a danÇa como conteÚdo da cultura corporal: uma ... · relações sociais que estabelece com estas...

12

Upload: doanque

Post on 09-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,
Page 2: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA EXPERIÊNCIA INTRODUTÓRIA EM UMA ESCOLA PÚBLICA

* Eliane Aparecida Beraldi Ripoli

**Vânia de Fátima Matias de Souza

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo articular novas formas de intervenção para o ensino da Educação Física

na escola, mais especificamente, do conteúdo estruturante, dança, sob a ótica da metodologia crítico-superadora e suas

contribuições pedagógicas a partir de uma proposta idealizada pelo PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional,

realizada com alunos do 9º ano do Colégio Estadual Engenheiro José Faria Saldanha no Município de Munhoz de Mello Pr.

Foi realizado um trabalho, destacando a dança e suas possibilidades de contribuir para reflexões sobre a diversidade

cultural, possibilitando aos aluno conhecer outras formas de pensar, agir, reagir e perceber um contexto de significações da

nossa cultura corporal de movimentos, permitindo que os alunos vivenciem as diferenças nesse campo de conhecimento.

Como resultados observou-se que os alunos perceberam que não é necessário ser bailarino para dançar, é preciso apenas

libertar os movimentos e trabalhar as expressões. Conclui-se ao final desse trabalho que as atividades com a dança

possibilitou o aprimoramento da criatividade e interpretatividade dos alunos, além de contribuir para a melhoria das relações

interpessoais e união da turma.

Palavras–chave: Dança; escola; cultura.

DANCE LIKE BODY CONTENT OF CULTURE: AN INTRODUCTORY EXPERIENCE IN A PUBLIC SCHOOL

ABSTRACT: The present study aimed to articulate new forms of intervention for the teaching of physical education in school , more specifically , content structuring , dance , from the viewpoint of methodology - critical and surpassing their pedagogical contributions from a proposal devised by PDE - Educational Development Program , conducted with students from 9th grade in State College Engineer José Faria in Saldanha Municipality of Muñoz de Mello Pr work was done , highlighting the dance and its possibilities to contribute to reflections on cultural diversity , allowing student know other ways to think, act , react and realize a context of meanings of our culture of body movements , allowing students to experience the differences in this field of knowledge. The results showed that students perceived that it is not necessary to be a dancer to dance , you need only release the movements and expressions work . It was concluded at the end of that work activities with dance enabled the enhancement of creativity and interpretatividade students, and contribute to the improvement of interpersonal relationships and marriage class . . Keywords : Dance; school; culture.

_______________________________-__ * Professora da Rede Pública de Ensino do Paraná. Concluinte do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE na Universidade Estadual de Maringá – UEM **Orientadora PDE DEF/UEM

Page 3: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

1 Introdução

A Dança sempre esteve presente na história da humanidade desde os tempos mais remotos,

seja como uma forma de expressão ou manifestação cultural de um povo, como arte ou como esporte.

Dançar é expressar sentimentos por meio de movimentos em um ritmo pré-estabelecido, ou também

pode ser definido como o ato de mover o corpo no ritmo da música.

As Diretrizes Curriculares do Paraná (2008) assumem o currículo como configurador da prática,

fundamentado nas teorias criticas e com organização curricular, buscando atender as varias dimensões

do conhecimento tais como a cientifica, a histórica, a filosófica, a artística, a social dentre outras, em

direção a totalidade do conhecimento e sua relação como cotidiano.

A Educação Física, comprometida com este olhar, parti da pedagogia critica e das bases das

ciências humanas, mais especificamente da Filosofia da Educação e da Sociologia, originando as

concepções criticas da Educação Física.

O conceito de cultura corporal tem como suporte a idéia de seleção, organização,

sistematização do conhecimento acumulado historicamente sobe o movimento humano, agrupados

para fins didáticos, em conteúdos tais como: jogos, ginásticas, danças, lutas, esportes e etc. a escola

deve levar os alunos a se apropriar desses estabelecendo nexos com a realidade (DIRETRIZES

CURRICULARES DO PARANÁ 2008).

A dança é considerada uma das formas mais antigas de expressão corporal e também uma

das mais belas manifestações da cultura de um povo. Investigar a dança como elemento da cultura

corporal é entrar no universo cultural e social dos corpos historicamente constituídos, analisando as

relações sociais que estabelece com estas práticas.

Diante disso, esse trabalho objetivou analisar como a dança na perspectiva da cultura corporal,

pode levar o aluno à superação da visão fragmentada que tem sobre o ser humano e, especificamente

compreender a dança como conteúdo da cultura corporal, detectar as diferentes concepções de dança

dos alunos, proporcionar vivencias de manifestações rítmicas expressivas e dançantes aos alunos e

promover uma mostra de dança com estes alunos, no sentido de socializar o conhecimento apreendido

sob uma nova perspectiva.

1.1 História da dança

De acordo com Gonçalves e Leão Junior (2011), a dança surgiu na religião, onde só os

homens líderes de grupos tinham o privilégio de dançar nas cerimônias religiosas, presentes nas peças

Page 4: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

teatrais, na arte grega em pinturas e esculturas. Enquanto no cristianismo qualquer forma de expressão

o corpo era visto como pecado, na renascença surgiu uma nova forma de pensar, onde os valores

mundanos da vida e do corpo foram novamente exaltados, com isso a dança volta a florescer.

Ainda segundo os autores na idade média, inspirada pela corte Francesa, juntamente com as

acrobacias de ciganos e saltimbancos de feira, unindo-se com a beleza artística das danças teatrais

surge a dança clássica ou balé, bem como no século séc. xx aparece a dança moderna e nos anos

oitenta a dança contemporânea, desligando-se totalmente dos laços com o balé, essa modalidade

eram opostas as danças tradicionais já existentes, pois tinha como objetivo criar uma nova técnica e

linguagem expressiva.

Percebemos que a dança sofreu influências dos acontecimentos de cada época, sendo uma

forma de expressão corporal e de manifestação cultural do cenário de cada período histórico. Sendo

assim a dança passou por uma transição através dos tempos, onde as primeiras formas de dança eram

complexas e rigorosas, passando para as danças livres e criativas. Então, a cultura corporal trata-se

das práticas corporais que foram constituídas historicamente pela humanidade.

Como representação da realidade a dança se manifesta de acordo com as transformações

ocorridas na sociedade, desde a opressão, a rebeldia, a solenidade, a magia, a técnica excessiva, a

padronização. Sendo sempre um componente cultural da humanidade.

O homem sendo destaque perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com

o meio, permitindo transformá-lo e se transformar também. As atividades que eram realizadas para a

sobrevivência, com o tempo, foram incluídas nas horas do lazer. Entre elas podemos destacar o

dançar, pois a “[...] dança faz parte da humanidade desde tempos imemoriais e, sabe-se, esteve

presente em quase todas as civilizações” (SBORQUIA e GALLARDO, 2006, p.14).

Historicamente é no dançar que os povos se comunicavam, comemoravam e expressavam os

rituais, a história da dança se confunde com a própria história da humanidade, pois ela pode ser:

[...] entendida como uma manifestação cultural a partir das formações simbólicas de cada grupo social, numa relação dialética entre o homem, a cultura e a sociedade. Pode-se dizer que a dança acompanhou o pensamento do ser humano, em busca da razão, da ciência ou em mesmo em busca da arte (SBORQUIA e GALLARDO, 2006, p.13).

A cultura é tudo que o homem faz por meio de seu trabalho, produzindo conhecimentos que

necessitam ser retraçados para as gerações seguintes, Sendo assim a cultura corporal trata-se das

práticas corporais que foram constituídas historicamente pela humanidade. Desta forma, a dança na

perspectiva da cultura corporal pode ser considerada

Page 5: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

Como linguagem social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da guerra etc (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 82).

Aranha (1996, p. 39) ao tratar das relações culturais, apresenta que cultura no sentido amplo é

tudo o que o homem faz, seja uma produção material ou espiritual, seja pensamento ou ação. Para a

autora a “cultura resulta do esforço humano para construir sua existência”, caracterizando os diversos

agrupamentos humano, onde a produção intelectual de um povo, está expressa nas produções

filosóficas, cientificas, artísticas, literárias, religiosas etc, com ênfase na representação simbólica que o

homem faz da realidade, constituída por meio do conhecimento. A autora chama a atenção de que

estes bens deveriam estar disponíveis para todos, no entanto, em uma sociedade dividida em classes

isto não ocorre, isto porque, na separação entre “trabalhadores intelectuais e manuais estes últimos

são excluídos do acesso aos bens culturais e quando deles se apropriam, prevalece o consumo da

cultura dominante”.

As experiências das pessoas com a dança se dão a partir do „corpo em movimento‟ fazendo

uso de gestos elaborados, usando passos improvisados e expressões, no intuito de se comunicar, se

reinventar, criar, fazer arte, ousar, ocupar espaço, educar, interagir com o outro e consigo mesmo, ou

seja:

Compreender as habilidades do corpo através da dança é pensar que o corpo fala sobre si mesmo, que o corpo, por suas habilidades, constrói um fazer que especialize seu potencial, é entender que o corpo que dança habita o mundo e o espaço, que ele mesmo é capaz de construir o seu repertório para realizar habilidades específicas que o tornem mais apto à ação (ROSA, 2000, p.68).

Para Marques (2003), a dança expressa conhecimento, vivência e a recriação de valores,

costumes e crenças, além de atribuir significados para as vivências corporais, temporais e espaciais

individuais e coletivas na sociedade contemporânea. A dança ao longo dos tempos manifestou uma

forma de existência e de essência. Suas raízes são cheias de significados. Para Merleau-Ponty (1999,

p. 203):

O corpo é nosso meio geral de Ter um mundo. Ora ele se limita aos gestos necessários à conservação da vida e, correlativamente, põe em torno de nós um mundo biológico; ora, brincando com seus primeiros gestos e passando de seu sentido próprio a um sentido figurado, ele manifesta através deles um novo núcleo de significação: é o caso dos hábitos motores como a dança. Ora, enfim a significação visada não pode ser alcançada pelos meios naturais do corpo; é preciso então que ele se construa um instrumento, e ele projeta em torno de si um mundo cultural

Page 6: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

A sociedade expressa, por meio da dança, seus mais variados componentes, que a fazem ser

sociedade. Segundo Sborquia e Gallardo (2006, p. 14), o ser humano mostra a história acumulada de

uma sociedade que nele exprime seus valores, suas leis, suas crenças e seus sentimentos, que são

base da vida social. Garaudy (1980 p. 27), na sua obra Dançar a Vida, afirma que:

A vida quotidiano pode ser expressa pela linguagem, mas não os acontecimentos que a transcendem. A dança exprime estas transcendências. O homem dança para falar sobre o que ele honra ou sobre o que o emociona

Segundo Hass e Leal (apud Pinto, 2006), a dança tem um caráter socializador e motivador,

seja em par ou sozinho, em qualquer idade ou sexo, dançando todos se sentem bem.

2.2 A Dança na Escola

Na perspectiva da cultura corporal a dança contribui para que haja respeito as diferenças

culturais, construindo conceitos e representando, por meio de manifestações culturais e identificando o

papel do aluno na construção da cidadania. Toda criança traz experiências de comunicação criativa por

meio de movimentos, a dança e a aprendizagem, sempre que houver oportunidade o professor deverá,

por meio da teoria, provocar reflexões critica no aluno, de maneira a desenvolver a criatividade, a

sensibilidade, a expressão corporal e o cooperativismo sistematizando o conhecimento das práticas

corporais.

A dança na escola, associada à Educação Física, tem um papel fundamental enquanto

atividade pedagógica e pode estabelecer no aluno uma relação concreta sujeito-mundo, além de

estimular a capacidade de solucionar problemas de maneira criativa; desenvolver a memória; o

raciocínio; a autoconfiança e a auto-estima, fazendo com que o aluno tenha uma melhor relação com

ele e com os outros. Segundo Gardner (1995), a podemos verificar a dança e a sua contribuição para o

desenvolvimento das inteligências múltiplas. Para ele todos nós temos potenciais diferentes e

nascemos com capacidade para desenvolver todas as inteligências, fazemos isso naturalmente

(GARDNER, 1995).

De acordo com Laban (1990) a dança na educação tem por objetivo ajudar na relação corporal

com a totalidade da existência. Entende-se que o seu ensino possui diversidade de elementos a serem

desenvolvidos dentro e fora da escola e, como forma significativa de conhecimento para a formação do

ser humano é que se compreende a necessidade de desenvolvê-la nas aulas de educação física.

Page 7: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

Para Ferreira (2005, p. 59), a aprendizagem dos movimentos da dança e de outros esportes

faz com que cresçam mais conexões entre neurônios, aprimorando a memória; tornando-nos mais

aptos a processar informações e aprender.

A escola precisa realizar experiências com o corpo dos alunos, que não é um esqueleto a ser

treinado pela repetição de movimentos, mas por atividades prazerosas. A Dança na educação é um

referencial para as questões que permeiam a educação de nossos tempos, mostra o quanto o aluno

pode criar, expressar, aprender, socializar e cooperar.

Em relação à dança na escola, Marques nos convida a refletir sobre a diferença estabelecida

entre a dança na escola e fora dela, ou seja, na escola é educação e fora dela é arte.

Esta dissociação entre o artístico e o educativo, implícita na terminologia utilizada por professores de dança só vem reforçando a concepção do ensino de dança como meio, recurso, instrumento. Ou seja, ao enfatizarmos que a dança na escola é “diferente” (e por isso ela é “criativa”, “educativa”, “expressiva”), pois não estamos “interessados em formar artistas”, acabamos também negando a presença da dança na escola como área do conhecimento em si, ou seja, como arte (MARQUES, 2003, p. 142).

Em relação aos conteúdos estruturante da Educação Física, a dança é tão importante como os

demais, ao descartá-lo prejudicamos a formação do aluno, o ensino de Dança nas escolas reclama

mudanças. O movimento pelo movimento precisa ser banido, a aula de Dança deve ser um espaço

para a transformação dos alunos. Seguindo este mesmo pensamento Vianna (1990) nos diz que a

técnica todo mundo pode aprender, mas a técnica não é nada sem a reflexão.

Ainda para marques (2006) a Dança na escola tem como compromisso social ampliar a visão e

as vivências corporais do aluno em sociedade a ponto de torná-lo um sujeito criador, pensante, de

posse de uma linguagem artística transformadora. A prática da Dança não deve existir só para propiciar

prazer a quem a realiza, mas sim deve permitir que se efetive o compromisso com a formação integral

do sujeito.

O texto “A dança no contexto da sociedade e da escola” RBCM, (1988) traz a subordinação

que Brandão (1985) faz do conceito de cultura ao de trabalho (como modo humano de ação consciente

sobre o mundo) ao de história (como campo de realização e produto do trabalho humano) e ao de

dialética (como a qualidade construtiva das relações entre o homem e a natureza e dos homens entre

si, através do movimento o ser humano cria a cultura e faz a história).

Sborquia e Gallardo (2006) destacam que o aluno quando Dança, fala e se expressa como

resultado de um processo construtivo que acontece no meio cultural.

No que diz respeito aos conteúdos que visem a uma educação pelo movimento para

compreensão da dança, Marques (2003, p. 31) ressalta que:

Page 8: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

[...] os conteúdos específicos da dança são: aspectos e estruturas do aprendizado do movimento (aspectos da coreologia, educação somática e técnica), disciplinas que contextualizem a dança (história, estética, apreciação e crítica, sociologia, antropologia, música, assim como saberes de anatomia, fisiologia e cinesiologia) e possibilidades de vivenciar a dança em si (repertórios, improvisação e composição coreográfica).

A diversidade das manifestações de dança surge da forma como cada agrupamento humano

se organizou, com suas peculiaridades, suas maneiras de pensar, sentir e agir frente a realidade.

Desta forma, a dança na perspectiva da cultura corporal pode ser considerada como linguagem

social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da

religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da guerra etc. (COLETIVO DE AUTORES,

1992, p. 82)

Como representação da realidade a dança se manifesta de acordo com as transformações

ocorridas na sociedade, desde a opressão, a rebeldia, a solenidade, a magia, a técnica excessiva, a

padronização.

Esta perspectiva converge com a perspectiva da cultura corporal na Educação Física, que vai

tratar a dança como arte no sentido de considerá-la como forma de trabalho e que tem, portanto, uma

função social.

2 Desenvolvimento

Iniciamos nosso trabalho na escola divulgando o projeto de ação, fazendo uma sensibilização

com os alunos e desenvolvendo atividades com reflexões sobre a dança. Através de um questionário

com perguntas abertas e fechadas fizemos uma sondagem sobre a dança na escola.

A questão mais discutida foi em relação à dança na escola, onde a maioria deu as respostas

do quadro abaixo:

Quadro 1 – Porque não gostam de dançar na escola?

Meninos

Sentem vergonha, acham que é coisa de menina,

alguns disseram que não conseguem executar o

movimento.

Maninas

Não gostam de dançar na escola para não se expor,

reclamaram também da filtragem feita pelo professor

quanto a questão da letra das músicas.

Page 9: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

Partindo das respostas dos alunos, procurei motivá-los e dizendo que não iria ensiná-los como

se deve dançar, pois a dança na escola não tem regras, não tem o certo ou errado, mas que eles

teriam oportunidades de criar os movimentos, brincar etc.

Procurei ainda usar um discurso que promove o reconhecimento do indivíduo como sujeito no

processo de construção e transformação da realidade e que, sobretudo, negue a exploração do

homem/mulher pelo (a) homem/mulher, sempre proporcionando liberdade de expressão corporal, na

tentativa de levar os alunos a desenvolver sua capacidade criativa numa descoberta pessoal de suas

habilidades.

Dando continuidade as atividades, através de aparelhos multimídia apresentei aos alunos

vídeos sobre a dança clássica de Ana botafogo e sobre danças urbanas como dança de rua e Street

dance, fazendo uma reflexão e discussão sobre os temas abordados, diferenciando os movimentos e

criando novos movimentos a partir da análise dos vídeos.

Realizamos a seguir um estudo do texto “A dança”, que favoreceu para a realização das

atividades. Partindo do texto os alunos foram divididos em grupos, onde cada grupo escolheu um país

citado no texto ex: Japão, Grécia onde a dança foi disseminada, foi feito um estudo mais amplo por

cada equipe que expôs para os demais alunos. Após esse trabalho foi apresentado outro texto aos

alunos “A dança como produtora de significados” e através desse texto foi realizada atividades

envolvendo a comunidade e a família sobre os significados da dança.

Com essas informações foi organizado um fórum de discussões, onde a turma foi dividida em 3

grupos, o primeiro grupo defendeu a idéia da dança enquanto manifestação cultural, o segundo

apresentou idéias contrário a essa, argumentando para convencer os colegas e o terceiro grupo foi o

mediador das discussões, cada grupo utilizou gestos e movimentos para a defesa dos seus

posicionamentos.

Como parte do trabalho foi ainda proposto uma pesquisa aos alunos na internet, em revistas,

jornais, livros, artigos, textos e filmes que falam sobre a dança e a dança na escola, suas variações e

os problemas enfrentados, finalizando a atividade com roda de conversa.

Após esse estudo os alunos divididos em grupo que escolheram uma temática para montar

uma coreografia. Foram orientados a escolher um tema que faz parte de seu dia a dia, e, a partir daí

montar uma coreografia que, ao final foi apresentada à turma. Para isso eles fizeram pesquisas online,

realizaram ensaios no colégio em horários oposto, na qual acompanhei e pude ajudá-los na

organização. Ao final da atividade foi observado a grande participação de todos na vivência de diversos

ritmos e formas de dançar, além do aprendizado de gestos técnicos de danças específicas.

Realizamos a seguir uma dinâmica, onde os alunos dançando livremente pela sala e fizeram

troca de pares de tempos em tempos, sendo apresentado um CD com diferentes tipos de ritmos

Page 10: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

(samba, rock, bolero, sertanejo, funk, axé, dance, valsa, etc.) e a cada ritmo o aluno deveria deslocar-

se livremente, a partir da sua experiência, com movimentos que retratasse o estilo musical.

Relembrarmos e trocarmos muitas experiências sobre os diferentes ritmos, foi proposto um

desafio para que criassem movimentos diferentes, que não estão relacionados com um determinado

ritmo para se dançar uma música. Por exemplo: Ao ouvirmos um funk, eles deveriam dançá-lo sem

repetir movimentos que normalmente são utilizados pelas pessoas para dançar esse ritmo.

Continuando as atividades a turma em grupos, Fez um breve relato escrito sobre alguma coisa

que vivenciaram no último mês (contar uma história que viveu, sobre qualquer tema do dia a dia ou

mesmo temas tratados na escola, na sala de aula em outras disciplinas, preservação do meio

ambiente, transito, animais, etc.). Depois que todos os grupos escreveram um relato (uma história),

foram levados a contá-la através de movimentos criados para representar o texto, montaram suas

coreografias usando os diferentes planos baixo, médio, e alto, usando também diferentes tempos, onde

eles introduziram aos movimentos alguns materiais como bolas, arcos, cordas, cadeiras, bancos ou

qualquer outro material. Houve a participação de todos os alunos, que interagiram muito bem a

atividade.

Para finalizar os trabalhos foi realizada a mostra de danças, onde os alunos em grupos,

escolheram os temas e as músicas, ensaiaram com a mediação da professora. As danças foram

apresentadas numa reunião da escola, na qual estiveram presente toda comunidade que se mostraram

surpresos com a desenvoltura dos alunos.

A avaliação dos educando, aconteceu durante as aulas, por meio de observações, relatórios e

discussões. Destaca-se a aqui a importância dos momentos de reflexão sobre a ação executada,

quando o educando, questionou, refletiu e sobre os movimentos realizados.

Ao final dos trabalhos ficou claro que a dança é um conteúdo que deve estar incluído nas aulas

de Educação Física. Seus benefícios são de grande importância, além de ser uma vivência diferente

do que geralmente é ensinado nas escolas. A dança trás inúmeros benefícios sociais, culturais,

emocionais, cognitivos e motores de maneira conceitual, atitudinal e procedimental que favorecem a

conscientização do corpo e do senso crítico, , além de promover a socialização entre pais, professores e

alunos, bem como a criação de um espaço de boa convivência, formando um cidadão autônomo, ciente de

seus direitos e deveres.

3 Considerações Finais

Page 11: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

Esse trabalho faz parte do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) e deixa como

legado um amplo material didático pedagógico que devidamente articulado ao uso das ferramentas

habituais em sala de aula, possibilita aos professores e estudantes uma trabalho na educação Física

articulado com a dança.

Baseado no interesse dos alunos que participaram das atividades, o trabalho permitiu que os

mesmos se colocassem como agentes no processo de aprendizagem, ao se criar condições de várias

formas de participações, buscando, discutindo e expondo suas idéias através de expressões orais,

escritas e artísticas. Nossa intenção foi alcançada enquanto o aluno pode compreender que o corpo

que dança também aprende. Acreditamos que nossos alunos precisam entender que eles vêm para a

aula de Educação Física para aprender vários conteúdo, seja via Jogos, Lutas, Ginástica ou dança.

Entendendo que a dança é uma forma de expressão e movimento do corpo, por meio dela evidenciam-se

diversos sentimentos e são realizados movimentos que auxiliam no autoconhecimento e exploração do espaço

em que está inserido.

Em relação ao desenvolvimento do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, do

Estado do Paraná, na sua versão 2012/2013, foi possível constatar que foi um importante instrumento

de qualificação profissional, pois possibilitou a aproximação da Escola Pública com as Universidades

onde, a troca de experiências e o contato com as novas metodologias proporcionaram, com certeza,

mudanças positivas e significativas.

4 Referências

ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Filosofia da Educação. 2º ed. São Paulo: Moderna, 1996

BARROS, Joseane Maria de C. Considerações sobre o estágio na formação do profissional de educação física. Revista E.F., Rio de Janeiro, v. 2, n. 8, p. 28-31, 2003. ___________, Isabel. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003

BRANDÃO, C. R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense/Abril, 1985.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1993.

DELORS, J. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional

sobre a Educação para o século XXI. Rio Tinto: Asa, 2000.

FERREIRA, Vanja. Dança escolar: um novo ritmo para a Educação Física. Rio de Janeiro: Sprint,

2005.

GARAUDY, R. Dançar a Vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Page 12: A DANÇA COMO CONTEÚDO DA CULTURA CORPORAL: UMA ... · relações sociais que estabelece com estas ... perante os outros seres e o uso dos sentidos, sempre interagiu com o meio,

GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.

GONÇALVES, JOCELAINE DE SIQUEIRA; LEÃO JUNIOR; CLEBER MENA; GOOBO, MARIANA.

Dança. Uma Revisão Bibliográfica: Fatores de Contribuição no Desenvolvimento de Pessoas

com Deficiência no Ambiente Escolar. EDUCERE - I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO – SIRSSE. Pontifica Universidade

Católica do Parana- Curitiba 7 a 10 de novembro de 2011

LABAN, Rudolf. Dança Educativa Moderna. São Paulo, SP. Icone Editora. 1990.

LEAL, I. F.; HAAS, A. N. O significado da Dança na terceira idade. Revista Brás. Ciênc. do

Envelhecimento Humano, Passo Fundo, p.64-71, jan./jun. 2006.

MARQUES , I.A.. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2006

PARANÁ. Secretaria do Estado da Educação. Diretrizes curriculares nacionais de educação física. Curitiba: SEED, 2008.

REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIA E MOVIMENTO. A dança no contexto da sociedade e da escola. Vol. 2, n.º 1, 1988, p.45-47.

ROSA, L. Uma experiência fenomenológica: o corpo que dança. In: XAVIER, J.; MEYER, S.; TORRES, V. (orgs). Coleção dança cênica: pesquisas em dança. v.1, Joinville: Letradágua, 2008. SBORQUIA, S.P. e GALLARDO, J.S.P. A dança no contexto da Educação Física. Ijuí: Ed. Unijuí, 2006. VIANNA, K. A dança. São Paulo: Siciliano, 1990.