a adoção e a intervenção do assistente social

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  • UNAMA- UNIVERSIDADE DA AMAZNIA CENTRO DE CINCIAS HUMANAS E EDUCAO CURSO DE SERVIO SOCIAL A ADOO E A INTERVENO DO ASSISTENTE SOCIAL

    NUMA DECISO IRREVOGVEL

    AUTORA: NGELA MARIA DE VILHENA MARTINS

    Trabalho de Concluso de Curso, apresentado ao Curso

    de Servio Social da Universidade da Amaznia, como

    requisito para obteno do grau de Assistente Social, sob

    a orientao do Professor JORGE GOUVEIA.

    BELM - PAR

    2001

  • FOLHA DE AVALIAO NOTAS ATRIBUDAS: NOTA DO PROCESSO:__________ ORIENTADOR:_________________ EXAMINADOR:________________ MDIA DA BANCA:_____________ NOTA FINAL:__________________ DATA:_____/______/______

  • EPGRAFE

    "Se tivermos que estabelecer uma hierarquia de amor s

    criaturas, amemos primeiro e mais, criana, fora viva e

    esperana da construo maior da histria de um pas".

    Joo Quintino da Silva

    Juiz e Poeta

  • DEDICATRIA A Deus: Meu caminho no foi fcil, mas tu Senhor me encheste de vida, luz, fora e esperana para alcanar essa vitria. E consegui!

    Louvarei e glorificarei teu nome para sempre.

    Aos meus queridos e amados filhos Bruno, Paula e Cntia, razo de todas as lutas e esforos dispensados ao longo desses cincos anos. Foi pensando em plantar e cultivar um futuro melhor para eles que enfrentei com

    prazer e alegria todas as dificuldades encontradas. Que essa vitria sirva de exemplo

    para suas vidas de que vale a pena lutar por um ideal.

    Ao meu netinho Paulo Victor, que apesar de ter entrado em nossas vidas h apenas um ano, o grande responsvel pela restaurao do

    nimo e da alegria de meu viver no decorrer deste ano. Sua presena foi

    indispensvel nessa conquista. Amo voc!

  • AGRADECIMENTOS A Deus pela presena em todos os momentos dessa etapa em minha vida e tenho certeza que estar comigo tambm no comeo de um novo e

    longo perodo de prtica profissional.

    A meus filhos pela compreenso, ao longo do curso, da necessidade de ausentar-me do convvio familiar.

    Aos meus irmos, sobrinhos e cunhados pelo apoio e incentivo que me dispensaram no decorrer dessa caminhada.

    s colegas de turma e equipe, em especial s amigas Anna Nery e Dulcinete, que com carinho e amizade ajudaram-me a superar todas as dificuldades e problemas encontrados durante os anos que passamos juntas.

    orientadora de campo Arlete Guimares pela ateno e formao transmitida no decorrer do estgio curricular.

    compreensiva amiga e colega de trabalho Cristina Alves da Silva pelo apoio e pacincia quando precisava ausentar-me do local de trabalho. Ao professor Jorge Gouveia, pela orientao e ateno dispensada na construo deste artigo.

    Aos Professores do Curso de Servio Social, que socializaram seus conhecimentos e no mediram esforos para a boa formao de suas alunas.

    A todos aqueles que direta ou indiretamente contriburam para a construo deste trabalho.

  • A ADOO E A INTERVENO DO ASSISTENTE SOCIAL NUMA DECISO IRREVOGVEL.

    ngela Maria de Vilhena Martins

    RESUMO: Este trabalho parte de uma experincia de estgio curricular realizado no Juizado da Infncia e Juventude - 3 Vara Cvel, desenvolvido no perodo de fevereiro/2000 a outubro/2001. Versa sobre a adoo enquanto uma deciso irrevogvel e a interveno do assistente social neste processo.

    O objetivo deste estudo analisar situaes peculiares da adoo, como a

    principal medida de proteo a crianas e adolescentes, compreendendo sua

    historicidade, identificando a irrevogabilidade da medida e verificando a atuao do

    Servio Social.

    Para a realizao deste estudo, buscou-se a cientificidade atravs de leituras

    de material bibliogrfico, alm de leituras de documentos indispensveis, tais como:

    relatrios sociais, processos judiciais, pareceres sociais e entrevistas com pessoas

    envolvidas no processo, especificando a contribuio do profissional do Servio

    Social neste contexto.

    O interesse em trabalhar com a irrevogabilidade da adoo ocorreu por ser um

    tema significativo que proporcionar reflexo tanto para o Servio Social como para

    as famlias trabalhadas.

  • Breve esboo histrico

    Por ser considerada uma das medidas mais eficazes na prtica do assistente

    social no Juizado da 3 Vara Cvel da infncia e da Juventude, analisar

    especificamente sua trajetria histrica de fundamental importncia para ser

    verificado o valor que a criana e o adolescente vem recebendo ao longo dos

    tempos.

    A adoo um instituto bastante antigo, porm nem sempre foi compreendida

    da mesma maneira, muitas vezes variando pela intensidade do vnculo que une

    adotado e adotante e a famlia a qual faz parte.

    Para ABREU (1992:137) "criou-se a adoo por um principio religioso". A

    mesma religio que obrigava o homem a casar, que concedia o divrcio em caso de

    esterilidade e que por morte prematura, ou impotncia, substitua o marido por um

    parente, concedia ainda famlia a adoo como um ltimo recurso para escapar

    desgraa to temida da extino. Por esta razo, predominava no principio, o tipo de

    adoo que procurava integrar de modo total o adotado na famlia do adotante.

    A adoo foi uma instituio de grande importncia na sociedade romana,

    onde os csares costumavam legitimar o direito poltico de seus sucessores, porm

    na Idade Mdia, quase desaparece, visto que era considerada uma instituio

    aristocrtica, com pouca importncia na Europa antes do sculo XX, visto que,

    segundo a Histria, a Adoo dizia respeito principalmente transmisso de bens,

    de um nome familiar e pela poltica. A pessoa para adotar deveria estar com no

    mnimo 50 anos de idade, assim como os adotados j eram adultos. Dessa forma,

    diminuiria o nmero de herdeiros, fazendo com que o patrimnio de muitas famlias

    fosse transferido para o senhor feudal ou para a igreja.

    Apesar do grande nmero de crianas abandonadas na roda dos

    expostos, assim como muitos jovens circulando nas vias pblicas antes do sculo

    XX, se tm conhecimento de pouco movimento a respeito de Leis sobre adoo,

  • entretanto, era comum encontrarem-se jovens desamparados em lares de pessoas,

    sendo criados como "filhos de criao", sem que fosse pensada a legalizao da

    situao dos mesmos.

    A desigualdade entre filhos "legtimos" e criados, era um fato pacifico da vida.

    Os vnculos que se estabeleciam eram apenas uma imitao dos vnculos naturais,

    muitas vezes para iludir a lei, reconhecendo-se filhos incestuosos e adulterinos que

    no podiam ser reconhecidos - um ato que, ferindo a moral familiar, era tambm

    expressamente proibido na legislao de diversos pases.

    Esse quadro foi praticamente restabelecido pelo direito francs, por ocasio

    do Cdigo de Napoleo, instituda atravs da Assemblia Legislativa, a adoo foi

    includa no plano geral das Leis Civis, regulada nos artigos 343 e 360. Da em diante

    vrios pases passaram a admiti-la e hoje, com poucas excees, quase todos o

    fazem.

    dentro deste movimento histrico que surge no Brasil os primeiros

    dispositivos para legislar a adoo (ver Tabela I). A partir de 1916, atravs do Cdigo

    Civil, foi regulamentada a adoo nos artigos 183, incisos III e V, 332, 336, 368 a

    392, 1605 e seu pargrafo segundo, 1609 e 1618. O Cdigo Civil recupera a antiga

    prtica de transferncia por escritura de responsabilidades tutelares entre um adulto

    e outro. Segundo esta Lei, qualquer pessoa que no tivesse filhos legtimos ou

    legitimados, podia adotar uma criana mediante contrato com os pais biolgicos. No

    havia restrio quanto a sexo, estado civil ou nacionalidade. O adotando podia ter

    qualquer idade, desde que fosse respeitada uma diferena de 18 anos entre

    adotante e adotando. A adoo era revogvel e no anulava o vinculo de parentesco

    entre a criana e seus genitores, visto que a posse da criana era regulamentada em

    cartrio, da mesma forma que se regulamentava a posse de bens e imveis.

    Como essa regulamentao no agradava muitos os que viam a adoo por

    outro ngulo, o assunto foi levado para ser discutido na Primeira Semana de Estudos

    sobre a Famlia, promovida em 1951, pela Confederao das Famlias Crists. E por

  • solicitao dessa Confederao, a professora ster Figueiredo Ferraz, uma das

    participantes da Semana de Estudos, fez um Projeto de Lei modificando as regras da

    adoo.

    Contudo, somente em 1957, com certas alteraes introduzidas no Cdigo

    Civil, que comeou a surgir um interesse no bem-estar da criana, com intuito de dar

    proteo jurdica ao menor, e a necessidade de corrigir a legislao em benefcio da

    grande quantidade de crianas desamparadas. Por essa razo, a idade mnima dos

    pais adotivos baixou para 30 anos e a diferena de idade para 16. Tambm nessa

    poca os Juizes de Menores comearam a exercer presses no sentido de que os

    cartrios somente lavrassem escrituras mediante autorizao judicial.

    Em 02 de junho de 1965, o Curador de Menores de Belo Horizonte, Jason

    Soares Albergaria criou o Projeto Legitimao Adotiva aprovado na Lei 4.655, a qual

    vinculava de modo irrevogvel e definitivo o adotado conferindo-lhe direitos

    hereditrios, embora limitados, cessando qualquer ligao com a famlia anterior.

    Apesar de todos os avanos, essa lei determinava restries que impediam a

    legitimao de modo mais amplo. Segundo ela apenas os casais na constncia do

    casamento poderiam legitimar uma adoo e excepcionalmente vivos e

    desquitados. S poderiam ser adotadas crianas ou adolescentes de pais

    desconhecidos, ou "menores abandonados" at a idade de sete anos, cujos pais

    tivessem sido destitudos do ptrio poder e rfo da mesma idade no reclamado por

    qualquer parente por mais de seis anos ou ainda, o filho natural reconhecido apenas

    pela me impossibilitada de prover sua criao.

    Essa lei vigorou at 10 de outubro de 1979, quando foi expressamente

    revogada pela Lei n 6.697 - Cdigo de Menores.

    Com o Cdigo de Menores passaram a coexistir duas formas de adoo - a

    plena e a simples. A adoo Plena mantm a mesma finalidade da Legitimao

    Adotiva, porm com uma modificao em relao ao parentesco que se estendia

  • famlia dos adotantes e seus ascendentes no no ato com a anuncia dos

    interessados e sim por fora da lei.

    A Adoo Simples praticamente a imagem do Cdigo Civil. A nica diferena

    que a adoo prevista no Cdigo Civil no havia a autorizao judicial, podendo

    adotar e ser adotada qualquer pessoa, desde que observadas a diferena de idade

    entre adotante e adotando e a idade do adotante, enquanto que no Cdigo de

    Menores era necessria apenas autorizao judicial e s poderiam ser adotados os

    menores em situao irregular.

    Em 1988, a nova Constituio, com o intuito de corrigir a mentalidade mdica

    e jurdica que assombrou durante tantos anos o tema "menor" e dando prioridade

    promoo social da criana e adolescente, atravs do Estatuto da Criana e do

    Adolescente -ECA, revogou as leis anteriores, instaurando uma s forma de adoo.

    Quando foi publicado o Estatuto da Criana e do Adolescente - Lei Federal n

    8.069/90, de 13.10.1990, havia trs tipos de adoo: a adoo civil, regulada no

    Cdigo Civil; a adoo simples e a adoo plena, prevista e regulada no Cdigo de

    Menores.

    A nova filosofia, consolidada no Estatuto da Criana e do Adolescente -ECA,

    facilitou a adoo, visto que ampliou tanto a categoria dos adotantes, como dos

    adotandos.

    Para FELIPE (1994:73) a adoo disciplinada pelo ECA se identifica com a

    antiga adoo plena do Cdigo de Menores. Nela concebe-se uma paternidade, por

    fico legal, cujos efeitos se identificam com os da filiao natural. Deferida a

    adoo, passa o adotado a ser efetivamente filho dos adotantes, em carter

    irrevogvel e de forma plena.

  • Tabela I Evoluo da legislao brasileira sobre adoo

    LEGISLAO CDIGO CIVIL LEI 3.133 LEGITIMA-O ADOTIVA

    CDIGO DE MENORES

    ECA

    Ano da legislao

    1916

    1957

    1965

    1979

    1990

    Idade mnima do adotante

    50 anos

    30

    30

    30

    21

    Idade do adotando

    Sem restrio

    Sem restrio

    7

    7 (plena) 18 (simples)

    18

    Diferena de idade

    18 anos

    16

    16

    16

    16

    Permanncia Revogvel Revogvel Irrevogvel a)Simples: revogvel b)Plena: Irrevogvel

    Irrevogvel

    Filiao Aditiva (parentesco civil criado entre adotado sem romper vinculo com famlia consangnea)

    Aditiva Substitutiva (cessa ligao com famlia consangnea)

    a) Simples: Aditiva

    b) Plena: Substitutiva

    Substitutiva (integrao total do adotando na nova famlia

    Herana S pessoa sem prole legitima tem direito a adotar filhos. Se permanecer filho nico, o adotado herda integralmente. Havendo filhos legtimos aps a adoo, o adotado ter direito metade do que couber ao filho legitimo.

    Se for filho nico o adotado herda tudo. Se ao longo do tempo da adoo os adotantes j tm filhos, o adotado nada herda. Se h filhos aps a adoo, o adotado ter direito metade do que couber ao filho legitimo.

    Idem

    a) Simples: Idem

    b) Plena: direitos iguais

    Direitos iguais (igualdade de condies com os filhos consangneos).

    Fonte: FONSECA, 1995

  • Uma deciso Irrevogvel A adoo prevista no ECA a forma mais definitiva e completa de colocao

    em famlia substituta e tem como finalidade a proteo criana e ao adolescente.

    Por intermdio dela se forma uma nova famlia, visto que, quem adota confere a

    criana e/ou adolescente o status de filho, com todas as conseqncias jurdicas e

    psico-sociais que tal situao requer.

    uma medida que surge como um meio de proteger a criana ou adolescente, constituindo-se tambm como uma oportunidade de assegurar um filho

    para aqueles que esto impossibilitados de conceber. Surge como uma resposta

    social para dar uma famlia para crianas e adolescentes abandonados.

    Atualmente a adoo vista como o meio de superar um dos grandes e

    graves problemas sociais, que a falta de lar para crianas e adolescentes vitimas

    do abandono e da privao do amor.

    Segundo o ECA:

    "Toda criana ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua famlia e, excepcionalmente, em famlia substituta, assegurada a convivncia familiar e comunitria, em ambiente livre da presena de pessoas dependentes de substancias entorpecentes" ( Art. 19)

    Porque a responsabilidade da famlia universalmente reconhecida como um

    dever moral, visto que o primeiro ambiente em que a criana entra em contato com

    a vida social. Tambm em relao ao adolescente, na famlia que ele tem maior

    intimidade e a possibilidade de revelar mais rapidamente suas deficincias,

    agresses ou ameaas que estiver sofrendo.

    Um lar e uma famlia so necessidades que todos tem. Deixar que algum

    cresa sem famlia uma injustia social muito grande, porque essa pessoa no ter

    razes nem amparo. Portanto, a famlia representa um direito que todas as crianas

  • precisam obter, visto que no interior de um grupo familiar ela sentir segurana e

    bem estar.

    Contudo, nem sempre a famlia biolgica capaz de assumir efetivamente o

    seu papel educativo e socializante. Neste caso, necessrio buscar alternativas para

    que a criana no cresa com efeitos negativos na formao de sua personalidade.

    E a adoo surge como um meio de proteger a criana, sendo o melhor recurso para

    crianas ou adolescentes privados do seio familiar biolgico.

    A adoo uma medida que se completa a partir de duas realidades bastante

    evidentes, ou seja, uma criana abandonada e est carente de um lar e uma

    famlia est desejosa em acolher algum e dar-lhe a oportunidade de vida. Ento a

    adoo torna-se um ato de amor, assim como o caminho para a complementao do

    ncleo familiar e a realizao dos sentimentos paternais e maternais dos adotantes.

    Portanto, a adoo uma troca de carinho, amor, afeto e compreenso entre

    adotante e adotado, onde ambos so beneficiados, visto que, um preenche a lacuna

    de um filho e o outro encontra na famlia substituta o seu verdadeiro lar.

    O fundamental que a adoo uma medida de proteo aos direitos da

    criana e do adolescente, e no um mecanismo de satisfao de interesses dos

    adultos. Trata-se sempre, de encontrar uma famlia adequada a uma determinada

    criana, e no de buscar uma criana para aqueles que querem adotar.

    O ECA ressalta em seus artigos 48 e 49 que a adoo irrevogvel,

    ressalvando-se os casos de nulidade na sua concesso e mesmo com a morte dos

    adotantes no restaura o ptrio poder dos pais naturais.

    A Lei 8.069/90 - ECA, vincula de modo irrevogvel e definitivo o adotado com

    os adotantes, pois cessam os vnculos de parentescos deste com a famlia de

    origem, cujo registro original de nascimento do adotado cancelado e substitudo por

  • outro, passando o adotado ter os mesmos direitos de um filho biolgico, sem haver

    nenhum tipo de observao na nova certido de nascimento.

    Mesmo que os adotantes venham a ter filhos aps a adoo, o filho adotivo

    ter os mesmos direitos e deveres que os filhos biolgicos, visto que na adoo, o

    adotado ganha a condio de filho legitimo, devendo ter todas as regalias de um filho

    biolgico, ou seja, ser protegido e amado. Com isso, a adoo passa a representar a

    famlia como um direito da criana, devendo tal questo ultrapassar os preconceitos

    e a insensibilidade social.

    H de se ressaltar que na Constituio Federal de 1988, em seu artigo 227,

    pargrafo 6, j iguala a condio de todos os filhos, dispondo que havidos ou no da

    relao de casamento, ou por adoo, tero os mesmos direitos e qualificao,

    proibindo, mesmo quaisquer designaes discriminatrias relativas filiao, com

    isso rompe preconceitos milenares e estabelece idnticos direito sucessrios.

    O artigo 41 do ECA e seus pargrafos, especifica o disposto na Constituio

    Federal a respeito da igualdade de direito dos filhos adotivos em relao aos filhos

    biolgicos, quando diz que:

    " A adoo atribui a condio de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessrios, desligando-o de qualquer vinculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. (art. 41)

    A adoo produz efeitos que se dividem em pessoais e patrimoniais: Os primeiros atribuem condies do filho adotado e estabelecem aqueles

    vnculos de parentesco que anteriormente no existiam, sem, no entanto faz-lo

    adquirir a nacionalidade do adotante.

    Patrimoniais so os efeitos com relao a alimentos, indenizao por acidente

    de trabalho, sub-rogao em matria de seguro, responsabilidade por fato ilcito e

    sucessrio.

  • Confere tambm efeitos penais e fiscais, concedendo ao adotado idntico

    direito sucessrio dos filhos biolgicos, colocando fim a situao criada com a Lei

    3.133, de 8.05.1957 que no admitia que envolvesse sucesso hereditria a adoo

    levada a efeito por quem tivesse filhos legtimos, legitimados ou reconhecidos.

    Sendo irrevogvel e indissolvel, a adoo prevista no ECA somente pode ser

    extinta por via nulidade, isto , quando houver erro processual. Como a adoo

    concedida atravs de sentena, a nulidade tambm dever ser pleiteada por via ao

    rescisria.

    Se o pai adotivo no cuida bem do filho e permite que o mesmo seja privado

    das condies asseguradas pela lei, tal como o pai de sangue submete-se ao de

    destituio do ptrio poder.

    "A adoo prevista no ECA tem como finalidade a proteo criana e ao adolescentes . O artigo 43 determina que a adoo ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotado e fundar-se em motivos legtimos " (ABREU, 1992:145)

    De acordo com o ECA para ser concedida a adoo dever ser seguido os

    seguintes critrios:

    - O adotado dever contar com no mximo 18 anos de idade quando do pedido,

    salvo se j estiver sob a Guarda ou tutela dos adotantes.

    - Podem adotar os maiores de 21 anos, independentemente do estado civil

    - A adoo por um dos cnjuges ou concubinos poder ser formalizada, desde

    que um deles tenha completado 21 anos de idade comprovada a estabilidade

    da famlia.

    - O adotante h de ser pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotado.

    - Os divorciados e os judicialmente separados podero adotar conjuntamente,

    desde que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, desde que o estgio

    de convivncia tenha iniciado na constncia da sociedade conjugal.

    - Se um dos cnjuges adota o filho do outro, os vnculos de filiao anteriores

    so mantidos, averbando-se apenas a filiao e parentescos do adotante.

  • - A adoo poder ser deferida ao adotante que, aps manifestao de vontade

    vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentena.

    - A adoo depende do consentimento dos pais ou do representante legal do

    adotado.

    - O consentimento ser dispensado quando os pais do adotando forem

    desconhecidos ou j tenham sido destitudos do ptrio poder.

    - Quando o adotando for maior de 12 anos de idade, tambm ser necessrio

    seu consentimento.

    - A adoo ser precedida de estgio de convivncia com a criana e/ou

    adolescente, pelo prazo determinado pela autoridade judiciria, observadas as

    peculiaridades do caso.

    A atual lei pe fim a adoo efetivada por ascendentes e irmos do adotado.

    Porm no veda a adoo feita por parentes colaterais do terceiro grau em diante.

    O ECA no admite que o adotante seja representado por procurador nos atos

    que importem em assumir compromissos. O procurador apenas para requerer e

    acompanhar o processo.

    Para uma criana ser adotada preciso que haja afinidade entre ela e o

    adotante, visto que a partir desse fator que vai sendo superado o preconceito de

    cor, raa, idade, doenas, enfim todas as dificuldades, pois o amor vence todos os

    obstculos.

  • A interveno do Assistente Social no Processo de Adoo A interveno do Assistente Social de grande importncia para o

    direcionamento dos processos a serem trabalhados, tendo em vista que a prtica

    desenvolvida por uma equipe interprofissional, onde os pontos so analisados em

    vrios ngulos que prevalece uma viso conjunta de opinies para a incluso do

    parecer social. o parecer social que dar direcionamento para a deciso do Juiz,

    porque atravs desse parecer que ser analisada em Juzo a melhor deciso a ser

    tomada quanto ao destino de uma criana ou adolescente.

    Pode-se dizer que a assistente social tem sua pratica especifica, qual seja, a

    de oferecer subsdios ao estudo de caso como um todo, dentre as diversas

    atribuies que lhe so conferidas mediante pareceres sociais escritos ou

    verbalmente em audincia em Juzo, assim como desenvolver trabalhos de

    aconselhamento, orientao, encaminhamentos, e outros, tudo sob a imediata

    subordinao autoridade, porm sendo assegurada a livre manifestao do ponto

    de vista tcnico - social, tudo respaldado no ECA que diz :

    " Compete equipe interprofissional, dentre outras atribuies que lhe forem reservadas pela legislao local, fornecer subsdios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audincia, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientao, encaminhamento, preveno e outros, tudo sob a imediata subordinao autoridade judiciria, assegurada a livre manifestao do ponto de vista tcnico.(art. 151)

    O Servio Social amparado pelo Art. 151 do ECA, orienta/encaminha os

    usurios a rgos da comunidade que estejam em condies de atender suas

    solicitaes ou problemticas, realiza estudo social nos processos de Guarda,

    Tutela, Inscrio para Adoo nacional e internacional, Adoo nacional e

    internacional, Situaes de Risco e Destituio de Ptrio Poder, emitindo ao final o

    parecer social.

    O Setor Social do Juizado da 3 Vara Cvel direciona sua prtica a nveis

    individual (me) e grupal (famlia). O processo de adoo considerado pela equipe

  • do Setor como aquele que requer maior aprofundamento na coleta de informaes,

    por ser uma medida de carter irrevogvel e intransfervel e por se tratar do futuro e

    da vida de uma criana e/ou adolescente. Por isso, em sua dinmica operacional o

    Assistente Social utiliza-se de instrumentais tcnicos como a observao, a

    entrevista e a visita domiciliar.

    A observao um dos instrumentos tcnicos mais importantes que o

    Assistente Social utiliza para identificar a real inteno e interesse dos adotantes

    acerca da criana a ser adotada, visto que atravs da mesma que o profissional vai

    analisar o seu comportamento durante a elaborao do estudo social.

    No momento da entrevista discutido com os adotantes sobre o convvio

    scio-familiares, socioeconmico e os anseios de ter uma criana em sua companhia

    por meios legais com a finalidade de conhecer a vida pregressa das partes

    envolvidas no processo e os motivos que o levaram a adotar uma criana, garantindo

    assim um lar adequado criana adotada.

    No decorrer do estudo, o assistente social tambm entrevista os pais

    biolgicos quando estes so conhecidos para compreender quais os motivos que os

    levaram a doar o seu filho a terceiros. Nesse momento eles so esclarecidos sobre a

    irrevogabilidade da adoo e sobre a destituio do ptrio poder. Quando o adotado

    j tem condies de verbalizar, ele tambm entrevistado, assim como os filhos dos

    adotantes tambm expressam seus interesses.

    Aps o adotando ser colocado em lar substituto, o Assistente Social realiza

    visita domiciliar para saber como est acontecendo o relacionamento entre adotando

    e a famlia do adotante, assim como verificar a adaptao da criana no lar que a

    acolheu. Durante a realizao da visita domiciliar o Assistente Social vai verificar

    tambm as condies de moradia, higiene e os vnculos afetivos e familiares dos

    adotantes, critrios esses de fundamental importncia para o desenvolvimento sadio

    e o bem - estar de uma criana.

  • Depois de ter feito todo o estudo social do processo, o assistente social vai dar

    seu parecer tcnico, e em seguida marcada a audincia onde todas as partes

    envolvidas no processo so ouvidas pelo Juiz que, de acordo com cada situao, vai

    dar a sentena final.

    Para os adotantes o incio do processo se d na inscrio deles no Juizado.

    Quando a criana ou adolescente j reside com eles, o processo se inicia atravs da

    petio inicial para adoo que feita por um advogado particular ou pela Defensoria

    Pblica. Na petio so citados todos os dados pessoais referentes aos adotantes e

    os motivos que o levaram a formular o pedido.

    O Assistente Social faz o acompanhamento de um processo de Adoo como

    se fosse uma investigao aprofundada sobre a maneira como vivem e se

    relacionam os requerentes com a criana ou adolescente e se a famlia est bem

    estruturada no mbito psico-social e econmica.

    Neste estudo social, o Assistente Social visa compreender as questes mais

    profundas, as quais lhe possibilitem descrever um perfil ideal de uma famlia de

    acordo com as exigncias judiciais e sociais que norteiam sua pratica.

    Devido adoo ser uma das medidas de proteo mais importantes, visto

    que concede criana e ao adolescente o direito de filho legitimo e por ser

    irrevogvel, o Assistente Social preocupa-se muito com os adotantes e adotado, para

    naturalmente formarem uma famlia e assegurar criana ou adolescente um dos

    principais direitos, que o de ter famlia.

  • Consideraes Finais Como foi visto neste trabalho, uma das prticas do Juizado da Infncia e Juventude de Belm fazer a colocao de crianas e adolescentes, que estejam

    em situao de risco pessoal e social, em lar substituto, em especial a adoo.

    Atravs deste estudo verificou-se que a adoo no uma instituio recente, mas que vem se transformando gradativamente at chegar a uma mudana

    significativa atravs do ECA, que assegura a crianas e adolescentes direitos e

    benefcios, criando vnculos de paternidade e parentescos de modo irrevogvel.

    Por muito tempo, o principal objetivo da adoo no Brasil foi atender aos

    interesses dos casais que no podiam ter filhos biolgicos, deixando em segundo

    plano o interesse da criana adotada.

    Entretanto, surge o Estatuto da Criana e do Adolescente -ECA, trazendo em

    seu bojo que a Adoo a integrao total da criana e/ou adolescente na nova

    famlia, com igualdades de direitos e condies com os filhos consangneos.

    A filiao de uma criana adotada fica mais fortalecida porque decorreu de

    uma escolha coletiva, foi um processo pensado e amadurecido pelos adotantes e

    familiares. Portanto, nessa famlia a criana ter oportunidade de concretizar uma

    nova forma de viver os fatos bsicos da vida.

    A adoo hoje tem como paradigma prover uma famlia para uma criana que

    no a tem, depois de esgotados todos os recursos de mant-la no seu ambiente

    familiar de origem, qual seja o de orientar e esclarecer mes que por algum motivo,

    quer seja econmico, social ou emocional desejam abandonar ou doar seu beb,

    assim como encaminh-la a alguma instituio que lhe conceda a oportunidade de

    prover sua subsistncia e de seu filho.

    Atravs de pesquisa de campo, constatou-se que a maioria das pessoas que

    optaram pela adoo agiu por um ato de amor primeira vista, ou seja, sentiram

  • imediata empatia pela criana apresentada, ou colocada em seu lar atravs do

    abandono de seus pais biolgicos.

    A adoo uma medida histrica no Brasil, cujo processo se constituem laos

    familiares que podem ser apreendidos pelo assistente social em sua totalidade, no

    utilizando categorias positivistas, superficiais e imediatas, como a aceitao,

    adaptao e integrao que apenas vislumbram o aparente, porque a identidade

    familiar uma categoria histrica como a adoo e deve ser pensada dialeticamente

    para a construo das relaes sociais.

    Portanto, o papel do assistente social neste contexto deve se fazer

    compromissado com as questes que envolvem o processo de Adoo, buscando

    realizar um estudo minucioso, visto que seu estudo social dar subsdios para o

    parecer do Promotor de Justia e a deciso final do Juiz.

    O Assistente Social dever trabalhar de modo a superar os preconceitos existentes na sociedade, tendo em vista que "apesar de a adoo ser uma prtica

    antiga, a falta de estudos cientficos sobre o tema no Brasil fez com que ela

    permanecesse sendo tratada de forma preconceituosa, alimentando fantasias e

    mitos". (WEBER, 2000:45)".

    A superao dos mitos e preconceitos relacionados adoo possibilitar a

    inmeras crianas e/ou adolescentes uma nova chance de crescer em um ambiente

    familiar saudvel, que seja capaz de lhes construir um projeto de vida, em que no

    se sintam apenas crianas, mas tambm filhos.

  • Referncias Bibliogrficas

    ABREU, Jaime Henrique. Estatuto da Criana e do Adolescente Comentado. Renovar. Rio de Janeiro, 1992.

    RIES, Philippe. Historia Social da Criana e da Famlia. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan S.A, 1981.

    ECA, Estatuto da Criana e do Adolescente. Lei Federal n 8.069/90. Braslia, 13 de julho de 1990.

    FELIPE, J. Franklin Alves. Adoo, Guarda, Investigao de Paternidade e Concubinato. Ed. Forense -7 edio. Rio de Janeiro, 1995.

    FERREIRA, Mrcia Regina Porto; CARVALHO, Snia Regina. 1 Guia de Adoo de Crianas e Adolescentes do Brasil / Novos Caminhos, Dificuldades e Possveis Solues.Winners Editora,Fundao Orsa, 2000

    FONSECA, Cludia. Caminhos da Adoo. O Dilema da Adoo na Sociedade de Classes. So Paulo: Editora Cortez, 1995.

    FREIRE, Fernando. Abandono e Adoo. Contribuio para uma cultura de Adoo II. In: Terre des Hommes. Curitiba, 1994.

    GOULART, Aurora. A criana abandonada, o que ela mais sente, que ela no importante para ningum. In: Terre des Hommes, n. 47, 1993

    PRADO, Danola. O que Famlia. Coleo Primeiros Passos. So Paulo: Brasiliense, 1985.

    SANTOS, Leila Lima. Textos de Servio Social. So Paulo: Cortez, 1993.

  • SCHREINER, Gabriela. II Encontro Nacional de Associaes e Grupos de apoio Adoo. In Terre des Hommes, n. 93, 1993.

    WEBER, Ldia Natlia Dobrianskyj. Aspectos Psicolgicos da Adoo. Juru Editora: Curitiba, 2000.

    A adoo e a interveno do assistente social numa deciso irrevogvelBreve esboo histricoUma deciso irrevogvelA interveno do assistente social no proceso de adooConsideraes FinaisReferncias Bibliogrficas