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    Resumo:

    Pode-se perceber que ela raramente mencionada nos escritos sobre histria da arte. Os estudos sobre a insero da arte na educao encontram-se voltados s artes visuais. Mesmo nas dcadas de 70 e 80, perodo em que foram publicados inmeros livros didticos da Educao Artstica, que apresentavam atividades em artes plsticas, desenhos, msicas e artes

    tambm a rea que se concentra o maior nmero de professores habilitados. Na histria do ensino de arte no Brasil, podemos perceber a pouca

    escolar. A dana nunca esteve includa no currculo escolar como prtica obrigatria. Sua presena esteve relacionada principalmente s festividades escolares e/ou se deu na forma de atividades recreativas e ldicas, no com o intuito de promover o seu ensino, mas como um instrumento para atingir os contedos de outras reas. Para subsidiar teoricamente a discusso acerca da temtica utilizamos Os Parmetros Curriculares Nacionais em Arte-dana e tericos como MORANDI, STRAZZACAPPA, BARBOSA RENGEL, LANGENDONCK, MOMMENSOHN; PETRELLA e VYGOTSKY.

    Palavras-Chave: Dana, Educao, Polticas Pblicas.

    * Rosana Carla Gonalves Gomes Cintra Professora doutora UFMS, DED CCHS. Programa de Mestrado e Doutorado em Educao, na Linha de Pesquisa Educao, Psicologia e Prtica Docente. Lder do GEPEMULT - Grupo de Estudos e Pesquisas em Educao e Mltiplas Linguagens. Professora do Mestrado em Educao Social-CPAN-UFMS. [email protected].

    A Dana no Brasil: Alguns Caminhos Percorridos at se tornar parte Integral da Educao em Arte

    *

    A Dana no Brasil

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    Abstract: This study is bibliographic in nature and aims to seek references dance in readings on teaching Arts in Brazil. One can realize that she is rarely mentioned in the writings about art history. Studies on the insertion of art education are focused on Visual Arts. Even in the 1970s and 1980s, a period in which they were published numerous textbooks of art education, which had activities in arts, drawings, music and performing arts, ended up dominating the activities in arts, and this is also the area that concentrates the largest number of teachers. In the history of art education in Brazil, we

    of school education. Dancing has never been included in school curricula as a mandatory practice. His presence was linked mainly to school and/or festivities took place in the form of recreational activities and entertainment, not to promote their education, but as an instrument to achieve the content from other areas. To subsidise theoretically the thematic discussion of The National Curriculum Parameters used in dance, and art theoreticians as MORANDI, STRAZZACAPPA, BARBOSA RENGEL, LANGENDONCK, MOMMENSOHN; PETRELLA and VYGOTSKY.

    Keywords: Dance, Education, Public Policy.

    Com a chegada dos portugueses ao Brasil e com o processo de colonizao os costumes, crenas e educao portuguesa foram impostos aos colonizados. Segundo Francisco Filho (2001) os jesu-tas se utilizaram de conhecimentos de pinturas, msicas, danas, inclusive nativas, teatro e festas catlicas auxiliando na catequese dos povos indgenas. Essa apropriao e transmisso da arte tinham o objetivo na domesticao dos ndios e proliferao da doutrina catlica.

    Joo VI, para o Brasil, que trouxe hbitos das cortes europeias. Con-forme Barbosa (1999), devido presena da famlia real portuguesa nas terras brasileiras era necessria a criao de condies favorveis

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    -porcionando tambm a iniciao de um ensino artstico no Brasil com a presena da misso Francesa. Entretanto, o ensino de artes nesse caso tornou-se acessvel somente aos aristocratas.

    As danas que aconteciam nos palcios em comemoraes corte no sculo XVI chegaram ao Brasil com D. Joo VI. (1769 1826) que fugindo da invaso napolenica, trouxe

    e incio do sculo XX, companhias de pera francesas e italianas se apresentaram no Brasil, Com elas vieram os bals que faziam parte das apresentaes. (Rengel e Langendonck 2006, p 68).

    Nesse sentido a dana como espetculo, era uma forma de diver-so para a classe dominante. MORANDI (2006, p.79) aponta que no mbito educacional gestos contidos e polidos eram privilegiados, e a dana nessa poca, tinha um carter virtuoso e voltado ao espetculo o que no se adequava ao mbito escolar. Portanto, o ensino da dana em muitos momentos no correspondia aos processos educacionais e polticos da poca.

    Shiroma, Moraes e Evangelista (apud Gomes; Nogueira, 2008, P. 584) apontam que at meados de 1970, o carter histrico da edu-cao na poltica brasileira se direcionava para o fortalecimento do Estado. Ento polticas pblicas foram implementadas na educao, com um discurso de construo nacional, em que valores que engran-decessem a nao fossem aplicados s polticas educacionais. Assim a preocupao central a respeito da Arte no inicio do sculo XX era sua implantao nas escolas primrias e secundrias.

    Nesse perodo, o iderio positivista vinha sendo extensamen-te divulgado no pas, principalmente a partir da segunda metade do sculo XlX (BARBOSA, 1999), onde o desenho foi a principal linguagem artstica presente nas escolas, pois, para os positivistas,

    A Dana no Brasil

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    ele auxiliava na educao da mente, contribuindo para o estudo da

    para o trabalho.

    Com o projeto elaborado pelo compositor Heitor Villa-Lobos nos anos 30 e 40, a msica ganhou destaque nas escolas brasileiras, que tinha como objetivo difundir de maneira sistemtica a lingua-gem musical, juntamente com princpios de civismo e coletividade, condizentes com o pensamento poltico da poca (BRASIL, 1997).

    Em 1961 foi estabelecida a Lei de Diretrizes e Bases Educao

    na prtica, as escolas acabaram compondo o seu currculo de acordo com os recursos materiais e humanos de que j dispunham, ou seja, continuaram mantendo o mesmo currculo de antes, apesar de con-siderarem que a possibilidade de os Estados e os estabelecimentos anexarem disciplinas optativas ao currculo mnimo ter sido um avano em matria de educao.

    Na dcada de 60, o regime militar apresentou-se como o novo cenrio poltico no pas. Observou-se um perodo de progresso tcnico resultante da criao de novas fbricas, era o incio da expanso e do desenvolvimento industrial, portanto buscava-se adequar o en-sino ao modelo do desenvolvimento econmico da poca. Segundo Fusari e Ferraz (apud GOMES; NOGUEIRA 2008, p. 585), o ensino passou a atender as necessidades do mundo industrial em expanso. O Estado estava voltado ao investimento num modelo de educao

    processo de importao tecnolgica. Shiroma, Moraes e Evangelista

    e educando haviam-se transformado em capital humano, para a produo de lucros individuais e sociais e Romanelli (1997, p. 196) relata que, a partir dos anos 60, o governo percebeu a necessidade

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    educacional ao modelo do desenvolvimento econmico que ento

    Nesse contexto a disciplina de ginstica, na educao fsica, e a de desenho em artes, colaboravam para a atual poltica de crescimento do Brasil (MORANDI, 2006).

    Posteriormente, surge a dana moderna contestando o rigoroso ensino do bal clssico, um deles foi Rudolf Laban (1990), ele foi um dos primeiros tericos do movimento a se preocupar com a dana na educao escolar. Estudou profundamente as estruturas do mo-vimento humano arte da dana e, consequentemente a educao.

    o ensino de dana as escolas formais em todo mundo.

    A chamada dana educativa, terminologia utilizada por Laban para designar seu trabalho, era um contraponto do ensino da dan-a clssica que se caracterizava pela rigidez tcnica e mecnica do movimento. Segundo ele: Nas escolas onde se fomenta a Educao Artstica, o que se procura no a perfeio ou a criao e execuo

    da dana tem sobre o aluno. (LABAN, 1990, p. 18).

    Uma das responsveis pela introduo e pela divulgao do trabalho de Laban, no Brasil, a partir da dcada de 1940 foi Maria Duschenes, coreografa e educadora, que implantou os conceitos de dana educativa com a qual havia entrado em contato. (MOMMEN-SOHN, 2006, p.17 apud MOMMENSOHN & PETRELLA).

    A dana educativa surgiu paralelamente ao movimento escola-novista, que tambm se preocupava com a expresso e a liberdade criadora, condenando o modelo imitativo e repetitivo, caracterstico da pedagogia tradicional, entretanto no campo das artes em geral a banalizao da livre expresso resultou em um declnio de nvel qualitativo das atividades pedaggicas em arte, ento a dana con-

    A Dana no Brasil

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    siderada livre, permitiu que, nas escolas, qualquer atividade ligada ao movimento fosse considerada dana, e ainda permitindo que

    2006, p. 82). A dana educativa, com seu carter criativo expressivo, no se efetivou nas escolas no campo de arte, porm gerou o interesse de professores de educao fsica que passaram a introduzir-la em suas aulas.

    Em 1971, aps reformulaes da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB), a arte tornou-se obrigatria nas escolas, e passou a ser chamada de Educao Artstica, sendo considerada somente uma atividade educativa, e no uma disciplina curricular. Ser obrigatria a incluso de Educao Moral e Cvica, Educao Fsica, Educao Artstica e Programas de Sade nos currculos plenos dos estabelecimentos de 1 e 2 graus [...]. (BRASIL, 1971).

    Por um lado considerou-se um fator importante, a insero da Educao Artstica no currculo escolar pela LDBN, tanto relacionado ao aspecto de sustentao legal para esta prtica, quanto por ter sido considerada importante na formao dos indivduos. Porm vieram

    dimenses artsticas, porm, no havia pessoal capacitado. Exigia-

    Cada um fazia o que podia. Para viabilizar esta idia, criou-se, no Brasil, a Licenciatura Curta em Educao Artstica, que em dois anos pretendia garantir a dita formao polivalente em artes o que tambm no funcionou na prtica. Pelo contrario foi um grande equvoco em termos de prtica artstica. (SANTOS apud MOM