a comunicação institucional como ferramenta de marketing

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¹Jornalista (UNINOVE), Radialista setores locução e programação musical (SENAC-SP). E-mail:[email protected] A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL COMO FERRAMENTA DE MARKETING Thiago Castilha¹ RESUMO O enfraquecimento das Mídias Tradicionais, Meios de Comunicação de Massa, e o crescimento das Mídias das Fontes revela a complexidade da comunicação na atualidade propondo a reflexão sobre estruturas e poder na Sociedade. A comunicação em massa não é mais suficiente para atingir objetivos de uma organização. A customização e o interesse por assuntos específicos caminham paralelamente as necessidades e falta de tempo que as pessoas sofrem na modernidade Mundial. O Brasil reflete a situação internacional. As fontes criam seus próprios veículos de comunicação e promovem independência perante as vontades das Mídias de Massa utilizando as mesmas ferramentas do jornalismo em outro formato, mas sob a mesma intenção: a defesa de interesses. Palavras-chave: Mídias das Fontes, Comunicação Institucional, Nichos de Mercado 1 INTRODUÇÃO O processo da democracia da informação já começou e não pode ser ignorado. As grandes corporações da mídia já estão atentas a estas mudanças. As instituições, antes dependentes da “boa vontade” da mídia de massa estão criando seus canais de comunicação.

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O enfraquecimento das Mídias Tradicionais, Meios de Comunicação de Massa, e o crescimento das Mídias das Fontes revela a complexidade da comunicação na atualidade propondo a reflexão sobre estruturas e poder na Sociedade. A comunicação em massa não é mais suficiente para atingir objetivos de uma organização. A customização e o interesse por assuntos específicos caminham paralelamente as necessidades e falta de tempo que as pessoas sofrem na modernidade Mundial. O Brasil reflete a situação internacional. As fontes criam seus próprios veículos de comunicação e promovem independência perante as vontades das Mídias de Massa utilizando as mesmas ferramentas do jornalismo em outro formato, mas sob a mesma intenção: a defesa de interesses.

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¹Jornalista (UNINOVE), Radialista – setores locução e programação musical (SENAC-SP).

E-mail:[email protected]

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL

COMO FERRAMENTA DE MARKETING

Thiago Castilha¹

RESUMO

O enfraquecimento das Mídias Tradicionais, Meios de Comunicação de Massa, e o

crescimento das Mídias das Fontes revela a complexidade da comunicação na atualidade

propondo a reflexão sobre estruturas e poder na Sociedade. A comunicação em massa não é

mais suficiente para atingir objetivos de uma organização. A customização e o interesse por

assuntos específicos caminham paralelamente as necessidades e falta de tempo que as pessoas

sofrem na modernidade Mundial. O Brasil reflete a situação internacional. As fontes criam

seus próprios veículos de comunicação e promovem independência perante as vontades das

Mídias de Massa utilizando as mesmas ferramentas do jornalismo em outro formato, mas sob

a mesma intenção: a defesa de interesses.

Palavras-chave: Mídias das Fontes, Comunicação Institucional, Nichos de Mercado

1 INTRODUÇÃO

O processo da democracia da informação já começou e não pode ser ignorado. As

grandes corporações da mídia já estão atentas a estas mudanças. As instituições, antes

dependentes da “boa vontade” da mídia de massa estão criando seus canais de comunicação.

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL COMO FERRAMENTA DE MARKETING

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Em um cenário como este existe dois pontos de relevância: desafios e oportunidades.

Aos profissionais da comunicação cabe entender, decifrar e superar o oceano de informação

que está sendo gerado a cada instante. As oportunidades estão na possibilidade de ganhar

relevância social sem depender das grandes redes oligárquicas da mídia.

O paradigma discutido neste artigo é o crescimento das mídias institucionais denominadas

como Mídias das Fontes, fenômeno que surgiu e ganhou relevância como alternativa as

empresas dominadoras das Mídias de Comunicação de Massa.

A contribuição da presente pesquisa está na identificação de um nicho de trabalho, logo

uma oportunidade aos profissionais em inicio de carreira, bem como os já ingressados na

profissão do Jornalismo.

No campo acadêmico, esta pesquisa contribui para identificação e visa proporcionar maior

conhecimento sobre as consideradas Mídias de Fontes e o processo revolucionário em que

estão envolvidas, cuja ação contribui para a redução do poder das MCM, uma vez que as

Mídias Corporativas vêm ocupando espaço gradualmente no campo comunicacional.

2 COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL

A comunicação corporativa, também conhecida como comunicação empresarial tem

seus primeiros registros na Europa do século XVI. As primeiras publicações catalogadas

foram a alemã Zeitungen e a italiana Avvis, ambas de propriedade de casas bancárias. Eram

folhetos com noticias, muito diferentes do formato das publicações que conhecemos na

atualidade. (SANTOS, 1995)

Dentro da definição de imprensa institucional existem três características

fundamentais: Propriedade, periodicidade e caráter jornalístico. O grande potencializador da

comunicação corporativa foram as conseqüências econômicas e sociais da Revolução

Industrial que criou demanda para o exercício de tal atividade, pois as empresas em pleno

crescimento precisavam de espaço para divulgar suas atividades. (SANTOS, 1995)

Sobre a comunicação institucional, responsável tanto pela redução parcial do domínio

e poder quase absoluto dos veículos de comunicação tradicionais sobre a construção e

legitimação de realidades, como pela criação de uma relação entre estes mesmos veículos e a

comunicação corporativa, podemos considerar que tal fenômeno proporcionou voz e espaço

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL COMO FERRAMENTA DE MARKETING

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próprio às empresas e organizações antes meras participantes e fontes de informação dos

meios de comunicação tradicionais. (SANT’ANNA, 2006). Na sociedade brasileira o

surgimento e desenvolvimento da comunicação institucional como tem sido progressivo e está

se consolidando a cada dia.

No anos 80, a imprensa sindical (empregados) brasileira foi uma grande escola para a

mídia das instituições patronais. Os trabalhadores, intelectuais e estudantes buscavam um

novo horizonte para os brasileiros. Nesse contexto ocorreram as greves no ABC e a

consolidação das entidades sindicais representativas dos movimentos populares. (KUCINSKI;

2003)

A evolução da comunicação nas últimas décadas aponta forte tendência e oportunidade

para o profissional do jornalismo no campo institucional. As mídias tradicionais estão

perdendo força e liquidez. Quadro de funcionários enxuto, em função de questões econômicas

– perda do consumidor, no caso do impresso, que acompanha e se informa pela internet, meio

que apesar das possibilidades multimídias ainda não oferece retorno financeiro.

[...] No Brasil, o campo da Comunicação Organizacional evoluiu nos últimos

quarenta anos das reflexões operacionais sobre o jornalismo empresarial –

produzido no contexto da administração científica e de uma sociedade

politicamente e economicamente fechada – para uma comunicação que, na

contemporaneidade, deve ser produzida para uma sociedade mais aberta, em

termos comportamentais, e, no entanto, mais complexa no que se refere aos

desafios econômicos, sociais e ecológicos[...] (Nassar, 2008, pg. 73)

As mídias digitais se caracterizam, de lá para cá [anos 90], por grande abrangência,

alta interatividade e velocidade de intervenção no debate social, além de sua utilização por

não-especialistas, como produtores de conteúdos e acontecimentos midiáticos. (NASSAR,

2008, pg. 194).

Por que buscar como meio de trabalhos publicações institucionais? A resposta está no

crescimento e tendência de expansão do setor. A pesquisa da ABERJ sobre Comunicação

Interna de 2007 que destaca o crescimento da comunicação corporativa pelo aumento de

investimento das empresas nessa área.

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL COMO FERRAMENTA DE MARKETING

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O aumento de investimento em mídias institucionais, seja pela diversificação no plano

de mídia ou pela necessidade de falar com públicos específicos é fator comprobatório da tese

de que as mídias tradicionais estão perdendo espaço. Atualmente, o consumidor busca

produtos com que tem identificação. O mercado institucional tem esse forte apelo e

diferencial, pois a produção é especifica para determinado nicho. Assim sendo, existe o

enaltecimento do individuo desassociando-o da massa.

2.1 MICRO-ESFERAS DE INFLUÊNCIA E O ENFRAQUECIMENTO

DAS MÍDIAS TRADICIONAIS

Em análise mais profunda do cenário da comunicação midiática no Brasil revelará um

processo, cuja tendência parece ser a divisão de mercado, de ampliação de espaços próprios

de expressão para setores que até há pouco tempo só tinham voz na medida em que

interessassem ao agendamento da mídia tradicional. A percepção de tal divisão é notada pelo

surgimento de inúmeras publicações que especializadas ou não dividem a atenção do público,

cuja predileção existe pelos assuntos em que tem interesse.

Tamanha é a divisão e oportunidade de espaço para exposição que até organizações

sociais de caráter religioso, organizações não governamentais, instituições de ensino e

segmentos do poder político e judiciário têm hoje à disposição canais de TV aberta, emissoras

de rádios ou programas especiais periódicos nos mais diferentes veículos de comunicação.

(SANT´ANNA, 2009)

À primeira vista, seria possível observar tal fenômeno apenas como esforços das

organizações que têm propósito de ampliar sua capacidade de alcance ao proporcionar

informação dirigida aos públicos de interesse conquistando além de audiência, vantagens para

si, econômicas e ou políticas.

No entanto, esta visão reducionista e superficial deixaria à margem uma avaliação

mais aprofundada de objetivos e implicações que derivam do processo, não permitindo que

alcançasse a natureza, em certa medida, revolucionária, ou seja, é contundente considerar que

o aumento desse tipo de comunicação e a divisão de poder das mídias tradicionais que passam

a ter como concorrentes as mídias corporativas.

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Este processo implica o deslocamento desses setores, antes restritos à condição de

fontes de informação, apenas informativo, agora como produtores de mídias da fontes. Assim

sendo, cria-se uma classificação especifica: Jornalismo das Fontes e considerar os

profissionais que nela atuam de Jornalistas das Fontes.

“A ação informativa das fontes engloba também a produção de inúmeras estruturas

que atuam como agências de notícias, algumas das quais especializadas em preparar e

difundir para as mídias tradicionais informações já formatadas para a veiculação

imediata na televisão e no rádio, os chamados rádio releases, tele releases ou ainda

releases eletrônicos. Esses produtos encontram excelente aceitação por parte da mídia

tradicional, uma vez que apresentam conteúdo satisfatório, são gratuitos e se mostram

economicamente interessantes às estruturas reduzidas das redações jornalísticas

tradicionais. A sociedade brasileira, portanto, se organiza cada vez mais para falar

diretamente à opinião pública sem intermediários”. (SANT’ANNA,2006)

2.2 INFLUÊNCIA NO MEIO – A FORMAÇÃO DE OPINIÃO

Os meios de comunicação que transmitem informações, idéias, entretenimento;

também são formadores de opinião. Um exemplo clássico é a influência exercida pelas

novelas brasileiras na moda das ruas. Indianas, ciganas, praianas enfim, são tendências que a

mídia cria e as pessoas transportam para a vida.. O mesmo fenômeno ocorre com as revistas

institucionais.

Por meio da publicação, a organização detentora de sua propriedade dissemina sua

ideologia, expõe suas perspectivas sobre o fato e contesta situações que não lhe são

convenientes.

Além de influenciar o público, a publicação quando alcança status de idoneidade, quer

por sua abrangência e ou seriedade, adquire poder para conseguir benefícios para si e para seu

meio de atuação como, por exemplo, governo, categorias econômicas correlacionadas e

imprensa de interesse. Tal influência na esfera pública é comprovada pelos números

levantados nos estudos de Venâncio A. de Lima:

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[...] a televisão no Brasil tem um grupo claramente hegemônico: a Rede Globo,

que completou 40 anos em 2005, controlava, em junho do mesmo ano, 119

emissoras entre próprias e afiliadas. Produziu cerca de 70% de toda a sua

programação e manteve, em 2003, sua participação média no mercado televisivo

em cerca de 54%. Suas novelas são exportadas para vários países e já alcançaram

(em 2005) cerca de 70 milhões de telespectadores por ano no exterior. Em 2005,

a Rede Globo – sem incluir as afiliadas – teve um faturamento líquido de 2,3

bilhões de reais. Isso representa cerca de três vezes o faturamento da Rede

Record e do SBT juntas. Com essa estrutura, a Rede Globo se tornou um

importante ator político, participando, ao longo dos anos, às vezes de forma clara

e direta, das mais importantes decisões políticas do país. (LIMA, 2007, p. 457)

2.3 - O VÍNCULO ENTRE PODER E MÍDIA

“Quem detém a informação, detém o fator central de desenvolvimento”

(GUARESCHI, 2000). Considerando o desenvolvimento do poder apenas como técnica, o

poder alcançou este grau máximo de excelência ao conseguir a invisibilidade do processo de

domínio e, por conseqüência, de quem o detém. Galbraith (1999) definiu-o como a

capacidade de um indivíduo ou grupo de obter de outro indivíduo ou grupo de indivíduos a

submissão as suas vontades.

Em outras palavras, o castigo aplicado na época da escravatura, geralmente pelo uso

de chicote em um servo, o mantinha consciente do domínio exercido pelo feitor. O chicote por

sua vez era o símbolo de poder.

Atualmente de modo menos doloroso, mas não menos torturante, o trabalhador exerce

suas funções à força, que é claramente perceptível, da necessidade e expectativa de

compensação econômica. O grande potencializador desta “tortura” moderna é o consumismo

que está injetado nas veias da atual sociedade. (JAMESON, 2006) Guareschi nos oferece um

exemplo de como a comunicação pode ser um instrumento vigoroso de construção de

realidades a partir do que se denominou “milagre brasileiro”.

Um claro de como a comunicação constrói a realidade foi o que Mattelart (1973)

chamou o processo de “maior exercício de marketing internacional do Brasil” a

campanha foi feita pelo governo brasileiro no início da década de 70. Ao preço

de meio milhão de dólares, o governo brasileiro reuniu, num consórcio, as quatro

maiores agências publicitárias do país (todas elas penetradas de capital norte-

americano) e planejou a campanha de “criação” do “milagre brasileiro”, com

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anúncios redigidos em cinco línguas e enviados aos maiores diários e revistas do

bloco capitalista. Com isso, o governo encheu o balão do milagre brasileiro que

viria a se esvaziar pouco tempo depois, misteriosamente... (GUARESCHI, 2004,

pg. 14)

2.4 - RELAÇÃO ENTRE JORNALISMO E PROPAGANDA

O jornalismo – profissão - traz consigo o romantismo e forte e ideologia com

princípios de defensor da verdade e guardião da sociedade. A figura do jornalista é

conceituada na sociedade como um super-herói repleto de virtudes. Um exemplo clássico é a

personagem Super Homem/Clark Kent que mesmo tendo todas as possibilidades ao alcance

das mãos age sempre com idoneidade, austeridade e compaixão, mesmo em situações em que

qualquer um seria perdoado se cometesse um erro. Já os profissionais do marketing são vistos

como Lex´s Lutors, figura, segundo o produto midiático, que é capaz de utilizar de qualquer

recurso para lucrar. (SHUSTER E SIEGEL 1938)

Dados os estereótipos, a relação entre jornalismo e propaganda que por mais

contraditórias e antagônicas que possam ser no senso comum, são atividades que estão muito

próximas. Entretanto nesta correlação os pesos e medidas são diferentes. O jornalismo é

dependente da propaganda que gera receita possibilitando a atividade. Já o marketing, nesta

abordagem, é auto-suficiente por não depender do jornalismo para existir.

No entanto a propaganda sofre ruídos e no formato de publicidade – ou texto

jornalístico – a barreira de defesa do leitor é muito mais fácil de ser vencida pela mensagem.

Interação e cooperação mútua são os termos que guiam essas áreas da comunicação na

atualidade. O fato é que o exercício do jornalismo tem custo elevado, no caso de publicações

mais elaboradas este custo é maior ainda. Como manter a qualidade de um produto, se os

custos para sua produção é alto? Aí é que entra o marketing como mantenedor e capacitador

de arrecadação de recursos.

Aproximação entre as atividades é motivada pela necessidade de lucro. A afirmação

apresenta uma situação que existe desde o primórdio do jornalismo moderno. Essa relação foi

debatida no Curso de Jornalismo da Abril em 2005, segundo relato no artigo de Fabiano

Ávila:

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[...] Segundo o diretor superintendente da Abril e estudioso da relação entre

marketing e jornalismo, Laurentino Gomes, quando o jornalista busca tornar o

material jornalístico interessante e agradável, está fazendo marketing. Para

aumentar a polêmica, defendeu em sua palestra no Curso Abril que a reportagem

nada mais é do que uma poderosa ferramenta de marketing, que permite

sistematizar a busca de informações, ordená-las de forma compreensível na

linguagem do leitor e satisfazê-lo em suas necessidades. Diversas lições do

marketing sempre foram, consciente ou inconscientemente, aplicadas ao

jornalismo. Em relação à fidelidade do público, por exemplo, o marketing ensina

que clientes muito satisfeitos tornam-se "apóstolos". São aqueles apaixonados,

capazes de defender um produto em qualquer circunstância. As redações sempre

buscaram formar esses seguidores criando espaços para suas manifestações e

atendendo quando possível a suas reivindicações. [...]

Outro comparativo que também exemplifica a idéia sobre este assunto é ver marketing

e jornalismo e como estado e igreja, ou seja, respectivamente administrativo e redação. No

entanto, diferente da tendência que há para estados cada vez mais desassociados da religião, a

relação entre marketing e jornalismo, ideologicamente antagônica, está cada vez mais

próxima.

Sobre a função do jornalista é disseminada na academia a importância da verdade e

compromisso com a sociedade, sendo que "tem uma delegação ou representação tácita que o

autoriza a ser os ouvidos e os olhos remotos do público" (LAGE, 2001, pg.23).

Normalmente o jornalismo deve ser independente para seu livre exercício, mas é questionável

a influência de patrocinadores e interesses comerciais e políticos da empresa jornalística. Na

prática percebemos que os fatores financeiros falam mais alto. Em jornais impressos é

frequente a diminuição de textos para inserção de anúncio publicitários, por exemplo.

Sobre a conceituação de marketing, de forma errônea, o termo é usado como vocábulo

alternativo para vendas, sendo que muitas vezes é vulgarizado e ao seu significado é agregada

a figura de ilusionista. É colocado, desta forma preconceituosa como manipulador de uma

situação para a melhor aceitação do público.

Peter Drucker ao explanar sobre a forma de captação de recursos e obtenção de

resultados em uma empresa, explica que independente da atividade os recursos e a cobertura

dos custos estão fora da empresa, sendo o maior patrimônio desta o conhecimento – agregado

pela parte cientifica e social advinda do intelecto dos seus colaboradores - e a capacidade de

usá-lo. (DRUCKER, 1998)

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Tendo como partida que o conhecimento é o maior bem de uma empresa, enaltece a

importância do marketing como ferramenta para captação de recursos e obtenção de

resultados, fatores determinantes para uma empresa jornalística funcionar.

Ressaltadas as qualidades, faz-se necessário discutir o que realmente força esse

relacionamento cada vez mais próximo entre jornalismo e marketing. O ombusdman da Folha

de São Paulo em 1995, Marcelo Leite, publicou artigo que é bastante importante para o

desenvolvimento dessa parte do trabalho. 34

No artigo, intitulado como “Marketing, jornalismo e isenção”, o texto relaciona o

aumento de custos da produção jornalística como maior fator da aproximação das redações

com o marketing.

O concubinato de conveniência entre marketing e jornalismo ainda não produziu

prole capaz de fundar uma dinastia, mas já espalhou alguns bastardos pela

imprensa brasileira. Um deles é o que se poderia chamar de matéria paga

gratuita, na falta de apelido menos contraditório. Submetidos à alta dos preços do

papel e à concorrência de outros meios, jornais e revistas recorrem cada vez mais

a promoções para manter ou elevar as tiragens. Fascículos, CDs, sorteios _há

apêndices para todos os gostos nas bancas. As pessoas compram, sinal de que a

estratégia está correta (ou seja, funciona, conforme a lógica estreita dos tempos

atuais).O abastardamento do jornalismo não decorre dos próprios brindes, alguns

dos quais até podem ajudar a educar este país inculto. O problema está no uso do

já racionado espaço editorial _aquele destinado a notícias e reportagens, não a

anúncios_ para a promoção dessas iniciativas estranhas às redações. Neste

terreno, a maioria dos jornais e revistas têm telhados de vidro. Das reportagens

da Folha sobre seus atlas às do jornal "O Estado de S.Paulo sobre os encartes da

revista "National Geographic que está para lançar, não faltam exemplos de

anúncios fantasiados de notícias. Não são poucos os leitores que percebem esse

desvio e se queixam, indignados, ao ombudsman. [...]

Antagônicos ou não, de fato as duas áreas estão a cada dia mais próximas, haja visto

que a atuação jornalista há muito se tornou negócio. Empresas jornalísticas, como outras

empresas visam lucro. O marketing proporciona situações que possibilitam melhores

resultados financeiros ao jornalismo. Cabe à discussão da questão, o exercício da ética do

jornalista.

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL COMO FERRAMENTA DE MARKETING

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2.5 JORNALISMO E PROPAGANDA NAS MÍDIAS INSTITUCIONAIS

Nas mídias institucionais a relação com o marketing pode ser vista em outro sentido,

uma vez que o produto em si é feito com o objetivo de disseminar ideologia por meio do

conteúdo da pauta, como discutido no tópico Pauta Protecionista do capítulo anterior. O

propósito destas mídias é complacente com esta relação.

Basta ressaltar que este tipo de comunicação, compreendido também como jornalismo

de influência (SANT´ANNA, 2009) segundo consideração do autor, existe alto potencial

desses veículos tornarem-se ferramentas de propaganda. As empresas têm objetivos fixados

no exercício do jornalismo “obter a participação positiva, com intensidade moral dos

trabalhadores” (TORQUATO, 2004, pg. 26). Sobre suposta dependência do jornalismo

institucional, que pode e muito depreciar a atividade jornalística, Sant´anna discorre sobre

esse aspecto diz:

[...] Inicialmente, a alegação de que, nos jornalismo das fontes não existe

oposição ou independência na relação jornalista versus fonte pode até ser

verdadeira, mas não é suficiente para descaracterizar tal atividade como

jornalística. De maneira geral, no jornalismo a relação fonte-jornalista pode

suscitar interesses e satisfações comuns aos dois lados. Entre jornalistas e fontes

é factível a existência de uma relação de identidade ou de complementaridade,

pelas quais os dois pólos comungam os mesmos objetivos e as mesmas

realidades e colaboram de maneira sistemática e intencional na produção

jornalística. [...] (SANT´ANNA, 2009 , pg. 511)

2.6 CREDIBILIDADE - FATOR DIFERENCIAL

Apesar da relatada proximidade entre marketing e jornalismo é preciso ressaltar o

diferencial que a imprensa, por meio da atuação do jornalista proporciona: credibilidade. Este

é o fator mais importante em publicações. O jornalismo, antes de tudo e por definição tem

compromisso com a população. Quanto maior a idoneidade, maior é a confiança do público.

Atualmente, observa-se que devido a exigências de mercado e financeiras muitos

veículos estão abrindo mão da credibilidade pela audiência, seja no papel ou na tela de TV.

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL COMO FERRAMENTA DE MARKETING

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O jornalista Luciano Martins, publicou um artigo no site do Observatório da imprensa

sobre a troca de credibilidade por audiência:

[...] em vez de procurar se diferenciar na complexidade das mídias, as empresas

jornalísticas buscam se beneficiar por todos os meios dos volumes de audiência

dos meios de entretenimento, aderindo ao discurso ligeiro da mídia eletrônica e

eventualmente até mesmo emprestando a seriedade de suas páginas a invenções

de produtores e marqueteiros, em especial no chamado mercado de cultura.

(MARTINS, 2005)

Revistas e outras mídias que utilizam do jornalismo não devem perder essa

característica. O consumidor impõe menos barreiras à informação jornalística do que a

publicitária e o jornalismo não deve ser o falso dessa relação. Perder o fator credibilidade é

como perder a identidade jornalística. Luciano Martins, no mesmo artigo reitera a importância

da credibilidade na produção jornalística:

A credibilidade, portanto, é valor que se inicia e se fecha dentro do ambiente estrito do

jornalismo, esteja ele expresso em papel, numa tela de computador ou no telefone celular.

Portanto, as chances de empresas jornalísticas conseguirem sobreviver, no ambiente de

rápidas transformações que estamos vivendo, dependem em grande parte de sua capacidade

de romper o círculo de auto-referências e se lançar à conquista da confiança de grandes e

diversificadas massas de cidadãos. (MARTINS, 2005)

3 CONCLUSÃO

O caráter revolucionário das Mídias das Fontes é indiscutível, entretanto seu anseio é o

mesmo da mídia tradicional, a defesa de interesse. No Caso das Mídias das Fontes é a busca

por voz na sociedade e interação entre seus pares. O mercado aponta uma forte tendência de

aprimoramento das mídias institucionais. No entanto alguns fatores são primordiais como

credibilidade e ética para cria e manter a confiança do público.

É preciso levar em consideração que neste novo cenário midiático, as informações

produzidas por estes atores sociais – instituições- disputam a audiência da sociedade com os

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL COMO FERRAMENTA DE MARKETING

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veículos e meios das mídias tradicionais. Neste sentido, passam gradualmente a reduzir o

monopólio do agendamento da realidade, antes sob os critérios e interesses unicamente dos

agentes tradicionais.

Com base nas obras de especialistas em comunicação por meio de pesquisa

bibliográfica, bem como estudo de caso este artigo revela a força das mídias

institucionais/segmentadas e demonstra que o poder destes periódicos esta bem além de meros

boletins de notícias.

Os nichos estão cada vez mais específicos, existem publicações especializadas em

tratamento de pele, esportes como golf, sinuca e até mesmo publicações sobre frutas e

legumes. Mas o que está por traz dessa grande quantidade de informação gerada a cada

instante. Dentro desse universo colocasse em discussão a neutralidade jornalística versus a

intenção da publicação desde a formação de opinião, influencia do meio e intenções de

marketing.

A disponibilidade de veículos de comunicação segmentados, especializados e dirigidos

a públicos específicos podem ser uma boa solução de marketing para falar diretamente ao

público de interesse.

Os desafios para os profissionais de comunicação estão a cada dia mais complexos.

Vivemos um momento em que a desinformação é reinante. A atenção do publico é talvez, um

dos pontos mais difíceis dentro do processo de comunicação.

Essas mídias, em especifico têm forte caráter de regulação e orientação ao seu leitor,

tão logo o bloqueio e recusa a informação/propaganda é menos resistente devido ao

interessado consumir esse conteúdo com interesse e minúcia.

Um formato de falar com o cliente bastante recorrente é o formato editorial que não é

novidade em jornalismo e muito menos em propaganda. No entanto é bastante recorrente, haja

vista que a credibilidade do veículo pesam na eleição de idoneidade do leitor em relação à

conteúdo.

As mídias das fontes fazem parte de um processo de revolução comunicacional em que

as mídias de massa em posse de oligarquias e a serviço de favorecimento e do lucro em

beneficio próprio estão a cada dia perdendo força. As mídias impressas, rádios e TV vivem

dilemas e buscam soluções para a perda de audiência e principalmente nas vendas.

A segmentação é a resposta para toda essa crise e é também o grande desafio. Eleger

grupos que compartilhem das mesmas ideias dos veículos e trabalhar de acordo com os

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interesses desses grupos não é um mecanismo simples. No caso das mídias de massa que

vivem do lucro pela grande escala, o problema torna-se mais complicado.

As Mídias das Fontes possuem essa característica e tem maior desenvoltura no

relacionamento e resposta as ansiedades do seu interlocutores. A comunicação vive uma

grande revolução, as mídias das fontes já obtiveram seu espaço e em cada micro-esfera busca

consolidação.

No ambiente institucional, o enfraquecimento veio por parte da iniciativa das

organizações que criaram meios próprios de interagir com o público de interesse e buscar

notoriedade social.

Mas, e no âmbito das pessoas comuns?Deixamos aqui a questão, quais serão os

agentes desse processo de democratização da comunicação. As redes sociais são meios de

infomação ou desinformação? Ética e garantia dos direitos autorais serão colocados de lado.

O novo milênio já revela que muitas mudanças ainda estão por vir nos meios de comunicação

e por enquanto apenas uma afirmativa parece ser uma boa aposta: A segmentação.

4 REFERENCIAS

4.1 BIBLIOGRAFIA

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A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL COMO FERRAMENTA DE MARKETING

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