a centralizaÇÃo do sistema de informaÇÕes militares: racionalizaÇÃo de recursos
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8/18/2019 A CENTRALIZAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES MILITARES: RACIONALIZAÇÃO DE RECURSOS
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2014/2015
TRABALHO DE APLICAÇÃO DE GRUPO
INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
CURSO DE ESTADO-MAIOR CONJUNTO
A CENTRALIZAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES MILITARES:RACIONALIZAÇÃO DE RECURSOS
O TEXTO CORRESPONDE A TRABALHO FEITO DURANTE AFREQUÊNCIA DO CURSO NO IESM SENDO DA RESPONSABILIDADEDOS SEUS AUTORES, NÃO CONSTITUINDO ASSIM DOUTRINAOFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS PORTUGUESAS, DA GUARDANACIONAL REPUBLICANA E DAS FORÇAS ARMADAS DE ESPANHA.
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INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
A CENTRALIZAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES MILITARES:RACIONALIZAÇÃO DE RECURSOS
Maj Exe Esp Miguel Parrado
Maj GNR Carlos de Almeida
Maj Cav Duarte Caldeira
Maj Eng Diana Morais (Coordenadora)
Maj Inf Bruno Oliveira
Trabalho de Aplicação de Grupo do CEMC
Pedrouços 2014
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INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
A CENTRALIZAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES MILITARES:RACIONALIZAÇÃO DE RECURSOS
Maj Exe Esp Miguel Parrado
Maj GNR Carlos de Almeida
Maj Cav Duarte Caldeira
Maj Eng Diana Morais (Coordenadora)
Maj Inf Bruno Oliveira
Trabalho de Aplicação de Grupo do CEMC
Orientador: MAJ ADMIL Carlos Ferreira
Pedrouços 2014
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Agradecimentos
A todos quantos tiveram a disponibilidade de nos ajudar na realização deste trabalho
com os seus contributos, sugestões e partilha de experiências, em detrimento do seu precioso
tempo.
Ao Coronel Bento e ao Major Machado, pela forma como contribuíram para a
compreensão da atual situação da gestão das Informações ao nível das Forças Armadas; aos
Comandante Ângelo, Tenente-Coronel Mendes e Capitão Fernandes, pelo seu apoio para a
compreensão dos Sistemas de Informações Militares em vigor na Marinha, Exército e Força
Aérea, respetivamente, o que nos permitiu enquadrar o tema.
Ao nosso orientador, Major Ferreira, por todo o seu apoio.
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Índice
Introdução ............................................................................................................................ 1
1. Caracterização do Sistema de Informações Militar atual ........................................... 3
a. Órgão de Informações Militares do EMGFA .......................................................... 3
(1) Estrutura e efetivos ............................................................................................... 3
(2) Missão e possibilidades ......................................................................................... 4
(3) Recursos materiais ................................................................................................ 4
b. Órgão de Informações Militares da Marinha .......................................................... 4
(1) Estrutura e efetivos ............................................................................................... 4
(2) Missão e possibilidades ......................................................................................... 5
(3) Recursos materiais ................................................................................................ 6
c. Órgão de Informações Militares do Exército .......................................................... 6
(1) Estrutura e efetivos ............................................................................................... 6
(2) Missão e possibilidades ......................................................................................... 7
(3) Recursos materiais ................................................................................................ 7
d. Órgão de Informações Militares da Força Aérea .................................................... 8
(1) Estrutura e efetivos ............................................................................................... 8
(2) Missão e possibilidades ......................................................................................... 8
(3)
Recursos materiais ................................................................................................ 9
e. Síntese conclusiva ....................................................................................................... 9
2. Análise dos modelos atuais – Redundâncias e diferenças ......................................... 10
a. Estrutura e efetivos .................................................................................................. 10
b. Missão e possibilidades ............................................................................................ 11
c. Recursos materiais ................................................................................................... 12
d. Síntese conclusiva ..................................................................................................... 13
3.
Estudo de caso – Forças Armadas de Espanha .......................................................... 15 a. Organização .............................................................................................................. 15
b. Contexto .................................................................................................................... 17
c. Recursos materiais ................................................................................................... 18
d. Recursos Humanos ................................................................................................... 18
e. Síntese Conclusiva .................................................................................................... 19
4. Proposta de modelo do Sistema de Informações Militares ....................................... 21
Conclusões .......................................................................................................................... 25
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Bibliografia ......................................................................................................................... 27
Índice de Apêndices
Apêndice A – Questionário para os Ramos e EMGFA……………………………..Apd A-1
Apêndice B – Entrevista ao Coronel Dias Bento……………………………………Apd B-1
Apêndice C – Entrevista ao Comandante Cavaleiro Ângelo………………………..Apd C-1
Apêndice D – Entrevista ao Tenente-Coronel Correia Mendes…………………….Apd D-1
Apêndice E – Entrevista aos Capitão Luís Fernandes………………………………Apd E-1
Índice de Figuras
Figura 1 - Estrutura Orgânica do CISMIL ............................................................................ 3
Figura 2 - Estrutura Orgânica do CADOP ............................................................................ 5
Figura 3 - Organigrama CSMIE ............................................................................................ 7
Figura 4 - Estrutura Orgânica do A2 ..................................................................................... 8
Figura 5 - Estrutura Orgânica do EMAD ............................................................................ 16
Figura 6 - Organização do novo SIM .................................................................................. 23
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Resumo
Com o propósito de identificar um modelo de Sistema de Informações Militares,
adaptado às necessidades atuais das Forças Armadas e que fosse ao encontro ao preconizado
na Reforma Defesa “2020” para a transformação das mesmas, procurou-se inicialmente
caracterizar os atuais órgãos de Informações Militares. Posteriormente, analisaram-se os
modelos existentes, procurando redundâncias e lacunas e, por último, propôs-se um modelo
de Sistema de Informações Militares para as Forças Armadas.
Procurou-se com este trabalho, obter uma solução que permita tornar o Sistema de
Informações Militares mais eficaz, eliminando as lacunas detetadas, mantendo os princípios
e métodos de funcionamento eficientes, melhorando ou alterando os procedimentos
deficientes, racionalizando recursos, sempre com a garantia de que este Sistema permite o
cumprimento de todas as missões das Forças Armadas.
Conclui-se que o modelo atual apresenta uma estrutura disfuncional, onde muitas
vezes ocorre duplicação de esforços, onde existe uma franca insuficiência tecnológica e onde
o pessoal se constitui como um recurso crítico.
Assim propõe-se um Sistema de Informações Militares diretamente orientado pelo
Conselho de Chefes de Estado-Maior, baseado numa estrutura centralizada e integrada no
Estado-Maior-General das Forças Armadas, apoiada numa base de dados nacional de
Informações, através de uma rede segura e credível.
Palavras-chave
Sistema de Informações Militares, Informações, Racionalização de recursos.
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Abstract
In order to identify a model of the Military Intelligence System, adapted to the current
needs of the Armed Forces and according to what is recommended in the Defence Reform
"2020" for the transformation of Armed Forces, we tried to initially characterize the current
Military Intelligence agencies. Subsequently, we analysed the existing models, looking for
redundancies and gaps, and finally we proposed a new model of the Military Intelligence
System for the Armed Forces.
With this work, we tried to find a solution to make the Military Intelligence System
more efficient and effective, eliminating detected gaps, keeping efficient principles and
methods of operation,, improving or changing the handicapped procedures, rationalizing
resources, but always with the assurance that this system allows the accomplishment of all
the missions given to the Armed Forces.
We concluded that the current model has a dysfunctional structure, where often occurs
duplication, where there is a technological failure and where the staff is constituted as a
critical resource.
So we propose a new building of the Military Intelligence System, directly supervised
by the Chiefs of Staff Council, based on a centralized and integrated structure in the General
Staff of the Armed Forces, supported on the basis of national information data through a
secure and credible network.
Keywords
Military Intelligence System, Intelligence, Resource Rationalization.
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Lista de Abreviaturas
A
ACINT Acoustic Intelligence
B
BICES Battlefield Information Collection and Exploitation Systems
C
CA Comando Aéreo
CADOP Centro da Gestão e Análise de Dados Operacionais
CCEM Conselho de Chefes de Estado-Maior
CEDN Conceito Estratégico de Defesa Nacional
CEMA Chefe do Estado-Maior da Armada
CEME Chefe de Estado-Maior do Exército
CEMFA Chefe de Estado-Maior da Força Aérea
CEMGFA Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas
CFT Comando das Forças Terrestres
CISMIL Centro de Informações e Segurança Militares
CIFAS Centro de Informações das Forças Armadas de Espanha
CN Comando Naval
COC Comando Operacional Conjunto
COMINT Communications Intelligence
CPI Ciclo de Produção de Informações
CSMIE Centro de Segurança Militar e de Informações do Exército
D
DIM Divisão de Informações Militares
E
ELINT Eletronic IntelligenceEMAD Estado-Maior-General das Forças Armadas de Espanha
EMACON Estado-Maior Conjunto de Espanha
EMGFA Estado-Maior-General das Forças Armadas
F
FND Forças Nacionais Destacadas
G
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GE Guerra Eletrónica
H
HUMINT Human Intelligence
I
IMINT Imagery Intelligence
ISR Intelligence, Surveillance and Reconnaissance
J
JEMAD Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Espanha
L
LOBOFA Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas
LOEMGFA Lei Orgânica do Estado-Maior-General das Forças Armadas
M
MMHS Military Message Handling System
MOPS Comando de Operações das Forças Armadas de Espanha
N
NATO Organização do Tratado do Atlântico Norte
NSWAN NATO Secret Wide Area Network
O
ONU Organização das Nações Unidas
Q
QG Quartel-General
R
RD Real Decreto
REPINFOMIL Repartição de Informações Militares
S
SECNET Secure Network
SIED Serviço de Informações Estratégicas de Defesa
SIFAS Sistema de Informações das Forças Armadas de Espanha
SIGINT Signal Intelligence
SIM Sistema de Informações Militares
SIRP Sistema de Informações da República Portuguesa
SIS Serviço de Informações de Segurança
STU Secure Telephone Unit
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CONFIDENCIALix
T
TESSOC Terrorism, Espionage, Subversion, Sabotage and Organized Crime
U
EU União Europeia
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Introdução
Atualmente, mais do que nunca, é de extrema importância a atividade das Informações
nas operações militares, face às novas ameaças, à redução dos dispositivos militares e à
rapidez com que as Informações fluem no espaço e no tempo.
O conhecimento atempado de um conjunto de indicadores que permitam apoiar a
decisão de quem tem por missão garantir a defesa militar do país ou garantir a paz fora do
território nacional, torna o contributo das Informações imprescindível para o planeamento e
conduta das operações. É, por isso, fundamental que as Forças Armadas disponham de um
Sistema de Informações Militares (SIM) que lhes permitam cumprir eficientemente as suas
missões.
O Conceito Estratégico de Defesa Nacional (CEDN) realça esta manifesta
importância, ao estabelecer que os serviços de Informações se constituem como
instrumentos fundamentais de identificação e avaliação de ameaças e oportunidades em
cenários voláteis e complexos, o que, dada a atual conjuntura e a necessária salvaguarda dos
interesses nacionais, se torna incontornável a capacitação reforçada dos serviços de
Informações” (Conselho de Ministros, 2013, p. 1989).
Ainda o mesmo documento determina que “… o sucesso das missões prioritárias
exige, também, um sistema de Informações qualificado e orientado para o apoio das
operações militares …” (Conselho de Ministros, 2013, p. 1992).
A Resolução do Conselho de Ministros nº 26/2013 é o documento que aprova as linhas
de orientação para a execução da reforma estrutural da defesa nacional e das Forças
Armadas, designada por Reforma “Defesa 2020” (Presidência do Conselho de Ministros,
2013, p. 2285).
Uma das medidas vista como condição fundamental e indispensável para o sucesso da
reforma “Defesa 2020”, prevista no Programa do Governo é a de racionalizar a despesa
militar, nomeadamente através da melhor articulação entre os Ramos das Forças Armadas euma maior eficiência na utilização de recursos (Presidência do Conselho de Ministros, 2013,
p. 2285).
Também a recente alteração à Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças
Armadas (LOBOFA) dá um especial enfoque na complementaridade entre o Estado-Maior
– General das Forças Armadas (EMGFA) e os Ramos. Este diploma refere que a organização
das Forças Armadas se rege por princípios de eficácia e racionalização, devendo estas evitar
duplicações desnecessárias e criar órgãos conjuntos, inter-ramos ou de apoio a mais de umramo sempre que razões objetivas o aconselhem ( Assembleia da República, 2014, p. 4604).
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O atual SIM está estruturado em quatro órgãos de Informações, um no EMGFA, o
Centro de Informações e Segurança Militares (CISMIL), e um em cada um dos Ramos,
constituídos por um conjunto de órgãos, capacidades e meios pertencentes aos vários
escalões das Forças Armadas que produzem as Informações necessárias a cada um dos níveis
(Coimbra, 2008, p. 4).
Neste contexto, o objetivo do trabalho é a definição do modelo de SIM das Forças
Armadas, por forma a melhorar a partilha de recursos, eliminando redundâncias e
preenchendo lacunas existentes. O objeto de estudo são os órgãos de Informações do
EMGFA e dos Ramos das Forças Armadas.
Do objetivo geral definido, decorrem os seguintes objetivos específicos: caracterizar
os sistemas de Informações Militares existentes; identificar redundâncias e diferenças entre
os sistemas existentes e apresentar um caso de estudo (Espanha) no âmbito das estruturas
análogas às portuguesas.
Como fio condutor, que serviu de orientação ao longo de todo o desenvolvimento do
trabalho, estabeleceu-se como questão central: “Que modelo de Sistema de Informações
Militares poderá permitir maior articulação entre os Ramos e o EMGFA, bem como, uma
maior eficiência na utilização de recursos?”
Para se conseguir responder à pergunta de partida, começa-se por definir no primeiro
capítulo o estado da arte, caracterizando os atuais órgãos de Informações Militares do
EMGFA e dos Ramos, evidenciando a estrutura e efetivos, missão e possibilidades e recursos
materiais existentes. Depois de identificado o estado da arte, no segundo capítulo faz-se uma
análise comparativa dos modelos atuais, identificando redundâncias, conflitos ou lacunas
que pudessem existir, no sentido de se obterem conclusões que permitissem criar um modelo
mais eficiente. Com o objetivo de conhecer uma realidade similar e estabelecer um eventual
paralelismo, que nos permitisse tirar ilações para o modelo a propor, apresenta-se no terceiro
capítulo, como caso de estudo, o funcionamento dos Sistemas de Informações das ForçasArmadas de Espanha.
No quarto e último capítulo efetua-se uma proposta de novo modelo de SIM para as
Forças Armadas e nas conclusões responde-se à questão central, definindo o SIM que
permita aumentar a eficiência do sistema atual e, ao mesmo tempo, uma maior racionalização
de recursos.
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1. Caracterização do Sistema de Informações Militar Atual
O SIM compreende as unidades e órgãos especificamente orientados para a atividade
de Informações e Contra-Informação (Ministério da Defesa Nacional, 1985, p. 1825).
Tem vários subsistemas que podem ser visualizados segundo três eixos. No eixo
respeitante ao nível da decisão, temos os subsistemas estratégico, operacional e tático, que
necessitam de Informações adequadas àqueles níveis. No eixo do Ciclo de Produção de
Informação (CPI) encontram-se os subsistemas orientação do esforço de pesquisa, pesquisa,
processamento e disseminação, que produzem e difundem Informações cuja finalidade é
satisfazer as necessidades dos utilizadores. No eixo correspondente ao escalão existe o
subsistema de Informações do EMGFA, num primeiro escalão, e os da Marinha, Exército e
da Força Aérea, onde se encontram os diversos órgãos de Informações (Coimbra, 2008, p.
5).
Quanto ao nível de decisão, o EMGFA produz e difunde Informações do nível
operacional e estratégico militar (Conselho de Ministros, 2009a, p. 6444), enquanto que os
Ramos produzem e difundem Informações de nível tático (Coimbra, 2008, pp. 11-19).
No que respeita ao CPI, compete ao Conselho de Chefes de Estado-Maior (CCEM)
deliberar sobre os planos e relatórios de atividades de Informações e segurança militar nas
Forças Armadas, ou seja, orientar o esforço de pesquisa ( Assembleia da República, 2014,
p. 4609); o EMGFA é o único que não dispõe de capacidade de pesquisa e todos, EMGFA e
Ramos, fazem processamento e disseminação de Informações.
a. Órgão de Informações Militares do EMGFA
(1) Estrutura e efetivos
A organização do EMGFA prevê a existência de um órgão de Informações e de
segurança militar ( Assembleia da República, 2014, p. 4605). O CISMIL é dirigido por um
Contra-Almirante ou Major-General, dispõe de 42 militares e 12 civis e apresenta a seguinte
estrutura:
Figura 1 - Estrutura Orgânica do CISMILFonte: (Conselho de Ministros, 2009a, p. 6452)
Repartição dePlaneamento
Repartição deProdução
Repartição deCoordenação e
Gestão da pesquisa
Repartição deSegurança e
Contra-Informação
Gabinete deLigação aos
Adidos de Defesae Militares
Secção deApoio
CISMILDiretor
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(2) Missão e possibilidades
O CISMIL tem por missão a produção de Informações necessárias ao cumprimento
das missões específicas das Forças Armadas e à garantia da segurança militar (Conselho de
Ministros, 2009a, p. 6451).
Compete ainda ao CISMIL, no âmbito das suas atribuições específicas, promover, de
forma sistemática, a pesquisa, a análise e o processamento de notícias e a difusão e arquivo
das Informações produzidas, devendo, nomeadamente: produzir as informações necessárias
para a preparação e execução de missões e operações militares; acionar os meios técnicos e
humanos das Forças Armadas, necessários à produção de Informações e à garantia da
segurança militar, desenvolvendo a sua atividade de acordo com orientações e diretivas
emanadas do Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), em
coordenação com os Ramos; dirigir as células de Informações militares, quando constituídas;
difundir as Informações produzidas às entidades que lhe sejam indicadas; colaborar na
definição da doutrina militar conjunta e combinada nos vários domínios da sua área
específica e orientar a instrução de Informações nas Forças Armadas (Conselho de Ministros,
2009a, p. 6451).
(3) Recursos materiais
(a) Órgãos de pesquisa
O CISMIL é o único órgão que não dispõe de meios de pesquisa.
(b) Comunicações e sistemas de informação
Para o cumprimento da sua missão o CISMIL utiliza uma rede segura do Ministério
da Defesa Nacional (SECNET) e de uma outra não-segura das Forças Armadas. Partilha as
suas mensagens através do Military Message Handling System (MMHS) e utiliza, também,
a plataforma Battlefield Information Collection and Exploitation Systems (BICES)1 da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) (Machado, 2014).
b.
Órgão de Informações Militares da Marinha(1) Estrutura e efetivos
O Centro da Gestão e Análise de Dados Operacionais (CADOP), a funcionar na
dependência do Comando Naval (CN), é o órgão responsável pelo planeamento, pesquisa,
análise, produção, validação e disseminação de Informações, em apoio à componente
operacional dos Sistema de Forças da Marinha.
1 Sistema Webpull seguro para a distribuição de Informações de defesa, principalmente mas nãoexclusivamente, entre os países da NATO.
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O CADOP é chefiado por um Capitão-de-Fragata e o seu quadro orgânico de pessoal
prevê a existência de 20 militares, distribuídos pelas várias secções, sendo a sua estrutura a
seguinte:
Figura 2 - Estrutura Orgânica do CADOP
Fonte: (Ângelo, 2014a)
(2)
Missão e possibilidadesO CADOP, enquanto Centro de apoio às operações (Conselho de Ministros, 2009c, p.
6442), tem como missão “assegurar aos Comandos e às Forças e Unidades em operações, o
apoio necessário à gestão da informação e do conhecimento, no âmbito da superioridade de
informação e decisão” (Ângelo, 2014b).
O CADOP está incumbido de recolher, coligir, validar, analisar e disseminar
informação de cariz eletrónico (ELINT)2, comunicações (COMINT)3 e acústica (ACINT)4
para os sistemas de combate e de aviso antecipado das unidades navais e de fuzileiros.
Além das disciplinas de Informações mais direcionadas à preparação, aprontamento e
apoio de militares em teatros de operações, acresce ainda a responsabilidade de monitorizar
2 ELINT – Electronic Intelligence são as Informações obtidas por outros que não os destinatários previstos, deemissões eletromagnéticas, que não são comunicações rádio, bem como, das suas características técnicas(Exército Português, 2009, p. 2_6)3 COMINT – Communications Intelligence são as Informações obtidas por outros que não os destinatários
previstos, pela interceção de comunicações rádio e sistemas de comunicações, bem como de características
técnicas dessas transmissões (Exército Português, 2009, p. 2_6).4 ACINT – Acoustic Intelligence são as Informações obtidas através da pesquisa e análise de fenómenosacústicos (Exército Português, 2009, p. 2_7).
DIRETOR
SUBDIRETOR
NúcleoAutoridadeMarítima
Secção deApoio Adm.Financeira
Conhecimento SituacionalIntegrado
Serviço de operações Serviço de Dados
Secção deIndicadores
e Alertas
Secção deCOI’S
Secção deOperaçõesCorrentes
Secção deApoio às
Operações
Secção deRelatos
Secção deProduçãode Dados
Secção deOPINTEL
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os espaços marítimos sob soberania e jurisdição nacional, produzindo relatórios de
Informações sobre atividades de navios científicos, contactos de interesse e/ou contactos
suspeitos de estarem a efetuar atividades ilícitas ou não autorizadas. Cumulativamente,
existe a necessidade de produzir Informações de apoio à decisão da estrutura superior de
Marinha (Ângelo, 2014b).
Toda esta Informação é posteriormente disponibilizada às diferentes unidades, sempre
que o cumprimento das suas missões requeira o seu acesso (Ângelo, 2014a).
No contexto nacional, existe uma colaboração permanente com o CISMIL e com o
órgão de Informações da Força Aérea (Ângelo, 2014b).
(3) Recursos materiais
(a) Órgãos de pesquisa
Os órgãos de pesquisa da Marinha são as suas fragatas e submarinos, que possuem
capacidade de Guerra Eletrónica (GE) e capacidade adicional SIGINT5, mais
especificamente ELINT e alguma capacidade ACINT. Existem também capacidades nos
navios no âmbito HUMINT6 e IMINT7 (Coimbra, 2008, p. E1).
(b) Comunicações e sistemas de informação
Para a prossecução da sua missão, o CADOP dispõe de meios que permitem partilhar
todos os seus produtos através do MMHS e pela rede segura do Ministério da Defesa
Nacional (SECNET)
a nível nacional e através da rede segura NATO Secret Wide Area
Network (NSWAN) e da plataforma BICES (Ângelo, 2014b).
c. Órgão de Informações Militares do Exército
(1) Estrutura e efetivos
O Centro de Segurança Militar e de Informações do Exército (CSMIE) é a unidade
responsável pelas atividades de Informações, Contra-Informação e segurança militar do
Exército e está colocado na dependência hierárquica do Comando das Forças Terrestres
(CFT) (Conselho de Ministros, 2009b, p. 6426).
5 SIGINT – Signal Intelligence é o termo geral para designar a Informação de Comunicações (COMINT) e aInformação Eletrónica (ELINT), quando não se torne necessário fazer a distinção entre os dois tipos deinformação (Exército Português, 2009, p. 2_6).6 HUMINT – Human Intelligence é a Informação obtida de notícias fornecidas por origens humanas (ExércitoPortuguês, 2009, p. 2_2)7 IMINT - Imagery Intelligence é a Informação que tem por base imagens captadas por sensores – óticos (do
espectro visível), infravermelhos, radares e imagens multiespectrais – instalados em plataformas terrestres,navais, aéreas ou espaciais (Exército Português, 2009, p. 2_3)
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O CSMIE é chefiado por um Tenente-Coronel e o seu quadro orgânico de pessoal
prevê a existência de 19 militares (oficiais, sargentos e praças) e um funcionário civil
(assistente administrativo), distribuídos pelas várias secções, sendo a sua organização a
seguinte:
Figura 3 - Organigrama CSMIE
Fonte: (Estado-Maior do Exército, 2009, p. 2)
(2) Missão e possibilidades
O CSMIE é responsável pela execução e coordenação das atividades de Informações
e segurança militar do Exército. Tem como possibilidades definir normas e procedimentosno âmbito das Informações e segurança militar do Exército; processar as notícias enviadas
pelas unidades, estabelecimentos e órgãos da componente fixa do Exército, no âmbito do
CPI e difundir Informações em conformidade com o princípio da necessidade de conhecer;
receber orientações da Divisão de Segurança e Cooperação Militar do Estado-Maior do
Exército para obter Informações relativamente a teatros de operações de interesse do
Exército; garantir a segurança eletrónica de instalações a utilizar por altas entidades e
aconselhar as contra medidas eletrónicas a adotar; estabelecer um canal técnico com o
CISMIL; ministrar cursos de qualificação e atualização no âmbito das Informações e
segurança militar (Estado-Maior do Exército, 2009, p. 2).
(3) Recursos materiais
(a) Órgãos de pesquisa
As unidades do Exército são todas na sua generalidade órgãos de pesquisa de
Informações, ressaltando, nomeadamente com essa vocação a nível operacional, as unidades
de Reconhecimento e as Unidades de Operações Especiais (Coimbra, 2008, p. E2).
Secretaria
Chefia
Sub-Secção Segurança
Materiais Instalações
Sub-Secção Segurança Pessoal
Secção Segurança Secção Informações Secção Formação
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(b) Comunicações e sistemas de informação
O CSMIE, uma vez que está fisicamente separado do CFT, não tem acesso a nenhuma
rede segura (i.e. NSWAN, MMHS). Pelo mesmo motivo, ainda não tem disponível o BICES
(Mendes, 2014).
d. Órgão de Informações Militares da Força Aérea
(1) Estrutura e efetivos
A estrutura de Informações da Força Aérea é a Repartição de Informações Militares
(REPINFOMIL), vulgarmente designada por A2. Esta repartição do Comando Aéreo (CA),
responde funcionalmente perante a Divisão de Operações do Estado-Maior da Força Aérea
e tem ainda a seu cargo a responsabilidade de planeamento e execução de operações aéreas.
Na sua estrutura funcional, ao nível de execução, encontram-se, ainda, as Secções de
Informações Táticas das Bases Aéreas nº 5, 6 e 11 (Fernandes, 2014a).
A A2 é chefiada por um Capitão e o seu quadro orgânico de pessoal prevê a existência
de 10 militares (oficiais e sargentos), distribuídos pelas várias secções e a sua organização é
a seguinte:
Figura 4 - Estrutura Orgânica do A2
Fonte: (Fernandes, 2014a)
A A2 apresenta uma estrutura ligeira, flexível, que pode ser considerada de tipologia
matricial. Para cada missão ou operação é definida uma equipa de planeamento que irá
atribuir tarefas aos recursos de Informações disponíveis para fazer face às necessidades
apresentadas (Fernandes, 2014a).
(2) Missão e possibilidades
A A2 tem como missão providenciar Informações adequadas e oportunas para a
tomada de decisão, bem como para o planeamento e execução de operações aéreas. Está-lhe
ainda atribuída, por força de regulamentação interna, a responsabilidade de planear e
empregar todas as capacidades de Informações da Força Aérea (Fernandes, 2014a).
A Secção de Planos, Exercícios e Treinos funciona como core planning team e é
responsável pela definição das tarefas de pesquisa. A Secção de Análise e Disseminação é
Chefe A2
Secção de AnáliseDisseminação
Secção de InformaçõesOperacionais
Secção de Segurança eCounter Intelligence
Secção de PlanosExercícios e Treinos
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responsável por efetuar a análise de informação e posterior produção e disseminação de
relatórios de Informações. À Secção de Informações Operacionais cabe prestar o apoio direto
às operações aéreas correntes, com a avaliação da ameaça aérea, efetuando brífingues de
Informações a todas as missões aéreas. Finalmente, e no contexto da Contra-Informação, a
Secção de Segurança e Contra-Informação é responsável pela avaliação da ameaça no
âmbito TESSOC8 (Fernandes, 2014a).
No contexto nacional, existe uma colaboração permanente com o CISMIL e com o
CADOP da Marinha.
(3) Recursos materiais
(a) Órgãos de pesquisa
Os órgãos de pesquisa da Força Aérea são as suas aeronaves, com especial destaque
para a Esquadra 601 do Lockheed P-3C CUP+ ORION e a Esquadra 502 do EADS C-295M
(Coimbra, 2008, p. E2).
(b) Comunicações e sistemas de informação
A A2 dispõe de diversos equipamentos/recursos para disseminação e partilha de
informação, designadamente: ligação net (não-seguro); ligação rede Força Aérea (não-
seguro); STU9 IIB (seguro nacional, NATO e UE); SECNET voz e dados (seguro nacional);
MMHS (seguro nacional, NATO e UE); NSWAN e BICES (seguro NATO).
e.
Síntese conclusiva
Existem quatro órgãos de Informações militares, o CISMIL no EMGFA e os CADOP,
CSMIE e A2 nos Ramos, Marinha, Exército e Força Aérea, respetivamente.
Cada um dos órgãos tem características intrínsecas à natureza do Ramos, por forma a
que possa cumprir a sua missão.
No capítulo seguinte, procuramos fazer uma análise comparativa destes modelos agora
explanados, identificando redundâncias ou falhas que sejam necessárias colmatar, para
permitir um melhor funcionamento do SIM como um todo.
8 TESSOC – Terrorism, Espionage, Subversion, Sabotage and Organized Crime 9 STU - Secure Telephone Unit
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2. Análise dos modelos atuais – Redundâncias e diferenças
Após a caracterização dos quatro órgãos responsáveis pelas Informações existentes ao
nível das Forças Armadas, importa agora realizar uma análise comparativa entre as mesmas,
para se identificarem eventuais redundâncias, conflitos ou lacunas que possam existir.
Sendo a finalidade do SIM satisfazer as necessidades de Informações dos utilizadores,
importa referir que estes têm que previamente as definir, bem como, definir as prioridades
para a sua obtenção (Coimbra, 2008, p. 5).
A primeira lacuna surge neste eixo, uma vez que, ainda que legalmente (LOBOFA), o
CCEM deva deliberar sobre os planos de Informações, esta lei nunca foi regulamentada,
desde que foi revogado o Decreto-Lei 226/85 de 04 de julho. A referida revogação, que
atribuía a coordenação das atividades do SIM ao CCEM, deliberando sobre o plano de
Informação, planos de Contra-Informação e diretivas para as atividades comuns aos três
ramos (Ministério da Defesa Nacional, 1985, p. 1825), retirou cobertura legal à atuação do
CISMIL como principal órgão orientador para a coordenação de estado-maior das atividades
de Informações e Contra-Informação, assim como, para manter uma estreita e permanente
ligação técnica com os órgãos de Informações dos Ramos (Coimbra, 2008, p. 10).
Perante este vazio legal, um dos aspetos em que se torna evidente a falta de direção no
sistema é a ausência da centralização dos pedidos de pesquisa de entidades externas,
nomeadamente o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED)10, sendo habitual
fazê-los diretamente aos Ramos (Coimbra, 2008, pp. 10-11).
a. Estrutura e efetivos
As quatro estruturas anteriormente analisadas contêm organizações diferenciadas, uma
vez que estão organizadas com base nas necessidades específicas de cada um dos Ramos
que servem.
A A2 é a única que, dentro da sua estrutura funcional, tem órgãos descentralizados,
através das Secções de Informações Táticas, situadas na Base Aérea nº 5 em Monte Real, naBase Aérea nº 6 no Montijo e na Base Aérea nº 11 em Beja.
O CSMIE é a única estrutura que apresenta uma Secção de Formação, sendo este a
entidade responsável pela formação nas áreas de Informações e segurança militar, ficando,
neste âmbito, sob autoridade técnica do Comando de Instrução e Doutrina.
10 Órgão do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), juntamente com o Serviço deInformações de Segurança (SIS).
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Respeitando a todos os subsistemas está a questão da especificidade das funções
desempenhadas pelo pessoal das Informações.
O pessoal técnico das Informações deve ser rigorosamente escolhido e preparado,
devendo existir incentivos à sua permanência nas funções, uma vez que esta atividade exige
um grande profissionalismo e muita competência, além de experiência, só sendo isto
possível com a adequada permanência nas funções desempenhadas e especialização dos
militares (Coimbra, 2008, p. 9).
O que muitas vezes acontece é que os militares especialistas ficam “presos” às
Informações, acabando por perder outras oportunidades de carreira, sem serem devidamente
compensados por isso. Existem cargos no estrangeiro da área de Informações que não são
muitas vezes ocupados por estes especialistas, causando descontentamento entre a
comunidade das Informações.
b. Missão e possibilidades
Os quatro órgãos, CISMIL, CADOP, CSMIE e A2, têm como principal missão a
execução e coordenação do CPI, que servirá de apoio ao processo de tomada de decisão das
chefias dentro das quais se inserem.
Têm, por isso, especificidades próprias, de acordo com as suas missões específicas,
sendo possível verificar que o âmbito de atuação de cada um dos órgãos varia.
O EMGFA apenas trata Informações operacionais e estratégico-militares (Conselho
de Ministros, 2009a, p. 6444), sendo que as Informações táticas cabem aos Ramos.
O CISMIL e o CSMIE para além de serem responsáveis pela produção de Informações
necessárias ao cumprimento das missões das Forças Armadas e Exército, respetivamente,
também são responsáveis pela garantia da segurança militar. Já na Marinha e na Força Aérea,
a segurança militar está separada das Informações e é da responsabilidade de outros órgãos.
O que realmente importa referir é que segundo a Lei Orgânica do Estado-Maior-
General das Forças Armadas (LOEMGFA), ao CISMIL cabe “acionar os meios técnicos ehumanos das Forças Armadas, necessários à produção de informações” (Conselho de
Ministros, 2009a, p. 6451); no entanto, na prática o CISMIL não tem autoridade para o fazer.
Nenhuma das leis orgânicas dos Ramos especifica que tenham que responder a algum
pedido do CISMIL. O revogado Decreto de Lei 226/85 de 04 de julho estabelecia que o
CISMIL tinha ligação técnica com os órgãos dos estados-maiores dos Ramos.
Segundo o Coronel Bento (2014) “Por exemplo, caso houvesse um pedido de
informação que envolvesse a necessidade de empenhar um meio de um dos Ramos (aviões
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ou navios com capacidade ISR 11) qual seria a resposta dos Ramos, a Lei Orgânica a nada os
obriga”.
Se a LOEMGFA fosse uma lei e as leis orgânicas dos Ramos decretos-lei, esta questão
poderia ficar resolvida.
c. Recursos materiais
(1) Órgãos de pesquisa
O CISMIL é o único órgão que não dispõe de meios de pesquisa uma vez que a sua
função é acionar os meios humanos e materiais necessários à produção de Informações, em
coordenação com os Ramos. No entanto, e como já vimos no ponto anterior, não tem
capacidade para o fazer, uma vez que não dispõe de legitimidade legal.
Segundo o Coronel Bento (2014) o melhor sistema a utilizar, que é o que os ingleses
utilizam, seria o seguinte: sempre que saísse um navio, aeronave ou meio terrestre para uma
qualquer missão, o CISMIL seria avisado para onde iria esse meio, elaborava-lhe um plano
de pesquisa e, desta forma, obtinha informação sem custos adicionais e ganhando sinergias.
(2) Comunicações e sistemas de informação
A falta de bases de dados e de canais seguros para seu acesso limita o apoio à atividade
de Informações (Coimbra, 2008, p. 10).
A não existência no CISMIL de uma base de dados nacional interoperável com as dos
Ramos, como o BICES e de um sistema de informação nacional seguro não permite que
todos os utilizadores consigam aceder às Informações que necessitam numa abordagem pull,
mas sim de acordo com o que o CISMIL lhes envia, sob a forma de push12. Neste campo, o
Exército é o Ramo mais deficitário, uma vez que não tem acesso nem ao MMHS, nem à
plataforma BICES, já que estes terminais estão no CFT, de quem depende.
De ressaltar que no âmbito das missões executadas pelas Forças Nacionais Destacadas
(FND) em teatros de operações no exterior do território nacional, tem-se verificado escassez
no fluxo de Informações militares para que se possam efetuar adequados estudos de situação,
11 ISR - Intelligence, Survaillance and Reconnaisse. 12 A tecnologia push é um sistema de distribuição de conteúdo na internet, em que a informação sai de um
servidor para um utilizador. O utilizador pode assinar vários tópicos de informação e, a cada vez que uma nova
atualização é gerada pelo servidor, essa atualização é "empurrada" para o computador do utilizador, daí o nome
(" push", em inglês, significa "empurrar"). Em contrapartida, a abordagem pull (em inglês, significa “ puxar ”),a informação é procurada pelo utilizador, consoante as suas necessidades.
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necessários ao apoio do processo de tomada de decisão do emprego das Forças (Coimbra,
2008, p. F1).
Seria importante que o CISMIL tivesse acesso às Informações dos Ramos, porque em
muitas situações, ao nível tático produzem-se Informações com valor estratégico e/ou
operacional.
Existe uma generalizada insuficiência tecnológica e falha evidente de
interoperabilidade entre os subsistemas de Informações nas Forças Armadas portuguesas.
d. Síntese conclusiva
Desde a revogação do Decreto-Lei 226/85 de 04 de julho, altura em que a cobertura
legal de atuação do CISMIL lhe é retirada, como principal órgão coordenador de todas as
atividades de Informações e Contra-Informação, que fica evidente a falta de direção do SIM.
Esta situação está diretamente relacionada com a ausência de centralização dos pedidos de
pesquisa das entidades externas.
Apesar de o CISMIL ter a responsabilidade de acionar os meios técnicos e humanos
das Forças Armadas necessários à produção de Informações, na prática não tem autoridade
para o efetuar, não existindo nas leis orgânicas dos Ramos nada que refira explicitamente
que têm de satisfazer os seus pedidos.
Verificamos que ao nível estrutural e de efetivos os quatro órgãos analisados
apresentam diferentes organizações, decorrentes das necessidades específicas de cada um
dos Ramos. Devido às especificações técnicas próprias, necessárias ao desempenho das
funções nesta área de vital importância e sensibilidade, o pessoal técnico deve ter formação
e experiência que lhes permita adquirir as competências para serem especialistas.
Quanto aos órgãos de pesquisa, apenas o CISMIL não dispõe destes meios, uma vez
que deveria ter a capacidade de fazer acionar os meios dos Ramos, não necessitam de dispor
de meios próprios.
Outra deficiência detetada é ao nível dos recursos materiais, pelo facto de não existiruma base de dados nacional interoperável, entre o EMGFA e os Ramos e de nem todas os
órgãos de Informações terem acesso a sistemas de informação nacionais e internacionais
seguros, tornando-se óbvia uma franca insuficiência tecnológica no seio destas estruturas.
Assim, tendo identificado as lacunas existentes no atual sistema, no quarto capítulo,
propomo-nos identificar um novo modelo para o SIM, que permita colmatar estas falhas e
um melhor funcionamento do SIM como um todo.
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3. Estudo de caso – Forças Armadas de Espanha
a. Organização
O órgão conjunto das Informações militares de Espanha é o Centro de Informações
das Forças Armadas (CIFAS). A origem da criação do CIFAS remonta ao ano de 2004, pelo
Real Decreto (RD) 1551/2004, de 25 de junho, no qual se desenvolve a estrutura orgânica
do Ministério de Defesa de Espanha. As Forças Armadas espanholas dividem-se em duas
estruturas: a estrutura operacional, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMAD) e
a estrutura orgânica com os três Ramos: Exército, Marinha e Força Aérea.
Esse RD assinalava que o EMAD tinha dois órgãos principais: o Comando de
Operações (MOPS) e o Estado-Maior Conjunto (EMACON).
Define também que no EMAD se encontra o CIFAS, “órgão responsável por produzir
as Informações militares necessárias para alertar sobre situações de interesse militar, com
risco potencial de crise, procedentes do exterior e prestar o apoio necessário às operações”
(Ministerio de Administraciones Públicas, 2004, p. 23480).
Um ano mais tarde, com a publicação da Ordem de Defesa 1076/2005, de 19 de abril,
o CIFAS passou a integrar o Quartel-General (QG) do EMAD e foram-lhe atribuídas
missões. Esta Ordem manteve a intenção de incrementar as estruturas conjuntas, criando,
entre outras, a Unidade de Transformação das Forças Armadas13 (Ministerio de Defensa,
2005, p. 14049).
Na última reestruturação, feita pelo recentemente publicado RD 872/2014, de 10 de
outubro, o CIFAS deixou de estar integrado no QG do EMAD, dotando-lhe este carácter
próprio e avançando-se na atribuição das suas missões. Este RD menciona que o CIFAS é
único em matéria de Informações militares ao nível estratégico. Faz parte da Comunidade
das Informações, constituindo-se no único interlocutor do Ministério de Defesa em matéria
das Informações militares (Ministerio de Defensa, 2014, p. 84094).
13 É de destacar o aumento das Forças Armadas Espanholas em estruturas de carácter conjunto, mencionando
as seguintes: a criação da Unidade Militar de Emergência (UME) em 2006, o Comando de Ciberdefesa e o
Comando Conjunto de Operações Especiais, ambas durante este ano. Em referência a este último, cita-se: “ É
um dos passos mais importantes dados nas nossas Forças Armadas nos últimos anos, que junto com a criação
do Comando de Ciberdefesa e a exponenciação do CIFAS, materializam as três linhas de ação definidas, como
prioritárias, pelo Chefe de Estado-Maior da Defesa, almirante geral Fernando García Sánchez.” (EuropaPress, 2014).
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De acordo com o atual Plano Estratégico do CIFAS 202014: “O CIFAS é o órgão
responsável por proporcionar ao Comando de Operações, as Informações de nível
estratégico e operacional; essas Informações são essencialmente de natureza preditiva e
estimativa, e para sua produção requer, uma aproximação global e um caráter
multidisciplinar ” (CIFAS, 2014, p. 3).
Segundo o mesmo documento, a missão do CIFAS é “fornecer ao Ministro de Defesa,
através do Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas (JEMAD), e às unidades
militares as Informações necessárias para alertar sobre situações de interesse militar com
risco potencial de crise procedentes do exterior e prestar o apoio necessário às operações.
Assessorar o JEMAD em matéria de Contra-Informação e segurança militar no âmbito das
Forças Armadas” (CIFAS, 2014, p. 5).
Para além do carácter conjunto do CIFAS, este tem também uma missão dirigida
especificamente aos Ramos: apoiar aos Chefes dos Estados-Maiores dos Ramos no
aprontamento de forças e no desenvolvimento das missões permanentes que tenham
atribuídas em tempo de paz (Ministerio de Defensa, 2014, p. 84094).
Figura 5 - Estrutura Orgânica do EMAD
Fonte: (EMAD, 2014)
14 O Plano Estratégico do CIFAS é um documento elaborado em 2014 pelo Diretor do CIFAS para orientar aatividade do Centro no cumprimento das missões que têm atribuídas, com o horizonte posto no ano 2020.
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b. Contexto
Para compreender adequadamente a questão dos recursos é necessário destacar que o
CIFAS faz parte da Comunidade das Informações15 e, em matéria das Informações militares,
tem carácter complementar do Centro Nacional das Informações16.
O CIFAS desenvolve o denominado Sistema das Informações das Forças Armadas
(SIFAS), uma ferramenta para a coordenação das capacidades das Informações nas Forças
Armadas.
Os Ramos têm os seus órgãos de Informações específicos: o Exército, a Secção de
Informações e Segurança da Divisão de Operações do Exército e o Centro das Informações
e Segurança do Exército; a Marinha, a Secção de Informações do Estado-Maior das
Operações Navais e a Força Aérea, a Divisão das Informações do Estado-Maior da Força
Aérea e o Centro de Informações Aéreas.
Uma das consequências da crise económica tem sido a definição de critérios de
racionalização aplicáveis às estruturas orgânicas das Forças Armadas, eliminando estruturas
duplicadas nos Ramos e, em paralelo, tendendo à redução dos recursos humanos.
O Plano Estratégico 2020 do CIFAS assinala 6 objetivos a atingir, dois deles
diretamente relacionados com os recursos; o nº 4, “privilegiar o pessoal como recurso crítico
do CIFAS” e o nº 5, “manter a capacidade tecnológica suficiente que permita o apoio às
capacidades chave do CIFAS” (CIFAS, 2014, p. 10).
Há que destacar outro dos objetivos, o nº 3, “fortalecer as capacidades chave do
CIFAS, fortalecendo as suas capacidades de orientação, pesquisa, processamento e
disseminação; estabelecendo os procedimentos que permitam ao CIFAS dirigir e coordenar
a Comunidade das Informações Militares” (CIFAS, 2014, p. 10).
Este último objetivo tem associadas várias tarefas, entre elas: elaborar um Plano
Estratégico das Informações militares que defina os objetivos tangíveis e mensuráveis,
permita dar coerência a todas as ações que se realizem para atingir os objetivos, evite
15 A Comissão Delegada do Governo para Assuntos das Informações zelará pela adequada coordenação detodos os serviços de Informação e Informações do Estado para a formação de uma Comunidade de Informações(Presidência do Governo de Espanha, 2002, p. 16442) Uma Comunidade de Informações consiste num sistemaintegrado pelas agências e organismos relevantes em tal matéria, que servem os objetivos estratégicos doGoverno da nação, de forma coordenada graças ao trabalho de uma estrutura de nível superior que promove egarante as relações e a conectividade necessária, aos níveis e pelos procedimentos adequados, e em ordem aotimizar os resultados (Valero, 2005, pp. 195-196).16 O Centro Nacional de Informações é o organismo público responsável por fornecer ao Governo espanhol as
Informações, análises, estudos ou propostas que permitam prevenir e evitar qualquer perigo, ameaça ouagressão contra a independência ou integridade territorial de Espanha, os interesses nacionais e a estabilidadedo Estado de direito e suas instituições. (Presidência do Governo de Espanha, 2002, p. 16441).
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redundâncias e sirva de guia para a tomada de decisões em todos os níveis. Plasmar esta
estratégia num Quadro de Comando Integral17 que facilite a gestão eficiente dos recursos
humanos, materiais e financeiros e permita o controlo dos esforços e a avaliação do grau de
consecução dos objetivos (CIFAS, 2014, p. 14).
c. Recursos materiais
O Plano Estratégico 2020 do CIFAS destaca no seu objetivo nº 5, como já foi referido,
“manter a capacidade tecnológica suficiente que permita o apoio às competências chave do
CIFAS” (CIFAS, 2014, p. 10).
São tarefas associadas ao objetivo nº 5 as seguintes: potenciar a colaboração com o
setor tecnológico da Defesa; liderar os programas de Informações, Vigilância e
Reconhecimento das Forças Armadas; liderar os programas relacionados com os Sistemas
de Informação específicos de Informações; propor às autoridades competentes a aquisição
dos sistemas técnicos necessários para manter a eficácia do CIFAS nas funções de
orientação, pesquisa, processamento e disseminação; procurar a interoperabilidade dos
sistemas de informação nacionais e dos organismos internacionais de segurança, de que
Espanha faz parte (CIFAS, 2014, p. 17).
O desenvolvimento desta capacidade conjunta é uma das prioridades das Forças
Armadas espanholas e da NATO. Ao ser uma capacidade que reside no Exército, Marinha e
Força Aérea e no nível conjunto, é necessário que haja coordenação para evitar a duplicação
de esforços.
Um facto que merece especial atenção e que dá prova da potenciação do Centro é que
está previsto que o CIFAS se mude da sua localização atual no centro de Madrid, para
Retamares, uma província de Madrid, onde irá ocupar umas instalações mais adequadas e
com maior funcionalidade. Estas instalações estão a ser acondicionadas para a sua utilização
pelo CIFAS, uma vez que era onde estava localizado o extinto NATO HQ Madrid, CC-Land.
A mudança está prevista para meados de 2015.d. Recursos Humanos
Os recursos humanos são, sem dúvida, o recurso crítico do CIFAS, como o destaca o
objetivo nº 4 do Plano Estratégico 2020 do CIFAS: “Privilegiar o pessoal como recurso
crítico do CIFAS”. “Os recursos humanos disponíveis nas Forças Armadas espanholas
devem ver no CIFAS uma oportunidade de desenvolver uma carreira nas Informações
17 Quadro de Comando Integral é a denominação comum espanhola para designar ao Balanced Scorecard – BSC
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militares. Para isso é essencial a coordenação com os organismos responsáveis dos recursos
humanos”. (CIFAS, 2014, p. 15)
A Lei da Carreira Militar tem modificado a conceção que até à data se tinha da carreira
militar (Presidência do Governo de Espanha, 2007, p. 47336). Cada vez mais existem
militares na fase final da sua carreira, Tenentes-Coronéis e Coronéis, que na sequência da
aplicação desta nova lei, ficarão incapacitados de atingir o topo da carreira. No entanto,
tratam-se de militares com uma larga experiência e conhecimento, que poderiam ser
motivados a integrar a estrutura do CIFAS com chefes de Repartição, por exemplo,
constituindo uma mais-valia para este Centro.
Este objetivo tem associadas várias tarefas. Primeira, o CIFAS deve ser capaz de
organizar um grupo de trabalho multidisciplinar no qual se encontre pessoal especialista em
planeamento, gestão de recursos humanos, materiais e económicos; assessoria jurídica;
medicina, logística, operações, comunicações e sistemas de informação, investigação militar
operativa e Informações. Em resumo, pretende-se conseguir a formação de equipas
multidisciplinares, com pessoal altamente especializado. A segunda tarefa é potenciar o
desenvolvimento profissional. O CIFAS pretende oferecer uma carreira motivadora ao
pessoal que pertença ao Centro. A terceira tarefa faz referência à potenciação da liderança e
da iniciativa em todos os níveis. Faz-se uma referência expressa a que a intensa atividade
exterior do Centro supõe que o pessoal deva habituar-se a atuar e tomar decisões afastado
dos centros de comando nacionais, pelo que a iniciativa é e será uma das qualidades a
fomentar entre o pessoal do CIFAS. A quarta tarefa está dirigida a estabelecer planos de
formação e aperfeiçoamento. A quinta e última tarefa faz menção a um aspeto chave: a
disputa entre o CIFAS e os Ramos pelo pessoal especialista das Informações. Os elementos
que compõem o CIFAS são normalmente pessoal que os Ramos cedem para que as Forças
Armadas possam dispor da capacidade conjunta de Informações. Para a execução das tarefas
atribuídas aos Ramos, estes têm necessidades de pessoal que em certas ocasiões entram emconflito com as do CIFAS. Consequentemente, é necessário coordenar com os organismos
responsáveis pelo pessoal a melhor forma de resolver os possíveis conflitos, facilitar a
transferência de pessoal e garantir que as capacidades dos Ramos e do CIFAS se mantêm
(CIFAS, 2014, pp. 15,16).
e. Síntese Conclusiva
O CIFAS é o órgão Conjunto das Informações Militares das Forças Armadas de
Espanha.
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Está a ser objeto de uma potenciação das suas capacidades. Este desenvolvimento
enquadra-se dentro de um conceito geral de potenciação da ação conjunta nas Forças
Armadas espanholas.
Não obstante, as responsabilidades e capacidades das Informações dos Ramos vão ser
mantidas, sendo a sua coordenação um dos papéis relevantes do CIFAS.
O recurso crítico do CIFAS são as pessoas. No seu plano estratégico contempla ações
específicas para se dotar de pessoal altamente qualificado e para que este se mantenha no
Centro.
Quanto aos recursos materiais, o CIFAS quer liderar os programas de aquisição de
materiais específicos de Informações, a que corresponde o seu nível estratégico. Está
previsto que, em meados do próximo ano, o CIFAS seja relocalizado para umas instalações
mais adequadas e funcionais para desenvolver a sua atividade.
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4. Proposta de modelo do Sistema de Informações Militares
Após a análise efetuada nos capítulos anteriores, pretendemos agora identificar e
propor um modelo concetual de SIM, adaptado às necessidades atuais e à forma como este
poderá contribuir para o esforço das Informações militares ao nível das Forças Armadas.
A atividade das Informações obedece a diversos princípios, sendo de realçar, o
princípio do controlo centralizado (Exército Português, 2009, pp. 1_3-1_4).
O Major Bartolomeu (2010, p. 166) refere também que o CISMIL, não possuindo uma
relação funcional direta com todas as entidades e organismos envolvidos na pesquisa de
notícias, seguindo o preconizado pelo princípio do controlo centralizado, não permite a
obtenção de uma convergência de esforços e um melhor aproveitamento das sinergias dos
diversos órgãos e fontes de notícias. Dada a não existência de qualquer tipo de dependência
funcional, o relacionamento entre o CISMIL e os restantes órgãos de Informações dos
Ramos está dependente das relações pessoais informais. Se houver necessidade de meios
que não dependam das pessoas em questão, o sistema já não funciona (Bento, 2014).
Também os órgãos de pesquisa dos vários Ramos não são coordenados
centralizadamente, originando duplicações evitáveis na obtenção de notícias e Informações
por parte dos Ramos e do EMGFA. Além disso, não são utilizadas todas as suas capacidades
por ausência de um vínculo de autoridade de ordem de pesquisa do CISMIL sobre os
diferentes meios dos Ramos (Coimbra, 2008, p. 14). Dificilmente se conseguirá orientar o
esforço de pesquisa ao nível estratégico-militar e operacional, enquanto o CISMIL não
possuir competência sobre as diversas estruturas de Informações dos Ramos.
Considerando o que até aqui foi referido, e o que em estudos académicos anteriores
foi também defendido, consideramos pertinente a centralização de todos os órgãos
produtores de Informações militares num único serviço, ou seja, o CADOP, o CSMIE e o
A2 fundirem-se num único SIM, no EMGFA. Optámos por manter o CISMIL, mudando-lhe
o nome para Divisão de Informações Militares (DIM), com controlo e coordenaçãocentralizada das atividades de Informações das Forças Armadas.
Seria assim criado um SIM único na dependência do CEMGFA, a DIM, que deve estar
estruturada para acompanhar o caráter imprevisível do ambiente internacional; reduzir o
nível de incerteza dando uma boa perceção partilhada da realidade envolvente; realizar a
análise permanente das ameaças e riscos com base no estudo de acontecimentos correntes
projetados no futuro e a evolução das instabilidades regionais que possam ter impacto na
segurança do território nacional, assim como, nas áreas de interesse das organizações
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internacionais nas quais participamos, no âmbito da NATO, União Europeia (UE) e
Organização das Nações Unidas (ONU) (Coimbra, 2008, p. 25).
Uma vez que os órgãos de Informações dos Ramos seriam fundidos num único órgão,
a DIM terá de prestar apoio ao nível operacional e tático, nomeadamente no apoio direto às
forças no terreno e respetivo enquadramento operacional.
Assim, a DIM terá de produzir Informações estratégicas para o sistema de alerta e
aviso, para o apoio à decisão política, para suporte do planeamento estratégico militar e da
tomada de decisão estratégico-militar; informações operacionais para planeamento e
conduta de campanhas e operações, preocupando-se com o levantamento das possibilidades
do adversário, tomando em consideração as possíveis áreas de operação e a sua capacidade
militar (Exército Português, 2009, p. 1_6); e informações táticas para o conhecimento da
área de operações do inimigo e dos combates para as unidades táticas atingirem os seus
objetivos (Coimbra, 2008, p. 38).
A DIM deverá ter, por parte do CCEM, uma orientação clara das áreas prioritárias de
atividades de Informações a desenvolver no caso nacional, integradas com as atividades ao
nível das responsabilidades no âmbito da NATO, UE e ONU. Desta forma passa a ser
possível dar orientações gerais aos órgãos coordenadores dos meios de pesquisa e de
processamento, obtendo-se uma visão partilhada de todos no esforço de obtenção de
Informações para apoio aos níveis estratégico, operacional e tático (Coimbra, 2008, p. 31).
O plano anual de Informações, a ser aprovado pelo CCEM, tem que especificar as
áreas onde irá ser concentrado o esforço de pesquisa no ano seguinte, definindo as
prioridades para três categorias: áreas onde as Forças Armadas participam em operações
militares; áreas onde as Forças Armadas poderão ser empregues e finalmente, áreas que são
relevantes para a segurança e política de defesa de Portugal (Coimbra, 2008, p. 31).
Terá, igualmente, de ser garantida a interoperabilidade dos sistemas de comunicação
em conformidade com os STANAGs e outros documentos NATO ratificados por Portugal(Coimbra, 2008, p. 31). Deverão ser empregues aplicações em rede ligadas por acessos
seguros a todos os utilizadores do sistema, facilitadoras do tratamento da informação, e com
autoridade de utilização da capacidade dos órgãos de pesquisa dos Ramos (Coimbra, 2008,
p. 29).
Com base no anteriormente exposto, visualizamos a estrutura deste SIM através da
DIM, dependente do CEMGFA, garantindo o apoio ao CCEM na missão de orientação e
coordenação geral das atividades de Informações das Forças Armadas; coordenação com osserviços de Informações internacionais e nacionais e com outros órgãos do Estado; produção
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de Informações estratégicas, operacionais e táticas; segurança militar, e, finalmente,
coordenação dos órgãos de pesquisa das Forças Armadas (Coimbra, 2008, p. 32).
As células de Informações dos comandos de componente dos Ramos (Repartições de
Informações) teriam a composição adequada para as atividades correntes, sendo reforçadas
quando necessário por equipas de Informações da DIM, especializadas em áreas de atuação
decorrentes de missões concretas, ligando-se através de acessos seguros à base de dados da
DIM (Coimbra, 2008, p. 35).
De seguida, apresentamos uma proposta de organigrama do SIM:
Figura 6 - Organização do novo SIM
Fonte: (Autores, 2014)
Assim, os Comandos Operacionais dos Ramos ficariam apenas com as suas
Repartições de Informações, bem como, o Comando Operacional Conjunto com o J2.
A DIM coordenaria atividades de Informações dos Ramos, e estando na dependência
direta do CEMGFA, teria legitimidade para atribuir tarefas diretamente aos órgãos de
pesquisa dos Ramos, evitando a duplicação de esforços.
Tal como no sistema inglês, os Ramos teriam o dever de informar a DIM sempre que
saísse em missão um dos seus meios, para que a DIM lhe pudesse fazer um plano de
pesquisa, caso fosse do seu interesse obter informações na área onde esse meio iria atuar.
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Acreditamos que um SIM orientado e coordenado pelo CCEM, baseado numa
estrutura centralizada e constituída ao nível do EMGFA, operacionalizado através de uma
DIM e de todos os órgãos de informações dos Ramos e pelos meios militares de informações
de nível tático; apoiado por uma rede de Informações segura, irá contribuir para uma
melhoria das Informações a nível nacional, orientadas para o apoio das operações militares.
Contribuirá igualmente para a racionalização da despesa militar, nomeadamente
através da melhor articulação entre os Ramos das Forças Armadas e uma maior eficiência
na utilização de recursos evitando duplicações desnecessárias, otimização da partilha de
recursos, eliminando redundâncias e preenchendo lacunas existentes.
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Conclusões
Ao longo do desenvolvimento deste trabalho identificámos que, efetivamente, não
existe uma estrutura centralizada de coordenação de todos os órgãos de Informações atuais.
No desenvolvimento de uma operação militar no exterior do território nacional, caso
participe mais do que um Ramo, é perfeitamente possível que se dupliquem esforços na
obtenção de notícias, enquanto que se existisse uma estrutura centralizadora, não existiria
essa duplicação e muito provavelmente significaria uma aquisição mais fácil e com menos
custos envolvidos.
Por outro lado, no que respeita aos recursos materiais, verificamos que o facto das
bases de dados existentes não serem interoperáveis e não terem acessos seguros para os
utilizadores, resulta em que as Informações estratégicas, operacionais e táticas não sejam
processadas e difundidas convenientemente.
O sucesso das Informações assenta em boa parte nos seus recursos humanos. O pessoal
técnico das Informações deve ser escolhido e preparado rigorosamente, devendo existir
incentivos que permitam um bom nível de seleção e uma formação bem estruturada. Olhando
o caso espanhol, verificamos que estes o consideram como um recurso crítico.
Concluímos, assim, que o atual SIM apresenta uma estrutura disfuncional, onde muitas
vezes ocorre duplicação de esforços, onde existe uma franca insuficiência tecnológica e onde
o pessoal se constitui como um recurso crítico.
Da análise do caso de estudo, verificamos que nas Forças Armadas de Espanha, se tem
vindo a assistir a um forte incremento das estruturas conjuntas, numa perspetiva de
racionalização de recursos.
Face ao exposto, o modelo de SIM que agora propomos foi construído assente em
quatro pilares:
Comando, o CCEM deve deliberar sobre qual deve ser orientação do esforço de
pesquisa, coadjuvado pela DIM, através da aprovação e divulgação do plano de Informações,garantindo desta forma o funcionamento integrado e eficaz das atividades de Informações
aos vários níveis de decisão: estratégico-militar, operacional e tático.
Legal, deve ser regulamentada a LOEMGFA atribuindo à DIM competências para
acionar os meios técnicos e humanos das Forças Armadas, necessários à produção de
Informações, em coordenação com os Ramos. A DIM centraliza todas as atividades de
Informações militares, coordenando os esforços de pesquisa dos órgãos dos Ramos.
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Tecnologia, criação de uma base de dados nacional interoperável entre a DIM e os
comandos operacionais dos Ramos (CN, CFT, CA), através do acesso a redes de
comunicação seguras.
Pessoal, oferecendo uma carreira na área das Informações aliciante, permitindo à DIM
ter ao seu dispor um conjunto de militares competentes, especializados, com experiência e
que garantam tempo de permanência na função.
Operacionalizando este modelo, consegue-se cumprir quer o determinado na Reforma
“Defesa 2020” quer o definido na recente alteração da LOBOFA. Racionalizamos a despesa
militar, criando um órgão conjunto, evitando duplicações desnecessárias e promovendo uma
melhor articulação entre os Ramos das Forças Armadas.
Quando um sistema funciona como um todo, ele está organizado de forma lógica e
integrada. No entanto, se existir entropia o sistema pode começar a deteriorar-se, sendo
necessário fornecer-lhe mais energia e recursos, quando muitas das vezes, o suficiente para
o otimizar passa por uma reorganização e modernização.
Desta forma, respondemos à Questão Central: “Que modelo de SIM poderá permitir
maior articulação entre os Ramos e o EMGFA, bem como, uma maior eficiência dos
Recursos?”: um SIM, orientado e coordenado pelo CCEM, baseado numa estrutura
centralizada e constituída pela DIM do EMGFA, com a integração dos órgãos de
Informações dos Ramos nesta estrutura (CADOP, CSMIE e A2), ficando os comandos
operacionais dos Ramos com as respetivas Repartições de Informações, suficientes para o
cumprimento das suas missões, sendo reforçados com equipas de Informações da DIM,
sempre que necessário. A DIM terá capacidade de produção de Informações dos níveis
estratégico, operacional e tático.
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Apêndice A – Questionário para os Ramos e EMGFA
1. Qual o modelo de estrutura de Informações existente no Ramo?
2. Existem diferenças entre o modelo da estrutura de Informações aprovado e o que está
atualmente em vigor?
3. Que alterações efetuaria no modelo em vigor, para que este dê uma resposta cabal às
necessidades do Ramo?
4. Que tipo de dependência/relação existe, se existir, entre o Ramo e o EMGFA, com os
outros Ramos e com os atores do SIRP?
5. Como visualiza o relacionamento ideal da estrutura de Informações do Ramo com o
EMGFA, com os outros Ramos e com os outros atores do SIRP? Dependência funcional?
Cooperação institucional? A atual relação existente?
6. O atual modelo tem aplicação operacional, ou seja, funciona em apoio do comando da
componente? Existe necessidade de se rearticular em apoio à componente operacional? Ou
somente tem aplicação em tempo de paz?
7. No Ramo, existem outras estruturas de Informações? Por exemplo ao nível do Estado-
Maior? Qual a dependência/relação existente? Vê necessidade de tal existência?
8. No Ramo, a estrutura de Informações existente é também a responsável pelas áreas da
Contra-Informação e Segurança? Visualiza vantagens na concentração de responsabilidades
destas áreas na mesma a estrutura?
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Apêndice B – Entrevista ao Coronel José Manuel Dias Bento, em 23 de junho de 2014
As leis orgânicas do EMGFA e dos Ramos não encaixam. A LOEMGFA utiliza um
verbo muito forte nas atribuições que dá ao CISMIL, que é ativar os meios humanos e
materiais das Forças Armadas. Por exemplo, caso houvesse um pedido de informação que
envolvesse a necessidade de empenhar um meio de um dos Ramos (aviões ou navios com
capacidade ISR) qual seria a resposta do Ramos, a Lei Orgânica a nada os obriga.
Reforçando ou agravando este problema, os 4 diplomas, as leis orgânicas, são decretos de
lei logo tem igual valor e precedência. Se a LOEMGFA fosse uma Lei e os outros 3 diplomas
Decretos de Lei, esta questão poderia ficar resolvida. Se fizermos uma pesquisa muito
simples às Leis Orgânicas, uma pesquisa pela palavra Informações, verificamos que na
Marinha e na Força Aérea esta palavra não aparece, e no caso do Exército, a única vez que
aparece é quando se refere ao CSMIE.
Se formos ao Decreto de Lei 226/85, de 04 de julho, estava definida uma dependência
técnica, que com o novo diploma de 2009 desapareceu.
A LOBOFA define as competências do Conselho de Chefes e poderia ser uma solução
para este problema, o facto do CISMIL não ter competência para “taskar” os órgãos de
pesquisa, elaborar-se um plano de pesquisa anual que fosse aprovado no âmbito do Concelho
de Chefes, já que uma