a cidade do vício e da graça - o consumo de tóxicos e entorpecentes no rio de janeiro, 1890-1930...

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A CIDADE DO ViCIO E DA GRA<,;A: o consumo de t6xicos e entorpecentes no Rio de Janeiro, 1890-1930. Cellliio Naso'enteJ da Cunha 1 Resumo: Abstract: o texto se propoe a acompanhar 0 The text intents to follow the growth crescimento do consumo de t6xicos in drugs consumptions in Rio de e entorpecentes na cidade do Rio de Janeiro, in the early 20th century, Janeiro no inicio do seculo XX, showing that the consumption mostrando como tal consumo changed from an out of the law to a pas sou de uma atividade marginal a social accepted one. uma arividade socialmente valoriza- da. Durante a decada de 1920, 0 Rio de Janeiro aSS1S tm um espantoso crescirnento do uso de entorpecentes, principalmente da cocaina e da morfina, fazendo com que pela primeira vez os toxicomanos se tomassem um problema social. A policia foi obrigada a intervir e 0 uso de varias substancias foi declarado ilegal, salvo quando usada sob supervisao medica. Entretanto, a presen<;a e 0 consumo de t6xicos entre os habitantes da capital era bastante anterior. Procuraremos seguir aqui algumas pistas sobre 0 seu consumo nos primeiros anos do seculoXX" . o primeiro grande relato da presem;a do con sumo de drogas no Rio de Janeiro e, certamente, 0 ja ciassico arcigo de Jmio do Rio publica do em A Alma En(antadom daJ RitaJ. Vale a pena seguir parte de sua narratlva: En/ramo.!' de c,rgllelha, e logo a ro/u/a Je jCdJcJ tmm quadro inedito. 0 n. 19 do bcc'o do.!' Ferreiro.!' If a vi.rao oriental daJ' IObregaJ bode..gas de Shangai. Hd uma vaJ!a Jala (fJlrei!a e wmprida, inteimmente em treva.r. /1 atmo4em pe.rada, o/em'a, qua.re .ru/ot'tJ. Dol ... renqueJ de meJaJ, com aJ mbCfCimJ mladaJ as paredeJ, eJtendem-Jc ate of undo (obertt1J de eJ/eirinhaJ. Em mda lima dCJJa,r mCJaJ, do /ado eJquerdo tremeluz a (llama de tlma ,undeia de azeite ou de dkoo!. 1 Professor do Curso de Hist"ri. da UFGiCAe. Doulor em Hislori. pel. UnB. Integrant. do NIESe. 'Segundo Guido Fonseca a prese.". de entorpecemes em S10 Paulo pode ser scntidaja no seeulo XVIII. (Fonseca, 1994:11-4). 41

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de E e na metr6pole vista e sentida como que 0 homem modemo podera reconciliar-se a sua tradiltao

nao conla 0 JeU paSJado ela 0 contem como as iinhas esctito nos angulos das mas nas grandesjaneias nos da cstudas nas antenas dos para-raios nos mastros ras LUda segmento ristado porarranhoes Jerradeias

eifoladuras (Calvino 199514-5)

do espalto de uma cidade con tam os ~do ~ada rua ~berta cada pralta ou predio dos oJolo por tlJolo porque uma determinada

o exigiu 0 movimento de homens e mulheres eque define seu traltado dependendo e claro

grupo

Rio de Janeiro Nova

bre Alguns Temas em Baudelaire In ObraJ udelaire urn lirico no auge do capitalismo 3 1994

S lnvisiveis sa ed Sao Paulo Companhia das

middotsituarao da ClaJJe Trabalhadora na lnglaterra Sao

Visualidade da Vida Urbana Metropoij e Biade Tese (Doutorado em Hist6ria) PUCSP

opole e a Vida Mental In VELHO Otavio 3 ed Rio de Janeiro Zahar 1976

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A CIDADE DO ViCIO E DA GRAltA o consumo de t6xicos e entorpecentes

no Rio de Janeiro 1890-1930

Cellliio NasoenteJ da Cunha 1

Resumo Abstract

o texto se propoe a acompanhar 0 The text intents to follow the growth crescimento do consumo de t6xicos in drugs consumptions in Rio de e entorpecentes na cidade do Rio de Janeiro in the early 20th century Janeiro no inicio do seculo XX showing that the consumption mostrando como tal consumo changed from an out of the law to a

pas sou de uma atividade marginal a social accepted one uma arividade socialmente valorizashyda

Durante a decada de 1920 0 Rio de Janeiro aSS1S tm um espantoso crescirnento do uso de entorpecentes principalmente da cocaina e da morfina fazendo com que pela primeira vez os toxicomanos se tomassem um problema social A policia foi obrigada a intervir e 0 uso de varias substancias foi declarado ilegal salvo quando usada sob supervisao medica Entretanto a presenlta e 0 consumo de t6xicos entre os habitantes da capital era bastante anterior Procuraremos seguir aqui algumas pistas sobre 0 seu consumo nos primeiros anos do seculoXX

o primeiro grande relato da presema do consumo de drogas no Rio de Janeiro e certamente 0 ja ciassico arcigo de Jmio do Rio publicado em A Alma En(antadom daJ RitaJ Vale a pena seguir parte de sua narratlva

Enramo de crgllelha e logo a roua Je jCdJcJ tmm quadro inedito 0 n 19 do bcco do Ferreiro If a virao oriental daJ IObregaJ bodegas de Shangai Hd uma vaJa Jala (fJlreia e wmprida inteimmente em trevar 1 atmo4em perada oema quare ruottJ Dol renqueJ de meJaJ com aJ mbCfCimJ mladaJ as paredeJ eJtendem-Jc ate ofundo (obertt1J de eJeirinhaJ Em mda lima dCJJar mCJaJ do ado eJquerdo tremeluz a (llama de tlma undeia de azeite ou de dkoo

1 Professor do Curso de Histri da UFGiCAe Doulor em Hislori pel UnB Integrant do NIESe Segundo Guido Fonseca a prese de entorpecemes em S10 Paulo pode ser scntidaja no seeulo XVIII

(Fonseca 199411-4)

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r _A (Uslo os nossos oihos acoslumam-sc it emriMo acompanham a candeldria de IUZeJ ate ojim ate uma aita parede emardida e descobrem em ada meJa um tachimbo grande e um corpo amarelo nu da dntura para dma um corpo que se levana aSJuJtado contonionando os brafos moles Rei hins magros chinsgordos de tubelo brantO de turas derpeladas thins triguciros Jm apele cor de manga -bins tvr de oca chim- tom a amarelidiio da tCra nos drios tJ Idmpadaf tremem estitum-se na amia de queimaro nanritico mortaL Aofundo um velho idiola (om as pernas TUzadas em lorno de um balde aira vm dois pauzinhos arroz it bOta 0 ambiente tem um heiro inenarreivel OJ corpos movem-se (omo as larvas de umpesadeo IJ was quinze aras utupidas arrantadas ao bdisamo que Ihes iatriza a alma oham-nos om 0 JUJto rovarde de coolies espancadoJ E todos murmuram medrosamente Om os pis nus ar maos rzgas

_ Nao lem dinheiro nao lem dinheiro faz mal (Rio 1908100-1)

Nessa primeira visita mesmo com todo 0 horror demonstrado pelo autor os frequentadores estavam apenas no inicio do proeesso de entorpecimento Saindo do beco dos Ferreiros Joao do Rio e seu guia seguiram para outra fumerie desta vez na Rua D Manuel numero 72 Nessa ja estao todos em estado adiantado de imersao nos efeitos da droga e a visao se torna ainda mais lugubre

1 intoxicafiiojd os tran~jorma Um deles a abefa pendente a lingua roxa as peilpebras apertadas ronttl utirado It 0 seu pescofv amarelo e longo quebrado pela pont a da mesa mortra a papeira mole omo it eJpera da lamina de umafaa Outro de ajcoras mastigando pedafoJ de massa cor de azinhavre mosra os dentes erpumando E hd mair um com as pernas TUzadas lambendo 0 ripio liquido naponta do ltlt-bimbo dots oulros deitados queimando na dJama das tlndeias asporfOes do sumo enervante EJteJ tenam erguer-se ao ver-nOJ com um identico erorfv 0

Jembante trandigurado (Rio 1908104)

A visao dos usuarios de opio apresentados por J oao do Rio e corroborada por outro cronista do inicio do seculo Luiz Edmundo tralta um perfil bastante parecido se nao identico da casa do chim Afonso situ ada no numero 15 do Beco dos Ferreiros enquanto aquele havia visitado 0 numero 19 Nas duas estao presentes a escuridao 0

mau cheiro insuportavel as mesmas esteiras manchadas de suor os mesmos corpos deitados seminus e em grande quantidade os cachimbos as lanternas de azeite Apenas a descriltao dos homens parece ganhar um contorno ainda mais repugnante apesar da narraltao de Luiz Edmundo nao ter os floreios dramadcos da realizada por Joao

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do Rio

Estao os oxicomanos nus da que silo verdadeiros mcifos de 11

cor de chocolate emanchadas de j se descnham em meio a IIIZ que j antiga as hediondas marcaras m Mingjisionomias de desenterra~ negra mmo que tOmida pela ler pipo dos ltlfhimbos sao bow morrem nllm espasmo de sqftimen franzinos reluzenter de SIIOr Q um deJJ-es tOrpos seminuJ senle I que se desfaz amais leve pressiio ~ ofegam ( ) (Edmundo 1957

o Beco dos Ferreiros aparece come opio na ddade Brasil Gerson em seu livre refere ao Beco dos Ferreiros simplesmente CI

ainda neste seculo de boa parte dos chinese tomava opio (Gerson sld) Constituindo-sc da Rua da Misericordia andga regiao do pi Beco dos Ferreitos com suas variasfumerieser esquecido

Essa condicao de uma estranha sobretudo pelos deserdados marinheiro desempregados ou subempregados pare consumo de opio na regiao nao ter merecic parte das autoridades Alem disso as cranil Edmundo colocavam os cruneses na posiltii que os unieos envolvidos no consumo de 6

Apesar da China ter se constituido r vido se espalhou por todo 0 globo Em chegaram a ~er Iouvados Foi 0 caw de Bat Comedor de Opio no qual ele comenta as c Quincey um jovem ingles que no inicio do sec ao consumo de opio na Inglaterra No 1 qualidades positivas do opio principalmentt prov-cados pelo aleool

o prazer tlusado pelo tinho Jigll do qual fOmeftl a de-air enqual criado permanca igual durante agudo enquanlo 0 oulro eroni igual epermanente

E completa um pouco mais afren

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os nossos olhos aeoJtumam-se d eseuridiio aOmpanham de luzes ali ofim ali uma alta parede emardida

em il1da mesa um ia(himbo grande e um iorpo nu da lintura para dma um orpo que se levana

contorlionando os brafOS moles Ra hins magroJ de cabelo branm de caras deJpeladas thins rigueims

cor de manga hinr cor de Otl1 chinf com a amarelidiio drioJ

tremem utitam-se na ansia de queimaro nanotitO lundo um velho idiota com as pernas trnzadas em

11m balde atira com dois pauzinhos arroz d bOta a lem 11m cheiro inenamivel os corpos movem-se como as 11mpcsadeo eeJJaJ quinze taras eJtdpidas arraneadas

que Ihes ti(atriza a alma olham-nos tOm 0 mslo de coolies cJpancadoJ E lodos murmuram

com ospis nus as maos sujas lem dinheiro nao lem dinheiro faz mal (Rio

1)

mesmo com to do 0 horror demonstrado estavam apenas no inido do processo de

do beco dos Ferreiros Joao do Rio e seu guia desta vez na Rua D Manuel numero 72 estado adiantado de imersao nos efeitos da

ainda mats lugubre

jei os tran4orma Um deer a tabefa pendente a af palpebras apertadas ronta cstirado e 0 seu

ml1relo elongo quebrado pela ponta da mefa mostra a como aejpera da lamina de umaat(J Outro de

~l1r(1or1ntfnpedafos de mafJa cor de azinhavre mostra espumando E hd mais um Om as pernas tTUzadas opio liquido naponta do fat-himbo dois outros deilados

na thama das ttJndeiaJ asporfiieJ do JUmo enervanle erguer-se ao ver-nos Om um identho e4or[0 0

ranifigurado (Rio 1908 104)

de 6pio apresentados por Joao do Rio e cronista do inkio do seculo Luiz Edmundo

pareddo se nao idenrico da casa do chim 15 do Beco dos Ferreiros enquanto aquele

19 Nas duas estao presentes a escuridao 0

as mesmas esteiras manchadas de suor os seminus e em grande quantidade os Apenas a descriltao dos homens parece mais repugnante apesar da narraltao de

os floreios dramaticos da realizada por J oao

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do Rio

Eslao os oxicomanos nJU da tinura para dma sobre talres que sao vcrdadeiros tlJtios de madeira jorrados de cSleirinhas (or de tmiddothotolale emamhadas de JUor Sao rosos or de OtlJ que se desenham em meio a luZ que bruxuleia maStlJras da China antiga as hediondas maslaras mandhus dos tempos da dinaJtia Mingjisionomias de desenterradoJ mostrando a middotova dos ohos negra tOmo que mmida pela terra As bOllJS de onde pende 0 pipo dos tathimbos sao bO(as alerradoras fomo as doJ que morrem num espasmo de Jqftimento ede dor Tramos esquelitllOJ franzinos reluzentes de JUor Quando a genIe se abaixa c tota um deSJcs corpos Jcminus senfc uma (arne mole quc aliparcee que se deJfaz amaiJ Icvc preJsao doJ nOSSOJ dedoJ Alguns arfam olegam ( ) (Edmundo 1957194)

o Beco dos Ferreiros aparece como 0 centro do consumo do 6pio na cidade Brasil Gerson em seu livro sobre as ruas do Rio se refere ao Beco dos Ferreiros simplesmente como residencia predileta atnda neste seculo de boa parte dos chineses do Rio e onde anoite se tomava apio (Gerson sid) Constituindo-se num dos becos que saiam da Rua da Misericordia an riga regiao do porto do Rio de Janeiro 0

Beco dos Ferreiros com suas variasfumeries era um aspecto que se queria esquecido

Essa condiltao de uma estranha cidade a parte habitada sobretudo peIos deserdados marinheiros soldados prostitutas desempregados ou subempregados parece explicar 0 porque do consumo de apio na regiao nao ter merecido maior preocupaltao por parte das autoridades Alem disso as cronicas de Joao do Rio e Luiz Edmundo colocavam os chineses na posiltiio de responsaveis e quase que os unicos envolvidos no consumo de opio

Apesar da China ter se consrituido no principal consumidor 0

vido se espalhou por todo 0 globo Em muitos casos seus efeitos chegaram a ~er louvados Foi 0 caso de Baudelaire com seu livro Um Comedor de Opio no qual ele comenta as confissoes de Thomas De Quincey um jovem ingles que no inido do seculo XIX havia se entregado ao consumo de opio na Inglaterra No livro Baudelaire reallta as qualidades positivas do 6pio principalmente se comparadas aos efeitos provocados pelo alcool

o prazer caurado pelo vinho regue um llJminho arcendente aojlm do qual tOmelJ a detair enquanto que 0 ~leito do 6Pio uma vez criado permanea igual durante oilo ou dez horaJ um i prazer agudo enquanto 0 oulro i crdnitO aqui um darao d um ardor igual epermanente

E completa um pouco mais a frente

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if aparte puramente humana muitas veZeJ ati a parte brutal do bomem que com 0 auilio do vinho UJurpa a Joberania enquanto que 0 middotomedor de opio Jente plenamente que aparte purijicada de Jetl Jer esuus ajiJiroeJ moraisgozam do maltimo dejlexibtlidade e Jobretudo que sua integlnda adquire uma luddez cOnJoladora erem nUlJcns(Baudelaires sld)

Apesar da forte influencia francesa nos meios intelectuais brasileiros a boemia litenltla do inkio do seculo nao parece ter se utilizado do opio(Baudelaire sid) permanecendo 0 alcool como 0

principal entorpecente Entretanto Guido Fonseca acredita que em meados do seculo XIX influenciados pelos autores do chamado mal do seculo em especial Lord Byron teriam levado os estudantes da Faculdade de Direito aos mais divers os desregramentos inclusive 0

consumo de opio Os exemplos apresentados pelo autor contudo nw mostram nenhuma referenda direta ao uso do opio sendo que 0

alcool ea presenlta mais constante(Fonseca 1994 25-37) Voltando aos nossos dois cronistas vemos que existem entre

seus depoimentos algumas diferenltas que podem ser significativas e que nos dao algumas pistas sobre os fumadores de opio da cidade QuandoJoao do Rio visita asjumerier 0 clima apresentado e claramente de um ambiente proibido para eles Para entrar eles se utilizavam do subterfugio de se passarem por traficantes Os frequentadores por seu lado mostram-se assustados com a sua presenlta(Rio 190899-100)

o texto de Joao do Rio era fruto de uma reportagem A primeira ediltao do livro e de 1908 1

portanto sua visita se fez pouco antes desta data 0 livro de Luiz Edmundo ao contrario sao suas memorias 0 que torna mais difkil estabelecer uma data para 0 seu contato com os opiomanos A primeira ediltao dos livros de memoria de Luiz Edmundo foi realizada em 1938 mas suas lembranltas podem em sua maioria ser localizadas no inkio do seculo Existe sempre a possibilidade de que acontecimentos posteriores tenham afetado sua narrativa

Quando Luiz Edmundo fala sobre as jllmerieJ do Beco dos Ferreiro ele es ta se referindo a uma parte da vida carioca que pela forma assumida nada tinha de desconhecida ou de proibida Ao contririo as timerieJ se apresentam como uma parte constituinte da vida da cidade Luiz Edmundo nos fala delas como nos fala dos teatros

Em croniea puhlicada na Gazeta de Noticias no diu 02 de abril de 1894 Olavo Bilae cita 0 livro de Baudelaire conhecido dos lileratos hrasileiros Entretanlo Bilae diz logo no iniein Pois afin11o-lhes eu com conhecimento de causa que a emhriaguez do pio uao tem uenhum dos encantos que Ihe atribui Baudelaire e passa a narrar sua experiencia para coneluir Mas aeonselhomiddotlhes que nao experimentem Denllis sahem quem tem rizao EBalzac que apesar de tazer parte de um c1ube de hehedores de haxixe nWIC beheu a droga porque (dizi elel a homem que volunlariamenle se despoja do mais helo alribulo humanoshya voulade deve ser na escala animal colocado abaixo do caramujo e d lesma (Bilae 1996 31-7) bull )0110 do Rio tinha pOT habito transfonnar em livro as reportagens que haviam sido publicadas anteriomgtenle nos jomals Fazia~o sempre pouco tempo depois para aproveitar ainda 0 impacto das notlcias

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dos bares dos morros das pessoas E e con que de entra na casa do chim Afonso sem pre oUtra coisa Nao ha resistencia a sua ptesema jamais pergunta ao visitante ao que vai porque senao cachimbos com opio e catres para dormit A presenlta aqui tambem epredominantemente na maioria chins como 0 Afonso nos ltliz 0

clara a presenlta de oUtros elementos Em 1907 0 jomal 0 Pai~ publicou un

(0 Pai= 02 jun 1907 p3) relatava 0 crescent varias partes do mundo principalmente em pili e da chegada da droga na Europa por in term reportagem seguia falando da preparaltao da d dos meios de combater 0 vido e dos estragos apenas no individuo mas na sociedade COll

entretanto qualquer referencia a presenlta de Brasil Esse era um problema que comecava a ~ partes do mundo se propagando a partir do que no Brasil e no Rio de Janeiro ainda nao tinha o amigo de J oao do Rio the fala da presenlta resposta foi de surpresa Mas aqui

A estranheza revelada pelo cronista sug o opio deveria estar realmente restrito quase que chinesa que deve ter trazido 0 vicio quando de

Entretan to a frequenda as jumerieJ do I ficou por muito tempo como uma exclusivid poucos outros membro da sociedade carioca f( transformando 0 Beco numa parte integrante Janeiro e da sua vida

Mas se opio nao era no inkio do sec utilizada por parte da alta sociedade do Distnto o eram Em 1897 0 poeta Figueiredo Pimentel famoso com a sua coluna 0 Bin6culo na Ga em poema urn elogio amorfina

Morjina ~

Note-so que ele se uliliza do nome do responsavel pel casa demollstra lugar bull (ertamenle a presell~a UO opio na Europa em anlerior adata da pUblic te~to de De Quince coenlado pm Baudelaire sou primeiro COlllato con em Franl FII1-k-Sc( apollta as decaus de I X4H e I R50 como as d Em 1907 quando epublicada bull notici bull 0 probkma estava fl erdade Neste mesmo ano as Estados Unidos la~arall1 um apelo para que 50 flZl sobre a pio Esse Conferencia leve lugar em Shang em 1909 conla Estados Unidos Imperio A lenlo Gra-Bretanha Frbull ltalialapilo Pais4 Persia Portugal Russia e SIAM I Hoijer 1925 29)

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f)ur~lmenp humana muitar vezcr ate aparte brutal do com 0 audlio do vinho umrpa a Joberania enquanto

de dpio Jenlc plenamcnte que aparte purft()da de JIIaJ afeifjeJ moraiJgozam do maimo dejlexibilidade

que Jua inteiigenda adquire uma iudcieZ ronJoladora (Baudelaires s I d)

influencia frances a nos meios intelectuais Itter~na do inkio do seculo nao parece ter se I L sid) permanecendo 0 alcool como 0

Entretanto Guido Fonseca acredita que em influenciados pelos autores do chamado mal Lord Bvron teriam levado os estudantes da

mais divers os desregramentos inclusive 0 exemplos apresentados pelo autor contudo referencia clireta ao uso do opio sendo que 0 constante(Fonseca 1994 25-37)

IlU~U~ dois cronistas vemos que existem entre cliferenltas que podem ser significativas e

pistas sobre os fumadores de opi~ da cidade as tumeric 0 clima apresentado e claramente p~ra eles Para entrar eles se utilizavam do por traficantes Os frequentadores por seu

tlU1~ com a sua presema(Rio 190899-100) do Rio era fruto de uma reportagem A

ede 1908~ portanto sua visita se fez pouco de Luiz Edmundo aD contrario sao suas

mais clificil estabelecer uma data para deg seu _lano~ A primeira ecliltao dos liVIOS de memoria

realizada em 1938 mas mas lembramas podem _)-uLU~ no inkio do seculo Existe sempre a alconttcunentc)s posteriores tenham afetado sua

Edmundo fala sobre as umeriCJ do Beco dos lUUUV a uma parte da ~ida carioca que pela

tinha de desconhecida ou de proibida Ao apresentam como uma parte constituinte da

Ul1lunaonos fala delas como nos fala dos teatros

de Nolieias no dia 02 de abril de 1 amp94 Olavo Bilae cita 0 livro de brasileiros Enretanto Bilac diz logo no inieio Pois aftrmo-Ihes cu

a embriaguez do opin nilo tem nenbum dos encalllos que n~e atribui experiencia para concluir Mas acollselhomiddotlhes que nao e~penmenlenL

que apesarde fazerparte de um clube de bebedores de haxl~e nWlca que voluntariamente se despoja do mais belo atributo humano

abai~o do caramujo e da lesma (Bllac 1996 31-7) em IiTO as reportagens que haviam sido publicadas anteriomlente

tena depois para aproveilar inda 0 impacto das noHcias

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dos bares dos morros das pessoas E e com a mesma naturalidade que de entra na casa do chirn Afonso sem precisar fingir ser qualquer outra coisa Nao ha resistencia asua presenca 0 homem [0 porteiro] jamais pergunta ao visitante ao que val porque na casa nada mais existe senao cachimbos com opio e catres para dormir(Edmundo 1957193) A ptesenca aqui tambem e predominantemente chinesa nao ha duvidas na maio ria chins como 0 Afonso nos cliz 0 autor deixando assim clara a presenlta de outros elementos

Em 1907 0 jornal 0 Paiz publicou uma noricia sem des taque (0 Pal 02 jun 1907 p3) relatava 0 crescente consumo do opio em varias partes do mundo principalmente em paises do Extremo Oriente e da chegada da droga na Europa por intermedio de marinheiros A reportagem seguia falando da preparaCao da droga e principalmente dos meios de combater 0 vido e dos estragos que de provocaria nao apenas no individuo mas na sociedade como um todo Nao ha entretanto qualquer referencia a presenlta de fumadores de opio no Brasil Esse era um problema que comeltava a ganhar corpo em varias partes do mundOlt se propagando a partir do Extremo Oriente mas que no Brasil e no Rio de Janeiro ainda nao tinha sido percebido Quando o amigo de Joao do Rio lhe fala da presenlta do opio na cidade sua tesposta foi de surpresa Mas aquil

~ estranheza revelada pelo cronista sugere que nesse momento o opio deveria estar realmente restrito quase que unicamente apopulacao chinesa que deve ter trazido 0 vieio quando de sua imigraltao

Entretanto a frequencia asfumerieJ do Beco do Ferreiros nao ficou por muito tempo como uma exclusividade dos chineses Aos poucos outros membros da sociedade carioca foram aderindo ao vicio transformando 0 Beco numa parte integrante das noites do Rio de Janeiro e da sua vida

Mas se opio nao era no inkio do seculo XX uma droga ja utilizada por parte da alta sociedade do Distrito Federal outras drogas o eram Em 18970 poeta Figueiredo Pimentel que mais tarde fica ria famoso com a sua coluna 0 Binoculo na Gazeta de Notkia elaborou em poema um elogio a morfina

lvtorjinu ~lo Dr lfjonJo I ianna)

Note-s que ele se utili7l do nonle do respollsilvel pela casa demollstrando uma certa familiariililde com 0

lu~ar laquo(crtamente a presellla do opio na Europa era anterior iI data da publica~iio da reportagem em () No teMa de De Quincey comentado por Baudelaire seu primeiro contato com a dro~a foi em 1804 Eugen Weber em Frallu jmiddotmiddotc-SCc apollla as decadas de 1840 e 1850 como as de introducao do vieio naquele pais Em 1907 quando epublicado a noticia 0 problema estava na verdade ganhando uma dinlensiio mundial Neste mesmo ano os Estados Unidos lallaram um apelo para que se lizesse uma Conferencia Inlemacional sobre 0 opio Esse Confercncia leve lugar em Shangai em 1909 contando com representantes da China Estados Unidos Imperio Alemilo Gril-Bretanha Frana ltalia Japiio Paises Baixos Inlperio Austro-Hullgam Persia Portugal Russia e SIAM In Hoiier 1925 29)

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l

Homens maus para que tirastes dos meus brafos Essa mulher que um dia os seus brafOS me abriu Que i q importava queJosse de ferro os lafos E prostitutajosse a que me seduju

Ea era md eu sci Eia me assassinava Dia a dia a sorrir Entre stas taricias Q importava porim se conene eu athava Nos seus betjos semjim as maiores delicias

Quando cia penetrava em meu ser em meu sangue Eu saia cia Terra em demancla do Ceu Vivendo sem viver inerte exauso langue Era rei J(j enao deixava de ser reu

Tinha-a dentm de mim peas veias wrrendo l-azendo-me sonhar n11m imenso delirio E por tocla uma node eu vivia esquetmdo A minha dor semjim 0 meu true martirio

Homens maus para que tirasteJ dos meus brafos EJsa muher que um dia os Jeus braf1JJ me abriu Que i q importa quejoJJe de ferro os lafos E prostitutajossc a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

A presenca de tal poema nesse momenta pode ter sido causado pela influencia francesa entre os escritores brasileiros ja que na Franca a morfina havia se tornado urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizacao da morfma no fmal do seculo XIX nao foi contudo urn habito largamente difundido Nao encontramos outros relatos de sua utilizaltao para essa epoca Da mesma forma Guido Fonseca coloca 1907 como a data do primeiro incidente com morfina em Sao Paulo Naquele ano urn estrangeiro Hermann Rosembaun hospedado no Hotel DOeste teria tentado se matar utilizando a droga(Fonseca 199446)

Dois anos depois em 1909 e novamente emJoao do Rio que encontramos nova referencia aos vicios da cidade A historia se passa num trem de suburbio as onze horas da noite Urn homem conta a outro 0 seu vicio espetar mulheres com alfinetes Para justificar seu comportamento diz ao companheiro de viagem

( j Umbras-Ie cia Jeanne Dambreuil quando Je picava com morjina Umbras-Ie do Joao Guedes quando nos wnviclava para

A mornna chegou com a guerra em 1870 quando foi uada contra 0 dor Muitos veteranos tornaram-se viciados Oreulos elegantes logo a adotaram Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniam se para trocar injeOes Joalheiros tinham um prospero comercio de senngas de praIa banhadas a aUTO au folheadas de ouro Alexandre Dumas Filho chegou a dizer que bullbullA mornna e0 absitlto das mulheres Em 1892 elaja se tomara uma IraKltI(Weher1988 40)

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fumeries dripio Sabiam ambos podiam resistir ( j (Rio 19100

Apesar da curta mencao feita amorfina reveladora Em primeiro lugar conftrma a u opio nao apenas por chineses mas tambem I segundo lugar e mais irnportante apesar de texto Jeanne Dambreuil era certamente uma I que se deduz tanto pdo nome frances come ambos Ja estava presente nesse momento po sera bastante acentuada mais tarde como veren o uso de entorpecentes Por outro lado 0 COl

fundo a extrema difusao de diferentes vicios r Em romance publicado em 1911 AJ

curta mencao ao uso da morfina Quase no fi1 urn jovem escultor e personagem principal decepcao ao ser preterido por Lucia sua pri mostrou apaixonado desde que voltou ao Ri antes Ao surpreende-la com Maya um seu am torturado pelo ciume e pela frustrasao Es pensou [Carlos] na profanacao de uma 0

fhampagne morfina Entretanto Carlos nao os amigos de sua roda nao sabia nem enttal sd463) nao podia assim usar dos remedios ( a disposicao para esses momentos Fica claro morfina nas rodas mais elegantes da cldade e forma ate certo ponto aberta ja que feita num Life

Alem do opio e da morfina dentre em tambem a utilizacao do eter Este deveria e~ quantidade e era considerado um vicio aristo menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joillt na abertura da narrativa

- Sim dizia-me 0 amigo com quell que nOr evola 11m vitia de misom brutaiJ - 0 opio 0 dempero do tipt

A utilizacao do eter crescia durante usado na forma de lanca perfumes mas nao fica claro em varios artigos public ados no ink Careta criticando a presenca cada vez maior de

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma forma ou outra d no texto de Julia Lopes de Almeida ellamado Os vieios deles~ conversalldo sobre os vieios dos mandos Cada um pnssuia 0 sell trail

o tabaco 0 jogo 0 vinoo e as mulheres (Almeida 1910)

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maIlS para que tirases dos meus brafos que um dia os seus braros me abriu

importava quefom deferro os lafos fosse a que me seduziu

a somr Entre slas ttlricias porim se conene eu afhava

beijos semjim as maiores delfaas

ela penetrava em mell ser em meu sanglle do Terra em demanda do Cell scm viver incrle exausfo langue so entrio deixava de ser reu

denIm de mim pelas veiaJ correndo sonhar num imenso delirio uma noite eu vivia csquecendo

dor Jcm jim 0 meu cruel martfrio

maus para que tirasles dos meUJ brafos que um dia os Jeus brafOJ me abriu

- +0 quefouf deferro OJ Jaros fom a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

poema nesse momenta pode ter sido causa do os escritores brasileiros ja que na Franlta a

urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizaltao da XIX nao foi contudo urn habito largamente

arrIOS outros rclatos de sua utilizaltao para essa Guido Fonseca coloca 1907 como a data morfina em Sao Paulo N aquele ano urn

losemoallln hospedado no Hotel DOeste teria

companheiro de viagem

a droga(Fonseca 199446) em 1909 e novamente em Joao do Rio que

aos vicios da cidade A hist6ria se passa as onze horas da noite Urn homem conta a

mulheres com alfinetes Para justificar seu

do Jeanne Dambreuil quando se pittlva tom umbras-Ie doJorio Guedes quando nos convidava para

quando foi usada contra a dar Muitos veteranos tornaranrse Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniammiddot

prospero con~rcio de serillgas de praia banhadas a ouro au chegou a dizer que A marlin e 0 absinto das mulheres Em

46)

46

a

fumeries ddpio Sabiam ambos que afabavam a vida e nao podiam resistir ( J(Rio 191003)

Apesar da curta menltao feita a morfina e ao 6pio ela e bastante reveladora Em primeiro lugar conflrma a utiliza~ao das Ilimeries de 6pio nao apenas por chirleses mas tambern por outros grupos Em segundo lugar e mais irnportante apesar de nao ser explicitado no texto Jeanne Dambreuil era certamente uma prostituta uma mmtte 0

que se deduz tanto pelo nome frances como por ser conhecida de ambos Ja estava presente nesse momento portanto uma ligaltao que sera bastante acentuada mais tarde como veremos da prostituiltao com o uso de entorpecentes Por outro lado 0 conto parece trazer como fundo a extrema difusao de diferentes vkios na sociedadeN

Em romance publicado em 1911 Afranio Peixoto fez uma curta menltao ao uso da morfrna Quase no frnal de A Einge Carlos urn jovem escultor e personagem principal da trama safre outra decepltao ao ser preterido por Lucia sua prima e por quem ele se mostrou apaixonado desde que voltou ao Rio de Janeiro tres anos antes Ao surpreende-Ia com Maya urn seu amigo Carlos sat andando tortutado pdo ciume e pda frustraltao Escteve Afranio Peixoto pensou [Carlos] na profanaltao de uma orgia jogo mulheres thampagne morfina Entretanto Carlos nao era urn mundano como os amigos de sua roda nao sabia nem entrar no High-Lije (peixoto 5d463) mio podia assirn usar dos remedios que a sociedade colocava adisposi~ao para esses momentos Fica claro portanto a presenlta da morfina nas rodas mais elegantes da cidade e possivelmente de uma forma ate certo ponto aberta ja que feita num clube de jogo 0 HighshyLife

Alem do 6pio e da morfina dentre esses vkios estava presente tambem a utilizaltao do eter Este deveria estar presente em maiar quantidade e era considerado urn vkio aristocratico e tido como de menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joao do Rio aslimerieJ logo na abertura da narrativa

Sim dizia-me 0 amigo tOm quem eu lisava 0 iter e 11m zido que nos Clioa um vUio de ariJtmratia Eu mnhcO outmJ maiJ brutaiJ - 0 rJpio 0 ducJpero do dpio (Rio 190898)

A utilizaltao do eter crescia durante 0 Carnaval quando era usado na forma de lanlta perfumes mas nao se limitava a ele como fica claro em varios artigos publicados no inkio da decada de 1910 na Careta criticando a presenlta cada vez maiar de odores de eter na cidade

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma fomJa ou outra de vieios ambem pode ser enconlrada no texlo de Julia Lopes de Almeida chamado Os vieio deles Aqui econlramas qualro amigas conversando sobre as vido do nJaridos Cada um posuia 0 seu tratava-5O de descobrir qual seria 0 pi~r

o abaco ojogo 0 vinho e as mulheres (Aln1eida 1910)

47

o to~ete depoiJdo Carnava ainda nOJpmegue por 234 e ar vezcJ rciJmeJeJ() EJte ano ao tonete veio Je reunir uma outra retordafiio 0 iter o ejoativo e lpertinente iter que noJ fitoU no ofato e que por vezeJ ineJperadamente JentimoJ mmo JIJ perto de noJ tiveJJem deJarrolhado um ralto desse volcilil (on Fon anaV nl0 11 mar 1911)

A cada dia 0 problema tomava dimensoes maiores e pela primeira vez como um grave desafio as autoridades Em 19130 jornal A ioite publicou uma serie de reportagens denunciado a facilidade de se conseguir todo tipo de entorpecentes nas farmkias da cidade 0 que for~ou uma acao da policia Tal a~ao se tornava entao ainda mais urgente em razao de um novo uso dado as drogas 0 suicidio (A venda franca de venenos Carea ana VI n259 17 maio 1913)

Ha muito tempo 0 Rio de Janeiro vinha convivendo com uma onda de suicidios onde os casos se apresentavam quase que diariamente nos jornais Os meios utilizados cram os mais variados e em geral a op~ao se fazia pela ingestao de alguma coisa t6xical vindo em seguida a utiliza~ao de armas de fogo

Os efeitos mortais de drogas como a morfina e a cocaina parecem ter sido descobertos pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos de utiliza~ao dessas drogas repentinamente aumentaram Apenas no mes de agosto daquele ana quatro pessoas tentaram por flm a vida se utilizando de uma dessas substancias (jornal do BraJil dias 0203 e 13 de agosto de 1912)

A reportagem de A Noite nao conseguiu diminuir a venda e consequentemente a utilizaltao desses produtos nos suicidios que ocorriam no Rio de Janeiro No ana seguinte a Careta publicou a seguinte anedota

Ele 0 amor minha Jenhora leva 0 homem ao Juiddio Eu retOnheo que JUiUmbirei ingerindo morjina EIa- Etl direi depoiJ Tratava-re de um amor-flOado (Careta ana VII n 323 29 ago 1914)

Se nesse momento a cocaina e a morfina tinham na sociedade carioca 0 papel de arma privilegiada para aqueles que queriam por flm it propria existencia isso nao deve ser interpretado como um sinal de que seu uso como entorpecente tivesse desaparecido au diminuido Ao contrario 0 consumo certamente se manteve e se preparava para atingir seu ponto mais alto

Entre os anos de 1908 e 1912 foram registrados 1716 casas de suiddio lla cidade do Rio de Janeiro sendo 519 fatais e 1197 nao falais Do lola I de casos 848 ou 4942 foram por envenenamenlo e 314 ou 183 utilizaram amlas de togo (Lima 1913 17-20)

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Em livro publicado em 1919 Benj31 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esque (CostalIat 1919120) Naquele momento 0 c tinha atingido um ponto em que se tomara 1

uso nao parou de crescer tornando-se urn largamente principalmente pelas classes m ainda usado por todas as classes sociais par um novo sentido passando mesmo a ser v

Em 1924 Ribeiro Couto publicou anos de 1921 e 1922 A Cidade do Viio eclat noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo escreveu no prefkio Aspectos do Rio de Ja da comemorariio do Primeiro Centenat Brasil(Couto 199811) Erealmente Isto de de difetentes aspectos das noites do Rio on capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 autor amando como cicerone de um jovem re mostrando-Ihe sua vida noturna No ultir estavam na bare a voltando de Niter6i e vian

- Cidade do pccado inocCnte A inrinua nOJ homens e nas mllh ~lemeridade da vido 0 pe(Jdo eJ

o amor Je rerpira a todas as hOI wiJm Tudo pam-e dizer lpem o amor A mulher de saboro mreto deJqo Jom nao esta tao I OUJat4 tidade 0 quer [kamos siientioJos l--amoJ Jile~ Ertd perlo a tidade Ja se defal Pray(J 15 Parece que muito tem) agora nos awlhe emjeJta - E a ddade do amor Ell Ii jupound~ueJ que 0 mmJensamentop Eu d~go 0 amor Compreena eniantadoras que podemos ler e todoJ OJ wrpOJ quejloreJtCm na til eum bem qm Je atinge aqui H iminto de pemdo (Couto 19t

A visao de Ribeiro Couto era a de q que procuravam vive-Ia ate it vertigem Era quem procurasse todas as possibilidade exacerbasse todos os desejos todos os praze se a vida tivesse de ser vivida de urn timco jal Como nos diz Ribeiro Couto era como s todos ousassem experimentassem todas as

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depotS do Carnava ainda nOJpmegue por 234 e seis meseJ() ao confete veto se reunir uma outra retOrdarilo 0 eter

iter que nOJjiwu no olfoto e que por

1911)

fogo

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RJeJlJefl1dimcnte sentimos mmo se perlo de nos tivessem umfrafw dem volatil (ton 1-on anaV nlO

problema tomava dimensoes maiores e pela grave desafio as autoridades Em 1913 0 jornal serie de reportagens denunciado a facilidade de

entorpecentes nas farmacias da cidade 0 que Tal altao se tornava en tao ainda mais urgente dado as drogas 0 suicidio(~ venda franca

VI n259 17 maio 1913) o Rio de Janeiro vinha convivendo com uma casos se apresentavam quase que diariamente

eram os mais variados e em geral a de alguma coisa toxica vindo em seguida

de drogas como a morfina e a cocaina pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos

repentinamente aumentaram Apenas no quatro pessoas tentaram por fun avida se

substancias (Jornal do BraJil dias 02 03 e 13 de

1 Noite nao conseguiu diminuir a venda e ~IUllGaaU desses produtos nos suicidios que

No ano seguinte a Carea publicou a seguinte

amor minha senhora leva 0 homem ao suiddio Eu que JIItumbirei ingerindo mortina dire depoir Tralava-Je de u~ amor-fin ado (Careta n 32329 ago 1914)

a cocaina e a morfina tinham na sociedade privilegiada para aqueles que queriam por fun nao deve ser interpretado como um sinal de

lroecc~nte tivesse desaparecido ou diminuido certamente se manteve e se preparava para

1716 casas de suicidio na cidade do Rio de Janeiro selldo cases 848 ou 4942 tiam por envenenamento e 314 ou 183

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Em livro publicado em 1919 Benjamim Costallat ainda situava 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esquecimento de uma mulher (Costallat 1919120) Naquele momento 0 consumo dessas substancias tinha atingido um ponto em que se tornara urn problema social e 0 seu uso nao parou de crescer tornando-se urn vieio elegante adotado largamente principalmente pelas classes mais elevadas Mesmo sendo ainda usado por todas as classes sociais para a elite seu consumo toma um novo sentido passando mesmo a ser valorizado

Em 1924 Ribeiro Couto publicou um livro escrito entre os anos de 1921 e 1922 A Cidade do JMo e da Grafa (vagabundagem pelo Rio noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo segundo 0 proprio autor escreveu no preficio ~spectos do Rio de Janeiro nOturno meses antes da comemoraltao do Primeiro Centenario da Independencia do Brasil(Couto 199811) Erealmente isto de que se trata de um retrato de diferentes aspectos das noites do Rio onde na verdade apenas um capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 texto se desenvolve com 0

autor atuando como cicerone de urn jovem recem-chegado da provincia mostrando-lhe sua vida notuma No ultimo capitulo do livro eles estavam na barca voltando de Niter6i e viam a cidade se aproximando

- Cidade dIJ petado inoamte A natureza ali etilo Jensual que iminua nos homem e nas mulhereJ 0 penJamento comante da ~femeridade da vida 0 pemdIJ i umaperversa sgestdo ambiente o amor se respira a todas aJ horaJ eJtd espalhado por todas as OiJas Tudo paretoe dizer ~1penas 0 amor ebom Eu Ie aconselho o amor A muher de saboroJo wrpo a quem na rna 0 teu selreto desejo Jom nilo esta tilo longe da tua milo lOmo penJas Ousa A ddade 0 quer f-itamos JilemioJos Vamos silenliosos 0 reJto da viagem EJtd perlo a ddade Ja SIJ detaham os edikios as arvores da PrafCl 15 Pareill que muito tempo andamoJ longe eque a ddade agoa nOJ a-olhe emfesta

E a ddade do amor Eu d~go dIJ amor EntendeJ Nilo jutgues que 0 meu penJamento poma naJ mulhereJ lOmenims Eu digo 0 amor Compreendes que Jilo aJ pOJsibilidadeJ enlClnadoraJ que podemos fer em odoJ OJ olhoJ no ritmo de odIJs OJ (oryos quejloreJcem na ddade S e Joubenes A feliddade i um bem que se ati~ge aqui Porque a ddade einocente no seu insinto de pemdo (Couto 199871-2)

A visao de Ribeiro Couto era a de que a cidade levava aqueles que procuravam vive-la ate avertigem Era como se ela permitisse a quem procurasse todas as possibilidades de amor Como se ela exacerbasse todos os desejos todos os prazeres todos os vicios Como se a vida tivesse de ser vivida de urn unico jato quase que sem respirar Como nos diz Ribeiro Couto era como se a cidade mandasse gue todos ousassem experimentassem todas as alternativas e i550 em urn

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--------------------------

momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

50

no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

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(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

52

serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

53

tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

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serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

53

1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

54

acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

55

havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

54

a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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59

efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

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RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

__ Dentro da Noite RJParis Garnier 1910

A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

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r _A (Uslo os nossos oihos acoslumam-sc it emriMo acompanham a candeldria de IUZeJ ate ojim ate uma aita parede emardida e descobrem em ada meJa um tachimbo grande e um corpo amarelo nu da dntura para dma um corpo que se levana aSJuJtado contonionando os brafos moles Rei hins magros chinsgordos de tubelo brantO de turas derpeladas thins triguciros Jm apele cor de manga -bins tvr de oca chim- tom a amarelidiio da tCra nos drios tJ Idmpadaf tremem estitum-se na amia de queimaro nanritico mortaL Aofundo um velho idiola (om as pernas TUzadas em lorno de um balde aira vm dois pauzinhos arroz it bOta 0 ambiente tem um heiro inenarreivel OJ corpos movem-se (omo as larvas de umpesadeo IJ was quinze aras utupidas arrantadas ao bdisamo que Ihes iatriza a alma oham-nos om 0 JUJto rovarde de coolies espancadoJ E todos murmuram medrosamente Om os pis nus ar maos rzgas

_ Nao lem dinheiro nao lem dinheiro faz mal (Rio 1908100-1)

Nessa primeira visita mesmo com todo 0 horror demonstrado pelo autor os frequentadores estavam apenas no inicio do proeesso de entorpecimento Saindo do beco dos Ferreiros Joao do Rio e seu guia seguiram para outra fumerie desta vez na Rua D Manuel numero 72 Nessa ja estao todos em estado adiantado de imersao nos efeitos da droga e a visao se torna ainda mais lugubre

1 intoxicafiiojd os tran~jorma Um deles a abefa pendente a lingua roxa as peilpebras apertadas ronttl utirado It 0 seu pescofv amarelo e longo quebrado pela pont a da mesa mortra a papeira mole omo it eJpera da lamina de umafaa Outro de ajcoras mastigando pedafoJ de massa cor de azinhavre mosra os dentes erpumando E hd mair um com as pernas TUzadas lambendo 0 ripio liquido naponta do ltlt-bimbo dots oulros deitados queimando na dJama das tlndeias asporfOes do sumo enervante EJteJ tenam erguer-se ao ver-nOJ com um identico erorfv 0

Jembante trandigurado (Rio 1908104)

A visao dos usuarios de opio apresentados por J oao do Rio e corroborada por outro cronista do inicio do seculo Luiz Edmundo tralta um perfil bastante parecido se nao identico da casa do chim Afonso situ ada no numero 15 do Beco dos Ferreiros enquanto aquele havia visitado 0 numero 19 Nas duas estao presentes a escuridao 0

mau cheiro insuportavel as mesmas esteiras manchadas de suor os mesmos corpos deitados seminus e em grande quantidade os cachimbos as lanternas de azeite Apenas a descriltao dos homens parece ganhar um contorno ainda mais repugnante apesar da narraltao de Luiz Edmundo nao ter os floreios dramadcos da realizada por Joao

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do Rio

Estao os oxicomanos nus da que silo verdadeiros mcifos de 11

cor de chocolate emanchadas de j se descnham em meio a IIIZ que j antiga as hediondas marcaras m Mingjisionomias de desenterra~ negra mmo que tOmida pela ler pipo dos ltlfhimbos sao bow morrem nllm espasmo de sqftimen franzinos reluzenter de SIIOr Q um deJJ-es tOrpos seminuJ senle I que se desfaz amais leve pressiio ~ ofegam ( ) (Edmundo 1957

o Beco dos Ferreiros aparece come opio na ddade Brasil Gerson em seu livre refere ao Beco dos Ferreiros simplesmente CI

ainda neste seculo de boa parte dos chinese tomava opio (Gerson sld) Constituindo-sc da Rua da Misericordia andga regiao do pi Beco dos Ferreitos com suas variasfumerieser esquecido

Essa condicao de uma estranha sobretudo pelos deserdados marinheiro desempregados ou subempregados pare consumo de opio na regiao nao ter merecic parte das autoridades Alem disso as cranil Edmundo colocavam os cruneses na posiltii que os unieos envolvidos no consumo de 6

Apesar da China ter se constituido r vido se espalhou por todo 0 globo Em chegaram a ~er Iouvados Foi 0 caw de Bat Comedor de Opio no qual ele comenta as c Quincey um jovem ingles que no inicio do sec ao consumo de opio na Inglaterra No 1 qualidades positivas do opio principalmentt prov-cados pelo aleool

o prazer tlusado pelo tinho Jigll do qual fOmeftl a de-air enqual criado permanca igual durante agudo enquanlo 0 oulro eroni igual epermanente

E completa um pouco mais afren

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os nossos olhos aeoJtumam-se d eseuridiio aOmpanham de luzes ali ofim ali uma alta parede emardida

em il1da mesa um ia(himbo grande e um iorpo nu da lintura para dma um orpo que se levana

contorlionando os brafOS moles Ra hins magroJ de cabelo branm de caras deJpeladas thins rigueims

cor de manga hinr cor de Otl1 chinf com a amarelidiio drioJ

tremem utitam-se na ansia de queimaro nanotitO lundo um velho idiota com as pernas trnzadas em

11m balde atira com dois pauzinhos arroz d bOta a lem 11m cheiro inenamivel os corpos movem-se como as 11mpcsadeo eeJJaJ quinze taras eJtdpidas arraneadas

que Ihes ti(atriza a alma olham-nos tOm 0 mslo de coolies cJpancadoJ E lodos murmuram

com ospis nus as maos sujas lem dinheiro nao lem dinheiro faz mal (Rio

1)

mesmo com to do 0 horror demonstrado estavam apenas no inido do processo de

do beco dos Ferreiros Joao do Rio e seu guia desta vez na Rua D Manuel numero 72 estado adiantado de imersao nos efeitos da

ainda mats lugubre

jei os tran4orma Um deer a tabefa pendente a af palpebras apertadas ronta cstirado e 0 seu

ml1relo elongo quebrado pela ponta da mefa mostra a como aejpera da lamina de umaat(J Outro de

~l1r(1or1ntfnpedafos de mafJa cor de azinhavre mostra espumando E hd mais um Om as pernas tTUzadas opio liquido naponta do fat-himbo dois outros deilados

na thama das ttJndeiaJ asporfiieJ do JUmo enervanle erguer-se ao ver-nos Om um identho e4or[0 0

ranifigurado (Rio 1908 104)

de 6pio apresentados por Joao do Rio e cronista do inkio do seculo Luiz Edmundo

pareddo se nao idenrico da casa do chim 15 do Beco dos Ferreiros enquanto aquele

19 Nas duas estao presentes a escuridao 0

as mesmas esteiras manchadas de suor os seminus e em grande quantidade os Apenas a descriltao dos homens parece mais repugnante apesar da narraltao de

os floreios dramaticos da realizada por J oao

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do Rio

Eslao os oxicomanos nJU da tinura para dma sobre talres que sao vcrdadeiros tlJtios de madeira jorrados de cSleirinhas (or de tmiddothotolale emamhadas de JUor Sao rosos or de OtlJ que se desenham em meio a luZ que bruxuleia maStlJras da China antiga as hediondas maslaras mandhus dos tempos da dinaJtia Mingjisionomias de desenterradoJ mostrando a middotova dos ohos negra tOmo que mmida pela terra As bOllJS de onde pende 0 pipo dos tathimbos sao bO(as alerradoras fomo as doJ que morrem num espasmo de Jqftimento ede dor Tramos esquelitllOJ franzinos reluzentes de JUor Quando a genIe se abaixa c tota um deSJcs corpos Jcminus senfc uma (arne mole quc aliparcee que se deJfaz amaiJ Icvc preJsao doJ nOSSOJ dedoJ Alguns arfam olegam ( ) (Edmundo 1957194)

o Beco dos Ferreiros aparece como 0 centro do consumo do 6pio na cidade Brasil Gerson em seu livro sobre as ruas do Rio se refere ao Beco dos Ferreiros simplesmente como residencia predileta atnda neste seculo de boa parte dos chineses do Rio e onde anoite se tomava apio (Gerson sid) Constituindo-se num dos becos que saiam da Rua da Misericordia an riga regiao do porto do Rio de Janeiro 0

Beco dos Ferreiros com suas variasfumeries era um aspecto que se queria esquecido

Essa condiltao de uma estranha cidade a parte habitada sobretudo peIos deserdados marinheiros soldados prostitutas desempregados ou subempregados parece explicar 0 porque do consumo de apio na regiao nao ter merecido maior preocupaltao por parte das autoridades Alem disso as cronicas de Joao do Rio e Luiz Edmundo colocavam os chineses na posiltiio de responsaveis e quase que os unicos envolvidos no consumo de opio

Apesar da China ter se consrituido no principal consumidor 0

vido se espalhou por todo 0 globo Em muitos casos seus efeitos chegaram a ~er louvados Foi 0 caso de Baudelaire com seu livro Um Comedor de Opio no qual ele comenta as confissoes de Thomas De Quincey um jovem ingles que no inido do seculo XIX havia se entregado ao consumo de opio na Inglaterra No livro Baudelaire reallta as qualidades positivas do 6pio principalmente se comparadas aos efeitos provocados pelo alcool

o prazer caurado pelo vinho regue um llJminho arcendente aojlm do qual tOmelJ a detair enquanto que 0 ~leito do 6Pio uma vez criado permanea igual durante oilo ou dez horaJ um i prazer agudo enquanto 0 oulro i crdnitO aqui um darao d um ardor igual epermanente

E completa um pouco mais a frente

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if aparte puramente humana muitas veZeJ ati a parte brutal do bomem que com 0 auilio do vinho UJurpa a Joberania enquanto que 0 middotomedor de opio Jente plenamente que aparte purijicada de Jetl Jer esuus ajiJiroeJ moraisgozam do maltimo dejlexibtlidade e Jobretudo que sua integlnda adquire uma luddez cOnJoladora erem nUlJcns(Baudelaires sld)

Apesar da forte influencia francesa nos meios intelectuais brasileiros a boemia litenltla do inkio do seculo nao parece ter se utilizado do opio(Baudelaire sid) permanecendo 0 alcool como 0

principal entorpecente Entretanto Guido Fonseca acredita que em meados do seculo XIX influenciados pelos autores do chamado mal do seculo em especial Lord Byron teriam levado os estudantes da Faculdade de Direito aos mais divers os desregramentos inclusive 0

consumo de opio Os exemplos apresentados pelo autor contudo nw mostram nenhuma referenda direta ao uso do opio sendo que 0

alcool ea presenlta mais constante(Fonseca 1994 25-37) Voltando aos nossos dois cronistas vemos que existem entre

seus depoimentos algumas diferenltas que podem ser significativas e que nos dao algumas pistas sobre os fumadores de opio da cidade QuandoJoao do Rio visita asjumerier 0 clima apresentado e claramente de um ambiente proibido para eles Para entrar eles se utilizavam do subterfugio de se passarem por traficantes Os frequentadores por seu lado mostram-se assustados com a sua presenlta(Rio 190899-100)

o texto de Joao do Rio era fruto de uma reportagem A primeira ediltao do livro e de 1908 1

portanto sua visita se fez pouco antes desta data 0 livro de Luiz Edmundo ao contrario sao suas memorias 0 que torna mais difkil estabelecer uma data para 0 seu contato com os opiomanos A primeira ediltao dos livros de memoria de Luiz Edmundo foi realizada em 1938 mas suas lembranltas podem em sua maioria ser localizadas no inkio do seculo Existe sempre a possibilidade de que acontecimentos posteriores tenham afetado sua narrativa

Quando Luiz Edmundo fala sobre as jllmerieJ do Beco dos Ferreiro ele es ta se referindo a uma parte da vida carioca que pela forma assumida nada tinha de desconhecida ou de proibida Ao contririo as timerieJ se apresentam como uma parte constituinte da vida da cidade Luiz Edmundo nos fala delas como nos fala dos teatros

Em croniea puhlicada na Gazeta de Noticias no diu 02 de abril de 1894 Olavo Bilae cita 0 livro de Baudelaire conhecido dos lileratos hrasileiros Entretanlo Bilae diz logo no iniein Pois afin11o-lhes eu com conhecimento de causa que a emhriaguez do pio uao tem uenhum dos encantos que Ihe atribui Baudelaire e passa a narrar sua experiencia para coneluir Mas aeonselhomiddotlhes que nao experimentem Denllis sahem quem tem rizao EBalzac que apesar de tazer parte de um c1ube de hehedores de haxixe nWIC beheu a droga porque (dizi elel a homem que volunlariamenle se despoja do mais helo alribulo humanoshya voulade deve ser na escala animal colocado abaixo do caramujo e d lesma (Bilae 1996 31-7) bull )0110 do Rio tinha pOT habito transfonnar em livro as reportagens que haviam sido publicadas anteriomgtenle nos jomals Fazia~o sempre pouco tempo depois para aproveitar ainda 0 impacto das notlcias

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dos bares dos morros das pessoas E e con que de entra na casa do chim Afonso sem pre oUtra coisa Nao ha resistencia a sua ptesema jamais pergunta ao visitante ao que vai porque senao cachimbos com opio e catres para dormit A presenlta aqui tambem epredominantemente na maioria chins como 0 Afonso nos ltliz 0

clara a presenlta de oUtros elementos Em 1907 0 jomal 0 Pai~ publicou un

(0 Pai= 02 jun 1907 p3) relatava 0 crescent varias partes do mundo principalmente em pili e da chegada da droga na Europa por in term reportagem seguia falando da preparaltao da d dos meios de combater 0 vido e dos estragos apenas no individuo mas na sociedade COll

entretanto qualquer referencia a presenlta de Brasil Esse era um problema que comecava a ~ partes do mundo se propagando a partir do que no Brasil e no Rio de Janeiro ainda nao tinha o amigo de J oao do Rio the fala da presenlta resposta foi de surpresa Mas aqui

A estranheza revelada pelo cronista sug o opio deveria estar realmente restrito quase que chinesa que deve ter trazido 0 vicio quando de

Entretan to a frequenda as jumerieJ do I ficou por muito tempo como uma exclusivid poucos outros membro da sociedade carioca f( transformando 0 Beco numa parte integrante Janeiro e da sua vida

Mas se opio nao era no inkio do sec utilizada por parte da alta sociedade do Distnto o eram Em 1897 0 poeta Figueiredo Pimentel famoso com a sua coluna 0 Bin6culo na Ga em poema urn elogio amorfina

Morjina ~

Note-so que ele se uliliza do nome do responsavel pel casa demollstra lugar bull (ertamenle a presell~a UO opio na Europa em anlerior adata da pUblic te~to de De Quince coenlado pm Baudelaire sou primeiro COlllato con em Franl FII1-k-Sc( apollta as decaus de I X4H e I R50 como as d Em 1907 quando epublicada bull notici bull 0 probkma estava fl erdade Neste mesmo ano as Estados Unidos la~arall1 um apelo para que 50 flZl sobre a pio Esse Conferencia leve lugar em Shang em 1909 conla Estados Unidos Imperio A lenlo Gra-Bretanha Frbull ltalialapilo Pais4 Persia Portugal Russia e SIAM I Hoijer 1925 29)

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f)ur~lmenp humana muitar vezcr ate aparte brutal do com 0 audlio do vinho umrpa a Joberania enquanto

de dpio Jenlc plenamcnte que aparte purft()da de JIIaJ afeifjeJ moraiJgozam do maimo dejlexibilidade

que Jua inteiigenda adquire uma iudcieZ ronJoladora (Baudelaires s I d)

influencia frances a nos meios intelectuais Itter~na do inkio do seculo nao parece ter se I L sid) permanecendo 0 alcool como 0

Entretanto Guido Fonseca acredita que em influenciados pelos autores do chamado mal Lord Bvron teriam levado os estudantes da

mais divers os desregramentos inclusive 0 exemplos apresentados pelo autor contudo referencia clireta ao uso do opio sendo que 0 constante(Fonseca 1994 25-37)

IlU~U~ dois cronistas vemos que existem entre cliferenltas que podem ser significativas e

pistas sobre os fumadores de opi~ da cidade as tumeric 0 clima apresentado e claramente p~ra eles Para entrar eles se utilizavam do por traficantes Os frequentadores por seu

tlU1~ com a sua presema(Rio 190899-100) do Rio era fruto de uma reportagem A

ede 1908~ portanto sua visita se fez pouco de Luiz Edmundo aD contrario sao suas

mais clificil estabelecer uma data para deg seu _lano~ A primeira ecliltao dos liVIOS de memoria

realizada em 1938 mas mas lembramas podem _)-uLU~ no inkio do seculo Existe sempre a alconttcunentc)s posteriores tenham afetado sua

Edmundo fala sobre as umeriCJ do Beco dos lUUUV a uma parte da ~ida carioca que pela

tinha de desconhecida ou de proibida Ao apresentam como uma parte constituinte da

Ul1lunaonos fala delas como nos fala dos teatros

de Nolieias no dia 02 de abril de 1 amp94 Olavo Bilae cita 0 livro de brasileiros Enretanto Bilac diz logo no inieio Pois aftrmo-Ihes cu

a embriaguez do opin nilo tem nenbum dos encalllos que n~e atribui experiencia para concluir Mas acollselhomiddotlhes que nao e~penmenlenL

que apesarde fazerparte de um clube de bebedores de haxl~e nWlca que voluntariamente se despoja do mais belo atributo humano

abai~o do caramujo e da lesma (Bllac 1996 31-7) em IiTO as reportagens que haviam sido publicadas anteriomlente

tena depois para aproveilar inda 0 impacto das noHcias

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dos bares dos morros das pessoas E e com a mesma naturalidade que de entra na casa do chirn Afonso sem precisar fingir ser qualquer outra coisa Nao ha resistencia asua presenca 0 homem [0 porteiro] jamais pergunta ao visitante ao que val porque na casa nada mais existe senao cachimbos com opio e catres para dormir(Edmundo 1957193) A ptesenca aqui tambem e predominantemente chinesa nao ha duvidas na maio ria chins como 0 Afonso nos cliz 0 autor deixando assim clara a presenlta de outros elementos

Em 1907 0 jornal 0 Paiz publicou uma noricia sem des taque (0 Pal 02 jun 1907 p3) relatava 0 crescente consumo do opio em varias partes do mundo principalmente em paises do Extremo Oriente e da chegada da droga na Europa por intermedio de marinheiros A reportagem seguia falando da preparaCao da droga e principalmente dos meios de combater 0 vido e dos estragos que de provocaria nao apenas no individuo mas na sociedade como um todo Nao ha entretanto qualquer referencia a presenlta de fumadores de opio no Brasil Esse era um problema que comeltava a ganhar corpo em varias partes do mundOlt se propagando a partir do Extremo Oriente mas que no Brasil e no Rio de Janeiro ainda nao tinha sido percebido Quando o amigo de Joao do Rio lhe fala da presenlta do opio na cidade sua tesposta foi de surpresa Mas aquil

~ estranheza revelada pelo cronista sugere que nesse momento o opio deveria estar realmente restrito quase que unicamente apopulacao chinesa que deve ter trazido 0 vieio quando de sua imigraltao

Entretanto a frequencia asfumerieJ do Beco do Ferreiros nao ficou por muito tempo como uma exclusividade dos chineses Aos poucos outros membros da sociedade carioca foram aderindo ao vicio transformando 0 Beco numa parte integrante das noites do Rio de Janeiro e da sua vida

Mas se opio nao era no inkio do seculo XX uma droga ja utilizada por parte da alta sociedade do Distrito Federal outras drogas o eram Em 18970 poeta Figueiredo Pimentel que mais tarde fica ria famoso com a sua coluna 0 Binoculo na Gazeta de Notkia elaborou em poema um elogio a morfina

lvtorjinu ~lo Dr lfjonJo I ianna)

Note-s que ele se utili7l do nonle do respollsilvel pela casa demollstrando uma certa familiariililde com 0

lu~ar laquo(crtamente a presellla do opio na Europa era anterior iI data da publica~iio da reportagem em () No teMa de De Quincey comentado por Baudelaire seu primeiro contato com a dro~a foi em 1804 Eugen Weber em Frallu jmiddotmiddotc-SCc apollla as decadas de 1840 e 1850 como as de introducao do vieio naquele pais Em 1907 quando epublicado a noticia 0 problema estava na verdade ganhando uma dinlensiio mundial Neste mesmo ano os Estados Unidos lallaram um apelo para que se lizesse uma Conferencia Inlemacional sobre 0 opio Esse Confercncia leve lugar em Shangai em 1909 contando com representantes da China Estados Unidos Imperio Alemilo Gril-Bretanha Frana ltalia Japiio Paises Baixos Inlperio Austro-Hullgam Persia Portugal Russia e SIAM In Hoiier 1925 29)

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l

Homens maus para que tirastes dos meus brafos Essa mulher que um dia os seus brafOS me abriu Que i q importava queJosse de ferro os lafos E prostitutajosse a que me seduju

Ea era md eu sci Eia me assassinava Dia a dia a sorrir Entre stas taricias Q importava porim se conene eu athava Nos seus betjos semjim as maiores delicias

Quando cia penetrava em meu ser em meu sangue Eu saia cia Terra em demancla do Ceu Vivendo sem viver inerte exauso langue Era rei J(j enao deixava de ser reu

Tinha-a dentm de mim peas veias wrrendo l-azendo-me sonhar n11m imenso delirio E por tocla uma node eu vivia esquetmdo A minha dor semjim 0 meu true martirio

Homens maus para que tirasteJ dos meus brafos EJsa muher que um dia os Jeus braf1JJ me abriu Que i q importa quejoJJe de ferro os lafos E prostitutajossc a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

A presenca de tal poema nesse momenta pode ter sido causado pela influencia francesa entre os escritores brasileiros ja que na Franca a morfina havia se tornado urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizacao da morfma no fmal do seculo XIX nao foi contudo urn habito largamente difundido Nao encontramos outros relatos de sua utilizaltao para essa epoca Da mesma forma Guido Fonseca coloca 1907 como a data do primeiro incidente com morfina em Sao Paulo Naquele ano urn estrangeiro Hermann Rosembaun hospedado no Hotel DOeste teria tentado se matar utilizando a droga(Fonseca 199446)

Dois anos depois em 1909 e novamente emJoao do Rio que encontramos nova referencia aos vicios da cidade A historia se passa num trem de suburbio as onze horas da noite Urn homem conta a outro 0 seu vicio espetar mulheres com alfinetes Para justificar seu comportamento diz ao companheiro de viagem

( j Umbras-Ie cia Jeanne Dambreuil quando Je picava com morjina Umbras-Ie do Joao Guedes quando nos wnviclava para

A mornna chegou com a guerra em 1870 quando foi uada contra 0 dor Muitos veteranos tornaram-se viciados Oreulos elegantes logo a adotaram Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniam se para trocar injeOes Joalheiros tinham um prospero comercio de senngas de praIa banhadas a aUTO au folheadas de ouro Alexandre Dumas Filho chegou a dizer que bullbullA mornna e0 absitlto das mulheres Em 1892 elaja se tomara uma IraKltI(Weher1988 40)

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fumeries dripio Sabiam ambos podiam resistir ( j (Rio 19100

Apesar da curta mencao feita amorfina reveladora Em primeiro lugar conftrma a u opio nao apenas por chineses mas tambem I segundo lugar e mais irnportante apesar de texto Jeanne Dambreuil era certamente uma I que se deduz tanto pdo nome frances come ambos Ja estava presente nesse momento po sera bastante acentuada mais tarde como veren o uso de entorpecentes Por outro lado 0 COl

fundo a extrema difusao de diferentes vicios r Em romance publicado em 1911 AJ

curta mencao ao uso da morfina Quase no fi1 urn jovem escultor e personagem principal decepcao ao ser preterido por Lucia sua pri mostrou apaixonado desde que voltou ao Ri antes Ao surpreende-la com Maya um seu am torturado pelo ciume e pela frustrasao Es pensou [Carlos] na profanacao de uma 0

fhampagne morfina Entretanto Carlos nao os amigos de sua roda nao sabia nem enttal sd463) nao podia assim usar dos remedios ( a disposicao para esses momentos Fica claro morfina nas rodas mais elegantes da cldade e forma ate certo ponto aberta ja que feita num Life

Alem do opio e da morfina dentre em tambem a utilizacao do eter Este deveria e~ quantidade e era considerado um vicio aristo menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joillt na abertura da narrativa

- Sim dizia-me 0 amigo com quell que nOr evola 11m vitia de misom brutaiJ - 0 opio 0 dempero do tipt

A utilizacao do eter crescia durante usado na forma de lanca perfumes mas nao fica claro em varios artigos public ados no ink Careta criticando a presenca cada vez maior de

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma forma ou outra d no texto de Julia Lopes de Almeida ellamado Os vieios deles~ conversalldo sobre os vieios dos mandos Cada um pnssuia 0 sell trail

o tabaco 0 jogo 0 vinoo e as mulheres (Almeida 1910)

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maIlS para que tirases dos meus brafos que um dia os seus braros me abriu

importava quefom deferro os lafos fosse a que me seduziu

a somr Entre slas ttlricias porim se conene eu afhava

beijos semjim as maiores delfaas

ela penetrava em mell ser em meu sanglle do Terra em demanda do Cell scm viver incrle exausfo langue so entrio deixava de ser reu

denIm de mim pelas veiaJ correndo sonhar num imenso delirio uma noite eu vivia csquecendo

dor Jcm jim 0 meu cruel martfrio

maus para que tirasles dos meUJ brafos que um dia os Jeus brafOJ me abriu

- +0 quefouf deferro OJ Jaros fom a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

poema nesse momenta pode ter sido causa do os escritores brasileiros ja que na Franlta a

urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizaltao da XIX nao foi contudo urn habito largamente

arrIOS outros rclatos de sua utilizaltao para essa Guido Fonseca coloca 1907 como a data morfina em Sao Paulo N aquele ano urn

losemoallln hospedado no Hotel DOeste teria

companheiro de viagem

a droga(Fonseca 199446) em 1909 e novamente em Joao do Rio que

aos vicios da cidade A hist6ria se passa as onze horas da noite Urn homem conta a

mulheres com alfinetes Para justificar seu

do Jeanne Dambreuil quando se pittlva tom umbras-Ie doJorio Guedes quando nos convidava para

quando foi usada contra a dar Muitos veteranos tornaranrse Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniammiddot

prospero con~rcio de serillgas de praia banhadas a ouro au chegou a dizer que A marlin e 0 absinto das mulheres Em

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a

fumeries ddpio Sabiam ambos que afabavam a vida e nao podiam resistir ( J(Rio 191003)

Apesar da curta menltao feita a morfina e ao 6pio ela e bastante reveladora Em primeiro lugar conflrma a utiliza~ao das Ilimeries de 6pio nao apenas por chirleses mas tambern por outros grupos Em segundo lugar e mais irnportante apesar de nao ser explicitado no texto Jeanne Dambreuil era certamente uma prostituta uma mmtte 0

que se deduz tanto pelo nome frances como por ser conhecida de ambos Ja estava presente nesse momento portanto uma ligaltao que sera bastante acentuada mais tarde como veremos da prostituiltao com o uso de entorpecentes Por outro lado 0 conto parece trazer como fundo a extrema difusao de diferentes vkios na sociedadeN

Em romance publicado em 1911 Afranio Peixoto fez uma curta menltao ao uso da morfrna Quase no frnal de A Einge Carlos urn jovem escultor e personagem principal da trama safre outra decepltao ao ser preterido por Lucia sua prima e por quem ele se mostrou apaixonado desde que voltou ao Rio de Janeiro tres anos antes Ao surpreende-Ia com Maya urn seu amigo Carlos sat andando tortutado pdo ciume e pda frustraltao Escteve Afranio Peixoto pensou [Carlos] na profanaltao de uma orgia jogo mulheres thampagne morfina Entretanto Carlos nao era urn mundano como os amigos de sua roda nao sabia nem entrar no High-Lije (peixoto 5d463) mio podia assirn usar dos remedios que a sociedade colocava adisposi~ao para esses momentos Fica claro portanto a presenlta da morfina nas rodas mais elegantes da cidade e possivelmente de uma forma ate certo ponto aberta ja que feita num clube de jogo 0 HighshyLife

Alem do 6pio e da morfina dentre esses vkios estava presente tambem a utilizaltao do eter Este deveria estar presente em maiar quantidade e era considerado urn vkio aristocratico e tido como de menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joao do Rio aslimerieJ logo na abertura da narrativa

Sim dizia-me 0 amigo tOm quem eu lisava 0 iter e 11m zido que nos Clioa um vUio de ariJtmratia Eu mnhcO outmJ maiJ brutaiJ - 0 rJpio 0 ducJpero do dpio (Rio 190898)

A utilizaltao do eter crescia durante 0 Carnaval quando era usado na forma de lanlta perfumes mas nao se limitava a ele como fica claro em varios artigos publicados no inkio da decada de 1910 na Careta criticando a presenlta cada vez maiar de odores de eter na cidade

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma fomJa ou outra de vieios ambem pode ser enconlrada no texlo de Julia Lopes de Almeida chamado Os vieio deles Aqui econlramas qualro amigas conversando sobre as vido do nJaridos Cada um posuia 0 seu tratava-5O de descobrir qual seria 0 pi~r

o abaco ojogo 0 vinho e as mulheres (Aln1eida 1910)

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o to~ete depoiJdo Carnava ainda nOJpmegue por 234 e ar vezcJ rciJmeJeJ() EJte ano ao tonete veio Je reunir uma outra retordafiio 0 iter o ejoativo e lpertinente iter que noJ fitoU no ofato e que por vezeJ ineJperadamente JentimoJ mmo JIJ perto de noJ tiveJJem deJarrolhado um ralto desse volcilil (on Fon anaV nl0 11 mar 1911)

A cada dia 0 problema tomava dimensoes maiores e pela primeira vez como um grave desafio as autoridades Em 19130 jornal A ioite publicou uma serie de reportagens denunciado a facilidade de se conseguir todo tipo de entorpecentes nas farmkias da cidade 0 que for~ou uma acao da policia Tal a~ao se tornava entao ainda mais urgente em razao de um novo uso dado as drogas 0 suicidio (A venda franca de venenos Carea ana VI n259 17 maio 1913)

Ha muito tempo 0 Rio de Janeiro vinha convivendo com uma onda de suicidios onde os casos se apresentavam quase que diariamente nos jornais Os meios utilizados cram os mais variados e em geral a op~ao se fazia pela ingestao de alguma coisa t6xical vindo em seguida a utiliza~ao de armas de fogo

Os efeitos mortais de drogas como a morfina e a cocaina parecem ter sido descobertos pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos de utiliza~ao dessas drogas repentinamente aumentaram Apenas no mes de agosto daquele ana quatro pessoas tentaram por flm a vida se utilizando de uma dessas substancias (jornal do BraJil dias 0203 e 13 de agosto de 1912)

A reportagem de A Noite nao conseguiu diminuir a venda e consequentemente a utilizaltao desses produtos nos suicidios que ocorriam no Rio de Janeiro No ana seguinte a Careta publicou a seguinte anedota

Ele 0 amor minha Jenhora leva 0 homem ao Juiddio Eu retOnheo que JUiUmbirei ingerindo morjina EIa- Etl direi depoiJ Tratava-re de um amor-flOado (Careta ana VII n 323 29 ago 1914)

Se nesse momento a cocaina e a morfina tinham na sociedade carioca 0 papel de arma privilegiada para aqueles que queriam por flm it propria existencia isso nao deve ser interpretado como um sinal de que seu uso como entorpecente tivesse desaparecido au diminuido Ao contrario 0 consumo certamente se manteve e se preparava para atingir seu ponto mais alto

Entre os anos de 1908 e 1912 foram registrados 1716 casas de suiddio lla cidade do Rio de Janeiro sendo 519 fatais e 1197 nao falais Do lola I de casos 848 ou 4942 foram por envenenamenlo e 314 ou 183 utilizaram amlas de togo (Lima 1913 17-20)

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Em livro publicado em 1919 Benj31 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esque (CostalIat 1919120) Naquele momento 0 c tinha atingido um ponto em que se tomara 1

uso nao parou de crescer tornando-se urn largamente principalmente pelas classes m ainda usado por todas as classes sociais par um novo sentido passando mesmo a ser v

Em 1924 Ribeiro Couto publicou anos de 1921 e 1922 A Cidade do Viio eclat noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo escreveu no prefkio Aspectos do Rio de Ja da comemorariio do Primeiro Centenat Brasil(Couto 199811) Erealmente Isto de de difetentes aspectos das noites do Rio on capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 autor amando como cicerone de um jovem re mostrando-Ihe sua vida noturna No ultir estavam na bare a voltando de Niter6i e vian

- Cidade do pccado inocCnte A inrinua nOJ homens e nas mllh ~lemeridade da vido 0 pe(Jdo eJ

o amor Je rerpira a todas as hOI wiJm Tudo pam-e dizer lpem o amor A mulher de saboro mreto deJqo Jom nao esta tao I OUJat4 tidade 0 quer [kamos siientioJos l--amoJ Jile~ Ertd perlo a tidade Ja se defal Pray(J 15 Parece que muito tem) agora nos awlhe emjeJta - E a ddade do amor Ell Ii jupound~ueJ que 0 mmJensamentop Eu d~go 0 amor Compreena eniantadoras que podemos ler e todoJ OJ wrpOJ quejloreJtCm na til eum bem qm Je atinge aqui H iminto de pemdo (Couto 19t

A visao de Ribeiro Couto era a de q que procuravam vive-Ia ate it vertigem Era quem procurasse todas as possibilidade exacerbasse todos os desejos todos os praze se a vida tivesse de ser vivida de urn timco jal Como nos diz Ribeiro Couto era como s todos ousassem experimentassem todas as

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depotS do Carnava ainda nOJpmegue por 234 e seis meseJ() ao confete veto se reunir uma outra retOrdarilo 0 eter

iter que nOJjiwu no olfoto e que por

1911)

fogo

17middot20)

RJeJlJefl1dimcnte sentimos mmo se perlo de nos tivessem umfrafw dem volatil (ton 1-on anaV nlO

problema tomava dimensoes maiores e pela grave desafio as autoridades Em 1913 0 jornal serie de reportagens denunciado a facilidade de

entorpecentes nas farmacias da cidade 0 que Tal altao se tornava en tao ainda mais urgente dado as drogas 0 suicidio(~ venda franca

VI n259 17 maio 1913) o Rio de Janeiro vinha convivendo com uma casos se apresentavam quase que diariamente

eram os mais variados e em geral a de alguma coisa toxica vindo em seguida

de drogas como a morfina e a cocaina pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos

repentinamente aumentaram Apenas no quatro pessoas tentaram por fun avida se

substancias (Jornal do BraJil dias 02 03 e 13 de

1 Noite nao conseguiu diminuir a venda e ~IUllGaaU desses produtos nos suicidios que

No ano seguinte a Carea publicou a seguinte

amor minha senhora leva 0 homem ao suiddio Eu que JIItumbirei ingerindo mortina dire depoir Tralava-Je de u~ amor-fin ado (Careta n 32329 ago 1914)

a cocaina e a morfina tinham na sociedade privilegiada para aqueles que queriam por fun nao deve ser interpretado como um sinal de

lroecc~nte tivesse desaparecido ou diminuido certamente se manteve e se preparava para

1716 casas de suicidio na cidade do Rio de Janeiro selldo cases 848 ou 4942 tiam por envenenamento e 314 ou 183

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Em livro publicado em 1919 Benjamim Costallat ainda situava 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esquecimento de uma mulher (Costallat 1919120) Naquele momento 0 consumo dessas substancias tinha atingido um ponto em que se tornara urn problema social e 0 seu uso nao parou de crescer tornando-se urn vieio elegante adotado largamente principalmente pelas classes mais elevadas Mesmo sendo ainda usado por todas as classes sociais para a elite seu consumo toma um novo sentido passando mesmo a ser valorizado

Em 1924 Ribeiro Couto publicou um livro escrito entre os anos de 1921 e 1922 A Cidade do JMo e da Grafa (vagabundagem pelo Rio noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo segundo 0 proprio autor escreveu no preficio ~spectos do Rio de Janeiro nOturno meses antes da comemoraltao do Primeiro Centenario da Independencia do Brasil(Couto 199811) Erealmente isto de que se trata de um retrato de diferentes aspectos das noites do Rio onde na verdade apenas um capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 texto se desenvolve com 0

autor atuando como cicerone de urn jovem recem-chegado da provincia mostrando-lhe sua vida notuma No ultimo capitulo do livro eles estavam na barca voltando de Niter6i e viam a cidade se aproximando

- Cidade dIJ petado inoamte A natureza ali etilo Jensual que iminua nos homem e nas mulhereJ 0 penJamento comante da ~femeridade da vida 0 pemdIJ i umaperversa sgestdo ambiente o amor se respira a todas aJ horaJ eJtd espalhado por todas as OiJas Tudo paretoe dizer ~1penas 0 amor ebom Eu Ie aconselho o amor A muher de saboroJo wrpo a quem na rna 0 teu selreto desejo Jom nilo esta tilo longe da tua milo lOmo penJas Ousa A ddade 0 quer f-itamos JilemioJos Vamos silenliosos 0 reJto da viagem EJtd perlo a ddade Ja SIJ detaham os edikios as arvores da PrafCl 15 Pareill que muito tempo andamoJ longe eque a ddade agoa nOJ a-olhe emfesta

E a ddade do amor Eu d~go dIJ amor EntendeJ Nilo jutgues que 0 meu penJamento poma naJ mulhereJ lOmenims Eu digo 0 amor Compreendes que Jilo aJ pOJsibilidadeJ enlClnadoraJ que podemos fer em odoJ OJ olhoJ no ritmo de odIJs OJ (oryos quejloreJcem na ddade S e Joubenes A feliddade i um bem que se ati~ge aqui Porque a ddade einocente no seu insinto de pemdo (Couto 199871-2)

A visao de Ribeiro Couto era a de que a cidade levava aqueles que procuravam vive-la ate avertigem Era como se ela permitisse a quem procurasse todas as possibilidades de amor Como se ela exacerbasse todos os desejos todos os prazeres todos os vicios Como se a vida tivesse de ser vivida de urn unico jato quase que sem respirar Como nos diz Ribeiro Couto era como se a cidade mandasse gue todos ousassem experimentassem todas as alternativas e i550 em urn

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--------------------------

momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

50

no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

52

serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

53

tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

52

serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

53

1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

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acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

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havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

54

a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

55

(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

57

Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

59

efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

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lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

59

os nossos olhos aeoJtumam-se d eseuridiio aOmpanham de luzes ali ofim ali uma alta parede emardida

em il1da mesa um ia(himbo grande e um iorpo nu da lintura para dma um orpo que se levana

contorlionando os brafOS moles Ra hins magroJ de cabelo branm de caras deJpeladas thins rigueims

cor de manga hinr cor de Otl1 chinf com a amarelidiio drioJ

tremem utitam-se na ansia de queimaro nanotitO lundo um velho idiota com as pernas trnzadas em

11m balde atira com dois pauzinhos arroz d bOta a lem 11m cheiro inenamivel os corpos movem-se como as 11mpcsadeo eeJJaJ quinze taras eJtdpidas arraneadas

que Ihes ti(atriza a alma olham-nos tOm 0 mslo de coolies cJpancadoJ E lodos murmuram

com ospis nus as maos sujas lem dinheiro nao lem dinheiro faz mal (Rio

1)

mesmo com to do 0 horror demonstrado estavam apenas no inido do processo de

do beco dos Ferreiros Joao do Rio e seu guia desta vez na Rua D Manuel numero 72 estado adiantado de imersao nos efeitos da

ainda mats lugubre

jei os tran4orma Um deer a tabefa pendente a af palpebras apertadas ronta cstirado e 0 seu

ml1relo elongo quebrado pela ponta da mefa mostra a como aejpera da lamina de umaat(J Outro de

~l1r(1or1ntfnpedafos de mafJa cor de azinhavre mostra espumando E hd mais um Om as pernas tTUzadas opio liquido naponta do fat-himbo dois outros deilados

na thama das ttJndeiaJ asporfiieJ do JUmo enervanle erguer-se ao ver-nos Om um identho e4or[0 0

ranifigurado (Rio 1908 104)

de 6pio apresentados por Joao do Rio e cronista do inkio do seculo Luiz Edmundo

pareddo se nao idenrico da casa do chim 15 do Beco dos Ferreiros enquanto aquele

19 Nas duas estao presentes a escuridao 0

as mesmas esteiras manchadas de suor os seminus e em grande quantidade os Apenas a descriltao dos homens parece mais repugnante apesar da narraltao de

os floreios dramaticos da realizada por J oao

42

do Rio

Eslao os oxicomanos nJU da tinura para dma sobre talres que sao vcrdadeiros tlJtios de madeira jorrados de cSleirinhas (or de tmiddothotolale emamhadas de JUor Sao rosos or de OtlJ que se desenham em meio a luZ que bruxuleia maStlJras da China antiga as hediondas maslaras mandhus dos tempos da dinaJtia Mingjisionomias de desenterradoJ mostrando a middotova dos ohos negra tOmo que mmida pela terra As bOllJS de onde pende 0 pipo dos tathimbos sao bO(as alerradoras fomo as doJ que morrem num espasmo de Jqftimento ede dor Tramos esquelitllOJ franzinos reluzentes de JUor Quando a genIe se abaixa c tota um deSJcs corpos Jcminus senfc uma (arne mole quc aliparcee que se deJfaz amaiJ Icvc preJsao doJ nOSSOJ dedoJ Alguns arfam olegam ( ) (Edmundo 1957194)

o Beco dos Ferreiros aparece como 0 centro do consumo do 6pio na cidade Brasil Gerson em seu livro sobre as ruas do Rio se refere ao Beco dos Ferreiros simplesmente como residencia predileta atnda neste seculo de boa parte dos chineses do Rio e onde anoite se tomava apio (Gerson sid) Constituindo-se num dos becos que saiam da Rua da Misericordia an riga regiao do porto do Rio de Janeiro 0

Beco dos Ferreiros com suas variasfumeries era um aspecto que se queria esquecido

Essa condiltao de uma estranha cidade a parte habitada sobretudo peIos deserdados marinheiros soldados prostitutas desempregados ou subempregados parece explicar 0 porque do consumo de apio na regiao nao ter merecido maior preocupaltao por parte das autoridades Alem disso as cronicas de Joao do Rio e Luiz Edmundo colocavam os chineses na posiltiio de responsaveis e quase que os unicos envolvidos no consumo de opio

Apesar da China ter se consrituido no principal consumidor 0

vido se espalhou por todo 0 globo Em muitos casos seus efeitos chegaram a ~er louvados Foi 0 caso de Baudelaire com seu livro Um Comedor de Opio no qual ele comenta as confissoes de Thomas De Quincey um jovem ingles que no inido do seculo XIX havia se entregado ao consumo de opio na Inglaterra No livro Baudelaire reallta as qualidades positivas do 6pio principalmente se comparadas aos efeitos provocados pelo alcool

o prazer caurado pelo vinho regue um llJminho arcendente aojlm do qual tOmelJ a detair enquanto que 0 ~leito do 6Pio uma vez criado permanea igual durante oilo ou dez horaJ um i prazer agudo enquanto 0 oulro i crdnitO aqui um darao d um ardor igual epermanente

E completa um pouco mais a frente

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if aparte puramente humana muitas veZeJ ati a parte brutal do bomem que com 0 auilio do vinho UJurpa a Joberania enquanto que 0 middotomedor de opio Jente plenamente que aparte purijicada de Jetl Jer esuus ajiJiroeJ moraisgozam do maltimo dejlexibtlidade e Jobretudo que sua integlnda adquire uma luddez cOnJoladora erem nUlJcns(Baudelaires sld)

Apesar da forte influencia francesa nos meios intelectuais brasileiros a boemia litenltla do inkio do seculo nao parece ter se utilizado do opio(Baudelaire sid) permanecendo 0 alcool como 0

principal entorpecente Entretanto Guido Fonseca acredita que em meados do seculo XIX influenciados pelos autores do chamado mal do seculo em especial Lord Byron teriam levado os estudantes da Faculdade de Direito aos mais divers os desregramentos inclusive 0

consumo de opio Os exemplos apresentados pelo autor contudo nw mostram nenhuma referenda direta ao uso do opio sendo que 0

alcool ea presenlta mais constante(Fonseca 1994 25-37) Voltando aos nossos dois cronistas vemos que existem entre

seus depoimentos algumas diferenltas que podem ser significativas e que nos dao algumas pistas sobre os fumadores de opio da cidade QuandoJoao do Rio visita asjumerier 0 clima apresentado e claramente de um ambiente proibido para eles Para entrar eles se utilizavam do subterfugio de se passarem por traficantes Os frequentadores por seu lado mostram-se assustados com a sua presenlta(Rio 190899-100)

o texto de Joao do Rio era fruto de uma reportagem A primeira ediltao do livro e de 1908 1

portanto sua visita se fez pouco antes desta data 0 livro de Luiz Edmundo ao contrario sao suas memorias 0 que torna mais difkil estabelecer uma data para 0 seu contato com os opiomanos A primeira ediltao dos livros de memoria de Luiz Edmundo foi realizada em 1938 mas suas lembranltas podem em sua maioria ser localizadas no inkio do seculo Existe sempre a possibilidade de que acontecimentos posteriores tenham afetado sua narrativa

Quando Luiz Edmundo fala sobre as jllmerieJ do Beco dos Ferreiro ele es ta se referindo a uma parte da vida carioca que pela forma assumida nada tinha de desconhecida ou de proibida Ao contririo as timerieJ se apresentam como uma parte constituinte da vida da cidade Luiz Edmundo nos fala delas como nos fala dos teatros

Em croniea puhlicada na Gazeta de Noticias no diu 02 de abril de 1894 Olavo Bilae cita 0 livro de Baudelaire conhecido dos lileratos hrasileiros Entretanlo Bilae diz logo no iniein Pois afin11o-lhes eu com conhecimento de causa que a emhriaguez do pio uao tem uenhum dos encantos que Ihe atribui Baudelaire e passa a narrar sua experiencia para coneluir Mas aeonselhomiddotlhes que nao experimentem Denllis sahem quem tem rizao EBalzac que apesar de tazer parte de um c1ube de hehedores de haxixe nWIC beheu a droga porque (dizi elel a homem que volunlariamenle se despoja do mais helo alribulo humanoshya voulade deve ser na escala animal colocado abaixo do caramujo e d lesma (Bilae 1996 31-7) bull )0110 do Rio tinha pOT habito transfonnar em livro as reportagens que haviam sido publicadas anteriomgtenle nos jomals Fazia~o sempre pouco tempo depois para aproveitar ainda 0 impacto das notlcias

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dos bares dos morros das pessoas E e con que de entra na casa do chim Afonso sem pre oUtra coisa Nao ha resistencia a sua ptesema jamais pergunta ao visitante ao que vai porque senao cachimbos com opio e catres para dormit A presenlta aqui tambem epredominantemente na maioria chins como 0 Afonso nos ltliz 0

clara a presenlta de oUtros elementos Em 1907 0 jomal 0 Pai~ publicou un

(0 Pai= 02 jun 1907 p3) relatava 0 crescent varias partes do mundo principalmente em pili e da chegada da droga na Europa por in term reportagem seguia falando da preparaltao da d dos meios de combater 0 vido e dos estragos apenas no individuo mas na sociedade COll

entretanto qualquer referencia a presenlta de Brasil Esse era um problema que comecava a ~ partes do mundo se propagando a partir do que no Brasil e no Rio de Janeiro ainda nao tinha o amigo de J oao do Rio the fala da presenlta resposta foi de surpresa Mas aqui

A estranheza revelada pelo cronista sug o opio deveria estar realmente restrito quase que chinesa que deve ter trazido 0 vicio quando de

Entretan to a frequenda as jumerieJ do I ficou por muito tempo como uma exclusivid poucos outros membro da sociedade carioca f( transformando 0 Beco numa parte integrante Janeiro e da sua vida

Mas se opio nao era no inkio do sec utilizada por parte da alta sociedade do Distnto o eram Em 1897 0 poeta Figueiredo Pimentel famoso com a sua coluna 0 Bin6culo na Ga em poema urn elogio amorfina

Morjina ~

Note-so que ele se uliliza do nome do responsavel pel casa demollstra lugar bull (ertamenle a presell~a UO opio na Europa em anlerior adata da pUblic te~to de De Quince coenlado pm Baudelaire sou primeiro COlllato con em Franl FII1-k-Sc( apollta as decaus de I X4H e I R50 como as d Em 1907 quando epublicada bull notici bull 0 probkma estava fl erdade Neste mesmo ano as Estados Unidos la~arall1 um apelo para que 50 flZl sobre a pio Esse Conferencia leve lugar em Shang em 1909 conla Estados Unidos Imperio A lenlo Gra-Bretanha Frbull ltalialapilo Pais4 Persia Portugal Russia e SIAM I Hoijer 1925 29)

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f)ur~lmenp humana muitar vezcr ate aparte brutal do com 0 audlio do vinho umrpa a Joberania enquanto

de dpio Jenlc plenamcnte que aparte purft()da de JIIaJ afeifjeJ moraiJgozam do maimo dejlexibilidade

que Jua inteiigenda adquire uma iudcieZ ronJoladora (Baudelaires s I d)

influencia frances a nos meios intelectuais Itter~na do inkio do seculo nao parece ter se I L sid) permanecendo 0 alcool como 0

Entretanto Guido Fonseca acredita que em influenciados pelos autores do chamado mal Lord Bvron teriam levado os estudantes da

mais divers os desregramentos inclusive 0 exemplos apresentados pelo autor contudo referencia clireta ao uso do opio sendo que 0 constante(Fonseca 1994 25-37)

IlU~U~ dois cronistas vemos que existem entre cliferenltas que podem ser significativas e

pistas sobre os fumadores de opi~ da cidade as tumeric 0 clima apresentado e claramente p~ra eles Para entrar eles se utilizavam do por traficantes Os frequentadores por seu

tlU1~ com a sua presema(Rio 190899-100) do Rio era fruto de uma reportagem A

ede 1908~ portanto sua visita se fez pouco de Luiz Edmundo aD contrario sao suas

mais clificil estabelecer uma data para deg seu _lano~ A primeira ecliltao dos liVIOS de memoria

realizada em 1938 mas mas lembramas podem _)-uLU~ no inkio do seculo Existe sempre a alconttcunentc)s posteriores tenham afetado sua

Edmundo fala sobre as umeriCJ do Beco dos lUUUV a uma parte da ~ida carioca que pela

tinha de desconhecida ou de proibida Ao apresentam como uma parte constituinte da

Ul1lunaonos fala delas como nos fala dos teatros

de Nolieias no dia 02 de abril de 1 amp94 Olavo Bilae cita 0 livro de brasileiros Enretanto Bilac diz logo no inieio Pois aftrmo-Ihes cu

a embriaguez do opin nilo tem nenbum dos encalllos que n~e atribui experiencia para concluir Mas acollselhomiddotlhes que nao e~penmenlenL

que apesarde fazerparte de um clube de bebedores de haxl~e nWlca que voluntariamente se despoja do mais belo atributo humano

abai~o do caramujo e da lesma (Bllac 1996 31-7) em IiTO as reportagens que haviam sido publicadas anteriomlente

tena depois para aproveilar inda 0 impacto das noHcias

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dos bares dos morros das pessoas E e com a mesma naturalidade que de entra na casa do chirn Afonso sem precisar fingir ser qualquer outra coisa Nao ha resistencia asua presenca 0 homem [0 porteiro] jamais pergunta ao visitante ao que val porque na casa nada mais existe senao cachimbos com opio e catres para dormir(Edmundo 1957193) A ptesenca aqui tambem e predominantemente chinesa nao ha duvidas na maio ria chins como 0 Afonso nos cliz 0 autor deixando assim clara a presenlta de outros elementos

Em 1907 0 jornal 0 Paiz publicou uma noricia sem des taque (0 Pal 02 jun 1907 p3) relatava 0 crescente consumo do opio em varias partes do mundo principalmente em paises do Extremo Oriente e da chegada da droga na Europa por intermedio de marinheiros A reportagem seguia falando da preparaCao da droga e principalmente dos meios de combater 0 vido e dos estragos que de provocaria nao apenas no individuo mas na sociedade como um todo Nao ha entretanto qualquer referencia a presenlta de fumadores de opio no Brasil Esse era um problema que comeltava a ganhar corpo em varias partes do mundOlt se propagando a partir do Extremo Oriente mas que no Brasil e no Rio de Janeiro ainda nao tinha sido percebido Quando o amigo de Joao do Rio lhe fala da presenlta do opio na cidade sua tesposta foi de surpresa Mas aquil

~ estranheza revelada pelo cronista sugere que nesse momento o opio deveria estar realmente restrito quase que unicamente apopulacao chinesa que deve ter trazido 0 vieio quando de sua imigraltao

Entretanto a frequencia asfumerieJ do Beco do Ferreiros nao ficou por muito tempo como uma exclusividade dos chineses Aos poucos outros membros da sociedade carioca foram aderindo ao vicio transformando 0 Beco numa parte integrante das noites do Rio de Janeiro e da sua vida

Mas se opio nao era no inkio do seculo XX uma droga ja utilizada por parte da alta sociedade do Distrito Federal outras drogas o eram Em 18970 poeta Figueiredo Pimentel que mais tarde fica ria famoso com a sua coluna 0 Binoculo na Gazeta de Notkia elaborou em poema um elogio a morfina

lvtorjinu ~lo Dr lfjonJo I ianna)

Note-s que ele se utili7l do nonle do respollsilvel pela casa demollstrando uma certa familiariililde com 0

lu~ar laquo(crtamente a presellla do opio na Europa era anterior iI data da publica~iio da reportagem em () No teMa de De Quincey comentado por Baudelaire seu primeiro contato com a dro~a foi em 1804 Eugen Weber em Frallu jmiddotmiddotc-SCc apollla as decadas de 1840 e 1850 como as de introducao do vieio naquele pais Em 1907 quando epublicado a noticia 0 problema estava na verdade ganhando uma dinlensiio mundial Neste mesmo ano os Estados Unidos lallaram um apelo para que se lizesse uma Conferencia Inlemacional sobre 0 opio Esse Confercncia leve lugar em Shangai em 1909 contando com representantes da China Estados Unidos Imperio Alemilo Gril-Bretanha Frana ltalia Japiio Paises Baixos Inlperio Austro-Hullgam Persia Portugal Russia e SIAM In Hoiier 1925 29)

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l

Homens maus para que tirastes dos meus brafos Essa mulher que um dia os seus brafOS me abriu Que i q importava queJosse de ferro os lafos E prostitutajosse a que me seduju

Ea era md eu sci Eia me assassinava Dia a dia a sorrir Entre stas taricias Q importava porim se conene eu athava Nos seus betjos semjim as maiores delicias

Quando cia penetrava em meu ser em meu sangue Eu saia cia Terra em demancla do Ceu Vivendo sem viver inerte exauso langue Era rei J(j enao deixava de ser reu

Tinha-a dentm de mim peas veias wrrendo l-azendo-me sonhar n11m imenso delirio E por tocla uma node eu vivia esquetmdo A minha dor semjim 0 meu true martirio

Homens maus para que tirasteJ dos meus brafos EJsa muher que um dia os Jeus braf1JJ me abriu Que i q importa quejoJJe de ferro os lafos E prostitutajossc a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

A presenca de tal poema nesse momenta pode ter sido causado pela influencia francesa entre os escritores brasileiros ja que na Franca a morfina havia se tornado urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizacao da morfma no fmal do seculo XIX nao foi contudo urn habito largamente difundido Nao encontramos outros relatos de sua utilizaltao para essa epoca Da mesma forma Guido Fonseca coloca 1907 como a data do primeiro incidente com morfina em Sao Paulo Naquele ano urn estrangeiro Hermann Rosembaun hospedado no Hotel DOeste teria tentado se matar utilizando a droga(Fonseca 199446)

Dois anos depois em 1909 e novamente emJoao do Rio que encontramos nova referencia aos vicios da cidade A historia se passa num trem de suburbio as onze horas da noite Urn homem conta a outro 0 seu vicio espetar mulheres com alfinetes Para justificar seu comportamento diz ao companheiro de viagem

( j Umbras-Ie cia Jeanne Dambreuil quando Je picava com morjina Umbras-Ie do Joao Guedes quando nos wnviclava para

A mornna chegou com a guerra em 1870 quando foi uada contra 0 dor Muitos veteranos tornaram-se viciados Oreulos elegantes logo a adotaram Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniam se para trocar injeOes Joalheiros tinham um prospero comercio de senngas de praIa banhadas a aUTO au folheadas de ouro Alexandre Dumas Filho chegou a dizer que bullbullA mornna e0 absitlto das mulheres Em 1892 elaja se tomara uma IraKltI(Weher1988 40)

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fumeries dripio Sabiam ambos podiam resistir ( j (Rio 19100

Apesar da curta mencao feita amorfina reveladora Em primeiro lugar conftrma a u opio nao apenas por chineses mas tambem I segundo lugar e mais irnportante apesar de texto Jeanne Dambreuil era certamente uma I que se deduz tanto pdo nome frances come ambos Ja estava presente nesse momento po sera bastante acentuada mais tarde como veren o uso de entorpecentes Por outro lado 0 COl

fundo a extrema difusao de diferentes vicios r Em romance publicado em 1911 AJ

curta mencao ao uso da morfina Quase no fi1 urn jovem escultor e personagem principal decepcao ao ser preterido por Lucia sua pri mostrou apaixonado desde que voltou ao Ri antes Ao surpreende-la com Maya um seu am torturado pelo ciume e pela frustrasao Es pensou [Carlos] na profanacao de uma 0

fhampagne morfina Entretanto Carlos nao os amigos de sua roda nao sabia nem enttal sd463) nao podia assim usar dos remedios ( a disposicao para esses momentos Fica claro morfina nas rodas mais elegantes da cldade e forma ate certo ponto aberta ja que feita num Life

Alem do opio e da morfina dentre em tambem a utilizacao do eter Este deveria e~ quantidade e era considerado um vicio aristo menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joillt na abertura da narrativa

- Sim dizia-me 0 amigo com quell que nOr evola 11m vitia de misom brutaiJ - 0 opio 0 dempero do tipt

A utilizacao do eter crescia durante usado na forma de lanca perfumes mas nao fica claro em varios artigos public ados no ink Careta criticando a presenca cada vez maior de

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma forma ou outra d no texto de Julia Lopes de Almeida ellamado Os vieios deles~ conversalldo sobre os vieios dos mandos Cada um pnssuia 0 sell trail

o tabaco 0 jogo 0 vinoo e as mulheres (Almeida 1910)

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maIlS para que tirases dos meus brafos que um dia os seus braros me abriu

importava quefom deferro os lafos fosse a que me seduziu

a somr Entre slas ttlricias porim se conene eu afhava

beijos semjim as maiores delfaas

ela penetrava em mell ser em meu sanglle do Terra em demanda do Cell scm viver incrle exausfo langue so entrio deixava de ser reu

denIm de mim pelas veiaJ correndo sonhar num imenso delirio uma noite eu vivia csquecendo

dor Jcm jim 0 meu cruel martfrio

maus para que tirasles dos meUJ brafos que um dia os Jeus brafOJ me abriu

- +0 quefouf deferro OJ Jaros fom a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

poema nesse momenta pode ter sido causa do os escritores brasileiros ja que na Franlta a

urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizaltao da XIX nao foi contudo urn habito largamente

arrIOS outros rclatos de sua utilizaltao para essa Guido Fonseca coloca 1907 como a data morfina em Sao Paulo N aquele ano urn

losemoallln hospedado no Hotel DOeste teria

companheiro de viagem

a droga(Fonseca 199446) em 1909 e novamente em Joao do Rio que

aos vicios da cidade A hist6ria se passa as onze horas da noite Urn homem conta a

mulheres com alfinetes Para justificar seu

do Jeanne Dambreuil quando se pittlva tom umbras-Ie doJorio Guedes quando nos convidava para

quando foi usada contra a dar Muitos veteranos tornaranrse Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniammiddot

prospero con~rcio de serillgas de praia banhadas a ouro au chegou a dizer que A marlin e 0 absinto das mulheres Em

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a

fumeries ddpio Sabiam ambos que afabavam a vida e nao podiam resistir ( J(Rio 191003)

Apesar da curta menltao feita a morfina e ao 6pio ela e bastante reveladora Em primeiro lugar conflrma a utiliza~ao das Ilimeries de 6pio nao apenas por chirleses mas tambern por outros grupos Em segundo lugar e mais irnportante apesar de nao ser explicitado no texto Jeanne Dambreuil era certamente uma prostituta uma mmtte 0

que se deduz tanto pelo nome frances como por ser conhecida de ambos Ja estava presente nesse momento portanto uma ligaltao que sera bastante acentuada mais tarde como veremos da prostituiltao com o uso de entorpecentes Por outro lado 0 conto parece trazer como fundo a extrema difusao de diferentes vkios na sociedadeN

Em romance publicado em 1911 Afranio Peixoto fez uma curta menltao ao uso da morfrna Quase no frnal de A Einge Carlos urn jovem escultor e personagem principal da trama safre outra decepltao ao ser preterido por Lucia sua prima e por quem ele se mostrou apaixonado desde que voltou ao Rio de Janeiro tres anos antes Ao surpreende-Ia com Maya urn seu amigo Carlos sat andando tortutado pdo ciume e pda frustraltao Escteve Afranio Peixoto pensou [Carlos] na profanaltao de uma orgia jogo mulheres thampagne morfina Entretanto Carlos nao era urn mundano como os amigos de sua roda nao sabia nem entrar no High-Lije (peixoto 5d463) mio podia assirn usar dos remedios que a sociedade colocava adisposi~ao para esses momentos Fica claro portanto a presenlta da morfina nas rodas mais elegantes da cidade e possivelmente de uma forma ate certo ponto aberta ja que feita num clube de jogo 0 HighshyLife

Alem do 6pio e da morfina dentre esses vkios estava presente tambem a utilizaltao do eter Este deveria estar presente em maiar quantidade e era considerado urn vkio aristocratico e tido como de menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joao do Rio aslimerieJ logo na abertura da narrativa

Sim dizia-me 0 amigo tOm quem eu lisava 0 iter e 11m zido que nos Clioa um vUio de ariJtmratia Eu mnhcO outmJ maiJ brutaiJ - 0 rJpio 0 ducJpero do dpio (Rio 190898)

A utilizaltao do eter crescia durante 0 Carnaval quando era usado na forma de lanlta perfumes mas nao se limitava a ele como fica claro em varios artigos publicados no inkio da decada de 1910 na Careta criticando a presenlta cada vez maiar de odores de eter na cidade

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma fomJa ou outra de vieios ambem pode ser enconlrada no texlo de Julia Lopes de Almeida chamado Os vieio deles Aqui econlramas qualro amigas conversando sobre as vido do nJaridos Cada um posuia 0 seu tratava-5O de descobrir qual seria 0 pi~r

o abaco ojogo 0 vinho e as mulheres (Aln1eida 1910)

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o to~ete depoiJdo Carnava ainda nOJpmegue por 234 e ar vezcJ rciJmeJeJ() EJte ano ao tonete veio Je reunir uma outra retordafiio 0 iter o ejoativo e lpertinente iter que noJ fitoU no ofato e que por vezeJ ineJperadamente JentimoJ mmo JIJ perto de noJ tiveJJem deJarrolhado um ralto desse volcilil (on Fon anaV nl0 11 mar 1911)

A cada dia 0 problema tomava dimensoes maiores e pela primeira vez como um grave desafio as autoridades Em 19130 jornal A ioite publicou uma serie de reportagens denunciado a facilidade de se conseguir todo tipo de entorpecentes nas farmkias da cidade 0 que for~ou uma acao da policia Tal a~ao se tornava entao ainda mais urgente em razao de um novo uso dado as drogas 0 suicidio (A venda franca de venenos Carea ana VI n259 17 maio 1913)

Ha muito tempo 0 Rio de Janeiro vinha convivendo com uma onda de suicidios onde os casos se apresentavam quase que diariamente nos jornais Os meios utilizados cram os mais variados e em geral a op~ao se fazia pela ingestao de alguma coisa t6xical vindo em seguida a utiliza~ao de armas de fogo

Os efeitos mortais de drogas como a morfina e a cocaina parecem ter sido descobertos pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos de utiliza~ao dessas drogas repentinamente aumentaram Apenas no mes de agosto daquele ana quatro pessoas tentaram por flm a vida se utilizando de uma dessas substancias (jornal do BraJil dias 0203 e 13 de agosto de 1912)

A reportagem de A Noite nao conseguiu diminuir a venda e consequentemente a utilizaltao desses produtos nos suicidios que ocorriam no Rio de Janeiro No ana seguinte a Careta publicou a seguinte anedota

Ele 0 amor minha Jenhora leva 0 homem ao Juiddio Eu retOnheo que JUiUmbirei ingerindo morjina EIa- Etl direi depoiJ Tratava-re de um amor-flOado (Careta ana VII n 323 29 ago 1914)

Se nesse momento a cocaina e a morfina tinham na sociedade carioca 0 papel de arma privilegiada para aqueles que queriam por flm it propria existencia isso nao deve ser interpretado como um sinal de que seu uso como entorpecente tivesse desaparecido au diminuido Ao contrario 0 consumo certamente se manteve e se preparava para atingir seu ponto mais alto

Entre os anos de 1908 e 1912 foram registrados 1716 casas de suiddio lla cidade do Rio de Janeiro sendo 519 fatais e 1197 nao falais Do lola I de casos 848 ou 4942 foram por envenenamenlo e 314 ou 183 utilizaram amlas de togo (Lima 1913 17-20)

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Em livro publicado em 1919 Benj31 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esque (CostalIat 1919120) Naquele momento 0 c tinha atingido um ponto em que se tomara 1

uso nao parou de crescer tornando-se urn largamente principalmente pelas classes m ainda usado por todas as classes sociais par um novo sentido passando mesmo a ser v

Em 1924 Ribeiro Couto publicou anos de 1921 e 1922 A Cidade do Viio eclat noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo escreveu no prefkio Aspectos do Rio de Ja da comemorariio do Primeiro Centenat Brasil(Couto 199811) Erealmente Isto de de difetentes aspectos das noites do Rio on capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 autor amando como cicerone de um jovem re mostrando-Ihe sua vida noturna No ultir estavam na bare a voltando de Niter6i e vian

- Cidade do pccado inocCnte A inrinua nOJ homens e nas mllh ~lemeridade da vido 0 pe(Jdo eJ

o amor Je rerpira a todas as hOI wiJm Tudo pam-e dizer lpem o amor A mulher de saboro mreto deJqo Jom nao esta tao I OUJat4 tidade 0 quer [kamos siientioJos l--amoJ Jile~ Ertd perlo a tidade Ja se defal Pray(J 15 Parece que muito tem) agora nos awlhe emjeJta - E a ddade do amor Ell Ii jupound~ueJ que 0 mmJensamentop Eu d~go 0 amor Compreena eniantadoras que podemos ler e todoJ OJ wrpOJ quejloreJtCm na til eum bem qm Je atinge aqui H iminto de pemdo (Couto 19t

A visao de Ribeiro Couto era a de q que procuravam vive-Ia ate it vertigem Era quem procurasse todas as possibilidade exacerbasse todos os desejos todos os praze se a vida tivesse de ser vivida de urn timco jal Como nos diz Ribeiro Couto era como s todos ousassem experimentassem todas as

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depotS do Carnava ainda nOJpmegue por 234 e seis meseJ() ao confete veto se reunir uma outra retOrdarilo 0 eter

iter que nOJjiwu no olfoto e que por

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fogo

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problema tomava dimensoes maiores e pela grave desafio as autoridades Em 1913 0 jornal serie de reportagens denunciado a facilidade de

entorpecentes nas farmacias da cidade 0 que Tal altao se tornava en tao ainda mais urgente dado as drogas 0 suicidio(~ venda franca

VI n259 17 maio 1913) o Rio de Janeiro vinha convivendo com uma casos se apresentavam quase que diariamente

eram os mais variados e em geral a de alguma coisa toxica vindo em seguida

de drogas como a morfina e a cocaina pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos

repentinamente aumentaram Apenas no quatro pessoas tentaram por fun avida se

substancias (Jornal do BraJil dias 02 03 e 13 de

1 Noite nao conseguiu diminuir a venda e ~IUllGaaU desses produtos nos suicidios que

No ano seguinte a Carea publicou a seguinte

amor minha senhora leva 0 homem ao suiddio Eu que JIItumbirei ingerindo mortina dire depoir Tralava-Je de u~ amor-fin ado (Careta n 32329 ago 1914)

a cocaina e a morfina tinham na sociedade privilegiada para aqueles que queriam por fun nao deve ser interpretado como um sinal de

lroecc~nte tivesse desaparecido ou diminuido certamente se manteve e se preparava para

1716 casas de suicidio na cidade do Rio de Janeiro selldo cases 848 ou 4942 tiam por envenenamento e 314 ou 183

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Em livro publicado em 1919 Benjamim Costallat ainda situava 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esquecimento de uma mulher (Costallat 1919120) Naquele momento 0 consumo dessas substancias tinha atingido um ponto em que se tornara urn problema social e 0 seu uso nao parou de crescer tornando-se urn vieio elegante adotado largamente principalmente pelas classes mais elevadas Mesmo sendo ainda usado por todas as classes sociais para a elite seu consumo toma um novo sentido passando mesmo a ser valorizado

Em 1924 Ribeiro Couto publicou um livro escrito entre os anos de 1921 e 1922 A Cidade do JMo e da Grafa (vagabundagem pelo Rio noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo segundo 0 proprio autor escreveu no preficio ~spectos do Rio de Janeiro nOturno meses antes da comemoraltao do Primeiro Centenario da Independencia do Brasil(Couto 199811) Erealmente isto de que se trata de um retrato de diferentes aspectos das noites do Rio onde na verdade apenas um capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 texto se desenvolve com 0

autor atuando como cicerone de urn jovem recem-chegado da provincia mostrando-lhe sua vida notuma No ultimo capitulo do livro eles estavam na barca voltando de Niter6i e viam a cidade se aproximando

- Cidade dIJ petado inoamte A natureza ali etilo Jensual que iminua nos homem e nas mulhereJ 0 penJamento comante da ~femeridade da vida 0 pemdIJ i umaperversa sgestdo ambiente o amor se respira a todas aJ horaJ eJtd espalhado por todas as OiJas Tudo paretoe dizer ~1penas 0 amor ebom Eu Ie aconselho o amor A muher de saboroJo wrpo a quem na rna 0 teu selreto desejo Jom nilo esta tilo longe da tua milo lOmo penJas Ousa A ddade 0 quer f-itamos JilemioJos Vamos silenliosos 0 reJto da viagem EJtd perlo a ddade Ja SIJ detaham os edikios as arvores da PrafCl 15 Pareill que muito tempo andamoJ longe eque a ddade agoa nOJ a-olhe emfesta

E a ddade do amor Eu d~go dIJ amor EntendeJ Nilo jutgues que 0 meu penJamento poma naJ mulhereJ lOmenims Eu digo 0 amor Compreendes que Jilo aJ pOJsibilidadeJ enlClnadoraJ que podemos fer em odoJ OJ olhoJ no ritmo de odIJs OJ (oryos quejloreJcem na ddade S e Joubenes A feliddade i um bem que se ati~ge aqui Porque a ddade einocente no seu insinto de pemdo (Couto 199871-2)

A visao de Ribeiro Couto era a de que a cidade levava aqueles que procuravam vive-la ate avertigem Era como se ela permitisse a quem procurasse todas as possibilidades de amor Como se ela exacerbasse todos os desejos todos os prazeres todos os vicios Como se a vida tivesse de ser vivida de urn unico jato quase que sem respirar Como nos diz Ribeiro Couto era como se a cidade mandasse gue todos ousassem experimentassem todas as alternativas e i550 em urn

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momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

50

no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

52

serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

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tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

52

serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

53

1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

54

acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

55

havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

54

a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

Referencias Bibliogrdficas

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BILACOlavo I oJJa InJolencla CronitdJ SP Cia das Letras 1996

BOTELHO Dr Adauto e Dr Pernambuco Filho VitiOJ Sot1aiJ EleganeJ (cocuina eler diamba apio eJeuJ cler7lI1c1oJ elt) RJ Livraria Francisco lves 1924

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_ 1-11111bullbullbull RJ Benjamim Costallat amp Miceolls Editores 1924

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__ AdJo Eva e oulroJ membror claIamiitl (p Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afr~l11io - -1r RaoeJ do Coraflio DE1994

PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

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efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

o e Dr Pernambuco Filho I idor SOtair EleoanlcJ o eJmJ denmiddotlltldo ek) RJ Livraria Francisco Alves

dude do

im A LI~ Vermelba R) N Viggiani Editor

Costallat amp Miccolis Editores 1924

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0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

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MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

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MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJejdtleir dcrdaJJtlictJdor cia modernidade RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

__ Addo Eva e ollrOJ membro clajamilia (pelta em 4 atos) RJ Servilto Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afrimio 1r Ra~iJer do Corafiio 7 ed RJ SMCDEDIC DE 1994

PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

__ Dentro da Noite RJParis Garnier 1910

A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

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if aparte puramente humana muitas veZeJ ati a parte brutal do bomem que com 0 auilio do vinho UJurpa a Joberania enquanto que 0 middotomedor de opio Jente plenamente que aparte purijicada de Jetl Jer esuus ajiJiroeJ moraisgozam do maltimo dejlexibtlidade e Jobretudo que sua integlnda adquire uma luddez cOnJoladora erem nUlJcns(Baudelaires sld)

Apesar da forte influencia francesa nos meios intelectuais brasileiros a boemia litenltla do inkio do seculo nao parece ter se utilizado do opio(Baudelaire sid) permanecendo 0 alcool como 0

principal entorpecente Entretanto Guido Fonseca acredita que em meados do seculo XIX influenciados pelos autores do chamado mal do seculo em especial Lord Byron teriam levado os estudantes da Faculdade de Direito aos mais divers os desregramentos inclusive 0

consumo de opio Os exemplos apresentados pelo autor contudo nw mostram nenhuma referenda direta ao uso do opio sendo que 0

alcool ea presenlta mais constante(Fonseca 1994 25-37) Voltando aos nossos dois cronistas vemos que existem entre

seus depoimentos algumas diferenltas que podem ser significativas e que nos dao algumas pistas sobre os fumadores de opio da cidade QuandoJoao do Rio visita asjumerier 0 clima apresentado e claramente de um ambiente proibido para eles Para entrar eles se utilizavam do subterfugio de se passarem por traficantes Os frequentadores por seu lado mostram-se assustados com a sua presenlta(Rio 190899-100)

o texto de Joao do Rio era fruto de uma reportagem A primeira ediltao do livro e de 1908 1

portanto sua visita se fez pouco antes desta data 0 livro de Luiz Edmundo ao contrario sao suas memorias 0 que torna mais difkil estabelecer uma data para 0 seu contato com os opiomanos A primeira ediltao dos livros de memoria de Luiz Edmundo foi realizada em 1938 mas suas lembranltas podem em sua maioria ser localizadas no inkio do seculo Existe sempre a possibilidade de que acontecimentos posteriores tenham afetado sua narrativa

Quando Luiz Edmundo fala sobre as jllmerieJ do Beco dos Ferreiro ele es ta se referindo a uma parte da vida carioca que pela forma assumida nada tinha de desconhecida ou de proibida Ao contririo as timerieJ se apresentam como uma parte constituinte da vida da cidade Luiz Edmundo nos fala delas como nos fala dos teatros

Em croniea puhlicada na Gazeta de Noticias no diu 02 de abril de 1894 Olavo Bilae cita 0 livro de Baudelaire conhecido dos lileratos hrasileiros Entretanlo Bilae diz logo no iniein Pois afin11o-lhes eu com conhecimento de causa que a emhriaguez do pio uao tem uenhum dos encantos que Ihe atribui Baudelaire e passa a narrar sua experiencia para coneluir Mas aeonselhomiddotlhes que nao experimentem Denllis sahem quem tem rizao EBalzac que apesar de tazer parte de um c1ube de hehedores de haxixe nWIC beheu a droga porque (dizi elel a homem que volunlariamenle se despoja do mais helo alribulo humanoshya voulade deve ser na escala animal colocado abaixo do caramujo e d lesma (Bilae 1996 31-7) bull )0110 do Rio tinha pOT habito transfonnar em livro as reportagens que haviam sido publicadas anteriomgtenle nos jomals Fazia~o sempre pouco tempo depois para aproveitar ainda 0 impacto das notlcias

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dos bares dos morros das pessoas E e con que de entra na casa do chim Afonso sem pre oUtra coisa Nao ha resistencia a sua ptesema jamais pergunta ao visitante ao que vai porque senao cachimbos com opio e catres para dormit A presenlta aqui tambem epredominantemente na maioria chins como 0 Afonso nos ltliz 0

clara a presenlta de oUtros elementos Em 1907 0 jomal 0 Pai~ publicou un

(0 Pai= 02 jun 1907 p3) relatava 0 crescent varias partes do mundo principalmente em pili e da chegada da droga na Europa por in term reportagem seguia falando da preparaltao da d dos meios de combater 0 vido e dos estragos apenas no individuo mas na sociedade COll

entretanto qualquer referencia a presenlta de Brasil Esse era um problema que comecava a ~ partes do mundo se propagando a partir do que no Brasil e no Rio de Janeiro ainda nao tinha o amigo de J oao do Rio the fala da presenlta resposta foi de surpresa Mas aqui

A estranheza revelada pelo cronista sug o opio deveria estar realmente restrito quase que chinesa que deve ter trazido 0 vicio quando de

Entretan to a frequenda as jumerieJ do I ficou por muito tempo como uma exclusivid poucos outros membro da sociedade carioca f( transformando 0 Beco numa parte integrante Janeiro e da sua vida

Mas se opio nao era no inkio do sec utilizada por parte da alta sociedade do Distnto o eram Em 1897 0 poeta Figueiredo Pimentel famoso com a sua coluna 0 Bin6culo na Ga em poema urn elogio amorfina

Morjina ~

Note-so que ele se uliliza do nome do responsavel pel casa demollstra lugar bull (ertamenle a presell~a UO opio na Europa em anlerior adata da pUblic te~to de De Quince coenlado pm Baudelaire sou primeiro COlllato con em Franl FII1-k-Sc( apollta as decaus de I X4H e I R50 como as d Em 1907 quando epublicada bull notici bull 0 probkma estava fl erdade Neste mesmo ano as Estados Unidos la~arall1 um apelo para que 50 flZl sobre a pio Esse Conferencia leve lugar em Shang em 1909 conla Estados Unidos Imperio A lenlo Gra-Bretanha Frbull ltalialapilo Pais4 Persia Portugal Russia e SIAM I Hoijer 1925 29)

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f)ur~lmenp humana muitar vezcr ate aparte brutal do com 0 audlio do vinho umrpa a Joberania enquanto

de dpio Jenlc plenamcnte que aparte purft()da de JIIaJ afeifjeJ moraiJgozam do maimo dejlexibilidade

que Jua inteiigenda adquire uma iudcieZ ronJoladora (Baudelaires s I d)

influencia frances a nos meios intelectuais Itter~na do inkio do seculo nao parece ter se I L sid) permanecendo 0 alcool como 0

Entretanto Guido Fonseca acredita que em influenciados pelos autores do chamado mal Lord Bvron teriam levado os estudantes da

mais divers os desregramentos inclusive 0 exemplos apresentados pelo autor contudo referencia clireta ao uso do opio sendo que 0 constante(Fonseca 1994 25-37)

IlU~U~ dois cronistas vemos que existem entre cliferenltas que podem ser significativas e

pistas sobre os fumadores de opi~ da cidade as tumeric 0 clima apresentado e claramente p~ra eles Para entrar eles se utilizavam do por traficantes Os frequentadores por seu

tlU1~ com a sua presema(Rio 190899-100) do Rio era fruto de uma reportagem A

ede 1908~ portanto sua visita se fez pouco de Luiz Edmundo aD contrario sao suas

mais clificil estabelecer uma data para deg seu _lano~ A primeira ecliltao dos liVIOS de memoria

realizada em 1938 mas mas lembramas podem _)-uLU~ no inkio do seculo Existe sempre a alconttcunentc)s posteriores tenham afetado sua

Edmundo fala sobre as umeriCJ do Beco dos lUUUV a uma parte da ~ida carioca que pela

tinha de desconhecida ou de proibida Ao apresentam como uma parte constituinte da

Ul1lunaonos fala delas como nos fala dos teatros

de Nolieias no dia 02 de abril de 1 amp94 Olavo Bilae cita 0 livro de brasileiros Enretanto Bilac diz logo no inieio Pois aftrmo-Ihes cu

a embriaguez do opin nilo tem nenbum dos encalllos que n~e atribui experiencia para concluir Mas acollselhomiddotlhes que nao e~penmenlenL

que apesarde fazerparte de um clube de bebedores de haxl~e nWlca que voluntariamente se despoja do mais belo atributo humano

abai~o do caramujo e da lesma (Bllac 1996 31-7) em IiTO as reportagens que haviam sido publicadas anteriomlente

tena depois para aproveilar inda 0 impacto das noHcias

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dos bares dos morros das pessoas E e com a mesma naturalidade que de entra na casa do chirn Afonso sem precisar fingir ser qualquer outra coisa Nao ha resistencia asua presenca 0 homem [0 porteiro] jamais pergunta ao visitante ao que val porque na casa nada mais existe senao cachimbos com opio e catres para dormir(Edmundo 1957193) A ptesenca aqui tambem e predominantemente chinesa nao ha duvidas na maio ria chins como 0 Afonso nos cliz 0 autor deixando assim clara a presenlta de outros elementos

Em 1907 0 jornal 0 Paiz publicou uma noricia sem des taque (0 Pal 02 jun 1907 p3) relatava 0 crescente consumo do opio em varias partes do mundo principalmente em paises do Extremo Oriente e da chegada da droga na Europa por intermedio de marinheiros A reportagem seguia falando da preparaCao da droga e principalmente dos meios de combater 0 vido e dos estragos que de provocaria nao apenas no individuo mas na sociedade como um todo Nao ha entretanto qualquer referencia a presenlta de fumadores de opio no Brasil Esse era um problema que comeltava a ganhar corpo em varias partes do mundOlt se propagando a partir do Extremo Oriente mas que no Brasil e no Rio de Janeiro ainda nao tinha sido percebido Quando o amigo de Joao do Rio lhe fala da presenlta do opio na cidade sua tesposta foi de surpresa Mas aquil

~ estranheza revelada pelo cronista sugere que nesse momento o opio deveria estar realmente restrito quase que unicamente apopulacao chinesa que deve ter trazido 0 vieio quando de sua imigraltao

Entretanto a frequencia asfumerieJ do Beco do Ferreiros nao ficou por muito tempo como uma exclusividade dos chineses Aos poucos outros membros da sociedade carioca foram aderindo ao vicio transformando 0 Beco numa parte integrante das noites do Rio de Janeiro e da sua vida

Mas se opio nao era no inkio do seculo XX uma droga ja utilizada por parte da alta sociedade do Distrito Federal outras drogas o eram Em 18970 poeta Figueiredo Pimentel que mais tarde fica ria famoso com a sua coluna 0 Binoculo na Gazeta de Notkia elaborou em poema um elogio a morfina

lvtorjinu ~lo Dr lfjonJo I ianna)

Note-s que ele se utili7l do nonle do respollsilvel pela casa demollstrando uma certa familiariililde com 0

lu~ar laquo(crtamente a presellla do opio na Europa era anterior iI data da publica~iio da reportagem em () No teMa de De Quincey comentado por Baudelaire seu primeiro contato com a dro~a foi em 1804 Eugen Weber em Frallu jmiddotmiddotc-SCc apollla as decadas de 1840 e 1850 como as de introducao do vieio naquele pais Em 1907 quando epublicado a noticia 0 problema estava na verdade ganhando uma dinlensiio mundial Neste mesmo ano os Estados Unidos lallaram um apelo para que se lizesse uma Conferencia Inlemacional sobre 0 opio Esse Confercncia leve lugar em Shangai em 1909 contando com representantes da China Estados Unidos Imperio Alemilo Gril-Bretanha Frana ltalia Japiio Paises Baixos Inlperio Austro-Hullgam Persia Portugal Russia e SIAM In Hoiier 1925 29)

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l

Homens maus para que tirastes dos meus brafos Essa mulher que um dia os seus brafOS me abriu Que i q importava queJosse de ferro os lafos E prostitutajosse a que me seduju

Ea era md eu sci Eia me assassinava Dia a dia a sorrir Entre stas taricias Q importava porim se conene eu athava Nos seus betjos semjim as maiores delicias

Quando cia penetrava em meu ser em meu sangue Eu saia cia Terra em demancla do Ceu Vivendo sem viver inerte exauso langue Era rei J(j enao deixava de ser reu

Tinha-a dentm de mim peas veias wrrendo l-azendo-me sonhar n11m imenso delirio E por tocla uma node eu vivia esquetmdo A minha dor semjim 0 meu true martirio

Homens maus para que tirasteJ dos meus brafos EJsa muher que um dia os Jeus braf1JJ me abriu Que i q importa quejoJJe de ferro os lafos E prostitutajossc a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

A presenca de tal poema nesse momenta pode ter sido causado pela influencia francesa entre os escritores brasileiros ja que na Franca a morfina havia se tornado urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizacao da morfma no fmal do seculo XIX nao foi contudo urn habito largamente difundido Nao encontramos outros relatos de sua utilizaltao para essa epoca Da mesma forma Guido Fonseca coloca 1907 como a data do primeiro incidente com morfina em Sao Paulo Naquele ano urn estrangeiro Hermann Rosembaun hospedado no Hotel DOeste teria tentado se matar utilizando a droga(Fonseca 199446)

Dois anos depois em 1909 e novamente emJoao do Rio que encontramos nova referencia aos vicios da cidade A historia se passa num trem de suburbio as onze horas da noite Urn homem conta a outro 0 seu vicio espetar mulheres com alfinetes Para justificar seu comportamento diz ao companheiro de viagem

( j Umbras-Ie cia Jeanne Dambreuil quando Je picava com morjina Umbras-Ie do Joao Guedes quando nos wnviclava para

A mornna chegou com a guerra em 1870 quando foi uada contra 0 dor Muitos veteranos tornaram-se viciados Oreulos elegantes logo a adotaram Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniam se para trocar injeOes Joalheiros tinham um prospero comercio de senngas de praIa banhadas a aUTO au folheadas de ouro Alexandre Dumas Filho chegou a dizer que bullbullA mornna e0 absitlto das mulheres Em 1892 elaja se tomara uma IraKltI(Weher1988 40)

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fumeries dripio Sabiam ambos podiam resistir ( j (Rio 19100

Apesar da curta mencao feita amorfina reveladora Em primeiro lugar conftrma a u opio nao apenas por chineses mas tambem I segundo lugar e mais irnportante apesar de texto Jeanne Dambreuil era certamente uma I que se deduz tanto pdo nome frances come ambos Ja estava presente nesse momento po sera bastante acentuada mais tarde como veren o uso de entorpecentes Por outro lado 0 COl

fundo a extrema difusao de diferentes vicios r Em romance publicado em 1911 AJ

curta mencao ao uso da morfina Quase no fi1 urn jovem escultor e personagem principal decepcao ao ser preterido por Lucia sua pri mostrou apaixonado desde que voltou ao Ri antes Ao surpreende-la com Maya um seu am torturado pelo ciume e pela frustrasao Es pensou [Carlos] na profanacao de uma 0

fhampagne morfina Entretanto Carlos nao os amigos de sua roda nao sabia nem enttal sd463) nao podia assim usar dos remedios ( a disposicao para esses momentos Fica claro morfina nas rodas mais elegantes da cldade e forma ate certo ponto aberta ja que feita num Life

Alem do opio e da morfina dentre em tambem a utilizacao do eter Este deveria e~ quantidade e era considerado um vicio aristo menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joillt na abertura da narrativa

- Sim dizia-me 0 amigo com quell que nOr evola 11m vitia de misom brutaiJ - 0 opio 0 dempero do tipt

A utilizacao do eter crescia durante usado na forma de lanca perfumes mas nao fica claro em varios artigos public ados no ink Careta criticando a presenca cada vez maior de

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma forma ou outra d no texto de Julia Lopes de Almeida ellamado Os vieios deles~ conversalldo sobre os vieios dos mandos Cada um pnssuia 0 sell trail

o tabaco 0 jogo 0 vinoo e as mulheres (Almeida 1910)

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maIlS para que tirases dos meus brafos que um dia os seus braros me abriu

importava quefom deferro os lafos fosse a que me seduziu

a somr Entre slas ttlricias porim se conene eu afhava

beijos semjim as maiores delfaas

ela penetrava em mell ser em meu sanglle do Terra em demanda do Cell scm viver incrle exausfo langue so entrio deixava de ser reu

denIm de mim pelas veiaJ correndo sonhar num imenso delirio uma noite eu vivia csquecendo

dor Jcm jim 0 meu cruel martfrio

maus para que tirasles dos meUJ brafos que um dia os Jeus brafOJ me abriu

- +0 quefouf deferro OJ Jaros fom a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

poema nesse momenta pode ter sido causa do os escritores brasileiros ja que na Franlta a

urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizaltao da XIX nao foi contudo urn habito largamente

arrIOS outros rclatos de sua utilizaltao para essa Guido Fonseca coloca 1907 como a data morfina em Sao Paulo N aquele ano urn

losemoallln hospedado no Hotel DOeste teria

companheiro de viagem

a droga(Fonseca 199446) em 1909 e novamente em Joao do Rio que

aos vicios da cidade A hist6ria se passa as onze horas da noite Urn homem conta a

mulheres com alfinetes Para justificar seu

do Jeanne Dambreuil quando se pittlva tom umbras-Ie doJorio Guedes quando nos convidava para

quando foi usada contra a dar Muitos veteranos tornaranrse Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniammiddot

prospero con~rcio de serillgas de praia banhadas a ouro au chegou a dizer que A marlin e 0 absinto das mulheres Em

46)

46

a

fumeries ddpio Sabiam ambos que afabavam a vida e nao podiam resistir ( J(Rio 191003)

Apesar da curta menltao feita a morfina e ao 6pio ela e bastante reveladora Em primeiro lugar conflrma a utiliza~ao das Ilimeries de 6pio nao apenas por chirleses mas tambern por outros grupos Em segundo lugar e mais irnportante apesar de nao ser explicitado no texto Jeanne Dambreuil era certamente uma prostituta uma mmtte 0

que se deduz tanto pelo nome frances como por ser conhecida de ambos Ja estava presente nesse momento portanto uma ligaltao que sera bastante acentuada mais tarde como veremos da prostituiltao com o uso de entorpecentes Por outro lado 0 conto parece trazer como fundo a extrema difusao de diferentes vkios na sociedadeN

Em romance publicado em 1911 Afranio Peixoto fez uma curta menltao ao uso da morfrna Quase no frnal de A Einge Carlos urn jovem escultor e personagem principal da trama safre outra decepltao ao ser preterido por Lucia sua prima e por quem ele se mostrou apaixonado desde que voltou ao Rio de Janeiro tres anos antes Ao surpreende-Ia com Maya urn seu amigo Carlos sat andando tortutado pdo ciume e pda frustraltao Escteve Afranio Peixoto pensou [Carlos] na profanaltao de uma orgia jogo mulheres thampagne morfina Entretanto Carlos nao era urn mundano como os amigos de sua roda nao sabia nem entrar no High-Lije (peixoto 5d463) mio podia assirn usar dos remedios que a sociedade colocava adisposi~ao para esses momentos Fica claro portanto a presenlta da morfina nas rodas mais elegantes da cidade e possivelmente de uma forma ate certo ponto aberta ja que feita num clube de jogo 0 HighshyLife

Alem do 6pio e da morfina dentre esses vkios estava presente tambem a utilizaltao do eter Este deveria estar presente em maiar quantidade e era considerado urn vkio aristocratico e tido como de menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joao do Rio aslimerieJ logo na abertura da narrativa

Sim dizia-me 0 amigo tOm quem eu lisava 0 iter e 11m zido que nos Clioa um vUio de ariJtmratia Eu mnhcO outmJ maiJ brutaiJ - 0 rJpio 0 ducJpero do dpio (Rio 190898)

A utilizaltao do eter crescia durante 0 Carnaval quando era usado na forma de lanlta perfumes mas nao se limitava a ele como fica claro em varios artigos publicados no inkio da decada de 1910 na Careta criticando a presenlta cada vez maiar de odores de eter na cidade

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma fomJa ou outra de vieios ambem pode ser enconlrada no texlo de Julia Lopes de Almeida chamado Os vieio deles Aqui econlramas qualro amigas conversando sobre as vido do nJaridos Cada um posuia 0 seu tratava-5O de descobrir qual seria 0 pi~r

o abaco ojogo 0 vinho e as mulheres (Aln1eida 1910)

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o to~ete depoiJdo Carnava ainda nOJpmegue por 234 e ar vezcJ rciJmeJeJ() EJte ano ao tonete veio Je reunir uma outra retordafiio 0 iter o ejoativo e lpertinente iter que noJ fitoU no ofato e que por vezeJ ineJperadamente JentimoJ mmo JIJ perto de noJ tiveJJem deJarrolhado um ralto desse volcilil (on Fon anaV nl0 11 mar 1911)

A cada dia 0 problema tomava dimensoes maiores e pela primeira vez como um grave desafio as autoridades Em 19130 jornal A ioite publicou uma serie de reportagens denunciado a facilidade de se conseguir todo tipo de entorpecentes nas farmkias da cidade 0 que for~ou uma acao da policia Tal a~ao se tornava entao ainda mais urgente em razao de um novo uso dado as drogas 0 suicidio (A venda franca de venenos Carea ana VI n259 17 maio 1913)

Ha muito tempo 0 Rio de Janeiro vinha convivendo com uma onda de suicidios onde os casos se apresentavam quase que diariamente nos jornais Os meios utilizados cram os mais variados e em geral a op~ao se fazia pela ingestao de alguma coisa t6xical vindo em seguida a utiliza~ao de armas de fogo

Os efeitos mortais de drogas como a morfina e a cocaina parecem ter sido descobertos pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos de utiliza~ao dessas drogas repentinamente aumentaram Apenas no mes de agosto daquele ana quatro pessoas tentaram por flm a vida se utilizando de uma dessas substancias (jornal do BraJil dias 0203 e 13 de agosto de 1912)

A reportagem de A Noite nao conseguiu diminuir a venda e consequentemente a utilizaltao desses produtos nos suicidios que ocorriam no Rio de Janeiro No ana seguinte a Careta publicou a seguinte anedota

Ele 0 amor minha Jenhora leva 0 homem ao Juiddio Eu retOnheo que JUiUmbirei ingerindo morjina EIa- Etl direi depoiJ Tratava-re de um amor-flOado (Careta ana VII n 323 29 ago 1914)

Se nesse momento a cocaina e a morfina tinham na sociedade carioca 0 papel de arma privilegiada para aqueles que queriam por flm it propria existencia isso nao deve ser interpretado como um sinal de que seu uso como entorpecente tivesse desaparecido au diminuido Ao contrario 0 consumo certamente se manteve e se preparava para atingir seu ponto mais alto

Entre os anos de 1908 e 1912 foram registrados 1716 casas de suiddio lla cidade do Rio de Janeiro sendo 519 fatais e 1197 nao falais Do lola I de casos 848 ou 4942 foram por envenenamenlo e 314 ou 183 utilizaram amlas de togo (Lima 1913 17-20)

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Em livro publicado em 1919 Benj31 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esque (CostalIat 1919120) Naquele momento 0 c tinha atingido um ponto em que se tomara 1

uso nao parou de crescer tornando-se urn largamente principalmente pelas classes m ainda usado por todas as classes sociais par um novo sentido passando mesmo a ser v

Em 1924 Ribeiro Couto publicou anos de 1921 e 1922 A Cidade do Viio eclat noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo escreveu no prefkio Aspectos do Rio de Ja da comemorariio do Primeiro Centenat Brasil(Couto 199811) Erealmente Isto de de difetentes aspectos das noites do Rio on capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 autor amando como cicerone de um jovem re mostrando-Ihe sua vida noturna No ultir estavam na bare a voltando de Niter6i e vian

- Cidade do pccado inocCnte A inrinua nOJ homens e nas mllh ~lemeridade da vido 0 pe(Jdo eJ

o amor Je rerpira a todas as hOI wiJm Tudo pam-e dizer lpem o amor A mulher de saboro mreto deJqo Jom nao esta tao I OUJat4 tidade 0 quer [kamos siientioJos l--amoJ Jile~ Ertd perlo a tidade Ja se defal Pray(J 15 Parece que muito tem) agora nos awlhe emjeJta - E a ddade do amor Ell Ii jupound~ueJ que 0 mmJensamentop Eu d~go 0 amor Compreena eniantadoras que podemos ler e todoJ OJ wrpOJ quejloreJtCm na til eum bem qm Je atinge aqui H iminto de pemdo (Couto 19t

A visao de Ribeiro Couto era a de q que procuravam vive-Ia ate it vertigem Era quem procurasse todas as possibilidade exacerbasse todos os desejos todos os praze se a vida tivesse de ser vivida de urn timco jal Como nos diz Ribeiro Couto era como s todos ousassem experimentassem todas as

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depotS do Carnava ainda nOJpmegue por 234 e seis meseJ() ao confete veto se reunir uma outra retOrdarilo 0 eter

iter que nOJjiwu no olfoto e que por

1911)

fogo

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problema tomava dimensoes maiores e pela grave desafio as autoridades Em 1913 0 jornal serie de reportagens denunciado a facilidade de

entorpecentes nas farmacias da cidade 0 que Tal altao se tornava en tao ainda mais urgente dado as drogas 0 suicidio(~ venda franca

VI n259 17 maio 1913) o Rio de Janeiro vinha convivendo com uma casos se apresentavam quase que diariamente

eram os mais variados e em geral a de alguma coisa toxica vindo em seguida

de drogas como a morfina e a cocaina pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos

repentinamente aumentaram Apenas no quatro pessoas tentaram por fun avida se

substancias (Jornal do BraJil dias 02 03 e 13 de

1 Noite nao conseguiu diminuir a venda e ~IUllGaaU desses produtos nos suicidios que

No ano seguinte a Carea publicou a seguinte

amor minha senhora leva 0 homem ao suiddio Eu que JIItumbirei ingerindo mortina dire depoir Tralava-Je de u~ amor-fin ado (Careta n 32329 ago 1914)

a cocaina e a morfina tinham na sociedade privilegiada para aqueles que queriam por fun nao deve ser interpretado como um sinal de

lroecc~nte tivesse desaparecido ou diminuido certamente se manteve e se preparava para

1716 casas de suicidio na cidade do Rio de Janeiro selldo cases 848 ou 4942 tiam por envenenamento e 314 ou 183

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Em livro publicado em 1919 Benjamim Costallat ainda situava 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esquecimento de uma mulher (Costallat 1919120) Naquele momento 0 consumo dessas substancias tinha atingido um ponto em que se tornara urn problema social e 0 seu uso nao parou de crescer tornando-se urn vieio elegante adotado largamente principalmente pelas classes mais elevadas Mesmo sendo ainda usado por todas as classes sociais para a elite seu consumo toma um novo sentido passando mesmo a ser valorizado

Em 1924 Ribeiro Couto publicou um livro escrito entre os anos de 1921 e 1922 A Cidade do JMo e da Grafa (vagabundagem pelo Rio noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo segundo 0 proprio autor escreveu no preficio ~spectos do Rio de Janeiro nOturno meses antes da comemoraltao do Primeiro Centenario da Independencia do Brasil(Couto 199811) Erealmente isto de que se trata de um retrato de diferentes aspectos das noites do Rio onde na verdade apenas um capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 texto se desenvolve com 0

autor atuando como cicerone de urn jovem recem-chegado da provincia mostrando-lhe sua vida notuma No ultimo capitulo do livro eles estavam na barca voltando de Niter6i e viam a cidade se aproximando

- Cidade dIJ petado inoamte A natureza ali etilo Jensual que iminua nos homem e nas mulhereJ 0 penJamento comante da ~femeridade da vida 0 pemdIJ i umaperversa sgestdo ambiente o amor se respira a todas aJ horaJ eJtd espalhado por todas as OiJas Tudo paretoe dizer ~1penas 0 amor ebom Eu Ie aconselho o amor A muher de saboroJo wrpo a quem na rna 0 teu selreto desejo Jom nilo esta tilo longe da tua milo lOmo penJas Ousa A ddade 0 quer f-itamos JilemioJos Vamos silenliosos 0 reJto da viagem EJtd perlo a ddade Ja SIJ detaham os edikios as arvores da PrafCl 15 Pareill que muito tempo andamoJ longe eque a ddade agoa nOJ a-olhe emfesta

E a ddade do amor Eu d~go dIJ amor EntendeJ Nilo jutgues que 0 meu penJamento poma naJ mulhereJ lOmenims Eu digo 0 amor Compreendes que Jilo aJ pOJsibilidadeJ enlClnadoraJ que podemos fer em odoJ OJ olhoJ no ritmo de odIJs OJ (oryos quejloreJcem na ddade S e Joubenes A feliddade i um bem que se ati~ge aqui Porque a ddade einocente no seu insinto de pemdo (Couto 199871-2)

A visao de Ribeiro Couto era a de que a cidade levava aqueles que procuravam vive-la ate avertigem Era como se ela permitisse a quem procurasse todas as possibilidades de amor Como se ela exacerbasse todos os desejos todos os prazeres todos os vicios Como se a vida tivesse de ser vivida de urn unico jato quase que sem respirar Como nos diz Ribeiro Couto era como se a cidade mandasse gue todos ousassem experimentassem todas as alternativas e i550 em urn

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momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

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no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

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serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

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tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

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serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

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1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

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acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

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havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

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a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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59

efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

o e Dr Pernambuco Filho I idor SOtair EleoanlcJ o eJmJ denmiddotlltldo ek) RJ Livraria Francisco Alves

dude do

im A LI~ Vermelba R) N Viggiani Editor

Costallat amp Miccolis Editores 1924

T fdo e da Grafa ~a ed Rio de Janeiro tado do RJ 1998

0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

ubmlUldo dOJ TdxicoJ em Silo HIIIo (feculoJ XI III enha Tributaria 1994

a daJ Rita do Rio de Juneiro Rio de Janeiro eral de Ed E Cultura sid

deL Opium et D middotlulrcJ StuNliuntJ Paris Editiom

58

LIMA Dr Hermeto 0 Suicidio no Rio de Janeiro R] Imprensa Nadonal 1913 (Biblioteca do Boletim Policial -XIII)

MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

JvLRIANNO Olegario - Ba-ta-dan RJ Benjamim Costallatamp Jvliccolis Editores 1924

MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJejdtleir dcrdaJJtlictJdor cia modernidade RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

__ Addo Eva e ollrOJ membro clajamilia (pelta em 4 atos) RJ Servilto Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afrimio 1r Ra~iJer do Corafiio 7 ed RJ SMCDEDIC DE 1994

PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

__ Dentro da Noite RJParis Garnier 1910

A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

59

f)ur~lmenp humana muitar vezcr ate aparte brutal do com 0 audlio do vinho umrpa a Joberania enquanto

de dpio Jenlc plenamcnte que aparte purft()da de JIIaJ afeifjeJ moraiJgozam do maimo dejlexibilidade

que Jua inteiigenda adquire uma iudcieZ ronJoladora (Baudelaires s I d)

influencia frances a nos meios intelectuais Itter~na do inkio do seculo nao parece ter se I L sid) permanecendo 0 alcool como 0

Entretanto Guido Fonseca acredita que em influenciados pelos autores do chamado mal Lord Bvron teriam levado os estudantes da

mais divers os desregramentos inclusive 0 exemplos apresentados pelo autor contudo referencia clireta ao uso do opio sendo que 0 constante(Fonseca 1994 25-37)

IlU~U~ dois cronistas vemos que existem entre cliferenltas que podem ser significativas e

pistas sobre os fumadores de opi~ da cidade as tumeric 0 clima apresentado e claramente p~ra eles Para entrar eles se utilizavam do por traficantes Os frequentadores por seu

tlU1~ com a sua presema(Rio 190899-100) do Rio era fruto de uma reportagem A

ede 1908~ portanto sua visita se fez pouco de Luiz Edmundo aD contrario sao suas

mais clificil estabelecer uma data para deg seu _lano~ A primeira ecliltao dos liVIOS de memoria

realizada em 1938 mas mas lembramas podem _)-uLU~ no inkio do seculo Existe sempre a alconttcunentc)s posteriores tenham afetado sua

Edmundo fala sobre as umeriCJ do Beco dos lUUUV a uma parte da ~ida carioca que pela

tinha de desconhecida ou de proibida Ao apresentam como uma parte constituinte da

Ul1lunaonos fala delas como nos fala dos teatros

de Nolieias no dia 02 de abril de 1 amp94 Olavo Bilae cita 0 livro de brasileiros Enretanto Bilac diz logo no inieio Pois aftrmo-Ihes cu

a embriaguez do opin nilo tem nenbum dos encalllos que n~e atribui experiencia para concluir Mas acollselhomiddotlhes que nao e~penmenlenL

que apesarde fazerparte de um clube de bebedores de haxl~e nWlca que voluntariamente se despoja do mais belo atributo humano

abai~o do caramujo e da lesma (Bllac 1996 31-7) em IiTO as reportagens que haviam sido publicadas anteriomlente

tena depois para aproveilar inda 0 impacto das noHcias

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dos bares dos morros das pessoas E e com a mesma naturalidade que de entra na casa do chirn Afonso sem precisar fingir ser qualquer outra coisa Nao ha resistencia asua presenca 0 homem [0 porteiro] jamais pergunta ao visitante ao que val porque na casa nada mais existe senao cachimbos com opio e catres para dormir(Edmundo 1957193) A ptesenca aqui tambem e predominantemente chinesa nao ha duvidas na maio ria chins como 0 Afonso nos cliz 0 autor deixando assim clara a presenlta de outros elementos

Em 1907 0 jornal 0 Paiz publicou uma noricia sem des taque (0 Pal 02 jun 1907 p3) relatava 0 crescente consumo do opio em varias partes do mundo principalmente em paises do Extremo Oriente e da chegada da droga na Europa por intermedio de marinheiros A reportagem seguia falando da preparaCao da droga e principalmente dos meios de combater 0 vido e dos estragos que de provocaria nao apenas no individuo mas na sociedade como um todo Nao ha entretanto qualquer referencia a presenlta de fumadores de opio no Brasil Esse era um problema que comeltava a ganhar corpo em varias partes do mundOlt se propagando a partir do Extremo Oriente mas que no Brasil e no Rio de Janeiro ainda nao tinha sido percebido Quando o amigo de Joao do Rio lhe fala da presenlta do opio na cidade sua tesposta foi de surpresa Mas aquil

~ estranheza revelada pelo cronista sugere que nesse momento o opio deveria estar realmente restrito quase que unicamente apopulacao chinesa que deve ter trazido 0 vieio quando de sua imigraltao

Entretanto a frequencia asfumerieJ do Beco do Ferreiros nao ficou por muito tempo como uma exclusividade dos chineses Aos poucos outros membros da sociedade carioca foram aderindo ao vicio transformando 0 Beco numa parte integrante das noites do Rio de Janeiro e da sua vida

Mas se opio nao era no inkio do seculo XX uma droga ja utilizada por parte da alta sociedade do Distrito Federal outras drogas o eram Em 18970 poeta Figueiredo Pimentel que mais tarde fica ria famoso com a sua coluna 0 Binoculo na Gazeta de Notkia elaborou em poema um elogio a morfina

lvtorjinu ~lo Dr lfjonJo I ianna)

Note-s que ele se utili7l do nonle do respollsilvel pela casa demollstrando uma certa familiariililde com 0

lu~ar laquo(crtamente a presellla do opio na Europa era anterior iI data da publica~iio da reportagem em () No teMa de De Quincey comentado por Baudelaire seu primeiro contato com a dro~a foi em 1804 Eugen Weber em Frallu jmiddotmiddotc-SCc apollla as decadas de 1840 e 1850 como as de introducao do vieio naquele pais Em 1907 quando epublicado a noticia 0 problema estava na verdade ganhando uma dinlensiio mundial Neste mesmo ano os Estados Unidos lallaram um apelo para que se lizesse uma Conferencia Inlemacional sobre 0 opio Esse Confercncia leve lugar em Shangai em 1909 contando com representantes da China Estados Unidos Imperio Alemilo Gril-Bretanha Frana ltalia Japiio Paises Baixos Inlperio Austro-Hullgam Persia Portugal Russia e SIAM In Hoiier 1925 29)

45

l

Homens maus para que tirastes dos meus brafos Essa mulher que um dia os seus brafOS me abriu Que i q importava queJosse de ferro os lafos E prostitutajosse a que me seduju

Ea era md eu sci Eia me assassinava Dia a dia a sorrir Entre stas taricias Q importava porim se conene eu athava Nos seus betjos semjim as maiores delicias

Quando cia penetrava em meu ser em meu sangue Eu saia cia Terra em demancla do Ceu Vivendo sem viver inerte exauso langue Era rei J(j enao deixava de ser reu

Tinha-a dentm de mim peas veias wrrendo l-azendo-me sonhar n11m imenso delirio E por tocla uma node eu vivia esquetmdo A minha dor semjim 0 meu true martirio

Homens maus para que tirasteJ dos meus brafos EJsa muher que um dia os Jeus braf1JJ me abriu Que i q importa quejoJJe de ferro os lafos E prostitutajossc a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

A presenca de tal poema nesse momenta pode ter sido causado pela influencia francesa entre os escritores brasileiros ja que na Franca a morfina havia se tornado urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizacao da morfma no fmal do seculo XIX nao foi contudo urn habito largamente difundido Nao encontramos outros relatos de sua utilizaltao para essa epoca Da mesma forma Guido Fonseca coloca 1907 como a data do primeiro incidente com morfina em Sao Paulo Naquele ano urn estrangeiro Hermann Rosembaun hospedado no Hotel DOeste teria tentado se matar utilizando a droga(Fonseca 199446)

Dois anos depois em 1909 e novamente emJoao do Rio que encontramos nova referencia aos vicios da cidade A historia se passa num trem de suburbio as onze horas da noite Urn homem conta a outro 0 seu vicio espetar mulheres com alfinetes Para justificar seu comportamento diz ao companheiro de viagem

( j Umbras-Ie cia Jeanne Dambreuil quando Je picava com morjina Umbras-Ie do Joao Guedes quando nos wnviclava para

A mornna chegou com a guerra em 1870 quando foi uada contra 0 dor Muitos veteranos tornaram-se viciados Oreulos elegantes logo a adotaram Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniam se para trocar injeOes Joalheiros tinham um prospero comercio de senngas de praIa banhadas a aUTO au folheadas de ouro Alexandre Dumas Filho chegou a dizer que bullbullA mornna e0 absitlto das mulheres Em 1892 elaja se tomara uma IraKltI(Weher1988 40)

46

fumeries dripio Sabiam ambos podiam resistir ( j (Rio 19100

Apesar da curta mencao feita amorfina reveladora Em primeiro lugar conftrma a u opio nao apenas por chineses mas tambem I segundo lugar e mais irnportante apesar de texto Jeanne Dambreuil era certamente uma I que se deduz tanto pdo nome frances come ambos Ja estava presente nesse momento po sera bastante acentuada mais tarde como veren o uso de entorpecentes Por outro lado 0 COl

fundo a extrema difusao de diferentes vicios r Em romance publicado em 1911 AJ

curta mencao ao uso da morfina Quase no fi1 urn jovem escultor e personagem principal decepcao ao ser preterido por Lucia sua pri mostrou apaixonado desde que voltou ao Ri antes Ao surpreende-la com Maya um seu am torturado pelo ciume e pela frustrasao Es pensou [Carlos] na profanacao de uma 0

fhampagne morfina Entretanto Carlos nao os amigos de sua roda nao sabia nem enttal sd463) nao podia assim usar dos remedios ( a disposicao para esses momentos Fica claro morfina nas rodas mais elegantes da cldade e forma ate certo ponto aberta ja que feita num Life

Alem do opio e da morfina dentre em tambem a utilizacao do eter Este deveria e~ quantidade e era considerado um vicio aristo menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joillt na abertura da narrativa

- Sim dizia-me 0 amigo com quell que nOr evola 11m vitia de misom brutaiJ - 0 opio 0 dempero do tipt

A utilizacao do eter crescia durante usado na forma de lanca perfumes mas nao fica claro em varios artigos public ados no ink Careta criticando a presenca cada vez maior de

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma forma ou outra d no texto de Julia Lopes de Almeida ellamado Os vieios deles~ conversalldo sobre os vieios dos mandos Cada um pnssuia 0 sell trail

o tabaco 0 jogo 0 vinoo e as mulheres (Almeida 1910)

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maIlS para que tirases dos meus brafos que um dia os seus braros me abriu

importava quefom deferro os lafos fosse a que me seduziu

a somr Entre slas ttlricias porim se conene eu afhava

beijos semjim as maiores delfaas

ela penetrava em mell ser em meu sanglle do Terra em demanda do Cell scm viver incrle exausfo langue so entrio deixava de ser reu

denIm de mim pelas veiaJ correndo sonhar num imenso delirio uma noite eu vivia csquecendo

dor Jcm jim 0 meu cruel martfrio

maus para que tirasles dos meUJ brafos que um dia os Jeus brafOJ me abriu

- +0 quefouf deferro OJ Jaros fom a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

poema nesse momenta pode ter sido causa do os escritores brasileiros ja que na Franlta a

urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizaltao da XIX nao foi contudo urn habito largamente

arrIOS outros rclatos de sua utilizaltao para essa Guido Fonseca coloca 1907 como a data morfina em Sao Paulo N aquele ano urn

losemoallln hospedado no Hotel DOeste teria

companheiro de viagem

a droga(Fonseca 199446) em 1909 e novamente em Joao do Rio que

aos vicios da cidade A hist6ria se passa as onze horas da noite Urn homem conta a

mulheres com alfinetes Para justificar seu

do Jeanne Dambreuil quando se pittlva tom umbras-Ie doJorio Guedes quando nos convidava para

quando foi usada contra a dar Muitos veteranos tornaranrse Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniammiddot

prospero con~rcio de serillgas de praia banhadas a ouro au chegou a dizer que A marlin e 0 absinto das mulheres Em

46)

46

a

fumeries ddpio Sabiam ambos que afabavam a vida e nao podiam resistir ( J(Rio 191003)

Apesar da curta menltao feita a morfina e ao 6pio ela e bastante reveladora Em primeiro lugar conflrma a utiliza~ao das Ilimeries de 6pio nao apenas por chirleses mas tambern por outros grupos Em segundo lugar e mais irnportante apesar de nao ser explicitado no texto Jeanne Dambreuil era certamente uma prostituta uma mmtte 0

que se deduz tanto pelo nome frances como por ser conhecida de ambos Ja estava presente nesse momento portanto uma ligaltao que sera bastante acentuada mais tarde como veremos da prostituiltao com o uso de entorpecentes Por outro lado 0 conto parece trazer como fundo a extrema difusao de diferentes vkios na sociedadeN

Em romance publicado em 1911 Afranio Peixoto fez uma curta menltao ao uso da morfrna Quase no frnal de A Einge Carlos urn jovem escultor e personagem principal da trama safre outra decepltao ao ser preterido por Lucia sua prima e por quem ele se mostrou apaixonado desde que voltou ao Rio de Janeiro tres anos antes Ao surpreende-Ia com Maya urn seu amigo Carlos sat andando tortutado pdo ciume e pda frustraltao Escteve Afranio Peixoto pensou [Carlos] na profanaltao de uma orgia jogo mulheres thampagne morfina Entretanto Carlos nao era urn mundano como os amigos de sua roda nao sabia nem entrar no High-Lije (peixoto 5d463) mio podia assirn usar dos remedios que a sociedade colocava adisposi~ao para esses momentos Fica claro portanto a presenlta da morfina nas rodas mais elegantes da cidade e possivelmente de uma forma ate certo ponto aberta ja que feita num clube de jogo 0 HighshyLife

Alem do 6pio e da morfina dentre esses vkios estava presente tambem a utilizaltao do eter Este deveria estar presente em maiar quantidade e era considerado urn vkio aristocratico e tido como de menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joao do Rio aslimerieJ logo na abertura da narrativa

Sim dizia-me 0 amigo tOm quem eu lisava 0 iter e 11m zido que nos Clioa um vUio de ariJtmratia Eu mnhcO outmJ maiJ brutaiJ - 0 rJpio 0 ducJpero do dpio (Rio 190898)

A utilizaltao do eter crescia durante 0 Carnaval quando era usado na forma de lanlta perfumes mas nao se limitava a ele como fica claro em varios artigos publicados no inkio da decada de 1910 na Careta criticando a presenlta cada vez maiar de odores de eter na cidade

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma fomJa ou outra de vieios ambem pode ser enconlrada no texlo de Julia Lopes de Almeida chamado Os vieio deles Aqui econlramas qualro amigas conversando sobre as vido do nJaridos Cada um posuia 0 seu tratava-5O de descobrir qual seria 0 pi~r

o abaco ojogo 0 vinho e as mulheres (Aln1eida 1910)

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o to~ete depoiJdo Carnava ainda nOJpmegue por 234 e ar vezcJ rciJmeJeJ() EJte ano ao tonete veio Je reunir uma outra retordafiio 0 iter o ejoativo e lpertinente iter que noJ fitoU no ofato e que por vezeJ ineJperadamente JentimoJ mmo JIJ perto de noJ tiveJJem deJarrolhado um ralto desse volcilil (on Fon anaV nl0 11 mar 1911)

A cada dia 0 problema tomava dimensoes maiores e pela primeira vez como um grave desafio as autoridades Em 19130 jornal A ioite publicou uma serie de reportagens denunciado a facilidade de se conseguir todo tipo de entorpecentes nas farmkias da cidade 0 que for~ou uma acao da policia Tal a~ao se tornava entao ainda mais urgente em razao de um novo uso dado as drogas 0 suicidio (A venda franca de venenos Carea ana VI n259 17 maio 1913)

Ha muito tempo 0 Rio de Janeiro vinha convivendo com uma onda de suicidios onde os casos se apresentavam quase que diariamente nos jornais Os meios utilizados cram os mais variados e em geral a op~ao se fazia pela ingestao de alguma coisa t6xical vindo em seguida a utiliza~ao de armas de fogo

Os efeitos mortais de drogas como a morfina e a cocaina parecem ter sido descobertos pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos de utiliza~ao dessas drogas repentinamente aumentaram Apenas no mes de agosto daquele ana quatro pessoas tentaram por flm a vida se utilizando de uma dessas substancias (jornal do BraJil dias 0203 e 13 de agosto de 1912)

A reportagem de A Noite nao conseguiu diminuir a venda e consequentemente a utilizaltao desses produtos nos suicidios que ocorriam no Rio de Janeiro No ana seguinte a Careta publicou a seguinte anedota

Ele 0 amor minha Jenhora leva 0 homem ao Juiddio Eu retOnheo que JUiUmbirei ingerindo morjina EIa- Etl direi depoiJ Tratava-re de um amor-flOado (Careta ana VII n 323 29 ago 1914)

Se nesse momento a cocaina e a morfina tinham na sociedade carioca 0 papel de arma privilegiada para aqueles que queriam por flm it propria existencia isso nao deve ser interpretado como um sinal de que seu uso como entorpecente tivesse desaparecido au diminuido Ao contrario 0 consumo certamente se manteve e se preparava para atingir seu ponto mais alto

Entre os anos de 1908 e 1912 foram registrados 1716 casas de suiddio lla cidade do Rio de Janeiro sendo 519 fatais e 1197 nao falais Do lola I de casos 848 ou 4942 foram por envenenamenlo e 314 ou 183 utilizaram amlas de togo (Lima 1913 17-20)

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Em livro publicado em 1919 Benj31 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esque (CostalIat 1919120) Naquele momento 0 c tinha atingido um ponto em que se tomara 1

uso nao parou de crescer tornando-se urn largamente principalmente pelas classes m ainda usado por todas as classes sociais par um novo sentido passando mesmo a ser v

Em 1924 Ribeiro Couto publicou anos de 1921 e 1922 A Cidade do Viio eclat noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo escreveu no prefkio Aspectos do Rio de Ja da comemorariio do Primeiro Centenat Brasil(Couto 199811) Erealmente Isto de de difetentes aspectos das noites do Rio on capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 autor amando como cicerone de um jovem re mostrando-Ihe sua vida noturna No ultir estavam na bare a voltando de Niter6i e vian

- Cidade do pccado inocCnte A inrinua nOJ homens e nas mllh ~lemeridade da vido 0 pe(Jdo eJ

o amor Je rerpira a todas as hOI wiJm Tudo pam-e dizer lpem o amor A mulher de saboro mreto deJqo Jom nao esta tao I OUJat4 tidade 0 quer [kamos siientioJos l--amoJ Jile~ Ertd perlo a tidade Ja se defal Pray(J 15 Parece que muito tem) agora nos awlhe emjeJta - E a ddade do amor Ell Ii jupound~ueJ que 0 mmJensamentop Eu d~go 0 amor Compreena eniantadoras que podemos ler e todoJ OJ wrpOJ quejloreJtCm na til eum bem qm Je atinge aqui H iminto de pemdo (Couto 19t

A visao de Ribeiro Couto era a de q que procuravam vive-Ia ate it vertigem Era quem procurasse todas as possibilidade exacerbasse todos os desejos todos os praze se a vida tivesse de ser vivida de urn timco jal Como nos diz Ribeiro Couto era como s todos ousassem experimentassem todas as

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depotS do Carnava ainda nOJpmegue por 234 e seis meseJ() ao confete veto se reunir uma outra retOrdarilo 0 eter

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VI n259 17 maio 1913) o Rio de Janeiro vinha convivendo com uma casos se apresentavam quase que diariamente

eram os mais variados e em geral a de alguma coisa toxica vindo em seguida

de drogas como a morfina e a cocaina pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos

repentinamente aumentaram Apenas no quatro pessoas tentaram por fun avida se

substancias (Jornal do BraJil dias 02 03 e 13 de

1 Noite nao conseguiu diminuir a venda e ~IUllGaaU desses produtos nos suicidios que

No ano seguinte a Carea publicou a seguinte

amor minha senhora leva 0 homem ao suiddio Eu que JIItumbirei ingerindo mortina dire depoir Tralava-Je de u~ amor-fin ado (Careta n 32329 ago 1914)

a cocaina e a morfina tinham na sociedade privilegiada para aqueles que queriam por fun nao deve ser interpretado como um sinal de

lroecc~nte tivesse desaparecido ou diminuido certamente se manteve e se preparava para

1716 casas de suicidio na cidade do Rio de Janeiro selldo cases 848 ou 4942 tiam por envenenamento e 314 ou 183

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Em livro publicado em 1919 Benjamim Costallat ainda situava 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esquecimento de uma mulher (Costallat 1919120) Naquele momento 0 consumo dessas substancias tinha atingido um ponto em que se tornara urn problema social e 0 seu uso nao parou de crescer tornando-se urn vieio elegante adotado largamente principalmente pelas classes mais elevadas Mesmo sendo ainda usado por todas as classes sociais para a elite seu consumo toma um novo sentido passando mesmo a ser valorizado

Em 1924 Ribeiro Couto publicou um livro escrito entre os anos de 1921 e 1922 A Cidade do JMo e da Grafa (vagabundagem pelo Rio noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo segundo 0 proprio autor escreveu no preficio ~spectos do Rio de Janeiro nOturno meses antes da comemoraltao do Primeiro Centenario da Independencia do Brasil(Couto 199811) Erealmente isto de que se trata de um retrato de diferentes aspectos das noites do Rio onde na verdade apenas um capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 texto se desenvolve com 0

autor atuando como cicerone de urn jovem recem-chegado da provincia mostrando-lhe sua vida notuma No ultimo capitulo do livro eles estavam na barca voltando de Niter6i e viam a cidade se aproximando

- Cidade dIJ petado inoamte A natureza ali etilo Jensual que iminua nos homem e nas mulhereJ 0 penJamento comante da ~femeridade da vida 0 pemdIJ i umaperversa sgestdo ambiente o amor se respira a todas aJ horaJ eJtd espalhado por todas as OiJas Tudo paretoe dizer ~1penas 0 amor ebom Eu Ie aconselho o amor A muher de saboroJo wrpo a quem na rna 0 teu selreto desejo Jom nilo esta tilo longe da tua milo lOmo penJas Ousa A ddade 0 quer f-itamos JilemioJos Vamos silenliosos 0 reJto da viagem EJtd perlo a ddade Ja SIJ detaham os edikios as arvores da PrafCl 15 Pareill que muito tempo andamoJ longe eque a ddade agoa nOJ a-olhe emfesta

E a ddade do amor Eu d~go dIJ amor EntendeJ Nilo jutgues que 0 meu penJamento poma naJ mulhereJ lOmenims Eu digo 0 amor Compreendes que Jilo aJ pOJsibilidadeJ enlClnadoraJ que podemos fer em odoJ OJ olhoJ no ritmo de odIJs OJ (oryos quejloreJcem na ddade S e Joubenes A feliddade i um bem que se ati~ge aqui Porque a ddade einocente no seu insinto de pemdo (Couto 199871-2)

A visao de Ribeiro Couto era a de que a cidade levava aqueles que procuravam vive-la ate avertigem Era como se ela permitisse a quem procurasse todas as possibilidades de amor Como se ela exacerbasse todos os desejos todos os prazeres todos os vicios Como se a vida tivesse de ser vivida de urn unico jato quase que sem respirar Como nos diz Ribeiro Couto era como se a cidade mandasse gue todos ousassem experimentassem todas as alternativas e i550 em urn

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momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

50

no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

52

serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

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tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

52

serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

53

1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

54

acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

55

havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

54

a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

55

(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

Referencias Bibliogrdficas

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AMADO Gilberto TreJ LitJroJ gt1 chalI de Salomao e olllroJ ertritor crao de areia e eJlllcioJ braJileimr_ ~1 clan(a robre 0 abixmo R] Livraria Jose Olvmpio Ed 1963 shy

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BOTELHO Dr Adauto e Dr Pernambuco Filho VitiOJ Sot1aiJ EleganeJ (cocuina eler diamba apio eJeuJ cler7lI1c1oJ elt) RJ Livraria Francisco lves 1924

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_ 1-11111bullbullbull RJ Benjamim Costallat amp Miceolls Editores 1924

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MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJqriveiJ RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRgt Alvaro Coalina RJ Pimenta

__ AdJo Eva e oulroJ membror claIamiitl (p Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afr~l11io - -1r RaoeJ do Coraflio DE1994

PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

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efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

o e Dr Pernambuco Filho I idor SOtair EleoanlcJ o eJmJ denmiddotlltldo ek) RJ Livraria Francisco Alves

dude do

im A LI~ Vermelba R) N Viggiani Editor

Costallat amp Miccolis Editores 1924

T fdo e da Grafa ~a ed Rio de Janeiro tado do RJ 1998

0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

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deL Opium et D middotlulrcJ StuNliuntJ Paris Editiom

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MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

JvLRIANNO Olegario - Ba-ta-dan RJ Benjamim Costallatamp Jvliccolis Editores 1924

MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJejdtleir dcrdaJJtlictJdor cia modernidade RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

__ Addo Eva e ollrOJ membro clajamilia (pelta em 4 atos) RJ Servilto Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afrimio 1r Ra~iJer do Corafiio 7 ed RJ SMCDEDIC DE 1994

PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

__ Dentro da Noite RJParis Garnier 1910

A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

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l

Homens maus para que tirastes dos meus brafos Essa mulher que um dia os seus brafOS me abriu Que i q importava queJosse de ferro os lafos E prostitutajosse a que me seduju

Ea era md eu sci Eia me assassinava Dia a dia a sorrir Entre stas taricias Q importava porim se conene eu athava Nos seus betjos semjim as maiores delicias

Quando cia penetrava em meu ser em meu sangue Eu saia cia Terra em demancla do Ceu Vivendo sem viver inerte exauso langue Era rei J(j enao deixava de ser reu

Tinha-a dentm de mim peas veias wrrendo l-azendo-me sonhar n11m imenso delirio E por tocla uma node eu vivia esquetmdo A minha dor semjim 0 meu true martirio

Homens maus para que tirasteJ dos meus brafos EJsa muher que um dia os Jeus braf1JJ me abriu Que i q importa quejoJJe de ferro os lafos E prostitutajossc a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

A presenca de tal poema nesse momenta pode ter sido causado pela influencia francesa entre os escritores brasileiros ja que na Franca a morfina havia se tornado urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizacao da morfma no fmal do seculo XIX nao foi contudo urn habito largamente difundido Nao encontramos outros relatos de sua utilizaltao para essa epoca Da mesma forma Guido Fonseca coloca 1907 como a data do primeiro incidente com morfina em Sao Paulo Naquele ano urn estrangeiro Hermann Rosembaun hospedado no Hotel DOeste teria tentado se matar utilizando a droga(Fonseca 199446)

Dois anos depois em 1909 e novamente emJoao do Rio que encontramos nova referencia aos vicios da cidade A historia se passa num trem de suburbio as onze horas da noite Urn homem conta a outro 0 seu vicio espetar mulheres com alfinetes Para justificar seu comportamento diz ao companheiro de viagem

( j Umbras-Ie cia Jeanne Dambreuil quando Je picava com morjina Umbras-Ie do Joao Guedes quando nos wnviclava para

A mornna chegou com a guerra em 1870 quando foi uada contra 0 dor Muitos veteranos tornaram-se viciados Oreulos elegantes logo a adotaram Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniam se para trocar injeOes Joalheiros tinham um prospero comercio de senngas de praIa banhadas a aUTO au folheadas de ouro Alexandre Dumas Filho chegou a dizer que bullbullA mornna e0 absitlto das mulheres Em 1892 elaja se tomara uma IraKltI(Weher1988 40)

46

fumeries dripio Sabiam ambos podiam resistir ( j (Rio 19100

Apesar da curta mencao feita amorfina reveladora Em primeiro lugar conftrma a u opio nao apenas por chineses mas tambem I segundo lugar e mais irnportante apesar de texto Jeanne Dambreuil era certamente uma I que se deduz tanto pdo nome frances come ambos Ja estava presente nesse momento po sera bastante acentuada mais tarde como veren o uso de entorpecentes Por outro lado 0 COl

fundo a extrema difusao de diferentes vicios r Em romance publicado em 1911 AJ

curta mencao ao uso da morfina Quase no fi1 urn jovem escultor e personagem principal decepcao ao ser preterido por Lucia sua pri mostrou apaixonado desde que voltou ao Ri antes Ao surpreende-la com Maya um seu am torturado pelo ciume e pela frustrasao Es pensou [Carlos] na profanacao de uma 0

fhampagne morfina Entretanto Carlos nao os amigos de sua roda nao sabia nem enttal sd463) nao podia assim usar dos remedios ( a disposicao para esses momentos Fica claro morfina nas rodas mais elegantes da cldade e forma ate certo ponto aberta ja que feita num Life

Alem do opio e da morfina dentre em tambem a utilizacao do eter Este deveria e~ quantidade e era considerado um vicio aristo menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joillt na abertura da narrativa

- Sim dizia-me 0 amigo com quell que nOr evola 11m vitia de misom brutaiJ - 0 opio 0 dempero do tipt

A utilizacao do eter crescia durante usado na forma de lanca perfumes mas nao fica claro em varios artigos public ados no ink Careta criticando a presenca cada vez maior de

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma forma ou outra d no texto de Julia Lopes de Almeida ellamado Os vieios deles~ conversalldo sobre os vieios dos mandos Cada um pnssuia 0 sell trail

o tabaco 0 jogo 0 vinoo e as mulheres (Almeida 1910)

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maIlS para que tirases dos meus brafos que um dia os seus braros me abriu

importava quefom deferro os lafos fosse a que me seduziu

a somr Entre slas ttlricias porim se conene eu afhava

beijos semjim as maiores delfaas

ela penetrava em mell ser em meu sanglle do Terra em demanda do Cell scm viver incrle exausfo langue so entrio deixava de ser reu

denIm de mim pelas veiaJ correndo sonhar num imenso delirio uma noite eu vivia csquecendo

dor Jcm jim 0 meu cruel martfrio

maus para que tirasles dos meUJ brafos que um dia os Jeus brafOJ me abriu

- +0 quefouf deferro OJ Jaros fom a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

poema nesse momenta pode ter sido causa do os escritores brasileiros ja que na Franlta a

urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizaltao da XIX nao foi contudo urn habito largamente

arrIOS outros rclatos de sua utilizaltao para essa Guido Fonseca coloca 1907 como a data morfina em Sao Paulo N aquele ano urn

losemoallln hospedado no Hotel DOeste teria

companheiro de viagem

a droga(Fonseca 199446) em 1909 e novamente em Joao do Rio que

aos vicios da cidade A hist6ria se passa as onze horas da noite Urn homem conta a

mulheres com alfinetes Para justificar seu

do Jeanne Dambreuil quando se pittlva tom umbras-Ie doJorio Guedes quando nos convidava para

quando foi usada contra a dar Muitos veteranos tornaranrse Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniammiddot

prospero con~rcio de serillgas de praia banhadas a ouro au chegou a dizer que A marlin e 0 absinto das mulheres Em

46)

46

a

fumeries ddpio Sabiam ambos que afabavam a vida e nao podiam resistir ( J(Rio 191003)

Apesar da curta menltao feita a morfina e ao 6pio ela e bastante reveladora Em primeiro lugar conflrma a utiliza~ao das Ilimeries de 6pio nao apenas por chirleses mas tambern por outros grupos Em segundo lugar e mais irnportante apesar de nao ser explicitado no texto Jeanne Dambreuil era certamente uma prostituta uma mmtte 0

que se deduz tanto pelo nome frances como por ser conhecida de ambos Ja estava presente nesse momento portanto uma ligaltao que sera bastante acentuada mais tarde como veremos da prostituiltao com o uso de entorpecentes Por outro lado 0 conto parece trazer como fundo a extrema difusao de diferentes vkios na sociedadeN

Em romance publicado em 1911 Afranio Peixoto fez uma curta menltao ao uso da morfrna Quase no frnal de A Einge Carlos urn jovem escultor e personagem principal da trama safre outra decepltao ao ser preterido por Lucia sua prima e por quem ele se mostrou apaixonado desde que voltou ao Rio de Janeiro tres anos antes Ao surpreende-Ia com Maya urn seu amigo Carlos sat andando tortutado pdo ciume e pda frustraltao Escteve Afranio Peixoto pensou [Carlos] na profanaltao de uma orgia jogo mulheres thampagne morfina Entretanto Carlos nao era urn mundano como os amigos de sua roda nao sabia nem entrar no High-Lije (peixoto 5d463) mio podia assirn usar dos remedios que a sociedade colocava adisposi~ao para esses momentos Fica claro portanto a presenlta da morfina nas rodas mais elegantes da cidade e possivelmente de uma forma ate certo ponto aberta ja que feita num clube de jogo 0 HighshyLife

Alem do 6pio e da morfina dentre esses vkios estava presente tambem a utilizaltao do eter Este deveria estar presente em maiar quantidade e era considerado urn vkio aristocratico e tido como de menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joao do Rio aslimerieJ logo na abertura da narrativa

Sim dizia-me 0 amigo tOm quem eu lisava 0 iter e 11m zido que nos Clioa um vUio de ariJtmratia Eu mnhcO outmJ maiJ brutaiJ - 0 rJpio 0 ducJpero do dpio (Rio 190898)

A utilizaltao do eter crescia durante 0 Carnaval quando era usado na forma de lanlta perfumes mas nao se limitava a ele como fica claro em varios artigos publicados no inkio da decada de 1910 na Careta criticando a presenlta cada vez maiar de odores de eter na cidade

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma fomJa ou outra de vieios ambem pode ser enconlrada no texlo de Julia Lopes de Almeida chamado Os vieio deles Aqui econlramas qualro amigas conversando sobre as vido do nJaridos Cada um posuia 0 seu tratava-5O de descobrir qual seria 0 pi~r

o abaco ojogo 0 vinho e as mulheres (Aln1eida 1910)

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o to~ete depoiJdo Carnava ainda nOJpmegue por 234 e ar vezcJ rciJmeJeJ() EJte ano ao tonete veio Je reunir uma outra retordafiio 0 iter o ejoativo e lpertinente iter que noJ fitoU no ofato e que por vezeJ ineJperadamente JentimoJ mmo JIJ perto de noJ tiveJJem deJarrolhado um ralto desse volcilil (on Fon anaV nl0 11 mar 1911)

A cada dia 0 problema tomava dimensoes maiores e pela primeira vez como um grave desafio as autoridades Em 19130 jornal A ioite publicou uma serie de reportagens denunciado a facilidade de se conseguir todo tipo de entorpecentes nas farmkias da cidade 0 que for~ou uma acao da policia Tal a~ao se tornava entao ainda mais urgente em razao de um novo uso dado as drogas 0 suicidio (A venda franca de venenos Carea ana VI n259 17 maio 1913)

Ha muito tempo 0 Rio de Janeiro vinha convivendo com uma onda de suicidios onde os casos se apresentavam quase que diariamente nos jornais Os meios utilizados cram os mais variados e em geral a op~ao se fazia pela ingestao de alguma coisa t6xical vindo em seguida a utiliza~ao de armas de fogo

Os efeitos mortais de drogas como a morfina e a cocaina parecem ter sido descobertos pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos de utiliza~ao dessas drogas repentinamente aumentaram Apenas no mes de agosto daquele ana quatro pessoas tentaram por flm a vida se utilizando de uma dessas substancias (jornal do BraJil dias 0203 e 13 de agosto de 1912)

A reportagem de A Noite nao conseguiu diminuir a venda e consequentemente a utilizaltao desses produtos nos suicidios que ocorriam no Rio de Janeiro No ana seguinte a Careta publicou a seguinte anedota

Ele 0 amor minha Jenhora leva 0 homem ao Juiddio Eu retOnheo que JUiUmbirei ingerindo morjina EIa- Etl direi depoiJ Tratava-re de um amor-flOado (Careta ana VII n 323 29 ago 1914)

Se nesse momento a cocaina e a morfina tinham na sociedade carioca 0 papel de arma privilegiada para aqueles que queriam por flm it propria existencia isso nao deve ser interpretado como um sinal de que seu uso como entorpecente tivesse desaparecido au diminuido Ao contrario 0 consumo certamente se manteve e se preparava para atingir seu ponto mais alto

Entre os anos de 1908 e 1912 foram registrados 1716 casas de suiddio lla cidade do Rio de Janeiro sendo 519 fatais e 1197 nao falais Do lola I de casos 848 ou 4942 foram por envenenamenlo e 314 ou 183 utilizaram amlas de togo (Lima 1913 17-20)

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Em livro publicado em 1919 Benj31 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esque (CostalIat 1919120) Naquele momento 0 c tinha atingido um ponto em que se tomara 1

uso nao parou de crescer tornando-se urn largamente principalmente pelas classes m ainda usado por todas as classes sociais par um novo sentido passando mesmo a ser v

Em 1924 Ribeiro Couto publicou anos de 1921 e 1922 A Cidade do Viio eclat noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo escreveu no prefkio Aspectos do Rio de Ja da comemorariio do Primeiro Centenat Brasil(Couto 199811) Erealmente Isto de de difetentes aspectos das noites do Rio on capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 autor amando como cicerone de um jovem re mostrando-Ihe sua vida noturna No ultir estavam na bare a voltando de Niter6i e vian

- Cidade do pccado inocCnte A inrinua nOJ homens e nas mllh ~lemeridade da vido 0 pe(Jdo eJ

o amor Je rerpira a todas as hOI wiJm Tudo pam-e dizer lpem o amor A mulher de saboro mreto deJqo Jom nao esta tao I OUJat4 tidade 0 quer [kamos siientioJos l--amoJ Jile~ Ertd perlo a tidade Ja se defal Pray(J 15 Parece que muito tem) agora nos awlhe emjeJta - E a ddade do amor Ell Ii jupound~ueJ que 0 mmJensamentop Eu d~go 0 amor Compreena eniantadoras que podemos ler e todoJ OJ wrpOJ quejloreJtCm na til eum bem qm Je atinge aqui H iminto de pemdo (Couto 19t

A visao de Ribeiro Couto era a de q que procuravam vive-Ia ate it vertigem Era quem procurasse todas as possibilidade exacerbasse todos os desejos todos os praze se a vida tivesse de ser vivida de urn timco jal Como nos diz Ribeiro Couto era como s todos ousassem experimentassem todas as

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depotS do Carnava ainda nOJpmegue por 234 e seis meseJ() ao confete veto se reunir uma outra retOrdarilo 0 eter

iter que nOJjiwu no olfoto e que por

1911)

fogo

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RJeJlJefl1dimcnte sentimos mmo se perlo de nos tivessem umfrafw dem volatil (ton 1-on anaV nlO

problema tomava dimensoes maiores e pela grave desafio as autoridades Em 1913 0 jornal serie de reportagens denunciado a facilidade de

entorpecentes nas farmacias da cidade 0 que Tal altao se tornava en tao ainda mais urgente dado as drogas 0 suicidio(~ venda franca

VI n259 17 maio 1913) o Rio de Janeiro vinha convivendo com uma casos se apresentavam quase que diariamente

eram os mais variados e em geral a de alguma coisa toxica vindo em seguida

de drogas como a morfina e a cocaina pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos

repentinamente aumentaram Apenas no quatro pessoas tentaram por fun avida se

substancias (Jornal do BraJil dias 02 03 e 13 de

1 Noite nao conseguiu diminuir a venda e ~IUllGaaU desses produtos nos suicidios que

No ano seguinte a Carea publicou a seguinte

amor minha senhora leva 0 homem ao suiddio Eu que JIItumbirei ingerindo mortina dire depoir Tralava-Je de u~ amor-fin ado (Careta n 32329 ago 1914)

a cocaina e a morfina tinham na sociedade privilegiada para aqueles que queriam por fun nao deve ser interpretado como um sinal de

lroecc~nte tivesse desaparecido ou diminuido certamente se manteve e se preparava para

1716 casas de suicidio na cidade do Rio de Janeiro selldo cases 848 ou 4942 tiam por envenenamento e 314 ou 183

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Em livro publicado em 1919 Benjamim Costallat ainda situava 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esquecimento de uma mulher (Costallat 1919120) Naquele momento 0 consumo dessas substancias tinha atingido um ponto em que se tornara urn problema social e 0 seu uso nao parou de crescer tornando-se urn vieio elegante adotado largamente principalmente pelas classes mais elevadas Mesmo sendo ainda usado por todas as classes sociais para a elite seu consumo toma um novo sentido passando mesmo a ser valorizado

Em 1924 Ribeiro Couto publicou um livro escrito entre os anos de 1921 e 1922 A Cidade do JMo e da Grafa (vagabundagem pelo Rio noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo segundo 0 proprio autor escreveu no preficio ~spectos do Rio de Janeiro nOturno meses antes da comemoraltao do Primeiro Centenario da Independencia do Brasil(Couto 199811) Erealmente isto de que se trata de um retrato de diferentes aspectos das noites do Rio onde na verdade apenas um capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 texto se desenvolve com 0

autor atuando como cicerone de urn jovem recem-chegado da provincia mostrando-lhe sua vida notuma No ultimo capitulo do livro eles estavam na barca voltando de Niter6i e viam a cidade se aproximando

- Cidade dIJ petado inoamte A natureza ali etilo Jensual que iminua nos homem e nas mulhereJ 0 penJamento comante da ~femeridade da vida 0 pemdIJ i umaperversa sgestdo ambiente o amor se respira a todas aJ horaJ eJtd espalhado por todas as OiJas Tudo paretoe dizer ~1penas 0 amor ebom Eu Ie aconselho o amor A muher de saboroJo wrpo a quem na rna 0 teu selreto desejo Jom nilo esta tilo longe da tua milo lOmo penJas Ousa A ddade 0 quer f-itamos JilemioJos Vamos silenliosos 0 reJto da viagem EJtd perlo a ddade Ja SIJ detaham os edikios as arvores da PrafCl 15 Pareill que muito tempo andamoJ longe eque a ddade agoa nOJ a-olhe emfesta

E a ddade do amor Eu d~go dIJ amor EntendeJ Nilo jutgues que 0 meu penJamento poma naJ mulhereJ lOmenims Eu digo 0 amor Compreendes que Jilo aJ pOJsibilidadeJ enlClnadoraJ que podemos fer em odoJ OJ olhoJ no ritmo de odIJs OJ (oryos quejloreJcem na ddade S e Joubenes A feliddade i um bem que se ati~ge aqui Porque a ddade einocente no seu insinto de pemdo (Couto 199871-2)

A visao de Ribeiro Couto era a de que a cidade levava aqueles que procuravam vive-la ate avertigem Era como se ela permitisse a quem procurasse todas as possibilidades de amor Como se ela exacerbasse todos os desejos todos os prazeres todos os vicios Como se a vida tivesse de ser vivida de urn unico jato quase que sem respirar Como nos diz Ribeiro Couto era como se a cidade mandasse gue todos ousassem experimentassem todas as alternativas e i550 em urn

49

--------------------------

momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

50

no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

52

serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

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tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

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serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

53

1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

54

acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

55

havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

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a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

56

Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

59

efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

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PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

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A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

59

maIlS para que tirases dos meus brafos que um dia os seus braros me abriu

importava quefom deferro os lafos fosse a que me seduziu

a somr Entre slas ttlricias porim se conene eu afhava

beijos semjim as maiores delfaas

ela penetrava em mell ser em meu sanglle do Terra em demanda do Cell scm viver incrle exausfo langue so entrio deixava de ser reu

denIm de mim pelas veiaJ correndo sonhar num imenso delirio uma noite eu vivia csquecendo

dor Jcm jim 0 meu cruel martfrio

maus para que tirasles dos meUJ brafos que um dia os Jeus brafOJ me abriu

- +0 quefouf deferro OJ Jaros fom a que me seduziu (0 Pait 04 fev 1897 pl)

poema nesse momenta pode ter sido causa do os escritores brasileiros ja que na Franlta a

urn vicio ha ja alguns anos7 A utilizaltao da XIX nao foi contudo urn habito largamente

arrIOS outros rclatos de sua utilizaltao para essa Guido Fonseca coloca 1907 como a data morfina em Sao Paulo N aquele ano urn

losemoallln hospedado no Hotel DOeste teria

companheiro de viagem

a droga(Fonseca 199446) em 1909 e novamente em Joao do Rio que

aos vicios da cidade A hist6ria se passa as onze horas da noite Urn homem conta a

mulheres com alfinetes Para justificar seu

do Jeanne Dambreuil quando se pittlva tom umbras-Ie doJorio Guedes quando nos convidava para

quando foi usada contra a dar Muitos veteranos tornaranrse Romancistas escreviam sobre ela Damas da sociedade reuniammiddot

prospero con~rcio de serillgas de praia banhadas a ouro au chegou a dizer que A marlin e 0 absinto das mulheres Em

46)

46

a

fumeries ddpio Sabiam ambos que afabavam a vida e nao podiam resistir ( J(Rio 191003)

Apesar da curta menltao feita a morfina e ao 6pio ela e bastante reveladora Em primeiro lugar conflrma a utiliza~ao das Ilimeries de 6pio nao apenas por chirleses mas tambern por outros grupos Em segundo lugar e mais irnportante apesar de nao ser explicitado no texto Jeanne Dambreuil era certamente uma prostituta uma mmtte 0

que se deduz tanto pelo nome frances como por ser conhecida de ambos Ja estava presente nesse momento portanto uma ligaltao que sera bastante acentuada mais tarde como veremos da prostituiltao com o uso de entorpecentes Por outro lado 0 conto parece trazer como fundo a extrema difusao de diferentes vkios na sociedadeN

Em romance publicado em 1911 Afranio Peixoto fez uma curta menltao ao uso da morfrna Quase no frnal de A Einge Carlos urn jovem escultor e personagem principal da trama safre outra decepltao ao ser preterido por Lucia sua prima e por quem ele se mostrou apaixonado desde que voltou ao Rio de Janeiro tres anos antes Ao surpreende-Ia com Maya urn seu amigo Carlos sat andando tortutado pdo ciume e pda frustraltao Escteve Afranio Peixoto pensou [Carlos] na profanaltao de uma orgia jogo mulheres thampagne morfina Entretanto Carlos nao era urn mundano como os amigos de sua roda nao sabia nem entrar no High-Lije (peixoto 5d463) mio podia assirn usar dos remedios que a sociedade colocava adisposi~ao para esses momentos Fica claro portanto a presenlta da morfina nas rodas mais elegantes da cidade e possivelmente de uma forma ate certo ponto aberta ja que feita num clube de jogo 0 HighshyLife

Alem do 6pio e da morfina dentre esses vkios estava presente tambem a utilizaltao do eter Este deveria estar presente em maiar quantidade e era considerado urn vkio aristocratico e tido como de menor risco Isto e 0 que nos diz 0 guia de Joao do Rio aslimerieJ logo na abertura da narrativa

Sim dizia-me 0 amigo tOm quem eu lisava 0 iter e 11m zido que nos Clioa um vUio de ariJtmratia Eu mnhcO outmJ maiJ brutaiJ - 0 rJpio 0 ducJpero do dpio (Rio 190898)

A utilizaltao do eter crescia durante 0 Carnaval quando era usado na forma de lanlta perfumes mas nao se limitava a ele como fica claro em varios artigos publicados no inkio da decada de 1910 na Careta criticando a presenlta cada vez maiar de odores de eter na cidade

Essa visao da presen~a quase que onipresente de uma fomJa ou outra de vieios ambem pode ser enconlrada no texlo de Julia Lopes de Almeida chamado Os vieio deles Aqui econlramas qualro amigas conversando sobre as vido do nJaridos Cada um posuia 0 seu tratava-5O de descobrir qual seria 0 pi~r

o abaco ojogo 0 vinho e as mulheres (Aln1eida 1910)

47

o to~ete depoiJdo Carnava ainda nOJpmegue por 234 e ar vezcJ rciJmeJeJ() EJte ano ao tonete veio Je reunir uma outra retordafiio 0 iter o ejoativo e lpertinente iter que noJ fitoU no ofato e que por vezeJ ineJperadamente JentimoJ mmo JIJ perto de noJ tiveJJem deJarrolhado um ralto desse volcilil (on Fon anaV nl0 11 mar 1911)

A cada dia 0 problema tomava dimensoes maiores e pela primeira vez como um grave desafio as autoridades Em 19130 jornal A ioite publicou uma serie de reportagens denunciado a facilidade de se conseguir todo tipo de entorpecentes nas farmkias da cidade 0 que for~ou uma acao da policia Tal a~ao se tornava entao ainda mais urgente em razao de um novo uso dado as drogas 0 suicidio (A venda franca de venenos Carea ana VI n259 17 maio 1913)

Ha muito tempo 0 Rio de Janeiro vinha convivendo com uma onda de suicidios onde os casos se apresentavam quase que diariamente nos jornais Os meios utilizados cram os mais variados e em geral a op~ao se fazia pela ingestao de alguma coisa t6xical vindo em seguida a utiliza~ao de armas de fogo

Os efeitos mortais de drogas como a morfina e a cocaina parecem ter sido descobertos pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos de utiliza~ao dessas drogas repentinamente aumentaram Apenas no mes de agosto daquele ana quatro pessoas tentaram por flm a vida se utilizando de uma dessas substancias (jornal do BraJil dias 0203 e 13 de agosto de 1912)

A reportagem de A Noite nao conseguiu diminuir a venda e consequentemente a utilizaltao desses produtos nos suicidios que ocorriam no Rio de Janeiro No ana seguinte a Careta publicou a seguinte anedota

Ele 0 amor minha Jenhora leva 0 homem ao Juiddio Eu retOnheo que JUiUmbirei ingerindo morjina EIa- Etl direi depoiJ Tratava-re de um amor-flOado (Careta ana VII n 323 29 ago 1914)

Se nesse momento a cocaina e a morfina tinham na sociedade carioca 0 papel de arma privilegiada para aqueles que queriam por flm it propria existencia isso nao deve ser interpretado como um sinal de que seu uso como entorpecente tivesse desaparecido au diminuido Ao contrario 0 consumo certamente se manteve e se preparava para atingir seu ponto mais alto

Entre os anos de 1908 e 1912 foram registrados 1716 casas de suiddio lla cidade do Rio de Janeiro sendo 519 fatais e 1197 nao falais Do lola I de casos 848 ou 4942 foram por envenenamenlo e 314 ou 183 utilizaram amlas de togo (Lima 1913 17-20)

48

Em livro publicado em 1919 Benj31 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esque (CostalIat 1919120) Naquele momento 0 c tinha atingido um ponto em que se tomara 1

uso nao parou de crescer tornando-se urn largamente principalmente pelas classes m ainda usado por todas as classes sociais par um novo sentido passando mesmo a ser v

Em 1924 Ribeiro Couto publicou anos de 1921 e 1922 A Cidade do Viio eclat noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo escreveu no prefkio Aspectos do Rio de Ja da comemorariio do Primeiro Centenat Brasil(Couto 199811) Erealmente Isto de de difetentes aspectos das noites do Rio on capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 autor amando como cicerone de um jovem re mostrando-Ihe sua vida noturna No ultir estavam na bare a voltando de Niter6i e vian

- Cidade do pccado inocCnte A inrinua nOJ homens e nas mllh ~lemeridade da vido 0 pe(Jdo eJ

o amor Je rerpira a todas as hOI wiJm Tudo pam-e dizer lpem o amor A mulher de saboro mreto deJqo Jom nao esta tao I OUJat4 tidade 0 quer [kamos siientioJos l--amoJ Jile~ Ertd perlo a tidade Ja se defal Pray(J 15 Parece que muito tem) agora nos awlhe emjeJta - E a ddade do amor Ell Ii jupound~ueJ que 0 mmJensamentop Eu d~go 0 amor Compreena eniantadoras que podemos ler e todoJ OJ wrpOJ quejloreJtCm na til eum bem qm Je atinge aqui H iminto de pemdo (Couto 19t

A visao de Ribeiro Couto era a de q que procuravam vive-Ia ate it vertigem Era quem procurasse todas as possibilidade exacerbasse todos os desejos todos os praze se a vida tivesse de ser vivida de urn timco jal Como nos diz Ribeiro Couto era como s todos ousassem experimentassem todas as

49

depotS do Carnava ainda nOJpmegue por 234 e seis meseJ() ao confete veto se reunir uma outra retOrdarilo 0 eter

iter que nOJjiwu no olfoto e que por

1911)

fogo

17middot20)

RJeJlJefl1dimcnte sentimos mmo se perlo de nos tivessem umfrafw dem volatil (ton 1-on anaV nlO

problema tomava dimensoes maiores e pela grave desafio as autoridades Em 1913 0 jornal serie de reportagens denunciado a facilidade de

entorpecentes nas farmacias da cidade 0 que Tal altao se tornava en tao ainda mais urgente dado as drogas 0 suicidio(~ venda franca

VI n259 17 maio 1913) o Rio de Janeiro vinha convivendo com uma casos se apresentavam quase que diariamente

eram os mais variados e em geral a de alguma coisa toxica vindo em seguida

de drogas como a morfina e a cocaina pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos

repentinamente aumentaram Apenas no quatro pessoas tentaram por fun avida se

substancias (Jornal do BraJil dias 02 03 e 13 de

1 Noite nao conseguiu diminuir a venda e ~IUllGaaU desses produtos nos suicidios que

No ano seguinte a Carea publicou a seguinte

amor minha senhora leva 0 homem ao suiddio Eu que JIItumbirei ingerindo mortina dire depoir Tralava-Je de u~ amor-fin ado (Careta n 32329 ago 1914)

a cocaina e a morfina tinham na sociedade privilegiada para aqueles que queriam por fun nao deve ser interpretado como um sinal de

lroecc~nte tivesse desaparecido ou diminuido certamente se manteve e se preparava para

1716 casas de suicidio na cidade do Rio de Janeiro selldo cases 848 ou 4942 tiam por envenenamento e 314 ou 183

48

Em livro publicado em 1919 Benjamim Costallat ainda situava 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esquecimento de uma mulher (Costallat 1919120) Naquele momento 0 consumo dessas substancias tinha atingido um ponto em que se tornara urn problema social e 0 seu uso nao parou de crescer tornando-se urn vieio elegante adotado largamente principalmente pelas classes mais elevadas Mesmo sendo ainda usado por todas as classes sociais para a elite seu consumo toma um novo sentido passando mesmo a ser valorizado

Em 1924 Ribeiro Couto publicou um livro escrito entre os anos de 1921 e 1922 A Cidade do JMo e da Grafa (vagabundagem pelo Rio noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo segundo 0 proprio autor escreveu no preficio ~spectos do Rio de Janeiro nOturno meses antes da comemoraltao do Primeiro Centenario da Independencia do Brasil(Couto 199811) Erealmente isto de que se trata de um retrato de diferentes aspectos das noites do Rio onde na verdade apenas um capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 texto se desenvolve com 0

autor atuando como cicerone de urn jovem recem-chegado da provincia mostrando-lhe sua vida notuma No ultimo capitulo do livro eles estavam na barca voltando de Niter6i e viam a cidade se aproximando

- Cidade dIJ petado inoamte A natureza ali etilo Jensual que iminua nos homem e nas mulhereJ 0 penJamento comante da ~femeridade da vida 0 pemdIJ i umaperversa sgestdo ambiente o amor se respira a todas aJ horaJ eJtd espalhado por todas as OiJas Tudo paretoe dizer ~1penas 0 amor ebom Eu Ie aconselho o amor A muher de saboroJo wrpo a quem na rna 0 teu selreto desejo Jom nilo esta tilo longe da tua milo lOmo penJas Ousa A ddade 0 quer f-itamos JilemioJos Vamos silenliosos 0 reJto da viagem EJtd perlo a ddade Ja SIJ detaham os edikios as arvores da PrafCl 15 Pareill que muito tempo andamoJ longe eque a ddade agoa nOJ a-olhe emfesta

E a ddade do amor Eu d~go dIJ amor EntendeJ Nilo jutgues que 0 meu penJamento poma naJ mulhereJ lOmenims Eu digo 0 amor Compreendes que Jilo aJ pOJsibilidadeJ enlClnadoraJ que podemos fer em odoJ OJ olhoJ no ritmo de odIJs OJ (oryos quejloreJcem na ddade S e Joubenes A feliddade i um bem que se ati~ge aqui Porque a ddade einocente no seu insinto de pemdo (Couto 199871-2)

A visao de Ribeiro Couto era a de que a cidade levava aqueles que procuravam vive-la ate avertigem Era como se ela permitisse a quem procurasse todas as possibilidades de amor Como se ela exacerbasse todos os desejos todos os prazeres todos os vicios Como se a vida tivesse de ser vivida de urn unico jato quase que sem respirar Como nos diz Ribeiro Couto era como se a cidade mandasse gue todos ousassem experimentassem todas as alternativas e i550 em urn

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momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

50

no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

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serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

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tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

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serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

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1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

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acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

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havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

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a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

Referencias Bibliogrdficas

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BCDELAIRE Charles (1m Cometor de ()pio Roma DEL Int Publishers sld

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BOTELHO Dr Adauto e Dr Pernambuco Filho VitiOJ Sot1aiJ EleganeJ (cocuina eler diamba apio eJeuJ cler7lI1c1oJ elt) RJ Livraria Francisco lves 1924

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MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJqriveiJ RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRgt Alvaro Coalina RJ Pimenta

__ AdJo Eva e oulroJ membror claIamiitl (p Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afr~l11io - -1r RaoeJ do Coraflio DE1994

PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

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efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

o e Dr Pernambuco Filho I idor SOtair EleoanlcJ o eJmJ denmiddotlltldo ek) RJ Livraria Francisco Alves

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Costallat amp Miccolis Editores 1924

T fdo e da Grafa ~a ed Rio de Janeiro tado do RJ 1998

0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

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MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

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MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJejdtleir dcrdaJJtlictJdor cia modernidade RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

__ Addo Eva e ollrOJ membro clajamilia (pelta em 4 atos) RJ Servilto Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afrimio 1r Ra~iJer do Corafiio 7 ed RJ SMCDEDIC DE 1994

PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

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A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

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o to~ete depoiJdo Carnava ainda nOJpmegue por 234 e ar vezcJ rciJmeJeJ() EJte ano ao tonete veio Je reunir uma outra retordafiio 0 iter o ejoativo e lpertinente iter que noJ fitoU no ofato e que por vezeJ ineJperadamente JentimoJ mmo JIJ perto de noJ tiveJJem deJarrolhado um ralto desse volcilil (on Fon anaV nl0 11 mar 1911)

A cada dia 0 problema tomava dimensoes maiores e pela primeira vez como um grave desafio as autoridades Em 19130 jornal A ioite publicou uma serie de reportagens denunciado a facilidade de se conseguir todo tipo de entorpecentes nas farmkias da cidade 0 que for~ou uma acao da policia Tal a~ao se tornava entao ainda mais urgente em razao de um novo uso dado as drogas 0 suicidio (A venda franca de venenos Carea ana VI n259 17 maio 1913)

Ha muito tempo 0 Rio de Janeiro vinha convivendo com uma onda de suicidios onde os casos se apresentavam quase que diariamente nos jornais Os meios utilizados cram os mais variados e em geral a op~ao se fazia pela ingestao de alguma coisa t6xical vindo em seguida a utiliza~ao de armas de fogo

Os efeitos mortais de drogas como a morfina e a cocaina parecem ter sido descobertos pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos de utiliza~ao dessas drogas repentinamente aumentaram Apenas no mes de agosto daquele ana quatro pessoas tentaram por flm a vida se utilizando de uma dessas substancias (jornal do BraJil dias 0203 e 13 de agosto de 1912)

A reportagem de A Noite nao conseguiu diminuir a venda e consequentemente a utilizaltao desses produtos nos suicidios que ocorriam no Rio de Janeiro No ana seguinte a Careta publicou a seguinte anedota

Ele 0 amor minha Jenhora leva 0 homem ao Juiddio Eu retOnheo que JUiUmbirei ingerindo morjina EIa- Etl direi depoiJ Tratava-re de um amor-flOado (Careta ana VII n 323 29 ago 1914)

Se nesse momento a cocaina e a morfina tinham na sociedade carioca 0 papel de arma privilegiada para aqueles que queriam por flm it propria existencia isso nao deve ser interpretado como um sinal de que seu uso como entorpecente tivesse desaparecido au diminuido Ao contrario 0 consumo certamente se manteve e se preparava para atingir seu ponto mais alto

Entre os anos de 1908 e 1912 foram registrados 1716 casas de suiddio lla cidade do Rio de Janeiro sendo 519 fatais e 1197 nao falais Do lola I de casos 848 ou 4942 foram por envenenamenlo e 314 ou 183 utilizaram amlas de togo (Lima 1913 17-20)

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Em livro publicado em 1919 Benj31 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esque (CostalIat 1919120) Naquele momento 0 c tinha atingido um ponto em que se tomara 1

uso nao parou de crescer tornando-se urn largamente principalmente pelas classes m ainda usado por todas as classes sociais par um novo sentido passando mesmo a ser v

Em 1924 Ribeiro Couto publicou anos de 1921 e 1922 A Cidade do Viio eclat noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo escreveu no prefkio Aspectos do Rio de Ja da comemorariio do Primeiro Centenat Brasil(Couto 199811) Erealmente Isto de de difetentes aspectos das noites do Rio on capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 autor amando como cicerone de um jovem re mostrando-Ihe sua vida noturna No ultir estavam na bare a voltando de Niter6i e vian

- Cidade do pccado inocCnte A inrinua nOJ homens e nas mllh ~lemeridade da vido 0 pe(Jdo eJ

o amor Je rerpira a todas as hOI wiJm Tudo pam-e dizer lpem o amor A mulher de saboro mreto deJqo Jom nao esta tao I OUJat4 tidade 0 quer [kamos siientioJos l--amoJ Jile~ Ertd perlo a tidade Ja se defal Pray(J 15 Parece que muito tem) agora nos awlhe emjeJta - E a ddade do amor Ell Ii jupound~ueJ que 0 mmJensamentop Eu d~go 0 amor Compreena eniantadoras que podemos ler e todoJ OJ wrpOJ quejloreJtCm na til eum bem qm Je atinge aqui H iminto de pemdo (Couto 19t

A visao de Ribeiro Couto era a de q que procuravam vive-Ia ate it vertigem Era quem procurasse todas as possibilidade exacerbasse todos os desejos todos os praze se a vida tivesse de ser vivida de urn timco jal Como nos diz Ribeiro Couto era como s todos ousassem experimentassem todas as

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depotS do Carnava ainda nOJpmegue por 234 e seis meseJ() ao confete veto se reunir uma outra retOrdarilo 0 eter

iter que nOJjiwu no olfoto e que por

1911)

fogo

17middot20)

RJeJlJefl1dimcnte sentimos mmo se perlo de nos tivessem umfrafw dem volatil (ton 1-on anaV nlO

problema tomava dimensoes maiores e pela grave desafio as autoridades Em 1913 0 jornal serie de reportagens denunciado a facilidade de

entorpecentes nas farmacias da cidade 0 que Tal altao se tornava en tao ainda mais urgente dado as drogas 0 suicidio(~ venda franca

VI n259 17 maio 1913) o Rio de Janeiro vinha convivendo com uma casos se apresentavam quase que diariamente

eram os mais variados e em geral a de alguma coisa toxica vindo em seguida

de drogas como a morfina e a cocaina pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos

repentinamente aumentaram Apenas no quatro pessoas tentaram por fun avida se

substancias (Jornal do BraJil dias 02 03 e 13 de

1 Noite nao conseguiu diminuir a venda e ~IUllGaaU desses produtos nos suicidios que

No ano seguinte a Carea publicou a seguinte

amor minha senhora leva 0 homem ao suiddio Eu que JIItumbirei ingerindo mortina dire depoir Tralava-Je de u~ amor-fin ado (Careta n 32329 ago 1914)

a cocaina e a morfina tinham na sociedade privilegiada para aqueles que queriam por fun nao deve ser interpretado como um sinal de

lroecc~nte tivesse desaparecido ou diminuido certamente se manteve e se preparava para

1716 casas de suicidio na cidade do Rio de Janeiro selldo cases 848 ou 4942 tiam por envenenamento e 314 ou 183

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Em livro publicado em 1919 Benjamim Costallat ainda situava 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esquecimento de uma mulher (Costallat 1919120) Naquele momento 0 consumo dessas substancias tinha atingido um ponto em que se tornara urn problema social e 0 seu uso nao parou de crescer tornando-se urn vieio elegante adotado largamente principalmente pelas classes mais elevadas Mesmo sendo ainda usado por todas as classes sociais para a elite seu consumo toma um novo sentido passando mesmo a ser valorizado

Em 1924 Ribeiro Couto publicou um livro escrito entre os anos de 1921 e 1922 A Cidade do JMo e da Grafa (vagabundagem pelo Rio noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo segundo 0 proprio autor escreveu no preficio ~spectos do Rio de Janeiro nOturno meses antes da comemoraltao do Primeiro Centenario da Independencia do Brasil(Couto 199811) Erealmente isto de que se trata de um retrato de diferentes aspectos das noites do Rio onde na verdade apenas um capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 texto se desenvolve com 0

autor atuando como cicerone de urn jovem recem-chegado da provincia mostrando-lhe sua vida notuma No ultimo capitulo do livro eles estavam na barca voltando de Niter6i e viam a cidade se aproximando

- Cidade dIJ petado inoamte A natureza ali etilo Jensual que iminua nos homem e nas mulhereJ 0 penJamento comante da ~femeridade da vida 0 pemdIJ i umaperversa sgestdo ambiente o amor se respira a todas aJ horaJ eJtd espalhado por todas as OiJas Tudo paretoe dizer ~1penas 0 amor ebom Eu Ie aconselho o amor A muher de saboroJo wrpo a quem na rna 0 teu selreto desejo Jom nilo esta tilo longe da tua milo lOmo penJas Ousa A ddade 0 quer f-itamos JilemioJos Vamos silenliosos 0 reJto da viagem EJtd perlo a ddade Ja SIJ detaham os edikios as arvores da PrafCl 15 Pareill que muito tempo andamoJ longe eque a ddade agoa nOJ a-olhe emfesta

E a ddade do amor Eu d~go dIJ amor EntendeJ Nilo jutgues que 0 meu penJamento poma naJ mulhereJ lOmenims Eu digo 0 amor Compreendes que Jilo aJ pOJsibilidadeJ enlClnadoraJ que podemos fer em odoJ OJ olhoJ no ritmo de odIJs OJ (oryos quejloreJcem na ddade S e Joubenes A feliddade i um bem que se ati~ge aqui Porque a ddade einocente no seu insinto de pemdo (Couto 199871-2)

A visao de Ribeiro Couto era a de que a cidade levava aqueles que procuravam vive-la ate avertigem Era como se ela permitisse a quem procurasse todas as possibilidades de amor Como se ela exacerbasse todos os desejos todos os prazeres todos os vicios Como se a vida tivesse de ser vivida de urn unico jato quase que sem respirar Como nos diz Ribeiro Couto era como se a cidade mandasse gue todos ousassem experimentassem todas as alternativas e i550 em urn

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momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

50

no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

52

serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

53

tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

52

serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

53

1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

54

acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

55

havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

54

a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

57

Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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__ AdJo Eva e oulroJ membror claIamiitl (p Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afr~l11io - -1r RaoeJ do Coraflio DE1994

PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

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efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

o e Dr Pernambuco Filho I idor SOtair EleoanlcJ o eJmJ denmiddotlltldo ek) RJ Livraria Francisco Alves

dude do

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Costallat amp Miccolis Editores 1924

T fdo e da Grafa ~a ed Rio de Janeiro tado do RJ 1998

0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

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58

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JvLRIANNO Olegario - Ba-ta-dan RJ Benjamim Costallatamp Jvliccolis Editores 1924

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MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

__ Addo Eva e ollrOJ membro clajamilia (pelta em 4 atos) RJ Servilto Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afrimio 1r Ra~iJer do Corafiio 7 ed RJ SMCDEDIC DE 1994

PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

__ Dentro da Noite RJParis Garnier 1910

A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

59

depotS do Carnava ainda nOJpmegue por 234 e seis meseJ() ao confete veto se reunir uma outra retOrdarilo 0 eter

iter que nOJjiwu no olfoto e que por

1911)

fogo

17middot20)

RJeJlJefl1dimcnte sentimos mmo se perlo de nos tivessem umfrafw dem volatil (ton 1-on anaV nlO

problema tomava dimensoes maiores e pela grave desafio as autoridades Em 1913 0 jornal serie de reportagens denunciado a facilidade de

entorpecentes nas farmacias da cidade 0 que Tal altao se tornava en tao ainda mais urgente dado as drogas 0 suicidio(~ venda franca

VI n259 17 maio 1913) o Rio de Janeiro vinha convivendo com uma casos se apresentavam quase que diariamente

eram os mais variados e em geral a de alguma coisa toxica vindo em seguida

de drogas como a morfina e a cocaina pelos suicidas cariocas em 1912 Os casos

repentinamente aumentaram Apenas no quatro pessoas tentaram por fun avida se

substancias (Jornal do BraJil dias 02 03 e 13 de

1 Noite nao conseguiu diminuir a venda e ~IUllGaaU desses produtos nos suicidios que

No ano seguinte a Carea publicou a seguinte

amor minha senhora leva 0 homem ao suiddio Eu que JIItumbirei ingerindo mortina dire depoir Tralava-Je de u~ amor-fin ado (Careta n 32329 ago 1914)

a cocaina e a morfina tinham na sociedade privilegiada para aqueles que queriam por fun nao deve ser interpretado como um sinal de

lroecc~nte tivesse desaparecido ou diminuido certamente se manteve e se preparava para

1716 casas de suicidio na cidade do Rio de Janeiro selldo cases 848 ou 4942 tiam por envenenamento e 314 ou 183

48

Em livro publicado em 1919 Benjamim Costallat ainda situava 0 eter 0 opio a cocaina [para] 0 esquecimento de uma mulher (Costallat 1919120) Naquele momento 0 consumo dessas substancias tinha atingido um ponto em que se tornara urn problema social e 0 seu uso nao parou de crescer tornando-se urn vieio elegante adotado largamente principalmente pelas classes mais elevadas Mesmo sendo ainda usado por todas as classes sociais para a elite seu consumo toma um novo sentido passando mesmo a ser valorizado

Em 1924 Ribeiro Couto publicou um livro escrito entre os anos de 1921 e 1922 A Cidade do JMo e da Grafa (vagabundagem pelo Rio noturno) 0 livro deveria ter como subtitulo segundo 0 proprio autor escreveu no preficio ~spectos do Rio de Janeiro nOturno meses antes da comemoraltao do Primeiro Centenario da Independencia do Brasil(Couto 199811) Erealmente isto de que se trata de um retrato de diferentes aspectos das noites do Rio onde na verdade apenas um capitulo trata do vieio dos entorpecentes 0 texto se desenvolve com 0

autor atuando como cicerone de urn jovem recem-chegado da provincia mostrando-lhe sua vida notuma No ultimo capitulo do livro eles estavam na barca voltando de Niter6i e viam a cidade se aproximando

- Cidade dIJ petado inoamte A natureza ali etilo Jensual que iminua nos homem e nas mulhereJ 0 penJamento comante da ~femeridade da vida 0 pemdIJ i umaperversa sgestdo ambiente o amor se respira a todas aJ horaJ eJtd espalhado por todas as OiJas Tudo paretoe dizer ~1penas 0 amor ebom Eu Ie aconselho o amor A muher de saboroJo wrpo a quem na rna 0 teu selreto desejo Jom nilo esta tilo longe da tua milo lOmo penJas Ousa A ddade 0 quer f-itamos JilemioJos Vamos silenliosos 0 reJto da viagem EJtd perlo a ddade Ja SIJ detaham os edikios as arvores da PrafCl 15 Pareill que muito tempo andamoJ longe eque a ddade agoa nOJ a-olhe emfesta

E a ddade do amor Eu d~go dIJ amor EntendeJ Nilo jutgues que 0 meu penJamento poma naJ mulhereJ lOmenims Eu digo 0 amor Compreendes que Jilo aJ pOJsibilidadeJ enlClnadoraJ que podemos fer em odoJ OJ olhoJ no ritmo de odIJs OJ (oryos quejloreJcem na ddade S e Joubenes A feliddade i um bem que se ati~ge aqui Porque a ddade einocente no seu insinto de pemdo (Couto 199871-2)

A visao de Ribeiro Couto era a de que a cidade levava aqueles que procuravam vive-la ate avertigem Era como se ela permitisse a quem procurasse todas as possibilidades de amor Como se ela exacerbasse todos os desejos todos os prazeres todos os vicios Como se a vida tivesse de ser vivida de urn unico jato quase que sem respirar Como nos diz Ribeiro Couto era como se a cidade mandasse gue todos ousassem experimentassem todas as alternativas e i550 em urn

49

--------------------------

momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

50

no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

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serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

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tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

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serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

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1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

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acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

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havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

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a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

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efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

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PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

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59

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momento em que estas nao paravam de crescer Nessa vertigem em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

creseimento da utilizaltao de entorpecentes pareee ter seguido a mesma dinamica A cidade assistiu 0 desenvolvimento do consumo de nao urn mas de todos os entorpeeentes ao mesmo tempo

o Rio como todaJ aJ ~~randeJ tidadeJ jd i hqje um imenJo centro de vidadoJ ele~~anteJ 0 bairro dOJ fhineJeJ (r da Mimiajrdia eadjadmiaJ) i bem mnheddo de toda agenie Em miJeroJ anlroJ onde nunm brilha um raio de Jol umicWJ etriOJ Jobre estradof que sao mmaJ e (uixoter vazioJ Jobre meJaJ OJ

fumadoreJ de rJpio roJtOJ CClVacWJ madlentoJ olhoJ morloJ quebradoJpelo vitio raquitimJ IJJquelitiwJ bochechaJ jldddal chupam deJeJperadamente OJ JeUJ (mhimboJ E 11Yupando Jempre pouco a pouw VaG caindo num verdadeiro utado de inderenra perdendo a nopio de Jua individualidade num abatimento e numa prOJtrarao que OJ inibem do menor e~forfv Depois inJenJizJelmente (mm na prOJtrafaO de um rono prqfimdo o rorpo lombado em qualquerpOJi(ao mostrando num relevo doloroJo arormar erqueiitlJ ouro muzJpobre re aproxima dvido de remwoeJ novar a hupar 0 bomldo meJmo itllhimbo a eperimentar aJ mermaJ emoroer Como carneiroJ batldoJpela invernia SI agrllpam Jempre mUlto juntoJ muito unidoJ nllma Jolidariedade que faz paJmar OJ

IJJpirifoJ malJ (ricuoJ da Jin(endade () OJ tottlinomanoJ nor OJ enmntramOJ Jobretudo no Catete e acjjaanciaJ ServldoJ pelo exerdto de rdpidoJ tendo 0 amtro dOJjornecimentoJ na rna Machado de AfJiJ lJivem iiJ daras mOJrando aOJ olhos da (tmoJidade Jetl tortdo de miJirias OJ morfinomanor JaO malJ raror em popularidade porem matJ tomunr na alta JOdeclade Sao maiJ mirterioJOS que as reus irmaos Geramente J~rem de todoJ oj maleJ e padeam de toclaJ ar doen(rJ Apenax a mOljina OJ alenta E um paliafillo um deJttlnJo paJcgeiro OJ eferomaniatoJ JaO mais rarOJ Talvepela pouca ivmodidade Oil pdo meindalo da droga 0 iter tenha um menor numero de adepoJ Conquanto menOJ eieganteJ os aleooaraJ Jao lall)e OJ mair nlimerOJOJ Desde apobre que utende a mao d caridade para logo depois tiniro niqlle sabre 0 mdrmore do botequim Ii twaca maiJ ee~~ante dos holiisde luxo 0 dlcool impera Job miUormas e mil com (Sodre Alvaro Pagmas da cidade [ltonshyron ano XVIII n21 24 maio 1924)

Segundo relatava Gilberto Amado nos anos finais da decada de 1910

50

no Rio de Janeiro nunca if osem rem gOJto tanta eJtupidez na ti4 falta de eJpirito e no CJpirito de J atrazJCJJamOJ um perodo de tor senJualidade dejaita de Ilergonha

Culminando num processo que havia come~ Pereira Passos quando naseeu 0 bordao 0 civilizaltao como bern lembrou Wilson M elegancia c requinte(Martins 1996 442t

o Rio de entao tinha uma sociedade modernizaltao acelerada renova~ao das opc das apreensoes provocadas pelo I Guerra ~ busea do prazer ll Entre esses novas praz dos entorpecentes que permitia acentuar 1

consumo tomava dimensoes maiores entre a disponibilidadc de tempo para 0 lazeI os jove da cidade Nao era por outra razao a preocu

NOJ meio alegreJ ambas eJJas d aqui de UJO corrente enOJ hospiti1l eft nao JaO tambim POUt(Js as aJjijtcnteJ~ que delaJ sc JtrtJem fJem o mallaltJez irremedidvel i que Europa onde so OJ homens eas m nOJ i percentuamente assustadol crianrar que Je picam om a ag palma da mao OJ tOximJ terrifito Opia marfina cocaina 0 Pail

W Martins cila em seguida como exemplo l) livro de AWno Pei em Pans 56 podcria ser considerado como ciencia por seT escrito en Nesse sentido e bastnle Interessante 0 seguinte dilogo eserito (omo Lisboa sonissbull 0 poela continuou cruamente retendo a pala Emoda chinesa como a do mail-long moOO perversbull jogo complie

ou do sexo as mulheres de cabelos cortados scm colo fumando de Qii bigod de relogio-pulseirbull unhas polids espartilhos em mUtua ilT dup nversao pela moda -E a morte do mor pel civihza~ao disse Lisbo bull Alisdc fl muito o aleool 0 opio a cocaina 0 jogo principalmel1le a dal1~a aquilo ( bagtela hoje em di raro e burgues prazer 0 amor lsieo 0 almr- faz no sociedade Porque nao h mais tempo Banhos de mar mas cortes e ondula~6es no cahclo vestir-se para tada um dos ritos jlmg Ilerte chajantar reeepltao jogo lealro ludo demanOO tank de passagem os peoes mo hi mats am para 0 mor scja qual for ~ pois os parceiros ainda que 0 queirant nan acham ocsiao 0 quar1 certa tranqiiilidade nas poueas horas de repouso eapenas refUgio reeoniear a mesma lutu no dia seguinte Civilizaao quem 0 dina Perversidade e antes 0 nome arriscou 0 ~middotaqUTO em VOl baixa ve o alllor passa de moda nu de tempo mas ticam as sucedimeos 0 m par~isos artiliciais 00 morlina da cocaina e do cler e sobretudo ( sensual musicauo e coletivo Houve uma eolu~ao do prazer intitm ll1udou-se e111 superficial extemlr publico de todos os pares Fezshy

169-170)

5 I

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

52

serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

53

tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

52

serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

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1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

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acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

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havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

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a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

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efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

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59

nao paravam de crescer em que se tornava a vida de muitas pessoas 0

ttu 0

UfO

(1

~e entorpecentes parece ter seguido a mesma desenvolvimento do consumo de nao

torpecentes ao mesmo tempo

mo ociar aJ ~~randeJ tfciadeJ jd e hqje um imenso ~madoj eleganteJ 0 bairro dOJ chinerer (r da a e a4fatmiddotefuial) i hem mnheddo de loda agenIe Em

roJ onde nunca brilha um raio de rol umidoJ eriOJ udlJJ que JaO tumaJ e tuLvoteJ vaZioJ Jobre meJaJ 01

if de opio roJOJ tuvadoJ madlenos olhoJ mOroJ pelo vitio raquitkoJ eJqueiiticos bOthedJaJ fldidaJ deseJperaciamente OJ Jeus lachimbos E bull jillpando

a POUfO vllo taindo num verdadeiro utado de perdendo a nor-Ilo de Jua indizfidualidade num enuma PrOJtrarao que OJ inibem do menor e~toTfo

ffnJtvelmenle laem naprortrarao de um rono proundo mbado em quaquerPOJirao morrando num relevo formaJ eJquelelilaJ outro mazJpobre re aproxima

nJatoer novaJ a lhuparo bOlal do mesmo talhimbo a tar ar meJmaJ emooeJ eror batidIJspela intJernia JC qgmpam Jempre muito

lillo u~idIJr numa solicianedade que faz pasmar OJ

au mduoJ cia Jinandade () omanos nOJ OJ enconlramoJ Jobreludo no Calelc e JervidoJ pdo exinito de rdptdoJ tendo 0 (enfro menOJ na rna iVlacado de -1rJIJ zJivem as daraJ aOJ ohoJ cia mrioJiciade Jeu corejo de mireriaJ omanoJJlio malJ rarOJ em poplliaridade porim maiJ alia J~i1eciade Jao mail mttenoJoJ qlle OJ SeUJ irmaoJ

Ie J~jrem de tO~OJ OJ males e padetem de foda aJ

nas a motjma os aenta E um paiaivo 11m ragezro ~iacoJ sao mai raros Tatezpela pOllia omodidade ncialo cia droga 0 eter tenha tim menor numero de

menos eI~g(jnleJ OJ alcoaatraJ silo talvez 01 mail Tesde ~pobre qlle eJende a mao Ii mridade para

Itmro mquelJobre 0 mdrmore do botequim at(JJalaquo(j Ie dos hoteiJ~de luxo 0 dlcoo imperil Job milorma

(Sodre Alvaro Paginas da cidade FORshy

III n21 24 maio 1924)

ilberto Amado nos anos finais da decada

50

no Rio de Janeiro nunta se ostentou tanto IIXO tanla riqueza sem gOJlo tanta cJlupidez na devassidJo tanta groJSeria na falla de eJpirito e no espirito de prazer - quer se mnduir que alravCJJamOJ um periodo de torpe materialidade de ignabi senruafidade defalta de vergonha e pudor(Amado1963145)

Culminando num processo que havia comeltado com as reformas de Pereira Passos quando nasceu 0 bordao 0 Rio civiliza-se no qual civilizacao como bern lembrou Wilson Martins era sinonimo de elegan~ia ~ requinte(Martins 1996 442)W

o Rio de entao tinha uma sociedade sob 0 impacto de rapida modernizaltao acelerada renovaltao das oportunidades recem saida das apreensoes provocadas pelo I Guerra Mundial e voltada para a busca do prazer 11 Entre esses novos prazeres estavam a utilizaltao dos entorpecentes que permitia acentuar todas as sensaltoes Seu consumo tomava dimensoes maiores entre aqueles que tinham maior disponibilidade de tempo para 0 lazer os jovens das principais familias da cidade Nao era por outra razao a preocupaltao dos jornais

NOJ meioJ alegreJ ambas eJJas drogas [m01jina e mminaJ siio aqui de UJO mrrente e nOJ hospitais msaJ de Imide laboratrfrios etc nao Jao tamblfm poumJ aJ enermeiraJ OJ mMit-os OJ

aSJistentes qlle delaJ sc Jervem peJJoalmente 0 malmaior panm o mal talzez irremedidlJe i que ao mntrdrio do que se dd na Europa onde Ja OJ homenJ eaJ muhere- Je dJo a tal vitio entre naJ e percentJlalmente aJJustador 0 numero de jovenJ quaJe crianfaJ que Je piam com a agtilha apiar ou arpiram na palma da miio OJ tOxiWJ terr(fiwJ (5 questoes palpitantes ()pio morfina cocaina 0 Paiz 19 dez 1924 p3)

------------~-----til W Martins cita em seguida como excmplo 0 liVTO de Arranio Peixoto Viol ellvLdlUmmtr que impresso em Paris s6 poderia ser collsiderado como cltllcia pOT ser eserito em frances sinal de requillte intelecluai 1 Nesse senti do e bastante interessante 0 seguinte dhilogo escrito por A frfmio Peixoto Como Lisboa somsse 0 poeta continuou crnamente retendo a palavr - E moda chinesa como a do mah~J()ng moda perversa jogo complicado 1a naa sabemos mais da natureza au da sexa as mulheres de cabelos conados sem colo fumanda de pijama canfundemmiddotse com os rapzes sem bigode de relogia-pulseira unhas polidas espartilhas em mutua impressaa equivoca e talvez repugnanle dupla inversilo pela mod bull -Ea morte do amor pel civilizaao disse Lisboa Alias de M muilo que isso se veio tramando Com 0 funla o alcoal a 6pio a cocaina 0 jogo principalmente a dana aquila que era esseneial pass~u a ser trivial a bagalela hoje em dia raro e burgues prazer 0 amOT fisico 0 amorsensalio eproletario E que menos se faz na sociedade Porque mio ha mais tempo Banhos de mar massagens ginasticas pedicura lllanicura cortes e ondulaoes no cabelo vestirmiddotse para cada um dos ritos socia is miss esporte middotY0) Jazz loofII) Ilerte ehajantar rece~iio jogo teatro tudo demanda tanto tempo que ainda a automovel matando de passagem as pe6es nao hi mais azo par 0 mor scja qual for adultero venal conjugal qualqucr deles pois os parceiros ainda que a queiram nao acham oC3sio 0 quarto de dom11r quarto eparado para IllalS certa tranquilidade nas poucas hora de repouso e apenas refugio lndispensave1 ao minima do 50110 para reconiear a mesl11a luta no dia seguinte Civiiizaiio quem 0 diria que havias de Irazer a cstidade Perversidade eantes nOllle amscou 0 Navarro em voz baixa vendo entretida a pos com 0 Vilhena shyo amor passa de moda ou de tempo mas ficalll os sueedneos 0 nu dos vestidos as excita~6es do flerte as pamsos artilicias da morfina da cocaina e do eler e sobretudo os atritos e contalos da dana turbilhio sensual musicado e colelivo Houve uma evolucao do prazer illtilllo profundo seereto apenas para cada par l11udou-se em superficial exterior publico de lodos os pares Fezmiddot a misterio bacanaL (Peixoto I sid 169-170)

5 I

Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

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serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

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tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

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serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

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1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

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acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

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havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

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a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

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efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

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PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

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A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

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Benjamim Costaliat urn dos principais cronistas da vida do Rio de Janeiro na decada de 1920 confrrma essa penetraltao do vicio entre os mhos das melhores e das mais tradicionais familias Eram nas garfonnieres desses jovens que as drogas se instalavam Em meio da decoraltao em estilo oriental numa mistura de oriente medio e extremo oriente era sempre encontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ebano 0 cachimbo tragico e fatal onde a bolazinha de opio incandescente se transforma em fumalta e em sonho Se nao e0 opio e urn dos seus companheiros de morte de ilusao - eter cocaina morfina(Costallat 1924110-1)

A presenlta dos entorpecentes nas garfonniires levanta tambem a questao cia ligaltao entre erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram essencialmente utilizados como locais de encontros amorosos pelos homens de melb~r poder aquisitivo A presenlta constante de toxicos nos leva a pensar no seu pape enquanto fetiche ou estimulante sexuaL No conto A aventura de Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo tenta salvar Corina da perseguiltao de seu amante que amealtava matashylao Ela the contou a razao de sua fuga

Ha tres anor ruporto ar torturaJ de um mom-tro TucW quanto ganho edele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro Depois jetha 0 quarto lodo abre variosjrClJtos deter poe-me inteiramente nua prende-me 01 abeos agaveta da almoda egoza naquela atmoera desvairante gotryando sobre mim iter Oh Niio imagina Niio imaginaJ Cada lpta que ai dd-me um arrepio Ao (abo de terto tempo euma renrafiio de queimadura de gelo ati ii sensibilidade (Rio 199558)

No mesmo livro no conto Cleopatra 0 relacionamento entre Raul Guimacies e Miss Glayds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao de estimulantes Urn amante anterior de Glayds havia morrido de uma overdose de morfina Com Raul Guimaraes ela era canina com urn apetite de amor canino E inofensiva Trazia as vezes urn revolver ou pretendia faze-Io tomar opio(Rio 1995109-110) mesmo que nao chegasse a faze-Io Havia ainda a aumentar a relaltao entorpecentes erotismo a ligaltao que se fazia entre toxic os e prostituiltao 12

A utilizaltao desses alcaloides era para esses jovens sinal de modernidade de civilizaltaoB num momenta em que era hie ser urn pouco out-sider Nao estranha partanto 0 louv~r feito em varias partes ao seu con sumo

A preocupaltao com 0 consumo generalizado de entorpecentes comeltara em meados da decada de 1910 quando foi publicado a

11 Em esludo publicado em 1924 os doutores Adauto Botelho e Pernambuco Filho afinllaram que cerca de dois enos das prostitutas do Rio de Janeiro faziam uso de cocalna IAfinal a pollcia e osjomais tem um ceno orgulho de que haja uma casa de 6pio na cidadePrincipalmente assim com aT lobrego Damos ao estrangeiro que salba do segredo a impressao de uma civiliza~iio com tudos os vicios(Couto sid (2)

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serie de reportagens em A Noite No final da d consolidado e ja como urn problema social vez a policia foi obrigada a intervir A policia f controlar a venda que era abertamente feita produtos eter morfina cocaina e opio medicamentos A imprensa da epoca nao cc ten tar con trolar 0 vieio como capaz dt necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 191

o jornal 0 Paiz publicou em outubro reclama da altao cia policia que segundo 0 autol o delegado do 5deg Distrito Policial havia acaba( Lein e Leek responsaveis pela fHmerie do n 2 (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que I dono como Afonso) A grande preocupaltac continuidade da altao policial e 0 medo de ql transferencia do local de venda do opio(As t Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feir imediata pela policia que determinou a proib exceto aqueles que apresentassem receita med tambem foi questionada como podemos I publicada pela Careta no sabado da mesma chefe de policia colan do a porta de uma fartill proibido vender cocaina morfina etc etc D municipal desligado sobre 0 qual se ve uma do Vicio Fornecedora dos Clubes do Rio mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919

No inkio de 1921 novamente 0 jo quem saberia para onde teriam ido os chinese naquela operaltao da policia l4

bull E isso porque das autoridades sanicirias em mio acompanhar as que antes comercializavam 0 opio havia permiti( a exercer seu oficio atendendo seus antigos entravam disfarltados de peixeiros quitand guloseimas Com 0 tempo percebendo que a constante voltaram a abrir suasjumeries Agora e jumerieJ hi toxicos para todos os paladares modi comercio de narcoticos 0 Pa~ 16 efv 1921

Nao era de estranhar portanto que air flZesse uma apreensao de duas latas e quatto p thl1t n 2lt 00 Beco aos Ferrettos onde segun pessoas iriam todos os dias fumar(O Paii) 04

N esse momento entre tanto a luta con de erer opio cocaina e morfina estava ganhaJ

Uma pista talvez possa ser encontrada no romance irala de pone mantem sua fumerie no novo bairro apOs ler sido expulso da rna da M

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tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

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serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

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1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

54

acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

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havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

54

a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

55

(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

56

Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

59

efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

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PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

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lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

59

tallat urn dos principais cronistas da vida do de 1920 confttma essa penetraltao do vieio ores e das mais tradicionais familias Eram

yens que as drogas se instalavam Em meio da taL nurna mistura de oriente medio e extremo

ontrado 0 cachimbo chines 0 cachimbo de ragico e fatal onde a bolazinha de 6pio rma em fumalta e em sonho Se nao e 0 6pio heiros de morte de ilusao eter cocaina

4110-1) entorpecentes nas garfonniires levanta tambem

e erotismo e entorpecentes Esses espaltos eram s como locais de encontros amorosos pelos

er aquisitivo A presenlta constante de t6xicos papel enquanto fetiche ou estimulante sexual e Rosendo Moura de Joao do Rio Rosendo erseguiltao de seu amante que amealtava matashy~0 de sua fuga

anol suporto aJ torturas de um momtro Tudo quanto dele Quando vou ao club loma-me 0 dinheiro DepoiJ IIario fodo abre variasfTUJWJ diter poe-me inteiramenle nde-me os fabeos dgaveta da mmoda egoza naquea

desvairante goteando sobre mim iter Oh Nao Nao imaginaJ Cada gota que cal dd-me um arrepio

de trio tempo euma senJaaO de queimadura de cge10 ibilidade (Rio 199558)

no conto Cle6patra 0 relacionamento entre layds Fire tambem nao dispensava a utilizaltao

te anterior de Glavds havia morrido de uma om Raul Guimarae cia era canina com um E inofensiva Trazia as vezes um rev6lver ou ~~1l~ 11qq~1lamp~11Q 11ltb11fu lUI 1nfu

a ainda a aumentar a relaltao entorpecentes se fazia entre toxicos e prostituiltao12

sses alcaloides era para esses jovens sinal de altaon num momento em que era chit ser um

ha portanto 0 louvor feito em varias partes

com 0 consumo generalizado de entorpecentes da decada de 1910 quando foi publicado a

doutores Adaulo Botelho e Pernambuco Filho afirnlaram que cerca de Janeiro faziam uso de cocaina certo orgulho de que haja Wlla casa de apio na cidadePrincipallllcmc

ira que saiba do segredo a impressao de uma cilizalao com lodos

52

serie de reportagens emA Noite No fmal da decada 0 consurno estava consolidado e ja como um problema social tanto que pela primeira vez a policia foi obrigada a intervir A pollcia procurou nesse momenta controlar a venda que era abertamente feita nas farmacias ja que os produtos eter morfina cocaina e 6pio eram utilizados como medicamentos A irnprensa da epoca nao considerou essa forma de tentar controlar 0 vicio como capaz de produzir os efeitos necessarios(Careta ana XI n506 02 mar 1918)

o jornal 0 Paiz publicou em outubro de 1919 urn artigo onde reclama da altao da pollcia que segundo 0 autor carecia de continuidade o delegado do 5deg Distrito Policial havia acabado de prender os chineses Lein e Leck responsaveis pela fumerie do n 29 do Beco dos Ferreiros (0 mesmo citado por Luiz Edmundo que no en tanto se refere ao dono como Afonso) A grande preocupacao do rep6rter era com a continuidade da altao policial e 0 medo de que ocorresse apenas uma transferencia do local de venda do 6pio(As campanhas policiais 0 Paiz 20 out 1919 p6)

o artigo publicado numa segunda-feira parece ter cido resposta imediata pela pollcia que determinou a proibiltao da venda de drogas exceto aqueles que apresentassem receita medica A eficiicia da medida tambem foi questionada como podemos perceber por ilustraltao publicada pela Careta no sabado da mesma semana Nela vla-se chefe de pollcia colando aporta de uma farmacia 0 seguinte cartaz E proibido vender cocaina morfioa etc etc Do lado estava um guarda municipal desligado sobre 0 qual se ve uma tabuleta Farmacia Flor do Vieio Fornecedora dos Clubes do Rio(Sua Excelencia fez 0

mesmo Carea ana XII n592 25 out 1919) No inieio de 1921 novamente 0 jornal 0 Paiz perguntava

quem saberia para onde teriam ido os chineses expulsos de suas casas naquela operacao da pollcia1-l E iS80 porque 0 descuido da policia e das autoridades sanicirias em nao acompanhar as altoes seguintes daqueles que antes comercializavam 0 6pio havia permitido que des continuassem a exercer seu ofieio atendendo seus antigos clientes em casa onde entravam disfarltados de peixeiros quitandeiros e vendedores de guloseimas Com 0 tempo perce bendo que a acao da policia nao era constante voltaram a abrir suasfumerieJ Agora entretanto nas modernas jumerieJ hi t6xicos para todos os paladares morfrna cocaina eter etc(O comercio de narc6ticos 0 Pai~ 16 efv 1921 p3)

Nao era de estranhar portanto que aioda naquele ana a policia fizesse uma apreensiio de duas latas e quatro potes de 6pio na mesma cas a n 29 do Beco dos Ferreiros onde segundo a policia cerca de 50 pessoas iriam todos os dias fumar(O Pai~ 04 mar 1921 p5)

Nesse momento entretanto a luta contra 0 excessivo con sumo de eter 6pio cocaina e morfina estava ganhando uma dimensao cada

Vnla pista talvez poss ser enco11lrada no romance Jrwu de lpanema de Theo-Filho Nele um chines mantem sua fumerie no novo hairro apos ter sido expuiso da rna da Misericordia

53

1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

54

acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

55

havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

54

a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

55

(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

57

eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

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de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

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PEIXOTO Afr~l11io - -1r RaoeJ do Coraflio DE1994

PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

59

efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

o e Dr Pernambuco Filho I idor SOtair EleoanlcJ o eJmJ denmiddotlltldo ek) RJ Livraria Francisco Alves

dude do

im A LI~ Vermelba R) N Viggiani Editor

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A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

59

1

vez mais internacional havendo pressao para que 0 Brasil adotasse medidas efetivas para controlar a venda daqueles produtos1 5 Meios que serlam cnados com as mudancas nos regulamentos sanitarios aplicados avenda de produtos considerados como entorpecentes

Atraves do Decreto n 4294 de 6 de julho de 19210 governo brasllelro estabeleceu que aqueles que vendessem ou ministrassem substancias venenosas sem seguir as determinacoes dos regulamentos sanitarios sujeitavam-se a multas que variavam de 500$ a 1000$000 Estabelecia ainda que no caso da substancia venenosa ter qualidade entorpecente como 0 opio e a cocaina e seus derivados 0 contraventor ficava passivel de prisao celular por um a quatro anos(Decreto n 4294 fr 06071921 art 1deg)

Alguns meses depois foi editado 0 novo regulamento sobre a entrada daquelas substancias no pais A partir de entao elas 56 poderiam ~ntrar ro Brasil com licenca do Departamento Nacional de Saude par mtermedio da Inspetona de F1SCalizaCao do Exerdcio da Medicina Farmacla Arte Dentaria e Obstetricia que deveria manter um livro de registro das licencas concedidas Na comercializaCao interna tambem deveria estar registrada em livro toda a movimentacao dessas substancias visando impedir a sua venda indiscriminada(Decreto n 14969 de 23091921 art 1deg ao 8deg) Dispondo de meios legais mais eficazes a policia durante algum tempo procurou estabelecer urn cerco aos traficantes realizando algumas prisoes como a de Sebastiao Costa de 21 anos detido no momento em que tentava vender um frasco de cocaina para Marina dos Santos(O Paiz 12 abr 1922 p5)

Parte da imprensa nao duvidava em comentar essas medidas como pouco frutiferas ja que acreditava na existencia de forte corrupcao em setores da policia

- middotlImo lamar (o(alna OndeJa promrei em varia drogariaJ e mio emmiddotonrei

- Nao JOllberteJ promrar A poida lem apreendido veinal parlidar eeJtci IJendendo por meade do pre~yenJ VamoJ no depiJito da rua da RearJo(Careta ann AV n 72813 jun 1922)

o vicio era de dificil combate ja que localizado sobretudo pelos membros da elite carioca ciosa de seus interesse e de seus privilegios Por isso as campanhas policiais parecem ter seguido cicios que acmpanhavam pressoes de setores que eram contrarios autilizacao dos tOXICO Nesses momentos a poHcia procurava atacar mais d1retamente 0 problema para assim que as exigencias quanto a sua

~ Scg~llio Lena 1edciro de r1enezes 0 come-reio e 0 consumo de enlorpecendetes tomaram-sC delitos por 1I11p~ao do truludo de Veralhes (Menezes I 99() 14~ nota II) A Sociedade dus Na~()es em 1921 propos alterar os dtsposlllvos d Cotwenao de Haia lazendo com que os paises adotassem tim certilkado de tntportalo e exportaao do opio a fim de combater 0 contrabando e asegurar a diminuicao d produilo Em 1924middot5 Deorreri em (jenebra a Primeira COllvellcao do Opio (Hoijer 1925 46middot8)

54

acao se dissipassem nao mais ter na repressao E segundo artigo da Carefa mesrno nos rno os atingidos eram em geral os pequenos tra atingidos os laborat6rios e farrnacias que f~ [cocaina](Careta ana XVI 78614 jul 192

A mesma nota da Careta ernendava e elegantes que nos livros enos saloes canta docuras refinadas da vida rnoderna cram assig-t acontecia Urn exemplo disso foi a publ do Alvaro Moreyra cujo titulo Coaina (192 sociedade carioca( Nem mesmo no teatro 0

era mais forte e onde nao deveria ser pertI pecas que por sugestao ou ensinamento poss de crimes ou contenham apologia destes(I 1920 art 39) a policia demonstrava uma p combate aos entorpecentes 3asros Tigre fe cujo nome era Sonho de Opio e logo I

AdJo e EI)a e outroJ membroJ dajamlia de Alva o seguinte dialogo

oeTRO (Qliarenla tllfOJ An~ CiJma Jenado rJlJm banro Te pona de ~gal7middoto QlIando vai Sll~ entontra 1ira a ponta longe l MULER (Pequeno chapeu a maJe(gante SlIrge nao suabe de vllio middot10 ver OUTRO para ler com ele Pergllnta-ihe) 0 sell OUTRO Nao AfULHER 0 renhor niio e cit 0 1iio ff At Logo vi 0 Queoj que lJtU lvl Que 0 Jenhor nao era da pol 0 Por que perguntou AL Pergllnfei 0 Porque AJ Por nada Porfalar 0 (Ievanla-re) Por que pergunJ At (renla-Je) Ell queria poeira 0 l-leinr lvI Um liqllinbo tIrrim

11 Olcgano Manantlo puhlicou no mC5ln) alto 0 seu 11vro de crimi pocOla Sociedadc tcmos os seguintes erso~ Pamu urn pouc invudiu a sala inteiraJNahir WenlccK mum1urou com almaA COt

1924 35) 0 que pareee atestar a popularidade alcan~ada pela obi

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havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

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a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

leis aplraveis ao aJStmto eHapam Ii a(J[a cia poida ~ ar dil~gendaJ preventivaJ (I do Distrito Federal In N~godoJ I nlenow 192~ Nacional 1929m plW

57

eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

~ravidadepatolrigitl oJIumadores de ripio Um~ Opto (JIuba POl eemplo de SCI des(oblJrta pela

de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

56

Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

57

Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

Referencias Bibliogrdficas

ALMEID Jlllla Lopes de ElleJ I ElicH R] Francisco Alves amp Cia 1910

AMADO Gilberto TreJ LitJroJ gt1 chalI de Salomao e olllroJ ertritor crao de areia e eJlllcioJ braJileimr_ ~1 clan(a robre 0 abixmo R] Livraria Jose Olvmpio Ed 1963 shy

BCDELAIRE Charles (1m Cometor de ()pio Roma DEL Int Publishers sld

BILACOlavo I oJJa InJolencla CronitdJ SP Cia das Letras 1996

BOTELHO Dr Adauto e Dr Pernambuco Filho VitiOJ Sot1aiJ EleganeJ (cocuina eler diamba apio eJeuJ cler7lI1c1oJ elt) RJ Livraria Francisco lves 1924

COSTALLT Benjamim middot1 LJ Vermelha R] N Viggiani Editor 1919

_ 1-11111bullbullbull RJ Benjamim Costallat amp Miceolls Editores 1924

COCTO Ribeiro ~1 Ciclade do I kio e da Craw 2 ed Rio de Janeiro rquivo Publico do Estado do R] 1998

EDMlNDO Luiz 0 Rio de1aneiro do Afell Tempo 10 vol RJ Conquista 1957

FONSECA Guido () Submlmco dOJ ToxicOJ em Sao Paulo (remoJ XIUI XIX e XX) SP Ed Resenha Tributaria 1994

~~EtSON Bras Iir(iia claJ IVaJ do Rio de aneiro Rio de Janeiro I reieltura do DfmiddotSec Geml de Ed E Cultura sid

HOIJER Olo( L Trajit de LOpiam el [) ~middotlureJ Jtllpejianr Paris Editions Spes 1925

58

LIMA Dr Hermeto 0 Suiddio no Rio de Janei 1913 (Biblioteca do Boletim Policial-XIlI)

MARTINS Wilson HiJtOr7tl cia Inteliinda Bl Tn Queiroz Editor 1996

JvIARIANNO Olegario - Ba-Ia-dan RJ Benj Editores 1924

MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJqriveiJ RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRgt Alvaro Coalina RJ Pimenta

__ AdJo Eva e oulroJ membror claIamiitl (p Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afr~l11io - -1r RaoeJ do Coraflio DE1994

PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

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efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

o e Dr Pernambuco Filho I idor SOtair EleoanlcJ o eJmJ denmiddotlltldo ek) RJ Livraria Francisco Alves

dude do

im A LI~ Vermelba R) N Viggiani Editor

Costallat amp Miccolis Editores 1924

T fdo e da Grafa ~a ed Rio de Janeiro tado do RJ 1998

0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

ubmlUldo dOJ TdxicoJ em Silo HIIIo (feculoJ XI III enha Tributaria 1994

a daJ Rita do Rio de Juneiro Rio de Janeiro eral de Ed E Cultura sid

deL Opium et D middotlulrcJ StuNliuntJ Paris Editiom

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LIMA Dr Hermeto 0 Suicidio no Rio de Janeiro R] Imprensa Nadonal 1913 (Biblioteca do Boletim Policial -XIII)

MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

JvLRIANNO Olegario - Ba-ta-dan RJ Benjamim Costallatamp Jvliccolis Editores 1924

MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJejdtleir dcrdaJJtlictJdor cia modernidade RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

__ Addo Eva e ollrOJ membro clajamilia (pelta em 4 atos) RJ Servilto Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afrimio 1r Ra~iJer do Corafiio 7 ed RJ SMCDEDIC DE 1994

PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

__ Dentro da Noite RJParis Garnier 1910

A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

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havendo pres sao para que 0 Brasil adotasse controlar a venda daqueles ptOdutoS1 5 Meios

as mudanltas nos regulamentos sanitarios nil1~c considetados como entorpecentes

n 4294 de 6 de julho de 1921 0 governo que aqueles que vendessem ou ministrassem sem seguir as detetminaltoes dos tegulamentos

a multas que variavam de 500$ a 1000$000 caso da substancia venenosa tet qualidade e a cocaina e seus derivados 0 conttaventot

celulat por urn a quatro anos(Decreto n 4294

foi editado 0 novo tegulamento sobre a no pais A partir de entao das so poderiam do Departamento Nacional de Saude por

de Fiscalizaltao do Exercicio da Medicina e Obstetricia que devetia manter urn livro d~

IOncedJldas Na comercializaltao interna tambern em bvro toda a movimentaltao dessas

art 10

-lpedtr a sua venda indiscriminada(Decreto n ao 8deg) Dispondo de meios legais mais

algum tempo procutou estabelecer urn cerco algumas prisoes como a de Sebastiao Costa

Santos(O PaiZ 12 abr 1922 p5)

tomar co((]ina

carioca ciosa de seus

[nomt~nto em que tentava vender urn frasco de

a nao duvidava em comentar essas medidas que acreditava na existencia de forte corrupltao

fa promrei em varitlS drogariaJ e nao encontrei soubeJteJ procurar 1 pol ida em apreendido variaJ

esld vendendo por metade do pre(o I amoJ no deposito Reiarao(Carela ano Xv n 72813 Jun 1922)

dificil combate ja que localizado sobretudo interesses e de seus

policiais parecem rer seguido cicIos de setores que eram contrariOR a utilizaltao

a policia procurava atacar mais para assim que as exigencias quanto it sua

0 conltnio e 0 consurno de entorpecclldetes tomaram-se delitos por I l96 148 110la II) A Sociedade das Na~oes em 1921

tillcndo com que os paises adotassem um certiticado de conlbalero comrabando e assegum a diminuiao da produltao

(ol1elllaO do Opio (Hoijer 1925 468)

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a~iio se dissipassem mio mais ter na repressao ao traiico uma prioridade E segundo artigo da Carefa mesmo nos momentos de maior pressao os atingidos eram em geral os pequenos ttaficantes de rua nao sendo atingidos as laboratorios e farmacias que fabricam 0 precioso toxico fcocaina](Careta ana XVI 786 14 jul 1923)

A mesma nota da Careta emendava nem mesmo os literatos e elegantes que nos livros enos saloes cantam a delicia da cocaina nas dolturas refinadas da vida moderna eram perturbados de fato assll acontecia Urn exemplo disso foi a publicaltao do livro de poemas do Alvaro Moreyra cujo titulo Cooaina (1924) nao causou surpresa a sociedade carioca Nem mesmo no teatro onde a censura estabe1ecida era mais forte e onde nao deveria ser permitida a representaltao de peltas que por sugestao ou ensinamento possam induzir alguem apratica de crimes ou contenham apologia destes(Decreto n 1429 de 912 1920 art 39) a policia demonstrava uma preocupaltao maior com 0

combate aos entorpecentes ~astos Tigre fez representar uma revlsta cuio nome era Sonho de Opio e logo na primeira cena da peca Adiio e Eva e otlros membras dajamilia de Alvaro Moreyra encontramos o seguinte dialogo

OUTRO (Quarenla anoJ Antipdti(o Roupa de linho branm Clsma Jentado num bantmiddoto Tem entre dedoJ apagada uma ponta de dgarro Quando vai rugti-Ia pro(tlrafri~loroJ Nao OJ

encontra Aira a ponta longe mm brutalidade) MULHER (Pequeno chapeu defetro verde VeJtido simples mas ele~~ante Suc~e nao Jf Jabe de onde Traz um ar de Judo e de vido Ao ver OU1RO pam indeciJa Depois devagar vai ter (om ele Pergunla-Ihe) 0 Jenhor e da politia OUlRO Nao AIULHER 0 Jenhor nao e da polkia 0 Naof At Logo vi 0Quefoi que viu M Que 0 Jenlior nao era da polkia 0 Por que perguntou M Perguntei 0 Porqtle M Por nada Por alar 0 (Ievanla-re) Porque pC1guntou AI (renta-Je) Eu queria poeira 0 Hein M Um liquinbo aJrim

11 01egario Marial1l) puhiicou no mesmo ano 0 seu livro de crO-nica 111undana em versos Ha~ta~clan No poem Sociedade temos os seguinles versos ramu um pouco a orquestra Fezmiddotse calmaJO sileneio invadiu a saJa inteiralNahir Wemeck mummrou com almaA Cocailla de Alvaro Moreyra (Marianno 1924 35) 0 que parece atestar a popularidade alcanlada pela obra

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(

0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

Mais do que pdo enrraquedme~ dOJ allOideJ a toicomania a nofeu tombale Ii vista da reduf deJmoronamento moral om chamadaJ elitn da Jodedade v quaiJquer mirereJ mats que iJJO

da soriedade em leuc dOJ aloJ dl ornamentoJ~ um~ tez auadoJJ coltaina da marina do opio e toxicos 0 t)aiz 11 ago1

A tentativa do Dr Carlos Costa ( razao a policia nao conseguia reprimir ~ daquelas substancias em vista do contraban e farmaceuticos e da impossibilidade de a~ foram apontados pelo chefe de policia cor do mal fosse peIo seu numero fosse vantagens do uso dogt entorpecentes independentemente da vontade da famili internados para tratamento isolando-os da maneira a propagacilo do vieio Entretar internacao tramitava lentamente no Senae de Policia reclamasse no seu relatorio pal

o dmnvozJimenlo da arao I

sobretudo mnlra 0 trtico cia que a injilrarao dese lifeio III

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eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

tu~oNao sobrou nem um papelzinho Naojaz mlsturado Nao canto a ninguem A ninguem Juro

ftliddade noutra caisa Va tomar um mjif E melhor ir dormir

que vendeu ludo nadaNunta vendi mtlinaM NumtlO Numtl

1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

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o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

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uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

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Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

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Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

Referencias Bibliogrdficas

ALMEID Jlllla Lopes de ElleJ I ElicH R] Francisco Alves amp Cia 1910

AMADO Gilberto TreJ LitJroJ gt1 chalI de Salomao e olllroJ ertritor crao de areia e eJlllcioJ braJileimr_ ~1 clan(a robre 0 abixmo R] Livraria Jose Olvmpio Ed 1963 shy

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COSTALLT Benjamim middot1 LJ Vermelha R] N Viggiani Editor 1919

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HOIJER Olo( L Trajit de LOpiam el [) ~middotlureJ Jtllpejianr Paris Editions Spes 1925

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LIMA Dr Hermeto 0 Suiddio no Rio de Janei 1913 (Biblioteca do Boletim Policial-XIlI)

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MOREYRgt Alvaro Coalina RJ Pimenta

__ AdJo Eva e oulroJ membror claIamiitl (p Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afr~l11io - -1r RaoeJ do Coraflio DE1994

PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

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efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

nalidade da campanha como de instalaltoes ara viciados Deixava claro assim que os da parte da rotina da cidade

s de ElleJ e EIaJ RJ Francisco Alves amp Cia

1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

les (1m Comedor de Gpio Roma DEL Int

Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

o e Dr Pernambuco Filho I idor SOtair EleoanlcJ o eJmJ denmiddotlltldo ek) RJ Livraria Francisco Alves

dude do

im A LI~ Vermelba R) N Viggiani Editor

Costallat amp Miccolis Editores 1924

T fdo e da Grafa ~a ed Rio de Janeiro tado do RJ 1998

0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

ubmlUldo dOJ TdxicoJ em Silo HIIIo (feculoJ XI III enha Tributaria 1994

a daJ Rita do Rio de Juneiro Rio de Janeiro eral de Ed E Cultura sid

deL Opium et D middotlulrcJ StuNliuntJ Paris Editiom

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LIMA Dr Hermeto 0 Suicidio no Rio de Janeiro R] Imprensa Nadonal 1913 (Biblioteca do Boletim Policial -XIII)

MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

JvLRIANNO Olegario - Ba-ta-dan RJ Benjamim Costallatamp Jvliccolis Editores 1924

MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJejdtleir dcrdaJJtlictJdor cia modernidade RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

__ Addo Eva e ollrOJ membro clajamilia (pelta em 4 atos) RJ Servilto Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afrimio 1r Ra~iJer do Corafiio 7 ed RJ SMCDEDIC DE 1994

PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

__ Dentro da Noite RJParis Garnier 1910

A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

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0 Diga 0 que If que queria M Nao tem (ocaina 0 COtaina M Entao eu nao sei Um homem sentado numjardim a esta hora ou e ~ pokia ou vende Cristina DE sim Pago de quaquerJetto Uma msquinha so o (lorna a sentar-se) Nao se envenene MDd 0 Nao tenho M E em twa 0 Nao tenho M Vende~ ludo Nao sobrou nem um papelzinho Naojaz malque soa mtsturado Nao mnto a ninguem A ninguem Jura pela minhafdiddade 0 Pense noutra foisa Va tomar um taft E melhor ir dormir M Oh Por que vendeu tudo 0 Nao vendi nada Nunta vendi totainaM NumaO Numa (Moreira 1973)

A venda d cocaina aparece nesse trecho da peca de forma bastante natural nao merecendgt qualquer observacao por parte da censura Aqill cmo no casodo logo a perseguicao se fazia quase que excl~slvamente as classes malS balxas deixando-se que as classes altas segillssem desfrutando da possibilidade de sonhar

o crescimento do consumo se fazia nao apenas na quantidade mas na dlversldade E~ uma de suas cronicas semanais publicadas aos dommgos Chrysantheme apontava para 0 uso nao apenas da cocaina e da morfina mas ate da digitalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926 p5)

Da mesma forma 0 jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento em 1927 no Rio de Jmerro do vido do opio Dizia a reportagem

110 Rio aem doS mcainomanos motjinomanos eteromanos ett temos a registrar 0 aparedmento de uma nova dasse de vitiados de nao menos ~razidade patolOgica osjumadom de 6pio Um~ fu~ene de ()ptO ataba por exemplo de ser descoberta pda poltaa nosjundos de um rutaurante chiniJ situado Ii rna Visconde de ltatina Vanos inditJiciuoJjorampresos em esado de evidente embnaguez opidcea(l campanha contra os toxicomanos e os seus aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr 1927 p3)

Estranha 0 fato de que uma droga que desde 0 inicio do sec~lo est~va presente na cidade inclusive com prisoes realizadas peIa policla seJa uda como uma novidade ja no final da decada de vinte U~a pos~ivel explicacao porem talvez seja encontrada no fato de que o OplO tlnha abandonado a regiao escusa e degradada da rua da

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Misericordia frequentada pcla populacao de se numa rua da zona suI a Rua Visconde de 11

A descoberta e 0 fechamento da Iu ltauna resultou de urn crescimento do esfOl ao comercio de entorpecentes Em agosto d do DF Dr Carlos Costa deflagrou uma t1

uso de toxicos num esfono que reunia r tambem juristas medicos e farmaceuticos Na conseguiu prender e abrir processo contra da venda ilegal de cocaina na forma da Lei n do Chefe de Policia do Distrito Federal I Justtfl e Negodos lntenom - 1926 RJ Imprer o empenho geral tinha razao de ser af membros da sociedade que estavam send

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57

eu niiosi Um homem sentado numjardim a esta e da polma ou vende Cristina De sim Pago de

Uma tlsquinha so a sentar-se) Nao se envenene

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1973)

aparece nesse trecho da peca de forma (pncl qualquer observacao por parte da

do Jogo a perseguicao se fazia quase que mats baixas deixando-se que as classes altas possibilidade de sonhar consumo se ~azia nao apenas na quantidade

de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

dos t(xainomanor morjinomanos eleromanoJ el oapamimento de uma nOIJa dane de vidados

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de um restaurante dJines siluado arna Vismnde Vdnos ifdilJiduoJjorampmos em eSlado de evidente opidcea(A campanha contra os toxicomanos aspectos deste momento 0 Paiz 07 abr

uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

56

Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

57

Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

Referencias Bibliogrdficas

ALMEID Jlllla Lopes de ElleJ I ElicH R] Francisco Alves amp Cia 1910

AMADO Gilberto TreJ LitJroJ gt1 chalI de Salomao e olllroJ ertritor crao de areia e eJlllcioJ braJileimr_ ~1 clan(a robre 0 abixmo R] Livraria Jose Olvmpio Ed 1963 shy

BCDELAIRE Charles (1m Cometor de ()pio Roma DEL Int Publishers sld

BILACOlavo I oJJa InJolencla CronitdJ SP Cia das Letras 1996

BOTELHO Dr Adauto e Dr Pernambuco Filho VitiOJ Sot1aiJ EleganeJ (cocuina eler diamba apio eJeuJ cler7lI1c1oJ elt) RJ Livraria Francisco lves 1924

COSTALLT Benjamim middot1 LJ Vermelha R] N Viggiani Editor 1919

_ 1-11111bullbullbull RJ Benjamim Costallat amp Miceolls Editores 1924

COCTO Ribeiro ~1 Ciclade do I kio e da Craw 2 ed Rio de Janeiro rquivo Publico do Estado do R] 1998

EDMlNDO Luiz 0 Rio de1aneiro do Afell Tempo 10 vol RJ Conquista 1957

FONSECA Guido () Submlmco dOJ ToxicOJ em Sao Paulo (remoJ XIUI XIX e XX) SP Ed Resenha Tributaria 1994

~~EtSON Bras Iir(iia claJ IVaJ do Rio de aneiro Rio de Janeiro I reieltura do DfmiddotSec Geml de Ed E Cultura sid

HOIJER Olo( L Trajit de LOpiam el [) ~middotlureJ Jtllpejianr Paris Editions Spes 1925

58

LIMA Dr Hermeto 0 Suiddio no Rio de Janei 1913 (Biblioteca do Boletim Policial-XIlI)

MARTINS Wilson HiJtOr7tl cia Inteliinda Bl Tn Queiroz Editor 1996

JvIARIANNO Olegario - Ba-Ia-dan RJ Benj Editores 1924

MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJqriveiJ RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRgt Alvaro Coalina RJ Pimenta

__ AdJo Eva e oulroJ membror claIamiitl (p Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afr~l11io - -1r RaoeJ do Coraflio DE1994

PEIXOTO franio middot1 Erfinge 3 ed RJ F[

RIO Joao do lt1 llma Emantadortl cltlJ IVas

__ DenIm cia Joile R]Paris Garnier 19

_ 1111Iher e OJ EpelboJ RJ Secretaria M

(TEBER Eugen Franftl Fin-deSiede SP Ci

59

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1 LizlroJ middot1 dlale de Saomao e ollrOJ urnoJ Grao 1 dun(a Johre 0 abifmo RJ Livraria Jose Olympio

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Joentia CronimJ SP Cia das Letras 1996

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0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

ubmlUldo dOJ TdxicoJ em Silo HIIIo (feculoJ XI III enha Tributaria 1994

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deL Opium et D middotlulrcJ StuNliuntJ Paris Editiom

58

LIMA Dr Hermeto 0 Suicidio no Rio de Janeiro R] Imprensa Nadonal 1913 (Biblioteca do Boletim Policial -XIII)

MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

JvLRIANNO Olegario - Ba-ta-dan RJ Benjamim Costallatamp Jvliccolis Editores 1924

MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJejdtleir dcrdaJJtlictJdor cia modernidade RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

__ Addo Eva e ollrOJ membro clajamilia (pelta em 4 atos) RJ Servilto Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afrimio 1r Ra~iJer do Corafiio 7 ed RJ SMCDEDIC DE 1994

PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

__ Dentro da Noite RJParis Garnier 1910

A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

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59

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de suas crOnlcas semanais publicadas aos ~pontava para 0 uso nao apenas da cocaina

digltalina(A semana 0 Paiz 19 set 1926

o jornal 0 Paiz registrou 0 reaparecimento do vicio do opio Dizia a reportagem

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uma droga que desde 0 inkio do inclusle com prisoes realizadas pela

novtdade Ja no final da decada de vinte t~~vez seja encontrada no fato de que

a regtao escusa e degradada da rua da

56

Misericordia freqiientada pela populacao dos excluidos para instalarshyse numa rua da zona suI a Rua Vis conde de Itauna no Jardim Botimico

A descoberta e 0 fechamento da umerie da Rua Visconde de Itatma resultou de urn crescimento do esforco da policia no combate ao comercio de entorpecentes Em agosto de 19260 Chefe de Policia do Df~ Dr Carlos Costa deflagrou uma nova onda de combate ao uso de toxicos num esforco que reunia nao apenas a policia mas tambem juristas medicos e farmaceuticos N aquele mesmo ano a policia conseguiu prender e abrir processo contra dezesseis pessoas acusadas da venda ilegal de cocalna na forma da Lei n 4294 de 1921 (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo Do Minisro da Jusilu e Negoios InterioreJ 1926 RJ Imprensa Nacional 1927 p 122) o empenho geral tinha razao de ser afinal eram os melhores membros da sociedade que estavam sendo destruidos

Mais do que pelo enraqlletimentojlsko prodllzido na absorfiio dOJ akalrJideJ a toi omania deve a todos alarmar e iftermar no seu rombale aviJa cia redufiio inteedualque delermina e do dCJmoronamento moral com que ameafa principalmente as chamadaJ elites da JOiiedade vidando-ar inutilizando-as para quaisquermilterel~ maiJ que irfo tornando-arperigorar no tOnvivio cia Jodedade emjim dor aOJ de que rao ltlpazeJ 01 reuJ mebom ornamenloJ uma vezatuadorpela afiio irreJponJabilizadom da cotuina cia morjina do ripio etc etl(Repressao ao uso de toxicos 0 Paiz 11 ago1926 p5)

A tentativa do Dr Carlos Costa de uma arao conjunta tinha razao a policia nao conseguia reprirnir adequadamente 0 comercio daquelas substancias em vista do contrabando da conivencia de medicos e farmaceuticos e da impossibilidade de ariio contra os viciados Estes foram apontados pelo chefe de policia como os maiore propagadores do mal fosse pdo seu numero Fosse pelo louvor que faziam as vantagens do uso dos entorpecentes A policia queria agora eles independentemente da vontade da familia os viciados pudessem ser internados para tratamento isolando-os da sociedade e impedindo dessa maneira a propagaltao do vicio Entretanto a lei que autorizava essa internarao trarnitava lentamente no Senado fazendo com que 0 Chefe de Policia reclamasse no seu relatorio para 0 ana de 1927

o deJenvolvimento cia afiio reprmiva contm a toxicomania e Jobretudo contm 0 traieo das subJtanciaJ venenOJaJ demonstra que a iiltrafiio destetJicio encontmjiuilidade Ita d~iciemia das leis apliaiveiJ an aSJunlo como em mei()J de jhtalizafiio que eJcapam aa4ucla da poida quando nao the diicullam eestortJam aJ dilgendas prevcntivaJ (Relatorio do Chefe de Policia do Distrito FederaL In Relatririo do MiniJtro cia Justia e NegridoJ Interiores 1927 Rio de Janeiro Imprensa Nacional 1929m p169)

57

Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

Referencias Bibliogrdficas

ALMEID Jlllla Lopes de ElleJ I ElicH R] Francisco Alves amp Cia 1910

AMADO Gilberto TreJ LitJroJ gt1 chalI de Salomao e olllroJ ertritor crao de areia e eJlllcioJ braJileimr_ ~1 clan(a robre 0 abixmo R] Livraria Jose Olvmpio Ed 1963 shy

BCDELAIRE Charles (1m Cometor de ()pio Roma DEL Int Publishers sld

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BOTELHO Dr Adauto e Dr Pernambuco Filho VitiOJ Sot1aiJ EleganeJ (cocuina eler diamba apio eJeuJ cler7lI1c1oJ elt) RJ Livraria Francisco lves 1924

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LIMA Dr Hermeto 0 Suiddio no Rio de Janei 1913 (Biblioteca do Boletim Policial-XIlI)

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JvIARIANNO Olegario - Ba-Ia-dan RJ Benj Editores 1924

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0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

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LIMA Dr Hermeto 0 Suicidio no Rio de Janeiro R] Imprensa Nadonal 1913 (Biblioteca do Boletim Policial -XIII)

MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

JvLRIANNO Olegario - Ba-ta-dan RJ Benjamim Costallatamp Jvliccolis Editores 1924

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MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

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PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

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A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

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59

Em 19290 Chefe de Polkia Dr Cortolano de Goes Filho em seu relatorio ressaltava os resultados obridos pela campanha inieiada peIo Dr Carlos Costa Entretanto apontava uma serie de difieuldades encontradas pela polieia que lutou contra a falta de elementos que se faz notar na exiguidade do pessoal e na deficiencia tanto de uma legislacao adaptada it finalidade da campanha eomo de instalacoes hospitalares especiais para viciados Deixava claro assim que os entorpecentes faziam ainda parte da rorina da cidade

Referencias Bibliogrdficas

ALMEID Jlllla Lopes de ElleJ I ElicH R] Francisco Alves amp Cia 1910

AMADO Gilberto TreJ LitJroJ gt1 chalI de Salomao e olllroJ ertritor crao de areia e eJlllcioJ braJileimr_ ~1 clan(a robre 0 abixmo R] Livraria Jose Olvmpio Ed 1963 shy

BCDELAIRE Charles (1m Cometor de ()pio Roma DEL Int Publishers sld

BILACOlavo I oJJa InJolencla CronitdJ SP Cia das Letras 1996

BOTELHO Dr Adauto e Dr Pernambuco Filho VitiOJ Sot1aiJ EleganeJ (cocuina eler diamba apio eJeuJ cler7lI1c1oJ elt) RJ Livraria Francisco lves 1924

COSTALLT Benjamim middot1 LJ Vermelha R] N Viggiani Editor 1919

_ 1-11111bullbullbull RJ Benjamim Costallat amp Miceolls Editores 1924

COCTO Ribeiro ~1 Ciclade do I kio e da Craw 2 ed Rio de Janeiro rquivo Publico do Estado do R] 1998

EDMlNDO Luiz 0 Rio de1aneiro do Afell Tempo 10 vol RJ Conquista 1957

FONSECA Guido () Submlmco dOJ ToxicOJ em Sao Paulo (remoJ XIUI XIX e XX) SP Ed Resenha Tributaria 1994

~~EtSON Bras Iir(iia claJ IVaJ do Rio de aneiro Rio de Janeiro I reieltura do DfmiddotSec Geml de Ed E Cultura sid

HOIJER Olo( L Trajit de LOpiam el [) ~middotlureJ Jtllpejianr Paris Editions Spes 1925

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LIMA Dr Hermeto 0 Suiddio no Rio de Janei 1913 (Biblioteca do Boletim Policial-XIlI)

MARTINS Wilson HiJtOr7tl cia Inteliinda Bl Tn Queiroz Editor 1996

JvIARIANNO Olegario - Ba-Ia-dan RJ Benj Editores 1924

MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJqriveiJ RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRgt Alvaro Coalina RJ Pimenta

__ AdJo Eva e oulroJ membror claIamiitl (p Nacional de TeatroMEC 1973

PEIXOTO Afr~l11io - -1r RaoeJ do Coraflio DE1994

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o e Dr Pernambuco Filho I idor SOtair EleoanlcJ o eJmJ denmiddotlltldo ek) RJ Livraria Francisco Alves

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deL Opium et D middotlulrcJ StuNliuntJ Paris Editiom

58

LIMA Dr Hermeto 0 Suicidio no Rio de Janeiro R] Imprensa Nadonal 1913 (Biblioteca do Boletim Policial -XIII)

MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

JvLRIANNO Olegario - Ba-ta-dan RJ Benjamim Costallatamp Jvliccolis Editores 1924

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PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

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A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

59

efe de Policia Dr Coriolano de Goes Filho a os resultados oGtidogt pda campanha iniciada ntretanto apontava uma serie de dificuldades que Iutou contra a falta de elementos que se do pessoal e na deficiencia tanto de uma

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T fdo e da Grafa ~a ed Rio de Janeiro tado do RJ 1998

0 de janeiro do Mel Tempo 10 voL R] Conquista

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58

LIMA Dr Hermeto 0 Suicidio no Rio de Janeiro R] Imprensa Nadonal 1913 (Biblioteca do Boletim Policial -XIII)

MARTINS Wilson Hiftrina da Integenda BrtIJileira VoL V Sao Paulo TA Queiroz Editor 1996

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MENEZES Lena Medeiro de OJ IndeJejdtleir dcrdaJJtlictJdor cia modernidade RJ Editora da UERJ 1996

MOREYRA Alvaro Cocaina RJ Pimenta de Mello amp C 1924

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PEIXOTO Afrimio 1r Ra~iJer do Corafiio 7 ed RJ SMCDEDIC DE 1994

PEIXOTO Afranio 1 E4inge 3 ed RJ Francisco Alves 1913

RIO Joao do1 Alma Encanladora daJ Ruar R] Garnier 1908

__ Dentro da Noite RJParis Garnier 1910

A vItiher eo Erpelhot RJ Secretaria Municipal de Cuitura 1995

lEBER Eugen ~Fran(tJ Ftn-de-Siede SP Cia das Letras 1988

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