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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE DIREITO FABIANA DUARTE PIMENTA DE SOUZA A CONSTITUCIONALIDADE DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DO AUXÍLIO- RECLUSÃO FORTALEZA 2014

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE DIREITO

FABIANA DUARTE PIMENTA DE SOUZA

A CONSTITUCIONALIDADE DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DO AUXÍLIO-

RECLUSÃO

FORTALEZA

2014

FABIANA DUARTE PIMENTA DE SOUZA

A CONSTITUCIONALIDADE DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DO AUXÍLIO-

RECLUSÃO

Monografia submetida à aprovação

da Coordenação do Curso de

Direito do Centro Superior do

Ceará, como registro parcial para a

obtenção do grau de Graduação,

sob a orientação da Professora

Marina Lima Maia Rodrigues.

FORTALEZA

2014

FABIANA DUARTE PIMENTA DE SOUZA

A CONSTITUCIONALIDADE DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DO AUXÍLIO-

RECLUSÃO

Monografia como pré-requisito

para a obtenção do título de

Bacharelado em Direito, outorgado

pela Faculdade Cearense-FaC,

tendo sido aprovada pela banca

examinadora composta pelos

professores.

Data da aprovação:___/___/____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________

Professora Esp. Marina Lima Maia Rodrigues

_______________________________________________________

Professor Esp. Felipe de Albuquerque Bezerra

_______________________________________________________

Professor Ms. José Lenho Silva Diógenes

A Deus, pelos dons da vida e da inteligência e por saber que sem Ele essa conquista

não seria possível.

Aos meus pais, pelas orações e apoio para mais essa conquista na minha vida.

Ao meu esposo, pelo companheirismo nessa longa caminhada, por seu amor e apoio

para a conclusão deste trabalho.

Aos meus irmãos, primos, em especial, à Nenê, minha prima querida, amigos, tios, que

de forma especial sempre me apoiaram.

Ao meu filho Gabriel, mesmo ainda tão pequeno é meu maior incentivador, essa

conquista é pra você!

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, professora Marina Lima Maia Rodrigues, a minha

admiração, o meu apreço e sincero agradecimento por aceitar a árdua tarefa de orientação, que

além de ter me mostrado os caminhos para a realização deste trabalho, foi uma grande

incentivadora.

Ao professor, José Lenho Silva Diógenes, o meu apreço e sincero agradecimento

pela forma tranquila como orientou o desenvolvimento metodológico que deu forma a este

trabalho.

Aos professores que aceitaram participar da banca examinadora desta monografia,

o meu apreço e sincero agradecimento.

Aos meus colegas de sala, em especial Renata Lucas e Cleissiane Pinho, pelo

apoio constante na realização deste trabalho, pela amizade sincera, e por fazerem parte da

minha vida, de modo especial, no momento da realização dessa conquista.

“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma

qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um

específico mandamento obrigatório mas a todo o sistema de comandos.

É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade,

conforme o escalão do princípio atingido, porque representa

insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores

fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e

corrosão de sua estrutura mestra.”

(Bandeira de Mello – Jurista Brasileiro)

RESUMO

A relevância da pesquisa sobre “A constitucionalidade do benefício previdenciário do auxílio-

reclusão” está em expor os pontos importantes sobre o assunto, a fim de possibilitar maiores

esclarecimentos à sociedade, além de dirimir dúvidas acerca da concessão deste benefício. O

que se busca, através deste trabalho, é demonstrar as peculiaridades do benefício

relativamente a sua concessão, seus beneficiários, sua constitucionalidade com base no

surgimento da previdência social no Brasil, nos princípios que lhes são aplicáveis e na

legislação infraconstitucional.

Palavras–chave: Previdência social. Princípios. Benefícios. Auxílio-reclusão.

Constitucionalidade.

ABSTRACT

The relevance of research on "The constitutionality of the social security benefit of reclusion-

aid" is to expose the important points on the subject, to enable further information to society,

and resolve doubts about the granting of this benefit. What is sought, through this work, is to

demonstrate the benefit of the peculiarities for its grant, beneficiaries, its constitutionality

based on the emergence of social security in Brazil, the principles that apply to them and

constitutional legislation.

Keywords: Social Security. Principles. Benefits. Aid-seclusion. Constitutionality.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ............................................ 12

2.1 A evolução histórica da previdência social no Brasil ......................................................... 12

2.2 O surgimento dos auxílios previdenciários ........................................................................ 15

2.3 O direito à seguridade social como direito fundamental da pessoa humana ...................... 16

3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PREVIDENCIÁRIOS .......................................... 19

3.1 Princípio da dignidade humana .......................................................................................... 19

3.2 Princípio da legalidade ..................................................................................................... 190

3.3 Princípio da obrigatoriedade da filiação ............................................................................. 21

3.4 Princípio da universalidade e da cobertura do atendimento ............................................... 22

3.5 Princípio da solidariedade .................................................................................................. 23

3.6 Princípio da proteção da família ......................................................................................... 24

3.7 Princípio da individualização da pena ................................................................................ 24

3.8 Princípio da erradicação da pobreza ................................................................................... 25

4 O BENEFÍCIO DO AUXÍLIO-RECLUSÃO ................................................................... 27

4.1 Auxilio-reclusão – conceito e requisitos ............................................................................ 28

4.2 Os beneficiários do auxílio-reclusão .................................................................................. 33

4.3 A constitucionalidade do auxílio-reclusão ......................................................................... 35

4.4 Um benefício mal visto! ..................................................................................................... 37

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 39

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 462

ANEXO .................................................................................................................................... 46

10

1 INTRODUÇÃO

A previdência social é o instituto da seguridade social que se diferencia da saúde

pública e da assistência social pelo seu caráter contributivo compulsório, uma vez que a

cobertura previdenciária é devida somente aos indivíduos que contribuem para o regime,

sendo esta condição primordial para a concessão de benefícios e serviços aos seus segurados e

dependentes.

Com relação à evolução histórica da previdência social no Brasil, a primeira

Constituição brasileira a tratar diretamente de um benefício previdenciário, foi a Constituição

de 1891, em seu art. 75, enquanto o benefício do auxílio-reclusão surgiu pela primeira vez na

legislação previdenciária com edição do Decreto n°22.872, de 29 de junho de 1933, que em

seu art. 63 tratava brevemente acerca do assunto. Todavia, foi somente em 1960, por meio do

art. 43 da Lei Orgânica da Previdência Social, que o benefício do auxílio-reclusão passou a

ser direito de todos os segurados filiados à Previdência Social. Atualmente, o benefício do

auxílio-reclusão está previsto no art. 201, inciso IV da Constituição Federal de 1988.

No entanto, a concessão do benefício do auxílio-reclusão tem sido alvo de

inúmeras críticas na internet, principalmente, no facebook, no tocante a concessão de um

benefício previdenciário ser destinada a presos. Os argumentos utilizados são de que este

benefício seria uma proteção do Estado ao criminoso, ficando a família da vítima da violência

à margem de qualquer proteção do Estado.

E, ainda, há a compreensão no sentido de que a concessão deste benefício seria

uma forma de incentivo ao crime, uma vez que o criminoso saberia que sua família não ficaria

abandonada a própria sorte tendo em vista a possibilidade do recebimento deste benefício

previdenciário.

Outrossim, com esse mesmo argumento, existe uma Proposta de Emenda à

Constituição Federal de 1988, através do Projeto de Lei nº 304 de 01 de agosto de 2013, que

se encontra sob análise na Comissão de Constituição Justiça e Cidadania da Câmara dos

Deputados, com o intuito de extinguir o benefício do auxílio-reclusão e transformá-lo em

11

benefício à família da vítima do crime.

Em meio a tantas críticas à concessão do referido benefício previdenciário aos

dependentes do preso, o presente trabalho tem por objetivo verificar a constitucionalidade do

benefício do auxílio-reclusão, a fim de possibilitar maiores esclarecimentos à sociedade e

dirimir dúvidas acerca da concessão deste benefício.

Para tanto foram desenvolvidos três capítulos, através de um estudo baseado em

pesquisa bibliográfica e documental. Assim, o primeiro capítulo traça a evolução histórica da

previdência social no Brasil, no qual se pretende mostrar uma visão geral do surgimento desse

instituto em nosso ordenamento jurídico.

O segundo capítulo trata dos princípios constitucionais aplicáveis ao benefício do

auxílio-reclusão, objetivando sua compreensão, de acordo com os princípios constitucionais.

No terceiro capítulo é verificado o conceito e os requisitos para sua concessão, a

identificação dos seus possíveis beneficiários e a verificação da sua constitucionalidade, bem

como a problemática deste instituto no nosso ordenamento jurídico.

Dessa forma, no presente estudo, são abordados pontos fundamentais para a

interpretação constitucional do benefício previdenciário do auxílio-reclusão.

12

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

A proteção previdenciária dos trabalhadores se ensejou por meio dos movimentos

sociais que foram se fortalecendo com a crise industrial, por exemplo, as greves dos

trabalhadores que reivindicavam melhores condições de trabalho e de subsistência.

Conforme Amado (2014a), a doutrina tem reconhecido como marco inicial da

previdência social no mundo, a Alemanha, que em 1883, editou a Lei dos Seguros Sociais,

perpetrada pelo então chanceler Otto Von Bismarck, por meio da qual criou o seguro-doença.

Em seguida, conseguiu aprovar outras normas como o seguro de acidente de trabalho (1884),

o seguro de invalidez (1889) e o de velhice (1889), tendo em vista as grandes pressões sociais

da época.

No Brasil, a proteção social, de acordo com Castro, Lazzari (2014), iniciou-se de

forma lenta, assim como na Europa, o que ocorreu por meio de um lento processo de

reconhecimento da necessidade do Estado de intervir para suprir às deficiências da liberdade

absoluta1

, iniciando de maneira assistencialista para o Seguro Social e somente depois para a

formação da Seguridade Social.

2.1 A evolução histórica da previdência social no Brasil

No Brasil, as primeiras formas de proteção social face às desigualdades sociais,

tinham caráter assistencialista. A efetiva preocupação com a previdência social só começou

no século XX, apesar disso o assunto foi abordado em algumas constituições como veremos a

seguir.

Para Amado (2014a), a primeira Constituição brasileira a tratar diretamente de um

benefício previdenciário, foi a Constituição de 1891, que em seu artigo 75, garantiu a

aposentadoria por invalidez aos funcionários públicos que a serviço da nação tornaram-se

inválidos.

1

“A sociedade, no seio da qual o indivíduo vive, e que por razões de conveniência geral, lhe exige a renúncia de

uma parcela de liberdade, não poderá deixar de compensá-lo da perda que sofre, com a atribuição da desejada

segurança” (COIMBRA, J.R. Feijó. op. cit, p.45, apud, CASTRO, LAZZARI, 2014, p.37)

13

Já a Constituição de 1824, em seu artigo 179, inciso XXXI, apenas garantiu

formalmente os socorros públicos. Todavia, em 1821, com o Decreto de 1º de outubro ficou

concedido aposentadoria aos mestres e professores após 30 anos de efetivo serviço. Em 1888,

a Lei 3.397 de 24 de novembro, criou a Caixa de Socorros para os trabalhadores das estradas

de ferro de propriedade do Estado, e o Decreto 9.912-A, de 26 de março de 1888, possibilitou

a aposentadoria aos empregados dos Correios, após 30 anos de serviço e 60 anos de idade

cumulativamente.

Nesse mesmo intuito, a Lei nº 217 de 29 de novembro de 1892, instituiu a

aposentadoria por invalidez e a pensão por morte dos operários do Arsenal da Marinha do Rio

de Janeiro. Em 1911, com o Decreto nº 9.284 de 30 de dezembro de 1911, foi criada a Caixa

de Aposentadoria e Pensões dos Operários da Casa da Moeda, visando beneficiar seus

servidores.

No entanto, em 1919, editou-se a Lei 3.724 de 15 de janeiro, de Acidentes de

Trabalho, criando-se o seguro de acidente de trabalho para todas as categorias profissionais,

pelas empresas, surgindo, então, à noção do risco profissional.

No Brasil, a previdência social originou-se de fato, em 1923, com o Decreto-lei nº

4.682, de 24 de janeiro, conhecido, também, como Lei Eloy Chaves, que criou as caixas de

aposentadorias e pensões para os ferroviários, que eram mantidas pelas empresas, já que

naquela época os ferroviários eram bastante numerosos e formavam uma categoria

profissional muito forte.

Diante disso, no Brasil comemora-se o dia da Previdência Social no dia 24 de

janeiro, data em que a Lei Eloy Chaves entrou em vigor. Para Amado (2014a), a Lei Eloy

Chaves pode ser considerada como marco inicial da previdência social brasileira, mas como

sistema privado, uma vez que as caixas dos ferroviários eram administradas por empresas

privadas e não pelo Poder Público, que nessa ocasião apenas regulamentava e supervisionava

a atividade.

14

Com isso, a previdência pública brasileira, àquela gerenciada pela Administração

Pública, teve início em 1933, com o Decreto nº 22.872, de 29 de junho de 1933, o qual

instituiu o Instituto de Previdência dos Marítimos- IAPM. Posteriormente, foi instituído o

Instituto dos Comerciários e Bancários (1934); o Instituto dos Industriários (1936); o Instituto

dos Servidores do Estado e dos Empregados de Transportes e Cargas (1938).

Tais institutos, ao contrário das Caixas de Aposentadoria e Pensões, tinham maior

abrangência, pois contemplavam várias categorias profissionais e não apenas os empregados

de determinadas empresas, além de estarem sob o controle da administração pública.

A Constituição de 1934 trouxe a previsão de que a Previdência Social seria

custeada pelo Poder Público, com a contribuição direta dos trabalhadores e empregadores, o

que sai do plano da assistência social para o seguro social, dando origem à expressão

“Previdência”. No entanto, somente com a Constituição de 1946, que em seu artigo 157,

contemplou pela primeira vez a expressão “Previdência Social”.

Já em 1960, ocorreu a unificação do Plano de Benefício dos Institutos, por meio

da Lei nº 3.807, de 26 de agosto – conhecida por Lei Orgânica da Previdência Social. Em

1965, a Constituição de 1946 foi alterada por meio da Emenda Constitucional nº 11, que

inseriu “o Princípio da Precedência da Fonte de Custeio, para a instituição ou majoração dos

benefícios previdenciários e assistenciais, existente até hoje e aplicável a toda a seguridade

social”. (AMADO, 2014a p.94).

No ano de 1967, com o Decreto-lei nº 72 de 21 de novembro de 1966, nasceu o

INPS- Instituto Nacional da Previdência Social, com a unificação da previdência urbana, uma

vez que os Institutos foram fundidos, trazendo, também, o seguro de acidente de trabalho para

a previdência pública.

Entretanto, apenas em 1971, ocorreu a inclusão previdenciária dos trabalhadores

rurais na previdência social, com a Lei Complementar nº 11, que instituiu o Pró- Rural-

Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, que foi mantido com recursos do Fundo de

Assistência ao Trabalhador Rural- FUNRURAL, que ganhou natureza jurídica de entidade

15

autárquica federal.

Logo, naquele período coexistiam dois regimes previdenciários: O Programa de

Assistência ao Trabalhador Rural e a Previdência Social Urbana. Somente com a Lei 5.859,

de 11 de dezembro de 1972, os empregados domésticos passaram a ser segurados.

Em 1977, foi permitida a criação da Previdência Complementar Privada, com o

advento da Lei 6.435 de 15 de julho; e ainda nesse mesmo ano foi instituído o SINPAS-

Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, que contemplava as seguintes

entidades: IAPAS- Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social;

INAMPS- Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social; INPS- Instituto

Nacional de Previdência Social; LBA- Fundação Legião Brasileira de Assistência;

FUNABEM- Fundação Nacional de Bem Estar do Menor, CEME- Central de Medicamentos;

DATA PREV- Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social.

Foi apenas com a Constituição de 1988, que surgiu a seguridade social como um

Sistema Nacional o qual engloba a assistência social, a previdência social e a saúde, sendo

que a assistência social é para os que comprovem necessidade, a saúde é um direito de todos,

e as duas independem de contribuição, todavia, a previdência social é direito apenas de quem

para ela contribui, uma vez que é um benefício compulsório.

2.2 O surgimento dos auxílios previdenciários

A previdência social visa proteger pessoas vinculadas a algum tipo de atividade

laborativa e seus dependentes, que mediante contribuição estão resguardados, de possíveis

situações da vida, por exemplo: a morte, invalidez, idade avançada, doença, acidente de

trabalho, desemprego involuntário, maternidade, reclusão; mediante benefícios

previdenciários.

De acordo com Castro, Lazzari (2014), os benefícios previstos pelo Regime Geral

da Previdência Social apresentam características distintas e regras próprias de concessão. São

os benefícios em espécie: a aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade,

aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadorias especiais: por exposição a agentes

16

nocivos à saúde ou dos deficientes, auxílio-doença, salário-família, salário-maternidade,

auxílio-acidente, pensão por morte, auxílio-reclusão, abono anual, serviço social, habilitação e

reabilitação profissional.

São benefícios especiais: aposentadoria do ex-combatente da 2ª Guerra Mundial,

aposentadoria ou pensão excepcional do anistiado político, pensão especial vitalícia para as

vítimas da Talidomida, pensão mensal vitalícia dos seringueiros, pensão mensal das vítimas

da hemodiálise de Caruaru, pensão mensal das vítimas de hanseníase e auxílio especial

mensal dos campeões mundiais de futebol de 1958, 1962 e 1970.

No entanto, trataremos aqui, especificamente, acerca do benefício do auxílio-

reclusão, que segundo Amado (2014a), é devido aos dependentes do segurado de baixa renda

recolhido à prisão que não receber remuneração de empresa nem estiver em gozo de auxílio-

doença ou aposentadoria, vejamos o que diz Russomano, sobre o assunto,

O criminoso, recolhido à prisão, por mais deprimente e dolorosa que seja sua

posição, fica sob a responsabilidade do Estado. Mas, seus familiares perdem o apoio

econômico que o segurado lhes dava e, muitas vezes, como se fossem os verdadeiros

culpados, sofrem a condenação injusta de gravíssimas dificuldades. Inspirado nessas

ideias, desde o início da década de 1930, isto é, no dealbar da fase de criação, no

Brasil, dos Institutos de Aposentadoria e Pensões, nosso legislador teve o cuidado de

enfrentar o problema e atribuir ao sistema de Previdência Social o ônus de amparar,

naquela contingência, os dependentes do segurado detento ou recluso.

(RUSSOMANO, apud, CASTRO, p.823, 2014).

Com base nessa ideia, a Previdência Social consiste num sistema que garante não

só ao segurado, mas também à sua família, o sustento em casos de eventos que não permitam

a sua manutenção por conta própria, é justo que, da mesma forma que ocorre com a pensão

por morte, os dependentes do segurado também venham a ter esse direito, para o custeio de

sua sobrevivência pelo sistema de seguro social, tendo em vista o ideal de solidariedade.

2.3 O direito à seguridade social como direito fundamental da pessoa humana

Os direitos humanos surgiram em decorrência das consequências da Segunda

Guerra Mundial, com o objetivo de promover os direitos fundamentais e, consequentemente,

garantir a dignidade da pessoa humana e a igualdade entre os indivíduos.

17

A Seguridade Social está prevista na Constituição Federal de 1988, nos artigos

194 a 204, e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 22, constituindo-

se essencialmente como direito humano fundamental, senão vejamos respectivamente,

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de

iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos

relativos à saúde, à previdência e à assistência social. (BRASIL, 1988)

Artigo 22.Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à

segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação

internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos

econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre

desenvolvimento da sua personalidade. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS

DIREITOS HUMANOS, grifo nosso)

Conforme Ibrahim (2011), ao longo dos anos novas garantias vão se agregando

aos direitos humanos, tendo sido as últimas voltadas para a redução das desigualdades sociais,

em que pesem os riscos sociais como um problema de toda a sociedade e não somente do

particular.

Assim, a Previdência Social surge como um direito fundamental de 2ª geração,

uma vez que proporciona uma proteção individual aos beneficiários atendendo as condições

mínimas de igualdade, pois o trabalhador e seus dependentes diante da impossibilidade de

executar suas atividades laborativas, poderão vir a ficar à margem da sociedade sem qualquer

assistência, por sua vez, incumbe ao Estado intervir nessa situação com o intuito de proteger a

dignidade daquele indivíduo.

De acordo com Castro, Lazzari (2014), os direitos sociais são considerados

direitos fundamentais e o Estado tem o dever de agir frente aos problemas decorrentes das

desigualdades econômicas e sociais.

Portanto, é dever do Estado à garantia dos direitos fundamentais, devendo

assegurar e proporcionar condições mínimas de sobrevivência àqueles incapacitados de

manter por conta própria uma vida digna.

Alexandre de Moraes assim define os direitos sociais,

18

Direitos sociais são direitos fundamentais do homem, caracterizando-se como

verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em um Estado Social de

Direito, tendo por finalidade a melhoria de condições de vida aos hipossuficientes,

visando à concretização da igualdade social, e são consagrados como fundamentos

do Estado democrático, pelo art. 1º, IV, da Constituição Federal. (MORAES, p.206,

2011).

Nesse mesmo sentido, Ibrahim (2011) nos diz que os direitos sociais exigem do

Estado obrigações positivas, demandando recursos para a sua execução, sendo esta uma

característica de todo e qualquer direito fundamental, uma vez que os direitos sociais impõem

algum tipo de ação do Poder Público.

Dessa forma, a Seguridade Social objetiva proporcionar o bem-estar social e

amenizar os riscos sociais diante de determinadas circunstâncias que possibilitem privar o

indivíduo e/ou sua família de sua dignidade, ou seja, condições mínimas de sobrevivência.

Para tanto, segundo Moraes, “a Seguridade Social compreende um conjunto integrado de

ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar à saúde, à

previdência e à assistência social.” (MORAES, 2011,p. 848).

Logo, o direito à Seguridade Social constitui-se como um direito fundamental da

pessoa humana, uma vez que busca assegurar à saúde, à assistência social e à previdência, na

tentativa de alcançar uma sociedade que proporcione condições dignas de vida, seja para

todos, ou para os que dela necessitem, ou para os que com ela contribuem respectivamente.

19

3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PREVIDENCIÁRIOS

O Direito Previdenciário é ramo do Direito Público que trata dos benefícios e do

funcionamento dos órgãos públicos da Assistência Social, Saúde Pública e da Previdência

Social.

O que diferencia a Previdência Social da saúde pública e da assistência social, é

que a primeira possui caráter contributivo, pois somente terão cobertura às pessoas que

contribuem e se filiam ao regime previdenciário, sendo este requisito fundamental para a

concessão de qualquer benefício previdenciário.

O Direito Previdenciário possui princípios próprios que se encontram dispostos na

Constituição Federal de 1988 e, também, na Lei nº 8.212 de 24, de julho de 1991.

Por sua vez os princípios são fundamentos da norma positivada e são usualmente

utilizados para suprir as lacunas e omissões da lei, tendo a importante função de orientar o

operador do Direito na interpretação de determinado dispositivo.

Já os princípios constitucionais formam a base do direito, assegurando a

democracia, os direitos e as garantias fundamentais de forma que as demais normas deverão

estar em conformidade com a Constituição Federal de 1998.

Dentre os princípios do Direito Previdenciário podemos destacar os que se

aplicam ao benefício do auxílio-reclusão: o princípio da dignidade da pessoa humana, o

princípio da proteção da família, o princípio da individualização da pena, o princípio da

solidariedade, o princípio da erradicação da pobreza, o princípio da legalidade, o princípio da

universalidade e da cobertura do atendimento e o princípio da obrigatoriedade da filiação.

3.1 Princípio da dignidade humana

O princípio da dignidade humana está previsto no art. 1º, inciso III, da

Constituição Federal de 1988 e visa assegurar que todo ser humano tenha o direito à

existência plena e saudável.

20

Segundo Alexandre Moraes este princípio representa,

[…] um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente

na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a

pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo

invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente

excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos

fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas

as pessoas enquanto seres humanos [...] (MORAES, 2011, p. 24).

Na Previdência Social este princípio como bem assevera Horvat (2005), reflete o

desejo do constituinte em garantir ao indivíduo, meios mínimos para sua subsistência de

forma digna em momento em que não possa por si mesmo suprir suas necessidades.

Logo, o Estado tem o dever de garantir a toda pessoa, meios que favoreçam sua

inclusão social, bem como condições e oportunidades, capazes de possibilitar o

desenvolvimento de seu potencial seja na saúde, educação, na assistência aos mais

necessitados ou na solidariedade refletida na previdência.

No que se refere ao benefício do auxílio-reclusão, o princípio da dignidade

humana visa assegurar a família e aos dependentes do condenado preso condições de

subsistência fundamental a uma digna e saudável uma vez que o provedor da família

encontra-se impossibilitado de fazê-lo.

3.2 Princípio da legalidade

O princípio da legalidade encontra previsão no art. 5º, inciso II da Constituição

Federal de 1988 e trata da subordinação de pessoas, órgãos ou entidades às leis, assegurando,

por exemplo, a concessão do benefício do auxílio-reclusão, aos que preencherem os requisitos

dispostos na lei específica, não se constituindo numa mera discricionariedade, pois sua

concessão está vinculada à lei.

Conforme Alexandre de Moraes, o princípio da legalidade,

[...] visa combater o poder arbitrário do Estado. Só por meio das espécies normativas

devidamente elaboradas conforme as regras de processo legislativo constitucional

21

podem-se criar observações para o indivíduo, pois são expressão da vontade geral.

Com o primado soberano da lei, cessa o privilégio da vontade caprichosa do detentor

do poder em benefício da lei. Conforme salientam Celso Bastos e Ives Gandra

Martins, no fundo, portanto, o princípio da legalidade mais se aproxima de uma

garantia constitucional do que de um direito individual, já que ele não tutela um bem

da vida, mas assegura ao particular a prerrogativa de repelir as injunções que lhe

sejam impostas por uma outra via que não seja a da lei [...] (MORAES, p.45, 2011).

Logo, o benefício do auxílio-reclusão é concedido apenas aos que preencherem os

requisitos dispostos na Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, quais sejam: ser dependente do

segurado de baixa renda recolhido à prisão, que não esteja recebendo remuneração da

empresa nem esteja em gozo de auxílio-doença, abono de permanência em serviço ou

aposentadoria.

3.3 Princípio da obrigatoriedade da filiação

Entende-se que este princípio é fundamental, pois de acordo com Amado (2014a),

grande parte da população não programaria espontaneamente o seu futuro e caso a adesão ao

regime fosse facultativa, provavelmente, poucos trabalhadores se filiariam.

Diante disso, na ocorrência das contingências sociais as pessoas não filiadas

certamente iriam onerar o Estado com a prestação dos benefícios assistenciais sem contar com

o aumento da miséria no país.

Afirma Amado:

Logo, como uma medida positiva e salutar de um Estado Social que deve intervir

para a garantia de direitos sociais e econômicos andou bem o legislador

constitucional ao prever a obrigatoriedade de filiação ao RGPS dos trabalhadores em

geral. (AMADO, 2014b, p.123).

Portanto, este princípio viabiliza o sistema previdenciário, garantindo a todos os

contribuintes a proteção no momento do evento que gera a necessidade social.

No entanto, vale ressaltar que os princípios não atuam isoladamente, mas sim em

conjunto, numa verdadeira interação como bem assevera Ibrahim,

22

[...] Matematicamente, pode-se comparar a ação dos princípios a uma soma de

vetores em vários sentidos e direções- haverá uma resultante em um caminho

intermediário. Assim funcionam os princípios, como o da universalidade de

cobertura e atendimento, que é limitado por outros, como o da preexistência do

custeio em relação ao benefício ou serviço. (IBRAHIM, 2011, p.66).

Dessa forma, à luz da Constituição Federal o benefício do auxílio-reclusão é

plenamente justificável, uma vez que está em consonância com princípios fundamentais da

Carta Magna.

3.4 Princípio da universalidade e da cobertura do atendimento

O art.194 da Constituição Federal de 1988 elenca os princípios da Seguridade

Social, dentre eles o da universalidade e da cobertura do atendimento.

Conforme Amado (2014a), a Seguridade Social deverá atender a todos os

necessitados através da assistência social e da saúde, pois independem de pagamento. No

entanto, a Previdência Social tem a sua universalidade limitada, já que atende apenas aqueles

que contribuem para tanto.

Neste sentido, a Seguridade Social deve abranger ao máximo os riscos sociais

existentes, vejamos,

Este princípio possui dimensões objetiva e subjetiva, sendo a primeira voltada a

alcançar todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade

(universalidade de cobertura) enquanto a segunda busca tutelar toda a pessoa ao

sistema protetivo (universalidade de atendimento). A universalidade de cobertura e

atendimento é inerente a um sistema de seguridade social, já que este visa ao

atendimento de todas as demandas sociais na área securitária. Além disso, toda a

sociedade deve ser protegida, sem nenhuma parcela excluída. Obviamente este

princípio é realizável, na medida em que recursos financeiros são obtidos...

(IBRAHIM, 2011, p.66).

Sendo assim, para que sejam criadas as prestações previdenciárias é fundamental

a existência do seu respectivo custeio, uma vez que a universalidade é atingida dentro das

possibilidades do sistema.

De acordo com Castro, Lazzari (2014), por este princípio entende-se que para

23

manter a subsistência de quem necessita, a Previdência Social deverá alcançar a todos os

eventos cuja reparação seja urgente.

Neste sentido, a Previdência Social deve alcançar todas as situações sociais que

tenham o caráter de urgência a fim de proporcionar a subsistência do contribuinte e de seus

dependentes; já no que se refere à saúde e à assistência social uma vez verificado sua

necessidade devem ser prestados a todos que dela necessitem.

3.5 Princípio da solidariedade

Conforme o princípio da solidariedade que está disposto no art. 3º, inciso I da

Constituição Federal de 1988, este tem enorme aplicabilidade no âmbito da Seguridade Social,

já que se refere à responsabilidade do Estado e da sociedade na socialização dos riscos, uma

vez que os recursos os quais mantêm o sistema da previdência são oriundos dos orçamentos

públicos e das contribuições sociais.

Para Ibrahim (2011), este princípio é o de maior importância, pois revela o sentido

da Previdência Social, no tocante à proteção coletiva, já que as pequenas contribuições

individuais geram recursos suficientes para a criação de um manto protetor para todos, o que

viabiliza a concessão das prestações previdenciárias.

De acordo com Castro, Lazzari (2014),

A Previdência Social se baseia, fundamentalmente, na solidariedade entre os

membros da sociedade. Assim, comoa noção de bem-estar coletivo repousa na

possibilidade de proteção de todos os membros da coletividade, somente a partir da

ação coletiva de repartir os frutos do trabalho, com a cotização de cada um em prol

do todo, permite a subsistência de um sistema previdenciário. Uma vez que a

coletividade se recuse a tomar como sua tal responsabilidade, cessa qualquer

possibilidade de manutenção de um sistema universal de proteção social. (CASTRO,

LAZZARI, p.86, 2014).

Assim, o princípio da solidariedade tem por objetivo proporcionar proteção a

todos, de maneira que toda a sociedade divida com o Estado tal responsabilidade,

possibilitando, assim, à proteção de pessoas em momentos de necessidade, já que naquele

momento não podem prover sua subsistência por si mesmo.

24

3.6 Princípio da proteção da família

A família tem proteção prevista no art. 226, da Constituição Federal de 1988.

Conforme Daniel Mourgues Cogoy, por este princípio compreende-se que,

Na seara previdenciária, a família é protegida por meio dos benefícios de pensão por

morte e auxílio-reclusão. Em ambos o risco social atendido é a perda da fonte de

subsistência do núcleo familiar, na primeira hipótese em razão do óbito do segurado,

na segunda, por ocasião de sua detenção prisional. Sendo assim, o auxílio-reclusão é

prestação pecuniária, de caráter substitutivo, destinado a suprir, ou pelo menos

minimizar, a falta do provedor as necessidades econômicas dos dependentes.

(COGOY, s.p., s.d.)

Muitas vezes, a família do preso perde o apoio econômico que o segurado lhe

dava, vindo a passar por grandes dificuldades. Diante disso, o auxílio-reclusão se destina a

minimizar a falta do provedor a fim de suprir as necessidades financeiras de seus dependentes,

proporcionando condições dignas de subsistência, protegendo a família do segurado de

situações de necessidades e de miséria.

Dessa forma, o benefício do auxílio-reclusão se destina aos dependentes do preso

que não têm condições de prover sua subsistência por si só.

Logo, este princípio protege à família que já se encontra afastada do convívio com

o segurado e necessita deste benefício para a sua manutenção.

3.7 Princípio da individualização da pena

Pelo princípio da individualização da pena previsto no art. 5º, inciso XLV da

Constituição Federal de 1998, assegura que nenhuma pena passará da pessoa do condenado,

logo, o condenado deverá arcar com as consequências do seu delito, mas essas consequências

não se estendem aos seus familiares.

No tocante a concessão do benefício do auxílio-reclusão compreende-se o

seguinte,

25

De fato, cabe ao condenado arcar com as consequências de seu delito. Porém, esta

responsabilidade não se estende aos seus familiares. Ora, não bastasse o sofrimento

da família em ser alijada do convívio do recluso, em razão de evento para o qual não

concorreu, a prisão do segurado pode gerar toda uma série de consequências

econômicas para seus dependentes. Cabe ao Estado o dever de zelar pela

minimização de tais prejuízos. (COGOY, s.p. s.d.)

Portanto, por este princípio entende-se que a família do condenado preso e que

deste dependia para manter-se, não poderá ser penalizada e vir a sofrer privações para suprir

suas necessidades básicas, uma vez que se encontra impossibilitado de prover a subsistência

de seus familiares e dependentes, devendo o Estado, por meio que a lei lhe possibilita fazer,

suprir essa necessidade, o que atualmente ocorre por meio da concessão do benefício do

auxílio-reclusão.

3.8 Princípio da erradicação da pobreza

Já o princípio da erradicação da pobreza está disposto no art. 3º, inciso III da

Constituição Federal de 1988, constituindo-se como um dos objetivos fundamentais da Carta

Magna, senão vejamos,

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e

regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação. (BRASIL, 1988, grifo nosso).

26

Dessa forma, cabe ao Estado e a sociedade a proteção da família que se encontra

desamparada financeiramente, tendo em vista que o seu provedor encontra-se impossibilitado

em decorrência de sua prisão, o que justifica a concessão do referido benefício, a fim de evitar

que a família do preso venha a passar por situações de miséria.

27

4 O BENEFÍCIO DO AUXÍLIO-RECLUSÃO

De acordo com Horvath (2005, p.103), conforme estudos de reconstrução

histórica feito por Fernando Mota, o primeiro pagamento de auxílio-reclusão no país, foi

efetivado pelo Mongeral Previdência Privada, disposto no Decreto da Regência de 10 de

janeiro de 1835, como Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado.

A previdência através do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos-

IAPM tratou deste benefício apenas, em 1933, por meio do Decreto n°22.872 de 29 de junho

de 1933, que tratou a matéria em seu art. 63. Estando, ainda, disposto no Decreto n.º 54 de 12

de setembro de 1934, do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários- IAPB.

Todavia, foi somente em 1960, por meio do art. 43 da Lei Orgânica da

Previdência Social é que o benefício do auxílio-reclusão passou a ser direito de todos os

segurados da Previdência Social.

Assim, o benefício do auxílio-reclusão teve sua primeira previsão constitucional

no art. 201, inciso IV da Constituição Federal de 1988, sendo limitada a sua concessão apenas

aos dependentes do segurado de baixa renda, conforme disposto na Emenda Constitucional

n.º20/98. Sua regulamentação específica está prevista no art. 80 da Lei n.º 8.213 de 24 de

julho de 1991; art. 2º, da Lei 10.666 de 08 de maio de 2003, e art.116 ao art.119 do Decreto

3.048 de 06 de maio de 1999.

Vale ressaltar que este benefício previdenciário é devido aos dependentes do

segurado, inscrito e filiado à Previdência Social que foi recolhido à prisão pelo cometimento

de crime e desde que atendidos os requisitos dispostos na Lei.

A previdência constitui-se num verdadeiro sistema de proteção ao segurado e à

sua família, uma vez que em virtude da prisão, aquele indivíduo temporariamente se tornou

impossibilitado de prover a sua subsistência e de sua família por conta própria. Do mesmo

modo, que é devido na concessão dos demais benefícios, é mais do que justo, que o sistema

assegure aos dependentes do segurado o direito ao custeio de sua sobrevivência pelo sistema

previdenciário.

28

4.1 Auxilio-reclusão – conceito e requisitos

Trata-se de benefício previdenciário concedido aos dependentes do segurado da

Previdência Social, que por ocasião de sua prisão encontra-se impossibilitado de suprir às

necessidades básicas de sua família, conforme informações do Instituto Nacional do Seguro

Social o valor médio deste benefício é de R$ 727,79, uma vez que esse valor varia de acordo

com o valor das contribuições que o preso fez ao Regime Geral da Previdência Social.

O benefício é devido enquanto o segurado estiver recolhido à prisão e enquanto

nesta permanecer, seja no regime fechado ou semiaberto, durante o período de reclusão ou

detenção, ainda que não prolatada a sentença condenatória. É o que dispõe o art. 116, § 5º do

Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999, vejamos,

Art. 116 (…) §5º. O auxílio-reclusão é devido, apenas, durante o período em que o

segurado estiver recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto. (BRASIL,

1999).

Fundamental para que os dependentes do preso façam jus ao benefício, é que o

preso esteja contribuindo com a Previdência Social, estando na ocasião da prisão revestido da

qualidade de segurado ou durante o período de graça, no qual mesmo sem contribuir a pessoa,

(neste caso o preso), mantém seus direitos previdenciários.

No entanto, como bem assevera Amado (2014b), o benefício do auxílio-reclusão é

devido nos casos de prisão cautelar, na prisão temporária, na prisão em flagrante e na prisão

preventiva, uma vez que o segurado encontra-se impedido de exercer qualquer trabalho para o

sustento de seus dependentes, vejamos o posicionamento dos Tribunais, acerca do assunto,

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUXÍLIO-RECLUSÃO.

REMESSA OFICIAL NÃO CONHECIDA. REQUISITOS. DESTINATÁRIO DA

RESTRIÇÃO. DEPENDENTE DO RECLUSO. PRÉ-QUESTIONAMENTO. 1.

Remessa oficial não conhecida, tendo em vista a nova redação do artigo 475, § 2º,

do Código de Processo Civil, determinada pela Lei nº 10.352/01. 2. O auxílio-

reclusão é devido aos dependentes de baixa renda, dos segurados recolhidos à

prisão, que não recebam remuneração da empresa nem estejam em gozo de

auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde que

o seu último salário-de-contribuição seja inferior ou igual a R$ 468,47

(quatrocentos e sessenta e oito reais e quarenta e sete centavos), conforme

disposto no artigo 201, inciso IV, da Constituição Federal, artigo 80 da Lei nº

8.213/91, artigo 116 do Decreto nº 3.048/99, bem como pela Portaria nº 525/02

29

do Ministério da Previdência Social. 3. Entrementes, tal disposição não se dirige

ao ex-segurado, mas a seus dependentes, vale dizer, o que colhe aferir é se a

renda mensal desses últimos ultrapassa o montante lá ventilado, eis que se trata

de benefício previdenciário disponibilizado não ao próprio trabalhador, mas

aos seus beneficiários - aqueles a que faz alusão o artigo 16 da Lei nº 8.213/91 -

que, em virtude da inviabilidade do exercício de atividade laborativa no âmbito

do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) pelo recluso, deixam de contar

com rendimento substancial para a sua mantença. 4. Na espécie, infere-se que o

segurado foi recolhido à prisão em 20.05.2003, conforme Auto de Prisão em

Flagrante, sendo certo que nessa época detinha a qualidade de segurado da

Previdência Social conforme se constata dos documentos juntados com a exordial. 5.

A União Estável restou comprovada através do documento (fl. 26), sendo que a

dependência econômica é presumida ante o teor do artigo 16, inciso I e §4º da Lei de

Benefícios. 6. Inocorrência de violação aos dispositivos legais objetados no recurso

a justificar o pré-questionamento suscitado em apelação. 7. Remessa oficial não

conhecida. Apelação não provida. (Tribunal Regional Federal da 3ª Região, 7ª

Turma. Relator Desembargador Federal Antônio Cedenho. APELAÇÃO

REEXAME NECESSÁRIO 1.262.920, processo: 0007266-97.2006.4.03.6114. São

Paulo. 09.06.2008. grifo nosso).

Importante ressaltar o entendimento do Instituto Nacional do Seguro Social acerca

da possibilidade de concessão do benefício, também, ser devido na hipótese de aplicação de

medida socioeducativa de internação de adolescentes, segundo dispõe o art.112, inciso VI, da

Lei n.º8069/90, de 13 de julho de 1990.

Conforme Amado (2014a), o auxílio-reclusão não será devido nos casos de prisão

civil oriundo de dívidas de prestação de alimentos, pois se trata de um meio de coerção para o

pagamento dos alimentos, não tendo o cunho de punição.

Segundo o art. 80 da Lei n.° 8.213/91, o benefício do auxílio-reclusão é devido,

nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado de baixa renda

recolhido à prisão, desde que não esteja mais recebendo remuneração da empresa nem esteja

em gozo de auxílio-doença, aposentadoria, ou abono de permanência de serviço (atualmente

extinto).

Ou seja, a legislação previdenciária não traz nenhuma vedação ao recebimento

concomitante do auxílio-reclusão com os benefícios do auxílio-acidente ou pensão por morte

ou salário-maternidade.

30

Quanto à restrição do auxílio-reclusão a ser concedido apenas aos dependentes do

segurado preso de baixa renda2

, nos Recursos Extraordinários RE 587.365 e 486.413 julgados

em 25.03.2009, o Supremo Tribunal Federal ratificou o entendimento de que para a

instituição deste benefício a renda do segurado preso é que deve ser utilizada como parâmetro

para a concessão do benefício, senão vejamos:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO

EXTARORDINÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LIMITAÇÃO DO UNIVERSODOS

CONTEMPLADOS PELO AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFÍCIO RESTRITO AOS

SEGURADOS PRESOS DE BAIXA RENDA. RESTRIÇÃO INTRODUZIDA

PELA EC/20/1998. SELETIVIDAE FUNDADA NA RENDA DO SEGURADO

PRESO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. I- Segundo decorre do art.

201, IV, da Constituição, a renda do segurado preso é que a deve ser utilizada

como parâmetro para a concessão do benefício e não de seus dependentes. II-

Tal compreensão se extrai da redação dada ao referido dispositivo pela EC 20/1998,

que restringiu o universo daqueles alcançados pelo auxílio-reclusão, a qual adotou o

critério da seletividade para apurar a efetiva necessidade dos beneficiários. III-

Diante disso, o art. 116 do decreto 3.048/199 não padece do vício da

inconstitucionalidade. IV- recurso extraordinário conhecido e provido. (Supremo

Tribunal Federal. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Órgão Julgador:

Tribunal Pleno. RE/ Santa Catarina. 587.365, de 25.03.2009. grifo nosso).

Assim, o segurado para o recebimento do auxílio-reclusão deverá comprovar sua

baixa renda, cuja atualização deverá ser feita de acordo com a Portaria Interministerial do

MPS/MF e, atualmente, utiliza-se a de nº 19, de 10/01/2014, a qual determina que será

instituidor deste benefício o segurado que receber a remuneração mensal de até R$1.025,81,

de acordo com o art. 13, da Emenda 20/1998. No entanto, conforme o entendimento do

Instituto Nacional do Seguro Social, não havendo salário de contribuição na data da prisão,

deve-se considerar o último salário de contribuição do segurado.

Para Amado (2014a), ainda que o último salário de contribuição do segurado seja

superior ao valor máximo fixado como de baixa renda, o pedido do benefício deverá ser

concedido, tendo em vista que no momento da prisão o segurado estava em período de graça,

pois se encontrava desempregado sem receber qualquer tipo de renda.

2

Art. 13. Até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão para os servidores, segurados e

seus dependentes, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou

inferior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos

índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social. (EC 20/1998)

31

Sendo esse também o posicionamento dos Tribunais vejamos,

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. REMESSA TIDA POR

INTERPOSTA. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA

REPÚBLICA. REMUNERAÇÃO DE ATÉ R$ 360,00. EC 20/98, ART. 13.

SEGURADO DESEMPREGADO QUANDO DA PRISÃO. REMESSA TIDA POR

INTERPOSTA E APELAÇÃO DESPROVIDAS. 1. Tenho como interposta a

remessa oficial. Nos termos do que dispunha o art. 12 § único, da Lei 1.533, de

31/12/51, preceito reproduzido pelo art. 14, § 1º, da Lei 12.016, de 07/08/2009, é

assegurado duplo grau obrigatório de jurisdição às sentenças concessivas de

mandado de segurança. 2. Os seguintes requisitos são necessários para a concessão

do benefício de auxílio-reclusão: a) que o preso seja segurado da Previdência Social,

independentemente de carência; b) que o segurado seja recolhido à prisão e não

perceba qualquer remuneração e nem esteja em gozo de auxílio-doença, de

aposentadoria ou de abono de permanência em serviço; c) que os dependentes sejam

aqueles assim considerados pelo art. 16 da Lei 8213/91, sendo que, para os

indicados no inciso I do referido artigo legal a dependência econômica é presumida,

devendo ser comprovada, em relação aos demais; d) por fim, o requisito relativo à

baixa-renda.3. Torna-se necessário contextualizar o ato coator em face de outras

premissas igualmente relevantes, tais como a data em que adquirido o direito ao

benefício, a legislação a ele aplicável e sua interpretação.4. A prisão do segurado,

conforme noticiam os autos, ocorreu em 21/08/2002 (fl. 23), data em que efetivou o

fator determinante para o auxílio-reclusão. Nesta data, apesar de ainda ostentar a

condição de segurado por força de disposição legal ao consagrar o período de graça

(fl. 17), é fato incontroverso que o pai da Impetrante não percebia remuneração

alguma desde 19/01/2001 (fl. 25), por estar desempregado.5. Estando o pai da

impetrante, no momento em que foi recolhido à prisão, na condição de

segurado, bem como desempregado, é notório o direito da impetrante ao

benefício de auxílio reclusão, à luz dos dispositivos legais supracitados, em

especial o parágrafo primeiro do artigo 116 do Decreto n.º 3.048/99.6.Apelação

e remessa oficial, tida por interposta, desprovidas. (Tribunal Regional Federal da 1ª

Região, 2ª Turma Suplementar. Relator: Juíza Federal Rogéria Maria Castro Debelli.

AMS 2004.38.01.004047-1/ MG. Apelação em Mandado de Segurança. 06.07.2011.

grifo nosso).

Nesse caso, é possível o deferimento do benefício por vias judiciais, uma vez que

pelo entendimento do Instituto Nacional do Seguro Social tal condição impede a concessão do

benefício, todavia, trata-se de tema polêmico, haja vista haver posicionamentos

jurisprudenciais divergentes que por vezes corroboram com o entendimento do Instituto

Nacional do Seguro Social.

Com relação à carência não é exigido um tempo mínimo de contribuição para a

concessão do benefício, mas o segurado precisa estar contribuindo com a Previdência Social

ou estar na qualidade de segurado3

, no momento da prisão.

3

A qualidade de segurado é o período que mesmo sem contribuir, é mantido o direito à proteção da Previdência

Social.

32

A data de início do benefício é a data da prisão, mas se o requerimento for

protocolizado a data posterior a 30 dias da data da prisão, a data de início do benefício será a

data de entrada do pedido junto a Previdência Social.

O art. 119 do Decreto 3.048, de 06 de maio de 1999, estabelece à vedação a

concessão do benefício do auxílio-reclusão após a soltura do segurado. No entanto, a

jurisprudência tem adotado o seguinte entendimento:

EMENTA:AUXÍLIO-RECLUSÃO.COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS

LEGAIS. DEPENDENTES DO SEGURADO. SOLTURA POSTERIOR NÃO

RETIRA DOS DEPENDENTES O DIREITO AO BENEFÍCIO DURANTE O

PERÍODO EM QUE O SEGURADO PERMANECEU PRESO. A DEMORA DA

PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO PODE PREJUDICAR A PARTE QUE A

ELA NÃO DEU CAUSA. 1 - Restou demonstrada a qualidade de segurado

(trabalhador urbano nos doze meses anteriores à prisão) e dos seus dependentes,

perante o INSS, bem como a prisão preventiva e a condenatória do segurado. 2 -

Preenchidos os requisitos legais, posterior soltura do segurado não implica em

perda de direito dos seus dependentes às parcelas vencidas, durante o período

da prisão. 3 - Correção monetária, desde cada vencimentos e juros moratórios de 6%

ao ano, desde a citação do INSS. Cálculos conforme o Provimento nº 24/97 do TRF

da 3ª Região. 4. Apelação a que se dá provimento. (Tribunal Regional Federal da 3ª

Região. 2ª turma. Relator: Juíza convocada em substituição Vera Lúcia Jucovsky.

AC APELAÇÃO CÍVEL 282.942. processo: 0086136-30.1995.4.03.9999. São

Paulo. 28.08.2001.grifo nosso).

Desse modo, para o requerimento do benefício do auxílio-reclusão deve-se

apresentar a certidão do recolhimento à prisão, e para a sua continuidade deve-se apresentar a

declaração de permanência de situação de presidiário trimestralmente, sob pena de sua

suspensão.

Conforme Amado (2014a), na ocorrência de fuga, será suspenso o benefício do

auxílio-reclusão, mas havendo a recaptura do segurado, o benefício será restabelecido

contando da data em que ocorrer o retorno do detento a prisão, para tanto deverá está mantida

a condição de segurado.

Logo, se o preso for recapturado e já estiver acabado o período de graça, não será

mais devido o pagamento do referido benefício, tendo em vista que não estará mais na

condição de segurado. De acordo com o art. 118 da Lei nº 3.048 de 06 de maio de 1999, no

33

caso de falecimento do preso segurado, deverá o INSS converter automaticamente o auxílio-

reclusão em pensão por morte.

4.2 Os beneficiários do auxílio-reclusão

Tem direito ao referido benefício, dependentes dos segurados da Previdência

Social que estão elencados no art. 16 da Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991, desde que o

último salário de contribuição não ultrapasse o valor definido anualmente pela Portaria

Ministerial, conforme já mencionado.

São beneficiários do benefício do auxílio-reclusão:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de

dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer

condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência

intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado

judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)

II - os pais;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos

ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou

relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº

12.470, de 2011)

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do

direito às prestações os das classes seguintes.

§ 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do

segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida

no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada,

mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do

art. 226 da Constituição Federal.

§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a

das demais deve ser comprovada. (BRASIL, 1991).

Assim, o Ministério da Previdência Social com base no art. 16 da Lei nº 8.213 de

34

24 de julho de 1991, define três grupos de dependentes: no primeiro grupo temos: o cônjuge,

companheiro ou companheira, o filho não emancipado até 21 anos de idade, ou o filho

inválido de qualquer idade; no segundo grupo temos: os pais; e no terceiro grupo está: o

irmão não emancipado de qualquer condição, até 21 anos de idade, ou inválido de qualquer

idade.

Vale ressaltar que conforme o art. 77, da Lei nº 8.213/1991, o valor do auxílio-

reclusão é dividido de forma igual entre todos os dependentes do mesmo grupo, no entanto,

segundo o art. 16, § 1º, da referida lei: “uma vez existindo representantes de um grupo, os dos

outros grupos não têm direito ao benefício” (BRASIL, 1991).

De acordo com Amado (2014a), é muito comum a ocorrência de casamentos com

detentos a fim de obter o benefício do auxílio-reclusão, o que segundo o autor atenta contra o

Princípio do Equilíbrio Financeiro e Atuarial da Previdência Social atingindo toda a sociedade,

uma vez que a União arcará supletivamente com a insuficiência de recursos do Regime Geral

da Previdência Social, neste sentido também é o entendimento dos Tribunais pátrios, vejamos,

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUXÍLIO-RECLUSÃO.

REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA.

QUALIDADE DE SEGURADO. ARTIGO 80 DA LEI Nº 8.213/91 E ARTIGO 116,

§3º DO DECRETO Nº 3.048/99. 1. O auxílio-reclusão é devido aos dependentes de

baixa renda, dos segurados recolhidos à prisão, que não recebam remuneração da

empresa nem estejam em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de

permanência em serviço. 2. Em relação à dependência econômica da Autora ao

segurado recluso, a Lei nº 8.213/91 em seu artigo 80, regulamentada pelo Decreto nº

3.048/99, artigo 116 §3º estabelece que o benefício de auxílio-reclusão é devido aos

dependentes do recluso no momento do recolhimento à prisão, sendo necessário no

caso dos dependentes após a reclusão ou detenção do segurado, a preexistência da

dependência. 3. Constata-se em razão da documentação acostada à inicial que a

Autora se casou com o segurado em 23.12.2005 (fl. 110), e que, nesta época, ele já

se encontrava cumprindo pena privativa de liberdade na Penitenciária I de

Hortolândia, e isto desde 02 de fevereiro de 2005 (atestado de permanência

carcerária - fl. 108), sendo que desde 22.06.93, já vinha cumprindo pena privativa de

liberdade em várias penitenciárias e cadeias públicas do interior (atestados fls. 14/17

e 106/108). 4. Tendo em vista que o matrimônio ocorreu quase um ano após o

recolhimento do segurado à prisão, não há como conceder o benefício em razão

da não comprovação da vida em comum entre a Autora e o apenado à data da

prisão. 5. Assim como o benefício de pensão por morte (art. 80, Lei n. 8.213/91), o

auxílio-reclusão prescinde de carência, desde que propriamente comprovados os

requisitos para a concessão do referido benefício, quais sejam, a qualidade de

segurado à época do recolhimento deste à prisão e seu efetivo encarceramento. 6.

Não demonstrada a qualidade de segurado e a efetiva dependência econômica

da Autora com o recluso, não há como conceder o benefício. 7. Apelação não

provida. (Tribunal Regional Federal da 3ª Região.7ª Turma. Relator:

35

Desembargador Federal Antonio Cedenho. AC APELAÇÃO CÍVEL 1330685.

Processo n.º 0034773-47.2008.4.03.9999. São Paulo. 13.10.2008. grifo nosso).

De acordo com art.336, da Instrução Normativa do Instituto Nacional do Seguro

Social nº 45, de 06 de agosto de 2010, o filho nascido durante o recolhimento do segurado à

prisão terá direito ao recebimento do benefício do auxílio-reclusão a partir da data do seu

nascimento.

4.3 A constitucionalidade do auxílio-reclusão

Como bem menciona Horvat, “o legislador seleciona do mundo fático aquilo que

considera importante determinar na norma jurídica.”(HORVAT,2005, p. 137). Diante disso, o

benefício do auxílio-reclusão encontra-se previsto no art. 201, inciso IV da Constituição

Federal de 1988.

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de

caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o

equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela

Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; (Redação

dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 20, de 1998)

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; (Redação

dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa

renda; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e

dependentes, observado o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 20, de 1998) (BRASIL, 1988).

E ainda sobre a interpretação deste benefício, esclarece Russomano,

O criminoso, recolhido à prisão, por mais deprimente e dolorosa que seja sua

posição, fica sob a responsabilidade do Estado. Mas, seus familiares perdem o apoio

econômico que o segurado lhes dava e, muitas vezes, como se fossem verdadeiros

culpados, sofrem a condenação injusta de gravíssimas dificuldades.

36

Inspirado por essas ideias, desde o início da década de 1930, isto é, no dealbar da

fase de criação, no Brasil, dos Institutos de Aposentadoria e Pensões, nosso

legislador teve o cuidado de enfrentar o problema e atribuir ao sistema de

Previdência Social o ônus de amparar; naquela contingência, os dependentes do

segurado detento ou recluso. (RUSSOMANO, apud, CASTRO, LAZZARI,

P.823,2014).

E por mais que alguns defendam a sua extinção, trata-se de um benefício o qual

tem por base os princípios constitucionais de suma importância para que se alcancem os

objetivos fundamentais da nossa Carta Magna.

Atentemos, ainda, ao princípio da legalidade, ao princípio da erradicação da

pobreza, os quais estão de acordo com o princípio da obrigatoriedade de filiação, uma vez que

o benefício do auxílio-reclusão é devido apenas aos filiados e contribuintes da previdência

social, diferentemente do que muitos imaginam ser um direito de todo e qualquer preso.

Vale ressaltar que, de acordo com dados os publicados no Jornal Diário do

Nordeste, de 07.04.2014, a população carcerária do Ceará, no último mês de março, que

correspondia a 19.839 pessoas, destes apenas 1.017 (ou seja, 5,12%) eram contribuintes ativos

da Previdência Social, o que possibilitou o recebimento do auxílio-reclusão pelos seus

dependentes no Ceará.

Este instituto visa à proteção da família, uma vez que por ocasião da prisão do

segurado os seus dependentes encontram-se em situação de risco, sendo a sua subsistência

ameaçada, tendo em vista que com a prisão do seu provedor, o mesmo fica impossibilitado de

garantir o sustento de sua família.

O auxílio-reclusão encontra fundamento também no art. 5º, inciso XLV, da

Constituição Federal de 1988, em que nenhuma pena deverá passar da pessoa do condenado,

logo, os dependentes do preso contribuinte da Previdência Social deverão receber o benefício,

não podendo ser penalizados por um evento do qual não participaram.

Neste sentido, compreende-se que o benefício do auxílio-reclusão além de ter a

sua previsão constitucional de forma expressa, encontra o sentido da sua existência nos

princípios constitucionais, os quais em decorrência do princípio da solidariedade são de

37

responsabilidade do Estado e da sociedade quais sejam: a proteção da família, a defesa da

dignidade da pessoa humana, bem como o compromisso com a erradicação da pobreza.

4.4 Um benefício mal visto!

O benefício da Previdência Social mais polêmico sem dúvidas trata-se da

concessão do benefício do auxílio-reclusão, para muitos se trata de um benefício onde o

Estado beneficia o criminoso, mas não atende à suposta necessidade da família da vítima do

crime.

Tendo sido inclusive tema de Proposta de Emenda à Constitucional, conforme o

Projeto de Lei nº 304/2013, proposta em anexo, apresentado no dia 29 de agosto de 2013, à

Câmara dos Deputados, pela deputada federal Antônia Lúcia (do PSC-AC).

De acordo com a PEC nº 304 de 01 de agosto de 2013, o benefício deverá ser

pago à pessoa vítima de crime pelo período em que ela ficar afastada da atividade que garanta

o seu sustento, e em caso de morte da vítima o benefício seria convertido em pensão aos

dependentes da vítima, assim, a proposta objetiva a extinção do benefício do auxílio-reclusão

para o preso invertendo o benefício para a vítima do crime ou para os seus dependentes, uma

vez que segundo o entendimento da autora, seria mais justo amparar a família da vítima do

que a família do criminoso.

Ainda, segundo a deputada, o fato do criminoso saber que sua família não ficará

ao total desamparo se ele for recolhido à prisão pode facilitar a decisão de cometer um crime;

compreende, ainda, que quando o crime implica sequelas à vítima impedirá que o mesmo

desempenhe uma função a fim de prover o próprio sustento.

No entanto, diante de uma análise previdenciária podemos observar que o

benefício do auxílio-reclusão é devido somente ao preso segurado da previdência social e, no

caso de uma vítima ficar impossibilitada para o trabalho, em razão de um cometimento de um

crime ou mesmo que venha a falecer, ela obterá o seu respectivo benefício previdenciário,

quais sejam auxílio doença e pensão por morte. Isso somente no caso de a vítima ser

contribuinte da Previdência Social, pois beneficia apenas os seus contribuintes.

38

Quanto à questão do benefício do auxílio-reclusão vir a determinar a decisão do

criminoso antes de cometer o crime, ao que parece isso não faz o menor sentido, uma vez que

o percentual de presos que recebem este benefício é ínfima, em comparação ao aumento da

ocorrência de crimes. Sendo considerado um benefício mal visto por se tratar de um benefício

previdenciário concedido a uma pessoa que cometeu um crime e que encontra-se presa.

39

5 CONCLUSÃO

O benefício do auxílio-reclusão tem previsão no art. 201, inciso IV da

Constituição Federal de 1988 e encontra-se regulado por leis específicas no art. 80 da Lei n.º

8.213 de 24 de julho de 1991; art. 2º, da Lei 10.666 de 08 de maio de 2003, e art.116 ao

art.119 do Decreto 3.048 de 06 de maio de 1999.

É devido nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do

segurado de baixa renda recolhido à prisão, desde que não esteja mais recebendo remuneração

da empresa ao qual trabalhava, nem esteja em gozo de auxílio-doença, aposentadoria, ou

abono de permanência de serviço (atualmente extinto).

Ficou esclarecido que os beneficiários do instituto em apreço são os dependentes

do segurado de baixa renda que se encontra preso, eis que se trata de benefício previdenciário

disponibilizado não ao próprio trabalhador, mas aos seus beneficiários – aqueles a que faz

alusão o artigo 16 da Lei nº 8.213/91 – que, em virtude da inviabilidade do exercício de

atividade laborativa no âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) pelo recluso,

deixam de contar com rendimento substancial para a sua manutenção. Ressalte-se que para a

concessão deste benefício não há carência.

Constatou-se que dentre os princípios da Previdência Social, destaca-se o

princípio da obrigatoriedade da filiação, o qual viabiliza o sistema previdenciário, garantindo

a todos os seus contribuintes à proteção no momento do evento que gera a necessidade social.

Dessa forma, a concessão deste benefício pela Previdência Social somente é possível aos

dependentes de seus contribuintes. Assim, uma vez verificada a condição de contribuinte e

preenchidos os requisitos dispostos no art. 116 ao art.119 do Decreto 3.048 de 06 de maio de

1999, cabível é o recebimento do benefício do auxílio-reclusão.

Constatou-se também que a data de início do recebimento do benefício será a data

do recolhimento à prisão, salvo se a data do requerimento administrativo pelos dependentes

for posterior a 30 dias da ocorrência da prisão, que nesse caso será o da data de entrada do

pedido junto ao Órgão Previdência Social.

40

Concluiu-se, ainda, que o auxílio-reclusão só será cabível quando o preso for

cumprir a pena nos regimes fechado, semiaberto, medida socioeducativa de internação e por

ocasião de medidas cautelares (temporária, em flagrante e preventiva), uma vez que o

segurado de baixa renda encontra-se impossibilitado de exercer atividades laborativas para

garantir o sustento de seus dependentes.

Observou-se, contudo, que o benefício será suspenso em caso de fuga do detento,

mas havendo sua recaptura e estando mantida a condição de segurado, será restabelecido o

recebimento do benefício aos seus dependentes, contando o recebimento da data do retorno à

prisão.

O art. 118 do Decreto nº 3.048, de 06 e maio de 1999, estabelece que falecendo o

segurado detido ou recluso, o auxílio-reclusão que estiver sendo pago aos seus dependentes

será automaticamente convertido em pensão por morte.

No entanto, no que se refere à problemática no nosso ordenamento jurídico quanto

à concessão deste benefício, que diante da Proposta de Emenda à Constituição de nº 304/2013,

a qual objetiva a extinção do benefício do auxílio-reclusão, convertendo-o em benefício à

família da vítima do crime, compreende-se que de acordo com os institutos estudados não há

a possibilidade de este benefício ser convertido em benefício para os dependentes da vítima

do crime, em razão de violar os princípios constitucionais.

Tendo em vista o caráter contributivo da Previdência Social, sendo seus

benefícios devidos somente aos seus contribuintes, caso a vítima do crime não seja

contribuinte da Previdência Social não há a possibilidade de se ter a cobertura pecuniária.

Nesse caso, as vítimas do crime ou seus dependentes poderiam ser assistidos pela seguridade

social, através do Instituto da Assistência Social, previsto no art. 203 da Constituição Federal

de 1988.

Todavia, se a vítima de um crime for contribuinte da Previdência Social, poderá

vir a receber outros benefícios, por exemplo, o auxílio-doença, ou dependendo do caso, seus

dependentes poderão ser beneficiados com a pensão por morte.

41

Outrossim, conforme dados apresentados no Jornal do Diário do Nordeste, em 07

de abril de 2014, no Estado do Ceará os beneficiários do auxílio-reclusão representam apenas

cerca de 5,12% da população carcerária, ou seja, dos 19.839 presos, apenas 1.017 presos eram

contribuintes ativos da Previdência Social no momento de sua prisão, o que representa uma

quantidade ínfima que não seria capaz por si só, acaso fosse aprovada a extinção do benefício

do auxílio-reclusão, de determinar a diminuição do índice de violência.

E mais, com a extinção deste benefício estaríamos diante de uma clara violação ao

art. 5º, inciso XLV da Constituição Federal de 1988, que trata do princípio da

individualização da pena, uma vez que nesse caso a família do segurado seria também

penalizada pela prática do crime por ele praticado.

Isso exposto, compreende-se a total constitucionalidade do benefício do auxílio-

reclusão, uma vez que tem previsão constitucional e atende aos princípios constitucionais da

dignidade humana, da legalidade, da obrigatoriedade da filiação, da universalidade e da

cobertura do atendimento, da solidariedade, da proteção da família, da individualização da

pena e da erradicação da pobreza.

Compreende-se, portanto, a necessidade deste instituto na construção de um

Estado democrático de direitos e considera-se uma verdadeira afronta aos direitos sociais

conquistados essa Proposta de Emenda a Constituição nº 304 de 01 de agosto de 2013, que

visa a sua extinção. Neste sentido, espera-se a sua não aprovação por parte dos parlamentares

a quem compete o poder de decidir acerca do assunto.

42

REFERÊNCIAS

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promulgada em 25 de marco de 1824.

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exercício de 1889 e dá outras providências. Dada no Palacio do Rio de Janeiro, RJ, 24. nov.

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Palacio do Rio de Janeiro, RJ, 26. mar.1888.

_____. Lei nº 217, de 29 de novembro de 1892. Institui a aposentadoria por invalideze a

pensão por morte dos operários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro. Dada no Palacio do

Rio de Janeiro, RJ, 29. nov.1892.

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dos Operarios da Casa da Moeda e aprovação do respectivo regulamento, que a este

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30. dez.1911, 90º da Independencia e 23º da Republica.

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de trabalho. Diario Oficial da União, Rio de Janeiro, RJ, 31. dez.1919. 98º da Independência

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ferroviários.Diario Oficial da União, Rio de Janeiro, RJ, 28. jan.1923.

43

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dos Maritimos, regula o seu funcionamento e dá outras providencias. Rio de Janeiro, RJ, 29.

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Social. Brasília, DF, 26. agô.1960, 139º da Independência e 72º da República.

_____. Decreto- Lei nº 72, de 21 de novembro de 1966. Unifica os Institutos de

Aposentadoria e Pensões e cria o Instituto Nacional de Previdência Social. Diario Oficial da

União, Brasília, DF, 22. nov. 1966.

_____. Lei Complementar nº 11, de 25 de maio de 1971. institui o Programa de Assistência ao

Trabalhador Rural, e dá outras providências. Diário oficial da União, Brasília, DF, 26. mai.

1971.

_____. Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972. Dispõe sobre a profissão de empregado

doméstico e dá outras providências. Diário oficial da União, Brasília, DF, 22. dez. 1972.

_____. Lei nº 6.435, de 15 de julho de 1977. Dispõe sobre as entidades privadas. Diário

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_____. Lei 8.213/91 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da

Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União da República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25.jul.1991.

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dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 07.mai.1999.

_____. Lei 10.666/2003 de 08 de maio de 2003. Dispõe sobre a concessão da aposentadoria

especial ao cooperado de cooperativa de trabalho ou de produção e dá outras providências.

Brasília, 8 de maio de 2003; 182o

da Independência e 115o

da República.

_____. Lei n.º8069/90, de 13 de julho de 1990.Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do

Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16.jul.1990.

_____. Decreto n.º 54 de 12 de setembro de 1934, Aprova o regulamento do Instituto de

Aposentadoria e Pensões dos Bancários. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, RJ, 20 de

set. 1934.

_____. Lei nº 3807 de 26 de agosto de 1960, Dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência

Social. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 05 de set. 1960.

_____. Instrução Normativa nº 45, de 06 de agosto de 2010. Dispõe sobre a administração de

informações dos segurados, o reconhecimento, a manutenção e a revisão de direitos dos

beneficiários da Previdência Social e disciplina o processo administrativo previdenciário no

âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Diário Oficial da União. Brasília, DF,

11.ago.2010.

44

_____. Portaria Interministerial MPS/MF nº 19, de 10 de janeiro de 2014. Dispõe sobre o

reajuste dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e dos demais

valores constantes do Regulamento da Previdência Social - RPS. Diário Oficial da União.

Brasília, DF, 13 de jan. 2014.

_____. Decreto da Regência de 10 de janeiro de 1835. Montepio Geral de Economia dos

Servidores do Estado. Governo Imperial. Rio de Janeiro, RJ. s.d.

_____. Tribunal Regional Federal da 3ª Região, APELAÇÃO REEXAME NECESSÁRIO

1.262.920, processo: 0007266-97.2006.4.03.6114. São Paulo. 7ª Turma. Relator

Desembargador Federal Antonio Cedenho. 09.06.2008. grifo nosso. Disponível em:

http://www.trf3.jus.br/NXT/Gateway.dll?f=templates&fn=default.htm&vid=trf3e:trf3ve.

Acesso em: 16/11/2014.

_____. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário/ Santa Catarina. 587.365,

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grifo nosso).Disponível em:

http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28587365%2ENU

ME%2E+OU+587365%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/pv8

nf4w. Acesso em: 16/11/2014.

_____. Tribunal Regional Federal da 1ª Região, AMS 2004.38.01.004047-1 MG. Apelação

em Mandado de Segurança. 2ª Turma Suplementar. 06.07.2011. Relator: Juíza Federal

Rogéria Maria Castro Debelli. grifo nosso). Disponível em:

http://jurisprudencia.trf1.jus.br/busca/. Acesso em: 16/11/2014.

_____. Tribunal Regional Federal da 3ª Região, AC APELAÇÃO CÍVEL 282.942. processo:

0086136-30.1995.4.03.9999. São Paulo. 2ª turma. 28.08.2001. Relator: Juíza convocada em

substituição Vera Lúcia Jucovsky. grifo nosso). Disponível em:

http://www.trf3.jus.br/NXT/Gateway.dll?f=templates&fn=default.htm&vid=trf3e:trf3ve.

Acesso em: 16/11/2014.

_____. Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Previdenciário. AC APELAÇÃO CÍVEL

1330685. Processo n.º 0034773-47.2008.4.03.9999. São Paulo. 7ª Turma. 13.10.2008. Relator:

Desembargador Federal Antonio Cedenho. Disponível em:

http://www.trf3.jus.br/NXT/Gateway.dll?f=templates&fn=default.htm&vid=trf3e:trf3ve.

Acesso em: 16/11/2014.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito

previdenciário. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

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HORVATH, Miriam Vasconcelos Fiaux. Auxílio-Reclusão. 1ª ed. São Paulo: QuartierLatin,

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<http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/online/apenas-5-das-familias-

de-presos-recebem-o-auxilio-reclusao-no-ceara-1.976818>. Acesso em: 11 nov. 2014.

46

ANEXO

ANEXO A - PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº304 , de 2013

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº , de 2013

(Da Sra. ANTÔNIA LÚCIA e outros)

Altera o inciso IV do art. 201 e acrescenta o

inciso VI ao art. 203 da Constituição Federal,

para extinguir o auxílio-reclusão e criar

benefício para a vítima de crime.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do art. 60 da

Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional:

Art. 1º O inciso IV do art. 201 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 201. ....................................................................

.....................................................................................

IV – salário-família para os dependentes dos

segurados de baixa renda;

...........................................................................” (NR)

Art. 2º Acrescente-se o seguinte inciso VI e parágrafo único ao art. 203 da Constituição

Federal:

“Art. 203. ....................................................................

.....................................................................................

VI – a garantia de um salário mínimo de benefício

mensal à pessoa vítima de crime, pelo período que for

afastada da atividade que garanta seu sustento e, em

caso de morte da vítima, conversão do benefício em

pensão ao cônjuge ou companheiro e dependentes da

vítima, na forma da lei.

Parágrafo Único. O benefício de que trata o inciso VI

deste artigo não pode ser acumulado com benefícios dos

regimes de previdência previstos no art. 40, art. 137,

inciso X e art. 201.”

Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

47

JUSTIFICAÇÃO

A Constituição Federal de 1988 garante, às famílias do segurado de baixa renda

recolhido à prisão, o auxílio-reclusão. O benefício é calculado com base na média dos

salários-de-contribuição do segurado recluso, mas só é concedido quando esse salário for

igual ou inferior a R$ 971,78, em atendimento ao preceito constitucional de assegurar o

benefício apenas para quem tiver baixa renda.

De outro lado, não há previsão de benefício para amparar as vítimas do criminoso

e suas famílias. Quando o crime promove sequelas à vítima, dificultando o exercício da

atividade que garanta seu sustento, ficam tanto vítima quanto sua família ao total desamparo.

No caso de morte da vítima, fica a família sem renda para garantir seu sustento.

Ainda que a família do criminoso, na maior parte dos casos, não tenha influência

para que ele cometa o crime, acaba se beneficiando da prática de atos criminosos que

envolvam roubo, pois a renda é revertida também em favor da família. Ademais, o fato do

criminoso saber que sua família não ficará ao total desamparo se ele for recolhido à prisão,

pode facilitar sua decisão em cometer um crime.

Neste sentido, entendemos que é mais justo amparar a família da vítima do que a

família do criminoso. Por essa razão, propomos a presente medida para excluir o auxílio

reclusão da Constituição Federal, de forma que os recursos hoje destinados para esse

benefício, que atingiram R$317,8 milhões em 2012, sejam direcionados para a vítima, quando

sobreviver, ou para suas famílias, no caso de morte.

Para tanto, propomos inclusão do inciso VI ao art.203 da Constituição Federal,

criando, entre os benefícios da assistência social,a garantia de um salário mínimo de benefício

mensal à pessoa vítima de crime,pelo período que for afastada da atividade que garanta seu

sustento e, em caso de morte da vítima, conversão do benefício em pensão ao cônjuge ou

companheiro e dependentes da vítima, na forma da lei.

Certamente, esse deve ser um dos objetivos da assistência social, amparar a

pessoa que, não bastasse o trauma de ser vítima de criminoso, enfrenta dificuldades de

sobrevivência justamente em decorrência do crime. Ora, se o Estado não cumpre

satisfatoriamente com o seu dever de prestar segurança aos cidadãos, ao menos deve prestar

assistência financeira às vítimas e famílias.

Ressaltamos que o objetivo da medida não é indenizatório, mas garantir o sustento mínimo da

vítima e de suas famílias e,portanto, a renda sugerida é a de um salário mínimo mensal.

Ademais, quando a vítima já estiver amparada por um regime de previdência que lhe dê

direito ao auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensão por morte a seus dependentes,

o benefício deve ser afastado, nos termos do parágrafo único que propomos seja acrescido ao

art. 203 da Constituição Federal.

Tal benefício não deve excluir, no entanto, o direito da vítima obter indenização

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reparatória pelos danos sofridos. O benefício mensal é um rendimento mínimo e mais do que

justo, para garantir as necessidades básicas de alimentação e saúde da vítima e sua família.

Solicitamos aos ilustres Pares o apoio para esta iniciativa legislativa.

Sala das Sessões, em de de 2013.

Deputada ANTÔNIA LÚCIA

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