio Pblico Estadual queatua no 1 grau de jurisdio (em va-ras de Frum, Juizados, etc.). O Pro-curador de Justia o membro doMinistrio Pblico Estadual que atua

    no 2 grau de jurisdio (Tribunaisde Justia) e Tribunais Superiores.

    Qual a diferena entreDireitos individuaisdisponveis eindisponveis?Os direitos indisponveis so direi-tos que, por sua importncia e im-pacto na vida social, no podem serobjeto de desistncia, acordo oubarganha por parte do detentordeste direito. So exemplos de di-reitos indisponveis o direito aonome, vida, honra, liberdade.Assim, por exemplo, se uma meingressa com ao de investigaode paternidade de seu filho, ela nopode mais desistir da demanda, porse tratar de um direito indisponvelda criana, qual seja, o direito depersonalidade ligado paternidadediscutida no processo. Os direitosdisponveis so aqueles para os

  • 14 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

    quais existe a possibilidade dodetentor do direito dispor deforma mais livre, a exemplo dosdireitos patrimoniais. Uma pessoapode, por exemplo, perdoar umadvida que no seja de naturezaalimentar sem interferncia dopoder pblico.

    Qual a funo deum advogado e deum Defensor Pblico?O advogado algum com forma-o tcnica e licena do rgo declasse (OAB) para defender, demodo privado, os interesses e direi-tos em processos judiciais. Esse ochamado advogado particular. Exis-te tambm o advogado concursa-do para defender o interesse do Es-tado e de suas entidades, que exer-ce o que se denomina de advocaciapblica. O Defensor Pblico atuaem processos daqueles que notm capacidade econmica de pa-gar assessoria jurdica particular,mas ele tambm tem atribuies

    que vo alm da seara judicial, aexemplo das aes de mediao deconflitos, atuao em delegacias depolcia, presdios, aes civis pbli-cas (ver conceito no glossrio), de-fensor dos direitos da criana, doadolescente, dos idosos, da pessoacom deficincia, curadoria de au-sentes e incapazes, na insero nascomunidades prevenindo conflitos,alm das iniciativas ligadas educa-o para cidadania (campanhas deesclarecimento de direitos). Pela de-sigualdade entre ricos e pobres,para que estes possam ter realmen-te acesso Justia preciso umainstituio una, forte, autnoma,que atue articulando as foras p-blicas e privadas para resolver oproblema do pobre. Foi esta a op-o da nossa Constituio. porisso que o Defensor tem, por exem-plo, o poder de requisio.

    O que advocacia pblica?De acordo com a Constituio Fe-deral, a advocacia pblica englobaos advogados que prestaram con-curso pblico para defender os in-teresses de rgos ou entidades p-blicas ou o prprio Estado, a exem-plo dos Procuradores Federais (ex:procurador do Ibama, da Funasa,etc.), Procuradores do Estado, doMunicpio, Advogados da Unio, etc.

    E o que advocaciavoluntria, dativae probono?O advogado dativo nomeado

  • 15A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

    pelo Juiz para acompanhar um pro-cesso, na falta de Defensor Pblicoou de advogado particular constitu-do pela pessoa que autora ou rem um processo judicial. J o advo-gado voluntrio ou probono algum que se prope a exerceras atividades de advogado em umprocesso sem cobrar honorrios,ou seja, como uma doao deseus servios.

    Qual a diferena entrecitao e intimao?Citao a primeira convocao dequem responde a um processo paravir se defender. No processo crimi-nal, essa defesa se d por meio dadefesa prvia. No processo civil, sed por meio da contestao. J a in-timao a convocao de quem jfoi citado para praticar quaisquer ou-tros atos no processo. Ex.: participarde uma audincia, submeter-se auma percia, trazer documentos, etc.

    O que segredode Justia e qual sua funo?O Cdigo de Processo Civil determi-na, em seu artigo 155, que os atosprocessuais so pblicos, no entan-to, os processos correm em segredode justia nos casos em que o inte-resse pblico exigir (ex.: casos degrande repercusso) ou nos que di-zem respeito a casamento, filiao,separao de cnjuges, conversodesta em divrcio, alimentos eguarda de menores. No primeirocaso, o segredo de justia visa pre-

    servar a ordem pblica e, no segun-do, que envolve aes de direito defamlia, o objetivo da lei preservara intimidade das pessoas envolvi-das no processo. Os autos destesprocessos correro em segredo deJustia para que somente as partese seus advogados tenham acessoao contedo do processo; da mes-ma forma, as audincias transcorre-ro somente com a presena doJuiz, Promotor, Defensor, advoga-dos e das partes.

    Qual a importnciada corregedoria daDefensoria Pblica?O papel da corregedoria exercerum eficaz controle do devido exer-ccio do trabalho dos DefensoresPblicos. No Cear, est se fortale-cendo ainda mais a corregedoriapara que se tenham uma Defen-soria Pblica forte. Mas ela no tra-balha sozinha. Por isso, necessrioque qualquer problema com a Insti-tuio seja comunicado correge-doria pela sociedade civil, para quesejam apurados os responsveis eas devidas providncias tomadas.

    Fique de olho:Recursos so interpostos.Exemplo: Apelao, Agravo, RecursoEspecial, Recurso Extraordinrio

    Aes so propostas.Exemplo: Ao Civil Pblica, Ao Popular,Ao de Despejo e Ao de Alimentos

    Mandado de Segurana, de Injuno,Habeas Corpus e Habeas Data so impetrados

  • 16 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

    Ao civil pblica um Ins-trumento processual, previsto naConstituio Federal e em leis infra-constitucionais, de que podem se va-ler a Defensoria Pblica e outras enti-dades legitimadas para a defesa deinteresses difusos, interesses coletivose interesses individuais e homogne-os. Alm da Defensoria Pblica, tmlegitimidade para propor ao civilpblica o Ministrio Pblico, a Unio,os Estados, o Distrito Federal e os Mu-nicpios; autarquia, empresa pblica,fundao ou sociedade de econo-mia mista; a associao que, conco-mitantemente: esteja constituda hpelo menos um ano nos termos dalei civil; inclua, entre suas finalidadesinstitucionais, a proteo ao meioambiente, ao consumidor, ordemeconmica, livre concorrncia ouao patrimnio artstico, esttico, his-trico, turstico e paisagstico.

    Ao popular o meio pro-cessual a que tem direito qualquercidado que deseje questionar judi-cialmente a validade de atos queconsidera lesivos ao patrimnio p-blico, moralidade administrativa,ao meio ambiente e ao patrimniohistrico e cultural. o caso, porexemplo, de aes propostas por ci-dados que questionem formaode cartis em licitao, desvio deverba, concesso irregular de licenaAmbiental, etc. O cidado prope

    Um poucode juridiqus

    essa ao por meio de advogado par-ticular ou de defensor pblico.

    Antecipao de tutelaTambm chamada de tutela ante-cipatria, ocorre quando o juiz con-cede o pedido do autor da ao an-tes do julgamento definitivo da cau-sa. Quando a antecipao de tutela concedida no comeo de um proces-so, diz-se que foi concedida por meiode uma deciso liminar. Essa cesso provisria, podendo ser confirmadaou revertida no final do processo.

    Agravo de instrumento um recurso usado por quem se sen-tir prejudicado no processo contrauma deciso do juiz antes do julga-mento da causa, como o caso deuma deciso que concede ou negauma antecipao de tutela, que negaa realizao de uma prova, dentre ou-tros. O agravo de instrumento jul-gado pelos desembargadores aomesmo tempo em que o processocontinua a correr na vara do juizcontra quem foi usado o recurso.

    Agravo retido idntico aoagravo de instrumento. A diferena que s julgado pelos desembar-gadores depois do julgamento finalda causa pelo juiz original, e antes dojulgamento da apelao (ver tpico).Atualmente, no processo civil, a regra que contra decises interlocutrias

  • 17A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

    (ver tpico) caiba agravo retido.A exceo so os agravos de instru-mento, para que os recursos notornem mais lentos o andamentodo processo.

    Apelao um recurso usadopor quem perde no julgamento finalda causa. Esse recurso leva a causapara um segundo julgamento, destavez pelos desembargadores do tri-bunal de justia. Quem perder nosegundo julgamento, s poder usarrecurso especial ou recurso extraor-dinrio (ver tpicos).

    Deciso interlocutria uma deciso do juiz antes do julga-mento da causa, como o caso deuma deciso que concede ou negauma antecipao de tutela, quenega a realizao de uma prova, queconcede, de imediato, penso ali-mentcia, que ordena de imediato, ainscrio provisria em concurso p-blico, dentre outros. diferente deuma sentena, deciso que terminao processo julgando a causa. Contraessa deciso, cabe agravo de instru-mento (ver tpico).

    Recurso Extraordinrio o recurso para o Supremo TribunalFederal. Pretende discutir se uma lei,um tratado internacional ou um atode governo est de acordo com aConstituio Federal. No julgamentodesse recurso, fica decidido se essalei, tratado ou ato de governo devecontinuar prevalecendo ou no.

    Recurso Especial o recursopara o Superior Tribunal de Justia.Pretende discutir se uma deciso ju-dicial est de acordo com a lei fede-ral. Tambm decide qual a corretainterpretao da lei federal quandoos Tribunais de Justia dos estados ainterpretam de maneira diferente.

    Petio inicial o primeiro atodo processo, em que um advogadoou defensor pblico ir, por meio deuma srie de formalidades (qualifi-cao da pessoa pelo nome, estadocivil, profisso, etc.), relatar os fatosocorridos ao Juiz, analisar os fatos edireitos envolvidos luz da lei, juris-prudncia (deciso dos juzes ouTribunais que, repetidas, se tornamum entendimento jurdico de de-terminada questo) e doutrina(produo cientfica acerca do Di-reito) para, ao final, fazer um pedidoao Judicirio (por exemplo, pedidode despejo de um locatrio que estinadimplente).

    Sentena a deciso que termi-na o processo. O ideal que ela re-solva o mrito, ou seja, decida quemest com o bom direito. Quandoisso acontece, s cabe apelao con-tra ela. Quando ela no resolve omrito, pode ser proposta uma novapetio inicial com o mesmo pedidoe as mesmas razes do pedido quefoi extinto. o caso de processosextintos pela no juntada de docu-mentos, pelo no pagamento decustas processuais, etc.

  • 18 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

    A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA -MANUAL PARA JORNALISTASUma publicaoAssociao Nacional dos Defensores Pblicos (ANADEP) eAssociao dos Defensores Pblicos do Estado do Cear (ADPEC)

    ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS - ANADEPEndereo: SCS Quadra 01 - Bloco M - Ed. Gilberto Salomo - Conj. 1301Braslia - DF - CEP: 70305-900 - Fone/Fax: (61) 3963 1747 / 3039 1763

    ASSESSORIA DE COMUNICAO SOCIALJornalista Responsvel: Luzia Cristina GiffoniFone: (61) 9333 1036 - E-mail: [email protected]: www.anadep.org.br

    DIRETORIAPresidente: Andr Luis Machado de Castro (RJ)Vice-Presidente: Mariana Lobo Botelho de Albuquerque (CE)1 Secretrio: Lenir Rodrigues Luitgrads Moura (RR)2 Secretrio: Joo Castelo Branco de Vasconcelos Neto (PI)1 Tesoureiro: Edvaldo Ferreira da Silva (DF)2 Tesoureiro: Laura Fabola Amaral Fagury (BA)Diretor de Relaes Internacionais: Fernando Antnio Calmon Reis (DF)Diretor para Assuntos Legislativos: Cristiano Vieira Heerdt (RS)Diretor Jurdico: Clvis Roberto Soares Muniz Barreto (AM)Diretor Acadmico-Institucional: Antnio Jos Maffezoli Leite (SP)Diretor de Eventos: Maria de Belm Batista Pereira (PA)

    COORDENAO REGIONAISNorte - Clvis Roberto Soares Muniz Barreto (Associao dos Defensores Pblicos do Amazonas)Nordeste - Edmundo Antnio de Siqueira Campos Barros(Associao dos Defensores Pblicos do Estado de Pernambuco)Sul - Cristiano Vieira Heerdt (Associao dos Defensores Pblicos do Rio Grande do Sul)Sudeste - Gustavo Gorgosinho (Associao dos Defensores Pblicos de Minas Gerais)Centro-Oeste - Fabio Rogrio Rombi da Silva(Sindicato dos Defensores Pblicos do Estado de Mato Grosso do Sul)

    ASSOCIAO DOS DEFENSORES PBLICOS DO ESTADO DO CEAR - ADPECAv. Santos Dumont, 1740 - Sala 1008 - Aldeota - Fortaleza - CE - CEP: 60150-160Fone: (85) 3268 2988 - Fax: (85) 3261 7858 - Site: www.adpec.org.br

    ASSESSORIA DE COMUNICAO SOCIALJornalista Responsvel: Andra Melo (MTE CE01428JP)Fone: (85) 3268 2988 / 9991 5077E-mail: [email protected] - Site: www.adpec.org.br

    Redao e EdioAndra Melo (MTE CE01428JP)

    ColaboraoAmlia Rocha, Emerson Castelo Branco, Isabelle Menezese Luis Eduardo Giro Mota (Defensores Pblicos do Cear)

    Concepo Grfica e Design EditorialGMS Studio / Glaymerson Moises (MTE CE01638JP)

  • 19A DEFENSORIA E O SISTEMA DE JUSTIA - MANUAL PARA JORNALISTAS

  • 20 ASSOCIAO NACIONAL DOS DEFENSORES PBLICOS

    DEFENSOR PBLICOPARA QUEM PRECISA,JUSTIA PARA TODOS.

    www.anadep.org.br

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