a arte como elemento mediador do ensino · inventivo, de fazer, exprimir e conhecer, para além da...
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A ARTE COMO ELEMENTO MEDIADOR DO ENSINO:
Aprendizagem para alunos com necessidades especiais
Carla do Rocio Mosele1 Miriam Adalgisa Bedim Godoy2
RESUMO
O presente artigo aborda a Arte Visual, como elemento multidisciplinar ressaltando assim seus benefícios na educação e dinamização do ensino aprendizagem, principalmente, daqueles que apresentam necessidades educativas especiais. Nesse sentido, o trabalho foi realizado com alunos que frequentam a Sala Multifuncional Tipo I por motivos diversos e dificuldades múltiplas, sendo a arte visual um recurso indispensável para a formulação de atividades lúdicas e dinâmicas elaboradas na escola, bem como as imagens que são utilizadas em propagandas e nos livros didáticos para ilustração, as quais possuem a função de ajudar no processo ensino aprendizagem, visando uma nova construção histórica e social. É necessário que no ensino de alunos com necessidades especiais educativas ou não se crie práticas pedagógicas criativas através de imagens.
Palavras-chave: Arte. Arte visual. Sala Multifuncional.
INTRODUÇÃO
A Arte no meio escolar muitas vezes trabalha como um elemento
multidisciplinar e, através deste trabalho, é possível contextualizar o conteúdo
explanado, fazendo assim com que o educando reflita e observe o uso da arte visual
nos materiais didáticos e no desenvolvimento das aulas, para que estas sejam
atrativas e dinâmicas.
A autora Barbosa alerta que a proposta para educação especial, não é um
1 Qualificação e Formação do Professor PDE (conforme orientações elaboração artigo final PDE,
página 3, item 2. 2 Qualificação e Formação do Orientador (conforme orientações elaboração artigo final PDE, página 3, item 2.
currículo diferenciado, segregado, que crie uma escola especial para diferentes. O
que se objetiva é respeito à diversidade, ao jeito de ser de cada sujeito cultural,
respeito ao cidadão que tem direito a uma vida de participação e interferência na
organização da nossa sociedade. Segundo a autora, o respeito à diversidade é que
surge a rica aventura de lidar com múltiplas identidades culturais. Sendo assim, a
educação especial nada mais é do que respeitar diferenças na forma de cada um
ser.
Além disso, Barbosa afirma que “como educadores, precisamos da arte +
educação+ ação e pesquisa para descobrir como nos tornamos mais eficientes no
nosso contexto educacional, desenvolvendo o desejo e a capacidade de aprender de
nossas crianças”. (BARBOSA, 2005, p.04).
Desta forma, o presente artigo visa mostrar que através da Arte como
elemento mediador no processo ensino-aprendizagem, professores e alunos
poderão observar métodos criativos na apresentação dos conteúdos os quais
facilitaram a contextualização dos conteúdos propostos.
A Arte no meio escolar muitas vezes trabalha como um elemento
multidisciplinar e, através deste trabalho, é possível contextualizar o conteúdo
explanado, fazendo assim com que o educando reflita e observe o uso da arte visual
nos materiais didáticos e no desenvolvimento das aulas, para que estas sejam
atrativas e dinâmicas.
Segundo Vygotsky (1987, p.17) “a atividade criadora da imaginação encontra-
se em relação direta com a riqueza e com a variedade da experiência acumulada
pelo homem”, ficando claro que vivemos um momento de grandes mudanças e de
quebra de paradigmas, onde os educadores e educandos possam observar que a
Arte Visual pode ser uma ferramenta importante para abrir novos horizontes no
contexto ensino - aprendizagem, e auxiliar alunos com necessidades especiais a
superar os obstáculos por meio da arte como um recurso importante na elaboração
de materiais didáticos e na construção do conhecimento.
Desta forma, o conhecimento e a imaginação caminham juntos, por meio do
que se observa, ouve, sente, nada mais é que uma fonte para embasar e despertar
a imaginação, onde a criatividade ajudará na retenção do conhecimento.
A IMPORTÂNCIA DA ARTE VISUAL NO MEIO ESCOLAR
Ensinar arte significa mais do que proporcionar aos alunos o conhecimento da história da humanidade a partir de um modo específico, formativo e inventivo, de fazer, exprimir e conhecer, para além da ciência e dos limites das estruturas da língua falada e escrita. (DUARTE, 1995, p.11).
A arte é importante na escola, principalmente fora dela, pois desde os
primórdios da civilização, ela esteve presente em todas as formações culturais
estabelecendo novas realidades, novas formas de inserção e de visão deste mesmo
mundo. Quando nos expressamos dentro de várias modalidades artísticas,
sensivelmente compreendemos o nosso pertencimento ao mundo, o que alargou e
aprofundou o conhecimento do ser humano, possibilitando maior compreensão da
realidade e maior participação social.
A arte começa a ser vista através de novas perspectivas, onde a mesma
aparece nos livros didáticos, bem como no cotidiano dos educadores e educandos,
através das artes visuais, música, dança e teatro.
Compreende-se assim, que o fazer artístico é uma manifestação criativa do
ser humano no contexto em que está inserido, para através da observação e análise
compreenda o valor da Arte no ensino aprendizagem e na inclusão.
... postura inclusiva não é aquela que desconsidera as diferenças, ou faz de conta que todos somos iguais, mas, ao contrário, aquela que pressupões que é a partir das diferenças que poderemos construir um universo mais rico de aprendizagem e de produção da vida sócio cultural. (MARTINS, 2002:38).
Podemos dizer que a arte visual deve ser trabalhada como uma ferramenta
que auxilie no conhecimento, no trabalho e na expressão, partindo de um processo
global na formação do aluno, como ser sócio histórico.
Por isso, é importante que o educador faça uma investigação e um estudo
para mostrar que a arte visual está inserida nos materiais didáticos através de obras
de arte que servem de ilustração nos livros didáticos.
Desta forma, através da observação os educandos notarão que a arte visual
está vinculada ao ensino aprendizagem e, assim, serão capazes de experimentar e
refletir sobre a arte no contexto do escolar, de forma criativa, permitindo desenvolver
meios de formular hipóteses e elaborar conceitos sobre o que é arte, pois esta
possui uma linguagem de expressão visual, corporal e também uma forma de
conhecimento.
O ensino inclusivo tem sido interpretado como “a prática da inclusão de todos
– independentemente de seu talento, deficiência, origem sócia econômica ou origem
cultural – em escolas e sala de aulas provedoras, onde todas as necessidades dos
alunos são satisfeitas”. (KARAGIANNIS; STAINBACK, 1999, p.21).
É inevitável que todo o processo ensino-aprendizagem deva ser elaborado
pela equipe educacional da escola, resgatando e compartilhando as experiências,
onde cada professor possa relatar, criar situações diferenciadas e criativas para
trabalhar com seus alunos e, propor desafios que auxiliem o ensino-aprendizagem.
Segundo Barbosa, “somente a ação inteligente e empática do professor pode
tornar a Arte ingrediente essencial para favorecer o crescimento individual e o
comportamento de cidadão como fruidor de cultura e conhecedor da construção de
sua própria nação” (BARBOSA, 2011, p.14).
Pan relata ainda que, “os princípios de uma aprendizagem colaborativa
devem reger a ética das relações entre as crianças, professores de educação
regular e da educação especial e equipe pedagógica, bem como entre os serviços
de apoio especializado”. (PAN, 2008 - p.135).
Para Minetto “organizar atividades em grupos pequenos, pois este trabalho é
especialmente útil quando forem introduzidos novos conceitos, sobretudo os que
representam dificuldade especial”. (MINETTO, 2008 - p.103).
Os autores supracitados reforçam que as práticas pedagógicas podem ser
adaptadas fazendo um trabalho no coletivo, valorizando as diversidades com muita
seriedade e compromisso. Desta maneira, a arte visual terá a função de contribuir
para incluir alunos com necessidades especiais no processo do ensino
aprendizagem, através da leitura de imagens e da criatividade.
ARTE VISUAL INSTRUMENTO MULTIDISCIPLINAR NO PROCESSO ENSINO -
APRENDIZAGEM
É preciso transformar, de modo substancial, o espaço de aprendizagem em artes visuais destinado aos alunos portadores de necessidades especiais que, até aqui, de modo geral, tem se caracterizado por priorizar o treinamento de habilidades, a estimulação psicomotora, com vista à superação de dificuldades, e não a manifestação de potencialidades expressivas. O desenvolvimento de habilidades e estimulação psicomotora são ganhos conquistados no conjunto das aprendizagens que devem propiciar a construção significativa de formas expressivas fazendo-se uso dos códigos, materiais e técnicas artísticas. (MARTINS, 2002, p. 34).
A partir de novas experiências e muita criatividade, onde se respeite sempre a
diversidade em questão de cada educando, os alunos terão a oportunidade de
observar a arte como uma linguagem, que articula percepção, imaginação, emoção,
sensibilidade para criar atividades práticas.
Ainda existem fatores que deixam as instituições educacionais de mãos
atadas no que se refere à inclusão, que é a falta de estrutura: física e profissional,
para auxiliar alunos com necessidades especiais, onde estes tenham suporte para
estarem inseridos em uma classe comum de ensino e possam aprender, sendo a
Arte Visual instrumento multidisciplinar no processo ensino-aprendizagem.
Como muitos autores citam que a Arte é democrática, aceita todas as formas
de manifestações artísticas. Existem as artes visuais, a música, a dança e o teatro.
Sendo que a partir dessas manifestações artísticas, pessoas de todas as idades,
raça, credo, sexo, portador ou não de necessidade especial, podem desenvolver o
fazer artístico de forma criativa respeitando as singularidades.
Como afirma Quixaba (2006),
o teatro, a dança e a música constituem-se formas de expressão artística que possibilitam, dentre outras coisas, o desenvolvimento sociocultural de indivíduos de todos os grupos, indistintamente, inclusive de pessoas com necessidades educacionais especiais (QUIXABA, 2006, p.42).
A arte visual dá possibilidade de ensinar os educandos com necessidades
educacionais especiais, a desenvolver os sentidos, o conhecimento para a
construção da própria identidade.
O ensino da arte visual tem como objetivo propiciar o desenvolvimento do
pensamento artístico, a percepção estética, a sensibilidade, dando sentido na
construção do conhecimento. As atividades de arte visual despertam a criatividade
do aluno, trabalhando a sua sensibilidade pela sensação, percepção, imaginação e
sentimento estético para que desenvolvam uma visão crítica perante o que é o belo,
nas diferentes culturas.
A arte, assim como o conhecimento, é construída socialmente, de acordo com
Vygotsky a “arte é mediadora no processo sócio histórico do desenvolvimento
humano.” (VYGOTSKY, 2003, p 23). Sendo assim, é necessário articular o ensino
da arte visual ao plano de trabalho docente e a proposta política pedagógica da
escola, de modo a oportunizar ao educando que necessitam da educação inclusiva,
formas de terem suas diferenças respeitadas e a possibilidade de gerenciar sua
produtividade e criatividade.
A arte visual possibilita um grande leque de materiais e técnicas variadas para
auxiliar a perpassar algumas barreiras no que se refere a exclusão e não apenas os
alunos de sala multifuncional, mas outros educandos também que apresentam
dificuldades.
Assim sendo, a arte propicia ao educando expressar seus sentimentos e
ideias, de forma criativa, onde seu lado sensitivo venha à tona, então observa como
as artes visuais são importantes na interação social em todo o seu contexto escolar.
A ARTE VISUAL COMO INSTRUMENTO MEDIADOR À INCLUSÃO
A arte é a verdadeira expressão criadora do indivíduo, do seu pensamento
criativo, artístico e o poder de perceber a verdadeira estética de tudo que o cerca de
uma forma mais perspicaz. Essa percepção se desenvolve através do trabalho
coletivo sempre fazendo com que o individuo interaja com o meio e se socialize, por
isso, é um instrumento socializador e motivador importante para mediar os trabalhos
em sala de aula no que diz respeito à inclusão.
Na mesma linha de raciocínio, Barbosa alerta que:
A proposta para educação especial, não é um currículo diferenciado, segregado, que crie uma escola especial para diferentes. O que se objetiva é o respeito à diversidade, ao jeito de ser de cada sujeito cultural; respeito ao cidadão que tem direito a uma vida de participação e interferência na organização da nossa sociedade. Segundo a autora do respeito à diversidade é que surge a rica aventura de lidar com múltiplas identidades culturais. (BARBOSA, 2003, p. 45).
O conhecimento estético está relacionado à apreensão do objeto artístico
como criação de cunho sensível e cognitivo. Historicamente originado na Filosofia, o
conhecimento estético constitui um processo de reflexão a respeito do fenômeno
artístico e da sensibilidade humana, em consonância com os diferentes momentos
históricos e formações sociais em que se manifestam. (PARANÁ, 2008, p.59).
As artes visuais devem ser trabalhadas na educação com o intuito de renovar
o ensino aprendizagem, pois esta acontece a partir de novas experiências, e
compreenderá ainda a arte como linguagem, trabalhando a percepção, a
imaginação, e assim desenvolver atividades de arte visual, extravasando sua
criatividade interior, oportunizando ao aluno mostrar seus talentos e criatividade para
seus colegas, fazendo troca de trabalhos artísticos.
O professor poderá explorar a arte visual produzida pelo aluno, a qual
oferecerá oportunidades para que este mostre suas vivências através de sua
criatividade.
Para Buoro
só com investimentos de toda a sorte a construção de conhecimento em arte deixará de ser uma ficção ou de se manter restrita a um universo de privilegiados para encarar-se de fato na realidade concreta, passando assim a participar da vida dos brasileiros. (BUORO, 2003, p.27 e 28).
Portanto, a arte visual desenvolve a expressão artística dos alunos
contribuindo para o seu aprendizado, auxiliando a sua autoestima, ampliando sua
visão sobre arte e sua significação.
A arte é ainda um fator de agilização da nossa imaginação, pois na experiência estética a imaginação amplia os limites que lhe impõe cotidianamente a intelecção. Já observamos que na “vida prática” nosso intelecto guia a percepção em torno das relações práticas e funcionais já estabelecidas; pouco espaço nos resta para o “sonho” a “fantasia”. E isto é também reforçado pelo ambiente escolar, na medida em que as respostas ali já estão prontas, restando ao educando apenas a sua assimilação. Na escola não se cria, mas se reproduz aquilo que já existe. (DUARTE, 1994, p.67).
Para um trabalho pedagógico dinâmico, o uso da arte visual oportuniza uma
abertura maior para o educando aprender e mostrar a sua criatividade. A escola é
um espaço de embate e de diálogo entre o conhecimento sistematizado e o popular.
Neste contexto, o educador fará intervenções, valorizando o individual e o coletivo
de cada aluno, para que estes construam e desenvolvam suas habilidades,
trabalhando sempre a construção gradativa do conhecimento esperado.
A arte questiona, altera e cria opiniões, questiona o aparentemente inquestionável e move. A informação recebida passivamente ou discutida forma o entrelaçamento da opinião pública. A arte é uma das possibilidades para oferecer informações e criar condições para repensar, desvelando as aparências, revendo o passado e inventado o futuro. (FREITAS; PEREIRA, 2007, p.52).
Quanto mais estímulos visuais e artísticos o educando tiver, mais
oportunidade terá de interagir em vários contextos fazendo uma reflexão sobre o
mundo ao seu redor, desenvolvendo análise crítica dos fatos, o que será útil para
seu desenvolvimento escolar.
Arte constitui um processo que envolve diversos elementos da experiência do
educando, transformando-os em um novo significado ou forma expressiva. Sendo
uma forma para o desenvolvimento e a aprendizagem, permitindo uma grande gama
de possibilidades, habilidades e atitudes, complementando a evolução cultural do
educando além da psicomotora. Neste caso, auxiliando os alunos para a
alfabetização visual, escrita, auditiva e oral.
Visando o desenvolvimento de pessoas excluídas por suas dificuldades, daí a
importância de estimular, através da arte visual, como um instrumento para auxiliar o
educando a interagir no meio escolar de forma espontânea.
A IMPORTÂNCIA DA ARTE E A ESTÉTICA
As produções artísticas estão presentes em várias situações do dia a dia,
muitas demostram os problemas sociais e políticos, de relações humanas, de
sonhos, medos e dúvidas. Algumas revelam os fatos históricos e as manifestações
culturais.
Na arte visual existe uma grande pluralidade de cores, formas e luzes que
fazem parte da História, onde toda essa gama de informações oportuniza ao
educando construir seus conhecimentos e relacionar esse aprendizado com o
mundo que o cerca.
Segundo Iavelberg,
A arte, por si só, não opera transformações na educação, mas a experiência com os processos de criação pode reorientar o sentido de ensinar, o papel do professor, a imagem da escola, bem como o valor das práticas culturais nas comunidades e na vida pessoal e profissional dos professores e nas
relações entre as escolas e as instituições que promovem ações sociais. (IAVELBERG, 2003, p.23).
Desde o nascimento, o individuo está exposto à imagens visuais de todos os
tipos, outdoors, placas, prédios, praças, os quais são uma miscelânea de cores,
movimentos, formas, texturas, volumes, e outros elementos que traduzem a
linguagem artística.
Em sala de aula, o professor pode trabalhar os vários elementos da
linguagem artística, através do trabalho com as cores e suas composições. A arte
visual possui imagens tanto abstratas quanto figurativas, essa leitura pode ser de
uma obra artística ou do nosso cotidiano visual.
A arte visual promove ao aluno um aprendizado reflexivo, pois nada mais é,
do que a construção do conhecimento artístico, o qual propicia a criatividade e a
expressão artística, motivando o aluno a participar das atividades de forma
prazerosa.
Nos PCN:
...entende-se que aprender arte envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos, mas também a conquista da significação do que fazem, pelo desenvolvimento da percepção estética, alimentada pelo contato com o fenômeno artístico visto como objeto de cultura através da história e como conjunto organizado de relações formais. Ao fazer e conhecer arte o aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos sobre sua relação com o mundo. (BRASIL, ANO, 1997 p.44)
Uma das atribuições da arte visual na educação é que ela possibilita que o
educando amplie seu conhecimento, suas habilidades e a descoberta de suas
potencialidades. Através da arte visual o educando retrata seus sentimentos, medos
e frustrações. Ele visualiza diversas linguagens, tendo a possibilidade e capacidade
de trabalhar com formas, cores, imagens, gestos, fala e sons e outras expressões.
Segundo Eisner (2008): há quatro coisas principais que as pessoas fazem com a arte. Elas a fazem. Elas as veem. Elas entendem o lugar da arte na cultura, através dos tempos. Elas fazem julgamentos sobre suas qualidades. Além disso, [...] as artes envolvem aspectos estéticos que estão relacionados à educação da visão, ao saboreio das imagens, à leitura do mundo em termos de cores, formas e espaço; e propiciam ao sujeito construir a sua interpretação do mundo, pensar sobre as artes e por meio das artes. (EISNER, 2008, p.85),
A arte visual, na educação, auxilia na formação do ser criativo e reflexivo para
que possa interagir com as pessoas. A arte está presente em nossas vidas, nos faz
dialogar com o mundo, nos permite refletir sobre nós mesmos, ensina o educando a
respeitar o trabalho do outro na diversidade.
A arte transforma e possibilita novos caminhos na vida do educando.
IMPLEMENTAÇÃO
Frente ao desafio de verificar as artes visuais como mediadora do ensino –
aprendizagem de educandos com necessidades educacionais especiais, realizou-se
a implementação junto aos alunos da Sala Multifuncional - Tipo I, do Colégio
Estadual Antonio Xavier da Silveira, – Ensino Fundamental Médio e Normal, do
município de Irati. As atividades foram desenvolvidas no período de março a junho
de 2013, tendo como objetivo observar e criar novas possibilidades de trabalhar a
arte visual no plano de trabalho docente, baseando-se na atual diretriz de inclusão.
Participaram da implementação, oito educandos, juntamente com a
professora regente da turma. As intervenções foram distribuídas em sete encontros
matinais.
Na primeira ação foi apresentado o projeto aos educandos, assim como, a
importância do uso da imagem e o que é imagem. Ressaltou-se que a imagem não
substitui o mundo real, mas informa as pessoas e auxilia estas a entenderem o
mundo e o ambiente que os cercam.
Nesta sessão, destacou-se a importância da arte visual e o seu significado,
onde está pode auxiliar e dinamizar o aprendizado. Desta forma, apresentou-se aos
alunos materiais baseados na arte visual, como por exemplo, placas de sinalização,
propagandas e a explicação sobre o uso dessas imagens para auxiliar as pessoas.
É importante que o educando desenvolva atividades de cunho artístico no âmbito da escola, pois, “ao transformarmos as matérias, agimos, fazemos. São experiências (...) – processos de criação - que nos envolvem na globalidade, em nosso ser sensível, no ser pensante, no ser atuante. (OSTROWER, 1987, p. 69).
Na sequência, os participantes foram instruídos a observarem a importância
do uso da arte visual no dia a dia do ser humano e, onde esta aparece no ambiente
escolar.
Após a explanação e visualização das imagens, os alunos se manifestaram
oralmente, explicando o que observaram e o que sentiram ao ver as ilustrações. As
respostas foram as mais variadas como: ao observar as imagens de propagandas, o
uso da cor azul, deduziram que o artista fez uso dos vários tons por ser uma
propaganda sobre água, já na questão de alimento, o uso de cores quentes como
vermelho, laranja e amarelo para dar a sensação de aconchego, fome e outras.
Alguns alunos liberaram de imediato a imaginação, explanando e a expressando
seus sentimentos. A sensibilidade, a percepção foi fundamental para a elaboração
dos trabalhos propostos, onde todos os alunos participaram e mostraram grande
interesse em falar sobre arte visual e suas linguagens, de forma motivada e alegre,
tendo assim uma interação sociocultural, onde trabalharam, dialogando e
analisando como foram empregados os recursos visuais utilizados para a criação
das imagens. Observando as diferenças fundamentais entre as imagens analisadas,
no que se refere ao conteúdo, forma, técnica e composição (OSTROWER 1983, p.
65) embasa muito bem o uso da cor, da luz como significado nas artes visuais: Num
processo de composição na área de artes visuais, os elementos formais – linha,
superfície, volume, luz e cor - “não têm significados preestabelecidos, nada
representam, nada descrevem, nada assinalam, não são símbolos de nada, não
definem nada - nada, antes de entrarem num contexto formal”.
No segundo encontro, os alunos realizaram observação dos elementos
básicos da arte visual despertando o interesse, a sensibilidade, e assim verificar os
diversos meios de comunicação através do uso da imagem, como fotos, retratos,
propagandas e imagens de quadros. Esse trabalho fez com que os educandos
analisassem linhas, cores formas, de várias propagandas e ilustrações para, através
dessas observações, verificarem as diferenças de cada imagem no modo de se
expressar do artista, após isso, eles mesmos criaram suas artes visuais através de
recortes, fazendo uso de formas, linhas, cores e outras. Durante o trabalho
pedagógico observou-se o interesse e a motivação dos educandos em realizar as
tarefas propostas, onde se pode observar as singularidades na questão do ritmo, o
aprender, o se expressar, entre outros. Os alunos da sala multifuncional foram
criteriosos na elaboração de sua arte visual, tendo apenas indecisão na hora da
escolha da cor de fundo. No decorrer do trabalho, pode-se observar a sensibilidade
na utilização das cores, formas, luz, movimento, ritmos. Os educandos aprendem
através da motivação e também pela curiosidade, de modo que houve uma
interação entre o grupo na construção de suas artes visuais. Como se observa na
fala de Barbosa (1991, p.28) “a arte deve ser uma fonte de alegria e prazer para a
criança quando permite que a organizem seus pensamentos e sentimentos
presentes em suas atividades criadoras”. A arte visual pode influenciar o
desenvolvimento educacional do educando e, por esse motivo, a atividade artística
deve ser trabalhada por meio da imaginação que abram as possibilidades cognitivas,
afetivas, sociais e criadoras do educando.
No terceiro momento, os alunos assistiram ao filme indiano “Como Estrelas na
Terra – Toda Criança é Especial”, 2007, também chamado de Taare Zameen Par
(título original do filme), o qual mostra a história de Ishaan Awasthi, um menino de
aproximadamente nove anos de idade, que sofre bastante em casa e no ambiente
escolar, por “não ter disciplina nos estudos e não se importar com a escola”, quando
na verdade ele tem dislexia. Seus pais, não tendo conhecimento disso, brigam com
ele e querem que seja um bom aluno. Os professores não se mostram
compreensivos e querem a todo custo que o garoto seja aplicado nas aulas, mas
não lhe proporcionam o aprendizado que uma criança com necessidades especiais
deve ter. Seu pai, então, tem a “brilhante” ideia de colocá-lo em um internato, só
assim ele daria mais valor aos estudos e aprenderia algo. Porém, as coisas só
pioram e Ishaan passa a ser uma criança triste. O Professor de Arte Nikumbh, teve
um formidável papel na vida do Ishaan, observando a dificuldade de aprendizagem
do menino. Após assistirem ao filme, os alunos realizaram interpretação oral,
comentando que o trabalho do professor com o aluno através da arte fez a diferença,
pois as aulas eram dinâmicas e não monótonas como a dos outros professores e,
ele se colocou no lugar dos alunos. Também comentaram sobre a falta de
compreensão das pessoas que faziam parte da vida de Ishaan, como a questão do
pai querer um filho perfeito e não ter paciência com o menino, e apesar da mãe ser
mais amorosa, deixou que o pai colocasse o filho em um colégio interno. Quando
questionados sobre os dias atuais na escola, como é, os mesmo responderam que
existe discriminação, tanto de professores, quanto de colegas e, que há uma porção
de “Ishaan” nas escolas. Um aluno comentou que teve vontade de chorar, pois
achou muito triste a situação do menino do filme. Então, após vários
questionamentos, ficou claro que os alunos entenderam que todos temos algumas
dificuldades, mas se formos bem orientados, podemos vencer as barreiras. Depois
desses trabalhos, os educandos fizeram uso da arte visual para retratar o que mais
gostaram e entenderam do filme. Baseado nas questões apresentadas pela
UNESCO e endossado por Freitas e Pereira, vem mostrar claramente o que o filme
retrata no que se refere o conceito da Pedagogia Inclusiva, a qual propõe “que todos
os alunos tenham a oportunidade de se ajudarem e ensinarem uns aos outros.”
(FERNANDES et al., 2008, p.1).
Na quarta sessão de intervenção, foi realizado um estudo e a
contextualização da importância da arte visual em nosso dia a dia. Cada aluno
trouxe imagens (retratos, propagandas, ilustrações de livros), para juntos
analisarem, assim mostrar a importância da linguagem visual para a
contextualização dos conteúdos através do uso de recorte e da pintura, despertando
a imaginação da expressão artística dos educandos. O material trazido pelos
educandos foi colocado sobre uma mesa, para que observassem a técnica artística
apresentada em cada material ali exposto. Após analisarem, cada aluno
demonstrou, através da pintura, quais os sentimentos que as imagens provocaram
em cada um deles. Tiveram ainda, a oportunidade de criar formas e composições,
textura, luz, sombra, aprendendo como funciona a arte visual. Então, fica claro
quando Vygotsky (2003 p.118) aponta que “o aprendizado desperta vários
processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente
quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação
com seus companheiros”.
Na quinta ação, os educandos explanaram suas artes visuais, onde os
mesmos comentaram a história de cada obra artística para seus colegas. Contaram
quais os sentimentos que tiveram ao produzir seu trabalho artístico, por que usaram
certas cores, às vezes clara outra escura, demonstrando o sentimento de alegria e
tristeza. Assim, criou-se um diálogo entre os educandos para analisarem e
observarem como a arte visual retrata o sentimento, questionando um ao outro,
sobre as imagens desenhadas. Notou-se que alguns queriam estar em uma floresta
outros no mar. Foi importante essa interação um com outro para que cada um
expressasse o sentimento mais íntimo de cada um e assim, no decorrer do relato de
cada aluno, pode-se observar o interesse e a motivação em conhecer um pouco
mais sobre os sentimentos dos colegas. Após esse trabalho de demonstrar através
da arte visual a interpretação, fica claro o que dizia a didática de Brecht (1988), que
enfatiza os processos sociais, corporais, sensoriais, perceptivos. Isso pode se
constituir num caminho fecundo na articulação do ensino de arte na perspectiva da
interação, da cooperação e da participação do indivíduo na sua totalidade, incluindo
os processos perceptivos e afetivos.
No sexto encontro, os alunos trabalharam a ilustração de textos e observaram
que a arte visual tem a finalidade de auxiliar e facilitar a interpretação dos textos
didáticos, científicos, literários e publicitários. Após a análise, os mesmos ilustraram
um pequeno texto em forma de livrinho, como se fossem ilustradores de histórias
infantis e depois, apresentaram para seus colegas a sua arte. Os educandos
comentaram com os colegas sobre a ilustração e revistas que já leram e o que mais
gostaram no que se refere à arte visual. Falaram que a profissão de ilustrador de
livros é muito divertida, mas que também é complicada, pois o artista precisa dar
veracidade através do desenho à história, também comentaram sobre as ilustrações
dos seus livros didáticos mostrando que muitas vezes, a figura faz com que eles
memorizem melhor o conteúdo ali citado. Desta forma, ficou claro que quando
usamos imagens para uma explicação, a mesma pode passar à mensagem total do
texto, por isso, deve ser muito criativa e elaborada. Como afirma Piaget (1973) o
desenho é uma das manifestações semióticas, isto é, uma das formas através das
quais a função de atribuição da significação se expressa e se constrói. Desenvolve-
se concomitantemente às outras manifestações, entre as quais o brinquedo e a
linguagem verbal.
No sétimo encontro, os trabalhos foram analisados juntos aos educandos
para que estes observassem a capacidade de seus colegas em realizar as tarefas
propostas e, se cada um conseguiu expressar seus mais íntimos sentimentos e
anseios através do uso da arte visual, também se essa contribuiu para formar um
senso critico e inovador. As artes visuais são formas que o educando tem de
expressar sua visão de mundo e desenvolver as suas dimensões afetivas, motora e
cognitiva, utilizando assim, as diferentes linguagens artísticas das artes visuais,
tendo a possibilidade de construir, criar, recriar e inventar, tornando-se uma pessoa
ativa e crítica na sociedade. Na medida em que o aluno conquista seu lugar na
sociedade como participante ativo na construção do seu conhecimento, as diferentes
linguagens das artes visuais passam a ser objeto de estudo por muitos teóricos, que
percebem a importância de serem trabalhadas na educação, uma vez que a arte
auxilia no desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor. Segundo Cunha,
[...] ao invés do professor simplesmente disponibilizar materiais, as crianças devem ser desafiadas a explorar os materiais em todas as suas possibilidades, como numa atividade banal com o lápis de cor e papel. Podemos transformar essas propostas simplistas e comuns em uma proposta instigadora e fonte de descobertas, além de conhecermos as hipóteses das crianças sobre o que vamos trabalhar. (CUNHA, 1999, p. 57).
Após a realização do trabalho, verificou-se que a arte visual passa a ser vista
pelos alunos da sala multifuncional, bem como pelos educadores, como um
instrumento de contribuição para o ensino aprendizagem, vindo a auxiliar o
educando e o educador na caminhada do ensino aprendizagem. E assim, a arte
visual poderá ajudar na inclusão não apenas da aprendizagem, mas tornar o
educando mais social e integrado em seu meio, quebrando paradigmas nas
questões de discriminação. “Fazer arte reúne processos complexos em que a
criança sintetiza diversos elementos de sua experiência. No processo de selecionar,
interpretar e reformar, mostra como pensa, como sente e como vê”. (ALBINATI,
2009, p.4). A criança representa na criação artística o que lhe interessa e o que ela
domina, de acordo com seus estágios evolutivos. Uma obra de arte não é a
representação de uma coisa, mas a representação da relação do artista com aquela
coisa. “[...] Quanto mais se avança na arte, mais se conhece e demonstra
autoconfiança, independência, comunicação e adaptação social”. (ALBINATI, 2009,
p.4).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Programa de Desenvolvimento Educacional possibilitou estudar, observar e
analisar como a sociedade contemporânea vê a arte visual, trabalhando imagens
para enriquecer o ensino aprendizagem nas várias disciplinas e no cotidiano do
aluno. Ficou claro que trabalhar a arte visual em sala de aula contribui para um
método de ensino aprendizagem de forma inovadora, pois a imagem motiva e
dinamiza o conteúdo a ser explicitado pelo educador. A arte visual é uma forma de
linguagem, muito importante no que se refere à expressão e comunicação, isto
justifica sua presença na educação. A Arte revela uma série de significações, tais
como: o senso estético, a sensibilidade e a criatividade. Atualmente, o uso da arte
na educação está interferindo na questão motivacional e auxiliando o processo
ensino aprendizagem e assim abrindo a possibilidade do mesmo sair do senso
comum para o elaborado e construir o seu conhecimento gradativamente.
Através do trabalho com as imagens, possibilitou uma experiência de criação
estética e uma leitura da arte visual, na qual os educandos relacionaram o visual
com a imagem, trabalhando o senso de observação e concentração. Com a análise
dos elementos visuais presentes nas imagens, o educando fez uso de sua
capacidade de criar, analisar e compreender a emoção retratada através da arte.
Observa--se desta forma, que arte visual é importante ferramenta no processo
educativo, no desenvolvimento e na aprendizagem do educando, auxiliando a
dinamizar as aulas.
Com esse trabalho prático em Artes Visuais, permitiu-se que os alunos da
Sala Multifuncional vivenciassem produções de arte, através da observação de
filmes, vídeos, imagens e trabalhos dos colegas.
A escola será realmente inclusiva quando buscar através da aprendizagem,
conteúdos pedagógicos inovadores que proporcionem um conhecimento integral do
mundo ao aluno, para que ele interaja, crie, invente e transforme a sua realidade.
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