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A CHARGE POLÍTICA EM GOIÁS COMO FERRAMENTA DA ARTE- COMUNICAÇÃO NA ABORDAGEM DE MARIOSAN Renato Fonseca Ferreira Mestrando em Cultura Visual na Universidade Federal de Goiás Bolsista CNPQ/ CAPES [email protected] Resumo A charge proporciona uma infinidade de olhares que não se resumem apenas à forma, mas ao seu conteúdo informativo e características que lhe são singulares como o discursivo persuasivo e a mensagem de protesto. Há um olhar tendencioso para a charge enquanto ferramenta humorística, porém seu alcance vai além de uma imagem cômica partindo para a comunicação de fatos através de uma linguagem visual, revelando um discurso próprio contra a estrutura sociopolítica, econômica e cultural de um determinado grupo. Este trabalho visa a análise de uma charge executada por Mariosan em 2008 que se caracteriza como prática discursiva e ideológica de natureza persuasiva. A abordagem política ressaltada nas charges revela o posicionamento ideológico que o artista possui e, por se tratar de um sujeito que acompanhou a evolução e desenvolvimento da charge no Estado e as mudanças políticas, econômicas e sociais – de meados da década de 1970 até os dias atuais – constituem-se também em uma fonte de conhecimento não apenas de seu trabalho, mas também um resgate de parte da história da charge de Goiás. Palavras-chave: Mariosan, charge goiana, arte-comunicação Introdução A charge, na maioria das vezes, possui publicação diária em jornais ou revistas de atualidades que organizam um conjunto predominante de textos em torno dela com o intuito de transmitir a informação. Geralmente, a charge é apresentada nos gêneros opinativos de um dado jornal ao lado de editoriais e artigos com a função de elucidar situações e personalidades que estiveram em destaque durante o dia ou semana. As charges sugerem uma comicidade despertada pela capacidade lúdico-criativa do artista denotando não apenas sua técnica, mas seu ponto de vista crítico e perceptivo distinguindo suas diferenças estéticas e culturais. Calabrese (1993, p. 21-22), afirma que na observação de uma imagem, são considerados seus princípios culturais e estéticos, a noção de III Encontro Nacional de Estudos da Imagem 03 a 06 de maio de 2011 - Londrina - PR 2480

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A CHARGE POLÍTICA EM GOIÁS COMO FERRAMENTA DA ARTE-

COMUNICAÇÃO NA ABORDAGEM DE MARIOSAN

Renato Fonseca Ferreira

Mestrando em Cultura Visual na Universidade Federal de Goiás

Bolsista CNPQ/ CAPES

[email protected]

Resumo

A charge proporciona uma infinidade de olhares que não se resumem apenas à forma,

mas ao seu conteúdo informativo e características que lhe são singulares como o discursivo

persuasivo e a mensagem de protesto. Há um olhar tendencioso para a charge enquanto

ferramenta humorística, porém seu alcance vai além de uma imagem cômica partindo para a

comunicação de fatos através de uma linguagem visual, revelando um discurso próprio contra

a estrutura sociopolítica, econômica e cultural de um determinado grupo. Este trabalho visa a

análise de uma charge executada por Mariosan em 2008 que se caracteriza como prática

discursiva e ideológica de natureza persuasiva. A abordagem política ressaltada nas charges

revela o posicionamento ideológico que o artista possui e, por se tratar de um sujeito que

acompanhou a evolução e desenvolvimento da charge no Estado e as mudanças políticas,

econômicas e sociais – de meados da década de 1970 até os dias atuais – constituem-se

também em uma fonte de conhecimento não apenas de seu trabalho, mas também um resgate

de parte da história da charge de Goiás.

Palavras-chave: Mariosan, charge goiana, arte-comunicação

Introdução

A charge, na maioria das vezes, possui publicação diária em jornais ou revistas de

atualidades que organizam um conjunto predominante de textos em torno dela com o intuito

de transmitir a informação. Geralmente, a charge é apresentada nos gêneros opinativos de um

dado jornal ao lado de editoriais e artigos com a função de elucidar situações e personalidades

que estiveram em destaque durante o dia ou semana.

As charges sugerem uma comicidade despertada pela capacidade lúdico-criativa do

artista denotando não apenas sua técnica, mas seu ponto de vista crítico e perceptivo

distinguindo suas diferenças estéticas e culturais. Calabrese (1993, p. 21-22), afirma que na

observação de uma imagem, são considerados seus princípios culturais e estéticos, a noção de

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estilo constitui um conjunto significativo de figuras com as quais um sujeito, um grupo ou

uma época se expressa. Logo, a caricatura ou charge possui elementos gráficos que

diferenciam cada artista como uma espécie de assinatura identificando o estilo de um

determinado cartunista. Embora a charge possua elementos plásticos que a caracterizam nas

artes visuais, a recorrência a elementos verbais e a construção de valores históricos e sociais,

tornam a charge em um dispositivo transdisciplinar, portadora de um discurso persuasivo e

ideológico que utiliza o humor como ferramenta de orientação crítica e de protesto.

O humor presente na charge não pressupõe uma atitude negativa, mas “é justamente a

constituição humorística que permite à charge, dissimulando seu caráter de oposição, tentar

desvelar, pela linguagem verbal e não-verbal, sentidos muitas vezes silenciados no contexto

político.” (ATHAYDE, 2010, p. 9)

Esta afirmação da autora demonstra que o discurso ideológico presente na charge

considera o humor como uma “função desestabilizadora de sentidos” que revela aquilo que

não é dito diretamente, mantendo um posicionamento de protesto e rebeldia. Nesse sentido, a

imagem assim como os elementos textuais que a cerca, obtém destaque não apenas pela

irreverência que trata o assunto, mas por sua capacidade de atingir a cognição de determinado

fato pelo viés visual como forma de expressão.

A análise será realizada na observação de uma charge, baseada nos pressupostos

teóricos de JOLY (2007) e CALABRESE (1987, 1993) com o intuito de revelar conteúdos e

significados intrínsecos em sua composição. A análise do discurso presente na charge contará

também com os conceitos expostos por FIORIN (1999) e ORLANDI (2007) como método de

descrever e explicar criticamente os processos de produção e circulação da charge e, visando

compreender os mecanismos dos processos de significação e não apenas interpretar a imagem,

buscando verdades ocultas, mas reconhecer seu simbolismo a cerca da realidade e a

construção de ideologias, da identificação do sujeito e de historicidade a partir da

subjetividade utilizada pelo artista.

A CHARGE EM GOIÁS

A trajetória da charge no Estado de Goiás não é historicamente catalogada, logo várias

lacunas existem sobre a origem da mesma, não sendo possível definir com exatidão seu

precursor uma vez que a grande maioria dos trabalhos não possuía assinatura ou data. A

primeira charge que surgiu em Goiás foi publicada no antigo Jornal de Notícias, de Alfredo

Nasser segundo reportagem publicada no jornal O Popular (1978). Como não trazia

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assinatura, não se sabe quem é o autor. No entanto, José Asmar (1924-2006) é considerado

pelos artistas proeminentes da década de 70 (Mariosan e Jorge Braga – em entrevista – dentre

outros) e, inclusive fontes de jornais goianos (O Popular, 1978) como o artista pioneiro na

elaboração e publicação da charge no Estado.

Ilustração 1. Folha de Goyáz. 10 de agosto de 1949. Goiânia. p.1

Todavia, após consultas realizadas no Instituto Histórico Geográfico de Goiás,

constatei que a charge em Goiás não passou a ser difundida apenas com Asmar por volta da

década de 1940 a 1960, mas também em 1949, por Augusto Rodrigues (1913-1993)i

conforme ilustração 1.

Esta ilustração é uma evidência de que a charge esteve inicialmente divulgada ainda

na década de 1940. Nesta imagem podem-se identificar dois indivíduos aparentemente

pertencentes à classe média, identificados pela indumentária da época que discorrem sobre

outro sujeito: Adhemar. Aparentemente o referido indivíduo seria Adhemar Pereira de Barros,

político influente entre as décadas de 1930 e 1960, nomeado interventor federal na Era Vargas

e, posteriormente eleito prefeito e governador de São Paulo. A charge não apresenta nenhuma

relação com os acontecimentos ocorridos no Estado de Goiás, conforme observado no diálogo

dos dois indivíduos, pois apesar da impressão ser realizada no Estado, em pequena escala, a

charge era importada de outros jornais de circulação nacional, pela ausência de artistas locais.

Este fato é explicado pelo período anterior à Revolução de 30 e transferência da capital em

Goiás cuja população, em sua maioria, era de origem rural havendo a predominância dos

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latifúndios, a ausência de centros urbanos e a economia quase que exclusivamente de

subsistência, (PALACÍN, 1994; MORAES, 1994) justificando a carência de cartunistas que o

Estado possuía. Somente a partir de 1940, imprime-se um ritmo acelerado ao progresso de

Goiás, com a campanha nacional “Marcha para o Oeste” para intensificar a popularização do

Estado de Goiás que culmina na década de 50 com a construção de Brasília (PALACÍN,

1994; MORAES, 1994). Assim com o processo de urbanização, a formação de um mercado

interno, o desenvolvimento da indústria e o crescimento da população urbana de Goiás com

altos índices de imigração, sobretudo de Estados como Minas Gerais, Bahia e Maranhão,

favoreceram o aparecimento de artistas interessados em publicar seus trabalhos nos periódicos

da época.ii

José Asmar, nascido em Anápolis, escritor e jornalista, membro da Academia Goiana

de Letras, também caricaturista, conferencista, administrador, dentre outras atividades atuou

na imprensa durante um período de praticamente 73 anos marcando história em jornais como

O Globo e, contribuindo para a inserção da charge no Estado de Goiás lançando artistas como

Bosco Fontinelli e Fróes no jornal Cinco de Março (a partir de 1970), cartunistas que

propiciaram a inclusão da charge nos periódicos goianos, ampliando o alcance da charge e

fornecendo subsídios para que o artista Mariosan que, através do experimentalismo e de

forma autodidata, surge em um cenário em que a charge goiana ainda estava sendo

experimentada nas impressões dos jornais da época.

A circulação da charge nos jornais entre as décadas de 40 e 50 era quinzenal ou

esporádica, conforme observação constatada na análise dos periódicos goianos da mesma

época e, a repetição de imagens que alteravam somente os diálogos também se revela uma

constante conforme se pode observar nas imagens abaixo:

Ilustração 3. Jornal de Notícias 03 de setembro de 1958.

Ilustração 2. Jornal de Notícias 09 de julho de 1958.

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As imagens são idênticas, não possuem autoria e trazem dois indivíduos que discorrem

sobre a política local. Novamente a classe social dos sujeitos é identificada pela indumentária

refletindo o poder aquisitivo pertencente à classe média. O sujeito que está em pé orienta o

diálogo a partir de uma afirmação que posteriormente é respondida pelo sujeito sentado com

uma indagação em ambas as imagens. Na ilustração 2, o interlocutor cita uma afirmação de

José Feliciano em Trindade – localizada no Estado de Goiás – a respeito de Dr. Pedro de que

o mesmo é um grande condutor de almas. Em seguida o segundo sujeito indaga: “Será o

eleitorado fantasma?” A fim de compreender a situação exposta, o Dr. Pedro a qual José

Feliciano se refere é Pedro Ludovico Teixeira e, o fato de ser um bom condutor de almas se

baseia na capacidade que o político possuía em cativar a população devido à caracterização de

seu governo de origem populista. A ironia da charge surge com a indagação “Será o

eleitorado fantasma?” uma vez que o antigo interventor manteve-se no poder por 15 anos e o

sistema eleitoral brasileiro facilitava a fraude como manter ativos nomes de eleitores já

falecidos com o intuito de fraudar as eleições e prejudicar os candidatos adversários.

Na ilustração 3, a mesma imagem é impressa com a alteração dos dizeres. Nesta, o

sujeito que está em pé afirma que o Dr. Pedro irá ganhar as eleições por 80%. Em seguida o

indivíduo sentado indaga: “E os outros 90%?” A ironia novamente se faz presente na

indagação do sujeito sentado. Os outros 90% são os intelectuais, jornalistas e opositores ao

governo de Pedro Ludovico, enquanto os 80% que garantirá a vitória de Pedro Ludovico é

formado por uma elite disposta a manter cargos e privilégios e pela massa composta por

trabalhadores, beneficiada pela política populista de Pedro

Ludovico. B

Somente houve o desenvolvimento de uma

produção quase diária com o jornal Cinco de Março,

sendo o primeiro jornal a inserir em suas páginas um

periódico de humor chamado Café de Esquina (ilustração

4) e, foi também a escola de vários caricaturistas como

Fróes, Jorge Braga, Mariozan, Pádua e Marcondes (O

Popular, 1978, p. 17). E essa reunião de tantos cartunistas

que iniciaram seus trabalhos em um mesmo local, se dá

pela oportunidade que o jornal fornecia e a própria

ideologia e linha política que atraiu estes artistas,

conforme afirma Mariosan em entrevista. Pode-se afirmar que a charge goiana passou a ser

desenvolvida com mais veemência durante o regime militar, pois a publicação deixou de ser

Ilustração 4. Cinco de março de 24 a 30 de dezembro de 1973.

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semanal e passou a ser diária possibilitando que os artistas goianos manifestassem suas

opiniões e contribuíssem de forma significativa para este período que marcou o Estado.

Mariosan, nascido em Iraí-MG, Triângulo Mineiro, iniciou seu trabalho no jornal O

repórter e em seguida foi para o jornal Cinco de Março em 1978 passando pelo jornal Diário

da Manhã em sua fase inicial em 1980. Atualmente trabalha como chargista e caricaturista no

jornal O Popular.

Mariosan é um artista contemporâneo que acompanhou a evolução da charge no

Estado e as mudanças dos periódicos goianienses pela intensa censura imposta pelo Governo

dos anos da Repressão (1964-1985), criando um estilo próprio, uma objetivação e uma crítica

do assunto que é singular em sua produção.

A charge como ferramenta da arte-comunicação

A charge é sobretudo um elemento dotado de plasticidade que utiliza recursos da

lingüística como figuras de linguagem constituídas por metonímias, hipérboles, ironia,

ambigüidades, entre outros, em sua construção com a finalidade de atribuir sentido a

determinado fato ou assunto.

Diversos autores já afirmaram que vivemos em uma “civilização da imagem” e a

utilização, a fabricação e ao consumo destas imagens, leva-nos a decifrá-las e interpretá-las

(JOLY, 2007). As imagens – e porque não dizer as charges – em um primeiro momento nos

faz ler a informação contida na ilustração de maneira “natural”, sem exigir qualquer

aprendizado, mas por outro lado, esta mesma imagem – ou charge – nos manipula e nos

mantêm passivos diante de tal informação. Para Joly (2007, p. 10)

uma iniciação mínima à análise da imagem deveria precisamente ajudar-nos a escapar dessa impressão de passividade e até de “intoxicação” e permitir-nos, ao contrário, perceber tudo o que essa leitura “natural” da imagem ativa em nós em termos de convenções, de história e de cultura mais ou menos interiorizadas. Precisamente porque somos moldados da mesma massa que ela, a imagem nos é tão familiar e não somos cobaias como às vezes acreditamos ser.

Através da agitação política e dos constantes avanços tecnológicos existentes no

século XIX, principalmente na França, a disseminação da caricatura como expressão de sátira

política, para provocar o riso e destruição da posição dos líderes políticos conduziu a um

processo de marginalização e exclusão social do indivíduo representado (ATHAYDE, 2010,

p. 33). A charge moderna e contemporânea busca referências neste passado, embora a

elaboração dela não esteja apoiada apenas no combate violento aos indivíduos e instituições,

visando não apenas a única e exclusivamente exposição de idéias e inferiorização do sujeito

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retratado, mas também o levantamento de uma reflexão em torno do tema, mediado (ou não)

pelo humor, sendo este relevado a uma característica secundária, mas não menos importante

e, baseado neste modelo, Mariosan desenvolve seu trabalho de caráter subversivo e muitas

das vezes, subjetivo. A charge se caracteriza por ser um texto visual sarcástico e opinativo,

criticando um personagem ou fato específico.

A comunicação que a charge estabelece está vinculada à emissão e recepção de uma

mensagem em que a informação é divida por dois interlocutores (artista e leitor ou emissor e

receptor) através de um canal (a página do jornal) e por meio de um código visual (a charge)

que propõe uma interpretação de seu conteúdo. Essa comunicação é um fenômeno complexo

de uma linguagem presente na charge goiana que, por sua vez, não comporta apenas os

elementos estéticos ou somente comunicativos, mas ambos focados na produção de sentidos e

na constituição de um discurso persuasivo.

Omar Calabresi (1987, p. 17.) afirma:

... o significado do binômio “arte-comunicação” começa a se fazer mais claro. Ele

pretende lançar luz sobre o fato de que a arte, enquanto qualidade de certas obras

produzidas com fins estéticos e enquanto produção de objetos com efeito estético é

um fenômeno de comunicação e de significação, e como tal pode ser examinado.

O vínculo da charge com a imprensa vai além da função ilustrativa das páginas dos

jornais e das revistas. Ela representa um meio de crítica, carregada de expressividade e

autenticidade dividindo espaço com as notícias e manchetes jornalísticas. Sua relação com

texto possui três tipos de possibilidades sendo elas: relação direta, indireta ou até ausência de

relação aparente.

O estabelecimento de relações diretas, indiretas com o texto, inclusive não possuir

relação alguma com o mesmo é evidenciado no conteúdo de um gênero opinativo em volta de

dois núcleos de interesse: o informativo (apresentar o que está acontecendo) e de opinião

(reflexão sobre o que está acontecendo). A centralização da charge no conteúdo opinativo do

jornal constitui uma espécie de formatação dos elementos visuais, já que a charge possui esse

caráter de opinião que pode ser aliado aos textos opinativos como as crônicas, o editorial, o

artigo, a coluna, entre outros.

Conforme Joly (2007, p.115-123), a interatividade entre imagem/ texto indica uma

espécie de “nível correto de leitura”, assumindo formas variadas de acordo com o contexto em

que é inserida. Assim a complementaridade entre palavra e imagem estabelece funções de

revezamento, da qual as palavras traduzem o sentido que a imagem não alcança; função de

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símbolo que consiste em conferir significado à imagem, propondo uma interpretação que vai

além de algo, uma reflexão ou um discurso interior presente na imagem. A última função

seria que a correlação entre a imagem e as palavras que reside no fato da interdependência, ou

seja, as palavras necessitam das imagens e as imagens dependem das palavras na busca por

um sentido ou por vários sentidos. Assim, uma mesma charge pode apresentar apenas uma

destas funções ou todas a partir do ponto de vista do artista e do método aplicado para

transmitir a informação.

No entanto, a correlação verbal e visual nem sempre ocorre de forma intencional. “A

possibilidade do tema da charge possuir vínculo com o texto jornalístico da página ou das

manchetes do jornal pode denotar uma coincidência de assuntos” segundo relato do cartunista

Mariosan, já que o trabalho do artista é destinado para uma parte específica do jornal em que

o mesmo demonstra seu ponto de vista sobre determinado assunto.

Mariosan afirma que a charge representa uma espécie de coluna jornalística da qual o

artista, tem liberdade (supervisionada pelos redatores) para discorrer sobre determinado fato

ou notícia. O cartoon é utilizado com mais freqüência para ilustrar situações com conteúdo

direto nos jornais goianienses especificadamente no jornal O Popular, no entanto o artista

utiliza outras formas de relacionar a imagem com o texto com intenção de provocar o leitor

conduzindo-o a um processo reflexivo a partir da interpretação do fato ou assunto através da

leitura da imagem, com objetivo informativo e posicionamento crítico.

Omar Calabresi (1987, p. 15) aponta uma definição que pode ser perfeitamente

adequada para a comunicação interativa que a charge exerce diante do público, sendo uma

qualidade intrínseca a certas obras pela inteligência humana em geral constituída de materiais

visuais, que manifeste um efeito estético, leve a um juízo de valor sobre cada obra, sobre seu

agrupamento ou sobre seus autores e que dependa de técnicas específicas ou modalidades de

produção da própria obra.

Mariosan explora toda a ambientação que a imagem proporciona (ilustração 5)

representando o volume através das cores (mesmo em preto e branco, pode-se notar a variação

dos tons claros e escuros), a perspectiva utilizada, demonstrando a influência das técnicas

acadêmicas e a equivalência da concentração do foco tratado na imagem de fundo (o Palácio

do Planalto) com o diálogo entre os personagens. Figura e fundo neste desenho desempenham

funções idênticas de reconhecimento da situação retratada e de formulação da natureza crítica

do pensamento racional.

Esta imagem ou lugar enunciativo que define o sujeito da enunciação ou enunciador inclui tanto a imagem que o emissor faz de si mesmo, quanto a imagem que faz do “mundo” ou universo de discurso em jogo. (PINTO, 1999, p. 31.)

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Ilustração 3. Charge. Mariosan. Jornal O Popular de 23 de junho de 2008. CEDOC

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O cartunista, ao produzir a imagem é conduzido por sua formação ideológica incluída

no discurso da charge. Fiorin (2001) afirma que as formações ideológicas são “visões de

mundo”, ou seja, a interpretação da realidade vivida que é ensinada a cada um dos membros

da sociedade ao longo da aprendizagem lingüística. O modo como o tema é exposto e a forma

como adquire sentido é determinado por essa “visão de mundo” de Mariosan e o discurso

presente na charge é a materialização de suas formações ideológicas inseridas no texto.

Segundo Fiorin (2001, p. 41), o texto é unicamente um lugar de manipulação consciente, em

que o homem organiza da melhor maneira possível os elementos de expressão que estão à sua

disposição para veicular seu discurso. Na charge, Mariosan expressa sua capacidade

interpretativa sobre os temas noticiados, inspirando-o a produzir um trabalho que articula a

técnica do desenho e as palavras em um conjunto de grafismos que traduzem sua opinião à

cerca do ocorrido, assumindo um posicionamento crítico e ideológico típico de uma

manifestação individual, mas que possui função social.

[...] a ideologia se liga inextricavelmente à interpretação enquanto fato fundamental que atesta a relação da história com a língua, na medida em que esta significa. [...] E é isto que podemos observar quando temos o objeto discurso como lugar específico em que se pode apreender o modo como a língua se materializa na ideologia e como esta se manifesta em seus efeitos na própria língua. (ORLANDI, 1993, p. 96)

A temática utilizada na charge de Mariosan possui caráter atemporal em seu discurso

uma vez que pode ser interpretada em diferentes épocas – mesmo tendo sido realizada em

2008, o assunto tratado na charge ainda se mostra atual – exercendo uma crítica que

generaliza todos os políticos que compõe o Congresso Nacional em uma mesma massa

corrupta.

Ainda na mesma imagem, temos uma comunicação da qual o artista utiliza-se da

ironia do termo “quadrilhas” enquanto representação típica de festividade nacional com a

ambigüidade que o próprio termo sugere quando se refere às quadrilhas de criminosos. O

artista se apropria desse conjunto de significados para compor o desenho, que denota as

atitudes de corrupção e transgressão da lei.

A utilização da palavra em uma frase adquire o significado de festa junina pela data

que foi publicada e pela representação figurativa das bandeirolas na charge. Entretanto, o

significado atribuído as organizações criminosas com a representação do planalto central que

também é incluído neste contexto, se refere aos integrantes que compõem o quadro de

parlamentares no local. Isso significa que partiremos de algumas premissas:

a) o lexema quadrilha enquanto núcleo da ironia;

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b) a função comunicativa e estética da charge;

c) a relação que a comunicação do desenho possui com o texto

d) a qualidade estética que a charge possui e a disposição dos objetos presentes na

imagem dependente da mensagem que é transmitida ao destinatário;

Essas premissas levantam hipóteses críticas que são reordenadas na página do jornal

ora sob a fachada do texto, ora da imagem que se intercalam favorecendo uma ligação direta

em texto/charge. A explicação dessa relação se dará adiante sendo que, os textos foram

enviados por leitores e tratam da corrupção de diversas formas. Sabe-se que a charge é um

importante meio de propagação de idéias que se alia à técnica do desenho formatando ou

ampliando as características de determinado fato ou objeto (PINTO, 1999). Os contrastes na

imagem no realce dos pontos de luz e sombra e a preocupação com a perspectiva demonstram

não apenas a primazia pela estética relacionando-se com sua própria formação artística. O

artista buscou uma estilização da forma, mas não se desvinculou das técnicas acadêmicas de

construção da imagem e distribuição dos elementos como se pode notar na perspectiva

aplicada e na disposição da luz e da sombra. Nesta imagem, o plano de fundo adquire

destaque perante o diálogo dos indivíduos. Essa arte-comunicação serve a um propósito

sempre definido tramitando entre a abstração (do assunto) ou a obviedade que neste caso,

refere-se à corrupção.

A corrupção aparece não no sentido literal da palavra, mas por meio de ações

corruptas. No primeiro texto, sob o título de “Cadê a ideologia?”, a leitora Luzmarina Arantes

levanta questões sobre as estratégias e as alianças realizadas na política visando benefícios

próprios, correlacionando-os com as festividades e as festas juninas e a Judas.

[...] Candidatos que em outros tempos se odiavam, hoje estão reunidos para conversar, ora com um, ora com outro. [..] Bom, junho é o mês das formaturas, festas juninas, convenções e mês das rifas e de Judas.

A seguir, o texto de outro leitor, remete à conscientização do voto e a escolha dos

representantes públicos com o título de “Voto e consciência” que relata: “[...] A eleição tem

importância fundamental no nosso cotidiano, pois nos dá a possibilidade de escolher aqueles

que vão interferir diretamente nas nossas vidas [..]” seguida da opinião destacada de uma

leitora sobre a corrupção: “Na política, o desapreço pelo povo e a corrupção vêm se repetindo

porque votamos sempre nos mesmos.” interligando os dois textos e fornecendo subsídios para

o quarto e último texto do leitor José Domingos . Este parabeniza a ação pública na aplicação

das leis na denúncia do “mensalão” e seus envolvidos e realiza um alerta sobre a punição às

antecipações das campanhas eleitorais:

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Admiro o trabalho do Ministério Público, como fiscal da correta aplicação da lei e em defesa do interesse maior da coletividade, bem como a brilhante atuação da magistratura brasileira, que pode muito bem ser ilustrada pela isenção e altíssimo nível das ações do Supremo Tribunal Federal na aceitação da denúncia do mensalão e do pronunciamento de 40 envolvidos. Se em São Paulo a pré-candidata do PT Marta Suplicy dá entrevistas falando de seus projetos, ainda vá lá que esteja implícita uma antecipação de campanha [...] onde estaria a infração às normas eleitorais?

Temos um ciclo que se completa através da

mensagem lingüística presente nos textos

relacionados à conveniência e à corrupção que

perpetua oriunda da má escolha dos candidatos e

ao andamento das investigações dos esquemas de

corrupção. Portanto o núcleo que une imagem e

texto se refere à corrupção e, Mariosan levanta um

enfoque para a reflexão pessoal em virtude das

informações veiculadas sobre o golpe dos

“mensaleiros” para escapar de uma possível

condenação (in Veja, ed. 2066, p.71) da qual os envolvidos nos processos de corrupção não

seriam julgados pelo STF e seriam julgados pela Justiça comum. Expedito filho (Veja, Ed.

2066, p. 71), afirma:

O foro privilegiado é um instrumento que permite aos políticos responder a processos criminais, como os de corrupção, apenas perante tribunais superiores. [...] Na semana passada, uma comissão da Câmara dos Deputados, aprovou por unanimidade, um texto que devolve políticos mal-intencionados ao mundo dos cidadãos comuns. [...] Prevendo um desfecho incomum para o caso – a real possibilidade de cadeia – o grupo começou a buscar alternativas para manter a tradição da impunidade dos crimes que tem políticos como personagens principais [...] veio a solução: ficou decidido que a melhor alternativa para escapar da justiça seria protelar o julgamento do caso até sua prescrição legal. Como fazer isso? Aprovando a emenda que põe um ponto final no foro privilegiado.

A justificativa para a aprovação desta emenda deve-se à negação, por parte do STF,

dos recursos dos “mensaleiros” para anular a ação, conforme notícia veiculada no Estadão

(2008): “O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta quinta-feira, 19, todos os embargos

apresentados pelos réus do mensalão, que questionavam o recebimento da denúncia. Apenas o

recurso apresentado pelo Ministério Público Federal foi acolhido parcialmente.”

Pode-se observar na afirmação contida na ilustração: “Estou louco para ver a quadrilha

dançar...” seguida da indagação do segundo elemento na imagem: “Qual delas?” a

necessidade de justiça aparece implícita no diálogo dos personagens. Neste recorte os termos

Voto inconsciente

Atuação do poder público

Conveniência

partidária

Corrupção

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quadrilha e dança, são utilizadas com dois sentidos: um relacionado à dança típica das festas

juninas e outro relacionado à queda ou a desestruturação de uma organização criminosa. Um

terceiro sentido dá significado à existência de várias quadrilhas de criminosos no Congresso

Nacional, através da resposta do segundo individuo “Qual delas” deixando de lado à temática

das festas juninas.

A cena se completa com a imagem do Congresso Nacional do Brasil, símbolo do

poder executivo do país, ornado com as bandeirolas juninas, também típicas desta tradição

folclórica. Essa exibição do Congresso Nacional identifica os “integrantes da quadrilha” e

deixa subtendida que a nação espera a “quadrilha do Mensalão” ou os parlamentares corruptos

sejam punidos com os rigores da lei.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estrutura de construção da relação texto/imagem centrado na corrupção liga-se à

opinião dos leitores através do diálogo dos personagens no desenho, das bandeirolas

(remetendo às festas juninas) e do Congresso Nacional (caracterização dos delinqüentes)

como um conjunto de grafismos. Tal interação se dá forma automática e intencional devido à

linearidade dos assuntos e a forma como é retratada e até resumida na charge. A concentração

da crítica no núcleo “corrupção” exposta na charge, é um reflexo da ânsia por justiça diante

dos escândalos que envolveram o governo Lula durante os últimos anos.

O método que Mariosan utiliza para expor sua crítica se baseia na ironia que a

linguagem verbal possibilita associada ao desenho da charge que provoca a reflexão do leitor

com o intuito não apenas de provocar o riso, mas também estimular o posicionamento crítico

diante dos fatos ocorridos. Orlandi (1993, p. 82-83) se refere sobre o dito e o não dito nos

discursos como meio de dizer algo nas entrelinhas, podendo possuir dois ou mais

significados. Trata-se do silêncio, que indica que o sentido pode ser outro e, a opção de

Mariosan em criticar a corrupção presente no Congresso Nacional por meio da ambigüidade

dos termos “quadrilha” e “dança” demonstra à intenção de deixar subentendido a opinião do

artista convertido em um método, apresentando o ocorrido de maneira direta, relacionando

com a memória e com os símbolos presentes na cultura regional facilitando a assimilação.

A análise desta charge goiana representa a opinião pública sobre os atuais

acontecimentos visto que, os indivíduos representados são anônimos e expõem seus

comentários sobre sua necessidade de justiça e sua indignação perante a sensação de

impunidade que envolve os representantes políticos de maneira geral. Mariosan expressa parte

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de sua própria emoção de maneira que evoca no público uma atitude à intenção emocional

idêntica em relação à situação que ele apresenta (OSBORNE, p. 224, 1993). Ele dá voz aos

inúmeros brasileiros indignados deixando não apenas seu ponto de vista sobre a situação

política, mas incluindo-se entre os cidadãos que exigem a moral, a dignidade e a transparência

do Governo como condições unânimes para a manutenção dos direitos e da democracia.

A charge analisada faz parte da trajetória do artista que por quase 40 anos de trabalhos

realizados e publicados nos periódicos goianienses, remontam a história de Goiás, informam

os acontecimentos locais e do cenário nacional, constituindo uma importante ferramenta de

protesto e inserindo o artista entre aqueles que ajudaram a propagar a charge no Estado,

criando espaço para o desenvolvimento da produção regional. A análise da charge de

Mariosan não acarreta apenas a identificação de aspectos estéticos e formais, envolve também

uma poética que não estabelece compromisso com a forma ideal ou ideal de beleza de uma

pessoa, animal ou coisa, de uma cena ou episódio, conduz a um processo plástico que não

respeita a lógica e as medidas acadêmicas. E nesta liberdade criativa, destituída dos padrões

clássicos, reside a poética da charge representada pelo exagero e pelas alegorias grotescas que

constituem seu universo particular.

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ENTREVISTA Mariosan, entrevista informal realizada em 13 de julho de 2010 na Organização Jaime Câmara. ARQUIVOS Instituto Histórico Geográfico de Goiás CEDOC do Jornal O Popular NOTAS i Augusto Rodrigues nascido em Recife-PE atuou como pintor, ilustrador, gravador e caricaturista,

obtendo diversos prêmios durante sua carreira artística, passando a contribuir com seu trabalho

ilustrativo na imprensa carioca após fixar residência na capital a partir de 1935. Em 1948, deixa seu

maior legado na contribuição e estímulo para a educação moderna, fundando a primeira escolinha de

arte do Brasil no Rio de Janeiro, passando a irradiar o ensino de arte como componente fundamental

para a educação escolar. ZOLADZ, Rosza W. Biografia de Augusto Rodrigues. O artista e a arte,

poeticamente. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1990. ii A partir da década de 60 com o governo Mauro Borges que propôs como diretriz de ação, um “Plano

de Desenvolvimento Econômico de Goiás” (1961-1965) abrangendo áreas como: agricultura e

pecuária, transportes e comunicações, educação e cultura, saúde e assistência social, turismo e

integração econômica, o Estado de Goiás obteve um desenvolvimento e urbanização que tornaram a

capital goiana em um novo território para novas oportunidades (PALACÍN, 1994; MORAES, 1994).

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