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A CADEIA PRODUTIVA BOVINA E OS IMPACTOS CAUSADOS NO
AMBIENTE: UMA ANÁLISE DO DESPERDÍCIO DE ÁGUA NO
PROCESSAMENTO DA CARNE BOVINA
THE BEEF PRODUCTION CHAIN AND IMPACTS CAUSED IN THE
ENVIRONMENT: AN ANALYSIS OF WATER WASTAGE IN BEEF
PROCESSING
ADRIANE REGINA GARIPPE JOHANN 1KARLA ROBERTO SARTIN
2JULIANA
DUARTE DE MENDONÇA CASTRO 3 GERALDO LOPES DE LIMA JUNIOR
4 JOSÉ
REIS JUNIOR5 LIZANDRO POLETTO
6
RESUMO:A cadeia bovina tem grande importância para o agronegócio brasileiro. A
produção neste setor tem crescido muito, e o Brasil conseguiu ocupar excelentes
posições, com possibilidade de se tornar o maior exportador de carnes do mundo em um
futuro próximo, caso os investimentos em tecnologia e as melhorias no processo
produtivo continuem. O objetivo deste estudo é desenvolver uma análise de série
temporal do consumo de água para esta cadeia produtiva. Foram coletados dados do
abate de bovinos e estimado o consumo de água para processamento desta carne, a
análise de série temporal consta do período de janeiro de 1997 a março de 2014. Foi
efetuado um teste de correlação entre o consumo de água para processamento da carne
bovina e a evolução do tempo, por meio do software SPSS. Os resultados encontrados
demonstram que a correlação entre eles é alta, o que favorece a aceitação do modelo
matemático analisado neste estudo como ferramenta para estimar o consumo futuro de
água para processamento da carne bovina.
Palavras chave: Cadeia bovina. Impactos ambientais. Consumo de água. Exportação.
ABSTRACT:Bovine chain has great importance for the Brazilian agribusiness. The
production in this sector has grown tremendously, and Brazil managed to occupy
excellent positions, with the possibility of becoming the largest meat exporter in the
world in the near future, if the investments in technology and improvements in the
production process continue. The aim of this study is to develop a time series analysis
of water consumption for this production chain. Data from the slaughter of cattle were
collected and estimated water consumption of this meat processing, analyze the time
series consists of the period from January 1997 to March 2014 a test of correlation was
made between the consumption of water for meat processing bovine and the evolution
of time, using SPSS software. The results show that the correlation between them is
1Pesquisadora Adriane Regina Garippe Johann
2Professora Ma.Karla Sartin. [email protected]
3Professora Ma. Juliana Duarte de Mendonça Castro. [email protected]
4Professor Me. Geraldo Lopes de Lima Junior. [email protected]
5Professor Me. José Reis Junior. [email protected]
6Professor Me. Lizandro Poletto. [email protected].
2
high, which promotes acceptance mathematical model analyzed in this study as a tool to
estimate future consumption of water for processing beef.
Keywords: Beef chain. Environmental impacts. Water consumption. Export.
1 INTRODUÇÃO
A água é um elemento que deve ser preservado e manuseado de forma racional.
A avaliação dos recursos hídricos do Brasil levando em consideração o cenário atual e a
tendência do seu desenvolvimento até 2025, segundo Tucci et al (2000) esta temática
faz parte de um esforço mundial baseado na iniciativa de várias entidades
internacionais. Estes autores alertam que o desenvolvimento dos recursos hídricos e a
conservação dos sistemas naturais constituem um desafio para a sociedade brasileira.
Também comentam que a disponibilidade dos recursos hídricos ainda não é deficitária,
porém em períodos de estiagens algumas regiões brasileiras, a exemplo o semiárido
nordestino e localidades onde o uso de água é intenso como nas regiões metropolitanas,
as condições de abastecimento são críticas.
Existe um conflito entre o uso das águas entre a agropecuária e o abastecimento
humanos nestas regiões críticas, essa situação conflituosa também ocorre no complexo
de produção de carnes, seja o da carne bovina, de aves ou suína. Conforme Steinfeld et
al (2006), a disponibilidade de água sempre foi um fator limitante para as atividades
humanas, em especial para a agricultura. Estes autores argumentam que o setor agrícola
é o maior consumidor de água doce, sendo responsável pelo consumo de 70% do
consumo global de água, porém alerta que nas últimas décadas, o consumo de recursos
hídricos para aplicações industriais tem uma taxa de crescimento bem superior à da
agricultura. Sugerem ainda que projeções do consumo de recursos hídricos apontam
para tensões ainda maiores entre este setor e o consumo doméstico, em função do
crescimento da demanda doméstica.
Um setor industrial apontado por Steinfeld et al (2006) como grande consumidor
de água é o de processamento de carnes bovinas, estes afirmam que o processamento de
carne inclui várias atividades, desde o abate e até a entrega da carne e subprodutos
absorvem o quantitativo considerável de recursos. Elucidam em sua obra Livestock’s
Long Shadow, a problemática referente á escassez de água em vários países, citam que
em uma recente avaliação do Institute International Water Management (IWMI) estima-
3
se que em 2023, 33 por cento da população mundial, ou seja, 1.800 milhões de pessoas
vivem em áreas com escassez de água absoluta água, em países como o Paquistão,
África do Sul e grandes áreas da Índia e da China. Cita ainda que mesmo os países com
recursos suficientes de água terão que expandir seus sistemas abastecimento de água, a
fim de atender à crescente demanda.
Diante dessa problemática pretende-se fazer um levantamento do consumo de
água para processamento de carne bovina, dado o aumento acentuado da produção
devido ao aumento do consumo interno e ao aumento das exportações. O objetivo deste
estudo é desenvolver uma análise de série temporal do consumo de água para esta
cadeia produtiva, e partir desta análise de série temporal construir um modelo
matemático que traduza os volumes de consumo de água com processamento de carne
bovina para os próximos anos. Pretende-se ainda desenvolver reflexões sobre a
necessidade do uso racional da água por este setor. Têm-se como objetivo específico o
desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica relacionada a cadeia bovina para maior
familiarização com o tema e o desenvolvimento de uma análise das etapas do processo
da cadeia bovina que utilizam maior quantidade de água.
Existem questões que são primordiais para a sobrevivência humana, dentre elas
estão a alimentação e a disponibilidade de recursos hídricos. Ao se considerar a
segurança alimentar é importante que se avalie o consumo e a gestão dos recursos
hídricos, quer seja para consumo domésticos quer seja para obtenção de alimentos
através da agropecuária. Esta argumentação justifica um estudo analítico das formas de
utilização dos recursos hídricos no processamento de carnes bovinas.
Para realização deste estudo em um primeiro momento foi feita uma pesquisa
bibliográfica para maior familiarização com o tema analisado. No levantamento
bibliográfico em um primeiro instante foi investigada a cadeia produtiva bovina, sendo
verificadas suas características e sua estrutura, em seguida foi realizada uma análise dos
impactos da cadeia produtiva bovina junto ao meio ambiente. Após pesquisa
bibliográfica, foram descritos os procedimentos metodológicos utilizados. Por fim,
foram descritos os resultados, reflexões e análises obtidas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para construção do referencial teórico acredita-se ser importante identificar o
comportamento da cadeia produtiva de carne bovina, para que através de suas
4
caraterísticas operacionais e mercadológicas possam ser levantados pontos impactantes
para gestão e análise dos recursos hídricos. Os recursos hídricos não são os únicos
fatores ambientais a serem impactados por esta cadeia produtiva, por tal motivo neste
capítulo também serão citados outros fatores impactados por esta cadeia produtiva.
2.1 Cadeia produtiva bovina
Conforme Ferreira e Padula (1998), a cadeia produtiva da carne bovina pode ser
configurada, genericamente, como a constituição de produtores de gado de corte,
frigoríficos, que efetuam o abate e a industrialização da matéria-prima e distribuidores
dos produtos finais, classificados como atacadistas e varejistas. Os autores comentam a
existência de outros agentes que também fazem parte desta cadeia, neste caso são para a
atividade primária, a indústria de insumos, os “corretores”, que são os agentes que
intermediam produtores e frigoríficos e, entre estes e os distribuidores e as empresas,
que comercializam para o mercado externo. Ainda existe a indústria de subprodutos da
carne, que se relaciona com estes agentes, com foco principal na alimentação animal, e
as instituições de pesquisa e extensão.
Segundo IBGE (2013), o último trimestre de 2013 registrou o oitavo trimestre
consecutivo em que houve alta na quantidade de bovinos abatidos. Com isso, é possível
confirmar a boa performance da bovinocultura no Brasil. Em uma análise de 2008 a
2013, o IBGE ilustrou uma evolução do abate de bovinos trimestralmente no Brasil. A
Figura 1 traz esta evolução.
Figura 1 – Evolução do abate de bovinos no Brasil (trimestre)
5
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária,
Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, 2008.I-2013.III.
Segundo o IBGE (2013) a produção de carcaças de bovinos teve aumento
recorde consecutivamente no terceiro trimestre de 2013. Igualmente à quantidade de
bovinos abatidos, o terceiro trimestre de 2013 também apresentou pela oitava vez
trimestral consecutiva um crescimento da produção de carcaças de bovinos, em
comparação anual dos mesmos trimestres. A Figura 2 ilustra a evolução do peso das
carcaças de bovinos por trimestre acumuladamente.
Figura 2 – Evolução do peso das carcaças de bovinos por trimestre
acumuladamente
6
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária,
Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, 2008.I-2013.III.
2.2 Abate de bovinos e impactos
Conforme Pacheco e Yamanaka (2008), os aspectos e impactos principais
relacionados à indústria da carne e derivados tem relação com o alto consumo de água, à
geração de efluentes líquidos com alto grau de poluição, principalmente orgânica, bem
como consumo alto de energia. Outras questões que também impactam são odor,
resíduos sólidos e ruído, que são considerados muito significativos em algumas
empresas do setor.
O consumo alto de água no setor de carnes está relacionado ao consumo e
lavagem dos animais, lavagem dos caminhões, lavagem de carcaças, vísceras e
intestinos, movimentação de subprodutos e resíduos, limpeza e esterilização de facas e
equipamentos, limpeza de paredes, pisos, bancadas e equipamentos, geração de vapor e
resfriamento de compressores. O fator que mais afeta o consumo de água é a prática da
lavagem (PACHECO E YAMANAKA, 2008). O consumo de energia nos abatedouros,
embora bem menor que o consumo de água também causa impactos ao ambiente. A
eletricidade é utilizada para operar máquinas e equipamentos, bem como para
refrigeração, produção de ar comprimido, iluminação e ventilação.
O consumo de água é alto no processo de abate de bovinos, principalmente na
higienização dos produtos e nos locais onde são realizadas as atividades. Desta forma,
existe uma alta geração de efluentes por unidade animal abatida (GOMES, 2010).
Percebe-se diferenças no consumo de água de unidade para unidade, isto ocorre por
vários aspectos como: tipo de unidade (frigorífico com/sem abate, com/sem graxaria,
etc.), tipos de equipamentos e tecnologias utilizadas, “layout’ da planta e de
equipamentos, procedimentos operacionais, dentre outros (SENAI, 2003).
Os frigoríficos e os matadouros possuem equipamentos e instalações adequados
para o abate, manipulação, preparo e conservação das espécies de açougue de diferentes
maneiras, com aproveitamento completo dos subprodutos não comestíveis, e com
instalações de frio industrial. O Sistema Federal de Fiscalização (SIF) e as
coordenadorias estaduais ou municipais de inspeção animal regulam as normas para o
projeto das instalações. Em nível Federal as exigências são maiores, visto que somente
um estabelecimento com SIF está apto a exportar produtos (SENAI, 2003).
A Tabela 1 traz a geração de efluentes em matadouros-frigoríficos.
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Tabela 1 – Geração de efluentes em matadouros-frigoríficos
Tipo de resíduo Unidade Animais pequenos Gado
Quantidade de água residuária (*) m3/animal 0,26 0,98
Substâncias sedimentáveis após duas horas L/animal 6 13,5
Matéria sólida Kg/animal 0,19 0,42
Carga específica de DBO5 (*) kg O2/animal 0,43 2,39
(*) quando o sangue não é coletado separadamente ou mesmo inadequadamente, a carga de
contaminação pode ser 2 a 3 vezes maior, bem como a quantidade de água residual (A DBO5
do sangue é
aproximadamente 145.000 mg O2/L).
Fonte: Adaptado de Banco do Nordeste (1999) apud SENAI (2003)
É possível reduzir o desperdício de água nas etapas do processo em frigoríficos e
matadouros. Os procedimentos de limpeza do piso do curral exigem consumo de grande
quantidade de água, não sendo permitida a entrada de novo lote de animais sem que o
ambiente tenha sido limpo e higienizado. Algumas oportunidades para se reduzir o
consumo de água podem ser citadas como: retirada dos resíduos a seco e reforma nos
pisos, que por apresentarem imperfeições, buracos ou fissuras favorecem ao consumo
maior de água durante a limpeza. Na lavagem dos animais também é consumida muita
água, pois em geral, os animais encontram-se muito sujos, gerando desta forma alto
volume de efluentes. O tamanho correto dos furos, bem como a utilização de bicos
aspersores poderão diminuir de forma significativa o consumo de água. Em um
matadouro a lavagem da carcaça dos animais é onde mais se desperdiça água. Para
reduzir este desperdício é importante fazer treinamento com os funcionários, pois
mesmo parecendo um processo simples exige alguns cuidados. Muitas outras
oportunidades de redução do desperdício de água podem ser utilizadas, e com isso é
possível reduzir significativamente o volume de agua utilizada nos matadouros e
frigoríficos (SENAI, 2003).
A redução do desperdício de subprodutos por meio da substituição do sistema
manual de retirada por sistema mecanizado de transporte para a graxaria, pode trazer
alguns benefícios econômicos e benefícios de saúde ocupacional, da mesma maneira
benefícios ambientais tais como: diminuição do impacto ambiental pela diminuição da
carga orgânica do efluente gerado no processo de limpeza das instalações e um
ambiente de trabalho mais organizado e limpo (SENAI, 2003).
2.3 Pastejo
8
Segundo Livestock’s Long Shadow (2006), a pecuária está sofrendo algumas
transformações de ordem complexa da técnica, bem como de ordem geográfica, onde
estão ocorrendo mudanças no foco dos problemas ambientais ocasionados pela
indústria. A pastagem extensiva ocupa grandes áreas de terras degradadas, porém, existe
uma inclinação crescente para a intensificação e a industrialização. Percebe-se uma
mudança nos padrões já estabelecidos de distribuição geográfica de produção animal
das áreas rurais para as áreas urbanas e peri-urbanas, isto é, áreas mais próximas dos
consumidores, bem como para áreas que se encontram nas proximidades dos centros de
transporte. Outra modificação que se observa é o aumento veloz de produção de suínos
e aves, principalmente produzidos industrialmente (espécies monogástricas) e uma
desaceleração na produção de bovinos, ovinos e cabras, muitas vezes criadas em
condições extensivas (ruminantes).
O setor pecuário inicia a competição de forma mais direta e intensa por terra,
água e outros recursos naturais escassos. Desta forma, percebe-se uma melhora na
eficiência, com redução da área de terra que se necessita para a produção pecuária.
Contudo, isto está ocasionando a marginalização de pequenos agricultores e pastores
(LIVESTOCK’S LONG SHADOW, 2006).
Conforme Martha Jr et al (2010), no Cerrado, a estratégia de evolução da
pecuária de corte, focou com força no uso intenso do fator terra, limitando o uso de
insumos no sistema de produção e com isso os índices zootécnicos e econômicos, em
geral, eram insuficientes para assegurar a sustentabilidade da atividade de pecuária. Na
visão do produtor, a produtividade do pasto era baixa e inviável economicamente,
iniciando-se novo ciclo de produção e de degradação da pastagem, em geral mais curto
que o original. Para Martha Jr et al (2007) apud Martha Jr et al (2010), a degradação das
pastagens junto aos problemas econômicos, possivelmente indicarão problemas
ambientais, podendo ocasionar impactos sociais não desejáveis, pois há diminuição de
empregos, da qualidade de vida, e consequentemente do incentivo à permanência no
meio rural.
Martha Jr et al (2010), citam que o padrão de expansão da atividade pecuária foi
claramente alterado na última década. Conforme os Censos Agropecuários de 1985,
1995 e 2006 (IBGE, 1985, 1999, 2009), houve uma variação negativa de 27,1 milhões
de hectares na área de pastagem nativa e entre 1995 e 2006, percebeu-se uma
diminuição de 20,7 milhões de hectares, isto é, uma diminuição de 31% se comparado
9
com a década anterior. Entre 1985 e 1995 a área de pasto cultivado teve um crescimento
em 25,6 milhões de hectares e de 1995 a 2006, identificou-se um aumento de 1,8
milhões de hectares da área de pasto cultivado. As taxas de lotação animal também
tiveram crescimento, sendo que em 1985 eram 0,71 cabeças/ha, em 1995 0,86
cabeças/ha e em 2006 1,08 cabeças/ha. Verificou-se um aumento na produtividade do
pasto, conforme o Censo Agropecuário (IBGE, 2009), sendo em 1995 em torno de 23
kg/ha/ano de carcaça e em 2006, de 43 kg/ha/ano, isto é, um aumento de 87%.
Entre 1995 e 2009, conforme IBGE (2009) apud Martha Jr et al (2010), houve
uma diminuição de aproximadamente 19 milhões de hectares na área de pasto, mesmo
com os vários avanços na produtividade. Os pequenos ganhos econômicos projetados
para a pecuária extensiva não necessariamente oferecem competitividade diante às
demais alternativas de uso do solo. O progresso de lavouras sobre as áreas de pastagens
é inevitável caso a atividade pecuária não adicione ganhos econômicos, principalmente
a soja no Cerrado e a cana-de-açúcar nas proximidades de São Paulo. Desta forma,
alguns efeitos indiretos na utilização da terra podem afetar de forma negativa a
diminuição do desmatamento no Cerrado e na desse bioma com a Amazônia.
2.4 Confinamento
Segundo Manso e Ferreira (2007), a atividade de confinamento tem relação
especialmente com a racionalização do uso do uso, que impede o desmatamento de
áreas grandes para a formação de pastagens. O acúmulo de dejetos de animais, a
formação de resíduos líquidos com concentrações altas de carga orgânica e a chance de
multiplicação de moscas e mosquitos, podem ocasionar poluição direta do local desse
processo intensivo de bovinos, influenciando indiretamente a qualidade do ambiente,
bem como a provável contaminação dos recursos hídricos. O crescimento da atividade
de confinamento se deve principalmente pela abertura do mercado europeu e do oriente
médio, com volumes altos de exportações para estas regiões.
Conforme Albertto et al (2006) apud Manso e Ferreira (2007), a intensidade do
pisoteio de animais tem preocupado produtores e técnicos pela possibilidade de
compactação superficial, e consequentemente a diminuição de aeração, tamanho de
poros, infiltração de água e crescimento da resistência do solo, bem como estado de
compactação, que prejudicam o crescimento radicular e a produtividade das plantas.
Conforme Pohlmann (2000), muitas fazendas com o intuito de aumentar sua
produtividade, ampliam a concentração de animais na propriedade. Com isso, são
10
produzidos muitos dejetos, que prejudicam o solo, sendo também absorvidos pelas
plantas.
Segundo Manso e Ferreira (2007) existem aspectos ambientais relacionados às
etapas de alimentação e manejo dos animais em regime de confinamento. Alguns
aspectos são positivos e outros negativos. Como impactos positivos os autores citam:
redução do desmatamento para a formação de pastagens, redução da necessidade de
formação de pastagens, melhoria da fertilidade do solo agricultável pela aplicação do
estrume, produção de fertilizantes biológicos (estrume) e produção de biogás. Os
impactos negativos identificados são: desenvolvimento de dípteros, cheiro próximo às
casas devido à concentração de animais, pisoteio animal e compactação do solo,
poluição das águas pelo estrume, intoxicação do ser humano pela inalação de gases
liberados pelo resíduo, como amônia, arsênio, manganês e óxido de nitrogênio.
Manso e Ferreira (2007) ressaltam a necessidade da população fazer uma
cobrança mais efetiva junto aos órgãos ambientais sobre as reclamações e denúncias
sobre incômodos e impactos gerados pelo confinamento. Os autores sugerem algumas
medidas que podem auxiliar na redução dos problemas causados pelo confinamento:
especificar o destino a ser dado aos dejetos, melhor maneira de manejar os resíduos,
projetar um sistema eficiente, optar por uma forma de armazenamento ou tratamento,
constante manutenção do terraceamento para direcionar o efluente para as lagoas de
tratamento, plano de controle de dípteros, retirada semanal do volume de esterco gerado
nos currais de engorda e disponibilizar a silagem duas vezes ao dia, com retirada do
excesso logo após a refeição.
2.5 Desmatamento
Segundo as Nações Unidas percebe-se uma redução nos desmatamentos, mesmo
ainda observando-se índices altos em alguns países. Conforme relatório da Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO (2010), o Brasil, em 2011,
ocupou o segundo país a ter mais áreas de florestas, em termos absolutos. Rússia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e China detém cerca de 53% do total de florestas, e em
contrapartida 64 nações somente 10% do total é ocupado por florestas, onde vivem 2
bilhões de pessoas. Conforme este relatório aproximadamente dois terços das florestas
demonstram que houve intervenção humana.
11
Segundo Ferreira et al (2009) no Estado de Goiás aproximadamente 63% da
vegetação natural foi substituída em virtude da atividade agropecuária. Existe uma
expectativa que os desmatamentos continuem sendo intensificados, isto devido o
aumento na demanda por biocombustíveis. Os autores ressaltam que os desmatamentos
em Goiás têm relação com a expansão agrícola, bem como tem associação com novas
áreas de pastagens.
O Brasil apresenta seis biomas, conforme IBGE (2004), que podem ser
denominados como um conjunto de vida vegetal e animal que se constituem pelo
agrupamento de formas de vegetação próximas e identificáveis regionalmente, com
condições geoclimáticas semelhantes e histórico de mudanças compartilhado, cuja
consequência é uma diversidade biológica própria. O Quadro 1 ilustra quais são os
biomas brasileiros, bem como a área em KM2 e a área total brasileira.
Quadro 1 – Biomas no Brasil
BIOMAS
CONTINENTAIS BRASILEIROSÁREA APROXIMADA (KM
2) ÁREA/TOTAL BRASIL
Bioma AMAZÔNIA 4.196.943 49,29%
Bioma CERRADO 2.036.448 23,92%
Bioma MATA ATLÂNTICA 1.110.182 13,04%
Bioma CAATINGA 844.453 9,92%
Bioma PAMPA 176.496 2,07%
Bioma PANTANAL 150.355 1,76%
Área Total BRASIL 8.514.877
Fonte: IBGE, 2004
O Mapa de biomas trata-se de uma parceria entre IBGE e Ministério do Meio
Ambiente (MMA), com início em 2003, e que é de grande importância para a sociedade
e o governo no Brasil, pois auxilia na formulação de políticas públicas específicas para
os diferentes biomas brasileiros (IBGE, 2004).
Conforme dados do IBGE (2012), em 2010 a devastação do Cerrado, segundo
maior bioma do Brasil, chegou a 49,1%. Em 2009, a caatinga tinha 45,6% de seu total
devastado e o Pantanal aproximadamente 15%, sendo o menor e mais preservado
bioma. Segundo o Instituto o desmatamento aumenta a emissão de gás carbônico na
atmosfera, bem como os danos causados ao solo, aos recursos hídricos e às espécies de
fauna e flora. O acompanhamento (monitoramento) é primordial para se obter bons
resultados, sendo necessário efetuar levantamento de desmatamentos e áreas
remanescentes, para que seja possível identificar quais áreas necessitam de recuperação
e quais poderão servir às atividades econômicas, sem a necessidade de se abrir novas
12
áreas. Na Amazônia entre 2009 e 2011, passou de 741,6 mil km2 para 754,8 mil km
2, de
áreas devastadas. Além de afetar diretamente a vegetação nativa, o desmatamento afeta
o desenvolvimento sustentável brasileiro, com pressupostos de crescimento com
preservação ambiental, qualidade de vida e inclusão social.
2.6 Biodiversidade
Segundo Livestock’s Long Shadow (2006), as ameaças modernas à
biodiversidade são sem fatos ocorridos anteriormente. Dos 24 ecossistemas com
prestação de serviços ambientais, considerados importantes, 15 estão em queda.
Aproximadamente 20% da biomassa total de animais terrestres, estão representados na
pecuária e 30% da área de terra ocupada hoje era povoada anteriormente por vida
selvagem. O setor pecuário tem grande parte da responsabilidade pela perda de
biodiversidade, com grande participação na degradação do solo, desmatamento,
poluição, modificações no clima, superexploração de recursos relativos a pesca, a
sedimentação nas costas e o alastramento de espécies exóticas invasoras.
Conforme Livestock’s Long Shadow (2006) uma análise da Lista Vermelha de
Espécies Ameaçadas da prestigiosa Union for Conservation of Nature (IUCN) ilustra
que grande parte das espécies ameaçadas mundialmente podem vir a perder seu habitat
pela pecuária. Muitas coisas podem ser feitas para mitigar muitas ameaças ao meio
ambiente como clima, poluição do ar, degradação da água e do solo e desmatamento,
bem como podem ser obtidas melhorias da interação de produtores de gado com a vida
selvagem e áreas protegidas e o tema de espécies selvagens em fazendas de criação. O
total de terras onde a conservação da biodiversidade é primordial pode aumentar, caso
ocorra a preservação de áreas selvagens, faixas de proteção e conservação destas. Para
se atingir estes objetivos deve-se ampliar os esforços para integrar a produção de gado e
produtores no manejo da paisagem. Segundo Olf e Ritchie, 1998; Rook e Tallowin,
2003 apud Embrapa (2009), com relação às pastagens, a cobertura vegetal é a base da
biodiversidade e que animais herbívoros têm grande importância na dinâmica dessa
vegetação, independentemente do papel que a biodiversidade desempenha.
2.7 Uso do solo e suas relações
Conforme Livestock’s Long Shadow (2006), o total de área relacionado à
pastagem equivale a 26% da superfície da terra livre do planeta, e por outro lado a
produção de forragem ocupa cerca de 33% das terras aráveis. A ampliação da produção
13
de gado tem grande importância no desmatamento, em especial na América Latina,
onde ocorre este de forma mais intensificada. Na floresta Amazônica, 70% da terra
utilizada atualmente foi convertido em pastagens e culturas alimentares, para cobrir uma
parte extensa da superfície remanescente. Cerca de 73% das pastagens localizadas nas
áreas áridas dos 20% das pastagens e prados do mundo, possui algum estágio de
degradação ocasionada em especial pelo sobrepastoreio, compactação e erosão que
resulta da ação do gado. É possível prevenir a degradação da terra e revertê-la utilizando
métodos de conservação do solo, gerenciamento mais adequado dos sistemas de pastejo,
bem como fixar limites de queima de fogos sem controle pelos pastores e também
exclusão com controle de gado em áreas mais frágeis. Ao se utilizar taxas de
exploração, bem como remover obstáculos à mobilidade nos campos de propriedade
geral, é possível reduzir o sobrepastoreio.
2.8 Atmosfera e clima
Segundo Livestock’s Long Shadow (2006), a pecuária é responsável por 18%
das emissões de gases de efeito estufa, com medições que equivalem a CO2. Ressalte-se
que esse percentual é superior ao estabelecido para o transporte. A pecuária também é
responsável por 9% das emissões de CO2 por fatores causados pelo homem, que em
geral ocorrem por modificações no uso da terra, onde se destacam os desmatamentos
causados pela ampliação de pastagens e de superfície para produzir forragem. A
pecuária também é responsável por emitir outros gases, por exemplo o metano
antrópico, óxido nitroso e amoníaco antropogênicos. Sendo a pecuária responsável por
emitir tantos gases danosos ao meio ambiente, percebe-se que existem muitas
oportunidades para mitigar estas emissões. Ao se aumentar a produtividade do gado e a
produção agrícola de forragem, é possível reduzir as emissões de gases de efeito estufa,
a começar do desmatamento e da degradação de pastagens. As práticas de lavoura de
conservação, culturas de cobertura, sistemas agroflorestais e outras medidas para
restauração da perda do histórico do carbono no solo, tem a possibilidade de reter até
1,3 toneladas de carbono por hectare por ano.
Cada vez mais escuta-se falar nos grandes problemas relacionados à escassez de
água doce e esgotamento aquífero. A expectativa é que em 2025, cerca de 64% da
população mundial viva em bacias com carência de água. A pecuária é responsável por
8% do consumo de água no mundo, sendo assim de grande importância no crescimento
do uso deste recurso, em especial no que diz respeito a irrigação de culturas forrageiras.
14
Desta forma, é provável que a pecuária seja a maior fonte de poluição de água,
auxiliando o surgimento de problemas de saúde nos serem humanos, para a resistência a
antibióticos e outras questões. Os excrementos animais, antibióticos e hormônios,
produtos químicos usados em curtumes, fertilizantes e pesticidas utilizados em culturas
forrageiras e pastagens que causam erosão, são as principais fontes de poluição
(LIVESTOCK’S LONG SHADOW, 2006).
Segundo Livestock’s Long Shadow (2006), se a eficiência dos sistemas de
irrigação for melhorada é possível reduzir o consumo de água. Um gerenciamento mais
eficaz dos resíduos animais em unidades de produção industrial, bem como o avanço
em dietas melhoradas que ajudem na absorção de nutrientes, manejo de dejetos mais
eficiente e melhor utilização de culturas de chorume, podem mitigar o impacto da
pecuária sobre a erosão, sedimentação e regulação da água, por meio de medidas contra
a degradação da terra de execução e contaminação. Fica evidente que algumas medidas
políticas também podem auxiliar na redução do consumo de água e contaminação.
2.9 Irrigação de pastagens
Conforme Embrapa (2003), em pastagens distribuir água artificialmente,
utilizando irrigação é a garantia de produção conforme planejamento, sem que a
ausência de chuvas modifique os índices de produtividade e de rentabilidade
estabelecidos anteriormente. Ressalte-se que a irrigação refere-se a uma tecnologia
agrícola final, isto é, o pecuarista que deseja usá-la também deve ser um bom agricultor.
Antes da irrigação do pasto, devem ser aplicadas tecnologias que estimulem produções
altas de forragem, como preparação do solo, correção da fertilidade do solo baseada em
análise química, escolha da espécie melhor para cultivo, plantio evitando erosões,
adubações de manutenção e cobertura para as plantas, bem como combater pragas e
doenças, em especial as formigas em pastagens.
Para racionalização da aplicação de água às culturas de maneira complementar, o
recurso utilizado é o manejo de irrigação, porém necessita de alguns procedimentos para
estabelecer o turno de rega (frequência), e também medir o total de água da próxima
irrigação (lâmina de água). O manejo de água tem sido usado com grande erro pelos
irrigantes, do ponto de vista técnico, econômico e ecológico, pois no Brasil, existem
muitas dificuldades na utilização das muitas fórmulas que determinam a perda da água
das plantas por evapotranspiração, com o uso de vários métodos como balanço de água
e outros. Foi desenvolvido no Estado de Goiás, um projeto de irrigação em pastagens
15
para gado de corte, com área de 100 hectares (formada por Panicum maximum cvs.
Tânzania e Mombaça), com irrigação de um sistema pivô central com 11 torres, com
total de 564,19 metros irrigados. Durante seis meses, foram terminados 1100 animais, o
que caracteriza, 11 animais por hectare. Foram calculadas as variáveis de investimento,
custo operacional e receita deste projeto. Neste caso, foi possível comprovar que a
irrigação em pastagens para gado de corte é uma técnica viável economicamente
(EMBRAPA, 2003).
Para Mendonça (2006) existe uma grande diferença entre irrigar e molhar o
pasto que é o fator humano (usuário), isto é, se a irrigação não for efetuada de maneira
eficiente não serão obtidos os resultados desejados. Para se obter bons resultados é
necessário que o manejo seja feito de maneira adequada, com manutenção de
equipamentos e o monitoramento da água nos sistemas de produção. Para que isto
ocorra, é fundamental o conhecimento do equipamento de irrigação, do clima, do solo e
da necessidade de água das plantas. Quanto à escolha do equipamento devem ser
observados alguns fatores para decisão na escolha de um sistema de irrigação. Além do
custo de aquisição, deve-se analisar o custo total que inclui: aquisição e instalação,
financeiro, manutenção e operação de mão-de-obra e energia.
Existem três opções mais comuns para determinação da quantidade de água a ser
utilizada via irrigação: o manejo via solo, o manejo via clima e o manejo misto (solo +
clima). No manejo via solo, a quantidade de irrigação (lâmina d’água) é especificada
medindo-se a umidade do solo em dois períodos subsequentes, em intervalos regulares.
A umidade do solo é medida com base em amostras do solo que são retiradas do campo.
No manejo via clima são usados dados de experimentos científicos que efetuam a
simulação do consumo de água da planta, considerando as condições locais de clima
ultrapassando os resultados para outros locais. É possível estimar a umidade atual do
solo se tiver conhecimento do consumo de água da planta, bem como da capacidade de
armazenamento, podendo optar pela irrigação, se tiver necessidade. Existem muitos
métodos na utilização do manejo de água, em pastagens ou em outros cultivos, e a
opção por um deles está relacionada às condições do usuário utilizá-lo adequadamente
(MENDONÇA, 2006).
3 METODOLOGIA
Tendo em vista a ampliação do aumento de processamento de carnes tanto para
consumo interno quanto para exportação, há a necessidade de se desenvolver uma
16
previsão do consumo de água desenvolvendo análise de impacto ambiental, haja vista
que a água é um recurso imprescindível para a sobrevivência do ser humano, acredita-se
que o alto consumo dessa pode estar correlacionada com o processamento de carne ao
longo dos anos, esta investigação pretende testar hipóteses de acordo com a seguinte
relação entre as variáveis, consumo de água por indústrias processadoras de carne
bovina e evolução do tempo.
Para atender ao propósito supracitado o método de investigação utilizado foi o
hipotético dedutivo que segundo Gil (2007) neste são formuladas hipóteses para tentar
explicar um fenômeno e pelo processo de inferência dedutiva identificam-se
consequências que deverão ser testadas ou falseadas. O método de abordagem foi o
estatístico, que consiste na redução de fenômenos a termos quantitativos, obtendo
representações simples a partir de conjuntos complexos.
Quanto à forma de abordagem do problema, esta pesquisa é classificada como
pesquisa quantitativa, caracterizada pelo emprego da quantificação tanto na coleta de
informações quanto no tratamento estatístico das informações. Em relação aos objetivos
esta pesquisa é classificada como descritiva, tendo como objetivo descrever o
comportamento das exportações de carne bovina Quanto aos procedimentos de
pesquisa, este se caracteriza como pesquisa documental, segundo Gil (2007) a pesquisa
documental é elaborada a partir de banco de dados, documentos, entre outros, que não
receberam tratamento analítico e podem ser alterados pelo pesquisador. O tipo de
instrumento adotado foi a obtenção de dados secundários.
Os dados referentes ao quantitativo de cabeças abatidas por mês foram coletados
em documentos disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE, no banco de dados Sidra. Observa-se que as variáveis coletadas eram do tipo
contínua, para Triola (2005) variáveis contínuas são aquelas que assumem vários
valores distintos. Quanto ao nível de manipulação as variáveis podem ser classificadas
como independentes, ou como dependentes. As variáveis dependentes são aquelas que
sofrem influência de outras variáveis. Já as independentes não sofrem influência de
outras variáveis. Neste estudo considerou-se o consumo da água para processamento de
carne bovina como variável dependente, que sofre influência do tempo.
Foi feita a conversão de cabeças abatidas para volume de água consumido,
conforme a proporção: 1 cabeça abatida equivale a um consumo de 3864 litros de água.
Essa proporção foi obtida através do guia técnico ambiental de abate, dos autores
17
Pacheco e Yamanaka (2008). Após a conversão dos dados, foi realizado o tratamento
estatístico. Em um primeiro momento foi realizada uma análise descritiva a fim de se
observar o comportamento do consumo de água para processamento de carne bovino ao
longo dos anos. Seguida da análise descritiva, foi realizada análise de tendência através
do gráfico de dispersão com o objetivo de verificar a evolução do consumo de água
neste processo produtivo.
O diagrama de dispersão é um gráfico de pares (x,y) com x representando o eixo
horizontal e y representando o eixo vertical. Os dados são dispostos em pares que
combinam cada valor de um conjunto de dados com um segundo conjunto de dados.
Como o exame do gráfico de dispersão é subjetivo, Triola (2005) diz que é necessário o
uso de medidas mais precisas e objetivas, sendo usado o calculo do coeficiente de
correlação linear r para definir se há ou não correlação entre duas variáveis. Este
coeficiente linear também é chamado como coeficiente de correlação de produto de
momentos de Pearson. A análise de correlação fornece um número que resume o grau
de relacionamento linear entre as duas variáveis. O cálculo de r é obtido através da
formula:
Sendo:
Y = valores dispostos no eixo vertical;
a = ordenada à origem, ou intercessão no eixo dos Y;
b = coeficiente angular;
X = valores dispostos no eixo horizontal;
n= número de períodos observados;
r = Índice de correlação.
Após o cálculo do coeficiente de Pearson foi feita a interpretação do mesmo.
Conforme Triola (2005) o valor de r deve estar sempre entre -1 e +1. Quando r está
muito próximo de zero conclui-se que não há correlação. Se estiver próximo de -1 ou +1
conclui-se que a relação entre as variáveis investigadas é significante. Caso esteja
próximo de + 1 existe correlação positiva entre as variáveis, se o valor de r estiver
18
próximo de -1 a correlação entre as variáveis é negativa. Se concluído que há correlação
significativa entre duas variáveis, pode-se encontrar uma equação linear que expresse y
em termos de x. O valor de r2 ( ajustado) explica a relação linear entre as variáveis.
Em estatística o teste de significância é um procedimento padrão para testar uma
afirmativa, no caso de análise de correlação deve-se também verificar o nível de
significância.
Para se fazer um teste de significância ou teste de hipóteses é necessário que se
declare a hipótese nula e a hipótese negativa. A hipótese nula (representada por H0) é
uma afirmativa que o valor de um parâmetro é igual a um valor especificado. A hipótese
negativa (representada por H1) é a afirmativa de que um parâmetro é diferente da
hipótese nula. Nesta investigação têm-se que H0: p = 0 (não há correlação linear entre o
consumo de água para processamento de carne bovina e a evolução do tempo) e H1: p ≠
0 (há correlação linear entre o consumo de água para processamento de carne bovina e a
evolução do tempo). A região crítica é o conjunto de todos os valores de estatística de
teste que faz rejeitar a hipótese nula. O nível de significância é a probabilidade que a
estatística de teste quando a hipótese nula for realmente verdadeira.
Dado que houve correlação linear entre as duas variáveis investigadas o próximo
passo foi desenvolver a equação de y em função de x através da regressão linear. A
análise de regressão fornece uma equação que descreve o comportamento de uma das
variáveis em função do comportamento da outra variável. A expressão matemática que
expressa esta reta é , onde é o intercepto de y e é a inclinação. Para
encontrar e têm-se as fórmulas:
2 2
( ) ( )( )
( ) ( )
n X Y X Y
b
n X X
( )Y b X
an
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Segundo o Ministério da Agricultura (2014), a participação do Brasil no
comércio internacional vem crescendo cada vez mais, onde se destacam a produção de
carne bovina, suína e de frango. Até 2020 há uma expectativa de que a produção
19
brasileira de carnes irá suprir 44,5% do mercado mundial. Estima-se que a carne de
frango terá 48,1% e a carne suína 14,2% das exportações mundiais. Caso estas
estimativas se concretize o Brasil irá se tornar o primeiro exportador mundial de carnes
bovina e de frango.
Conforme a Associação Brasileira Das Indústrias Exportadoras De Carne -
ABIEC (2014), O Brasil tornou a registrar aumento nas vendas ao exterior da carne
bovina in natura. Este crescimento ocorreu em volume e receita, em comparação ao mês
de maio de 2013, bem como o mês de abril de 2014. Conforme o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), houve uma alta de 20,8% na
receita e de 12,2% no volume, no comparativo com o mês de maio do ano passado.
Ao se analisar apenas o fator financeiro esta condição de maior exportador de
carnes mundial é extremamente importante para a economia brasileira, porém há que se
analisar outros aspectos, a exemplo os impactos ambientais. Conforme Pacheco e
Yamanaka (2008), os aspectos mais impactantes ao meio ambiente na produção de
bovinos são: o consumo de água, o consumo de energia, o uso de produtos químicos,
efluentes líquidos, resíduos sólidos, emissões atmosféricas, odor e ruídos. Porém
evidencia o consumo de água como um fator aspecto preocupante.
Com o aumento das exportações de carne e do consumo interno de carnes
vermelhas, aumentou-se consideravelmente o abate de bovinos e consequentemente o
consumo de água destinada ao abate e processamento das carnes nos frigoríficos. O
Gráfico 1 mostra a evolução do consumo de carne de janeiro 1997 a março de 2014.
Observa-se conforme a ABIEC, as exportações de carne brasileira começaram em 1996,
porém intensificaram-se a partir de 1997.
Gráfico 1 - Evolução do consumo de carne (Janeiro 1997 a Março de 2014)
20
Fonte: Adaptado de IBGE (2014)
Em uma unidade frigorífica, que abate e processa carne, segundo Pacheco e
Yamanaka (2008) os padrões de higiene e a segurança sanitária são fatores que
condicionam um elevado consumo de água nas unidades processadoras de carne bovina,
sendo que as atividades do processo produtivo que mais consomem água são o consumo
animal e lavagem dos animais; a lavagem dos caminhões; a lavagem de carcaças,
vísceras e intestinos; a movimentação de subprodutos e resíduos; limpeza e esterilização
de facas e equipamentos; limpeza de pisos, paredes, equipamentos e bancadas; geração
de vapor; e o resfriamento de compressores. Os autores indicam que o consumo de água
para uma atividade completa de processamento de uma cabeça abatida de bovino é de
3.864 litros de água. Considera-se uma atividade completa de processamento carne
bovina, o abate, a industrialização da carne e a graxaria.
Por meio do quantitativo de cabeças abatidas mensalmente de janeiro de 1997 a
março de 2014 e o volume de água consumido por cada cabeça de gado abatida foi
possível estimar o volume mensal de água consumido para o abate e processamento de
carne mensalmente e obter uma série histórica do consumo de água destinada ao abate
de bovinos no Brasil. O valor obtido foi encontrado multiplicando o número de cabeças
por 3.864 litros, em seguida o valor encontrado foi transformado em trilhões de litros
dado as proporções do consumo. Os valores obtidos estão dispostos na Tabela 2.
Tabela 2 - Série histórica do consumo de água destinada ao processamento de carne
bovina
21
mês/ano
Trilhões
de litros
de água
mês/ano
Trilhões
de litros
de água
mês/ano
Trilhões
de litros
de água
mês/ano
Trilhões
de litros
de água
jan/97 4,74 mai/01 6,14 set/05 8,96 jan/10 9,05
fev/97 4,36 jun/01 5,84 out/05 7,97 fev/10 8,49
mar/97 4,46 jul/01 5,95 nov/05 8,92 mar/10 9,83
abr/97 4,84 ago/01 6,61 dez/05 9,61 abr/10 9,51
mai/97 4,74 set/01 5,82 jan/06 9,19 mai/10 10,00
jun/97 4,62 out/01 6,45 fev/06 8,24 jun/10 9,84
jul/97 4,82 nov/01 6,00 mar/06 9,94 jul/10 9,92
ago/97 4,84 dez/01 6,28 abr/06 8,61 ago/10 9,31
set/97 4,96 jan/02 6,19 mai/06 10,37 set/10 9,38
out/97 5,11 fev/02 5,71 jun/06 10,10 out/10 8,97
nov/97 4,69 mar/02 5,74 jul/06 9,96 nov/10 9,11
dez/97 5,34 abr/02 5,97 ago/06 10,68 dez/10 9,72
jan/98 4,74 mai/02 6,43 set/06 10,04 jan/11 9,04
fev/98 4,36 jun/02 6,21 out/06 10,30 fev/11 8,98
mar/98 4,97 jul/02 6,53 nov/06 9,87 mar/11 9,43
abr/98 4,70 ago/02 6,52 dez/06 10,07 abr/11 8,59
mai/98 4,86 set/02 6,41 jan/07 10,50 mai/11 9,62
jun/98 4,79 out/02 7,08 fev/07 9,40 jun/11 9,10
jul/98 4,92 nov/02 7,04 mar/07 10,85 jul/11 9,24
ago/98 4,65 dez/02 7,15 abr/07 9,66 ago/11 9,67
set/98 4,64 jan/03 6,98 mai/07 10,81 set/11 9,24
out/98 4,88 fev/03 6,67 jun/07 9,45 out/11 9,21
nov/98 4,69 mar/03 6,88 jul/07 9,85 nov/11 9,52
dez/98 5,40 abr/03 6,48 ago/07 10,13 dez/11 9,75
jan/99 4,77 mai/03 6,92 set/07 9,49 jan/12 9,03
fev/99 4,79 jun/03 6,42 out/07 9,41 fev/12 8,91
mar/99 5,37 jul/03 6,75 nov/07 9,42 mar/12 9,96
abr/99 5,15 ago/03 6,65 dez/07 9,71 abr/12 9,11
mai/99 5,49 set/03 7,05 jan/08 9,94 mai/12 10,42
jun/99 5,59 out/03 7,76 fev/08 8,97 jun/12 10,07
jul/99 5,59 nov/03 7,11 mar/08 9,10 jul/12 10,28
ago/99 5,75 dez/03 7,96 abr/08 10,09 ago/12 10,94
set/99 5,24 jan/04 7,70 mai/08 10,03 set/12 9,89
out/99 5,53 fev/04 7,08 jun/08 9,32 out/12 10,95
nov/99 5,45 mar/04 8,29 jul/08 9,43 nov/12 10,55
dez/99 6,14 abr/04 7,80 ago/08 9,12 dez/12 10,14
jan/00 5,10 mai/04 8,33 set/08 9,05 jan/13 11,18
fev/00 5,27 jun/04 8,70 out/08 9,06 fev/13 9,95
mar/00 5,45 jul/04 8,91 nov/08 8,03 mar/13 10,27
abr/00 5,02 ago/04 9,06 dez/08 8,75 abr/13 11,30
mai/00 5,84 set/04 8,81 jan/09 8,53 mai/13 11,11
jun/00 5,62 out/04 8,22 fev/09 7,88 jun/13 10,58
jul/00 5,57 nov/04 8,47 mar/09 8,67 jul/13 11,76
ago/00 5,87 dez/04 8,84 abr/09 8,44 ago/13 11,66
set/00 5,30 jan/05 8,41 mai/09 9,08 set/13 10,81
out/00 5,61 fev/05 7,78 jun/09 9,15 out/13 11,66
nov/00 5,57 mar/05 8,71 jul/09 9,39 nov/13 11,23
22
dez/00 5,79 abr/05 9,26 ago/09 9,19 dez/13 11,45
jan/01 5,67 mai/05 9,33 set/09 9,26 jan/14 11,74
fev/01 4,94 jun/05 9,73 out/09 9,73 fev/14 10,32
mar/01 6,07 jul/05 9,68 nov/09 9,06 mar/14 10,27
abr/01 5,45 ago/05 9,94 dez/09 10,07 0,00
Fonte: Os autores, 2014
Depois de estimar o consumo mensal de água, foi realizada uma análise de
correlação para verificar a possiblidade de encontrar uma equação através de regressão
linear simples. O objetivo foi encontrar uma equação que representasse o consumo de
água para processamento de carne bovina e com esta equação fazer uma previsão do
consumo de água para os próximos vinte anos. Para desenvolver a análise de correlação
e regressão foi utilizado o programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).
Em um primeiro instante foi desenvolvido um gráfico de dispersão para verificar
se há uma curva de tendência que descreva o comportamento do consumo de água para
processamento de carnes bovinas. Foi verificada uma tendência de curva crescente, ou
seja, com o passar do tempo o consumo de água aumenta. Em seguida foi calculado
coeficiente de correlação de Pearson, para testar o nível de correlação entre o consumo
de água e a evolução do tempo. Os valores encontrados estão dispostos na Tabela 3. Foi
encontrado um coeficiente de Pearson no valor 0,917, o que indica alta correlação entre
estas duas variáveis. O nível de significância encontrado foi de 0,000 o que indica que
deve-se aceitar a hipótese H1, que diz que há correlação entre o consumo de água para
processamento de carnes bovinas e a evolução do tempo. Tal significância indica uma
maior confiabilidade para o modelo.
Tabela 3 - Análise de correlação entre consumo de água para processamento de carne
bovina e evolução do tempo
mês/ano
Trilhões de litros
de água
mês/ano Índice de correlação 1 ,917**
Significância bicaudal ,000
N 207 207
Trilhões de litros de água Índice de correlação ,917**
1
Significância bicaudal ,000
N 207 207
Fonte: os autores, 2014
23
Verificada a correlação entre as variáveis em estudo, foi realizada uma análise
de regressão linear simples através do software SPSS. Os dados obtidos estão
demonstrados na Tabela 4. O valor de intercepto da reta encontrado foi de 32,73
negativo, e o coeficiente angular da curva crescente foi de 0,0011, obtendo a equação
Y= -159,086 + 1,24E-8
X, ou seja, a cada mês que se passa o volume consumido de água
aumenta em 1,24E-8
trilhões de água. O nível de significância encontrado foi de 0,000,
logo 0,000<0,005, logo H0 é rejeitada e H1 é aceita. Tais resultados traduzem um
confiança de 95% ao modelo desenvolvido. Neste modelo considerou-se o consumo de
água como variável dependente.
Tabela 4 - Análise de regressão do consumo de água para processamento de carnes
bovinas
Model
Coeficientes – equação da
reta
Coeficiente
padronizado
t Sig. B Erro padrão Beta
1 (Constant) -32,73 5,063 -31,418 ,000
mês/ano ´0,0011 ,000 ,917 32,894 ,000
Fonte: Os autores, 2014
Desenvolvida a equação da reta foi feita a previsão de consumo de água para o
processamento de carne até o ano 2020, e a previsão é que o consumo chegue a 14
trilhões de litros de água mensais. O Gráfico 2 mostra a evolução do consumo de água
analisado.
Gráfico 2 - Previsão do consume de água com processamento de carnes bovinas
24
Fonte: Os autores, 2014
Barreto (2008) em sua pesquisa menciona que o consumo médio diário de uma
pessoa é de aproximadamente 100 litros de água, considerando-se um mês com 31 dias,
uma pessoa consumiria aproximadamente 3100 litros de agua por mês. O volume de 14
trilhões de litros de água abasteceria aproximadamente 4,5 milhões de pessoas por mês.
Segundo senso de 2013, o Estado de Mato Grosso possui aproximadamente 2,9 milhões
de habitantes e o Estado de Mato Grosso do Sul possui aproximadamente 1,9 milhões
de habitantes, juntos os dois estados possuem aproximadamente 4,8 milhões de
habitantes, de forma análoga, o consumo de água para o processamento nacional de
carne bovina equivale ao consumo de água de um estado pouco populoso. Tal situação
fortalece a necessidade das empresas processadoras de carne implantarem técnicas de
processamento mais eficientes e tragam uma produção mais limpa.
Dentro dos pilares da produção mais limpo está o uso racional da água, Pacheco
e Yamanaka (2008) sugerem como ações de produção mais limpa: fazer controle da
água com medidores em pontos do processo produtivo onde o consumo é mais
significativo; definir indicadores de consumo; utilização de técnicas de limpeza a seco;
utilização de sistemas de pressão de baixo volume; uso de sistema de fluxo de água
descontínuo; utilizar sistemas de transporte de subprodutos que não utilizem água;
dentre outras ações que visem a redução do consumo de água. Estes autores mostram
que na Dinamarca os frigoríficos gastam apenas 900 litros de água por cabeça abatida, o
que elucida que com a técnica correta e com ações de controle é possível o uso racional
25
da agua que traga um menor impacto ambiental. Os dados e previsões acima mostrados
evidencia uma urgência em se adotar medidas que levem ao uso racional da água.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
A pesquisa efetuada neste estudo foi baseada na cadeia bovina no Brasil e ilustra
a realidade brasileira atual. Com base nos dados levantados verificou-se que a cadeia
encontra-se em expansão e com perspectiva de crescimento para os próximos anos.
Desta forma, devido ao grande consumo de água neste setor buscou-se evidenciar os
fatores que contribuem para este gasto excessivo com água, bem como oportunidades
para redução do desperdício deste elemento tão importante para a sobrevivência.
Inicialmente, tinha-se a impressão de uma pequena correlação entre o consumo de água
para processamento de carne bovina e a evolução do tempo. Contudo, com as análises
efetuadas por meio do software SPSS foi possível comprovar uma alta correlação entre
estas variáveis.
Neste estudo, foi identificada a necessidade de se investir em tecnologia e
equipamentos que ofereçam melhor eficiência no desenvolvimento das atividades de
processamento do setor bovino, bem como pessoas capacitadas para operá-los. É
importante que tecnologia e homem estejam “alinhados” para que os resultados
esperados sejam obtidos, sem desperdício de água.
O presente trabalho teve como objetivo principal o desenvolvimento de uma
análise de série temporal do consumo de água para a cadeia produtiva bovina, e a partir
desta análise de série temporal a construção de um modelo matemático que traduzisse
os volumes de consumo de água com processamento de carne bovina para os próximos
anos. Para se atingir ao objetivo específico foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica
relacionada a cadeia bovina para maior familiarização com o tema e o desenvolvimento
de uma análise das etapas do processo da cadeia bovina que utilizam maior quantidade
de água.
Muitas oportunidades para melhorar a utilização da água no processamento da
carne bovina foram identificadas, e foi verificado que a maior parte do desperdício
desse elemento tão importante, poderia ser evitado com correções simples, como manter
pisos sem buracos, para que diminua o total gasto d’água, bem como a utilização de
mecanismo de remoção a seco, o que diminui também a quantidade de água utilizada no
processo de lavagem.
26
Baseando-se nas informações levantadas foi realizada uma análise crítica com
base no coeficiente linear de Pearson, que mede a correlação entre duas variáveis, por
meio da análise de correlação entre o consumo de água para processamento da carne
bovina e a evolução do tempo utilizando o software SPSS, onde os resultados obtidos
demonstraram que a correlação entre eles é alta, uma vez que o índice de correlação de
Pearson encontrado foi de 0,917, isto é, 91,7% de correlação entre as duas variáveis, o
que facilita a aceitação do modelo matemático analisado neste estudo como ferramenta
para estimativa do comportamento futuro do consumo de água para processamento de
carne bovina.
Com base nas informações mencionadas anteriormente, ressalta-se a importância
do estudo desse trabalho não somente para o agronegócio brasileiro, mas para o
agronegócio no mundo, pois com base nelas as empresas do ramo podem melhorar seus
processos e especializar seus funcionários, para obter um trabalho mais eficiente, bem
como evitar o desperdício de água utilizada no processamento da carne bovina. Em um
trabalho futuro sugere-se ampliar esta pesquisa incluindo as cadeias de aves e suína na
análise, pois ambas também encontram-se em expansão em seu processo produtivo.
Bem como uma análise de outros fatores impactantes, tais como emissão de gás
carbônico, desmatamentos, entre outros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABIEC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE
CARNE. Exportação de carne bovina cresce em volume e receita. Disponível em:
<http://www.abiec.com.br/noticia.asp?id=1119#.U8QmkZUg9Mt>. Acesso em: Julho
2014.
BARRETO, D. Perfil do consumo residencial e usos finais da água. Revista
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 23-40, abr./jun. 2008.
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível
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