a ciência das relações públicas
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Marco António Antunes *
A ciência das Relações Públicas
História
Conceitos
Técnicas
Versão 2.0 Revista e actualizada
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 2
Marco António Antunes * Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior (Covilhã – Portugal) www.ubi.pt Master em Direcção de Marketing e em Direcção de Comunicação, Relações Públicas e Protocolo pela ESERP Business School em colaboração com a Escola Universitària d’ Estudis Empresarials da Universitat de Barcelona (Catalunha – Espanha) www.eserp.com Acreditado oficialmente para a prática de Direcção de empresas e relações públicas nºs 4014 e 4379 pelo International Institute of Public Relations, Management & Business (Barcelona – Espanha). www.inirp.com
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 3
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 4
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………... 5 I. A INTERPSICOLOGIA DA ORGANIZAÇÃO ………………………………………... 8 II. BREVE HISTÓRIA DAS RELAÇÕES PÚBLICAS .............................................. 10 III. EFICIÊNCIA E EXCELÊNCIA EM RELAÇÕES PÚBLICAS .............................. 22 IV. TIPOLOGIA DAS RELAÇÕES PÚBLICAS ....................................................... 35 V. INVESTIGAÇÃO DO PROBLEMA OU OPORTUNIDADE ................................. 60 VI. PLANEAMENTO ................................................................................................ 73 VII. COMUNICAÇÃO .............................................................................................. 82 VIII. AVALIAÇÃO ..................................................................................................... 85 IX. TÉCNICAS DE RELAÇÕES PÚBLICAS ........................................................... 88 CONCLUSÃO …….……………………...……………………………………………… 130 BIBLIOGRAFIA …................................................................................................. 131
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 5
INTRODUÇÃO
O ensino e a prática das Relações Públicas (RP) ocupam ainda hoje um papel
menor em Portugal, quando comparado com países tais como os Estados Unidos
(berço das RP), o Reino Unido, a França e mais proximamente a vizinha Espanha. A
última das batalhas do fundador da ciência das relações públicas, Edward L.
Bernays (1891-1995), foi a defesa do licenciamento da profissão de RP. Do mesmo
modo que profissões como a Medicina ou a Advocacia exigem uma licença, também
a prática das relações públicas deve obedecer a um rigoroso código deontológico e
a uma licença para a prática profissional. As relações públicas são simultaneamente
uma ciência aplicada de informação, persuasão e comunicação, ao serviço da
gestão institucional e empresarial, bem como uma técnica que exige elevados
padrões de ética e profissionalismo.
Podemos concluir que a Universidade procura cumprir a sua função de criação,
transmissão e difusão da Ciência, Cultura e Tecnologia, como prevê a Lei da
Autonomia das Universidades. Mas em que contexto? Esta é a questão matricial. A
actual lei é vaga. Não existe um critério de universalidade equitativo, nos casos
concretos em cada curso, referente à quantidade/qualidade da Ciência, Cultura e
Tecnologia ensinada aos alunos. A Universidade não é uma escola de formação
profissional. Mas também não se pode cair no extremo de desvirtuar a essência de
universalidade, presente na matriz fundadora da instituição universitária. A
Universidade surgiu na Idade Média como um centro de divulgação do saber
universal. Contrariamente às primitivas escolas monacais, a Universidade acolhia
qualquer pessoa e abrangia todas as ciências 1.
A Universidade nunca se pode converter num conjunto de iluminados que esquecem
a vida quotidiana e discutem só problemas teóricos. O moderno conceito de Ciência, 1 - «O Estudo Geral [nome primitivo dado à Universidade em Portugal] (...) ao contrário do que se
verificava com as velhas classes dos séculos XI e XII [escolas monacais], estava disponível a aceitar
nas suas salas quem quer que desejasse frequentá-lo (e aí reside o seu carácter universalis); depois,
porque, dada a sua concepção, já prometia ter um desenvolvimento evolutivo, no sentido de abranger
na sua estrutura todas as ciências (e também neste aspecto se coadunava com a abertura para uma
tendência universal) (...)» (AAVV, 1990: 305-306).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 6
cunhado, entre outros, por pensadores como Galileu, Bacon, Locke, Berkeley,
Kepler, Newton e Hume, explicita que a Ciência, para existir, precisa da experiência.
A experiência implica a existência de uma técnica aplicada, na prática, a problemas
e situações do mundo real. Hoje, poucas pessoas se podem dar ao luxo de pensar
apenas de forma abstracta. O comum dos mortais usa factos reais e a realidade é
feita de acções concretas.
Na maioria dos casos, as universidades portuguesas valorizam as componentes
científicas e culturais, em detrimento da importância profissionalizante da técnica e
da tecnologia. Os Institutos Politécnicos, criados originalmente como uma aposta na
interacção com o mundo empresarial e nas funções técnicas do mercado de
trabalho, transformaram-se numa cópia quase perfeita das universidades. Um novo
enquadramento legal surgiu com o Processo de Bolonha, nomeadamente a criação
de Fundações. O debate promete continuar.
Portugal tem excesso de licenciados com formação científica, tecnológica e cultural,
mas com défice profundo de conhecimentos técnicos e profissionalizantes. Qual é a
vantagem de um cidadão ter conhecimentos abstractos e uma capacidade de
análise, se na prática os conhecimentos que aprendeu raramente têm uma aplicação
prática ao mundo do trabalho?
Alguns cursos de Ciências da Comunicação em Portugal incluem disciplinas de
ciência abstracta, sem qualquer ligação ao mercado de trabalho. Um saber livresco
ensinado, quase sempre, por teóricos elitistas e sem experiência profissional. Os
alunos são «obrigados» a aprender teorias abstractas, que embora úteis em termos
culturais e científicos, não respondem aos objectivos estratégicos das organizações.
O conhecimento não serve para «meter no bolso», o conhecimento deve ter uma
função de uso capaz de criar um retorno económico do investimento (ROI) para
aquele que aprende. «Saber porquê» é fundamental, mas antes devemos «saber
fazer» e «poder fazer». Hoje, só os pseudo-cientistas se podem dar ao luxo de
pensar unicamente de forma abstracta. Os verdadeiros cientistas utilizam o
conhecimento na resolução dos problemas políticos, económicos e sociais. Os
factos reais são o resultado de acções sociais concretas. Criar riqueza é um dever
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 7
de cidadania, mais relevante do que discutir os diálogos platónicos numa sala
fechada a sete chaves da «mui nobre» instituição universitária.
Qual a função das relações públicas no contexto da Universidade? As relações
públicas possuem um corpus científico e técnico, constituindo uma ciência social
aplicada. A Ciência, Cultura, Técnica e Tecnologia são importantes e devem ser
tratadas de forma proporcional, respeitando o princípio da UNIVERSALIDADE nos
planos de estudo do ensino universitário. É urgente que os responsáveis
universitários reconheçam a importância da criação de cursos de relações públicas e
implementem políticas de gestão científica em relações públicas nas suas próprias
instituições. Uma Universidade só é UNIVERSIDADE se garantir o princípio da
UNIVERSALIDADE. No ensino politécnico dever-se-ia privilegiar a componente
tecnológica e profissionalizante, sem complexos nem preconceitos.
A técnica é tão importante como a ciência, a cultura e a tecnologia. Uma formação
integral inclui o saber porquê, mas também o saber fazer. É possível inverter o
défice de quadros técnicos que existe em Portugal, se as universidades deixarem de
ser instituições fechadas, valorizando a prestação de serviços à sociedade e a
comunicação com o mundo empresarial.
A profissionalização dos licenciados do ensino universitário é urgente e necessária.
Compete às universidades apostar na formação técnica, sem o absurdo elitista das
teorias abstractas. Formulamos votos para que as Universidades e os Institutos
Politécnicos saibam preservar a diferença, mas não se inibam de formar com
elevado sentido de responsabilidade social na promoção do emprego, da inovação
tecnológica e da competitividade.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 8
I. A INTERPSICOLOGIA DA ORGANIZAÇÃO
As relações interpsicológicas no seio da organização, aplicando as teorias de
Gabriel Tarde (1843-1904), orientam-se em três grandes eixos comunicacionais: a
invenção à qual corresponde a lei da adaptação; a imitação à qual corresponde a lei
da repetição universal; a oposição social à a qual corresponde a lei da oposição (ou
conflito). Para Tarde, a comunicação em sociedade realiza-se através de laços
sociais. A organização é um dos elementos da dinâmica social constituindo, à
semelhança das outras colectividades sociais, um conjunto de relações
interpsicológicas de transmissão de pensamento.
A invenção é a capacidade de fazer “epoqué”, isto é, num determinado momento
escapar à sociedade através do pensamento individual. Contudo esse pensamento
individual nunca será totalmente independente, pois, para Tarde, qualquer invenção
(ou descoberta) consiste num conjunto de conhecimentos antigos e frequentemente
transmitidos por outros num contágio imitativo. Deste modo, a existência de uma
auditoria de comunicação interna, apesar da capacidade inventiva do seu autor,
pressupõe um diagnóstico e monitorização do conhecimento através da imitação dos
modelos da organização de forma unilateral (do individual para o social) ou recíproca
(entre indivíduos).
A imitação é a capacidade de interacção entre os indivíduos que tendem a ser
influenciados através dos exemplos-cópia que cada um transmite de forma unilateral
ou recíproca. Na organização a imitação adopta três tipos de comunicação:
comunicação descendente (ou hierárquica), comunicação ascendente (ou salarial) e
comunicação horizontal (ou cruzada). A comunicação descendente é realizada do
nível hierarquicamente superior para o nível hierarquicamente inferior. A
comunicação ascendente segue o sentido inverso: do inferior para o superior e
encontra-se subordinada aos limites que a Direcção e a Administração permitem. A
comunicação horizontal realiza-se, geralmente, entre elementos da organização com
funções laborais semelhantes ou cuja cordialidade permite um tratamento de
proximidade. O princípio da informação pública, que corresponde em termos
interpsicológicos à imitação dos princípios do jornalismo por parte dos profissionais
de relações públicas, configura-se como um modelo comunicação imprescindível
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 9
para a dinâmica social da organização. Do mesmo modo, o two-way symmetrical
model (reciprocidade e simetria entre emissor e receptor) constitui um meio de
comunicação por imitação recíproca e intercompreensão efectiva. Gabriel Tarde em
As Leis da Imitação refere: “mesmo no caso em que a acção das leis lógicas não
intervém, não é somente o superior que se faz imitar pelo inferior, o patrício pelo
plebeu, o nobre pelo vilão, o clérigo pelo leigo, mais tarde o parisiense pelo
provinciano, o homem das cidades pelo camponês, etc.: é ainda o inferior que, numa
certa medida, bem menor é verdade, é copiado ou tende a ser copiado pelo
superior. Quando dois homens estão em presença e em contacto prolongado, por
mais alto que seja um e por mais baixo que seja o outro, eles acabam por se imitar
reciprocamente, mas um muito mais e o outro muito menos”.
A oposição é uma característica da vida social, sem a qual não há progresso. Uma
organização que não admite a crítica construtiva está condenada a um trabalho
mecanicista, intuitivo, imediato e de imposição manipulativa. Para Jürgen Habermas,
contrariamente a uma acção estratégica orientada para o sucesso, a comunicação
deve ser dialógica tendo em vista o consenso argumentativamente fundado. Mas o
idealismo de Habermas falha, pois nem sempre é possível o acordo. Tarde contradiz
Habermas em As Leis da Imitação: “Não existe instituição pacífica que não tenha a
discórdia por mãe. – Uma gramática, um código, uma constituição implícita ou
escrita, uma indústria reinante, uma poética soberana, um catecismo: tudo isso, que
é o fundo categórico das sociedades, é obra lenta e gradual da dialéctica social.”
Ora, é precisamente a dialéctica social que, na organização, constitui um medium de
discussão crítica capaz de criar soluções inovadoras, em função dos objectivos da
comunicação integrada, isto é, a convergência de todos os suportes de comunicação
necessários aos objectivos centrais/globais e objectivos específicos da organização.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 10
II. BREVE HISTÓRIA DAS RELAÇÕES PÚBLICAS 2
A expressão «Relações Públicas» (RP) foi, pela primeira vez,
proferida por Thomas Jefferson (1743-1826), 3º presidente dos
Estados Unidos da América, no Congresso de deputados. Para
Thomas Jefferson, as relações públicas designavam o estado de
espírito dos cidadãos que pertenciam a uma mesma comunidade
política. O significado actual das relações públicas como prática de
informação, persuasão e comunicação é atribuído a Newton Vail, presidente da
Companhia Americana de Telefones e Telégrafos (AT&T), que usa a expressão em
Março de 1908 no relatório anual da sua empresa.
Thomas Jefferson
Nos Estados Unidos, as relações públicas tiveram início a partir do modelo de
agendamento de imprensa. O primeiro modelo de RP era praticado pelos agentes de
imprensa, cuja missão consistia em persuadir os jornalistas para a publicação de
informações favoráveis sobre pessoas, organizações ou acontecimentos. Os
agentes de imprensa eram, na realidade, criadores de eventos. A criação de um
evento (pseudo-evento), na maioria dos casos, não tem qualquer interesse
jornalístico, servindo apenas para persuadir o público com recurso ao exagero
(hyping) nas características de um produto, imagem mental ou serviço.
Até final do séc. XIX, nos Estados Unidos, as relações públicas eram
praticadas sem preocupações de ética e deontologia. William
Vanderbilt, presidente da Companhia Central de Caminhos-de-ferro de
Nova Iorque numa entrevista a um jornalista afirmou categoricamente:
«Estou ao serviço dos meus accionistas. O público que se dane!» Phineas Taylor
Barnum (1810-1891) empresário de espectáculos foi o expoente máximo do modelo
de agendamento de imprensa, defendendo os seguintes princípios: é possível
enganar o público; o agente de imprensa não tem de dizer toda a verdade; deve-se
esconder informação do público; não interessa que os jornalistas digam mal dos
agentes de imprensa desde que escrevam (ou pronunciem) os nomes dos
envolvidos correctamente. 2 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Grunig e Hunt (1984) e de Cutlip et al. (2000).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 11
No período entre 1875 e 1900, os Estados Unidos entram na era dos Grandes
Negócios. Caminhos-de-ferro, telégrafos e o desenvolvimento industrial favorecem o
crescimento do sistema capitalista americano. Os empresários tinham pouco
respeito pelo público: quanto menos o público soubesse das actividades das
empresas menos concorrência existiria e, consequentemente, seria possível obter
maiores níveis de eficiência e lucro. A chegada dos muckrakers irá alterar
profundamente a política das instituições americanas. Os muckrakers, jornalistas
empenhados em desvendar os aspectos obscuros e anti-éticos das organizações,
trouxeram a necessidade de criar um novo conceito de relações públicas.
Ivy Lee (1877-1934), um jovem graduado da Universidade de Princeton, decide
recusar a vida académica e tornar-se jornalista. Lee gostava de escrever sobre
assuntos económicos e negócios. A sua experiência na redacção de notícias sobre
leis, bancos, investimentos etc. fê-lo despertar para uma vocação de serviço público,
descodificando temas difíceis e complicados numa linguagem simples, concreta e
concisa. Porém, cansado das rotinas jornalistas e do salário baixo que recebia,
decide seguir carreira nas relações públicas.
Após trabalhar para o Partido Democrata, juntamente com George Parker (agente
de imprensa), ambos abrem a firma Parker & Lee Associates a terceira agência de
Relações Públicas do mundo. Em 1906, surge a Declaração de Princípios, um texto
programático que marca o início do moderno conceito de relações públicas. Ivy Lee
acreditava que dizer a verdade sobre as instituições era a melhor forma de obter a
aceitação do público. Se a verdade podia prejudicar a instituição, a solução consistia
em mudar o comportamento da instituição para que a verdade pudesse ser
transmitida sem qualquer receio. A Declaração de Princípios é o exemplo mais
conhecido do modelo de informação pública. Nascia a era do «público deve ser
informado», abrindo caminho para as discussões contemporâneas sobre a
responsabilidade social e a ética nas organizações.
Há diferentes definições de «Relações Públicas» (RP) associadas a diferentes
formas de entender a ciência e o trabalho prático. Tratando-se de uma ciência
social, não existem verdades absolutas contrariamente ao que se verifica nas
ciências exactas (matemática, física, química…), embora a prática das relações
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 12
públicas possa obedecer a métodos científicos. No conceito de Relações Públicas
estão presentes ideias-chave como informação, persuasão e comunicação.
A prática formal do que hoje se chama relações públicas iniciou-se há mais de 100
anos nos Estados Unidos da América, embora a prática informal já existisse desde a
Antiguidade. As primeiras definições de relações públicas enfatizavam a noção de
agendamento de imprensa e a função manipuladora do agente de imprensa. O
nascimento das modernas relações públicas, a partir da Declaração de Princípios de
Ivy Lee (1906), configurou as relações públicas como prática de informação ao
serviço dos interesses de noticiabilidade dos jornalistas (éticos) e dos interesses da
opinião pública - «o público tem direito e deve ser informado».
Declaração de Princípios (Ivy Lee, 1906)
«Isto não é um gabinete de imprensa secreto. Todo o nosso trabalho é feito às claras. O nosso objectivo é fornecer notícias. Não somos uma agência de publicidade; se pensarem que certas informações deveriam pertencer exclusivamente à vossa secção comercial, não as usem. O nosso trabalho é exacto. Pormenores adicionais sobre qualquer assunto tratado serão prontamente fornecidos, e qualquer editor será apoiado, com o maior empenho, na verificação de qualquer afirmação factual. Aos inquéritos serão fornecidas informações completas para qualquer editor referindo aqueles em cujo nome o artigo é enviado. Em suma, o nosso plano é fornecer franca e abertamente em nome das preocupações dos negócios e das instituições públicas, informação rápida e exacta à imprensa e ao público dos Estados Unidos, relativa a assuntos que sejam de valor e interesse para o público conhecer. As empresas e as instituições públicas fornecem para fora muita informação na qual o valor-notícia (news point) se perdeu de vista. No entanto, é tão certo como importante para o público ter as notícias como é para as firmas fornecer as notícias de forma exacta. Eu envio apenas assuntos com todos os pormenores nos quais estou preparado para ajudar (assessorar) qualquer editor a verificar por ele próprio. Estou sempre ao seu serviço para o propósito de permitir [ao editor] obter mais informação completa referente a quaisquer dos assuntos trazidos [a público] no seguimento do meu comunicado de imprensa».
Os contributos de Ivy Lee modificaram a forma de praticar relações públicas, abrindo as portas para a responsabilidade social nas organizações.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 13
George Creel
No decurso da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a propaganda
teve uma importância fulcral na influência da opinião pública. Antes
dos Estados Unidos entrarem na guerra, o presidente dos Estados
Unidos, Woodrow Wilson (1856-1924) contratou o jornalista
reformado George Creel (1876-1953) para dirigir oficialmente o
Comitee on Public Information (Comissão de Informação Pública) –
departamento de propaganda do Governo dos Estados Unidos. Nesta comissão,
nomes como Edward L. Bernays, Carl Byoir, entre outros, implementaram práticas
bilaterais e assimétricas de Relações Públicas. O objectivo do Comittee on Public
Information era convencer a opinião pública para a importância dos Estados Unidos
entrarem na Primeira Guerra Mundial ao lado dos aliados. Contrariamente ao
modelo de agendamento de imprensa em que a propaganda era usada de forma
intuitiva, o Comittee on Public Information usava a persuasão através de métodos
científicos.
Edward L. Bernays foi o principal praticante do modelo
bilateral assimétrico. Figura lendária das RP, Bernays
nasceu em 1891 na Áustria e morreu em 1995 nos
Estados Unidos. Bernays era sobrinho do psicanalista
Sigmund Freud. No intuito de dar um estatuto científico às
relações públicas, aplicou métodos da psicanálise,
psicologia, sociologia e jornalismo nas suas campanhas
de persuasão. Inicialmente, aceita o trabalho de jornalista
escrevendo para uma publicação da área agrícola o
National Nurseryman, após ter concluído a sua graduação
em Agronomia na Cornell University. Mas, desiludido com
os seus estudos, decide seguir a sua vocação nas
relações públicas. Aceita trabalhar para duas publicações
na área da Medicina: Medical Review of Reviews e a
Hygienic Gazette. Em 1913, Bernays publica um artigo
contra os tabus sexuais e a ignorância sobre as doenças
venéreas. Este trabalho fê-lo despertar para a vocação de
assessor de imprensa, promovendo junto dos jornalistas
acontecimentos musicais, teatrais e cinematográficos.
Edward Bernays viveu 103 anos.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 14
«O Professor Dr. Edward L. Bernays (1891-1995), foi pioneiro mundial das Relações Públicas,
facto que o levou a ser galardoado pelas mais prestigiadas universidades do mundo com o título
de Doutor Honoris Causa pelas suas contribuições científicas para a ciência das Relações
Públicas. O Professor Dr. Edward L. Bernays (1891-1995), foi assessor pessoal em matéria de
Relações Públicas de vários Presidentes dos Estados Unidos, desde Calvin Coolidge até Dwight
D. Eisenhower, passando por Ronald Reagan e George Bush [pai] assim como da própria Casa
Branca e de diferentes departamentos do Governo dos Estados Unidos, também se incluem entre
os seus clientes, ilustres personagens da vida pública tais como: Rockefeller, Sigmund Freud,
Henry Ford, Al Smith, Thomas Edison, Alfred P. Sloan, David Sarnoff, Enrico Caruso, Nijinsky,
Diaghilev, entre outros. Publicou ao longo da sua vida 20 livros de Relações Públicas, contribuiu
em 68 livros sobre a mesma matéria, mediante capítulos escritos por ele, foi noticia no New York
Times em 178 ocasiões, escreveu centenas de artigos dos quais cabe destacar os 280 dedicados
às Relações Públicas. Foi mencionado em mais de 1.500 livros como pioneiro mundial das
Relações Públicas».
Edward Bernays, ao trabalhar sob a direcção de George Creel, teve a oportunidade
de persuadir de forma científica. «Se compreendermos o mecanismo e os motivos
do cérebro do grupo, é então possível controlar e regimentar as massas de acordo
com a nossa vontade sem as massas se darem conta» – Bernays designou esta
técnica por engenharia do consenso.
Mas o propósito de Bernays não era necessariamente anti-ético: a persuasão
científica poderia servir para persuadir o público para causas nobres. Para Bernays,
da mesma maneira que o público pode ser «manipulado» para fazer o mal também
pode ser «manipulado» para fazer o bem. A missão do conselheiro de relações
públicas é persuadir o público a partir dos interesses da organização, mas
respeitando as respostas do público.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 15
Página sobre Edward L. Bernays no site do Museu de Relações Públicas (Nova Iorque - EUA). www.prmuseum.com
URL:
Bernays é considerado, por Larry Tie, como o pai do Spin (arte de rodear um problema sem ir directamente ao assunto). Recensão do livro The Father of Spin, uma visão crítica sobre as Relações Públicas. O site www.prwatch.org é um observatório de denúncia das práticas de RP contrárias à ética. Porém, as relações públicas não são necessariamente anti-éticas. URL: www.prwatch.org
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 16
Em 1923, Edward L. Bernays tematizou a ciência das relações públicas e criou a
profissão de «consultor de relações públicas». Desde então, as definições de RP
passaram a incluir:
1) a necessidade de investigar antes de implementar acções, as quais devem
também incluir um rigoroso planeamento, medição e avaliação;
2) um processo contínuo em vez de uma actividade isolada;
3) diversos públicos (internos e externos);
4) a participação do público na política da organização;
5) a mediação e o consenso como estratégias de excelência nas organizações.
A filosofia do conselheiro de Relações Públicas:
1) O conselheiro de relações públicas representa os interesses dos seus clientes (as organizações ou indivíduos em particular).
2) O treino do conselheiro de RP permite-lhe ser um intermediário da vontade do público e da
vontade dos seus clientes.
3) Em última análise o conselheiro de relações públicas defende o interesse dos seus clientes, ainda que as organizações ou os indivíduos tenham de mudar o seu comportamento perante o público.
4) A metodologia do conselheiro de relações públicas é a seguinte:
- analisar o problema do cliente e o(s) objectivo(s) do cliente; - analisar o público e a forma do público atingir o(s) objectivos do cliente; - planear uma estratégia de acção com os respectivas ferramentas de comunicação para o cliente conseguir a receptividade do público; - avaliar a interacção do público com a organização/indivíduos e se necessário realizar mudanças na atitude do cliente.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 17
Principais aspectos que uma empresa não deve esquecer em matéria de Relações Públicas:
1) Qualquer empresa deve procurar sempre o interesse público. 2) Discordar com a posição segundo a qual o interesse público evolui com a sociedade
3) A organização deve assumir a mudança de forma rápida através de uma resposta.
4) O público deve ser informado, respeitado e nunca enganado.
Fonte: Edward L. Bernays, Entrevista a José Daniel Barquero Cabrero, EUA, 24 de Agosto de 1990 http:/www.barquerorrpp.com/2.html (offline).
Arthur W. Page (1883-1960) foi um dos pioneiros das relações
públicas institucionais. No interior da Companhia Americana de Telefones e
Telégrafos (AT&T), Page procurou influenciar a direcção da AT&T para a prática de
uma política de informação pública, persuasão científica e compreensão mútua.
Princípios de Arthur W. Page:
1) Diz a verdade Deixa o público saber o que acontece e fornece uma imagem exacta do carácter da
companhia, ideais e práticas.
2) Prova-o com acção A percepção pública de uma organização é determinada 90 por cento pela acção e
dez por cento pelas palavras.
3) Ouve o consumidor Para servir o bem da empresa, compreende o que o público quer e necessita.
Mantém informados os decisores ao mais alto nível e outros empregados sobre a
reacção pública aos produtos corporativos, políticas e práticas.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 18
4) Gere para amanhã Antecipa a reacção do público e elimina práticas que criam dificuldades. Cria boa
vontade e solidariedade.
5) Conduz as relações públicas como se toda a instituição dependesse delas As relações corporativas [empresariais ou institucionais] são uma função da gestão.
6) Permanece calmo, paciente e bem-humorado Deixa alicerces para os milagres das relações públicas com atenção consistente,
calma, lógica para informação e contactos. Quando uma crise surgir, lembra-te que
cabeças frias comunicam melhor.
A importância do planeamento estratégico nas relações públicas só é possível
através de um esforço contínuo, que permita obter compreensão mútua entre a
organização e os públicos. A definição da Associação Internacional de Relações
Públicas (IPRA) enquadra as RP como prática de informação e comunicação:
«Relações Públicas é uma função da gestão de carácter contínuo e planeado, através da qual
organizações, instituições públicas e privadas procuram ganhar a compreensão, simpatia e apoio
daqueles com quem estão ou poderão vir a estar relacionadas – pela avaliação da opinião pública
acerca delas –, no intuito de correlacionar, tanto quanto possível, os seus planos de acção e métodos
para, através de informação planeada e muito difundida, alcançar maior cooperação produtiva e
realização mais eficiente dos seus interesses comuns». (Assembleia da Associação Internacional de
Relações Públicas, Haia, Maio de 1960). www.ipranet.org
Na definição da Associação de Consultores de Relações Públicas do Reino Unido
(PRCA) a reputação, conceito similar a imagem favorável, é o indicador para a
produção de relações públicas eficientes. Conseguir uma boa reputação é garantia
para o sucesso de qualquer negócio. As relações públicas são uma estratégia a
longo prazo que as organizações usam para atingirem uma boa reputação junto dos
públicos. Comunicação (compreensão mútua) e persuasão são ideias-chave nesta
definição de RP:
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 19
«As relações públicas versam sobre a reputação – o resultado do que [um indivíduo] faz, diz e do que
os outros dizem sobre ele. As relações públicas têm como objectivo ganhar compreensão, suporte, e
influenciar a opinião e o comportamento. É o esforço planeado e continuado para estabelecer e
manter boa vontade [imagem favorável] e compreensão mútua entre uma organização e os seus
públicos. A organização pode ser uma empresa privada ou pública, um governo, uma organização do
sector público, ou mesmo um indivíduo. O alvo da comunicação pode ser um grupo pequeno ou
amplo, desde uma parte do público até aos consumidores de um negócio, empregados, investidores,
ou accionistas. Uma boa reputação não se ganha da noite para o dia. Tem de ser cuidadosamente
cultivada como suporte inteligente e desenvolvido. A gestão da reputação tem de ser cuidadosamente
posta em acção com integridade e honestidade. [A reputação] é muito frágil e pode perder-se
rapidamente se as palavras ou acções surgirem fora da simpatia com a realidade. Um círculo virtual é
criado quando uma boa reputação aumenta as expectativas sobre o tipo de produtos ou serviços que
uma companhia fornece, e a qualidade de produtos ou serviços engrandece a reputação. As relações
públicas têm de contribuir directamente para o sucesso do negócio. Se a sua tarefa é guardar e gerir
a reputação e as relações isto deve ter um efeito demonstrável e não apenas resultar num factor de
bom sentimento. Um grande número de diferentes técnicas e competências podem ser usadas pelos
profissionais de relações públicas como parte de uma campanha para desenvolver comunicação
recíproca e compreensão com o público-alvo, desde as relações com os media e assuntos públicos,
até às relações públicas on-line e patrocínio. As relações públicas não são sempre sobre uma
campanha a curto prazo, por exemplo o lançamento de um novo produto ou serviço. As relações
públicas envolvem também uma estratégia a longo prazo em áreas tais como aconselhamento de
empresas no trabalho com a comunidade local ou encontrar responsabilidades ambientais para
realçar ou proteger a sua imagem».
Rex F. Harlow, fundador do Public Relations Journal (órgão da Public
Relations Society of America), analisou 472 definições da expressão
«Relações Públicas», entre 1900 e 1976, após ter consultado livros,
jornais, revistas e ter entrevistado 83 directores de relações públicas.
O objectivo de Harlow era criar uma definição sobre o que são Relações Públicas,
em vez de dizer o que as RP fazem. Contudo, Harlow não foi inteiramente bem
sucedido, produzindo uma definição que contém elementos conceptuais e de acção. «Relações Públicas é a função da gestão que se distingue por ajudar a estabelecer e manter linhas
de comunicação recíprocas, compreensão, aceitação e cooperação entre uma organização e os seus
públicos; envolve a gestão dos problemas ou questões; ajuda a manter a gestão informada e a
responder à opinião pública; define e valoriza a responsabilidade da gestão para servir o interesse
público; ajuda a gestão a acompanhar os progressos e a utilizar a mudança de forma eficiente,
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 20
servindo como um sistema prévio de aviso para ajudar a antecipar as tendências; e usa como
principais ferramentas a investigação, a audição [escutar o ambiente] e a ética» (Harlow, 1976: 36).
A definição de Harlow é característica do modelo bilateral simétrico: a compreensão
mútua e a bidireccionalidade entre organização e públicos denotam uma filosofia de
comunicação (pôr em comum) ou consenso. A organização deve servir o interesse
público. As relações entre públicos e organizações devem basear-se na
investigação, na auditoria e na ética.
Scott M. Cutlip (1915-2000) e Allen H. Center no livro Effective Public Relations formularam a
seguinte noção de Relações Públicas:
Scott Cutlip Allen Center
«Relações Públicas é a função da gestão que estabelece e mantém relações de benefício mútuo
entre uma organização e os públicos com os quais o seu sucesso ou fracasso depende».
A definição de Cutlip e Center, formulada pela primeira vez em 1952, constitui um
dos primeiros exemplos do modelo bilateral simétrico. A compreensão mútua entre
público e organizações determina o sucesso das RP.
James Grunig (Universidade de Maryland) e Todd Hunt (Rutgers: Universidade do Estado
de Nova Jersey) - Estados Unidos – em
Managing Public Relations (1984)
sintetizaram a definição de Harlow.
James Grunig Todd Hunt
«Relações Públicas é a gestão da comunicação entre uma organização e os seus públicos». Grunig e Hunt (1984) definem as relações públicas como função de gestão e
processo de compreensão mútua (comunicação) entre a organização e os públicos.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 21
O modelo bilateral simétrico, presente nesta definição, constitui uma nova teoria
para a prática de relações públicas excelentes.
A definição de «Relações Públicas» evoluiu desde o séc. XIX até à actualidade. O
modelo de agendamento de imprensa, no qual se pretendia enganar o público e
ocultar informação caiu em desuso. Na actualidade, as relações públicas constituem
uma função de gestão que utiliza informação, persuasão e comunicação. Desde a
década de 1950, a ideia de comunicação (ou compreensão mútua) adquiriu bastante
relevância na ciência e na prática das relações públicas. Uma parte significativa das
associações representativas de relações públicas valoriza a prática de comunicação
(ou compreensão mútua) entre a organização e os seus públicos.
Modelos de Relações Públicas
Características Agendamento de imprensa
Informação Pública
Bilateral Assimétrico
Bilateral Simétrico
Objectivo Propaganda ou publicidade enganosa
Transmissão de informação
Persuasão Científica
Compreensão Mútua
Tipo de Comunicação
Unilateral; a verdade total não é importante
Unilateral; a verdade é importante
Bilateral; efeitos assimétricos
Bilateral; efeitos simétricos
Modelo de Comunicação
Fonte --- Receptor
Fonte --- Receptor
Fonte --- Receptor Feedback
Grupo --- Grupo Feedback
Tipo de Investigação
Pouca Pouca; legibilidade e leitura
Formativa; avaliação das actividades
Formativa; avaliação da compreensão
Figuras Históricas
P. T. Barnum Ivy Lee Edward L. Bernays
Bernays, Excellence team, educadores
Adaptação de Grunig e Hunt (1984: 22)
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 22
III. EFICIÊNCIA E EXCELÊNCIA EM RELAÇÕES PÚBLICAS
3.1 Obstáculos à eficiência e excelência
A implementação de uma acção, programa ou campanha 3 de relações públicas não
pode ser feita de uma forma individualista, instintiva, facilitista, imediatista e intuitiva
à semelhança das abordagens «seat-of-the-pants» ou «em cima do joelho»
praticadas por alguns profissionais de relações públicas. É óbvio que, em certos
casos, as condições financeiras, técnicas e de recursos humanos tornam a
implementação imediata quase inevitável. Muitos Gabinetes de Relações Públicas
(in-house departments) estão subordinados aos constrangimentos da organização
que os obriga a gerir assuntos de expediente. Em outros casos, é a falta de recursos
humanos e financeiros que inviabiliza um trabalho verdadeiramente profissional.
Noutras situações, é a falta de formação específica em RP que dificulta a prática da
eficiência 4 em relações públicas. Mas mesmo nestas condições adversas, o
profissional de RP deve esforçar-se por ser um verdadeiro profissional procurando
uma rigorosa análise situacional, planeamento, implementação e avaliação, isto é,
praticar relações públicas eficientes e excelentes.
«Isso é teoria! A prática é completamente diferente! Os ditames das rotinas
produtivas e a falta de tempo inviabilizam soluções que incorporem princípios
teóricos!» Estas três afirmações são partilhadas pelos defensores de uma visão
eminentemente «prática» das RP. Procuraremos rebater estes argumentos.
1) A teoria, nas áreas da comunicação aplicada (jornalismo, relações públicas,
publicidade, marketing, design, audiovisual), não se encontra separada da
prática, mas sim numa relação recíproca inevitável. É claro que certos
princípios podem ser apenas conceptualizados sem o recurso a casos
concretos. Mas na maioria das situações, a teoria fornece um enquadramento
conceptual que a prática implementa (experimentação) e cujos resultados
3 - Acção (curto prazo), programa (médio prazo) e campanha (longo prazo). 4 - «Força ou virtude de produzir um efeito». (AAVV, 1995).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 23
poderão ajudar à (re)formulação de novas hipóteses e experiências
contribuindo, inclusivamente, para a redefinição da teoria.
2) As rotinas produtivas não se executam ao acaso, ao sabor da intuição e de
forma estritamente subjectiva. Pelo contrário, qualquer actividade profissional
pressupõe regras. O cumprimento destas regras, definidas no quadro das
organizações corporativas e académicas, determina o grau de competência
ou incompetência dos profissionais envolvidos. Esta é a característica
distintiva entre um ofício (tarefa) e uma profissão. Contrariamente ao ofício
que é praticado de uma forma livre e sem monitorização do conhecimento,
exigindo apenas um saber como (know how), a profissão exige para além do
saber como um saber porquê (know why). A actividade profissional encontra-
se legitimada pela lei, pelo desempenho corporativo, reconhecido no âmbito
de associações, sindicatos e ordens, bem como pela investigação técnica e
científica (caso exista).
3) A falta de tempo nunca pode ser a desculpa tradicional. Para existir falta de
tempo há três condicionantes:
a instituição não tem recursos humanos, financeiros e técnicos
suficientes;
a instituição não aposta nas relações públicas eficientes, correndo o
risco do fracasso de uma comunicação escassamente preparada em
termos de análise situacional, planeamento e avaliação;
a instituição aposta num trabalho auto-didacta, imediato e amador, sem
recurso aos ditames teórico-práticos da actividade profissional de RP.
Sempre que a falta de tempo for o motivo das acções «seat-of-the-pants», a
organização deverá repensar as vantagens e as desvantagens do trabalho imediato.
Deste modo, é importante estabelecer um meio conciliador entre teoria e prática. As
abordagens «seat-of-the-pants» têm a desvantagem de uma insuficiente ou
inexistente prática de relações públicas eficientes. A questão primordial consiste em
avaliar os benefícios das relações públicas eficientes, em função dos recursos
humanos, financeiros e técnicos da organização. Existe um dado inequívoco: um
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 24
trabalho feito num mês tem maiores possibilidades de sucesso e credibilidade
profissional do que um trabalho feito num dia.
Em Portugal, nos últimos anos, têm sido criados departamentos em instituições
públicas e privadas, com objectivos de promoção mercadológica (venda de produtos
e serviços) e/ou de imagem corporativa (relações públicas). Em algumas instituições,
existem políticas planificadas de marketing e relações públicas, mas noutras persiste
uma tímida informação pública, uma persuasão intuitiva e pouca ou nenhuma
comunicação entre dirigentes, assessores, públicos e clientes.
Os principais motivos que explicam a ausência de ciência na promoção de
instituições públicas e privadas são de tipo administrativo, académico e profissional.
Entre todas as causas, o nepotismo e a «cunha» constituem verdadeiras pragas no
mercado de emprego e entraves à imparcialidade na contratação de profissionais
competentes. Um assessor de relações públicas/marketing pode ter formação geral,
formação especializada, pós-graduação, mestrado e/ou doutoramento, mas de nada
servem as qualificações, se não existir equidade profissional e dominar «a lei da
selva».
Na área administrativa, a carência de recursos humanos qualificados, especializados
e técnicos, a escassez de orçamentos significativos para a política de
marketing/relações públicas e os recentes cortes orçamentais na administração
pública portuguesa (motivados pela crise das finanças públicas) condicionam as
políticas de marketing e relações públicas de qualquer instituição.
Em termos académicos, a pouca ou nenhuma informação sobre as vantagens do
marketing e das relações públicas nas instituições, bem como a falta de
especialistas com competências avançadas de ciência aplicada são consequências
da fraca legitimação profissional e da tímida maturidade científica na gestão de
negócios. Paralelamente, um dos efeitos nefastos dos grupos de pressão nas
instituições consiste na inexistência de avaliação das práticas de marketing e
relações públicas, por entidades externas independentes, facto que permitiria criar
mecanismos de auto e hetero regulação.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 25
As causas centrais da insuficiente promoção científica das instituições portuguesas,
no âmbito das profissões de marketing e relações públicas, manifestam-se no
triângulo burocracia-rotina-cumplicidade. Cada ângulo é um indicador anti-
profissional de ineficiência, falta de excelência e trabalho «em cima do joelho».
O ângulo burocracia interage com a rotina, resultando em práticas promocionais com
deficiente cultura científica e persistente amadorismo. Em algumas instituições, o
chamado assessor (ou técnico) de relações públicas/marketing não é mais do que
um mero secretário de direcção que pratica acções burocráticas de rotina
(administração, logística e protocolo), as quais se traduzem na escassez de tempo
para a planificação estratégica. Invariavelmente, quando existe disponibilidade de
tempo para a planificação de estratégias científicas de relações públicas/marketing
não se verificam, por vezes, preocupações de ciência aplicada, por parte dos
dirigentes das instituições.
No ângulo rotina, o mecanicismo e a improvisação nas instituições portuguesas
impedem a criação de uma cultura corporativa que valorize o planeamento
estratégico. O individualismo, associado ao laxismo e contrário aos valores da
responsabilidade social, é um entrave ao consenso e ao trabalho cooperativo
(actualmente numerosas instituições convivem com o anonimato entre dirigentes,
assessores e funcionários).
O ângulo cumplicidade é constituído por elementos psico-sociais. O nepotismo
garante a contratação de quadros superiores (ou técnicos) sem formação científica
geral, avançada e/ou comprovada em matéria de relações públicas e marketing,
desde que possuam relações de proximidade familiar com dirigentes de instituições.
A «cunha» permite que quadros superiores (ou técnicos) sem formação científica
geral, avançada e/ou comprovada em matéria de relações públicas e marketing
sejam contratados, devido à proximidade afectiva ou cumplicidade de favores com
os dirigentes institucionais.
Pelos motivos apresentados anteriormente, justifica-se a existência de projectos de
assessoria científica realizados por estudantes, licenciados, pós-graduados, mestres
e doutores capazes de contribuir para a transformação da realidade social, a gestão
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 26
por objectivos e a excelência no marketing e nas relações públicas das instituições
portuguesas.
3.2 Teoria da excelência 5
A excelência 6 tem sido motivo de debate na gestão de relações públicas. Nos
Estados Unidos, numerosos estudos têm sido realizados com o objectivo de
descobrir caminhos de perfeição para as organizações.
Peters e Waterman (1982) identificaram seis critérios financeiros que permitem
reconhecer as empresas excelentes: 1. crescimento de fundos; 2. equidade de
crescimento; 3. média entre o rácio do valor do mercado e o valor do livro de contas;
4. média do retorno do capital total; 5. média do retorno na equidade; 6. média de
retorno nas vendas.
Hobbs (1987) afirma que as empresas excelentes podiam ser medidas, através da
medição do retorno das vendas e do retorno do investimento (ROI) por parte da
empresa. Paul e Taylor (1986) usaram critérios semelhantes de cariz financeiro para
identificar as melhores companhias dos EUA.
Carroll (1983), contrariamente a Peters e Waterman (1982), critica o uso de factores
financeiros para identificar a excelência na gestão das organizações. «Factores
como a tecnologia do proprietário, o domínio do mercado, o controlo sensível de
materiais críticos, e a cultura nacional e política também afectam a performance
financeira, sem olhar à excelência da gestão». (Carroll, 1983: 79)
Outros autores seguem modelos de subjectividade para definirem a excelência. Para
Kanter (1983) e Pinchot (1985) a excelência é definida como inovação. A revista
Fortune anualmente publica uma lista com as melhores empresas, segundo critérios
baseados na gestão da qualidade, qualidade de produtos e serviços, inovação, valor
como investimento a longo prazo, solidez financeira, agilidade para atrair,
5 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Grunig (1992). 6 - «Alto grau de bondade ou perfeição» (AAVV, 1995)
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 27
desenvolvimento, manutenção do talento das pessoas, responsabilidade
comunitária/ambiental e uso de avaliações empresariais.
Hickman e Silva (1984) defendem que as organizações criam os seus próprios
critérios de excelência. Os líderes determinam e ajudam a identificar os referidos
critérios. Nash e Zullo (1988) referem exemplos de práticas anti-excelentes:
promoções injustificadas, más campanhas de publicidade, mal entendidos na gestão
e produtos pobremente concebidos.
No mesmo contexto, publicações tais como o Public Relations Journal e a
Communication World possuem listas de empresas com excelentes relações
públicas. Segundo Grunig (1992: 222-223) algumas empresas surgem em listas de
excelência e anti-excelência (dificultando uma análise científica) e a sua construção
não obedece a critérios de eficiência organizacional. Uma organização é eficiente
quando gere as suas relações a partir de uma perspectiva estratégica, procurando
atingir objectivos reais. «A eficiência pode traduzir-se em sucesso financeiro, se a
organização escolhe essa meta. Uma organização eficiente também deve ter uma
boa reputação se constrói bons relacionamentos com os seus constituintes. Todavia,
nem um único conjunto de critérios pode ser usado para identificar todas as
organizações excelentes, porque algumas organizações podem ter mais problemas
difíceis e mais problemas com os seus constituintes ou diferentes objectivos»
(Grunig et al, 1992: 223). Neste sentido, uma gestão excelente pode criar diferentes
resultados de excelência para cada organização, isto é, cada organização tem as
suas próprias singularidades, pelo que é impossível aplicar um modelo generalista.
Grunig et al. (1992: 223), no estudo Excellence in Public Relations and
Communication Management e após uma análise da literatura sobre a excelência,
identificaram 12 características das organizações excelentes. Um dos objectivos da
equipa excelência consistiu em isolar atributos das organizações excelentes e
aplicá-los à gestão da comunicação. 7
7 - Grunig e os investigadores do projecto Excelência definem as relações públicas como «a gestão da comunicação entre uma organização e os seus públicos».
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 28
1ª Recursos Humanos
As organizações excelentes concedem poder e autonomia aos empregados,
permitindo que eles tomem decisões estratégicas. Os directores vêem no
empregado um indivíduo que necessita de crescimento pessoal e qualidade de vida.
Toda a organização assenta em mecanismos de interdependência e comunicação
interpessoal. Valoriza-se a integração do indivíduo na organização, contrariamente
às perspectivas de segmentação e divisão. As organizações excelentes sabem
manter o equilíbrio entre o trabalho em equipa e os esforços individuais.
2ª Estrutura orgânica
Todos os indivíduos são membros de um corpo único que é a organização. As
organizações excelentes dão poder aos empregados, favorecendo a eliminação dos
constrangimentos hierárquicos e da burocracia. Existe uma descentralização das
decisões, na qual a função da gestão consiste na participação de todos e não
apenas dos gestores. Recusa-se a existência de símbolos de poder que
caracterizem a estratificação dos empregados, tais como certos privilégios que os
executivos de topo beneficiam em organizações não-excelentes: salas de jantar
executivas, parqueamentos específicos, gabinetes luxuosos etc. Na estrutura
orgânica, o líder fomenta o espírito de cooperação e integração numa mesma cultura
organizacional.
3ª Empreendedorismo
Um espírito de empreendedorismo é característico das organizações excelentes. O
empreendedorismo coexiste em organizações excelentes que possuem estruturas
orgânicas e cultivam uma política de recursos humanos.
4ª Sistemas simétricos de comunicação
O conceito de comunicação bilateral simétrica foi desenvolvido, essencialmente, a
partir dos estudos de Grunig e Hunt na década de 1980. Se bem que os estudos
sobre a excelência nas organizações não identifiquem o referido conceito, o certo é
que descrevem na prática a comunicação entre indivíduos ou grupos, determinada
por atitudes de compreensão mútua e consenso. As organizações excelentes,
seguindo sistemas simétricos de comunicação, produzem relações de proximidade
com os seus parceiros estratégicos.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 29
5ª Liderança
As organizações excelentes possuem sistemas de liderança que conferem poder
aos empregados, contrariamente aos líderes autoritários. Os líderes excelentes
conferem ordem ao caos da organização, através de uma visão participativa nas
tarefas de direcção.
6ª Culturas fortes e participativas
Os empregados das organizações excelentes estão integrados numa cultura
corporativa forte, participativa, orgânica e inovadora, na qual se valoriza uma
comunicação simétrica e de recursos humanos.
7ª Planeamento estratégico
As organizações excelentes identificam os constrangimentos existentes na
sociedade, maximizando as melhores oportunidades na tomada decisões. O
planeamento de estratégias deve ser feito desde a base da organização até ao topo
directivo.
8ª Responsabilidade social
As organizações excelentes estão atentas ao dever de prestar contas à sociedade.
A gestão é feita atendendo à análise de efeitos das políticas institucionais sobre a
sociedade, bem como aos efeitos da sociedade sobre as organizações.
9ª Apoio a mulheres e minorias
As organizações excelentes reconhecem a importância da valorização profissional
das mulheres e minorias, através da aceitação do valor da diversidade. Isto não
significa necessariamente a existência de um sistema de quotas, mas apenas uma
atitude contrária à discriminação e a defesa da heterogeneidade profissional,
potencialmente geradora de consensos.
10ª Prioridade para a qualidade
Nas organizações excelentes, a gestão da qualidade deverá criar sistemas dirigidos
para a qualidade total, ainda que a perfeição/qualidade total a 100% seja impossível
de atingir. No entanto, as referidas organizações recusam a mediocridade e
valorizam elevados padrões na qualidade.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 30
11ª Sistemas operacionais eficientes
As organizações excelentes gerem as rotinas produtivas do dia-a-dia,
implementando sistemas com as características mencionadas anteriormente
(recursos humanos, estrutura orgânica, empreendedorismo, comunicação simétrica,
liderança, cultura fortemente participativa, planeamento estratégico,
responsabilidade social, suporte a mulheres e minorias, qualidade).
12ª Cultura social cooperativa
As organizações só serão excelentes se valorizarem o primado da colaboração
orgânica dos seus membros, participação no poder de decisão, confiança e
responsabilidade mútua. Uma cultura social cooperativa é o resultado do
cumprimento integral das características das organizações excelentes.
3.3 Regras de Excelência em relações públicas 8
1. Fale a partir do ponto de vista do interesse público.
Os profissionais de relações públicas devem aceitar o feedback dos jornalistas, os
quais representam o interesse da maioria das pessoas do público generalista
(imprensa generalista ou popular), o interesse da maioria das pessoas do público
especializado (imprensa especializada) e o interesse da maioria das pessoas de
elite (imprensa de referência). Os jornalistas não representam interesses particulares
de pessoas ou organizações. Noticiam várias perspectivas sobre um mesmo
assunto (lei do contraditório), entre as quais se situam as fontes institucionais. O
interesse público comanda as rotinas produtivas em jornalismo.
2. Torne a notícia fácil de ler e usar
A linguagem deve ser simples, concreta, conhecida, concisa, viva e de leitura rápida.
O princípio geral é uma ideia, uma mensagem, uma frase. A escrita de relações
públicas, no âmbito do modelo de informação pública, deve respeitar as regras
gerais da escrita do jornalismo. Use títulos curtos e incitativos para atrair os
jornalistas e dar-lhes indicações precisas sobre o conteúdo das notícias. Não use
8 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Cutlip et al. (2000).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 31
jargão, acrónimos desconhecidos, abreviaturas, ou termos técnicos. Substantivos e
citações tornam o texto fácil de ler. Recuse os adjectivos, o jornalismo é substantivo
na sua essência. Para obter a noticiabilidade, a organização deve informar e nunca
manipular. Se existem opiniões no comunicado de imprensa ou press release,
devem ser usadas com parcimónia e entre aspas. Por princípio, devem ser pontos
de partida para a construção de uma notícia mais aprofundada e nunca uma notícia
acabada. O objectivo é que a notícia seja «o isco que os jornalistas vão morder».
3. Nunca faça confidências privadas Nunca diga: «Eu não lhe devia dizer isto, mas…» Se não o deve fazer então por que
o faz? Os porta-vozes da organização e as figuras públicas não devem fazer
declarações «off the record». Geralmente, as declarações «off the record» são
publicadas sem identificar a fonte, porque os jornalistas querem manter a
confidencialidade. Esta situação só serve para criar rumores e boatos sobre a
organização, para além de existir uma falta de responsabilidade, por parte de quem
as profere. Quem fala deve assumir a responsabilidade por aquilo que diz, quer seja
verdadeiro ou falso. Em vez do «off the record» dever-se-á posicionar a organização
como a fonte principal e mais credível de informação.
4. Redija a informação mais importante no início
O primeiro nível de resposta do jornalista é um resumo da posição (statement) de
uma determinada personagem ou de um acontecimento. O segundo nível de
resposta inclui um exemplo concreto ou prova que confirme a afirmação principal. A
técnica da pirâmide invertida é a mais utilizada em jornalismo, embora também
existam defensores da construção por blocos.
5. Não discuta com um repórter ou perca a calma
Os jornalistas procuram o que existe de novo, importante e interessante. Tudo farão
para conseguirem uma story (notícia). Têm sempre a última palavra na distinção
entre o padrão informativo e o padrão opinativo, no órgão de comunicação social em
que trabalham.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 32
6. Não repita linguagem ofensiva ou afirmações falsas dos jornalistas
Os jornalistas podem seleccionar declarações, partes de declarações ou mesmo
palavras isoladas para uma notícia. Não repita afirmações falsas, nem use
linguagem ofensiva, mesmo que seja para negar as posições dos jornalistas. Alguns
jornalistas usam as técnicas de «Quer dizer que…» ou «O que realmente quer dizer
é …», no sentido de colocarem a sua própria explicação dos factos na boca das
personagens da notícia. Esteja atento e fuja das armadilhas. O princípio a seguir é
ser declarativo e honesto, em vez de imperativo e polémico. Se os jornalistas não
respeitam a ética profissional, prepare o direito de resposta através da gestão e
comunicação de crise. Não deixe que a organização seja prejudicada com uma
informação falsa. Nas situações de crise, obtenha a adesão dos públicos-alvo.
7. Se um jornalista faz uma questão directa, responda de forma directa
Não rodeie as questões. A resposta deve ser directa, verídica e concreta, mesmo
em momentos de crise. Alguns jornalistas permanecerão em silêncio depois de
obterem uma resposta na esperança que o assunto traga mais informação. Os
porta-vozes da organização não devem sentir-se pressionados a dizer algo mais do
que é perguntado. Se a resposta apropriada é sim ou não, transmita a resposta
directa e nada mais. Assuma que a câmara de TV ou os gravadores estão sempre
ligados, caso contrário, o comentário que não quer declarar aparecerá nos
noticiários. Quanto mais a questão for directa, mais directa deverá ser a resposta.
8. Se não sabe a resposta a uma questão, não finja que sabe Diga simplesmente que, neste momento, não tem elementos de fornecer informação
pública, mas fará todos os possíveis para obter a referida informação. «Não sei, mas
vou procurar a resposta para si», deve ser a resposta. Trata-se do compromisso
para obter a informação pública, o mais rapidamente possível, posicionando a
organização como a fonte principal e mais credível de informação. Melhor ainda:
antecipe possíveis perguntas dos jornalistas e forneça as respostas.
9. Diga a verdade, mesmo que doa
Não pense que as más notícias significam literalmente um prejuízo para a
organização ou que os jornalistas vão errar. Trate as más notícias como se fossem
qualquer outra story. Prepare as notícias más como se fossem boas notícias e
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 33
envia-as para os media. Não só esta atitude significa que irá manter algum controlo
sobre a story, e da maneira como será noticiada pelos media, mas também significa
que a organização não está na defensiva e vulnerável aos media escondendo
informação pública. Esta posição é talvez a mais difícil de aceitar pela
direcção/gestão de topo. A verdade só dói, quando as políticas de relações públicas
não são conduzidas pela ética e profissionalismo ou quando existe um jornalismo
sensacionalista. Para a existência de relações públicas profissionais, para além do
cumprimento dos princípios da ética e deontologia, é essencial que exista
pensamento estratégico, investigação aplicada e gestão do processo em quatro
níveis (investigação do problema/oportunidade, planeamento, implementação e
avaliação). As relações públicas não podem ser conduzidas através da intuição,
imediatismo e individualismo – numa palavra instinto. Se existir profissionalismo e
ética, as possibilidades de falhas no processo de relações públicas são reduzidas ou
nulas, a menos que os jornalistas não sigam as regras éticas e das rotinas
produtivas na sua profissão. Mas isso é uma evidência das relações sociais: sempre
haverá verdade e mentira. A questão que se põe é como obter a confiança dos
públicos, lutando pela honestidade profissional e pelo ideal da perfeição. A maioria
da opinião pública ainda valoriza a veracidade das informações.
10. Não convoque uma conferência de imprensa, a menos que possua notícias de
grande impacto
Uma conferência de imprensa raramente se justifica. Convoque uma conferência de
imprensa apenas quando não existem outros meios de obter noticiabilidade, num
determinado tempo oportuno. Assuntos polémicos e de crise, tais como, relações
entre trabalhadores e gestores, decisões, instalações de equipamentos, anúncios
políticos, e mudanças políticas de grande impacto que afectem um elevado número
de pessoas são exemplos de oportunidades para conferências de imprensa. O factor
determinante é a necessidade de fornecer aos jornalistas uma oportunidade para
estes colocarem questões em tempo oportuno e obterem a notícia, mais do que
simplesmente editar uma declaração (comunicado de imprensa ou dossier de
imprensa) ou fazer um anúncio (publicidade institucional). Assuntos complexos e
técnicos, que requerem background e explicações detalhadas, são também
oportunidades para conferências de imprensa.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 34
Estas sugestões podem ajudar a construir/manter boas relações com os jornalistas e
a opinião pública. Na realidade, constituem elementos para a prática da eficiência e
excelência. No âmbito do modelo de informação pública, que corresponde na
generalidade ao padrão informativo em jornalismo, os jornalistas têm sempre a
selecção sobre o que é noticiável (gatekeeping). Os praticantes de RP têm pouco
poder decisão, mas podem conseguir o respeito e a confiança dos jornalistas.
Simultaneamente, embora o público tenha direito a ser informado, existe
determinada informação confidencial que pertence ao domínio privado. Conhecer os
procedimentos para figurar na agenda do jornalismo, respeitando o profissionalismo
e a ética, constitui o trabalho dos assessores de imprensa (ou dos porta-vozes da
organização) e é parte do que se designa por media training.
Pode existir uma oposição entre a organização e os jornalistas, principalmente
quando existe um intuito de persuasão por parte da organização, quando existe
jornalismo sensacionalista ou em geral quando os actores sociais não seguem os
princípios da ética e do profissionalismo. Nestas circunstâncias, a solução por parte
das organizações consiste na prática de uma comunicação bilateral simétrica, a
publicitação dos erros do jornalismo sensacionalista através da persuasão científica
e a conservação da organização como a principal fonte de informação pública. Só
assim será possível gerar continuamente redes de credibilidade e confiança,
fazendo coincidir os interesses privados com o interesse público. A liberdade de
imprensa é uma consequência do Estado de Direito Democrático e um instrumento
do pluralismo de opiniões. No âmbito da liberdade e imprensa, os
directores/gestores de topo ou CEO (chief executive officers) têm uma função
fundamental nas relações com os jornalistas. Os CEO podem obter uma publicitação
favorável para a organização e uma explicação credível nos momentos de crise,
através de um apurado media training.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 35
IV. TIPOLOGIA DAS RELAÇÕES PÚBLICAS 9
Praticar relações públicas envolve a aplicação de diversas actividades que
constituem o composto (mix) de RP. As áreas práticas que compõem o mix de
relações públicas podem ser consideradas como parte da comunicação de
marketing.
As relações públicas não têm directamente um objectivo de venda. Na perspectiva
das relações públicas bilaterais e simétricas, os alvos da organização são definidos
como «públicos», sem uma perspectiva de valor económico para o mercado.
O composto de relações públicas constitui uma função de marketing, desde que o
alvo da organização seja definido como «cliente». Consideradas como parte da
estratégia de comunicação de marketing, as RP podem ajudar os objectivos
comerciais da organização criando uma boa reputação ou imagem favorável, que
posteriormente se poderá traduzir no aumento da receptividade/compra de produtos
e serviços.
As relações públicas dividem-se em:
Relações públicas internas
Organização Prática de RP que se realiza no interior da instituição.
Relações públicas externas Organização Prática de RP que se realiza para fora da instituição. 9 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Canfield (1991).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 36
4.1 Relações Públicas Internas As relações públicas internas incluem as seguintes actividades:
- relações públicas com os empregados;
- relações públicas com os distribuidores;
- relações públicas com os gestores;
- relações públicas com os directores.
Relações públicas com os empregados
A organização deve estabelecer boas relações públicas com os empregados.
Compete ao relações públicas motivar os empregados para o trabalho na
organização e incentivar a compreensão mútua entre os interesses da direcção e os
interesses dos trabalhadores. Ferramentas de relações públicas com os empregados:
• Grupos de discussão (focus groups);
• Boletim institucional interno (newsletter, jornal ou revista);
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas); • Gabinete de atendimento aos empregados;
• Auditoria e plano de relações públicas 10;
• Auditoria e plano de comunicação 11;
10 - Consiste num diagnóstico dos pontos fortes (positivos) e fracos (negativos) da organização, os quais podem permitir respectivamente a existência de uma imagem favorável ou desfavorável na opinião pública ou em públicos activos específicos. É utilizada como ponto de partida para a melhoria da prática de relações públicas nas instituições, podendo secundariamente (planeamento) recomendar soluções se o cliente assim o exigir. 11 - Diagnóstico das práticas e políticas de comunicação implementadas numa determinada instituição (aspectos positivos e negativos). Abrange a comunicação em sentido amplo, desde a comunicação de marketing, comunicação de relações públicas e comunicação publicitária, podendo secundariamente (planeamento) recomendar soluções se o cliente assim o exigir.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 37
Relações públicas com os distribuidores É notória a influência dos distribuidores (representantes ou revendedores) na
eficiência da economia. Os distribuidores podem exercer uma influência decisiva
(persuasão científica) na hora de vender os produtos dos fabricantes. Os
distribuidores podem estar vinculados à empresa (neste caso, as RP actuam ao
nível interno) ou serem comissionistas externos à empresa (acção em termos de
relações públicas externas). Principais objectivos das relações públicas com os distribuidores:
1) Determinar a imagem dos distribuidores junto dos públicos-alvo.
2) Criar políticas de informação pública, persuasão científica e compreensão mútua
orientadas pelos valores da gestão estratégica e ética profissional.
3) Organizar para os distribuidores um programa de relações públicas com a
comunidade, no sentido de melhorar a imagem dos distribuidores e da instituição,
junto dos consumidores.
4) Proporcionar um conhecimento completo da estrutura e funções da empresa.
5) Estabelecer políticas de excelência de modo a obter boa vontade e dedicação dos
distribuidores.
6) Investigar/apresentar à direcção da empresa práticas e políticas que possam
melhorar as relações públicas com os distribuidores.
7) Manter relações de confiança e motivação nos distribuidores, considerando-os
como parte activa dos objectivos estratégicos da empresa.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 38
Ferramentas de relações públicas (internas) com os distribuidores:
• Grupos de discussão (focus groups);
• Boletim institucional interno (newsletter, jornal ou revista);
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas); • Gabinete de atendimento aos distribuidores;
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação
Relações públicas com os gestores O conselheiro (consultor) de RP actua ao nível financeiro e de investimento
(relações públicas financeiras/relações públicas de investimento) realizando
pesquisas de opinião junto dos públicos internos (directores, gestores e
empregados), no sentido de medir os efeitos da gestão na imagem da companhia.
Ferramentas de relações públicas com os gestores:
• Aconselhamento (counseling) dos gestores no processo de decisão;
• Grupos de discussão (focus groups);
• Boletim institucional interno (newsletter, jornal ou revista);
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas);
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 39
Relações públicas com os directores O conselheiro (consultor) de RP actua junto da direcção geral e do conselho de
administração da companhia. Realiza pesquisas de opinião, junto de públicos
internos e públicos externos, no intuito de informar o(s) director(es) sobre a imagem
da instituição. Se necessário, desde que disponha de autonomia e confiança da
direcção, o profissional de RP pode aconselhar a direcção a estabelecer um clima
de compreensão mútua com os restantes stakeholders (públicos activos) da
organização.
A experiência mostra que nas pequenas organizações gestor e director são a
mesma pessoa. Nas grandes organizações, e mesmo em algumas organizações de
dimensão média, o(s) director(es) ocupa(m) o topo da hierarquia com competências
na direcção geral ou especificamente em todos os sectores de actividade (controlo
directo).
As relações públicas internas com os directores seguem um esquema semelhante
ao processo de gestão, mas no qual os gestores dependem da direcção geral.
Paralelamente, no caso de gestor e director serem pessoas diferentes, os
profissionais de relações públicas dependem da direcção geral aconselhando a
prática de políticas de informação pública, persuasão científica e/ou compreensão
mútua (comunicação).
Nenhuma estratégia corporativa deve ser implementada sem considerar o seu
impacto no público. O profissional de relações públicas é um produtor de políticas
capaz de sustentar uma vasta amplitude de actividades de comunicação
corporativas.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 40
4.2 Relações Públicas Externas
As relações públicas externas incluem as seguintes actividades:
- relações públicas com os investidores;
- relações públicas com os fornecedores;
- relações públicas com os media (media relations)
- relações públicas com os jornalistas (publicity 12 -. ou assessoria de imprensa);
- relações públicas com os consumidores;
- relações públicas com a comunidade;
- relações públicas referentes a assuntos públicos (public affairs);
- relações públicas com o poder local;
- relações com o Governo (lobbying);
- relações públicas com agências de publicidade;
- relações públicas entre instituições (inter-corporate relations);
- relações públicas com as Forças Armadas;
- relações públicas com associações de cidadãos (desportivas, culturais, recreativas,
sindicatos, consumidores, entidades religiosas, ecologistas etc.).
12 Publicity - Ivy Lee, fundador do moderno conceito de relações públicas, refere: «(...) A publicity [ do
latim ‘publicitas’ divulgação ou publicitação] compreende é claro a publicidade. Ela compreende a
rádio, o filme, artigos de revista, discursos, livros, encontros de massa, charangas, paradas; tudo o
que está envolvido na expressão de uma ideia ou de uma instituição - incluindo a política ou a ideia
expressa». (Lee, 1923: 7-8). Em sentido restrito, a noção de «publicity» remete para a publicitação de
uma organização nos media jornalísticos: «Publicity [publicitação ou divulgação] é informação de uma
fonte externa que é usada pelos media porque a informação tem valor de notícia. É um método não
controlado de colocação de mensagens nos media porque a fonte não paga ao media para a
colocação [do material de publicity]». (Cutlip, Center e Broom, 1994: 9). Informação que surge num
meio de comunicação sem pagamento prévio de dinheiro (Barquero, 2002: 422)
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 41
Relações públicas com os investidores As relações públicas com os investidores designam-se genericamente por relações
públicas financeiras (ou relações públicas de investimento).
Neste caso, as relações públicas financeiras são praticadas:
- a nível interno junto de investidores que participam na direcção da instituição;
- a nível externo junto de potenciais investidores que não pertencem originariamente
à estrutura accionista da organização.
Quando as sociedades estão cotadas em bolsa, as relações públicas com os
investidores chamam-se especificamente «relações públicas com os accionistas». Consideradas como relações públicas externas, as relações públicas com os
investidores permitem a criação de investimento no meio local, regional, nacional ou
internacional. Compete, ao departamento de relações públicas, aconselhar a
direcção/gestão sobre a imagem que os investidores externos possuem.
Consequentemente, as relações públicas investigam os contributos favoráveis e
desfavoráveis dos investidores externos para a imagem e comunicação da
instituição. As relações públicas com os investidores situam-se no âmbito da comunicação de
marketing. Os marketeers valorizam a imagem dos investidores nos objectivos de
mercado da organização. O valor do investimento na organização traduz-se
potencialmente no crescimento dos benefícios económicos e do lucro.
Ferramentas de relações públicas com os investidores:
• Gabinete de atendimento aos investidores;
• Relatório de contas;
• Boletim institucional externo;
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas);
• Grupos de discussão (focus groups);
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 42
• Publicity ou noticiabilidade;
• Publicidade (advertising);
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação;
• Inquéritos;
• Sondagens;
• Audiências
Relações públicas com os fornecedores
Os industriais que produzem a matéria-prima, acessórios, equipamentos, peças ou
mercadorias para posteriores benefícios ou revenda constituem o público dos
fornecedores.
Dois objectivos estratégicos:
1) Considerar os fornecedores como públicos de uma política independente de
relações públicas
Os praticantes de RP actuam ao nível da informação, persuasão e/ou compreensão
mútua, procurando suscitar nos fornecedores uma imagem favorável da instituição.
Não existem, neste caso, objectivos económicos de mercado subjacentes às
relações públicas com os fornecedores. A organização limita-se a estabelecer
relações de cordialidade com os fornecedores.
Exemplo: Quando um fornecedor de material de escritório procura fornecer os seus
produtos para uma instituição de Ensino Superior, espera-se que o relações públicas
facilite os contactos com o serviço de gestão de equipamentos, informe e influencie
os fornecedores sobre os objectivos e as necessidades da organização e, em última
análise, crie um ambiente de compreensão mútua.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 43
2) Considerar os fornecedores como clientes da organização, numa política
autónoma de RP inerente à comunicação de marketing
Os praticantes de RP actuam ao nível da informação, persuasão e/ou compreensão
mútua, procurando suscitar nos fornecedores uma imagem favorável da instituição.
Existe um objectivo de marketing nas relações públicas com os fornecedores.
Exemplo: Quando um fornecedor de componentes electrónicos procura fornecer os
seus produtos para uma multinacional do sector automóvel, espera-se que o
relações públicas (integrado no departamento de marketing) facilite os contactos
com o serviço de gestão de equipamentos, informe e influencie os fornecedores
sobre os objectivos e as necessidades da organização e crie um ambiente de
compreensão mútua. Mas, neste caso, o objectivo final é promover a redução de
custos e a rentabilidade económica dos contratos, que se traduzam num valor de
mercado para a organização. O valor económico que o cliente-fornecedor transmite
para a organização permitirá a maximização do lucro. Relações públicas de excelência com os fornecedores: O fornecedor é uma fonte indispensável no fornecimento de informações sobre
produtos, serviços, tendências de consumo e comerciais. Relações públicas de
cordialidade e compreensão mútua com os investidores criam um clima de confiança
na organização, factor-chave em momentos de crise.
Boas relações públicas com os fornecedores contribuem para uma pronta entrega e
uma gestão eficiente dos stocks. Os fornecedores podem converter-se em agentes
de publicitação da instituição sempre que exista um tratamento eticamente
responsável. Geralmente os melhores preços são oferecidos a organizações que mantêm um
relacionamento justo e cortês com os fornecedores. A cooperação e a honestidade
da organização são interpretadas como um sinal de respeito mútuo. Uma imagem
favorável da instituição conduz a um tratamento especial por parte dos fornecedores,
especialmente por ocasião de devolução e rectificação de produtos.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 44
Edgar H. Savage, citado por (Canfield, 1991), agente de compras da W. F. Schrafft & Sons
(fabricante de balas) num artigo para o United Business Service explica a importância dos
fornecedores na vida da organização:
«Fornecedor é aquele de quem depende o nosso negócio. O fornecedor não depende só de nós: nós
é que somos parte da estrutura da sua organização. O fornecedor fornece-nos matéria-prima,
serviços e informações indispensáveis às operações da nossa empresa. O fornecedor é uma parte
vital da nossa empresa. O fornecedor não deve ser tratado friamente: ele também é humano e tem
muito a dar. O fornecedor não procura iludir: oferece o melhor que tem, mas quem decide somos nós.
O fornecedor tem sempre em mente as necessidades dos seus consumidores. O fornecedor tem
direito ao lucro, mas os seus preços devem ser justos. A nós cabe-nos seleccionar os verdadeiros
fornecedores e ligarmo-nos a eles».
Ferramentas de relações públicas com os fornecedores:
• Boletim institucional externo;
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas);
• Grupos de discussão (focus groups);
• Publicity (noticiabilidade);
• Publicidade (advertising);
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação;
• Gabinete de atendimento aos fornecedores.
Relações públicas com os meios de comunicação social (media relations) Num sentido amplo, as relações públicas com os meios de comunicação social
abrangem todos os trabalhadores de um órgão de imprensa escrita, rádio, televisão
ou meio on-line e não apenas os jornalistas. Num sentido restrito, designa
vulgarmente as relações públicas com os jornalistas.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 45
Ferramentas de relações públicas com os media (em sentido amplo):
• Análise de controlo (emissor);
• Análise de conteúdo (mensagem);
• Análise de media (canal);
• Análise de audiência (receptor);
• Análise de efeitos (efeitos/consequências);
• Publicity (noticiabilidade);
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas);
• Agendamento de media;
• Publicidade (anúncios, spots de rádio, spots de televisão, publi-reportagem);
• Grupos de discussão;
• Inquéritos;
• Sondagens;
• Audiências Relações públicas com os jornalistas (valor-notícia) Em sentido restrito, as relações públicas com os jornalistas podem ser realizadas em
quatro direcções:
Agendamento de imprensa (procurar persuadir o jornalista ocultando a verdade)
São raros os jornalistas que se deixam manipular. A deontologia jornalística obriga
os jornalistas à fidelidade no relato dos acontecimentos, num quadro de
responsabilidade perante a sociedade. Apenas os jornalistas corruptos se deixam
manipular pelos interesses institucionais. Os jornalistas não gostam de ser
manipulados, mas sim informados (valor-notícia). O público tem direito a ser
informado, pelo que os jornalistas denuciam o clientelismo e os comportamentos
anti-éticos das organizações – muckrakers.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 46
Informação pública
É o modelo que melhor se aproxima da ideologia dos jornalistas. O Relações
Públicas procura adaptar os interesses de publicitação da organização aos
interesses de noticiabilidade dos jornalistas.
Persuasão científica
A análise científica do feedback dos jornalistas leva a organização a aceitar os
valores dos jornalistas. Posteriormente, a organização cria novas estratégias de
persuasão assimétrica. O objectivo é influenciar, mas respeitando os valores do
público e dos jornalistas.
Comunicação
No sentido literal do termo, «pôr em comum», atingir acordo, consenso ou
compreensão mútua. Este modelo de relações públicas externas envolve simetria:
não existe valorização dos jornalistas ou da organização.
Acreditamos que a excelência e a eficiência nas relações com os jornalistas só
serão possíveis, através da prática do modelo integrado IPC (informação -
persuasão - comunicação). Em todo o caso deverá sempre existir investigação
aplicada, ética, deontologia e gestão estratégica.
Ferramentas de relações públicas com os jornalistas (agentes de informação):
• Análise de controlo (emissor);
• Análise de conteúdo (mensagem);
• Análise de media (canal);
• Análise de audiência (receptor);
• Análise de efeitos (efeitos/consequências);
• Publicity (nota de imprensa ou comunicado, conferência de imprensa, dossier
de imprensa);
• Panfletos e brochuras;
• Agendamento de media;
• Grupos de discussão;
• Inquéritos;
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 47
• Audiências;
• Sondagens;
• Boletim institucional externo;
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação.
Relações públicas com os consumidores Do ponto de vista meramente comercial, designam um tipo de relações da esfera da
comunicação de marketing. O consumidor acumula geralmente outras funções (pode
ser um jornalista, empregado, profissional liberal, político). O profissional de relações
públicas actua ao nível da fidelização do cliente, criando uma boa reputação e
imagem favorável da organização, dos produtos e/ou serviços.
Ferramentas de relações públicas com os consumidores:
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação;
• Grupos de discussão;
• Inquéritos;
• Sondagens;
• Audiências;
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas);
• Boletim institucional externo. Relações públicas com a comunidade As relações públicas com a comunidade (community public relations) têm como
públicos-alvo todos os agentes ou parceiros dos meios local e regional, tais como:
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 48
- Escolas (Pré-primário, Básico, Secundário e Superior);
- Poder local (autarquias);
- Hospitais e Centros de Saúde;
- Órgãos da Administração Central (Governo, Repartições de Finanças, Institutos
Públicos, Repartições do Tesouro Público, Administrações de saúde etc.);
- Forças de segurança e militares;
- Associações empresariais, recreativas, desportivas, culturais e de cidadãos;
- Instituições bancárias;
- Indústrias;
- Proprietários e produtores agrícolas;
- Comerciantes;
- Telecomunicações (correios, telefones, telégrafos, fax etc.);
- Meios de comunicação social locais e regionais;
- Outros prestadores de serviços públicos ou privados.
A organização necessita de manter relações de confiança e respeito mútuo com a
comunidade. A proximidade geográfica dos agentes e parceiros da comunidade
condiciona o envolvimento/afectação dos públicos-alvo. É na comunidade que a
organização encontra o primeiro teste à sua credibilidade, reputação e imagem. Os
membros da comunidade podem tornar-se mais directamente públicos activos
(stakeholders) nas políticas da organização.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 49
Ferramentas de relações públicas com a comunidade:
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação;
• Publicity;
• Publicidade;
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas);
• Inquéritos;
• Sondagens;
• Audiências;
• Grupos de discussão;
• Boletim institucional externo.
Relações públicas referentes a assuntos públicos (public affairs)
Os assuntos públicos (public affairs) da organização englobam, em sentido amplo,
todas as relações públicas com o exterior. Considerada em sentido geral, os public
affairs designam as relações públicas com o poder local (autarquias), as relações
com o Governo (lobbying) e as relações com a comunidade.
Edward L. Bernays trabalhou ao nível dos assuntos públicos como conselheiro de
vários presidentes dos Estados Unidos. Bernays utilizou a persuasão científica no
relacionamento com os públicos-alvo. Informação, persuasão e comunicação foram
para Bernays elementos de uma política bilateral assimétrica e simétrica, na qual o
feedback dos públicos permite a readaptação da organização e a posterior influência
dos objectivos institucionais sobre os stakeholders (públicos activos). As organizações necessitam de manter laços de compreensão mútua com as
autarquias e o Governo, no sentido de obterem receptividade em relação aos seus
objectivos institucionais. O lobbying e os public affairs são actividades de relações
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 50
públicas políticas que exigem um elevado grau de especialização e uma atitude de
responsabilidade social.
Exemplo: Uma empresa de produtos alimentares quer comprar um lote de terreno no
Parque Industrial de Coimbra, para aí instalar uma nova unidade de produção.
Exemplo: A multinacional Volkswagen pretende obter benefícios fiscais, por parte do
governo português.
Ferramentas de assuntos públicos (sentido restrito):
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação;
• Grupos de discussão;
• Inquéritos;
• Sondagens;
• Audiências;
• Boletim institucional externo.
Relações públicas com agências de publicidade Aplicam-se os princípios de informação pública, persuasão científica e/ou
compreensão mútua no relacionamento com as agências de publicidade.
As relações públicas servem-se da publicidade para divulgarem a imagem favorável
da instituição (publicidade institucional). O praticante de relações públicas compra
espaço (media placement) nos canais de comunicação (imprensa, rádio, televisão,
internet, locais exteriores), procurando estabelecer relações de honestidade
profissional com os publicitários.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 51
Ferramentas de relações públicas com agências de publicidade:
• Boletim institucional externo;
• Brindes promocionais (ofertas);
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação;
• Controlo de eficácia da publicidade;
• Inquéritos;
• Sondagens;
• Audiências;
• Grupos de discussão.
Relações públicas entre instituições (inter-corporate relations) As relações formais entre instituições realizam-se através de uma disciplina
autónoma da comunicação que se designa por «Protocolo». O protocolo institucional
é um conjunto de regras codificadas de etiqueta/cortesia, que são praticadas ao
mais alto nível entre os responsáveis das organizações e os seus públicos-alvo.
As RP utilizam o protocolo, quando o relacionamento entre as instituições exige um
tratamento codificado em termos de escrita e comunicação interpessoal. Aplicando
os modelos de informação pública, persuasão científica e/ou compreensão mútua, o
relações públicas utiliza regras de etiqueta e cortesia na interacção entre as
instituições.
Exemplo: Uma das regras de cortesia de qualquer instituição consiste em felicitar
outras instituições e transmitir condolências.
Exemplo: Uma organização agradece aos fornecedores a qualidade das matérias-
primas que vende.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 52
Exemplo: O Reitor da Universidade da Beira Interior convida os docentes a
associarem-se às comemorações do dia da Universidade, utilizando uma mailing-list
ou o direct-mail. O(a) secretário(a) do Reitor ou o assessor de relações públicas
escreve um texto institucional, segundo as regras gerais da escrita de protocolo ou
as regras de escrita protocolar específicas da instituição.
A escrita de relações públicas difere da escrita de protocolo, sendo a primeira bem
mais informal e simples. Nas relações entre instituições, o protocolo só se justifica se
existir um tratamento formal entre os intervenientes.
Nas relações públicas entre instituições, os princípios da simplicidade, clareza,
concisão, rapidez de escrita, economia de esforço, entre outros, existentes na
escrita profissional de RP podem, na nossa perspectiva, aproximar melhor as
instituições, sempre que o tratamento seja informal e sem burocracia.
Ferramentas de relações públicas entre instituições:
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação;
• Inquéritos;
• Sondagens;
• Audiências;
• Estabelecimento de convénios e parcerias;
• Grupos de discussão;
• Boletim institucional externo;
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas).
Relações públicas com as Forças Armadas
As Forças Armadas cumprem uma função de soberania – a defesa nacional. O
poder político é a entidade que mais directamente se relaciona com os militares. Na
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 53
esfera de interesses comerciais, os militares relacionam-se com as organizações
produtoras de apoio logístico (armas, equipamento, rações de combate etc.)
As empresas esperam que o Governo lhes permita a celebração de contratos. O
Governo deseja maximizar o investimento e reduzir os custos.
Exemplos de boas relações públicas com as Forças Armadas:
Exemplo: o Governo escuta a opinião dos peritos militares na altura de celebrar
contratos.
Exemplo: As organizações são honestas, não fornecendo equipamentos obsoletos e
com defeitos de fabrico.
Exemplo: o Governo recorre à consultoria dos militares na condução da política de
defesa nacional.
Exemplo: o Governo pratica os modelos de informação pública, persuasão científica
e compreensão mútua nas relações com os militares.
Ferramentas de relações públicas com as Forças Armadas:
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação;
• Inquéritos;
• Sondagens;
• Audiências;
• Boletim institucional externo;
• Grupos de discussão;
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas);
• Publicity;
• Publicidade.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 54
Relações públicas com associações de cidadãos
Existem diferentes associações de cidadãos: políticas (sindicatos, partidos,
movimentos), desportivas, culturais, recreativas, ecologistas, de solidariedade social,
de defesa dos consumidores, religiosas, de defesa das minorias, de emigrantes etc.
As organizações necessitam de adaptar-se aos cidadãos, através da prática de uma
política de informação pública, persuasão científica e/ou compreensão mútua, capaz
de suscitar nos cidadãos receptividade e confiança.
Exemplo: o hipermercado Modelo oferece alimentos ao Banco Alimentar contra a
Fome. (A responsabilidade social é hoje uma política de relações públicas e
marketing).
Ferramentas de relações públicas com associações de cidadãos:
• Auditoria e plano de relações públicas;
• Auditoria e plano de comunicação;
• Inquéritos;
• Sondagens;
• Audiências;
• Boletim institucional externo;
• Grupos de discussão;
• Panfletos e brochuras;
• Brindes promocionais (ofertas);
• Publicity;
• Publicidade. 4.3 Áreas multidisciplinares
O patrocínio, o mecenato, a gestão/comunicação de crise e os conflitos potenciais de gestão são áreas multidisciplinares (comuns a outras disciplinas,
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 55
para além das RP) que podem envolver a prática de relações públicas externas e
relações públicas internas.
«Patrocínio é essencialmente uma relação comercial. De um lado uma entidade
que oferece um suporte – em bens, serviços, ou dinheiro – e do outro, uma entidade
que, usufruindo desse benefício, oferece em contrapartida, direitos, associação ou
visibilidade que interessam ao patrocinador» (Caetano, 2003).
Mecenato é uma área da comunicação e da gestão que visa apoiar um
acontecimento, uma empresa, uma pessoa, uma vontade filantrópica sem esperar
compensação (mecenato de compromisso) ou com desejo expresso de obter
benefício (mecenato de intenção). No caso do mecenato de compromisso o mecena
apoia a entidade parceira sem esperar um benefício a curto prazo e directo (a
organização pode obter um proveito a longo prazo, ainda que não exista um
objectivo de marketing explicito). No mecenato de intenção, o mecena pretende
retirar uma contrapartida partilhada com a organização que apoia (AAVV, 1999).
Gestão de crise é a área da comunicação e gestão que visa resolver e combater os
acontecimentos negativos (crises) contrários à boa reputação da organização.
Procurar apenas a satisfação dos objectivos da instituição sem atender ao interesse
público, pode criar no público a imagem de que a instituição actua contra a ética e
recusa o dever de prestar contas à sociedade (responsabilidade social).
Durante a crise a resposta (comunicação de crise) deve ser rápida: por norma no
máximo de 24 horas (dependendo das situações e dos meios disponíveis). A
instituição deve centralizar a gestão de crise no Gabinete de Crise que reúne
directores, gestores, profissionais de RP, marketeers, e outros públicos activos
directamente envolvidos e/ou afectados.
Ferramentas de acção em comunicação de crise: relações públicas com os media e
jornalistas; publicidade; boletim institucional externo; panfletos; brochuras; grupos de
discussão; auditoria e plano de comunicação; auditoria e plano de relações públicas;
inquéritos; sondagens; análise de conteúdo; análise de controlo; análise de media;
análise de efeitos; análise de audiência; plano de comunicação de crise.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 56
Gestão de conflitos potenciais ou «issues management é o processo pró-activo
que consiste em antecipar, identificar, avaliar, e responder às questões da política
pública que afectam as relações das organizações com os públicos». (Cutlip, Center
e Broom, 2000: 17). Duas actividades essenciais: 1) identificar os problemas que
têm um impacto potencial nas políticas e estratégias da organização; 2) responder
estrategicamente para impedir as consequências negativas dos problemas.
A gestão de conflitos potenciais visa prevenir as crises na organização, quer a nível
interno ou externo. W. Howard Chase, em 1976, introduziu este novo conceito nas
RP. As questões de gestão incluem: identificação de problemas; análise e gestão de
problemas; estabelecer prioridades de acção que criem soluções para o problema;
implementar políticas de marketing, relações públicas e publicidade; avaliar a
eficiência das acções, campanhas ou programas que previnam os problemas/crises.
4.4 Distinção entre relações públicas, publicidade e marketing Algumas pessoas defendem que as relações públicas têm por objectivo «vender a
imagem» da organização, independentemente de quaisquer noções de ética e
deontologia. Outras acreditam que as relações públicas devem estar adaptadas ao
interesse público da maioria dos cidadãos. Uma parte significativa identifica as
relações públicas como uma ciência da persuasão, na qual o feedback dos públicos
apenas serve para reforçar a transmissão da mensagem da organização. Os
académicos das relações públicas seguidores das teses de James Grunig, pelo
contrário, pretendem demonstrar que as RP são a «gestão da comunicação entre a
organização e os seus públicos». Neste último caso, os profissionais devem procurar
o consenso e manter os canais de comunicação abertos, servindo de interface
conciliador entre os interesses da organização e os interesses dos públicos.
Frequentemente, as relações públicas são confundidas com a publicidade 13. Nas
relações públicas, o objectivo é promover ou divulgar a imagem favorável de uma
13 - Em inglês advertising.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 57
organização sem uma perspectiva de venda comercial ou corporativa, enquanto que
a publicidade procura vender um produto, uma imagem ou serviço. Nas relações
públicas não existe uma perspectiva de venda, que se traduza directamente na
maximização do lucro. Pelo contrário, na publicidade há uma intenção explicita de
vender um produto, uma imagem ou um serviço, que permita a obtenção de lucros
comerciais e corporativos. As relações públicas implicam uma filosofia de
comunicação entre a organização e os seus públicos (internos e externos),
conducente a um clima favorável em termos sociais, políticos e económicos no meio
envolvente. A publicidade utiliza a persuasão, como a principal arma para atingir os
públicos-alvo em favor dos interesses unilaterais da organização. Os custos do
media placement da publicidade são bastante elevados, se não existir um controlo
de eficácia publicitária. As relações públicas geralmente têm menores custos
financeiros, para além de conseguirem gerir o feedback, conciliando os interesses
da organização com os interesses da maioria dos públicos. A eficiência da
publicidade pode ser nula, se não for complementada com outras ferramentas de
comunicação, tais como as relações públicas e o marketing, no quadro de uma
comunicação integrada ou global.
Segundo James Grunig, o marketing e as relações públicas devem ser praticados
por departamentos autónomos e sem submissão das relações públicas aos
objectivos de marketing. A principal função do marketing é permitir a comunicação
da organização com os mercados, através de produtos, bens ou serviços. As
relações públicas abrangem todos os públicos da organização, e não apenas os
consumidores ou clientes. O marketing pretende rentabilizar a maximização do lucro,
mesmo que existam políticas de marketing social. As relações públicas pretendem
poupar dinheiro à organização, favorecendo a capacidade dos públicos e das
organizações interagirem no âmbito de uma compreensão mútua (two-way
symmetric model). Neste sentido, Ehling, White e Grunig (1992: 390) defendem a
seguinte proposição: «A função das relações públicas [nas] organizações excelentes
existe separadamente da função de marketing, e os departamentos de relações
públicas excelentes não estão submetidos no seio da função de marketing».
As relações públicas actuam a nível interno (relações públicas internas) e a nível
externo (relações públicas externas). As relações públicas com os directores,
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 58
gestores e empregados são exclusivamente internas. As relações públicas com os
distribuidores podem ser internas ou externas. As áreas em que a organização actua
ao nível de relações públicas externas são as seguintes: relações públicas com os
investidores; relações públicas com os fornecedores; relações públicas com os
media (media relations); relações públicas com os jornalistas (publicity ou assessoria
de imprensa); relações públicas com a comunidade; assuntos públicos (com o poder
local e Governo); relações públicas com agências de publicidade; relações públicas
entre instituições (inter-corporate relations); relações públicas com as Forças
Armadas; relações públicas com associações de cidadãos (desportivas, culturais,
recreativas, ecologistas, consumidores, sindicatos, religiosas etc.). As relações
públicas são uma função da gestão que permitem a criação de um ambiente de
compreensão mútua entre a organização e os seus públicos-alvo. A publicidade é
basicamente a compra de espaço nos canais de comunicação (imprensa, rádio,
televisão, Internet, publicidade exterior). O marketing é uma função da gestão que
permite à organização obter um valor económico nas relações com os clientes.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 59
Cutlip, Center e Broom (2000) distinguem:
Relações Públicas, Publicidade e Marketing.
Relações Públicas
«Relações Públicas é a função da gestão que estabelece e mantém relações de benefício mútuo entre uma organização e os públicos do qual o seu sucesso depende».
Publicidade «Publicidade é informação colocada nos
media [media placement] por um patrocinador identificado que paga pelo tempo e espaço. É um método controlado de colocação de mensagens nos media».
Marketing
«Marketing é a função da gestão que identifica as necessidades humanas e carências, oferece produtos e serviços para satisfazer esses pedidos, e causa transacções que entregam produtos e serviços em troca de algo de valor para o fornecedor».
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 60
V. INVESTIGAÇÃO DO PROBLEMA OU OPORTUNIDADE 14
A investigação permite aos profissionais de relações públicas transmitirem aquilo
que conhecem do problema (ou oportunidade), para posteriormente planearem uma
solução. Uma investigação construtiva, baseada em provas factuais e
independentes, fornece ao responsável pela instituição um diagnóstico científico dos
problemas e permite valorizar a função de consultoria (conselho) do profissional de
RP.
Exemplo: Se uma árvore não dá frutos, o agricultor investiga os motivos de tal
acontecimento. Só depois de uma recolha de dados é que planeia as formas de
combater o problema.
Exemplo: Numa consulta de saúde, o médico faz um diagnóstico para saber as
queixas dos doentes. Só depois prescreve a receita.
O objectivo do profissional de relações públicas é diagnosticar a organização, de
forma objectiva e independente, relativamente a um problema concreto ou a uma
situação geral. A investigação visa diminuir a incerteza no processo de decisão e
melhorar a gestão das organizações. O modo de conseguir relações públicas
eficientes é aplicar a investigação aos problemas e oportunidades da esfera
institucional.
2 Métodos de praticar relações públicas:
I. «Seat-of-the-pants». É sinónimo de «trabalho em cima do joelho». São as
práticas de RP baseadas em métodos de trabalho instintivos (individualismos,
intuição, facilitismo e imediatismo).
II. «Management process» ou «four-step process». É o processo de gestão das
relações públicas em quatro fases. As etapas desta ferramenta de relações públicas
profissionais são: 14 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Cutlip et al. (2001).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 61
4.1 Atitude de investigação Estudos científicos demonstram uma relação proporcional entre a influência das
relações públicas no processo de decisão (decision making) e a existência de
investigação aplicada. Uma das formas de conseguir um lugar de topo no conselho
de administração é desenvolver investigação aplicada. Outra das vantagens da
investigação aplicada é contribuir para um planeamento a médio e longo prazo, que
recusa as insuficientes acções de rotina. A investigação aplicada em RP adequa-se
às situações concretas e não se baseia no pensamento abstracto.
1. DEFINIÇÃO DE PROBLEMA 2. PLANEAMENTO E PROGRAMAÇÃO O que está a acontecer agora? O que é que devemos fazer e dizer e porquê? ANÁLISE SITUACIONAL ESTRATÉGIA - interna - objectivos - externa - públicos-alvo - planos 4. AVALIAÇÃO 3. ACÇÃO E COMUNICAÇÃO Como é que nós fizemos? Como e quando fazemos e dizemos? JULGAMENTO IMPLEMENTAÇÃO - avaliação quantitativa - tácticas - avaliação qualitativa
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 62
Investigar é saber ouvir
Saber ouvir não é tarefa fácil, principalmente, quando alguns directores são parciais
na análise da situação-problema. O profissional de RP tem de conhecer o
comportamento e a linguagem do director. Mais do que criticar, sem base científica,
o consultor deve saber ouvir para depois sugerir de forma construtiva.
Definir os problemas de relações públicas
Definir um problema de relações públicas consiste em realizar um juízo de valor
sobre uma situação errada que se pode combater ou eliminar. Para realizar um juízo
de valor, é necessário diagnosticar o cumprimento dos objectivos globais e
objectivos específicos da organização. A investigação sistemática permite que um
mero juízo de valor pessoal (subjectivo) se transforme num problema (ou
oportunidade) de relações públicas.
Exposição do problema (problem statement ou briefing) É um resumo da situação-problema geralmente escrito numa única frase ou
parágrafo curto. A situação-problema é o conjunto de factores internos e factores
externos, que afectam ou envolvem os públicos da organização. A exposição do
problema descreve a situação em termos mensuráveis quantitativamente e
qualitativamente. Perguntas a responder na exposição do problema: - Qual é a fonte de preocupação? - Onde é que existe o problema? - Quando existe o problema? - Quem está envolvido ou afectado? - Como estão os públicos activos (stakeholders) envolvidos ou afectados? - Porque é que o problema é uma preocupação para a organização e os seus públicos?
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 63
4.2 Análise situacional A análise da situação inclui a exposição do problema e uma visão concreta da
história, forças e públicos que existem na situação-problema. A análise da situação
contém toda a informação de contexto (background) necessária para explicar o
problema. Etapas na definição do problema de relações públicas:
Juízo de valor (fase subjectiva) Análise de objectivos globais e objectivos específicos
Exposição do problema
Análise situacional (interna e externa)
Situação-problema.
Elementos operativos de uma análise situacional:
Auditoria e plano de comunicação – investigação que permite diagnosticar os
métodos/canais da organização utilizados para comunicar com públicos
internos e externos.
Arquivo da organização – contém discursos, panfletos, brochuras, relatórios,
apresentações e requerimentos enviados pelos media, pela própria
organização ou por outras organizações.
Análise de stakeholders – para Grunig e Hunt (1984: 25) stakeholder é «um
indivíduo ou grupo que pode afectar ou ser afectado pelas acções, decisões,
políticas, práticas ou objectivos globais da organização». Os stakeholders
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 64
transformam-se em públicos quando se tornam mais activos e conscientes
das suas funções na organização.
Quatro etapas na análise de públicos-activos:
- Quanto custa aos públicos-activos usarem informação da situação-problema?
- Que tipo de informação as pessoas usam?
- Como é que as pessoas usam a informação?
- O que demonstra o uso da informação?
É impossível estabelecer objectivos que afectem ou envolvam os públicos-alvo se a
organização não conhece as crenças e as opiniões do referido público. Só uma
definição do problema rigorosa permite realizar um planeamento de estratégias e
tácticas eficiente. Na realização de uma análise situacional existem ainda quatro
questões adicionais:
Quanto custa aos públicos-alvo usarem a informação da situação-problema?
Que tipos de informação as pessoas usam?
Como é que as pessoas usam a informação?
O que prevê o uso da informação?
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 65
Conteúdo de uma análise situacional 15 Factores internos
1. Discursos sobre a missão, filosofia, história, enquadramento legal e estrutura
da organização.
2. Biografias, fotografias (gestores, directores, profissionais de comunicação,
engenheiros, empregados…) e listas de pessoal.
3. Descrição/explicação de histórias, meios, acções, campanhas e programas de
comunicação interna.
4. Informações referentes a produtos e serviços.
5. Descrição (inclui estatísticas) e explicação de recursos humanos, recursos
técnicos, recursos financeiros, stakeholders (públicos activos) e lucros.
6. Discursos sobre a política de informação, persuasão e comunicação
directamente relacionados com a situação-problema.
7. Descrição/explicação de como a organização enfrenta a situação-problema.
8. Citações de responsáveis-chave na situação-problema.
Factores externos
1. Clipping de jornais, revistas e newsletters relativo à situação-problema.
2. Relatórios, registos áudio e registos audiovisuais.
15 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Grunig et al. (2000).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 66
3. Análises de conteúdo na imprensa, rádio, televisão, internet e publicitação
exterior.
4. Listas de media, jornalistas, opinion makers, freelancers, escritores,
produtores e realizadores que realizam trabalhos inerentes à situação-
problema.
5. Listas de informação de contexto (backgrounders) sobre indivíduos e grupos
que partilham preocupações/interesses na situação-problema, incluindo os
seus canais de publicitação.
6. Resultados de inquéritos, sondagens e audiências relacionadas com a
imagem da organização na opinião pública ou sobre a situação-problema.
7. Agendas de eventos especiais e outras datas importantes para a organização
e a situação-problema.
8. Listas de agências governamentais, legisladores e outras entidades que
afectam a organização e a situação-problema.
9. Cópias de leis, decretos-lei, despachos, circulares e outras regulamentações
importantes para a organização e a situação-problema.
10. Cópias de investigação aplicada (applied research) publicadas acerca da
organização e situação-problema.
11. Bibliografias, bases de dados, directórios e bibliotecas que envolvem a
organização e a situação-problema.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 67
4.3 Análises SWOT e force-fields Análise SWOT
A análise eficiente dos factores internos e dos factores externos que
envolvem/afectam a organização e os seus públicos pode realizar-se através da
metodologia SWOT. Trata-se de uma ferramenta de auditoria e avaliação que
implica a análise da solidez ou forças (strenghts) [S], o diagnóstico da fraqueza ou
defeitos (weaknesses) [W], a identificação das oportunidades (opportunities) [O] e a
monitorização das ameaças (threats) [T].
Relações estratégicas SWOT:
Estratégias SO (forças + oportunidades). A análise das forças positivas
permite formular vantagens para a criação de oportunidades no ambiente
externo.
Estratégias ST (forças + ameaças). A análise das forças positivas permite
responder às ameaças do ambiente externo.
Estratégias WO (defeitos + oportunidades). Pretendem reduzir os defeitos
internos e aproveitar as vantagens do ambiente externo.
Estratégias WT (defeitos + ameaças). O objectivo é minimizar os defeitos e as
ameaças externas.
Análise force-fields
A análise situacional interna e externa pode também realizar-se através da
metodologia force-fields (forçar o campo de investigação). Antes de investigarem a
situação-problema, os profissionais de relações públicas e outros intervenientes no
processo de decisão (decision-making) realizam um diagnóstico completo sobre as
forças negativas que originaram o problema. Seguidamente, a identificação das
forças positivas permite combater e solucionar o problema, criando novas
oportunidades para a organização.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 68
4.4 Métodos de investigação
Os métodos informais são bastante usados em relações públicas, ainda que os
métodos formais sejam mais científicos e rigorosos. Nos métodos informais, os
resultados são apenas uma parte da situação-problema, enquanto nos métodos
formais existe uma maior análise comparativa e resultados mais abrangentes.
Os métodos formais são usados para responder a situações que exigem uma
análise científica dos dados que se baseiam em explicações factuais. Nos métodos
informais existe apenas a descrição dos dados, tendo por base a simples
experiência prática. Os métodos formais só são úteis se o contexto e os objectivos
da investigação estão previamente determinados mesmo antes da investigação ter
sido seleccionada.
Métodos informais, «exploratórios» ou não-científicos Contactos pessoais – Estabelecimento de comunicação interpessoal com os
públicos da organização de uma forma directa e presencial.
Informadores-chave – São indivíduos bem colocados no interior das organizações
ou fora delas, quase sempre especialistas, analistas ou líderes de opinião. Ex:
autores, editores, jornalistas, políticos, sindicalistas, líderes patronais, ministros,
professores, accionistas etc.
Grupos de discussão (focus groups) e fóruns comunitários – Discutem problemas,
desafios e oportunidades da organização. Podem dividir-se por categorias: o grupo
dos directores; o grupo dos empregados; o grupo dos fornecedores; o grupo dos
accionistas; os membros da comunidade local ou regional etc. Os profissionais de
RP usam grupos de discussão e fóruns comunitários para descobrirem sugestões
em relação às políticas de informação, persuasão e comunicação. Outra função de
um grupo de discussão é obter elementos informativos e opinativos que serão
usados na elaboração de inquéritos, sondagens e audiências.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 69
Comités de aconselhamento (conselhos consultivos) – São constituídos por
consultores externos ou internos à organização. Os dirigentes da organização
devem aceitar a independência, liberdade e crítica construtiva dos consultores. Caso
contrário, o comité será uma mera cosmética ao serviço dos interesses dos
directores e/ou gestores.
Provedor (ombudsman) – Tal como no jornalismo, o provedor de relações públicas
recebe as queixas, críticas e sugestões dos públicos activos. A organização não
deve pressionar o provedor, mas fornecer-lhe todos os meios de diagnóstico e
monitorização do conhecimento, bem como independência no acto de julgar a
organização. Trata-se simultaneamente de um método informal de auditoria e
avaliação.
Contactos por telefone – Uma parte considerável das organizações possuem uma
linha gratuita ou de chamada local para atender os públicos. A própria organização
deve realizar contactos com os públicos no sentido de diagnosticar a imagem da
organização e satisfazer as preocupações dos stakeholders.
Contactos por internet – A internet veio permitir uma maior interacção entre a
organização e os públicos-alvo, através do correio electrónico, IRC, chat, fórum de
discussão, publi-reportagem online, newsgroup, mailing-list e vídeo-conferência
online. Informar, persuadir e comunicar são agora possíveis à escala mundial em
directo (sincronia) ou em diferido (assincronia). Nos contactos online, a organização
deve possuir bases de dados actualizadas, interagir rapidamente com os públicos-
alvo, abrir a organização aos pedidos de informação pública e manter uma imagem
de compreensão mútua.
Análise de correio – É realizada em parceria com o secretariado da organização. O
secretário recolhe as cartas, distribui-as por assuntos e arquiva-as. Ao profissional
de relações públicas compete realizar análise de conteúdo à documentação
recebida, seleccionar a prioridade no feedback e planear, juntamente com o director
e/ou gestor, uma resposta rápida e não-burocrática da organização.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 70
Fontes online – Englobam todo o conjunto de motores de busca e directórios na
internet (p. ex: Altavista, Google, Dmoz, Yahoo, Lycos etc). O acesso não exige um
tratamento formal das fontes de informação. A investigação é bastante fácil e, na
maior parte dos casos, gratuita. No entanto, se não existir precisão na pesquisa
existirá uma inevitável perda de tempo.
Métodos formais ou científicos Análises secundárias
São métodos de investigação cujos dados são obtidos através de entidades
externas, contendo informações secundárias ou complementares para a
organização e a situação-problema. Em Portugal, o Instituto Nacional de Estatística
realiza inquéritos de caracterização socioeconómica em todo o território nacional –
Censos. Nos Estados Unidos o United States Bureau of the Census tem uma longa
tradição em temas de estatística. Implementa estudos de caso, formula definições e
publica livros e revistas sobre a actividade socioeconómica.
Desde 1930 empresas como A.C. Nielsen, George Galup, Elmo Roper e Louis
Harris, entre outras, são casos de sucesso no processo de medir a opinião pública a
nível quantitativo e qualitativo. As maiores cadeias de televisão e rádio tais como a
BBC Radio, Sky News, CNN, BBC Television encomendam inquéritos baseados em
segmentação psicográfica, demográfica, geográfica etc. A obtenção de dados
socioeconómicos de teor estatístico permite satisfazer as necessidades dos
consumidores (ouvintes ou telespectadores) e os objectivos de marketing.
Bases de dados online
O método de investigação formal mais utilizado em RP é a consulta de bases de
dados na internet. Os profissionais de relações públicas utilizam as bases de dados
online no processo de diagnóstico/monitorização da situação-problema e como fonte
de informação no planeamento de estratégias e tácticas.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 71
Exemplos de bases de dados online:
Lexis-Nexis, Dun and Brandstreet, Dow Jones, News/Retrieval, NewsNet, Data
Times, Wise Wire, News Sites, Burrelle’s Broadcast Database.
Inquéritos (surveys)
Questionários enviados por correio, questionários enviados por email, entrevistas
por telefone e entrevistas pessoais são as três técnicas usadas nos inquéritos. A
eficiência dos inquéritos depende do modo como são feitas as perguntas e da
capacidade informativa, persuasiva e comunicacional do profissional de RP em obter
a receptividade dos públicos-alvo. Tipo de inquérito
Vantagem
Desvantagem
Inquéritos enviados por correio (normal ou electrónico)
São convenientes para os receptores, porque eles decidem quando querem responder às perguntas. Possibilitam níveis elevados de anonimato. Redacção a partir do modelo proposto (standard wording).
Os investigadores não têm controlo sobre quem responde ao inquérito. São comuns baixos níveis de adesão por parte do público. Nenhuma garantia sobre a conclusão do questionário. Falta de controlo sobre as condições em que o inquérito é respondido.
Inquéritos-entrevistas por telefone
O investigador tem um controlo directo sobre as respostas dos inquiridos. Possibilidade do entrevistador fazer a mesma pergunta por palavras diferentes (flexibilidade do inquérito). Maior garantia sobre a conclusão do questionário. Maior controlo sobre as condições em que o inquérito é realizado. Anonimato médio, sem a pressão da entrevista presencial
Custo elevado (telefone + comissão). Possibilidade dos inquéritos serem confundidos com publicidade enganosa e telemarketing.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 72
Inquérito-entrevista pessoal
O investigador tem um controlo directo sobre as respostas dos inquiridos. Possibilidade do entrevistador fazer a mesma pergunta por palavras diferentes (flexibilidade do inquérito). Possibilidade de exercer maior persuasão na conclusão do questionário. Elevado controlo sobre as condições em que o inquérito é realizado.
Custo elevado (deslocações/transporte + comissão). Anonimato reduzido e pressão da entrevista presencial.
Relatórios de campo (field reports)
As organizações de maior dimensão têm agentes locais e regionais que realizam
relatórios de campo sobre os problemas e oportunidades de RP. Todavia, estudos
de sociologia e psicologia das organizações demonstram que os agentes locais e
regionais tendem a transmitir uma imagem condicionada pelas pressões do gestor
e/ou director. Consequentemente, os relatórios de campo transformam-se em meros
processos de repressão das consciências sem objectividade e raramente científicos.
Exemplo: A Universidade de São Paulo (Brasil) pediu aos seus estagiários de
Relações Públicas que realizassem uma auditoria e plano de imagem, no sentido de
diagnosticarem o conceito que os jornalistas da cidade de São Paulo tinham da
Universidade. Como 90 por cento das respostas eram contrárias à Universidade, os
estagiários com medo de perderem a consultoria in-house department resolveram
informar os seus superiores que os jornalistas estavam muito ocupados e não
respondiam.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 73
VI. PLANEAMENTO 16 O planeamento da(s) estratégia(s) e tácticas, em função objectivos gerais (overall
goals) e objectivos específicos (objectives) definidos pelos clientes, procura
responder à seguinte pergunta: Baseado no conhecimento da situação o que é que
devemos mudar, fazer ou dizer?
6.1 Pensamento estratégico No âmbito de acções, campanhas ou programas de relações públicas, o
pensamento estratégico consiste na definição da(s) estratégia(s) de imagem
institucional e respectivos planos de acção concreta (tácticas). O profissional de
relações públicas deve possuir clareza de pensamento e uma capacidade inventiva
na definição dos públicos-alvo, no intuito de evitar perdas de tempo e controvérsias
inúteis. Uma estratégia pode definir um posicionamento criativo, mas incoerente com
a funcionalidade dos objectivos definidos pelo cliente. Neste sentido, torna-se
necessário, antes de qualquer conceptualização da estratégia e tácticas, avaliar a
relação causa-consequência em todos os media e canais (suportes) de
comunicação.
As relações públicas como parte do pensamento estratégico
Qualquer acção, campanha ou programa de relações públicas deve ter por base o
processo de gestão e o conceito de eficiência no pensamento estratégico. É
essencial a troca de informações/opiniões entre os profissionais da instituição e o
profissional de RP.
6.2 Expectativas de gestão O planning de acções, campanhas ou programas de relações públicas deve
obedecer a um esforço sistemático de interacção com os objectivos do cliente:
16 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Cutlip et al. (2001).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 74
1) O profissional de RP acredita na validade da comunicação interpessoal, no
sentido de satisfazer as necessidades do cliente – abertura ao consenso.
2) A acção, campanha ou programa de relações públicas beneficia de um
horizonte comum de compreensão envolvendo laços sociais do paradigma
unilateral para a comunicação bilateral.
A prudência e o longo alcance
O planeamento de uma acção, campanha ou programa de RP exige prudência e
uma perspectiva de longo alcance. Os principais factores que afectam a prudência e
a perspectiva de longo alcance são:
a) Existência de um programa integrado (várias ferramentas de
comunicação) em função de compromissos perante fins específicos.
O briefing da campanha constitui um poderoso instrumento de planeamento
estratégico, determinando políticas gerais de acção. O técnico/consultor de relações
públicas pode optar por estratégias de informação pública, persuasão científica e/ou
compreensão mútua (comunicação). Em função do contexto definido pelo briefing
caberá ao gestor de relações públicas decidir pela utilização de cada um dos
modelos anteriormente definidos ou optar pela prática diacrónica (ao longo do
tempo) ou sincrónica (em simultâneo de forma integrada) de estratégias que gerem
credibilidade e reputação junto dos públicos-alvo.
b) Participação e apoio da gestão em todas as fases do planeamento das
relações públicas.
Em qualquer acção, campanha ou programa de relações públicas é necessário
saber previamente o orçamento disponível. Tal facto permite uma relação de maior
eficiência entre os objectivos do cliente e o trabalho do assessor de relações
públicas.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 75
Antes da implementação de uma acção, programa ou campanha é imprenscindível
influenciar o cliente para a existência de reuniões com os directores ou gestores da
organização – grupos de discussão. A ênfase do plano deve ser positiva, embora
prudente e realista com os riscos. O principal risco inerente ao trabalho de relações
públicas é a falta de informação dos públicos, incluindo os directores da
organização. Só um planeamento que implemente relações públicas internas e
relações públicas externas, procurando fazer coincidir o interesse privado do cliente
com o interesse geral da opinião pública, poderá gerar correntes de credibilidade e
confiança.
c) Escolher cuidadosamente temas, calendário, estratégia e tácticas.
A escolha dos temas pressupõe a clareza da mensagem, a simplicidade e a
concisão. A definição de públicos-alvo determina, necessariamente, a escolha de
temas, calendário, estratégia e tácticas.
6.3 Gestão estratégica No âmbito da gestão estratégica, o processo de planeamento e programação
contempla as seguintes fases:
Definir papéis (funções) e missões
Necessidade de todos os responsáveis realizarem comunicação
interpessoal, no intuito de sensibilizarem públicos internos e externos
para a importância da campanha, acção ou programa.
Necessidade de avaliação da acção, campanha ou programa. Para
medir e monitorizar é essencial fazer uma avaliação quantitativa e
qualitativa.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 76
Necessidade de acompanhamento permanente da acção, campanha
ou programa por parte do profissional de RP, em todas as fases do
trabalho de relações públicas.
No âmbito das relações públicas internas, uma acção, campanha ou programa
determina as seguintes funções e missões:
a) Necessidade de interacção entre uma vasta equipa que envolva toda a
instituição (necessário apenas para programas ou campanhas de média e
longa duração).
b) Necessidade de funcionários responsáveis pelos contactos (accountability)
com os públicos internos e externos.
No âmbito das relações públicas externas uma acção, campanha ou programa
determina as seguintes funções e missões:
a) Necessidade de interacção com os públicos activos da organização,
nomeadamente jornalistas, directores, gestores, empregados, agentes do
poder local, Governo, agentes comunitários etc, sempre em função da
especificidade dos canais e das ferramentas de comunicação.
Determinar resultados em áreas chave
Investir tempo, energia e talento ao longo de toda a campanha, programa ou
simples acção, desde o briefing à avaliação. Implementar acções primariamente nas
relações públicas internas e secundariamente nas relações públicas externas. Evitar
riscos, ser prudente, valorizar a comunicação interpessoal a nível formal e informal
em todas as fases da campanha.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 77
Identificar e especificar indicadores de eficiência
Medir a capacidade de eficiência, a partir dos objectivos formulados pelo cliente,
recorrendo por exemplo ao tratamento informático dos dados em ambiente de
software SPSS (Pacote Estatístico para as Ciências Sociais). A eficiência pode ser
medida numa análise quantitativa e qualitativa. Para assegurar a eficiência da
campanha, acção ou programa é necessário possuir um orçamento razoável, mas
não despesista. Boas relações públicas, implicam dinheiro.
Seleccionar e formular objectivos
Para além dos objectivos do cliente, já enunciados no briefing, o profissional de
relações públicas deve ter os seguintes objectivos:
- desenvolver competências de análise e experimentação na actividade
profissional de relações públicas;
- aprofundar e pormenorizar a pesquisa em RP, através da consulta de
bibliografia científica e técnica;
- aprender a trabalhar com ferramentas digitais de imagem e texto.
Preparar planos de acção
a) Programar
- Criação de dos suportes de comunicação, em função dos canais usados
(imprensa, rádio, televisão ou internet).
b) Agendar
- Marcar datas para a realização dos objectivos pré-definidos pelo cliente.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 78
c) Orçamento
- Nenhuma campanha, acção ou programa de relações públicas deve funcionar sem
existir um orçamento geral e específico.
d) Fixar contactos (accountability)
- Estabelecer contactos, através de uma comunicação interpessoal de base
informativa, persuasiva e/ou comunicacional com os públicos internos e externos.
e) Revisão e reconciliação
- O profissional de relações públicas deve estar atento às mudanças de atitude e
comportamento dos públicos-alvo, factor que motiva uma revisão e reconciliação dos
objectivos anteriormente definidos.
Estabelecimento de controlo
- O controlo da acção, campanha ou programa de relações públicas depende da
interacção entre os profissionais responsáveis (cliente e gestor de RP) e os públicos-
alvo. A necessidade de uma comunicação interpessoal de base factual garante a
eficiência no controlo da mensagem, evitando o risco da manipulação.
Comunicar
- Determinar as condições comunicacionais para conduzir plenamente as opções
anteriormente definidas.
Implementar
- Garantir o consenso entre os públicos internos e públicos externos à organização,
no intuito de permitir os caminhos de eficiência da acção, campanha ou programa.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 79
6.4 Gestão por objectivos 17 A gestão por objectivos (MBO - Management by Objectives) é frequentemente usada
no processo de planeamento e pode ser aplicada em concreto a qualquer acção,
campanha e/ou programa de relações públicas:
1. Objectivos do cliente/empregador. Qual é o propósito da comunicação, e
como é que a comunicação pode ajudar a promover/obter os objectivos da
organização?
2. Audiência/públicos. Quem deverá receber a mensagem e como podem os
públicos/audiências ajudar os objectivos da organização? Quais são as
características da audiência e como a informação demográfica pode ajudar a
criar uma estrutura para a mensagem?
3. Objectivos da audiência. O que é que a audiência quer saber, e como pode a
mensagem ser dirigida em função do próprio interesse da audiência?
4. Canais de comunicação. Qual é o canal de comunicação apropriado para
atingir a audiência, e será que a existência de multiplos canais (notícias,
brochuras, eventos especiais, correio directo, etc.) reforçam a mensagem
entre os públicos-alvo?
5. Objectivos dos canais de comunicação. Qual é o processo de selecção usado
para obter a cobertura jornalística e porque é que uma determinada
publicação pode estar interessada na «publicity» de uma determinada
organização?
6. Fontes e questões. Quais são as fontes primárias e secundárias de
informação requeridas para fornecer uma base factual para a difusão da
17 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Wilcox et al. (1992).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 80
mensagem? Quais os especialistas que devem ser entrevistados? Que tipo
de bases de dados devem ser consultadas?
7. Estratégias de comunicação. Quais são os factores ambientais que afectam a
disseminação e aceitação da mensagem? Os públicos-alvo são hostis ou
favoráveis à essência da mensagem? Quais são as outras peças de
informação que negam ou reforçam a mensagem?
8. Essência da mensagem. Quais são as estratégias e tácticas de comunicação
que têm impacto na audiência? A mensagem foi concebida para informar ou
visa mudar atitudes e padrões de comportamento? As expectativas da
organização são realistas?
9. Suportes não verbais. Como é que as fotografias, gráficos, filmes, trabalhos
artísticos e outros suportes icónicos ou gestuais podem clarificar e juntar
interesse público à mensagem escrita?
6.5 Estratégia e tácticas A estratégia representa o plano geral de acção. As tácticas significam decisões
específicas em função das orientações gerais da estratégia. A estratégia é a
implementação do objectivo geral (overall goal), enquanto que as tácticas são a
efectivação dos objectivos específicos (objectives).
Neste sentido, a mensagem deve ser unívoca em todos os suportes de comunicação
e conter as seguintes características: clareza, concisão, criatividade, correcção
gramatical e estilística. As tácticas pressupõem a adopção de uma continua
experimentação em todos suportes de comunicação adequados às características
do trabalho de RP, os quais deverão ser simultaneamente criativos e funcionais.
No âmbito da eficiência das tácticas, a mensagem está subordinada às seguintes
normas da escrita em relações públicas:
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 81
- adaptação da mensagem aos públicos-alvo;
- evitar o jargão e os tecnicismos nos suportes de comunicação;
- recusar clichés, frases feitas e muletas da linguagem;
- rejeitar eufemismos;
- ter o máximo cuidado com as conotações negativas;
- eliminar linguagem discriminatória.
6.6 Definir públicos-alvo Torna-se impossível realizar uma análise completa sobre os públicos-alvo em curtos
espaços de tempo. Em alternativa, o gestor de relações públicas poderá monitorizar
o conhecimento dos públicos-alvo a partir de um inquérito interno, livro de sugestões
e diagnóstico de comunicação interpessoal. Uma análise mais aprofundada, a partir
de inquéritos com amostras significativas a nível quantitativo e qualitativo de
públicos internos/externos, bem como perguntas abertas e fechadas, permite uma
definição mais completa dos públicos-alvo, das suas expectativas e atitudes. A
monitorização do conhecimento é bastante útil na contextualização do problema (ou
oportunidade).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 82
VII. COMUNICAÇÃO 18 Qualquer campanha, acção ou programa de RP tem de ser implementada na prática.
As questões a responder nesta fase são: Quem deve fazer e transmitir a
comunicação? Quando? Onde? Como? A comunicação pode ser feita por suportes
impressos com conteúdo textual e icónico, nomeadamente folhetos, brochuras,
cartazes, notas de imprensa, dossiers de imprensa, publicidade institucional etc.
7.1 Implementação da estratégia e das tácticas
1. Credibilidade. A instituição e os profissionais de RP devem ser credíveis. A
comunicação começa com a crença na credibilidade e consequentemente na
honestidade profissional.
2. Contexto. Qualquer projecto de comunicação em relações públicas pressupõe
uma adequação com as realidades do meio social envolvente. O contexto situacional
nunca pode contradizer a mensagem.
3. Conteúdo. A mensagem tem de interessar aos destinatários e ser compatível com
os seus valores. É essencial realizar uma análise de conteúdo sobre a mensagem a
comunicar.
4. Clareza. A mensagem tem de ser o mais simples possível. Simplicidade e clareza
nos símbolos e slogans são qualidades imprescindíveis em qualquer comunicação.
5. Continuidade/consistência. Para persuadir é essencial a continuidade, através da
repetição. A mensagem deve ser consistente e sem falhas.
6. Canais (ou suportes). Em relações públicas seleccionar vários canais para atingir
diferentes públicos-alvo é sinónimo de eficiência na comunicação. A mensagem
deverá permitir a aceitação dos canais, por parte dos públicos-alvo (receptores). 18 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Cutlip et al. (2001).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 83
7. Capacidade da audiência
A mensagem é eficiente quando exige o menor esforço possível de atenção, por
parte dos públicos. Avaliar a capacidade dos públicos exige diagnóstico e
monitorização, através de inquéritos, sondagens e audiências.
No sentido literal do termo, comunicação significa «pôr em comum», atingir acordo,
consenso ou compreensão mútua. Numa outra acepção, comunicação significa o
meio, canal ou suporte por onde é transmitida a mensagem de relações públicas.
A conferência de imprensa é uma técnica de relações públicas e um meio dos jornalistas obterem notícias.
Cada vez mais se torna importante valorizar os media na credibidade da mensagem.
A televisão é um meio por excelência para os assessores de relações públicas
difundirem uma mensagem que integre elementos de informação pública, persuasão
científica e compreensão mútua, porque «uma imagem vale mais que mil palavras».
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 84
Em todo o caso, a comunicação deve seguir as regras da retórica clássica, as quais
constituem um quadro normativo para a eficiência em relações públicas.
Inventio
Selecção de argumentos a partir de critérios de informação pública, persuasão
científica e comunicação, respeitando sempre os limites da ética e deontologia.
Dispositio
O orador deve fazer um plano pormenorizado das declarações que irá proferir na
comunicação social, calcular o tempo (não muito longo) e ensaiar o discurso antes
de proferi-lo perante o auditório.
Elocutio
Qualquer discurso que pretenda persuadir para além de informar e comunicar deve
fazer uso das figuras de estilo da retórica. Exemplo: metáforas, sinestesias,
antíteses etc. Contudo a elocutio nunca deve prejudicar as regras gerais da escrita
de RP, nomeadamente os princípios da clareza, concisão, economia de tempo etc...
Actio
A parte mais importante do discurso falado. A acção é a comunicação oral do
discurso, com a utilização da comunicação verbal e não verbal (gestual).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 85
VIII. AVALIAÇÃO 19 A avaliação de uma acção, campanha ou programa de relações públicas é usada
para descobrir o que aconteceu e porquê, contrariamente às atitudes que pretendem
provar algo ou fazer algo. Cutlip et al. (2000: 432-433) apresentam as principais
áreas da avaliação. É possível avaliar não apenas campanhas (longo prazo) e
programas (médio prazo), mas também qualquer tipo de acção (por exemplo: uma
nota de imprensa).
8.1 Desenho e conceptualização do programa, acção ou campanha - Qual é a extensão e distribuição do problema-alvo?
- A acção, campanha ou acção foi concebida de acordo com os objectivos gerais e
objectivos específicos previamente definidos?
- Existe um fio condutor entre os objectivos, o planeamento de estratégias e a
implementação de tácticas?
- Existem oportunidades para a maximização dos objectivos, estratégia e tácticas ou,
pelo contrário, estes elementos não foram plenamente definidos e estão condenados
ao fracasso?
- Qual é a relação existente entre o projecto de relações públicas, os custos
existentes, os benefícios obtidos e a eficiência do planeamento em four-step
process?
19 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Cutlip et al. (2001).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 86
8.2 Monitorização, criação de contactos e implementação - O programa, acção ou campanha foi concebido para uma determinada população
alvo ou área geográfica de influência?
- A comunicação foi conduzida conforme os princípios desenhados na definição do
problema e no planeamento?
8.3 Avaliação da utilidade da acção, programa ou campanha - O trabalho de relações públicas foi eficiente e atingiu os objectivos?
- Os resultados da acção, campanha ou programa podem ser avaliados por
processos alternativos ao four-step process?
- Existem efeitos da acção, programa ou campanha que não tinham sido previstos
na auditoria, planeamento e comunicação?
- Quais são os custos dos serviços implementados e dos participantes no trabalho
de RP?
- A acção, campanha ou programa utilizou de forma eficiente todos os recursos ou
qual seria a alternativa?
8.4 Etapas do processo de avaliação 1 – Estabelecer acordo em relação aos usos e propósitos da avaliação.
2 – Garantir que a avaliação é segura e permite realizar investigação básica para a
acção, campanha ou programa.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 87
3 – Desenvolver consenso sobre a avaliação a ser realizada dentro do departamento
de relações públicas ou agência de RP.
4 – Escrever os objectivos da acção, campanha ou programa em termos
mensuráveis.
5 – Seleccionar os mais importantes critérios que permitam obter linearidade entre
os objectivos e a obtenção de resultados.
6 – Determinar o melhor caminho para realizar a avaliação.
7 – Manter registos completos e actualizados.
8 – Usar os resultados da avaliação para melhorar a acção, campanha ou programa.
9 – Informar os gestores de topo dos resultados da avaliação.
10 – Juntar a avaliação ao conhecimento profissional.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 88
IX. TÉCNICAS DE RELAÇÕES PÚBLICAS 20 Desde o nascimento das Relações Públicas como prática formal (séc. XIX), surgiram
diversas técnicas com o objectivo de melhorar a prática das RP. Phineas T. Barnum
e Ivy Lee utilizaram as Relações Públicas como simples técnicas de ofício ou arte
(craft public relations). Edward L. Bernays inaugurou uma nova forma de praticar RP,
através da criação do conceito/profissão de consultor (ou conselheiro) de relações
públicas, ensinou o primeiro curso de relações públicas na Universidade de Nova
Iorque (1923) e aplicou os princípios da psicanálise, psicologia, jornalismo, e
sociologia às relações públicas transformando as RP numa ciência social aplicada
com teorias e técnicas profissionais (professional public relations).
A publicação da 1ª edição de Effective Public Relations (Relações Públicas Eficazes)
em 1952 sistematizou o processo de gestão das relações públicas em quatro níveis:
definição do problema (investigação ou auditoria), planeamento, acção (ou
comunicação) e avaliação. O processo de gestão de relações públicas ou four-step
process teve como consequência a criação de novas formas de excelência na
interacção entre organizações e públicos-alvo. No âmbito das organizações
excelentes, as técnicas de relações públicas deixaram de ser consideradas como
simples instrumentos de ofício para se transformarem em ferramentas de ciência
aplicada.
O pensamento estratégico é a base das relações públicas profissionais e as técnicas
de RP são o resultado de rigorosos métodos formais e informais. Praticar relações
públicas profissionais é hoje uma actividade teórico-prática que exige pensamento
crítico (saber porquê) e trabalho concreto (saber fazer).
A internet veio revolucionar as técnicas de relações públicas ao permitir o envio on-
line, constituindo uma séria alternativa quando existem orçamentos reduzidos. Em
todo o caso a organização deve assegurar que os materiais web são perfeitamente
recebidos. A organização pode solicitar ao destinatário o envio de um recibo
20 - Síntese, tradução, comentário e adaptação livre de Seitel (2001).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 89
(ferramenta disponível no Outlook e Outlook Express) ou de uma modo mais formal
solicitar uma mensagem que confirme a boa recepção da documentação.
9.1 Técnicas de Relações Públicas na imprensa escrita
News Release (press release, comunicado, ou nota de imprensa) O news release é uma técnica de assessoria de imprensa criada no séc. XVIII para
estabelecer relações com os jornalistas. A primeira nota de imprensa foi editada pelo
Harvard College em 1641 e tinha como objectivo convencer beneméritos a
financiarem os esforços de educação no novo continente. A nota de imprensa tinha
por título: «Os frutos da Nova Inglaterra».
Trata-se de uma técnica com custos reduzidos (os custos são praticamente nulos se
for enviada pela internet), que pretende informar, persuadir e comunicar com os
jornalistas. Se o news release tiver valor-notícia os jornalistas seleccionam a matéria
de informação (gatekeeping) e criam as notícias (newsmaking) que posteriormente
serão usadas como agenda social, política e/ou económica (agenda setting).
Código de Estilo para construir news releases:
I. Linguagem simples, concisa, concreta, clara, conhecida, viva, de leitura
rápida, com economia de esforço/tempo.
II. Para existir maior actualidade jornalística os verbos devem estar no modo
Indicativo e no tempo Presente.
III. Recusar o gerúndio.
IV. Identificação da organização na parte superior (cabeçalho) da folha, com
referência às formas de contacto.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 90
V. Em geral, o limite máximo é 1 página. Em caso de maior extensão não
deve ultrapassar 2 páginas.
VI. Pode conter fotografias para atrair os jornalistas. As fotos devem ser
enviadas num envelope em separado para uso dos jornalistas.
VII. O estilo pode ser informação pública, persuasão científica e/ou
compreensão mútua. Os jornalistas não gostam de ser manipulados.
VIII. Deve servir o direito do público à informação, embora salvaguardando o
sigilo profissional da organização em matéria de assuntos privados.
IX. No primeiro parágrafo, devem estar incluídos os elementos básicos da
notícia (quem, o quê, quando, onde).
X. Deve responder ao porquê (as causas ou os motivos).
XI. Deve responder ao como (informação de contexto).
XII. Em geral, cada parágrafo não deve ultrapassar os 500 caracteres.
XIII. Em geral, o primeiro parágrafo não deve ultrapassar os 300 caracteres.
XIV. Os parágrafos devem ser divididos por uma linha em branco de intervalo.
XV. Cada parágrafo não deve conter mais do que 3 frases.
XVI. Cada frase deve conter entre 12 a 20 palavras. Em termos de legibilidade
e memorização são melhores as frases curtas. Não se diz em 20 palavras
o que se pode dizer em 12.
XVII. No final do news release deve ser colocado «Fim» ou «###», no intuito do
jornalista saber que chegou ao fim do documento.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 91
XVIII. Preferencialmente devem-se ouvir várias partes com interesse na matéria,
explorando a lei do contraditório.
XIX. Pode conter citações, mas não devem ser em excesso.
XX. Recusar jargão, frases feitas, estereótipos e clichés.
XXI. Não deve conter hipérboles nem adjectivos.
XXII. Os advérbios de modo devem ser evitados.
XXIII. Deve ser directo e recusar os elementos de ligação (p.ex: deste modo,
assim, consequentemente, por um lado, por outro lado etc.) que retardam
a comunicação da mensagem.
XXIV. Deve ser substantivo.
XXV. Deve respeitar as regras do jornalismo.
XXVI. Deve facilitar a construção da informação jornalística.
XXVII. Deve poupar tempo ao jornalista e situar-se como uma importante fonte de
informação.
Exemplos de news releases:
COMUNICADO Saber comunicar com os jornalistas
A Empresa Prodigio, Produções Digitais Online S.A, realiza o curso online Mediatização da Empresa
e Comunicação com a Imprensa nos próximos dias 19 de Junho a 17 de Julho. A formação decorre
no site www.evolui.com.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 92
Os objectivos são recolher a importância da imagem empresarial, saber comunicar com os jornalistas,
organizar uma estratégia de comunicação institucional e relações públicas. O curso destina-se a
empresários, secretárias de direcção, estudantes de comunicação, associações culturais e
desportivas.
O programa consta de nove aulas. A formadora Ana Sofia Gomes aborda a importância da
comunicação na gestão empresarial, o plano de comunicação, assessoria de imprensa, planeamento
da assessoria de imprensa e ferramentas para comunicar com os jornalistas (comunicado, dossier de
imprensa e conferência de imprensa).
A Empresa Prodigio é acreditada pelo Instituto para a Qualidade na Formação (IQF), entidade que
acredita a formação profissional em Portugal. Dispor de um computador com ligação à internet é o
requisito mínimo para frequentar os cursos da Empresa P.
Fim. COMUNICADO Dias da Universidade da Beira Interior em Março
Os dias da UBI realizam-se nos dias 11, 12 e 13 de Março. A iniciativa, aberta a toda a comunidade,
decorre no pólo central (pólo I), no pólo do Ernesto Cruz (pólo IV) e na Reitoria (pólo II).
O principal objectivo é divulgar as capacidades da Universidade da Beira Interior, em termos
científicos, técnicos e culturais, através de visitas aos diversos Departamentos, Centros e aos
Serviços de Documentação. Outros objectivos são atrair mais alunos para os cursos e aproximar o
mundo universitário ao mercado de trabalho.
A UBI apresenta exposições, conferências, experiências em laboratórios, tecnologias computacionais
e multimedia. Na edição deste ano, está prevista, igualmente, a visita de empresários.
A Faculdade de Ciências da Saúde conta este ano com novas iniciativas. A gincana anatómica visa
testar alguns conhecimentos básicos de anatomia. O modelo pedagógico do curso de Medicina da
UBI será apresentado por docentes, com visita às salas de auto-aprendizagem e o testemunho dos
futuros médicos. «Cancro», «SIDA» e «Clonagem o que é?» são três temas agendados para debate.
Na sala de exposições do edifício das Ciências da Engenharia, estará o projecto vencedor do
concurso «Pontes de Esparguete 2002». Trata-se de uma ponte construída unicamente com 350g de
esparguete e submetida a uma força de 28,73 kg. Os visitantes têm ainda a oportunidade de ver a
exposição de fotografias do livro «100 Obras de Engenharia Civil no Século XX».
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 93
O Departamento de Informática apresenta a exposição «O futuro é o Multimedia!», em colaboração
com o Departamento de Comunicação e Artes e nas instalações do C. A exposição mostrará
projectos multimédia como a Tubiweb, Rubiweb e jogos de computador.
«Encontro com a Poesia» é o tema escolhido pelo Departamento de Letras (pólo IV), que contará
com um grupo de jograis e exposição de trabalhos. No pólo das Ciências Sociais e Humanas, o
Departamento de Psicologia e Educação exibe programas informáticos utilizados nas neurociências e
na avaliação psicológica.
No Cybercentro, a novidade é a projecção do filme «Karma», realizado por Telmo Martins, a partir de
um conto de Rui Zink. O filme do jovem cineasta é o primeiro filme português integralmente feito a
três dimensões (3D).
No ano de 2002, Os Dias da Universidade da Beira Interior receberam mais de cinco mil visitantes,
entre alunos do ensino básico, ensino secundário e comunidade em geral.
Fim. COMUNICADO «Pontes de esparguete» na UBI
«Pontes de esparguete» é o tema para um concurso aberto a estudantes do ensino superior e
secundário. A iniciativa realiza-se na Universidade da Beira Interior, dia 11 de Dezembro, a partir das
9 horas, no anfiteatro 8.1, Edifício das Engenharias (Pólo I).
O principal objectivo é fomentar a pesquisa e a inovação na procura de soluções para o problema
apresentado. Outro objectivo é despertar o interesse dos alunos do ensino secundário para as
práticas de engenharia.
São duas as modalidades a concurso: «carga máxima» e «design». As pontes a concurso serão
totalmente construídas em esparguete comercial, com um vão mínimo de 40 cm e um peso máximo
de 350 g.
A competição realiza-se pelo segundo ano consecutivo. Na edição anterior, a melhor ponte suportou
uma carga superior a 10 kg. No ano de 2002, o concurso está aberto, pela primeira vez, às escolas
do ensino secundário da região. Serão entregues taças, medalhas e prémios monetários.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 94
Docentes da disciplina de «Mecânica Aplicada», leccionada pelo Departamento de Engenharia
Electromecânica, organizam o concurso em colaboração com o Departamento de Engenharia Civil.
Os interessados poderão encontrar informação no site: www.mecanica-aplicada.ubi.pt
Fim. Press kit (ou dossier de imprensa) 21
O press kit é uma ferramenta mais completa de assessoria de imprensa. É
geralmente utilizado por ocasião de eventos especiais ou acontecimentos que pela
sua natureza exigem um tratamento mais aprofundado.
A realização de um press kit deve obedecer a regras comummente aceites de bom
senso e bom gosto. É necessário estabelecer um juízo sobre a quantidade e
qualidade da informação. Os jornalistas aceitam fontes de informação, mas
detestam perder tempo.
O press kit pode conter os seguintes materiais: news release, folha factual, artigo de
contexto, história de caso, management change, management speech, texto de
feature, byliner, memorando, pitch letter, artigo round-up e standby statement.
Contudo, em termos gerais, o press kit não deve ultrapassar as 10 páginas.
Código de Estilo para construir um press kit
I. Linguagem simples, concisa, concreta, conhecida, clara, viva, de leitura
rápida, com economia de esforço/tempo.
II. Para existir maior actualidade jornalística, os verbos devem estar no modo
Indicativo e no tempo Presente.
III. Recusar o gerúndio.
21 - Dossiê segundo a nova ortografia do Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (fr. Dossier).
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 95
IV. Identificação da organização na capa e ficha técnica, com referência às
formas de contacto.
V. Em geral, o limite máximo é 10 páginas. Em caso de maior extensão não
deve ultrapassar 30 páginas.
VI. A estrutura de um press kit é a seguinte: capa, ficha técnica, índice de
matérias, informação com valor-notícia e informação complementar.
VII. As fotografias captam a atenção dos jornalistas, desde que possuam
noticiabilidade. Devem ser inseridas ao longo do press kit ou num
envelope em separado para uso dos jornalistas.
VIII. O estilo pode ser informação pública, persuasão científica e/ou
compreensão mútua. Os jornalistas não gostam de ser manipulados.
IX. Deve servir o direito do público à informação, embora salvaguardando o
sigilo profissional da organização em matéria de assuntos privados.
X. O texto deve conter os seguintes elementos de informação jornalística:
quem, o quê, quando, onde, porquê, como e para quê.
XI. Em geral, o primeiro parágrafo não deve ultrapassar os 300 caracteres.
XII. Em geral, cada parágrafo não deve ultrapassar os 500 caracteres.
XIII. Os parágrafos devem ser divididos por uma linha em branco de intervalo.
XIV. Cada parágrafo não deve ter mais do que 3 frases.
XV. Cada frase deve conter entre 12 a 20 palavras. Em termos de legibilidade
e memorização são melhores as frases curtas. Não se diz em 20 palavras
o que se pode dizer em 12.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 96
XVI. Preferencialmente devem-se ouvir várias partes com interesse na matéria
e explorar a lei do contraditório.
XVII. Pode conter citações, mas não devem ser em excesso.
XVIII. Não deve conter hipérboles nem adjectivos.
XIX. Os advérbios de modo devem ser evitados.
XX. Deve ser directo, recusando os elementos de ligação (p.ex: deste modo,
assim, consequentemente, por um lado, por outro lado etc.) que retardam
a comunicação da mensagem.
XXI. Recusar jargão, frases feitas, estereótipos e clichés.
XXII. Deve ser substantivo.
XXIII. Deve respeitar as regras do jornalismo.
XXIV. Deve facilitar a construção da informação jornalística.
XXV. Deve poupar tempo ao jornalista, situando-se como uma importante fonte
de informação.
Exemplo de press kit
Ver páginas seguintes...
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 97
Dossier de Imprensa
EnA! Encontros de Cinema de Animação
Índice News Release (nota de imprensa) .......................................................................... # Informação Complementar (anexos) ...................................................................... # Anúncio ..................................................................................................................... # Programa ................................................................................................................... # Notas biográficas ..................................................................................................... # # = Número de página
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 98
NEWS RELEASE Cinema de animação na Universidade da Beira Interior «EnA!», encontros de cinema de animação, é o tema para um ciclo de conferências e projecção de
filmes. O evento decorre de 3 a 5 de Dezembro, na Universidade da Beira Interior, anfiteatro 1, pólo I,
entre as 10 e as 17 horas.
O objectivo principal é estimular nos alunos da UBI, em particular da licenciatura em Design
Multimedia, a vontade de explorar o cinema de animação. O «EnA!» está aberto a toda a
comunidade. Pretende-se captar novos entusiastas para as várias vertentes da animação (guionismo,
arte visual, composição musical, realização, produção) em Portugal e no estrangeiro.
Dia 4 de Dezembro, pelas 15 horas, será apresentado o filme «Karma» de Telmo Martins, realizado a
partir de um conto de Rui Zink (escritor e docente universitário). O filme do jovem cineasta é a
primeira produção integralmente feita a três dimensões (3D) em Portugal, garante Jorge Bacelar,
Professor do Departamento de Comunicação e Artes e membro da organização.
O desenho animado convencional, a animação em 3D, a animação de marionetas, objectos, arte
digital e animação em areia são alguns dos temas abordados. Os oradores discutem as abordagens
estéticas e técnicas.
Rui Zink e os cineastas presentes valorizam a importância do argumento/guião como instrumento
para a produção de uma história visual. Nas temáticas literárias, os oradores discursam sobre a
«short-story», o conto, o guião de filme publicitário e documental. «O ponto mais interessante do
«EnA!» é podermos contar com a presença dos realizadores dos filmes no momento da sua
projecção, para uma posterior conversa com o auditório», salienta Jorge Bacelar.
Fim.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 99
INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR Universidade da Beira Interior acolhe cinema de animação Organizado pelo Cybercentro, em parceria com o Departamento de Comunicação e Artes e com o
apoio da Universidade da Beira Interior, decorre um ciclo de palestras e projecções de cinema de
animação, na presença dos respectivos realizadores. Está igualmente programada a realização de
um workshop sobre imagem animada, orientado por Fernando Galrito e uma conferência sobre
escrita criativa da responsabilidade do escritor Rui Zink. Os eventos realizam-se no Anfiteatro da
Parada.
O evento chama-se EnA! Resulta da contracção de ENcontros de cinema e Animação. O ponto de
exclamação ! enfatiza a ideia de animação… A iniciativa surge da dinâmica criada a partir do filme de
animação em 3D, «Karma», baseado num conto de Rui Zink. O filme realizado por Telmo Martins e
produzido pelo Cybercentro contou com o apoio de docentes da UBI. Trata-se da primeira produção
integralmente feita em 3D em Portugal (ao que sabemos).
Aceite nos festivais de Ovar, Évora e no Cinanima na secção competitiva – e tendo vencido no
festival Ovarvídeo na categoria «Jovem Realizador» – sentiu-se vontade de aproveitar a visibilidade
obtida com este prémio para estimular nos alunos da UBI, em particular da licenciatura em Design
Multimédia, a vontade de explorar esta forma de expressão artística. A iniciativa pretende ser mais
abrangente do que a licenciatura em Design Multimédia e está aberta a toda a comunidade
(academia e cidade)
Um dos objectivos, para além da divulgação daquilo que já se faz em Portugal, é captar novos
entusiastas para as várias envolventes da animação (guionismo, arte visual, composição musical,
realização, produção).
Jorge Bacelar,
Director do curso de Design Multimédia da Universidade da Beira Interior
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 100
Programa EnA! Encontros de Cinema de Animação
Cidade da Covilhã, 3 a 5 de Dezembro de 2002.
Anfiteatro 1, Pólo I/UBI, 10h-17h Horário 3 de Dezembro Horário 4 de Dezembro Horário 5 de Dezembro
10:00 Abertura 10:00 Marina Estela Tema: Contexto Comunicativo do Filme Animado Projecção do Filme: «Interstícios»
10:00 Manuela Lima e Francisco Lança Temas: «Ser Free-Lancer de Animação em Portugal» e «A importância dos Festivais e dos Media no Cinema de Animação» Projecção dos filmes: «Hasta los Huesos» – México «Looking for Worses» – Austrália
11:00 Miguel Ribeiro Tema: O Cinema de Animação de Marionetas Projecção do Filme «A Suspeita»
11:30 Frederico Lopes Tema: O Espantoso Movimento que os Anima Projecção de filmes: «Méliés»
11:30 Paulo Cambraia Tema: O Cinema de Animação na Publicidade Projecção de Filmes: «Publicitários»
12:30 Almoço 12:30 Almoço 12:30 Almoço 15:00 Francisco Galrito
Tema: Cinema de Animação, a arte da ilusão do movimento Projecção do Filme: «Um dos primeiros filmes de desenho animado do mundo.»
15:00 Telmo Martins Tema: Animação 3 D no Cinema de Animação Projecção do Filme: «Karma»
15.00 Rui Zink Tema: Escrita Criativa
16:00 Luís Salvado Tema: A crítica no Cinema de Animação: Fundamentos e Condicionalismos
16:00 Abi Feijó Tema: Técnica da Areia Animada Projecção do Filme: «Clandestino»
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 101
Notas biográficas
Marina da Graça Estela. Licenciada em Design de Comunicação pela E.S.B.A.P, actual Faculdade
de Belas - Artes da Universidade do Porto. A sua participação em muitos projectos de animação,
permitiram-lhe obter uma bolsa para frequentar o C.F.T Gobelins, em Paris, sob a orientação de
Pierre Ayma. Prosseguiu os seus estudos em imagem animada na Universidade de Bolonha, em
Itália, onde foi aluna de Umberto Eco e Omar Calabrese. Em 1990 concluiu o Mestrado em Ciências
da Comunicação com uma tese em teoria da animação. Em 1992, na Universidade do Algarve, fez
parte do grupo que fundou o primeiro curso superior português com disciplinas de animação.
Actualmente está a concluir o Doutoramento em Poética da Animação. O filme INTERSTÍCIOS (2001,
6 minutos), foi a sua primeira obra de animação, ganhou o prémio Cartoon Portugal/Porto 2001,
atribuído ao melhor filme português de Cinema de Animação em competição Internacional.
Fernando Galrito. Licenciado em Antropologia pelo ISCTE – Instituto Superior do Trabalho e da
Empresa. Pós - Graduado em Cultura e Tecnologias da Informação. Tem um curso de Cinema com
Especialização em Cinema de Animação tirado em França, bem como um Master – Class em
Animação com o professor/realizador Sir Richard Williams (Roger Rabbit) França 2000. É
coordenador e formador do Centro de Imagem e Técnicas Narrativas da Fundação Calouste
Gulbenkian, professor de Animação e Audiovisuais na Escola Superior de Tecnologias das Caldas da
Rainha e realizador de filmes de animação e documentários premiados em vários festivais nacionais
e internacionais.
Luís Salvado. Licenciado em Comunicação Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas é actualmente redactor da «Premiere», estando ligado a esta revista de Cinema desde a sua
fundação. Colaborou em várias publicações nos mais diversos temas, com incidência no campo da
Banda Desenhada e Cinema de Animação. Foi formador do módulo de Técnicas dos Meios
Audiovisuais em dois cursos de Introdução ao Jornalismo promovidos pela Associação Portuguesa
de Jovens Jornalistas. Durante 6 anos foi membro da direcção do Clube Português de Banda
Desenhada, e ainda co-comissário da exposição «Balanço dos Super Heróis do Século XX» na 11ª
edição do Festival Internacional de banda Desenhada da Amadora. No Cinanima – Festival
Internacional de Cinema de Animação de Espinho 2001 ganhou o prémio Melhor Reportagem/Cinanima 2001.
Frederico Lopes. Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior cuja
dissertação tem como título: «Escrita Teleguiada: Guiões para Audiovisuais». Leccionou nesta
Universidade as disciplinas de Retórica, Teoria de Imagem, História e Teoria do Cinema e Guionismo.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 102
Actualmente é docente responsável pelo laboratório de Imagem e Som I – 2º ano do curso de Design
Multimédia. Neste momento, está a preparar a tese de Doutoramento em Ciências da Comunicação
subordinada ao tema «O Cinema Português e o Estado Novo», sob a orientação, do professor e
cineasta, João Mário Grilo.
José Miguel Ribeiro. Licenciado em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, iniciou o
seu trabalho de ilustração com a Editorial Caminho, que mais tarde se alargou à revista Rua Sésamo,
à revista Elle, ao Jornal Independente, à Ambar e ao Circulo de Leitores. Participou no curso de
realização em cinema de animação orientado por Pierre Veillex e AF da Filmógrafo – Porto.
Frequentou um projecto Franco – Português, em cinema de animação organizado pelo estúdio
Filmógrafo de Lazennec – Bretagne. JMR é monitor dos cursos anuais de animação em volumes do
CITEN na Fundação Calouste Gulbenkian. O mais premiado realizador de Cinema de Animação
Português, dos 25 prémios Internacionais que o seu filme «A Suspeita» recebeu, destaca-se o
Cartoon D’or 2000, o maior prémio de Cinema de Animação Europeu, atribuído a um português. Em
2000-2002 produziu a série de animação em volumes «As Coisas Lá de Casa», constituída por 26
episódios de 2,5 minutos, produzida pela Zeppelin Filmes, e vencedora dos prémios: Melhor Filme Português em Competição Internacional/ Cartoon Portugal – Cinanima 2002 e Prémio FNAC – Melhor Argumento Português em Competição Internacional – Cinanima 2002. Actualmente está
a preparar uma curta – metragem de 10 minutos, intitulada «O Passeio de Domingo».
Manuela Lima. Membro da Comissão Organizadora do CINANIMA – Festival Internacional de
Cinema de Animação, desde 1988, na qual é responsável pelo Gabinete de Imprensa, Relações
Públicas e Publicações do Festival. Em 1999 passa a ser representante do Cinanima no Conselho de Administração na Coordenação Europeia de Festivais. Membro Activo da AFCA (Associação
Francesa de Cinema de Animação) e membro do Conselho Consultivo da Casa da Animação. Foi
membro da Direcção da Cartoon Portugal – Associação Portuguesa do Filme de Animação de 1994 a
1998. Redactora do Jornal Regional «Maré Viva», desde 1988 e correspondente em Portugal, desde
1998, da revista francesa «Animation Repórter». Organizadora de vários programas de cinema de
animação para todo o país e de eventos internacionais é uma das responsáveis no Fantasporto pelo
sector da imprensa, nomeadamente nas conferências de imprensa com os realizadores mundiais
presentes no evento. Em Abril 2001 integra o Júri Internacional do Festival de Auch (França),
organizado pela AFCA (Associação Francesa do Cinema de Animação). Em Maio de 2001 foi
Comissária do Programa do Estúdio «Animanostra» feito para a Casa da Animação, no âmbito do
Porto 2001. Em 2002 faz parte do júri do «Apoio ao Desenvolvimento de Projectos de Animação» do
ICAM e é membro do júri «Prémio de Avanca 2002».
Rui Zink. Escritor e professor da cadeira de Literatura Portuguesa na Universidade Nova de Lisboa.
Doutorado em Banda Desenhada foi a primeira tese deste género a ser apresentada em Portugal. O
seu livro «Literatura Gráfica» Banda Desenhada Portuguesa Contemporânea é uma obra que reflecte
na importância do argumento na Banda Desenhada, contestando, neste âmbito a maneira frequente
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 103
como a Banda Desenhada é encarada. RZ é autor de vários textos para café–concerto, animações de
rua e é um colaborador histórico de acontecimentos com o poeta Alberto Pimenta. É autor de várias
obras de ficção, colaborador em vários jornais e programas de televisão. Foi por diversas vezes
membro do Júri no Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho.
Abi Feijó. Licenciado em Arte Gráfica e Design pela Escola Superior de Belas Artes do Porto. Em
1984 frequenta um atelier no Estúdio Francês de Animação do Office National Du Film du Canada,
sob a orientação de PH. Deste atelier nasce o primeiro filme «Oh que Calma» premiado no Varna’85
na Bulgaria. De regresso ao Porto, funda o Filmógrafo – Estúdio de Cinema de Animação do Porto
onde, inspirado pelo ONF, privilegia o filme autor e uma abordagem artesanal do Cinema de
Animação. Hoje o nome Filmógrafo ultrapassa largamente as fronteiras de Portugal. Como
Realizador, AF explora diversas técnicas e aborda a escrita dramática com rigor. «Os Salteadores»
(1993), um desenho animado a grafite sobre papel baseado no conto homónimo de Jorge de Sena,
várias vezes premiado no estrangeiro (Cinanima’93 – Prémio Cidade de Espinho, Cartoon d’Or’94 –
Prémio Especial do Júri, Valladolid’94 – Espiga de Ouro, Bahia’94 – Prémio Glauber Rocha,
Algarve’95 – Prémio Melhor Animação e Annecy’95 – Menção Honrosa).Em 1995 faz um novo filme,
«Fado Lusitano», em recortes animados, que pretende ser um auto retracto de Portugal, da nossa
história, da nossa arte e dos nossos costumes. Em co-produção com a RTP e com o Office National
du Filme do Canada, termina em 2000 «Clandestino», uma animação de areia com imagens
ricamente texturadas que evoca a dura luta pela liberdade. Estes dois filmes (Fado Lusitano e
Clandestino), também foram premiados em vários festivais nacionais e internacionais. AF orienta
vários ateliers e acções de formação um pouco por todo o mundo, sobretudo em ateliers com
crianças. EM 2000 foi eleito presidente da Asifa e actualmente é presidente da Casa da Animação, sediada na cidade do Porto, inaugurada no dia 28 de Outubro de 2002.
Paulo Cambraia. Presidente da Direcção da Associação Portuguesa do Filme de Animação –
Cartoon Portugal. PC constituiu, em 1988, a Tecnilog Informática e desenvolveu várias aplicações
para tratamento digital de imagens de animações. Entre 1990 e 1992 trabalhou como infografista
numa produtora de publicidade a Opticalprint, onde iniciou a sua aprendizagem nas artes e técnicas
de animação sempre com spots publicitários. Em 1996 PC, Mário Jorge e Mário neves fundaram a
Megatoon, além de publicidade televisiva, esta começou também a produzir curtas metragens e
séries de animação. Produtor com larga experiência no filme de animação publicitário, envolveu-se
em campanhas tais como a «Família Singer», «Tulicreme», «Cerveja Cristal», entre muitas outras.
Em 2000, juntamente com Paulo Trancoso (Costa de Castello Filmes) e António Cunha Telles
(Animatógrafo) funda a APC – Associação de Produtores de Cinema. PC foi por diversas vezes júri
no Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho.
Francisco Lança. Sócio – fundador da empresa de Animação – Tobistoon e da Associação
Portuguesa dos Profissionais de Animação – Cartoon Portugal. Bacharelato de Pintura na Escola
Belas – Artes de Lisboa. Master of Arts em animação pelo Royal College de Londres. Frequentou
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 104
ainda as escolas – «le 75» em Bruxelas, Fachhochaschule Design Aachen na Alemanha. Participou
em vários workshop’s orientados por conceituados realizadores dos quais destacamos: Dave Master
(Warner Bros), Richard Williams (Roger Rabbit), Bob Balser (Submarino Amarelo). Com vasta
experiência na animação, Francisco Lança, colaborou em telediscos de animação, genéricos para
programas da RTP, ilustrações em jornais e revistas (Público, Diário de Notícias, Kapa, Marie Claire,
Exame Negócios, Exame Informática, ect.). Ganhou o Prémio Festival Lisboa88 com o Filme «A Estória do Reino Pintalgado» e o Prémio Festival do Algarve89 com o Filme «O mar Português».
Telmo Martins. Aluno do curso de Design Multimédia da Universidade da Beira Interior, responsável
pela área multimédia do CyberCentro da Covilhã onde realizou a sua 1º Curta-Metragem de Cinema
de Animação em 3D intitulada de «Karma». Esta Curta-Metragem de Animação foi seleccionada,
este ano, para o Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, FiKe –
Festival Internacional de Curtas Metragens de Évora e para o Ovarvídeo - Festival Nacional de
Vídeo de Ovar onde ganhou o Prémio Jovem Realizador Português. Realizador e Produtor do
genérico publicitário do CyberCentro da Covilhã «Um Clique para o Futuro» que participou no 25º
Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho – Cinanima, no ano 2001. Responsável
por várias actividades e projectos ligados à UBI do qual destacamos o Projecto Maubere – Eco
Marathon onde foi chefe de equipa e responsável gráfico do carro «Maubere», vencedor do prémio de
Design na cidade de Bruxelas. TM desenvolve, ainda, vários trabalhos na área dos Audiovisuais e
Multimédia, donde podemos destacar a concepção gráfica de capas, cd-rom’s, vídeos promocionais,
páginas de Internet, etc.
Management change speech (ou discurso de mudança de gestão) Os jornalistas económicos estão interessados em mudanças na gestão e em geral
na estrutura financeira das organizações, mas rejeitam informações desligadas da
lei da proximidade. Preparar textos sobre mudanças na gestão é relativamente fácil.
Porém, geralmente nos jornais de expansão nacional (p. ex: Diário Económico,
Diário de Notícias, Semanário Económico, Público etc.) os jornalistas só publicam
mudanças na gestão quando se tratam de organizações grandes, com elevado
volume de negócios e desde que os visados ocupem cargos de responsabilidade na
direcção.
Exemplo: Covilhã, 5 de Setembro de 2003 – João de Oliveira, filho do empresário
têxtil Paulo de Oliveira e Mestre em Gestão pela Universidade de Coimbra, foi
nomeado presidente do conselho de administração da Oliveira e Filhos S.A. João de
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 105
Oliveira recebe das mãos do seu pai uma empresa presente em 150 países e nos
cinco continentes.
Management speech (discurso de gestão) Um management speech pode ser usado como fonte de informação, desde que
exista noticiabilidade. Os jornalistas estão interessados no discurso de um
responsável institucional se existir novidade, interesse e/ou importância para a
audiência do media.
A chave de sucesso para um management speech consiste em colocar no lead
(primeiro parágrafo do texto informativo) as declarações mais importantes do gestor-
director. Se o management speech não é publicitado por uma figura de topo da
hierarquia da instituição, a assessoria de imprensa deve centrar-se no assunto e só
depois fazer referência aos protagonistas. Se o publicista é bem conhecido do
público-alvo deve-se começar por fazer referência ao protagonista (quem).
Exemplo: A Universidade do Porto espera até 2005 criar novos cursos em regime de
e-learning. «Penso que o e-learning poderá trazer novos métodos de ensino-
aprendizagem e contribuir para uma visão mais pedagógica do processo educativo»,
salienta Filipe Loureiro, Assistente Convidado do Departamento de Psicologia e
Educação.
Exemplo: John White, Secretário do Comércio dos Estados Unidos, apelou hoje para
uma «atitude inovadora na procura de soluções para os problemas da Organização
Internacional do Comércio».
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 106
Texto biográfico É uma compilação de factos importantes de um indivíduo, o qual assume funções de
destaque no espaço público. As organizações excelentes mantêm ficheiros
actualizados dos seus responsáveis de direcção/gestão. O texto biográfico é a
apresentação dos principais elementos de curriculum vitae, segundo os interesses
dos público-alvos. Existem dois tipos de texto biográfico.
Texto biográfico formal (apresenta informação factual sobre um indivíduo em
ordem descendente de importância, num estilo formal e estereotipado).
Exemplo: David Bernstein tornou-se presidente do conselho de administração do
banco Santander/Central Hispano dia 1 de Março de 2003 em Madrid. Durante a sua
carreira no Santader/Central Hispano, Bernstein ganhou reputação como
especialista em auditoria financeira e gestão estratégica.
Texto biográfico informal (apresenta informação factual sobre um indivíduo
num estilo informal que confere vivacidade à descrição).
Exemplo: David Bernstein, descrito no mundo dos negócios como «um jovem
empreendedor com elevado espírito crítico, persistência e estratega de sucesso na
hora de ganhar dinheiro», tornou-se responsável máximo do Santander/Central
Hispano, dia 1 de Março de 2003.
Artigo de contexto
Consiste num texto complementar geralmente inserido em dossiers de imprensa ou
enviado em separado para os jornalistas. Pode ser escrito em estilo factual
informativo (notícia) ou num estilo mais livre em termos narrativos.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 107
Peça (feature) Peça (feature) é um texto leve relacionado com assuntos diversos, cujo objectivo é
distrair mais do que informar. A função de um texto de feature enviado para os
jornalistas é proporcionar uma visão social da organização, sem os interesses
profissionais do news release e press kit.
Exemplos de textos feature:
- Concurso «Miss SONAE S.A»;
- Actividades da Casa do Pessoal da Universidade do Algarve;
- Prémios de investigação e jornalismo da Câmara Municipal da Covilhã.
História de caso A história de caso é usada frequentemente como informação favorável sobre um
produto ou serviço. Jornais e revistas comerciais utilizam o testemunho de uma
terceira pessoa (third-party endorsement) como ferramenta de informação pública,
persuasão científica e compreensão mútua junto dos públicos-alvo.
Estrutura de uma história de caso:
Apresentação de um problema comum a várias organizações.
O problema refere-se a um produto e/ou serviço inerente ao plano estratégico
da organização.
A organização define o problema e estabelece a solução.
A solução explicita as vantagens do produto e/ou serviço.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 108
O testemunho da terceira pessoa está directamente relacionado com a
experiência da organização.
Byliner O byliner é um texto assinado por um dirigente da organização, embora a autoria
seja de uma terceira pessoa, geralmente, um profissional de Relações Públicas. No
sentido de obter prestígio para a organização o byliner permite que outras pessoas
externas à organização possam fornecer informação ou opinião. Se o byliner for
escrito num estilo informativo pode servir, em termos jornalísticos, para a construção
de artigos opinativos e análises.
Exemplo: Os textos do Reitor da Universidade da Universidade da Beira Interior (em
2002-2003), Prof. Doutor Manuel José dos Santos Silva eram geralmente escritos
por Graça Castelo Branco, Responsável do Gabinete de Relações Públicas (actual
Gabinete de Comunicação e Imagem). No âmbito da consultoria in-house
department, o profissional em Relações Públicas, Marco António Antunes escreveu
os seguintes textos assinados pelo Reitor da Universidade da UBI, utilizando a
técnica do endosso da terceira pessoa, inventada por Bernays:
- artigo de opinião para o aniversário do jornal Notícias da Covilhã;
- artigo de opinião para o aniversário do jornal Jornal on-line da Universidade da
Beira Interior – Urbi et Orbi - www.urbi.ubi.pt
- artigo de opinião para a revista do Núcleo de Estudantes de Engenharia Civil da
Universidade da Beira Interior.
Memorando É uma ferramenta de comunicação interna. Pode ser escrito com vários objectivos:
requisitar serviços, preparar a cobertura dos media, solicitar informações,
estabelecer princípios de acção, conceder benefícios aos empregados, criar normas
etc.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 109
A clareza é a ideia-chave para escrever bons memorandos. Muitos memorandos são
escritos de forma livre por pessoas, que não têm conhecimentos de escrita
profissional em relações públicas. O resultado é insuficiente e a escrita anti-
profissional: construções verbais fatigantes, (tempos compostos), frases extensas e
confusas.
Pitch letter (carta de convite ou carta de lançamento de produto/serviço) Basicamente a pitch letter é uma carta de vendas. O objectivo é interessar os
jornalistas para a cobertura de um acontecimento, realização de uma entrevista,
reportagem, inquérito jornalístico, notícia etc. O estilo deve ser directo e captar a
atenção. O termo «pitch» deriva do inglês «punchy» (soco). A pitch letter deve atingir
com um «soco» os olhos dos públicos-alvo, transformando-os em agentes activos da
organização.
Regras para construir uma pitch letter:
- abertura incitativa que mantém o interesse do leitor;
- explicação da importância do acontecimento para os jornalistas ou outros públicos;
- o alvo é específico (p. ex: o jornalista económico, o jornalista-correspondente etc.)
- no máximo uma página;
- a escrita deve ser incitativa e informativa (regras semelhantes ao news release);
- o modelo de RP pode ser informação pública, persuasão científica, ou
compreensão mútua, respeitando o feedback do público.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 110
Artigo round-up (artigo de síntese) Em diversas situações, os jornalistas procuram obter textos que sintetizem (round-
up) informações sobre uma determinada organização ou em geral sobre um sector
de actividade económica (indústria, comércio, agricultura, serviços). Pequenas e
médias organizações beneficiam ao serem incluídas em publicações de expansão
nacional juntamente com outras organizações de grande dimensão. Estes
«directórios» contêm informações pormenorizadas sobre a localização e as
actividades institucionais.
Fact sheet (folha factual) Constitui um elemento complementar a news releases e artigos de contexto. Trata-
se de informação factual (sem opinião) sobre uma organização ou acontecimento.
Fornecem, quase sempre, dados novos, importantes e interessantes muito úteis ao
trabalho dos jornalistas.
Formulário pergunta-resposta O formulário pergunta-resposta pode servir de base para a preparação de uma
entrevista, por parte dos jornalistas. O objectivo é fornecer antecipadamente aos
jornalistas ou outros públicos-alvo um conjunto de perguntas e respostas sobre um
determinado assunto.
Standby statement (discurso defensivo) As organizações têm de estar preparadas para enfrentar situações de conflito ou
crise. O standby statement é um discurso previamente elaborado para clarificar a
posição da organização. Devem ser breves, sem ocultar informação pública e
fazendo transparecer a honestidade profissional. O discurso é defensivo. O objectivo
é informar e comunicar mais do que persuadir.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 111
Anúncio informativo Os praticantes de relações públicas utilizam anúncios informativos para publicitar um
novo produto, um novo serviço, um evento especial etc. Não confundir com o
anúncio publicitário escrito numa linguagem persuasiva e pago (advertising).
O anúncio informativo é um tipo de news release, cujo objectivo é fazer uma
declaração com recurso a citações. O uso de citações pode atrair os jornalistas,
porque eles não têm de entrevistar os protagonistas da notícia. No entanto, alguns
jornalistas preferem fazer o seu próprio trabalho entrevistando os responsáveis da
organização. O assessor de imprensa deve estabelecer um acordo com os
jornalistas sobre a forma como os profissionais da noticiabilidade desejam receber
informação.
Newsletter, jornal e revista de relações públicas A newsletter, o jornal e a revista de relações públicas podem ser internos à
organização ou publicitados para o exterior. São também designados por boletim
institucional e devem obedecer às regras da escrita profissional de relações públicas
ou de forma equivalente aos princípios do jornalismo profissional.
Na produção do boletim institucional, a publicidade (paga) é o veículo mais usado
para suportar os custos. Para além da publicidade, as organizações podem obter
donativos, patrocínios, e/ou mecenatos.
O boletim institucional pretende atingir stakeholders específicos (empregados,
jornalistas, accionistas, directores, gestores, políticos …) ou a sociedade em geral
(boletim institucional externo). Pode basear-se nos modelos de informação pública,
persuasão científica e/ou compreensão mútua, ainda que o suporte seja inicialmente
unilateral.
Newsletter – É um boletim institucional geralmente até 10 páginas em
formato A4. Contudo a principal característica da newsletter é
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 112
diversidade de apresentação visual, conteúdo e formato. Contém
essencialmente informação, embora possam existir editoriais, artigos
de opinião e análises.
Jornal – É um boletim institucional em formato tablóide entre 20 e 35
páginas, geralmente A4. Para além da informação, recorre
frequentemente à opinião favorável de terceiros (third-party
endorsement). A apresentação visual é mais pobre que a newsletter.
Revista – É o boletim institucional com impressão de qualidade, sendo
um suporte cómodo no manuseamento. Geralmente não ultrapassa as
45 páginas. Os custos de impressão são bastante elevados,
dependendo do número de páginas, conteúdos, desenho, papel e
impressão.
9.2 Técnicas de Relações Públicas na rádio e televisão Broadcast news release (comunicado para rádio ou televisão) O broadcast news release deve respeitar a especificidade do jornalismo radiofónico
e televisivo. A grande diferença consiste no facto do comunicado para rádio e
televisão ser mais conciso e de leitura mais rápida.
Código de Estilo para construir um broadcast news release:
I. Linguagem simples, concisa, concreta, clara, conhecida, viva, de leitura
rápida, com economia de esforço/tempo.
II. Para existir maior actualidade jornalística os verbos devem estar no
modo Indicativo e no tempo Presente.
III. Identificação da organização na parte superior (cabeçalho) da folha, com
referência às formas de contacto.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 113
IV. Em geral, o limite máximo é 1 página. Em caso de maior extensão não
deve ultrapassar 2 páginas.
V. Pode conter fotografias para atrair os jornalistas. As fotos devem ser
enviadas num envelope em separado para uso dos jornalistas.
VI. O estilo pode ser de informação pública, persuasão científica e/ou
compreensão mútua. Os jornalistas não gostam de ser manipulados.
VII. Deve servir o direito do público à informação, embora salvaguardando o
sigilo profissional da organização em matéria de assuntos privados.
VIII. No primeiro parágrafo, devem estar incluídos os elementos básicos da
notícia (quem, o quê, quando, onde).
IX. Deve responder ao porquê (as causas ou os motivos) e ao para quê
(finalidade).
X. Deve responder ao como (informação de contexto).
XI. Em geral, cada parágrafo não deve ultrapassar os 500 caracteres.
XII. Em geral, o primeiro parágrafo não deve ultrapassar os 300 caracteres.
XIII. Os parágrafos devem ser divididos por uma linha em branco de intervalo.
XIV. Em geral, cada parágrafo não deve conter mais do que 3 frases.
XV. Em geral, cada frase deve conter entre 12 a 20 palavras. Em termos de
legibilidade e memorização são melhores as frases curtas. Não se diz
em 20 palavras o que se pode dizer em 12. Não se diz em 12 o que
pode dizer em 10.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 114
XVI. No final do broadcast news release deve ser colocado «Fim» ou «###»,
no intuito do jornalista saber que chegou ao fim do documento.
XVII. Preferencialmente devem-se ouvir várias partes com interesse na
matéria e explorar a lei do contraditório.
XVIII. Recusar citações directas. Os jornalistas da rádio e televisão colocam
som ou som-imagem nas peças informativas, pelo que é redundante
enviar citações. Em vez disso usar a paráfrase.
XIX. Recusar jargão, frases feitas, estereótipos e clichés.
XX. Não deve conter hipérboles nem adjectivos.
XXI. Os advérbios de modo devem ser evitados.
XXII. Deve ser directo, recusando os elementos de ligação (p.ex: deste modo,
assim, consequentemente, por um lado, por outro lado etc.) que
retardam a comunicação da mensagem.
XXIII. Deve ser substantivo.
XXIV. Deve respeitar as regras do jornalismo.
XXV. Deve facilitar a construção da informação jornalística.
XXVI. Deve poupar tempo ao jornalista, situando-se como uma importante
fonte de informação.
Broadcast press kit (dossier informativo para rádio e televisão) Segue as mesmas regras que o dossier de imprensa para jornais e revistas, mas
deve ser mais conciso (máximo 5 páginas). A linguagem deve estar adaptada aos
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 115
princípios do jornalismo radiofónico e televisivo. Não deve ter citações directas,
porque os jornalistas da rádio e televisão colocam som ou som-imagem nas peças
informativas e seria redundante enviar citações.
Anúncio de serviço público Trata-se de um anúncio informativo, persuasivo e/ou de compreensão mútua sem
pagamento de media placement. Organizações não lucrativas, campanhas de
solidariedade e mecenas beneficiam do anúncio de serviço público (p. ex: Cruz
Vermelha, Banco Alimentar contra a Fome, Campanha de angariação de fundos
para as vítimas dos incêndios etc).
O estilo é incitativo «tipo soco»: pretende captar a atenção do público e obter uma
resposta imediata. Tem duração entre 10 a 60 segundos.
Exemplo: Olá! Eu sou a Marisa Cruz e já apoiei as vítimas dos incêndios. Deposite o
seu donativo na conta da Caixa Geral de Depósitos NIB 5660 455 5449 34 321. Ser
solidário não custa! Ajude quem mais precisa!
Film script (texto-guião de filme) Produzir um filme obriga o realizador a criar um texto-guião que sirva de plano para
o trabalho audiovisual. A técnica de um film script consiste em juntar de forma
sequencial ou em mosaico os sons e as imagens.
Na presença de um filme de relações públicas o redactor deve ajustar os diálogos ao
conteúdo visual. O film script é um instrumento imprescindível na prática de acções,
campanhas ou programas de RP que envolvam meios audiovisuais.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 116
TV newsclip (film news release ou filme-comunicado) Consiste em realizar um filme que descreve/explica um acontecimento com valor-
notícia. O TV newsclip é inerente a uma organização ou a um sector de actividade
económica. É geralmente produzido por empresas externas à organização e tem
duração entre 30 a 90 segundos. Na maior parte dos casos, o TV newsclip é
patrocinado por entidades públicas ou privadas que detêm acordos de parceria com
a organização em causa.
A eficiência do filme-comunicado depende da existência de recursos humanos e
técnicos que assegurem profissionalismo no processo de produção-realização. A
audiência do filme-comunicado pode ser tão grande quanto o número de
telespectadores do canal de televisão.
9.3 Técnicas de Relações Públicas comuns a vários media
Third-party endorsement (endosso da terceira pessoa) Criada por Edward L. Bernays, é simultaneamente uma técnica de relações públicas
e uma técnica de marketing. Constitui a adesão (aval ou endosso) de uma terceira
pessoa externa à organização que estabelece um discurso informativo ou opinativo
favorável a uma determinada organização ou sector económico.
O objectivo final da third-party endorsement é fazer passar uma mensagem com
valor-notícia, embora o discurso do protagonista possa ser opinativo (p. ex: a
entrevista). Pode ser construída a partir dos modelos de informação pública,
persuasão científica e/ou compreensão mútua.
Conferência de imprensa Deschepper (1992) caracteriza a conferência de imprensa a partir de três princípios
matriciais: reflexão sobre a necessidade de convocar uma conferência de imprensa;
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 117
a escolha das ferramentas de comunicação antes e durante a conferência de
imprensa; os códigos a seguir após a conferência de imprensa.
Antes de decidir organizar e convocar uma conferência de imprensa é necessário
reflectir sobre as seguintes questões:
« - Qual é a mensagem que se pretende transmitir?
- Em que momento se possuem os dados de informação?
- Quais os grupos de públicos que devem ser informados?
- Quais são os media mais apropriados para atingir esses públicos?
- Justifica-se a convocação de uma conferência de imprensa, em vez de emitir um ‘comunicado’ ou
suscitar um ‘artigo’?
- A instituição possui suficiente prestígio e notoriedade para atrair os jornalistas à conferência de
imprensa?
- O acontecimento que se pretende transmitir é suficientemente interessante para o público?
- Existem coisas novas a revelar à comunicação social?
- Se não se puder responder afirmativamente a, pelo menos, três destas perguntas, não deve
convocar-se uma conferência de imprensa.»
Speechwriting (discurso falado) Compete ao porta-voz representar a organização perante os media quer em
acontecimentos positivos, quer em acontecimentos negativos. De nada serve ocultar
os erros da organização, porque tal medida gera a desconfiança nos jornalistas e na
opinião pública. O discurso falado deve seguir as normas da retórica clássica
(inventio, dispositio, elocutio, actio).
Press Book (conjunto de materiais impressos para os mass media)
Os técnicos, assessores, directores de Marketing, Relações Públicas e Publicidade
devem informar plenamente todos os actores sociais e em especial os órgãos de
comunicação social (TV, rádio, imprensa escrita, meios on-line). Só assim será
possível gerar contínuas redes de credibilidade e confiança, atingindo os vários
stakeholders.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 118
Media Training (técnicas de treino com os media) 22
Os media são um instrumento para transportar as mensagens da campanha e da
organização para vastas audiências. Esta é a chave para recordar quando se
conduzem entrevistas. Se não tem um sentido claro sobre o que pretende que as
pessoas saibam sobre uma questão – e como o texto de abertura deve ser lido –
então as hipóteses são insuficientes para que se fique satisfeito com o resultado da
entrevista.
Mensagem, mensagem, mensagem
Para ter uma entrevista de sucesso é necessário saber quais são as mensagens-
chave.
Regra 1: Não ter mais que três ou quatro mensagens-chave. Mais do que quatro
mensagens torna o discurso demasiado confuso.
Regra 2: Todas as mensagens devem favorecer os objectivos centrais da
organização.
Regra 3: As mensagens não são necessariamente pedaços de som – elas são
ideias que se tentam tornar públicas.
Regra 4: As mensagens são reforçadas por pedaços de som, frases, estatísticas,
curiosidades, anedotas.
Regra 5: As mensagens levam tempo a criar. Não torne o processo rápido.
22 - © Fenton Communications 1320 18th Street, NW Washington, DC 20036 260 Fifth Avenue, 10th
Floor New York, NY 10001 USA www.fenton.com Tradução e adaptação: Marco António Antunes
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 119
Regra 6: As mensagens não mudam frequentemente. Para as mensagens terem
impacto têm de ser repetidas várias vezes.
Regra 7: As mensagens podem ser segmentadas para públicos-alvo específicos,
desde que se mantenham constantes.
Regra 8: Mensagens consistentes devem permear todos os seus esfoços e não
apenas o media pelo qual é difundida a mensagem.
Regra 9: As mensagens devem ser simples. São ideias que podem ser explicadas
numa frase ou duas. Deve procurar a máxima concisão, ainda que as mensagens
necessitem mais de um parágrafo.
Criando uma caixa-mensagem
Assimile as regras e desenvolva mensagens eficazes. Em seguida apresentamos
um modelo para a criação de mensagens eficazes.
Desenhe uma caixa-mensagem. Ponha o nome da organização ou da campanha no
centro. Agora tem quatro espaços para escrever as suas mensagens-chave. Pode
escolher apenas usar três espaços.
A caixa-mensagem é desenhada desta forma porque as mensagens não necessitam
de ser publicitadas numa ordem vertical. Senão, o porta-voz pode pensar que tem
de se começar necessariamente pela mensagem 1, facto que não é verdadeiro.
Para determinados públicos, poderá chegar à conclusão que a mensagem 1 é
melhor para começar do que a mensagem 3.
Para completar a caixa use linhas compridas para escrever nos pontos principais.
Não se preocupe com a exacta redacção neste momento, já que a mesma poderá
ser alterada no decurso da entrevista em função das perguntas imprevistas do
entrevistador. Preencha os espaços com anedotas, estatísticas, frases-chave e
frases sonantes que reforcem a mensagem da organização.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 120
Algumas questões que podem ajudá-lo a criar mensagens:
- O que é que as pessoas necessitam de saber, acreditar, e preocupar-se
sobre como aceitar as questões da organização?
- Quais os obstáculos ou mal entendidos que é necessário ultrapassar para
obter a adesão do público?
- O que é que necessita de acontecer, ou o que é que as pessoas precisam de
fazer, para aderirem aos objectivos centrais da organização ou terem um
impacto significativo nas questões veiculadas pelo porta-voz?
- Se o público cumprir as questões anteriores, como seria a situação-problema
diferente?
Entrevistas de sucesso são conduzidas pela mensagem
“O meio é a mensagem” (Marshall MacLuhan)
Para conseguir uma entrevista de sucesso, necessita de responder a questões
sobre a forma de conduzir a mensagem. Se após a entrevista, as citações incluídas
não suportam a mensagem principal, então a organização está em situação de off-
message. Isto é mau para a organização.
Para evitar erros e mal-entendidos, pratique a situação de entrevista praticando o
esquema da caixa-mensagem. Todos os porta-vozes da sua organização devem
estar familiarizados no falar em público e serem eficientes na comunicação das
mensagens-chave. Parte da noticiabilidade é garantida, através da escolha dos
melhores porta-vozes para comunicarem a mensagem da organização. A outra parte
depende dos valores-notícia de cada um dos órgãos de comunicação social. Certos
porta-vozes comunicarão melhor a mensagem do que outros.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 121
Antes de uma entrevista
Antes de concordar em conceder uma entrevista há algumas questões que devem
ser respondidas... Algumas pessoas hesitam em responder a estas questões. Mas
quanto mais conhecimento exista da situação da entrevista maior possibilidade
existe de se ter sucesso.
- Qual o assunto da entrevista?
- Qual é a função da organização no contexto da organização?
- A organização ou o entrevistado é o foco de atenção ou apenas um dos
actores sociais?
- Existem outros entrevistados?
- Qual é o formato de edição da entrevista? (Escrita, gravação audio, televisiva,
por telefone, em directo ou em diferido). Na imprensa escrita os jornalistas
necessitam de fotografia? Em entrevistas televisivas há necessidade de uma
pré-entrevista?
- A entrevista é para ser publicada ou emitida em que media? Imprensa escrita,
rádio, televisão ou internet? O canal de comunicação influencia a adesão dos
públicos-alvo à mensagem da organização?
- Qual é o estilo da entrevista? (Frente-a-frente, entrevistador-entrevistado,
painel de entrevistados e moderador...)
Se se sente à vontade com as respostas a estas questões e acredita que a
entrevista é uma excelente oportunidade para divulgar os objectivos da organização,
siga em frente. Se não se sente à vontade, talvez seja melhor escolher o porta-voz
apropriado para fazer um discurso eficiente. Se a estória não lhe der a oportunidade
de informar o público, servindo apenas os interesses sensacionalistas do
entrevistado, considere não ser entrevistado.
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Tomar controlo
Os media são um veículo difícil de controlar.
Apresentamos algumas técnicas para não perder o controlo da entrevista:
1. Saber com quem está a falar e para quando está a ser entrevistado. Está a
falar para o público que lê a estória (imprensa escrita), que ouve a estória
(rádio), ou que ouve/vê a estória (televisão). Está a falar para o jornalista, o
qual por sua vez procura responder aos interesses da maioria do público ou
de públicos especializados.
2. Nunca dispare para o ar. Se um jornalista liga para o seu escritório/casa para
um comentário rápido, não responda de imediato e sem pensamento
estratégico. Pergunte qual é o assunto. Diga ao jornalista que está a terminar
uma reunião e que lhe ligará de seguida. Respire fundo, escreva notas
rápidas, sobre as declarações que quer fazer e depois ligue de novo ao
jornalista. Nunca faça confidências aos jornalistas do tipo: “não devia dizer
isto, mas...” Se não deve fazer declarações, então porque as faz?
3. Tenha a certeza que a Direcção da organização, ao responder a uma
chamada telefónica, segue as seguintes regras: 1) Apenas o staff deve dar
informações para os media, na medida em que é a fonte principal e mais
credível de informação. 2) Se a pessoa que atende a chamada ou o staff
designado não tem disponibilidade de fazer uma chamada telefónica para o
jornalista, pergunte-lhe se está no fecho da notícia (deadline). Se o jornalista
estiver em deadline não perca a oportunidade de posicionar a sua
organização como um centro de informação pública, caso contrário perderá a
oportunidade de ter a perspectiva da organização na notícia.
4. Treine o staff para responder às chamadas dos jornalistas. Se publicou um
relatório, realizou um Dossier de imprensa, uma nota de imprensa ou uma
conferência de imprensa espere o feedback dos jornalistas. Para os
jornalistas é essencial informar o público, das notícias favoráveis ou
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desfavoráveis. Em momentos de crise mantenha os canais de comunicação
abertos.
5. Forneça a maior e mais completa informação pública. Posicione a sua
organização como a fonte principal e mais credível de informação pública,
evitando o recurso dos jornalistas a fontes menos informadas, confidenciais
ou anónimas geralmente interessadas em denegrir a imagem institucional.
Não se incomode se os jornalistas tiverem compreendido mal a mensagem:
os jornalistas trabalham condicionados pelo tempo. Esclareça sempre os
jornalistas sobre mal-entendidos e ideias falsas ou pré-conceitos sobre a
organização.
6. Não diga o que não sabe. Não entre no jogo da especulação ou das
hipóteses. Se não sabe, informe simplesmente que não sabe. Diga aos
jornalistas que de momento não sabe responder a essa questão pública. Mas
que fará todos os esforços para responder às questões públicas dos
jornalistas. Esta atitude manterá o interesse e a confiança dos jornalistas na
organização.
7. Nunca utilize jargão, gíria, calão ou siglas. A maioria das pessoas (público
médio) não tem um conhecimento especializado sobre as questões da sua
organização. Tente descodificar a mensagem, que seja perceptível para a
maioria dos públicos.
8. Conheça os argumentos contrários e tenha contra-argumentos disponíveis. Os media raramente publicam apenas um lado da estória, seguindo
frequentemente a lei do contraditório. Tenha disponível um conjunto de
argumentos capazes de desmontar a perspectiva do adversário. Na
comunicação com os jornalistas, 1) nunca presuma que os jornalistas confiam
na autoridade ou no carácter (ethos) da organização para publicarem uma
informação favorável; 2) nunca faça afirmações no âmbito da emoção
(pathos), que possam ser vistas como formas camufladas de sensacionalismo
ou propaganda. Pelo contrário, dirija o debate com o adversário na linha da
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lógica argumentativa. Mas, a argumentação não deve impedir o interesse
humano (sentimentos que identificam pessoas).
9. Os jornalistas não são nossos amigos? Fora do mundo profissional os
jornalistas podem ser amigos de elementos da organização. Mas no âmbito
da vida profissional procuram uma estória nova, importante ou interessante
para a maioria do seu público. Não siga a lógica do “off the record”, ou
transmita confidências que não gostaria de ver noticiadas. A ética institucional
implica a lealdade para com a organização. Mas recuse servir os interesses
da desonestidade e da mentira.
10. Não perca a calma com os jornalistas. Os jornalistas têm sempre a última
palavra, em relação às notícias que são editadas. Eles decidem quais as
citações, sons ou imagens que vão para o ar. Ganhe o jornalista para o lado
da organização, mas não o pressione.
11. Grave a sua própria entrevista, no caso da imprensa escrita. Se tiver um
problema com o jornalista tem um registo das declarações. Dê conhecimento
ao jornalista que o entrevistado também está a gravar.
12. Não responda a perguntas pessoais. Diga apenas que a questão é pessoal e
privada. Siga em frente na informação pública.
13. “Sem comentários” ou “não comento” raramente funciona. Ponha-se no lugar
do jornalista ávido em informar o público, mas que não consegue fazer o seu
trabalho. É claro que não deve responder a questões pessoais ou da vida
privada. Quando o jornalista insistir em pormenores pessoais ou privados,
diga-lhe que ele está a violar a ética profissional. Recuse dar entrevistas a
jornalistas sensacionalistas ou que violam os deveres éticos e profissionais.
Explique porquê e consciencialize os jornalistas para o dever de prestar
contas à sociedade (responsabilidade social).
14. “A calma é a alma do negócio”. Não adianta enfurecer-se com os jornalistas.
Mantenha a calma em todas as situações. Posições defensivas ou de ira
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podem ser interpretadas como um sinal de se que está a ocultar algo ou em
posição fraca.
15. Complemente as suas mensagens. Uma imagem vale mais do que mil
palavras. Use metáforas, hipotiposes, sinestesias para explicar os seus
argumentos. Forneça elementos concretos de informações pública. Os
jornalistas recusam discursos abstractos ou eloquentes, sem dados
concretos. Transmita elementos que activam o interesse, tais como
estatísticas, anedotas, testemunhos, experiências de vida. Mas não caia no
exagero da anedota. As provas complementares são um ritual estratégico dos
jornalistas, pois mantêm o interesse humano.
16. Use elementos de ligação para criar consenso. Use frases como “essa é uma
boa questão” (inspira confiança no jornalista). Ganhe a adesão do jornalista.
Diga-lhe que ele tem razão em determinados pontos, mas a situação tem de
ser analisada numa perspectiva global. Focalize todos os factores positivos e
negativos. Não finja defender o interesse público, para depois levar o público
e o jornalista a aceitarem os princípios da organização. Pratique um discurso
de consenso. Quando o acordo for impossível, mantenha a disponibilidade da
organização em resolver os problemas. Mas não crie falsas expectativas. Não
rodeie as questões (spin). Quando o jornalista lhe pede uma resposta simples
e concisa, dê exemplos concretos. A argumentação da organização, deve
partir de uma base que seja aceite pela maioria do auditório e moralmente
razoável.
17. Não dê saltos na entrevista, só porque o entrevistador quer apressar a
entrevista. É preferível falar pouco e bem, do que falar muito e de uma forma
confusa (no máximo três ou quatro mensagens-chave). Se o entrevistador o
interromper com uma bateria de questões rápidas, mantenha a calma.
Termine as suas questões. Espere enquanto o entrevistador respira e, de
seguida, escolha a questão mais importante para começar a responder. Não
comece uma resposta com um “não”.
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18. Fale! Manter a educação e o respeito é importante. Mas, não deixe
mensagens implícitas no ar. “Quem cala, consente”. Corrija as informadas
erradas ou falsas, sem perder a calma. Oriente a entrevista para um horizonte
comum de compreensão.
19. Seja conciso. Para a televisão, a entrevista será editada para ser exibida
num curto espaço de tempo. Os pedaços de som em TV não devem
ultrapassar os 8 segundos. Os jornalistas da imprensa escrita procuram
citações curtas e frases-chave capazes de serem lidas no máximo em 20
segundos ou com 20 palavras. Se conseguir dizer uma frase-chave com 12
palavras não a diga em 20 palavras.
20. Repita, repita, repita. O público esquece a mensagem. A repetição é uma
arma da retórica. Volte a explicar, de forma a que o público compreenda.
Repita e explique todas as vezes que forem necessárias.
Logísticas para rádio e televisão
Regras especiais para entrevistras emitidas
- Chegue cedo. Faça amigos com a pessoa e a equipa que o vai entrevistar.
- Use o primeiro nome do anfitrião, excepto se ele especificar outro nome.
- Assegure-se que o equipamento funciona. Confira microfones e
auscultadores se for entrevistado por satélite.
- Estará sempre no ar. Diga o que tem a dizer, mas em seguida faça silêncio
para ouvir. Não sinta que não está no ar. Este é um velho truque dos
jornalistas veteranos para levá-lo a dizer algo que não queria.
- Pergunta para onde deve olhar no inicío da entrevista: entrevistado ou para a
camera (no caso da televisão) em seguida continue a olhar. Não faça
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movimentos que podem ser interpretados como um tendo um certo
nervosismo (p.ex: brincar com a esferográfica, tiques faciais etc).
- Se está de pé, mantenha os pés um lado do outro, mas separados. Se
mantiver os pés lado-a-lado juntos e imóveis, provavelmente não manterá o
equilíbrio, e isso será mostrado na câmara. Descontraia o corpo, mas seja
natural.
- Os movimentos das mãos devem ser pequenos ou mesmo nulos. Se tem de
gesticular mantenha os movimentos numa caixa imaginária que começa no
seu queixo, compreende o estômago e a caixa torácica.
- Se está a partilhar argumentos com outros, particularmente aqueles que lhe
são hostis, mantenha a calma. Não seja demasiado agressivo, nem
demasiado lento nas reacções. Se uma questão é lançada para o todo o
painel de oradores, mantenha o discurso para o painel e nunca directamente
para uma única pessoa.
- Quando estiver a falar em rádio, conduza os argumentos para o facto com
maior interesse público e de maior compreensão para a maioria dos ouvintes.
- Se estiver num painel tome nota dos argumentos dos adversários e prepare
uma resposta na lógica da argumentação.
- Para as entrevistas em rádio esteja entre 15 ou 17 cm do microfone.
O que deve vestir quando estiver no ar
O essencial é que o público compreenda a mensagem e não se distraia com a roupa
do(a) entrevistado(a).
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Senhoras: Vestidos robustos, cores brilhantes são as melhores. Evite todos os
conjuntos brancos ou de creme e fatos com muitos floreados. Nada de jóias ou
aplicações metálicas. Roupa do dia-a-dia. A regra é simplicidade e bom gosto.
Homens: Fatos robustos em cinzento, azul escuro com uma camisa clara ou creme.
Bom gosto ao escolher uma gravata. Padrões complicados criam ilusões ópticas. A
regra é simplicidade e bom gosto.
Depois da entrevista
Escreva uma nota à pessoa que a entrevistou, agradecendo-lhe pela oportunidade
de falar sobre as questões da sua campanha ou organização, pela disponibilidade
de tempo e atenção manifestadas.
Reveja a cobertura mediática. A melhor forma de rever a cobertura mediática é rever
a sua performance. Em seguida faça uma lista dos aspectos a corrigir da próxima
vez que for entrevistado.
Pergunte a si próprio:
- Como esteve a sua prestação em relação à mensagem?
- Transmitiu os objectivos centrais e os objectivos específicos da organização
ou campanha?
- Transmitiu os aspectos principais da organização ou campanha numa forma
fácil e compreensível?
- Os seus adversários contrapuseram os argumentos?
- Conseguiu elaborar melhores argumentos?
- O debate foi injusto ou desonesto?
Se a estória foi mal contada, injusta ou desonesta...
Não ligue ao jornalista aos "berros". Em vez disso, apresente os factores mal
compreendidos e peça uma correcção calmamente. Considere contactar o editor
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ou o director do órgão de comunicação social. Este passo só deve ser feito em
último caso e apenas quando o jornalista se recusa a aceitar as
responsabilidades éticas e profissionais e a corrigir os erros. Só deverá falar com
o director ou o editor, depois de falar com o jornalista. Se falar com o director ou
o editor antes de falar com o jornalista, 1) nunca saberá qual é a reacção do
jornalista e 2) o jornalista sentir-se-á pressionado. Pelo contrário se falar primeiro
com o jornalista poderá obter dele um pedido de desculpas ou uma intenção de
correcção, longe das pressões da corporação jornalística.
Faça a sua própria cobertura mediática...
Mantenha o clipping actualizado. Pode haver pessoas que não tenham sido
informadas da estória, e então será uma boa oportunidade de lhes enviar um
recorte de jornal/revista, uma gravação audio ou uma cassete de vídeo.
Geralmente a rádio e a televisão noticiam favoravelmente uma entrevista ou um
acontecimento que foi tratado de forma positiva pela imprensa escrita. Mas o
inverso também pode ser verdade.
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CONCLUSÃO
A gestão estratégica na comunicação configura-se matricial no actual quadro de
globalização e concorrência comercial/corporativa. Em algumas instituições, a
inexistência de uma política de comunicação global e a falta de recursos humanos
qualificados, meios técnicos e financeiros tem como efeito a utilização de
abordagens «seat-of-the-pants» (intuição, individualismo, imediatismo, facilitismo e
instinto), que em nada contribuem para o aumento da notoriedade e identidade
corporativa. Contrariamente à gestão de assuntos de rotina, defendemos que deve
existir uma clara definição de objectivos conducente à aplicação da investigação
aplicada na formulação de estratégias e tácticas.
Don W. Stacks, Professor da School of Communication da University of Miami e
membro do Institute for Public Relations (EUA), distingue teoria e investigação
aplicada. A teoria tem as seguintes características: é abstracta e conceptual; procura
construir um corpo de conhecimentos; está fundada em princípios académicos ou de
investigação básica «pura»; serve como quadro para compreender como as pessoas
actuam «porquê». A investigação aplicada implica: posicionamento concreto e
prático; investigação estratégica, no sentido de desenvolver programas, mensagens
e níveis de actuação; investigação da avaliação que determina o sucesso ou
insucesso de programas, acções ou campanhas de comunicação.
É precisamente a insuficiente preparação dos profissionais de comunicação na
investigação aplicada, que explica a existência de acções pautadas por princípios
unicamente teóricos ou por acções seat-of-the-pants. Quando se chega ao mercado
de trabalho é necessário continuar a investigar, a partir de pressupostos empíricos.
A investigação experimental deverá permitir a (re)formulação dos conceitos
operativos na aplicação às situações concretas.
A investigação aplicada configura-se como a melhor forma de utilizar os
conhecimentos experimentais no trabalho estratégico das instituições e das
agências de comunicação/RP. Criar comunicações eficientes, com alto valor de
responsabilidade ética, deverá ser o imperativo categórico de qualquer profissional
da comunicação.
A ciência das Relações Públicas: história, conceitos, técnicas 131
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