a biotecnologia no sÉculo xxi - bteduc.com · 1a guerra mundial (1914 –1918) produção de...
TRANSCRIPT
A BIOTECNOLOGIA NO SÉCULO XXI
Dra. Maria Antonia Malajovich
Instituto de Tecnologia ORT do Rio de Janeiro
CRBio 2 – Homenagem ao Dia do Biólogo 02 / 09 / 2013
Biotecnologia
O conjunto de conhecimentos
que permite utilizar
seres vivos, células ou moléculas biológicas,
para produzir bens e assegurar serviços
Saber
Fazer
CIÊNCIA
TECNOLOGIA
Microbiologia, Genética, Bioquímica, Engenharia,
Informática, Biologia, Medicina etc.
Fermentações, Tecnologia enzimática,
Cultivo de microrganismos e de células (vegetais e animais),
Tecnologia do DNA, Tecnologia de hibridomas, Clonagem,
Engenharia genética, Bioinformática etc.
As origens
• Preparação de alimentos e bebidas
• Cultivo de plantas e domesticação de animais
• Tratamento de doenças
Século XIX: a revolução industrial
• Migrações, aglomerações,
problemas sanitários, epidemias
• Novas áreas do conhecimento:
microbiologia, bioquímica,
imunologia, genética, biologia
celular, engenharia química etc.
• Percepção da ciência como uma
ferramenta para tratar os
problemas da sociedade
Século XX: os conflitos bélicos
1a Guerra Mundial (1914 – 1918)
Produção de acetona por fermentação
1919: Introdução do termo Biotecnologia (Éreky)
2a Guerra Mundial (1939 – 1945)
Produção da penicilina
Biologia molecular
A engenharia genética
“Fragments of amplified Xenopus laevis DNA, coding for 18S and 28S ribosomal RNAand generated by EcoRI restriction endonuclease, have been linked in vitro to thebacterial plasmid pSCl01; and the recombinant molecular species have beenintroduced into E. coli by transformation. These recombinant plasmids, containingboth eukaryotic and prokaryotic DNA, replicate stably in E. coli. RNA isolated from E.coli minicells harboring the plasmids hybridizes to amplified X. laevis rDNA.”
Biossegurança: Asilomar (1975)
139 pesquisadores de 17 países
• Classificam os experimentos em função do risco (alto, médio, baixo)
• Decidem não realizar experimentos de alto risco até que sejam definidas as formas de contenção adequadas (Moratória)
• Enfatizam a necessidade de trabalhar com microrganismos enfraquecidos
Um ano depois, uma vez regulamentadas as normas de trabalho; levanta-se a moratória
Bens e serviços
Indústria Química EnergiaMeio Ambiente Agricultura
Pecuária BiodiversidadeAlimentos Saúde
Os alicerces da Biotecnologia moderna
Biossegurança
Tecnologia de hibridomas
Tecnologia do DNA
Engenharia genética
Ética
Biotecnologia: características principais
• Ser uma atividade multidisciplinar.
• Incidir em vários setores produtivos da sociedade (Indústria,
Energia, Meio Ambiente, Agricultura, Pecuária, Alimentos e
Saúde).
• Permitir a coexistência de tendências gerais (globalização)
com tendências locais (recursos naturais, estrutura política
e econômica de cada país).
• Envolver empresas de diferente porte, públicas e privadas.
A percepção pública
• Cumpre um papel importante impulsionando, regulando ou
limitando o desenvolvimento da Biotecnologia
• Exerce essa influência de forma diferente em cada um dos
setores produtivos da sociedade
• Está sujeita a lobbies e grupos de opinião que agem
mediante campanhas de marketing
A Biotecnologia no Brasil – Estudo de casos
• Existe ainda dificuldade em distinguir entre atividades de pesquisa e produtos, serviços ou tratamentos. Exemplo: células-tronco.
• Cada caso é um caso e como tal deve ser analisado.
• O feijão resistente à vírus (EMBRAPA)
• O projeto Aedes transgênico (USP, Moscamed, Oxitec)
• Os novos biocombustíveis (Amyris)
As plantas GM no Brasil
• Quais foram aprovadas? – Soja, milho, algodão e, recentemente, feijão
• Quais os traços?– Tolerância a herbicida, resistência a insetos e a resistência a vírus
Cada caso é um caso
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,feijao-transgenico-tem-venda-liberada,773227,0.htm
O feijão transgênico da EMBRAPA, resistente ao vírus do mosaico dourado
/
Os pequenos fragmentos de RNA de fita dupla (dsRNA) participam do processo de regulação após a transcrição, regulando ou impedindo a tradução. Clivados e associados ao complexo enzimático RISC, os siRNA resultantes se unem a moléculas complementares de RNA que são eliminadas (interferência).
O feijão transgênico da EMBRAPA, resistente ao vírus do mosaico dourado
PERGUNTA Podem esses pequenos fragmentos de RNA do feijão Embrapa 5.1 que interferem na replicação do vírus, causar danos à saúde ou perturbar o funcionamento de células humanas?
?
/
RESPOSTAS
Os dsRNA estão presentes no grão, mas não foram detectados nos grãos cozidos, mesmo quando se utilizaram ensaios de sensibilidade elevada. Animais alimentados com o feijão GM não apresentaram nenhuma alteração. Andrade PP, Parrott W, Roca MM. (2011). Guia para avaliação de Riscos Ambientais de Organismos Geneticamente Modificados. ILSI Brasil, São Paulo, Brasil, 140 pp. (disponível em http://cibpt.files.wordpress.com/2012/11/guia-avaliac3a7c3a3o-risco-ambiental-ogm-2012.pdf)
Por outro lado, segundo a Food Standards Australia New Zealand, os pequenos fragmentos de RNA estariam presentes no ambiente e em os organismos que consumimos como alimento (plantas e animais). Havendo uma longa história de consumo seguro anterior ao uso dessas técnicas em plantas GM, não há base científica para considerar que os pequenos RNA presentes em alguns alimentos GM tenham propriedades diferentes ou apresentem um risco maior que os que estão abundantemente presentes nos alimentos convencionais.
http://blogs.scientificamerican.com/guest-blog/2013/06/12/you-say-potato-i-say-double-stranded-rna
Parecer Técnico nº 3024/2011 - Liberação Comercial de feijoeiro geneticamente
modificado resistente ao vírus do mosaico dourado do feijoeiro (Bean golden
mosaic vírus - BGMV), evento de Embrapa 5.1 - Processo nº 01200.005161/2010-86
Nota sobre o feijão geneticamente modificado (07/2013)
O feijão geneticamente modificado pela Embrapa para a resistênciaao mosaico dourado, uma das principais doenças do feijoeiro, ainda passará por maistestes antes de ser colocado no mercado nacional.Os ensaios de campo para avaliação de Valor de Cultivo e Uso (VCU) – exigidos para a inscrição da cultivar no Registro Nacional de Cultivares – RNC e os testes de Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade (DHE), necessários ao processo de proteção de cultivares, estão sendo realizados desde 2012. Os trabalhos estão sendo conduzidos para que o sistema de produção do feijoeiro Embrapa 5.1 seja liberado dentro dos padrões de qualidade garantido para comercialização.As avaliações de biossegurança do feijão Embrapa 5.1 foram realizadas de acordo com as recomendações da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
http://www.embrapa.gov.br/imprensa/posicionamento-oficial/nota-sobre-o-feijao-geneticamente-modificado
Tecnologias limpas e sustentabilidade
Substituição de produtos e processos industriais por outros, menos agressivos ao meio ambiente.
• Tratamentos químicos x tratamentos enzimáticos
• Combustíveis fosseis x biocombustíveis
• Plásticos x bioplásticos
• Fertilizantes químicos x fertilizantes biológicos
• Agrotóxicos x biopesticidas
A fábrica de mosquitos (BA)
Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU / Seção 1 / Página 16, nº 128, quarta-
feira, 4 de julho de 2012), a decisão da Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio) que autorizou o funcionamento da Unidade de Produção
do Aedes Transgênico (UPAT), inaugurada no dia 07 de julho, na Biofábrica
Moscamed Brasil (BMB).
A curto prazo haverá uma diminuição da população de Aedes aegypti.
PERGUNTAS
A supressão ou diminuição da população poderá favorecer outras espécies como o mosquito Aedes albopictus (tigre asiático)?
Qual será a evolução da patogenicidade do vírus?
Qual o risco da presença de tetraciclina no meio ambiente?
Wallace H. Genetically Modified Mosquitoes: Ongoing Concerns. Penang, Malaysia, Third World Network, 2013.
?
DO LABORATÓRIO À INDUSTRIA
– J. Keasling et al., Joint BioEnergy Institute (Berkeley)
Saccharomyces cerevisiae
Escherichia
coli
Artemisia annua
Artemisina ou qinghaosu
(medicamento antimalárico)
• Patente (2001)
• Amyris Biotechnology. Com o apoio da Fundação Bill e Melinda Gates e de Sanofi-Aventis, consegue incrementar a produção (100.000 X) e diminuir 10 vezes o custo do tratamento (menos de 1 US $).
http://www.ethanolsummit.com.br/apresentacoes/pdf/Joel_Velasco_Amyris_Ethanol_Summit.pdf (2011)
UM DESVIO METABÓLICO PARA O FARNESENO
A chegada da Biologia sintética
Parecer Técnico nº 3287/2012 - Liberação Comercial de Levedura (Saccharomyces cerevisiae) geneticamente modificada para produção de farneseno pela cepa Y5056 -Processo nº 01200.003977/2011-56
Parecer Técnico nº 2281/2010 - Liberação Comercial de Levedura (Saccharomyces cerevisiae) Geneticamente Modificada para Produção de Farneseno, Cepa Y1979 -Processo nº 01200.003590/2009-85Parecer Técnico nº 2281/2010 - Liberação Comercial de Levedura (Saccharomyces cerevisiae) Geneticamente Modificada para Produção de Farneseno, Cepa Y1979 - Processo nº 01200.003590/2009-85
• Uma área que combina biologia, química e engenharia para projetar e construir novas funções e sistemas vivos, ou para redesenhar os sistemas vivos existentes com o propósito de torná-los mais úteis (The Royal Society, 2008).
• Suas bases tecnológicas são a tecnologia do DNA (síntese, sequenciamento e amplificação de DNA) e a engenharia genética.
O FARNESENO RENOVÁVEL
O Biofeno ™ é um hidrocarboneto, precursor de biodiesel, de combustível de aviação (No Compromise®) e de numerosos produtos químicos. Açúcar como matéria-prima. Empresas subsidiárias nos Estados Unidos (sorgo sacarino) e no Brasil (Campinas)
Uma plataforma tecnológica inovadora
Aspectos controversos
• Sistemas construídos juntando partes e dispositivos seguros poderiam serinseguros?
• Quais os riscos devidos à participação de pessoas sem treinamento adequado(biohackers) ou mal intencionadas (biocrackers)?
• Poder-se-ia desenvolver uma bioeconomia ilícita?
• Quais os códigos de conduta e autorregulação das empresas que sintetizam DNApara evitar a disseminação de material básico que possa ser utilizado para elaborararmas biológicas ou toxinas (Casos do poliovírus e do vírus da gripe espanhola).
• Motivação das novas gerações para participar das atividades científicas (iGEM, festivais de cinema científico, Bioart)
• Estímulo da criatividade
• Democratização do conhecimento+
?
Núcleo Experimental de Estudos Ambientais (NEDEA) – desde 1994
Introdução à Tecnologia (EF2)Clube de Ciências (EF 2) – desde 2005
Oficina de Biotecnologia ambiental CRBio2/ORT - Rio + 20 (2012)
Treinamento prático dos ganhadores da OBB antes de sua viagem à Olimpíada Internacional de Biologia (desde 2011)