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A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA EXPERIÊNCIA INTRODUTÓRIA EM UMA ESCOLA PÚBLICA
* Eliane Aparecida Beraldi Ripoli
**Vânia de Fátima Matias de Souza
RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo articular novas formas de intervenção para o ensino da Educação Física
na escola, mais especificamente, do conteúdo estruturante, dança, sob a ótica da metodologia crítico-superadora e suas
contribuições pedagógicas a partir de uma proposta idealizada pelo PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional,
realizada com alunos do 9º ano do Colégio Estadual Engenheiro José Faria Saldanha no Município de Munhoz de Mello Pr.
Foi realizado um trabalho, destacando a dança e suas possibilidades de contribuir para reflexões sobre a diversidade
cultural, possibilitando aos aluno conhecer outras formas de pensar, agir, reagir e perceber um contexto de significações da
nossa cultura corporal de movimentos, permitindo que os alunos vivenciem as diferenças nesse campo de conhecimento.
Como resultados observou-se que os alunos perceberam que não é necessário ser bailarino para dançar, é preciso apenas
libertar os movimentos e trabalhar as expressões. Conclui-se ao final desse trabalho que as atividades com a dança
possibilitou o aprimoramento da criatividade e interpretatividade dos alunos, além de contribuir para a melhoria das relações
interpessoais e união da turma.
Palavras–chave: Dança; escola; cultura.
DANCE LIKE BODY CONTENT OF CULTURE: AN INTRODUCTORY EXPERIENCE IN A PUBLIC SCHOOL
ABSTRACT: The present study aimed to articulate new forms of intervention for the teaching of physical education in school , more specifically , content structuring , dance , from the viewpoint of methodology - critical and surpassing their pedagogical contributions from a proposal devised by PDE - Educational Development Program , conducted with students from 9th grade in State College Engineer José Faria in Saldanha Municipality of Muñoz de Mello Pr work was done , highlighting the dance and its possibilities to contribute to reflections on cultural diversity , allowing student know other ways to think, act , react and realize a context of meanings of our culture of body movements , allowing students to experience the differences in this field of knowledge. The results showed that students perceived that it is not necessary to be a dancer to dance , you need only release the movements and expressions work . It was concluded at the end of that work activities with dance enabled the enhancement of creativity and interpretatividade students, and contribute to the improvement of interpersonal relationships and marriage class . . Keywords : Dance; school; culture.
_______________________________-__ * Professora da Rede Pública de Ensino do Paraná. Concluinte do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE na Universidade Estadual de Maringá – UEM **Orientadora PDE DEF/UEM
1 Introdução
A Dança sempre esteve presente na história da humanidade desde os tempos mais remotos,
seja como uma forma de expressão ou manifestação cultural de um povo, como arte ou como esporte.
Dançar é expressar sentimentos por meio de movimentos em um ritmo pré-estabelecido, ou também
pode ser definido como o ato de mover o corpo no ritmo da música.
As Diretrizes Curriculares do Paraná (2008) assumem o currículo como configurador da prática,
fundamentado nas teorias criticas e com organização curricular, buscando atender as varias dimensões
do conhecimento tais como a cientifica, a histórica, a filosófica, a artística, a social dentre outras, em
direção a totalidade do conhecimento e sua relação como cotidiano.
A Educação Física, comprometida com este olhar, parti da pedagogia critica e das bases das
ciências humanas, mais especificamente da Filosofia da Educação e da Sociologia, originando as
concepções criticas da Educação Física.
O conceito de cultura corporal tem como suporte a idéia de seleção, organização,
sistematização do conhecimento acumulado historicamente sobe o movimento humano, agrupados
para fins didáticos, em conteúdos tais como: jogos, ginásticas, danças, lutas, esportes e etc. a escola
deve levar os alunos a se apropriar desses estabelecendo nexos com a realidade (DIRETRIZES
CURRICULARES DO PARANÁ 2008).
A dança é considerada uma das formas mais antigas de expressão corporal e também uma
das mais belas manifestações da cultura de um povo. Investigar a dança como elemento da cultura
corporal é entrar no universo cultural e social dos corpos historicamente constituídos, analisando as
relações sociais que estabelece com estas práticas.
Diante disso, esse trabalho objetivou analisar como a dança na perspectiva da cultura corporal,
pode levar o aluno à superação da visão fragmentada que tem sobre o ser humano e, especificamente
compreender a dança como conteúdo da cultura corporal, detectar as diferentes concepções de dança
dos alunos, proporcionar vivencias de manifestações rítmicas expressivas e dançantes aos alunos e
promover uma mostra de dança com estes alunos, no sentido de socializar o conhecimento apreendido
sob uma nova perspectiva.
1.1 História da dança
De acordo com Gonçalves e Leão Junior (2011), a dança surgiu na religião, onde só os
homens líderes de grupos tinham o privilégio de dançar nas cerimônias religiosas, presentes nas peças
teatrais, na arte grega em pinturas e esculturas. Enquanto no cristianismo qualquer forma de expressão
o corpo era visto como pecado, na renascença surgiu uma nova forma de pensar, onde os valores
mundanos da vida e do corpo foram novamente exaltados, com isso a dança volta a florescer.
Ainda segundo os autores na idade média, inspirada pela corte Francesa, juntamente com as
acrobacias de ciganos e saltimbancos de feira, unindo-se com a beleza artística das danças teatrais
surge a dança clássica ou balé, bem como no século séc. xx aparece a dança moderna e nos anos
oitenta a dança contemporânea, desligando-se totalmente dos laços com o balé, essa modalidade
eram opostas as danças tradicionais já existentes, pois tinha como objetivo criar uma nova técnica e
linguagem expressiva.
Percebemos que a dança sofreu influências dos acontecimentos de cada época, sendo uma
forma de expressão corporal e de manifestação cultural do cenário de cada período histórico. Sendo
assim a dança passou por uma transição através dos tempos, onde as primeiras formas de dança eram
complexas e rigorosas, passando para as danças livres e criativas. Então, a cultura corporal trata-se
das práticas corporais que foram constituídas historicamente pela humanidade.
Como representação da realidade a dança se manifesta de acordo com as transformações
ocorridas na sociedade, desde a opressão, a rebeldia, a solenidade, a magia, a técnica excessiva, a
padronização. Sendo sempre um componente cultural da humanidade.
O homem sendo destaque perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com
o meio, permitindo transformá-lo e se transformar também. As atividades que eram realizadas para a
sobrevivência, com o tempo, foram incluídas nas horas do lazer. Entre elas podemos destacar o
dançar, pois a “[...] dança faz parte da humanidade desde tempos imemoriais e, sabe-se, esteve
presente em quase todas as civilizações” (SBORQUIA e GALLARDO, 2006, p.14).
Historicamente é no dançar que os povos se comunicavam, comemoravam e expressavam os
rituais, a história da dança se confunde com a própria história da humanidade, pois ela pode ser:
[...] entendida como uma manifestação cultural a partir das formações simbólicas de cada grupo social, numa relação dialética entre o homem, a cultura e a sociedade. Pode-se dizer que a dança acompanhou o pensamento do ser humano, em busca da razão, da ciência ou em mesmo em busca da arte (SBORQUIA e GALLARDO, 2006, p.13).
A cultura é tudo que o homem faz por meio de seu trabalho, produzindo conhecimentos que
necessitam ser retraçados para as gerações seguintes, Sendo assim a cultura corporal trata-se das
práticas corporais que foram constituídas historicamente pela humanidade. Desta forma, a dança na
perspectiva da cultura corporal pode ser considerada
Como linguagem social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da guerra etc (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 82).
Aranha (1996, p. 39) ao tratar das relações culturais, apresenta que cultura no sentido amplo é
tudo o que o homem faz, seja uma produção material ou espiritual, seja pensamento ou ação. Para a
autora a “cultura resulta do esforço humano para construir sua existência”, caracterizando os diversos
agrupamentos humano, onde a produção intelectual de um povo, está expressa nas produções
filosóficas, cientificas, artísticas, literárias, religiosas etc, com ênfase na representação simbólica que o
homem faz da realidade, constituída por meio do conhecimento. A autora chama a atenção de que
estes bens deveriam estar disponíveis para todos, no entanto, em uma sociedade dividida em classes
isto não ocorre, isto porque, na separação entre “trabalhadores intelectuais e manuais estes últimos
são excluídos do acesso aos bens culturais e quando deles se apropriam, prevalece o consumo da
cultura dominante”.
As experiências das pessoas com a dança se dão a partir do „corpo em movimento‟ fazendo
uso de gestos elaborados, usando passos improvisados e expressões, no intuito de se comunicar, se
reinventar, criar, fazer arte, ousar, ocupar espaço, educar, interagir com o outro e consigo mesmo, ou
seja:
Compreender as habilidades do corpo através da dança é pensar que o corpo fala sobre si mesmo, que o corpo, por suas habilidades, constrói um fazer que especialize seu potencial, é entender que o corpo que dança habita o mundo e o espaço, que ele mesmo é capaz de construir o seu repertório para realizar habilidades específicas que o tornem mais apto à ação (ROSA, 2000, p.68).
Para Marques (2003), a dança expressa conhecimento, vivência e a recriação de valores,
costumes e crenças, além de atribuir significados para as vivências corporais, temporais e espaciais
individuais e coletivas na sociedade contemporânea. A dança ao longo dos tempos manifestou uma
forma de existência e de essência. Suas raízes são cheias de significados. Para Merleau-Ponty (1999,
p. 203):
O corpo é nosso meio geral de Ter um mundo. Ora ele se limita aos gestos necessários à conservação da vida e, correlativamente, põe em torno de nós um mundo biológico; ora, brincando com seus primeiros gestos e passando de seu sentido próprio a um sentido figurado, ele manifesta através deles um novo núcleo de significação: é o caso dos hábitos motores como a dança. Ora, enfim a significação visada não pode ser alcançada pelos meios naturais do corpo; é preciso então que ele se construa um instrumento, e ele projeta em torno de si um mundo cultural
A sociedade expressa, por meio da dança, seus mais variados componentes, que a fazem ser
sociedade. Segundo Sborquia e Gallardo (2006, p. 14), o ser humano mostra a história acumulada de
uma sociedade que nele exprime seus valores, suas leis, suas crenças e seus sentimentos, que são
base da vida social. Garaudy (1980 p. 27), na sua obra Dançar a Vida, afirma que:
A vida quotidiano pode ser expressa pela linguagem, mas não os acontecimentos que a transcendem. A dança exprime estas transcendências. O homem dança para falar sobre o que ele honra ou sobre o que o emociona
Segundo Hass e Leal (apud Pinto, 2006), a dança tem um caráter socializador e motivador,
seja em par ou sozinho, em qualquer idade ou sexo, dançando todos se sentem bem.
2.2 A Dança na Escola
Na perspectiva da cultura corporal a dança contribui para que haja respeito as diferenças
culturais, construindo conceitos e representando, por meio de manifestações culturais e identificando o
papel do aluno na construção da cidadania. Toda criança traz experiências de comunicação criativa por
meio de movimentos, a dança e a aprendizagem, sempre que houver oportunidade o professor deverá,
por meio da teoria, provocar reflexões critica no aluno, de maneira a desenvolver a criatividade, a
sensibilidade, a expressão corporal e o cooperativismo sistematizando o conhecimento das práticas
corporais.
A dança na escola, associada à Educação Física, tem um papel fundamental enquanto
atividade pedagógica e pode estabelecer no aluno uma relação concreta sujeito-mundo, além de
estimular a capacidade de solucionar problemas de maneira criativa; desenvolver a memória; o
raciocínio; a autoconfiança e a auto-estima, fazendo com que o aluno tenha uma melhor relação com
ele e com os outros. Segundo Gardner (1995), a podemos verificar a dança e a sua contribuição para o
desenvolvimento das inteligências múltiplas. Para ele todos nós temos potenciais diferentes e
nascemos com capacidade para desenvolver todas as inteligências, fazemos isso naturalmente
(GARDNER, 1995).
De acordo com Laban (1990) a dança na educação tem por objetivo ajudar na relação corporal
com a totalidade da existência. Entende-se que o seu ensino possui diversidade de elementos a serem
desenvolvidos dentro e fora da escola e, como forma significativa de conhecimento para a formação do
ser humano é que se compreende a necessidade de desenvolvê-la nas aulas de educação física.
Para Ferreira (2005, p. 59), a aprendizagem dos movimentos da dança e de outros esportes
faz com que cresçam mais conexões entre neurônios, aprimorando a memória; tornando-nos mais
aptos a processar informações e aprender.
A escola precisa realizar experiências com o corpo dos alunos, que não é um esqueleto a ser
treinado pela repetição de movimentos, mas por atividades prazerosas. A Dança na educação é um
referencial para as questões que permeiam a educação de nossos tempos, mostra o quanto o aluno
pode criar, expressar, aprender, socializar e cooperar.
Em relação à dança na escola, Marques nos convida a refletir sobre a diferença estabelecida
entre a dança na escola e fora dela, ou seja, na escola é educação e fora dela é arte.
Esta dissociação entre o artístico e o educativo, implícita na terminologia utilizada por professores de dança só vem reforçando a concepção do ensino de dança como meio, recurso, instrumento. Ou seja, ao enfatizarmos que a dança na escola é “diferente” (e por isso ela é “criativa”, “educativa”, “expressiva”), pois não estamos “interessados em formar artistas”, acabamos também negando a presença da dança na escola como área do conhecimento em si, ou seja, como arte (MARQUES, 2003, p. 142).
Em relação aos conteúdos estruturante da Educação Física, a dança é tão importante como os
demais, ao descartá-lo prejudicamos a formação do aluno, o ensino de Dança nas escolas reclama
mudanças. O movimento pelo movimento precisa ser banido, a aula de Dança deve ser um espaço
para a transformação dos alunos. Seguindo este mesmo pensamento Vianna (1990) nos diz que a
técnica todo mundo pode aprender, mas a técnica não é nada sem a reflexão.
Ainda para marques (2006) a Dança na escola tem como compromisso social ampliar a visão e
as vivências corporais do aluno em sociedade a ponto de torná-lo um sujeito criador, pensante, de
posse de uma linguagem artística transformadora. A prática da Dança não deve existir só para propiciar
prazer a quem a realiza, mas sim deve permitir que se efetive o compromisso com a formação integral
do sujeito.
O texto “A dança no contexto da sociedade e da escola” RBCM, (1988) traz a subordinação
que Brandão (1985) faz do conceito de cultura ao de trabalho (como modo humano de ação consciente
sobre o mundo) ao de história (como campo de realização e produto do trabalho humano) e ao de
dialética (como a qualidade construtiva das relações entre o homem e a natureza e dos homens entre
si, através do movimento o ser humano cria a cultura e faz a história).
Sborquia e Gallardo (2006) destacam que o aluno quando Dança, fala e se expressa como
resultado de um processo construtivo que acontece no meio cultural.
No que diz respeito aos conteúdos que visem a uma educação pelo movimento para
compreensão da dança, Marques (2003, p. 31) ressalta que:
[...] os conteúdos específicos da dança são: aspectos e estruturas do aprendizado do movimento (aspectos da coreologia, educação somática e técnica), disciplinas que contextualizem a dança (história, estética, apreciação e crítica, sociologia, antropologia, música, assim como saberes de anatomia, fisiologia e cinesiologia) e possibilidades de vivenciar a dança em si (repertórios, improvisação e composição coreográfica).
A diversidade das manifestações de dança surge da forma como cada agrupamento humano
se organizou, com suas peculiaridades, suas maneiras de pensar, sentir e agir frente a realidade.
Desta forma, a dança na perspectiva da cultura corporal pode ser considerada como linguagem
social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da
religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da guerra etc. (COLETIVO DE AUTORES,
1992, p. 82)
Como representação da realidade a dança se manifesta de acordo com as transformações
ocorridas na sociedade, desde a opressão, a rebeldia, a solenidade, a magia, a técnica excessiva, a
padronização.
Esta perspectiva converge com a perspectiva da cultura corporal na Educação Física, que vai
tratar a dança como arte no sentido de considerá-la como forma de trabalho e que tem, portanto, uma
função social.
2 Desenvolvimento
Iniciamos nosso trabalho na escola divulgando o projeto de ação, fazendo uma sensibilização
com os alunos e desenvolvendo atividades com reflexões sobre a dança. Através de um questionário
com perguntas abertas e fechadas fizemos uma sondagem sobre a dança na escola.
A questão mais discutida foi em relação à dança na escola, onde a maioria deu as respostas
do quadro abaixo:
Quadro 1 – Porque não gostam de dançar na escola?
Meninos
Sentem vergonha, acham que é coisa de menina,
alguns disseram que não conseguem executar o
movimento.
Maninas
Não gostam de dançar na escola para não se expor,
reclamaram também da filtragem feita pelo professor
quanto a questão da letra das músicas.
Partindo das respostas dos alunos, procurei motivá-los e dizendo que não iria ensiná-los como
se deve dançar, pois a dança na escola não tem regras, não tem o certo ou errado, mas que eles
teriam oportunidades de criar os movimentos, brincar etc.
Procurei ainda usar um discurso que promove o reconhecimento do indivíduo como sujeito no
processo de construção e transformação da realidade e que, sobretudo, negue a exploração do
homem/mulher pelo (a) homem/mulher, sempre proporcionando liberdade de expressão corporal, na
tentativa de levar os alunos a desenvolver sua capacidade criativa numa descoberta pessoal de suas
habilidades.
Dando continuidade as atividades, através de aparelhos multimídia apresentei aos alunos
vídeos sobre a dança clássica de Ana botafogo e sobre danças urbanas como dança de rua e Street
dance, fazendo uma reflexão e discussão sobre os temas abordados, diferenciando os movimentos e
criando novos movimentos a partir da análise dos vídeos.
Realizamos a seguir um estudo do texto “A dança”, que favoreceu para a realização das
atividades. Partindo do texto os alunos foram divididos em grupos, onde cada grupo escolheu um país
citado no texto ex: Japão, Grécia onde a dança foi disseminada, foi feito um estudo mais amplo por
cada equipe que expôs para os demais alunos. Após esse trabalho foi apresentado outro texto aos
alunos “A dança como produtora de significados” e através desse texto foi realizada atividades
envolvendo a comunidade e a família sobre os significados da dança.
Com essas informações foi organizado um fórum de discussões, onde a turma foi dividida em 3
grupos, o primeiro grupo defendeu a idéia da dança enquanto manifestação cultural, o segundo
apresentou idéias contrário a essa, argumentando para convencer os colegas e o terceiro grupo foi o
mediador das discussões, cada grupo utilizou gestos e movimentos para a defesa dos seus
posicionamentos.
Como parte do trabalho foi ainda proposto uma pesquisa aos alunos na internet, em revistas,
jornais, livros, artigos, textos e filmes que falam sobre a dança e a dança na escola, suas variações e
os problemas enfrentados, finalizando a atividade com roda de conversa.
Após esse estudo os alunos divididos em grupo que escolheram uma temática para montar
uma coreografia. Foram orientados a escolher um tema que faz parte de seu dia a dia, e, a partir daí
montar uma coreografia que, ao final foi apresentada à turma. Para isso eles fizeram pesquisas online,
realizaram ensaios no colégio em horários oposto, na qual acompanhei e pude ajudá-los na
organização. Ao final da atividade foi observado a grande participação de todos na vivência de diversos
ritmos e formas de dançar, além do aprendizado de gestos técnicos de danças específicas.
Realizamos a seguir uma dinâmica, onde os alunos dançando livremente pela sala e fizeram
troca de pares de tempos em tempos, sendo apresentado um CD com diferentes tipos de ritmos
(samba, rock, bolero, sertanejo, funk, axé, dance, valsa, etc.) e a cada ritmo o aluno deveria deslocar-
se livremente, a partir da sua experiência, com movimentos que retratasse o estilo musical.
Relembrarmos e trocarmos muitas experiências sobre os diferentes ritmos, foi proposto um
desafio para que criassem movimentos diferentes, que não estão relacionados com um determinado
ritmo para se dançar uma música. Por exemplo: Ao ouvirmos um funk, eles deveriam dançá-lo sem
repetir movimentos que normalmente são utilizados pelas pessoas para dançar esse ritmo.
Continuando as atividades a turma em grupos, Fez um breve relato escrito sobre alguma coisa
que vivenciaram no último mês (contar uma história que viveu, sobre qualquer tema do dia a dia ou
mesmo temas tratados na escola, na sala de aula em outras disciplinas, preservação do meio
ambiente, transito, animais, etc.). Depois que todos os grupos escreveram um relato (uma história),
foram levados a contá-la através de movimentos criados para representar o texto, montaram suas
coreografias usando os diferentes planos baixo, médio, e alto, usando também diferentes tempos, onde
eles introduziram aos movimentos alguns materiais como bolas, arcos, cordas, cadeiras, bancos ou
qualquer outro material. Houve a participação de todos os alunos, que interagiram muito bem a
atividade.
Para finalizar os trabalhos foi realizada a mostra de danças, onde os alunos em grupos,
escolheram os temas e as músicas, ensaiaram com a mediação da professora. As danças foram
apresentadas numa reunião da escola, na qual estiveram presente toda comunidade que se mostraram
surpresos com a desenvoltura dos alunos.
A avaliação dos educando, aconteceu durante as aulas, por meio de observações, relatórios e
discussões. Destaca-se a aqui a importância dos momentos de reflexão sobre a ação executada,
quando o educando, questionou, refletiu e sobre os movimentos realizados.
Ao final dos trabalhos ficou claro que a dança é um conteúdo que deve estar incluído nas aulas
de Educação Física. Seus benefícios são de grande importância, além de ser uma vivência diferente
do que geralmente é ensinado nas escolas. A dança trás inúmeros benefícios sociais, culturais,
emocionais, cognitivos e motores de maneira conceitual, atitudinal e procedimental que favorecem a
conscientização do corpo e do senso crítico, , além de promover a socialização entre pais, professores e
alunos, bem como a criação de um espaço de boa convivência, formando um cidadão autônomo, ciente de
seus direitos e deveres.
3 Considerações Finais
Esse trabalho faz parte do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) e deixa como
legado um amplo material didático pedagógico que devidamente articulado ao uso das ferramentas
habituais em sala de aula, possibilita aos professores e estudantes uma trabalho na educação Física
articulado com a dança.
Baseado no interesse dos alunos que participaram das atividades, o trabalho permitiu que os
mesmos se colocassem como agentes no processo de aprendizagem, ao se criar condições de várias
formas de participações, buscando, discutindo e expondo suas idéias através de expressões orais,
escritas e artísticas. Nossa intenção foi alcançada enquanto o aluno pode compreender que o corpo
que dança também aprende. Acreditamos que nossos alunos precisam entender que eles vêm para a
aula de Educação Física para aprender vários conteúdo, seja via Jogos, Lutas, Ginástica ou dança.
Entendendo que a dança é uma forma de expressão e movimento do corpo, por meio dela evidenciam-se
diversos sentimentos e são realizados movimentos que auxiliam no autoconhecimento e exploração do espaço
em que está inserido.
Em relação ao desenvolvimento do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, do
Estado do Paraná, na sua versão 2012/2013, foi possível constatar que foi um importante instrumento
de qualificação profissional, pois possibilitou a aproximação da Escola Pública com as Universidades
onde, a troca de experiências e o contato com as novas metodologias proporcionaram, com certeza,
mudanças positivas e significativas.
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