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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" A CRIANÇA, NA FAMÍLIA MODERNA Georgina Maria Dias Porto Professora orientadora: Diva Nereida Marques Maranhão Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"

A CRIANÇA, NA FAMÍLIA MODERNA

Georgina Maria Dias Porto

Professora orientadora: Diva Nereida Marques Maranhão

Rio de Janeiro

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"

A CRIANÇA, NA FAMÍLIA MODERNA

OBJETIVOS:

Monografia apresentada para disciplina de

Metodologia da Pesquisa como exigência parcial

para conclusão do Curso de pós-graduação em

terapia familiar. Professora orientadora: Diva

Nereida Marques Maranhão.

Rio de Janeiro

2007

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AGRADECIMENTOS

À Deus pelo Amor e muita força, à todos os autores,

corpo docente do Instituto "A Vez do Mestre", a

professora e orientadora Diva Nereida Marques

Maranhão, à amada família, pelo amor e muita

paciência. Aos alunos e pessoas que direta e

indiretamente, contribuíram para a confecção desse

trabalho acadêmico.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse livro ao meu amado e amigo esposo

Jerbas, que me incentivou e muito me ajudou e aos

meus filhos, Davi e Samuel; Á memória da amada e

eterna amiga e mãe, Andreina Fusani Dias,

“Mamma”, com muita, muita saudade.

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RESUMO

Precisamos contribuir para a disseminação do conhecimento sobre as

crises modernas, famílias e a infância. Não existe uma única verdade, uma

única versão, cada sujeito vive e interpreta a situação de acordo com sua visão

de mundo. Fazem da participação uma parte do exercício mais amplo da

democracia, encorajam um maior número de pessoas a assumir

responsabilidades para com as novas gerações.Tempos modernos, necessitam

de soluções e adaptações modernas e assim construir um "presente" melhor.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada destina-se a apoiar e refletir sobre qual é o

verdadeiro papel da família em tempos modernos, onde verdadeiras crises

existenciais tem afetado à missão tão linda, que é educar .

Utilizamos como referência, pesquisa bibliográficas, consulta a Internet,

além da experiência da autora, desejando que o livro seja um "ponta pé", para

nos fazer refletir, avaliar e resgatar princípios e valores importantes à vida.

A sociedade é o reflexo das famílias, por esse motivo quando

trabalhamos numa relação saudável entre crianças e suas famílias,

contribuímos para uma sociedade mais humana.

Buscou-se, dentro do possível, tornar o assunto mais atraente e

compreensível, pois a proposta deste livro objetiva-se buscar uma dissertação

acadêmica adequada à realidade do trabalho de pessoas que de alguma forma

direta ou indiretamente tem, ou desejam ter uma relação mais saudável com

as famílias.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

FAMÍLIA MODERNA

CAPÍTULO II

FAMÍLIA MODERNA EM CRISE

CAPÍTULO III

FAMÍLIA MODERNA, SOLUÇÕES ANTIGAS

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

WEBGRAFIA

FOLHA DE AVALIAÇÃO

ANEXOS

ÍNDICE

8

10

24

35

45

48

50

51

52

57

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INTRODUÇÃO

O assunto desta monografia vai tentar refletir de forma muito simples,

alguns pontos sobre a relação entre as crianças e suas famílias, nos fazendo

muitas das vezes pensar sobre nossa própria família, e quem sabe mudar para

melhor, pois todos nós desejamos uma sociedade mais humana, justa,

equilibrada com princípios de respeito e amor, melhor para se viver, esse é o

nosso grande desafio que enfrentamos em tempos modernos.

Estamos vivendo dias muito difíceis, de profundas crises e contradições,

onde podemos ver o melhor e o pior de nossos tempos, aspectos positivos e

negativos, dependendo muito da forma de viver de cada um, como nos revela o

trecho que transcrevemos a seguir:

"... tempos modernos. Tempos de profundas contradições. Tempos em que se misturam, como parte da mesma realidade, conforto e miséria, tecnologia de ponta e falência social, prodígios da medicina e mortandade pela Aids, safras recordes e fome profunda, liberdade e escravidão, comunicação de massa e isolamento, metrópoles superpopulosas e solidão."(AMORESE, 2000, p.29-30).

Se por um lado temos muita tecnologia, conforto, liberdade sem

precedentes de pensamento e consumo, oferecendo espaço para realizações

pessoais das famílias, e mesmo nacional, nunca as amarras sociais foram tão

frouxas.

Reconhecer, compreender, respeitar e considerar à criança e

principalmente sua família, como um ser histórico, social e cultural é

fundamental para se desenvolver qualquer ação com qualidade.

Entender o indivíduo como parte de um sistema, ou todo, organizado,

com elementos que interagem entre si, influenciando cada parte e sendo por

ela influenciado, traz uma luz à compreensão acerca do desenvolvimento

humano, contribuindo para a reflexão sobre os contextos familiar, que tanto

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podem ser elementos de inclusão e segurança, como fontes de conflitos, com

ênfase nas perdas que se podem apresentar no percurso.

Um verdadeiro caos social, sobreviver no meio de tantos conflitos, com

princípios, esse é o desafio de todo ser humano e principalmente da família

que deve educar e guardar seus filhos. O texto bíblico que se encontra em

Provérbios, 22:6, foi escrito a mais ou menos 900 a.C. mas registra algo atual.

"Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não

se desviará dele.") (THOMPSON, 1995, p. 588)

Instruir, ensinar, educar é dar "regras e limites", mas também é dar "voz

& vez" para que nos possamos conhecer esse mistério que é a criança. Esse

ensinar é estar perto, lado a lado, passo-a-passo, junto, ensinando "no

caminho", não somente o indicando, mostrando, se não seria "o caminho".

Esse pequeno "n" faz uma grande diferença para quem quer educar com

qualidade, princípios, valores e ética, raízes profundas.

No primeiro capítulo será feita uma análise breve de alguns pontos

importante para se entender o todo, onde se pretende abordar sobre questões

que estejam ligada a relação família é criança.: "Família Moderna".

No segundo capítulo abordaremos o grande desafio de se formar uma

família saudável em tempos de tanta crises pessoais e sociais.: "Família

Moderna em Crise".

No terceiro capítulo, pontuaremos algumas estratégia para que a família

e a criança andem ainda mais juntas, no mesmo ritmo, refletindo sobre

algumas alternativas que poderiam nos ajudar à andar "no caminho" da

criança.: "Família Moderna, soluções bem Antigas".

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CAPÍTULO I

FAMÍLIA MODERNA

Através dos tempos, a família tem se defrontado com mudanças, mas

não desapareceu. É na família que se realiza o crescimento integral do ser

humano. Isto implica na satisfação das necessidades básicas: afetiva, sexual,

intelectual, material, espiritual e relacional. Podemos ver família assim,

cumprindo suas funções básicas: reprodutiva, de nutrição, educacional e social.

No seio de uma família, as pessoas encontram-se e vivem, no nível mais

profundo, as relações significativas, porque cada um de seus componentes,

não somente o crescimento integral uns dos outros, mas a própria

perpetuidade da família.

Fala-se muito, hoje em dia, sobre a crise da família. Sociólogos,

psicólogos, religiosos e outros, afirmam que o lar fracassou em seus objetivos,

os pais falharam em seu desempenho.

Afirma-se que a industrialização afastou da sociedade moderna o

conceito de família, não só extensa (parentes em geral), pelas exigências da

mobilidade geográfica, como também a nuclear (pais e filhos), pela expressão

que novos padrões exercem. Não são mais as estruturas familiares que

modelam a sociedade, mas o inverso tem acontecido. Surgiu o feminismo,

reivindicando a reavaliação dos conceitos “arcaicos” da vida conjugal.

A família deteriorou-se e os problemas emocionais agravaram-se. O

homem de hoje casa-se aceitando uma alta probabilidade de que seu

matrimônio fracasse. A porcentagem de divórcios cresceu assustadoramente,

alcançando seu mais alto nível na história. O resultado da instabilidade da

família está no número cada vez maior de filhos vivendo com um só dos

genitores, e na troca freqüente de parceiros, na busca de novas modalidades

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de estilo de vida, sem muitas regras, buscam felicidade e realização nos filhos.

"Quando seu filho se torna sua razão de viver, você abandonou a razão

invisível do por que você está aqui." (HILLMAN, 1996, p.97).

Os laços conjugais e familiares perderam sua força pelo atestado dos

divórcios e da ruptura das gerações. Os velhos são colocados em asilos, os

adolescentes agrupados fora da família, a relação conjugal tornou-se incerta

após a revolução feminina, o trabalho da mulher fora do lar pôs os filhos nas

creches ou com babás, transtornando profundamente tudo. As trepidâncias

modernas quebraram as âncoras familiares de estabilização.

Criar os filhos, educá-los, prepará-los para agir com responsabilidade e

segurança no conturbado mundo em que hoje vivemos é um verdadeiro

desafio. A família, dependendo do ponto de vista, tem papéis contraditórios: ora

é refúgio, ora uma ameaça ao desenvolvimento da criança.

1.1 - Família

De um modo geral, as famílias do século XXI, estão longe de serem a

referência de um ambiente de protecção. A cultura da violência, física, verbal

ou simbólica, os abusos sexuais, a constante ausência dos pais, o abandono

de criança, nos leva a essa infeliz, mas verdadeira realidade.

"...milhões de crianças sofrendo a dor de serem um peso, em lares partidos ou desajustados (para não falar dos órfãos de pais vivos: os menores abandonados ou filhos de pais separados)..." (Id., 2000, p. 22).

Estamos vivendo dias onde é comum ouvirmos a frase "a minha família

está em crise". Tal frase é muito utilizada para expressar que algo "não vai

bem". Tanto à "família" em geral, quanto a nossa família, em particular. Uma

"crise" tanto da sociedade, quanto das pessoas. A questão da nomeação das

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relações familiares neste novo contexto ainda é uma das dificuldades que se

enfrenta, bem como o próprio entendimento delas.

A multiplicidade "ser família", hoje, cria um hiato na geração que

aprendeu o "ser família" de acordo com determinadas características e sua

concretização na prática. Talvez só a geração dos filhos saberá desenvolver a

maneira de denominar tal realidade. Lidar com as famílias hoje, é lidar com a

diversidade, pois temos os mais diferentes "tipos" :

• Famílias tradicionais,

• Famílias em processo de separação,

• Famílias de recasamento,

• Famílias de um só membro parental,

• Família de nenhum membro parental,

• Famílias de pais separados,

• Famílias de casais homossexuais,

• famílias constituídas com filhos adotivos,

• famílias constituídas através das novas técnicas de reprodução....

Para compreendermos um pouco, esta "crise" ao nível interno da família,

veremos algumas mudanças que influenciam na vida das crianças:

1.1.1 - Recursos financeiros

No modelo antigo dominante tínhamos o casal com filhos, ele, como

provedor, ela, como dona de casa, cuidando do lar e dos filhos e mantendo o

vínculo matrimonial ao longo de toda a sua vida. Fica evidente a mudança

radical do papel da mulher na família, com um papel ativo na sua manutenção,

reforçado pelos casos em que, quando não se tem um homem presente na

família, ela o assume. "O mundo mudou mais nos últimos 40 anos do que nos

40.000 anos anteriores." (Ibid., 2000, p.87).

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1.1.2 - Duração da família

Tinha-se antes o "ciclo vital" da família: sem filhos, com filhos, filhos

crescendo e saindo de casa, "ninho vazio" (os pais, de novo, sós). Atualmente

com as muitas mudanças e conflitos vemos cada vez menos famílias que ficam

juntas por muito tempo.

Queremos enfatizar a perspectiva do filho, pois é a família dele que se

altera em sua constituição, quando os pais se separam. E o filho não dispõe de

condições para evitar as conseqüências e os efeitos daquela separação,

ficando difícil para ele definir quem é quem, os papeis que eram antes bem

definidos, hoje se misturam.

1.1.3 - Recasamento

Para haver recasamento, é necessário haver elaboração do luto da

relação anterior. É o luto de todo um projeto que se frustrou, de algo que foi

muito vivo, e que se perdeu. Na maioria da vezes não se vive esse "luto", não

se respeita a dor da perda.

Como as famílias tem pouca durabilidade, e as "novas família" já estão

formadas, antes mesmo de se viver o 'luto", causando com isso, uma falta de

preparo para enfrentar problemas com filhos dos casamentos anteriores e com

o ex-cônjuge, favorecendo assim um novo "luto"....

As crianças de famílias recasadas expressão alguns de seus problemas

afetivos na escola. O "sentimento de pertencer à nova família", pode levar

alguns anos, sendo ainda mais difícil quando se tem filhos adolescentes.

Infelizmente na maioria dos caso, não se respeita nem o tempo de "luto", nem

o de adaptação. "... vão-se enfraquecendo os referenciais de identidade da

criança." (Ibidem., 2000, p. 83).

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1.1.4 - A guarda compartilhada

Construir a possibilidade dos pais poderem exercer a função parental,

mesmo estando separados é também uma "solução" de tempos modernos,

onde se tem tudo em "dobro": pai, mãe, casa, roupa, cama, armário... Tendo

ainda que conviver com muitos "avós", "tios" e "primos"...., que não tem

autoridade e o peso do papel social. "...família sem tios nem avós muito frágil e

suscetível de influência de toda sorte."(AMORESE, 2000, p.83).

1.1.5 - Tecnologia da reprodução

Casal de gays, que adota legalmente uma criança. Quais são as

implicações deste procedimento? Esta criança teria mãe? Como seria o

registro de nascimento? Quais seriam as possíveis implicações desta situação

para a criança ? Qual seria a vinculação legal destas mulheres com a criança?

Estas e muitas outras perguntas poderiam ser feitas mostrando que estamos

diante de um mundo desconhecido para nós.

1.1.6 - Número de filhos no casal

Existe uma grande distância da "grande família" do passado e do hoje. O

casal atual, no caso de separação, incluí os filhos de outras uniões de um dos

atuais membros, geralmente residindo com este membro ou tendo "guarda

compartilhada", isto é, os filhos residem ou têm relação constante com o atual

membro do casal.

Cada nova união, costuma-se ter filhos dessa nova união, fazendo com

que o número de filhos seja maior. A realidade se apresenta com tantas

variações, que torna-se difícil ficar claro o termo "família", ainda mais quando

correlacionamos idealmente "família" com "casal e filhos".

Se os adultos têm domínio com referência às relações - este é meu filho,

este não é - os filhos se vêm diante de um panorama de relações cuja

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denominação não é consistente com a realidade, podem chamar as crianças

que participam do mesmo ambiente doméstico de "irmãos", embora alguns o

sejam por parte de pai ou de mãe e outros nem isso. "...é escutando bem que

me preparo para melhor me colocar ou melhor me situar do ponto de vista da

idéias" (FREIRE, 1996, p. 127 e 135).

Formas muito diversificadas de constituição da "família" de adulto

separado vivendo com os filhos, seus dependentes - até verdadeiros arranjos

entre membros que não são ligados por nenhum "laço de sangue". De maneira

geral, as instituições de educação devem servir de apoio real e efetivo às

crianças e suas famílias, respondendo às suas demandas e necessidades.

“Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele...” (Id.,

1996, p.135).

Evitar julgamentos moralistas, pessoais ou vinculados a preconceitos é

condição para o estabelecimento de uma base para o diálogo.

1.2 - Criança

Crianças aprende desde cedo a conviver com diversos mundos: família,

creche, escola, clube, igreja, rua.., não tendo profundidade com nenhum.

Órfãos de pais vivos, sem disciplina, regras e limites, princípios, imediatistas,

“indomáveis”. "... as crianças ficam arrasadas porque seus pais não sabem ser

pais, enquanto um mundo com todos os pais dentro se aproxima do abismo."

(HILLMAN, 1996, p.92).

A criança, como todo ser humano, tem uma natureza singular, única e

diferente, que a caracteriza como ser que sente e pensa o mundo de um jeito

muito próprio, um sujeito social e histórico, que faz parte de uma organização

familiar e social.

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Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças

serem e estarem no mundo é o grande desafio da família. "... devo respeito à

autonomia, à dignidade e à identidade do educando..." (Ibid., 1996, p. 69).

Temos nos dias atuais encontrado crianças sem raízes, aprendem desde

cedo a conviver com diversos "mundos" (família, creche, escola, clube, igreja,

rua..), e a não se aprofundar com nenhum. Órfãos de pais vivos, sem

disciplina e princípios;

"...criança moderna, aprenderá, desde cedo a conviver com diversos mundos: o da família, o da creche, o da escola, o do clube etc..." "Aprenderá que não pode se identificar integralmente com nenhum deles, sob pena de pirar." (AMORESE, 2000, p. 85)

O desenvolvimento da criança é atualmente considerado um processo de

construção social que ocorre no contexto de relacionamentos íntimos e

significativos com os adultos e os colegas, sendo assim uma rede rica de

relacionamentos interpessoais, sendo ela um sujeito ativo, que produz cultura,

um verdadeiro cidadão.

A partir da Constituição Federal de 1988, a educação passou a ser um

direito da criança assegurado legalmente. O Estado não pode deixar de

atender à demanda por vagas de toda a população infantil que nele ingressa e

nem os pais podem deixar os filhos sem freqüentar a escola, estando ambos

sujeitos à penalidade legal.

Visando regulamentar esses direitos constitucionais é criado, através da

Lei n.º 8.069, de 13 de junho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente

- ECA - que parte do pressuposto de que a criança e o adolescente são

cidadãos, independente de sua condição social, concepção que o diferencia

fundamentalmente das legislações anteriores voltadas exclusivamente para o

atendimento à infância pobre, daqueles considerados em "estado de risco"

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(Código de Menores de 1927) ou em "situação irregular" (Código de Menores

de 1979). Pela Lei nº 8.069/90 (ECA), os pais devem (ou deveriam):

"Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos

menores, cabendo-lhes ainda, no. interesse destes, a obrigação de cumprir e

fazer cumprir as determinações judiciais."

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:

"V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e

aproveitamento escolar;"

O ECA configura-se, portanto, num grande instrumento para efetivação

de uma democracia participativa no trato dos interesses das crianças e dos

adolescentes.

Isto significa o reconhecimento da criança e do jovem como cidadãos

que devem ter os seus direitos assegurados, não só pela família, como

também pela sociedade e pelo Estado.

Crescer significa liberar-se do medo de se perder e de ficar sozinho.

Devemos ajudar as crianças a se relacionarem ativamente com os lugares em

que vivem e encontrar o caminho para o crescimento, fortalecidas pelo senti-

mento de segurança que resulta de uma identidade que é reconhecida pelas

outras pessoas e na qual elas mesmas se reconhecem, pois a perda das raízes

é provocar a morte da própria paixão pela humanidade. "Não sou apenas

objeto da História mas seu sujeito igualmente." "O mundo não é. O mundo está

sendo." (FREIRE, 1996, p. 85)

Devemos passar aos nossos filhos, que vale a pena lutar por seus

sonhos e ideais e que sempre se deve investir no trabalho digno, honesto, que

possa levá-los a uma realização pessoal e profissional.

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1.3 - Escola

A escola é um espaço de conhecimento e deve ser vista como lugar de

aprendizagem, onde os educadores reúnem-se com as famílias para que haja

interação, ou seja uma troca ideias sobre as crianças, seus pensamentos sobre

a tarefa educacional, família, escola e muito mais.

A relação família e escola tem sido, na maioria das vezes, uma fonte de

desgastes para as duas instituições. Tem sido uma relação marcada quase

sempre pela desconfiança, medo, autoritarismo, transferência de

responsabilidade, imposição de culpa, desinteresse, superficialidade,

incapacidade de ouvir, pela competição.

Crianças praticamente abandonadas, famílias totalmente

desistruturadas, escolas sem saber o que fazer, nem por onde começar, como

cuidar das crianças se as próprias famílias, estão carentes de tudo? Como dar

o que não se tem?

Existe uma grande falta de comprometimento, para o bem estar da

sociedade, infelizmente o que vemos hoje, são crianças, pais e escolas

totalmente invisíveis para política, ninguém leva a sério problemas tão graves.

O maior investimento sempre vai para campanhas : grandes obras, praças,

estradas, "caixa dois".... "... luta de classes na escola pode ser um dos

caminhos para a transformação da sociedade capitalista." (MEKSENAS, 2000,

p.75).

Não podemos nos conformar mas se queremos realmente desenvolver

um trabalho sério e compromissado com qualidade para as crianças devemos

ter nossos olhos voltados para suas famílias, buscando a melhor forma de

harmonia, vencendo as muitas e muitas barreiras.

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Infelizmente, o que temos observado é que a cooperação de ambas está

mais voltada para recíprocas acusações do que para uma busca comum de

soluções. A maioria das escolas, apesar de reconhecerem a importância do

trabalho com a família, costumam considerá-la desajustada e com muitos

problemas.

De modo geral as escolas declaram-se insatisfeitas com as ausências e

falta de compromisso das famílias. E se aborrecem quando as famílias

contestam o trabalho da instituição.

Os princípios para se desenvolver um projeto numa escola, deve ser a

criança e sua família, pois através delas podemos conhecer e entender em

grande parte, os conceitos e as relações sociais presentes na escola e na

comunidade. Quando a família se aproxima da escola, e vice-versa, cria-se

então uma mudança no contexto cultural de socialização da criança, onde

todos ganham.

"Professores declaram-se insatisfeitos por aquilo que entendem ser ausências e descompromissos dos pais com os filhos. E se aborrecem quando os pais contestam o trabalho da instituição e buscam controlar o que é proposto a seus filhos. Em ambos os casos, os pais são considerados pelos professores como amadores em educação." (OLIVEIRA, 2002, p. 1)

Família e a escola não pode desanimar diante de tal realidade,

momentos de reflexão e troca de informações, são de extrema importância.

Não existem fórmulas mágicas, que irão resolver todas as nossas dificuldades,

mas andando em parceria família e escola, podem ir além. A educação de

nossos filhos deve ter como objetivo fundamental o desenvolvimento de

pessoas responsáveis, maduras e autônomas.

"O professor não tem um papel terapêutico em relação à criança e sua família, mas o de conhecedor da criança, de consultor, apoiador dos pais, um especialista que não compete com o papel deles. Ele deve possuir habilidades para lidar com as ansiedades da família e partilhar decisões e ações com ela. Se assim ocorrer, a família terá no professor alguém que lhe

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ajude a pensar sobre seu próprio filho e a se fortalecer como recurso privilegiado do desenvolvimento infantil."(Id., 2002, p.1).

Sabemos que o afeto, a ternura e a comunicação são os instrumentos

básicos para conseguir este resultado, porém não podemos nos esquecer da

necessidade de colocar limites claros e coerentes, ainda que muitas famílias e

escolas sintam-se inseguros em proibir coisas a seus filhos e alunos. Porém,

se não quisermos que nossas crianças se convertam em pequenos tiranos, a

colocação de limites é imprescindível.

"Há escolas em que as regras são de todos. Outras, em que as regras são de um. Há escolas em que as salas são dos professores, outras, em que as salas também são dos alunos." (Id., 2001, p.92).

Historicamente, a família tem sido considerado o ambiente ideal para o

desenvolvimento e a educação das crianças. Essa é a posição de algumas

práticas pedagógicas, que sustentam que a responsabilidade da educação dos

filhos, exclusivamente é da família, onde a escola simplesmente repete as

metas embutidas da mesma. Outros sistemas já assumem uma postura

diferente, partilhando com família a responsabilidade das funções educativas.

Na práticas pedagógicas em que vivemos, as famílias são convidadas a

não só se aproximarem, mas também à andar junto, passo-a-passo. Isso nos

leva a repensar o papel da família na educação, se antes as teorias se

concentravam no desenvolvimento individual da criança, hoje nos convidam a

conhecer e trabalhar essa “pequena humanidade silenciosa”, que tem história

e principalmente família. "Compreendemos que cada criança é um ser único e

irrepetível"(ALVES, 2001, p.102) ".

A busca de uma boa relação entre família e escola deve fazer parte de

qualquer trabalho educativo que tem como foco a criança. Além disso, a escola

também exerce uma função educativa junto aos pais, discutindo, informando,

aconselhando, encaminhando os mais diversos assuntos, para que família e

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escola, em colaboração mútua, possam promover uma educação integral da

criança.

"A prática diz-nos, ainda hoje, que os pais têm dificuldades em conceber uma escola diferente daquela que freqüentaram quando alunos mas que, quando esclarecidos e conscientes, aderem e colaboram." (Id.,2001, p.114).

Partindo da LDB (Lei de Diretrizes e Base/1996), para que a criança seja

inserida no mundo é necessário ajuda da família e da escola, juntas. Todas as

escolas, deveriam ter por base criar um relacionamento mais significativo com

as famílias, uma aliança entre os dois mundos nos quais a criança vive, onde

ambos têm responsabilidades, emoções, sentimentos, conhecimentos e

atitudes diferentes.

É de muita importância desenvolver um bom relacionamento com a

família, pois a forma como ela vê a escola têm influencia marcante nas

reações e emoções da criança durante todo o processo educacional. "Acredito

em escolas onde as crianças tem direito a ser ouvidas." (ALVES, 200, p.87).

A educação conta hoje com um grande obstáculo da queda dos níveis de

competência da ordem emocional, que altera significativamente o

comportamento, deixando as pessoas mais inseguros, vulneráveis e sujeitos a

desencadear sintomas que irão interferir no seu desenvolvimento físico,

psicossocial e educacional.

1.4 - Sociedade

A família é a base o alicerce da vida emocionais, que influencia no

desenvolvimento dos mesmos não só através do trabalho educativo que

desempenham, mas também como modelos de identificação. Os adultos de

maior referência de uma criança são os que fazem parte de sua família. É,

portanto, de extrema importância que estejam juntos, se sentindo responsáveis

pelo crescimento e desenvolvimento deste novo cidadão brasileiro.

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Considerando que o ser humano aprende o tempo todo, nas mais

diversas instâncias que a vida lhe apresenta, o papel da família é fundamental,

pois é ela que decide, desde cedo, o quê seus filhos precisam aprender, o que

é necessário saberem para tomarem as decisões que os beneficiem no futuro.

Estamos vivendo a era das famílias desestruturadas, passando por

sérias dificuldades econômicas e afetivas, percebemos então a grande

necessidade da família e a escola estarem cada vez mais unidas para

desenvolvimento emocional.

Se vivemos realmente numa democracia, as oportunidades devem ser

iguais para todos, respeitando as singularidades. Esta ação conjunta convida a

família a refletir sobre que ações serão eficientes e eficazes para a formação

desse cidadão reflexivo, criativo, crítico, que saiba tomar decisões e se

posicionar frente aos desafios.

Assim, cabe a família a preciosa tarefa de transformar a criança imatura

e inexperiente em cidadão maduro, participativo, atuante, consciente de seus

deveres e direitos, possibilidades e atribuições. A família que quer realmente

fazer um trabalho eficaz, deve investir em formar cidadãos ativos, capazes de

dominar a tecnologia e dar sentido à vida individual e coletiva.

Podemos dizer que a família tem no mínimo três grande missões :

Passado - Transmissão dos conhecimentos e de uma cultura. Presente -

Desenvolvimento da personalidade, com valores éticos e para a cidadania;

Futuro - Preparação para uma vida em sociedade, respeitando o equilíbrio

ecológico do planeta;

É importante que família compartilhem experiências, entendam e

trabalhem as questões envolvidas no seu dia-a-dia sem cair no julgamento

“culpado x inocente”, mas buscando compreender cada situação, uma vez

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que tudo o que se relaciona aos filhos tem a ver, de algum modo, com os pais

e vice-versa.

A família é um espaço de relações e de aprendizagem. Local de

interações, de troca, por isso a participação dos pais na educação dos filhos

deve ser constante e consciente são o fundamento de valores, princípios e

ética de um cidadão não no amanha, mas hoje.

CAPÍTULO II

FAMÍLIA MODERNA EM CRISE

Precisamos dos outros para sermos humanos e sentimo-nos confortáveis

quando somos aceitos, assumimos uma forma ou entramos numa fôrma, para

sermos considerados. Aceitamos as regras ou somos discriminados, olhados

de forma diferente.

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O ser humano já passou é passa por constantes mudanças pessoais e

sociais, buscando sempre o “bem comum”. As pessoas no inicio da civilização,

viviam em comunidades, e para promover a ordem social, criam-se regras,

limites e leis. Os trabalhos eram divididos, e a educação é expontânea e

informal, todos aprendiam igualmente. Os idosos passavam para nova geração

os segredos da sobrevivência.

2.1 - Crises

Passaremos agora à analisar alguns tipos de crise de tempos modernos,

onde as famílias em nossa sociedade tem vivido bem de perto. Toda

sociedade tem uma consciência, pois para participarmos dela precisamos

aceitar suas normas, valores, costumes e isso acontece de forma bem natural.

O ser humano é produtos da cultura e formadores de cultura.

O mundo de IV a XIII era totalmente voltado para terra, fonte de riqueza,

vivia-se em pequenas aldeias, em que a religião moldava os pensamentos,

ditando as regras. As pessoas ao nascer já era determinado o que elas seriam

sem a possibilidade de mudar.

Assim como hoje todos busca o seu bem estar. Cooperação, respeito e

limites são cobrados, onde todos sabem qual é o seu lugar, onde a vida não

tem muitas surpresas, mas é uma rotina quase certa, passada de pai para filho,

sendo por isso, bem estável.

O sagrado é um elemento básico no inicio de qualquer construção social,

por esse motivo é a partir dele, que todos elementos morais e éticos são

formados para uma melhor organização social. O certo e o errado, são bem

claros, conhecidos, definidos e defendidos, caso não sigam as regras, existe

uma execução social, que significava quase a morte.

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Apartir do século XIV começa a se formar uma grande mudança radical

social, que é a mudança do feudalismo, mundo agrário, para Capitalismo,

mundo urbano-industrial. As mudanças foram tão radicais, que são conhecidas

como revolução. Revolução econômica & ideológica, de uma vida conformista

para uma vida dinâmica e competitiva, onde há possibilidade de mudar o seu

futuro, se no feudalismo todos dependiam da terra, agora todos era "livres",

dependo unicamente de seus esforços, vivendo em concorrência.

Caracterizado por profundos desenvolvimentos e transformações que

estão acontecendo no campo tecnológico, na cultura , comportamento, vida

política e cotidiana. Dessa forma precisamos nos apropriar de novos conceitos

que se tornaram imprescindíveis para a compreensão do tempo atual.

Na economia, ele passeia pela ávida sociedade de consumo que tenta a

sedução do indivíduo isolado até arrebanhá-lo com valores calcados no prazer

de usar bens e serviços. Shopping e academias, são os grande altares atuais.

Precisamos interpretar a realidade a partir da compreensão da totalidade

do conhecimento e da singularidade do saber adquirido, assim valorizando os

princípios de estudos históricos, para compreender o papel do homem na

atualidade do mundo globalizado que está aí, frente aos nossos olhos e em

tempos de crise da modernidade, sem que, para tal, necessitemos aderir aos

princípios massacrastes da globalização.

Laços familiares estão cada vez mais frágeis, embora tenham tudo

materialmente. O homem perdeu sua hegemonia, de estar no centro do

universo, numa relação transversal com a mulher, ele perdeu seu poder. A

mulher, por sua vez buscou ampliar seu espaço diminuindo esta

tranversalidade onde perpetua a idéia de igualdade.

A busca incessante do consumo tecnológico que coloca o ser humano

em cheque, cria uma competição desenfreada onde não há regras nem limites

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e tanto homens como mulheres, esquecem que a vida sobre todos os aspectos

é para ser vivida intensamente com o objetivo de ser feliz.

Quando à família passa por alguma "crise" é a hora de estar junta para

reavaliar e renegociar suas regras e limites, fazendo da crise, uma

oportunidade de mudar, criar, crescer, olhar de uma forma diferente, ampliando

assim nossa visão para construir uma realidade alternativa e mudar à história.

As famílias modernas enfrentam o desafio das crises, que geram efeitos

alarmantes, por outro lado não existe respostas prontas pois para

imprevisíveis e múltiplas formas assumidas pelo fenômeno nas famílias, porque

a modernidade não é uniforme, ela não atinge as diversas sociedades da

mesma forma.

Acreditamos que a maior contribuição que podemos dar, no trato deste

tema, é aquela ligada ao despertamento para a necessidade de reflexão e

mudança, não uniforme, mas contextualizada. "...antes de sair em busca de

ações concretas, muita reflexão sobre nossa realidade, muito distanciamento,

para vermos..." (AMORESE,2000, p.102).

As mudança são muitos grandes e profundas, formando verdadeiras

crises, onde o homem, está aos poucos aprendendo a viver, ou conviver,

nesta nova realidade, nova história, na qual muda costumes, cultura, regras,

arte, conceitos, princípios.... Segue, portanto algumas das crises que, a nosso

ver, a modernidade traz à família:

2.1.1 Pluralização

Pluralidade de escolha sempre existiu. Mas nunca antes com a

intensidade tal que pudesse produzir tal consciência de eleição um processo

inconsciente pelo qual entendemos que sempre podemos escolher, eleger,

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manifestar preferencia, como se passássemos a viver numa sociedade-

supermercado, repleta de variedades.

Os portadores da modernidade produzem um efeito inescapável de

mostrar, como num supermercado, uma enorme quantidade de opções para

um mesmo produto, onde o que vale é "escolher o que mais lhe agradar".

Assim com os meios de comunicação de massa trazendo informações,

ângulos, opções, de toda parte do mundo, sobre todos os temas da existência,

os mais variados possíveis. Começa-se a conviver com a idéia de que há

opção para tudo.

"Do tipo de fralda para o bebê à cor do olho, da cor de pele do filho que vai ser concebido à opção sexual, do meio de transporte que o levará à cidade ao tipo de computador que deverá comprar, tudo é escolha, tudo tem opção. Isso é a pluralidade. "(AMORESE,2000, p.48).

Se um produto é oferecido por um só fabricante, não gostamos,

reclamamos. "Opção" é a palavra chave. Mesmo sobre assuntos que não

oferecem alternativas, queremos escolher. Isso em todas as áreas: produtos,

religião, família, amigos...

É a enorme quantidade de opções para um mesmo produto ou decisão,

cada um age conforme sua consciência, não existe certo ou errado, regras e

limites. As opções são muitas o que determina são seus sentimentos, o que

mais o agrada, não seus princípios, uma “sociedade supermercado”. Vivemos

dias em que tudo é....

2.1.1.1 - Opção

Opinião pública se define por certa unanimidade, por certa consistência

em torno de um tema. Mas quando a televisão entrevista vinte pessoas e

mostra as cinco posições mais parecidas (e, por coincidência, parecidas com

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as duas próprias), isso não tem nada de opinião pública. Para quem assiste, no

entanto, a informação tem aparência (e efeito psicológico) de consenso. Mas é

um grande engano.

O homem no centro, sendo “totalmente livre”. Por outro lado a mídia o

induz a fazer o que a "opinião publica" determina. Todo mundo tem opiniões

sobre tudo. Nesse momento, a mídia, que também luta para impor sua visão do

mundo, cria um processo de divulgar essas opiniões, como se fossem "opinião

pública".

A "opinião pública" é um personagem criado pela mídia e controlado por

ela, em que na maioria das vezes, não tem opinião nem é pública. Mas, por

meio de algumas entrevistas, a mídia é capaz de criar uma impressão de

consenso sobre o que desejar.

2.1.1.2 - Descartável

Nada é durável, mudam com rapidez de profissão, família, namorado,

igreja, trabalho... como se troca de roupa. Livros, revistas os mais diversas,

riqueza de informação e atualidade, no entanto temos o desconhecimento dos

seus conteúdos, quanto mais se tem menos se sabe.

2.1.1.3 - Supercicila Sem compromisso e profundidade - casamento, namoro, "ficar"... Os

adultos não são confiáveis, não conseguem conviver com regras, limites

restrições, com dificuldade de aceitar liderança e autoridade, fazem somente o

que se sentem bem, a razão foi trocada pelas emoções e sentimentos,

desenvolvem relações superficiais com pouca durabilidade.

2.1.1.4 - Rápido

Todos querem colher, sem plantar, sem investir tempo, trabalho, estamos

a procura das "receitas de felicidade" (Fast-Food), onde se não deu certo

passa para outra "receita" sem menor problema.

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Com isso, temos uma sociedade sem raízes, as relações são

superficiais, sem compromisso. A solidariedade é substituída pelo oportunismo,

todos querem manter o anonimato e se dar bem. Sem muito, ou melhor

dizendo, nenhum, trabalho.

2.1.2 - Privatização

É uma conseqüência da pluralização social, onde suas escolhas são um

assunto privado, tem por lema: ”respeitar para ser respeitado”, "Cada um na

sua","- O problema é meu, ninguém tem que se meter !". Trata-se de dizer que

se você fez tal ou qual escolha, ninguém tem nada com isso. Nada é imposto, a

não ser pela mídia. Vivemos num mundo em que aquilo que nos une a todos é,

curiosamente, o mais particular, individual: a opção.

"Toda vez que uma "opção" for-lhe contestada, nosso cidadão lançará mão desse refúgio, com a expressão - dá licença? A expressão não tem nada de mágica, nem de sinal secreto, mas simboliza o mecanismo de retirada, para o privado, não podendo, portanto, ser contestada por ninguém." (AMORESE,2000, p.63).

Só há um caminho: respeitar para ser respeitado. A privatização traz

implicações boas e más. Por um lado, pode-se dizer que traz um espaço onde

se materializam os sonhos de identidade e de realização.

O mundo público desenvolve-se como o espaço dos negócios, da

economia, do mercado, do Estado e da ciência, enquanto o mundo privado

permite que se desenvolvam as aptidões, os hobbies, a religião, o lazer.

Por outro lado, a privatização é um mundo instável, vulnerável, frágil e

precário, está ao sabor de diversas influências, sem dispor de raízes e

princípios.

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2.1.2.1 - Solidão & Isolamento

Os relacionamentos são superficiais e utilitárias, não perturbando assim

o seu conforto privado e anonimato, levando-os a serem mais um na multidão,

sendo muito solitários. A privatização produz um mundo público sem alma e

sem nenhuma cortesia.

Família, homens, mulheres e crianças estão redesenhando seus

espaços, calcados em valores de consumo, poder e status, colocando a

questão da competência como primordial (financeira, profissional e etc...). Cada

um vive no seu “mundinho”, bem privado. "A esperança entra na história, e em

nossa psicologia, quando diminui a fé na continuidade."(HILLMAN, 1996, p.92).

Crianças são profundamente afetadas pela esperança que eles vêem no

mundo dos adultos, pode ser a chave para o desânimo e os distúrbios das

crianças. Que esperança vêem elas no mundo adulto ? Depositar as

esperanças numa criança e em seus futuro é mais fácil do que procurar uma

esperança maior para o mundo adulto propriamente dito.

A privatização produz um mundo sem alma. Com sua lógica própria, com

sua moralidade peculiar, sem misericórdia, sem interferência. Questionar um

homem sobre sobre a ética de suas ações significa invadir o espaço do outro,

pois "ética", em tempos modernos, é coisa do privado.

2.1.3 - Hedonismo

O moderno ameaça encarnar hoje estilos de vida e de comportamento, o

nada , o vazio, a ausência de valores e de sentido para a vida. O homem se

entrega ao presente e ao prazer, ao consumo e ao individualismo, temos a

humanidade em crise, caos social, destruição de todas as estruturas

estabelecidas, perdidos no meio de tanta liberdade, acabamos vendo a

humanidade pressa., nas novas forma de escravidão, como paradoxos à

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liberdade pretendida: a escravidão de drogas, do consumo, da aparência, do

status, da vaidade etc.

Esses fenômenos, por mais antigos que sejam, encontram, hoje, sua

potencialização, pois estamos em dias de total liberdade, ou melhor dizendo,

libertinagem, sem parâmetros, sem ideais, onde não existe autoridade, limite,

regra, restrição... Todos dispostos à ser feliz, a qualquer custo.

"Caráter significa negação de si mesmo; significa dizer não a si mesmo. Mas isso não se dá no vazio. Não se trata de masoquismo nem auto-flagelação gratuita. Caráter implica princípios, valores e axiomas não -discutíveis. Não comigo mesmo. São balizas inamovíveis para minha vida, as quais racionalmente adoto por entendê-las fundamentais para minha felicidade, e dali não passo. Nem que sofra. Em muitos casos, nem que morra." (AMORESE,2000, p.133).

No meio dessa abstração, torna-se complicado definir com exatidão o

papel da família, e como fica as crianças. Sem parâmetros , sem matrizes, sem

valores que traduzem aspirações universais e necessidades imediatas dos

povos, a humanidade se perde em sua própria abstração, quando não é

subjugada pelo poder de alguma força hegemônica, uma maneira própria de

ver essa abstração.

Já não há mais espaço para as "autoridades", pais, chefes, líderes....

perdeu-se a admiração ao próximo, onde ninguém quer se submeter, tratando

todos de igual para igual, perdeu-se o respeito e admiração.

"Sabe, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão amantes de si mesmo, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeição natural, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus" (II TIMÓTEO 3:1-4).

Tudo se resume a sentimentos, sedução, felicidade a qualquer preço e

direitos de ser feliz ? Mais ainda: como faço se fui criado assim, já não tendo a

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base necessária para resistir às pessoas do caminho mais fácil, do atalho, do

enriquecimento via loterias ? Como faço se fui criado sem "nãos", sem estacas

delimitadoras sem disciplinas ? "Tolerância, solidariedade, compaixão,

sabedoria, não-violência fazem parte da felicidade social." (TIBA, 2002, p. 77)

Nunca tivemos tanta fome, associada a tanta obesidade no mundo. Por

quê? Porque "fibra", princípios, disciplina, domínio próprio, já não são "valores"

modernos. Posso ser um doce de pessoa, mas não pise no meu pé, que viro

bicho. Não sei conter a mim mesmo.

Amantes de si mesmo, "amor" esse doentio, onde a todo momento

todos dizem para si mesmo: "Eu mereço", "Eu preciso", "Eu quero". Todos

querem colher, colher, mas se recusam a plantar, ou até mesmo ouvir sobre

isso, pois o que vale é o hoje, agora, onde todos querem ser felizes a qualquer

preço. Mas nos esquecemos que se estamos colhendo hoje e porque alguém

plantou ontem, pais, avós, bisavós.... e nós o que deixaremos para nossa

futura geração?

2.1.4 - Alienação

Nesses tempos moderno há uma sobrecarga psicológica, onde o ser

humano não tem possibilidade de processar todas as informações enviadas,

por esse motivo ele analisa e seleciona as prioridades, escolhendo e

desenvolvendo mecanismos de adaptação, ficando a maior parte do tempo,

alienados, não vivendo com total intensidade.

2.1.4.1 - Indiferença Social

A dor do próximo, não lhe causa "nada", nem alegria, nem tristeza, como

se estivesse cauterizados, sem sentimento, frios, secos, distantes,

insensíveis... Cada um pensa em sua "vida pessoal", como se o social

estivesse a parte, "longe" dele.

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2.1.4.2 - Distração

Como todos querem o seu bem estar, o culto ao "sentir", o pensar em

problemas, dificuldades, ficou fora de moda. Temos muita pessoas se

"distraindo", "querendo ser feliz", por esse motivo à o exagero de som alto,

jogos, revistas, shopping... para "não pensar" nos seus problemas, ouvir o seu

"EU / OUTRO". "... as cinco regras para alcançar a educação integral: parar,

ouvir, olhar, pensar, agir." (TIBA, 2002, p. 19)

2.1.4.3 - Monologo A comunicação é o meio pelo qual conhecemos os outros e somos

conhecidos. Vivemos dias muito difíceis, não se conversa com o outro,

ninguém quer ouvir, só falar, são "monologo" fala-se sozinha, pois mesmo que

tenhamos alguém perto, eles estão bem longe.

2.1.4.4 - Tempo

O grande "vilão" dos dias atuais é o "tempo", todos dizem : estou sem

tempo, atrasado, com pressa, correndo, correndo, correndo.... Ninguém mais

assume o que não faz, mas culpa sempre o "senhor tempo". Não se tem tempo

qualidade, consigo e com outro. "A grande vantagem do ser humano sobre os

animais é a possibilidade modificar seu comportamento, criando soluções para

o que o prejudica ou não o satisfaz." (TIBA, 2002, p. 46)

Não podemos estar alienados, mas devemos ser um indivíduo forte, com

princípios, capaz de julgar as propostas que lhe chegam a consciência, tendo

uma mente crítica, a cada problema, as soluções são construídas apartir do

querer de todos que estão envolvidos.

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CAPÍTULO III

FAMÍLIA MODERNA, SOLUÇÕES ANTIGAS Vivemos crises comunitárias onde o seres humanos perdem as raízes,

referencias, pois todos temos a necessidade de um espelhos social, para saber

quem somos, o grupo nos dá essa informação, vivemos atualmente um grande

vazio.

Uma técnica que funciona mais que a força, é o meios de comunicação,

pois quando convenço ou converto, uma pessoa a uma determinada idéia,

coloco dentro dele a mesma visão. "A pessoa fica feliz em poder ajudar outro

ser humano a ser feliz." (TIBA, 2002, p. 77)

Não existem resposta prontas, elas precisam ser construídos em

conjunto, apartir do problema, e esse é o maior desafio da família moderna.

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Veremos que algumas "soluções" ou melhor dizendo, "sugestões" não são

nada modernas, mas sim, bem antigas.

3.1 - Comunicação

Nós negócios, ignorar a comunicação significa ineficiência, perda de

lucros e fracasso. Nos assuntos internacionais, a falta de comunicação ou a

comunicação errada faz surgir desconfiança e suspeita, e leva até mesmo à

guerra. Nas famílias, essa falha traz frustração, medo, infelicidade,

ressentimento, rebelião, desilusão, solidão e muitas vezes separação e

tristeza.

"Falar é fácil, conversar não é. Mas conversar é essencial. Embora as palavras "dizer", "falar" e conversar" sejam vistas como sinônimas, em verdade expressam idéias muito diferentes. Todo pai que pratica e exercita a arte da conversa, experimenta na relação com o filho uma nova intensidade do amor." (ANTUNES, 2005, p. 30)

O falar nem sempre é comunicação, pois existe uma grande diferença

entre monólogo e diálogo. A verdadeira comunicação está além do

simplesmente escutar, mas o de ouvir nas "entrelinhas", isto significa ouvir o

que as pessoas estão querendo transmitir por trás e entre, suas palavras. Ouvir

nessa dimensão é um ato de amor.

Infelizmente é possível viver junto por longo tempo, falar muito sem

verdadeiramente compreender ou conhecer o outro. Segundo John Drescher,

grande parte de nossa comunicação é não-verbal, onde pode ser positiva ou

negativa. Onde 7% - palavras, 38% - linguagem corporal 55% - tom de voz.

Uma criança compreende muito melhor o tom de voz do que as palavras

ditas pela pessoa. Ela percebe mais a maneira com algo é dito do que

propriamente o que está se dizendo. E isto se aplica a todos nós, talvez 90%

dos conflitos ou da felicidade sejam devidos ao tom de voz.

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"Uma carícia, um abraço, podem dizer "Eu te amo" tão bem quanto as palavras. O olhar amoroso, o toque terno, o presentinho escolhido com cuidado podem transmitir muito." (DRESCHER, 1979, p. 63)

3.1.1 Nível Fazer Esse tipo de comunicação é muito importante, mas só se preocupa com

a movimentação do dia-a-dia, falam sobre aquelas coisas que exigem

comunicação para que a família possa sobreviver, tipo : "Fez o dever ?", "A

comida está pronta.", "Vou chegar tarde hoje.", "Amanhã você tem dentista.",

"Como foi sua prova ?", "Boa noite" .....

Na maioria das vezes os família está satisfeita, dizendo com muito

orgulho que todos tem uma boa comunicação, mas na realidade está somente

no nível de comunicação, só no FAZER .

Podem discutir toda espécie de idéias e interesses fora de si mesmo, no

geral de maneira eloqüente e cativante, mas sem revelar nada sobre a sua

própria personalidade, seu mais íntimos sentimentos, ou suas lutas interiores.

Muitas das vezes convive-se a vida toda com pessoas, onde não se

conhece na realidade nada do seu interior do seu ser, de seus princípios,

estrutura.....

3.1.2 Nível Ser

Essa comunicação é mais profunda, necessita de tempo, dedicação,

amor e essa investimento não tem preço, pois é em vidas. Necessitamos com

urgência desse investimento, pois é inútil esse corre-corre, para bem de quem

? Alimentar o corpo, pagar contas, de quem ? acabamos não saciado o mais

profundo do "ser" da pessoa amada. Onde alegamos que tudo fazemos por

"amor".

"Comunicar quem somos é revelar ou partilhar nossa personalidade com outros. É partilhar aquilo que é

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completamente "eu", diferente de todos os demais." (DRESCHER, 1979, p. 68)

Significa mais do que partilhar simplesmente sentimentos superficiais tais

como, se me sinto bem ou mal, alegre ou triste. Esses sentimentos são

facilmente conhecidos na intimidade sem muito esforço, mas compartilhar

sentimentos profundos e íntimos de temor, frustração, ódio, mágoa, ira, amor,

alegria, as tentações e aspirações que são real e verdadeiramente nossas.

Neste nível de comunicação começamos a dar o maior e melhor dom de

todos - nosso verdadeiro "eu". Começamos a grande aventura do verdadeiro

crescimento, compreendendo não apenas o que fazemos, mas o por que

fazemos.

3.1.3 Nível Fazer & Ser A comunicação envolve os dois níveis "fazer & ser", onde cada um tem o

seu valor e deve ser usado para bem da família. Todos devem praticar e a

ajudar o outro, independente de sua idade, pois todos nos gostamos de ser

aceitos, compreendidos e amados. O temor da rejeição, condenação ou

afastamento faz com que as pessoas usem máscaras e mantenham guardados

os seus sentimentos fechados.

Queremos ser conhecidos, mas tememos expor-nos demais para não

sermos rejeitados, com receio de que nos tornemos inaceitáveis ou percamos a

confiança do outro. Todavia, é neste contexto de amor, e na intimidade da

família onde deveríamos ser capazes de avançar além do nível "fazer" para o

nível "ser" de comunicação e chegar à mais completa compreensão de nós

mesmos - nossos problemas e possibilidades e também do outro, com respeito

e muito amor. Para isso precisamos :

• Decidir

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Se realmente queremos nos aventurar neste nível mais profundo do

"ser". Por causa de tropeços anteriores ou por nos sentirmos inibidos, pode

parecer impossível começar a partilhar os recessos íntimos de nossa alma e

também estar preparado para ser sensível ao outro.

• Começar

"Devagar e sempre", não perca oportunidades e invista tempo, não só

conhecendo o outro, mas deixando-se conhecer.

• Perseverar

A comunicação não é algo que fazemos de uma vez para sempre, ou

uma hora por semana, ou em várias sessões por ano. Devemos procurar tomar

algum tempo cada dia para discutir sentimentos, aspirações e conflitos íntimos

um com o outro.

3.2 - Mão dupla

Os pais muitas vezes não sabem o que fazer diante das mais diversas

situações do cotidiano, nem todos estão informados sobre as características do

desenvolvimento infantil, sobre questões pedagógicas mais específicas e ou

atualizadas. Dúvidas são para ser esclarecidas, mas muitas vezes não são.

Diante da complexidade da vida moderna, muitas família tem transferido

sua responsabilidade de educar os filhos, mas sabemos que essa

responsabilidade não pode ser transferida, mas sim compartilhada, com outras

instituições como escola, igreja... formando assim parcerias com respeito,

amizade e muito amor.

A saúde emocional de uma pessoa começa ao nascer, e é dever da

família ajudar essa criança a entender "mundo", que não é lá muito fácil. As

crianças aprendem muitas coisas com os adultos, mas também têm muita

coisa para falar, perguntar, é preciso dar "voz e vez" com "limites e regras."

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Analisaremos esses dois temas que são de "mão dupla", pois um anda junto

com outro, são de muita importância para o equilíbrio emocional,

3.2.1 - Voz & Vez Devemos acreditar que os vínculos afetivos definem a qualidade das

nossas relações. Família e escola amam seus filhos e alunos, vibram com suas

vitórias, mas não deixam de prepará-los para os fracassos e derrotas da vida

que são inevitáveis; compreendem seus anseios e suas angústias, mas

frustram e colocam limites quando necessário.

Ouvir uma criança, não somente escuta-la, com respeito individual,

independente de sua idade, dando à liberdade de se expressar, com amor, o

que senti e pensa. Devemos entender a realidade e as possibilidades dos

pequenos em cada etapa de seu desenvolvimento, mostrando-lhes de forma

clara aquilo que podem ou não fazer, o que é permitido e o que não é.

"Educar envolve um novo desafio a cada dia. Cada situação tende a se repetir muitas e muitas vezes, transmudada em outras formas, com a mesma essência. Muitos pais hoje são tão imediatistas quanto seus filhos - querem tudo para hoje, para já, para agora. E, em educação, não dá para ser assim. Há que se repetir, com calma, centenas e milhares de vezes a mesma coisa, para funcionar..." (ZAGURY, 2000, p. 40)

3.2.2 - Limites & Regras Os limites e as regras, são imprescindíveis para o desenvolvimento do

caráter e que é através da compreensão deles que o indivíduo se torna mais

responsável, autônomas um cidadão. Eles começam muito cedo, aprendemos

logo ao nascer o limite da natureza, pois aos nove meses temos que "nascer",

algumas crianças quebram esse limite nascendo antes ou depois do "tempo

limite". "A liberdade sem limite é tão negada quanto a liberdade asfixiada ou

castrada." (FREIRE, 1996, p. 105).

Em família aprendemos com amor e muita dedicação e repetição, os

limites pessoais e sociais, tão necessárias aos seres humanos, como os pais

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não "ditam" regras, são os filhos que ditam, causando esse caos nas famílias.

"... a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a

vergonha a sua mãe." (Provérbios 29:15).

Infelismente, pais "modernos" tem um comportamento muito infantil,

sem compromisso com os filhos, onde não conseguem conviver com regras,

limites ou autoridades, tendo somente compromisso com o seu próprio bem

estar. Como ensinar, se não aprenderam ? "Os adultos, também adeptos do

hedonismo total, não conseguem conviver com governos, regras, limites,

restrições etc." (AMORESE, 2000, p. 23).

Deixar de colocar limites na infância e esperar que quando maiores se

tornem pessoas respeitosos, tolerantes e disciplinados é um dos maiores

enganos que os pais cometem, e as conseqüências evidenciam-se tanto na

própria vida familiar como na social.

"Com amor os filhos podem ser bem-criados, ou melhor, eles se criam se os pais não atrapalharem. No amor um filho se cria sozinho, mas por mais que seja amado ele não se educa sozinho." (TIBA, 2002, p. 18)

3.2.2.1 - Assumir ou Sumir ? E dever dos pais, desde cedo, fazer a criança "assumir conseqüências"

de seus atos, negativos com alguma perda, ou positivo, com prêmiação. Mas

infelizmente, o que vemos hoje, são pais que fazem tudo para sumir com as

conseqüências, dos filhos, gerando assim não só um problema familiar, mas

também social.

"As crianças são profundamente afetadas por uma gama de pessoas que interagem com elas, pela alimentação, pela música, pela televisão, pela esperança que elas vêem no mundo dos adultos... As pessoas podem ligar-se uma às outras intelectualmente, emocionalmente, por meio de cuidados diários, jogos, música e arte, por meio do aprendizado formal, e tudo isso estando muito afastadas fisicamente. Há muitas e muitas dimensões na educação de nossos filhos." (HILLMAN, 1996, p. 88)

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Passa a entender que todos nos somos agentes (passivos/ativos) do

nosso "hoje" que tem suas origens no passado, onde apartir de escolhas e

posições, mudará o amanhã, como uma "rede" entrelaçada.

3.3 - Amor

Todo ser humano, independente de sua idade, tem necessidades

básicas, uma delas é o amor, pois sem ele não conseguiríamos viver, e nem

estaríamos aqui, pois viver é um ato de amor.

Segundo Abraham Maslow, existe uma hierarquia, são cinco, onde cada

uma devem ser satisfeitos, para então se passar para outra. São elas as

fisiológicas - fome, sede, moradia..., segurança - defesa, proteção (física e

psicológica - estabilidade, ambiente familiar...., sociais - relacionar, ser

amada, ter amigos, pertencer à um grupo...., estima - auto-estima, desejo de

ser melhor com EU...., realização - auto-realização, desejo de ser melhor com

OUTRO. "...auto-realizar-se é tornar-se o melhor que você pode ser ou é

capaz de ser." (HUNTER, 2004, p. 56)

Precisa-se em primeiro lugar ter um vínculo de muito amor e respeito,

compreendendo que cada família é única, diferente de todas, precisa ser

acompanhada com muito cuidado, pois as famílias modernas está muito

sensível, com princípios muito frágeis, onde se deve fortalecer os laços,

ampliar a visão, rever pontos que ninguém quer pensar ou falar sobre eles,

mas que são fundamentais para se Ter uma família saudável.

O amor é uma palavra bem pequena, mas de muito efeito, é através

dele que começa a cura da alma, quando desejamos com sinceridade que a

família tenha uma vida mais produtiva e feliz. "Não existe educação sem erros,

mas pode existir intenção de acertar sempre." (ANTUNES, 2005, p. 180)

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Por maior que seja o nosso amor e sinceridade as armadilhas do dia-a-

dia, vez por outra, nos descobrem errando quando não deveríamos errar,

hesitando quando o mais certo seria transmitir a segurança inquestionável da

certeza.

Não existe pais perfeitos, mas nem todos são humildes para assumir

seus limites e fraquezas, mas no errar o pai também é exemplo, quando volta

atrás e admite seu erro, quando pede perdão etc...os pais sempre são exemplo

até mesmo quando erram.

Educação sem erro, não existe. Todos os pais tem o desejo de acertar,

onde muito deles se cobram em extremo, mas não existe acertos sem erros.

3.3.1 - Arte da aceitação

Toda família precisa desenvolver, algo que muita das vezes foi

esquecido, a "arte da aceitação", começando com sigo mesmo, depois com

outros, esse é um grande desafio, mas somente apartir dele é que somos mais

felizes e produtivos. "Aceitá-los com são, mesmo que não correspondam às

expectativas dos pais. Precisam Ter os próprios sonhos, pois não nasceram

para realizar os dos pais." (TIBA, 2002, p. 55)

O respeito ensina à criança que ela é amada não pelo que faz ou tem,

mas pelo simples fato de existir. Quando nos sentimos amados e aceitos

avançamos, nos permitimos crescer, tentar, acertar e também errar, no seu

próprio ritmo, descobrir coisas permite à criança perceber que consegue

realizar almas conquistas.

Errar não significa o fim. Assim, a criança vai desenvolvendo a auto-

estima, grande responsável por seu crescimento interno, e fortalecendo-se

para ser feliz, mesmo que tenha de enfrentar contrariedades. "Não os julgar por

suas atitudes. Crianças erram muito, pois é assim que aprendem. (TIBA, 2002,

p. 55)

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Os pais podem e devem julgar as atitudes, o "fazer", dos filhos, mas não

o seu "ser", pois o que ela faz "qualificações" não é sua identidade. Quando

somos aceitos, respeitos com limites e amados incondicionalmente, nasce em

nós um desejo de querer avançar e amadurecer, crescer saudavelmente. "...de

nada vale aprender bem se você deixar de fazer bem." (HUNTER, 2004, p.

138)

Tempo de qualidade não é quantidade, mas sim o que fazemos e

dizemos no período que a família esta junta. Muita das vezes somos estranhos

para nossos filhos, cônjuges, e para nós mesmos, tempos de "barulho", som

alto, televisão ligada automaticamente ao entrar em casa, tudo para não se

ouvir, a modernidade, o corre-corre não dá tempo para pensar ou refletir em si

mesmo, quanto mais nos outros. Dias com tudo muito solto, mas em que a

criança...precisa se sentir protegida, amada.. " Apenas um primeiro passo em

uma nova jornada" (HUNTER, 2004, p. 139)

Tempos modernos, famílias modernas com características únicas,

precisando de pessoas amorosas, que tenham respeito e um olhar sensível,

dando um passo de cada vez, com os olhos no alvo, "devagar e sempre", pois

é hora de crescer, e "crescer dói'. Vamos em tão educar, mas é necessário

para sermos famílias mais saudáveis.

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CONCLUSÃO

Quando se cria uma relação saudável entre a criança e sua família, cria-

se também a possibilidade de ampliar a postura de: mudar o sujeito, ou melhor

dizendo aceita-lo, criando padrões relacionais mais férteis, mais significativos,

mais eficazes. Vale a pena se aproximar e formar um elo de afetividade, onde

ambas saem ganhando.

Esse material colhido, nos oferece um novo olhar frente a criança e sua

família, nos auxiliando na melhor forma de nos aproximar e entende-la. Não

existe uma única verdade, uma única versão, cada sujeito vive e interpreta a

situação de acordo com sua visão de mundo.

Cada pessoa, criança ou adulto tem uma história única, sua familiar

interna e externa, seus valores, sonhos, princípios, sentimentos e muito mais.

Os pais são as primeiras figuras ensinantes, a forma como a criança aprende e

se relaciona com o objeto de conhecimento tem a marca deixada por eles.

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A família possui inúmeras funções, onde poderíamos resumi-las

sinteticamente, como proteger - educar - dar autonomia, respeitando as

diferenças e semelhanças que se somam e onde uma não anula a outra, sem

cair na armadilha de que o adulto é o dono da verdade e à criança sempre

está errada.

O relacionamento entre família e a criança, deve ser entendido e

respeitado num contexto mais amplo, onde a família deve interpretar quais são

as necessidades dessa criança e construir respostas sem perder de vista os

direitos delas, como o de brincar, ter amigos e de desenvolver todos os seus

potenciais cognitivos, afetivos e sociais e etc...

O objetivo de muitos pais é de que seu filho seja esforçado, divertido,

temente à Deus, amável, saudável, educado, obediente, um filho que não se

meta em confusão. Queremos dar felicidade, assim como damos sapatos,

roupa e livros e etc... Só dá felicidade quem à tem, muitos pais ainda não há

acharam, e querem a todo custo se realizar nos filhos.

Pais, independentes, realizados, que respeitam a vida individual dos

filhos, geram filhos saudáveis, que amam viver, pessoas felizes.

"Os pais podem dar alegria e satisfação para um filho, mas não há como lhe dar felicidade. Os pais podem aliviar sofrimentos enchendo-o de presentes, mas não há como lhe comprar felicidade. Os pais podem ser muito bem-sucedidos e felizes, mas não há como lhe emprestar felicidade. Mas os pais podem aos filhos: Dar muito amor, carinho, respeito. Ensinar tolerância, solidariedade e cidadania. Exigir reciprocidade, disciplina e religiosidade. Reforçar a ética e a preservação da Terra. Pois é de tudo isso que se compõe a auto-estima. É sobre a auto-estima que repousa a alma. E é nesta paz que reside a felicidade. (TIBA, 2002, P.5)

O contexto de tempo moderno, desequilibrou as relações mantidas por

valores, crenças, família, religião, economia, e poder.... Por outro lado abriu

espaços para as minorias e grupos sem manifestação pública, em nenhum

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tempo da história da humanidade houve tantas diversidade sobre sexualidade,

relacionamentos e formas de viver.

Trabalhar com crianças e suas famílias é lidar com as diferenças e fazer

delas um caminho para a singularidade e não para a exclusão, eis aí um

grande desafio! “Qualquer discriminação é imoral e lutar contra ela é um dever

por mais que se reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar.”

(FREIRE, 1996, p.67)

O advento da crise de referenciais em que vive a sociedade atual

determina o fim de uma história e não o fim da história. Cada "crise" é uma

oportunidade de mudar, criar, crescer, olhar de uma forma diferente, levantar e

ampliar informações, construir realidades alternativas, mudar história,

amadurecer, onde devemos desenvolver um olhar cibernético, do todo, com o

foco na causa não no efeito, pois mudanças requer novas regras, limites e

comunicação, sem a qual, não se tem uma vida, família e sociedade

saudável. "O mundo não é. O mundo está sendo." (FREIRE, 1996, p.84).

Se o mundo não é, a história não é, o ser não é. Tudo está sendo. Tudo

está em construção. Se ética e moral fazem parte dessa "obra de arte" que é a

construção do ser, e , consequentemente, do mundo, ambas emanam de uma

concepção geral de beleza universal. "Gosto de ser gente porque, inacabado,

sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que

posso ir mais além dele." (FREIRE, 1996, p.59).

Devemos ter consciência que todos nos somos agentes passivos ou

ativos do nosso "hoje" que tem suas origens no passado, onde temos que

construir nossa identidade, com amor, limites, regras, comunicação e respeito,

apartir de escolhas e posições onde mudará o hoje e também o amanhã, pois

somos uma "rede" onde estamos todos interligados, entrelaçados, pequenas

mudanças geram rumos diferentes. Que possamos a todo momento fazer boas

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escolhas, como a de cuidar com muito amor de nossas próxima geração: A

CRIANÇA.

BIBLIOGRAFIA

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pudesse existir 4º ed. São Paulo: Papirus, 2001.

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática

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THOMPSON, Frank Charles. Bíblia de referência Thompson com versículos

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"

A CRIANÇA, NA FAMÍLIA MODERNA

Georgina Maria Dias Porto

Data de entrega:_______________________________

Avaliado por Diva Nereida Marques Maranhão, Conceito: _____________

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RJ, ____de _________________ de 2007

_____________________________________

Coordenador do Curso

ANEXOS

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ANEXOS

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ÍNDICE INTRODUÇÃO CAPÍTULO I FAMÍLIA MODERNA 1.1 - Família 1.1.1 - Recursos financeiros 1.1.2 - Duração da família 1.1.3 - Recasamento 1.1.4 - A guarda compartilhada 1.1.5 - Tecnologia da reprodução 1.1.6 - Número de filhos no casal 1.2 - Criança 1.3 - Escola 1.4 - Sociedade CAPÍTULO II FAMÍLIA MODERNA EM CRISE 2.1 - Crises 2.1.1 - Pluralização 2.1.1.1 - Opção 2.1.1.2 - Descartável 2.1.1.3 - Superficial 2.1.1.4 - Rápido 2.1.2 - Privatização 2.1.2.1 - Solidão & Isolamento 2.1.3 - Hedonismo 2.1.4 - Alienação 2.1.4.1 - Indiferença Social 2.1.4.2 - Distração 2.1.4.3 - Monologo 2.1.4.4 - Tempo CAPÍTULO III FAMÍLIA MODERNA, SOLUÇÕES ANTIGAS 3.1 - Comunicação 3.1.1 Nível Fazer 3.1.2 Nível Ser 3.1.3 Nível Fazer & Ser 3.2 - Mão dupla

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3.2.1 - Voz & Vez 3.2.2 - Limites & Regras 3.2.2.1 - Assumir ou Sumir ? 3.3 - Amor 3.3.1 - Arte da aceitação CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA WEBGRAFIA FOLHA DE AVALIAÇÃO ANEXOS ÍNDICE

394041

4143

45

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57