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A COOPERAÇÃO ENTRE BRASIL E CHILE NA ANTÁRTICA: UMA SIMBIOSE CONTINENTAL Gabriele Marina Molina Hernández 1 RESUMO O esforço brasileiro em manter sua participação no Tratado da Antártica e continuar o programa nacional, após a Estação Comandante Ferraz ter sido destruída por um incêndio, contou com a indispensável ajuda do Chile na questão logística. Além disso, tanto a Estação destruída como a nova Estação Comandante Ferraz não contam com pista de pouso, sendo crucial para o país tanto o porto de Punta Arenas, no extremo sul chileno, quanto o uso da Base "Presidente Eduardo Frei", na Ilha Rei George, como ponto de acesso ao polo sul. O presente trabalho busca apresentar, em linhas gerais, as principais características dos programas antárticos do Chile e do Brasil, desde a assinatura do Tratado por ambos os países até as relações de cooperação no atual momento, por meio de revisão bibliográfica de pesquisas acadêmicas. O modo como o sexto continente é visto sob o prisma estratégico e social em cada um dos casos será levado em consideração. Para uma melhor compreensão do Sistema Antártico, o Tratado da Antártica será delineado, focando nos aspectos de cooperação do mesmo, concomitantemente seguindo as ambições por trás das ações dos Estados para a região Os interesses brasileiros no território ainda precisam ser discutidos nas altas esferas do poder, para que se possa extrair o máximo de aproveitamento da parceria com o Chile. Palavras-chave: Antártica. Cooperação. Defesa. Estudos Estratégicos. Sistema do Tratado Antártico. ABSTRACT The Brazilian struggle to keep its participation on the Antarctica Treaty and proceed with the national program, after Estação Comandante Ferraz was destructed by fire, wouldn't succeed without the Chilean logistical aid. Besides, neither the destroyed station nor the new Estação Comandante Ferraz have an aicraft runway, making imperative for Brazil to operate on Punta Arenas harbor, on Chile's south end, and also on the "Presidente Eduardo Frei" Base, on King George Island, as access point to the south pole. The objective of this paper is to analyze, in broad terms, the main characteristics of Brazil and Chile's respectives Antarctic Programs, from the Treaty signatures of both countries to their current cooperation agreements, through a bibliographic review of academic research. To better comprehend the Antarctic System, the Antarctic Treaty will be studied with focus on its cooperation aspects and the interests behind their signatures on the Treaty. The Brazilian interests on the territory must be discussed on higher spheres of power so that the cooperation with Chile may reach its optimal outcome. 1 Mestranda em Estudos Estratégicos pela Universidade Federal Fluminense (UFF/Brasil). Pesquisadora do Núcleo de Avaliação de Conjuntura (NAC) da Escola de Guerra Naval.

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A COOPERAÇÃO ENTRE BRASIL E CHILE NA ANTÁRTICA: UMA

SIMBIOSE CONTINENTAL

Gabriele Marina Molina Hernández1

RESUMO

O esforço brasileiro em manter sua participação no Tratado da Antártica e continuar o programa

nacional, após a Estação Comandante Ferraz ter sido destruída por um incêndio, contou com a

indispensável ajuda do Chile na questão logística. Além disso, tanto a Estação destruída como a

nova Estação Comandante Ferraz não contam com pista de pouso, sendo crucial para o país tanto

o porto de Punta Arenas, no extremo sul chileno, quanto o uso da Base "Presidente Eduardo

Frei", na Ilha Rei George, como ponto de acesso ao polo sul. O presente trabalho busca

apresentar, em linhas gerais, as principais características dos programas antárticos do Chile e do

Brasil, desde a assinatura do Tratado por ambos os países até as relações de cooperação no atual

momento, por meio de revisão bibliográfica de pesquisas acadêmicas. O modo como o sexto

continente é visto sob o prisma estratégico e social em cada um dos casos será levado em

consideração. Para uma melhor compreensão do Sistema Antártico, o Tratado da Antártica será

delineado, focando nos aspectos de cooperação do mesmo, concomitantemente seguindo as

ambições por trás das ações dos Estados para a região Os interesses brasileiros no território ainda

precisam ser discutidos nas altas esferas do poder, para que se possa extrair o máximo de

aproveitamento da parceria com o Chile.

Palavras-chave: Antártica. Cooperação. Defesa. Estudos Estratégicos. Sistema do Tratado

Antártico.

ABSTRACT

The Brazilian struggle to keep its participation on the Antarctica Treaty and proceed with the

national program, after Estação Comandante Ferraz was destructed by fire, wouldn't succeed

without the Chilean logistical aid. Besides, neither the destroyed station nor the new Estação

Comandante Ferraz have an aicraft runway, making imperative for Brazil to operate on Punta

Arenas harbor, on Chile's south end, and also on the "Presidente Eduardo Frei" Base, on King

George Island, as access point to the south pole. The objective of this paper is to analyze, in

broad terms, the main characteristics of Brazil and Chile's respectives Antarctic Programs, from

the Treaty signatures of both countries to their current cooperation agreements, through a

bibliographic review of academic research. To better comprehend the Antarctic System, the

Antarctic Treaty will be studied with focus on its cooperation aspects and the interests behind

their signatures on the Treaty. The Brazilian interests on the territory must be discussed on higher

spheres of power so that the cooperation with Chile may reach its optimal outcome.

1 Mestranda em Estudos Estratégicos pela Universidade Federal Fluminense (UFF/Brasil). Pesquisadora do Núcleo

de Avaliação de Conjuntura (NAC) da Escola de Guerra Naval.

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Key words: Antarctica. Cooperation. Defense. Strategic Studies. Antarctic Treaty System.

INTRODUÇÃO

A Antártica foi o último continente a ser descoberto pelo homem. É o local mais frio,

mais árido e menos habitado do planeta, com seus 14 milhões de quilômetros quadrados. Por ter

condições extremas e tão hostis à vida, o número de pessoas vivendo no território é muito

limitado. Foi na primeira metade do século XX que exploradores ingleses, franceses, russos e

americanos fincaram suas bandeiras no continente. Alguns anos depois, países como Chile e

Argentina reivindicavam partes do local como extensões de seus territórios, enquanto outros

Estados, ainda sob a lógica colonialista, viam a região como conquista em potencial.

Atualmente sua população é composta basicamente por uma pequena comunidade

científica e grupos militares que ou vivem nas bases, ou patrulham o território em embarcações,

não possuindo população nativa2 descoberta até então. Possui formação geológica antiga o

suficiente para guardar grandes reservas de combustíveis fósseis e água doce potável. O gelo

esconde formas pouco convencionais de vida, várias ainda desconhecidas. Além de todos os

recursos facilmente convertidos em commodities, sua grande massa de gelo é responsável por

controlar o clima de uma considerável parte do mundo. Sua influência nos índices de chuva em

território nacional, um país com economia fortemente pautada no setor agrário, não deve ser

ignorada. Graças às suas reservas naturais e seu posicionamento estratégico que liga o Atlântico

ao Pacífico, diversos países reivindicaram sua parcela de terra, água e gelo ao extremo sul do

planeta, o exemplo mais agravante sendo a Guerra das Malvinas, envolvendo a Inglaterra em uma

guerra com ares neocoloniais na América do Sul.

O continente é um imenso laboratório para se estudar formas desconhecidas de vida – até

organismos mais primitivos que permaneceram escondidos do homem até então em lagos

2 Salvos os casos chileno e argentino, que enviam famílias para as bases, a fim de legitimar seus reclames

territoriais. Entretanto, não há reconhecimento científico de nenhuma população que tenha vivido ali antes das

primeiras expedições.

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profundos, escuros e frios. Também é um importante ponto para estudos sobre os oceanos, clima,

atmosfera terrestre e impactos ambientais (DODDS, 2012). Por ser um território cuja formação

geológica é antiga, seu território detém grandes reservas de combustíveis fósseis, como o

petróleo, dentre outros minerais muito utilizados pelo homem. Além disso, cerca de 90% das

reservas de água doce potável do mundo encontram-se congeladas no continente, o que o torna

um lugar estratégico (FELICIO, 2007). Devido a sua massiva porção de gelo, a Antártica é uma

espécie de termostato do planeta, regulando a temperatura de correntes marítimas, chuvas, ventos

que trazem importantes fertilizantes ao solo próximos, bem como uma fauna marinha que

desperta os interesses de muitos países graças a seu valor comercial.

Anteriormente às conferências que tratariam os assuntos científicos específicos do

continente antártico, era nas edições do Ano Polar Internacional que tais questões eram

discutidas, abrangendo os polos de maneira conjunta. Foi na década de 1950 que o Ano Geofísico

Internacional (AGI) nasceu, denominado no período de julho de 1957 a dezembro de 1958

(MATTOS, 2015). O AGI foi um esforço conjunto entre cientistas de várias nações para trocar

informações e conhecimento sobre assuntos ligados à Geologia, e teve efeito catalizador para que

um tratado a respeito da Antártica fosse criado.

O momento de relativa tranquilidade nos assuntos antárticos ajuda os Estados com

interesses regionais a se prepararem para um futuro incerto que pode pender tanto para conflitos

territoriais, quanto para uma parceria altamente rentável voltada para a exploração de recursos

ainda extremamente valiosos. O presente artigo apresenta um breve delineamento sobre as

relações entre Brasil e Chile no continente antártico sem, no entanto, trazer o esgotamento de

fontes e as questões referentes aos dispêndios com Defesa dentro da economia de ambos,

presentes em uma pesquisa ainda em desenvolvimento.

1. INTERESSES GLOBAIS

Vasta reserva natural de posição estratégica e convenientemente vazio, o polo sul foi alvo

de constantes reclames territoriais e cobiças ao longo do último século, além da questão das Ilhas

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Malvinas alguns anos depois, ponto de posicionamento geoestratégico importante para a

Inglaterra e parte do território argentino em termos geográficos.

Assegurar um ponto de partida nas proximidades garante aos países maior fluidez no

acesso aos oceanos em caso de impossibilidade de navegação por outras vias de acesso, detalhe

importante para um país com faixa costeira tão grande como o Brasil. O Tratado da Antártica foi

assinado em 1959, logo após a Segunda Guerra Mundial, sob a tensão de que as disputas

territoriais seriam capazes de gerar um novo conflito, semelhante àqueles desencadeados pelas

disputas coloniais na África. Inicialmente abrangendo 12 países, dos quais seus cientistas

estavam engajados em atividades no continente durante o AGI no período de 1957-58. Entrou em

vigência em 1961, e desde então passou a contar com a assinatura de diversos outros países.

Para ser signatário do tratado, é necessário possuir bases operando no continente, cujas

atividades sejam voltadas inteiramente para pesquisas científicas, e que as mesmas sejam

acessíveis à comunidade de pesquisadores. O documento3 de XVI Artigos estabeleceu,

essencialmente, a proibição de atividades militares na região, tais como instalação de bases

exclusivamente militares, fortificações e testes de armamentos, tornando, assim, a região

exclusiva para fins pacíficos; liberdade para o desenvolvimento científico, desde que seja

compartilhado com os demais signatários, economizando esforços durante as pesquisas, para

maior eficiência, além de facilitar o acesso a tais pesquisas para grandes órgãos internacionais,

tais como a ONU e outros interessados no continente; todos os signatários devem dispor de

observadores que constantemente inspecionem a região, assegurando que as demais partes

estejam seguindo as devidas recomendações, e compartilhando seus relatórios, com liberdade de

deslocamento por todas as regiões antárticas; encontros anuais entre representantes de cada nação

signatária, visando discutir e compartilhar o andamento das cláusulas do tratado. Por fim, o

tratado não interfere no direito soberano de nenhuma nação no que diz respeito às suas atividades

em alto mar na região e nenhuma das cláusulas representa uma base para minar ou assegurar

quaisquer reclames territoriais, tornando o tratado neutro em tais questões.

3 The Antarctic Treaty. Conference on Antarctica. Washington. D.C. 15 out 1959. Disponível em:

<http://www.ats.aq/documents/ats/treaty_original.pdf>Acesso em 30 de dezembro de 2016.

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1.1 Mudança de paradigma

Após os crescentes atritos entre os sete países que reivindicaram oito porções territoriais

diretamente – Argentina, Austrália, Chile, França, Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido – e

demais interessados no continente, como Estados Unidos e Rússia (que se reservaram o direito de

reclame territorial futuro, caso a conjuntura tornasse necessário), a solução encontrada foi o

estabelecimento de um acordo de mútuos interesses, que marcava a transição do realismo para a

interdependência complexa (FERREIRA, 2009). Esse processo, como aponta Ferreira, se dá em

três pontos em ambos os tipos ideias de cada teoria: no Realismo, os Estados são atores unitários

e dominantes do Sistema Internacional, enquanto na Interdependência Complexa, são apenas um

dos múltiplos canais de conexão entre as sociedades; o uso da força é instrumento viável e efetivo

dentro da política para o Realismo, e na Interdependência Complexa ele não é uma opção; e por

fim, no Realismo a Segurança Militar está no topo da agenda dos Estados, hierarquia inexistente

na Interdependência Complexa. Com esses três pontos, é possível perceber que, se no começo as

preocupações territoriais e hegemônicas tomavam as consciências dos agentes internacionais,

vendo a Antártica como uma peça-chave na estratégica do Atlântico e Pacífico Sul, a necessidade

de cooperação em longo prazo fez com que essas prioridades aos poucos dividissem espaço com

instituições e trâmites burocráticos no regime internacional. As preocupações do Realismo não

foram deixadas de lado ou substituídas, mas passaram a coexistir em um processo de

institucionalização presente na Interdependência Complexa.

De acordo com Axelrod (1984), ao estudar a Teoria dos Jogos aplicada à cooperação, ele

chega à seguinte conclusão: a fim de cooperarem entre si, os Estados não necessitam confiar

totalmente uns nos outros, tampouco terem afinidade, basta seguirem os rótulos e estereótipos

desenvolvidos ao longo do tempo. Caso um Estado tenha fama de cooperar, ele tem menos

chances de defletir do que os outros. Basta terem garantias de que o sistema em que interagem se

manterá por muito tempo e é conveniente para os demais jogadores, e essa garantia é a segurança

para que, mesmo Estados que não possuem nenhuma relação amistosa, não haverá quebra de

acordos. No caso antártico, enquanto os Estados olharem para o futuro próximo e virem que

nenhum outro buscará vantagens no continente, o tratado em vigência se manterá. É importante

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para o Brasil observar quais os países, em seu entorno principalmente, apresentam motivos para

não continuar seguindo o tratado e como a conjuntura internacional pode levar a uma ruptura.

1.2 O olhar nacional

O Brasil somente assina o Tratado em 16 de maio de 1975, durante a gestão do presidente

Ernesto Geisel, influenciado por ideias como as de Mário Travassos e Therezinha de Castro, que

viam a importância geopolítica e estratégica da região. O Programa Antártico Brasileiro

(PROANTAR) foi instituído em 1982, e dois anos depois é inaugurada a primeira base brasileira

de pesquisas no continente antártico, a Estação Comandante Ferraz (EACF), localizada dentro da

Península de Keller, na Baía do Almirantado, Ilha Rei George. Com o Protocolo de Proteção

Ambiental do Tratado da Antártica (ou Protocolo de Madri), assinado em 1991 e em vigor desde

1998, os 19 países signatários estabeleceram uma moratória de 50 anos, sujeita a renovação, para

a exploração comercial de recursos minerais na região (FERREIRA, 2009), visando à redução de

impactos ambientais tanto no continente quanto nos mares. Atualmente o Brasil adota uma

postura não-territorialista, ou seja, não reivindica soberania territorial, apenas acesso a qualquer

área do continente que julgar necessária a suas atividades (NASCIMENTO, 2007).

A presença brasileira na região nunca foi um assunto popular entre os meios mais

diversos, tornando-se limitado a algumas esferas das forças armadas e meios científicos ao longo

dos anos. A questão ambiental, apesar de ser constantemente estudada e monitorada por cientistas

brasileiros de diversas universidades, ainda é bastante limitada, enquanto no âmbito estratégico,

se reduz ao Ministério da Defesa, à Marinha do Brasil e círculos diplomáticos, principalmente. A

opinião pública pouco conhece sobre o projeto, tampouco tem noção de suas dimensões.

Envolver o meio ambiente também é estratégico para o país, uma vez que as alterações climáticas

polares podem afetar o índice de chuvas no Brasil – importante devido à forte dependência no

setor agrário nacional.

É imprescindível que um Estado que queira se tornar um global player diversifique sua

área de atuação. Entretanto, o histórico brasileiro no continente não é compatível com a

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capacidade e posição do país. Os interesses nacionais no território ainda precisam ser trabalhados,

e o que o Brasil busca na Antártica deve se tornar claro para o país (MATTOS, 2014).

Os esforços científicos também estão aquém da capacidade nacional, como ressalta

GANDRA (2009, p.73):

Considerando-se o peso político que as atividades científicas terão, em um futuro

relativamente próximo, no que diz respeito à soberania do continente, a revisão da atual

geopolítica antártica brasileira é de vital importância às pretensões científico-territoriais

do país naquela região.

Os problemas enfrentados pelo país, portanto, pedem por mais atenção por parte do

Estado, no que tange à tecnologia e ciência, meio ambiente e pretensões geopolíticas no local. O

Protocolo de Madri traz maior atenção para a questão ambiental, precisamente em uma época

onde as mudanças climáticas se tornaram assunto em voga, parte da agenda científica. Os

pesquisadores brasileiros começam, então, a investigar os impactos da região antártica no

território nacional, em especial na Amazônia. A política externa durante o governo Lula (2003-

2010) passa a buscar cooperação com os demais países da América do Sul no sexto continente, a

fim de fortalecer os laços regionais. Entretanto, mesmo tais esforços não conseguiram se adequar

bem às necessidades de manutenção do projeto brasileiro no continente que apresenta falhas em

sua estrutura (ABDENUR; NETO, 2014). A geopolítica antártica brasileira se fundamenta

basicamente em uma doutrina de segurança nacional, enquanto a permanência no continente pede

desenvolvimento científico de ponta, algo que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

(MCTI) até então tratou com pouca prioridade. As questões de segurança nacional têm carência

em empenhar-se no continente antártico, herança de uma doutrina idealizada no regime militar

(GANDRA, 2010). A cooperação regional é um dos principais mecanismos de assistência no

caso de acidentes ambientais na região, particularmente em ecossistemas vulneráveis e áreas de

interesse global. As pesquisas brasileiras mais recentes na região apontam pra forte influência do

continente antártico no sistema climático terrestre, com ênfase na América do Sul, onde as

circulações atmosférica e oceânica são interligadas, e até a Amazônia sofre alterações vindas do

continente gelado (SIMÕES, 2013).

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1.3 O olhar chileno

O Chile tem uma longa história de reclame territorial na Antártica, principalmente por ter

o ponto mais austral do mundo, e enorme proximidade geográfica com a região, o que lhe rendeu

disputas duradouras com a vizinha Argentina. Em 1964 o Instituto Antártico Chileno (INACH)

foi criado, e é, desde então, o responsável pela coordenação, planificação e execução das ações

governamentais chilenas no polo sul. Em 1964, junto com a criação do instituto, foi realizada sua

primeira expedição científica, o pontapé para o desenvolvimento de pesquisas nas áreas das

ciências da natureza e ciências biológicas.

O INACH atualmente está sediado em Punta Arenas, cujas atividades são divididas entre

seis departamentos: Científico, Orçamentário e de custos, Suporte à Ciência, Concurso e Meio

ambiente, e Comunicação e Educação. Se trata de uma divisão do Ministério de Relações

Exteriores do Chile, cujas responsabilidades englobam o desenvolvimento científico e

tecnológico na Antártica, a participação ativa no Sistema do Tratado Antártico e a comunicação

com a comunidade científica (CHILE, 2017). No continente, o instituto opera diretamente na

base Professor Julio Escudero4.

Possui três conglomerados de bases permanentes, além de outras quatro bases de verão e

três refúgios operativos, sendo os mais significativos: o conglomerado da Base Presidente

Eduardo Frei Montalva – Base Frei, que concentra atividades da Força Aérea chilena, além de

englobar a Villa Las Estrellas, um dos dois únicos assentamentos com população regular,

incluindo crianças; a Base Prat, coordenada pela Marinha Chilena, e a Base O’Higgins, a mais

antiga, inaugurada em 1948 e operada pelo Exército, responsável por desempenhar atividades

logísticas.

Atualmente, o país manifesta suas pretensões na Antártica exclusivamente através do

INACH. São definidos três objetivos estratégicos governamentais e quatro estratégicos

institucionais. Os governamentais são assegurar a execução da Política Antártica Nacional,

destacar o Chile como uma potência na região e reforçar as relações de cooperação

4 INACH. Informações disponíveis em <http://www.inach.cl/inach/> Acesso em 10 de dezembro de 2016.

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principalmente com foco em outros países latino-americanos. Já os objetivos institucionais são

incentivar a pesquisa científica na Antártica, promover a participação ativa no Sistema do

Tratado Antártico (STA), colocar a cidade de Punta Arenas como ponto principal de acesso ao

continente antártico e reforçar o envolvimento cultural que a sociedade chilena tem com a

Antártica, criando um sentimento de identidade, algo que o país já faz com as famílias vivendo

nos assentamentos da Villa Las Estrellas. O turismo regional é outro ponto forte do programa

antártico chileno, atraindo diversos visitantes para cruzeiros que atravessam as ilhas da Tierra del

Fuego.

Mesmo antes de sua assinatura do Tratado Antártico em 1959, os chilenos já indicavam

suas intenções no continente. A reivindicação territorial sempre esteve presente em seus

discursos, tendo como vantagem a possibilidade da utilização de argumentos geográficos e

ocupacionais. Geográficos pela proximidade física dos territórios; ocupacionais pela importante

presença civil e de bases de pesquisa ao longo da Península Antártica. Tal prioridade dada ao

polo sul é clara quando consultados documentos de defesa e sites oficiais do governo chileno,

assim como em seus programas de política antártica. As relações com a vizinha Argentina só

chegaram a uma solução permanente nos últimos trinta anos, e foram suavizadas pelo tratado. Em

1983 Chile e Argentina entram em disputa por três ilhas no canal de Beagle, as ilhas Lennox,

Pícton e Nueva, porções terrestres estratégicas para a corrida territorial que se instaurou entre os

dois países pelo continente antártico:

[...] enquanto o litoral do Chile está voltado para o Oceano Pacífico, o da Argentina

encontra-se no Oceano Atlântico. Como o Canal de Beagle dá passagem de um oceano

para outro, a posse das ilhas em seu interior poderia significar projeção de poder de um

país sobre o oceano que banha o país vizinho – e sobre a própria Antártica (VIEIRA,

2006, p.54).

Desde 1977 as ilhas haviam sido concedidas ao Chile pela CIJ, mas a Argentina não

aceitou e prosseguiu com ensaios militares na região, seguidos pelo Chile, até que em 1984 uma

nova decisão foi tomada (VIEIRA, 2006) e por tratado assinado em 1985, as ilhas continuaram

pertencendo ao Chile. Tais atritos serviram como incentivo a ambos para que uma aproximação

com o Brasil fosse estabelecida:

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Não se poderia deixar de levar também em consideração a discreta sondagem feita por

representantes da Argentina e do Chile [...] em julho último em Buenos Aires, no sentido

de averiguar a reação do Brasil quanto à sua eventual participação em atividades

austrais, em bases conjuntas com grupos argentinos e chilenos. Segundo se pode

depreender, àquele ensejo, os governos da Argentina e do Chile estariam sofrendo

desilusões no campo da cooperação consignada no Tratado da Antártida, mormente em

relação aos países desenvolvidos presentes no Continente Austral. Essa interpretação

favorável à presença brasileira na Antártida foi recentemente corroborada pelas

declarações feitas, a título pessoal, pelo Ministro das Relações Exteriores do Chile ao

Embaixador do Brasil em Santiago no sentido de que, “caso fosse solicitada, a marinha

chilena colocaria à disposição do Brasil sua experiência e conhecimentos na região

austral”5

As relações com vários países no projeto são bastante amistosas, em 1916 a expedição

liderada por Pardo Villalón resgatou 22 homens presos na Ilha Elefante, o primeiro resgate na

Antártica. Em 1915 a Expedição Transantártica Imperial, sob a coroa britânica e comandada por

Ernest Shackleton, se viu presa em pleno inverno antártico quando sua embarcação, o veleiro

Endurance, foi destruído pelo gelo, obrigando os 28 tripulantes a passarem meses em um

acampamento improvisado, até que Shackleton e outros cinco homens navegaram a bordo de um

barco aberto até o Chile, convencendo o governo do mesmo a ajudar no resgate dos outros

homens6. Membros da Marinha Real Britânica se uniram a oficiais chilenos para homenagear a

expedição de Villalón no mês que ela completou cem anos, em uma série de comemorações na

cidade de Punta Arenas, sinalizando o sucesso da parceria histórica de ambos os países na

Antártica. Já a Rússia vê o país como um grande parceiro comercial quando se trata de aeronaves

próprias para o continente antártico. Uma versão adaptada para os polos do helicóptero russo Mil

Mi-17, lançada em 2016, fez o mercado russo apostar no Chile como futuro comprador. O país

latino-americano já havia adquirido outros modelos de aeronaves da Rússia para seu programa

antártico, garantindo frutíferas relações comerciais na área.

5 Telegrama secreto 2093, de 27 de agosto de 1974. Fonte: Arquivo Histórico do Itamaraty (apud MATTOS, 2015,

p.198). 6 GAMPER, Juan. Shackleton Crew rescued by Pardo, 100 Years Later. IFSMA, 2016. Disponível em:

<http://www.ifsma.org/tempannounce/aga41/Shackleton%20Rescue.pdf> Acesso em: 7 de dezembro de 2016.

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Brasil e Chile, desde suas respectivas assinaturas no Tratado, sempre dispuseram de

relações favoráveis, sendo esse, talvez, o país que mais ofereceu vantagens e ajuda ao

PROANTAR desde sua criação:

O anunciado início das atividades brasileiras na Antártica é novamente seguido da oferta

por diversos países de programas de cooperação. A oferta chilena foi particularmente

generosa, oferecendo pessoal especializado para planejamento, treinamento e adaptação

climáticos, base de apoio em Punta Arenas e a cooperação de suas estações na Antártica.

Porém, a Guerra das Malvinas vai colocar a política antártica brasileira novamente em

compasso de espera, adiando seguidas vezes a primeira reunião da Conantar

(FERREIRA, 2009, p.133).

Logo após o incêndio na base brasileira, foram militares chilenos e argentinos que

ofereceram abrigo e apoio aos brasileiros afetados pelo acidente, reafirmando os laços positivos e

relações bilaterais entre os dois países no continente.

Para além das questões científicas e ambientais, o país deixa claro em seu programa

antártico os interesses geopolíticos, especialmente na integração sul-sul e cooperação

multilateral, tornando-se vital para as políticas regionais de outros agentes interessados no meio.

O polo sul é ponto-chave para compreender a política externa do país, especialmente na reação

com países vizinhos:

O Chile se auto-denomina um país “tricontinental” pelo fato de que suas ilhas no Oceano

Pacífico localizam-se na Oceania, seu território encontra-se na América do Sul e suas

reivindicações territoriais ao sul abrangem a Antártica. Essa pretensão choca-se com a da

Argentina porque suas reivindicações territoriais ao sul, tanto sub-antárticas como

antárticas, são em grande parte as mesmas que as da Argentina (VIEIRA, 2006, p.54).

Por outro lado, o PROANTAR possui uma série de dependências em suas relações com o

Chile, a começar pela logística. Não há pista de pouso na estação brasileira devido à geografia

local, sendo necessário utilizar a pista da Base Frei, principalmente durante o inverno, época em

que as águas da Baía do Almirantado estão congeladas e somente navios quebra-gelo conseguem

navegar pela camada de água congelada – diversos países também utilizam a pista da estação

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para suas operações polares. O ponto de partida pode ser feito por Ushuaia, na Argentina, ou por

Punta Arenas, no extremo sul chileno, de duas formas: 1) os navios NPo Almirante

Maximiano (H-41) e NApOc Ary Rongel (H-44) saem de um dos dois portos em direção à Ilha

Rei George; ou 2) voo com o avião c-130 Hércules em direção à estação Frei, e de lá para a

EACF por via marítima. Por não dispor de navio quebra-gelo, o acesso brasileiro à Ferraz se

limita ao verão antártico. Nos meses invernais, a Estação recebe suprimento somente por via

aérea, nos chamados “Vôos de Apoio à OPERANTAR”. São cerca de onze vôos sazonais, que

jogam a carga de suprimentos através de paraquedas até a região onde estão os cientistas. Quem

realiza o procedimento é o Esquadrão Gordo da Força Aérea Brasileira, único no mundo a

realizar tal operação. Diferentemente do Chile, o Brasil não emprega o exército em suas

operações antárticas.

Sem a cooperação com o INACH, a presença brasileira no Tratado é seriamente

prejudicada em termos de logística, como na ocasião do incêndio da EACF, quando cientistas e

militares brasileiros que estavam na estação foram socorridos e transportados por militares

chilenos, primeiro para a Base Frei, depois para Punta Arenas. Entretanto, não há uma designação

oficial clara sobre os interesses nacionais em sua relação com o Chile no longo prazo, tampouco

se vê o delineamento de uma estratégia integrada na América do Sul levando em consideração o

fim do Protocolo de Madri.

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Algumas questões não são explícitas no Tratado, entretanto estão intimamente ligadas a

essa relação simbiótica. Quais os interesses chilenos por trás da cooperação altamente benéfica

com o Brasil, assim que o Protocolo de Madri expirar, em 2048? Há a possibilidade de abrir um

canal ainda mais vantajoso para os brasileiros, a fim de formar uma frente latino-americana que

garanta interesses de dimensões continentais? Somente uma participação brasileira mais ativa na

Antártica é capaz de responder tais questões antes de 2048, vislumbrando tanto o cenário de

exploração comercial dentro da interdependência complexa, quanto à interrupção do Tratado ante

aos anseios territoriais das hegemonias futuras.

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Da mesma forma, caso o paradigma estratégico chileno mude, em vista a um cenário

futuro negativo para a cooperação entre os dois países, cabe ao Brasil um plano que não dependa

exclusivamente das instalações e apoio logístico do Chile. As relações ora amistosas, ora

conflituosas com a vizinha Argentina podem significar uma relação com ganhos pragmáticos

para o Brasil, se bem explorada.

Em qualquer um dos cenários, o Brasil não está em posição de perder influência na

questão antártica, por questões geográficas, climáticas, hídricas e comerciais. A possibilidade de

criar uma parceria geoestratégica forte o suficiente para confrontar interesses de outros Estados

altamente presentes na Antártica deve começar agora.

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