a criança com febre

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Apoio A Criança com Febre A Criança com Febre Prof. Dr. JAYME MURAHOVSCHI

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A Criança com FebreA Criança com Febre

Prof. Dr. JAYME MURAHOVSCHI

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A Criança com FebreA Criança com Febre

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A Criança com FebreA Criança com Febre

Caro(a) Dr.(a),

O estudo da febre e da dor continua sendo um permanente desafio para a Medicina. Se a investigação pode ser um quadro complexo de análise em pessoas adultas, imagine o grau de dificuldade nas crianças, independentemente de suas faixas etárias.

Para analisar este tema, incorporando alguns enfoques diferenciados, a Johnson & Johnson apresenta o fascículo:

• ACriançacomFebrenoConsultório

Acreditamosqueesteartigodeveráserumestimulante ponto de referência para promover um melhor aprofundamento do tema entre os médicos brasileiros.

Os temas deste fascículo foram desenvolvidos pela especialista:

Prof. Dr. JAYME MURAHOVSCHI

Professor livre-docente em Pediatria ClínicaMembrodaAcademiaBrasileiradePediatriaAutordoslivros:Pediatria:Diagnóstico+Tratamentoe Pediatria:Urgências+Emergências

Lembrança

Prof. Dr. Calil Kairala Farhat

Professor por missão, vocação, didática; pediatra infec-tologistadeescola,companheironaAcademiaBrasileirade Pediatria. Calil, colega e amigo, uma luz e um estímulo para nos guiar.

As informações contidas neste material são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as opiniões da Johnson & Johnson do Brasil.

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A CRIANÇA COM FEBRE NO CONSULTÓRIO

A febre ainda é a queixa mais frequente e preocupante da prática pediátrica. Por isso é oportuno reme-morar alguns aspectos básicos, e partilhar a vivência já longa de um pediatra que alia conhecimentos

acadêmicos com experiência prática.

Como a temperatura do corpo é regulada?

Hipotálamo anterior funciona como termostato que controla mecanismos de termorregulação= balanço entre produção de calor e perda de calor.O metabolismo normal produz mais calor que o necessário para manter o set-point eutérmico. Por isso a função básica do controle hipotalâmico é regular a perda de calor via vasodilatação.

Qual é a temperatura normal?

Atemperaturaquenósmedimoséumaavaliaçãoindireta e aproximada do core (temperatura do interior do corpo) e varia de acordo com diversos fatores:a) idade (no lactente é mais alta); b) sexo (mais alta no sexo feminino); c) variação circadiana (mais baixa pela madru-gada, máximo no início da noite) e local da me-dição.

Desse modo, não existe uma única temperatura normal, mas existe uma faixa e o respectivo limite superior da normalidade.

A temperaturaaxilar (culturalmente aceita entre nós)variade36,5ºCaté37,2ºCnofimda tarde.Importante: enxugar o suor da axila, manter o ter-mômetro na axila com o braço firmemente apoia-dosobreotóraxpor3a4minutos;fazerlogoaleitura.

Como surge a febre

Arespostafebriléumacomplexareaçãoàdoen-ça e que inclui a ativação de numerosos sistemas de caráter fisiológico, endócrino, imunológico ecomportamental.

Clinicamente,afebreécaracterizadapor3fases,1ºcalafrios,2ºaumentodatemperatura,3ºrubor(pico). Existe um sistema de controle que evitaqueafebreultrapasse41ºC.

Então, o que é febre na prática?

Pode-se considerar como febre temperatura axi-laracimade37,2ºC.

Doutor, meu filho está com febre (mas eu não medi).

Pode-se confiar na impressão da mãe?

Pesquisas(Veltri,1984,eoutras)confirmamaim-pressão dos pediatras experientes: a impressão da mãe é confiável. Provavelmente ela se baseia não só na sensação táctil térmica, mas associaàssutismudançasdecomportamentodacriança.Portanto, não subestime a opinião da mãe.

A criança está com 37,2ºC, qual a conduta?

Nãoéfebre,poisfebreéacimade37,2ºC(mes-mo que sejam centésimos). Mas também não é habitual.Eliminaro fatordehipertermia: reduziragasalho, ventilar o ambiente, oferecer líquidos e repetiramedidaapós15minutos.Lembrarquepode ser o início de um processo febril, manter sobobservaçãonaspróximashoras.

O que é febrefobia?

É uma concepção errônea – exagerada e irrealista – sobre febre e seus supostos riscos e malefícios.

O termo foi cunhado por Schmitt em 1980. De-corridosexatos30anos,pesquisasrecentesmos-tram que, apesar dos esclarecimentos divulgados nesse período, a febrefobia persiste sem altera-ções em todas as classes sociais e até na catego-riamédica.Febredespertaemquase todosnósa imagem de doença com risco de vida; baixar a febre afasta um pouco nossos fantasmas.

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Febre: amigo ou inimigo? Tratar ou não tratar?

Afebreofereceaopacientevantagensedesvan-tagens.

1. Febre é amigo

• O aumento da temperatura do corpo cria um ambiente desfavorável para evolução e re-produção de microorganismos.

•Pesquisas em animais demonstraram nitida-mente que a febre tem um efeito estimulador sobre o sistema imunitário, isto é, aumenta a resposta imune do organismo com reflexo favorável na evolução da infecção.

Curiosamente esses trabalhos não são recentes e o tema parece não ter despertado interesse sufi-ciente para novas pesquisas.

Relatos isolados mostram que o uso de alguns antitérmicos tiveram efeito desfavorável na evo-lução de varicela, sarampo, septicemia por gram negativos e até na eficácia de vacinas.

2. Febre é inimigo

•Aumentaataxametabólica,consumodeoxi-gênio e produção de CO².

Assim,febrealtaéprejudicialparacriançascom cardiopatias, pneumopatias, encefalo-patias crônicas e choque.

Mas em crianças normais, o risco é desprezí-velelesãocerebralsóocorrequandoafebreultrapassa40,5ºCoqueéexcepcional.

•Convulsãofebril–sóocorreemcriançaspre-dispostas, em torno de 1 ano de idade, e é benigna sem conseqüências permanentes.

•Causa desidratação tipo hipernatrêmico.

•Desconforto e dor no corpo, sonolência ou agitação.

•A febrealteraohumoreocomportamentoda criança transformando-a num ser diferen-te (de ativa em letárgica, de calma em agita-da, nervosa) o que traz aos pais a “ansiedade do desconhecido”: “este não é meu filho”.

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Como orientar a família da criança com febre

Explicitarerepetirosconceitosbásicos

1. Febre não é doença em si, baixar a febrenão significa que a doença está sob contro-le. Por outro lado, febre é um sinal de alerta, algo de errado está acontecendo, o que im-plica na investigação da causa.

2. A gente trata o desconforto e não ter-mômetro.

Dar o antitérmico se a criança estiver mui-to desconfortável ou se a febre chegar a 39ºC.

3. Não é preciso normalizar a temperaturacom o antitérmico, basta que ela desça a um nível que a criança se sinta confortável sem grande alteração do humor.

4. Porissonãoéprecisoficarmedindoatem-peratura a todo instante, baseie-se no com-portamento da criança.

5. Existemevidênciasdequeosonotambémtem efeito estimulador sobre os mecanis-mos imunitários. Daí ser conveniente dar uma dose de antitérmico ao deitar e não acordar a criança para dar antitérmico du-rante a noite, se ela estiver dormindo.

Orientação prática para a criança com febre

1.Todacriançacomfebredeveficaremobser-vação atenta até a normalização da tempe-ratura e melhora completa.

2. Oferecer liquidos com frequência, o queaceitar melhor.

3.Alimentação–ofereceroqueacriançagos-ta mais.

4. Ambiente ventilado; roupas leves; ar livre;distrair.

5.Banhoéineficaz–sóbaixaumpoucoatem-peratura e por pouco tempo.

Mas se isso for agradável para a criança, banharapósatomadadeantitérmico.

Água tépida, nunca fria; nunca acrescentar álcool.

Comunique-se com o médico, com brevida-de, se:

•febremaiorque39,5ºc

• febre com tremores de frio

• abatimento acentuado e que não melhora quando a febre baixa.

• sonolência exagerada, difícil de acordar

• irritabilidade que se alterna com sonolência.

•febrequenãodesapareceapós3dias (neste caso, se a febre continuar depois do

dia...)

Conclusão prática

Asevidênciasdisponíveissugeremqueafebreéuma resposta adaptativa e deve ser tratada em circunstâncias selecionadas (grande desconforto, alteração acentuado do comportamento) visando manter um nível baixo de febre (provável efeito benéfico sem efeitos desagradáveis).

Preferir antitérmico de ação suave, mesmo que demore um pouco para completar o efeito (avise que o efeito máximo ocorre em 1 a 1 ½ horas) e de pouco risco nas doses habituais. Se a febre ultra-passa39ºCenoiníciodoprocessofebrilemqueafebreémaisresistentesugere-seaumentar,sónessesepisódios,adosehabitualem25a50%.Emantenha controle e contato com o paciente até o processo febril ceder com recuperação clínica.

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FEBRE

Microorganismo

Pirógenos exógenos

Leucócitos

Piógenos exógenos

Hipotálamo

metabolismo

PGE2 elevação do set point

vasoconstricção alterações com-portamentais

calafrios

Aaparênciaclínica,depoisqueatemperaturafoinormalizadapeloantitérmico,émaisimportanteparaoprognósticodoqueoníveldafebre.

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Algumas referências indicadas

1. Murahovschi J. – Febrenoconsultório. JPe-diatr(RioJ)2003;79(Supl1)555-64

2. PoirierMP;CollinsEP;McGuireE.FeverPho-bia.ClinicalPediatrics2010;49(6):530-534.

3. ZomorrodiA,AttiaMV-Fever:ParenteralCon-cerns.ClinPedEmergMed2008;9:238-243.

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Impresso e distribuido em Setembro de 2010.

Cód.: 21323

Indicações: Analgésico e antitérmico. ADVERTÊNCIA: NÃO USE TYLENOL® JUNTO COM OUTROS MEDI-CAMENTOS QUE CONTENHAM PARACETAMOL, COM ÁLCOOL, OU EM CASO DE DOENÇA GRAVE DO FÍGADO. MS - 1.1236.3326

“SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.”

Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde. Reprodução

e distribuição proibidas.

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