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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ KAROLINE KÁSSIA PETRUNKO DA SILVA A DEFENSORIA PÚBLICA E O ACESSO À JUSTIÇA COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL DE TODOS CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

KAROLINE KÁSSIA PETRUNKO DA SILVA

A DEFENSORIA PÚBLICA E O ACESSO À JUSTIÇA COMO UM

DIREITO FUNDAMENTAL DE TODOS

CURITIBA

2013

KAROLINE KÁSSIA PETRUNKO DA SILVA

A DEFENSORIA PÚBLICA E O ACESSO À JUSTIÇA COMO UM

DIREITO FUNDAMENTAL DE TODOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel. Orientadora: Prof.ª Beatriz França

CURITIBA

2013

TERMO DE APROVAÇÃO

KAROLINE KÁSSIA PETRUNKO DA SILVA

A DEFENSORIA PÚBLICA E O ACESSO À JUSTIÇA COMO UM

DIREITO FUNDAMENTAL DE TODOS

Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do título de Bacharel no Curso de Bacharelado em Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ______de ___________________ de 2013.

________________________________

Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Monografia

Universidade Tuiuti do Paraná

__________________________________________ Orientadora: Professora Beatriz França

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.__________________________________________

Prof.__________________________________________

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente aos meus pais, pelo colo, pela força, pela coragem e

principalmente pela educação que me proporcionaram. Obrigada por não terem

medido esforços para que eu terminasse mais essa fase da minha vida. Amo vocês.

Ao meu eterno amor Lucas, por ter me ensinado a amar, mais do que um dia

pensei que fosse capaz. Obrigada pelo apoio e compreensão. Nosso futuro começa

agora.

A Professora e orientadora Beatriz França, pelos inestimáveis ensinamentos,

dedicação e paciência. Será lembrada por toda minha vida.

Ao Dr. Diego Antonio, Defensor Público Federal, por ser o melhor chefe que

alguém possa ter. Obrigada pela ajuda e compreensão.

A todos os meus amigos que de alguma forma colaboraram para o

desenvolvimento desse trabalho. Obrigada pelas orações e torcida.

E principalmente ao meu amado Deus, por ter me dado força e coragem

para chegar até aqui. Sem Ele nada disso estaria se realizando.

“Para encontrar a justiça, é necessário ser – lhe fiel; ela, como todas as divindades, só se manifesta em quem nela crê”.

Calamandrei

RESUMO

O presente trabalho visa explorar os aspectos do direito constitucional fundamental

do acesso à justiça, bem como o papel da Defensoria Pública para que esse se

concretize. O que se pretende, em sentido amplo, é analisar a atuação da

Defensoria Púbica como meio de se alcançar a justiça social. Para isso, num

primeiro momento, tratou-se do estudo teórico sobre o direito do acesso à justiça,

avaliando seu histórico, seu conceito e as barreiras que impedem sua efetivação.

Em seguida, examinou-se a Defensoria Pública, sua evolução, suas características,

sua realidade e seus projetos, com o escopo de demonstrar como a Instituição

trabalha para assegurar o acesso da ordem jurídica justa. Ao final completou-se o

estudo ponderando a relação e a importância da Defensoria Pública para com o

princípio em comento. Diante disso, conclui-se que, apesar da Defensoria Pública

ser a instituição incumbida pela Constituição Federal de 1988 de conferir acesso à

justiça aos necessitados, ainda hoje deve superar diversas dificuldades para cumprir

com sua missão constitucional de forma eficaz.

Palavras-chave: Acesso à Justiça. Defensoria Pública. Direito Fundamental.

Efetividade. Assistência Jurídica.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

1 DO ACESSO À JUSTIÇA ...................................................................................... 10

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS – BREVE HISTÓRICO ......................................... 10

1.2 CONCEITO DE ACESSO À JUSTIÇA ................................................................ 12

1.3 O DIREITO CONSTITUCIONAL FUNDAMENTAL DO ACESSO À JUSTIÇA .... 13

1.4 AS “BARREIRAS” DO ACESSO ......................................................................... 15

1.4.1 Custas processuais .......................................................................................... 15

1.4.2 Possibilidade das partes................................................................................... 15

1.4.3 Os problemas especiais dos interesses difusos ............................................... 16

1.5 JUSTIÇA GRATUITA...... .................................................................................... 17

1.6 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA ................................................................................ 17

1.7 ASSISTÊNCIA JURÍDICA...... ............................................................................. 18

2 A DEFENSORIA PÚBLICA .................................................................................. 19

2.1 ORIGEM E HISTÓRIA DA DEFENSORIA PÚBLICA NO BRASIL ...................... 19

2.2 A LEGISLAÇÃO: CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEIS ESPECÍFICAS ............... 21

2.3 PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS .......................................................................... 23

2.4 O DEFENSOR PÚBLICO .................................................................................... 24

2.4.1 Atribuições ........................................................................................................ 25

2.4.2 Garantias .......................................................................................................... 26

2.4.3 Prerrogativas .................................................................................................... 27

2.4.4 Proibições ......................................................................................................... 28

2.5 DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO ................................................................. 29

2.6 DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO .............................................................. 29

2.7 O ASSISTIDO .................................................................................................... 30

2.8 A REALIDADE INSTITUCIONAL E OS DESAFIOS DA DEFENSORIA PÚBLICA

E DOS DEFENSORES PÚBLICOS .......................................................................... 31

2.9 PROJETOS DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO QUE FORTALECEM SEU

FUNCIONAMENTO ................................................................................................... 34

3 A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE A DEFENSORIA PÚBLICA E O ACESSO À

JUSTIÇA ................................................................................................................... 36

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 38

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40

ANEXOS ................................................................................................................... 43

8

INTRODUÇÃO

A busca e o reconhecimento da garantia constitucional dos direitos

fundamentais, certamente são os grandes desafios de um Estado Democrático de

Direito. Neste sentido, a Constituição Federal de 1988 apresenta um extenso rol de

direitos individuais, sociais, coletivos e difusos, que representariam premissas

essenciais a uma digna existência humana.

Os direitos fundamentais funcionam como verdadeiras garantias aos

indivíduos em face das ações violadoras, por parte do Estado ou por particulares.

Desta forma, diante da vasta gama de direitos fundamentais e da ampla

necessidade de protegê-los, deve o Estado propiciar instrumentos eficazes que

estejam ao alcance de todos, objetivando a eficácia constitucional de tais direitos.

Insurge o acesso à justiça, colacionado no artigo 5º, inciso LXXIV da Carta

Magna, como um dos mais importantes dos direitos, visto que, procura proteger os

demais.

Entretanto, o acesso à ordem justa infelizmente ainda não é privilégio de

todos, mas de uma pequena minoria de pessoas dotadas de recursos financeiros.

Neste esteio surge a Defensoria Pública como forma de permitir aos pobres o efetivo

acesso à tutela jurídica, buscando soluções no âmbito judicial ou extrajudicial.

A Defensoria Pública aparece como real defensor dos hipossuficientes,

daqueles que não apresentam condições financeiras aceitáveis para arcar com os

honorários de um advogado, assim como pagar os elevados custos de um processo.

Diante disso, a pesquisa em tela busca responder às seguintes questões: O

que é efetivamente o direito do acesso à justiça? Porque é considerado como um

direito fundamental? A Defensoria Pública alcança a todas as pessoas

necessitadas? A Defensoria Pública dispõe hoje de estrutura e recursos

minimamente suficientes para enfrentar a importante missão que lhe foi confiada?

Qual a relação existente entre a Defensoria Pública e o acesso à justiça?

Frente a isso, o primeiro capítulo do estudo propõe uma análise

especificamente sobre o acesso à justiça. Aborda seu desenvolvimento em nosso

ordenamento jurídico, desde os primórdios, onde o Estado parecia não se preocupar

em abolir a incapacidade que as pessoas carentes possuam de discutir seus direitos

perante o Poder Judiciário, até a atualidade, onde é reconhecido como um direito

fundamental. Trata de seu conceito, que como se verifica, não pode ser resumido

9

em acesso ao Judiciário e ao processo, mas sim como um acesso à ordem justa e

solidária. Analisa-se o porquê de ser considerado como um direito fundamental, bem

como as barreiras que devem ser transpostas para que realmente se efetive. Por

fim, faz-se distinção entre a assistência judiciária, assistência jurídica e a justiça

gratuita, que são, por vezes, erroneamente confundidas.

O segundo capítulo declina-se sob uma abordagem da Defensoria Pública

enquanto instituição. Analisa-se a visão histórica; sua previsão legal; os princípios

institucionais que a regulam; as atribuições, garantias, prerrogativas e proibições dos

Defensores Públicos; a diferença na questão prática da Defensoria Pública da União

e da Defensoria Pública do Estado; quem pode atualmente ser beneficiário dos

serviços prestados; a realidade em que se encontra e por fim, os projetos que a

Defensoria Pública da União desenvolveu para trazer a justiça cada vez mais

próxima dos necessitados.

O último capítulo explora a relação clara existente entre a Defensoria Pública

e o direito do acesso à justiça, apresentando a importância que a Instituição tem

para concretizá-lo. Em nada adiante ter direitos lastreados pela Constituição Federal

se estes não forem colocados em prática, à disposição dos cidadãos, titulares

legítimos desses direitos fundamentais.

Ao final, são expostas as conclusões deste trabalho, refletindo sobre a

efetividade do acesso à justiça, o papel da Defensoria Pública e o retrato da

instituição no país.

10

1 DO ACESSO À JUSTIÇA

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS - BREVE HISTÓRICO

O acesso à justiça pode ser entendido como uma busca interminável de se

garantir a todos os indivíduos, principalmente àqueles menos favorecidos, que ao

buscarem seus direitos tenham estes efetivamente garantidos e cumpridos.

Desde o início da formação das sociedades, avista-se uma enorme

desigualdade firmada nas comunidades, pois nem todas as pessoas possuíam

direitos iguais e muito menos, acesso justo e digno as poucas garantias que tinham

para exigir.

Entretanto, é somente nos Estados Liberais, dos Séculos XVIII e XIX, que

podemos verificar os primeiros indícios do acesso à tutela jurídica, onde a proteção

judicial era sobrevinda, essencialmente, de um direito formal, pelo motivo der ser

considerado um direito natural e anterior ao Estado. Diante disso, tal entidade não

media esforços algum para proteger e efetivar tal direito, mas apenas exigia que o

“acesso à justiça formal” não fosse rompido por outros direitos.

O Estado não se preocupava em acabar com a incapacidade que as

pessoas hipossuficientes tinham de pleitear seus direitos perante o Judiciário. A

justiça do laissez-faire1 não favorecia a todos, pois só era auferida por aqueles que

possuíam condições econômicas para arcar com seus custos. Assim, chega-se a

conclusão de que embora houvesse a previsão de igualdade de direito, ela não

alcançava a totalidade.

Ao passo em que houve o desenvolvimento das sociedades do laissez-faire

e após 1948, com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), os direitos

humanos passaram a ser olhados de forma diferente. Deixou-se de lado a visão

individualista para se ter uma visão mais coletiva dos direitos. Passou-se então a

perceber que a atuação do Estado era papel imprescindível para que fossem

garantidos os direitos de todos os cidadãos, incluindo-se o efetivo acesso à justiça.

Foi na Década de 60 que o movimento para consolidação da acessibilidade

à jurisdição começou a tomar corpo. Foram três os posicionamentos que emergiram

para que houvesse a efetividade desse direito: “primeira onda”- assistência judiciária

1 Sistema de Estado onde o mercado deveria funcionar livremente, sem interferência.

11

para os pobres; “segunda onda”- representação dos interesses difusos; e “terceira

onda”- do acesso à representação em juízo a uma concepção mais ampla de acesso

à justiça. Um novo enfoque de acesso à justiça. (CAPELLETI, 1988).

A “primeira onda” trata dos esforços despendidos para facilitar o acesso dos

pobres à justiça, averiguando vários modelos de prestação de assistência judiciária

aos menos favorecidos.

A “segunda onda” por sua vez, surgiu da necessidade de se procurar

solucionar os interesses difusos, ou coletivos da população.

Já a “terceira onda”, com medidas renovadoras e reformistas, é firmada no

posicionamento de tornar o acesso à justiça mais acessível, através da simplificação

dos processos e meios alternativos de resolver as lides, tornando-se assim este

mais célere e justo.

No Brasil, a primeira Constituição Federal a tratar sobre o direito do acesso à

justiça, foi a do ano de 1934, em seu artigo 113, que previa:

Art. 113 – A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:

[...] 32) A União e os Estados concederão aos necessitados assistência judiciária, criando, para esse efeito, órgãos especiais assegurando, a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos. (BRASIL, 2013, página única).

Porém, com a promulgação da Constituição Federal de 1937, a assistência

jurídica deixou de ter tratamento Constitucional. Está só veio a recuperar seu status

na Carta Magna de 1946, com o art. 141, § 35:

Art 141 - A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: [...] § 35 - O Poder Público, na forma que a lei estabelecer, concederá assistência judiciária aos necessitados. (BRASIL, 2013, página única).

Tal tratamento também foi confirmado na Lei Maior de 1967, bem como pela

Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969.

Contudo, foi somente com o advento da Constituição Federal de 1988, que o

direito do acesso à justiça passou a ser efetivamente assegurado pelo Estado. Tal

12

Constituição inovou elevando à categoria de direito fundamental a obrigação do

Estado de prestar assistência jurídica, integral e gratuita a todos que demonstrarem

não possuir recursos, neste sentido o art. 5º, inciso LXXIV:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; (BRASIL, 2013, página única).

1.2 CONCEITO DE ACESSO À JUSTIÇA

Quando se fala em acesso à justiça, a primeira ideia que nos vem à mente é

a promoção aos Fóruns e Tribunais procurando-se assegurar direitos e exigir

deveres. Entretanto, tal instituto não significa simplesmente o direito de ingressar no

sistema Judiciário e ao processo, mas sim o acesso à ordem justa e solidária. É o

acesso a uma determinada ordem de valores e direitos fundamentais para o ser

humano.

Conforme ponderam Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini

Grinover e Cândido R. Dinamarco (1996, p. 34), o acesso à justiça não é apenas

admissão processual. Mais do que isso, para que ele se materialize é imprescindível

à possibilidade de ingresso de um maior número de pessoas na demanda,

garantindo-se a estas o cumprimento das regras do devido processo legal, para que

possam, assim, participar intensamente da formação do convencimento do juiz e

exigir dele a efetividade de uma participação em diálogo, sempre visando uma

solução justa.

Segundo MAURO CAPELLETI:

A expressão acesso à justiça é reconhecidamente de difícil definição, mas serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico- o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. Primeiro o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos. (1988, p. 8).

De acordo com Augusto Tavares Rosa Marcacini:

13

Por acesso à justiça, assim, não se resume o mero ingresso em juízo. Outros fatores mais se fazem necessários, a fim de que, ingressando em juízo, do processo resulte uma solução justa para o conflito. (1996, pg. 20).

A expressão acesso à justiça traz um amplo significado. Inicia-se da ideia do

ingresso em juízo pelo indivíduo, passa para a compreensão de que se utiliza o

processo como meio para realização dos direitos individuais, até chegar ao mais

largo, que diz respeito a uma das funções competentes ao Estado, qual seja,

proporcionar a concretização da justiça a todos os cidadãos.

Desta forma, o direito da acessibilidade, não significa somente o ingresso no

Judiciário, mas também o acesso a uma prestação jurisdicional completa. A

Constituição Federal, bem como diversas leis ordinárias, trazem sempre em

destaque princípios e garantias (individuais e coletivas), que unidos, constituem o

caminho da ordem jurídica justa. O acesso à justiça está como ideia central neste

caminho, para transformar essas garantias concretamente em direitos efetivados.

1.3 O DIREITO CONSTITUCIONAL FUNDAMENTAL DO ACESSO À JUSTIÇA

Sob a perspectiva clássica, um direito fundamental é o instrumento de

proteção do indivíduo frente ao Estado.

Em seu significado lexical, o vocábulo “fundamental”, significa “o que serve

de fundamento: a pedra fundamental; que tem caráter essencial: verdade

fundamental”. Tal conceito não se afasta do sentido dado à palavra na esfera

jurídica.

Os direitos fundamentais do homem representam a base de inúmeras

normas jurídicas ligadas à liberdade e à dignidade da pessoa humana. São aqueles

direitos inerentes ao ser humano, reconhecidos e positivados no âmbito do direito

constitucional.

Tais direitos estão previstos na atual Constituição Federal, promulgada em 5

de outubro de 1988, do artigo 5º ao 17, catalogados sob o Título II- Dos Direitos e

Garantias Fundamentais - estes são vistos no sentido formal, conforme

entendimento de Luiz Guilherme Marinoni . Entretanto, cumpre ressaltar que o § 2º

do artigo 5º da CF, permite que outros direitos, ainda que não estejam expressos na

Constituição Federal, sejam reconhecidos como direitos fundamentais em sentido

material.

14

Art. 5º [...] § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. (BRASIL, 2013, página única).

Diante disso, o primeiro ponto de partida para se afirmar que o acesso à

justiça trata-se de um direito fundamental, é a consagração na Constituição Federal,

a qual se dá no artigo 5º, inciso LXXIV, que dispõe: “o Estado prestará assistência

jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.

(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, BRASIL, 2013).

É o acesso à justiça um direito fundamental e de imensa importância, pois é

através dele que se consegue realizar os demais direitos fundamentais; é ele o

garantidor dos outros direitos. Integra o rol dos direitos fundamentais do homem, de

modo a efetivar o princípio da dignidade humana, fundamento constitucional do

Estado Democrático de Direito.

Na lição de José Chicocki Neto podemos concluir que:

O acesso à justiça recebeu dos constituintes de nossa época um tratamento assemelhado ao direito à vida, à liberdade, à honra e a tantos outros relativos ao direito da personalidade do homem erigindo-o à categoria de garantia e princípio constitucional, juntamente com os instrumentos próprios para sua concreção. (2001, p. 80).

A partir da premissa de que sem uma positiva atuação do Estado não se

conseguiria assegurar a efetividade dos direitos sociais básicos, o constituinte de 88

confere a todos a garantia do exercício do direito fundamental de acesso.

Realmente, não existe sentido em ter titularidade de direitos se não subsistir

mecanismos que possibilitem sua concretização; sendo assim, segundo Mauro

Cappelletti, o acesso à justiça o mais básico dos direitos humanos em um Estado

Democrático de Direito, haja vista que tal instituto busca não apenas proclamar os

direitos de todos, mas também efetivá-los.

No entanto, é cediço que o direito fundamental da acessibilidade, ainda hoje,

possui diversos obstáculos a serem superados para que haja sua efetiva

concretização.

15

1.4 AS “BARREIRAS” DO ACESSO

Apesar do acesso à justiça ser um direito fundamental, garantido

constitucionalmente, tem-se ainda hoje o desequilíbrio entre o acesso a garantia

formal e o acesso efetivo.

São vários os obstáculos que impedem o acesso da maioria da população à

justiça, fazendo com que a equidade não seja visível àqueles que dela necessitam.

Mauro Cappelletti e Bryant Garth (1998, p. 15), apontam diversas barreiras

que dificultam o acesso à justiça, e as elencam em três grupos: a) as custas

judiciais; b) as possibilidades das partes; e c) os problemas especiais dos interesses

difusos.

1.4.1 Custas processuais

O elevado custo para a solução formal dos conflitos, englobando as custas

processuais e os honorários advocatícios, constituem um dos maiores problemas do

acesso à justiça. Esses gastos muitas vezes se aproximam ou até mesmo superam

o valor econômico do objeto litigioso - nos casos de pequenas causas. Desta forma,

não são todos que podem arcar com tais custos, ficando assim o direito fundamental

mencionado distante principalmente das partes economicamente menos

favorecidas.

Outro fato que limita o acesso à justiça é a duração dos processos. A

morosidade existente no Poder Judiciário eleva as despesas das partes e acaba

compelindo os economicamente mais fracos a abandonarem as ações judiciais ou

se submeterem a acordos onde irão receber valores muito abaixo do que

efetivamente teriam direito.

Essa barreira também recebe o nome de obstáculo econômico.

1.4.2 Possibilidade das partes

A segunda barreira a ser transposta para que se efetive o direito do acesso à

justiça, é a questão da diferença de possibilidade existente entre as partes.

Não são todas as pessoas que podem arcar com as custas de um processo.

Segundo Cappelletti e Garth, “pessoas ou organizações que possuam recursos

16

financeiros consideráveis a serem utilizados têm vantagens óbvias ao propor ou

defender demandas” (1988, p. 21). Essas pessoas podem pagar para litigar, bem

como suportar a delonga do trâmite do processo.

A falta de recursos também é reunida com a falta de capacidade para

reconhecer um direito. Essa barreira é especialmente séria para os mais pobres,

entretanto, não afeta somente a estes. Até mesmo pessoas que possuem maior

grau de escolaridade e melhores condições financeiras, às vezes se deparam com

dificuldades de identificar seus direitos. Faltam a muitos, um conhecimento jurídico

básico.

Ademais, a declarada desconfiança nos advogados, coligada com a falta de

experiência com o Direito e diante dos Tribunais, também constitui uma verdadeira

limitação na acessibilidade à justiça. Litigantes que possuem maior contato com os

fóruns e tribunais têm numerosas vantagens em desfavor daqueles indivíduos que

costumam ter pouco contato com o sistema judicial.

1.4.3 Os problemas especiais dos interesses difusos

Interesses difusos são interesses ou direitos transindividuais, isto é, várias

pessoas indeterminadas são titulares, havendo uma relação entre estes, oriunda de

uma situação de fato.

Esse problema se torna uma barreira ao acesso à justiça porque, em muitos

casos, as ações privadas pleiteando direitos coletivos são rejeitadas, pois a máquina

governamental confia que pode proteger os interesses públicos e de grupos.

Cappelletti entende que é inadequado confiar apenas no Estado para a

proteção dos direitos difusos. É profundamente necessário, mas reconhecidamente

difícil, mobilizar energia provada para superar a fraqueza da máquina governamental

(1988, p. 28).

Conforme visto, diversas são as barreiras que afastam o acesso à justiça de

se tornar um direito efetivo. Muitas vezes, esses problemas estão inter-relacionados

um com os outros.

No Brasil, entretanto, algumas medidas foram tomadas para tentar eliminar

ou ao menos reduzir esses obstáculos. Uma delas foi a criação da Defensoria

Pública, que é um meio facilitador para as camadas menos favorecidas.

17

1.5 JUSTIÇA GRATUITA

Os conceitos de assistência judiciária, assistência jurídica e justiça gratuita

são habitualmente empregados como se sinônimos fossem. Entretanto

erroneamente. Tal desacerto vem, por muitas vezes, previsto nos próprios textos

legislativos, que utilizam as expressões como se apresentassem a mesma definição.

Cumpre aqui, e nos próximos dois tópicos, diferenciar cada uma das expressões.

Conforme explica Marcacini:

Por justiça gratuita, deve ser entendida a gratuidade de todas as custas e despesas, judiciais ou não, relativas a atos necessários ao desenvolvimento do processo e à defesa dos direitos do beneficiário em juízo. O beneficiário de justiça gratuita compreende a isenção de toda e qualquer despesa necessária ao pleno exercício dos direitos e das faculdades processuais. (1996, p. 31).

Nesse passo depreende-se que a justiça gratuita é uma concessão dada

pelo Estado, mediante a qual garante ao litigante a gratuidade para a prática de

todos os atos do processo. Nenhuma despesa pode ser afastada, por mais peculiar

que seja. Por despesa tem-se não somente às custas concernentes aos atos

processuais, mas todo gasto que a parte venha a ter para sua positiva atuação na

ação judicial.

Podem ser beneficiários da justiça gratuita, todo aquele indivíduo cuja

condição econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários

de advogado, sem que lhe traga prejuízo ao sustento próprio ou de sua família.

Tal condição deve ser comprovada através de uma certidão de

hipossuficiência.

1.6 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

A assistência judiciária está ligada a atividade de patrocínio gratuito no

processo, por um profissional habilitado.

Nas lições de Marcacini, deve ser assim entendida:

[...] A assistência judiciária é, pois, um serviço público organizado, consistente na defesa em juízo do assistido, que deve ser oferecido pelo

18

Estado, mas que pode ser desempenhado por entidades não-estatais, conveniadas ou não com o Poder Público. (1996, p. 31).

Desta forma, a assistência judiciária é o serviço público de defesa

processual prestado pelo Estado, mas que também pode ser desenvolvido por

outros agentes que tenham por finalidade principal a prestação de serviços jurídicos

gratuitos , ou que o façam com frequência.

1.7 ASSISTÊNCIA JURÍDICA

Ainda, o artigo 5º da Constituição Federal, traz em seu inciso LXXIV, outra

expressão que igualmente não pode ser confundida com justiça gratuita e

assistência judiciária, é a assistência jurídica integral e gratuita. Marcacini também

ensina sobre a definição desse instituto:

Por sua vez, a assistência jurídica engloba a assistência judiciária, sendo ainda mais ampla que esta, por envolver também serviços jurídicos não relacionados ao processo, tais com orientações individuais ou coletivas, o esclarecimento de dúvidas, e mesmo um programa de informação a toda a comunidade. (1996, p. 33)

Trata-se a assistência jurídica de um direito público subjetivo consagrado a

todo aquele que comprovar que sua situação econômica não lhe permite pagar

honorários advocatícios e despesas processuais, sem prejuízo de seu próprio

sustento e o de sua família. É todo e qualquer auxílio (judicial ou extrajudicial)

prestado aos necessitados.

Conforme a Constituição Federal de 1988, é a Defensoria Pública o órgão

responsável por garantir a assistência jurídica gratuita aos necessitados.

19

2 A DEFENSORIA PÚBLICA

2.1 ORIGEM E HISTÓRIA DA DEFENSORIA PÚBLICA NO BRASIL

Desde períodos remotos, existe o registro da necessidade de se amparar os

mais necessitados. Isto porque a desigualdade sócio-econômica sempre

acompanhou a história humana. Entretanto, a concretização dessa consciência,

instituindo a Defensoria Pública como instituição organizada é, de certa forma,

recente.

Em âmbito global, é somente com a Revolução Francesa, em 1789, que o

Estado passou a se preocupar de fato com a organização de instituições que

prestasse assistência judiciária aos pobres.

No Brasil, a origem da Defensoria Pública ocorreu com as Ordenações

Filipinas de 1603, onde era previsto que tinha direito a defesa pública e gratuita,

aquele que comprovasse ser pobre, através de uma certidão de pobreza emitida por

autoridade policial (Livro III, Título 84, § 10). Tal legislação vigorou no Brasil até o

ano de 1916.

O fato de se ter que comprovar a pobreza para a concessão do benefício

acabou se transformando em mais uma barreira ao acesso à justiça. Isto porque,

sujeitava seus destinatários a uma situação humilhante. Estes acabavam desistindo

de pleitear seus direitos a ter de suportar a constrangedora apreciação de sua

penúria.

Com o tempo, começou-se a despertar em alguns juristas pátrios a

preocupação de se inserir melhores iniciativas para garantir o acesso à justiça aos

pobres brasileiros.

Em 1870, foi criado pelo Instituto dos Advogados Brasileiros, um Conselho

cuja finalidade era prestar assistência judiciária gratuita aos pobres. Tal decisivo

impulso surgiu de Nabuco de Araújo, que na época ocupava a Presidência do

Instituto.

Criou-se o hábito de alguns membros do Instituto prestar consultas às

pessoas carentes e representá-las em juízo. Entretanto, apesar dos esforços

despendidos, a atuação destes advogados ainda era insuficiente, tendo em vista o

amplo número de pessoas a serem atendidas.

20

Era grande a necessidade da criação pelo Estado de legislação específica

que garantisse o direito de um defensor gratuito a todos.

Somente em 5 de maio de 1897, no Distrito Federal, então a cidade do Rio

de Janeiro, é que se expediu Decreto instaurando oficialmente a assistência

judiciária aos pobres no presente estado com a obrigação de criação de um órgão

para prestar tal assistência.

A partir de então, vários diplomas legais incluíram em seus textos o direito

da assistência judiciária gratuita, mudando significativamente, ao menos no plano

normativo, a efetivação desse direito.

No ano de 1930, a Ordem dos Advogados do Brasil, passou a assumir o

dever de patrocínio gratuito aos cidadãos pobres, sob pena de multa caso houvesse

o descumprimento.

Conforme já mencionado no capítulo anterior, a partir da Constituição

Federal de 1934 , é que se começou a fazer menção da obrigação de concessão

pelo Estado de assistência judiciária aos necessitados no âmbito constitucional,

porém nenhuma Carta Magna previu um organismo público instituído e estruturado

para promover essa finalidade.

No ano de 1935, de forma precursora, o Estado de São Paulo, cria o

primeiro serviço governamental de Assistência Judiciária no Brasil.

Nos anos seguintes o tema do acesso à justiça aos pobres foi assunto de

diversos debates, concluindo-se em todos eles pela necessidade de implantação de

previsão legal na nova Constituição, que criasse expressamente o órgão da

Defensoria Pública.

Assim, foi somente com a promulgação da Constituição Federal de 1988 que

o direito do acesso à justiça dos menos favorecidos recebeu reconhecida ampliação

(art. 5º, inc. LXXIV) e foi a Defensoria Pública criada como instituição essencial à

função jurisdicional do Estado - ao lado do Ministério Público a da Advocacia Pública

(art. 134).

Por fim, impende ressaltar que as expressões Defensoria Pública e

assistência judiciária não possuem o mesmo significado. Conforme explica Fábio

Luis Mariani de Souza:

Enquanto Defensoria Pública é a instituição criada pela Constituição de 1988, especialmente para dar colorido e concretude ao dever estatal de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados, a

21

assistência judiciária é tão somente uma das formas de prestar a assistência jurídica integral. (2012, p. 52)

Destarte, Defensoria Pública está sempre ligada à instituição essencial à

função jurisdicional do Estado, devendo prestar assistência jurídica gratuita a todos

os necessitados, não podendo ser confundida em nenhum momento com o serviço

da assistência judiciária, que é tão somente uma maneira de prestar assistência

jurídica.

2.2 A LEGISLAÇÃO: CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEIS ESPECÍFICAS

A Defensoria Pública vem regrada na Constituição Federal de 1988 no

TÍTULO IV- Da organização dos poderes, CAPÍTULO IV- Das funções essenciais à

justiça, Seção III- Da advocacia e da Defensoria Pública, artigo 134, que dispõe:

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV. (BRASIL, 2013, página única).

O parágrafo único de tal artigo dispunha que por meio de Lei complementar

seria organizada a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos

Territórios e prescreveria normas gerais para sua organização nos Estados, em

cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas

e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o

exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. Posteriormente tal

parágrafo foi renumerado pela Emenda Constitucional nº 45 de 2004, se tornando o

§ 1º do artigo.

A emenda constitucional supracitada também incluiu o § 2° que assegurou

autonomia funcional e administrativa às Defensorias Públicas Estaduais.

Art. 134 [...] § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. (BRASIL, 2013, página única).

22

Posteriormente, somente com a redação da Emenda Constitucional n° 74 de

2013, o parágrafo § 3º foi incluído, dispondo que se aplica o descrito no § 2° às

Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.

Art. 134 [...] § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. (BRASIL, 2013, página única).

Embora prevista constitucionalmente desde o ano de 1988, somente com a

Lei Complementar nº 80 do ano de 1994, é que foi regulamentada a Defensoria

Pública. Tal lei recebe o nome de Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública

(LONDEP) e organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos

Territórios e prescreve normas gerais para sua organização nos Estados. Cumpre

ressaltar que alguns estados, mesmo sem a existência dessa lei, já haviam criado

suas Defensorias Públicas após a promulgação da CF/88.

Repetindo o que dispôs a Constituição Federal, essa lei reforçou que a

Defensoria Pública “é a instituição essencial à função jurisdicional do Estado”.

(BRASIL, 2013).

O referido diploma legal sofreu até hoje determinadas alterações, sempre

visando o aperfeiçoamento institucional e a perfeita adequação da instituição as

necessidades da população. Um exemplo é a Lei complementar nº 132 de 2009 que

modificou alguns dispositivos da Lei.

Ademais, algumas Defensorias Públicas Estaduais possuem leis orgânicas

específicas e regimentos internos que as regulam, elaboradas por cada federação,

sempre compatíveis com a finalidade institucional.

É assim, a Defensoria Pública o órgão criado para promover o acesso à

justiça daqueles que não possuem condições econômicas para arcar com seus altos

custos, recebendo tratamento constitucional e sendo regulamentada por lei própria.

23

2.3 PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS

Conforme o artigo 3º2 da Lei Complementar nº 80/94, os princípios gerais

institucionais da Defensoria Pública são: a unidade, a indivisibilidade e a

independência funcional. Trata-se de princípios institucionais posto que regem a

atividade da instituição.

a) O princípio da unidade significa que a Defensoria Pública é um todo

orgânico, que possui a mesma direção, os mesmos fundamentos, operando como

um todo. Isso permite aos defensores públicos substituírem-se uns aos outros, sem

que haja qualquer dano para o processo. Ressalte-se que a unidade não implica em

vinculação de opiniões.

A unidade significa que os atos praticados pelos defensores públicos são, na

verdade, atos da instituição Defensoria Pública, estando relacionados a um todo

maior. Isso implica em dizer que o assistido é representado pela Instituição e não

pelo membro institucional.

b) O princípio da indivisibilidade vem a ser uma consequência do princípio

anterior, uma vez que determina que a Defensoria Pública não admite um

fracionamento ou rupturas, estando voltado para a proteção da integridade

institucional.

Neste sentido nos explica Silvio Roberto Mello de Moraes:

A unidade e a indivisibilidade, permitem aos membros da Defensoria Pública substituírem-se uns aos outros, obedecidas as regras legalmente estabelecidas, sem qualquer prejuízo para a atuação da Instituição, ou para a validade do processo. E isto porque cada um deles é parte de um todo, sob mesma direção, atuando pelos mesmos fundamentos e com as mesmas finalidades. (1995, p .22).

Indivisibilidade é tudo aquilo que não pode ser dividido, podendo ser

compreendido no sentido de que pertence ao mesmo tempo a diversas pessoas.

Este princípio garante que, uma vez deflagrada a atuação do defensor

público, deve a assistência jurídica ser prestada até o fim do procedimento, mesmo

nos casos de férias, licenças ou remoções, isto porque a lei prevê que se tenha a

substituição ou designação de outro Defensor para dar continuidade ao serviço

público.

2 Art. 3º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a

independência funcional. (BRASIL, 2013).

24

c) No que tange o princípio da independência funcional, este garante a

Defensoria Pública “autonomia perante os demais órgãos estatais”, impedindo assim

que seus membros sejam subordinados a hierarquia funcional, estando os mesmos

subordinados tão somente à hierarquia administrativa (defensor público geral)

Assim, a Defensoria Pública goza de plena autonomia para atuar livremente,

sem qualquer intervenção de outro organismo estatal.·.

Para melhor elencar o que se quer dizer, traz-se a afirmação de Paulo César

Ribeiro Galliez:

A independência funcional assegura a plena liberdade de ação do defensor público perante todos os órgãos da administração pública, especialmente o judiciário. O princípio em destaque elimina qualquer possibilidade de hierarquia em relação aos demais agentes políticos do Estado, incluindo os magistrados, promotores de justiça, parlamentares, secretários de estado e delegados de polícia. (2010, p .53).

A característica mais marcante deste princípio diz respeito a possibilidade de

seus agentes ingressarem em ações judiciais em desfavor de quaisquer órgão

público ou entes federativos.

É este princípio considerado por Sílvio Roberto de Mello Moraes como dos

mais valiosos para a instituição da Defensoria Pública. (pg. 22)

2.4 O DEFENSOR PÚBLICO

Os defensores públicos são os profissionais que prestam a assistência

jurídica aos necessitados. São, pois, os membros das Defensorias Públicas.

Para se tornar um defensor público, é necessário ter:

(i) a formação acadêmica no curso de Direito,

(ii) possuir registro na Ordem dos Advogados do Brasil,

(iii) comprovar, no mínimo, dois anos de prática jurídica, e por fim

(iv) que se tenha aprovação no devido concurso público de provas e

títulos. (artigos 24, 26, 69, 71,112, todos da Lei Complementar nº

80/94; artigo 37, inc. II c/c art. 134 § 1º ambos da CF).

Os defensores públicos federais são divididos em três categorias, conforme

o artigo 19 da Lei Complementar nº 80/94:

25

- Defensor Público da União de 2ª Categoria, que atua junto aos Juízos

Federais, às Juntas de Conciliação e Julgamento, às Juntas e aos Juízes Eleitorais,

aos Juízes Militares, nas Auditorias Militares, ao Tribunal Marítimo e às instancias

administrativas.

- Defensor Público da União de 1ª Categoria, que atua junto aos Tribunais

Regionais Federais, aos Tribunais Regionais do Trabalho e aos Tribunais Regionais

Eleitorais.

- Defensor Público da União de Categoria Especial, que devem atuar junto

ao Superior Tribunal de Justiça, ao Tribunal Superior do Trabalho, ao Tribunal

Superior Eleitoral e ao Superior Tribunal Militar.

Cumpre ressaltar que cabe ao Defensor Público Geral atuar junto ao

Supremo Tribunal Federal.

2.4.1 Atribuições

As atribuições dos defensores públicos estão previstas no artigo 4º da Lei

Complementar que regula a Instituição. Tais atribuições podem ser típicas ou

atípicas. A primeira se trata daquelas funções inerentes à missão constitucional da

Defensoria Pública (garantia de efetivação do direito do acesso à justiça), atua na

defesa dos hipossuficientes e a segunda são aquelas outras exercidas pela

Instituição independentemente da situação econômica do assistido. Podemos citar

como exemplo de função atípica a curadoria especial.

Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: I – prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos necessitados, em todos os graus; II – promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando à composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e administração de conflitos; III – promover a difusão e a conscientização dos direitos humanos, da cidadania e do ordenamento jurídico; IV – prestar atendimento interdisciplinar, por meio de órgãos ou de servidores de suas Carreiras de apoio para o exercício de suas atribuições; V – exercer, mediante o recebimento dos autos com vista, a ampla defesa e o contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos administrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instâncias, ordinárias ou extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes de propiciar a adequada e efetiva defesa de seus interesses; VI – representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos, postulando perante seus órgãos; VII – promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais

26

homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes; VIII – exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos e individuais homogêneos e dos direitos do consumidor, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal; IX – impetrar habeas corpus, mandado de injunção, habeas data e mandado de segurança ou qualquer outra ação em defesa das funções institucionais e prerrogativas de seus órgãos de execução; X – promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais dos necessitados, abrangendo seus direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela; XI – exercer a defesa dos interesses individuais e coletivos da criança e do adolescente, do idoso, da pessoa portadora de necessidades especiais, da mulher vítima de violência doméstica e familiar e de outros grupos sociais vulneráveis que mereçam proteção especial do Estado; XII - (VETADO); XIII - (VETADO); XIV – acompanhar inquérito policial, inclusive com a comunicação imediata da prisão em flagrante pela autoridade policial, quando o preso não constituir advogado; XV – patrocinar ação penal privada e a subsidiária da pública; XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei; XVII – atuar nos estabelecimentos policiais, penitenciários e de internação de adolescentes, visando a assegurar às pessoas, sob quaisquer circunstâncias, o exercício pleno de seus direitos e garantias fundamentais; XVIII – atuar na preservação e reparação dos direitos de pessoas vítimas de tortura, abusos sexuais, discriminação ou qualquer outra forma de opressão ou violência, propiciando o acompanhamento e o atendimento interdisciplinar das vítimas; XIX – atuar nos Juizados Especiais; XX – participar, quando tiver assento, dos conselhos federais, estaduais e municipais afetos às funções institucionais da Defensoria Pública, respeitadas as atribuições de seus ramos; XXI – executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação, inclusive quando devidas por quaisquer entes públicos, destinando-as a fundos geridos pela Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, ao aparelhamento da Defensoria Pública e à capacitação profissional de seus membros e servidores; XXII – convocar audiências públicas para discutir matérias relacionadas às suas funções institucionais.

2.4.2 Garantias

As garantias dos membros da Defensoria Pública da União estão previstas

no artigo 43 da Lei Complementar. 3

1- A primeira delas é a independência funcional no desempenho de suas

funções. Essa garantia permite ao defensor público atuar com inteira liberdade, ou

seja, pode formar seu convencimento de maneira livre e independente, sem a

3 Cumpre ressaltar que tais garantias também são previstas para os Defensores Públicos Estaduais,

conforme artigo 127 da Lei Complementar nº 80/94.

27

interferência de quem quer seja. Conforme já mencionado, a Defensoria Pública é

instituição dotada de autonomia perante os demais órgãos estatais, não podendo

assim sofrer qualquer ingerência que afete seu funcionamento.

2- A segunda garantia se trata da inamovibilidade, que encontra sede

constitucional no § 1º do art. 134. Tal garantia consiste em dizer que nenhum

defensor público poderá ser removido do órgão de atuação onde esteja lotado para

outro, ainda que da mesma Comarca ou Fórum, sem sua prévia anuência.

Impende registrar que a remoção compulsória, prevista no art. 50, § 1º, III e

§ 4º da Lei Complementar, segundo Silvio Roberto Mello Moraes, é inconstitucional

(1995, p. 81). Isto porque determinou em grau infraconstitucional limitação à garantia

da inamovibilidade, quando a norma constitucional não prevê qualquer exceção para

tal garantia.

3- A garantia da irredutibilidade dos vencimentos, prevista no inciso III do

artigo 43, tem previsão legal também no artigo 37, inciso XV da Constituição

Federal, sendo comum a todos os servidores públicos. Destaca se que não fere a

garantia da irredutibilidade salarial os descontos tributários e previdenciários, bem

como aqueles descontos decorrentes de decisão judicial.

4- Por fim, tem-se a garantia da estabilidade, garantia esta que também

está asseverada pela Carta Magna a todos os servidores públicos. O defensor

público se torna estável após três anos de efetivo exercício e possuindo estabilidade

só pode perder o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

2.4.3 Prerrogativas

As prerrogativas dos defensores públicos federais estão elencadas no art.

44 da Lei Complementar.4 Entre elas estão: contagem em dobro de todos os

prazos, intimação pessoal, poder de requisição e desnecessidade de mandato.

1- A prerrogativa da contagem dos prazos em dobro não pode ser

considerada como um privilégio injustificável da Defensoria Pública em desfavor da

parte contrária não contemplada com tal benefício. Deve ser levado em conta o

grande número de procedimentos judiciais e extrajudiciais que cada defensor público

é responsável. Não pode ser comparado o grande volume de processos sob

4 De igual forma, as prerrogativas previstas ao defensores públicos federais também são atribuídas

aos defensores públicos estaduais, conforme artigo 128 da Lei 80/94.

28

responsabilidade da Defensoria Pública com qualquer escritório de advocacia, por

maior que este seja.

Conforme pondera Sílvio Roberto Mello Moraes:

Vê-se pois, sem maiores esforços, que o legislador buscou, na verdade, assegurar a igualdade substancial, real, entre as partes, tratando desigualmente partes que são desiguais, em razão das peculiaridades apontadas. (1995, p .98).

2- A intimação pessoal do defensor deve ocorrer em qualquer processo ou

grau de jurisdição, inclusive quando há atuação na esfera administrativa. Isso ocorre

para que o defensor público possa melhor desempenhar a sua função de orientação

jurídica e defesa dos necessitados.

3- O poder de requisição autoriza que os defensores públicos requisitem

de autoridades públicas e de seus agentes, informações, esclarecimentos,

documentos, etc. Enfim, tudo para viabilizar ao assistido a produção de provas. Isso

é algo de grande importância para a efetividade do acesso à justiça, pois, para a

parte carente existe, muitas das vezes, uma dificuldade de locomoção pelo falta de

recursos financeiros e também problemas de ordem intelectual, o que acaba criando

obstáculos para a obtenção dos dados necessários.

4- Quanto à prerrogativa de desnecessidade de mandato, esta deriva do

fato de que o vínculo existente entre o assistido da defensoria pública e o defensor

público emana da lei e da investidura do membro do órgão público no cargo.

Por fim, cumpre mencionar que para Silvio Roberto Mello Moraes (1995, p.

93) as garantias e prerrogativas “não devem se vistas como um privilégio concedido

aos Defensores Públicos, mas, pelo contrário, devem ser entendidas como

indispensáveis ao cumprimento de suas funções institucionais.”.

2.4.4 Proibições

Existem ainda aos defensores públicos, regras de caráter negativo que

dispõem o que não devem fazer, ou seja, são as denominadas proibições. O artigo

134 da Constituição Federal, juntamente com os artigos 46, 91 e 130 da LONDEP,

determinam que é proibido ao defensor público: exercer a advocacia; requerer,

advogar, ou praticar em Juízo ou fora dele, ações que de alguma forma colidam com

as funções atinentes a seu cargo, ou com princípios éticos de sua profissão; receber

29

honorários, percentagens ou custas processuais, em razão do trabalho prestado ao

assistido; desempenhar o comércio ou participar de sociedade comercial, afora

como cotista ou acionista; executar atividade política-partidária, enquanto atuar junto

à Justiça Eleitoral.

Segundo Silvio Roberto Mello de Moraes:

Enquanto as regras positivas têm por objeto condicionar a eficiência do trabalho administrativo dependente da prática de certos atributos funcionais, as regras negativas tendem, por sua vez, senão a condicionar, a garantir a eficiência do serviço, não já compelindo o funcionário a agir, mas constrangendo-o a inatividade, nas hipóteses previamente figuradas, em que a ação se converteria indiretamente em desrespeito as obrigações. (1995, p. 108 apud Guimarães Menegale,1962).

2.5 DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

Cumpre, ainda que brevemente, esclarecer as diferenças existentes no

campo de atuação da Defensoria Pública da União (DPU) e das Defensorias

Públicas Estaduais (DPE).

A Defensoria Pública da União tem atribuição para atuar junto à Justiça

Federal, que compreende a Justiça Comum Federal, os Juizados Especiais

Federais, a Justiça Militar Federal, a Justiça Eleitoral e a Justiça do Trabalho.

Entretanto, devido às dificuldades enfrentadas pela Instituição, bem como pela

quantidade diminuta de Defensores Públicos Federais (conforme será demonstrado

adiante), a DPU não vem atuando frente a Justiça do Trabalho.

São causas afetas a atuação da Defensoria Pública da União, por exemplo,

causas previdenciárias frente ao INSS; causas relativas à Receita Federal, Caixa

Econômica Federal; defesas em crimes contra o patrimônio federal, tráfico

internacional de drogas, falsificação de moeda, etc.

2.6 DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO

A determinação do campo de atuação das Defensorias Públicas Estaduais

resulta da exclusão de competência da DPU. São atendidos pelos defensores

públicos estaduais, por exemplo, causas de direito de família (guarda, pensão

alimentícia, divórcio); casos de dívidas com bancos privados; crimes de roubo, furto,

latrocínio, homicídio, etc. Nesses processos não pode haver interesse da União.

30

2.7 O ASSISTIDO

Conforme dispõe o artigo 134 da Constituição Federal, “a Defensoria Pública

é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação

jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º,

LXXIV”. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, BRASIL, 2013).

O art. 5º da CF, por sua vez, preceitua que “o Estado prestará assistência

jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.

(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, BRASIL, 2013).

Portanto, em regra, o beneficiário dos serviços prestados pela Defensoria

Pública é quem comprova não possuir recursos financeiros. Deve a Instituição

assegurar o acesso á justiça a todas aquelas pessoas que se encontram em grau de

necessidade.

Atualmente, o critério adotado pela DPU para verificar se a pessoa pode ser

assistida pelo órgão é o de cunho econômico, ou seja, a renda familiar não pode ser

superior ao limite de isenção do Imposto de Renda.5

Porém, conforme Cartilha da DPU, pode ser deferido o pedido de assistência

jurídica gratuita a aquelas pessoas que possuem renda superior ao limite

mencionado, desde que comprovem possuir gastos extraordinários, como despesas

com medicamentos, material especial de consumo, alimentação especial, etc.

Já nas Defensorias Públicas Estaduais, cada qual adota seu critério para

conceder o serviço de assistência. Em pesquisa á sítios eletrônicos de algumas

Defensorias Estaduais, percebemos que a maioria limita o atendimento àquelas

pessoas que possuem renda familiar de até 03 (três) salários mínimos, é o caso, por

exemplo, dos Estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Neste último

Estado existe a exceção de que caso haja interesse de menores a renda limite

passa a ser de até 5 (cinco) salários mínimos.

Nos Estados de Minas Gerais e Paraíba, o estudo acerca da viabilidade do

atendimento deve ser feito caso a caso pelo próprio Defensor, observada as normas

legais e os atos administrativos pertinentes.

Contudo, impende ressaltar, que na esfera criminal o atendimento prestado

pela Defensoria Pública independe da renda do assistido. Basta o cidadão, acusado

5 Atualmente R$ 1.637, 11 (um mil seiscentos e trinta e sete reais e onze centavos)

31

ou vítima, em processo criminal alegar que não possui condições financeiras para

contratar um advogado, que o juiz é obrigado a nomear-lhe um defensor público

para proporcionar sua defesa.

2.8 A REALIDADE INSTITUCIONAL E OS DESAFIOS DA DEFENSORIA PÚBLICA

E DOS DEFENSORES PÚBLICOS

Apesar de a Defensoria Pública ser, inegavelmente, uma Instituição

fundamental em um Estado Democrático de Direito - seja em razão da sua missão

constitucional de promover o acesso à justiça aos necessitados, ou porque

cumprindo com este dever, está também atendendo aos princípios fundamentais da

igualdade e da dignidade da pessoa humana – infelizmente, sua realidade encontra-

se em estado crítico, necessitando de valorização e de mais investimentos.

A ausência de condições estruturais, de pessoal e de suficiente aporte

orçamentário compromete a efetivação de sua função constitucional, deixando de

atender milhares de necessitados que teriam direito de serem assistidos pela

Instituição. O número de defensores públicos existentes hoje é insignificante frente à

demanda que se tem nas Instituições.

Em virtude da falta de Defensores, boa parte dos serviços das Defensorias é

elaborada por estudantes de Direito, que atendem ao público, preparam despachos

e peças processuais que são corrigidas posteriormente pelos defensores.

Muitas vezes os Defensores Públicos sacrificam seus finais de semana e

feriados, isso sem falar que habitualmente o horário de saída é extrapolado em

muito, posto a grande demanda de atendimentos e o pequeno número de

defensores. Sendo assim, o expediente normal é absolutamente insuficiente para a

conclusão dos trabalhos.

Para melhor ilustrar o que está se alegando, vejamos: a Defensoria Pública

da União conta atualmente com apenas 481 defensores públicos federais em todo o

País. Enquanto isso, existem aproximadamente 8.000 advogados gerais da União,

1.698 membros do Ministério Público Federal, 3.574 juízes do trabalho e 1.775

juízes federais.

A DPU somente em agosto deste ano, após a promulgação da Emenda

Constitucional nº 74, conseguiu sua autonomia administrativa, funcional e iniciativa

32

de sua proposta orçamentária. Até a promulgação da Emenda, a Instituição era

diretamente subordinada ao Ministério da Justiça.

Ademais, conforme já mencionado, por força da Lei Complementar nº 80/94,

a atuação da DPU deveria ocorrer perante a Justiça Federal, Justiça Militar da

União, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho, mas, por falta de investimento público

adequado e suficiente, isso não ocorre no que diz respeito à Justiça do Trabalho.

Esse fato permite que a população carente tenha seus direitos sistematicamente

violados, sem qualquer possibilidade de recomposição.

Conforme conclui Fábio Luis Mariani de Souza:

Destaca-se as conclusões do “Relatório de Avaliação de Programa de Assistência Jurídica” do Tribunal de Contas da União. Nele o Tribunal relata que a DPU padece de insuficiência de recursos humanos – defensores - e de quadro de apoio técnico e administrativo, trazendo enormes prejuízos a sua atividade fim. Também foram verificados déficits de recursos orçamentários [...]. A estrutura física não é apropriada para o atendimento e privacidade dos defensores e seus assistidos. Por fim, verificou-se que a DPU não está estruturada para atender a demanda por seus serviços, restringindo o seu atendimento, e via de consequência, impedindo o devido acesso à justiça. (2012, p. 101).

No que diz respeito às Defensorias Públicas Estaduais, o quadro em que se

encontram não é muito diferente. Apesar de possuírem autonomia administrativa e

financeira desde a promulgação da Emenda Constitucional 45/2004, conforme

levantamento produzido pela Associação Nacional dos Defensores Públicos

(ANADEP) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)6,

72% das comarcas do Brasil não possuem defensores públicos (tabela 1, ANEXO,

demonstra as comarcas atendidas pela Defensoria Pública). Conforme conclusão do

estudo, o déficit total de defensores públicos é de 10.578 profissionais, considerando

os cargos a serem ocupados (3.435) mais as vagas que precisam ser criadas

(7.143). As Tabelas 2 e 3, constante no anexo, demonstram a quantidade dos

cargos existentes e dos cargos providos.

A pesquisa também mostra a discrepância dos investimentos no sistema de

justiça. Os Estados contam hoje com aproximadamente 11.850 magistrados, 9.970

membros de Ministério Público e somente 5.054 defensores públicos estaduais.

André Castro, presidente da ANADEP, pontuou sobre a citada pesquisa:

6 O estudo foi baseado em dados coletados no período de setembro de 2012 a fevereiro de 2013, por

isso tais números podem ter sofrido alterações.

33

Esse estudo nos traz dados importantes sobre a presença da Defensoria Pública em todo o país e comprova que a balança da justiça está desigual justamente para quem mais precisa dela: a população carente, em situação de vulnerabilidade.(IPEA, 2013, página única).

A Defensoria Pública de nosso Estado foi criada desde o ano de 1991,

porém sem estrutura e sem regulamentação. A lei que a regulamenta foi aprovada

pela Assembleia Legislativa do Paraná apenas no ano de 2011, ou seja, somente 23

anos após a previsão constitucional da Instituição. Foi o penúltimo estado a

regulamentar a própria Defensoria, na frente apenas do Estado de Santa Catarina.

Em atividade a 2 (dois) anos, a Defensoria Pública do Paraná conta com somente 10

defensores públicos nomeados sem concurso. Cumpre informar que houve concurso

público no ano de 2012 onde foram aprovados 95 defensores, mas que até o

momento aguardam sua nomeação.

Impede registrar também que as próprias estruturas físicas das Instituições

refletem o nível de desinteresse estatal para com as Defensorias Públicas. Basta

comparar os prédios onde estas estão implantadas com os dos órgãos e elas

equiparados – Ministério Público, Procuradoria do Estado, Magistratura, etc – a

percepção da diferença é imediata. Enquanto estes demonstram luxo e

grandiosidade, aqueles demonstram o retrato do abandono e do descaso com os

temas de ordem social.

Analisando a situação atual da Defensoria Pública (dos Estados e da União)

verifica-se o quanto o País está distante do ideal em termos de acesso a justiça.

Percebe-se que tal instituto não consegue atingir o fim visado, que seria o de prestar

auxílio a todas as pessoas necessitadas para a promoção de universalização do

acesso eficiente à justiça.

O fato é que a Defensoria Pública até hoje não recebe a devida atenção

merecida. O que concluímos é que, a Defensoria Pública foi uma Instituição erigida

pelo legislador na Constituição Federal de 1988 à condição de instituição essencial à

justiça, mas que não tem sobre ela a menor preocupação do Estado em efetivá-la.

Somente com uma Defensoria Pública forte, conseguirá dar concretude

máxima ao direito do acesso à justiça. Por isso, é extremamente necessário que o

Poder Público mude sua visão quanto as Defensorias Públicas, dando maior

34

atenção a Instituição que tem imensa importância em nosso Estado Democrático de

Direito, atuando de forma positiva para sua correta estruturação.

2.9 PROJETOS DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO QUE FORTALECEM SEU

FUNCIONAMENTO

Não obstante a crítica realidade das Defensorias Públicas brasileiras, a DPU

possui diversos projetos especiais que buscam cada vez mais efetivar o acesso à

justiça daquelas pessoas que não possuem condições econômicas para arcar com

os custos de um advogado e, muitas vezes, condições intelectuais para buscarem

seus direitos. Citamos alguns deles

a) O Projeto “DPU ITINERANTE”, por exemplo, leva defensores públicos e

uma estrutura móvel de apoio, até aquelas comarcas onde não há unidades de

Defensorias Públicas Federais implantadas. O objetivo desse projeto é facilitar o

acesso daquelas populações que vivem nas mais distantes localidades do Brasil aos

serviços da DPU. Até o início deste ano o projeto já havia atendido mais de vinte mil

pessoas.

b) No Projeto “DPU NA COMUNIDADE”, os defensores públicos visitam

comunidades carentes e levam orientações jurídicas, para o fim de difundir e

conscientizar a população de seus direitos.

c) Projeto “DOURADOS” foi criado para dar assistência jurídica integral e

gratuita, às comunidades indígenas que residem no Município de Dourados - Mato

Grosso do Sul, juntamente com o apoio da Universidade Federal da Grande

Dourados, o Ministério Público Federal, a FUNAI e o Comitê de Ações Indígenas do

Ministério da Assistência Social e Combate à Fome. Tal projeto foi desenvolvido

diante dos problemas existentes em face de conflitos locais.

Além da assistência jurídica, a Defensoria Pública apoia projetos de

capacitação e assistência técnica dos indígenas, bem como incentiva ações para a

segurança alimentar, a recuperação ambiental das aéreas indígenas e o

crescimento das atividades produtivas das comunidades.

d) O Projeto “ERRADICAÇÃO DO ESCALPELAMENTO7 NA AMAZÔNIA”,

é desenvolvido em parceria com o Departamento de Defesa do Direito do

7 Escalpelamento é o arrancamento brusco e acidental do escalpo humano – couro cabeludo, de

diversas formas, inclusive por motores dos barcos.

35

Consumidor do Ministério da Justiça. O objetivo do projeto é erradicar o

escalpelamento, que atinge comunidades ribeirinhas da Amazônia. Os efeitos do

acidente atingem não só a vítima, mas também sua família, sua comunidade e o

serviço público de saúde.

A atuação da Defensoria Pública se dá em identificar os casos de

escalpelamento, orientar as vítimas acerca de seus direitos e garantir tratamento

médico adequado. Ademais, a DPU contribui na implementação de políticas de

modernização de embarcações que não possuem proteção do eixo do motor, e

oferece cirurgias plásticas e assistência jurídica e judiciária às vítimas.

e) O Projeto de “ATUAÇÃO NAS PENITENCIÁRIAS FEDERAIS” foi

firmado entre a Defensoria Pública da União e o Departamento Penitenciário

Nacional (DEPEN), e consiste na prestação de assistência jurídica gratuita aos

recolhidos nos Presídios Federais de Catanduva/PR e de Campo Grande/MS.

A principal atribuição da DPU, na defesa dos direitos e garantias dos

detentos, é de fiscalizar os procedimentos de ingresso no Sistema Penitenciário

Federal, e a defesa nos procedimentos disciplinares e dos direitos dos presos junto

à Administração Federal e a Vara de Execução Penal.

f) Por fim, o Projeto “VISITA VIRTUAL” - que também é uma parceria feita

entre a Defensoria Pública da União e o Depen - permite aos presos, recolhidos em

presídios federais, fazerem contato com seus familiares. Em várias unidades da

DPU existem salas adaptadas, onde a família pode conversar, via internet, com os

detentos em quatro penitenciárias federais. Com antecedência as famílias agendam

uma data para a “visita virtual”, e na penitenciária são tomadas as providências para

que o preso esteja disponível na hora da visita. O projeto é de suma importância,

pois busca ressocializar o preso, mantendo um contato com sua família.

Assim, busca a Defensoria Pública da União, cada vez mais, garantir o

acesso à justiça, na construção de uma sociedade realmente justa, buscando o ideal

da igualdade para todo o povo brasileiro.

36

3 A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE A DEFENSORIA PÚBLICA E O ACESSO À

JUSTIÇA

O direito do acesso à justiça é encarado como condição fundamental básica

dos direitos humanos. Trata-se de um direito social fundamental, que se identifica

com a própria garantia da prestação jurisdicional, ele compõe requisito essencial do

sistema jurídico moderno.

A acessibilidade dos necessitados à justiça, constitui uma das direções do

movimento do acesso à Justiça, solucionável com a expansão dos serviços de

assistência judiciária e jurídica.

A assistência jurídica integral e gratuita à população de baixa renda é uma

obrigação do Estado, sendo elevada a condição de garantia fundamental do homem.

Conforme se observou nos capítulos anteriores, a Defensoria Pública exerce

papel de elevada importância na efetivação do direito fundamental do acesso à

justiça e está com este intimamente relacionada. Isto porque a Instituição tem por

objetivo a garantia a uma ordem jurídica justa, que assegure aos necessitados não

só o acesso formal a justiça, mas também o acesso real e a proteção efetiva dos

seus interesses.

Com efeito, a atuação da Defensoria Pública é essencial na efetivação do

acesso à justiça, apresentando elementos capazes de combater as barreiras do

acesso e a efetividade da tutela jurisdicional.

O escopo principal da Defensoria Pública é, pois, atender aos mais

necessitados, dando uma assistência especial de forma gratuita a estes,

beneficiando-os diante de seus direitos muitas vezes não exercidos ou

reconhecidos.

Neste sentido, conclui Fábio Luis Mariani de Souza:

Todavia, não se pode jamais olvidar a forte ligação da Defensoria Pública com a questão do acesso á justiça e com os movimentos sociais, demonstrando a enorme vinculação e identificação da instituição com os anseios das massas populares, excluídas, marginalizadas e estigmatizadas. (2012, pg. 115).

Ademais, o próprio legislador constituinte reconheceu a importância da

Defensoria Pública ao considerá-la, ao lado do Ministério Público, da Advocacia

37

Pública e da Advocacia, instituição incumbida de exercer uma das funções

essenciais à justiça.

Desta feita, a Defensoria Pública apresenta-se como instrumento essencial

ao acesso à Justiça. Dentro de uma sociedade composta por um grande número de

pessoas pobres, que não podem custear os elevados custos de um advogado, os

Defensores Públicos se apresentam como única ratio, para aqueles que têm os seus

direitos violados, e que necessitam da atuação do Judiciário para efetivá-los.

Possibilitar o acesso à Justiça com uma Defensoria forte e organizada

significa resgatar a dignidade das pessoas, cuja existência parece estar dotada de

total desconhecimento e ignorância de seus direitos e garantias.

Arremata Sérgio Luiz Junkes sobre a atuação da Defensoria Pública:

A Defensoria Pública, portanto, atua em prol dos necessitados, possibilitando-lhes a provocação da jurisdição em busca da tutela dos seus interesses. Neste ponto, reside mais uma conexão entre a Defensoria Pública e o princípio da Justiça Social: o funcionamento da defensoria pública atende ao princípio justiça social na medida em que aquela instituição viabiliza o direito fundamental de ação em prol das pessoas necessitadas. Ao assim fazê-lo, a Defensoria Pública tanto promove a redução dos desequilíbrios sociais como promove a igualdade das pessoas assistidas em dignidade, liberdade e oportunidades. No caso, a promoção da dignidade decorre de a ação ser concebida constitucionalmente como direito fundamental da pessoa humana. A promoção da igualdade em liberdade resulta do fato de que a ação constitui-se em um canal de participação das pessoas nos destinos da comunidade. A promoção da igualdade em oportunidades refere-se ã possibilidade de abertura de novos horizontes com a afirmação de direitos ou com a remoção de obstáculos que eventualmente estejam a restringi-los, como, por exemplo, os oriundos por preconceitos ou privilégios. (2008, p. 121-122).

38

CONCLUSÃO

Verificou-se a partir do presente trabalho que o direito fundamental

constitucional do acesso à justiça, cujo conceito extrapola a noção de acesso ao

Judiciário, apresenta ainda hoje barreiras que impedem sua real materialização,

afetando com isso, principalmente, os menos favorecidos. As custas judiciais, a

possibilidade das partes e os problemas especiais dos direitos difusos são os

principais obstáculos enfrentados.

A concretização do acesso à tutela jurisdicional é uma necessidade

imprescindível para a efetivação dos direitos fundamentais, especialmente o da

igualdade e o da dignidade da pessoa humana.

Passo importante já foi dado com a positivação deste direito em nosso

ordenamento jurídico, inclusive com status de direito fundamental.

A Constituição Federal de 1988 sucedeu-se de um importante processo de

movimentos da sociedade brasileira, mobilização essa, de luta para que se

estabelecesse uma nova ordem política e jurídica, de base democrática, empenhada

em concretizar os direitos fundamentais.

O objetivo declarado do constituinte de 88 era o de garantir a efetividade do

acesso à justiça, porém, para que tal garantia ocorresse, era necessária a criação de

canais apropriados para que os diversos interesses juridicamente relevantes fossem

reconhecidos e protegidos.

Assim, surge a Defensoria Pública como sendo a instituição essencial à

função jurisdicional do Estado e com papel de extrema importância na efetivação do

acesso à justiça e por consequência, na consolidação democrática.

Entretanto, apesar da essencialidade, a Instituição ainda carece de especial

atenção. Diversas são as dificuldades apresentadas hoje pelas Defensorias Públicas

no Brasil, o que faz com que seus serviços não cheguem ao alcance de todos que

deles necessitam.

É imperioso observar atentamente a necessidade de construção de um novo

paradigma de Instituição, verdadeiramente próxima e afinada com os anseios

sociais.

Insista-se que em um país como o Brasil, a atuação da Defensoria Pública

deve ser a mais ativa possível, tendo em vista a grande massa de pessoas

39

hipossuficientes e com baixo grau de instrução, o que torna o difícil conhecimento

dos seus direitos.

Em conclusão, não se pode pensar em atender aos princípios fundamentais

da República Federativa do Brasil, em particular aos direitos e garantias positivados

nos incisos do artigo 5º da Constituição Cidadã de 1988, sem que a Defensoria

Pública esteja devidamente estruturada de forma a garantir aos necessitados o

acesso a uma ordem jurídica justa.

Diante o exposto, concluímos que a Defensoria Pública deve ser prestigiada,

fortalecida e estruturada para que a balança da Justiça tenha equilíbrio preciso em

nosso País e para que possa cada dia mais ser levada ao alcance de todos.

40

REFERÊNCIAS

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43

ANEXOS

Tabela 1. – Comarcas atendidas pela Defensoria Pública do Estado.

Fonte: ANADEP, 2013

Tabela 2- Defensores Públicos- cargos existentes e providos

Fonte: ANADEP, 2013.

Tabela 3. Defensores Públicos- cargos existentes e providos

44

Fonte: ANADEP, 2013.