caminhos percorridos pelo dr. jorge clarke bleyer nos campos da medicina tropical e da...

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272 História, CiŒncias, Saœde Manguinhos, Rio de Janeiro TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA Caminhos percorridos pelo dr. Jorge Clarke Bleyer nos campos da medicina tropical e da prØ-história brasileira Paths taken by Dr. Jorge Clarke Bleyer in the fields of tropical medicine and Brazilian prehistory. G eorg Carl Adolf Bleyer, mØdico, higienista e naturalista, nasceu em Hannover, a 21 de janeiro de 1867, filho de Friedrich Karl Cristoph Caspar Bleyer (1835), alemªo de Linden, e Carolyn Amalie Clarke (1836), nascida em Manchester (Inglaterra). À Øpoca, Pasteur começava a descortinar o mundo dos micróbios e parasitas, toxinas e antitoxinas, vacinas e soros associados à promessa de novos horizontes para a humanidade. Terezinha de Jesus Thibes Bleyer Martins Costa SHIS QI 11 Conjunto 8 Casa 24 71625-280 Brasília DF Brasil Esta nota de pesquisa apresenta uma avaliaçªo preliminar da trajetória de Georg Carl Adolf Bleyer, mØdico, higienista e naturalista que desempenhou papel crucial na instituiçªo da saœde pœblica em Santa Catarina, e que foi um dos pioneiros da medicina tropical, da antropologia e da arqueologia no Brasil. Adolpho Lutz foi um dos principais interlocutores, no Brasil, desse mØdico igualmente polivalente que publicou importantes trabalhos em periódicos alemªes. O estudo mais aprofundado de sua trajetória, alØm de ser importante para a história das mencionadas disciplinas, permite conhecer as condiçıes em que eram exercidas as prÆticas mØdica e científica em cenÆrios perifØricos aos grandes centros urbanos do Sudeste do Brasil, que dominam a historiografia da medicina e das ciŒncias. PALAVRAS-CHAVE: Georg Carl Adolf Bleyer, medicina tropical, história da saœde pœblica, índios do Brasil, história da microbiologia. This research note presents a preliminary evaluation of the life history of Georg Carl Adolf Bleyer, physician, hygienist and naturalist who played a crucial role in the institution of public health in Santa Catarina and was a pioneer in tropical medicine, anthropology and archeology of Brazil. Adolpho Lutz was one of the main partners in Brazil of this equally multifaceted physician who published important articles in German journals. His most thorough study was important to the history of the disciplines with which he worked; it provides the basis for understanding the conditions of medical and scientific practice in places far from the urban centers of southeastern Brazil that dominate the historiography of medicine and science. KEYWORDS: Georg Carl Adolf Bleyer; tropical medicine; history of public health; indians of Brazil; history of microbiology.

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  • 272 Histria, Cincias, Sade Manguinhos, Rio de Janeiro

    TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA

    Caminhos percorridos pelo dr.Jorge Clarke Bleyer nos campos

    da medicina tropical e dapr-histria brasileira

    Paths taken by Dr. Jorge ClarkeBleyer in the fields of tropical

    medicine and Brazilian prehistory.

    Georg Carl Adolf Bleyer, mdico, higienista e naturalista, nasceuem Hannover, a 21 de janeiro de 1867, filho de Friedrich KarlCristoph Caspar Bleyer (1835), alemo de Linden, e Carolyn AmalieClarke (1836), nascida em Manchester (Inglaterra). poca, Pasteurcomeava a descortinar o mundo dos micrbios e parasitas, toxinas eantitoxinas, vacinas e soros associados promessa de novos horizontespara a humanidade.

    Terezinha de Jesus Thibes Bleyer Martins Costa

    SHIS QI 11 Conjunto 8 Casa 2471625-280 Braslia DF Brasil

    Esta nota de pesquisa apresenta uma avaliao preliminar da trajetria de Georg CarlAdolf Bleyer, mdico, higienista e naturalista que desempenhou papel crucial nainstituio da sade pblica em Santa Catarina, e que foi um dos pioneiros da medicinatropical, da antropologia e da arqueologia no Brasil. Adolpho Lutz foi um dos principaisinterlocutores, no Brasil, desse mdico igualmente polivalente que publicou importantestrabalhos em peridicos alemes. O estudo mais aprofundado de sua trajetria, almde ser importante para a histria das mencionadas disciplinas, permite conhecer ascondies em que eram exercidas as prticas mdica e cientfica em cenrios perifricosaos grandes centros urbanos do Sudeste do Brasil, que dominam a historiografia damedicina e das cincias.

    PALAVRAS-CHAVE: Georg Carl Adolf Bleyer, medicina tropical, histria da sade pblica,ndios do Brasil, histria da microbiologia.

    This research note presents a preliminary evaluation of the life history of Georg CarlAdolf Bleyer, physician, hygienist and naturalist who played a crucial role in the institutionof public health in Santa Catarina and was a pioneer in tropical medicine, anthropologyand archeology of Brazil. Adolpho Lutz was one of the main partners in Brazil of thisequally multifaceted physician who published important articles in German journals.His most thorough study was important to the history of the disciplines with which heworked; it provides the basis for understanding the conditions of medical and scientificpractice in places far from the urban centers of southeastern Brazil that dominate thehistoriography of medicine and science.

    KEYWORDS: Georg Carl Adolf Bleyer; tropical medicine; history of public health; indiansof Brazil; history of microbiology.

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    CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER

    Devido s funes que o pai exercia junto Superintendncia daCasa Real de Hannover, Georg teve uma educao privilegiada.Freqentou o 1 Gymnasium Real Zu Hannover e a KoeniglichenTechnischen Hochschule Zu Hannover, onde se diplomou em cinciasnaturais, em 1888. esmerada formao aliava a capacidade de falare escrever com fluncia alemo, ingls, francs, italiano, grego e latim;a esse rol logo acrescentaria tambm o portugus.

    Bleyer cursou medicina em Londres, no University College, onderecebeu o ttulo de doutor em 15 de outubro de 1891, ao defender cumlaude tese intitulada Sclange Faune Den Tschland, Eine Schilderungder im Ellittempa Lelunden (Fauna ofdica da Alemanha: uma descriodas Ellittempa Lelunden). Esse estudo valeu-lhe a indicao para integrara congregao dos lentes daquela universidade, mas Bleyer no aceitoua honraria. Queria viajar, conhecer novas terras, realizar investigaesde campo nos domnios da histria natural, bacteriologia e antropologia,cincias que o fascinavam. Seu gosto pelas expedies cientficas foiestimulado pelos livros em que Karl von den Steinen (1885-1929),antroplogo de renome internacional e professor da Universidade deBerlim, descrevia suas expedies ao Brasil, em 1884 e 1889, inclusivea permanncia entre tribos selvagens do Xingu. Das expedies deSteinen participaram o naturalista Fritz Mller, o engenheiro EmilioOderbrecht, assim como os drs. Paulo Ehrenreich e Vogel, co-autoresde obras sobre aspectos antropolgicos, mdicos e geogrficos da regiodo Mato Grosso. Em seu livro, Steinen narrou a viagem ao estado deSanta Catarina, em 1889, onde percorreu a ilha do mesmo nome e, nocontinente, Laguna, o municpio de Orlees e as serras limtrofes comSo Joaquim. Steinen levou material abundante de estudo para o MuseuEtnogrfico e para a Universidade de Berlim.1

    Bleyer leu com entusiasmo suas narrativas, e ganhou de presentede formatura uma viagem ndia e Amrica do Sul. Descreveu osdias interminveis navegando sobre o mar dos Sargaos, e a belezadas algas multicelulares que observou a. Ao chegar ao Brasil, em1892, Bleyer refez o trajeto de Steinen e acabou se fixando emBlumenau, localidade catarinense onde viviam seus compatriotas e onotvel Fritz Mller. Sua chegada quela vila, onde quase no havia

    1 O relato da primeira expedio de Steinen consta em Durch Central-Brasilien. Expedition zurerforschung des Sching im jahre 1884. Von Karl von den Steinen. Mit ber 100 text- undseparatbildern von Wilhelm von den Steinen, 12 separatbildern von Johannes Gehrts, einerspecialkarte des Schingstroms von Otto Clauss, einer ethnographischen kartenskizze und einerbersichtskarte. Leipzig, F. A. Brockhaus, 1886. H uma traduo brasileira feita por CatarinaBaratz Cannabrava (Steinen, 1942). A segunda expedio deu origem a Unter den naturvlkernZentral-Brasiliens. Reiseschilderung und ergebnisse der zweiten Sching-expedition, 1887-1888,von Karl von den Steinen Mit 30 tafeln (1 heliogravre, 11 lichtdruckbilder, 5 autotypien und 7lithogr. tafeln), sowie 160 text-abbildungen nach den photographien der expedition, nach denoriginalaufnahmen von Wilhelm von den Steinen und nach zeichnungen von Johannes Gehrtsnebst einer karte von prof. dr. Peter Vogel. Berlim, D. Reimer (Hoefer & Vohsen), 1894. Foitraduzido por Egon Schaden (Steinen, 1940).

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    TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA

    Georg Carl Adolf Bleyer (1867-1955).

    mdicos, foi providencial e ele logo comeou a trabalhar no hospitallocal e em povoados prximos. O trabalho era intenso, e as condiesde vida muito diferentes daquelas da Europa, a que estava acostumado.Enfrentava toda sorte de dificuldades para assistir os doentes moradoresna zona rural. Como era costume naquela poca, um cliente mandoupublicar no jornal uma nota de gratido ao mdico, transcrita, emparte, a seguir:

    Enfermos: eu, minha mulher e duas filhinhas, acometidos por gravssimase diferentes molstias, clarividncia e inimitvel dedicao do caridosomdico, valeram-nos (a ns e a ele), o triunfo completo nessa ingenteluta, sem trguas, travada h tantos meses.

    Quantas vezes em noites frias e chuvosas o bom amigo fez o percursode uma lgua, ou mais, da cidade minha habitao, sem nunca semostrar constrangido ou fatigado, passando vigilante essas mesmas noitesem busca de alvio aos seus doentes, isto , a mim e queles que me socaros? Quantas? (O Imparcial, 11.9.1901)

    Herdeiro dos ideais do romantismo alemo (1797-1815), queAlexander Humboldt personificara como ningum, e, ao mesmo tempo,protestante evanglico com slida formao religiosa, Bleyer era umjovem que aliava a bondade aspirao de realizar grandes feitos emprol da cincia e da humanidade.

    Ao visitar um doente em estado grave em Lajes (SC), conheceu AdelaideAugusta Neves, e com ela se casou em 1898. Apesar de no ser formadaem enfermagem, tornou-se sua auxiliar onde quer que fosse chamado,pouco importando os desconfortos das mudanas ou os solavancos dasestradas precrias. O casal residiu em diversos municpios e, por essemotivo, seus 11 filhos nasceram em diferenteslocalidades.

    As atividades de Bleyer no se limitaramao exerccio da clnica no hospital e beira doleito dos doentes. Destacou-se, tambm, comoprincipal defensor da higiene pblica noestado, e publicou diversos trabalhos sobremedicina, zoologia, etnografia e arqueologiaem revistas cientficas europias, sobretudo daAlemanha. Tratou, por exemplo, de umalarva de Cuterebra na plpebra (1900); umamulher adoecida com ictiofagia (1902), datoxidez da Cuatiara (1903), das urtigasbrasileiras e uma urticria causada por elas(1909), de um estranho tratamento ndiode um caso de tireoidite parasitria (1923).Na vila onde residia, e nos stios e fazendasque visitava, procurava ensinar aosmoradores os princpios de higiene que eram

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    CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER

    1955).

    veiculados pelos tratados europeus da poca, incorporando j apreocupao com a transmisso de germes pelo ar, gua e outrosmeios vivos ou inanimados. Insistentemente, exortava seus pacientese concidados a no polurem as guas e a no devastarem a floranativa, que considerava essencial purificao do ar. Alertava parao perigo que representava a construo de estbulos e chiqueirosperto das residncias e fontes de guas. Aconselhava queremovessem para fossas profundas os monturos que exalavam maucheiro e poeiras mefticas.

    Bleyer (1905, pp. 78, 79) divergia do vis autoritrio quecaracterizava o discurso dos higienistas brasileiros e europeus naimplementao de medidas desta natureza. Ao comentar o projetoapresentado Cmara Municipal de So Paulo pelo vereador JosOsvaldo, declarou:

    justo esperar plena correspondncia aos excelentes intuitos queproduziram a aceitao destas medidas especiais, dignas de imitaopor parte de outras municipalidades, para o bem geral dacoletividade. Cumpre entretanto s autoridades incumbidas de prem prtica estas medidas a obrigao de que usem de todos osmeios suasrios e brandos que convencem, a fim de que no sejaaceita antipaticamente a execuo destes meios profilticos que ahigiene moderna necessita reclamar.2

    Em 1905, por sua influncia, a Cmara Municipal de Curitiba legislousobre a remodelao dos aougues da cidade, determinando que ascarnes fossem cobertas com um tecido de arame ou outro qualquer, afim de evitar o contato com as moscas.

    Bleyer estava em sintonia com os trabalhos que vinham sendopublicados no Brasil e no exterior a respeito do papel dos insetos comohospedeiros de microrganismos e transmissores de doenas. De quandoem vez fazia viagens ao Rio de Janeiro para consultar livros e peridicosnas bibliotecas da Faculdade de Medicina e do Instituto Oswaldo Cruz(IOC), e para visitar os laboratrios deste Instituto e do Museu Nacional.Consta, inclusive, que a pedido de Adolpho Lutz e de outros cientistasde Manguinhos, Bleyer trazia espcimes zoolgicos e micrbios, estescuidadosamente preservados em tubos com gelose (O Imparcial,18.7.1899).

    Em Brusque, testemunhou a morte de uma mulher emconseqncia da destruio dos olhos por larvas de moscas. Registrouo caso no peridico do Institut fr Schiffs und Tropenkrankheiten(atual Berhard-Nocht Institut fr Tropenmedicin), em Hamburgo(Bleyer, 1900). Publicou, tambm, em Curitiba, importante trabalho

    2 Em O Imparcial (9.4.1904) l-se que em obra recentemente publicada pelo sbio universalmenteconhecido, dr. Scheube, encontram-se referncias sobremodo honrosas ao dr. Bleyer, proclamando-o como um infatigvel lutador na cincia bacteriolgica.

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    TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA

    sobre a miase (Bleyer, 1905), doena humana e animal vulgarmentechamada de bicheira, transmitida por mutucas (tabandeos), um dosgrupos que Adolpho Lutz investigou com mais afinco. Graas a estetrabalho, Bleyer foi eleito membro correspondente da AcademiaNacional de Medicina, no Rio de Janeiro em, 15 de setembro de1905.3

    Um exemplar de O Correio Lageano, de 1907, traz uma colunaescrita por ele com o ttulo Campanha Sanitria. Orientava a populaosobre as medidas para preveno de diversas doenas, especialmentea lepra. Afirmava que, embora os ndices de morbidade no fossemelevados, havia focos perigosos espalhando bacilos de Hansen emLajes, Tubaro, Palhoa, Tijucas, Mafra, Porto Unio, Laguna e naprpria capital do estado, o que requeria o isolamento dos doentes emleprosrios ou outros lugares apropriados. Embora endossasse o pontode vista contagionista, ento hegemnico, Bleyer, semelhana deAdolpho Lutz e, talvez, influenciado por ele, nutria a convico de quea doena podia ser transmitida por algum inseto hospedeiro.

    Os parasitas naturais do homem ou de animais domsticos, pulgas,percevejos, vermes (Ancylostoma, Necator, Ascaris, Oxyuris etc.)eliminados com as fezes, mosquitos, moscas, a prpria moscadomstica, pousando sobre escarros ou secreo patolgica,dejees, excretos de um leproso, podem, sob circunstnciasfavorveis, transmitir o mal e propagar os germes da molstia paraas casas vizinhas e seus inquilinos. ... O corpo humano tem a suadefesa orgnica natural. Depende quase sempre, a aquisio dalepra, de um enfraquecimento orgnico, de um desequilbrio daconstituio celular coloidal, de uma enfermidade enfim, parainserir-se no organismo o germe da doena, sendo s vezes lentaa sua evoluo antes de apresentar a sintomatologia mrbidacaracterstica com deformaes do rosto, dos ps, das mos e deulceraes visveis no corpo.

    Bleyer (1919) foi o primeiro a descobrir a doena de Chagas emSanta Catarina. Enviou a Carlos Chagas o estudo que escreveu sobre oassunto, junto com exemplares do barbeiro, o inseto hematfago quehospedava e transmitia o tripanossoma que causa a doena (ver tambmCastro, 1978).

    Em 1919, quando se iniciava a reforma da sade pblica e a criaodo Departamento Nacional de Sade Pblica, sob a liderana de Chagas,Bleyer elaborou o regulamento sanitrio que regeria as aes daInspetoria de Higiene de seu estado. Dois anos depois, foi chamado ap-lo em prtica, e a enfrentar focos de varola e outras doenas

    3 O trabalho teve grande repercusso em Santa Catarina (Correio do Povo, 23.3.1905, p. 1;O Imparcial, 12.3.1905). Em carta datada de 26.5.1931, Eurico Villela, do Instituto OswaldoCruz, pediu a Bleyer, para a biblioteca da instituio, cpia dos trabalhos que os drs. Lutze Costa Lima ... indicaram-me como as mais completas sobre as moscas miases.

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    CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER

    infecciosas, como a febre tifide, como j havia feito com a clebregripe espanhola, que tantas vidas ceifou no Brasil. No municpio deSo Joaquim, sob a sua superviso, esta produziu taxa de bitos deaproximadamente 1% (Ofcio de 10.3.1919).

    Nos arquivos da famlia h vrios documentos de prefeiturasmunicipais, autoridades e amigos elogiando a atuao de Bleyercomo mdico, higienista e autoridade sanitria em Santa Catarina.Encontram-se, tambm, ofcios do Corpo de Segurana do Comandoda Cavalaria do Exrcito (Lajes), do Destacamento do Exrcito sediadoem Campos Novos e dos Destacamentos da Fora Pblica deFlorianpolis, Chapec e So Joaquim.

    A ligao de Bleyer com as foras armadas remonta RevoluoFederalista (1893-95), no governo do marechal Floriano Peixoto, quandose engajou como oficial mdico das tropas de linha (Cabral, 1973, p.313). Saiu ileso das sangrentas batalhas.

    Em memorial dirigido ao presidente Getlio Vargas, em 18 de julhode 1931, as autoridades de So Joaquim pediram que fossem concedidasao dr. Bleyer as honras de mdico militar do Exrcito, pelos relevantesservios profissionais prestados quele municpio catarinense nos temposdifceis que antecederam a Revoluo de 1930, quando So Joaquimfoi tomado pelas foras de Leonel Rocha.

    Na qualidade de representante da Cruz Vermelha Internacional e deDelegu Honor de la Association Mdicale pour aider la Supressionde la Guerre, Bleyer visitou o comandante das foras rebeldes com oobjetivo de afastar os revoltosos da cidade e restituir valores saqueadosde moradores pobres.

    Interessou-se tambm pelos problemas dos presidirios, tendoaconselhado a remodelao das prises, nas quais chegou a fazercirurgias de urgncia.

    Agiu como pacificador quando elementos da polcia foram enviadosa So Joaquim para combater o levante do Partido Liberal, apondo-sea vrias tentativas de assassinato de lderes liberais.

    Pesquisas cientficas em aldeamentos indgenas

    Bleyer teve atuao marcante em relao s populaes indgenas.Em 1903, visitou a aldeia dos kaingang, em Palmas, no estado doParan, para investigar, a pedido de Karl Van Den Steinen, a origemdaqueles indgenas. To entusiasmado ficou com os resultados obtidosnos cinco meses que l permaneceu, que voltou a Lajes para buscar amulher grvida e os filhos e se transferiu para Palmas (O Imparcial,1904). Foi nesta vila que a famlia sofreu o primeiro revs: o falecimentode Alzira, a filha recm-nascida, vitimada por uma infeco. Os parcosrecursos de ento, a grande distncia entre o aldeamento dos ndios ea cidade (mais de 60km de estradas ngremes) no permitiram que opai soubesse a tempo da doena da filha.

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    TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA

    Ao chegar ao aldeamento dos ndios kaingang, denominadoAntas, s margens do rio Chapec, a cerca de dez lguas dacidade de Palmas, Bleyer encontrou seus habitantes s voltas comuma epidemia que j havia dizimado trinta homens, seis mulherese quatro crianas (O Imparcial, 1904). Graas aos cuidados quedispensou a todos, conseguiu salvar os demais doentes, conquistandoassim a gratido daquela gente que o chamava de enviado daprovidncia, como assinalou o Der Kompas, de Curitiba.

    A permanncia de Bleyer entre os kaingang prendia-se a umafinalidade cientfica bem determinada: observar se aqueles indgenastraziam, ao nascer, a larga mancha azulada que o dr. Baelz, mdicoconselheiro da corte do Japo, encontrara em 1901 em todo malaio,chim ou japons (O Imparcial, 30.4.1904; 7.5.1904). Essa manchadesaparecia somente no terceiro ou quarto ano de existncia. ParaBaelz, era um sinal ainda no observado por outros mdicos eantroplogos que singularizava a raa monglica e poderia, talvez, seridentificado nos ndios das Amricas, o que atestaria sua origemmonglica. A escola monogenista atribua o povoamento das Amricasa migraes seculares de povos de continentes mais antigos que teriamalcanado o Alasca e o restante do continente atravs do estreito deBering. Baseando-se nesta teoria, hoje comprovada, Baelz sugeriu ainvestigao da presena daquelas manchas caractersticas nas crianasindgenas da Amrica em nota publicada no Zeitschrift fr Ethnologie,em 1901, por iniciativa da Sociedade Antropolgica de Berlim.

    Bleyer realmente encontrou o sinal perfeitamente visvel nas crianasque examinou, confirmando a possibilidade enunciada por Baelz. Publicouento Die blauen flecken der Mongolenkinder bei Kindern Sud-Amerikannischer Indianer beobachtet (As manchas azuladas das crianasmongis observadas nas crianas indgenas da Amrica do Sul).

    As observaes de Bleyer sobre as doenas que flagelavam apopulao indgena so de grande valor. Publicou-as na revista Archivfr Schiffs und Tropenhygiene (1923) e Zeitschrift fur Ethnologie (1905):Aerztliche notizen aine Reise Zu Den Caingang indianer na denufern des Chapec.

    Das pesquisas realizadas por Bleyer entre os indgenas botocudos,ou Schoklng, originou-se a obra Die wilden Waldindianer SanthaCatharina: die Schoklng (1904), que apresentou SociedadeAntropolgica de Berlim, da qual era membro, por intermdio de KarlVan Den Steinen, que prefaciou aquele trabalho e considerou-o umdos mais completos sobre o assunto (O Imparcial, 1905). No ltimopargrafo do trabalho sobre aqueles ndigenas outrora dominantesentre as tribos das selvas da costa martima do Sul do Brasil, Bleyerescreveu: Estes ndios necessitam da paz, porm para a nao guerreirados Schoklng a paz, verossimilmente, s reinar quando o ltimodestes ndios das selvas de Santa Catarina desaparecer e j no pudervingar-se.

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    CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER

    ndio botocudo ou Schoklng.

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    TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA

    Bleyer assumiu posies corajosas em defesa dos indgenas, queeram alvo de polticas genocidas por parte dos agentes da expanso docapitalismo no Brasil. Por muitos anos, correspondeu-se com o marechalRondon, que era seu amigo, correspondncia que prosseguiu em prolda mesma causa com os diretores do Servio de Proteo ao ndio.4

    Entre os trabalhos manuscritos deixados por ele, encontra-se a seguintenota de leitura:

    Capito-tenente Lucas Bioteaux, Histria catarinense, 1905 Comonossos silvcolas continuassem a cometer tropelias em vrios pontos,ordenou o governador a organizao de turmas de batedores domato, para afugent-los. To desumanamente se portaram as taisturmas sinistras, que fuzilaram desapiedadamente 145 botocudosentre adultos e crianas, e como trofu de sua campanha assassinatrouxeram para a capital dez inocentes, que o governador,penalizado, fez entrega ao Asilo de rfos So Vicente de Paula.Essas mseras crianas, arrancadas ao carinho dos seus, vieram todasa falecer...

    As ferrovias e linhas telegrficas expandiam-se pelo territrio nacional.Bleyer foi convidado a integrar a comisso mdica da Estrada de ferroSo PauloRio Grande do Sul, da Brazil Railway Co. e BrazilDevelopment & Colonization Co., funo que exerceu de 1905 a 1908.

    No curso de anos dirigindo comisses sanitrias no tempo deendemias, febres do grupo tifide, de varola, de septicemiacarbunculosa, como mdico da Diviso Sul da Companhia BrazilRailway Estrada de Ferro So PauloRio Grande do Sul tive muitasvezes ... ocasio de estudar os usos, costumes, correrias e as tristezasde agrupamentos remanescentes de tribos (Arquivo Bleyer, 1948).

    Em cada localidade em que residiu, Bleyer empreendeu investigaesantropolgicas interessantes e valiosas. No municpio de So Joaquim,em 1914, fez, com seus prprios recursos, custosas viagens com oobjetivo de obter evidncias que ajudassem a esclarecer a controvertidaquesto da origem do homem no Brasil. Embrenhou-se nas matas,percorreu serras, visitou grutas, acompanhado apenas de alguns auxiliarespara ajud-lo nas escavaes. Encontrou vrios espcimes que julgouterem pertencido a poca geolgica muito remota. Pretendia demonstrarque h milhares de anos vivera no Brasil o homem das cavernas, comcostumes similares aos dos trogloditas da era quaternria.

    4 Em carta dirigida ao dr. Modesto Donatini Dias da Cruz, diretor do Servio de Proteo ao ndio(SPI), em 8 de janeiro de 1948, Bleyer agradeceu a delicada ateno da remessa de duasmonografias: atividades do Servio de Proteo ao ndio e comentrios do diretor do Servio deProteo ao ndio. Li as publicaes com sumo interesse; falam sobremaneira minha alma e aomeu corao as suas palavras: Tomei a mim um dever para com a ptria o de proteger seusfilhos mais desamparados.

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    CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER

    Um de seus achados foi uma calota craniana humana junto aresduos de festins canibais, totalmente mineralizada e com sinaisde golpes brutais que haviam separado a epfise da difise. Encontroutambm um crnio de fronte esbatida parecido com o tiponeandertalide e muito semelhante calota encontrada na serra doUruburetama, Cear, pelo dr. Lund. O crnio foi doado por Bleyerao Museu Nacional e l se encontra at hoje.

    Em sesso da Academia Nacional de Medicina, qual compareceuo padre A. Deiber, de Paris, renomado egiptlogo e arquelogo francs,exps farto material encontrado em suas expedies por Santa Catarina,peas paleontropolgicas humanas fossilizadas e diversos artefatossingulares, arqueolticos e paleolticos, todos considerados de grandevalor cientfico poca.

    Peas recolhidas por Bleyer foram enviadas ao Museu Nacional doRio de Janeiro, ao Natural History Museum de Londres, ao ProvinzialMuseum de Hannover, Escola Real de Medicina de Dublin, Irlanda,e a outras instituies mdicas ou arqueolgicas europias (Piazza,1966, 11-2). Bleyer correspondeu-se com o antroplogo e mdico ArthurKeith, que foi o relator do estudo por ele apresentado ao CongressoInternacional de Americanistas, em Londres, em 1912, sobre antropofagiaentre os habitantes pr-histricos do planalto de Santa Catarina.

    De Bertha Lutz, filha de seu amigo Adolpho Lutz, recebeu cartasrelativas a esses estudos antropolgicos, que a ela muito interessavamtambm. No Congresso Internacional de Americanistas, realizado noRio de Janeiro, em 1922, Bleyer (1928, pp. 16-23) apresentouInvestigaes sobre o homem pr-histrico, habitante de grutas e abrigossob as rochas. Muitas das investigaes que realizou ulteriormente,entre 1915 e 1937, permanecem inditas.

    Evolucionista, Bleyer endossava as concluses a que haviamchegado, no Brasil, os drs. Joo Batista de Lacerda e Afrnio Peixotosobre a origem do homem americano: a Amrica havia sido um doscentros da criao, e mais tarde povos emigrados da ` sia ou de outrospontos do globo vieram fundir-se com a raa primitiva, produzindo aatual, com suas infinitas subdivises. Num livro de Lacerda, de quemera amigo, Bleyer assinalou um trecho que expressava idias em queele tambm acreditava:

    no ponto de vista da evoluo social e poltica a Amrica ainda umembrio: ela vai evoluir, ao que parece, de conformidade com asleis do transformismo, caminhando lentamente at encarnar um tiposocial, que figure o mais adiantado grau da perfeio humana emconfronto com os tipos j constitudos. Aqui, neste continente, sedar a soluo dos grandes problemas do futuro, pela ao combinadadas duas raas uma que j foi a dominadora do mundo, em umlongo perodo histrico, outra que assumiu a preeminnciaincontestada entre os povos modernos. Por uma exaltao de certasqualidades, que a histria natural dos cruzamentos tem demonstrado,

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    TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA

    5 A esse cientista deve o estado de Santa Catarina, e por conseguinte o pas e tambm ocontinente americano, o muito que ele fez pela nossa etnografia e antropologia, dedicando-se decorpo e alma ao ramo da cincia por que tanto se debateu. As fadigas que tem experimentado odr. Bleyer e as despesas de seu bolso particular que tem feito, a bem da antropologia e etnografiabrasileira, bem merecem ser recompensadas, pois no s a cincia que lucra com tais investigaes,lucram tambm, e muito, o estado, o Brasil e a Amrica (Bleyer, 1922).

    Registro meusagradecimentos profa.Mary Karash, sob cujaorientao realizei estanota de pesquisa, na daUniversidade de Braslia.Estendo-os ao Ministrioda Educao e Cultura, Fundao MiltonCampos, Embaixada daRepblica Federal daAlemanha, ao sr. Danilode Castro, proprietriodo Museu Thiago deCastro, s minhas tias eao prof. Walter Piazza, daUniversidade Federal deSanta Catarina (UFSC),que contriburam cominformaes para esteestudo.

    o latino e o saxnico cruzando-se, ho de dar ao mundo um produtonovo, dotado de alto grau das qualidades eminentes que distinguemas duas raas. O engenho brilhante e artstico do latino se aliar,nesse produto tnico americano, energia e perseverana, aoesprito empreendedor do saxnico (Lacerda, 1905, p. 58).

    Bleyer (1913) sentia-se fascinado pelos problemas propostos cinciapelo extraordinrio e infinito conjunto de variadas feies que tomoua raa americana, numa ascensional e muito progressiva evoluo. Asescavaes a que dedicou boa parte de sua vida o conduziam,

    atravs de milnios de anos e atravs de tantas camadas de geraesextintas, s origens do desconhecido homem troglodita,contemporneo na noite dos tempos, do feliz protopanther (sic),do Megaterium, do mylodoro (sic), do Hydrochaerus sulcidens, docavalo fssil, do lhama que hoje habita somente as serras nevadasdas cordilheiras dos Andes.

    Vivendo no interior, distante dos grandes centros cientficos do Brasile do exterior, Bleyer no se tornou conhecido no pas, no obstantetenha produzido uma obra cientfica que estava em sintonia com osconhecimentos e controvrsias de ponta nos domnios da medicina,antropologia e etnografia. Homem perseverante, modesto, foi uminfatigvel pesquisador e deixou importante legado no apenas para ascincias da vida como para a instituio da sade pblica em SantaCatarina.5 Evoco, para concluir, as palavras de Pasteur, pronunciadasna Academia Francesa, para homenagear o labor e o humanismo deLittr: A grandeza das aes humanas mede-se pela inspirao quelhes deu o ser. Feliz de quem traz em si um Deus, um ideal de beleza,e lhe obedece: ideal de arte, ideal de cincia, ideal de ptria, ideal dasvirtudes do Evangelho. So esses os mananciais vivos dos grandespensamentos e das grandes aes. Todas elas, todos eles, se alumiamdos reflexos do infinito (Barbosa, 1952, p. 135).

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    CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER

    FONTES

    Arquivo da Embaixada Informaes sobre a famlia do dr. Bleyer em Hannover. Braslia.da Repblica Federal daAlemanha

    1978

    Anglica Bleyer de Entrevista.Meira Lima Rio de Janeiro.

    1978

    Ondina Bleyer Entrevista. Lajes.1978

    Danilo Thiago de Entrevista. Lajes.Castro

    1978

    Bleyer Entrevista.1978

    Arquivo Bleyer Manuscrito de carta redigida pelo dr. Bleyer para o diretor do1948 Servio de Proteo ao ndio.

    Arquivo da Famlia Declaraes dos oficiais de Registro Civil e escrives da paz de CamposBleyer Novos e Lajes relativas ausncia de bitos e, portanto, ao xito das medidas mar.-abr. 1940 tomadas pelo dr. Bleyer contra as epidemias de tifo e paratifo.

    Arquivo da Famlia Ofcios da prefeitura municipal de Bom Retiro elogiando a atuao doBleyer dr. Jorge Clarcke Bleyer, mdico residente na cidade de Lajes, durante a

    15.7.1935 epidemia de tifo e paratifo que grassou na sede da comarca de janeiro ajunho de 1935.

    Arquivo da Famlia Carta do dr. Eurico Villella para o dr. Bleyer.Bleyer Rio de Janeiro.

    1931

    Arquivo da Famlia Prefeitura municipal de So Joaquim da Costa da Serra.Bleyer Ofcio enviado ao presidente da Repblica Getlio Vargas.

    18.7.1931

    Arquivo Bleyer Ofcio do comandante do Destacamento de Ocupao do Municpio deCampos Novos, 1925; comandante do contingente da Fora Pblica do estadode Santa Catarina em So Joaquim da Costa da Serra, todos agradecendo osbons servios mdicos prestados pelo dr. Bleyer.

    4.11. 1929 Falecimento de um sbio alemo, cujo nome est ligado com o Brasil(Karl Van Den Steinen). A poca, Lajes.

    Arquivo Bleyer Ofcio do comandante do Destacamento de Ocupao do Municpio de15.5.1925 Campos Novos elogiando os servios profissionais prestados por Bleyer.

    1922 Dr. Bleyer. Entrevista concedida pelo dr. Simes da Silva, presidente doCongresso Internacional de Americanistas, realizado no Rio de Janeiro.

    12.2.1921 Ofcio da Superintendncia Municipal de Chapec pedindo que Bleyertratasse da execuo do regulamento sanitrio em vigor e da higienedefensiva tendo em vista o aparecimento de focos de varola e outras doenasepidmicas na zona martima e em portos anexos.

    Arquivo Bleyer Carta do Britsh Museum (Natural History) ao dr. Bleyer, em5 de maio de 1920.

    10.3.1919 Ofcio do gabinete do superintendente municipal de So Joaquim, congratulan-do Bleyer pela diminuta mortalidade havida durante a pandemia da espanhola.

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    TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA

    Arquivo Bleyer Cartas do dr. Adolfo Lutz dirigidas ao dr. Bleyer em 24.5.1917, 22.6.1927,1917-1931 30.1.1928, 29.8.1930, 15.1.1931.

    Arquivo Bleyer Carta do Royal College Of Surgeons of England, remetida por Arthur Keith,em 31 de dezembro de 1914

    Arquivo da Inspetoria de Certido relativa ao registro do diploma de mdico do dr. Georg Carl AdolfSade do Estado de Bleyer no Livro de Registro de Diplomas e Ttulos, p. 66.Santa Catarina

    30.12.1912

    15.9.1905 Ofcio da Academia Nacional de Medicina.

    23.3.1905 Correio do Povo, Florianpolis, p. 1.

    12.3.1905 O perigo das moscas. O Imparcial.

    21.4.1905 Dr. Jorge Bleyer. O Imparcial, Lajes.

    Arquivo Bleyer Carta do Royal College of Surgeons in Ireland, dirigida ao dr. Bleyer.mar. 1905

    7.5.1904 Dr. Jorge Bleyer. O Imparcial, Lajes.

    7.5.1904 Dr. Jorge Bleyer (da regio serrana). O Imparcial, Lajes.

    9.4.1904 Dr. Bleyer. O Imparcial, Lajes.

    13.2.1904 Dr. Bleyer. O Imparcial, Lajes.

    11.9.1901 Ao ilustre dr. Jorge Bleyer. O Imparcial.

    18.7.1899 Dr. Jorge Bleyer. O Imparcial, Lajes.

    Arquivo Bleyer Ofcio do comandante do Corpo de Cavalaria do Estado de Santa Catarina1.9.1898 atestando que Jorge Bleyer prestara servios mdicos bem-sucedidos.

    Arquivo Bleyer Manuscrito do dr. Bleyer sobre os ndios.

    Arquivo Pblico do Estado de Santa Catarina, Departamento Estadual deEstatstica, Diviso de Estatstica Militar, Cadastro Profissional dodr. Georg Clarke Bleyer.

    Sesso da Academia Correio da Manh, Rio de Janeiro.Nacional de Medicina

    26.4.1913

    Castro (1978) Molstia de Chagas em Santa Catarina Repblica, Florianpolis.7.9.1919

    REFERNCIAS BIBLIOGR`FICAS

    Barbosa, Rui Oswaldo Cruz.1952 Rio de Janeiro, Edio da Organizao Simes.

    Bleyer, Jorge Clarke Investigaes sobre o homem pr-histrico, habitante de grutas e abrigos sob1928 as rochas. Sobre o canibalismo aborgine pr-histrico habitante de grutas e

    abrigos sob rocha. Annaes do XX Congresso Internacional de Americanistas,Rio de Janeiro, 20 a 30 de agosto de 1922, organizado pelos secretrios drs.Leon F. Clrot e Paulo Jos Pires Brando. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional,vol. II, primeira parte, pp. 16-23.

    Bleyer, J. Clarke ber eine merkwrdige Indianische Behandlungsweise eines Falles von1923 Thyreoiditis parasitaria. Archiv fr Schiffs und Tropen-Hygiene,

    vol. 27, p. 197-202.

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    CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER

    Bleyer, Jorge Clarke eber Aufreten Von Varola unter Affen der genera Mycetes und Cebus bei1922 Vordringen einer Pockenepidemie im Urwaldgebiete na den Nebenflssen ds

    Alto Uruguay in Sdbrasilien. Sonderdruck aus der Mnchener medizinischenWochenschrift, nr. 27, s. 1009 u. 1010, 4 p.

    Bleyer, Jorge A nova entidade morbida, descoberta pelo dr. Carlos Chagas, a denominada26.8.1919 molstia de Carlos Chagas (Coreotrypanosis Chagasi), existe emdiversas zonas de Santa Catharina. Repblica, Florianpolis, ano XIV, n 267.

    Bleyer, Jorge Contribuio para o estudo do troglodyta das cavernas no planalto do Brasil.1918-19 Revista do Instituto Histrico e Geogrfico de Santa Catarina, Florianpolis.

    Bleyer, George Clarke eber die Anthropophagie prhistorischer Ureinwohner des Hochplateaus1913 von Santa Catharina in Brasilien. Proceedings of the XVIII Congress of

    Americanists, Londres, pp. 50-3.

    Bleyer, Jorge A. C. Contribuio para o estudo do troglodita das cavernas no planalto do Brasil.1913 Conferncia realizada na Academia Nacional de Medicina do Rio de Janeiro

    (25.4.1913) pelo dr. Jorge A. C. Bleyer. Rio de Janeiro, Boletim da AcademiaNacional de Medicina.

    Bleyer, Jeorge A. C. Ein Beitrag zum Studium brasilianischer Nesselraupen und der durch ihre1909 Berhrung auftretenden Krankheitsform beim Menschen, bestehend in einer

    Urticaria mit schmerzhaften Erscheinungen. Archiv fr Schiffs undTropen-Hygiene, vol. 13, p. 73-83.

    Bleyer, George Contribuio para o estudo das molstias tropicais e subtropicais.1905 Tratado de Myasis. Ensaio de um estudo clinico sobre o papel das moscas na

    patologia humana. Curitiba, Editores Annibal Rocha & Cia.

    Bleyer, George C. Aerztliche notizen aine Reise Zu Den Caingang indianer na den ufern des1905 Chapec. Zeitschrift fur Ethnologie, vol. 7.

    Bleyer, George C. Bericht des Hern. Dr. Bleyer in Santa Catarina ber die wilden Waldindianer1904 Santa Catharina: die Schoklng Zeitschrift fr Ethnologie, vol. 6, p. 830-47.

    Prefcio de von den Steinen.

    Bleyer, George C. Giftwirkung der Cuatira. Archiv fr Schiffs und Tropen-Hygiene,1903 vol. 7, n, p. 205-20.

    Bleyer, George C. Eine Ichthyophagin. Archiv fr Schiffs und Tropen-Hygiene, vol. 6, p. 278.1902

    Bleyer, George C. Prof. dr. C. A. Moncorvo. Archiv fr Schiffs und Tropen-Hygiene,1901 vol. 5, p. 393.

    Bleyer, George C. Eine Cuterebralarve im Augenlid. Archiv fr Schiffs und Tropen-Hygiene,1900 vol. 4, p. 168-70.

    Bleyer, Georg Die Brillenschlange. Prometheus, ano III, n 122, pp. 276-9.1892

    Cabral, Oswaldo Santa Catarina.1937 So Paulo, Editora Nacional.

    Lacerda, J. B. de Fastos do Museu Nacional.1905 Rio de Janeiro, Imprensa Nacional.

    Piazza, Walter F. As grutas de So Joaquim e Urubic. Notas de pesquisa.1966 Universidade Federal de Santa Catarina, Instituto de Antropologia.

    Srie Arqueologia 1.

    Steinen, Karl von den O Brasil central; expedio em 1884 para a explorao do rio Xingu.1942 So Paulo, Companhia Editora Nacional.

    Steinen, Karl von den Entre os aborgines do Brasil central.1940 So Paulo, Departamento de Cultura.