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ESTALININ RODRÍGUEZ BLAY PLANO DE INTERVENÇÃO COM VISITAS À REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO DESCOMPENSADA NA POPULAÇÃO IDOSA, UNIDADE DE SAÚDE MARIA FRANCISCA DA COSTA CABRAL, TARAUACÁ-AC TARAUACÁ, ACRE. 2017

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ESTALININ RODRÍGUEZ BLAY

PLANO DE INTERVENÇÃO COM VISITAS À REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA DE

HIPERTENSÃO DESCOMPENSADA NA POPULAÇÃO IDOSA, UNIDADE DE

SAÚDE MARIA FRANCISCA DA COSTA CABRAL, TARAUACÁ-AC

TARAUACÁ, ACRE.

2017

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ESTALININ RODRÍGUEZ BLAY

PLANO DE INTERVENÇÃO COM VISITAS À REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA DE

HIPERTENSÃO DESCOMPENSADA NA POPULAÇÃO IDOSA, UNIDADE DE

SAÚDE MARIA FRANCISCA DA COSTA CABRAL, TARAUACÁ-AC

Trabalho de Conclusão de Curso de

Especialização em Saúde da Família

apresentado à Universidade Federal de

Ciências da Saúde de Porto Alegre -

UFCSPA como requisito indispensável para a

conclusão do curso.

Orientador: Ana Catarina Onofre Dantas

TARAUACÁ, ACRE.

2017

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RESUMO

A Especialização em Saúde da Família constitui uma estratégia singular na atenção

primária, capaz de brindar os conhecimentos científicos e as ferramentas necessárias

para o cuidado adequado da saúde da população conforme os princípios doutrinários

e organizativos do SUS. Para a finalização do curso de Especialização em Saúde da

Família foi necessário a realização do Trabalho de Conclusão de Curso, ele suscita o

emprego dos saberes assimilados ao longo do curso e uma contribuição efetiva no

avançe profissional. O TCC foi desenvolvido realizando as diferentes atividades

orientadas por o Tutor/Orientador relacionadas com nosso trabalho do dia a dia e

incluiu introdução, estudo do caso clinico, promoção de saúde e prevenção de

doenças, visita domiciliar e reflexão conclusiva. Para o desenvolvimento dos temas se

fez uma revisão dos textos de referência e da literatura atualizada sobre o tema. A

utilização do portfólio (TCC) como processo de qualificação profissional e educação

permanente e com o desenvolvimento das atividades contidas neste trabalho permitiu

o desenvolvimento pessoal, nos ofereceu a possibilidade de transformar as práticas

profissionais, realizar reflexões, mudança de erros e alcançar uma maior qualificação

do trabalho da equipe.

Descritores: Atenção Primária à Saúde, Hipertensão, Saúde do idoso, Saúde da Família.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5

2. ESTUDO DE CASO CLÍNICO 7

3. PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS 17

4. VISITA DOMICILIAR 20

5. REFLEXÃO CONCLUSIVA 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 23

ANEXO 1 – PROJETO DE INTERVENÇÃO 25

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1. INTRODUÇÃO

Meu nome é Estalinin Rodriguez Blay, sou natural da Província de Santa Clara,

Cuba. Ali cresci e terminei minha educação básica em escolas públicas. Graduei com

o título de médico em julho de 1993 pela Faculdade de Ciências Médicas desta

província. Iniciei minha carreira profissional em Município Cabaiguán, Província Sancti

Spiritus em uma Policlínica Pública onde trabalhei como médico da comunidade por

10 anos e fiz a Especialidade de Medicina Geral Integral e mestrado em emergências

medicas. Após disso tive uma grande experiência como médico em Venezuela por 6

anos, após regressar a meu pais fui morar na província Cienfuegos e continuei como

médico da comunidade.

Em novembro do ano 2015 entrei no Programa Mais Médicos do Brasil, no

Município Tarauacá. O município fica localizado no noroeste do estado do Acre,

estando a 400 km da capital do estado, Rio Branco. O município possui a quarta maior

população do estado 31.857 habitantes e possui uma proporção de 51,6% de

população em área urbana e cerca 48,4% de população em áreas rural segundo o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estadística. A base econômica do município

fundamenta-se no funcionalismo público, agricultura, pecuária, pesca e no

extrativismo de borracha e madeira.

O município conta com sete equipes de saúde da família e um centro de saúde

chamado João Wanderley onde trabalham três equipes de saúde: Balsa, BR 364 e

Rio Tarauacá que realizam atendimentos nas áreas rurais. Encontro-me atualmente

vinculado na Unidade Básica de Saúde (UBS) Maria Fca. Da Costa Cabral, localiza-

se ao noroeste do município, sendo uma UBS urbana com uma equipe de saúde da

família formado por um médico especialista em medicina geral integral, um

enfermeiro, dois técnicos de enfermagem, um dentista, uma assistente dentaria, sete

agentes comunitários.

A população atendida é de 3219 habitantes; a maioria com baixos recursos

econômicos e baixo nível de escolaridade. Na área de abrangência fica perto da

maternidade e de um cuidado de crianças, duas igrejas e algumas lojas e mercadorias.

O índice de violência geral é alto. Entre os vários problemas identificados no

diagnóstico situacional da população atendida temos uma elevada incidência de

doenças crônicas não transmissíveis como a hipertensão arterial com alto grau de

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descompensação na população idosa, também de Infecções de transmissão sexual e

parasitismo intestinal. Por esse motivo o Projeto de Intervenção escolhido pelo a

equipe foi sobre hipertensão arterial descompensada com o título: “Plano de

Intervenção com vistas à redução da incidência de Hipertensão Descompensada na

população idosa, da Unidade de Saúde Maria Fca. Da Costa Cabral, no município

Tarauacá, estado Acre, no período Fevereiro - Julho 2017.

Para tal, será desenvolvido um plano de ação baseado no Planejamento

Estratégico Situacional que pretende garantir o acompanhamento dos pacientes

idosos com hipertensão arterial e terá como principal estratégia: Fazerem mudanças

graduais no estilo de vida, melhorar a qualidade de vida nos pacientes idosos

hipertensos através de um programa de intervenção educativa. O plano será

desenvolvido principalmente por meio de palestras educativas sobre hipertensão

arterial, prevenção de suas complicações e tratamento.

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2. ESTUDO DE CASO CLÍNICO

IDENTIFICAÇÃO

J. L. A., 63 anos, sexo masculino, raça negra, viúvo, foi pedreiro por mais de

40 anos e agora está aposentado mas trabalha de vigia numa loja. Tem encino

fundamental completo e freqüenta a Igreja católica. Natural do bairro da praia.

Município Tarauacá, onde mora desde criança. Foi encaminhado a consulta por ter

medidas de pressão arterial elevadas aferidas numa visita domiciliar feita pelo agente

comunitário e enfermeira da equipe.

Ele foi a consulta médica no dia seguinte 17/01/2017. Queixa principal: Medidas

de pressão arterial elevada. História da doença atual: primeira consulta (20-01-2017).

O paciente J. L. A. é portador de hipertensão arterial. Relata tomar irregular a

medicação porque muitas vezes esquece. Não faz atividade física alguma. No

interrogatório informou que sentiu tontura, dor de cabeça e as vezes pressão“no peito”

pelo qual foi levado por familiares ao serviço de emergência do hospital municipal já

faz 12 dias, ali foi medicado com antihipertensivos e oxigenoterapia. Logo

recomendaram manter acompanhamento no posto de saúde, mas ele nunca seguiu

as recomendações.

Ele fez uso de nifedipino mas foi retirado na época pelo médico por ter efeitos

colaterais (dor de cabeça forte e tontura). Agora faz o uso dos seguintes

medicamentos: captopril 1 comprimido de manhã e as vezes quando fica muito ruim

toma outro comprimido após a janta, (recentemente apresenta tosse seca após a

tomada). Hidroclorotiazida 25mg 1 comprimido de manhã, Ácido Acetila Salicílico

(AAS) 100mg 1 comprimido após o almoço e Diclofenaco 50mg regularmente para os

dores.

ANTECEDENTES PESSOAIS

Hipertensão arterial há 17 anos, Dislipidemia recorrente, Sedentarismo.

Fumante de 15 cigarros/dia. Nega etilismo ou drogas ilícitas. Toma de 1 a 2 cafezinhos

por dia.

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ANTECEDENTES FAMILIARES

Pai diabético e hipertenso, falecido de infarto agudo do miocárdio aos 59 anos.

Mãe hipertensa, morreu aos 65 anos de AVC. Um irmão hipertenso, afetuoso com ele

e uma irmã obesa que mantém uma relação distante por problemas pessoais não

especificados. Esposa falecida de câncer de estômago.Tem três filhos, um morreu por

abuso de drogas e álcool aos 27 anos.

Atualmente mora com sua filha Aline de 19 anos, que não trabalha e mantém

uma conduta sexual inadequada(promiscuidade) não tendo um bom relacionamento

com ela, seu filho José de 16 anos, Lucia; viuva de Felipe e seu neta Leticia de 7 anos,

com os quais tem um relacionamento adequado e harmônico. Lucia ajuda

economicamente com venda de produtos de perfumaria (Vide GENOGRAMA). Nomes

fictícios.

GENOGRAMA

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CONDIÇÕES DE VIDA

Mora numa casa (madeira e teto de alumínio), com 2 quartos, 1 sala, 1 cozinha,

1 banheiro, água encanada. Alimentação: Predominantemente arroz, macarrão,

farinha, fritura, carne de boi, pouca fruta e verduras. Animais domésticos: 1 cão.

Condições socioeconômicas: a renda familiar é de aproximadamente 1700 reais.

Exame Físico:

Peso: 82.300kg,

Altura 1,70 m.

Indice de Massa Corporal (IMC): 28,47 kg/m2.

Circunferência abdominal (CA): 104 cm.

Corado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril, eupnéico, sem estase jugular.

Coração: rítmico, sem sopros. Pressão arterial (sentada): 165 x 102 mmhg, em

membro superior direito (MSD) e Sem hipotensão postural; frequência

cardíaca: 92 bpm. Não sopro carotídeo.

Pulmões: murmúrio vesicular fisiológico e sem agregados.

Abdômen: flácido, globoso, ausência de circulação colateral. Ruídos

Hidroaéreos presentes e normais, ausência de sopros abdominais, indolor à

palpação, sem visceromegalia.

Extremidades com alterações tróficas de pele e fâneros de acorde com a idade

(pele áspera e enrrugada, unhas opacas, cabelo escaso); pulsos presentes e

simétricos, ausência de edemas.

Neurológico: Paciente orientada no tempo e espaço, coopera ao interrogatório

com linguaje claro e coerente, não afetação motora.

HIPÓTESES DIAGNOSTICAS - PRINCIPAIS PROBLEMAS

HAS estágio 2 descompensada

Tabagismo

Sedentarismo e sobrepeso

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CONDUTA

Nesse momento se procedeu avaliar fatores de risco e insistir em mudanças no

estilo de vida, avaliar possíveis lesões em órgãos alvo, interação com fatores de risco

e presença de síntomas. Solicitação de exames laboratoriais e tratamento

medicamentoso, considerando intervenção de acordo com a situação clínica do

paciente (fatores de risco, doenças associadas e lesão em órgãos alvo). Exames

laboratoriais: Bioquímicos:

Glicemia de jejum

Potássio

Colesterol total e frações

Triglicérides

Creatinina

Ácido úrico

Serie vermelha: hemograma completo Urina rotina

Eletrocardiograma (ECG) convencional Rx de tórax.

Exames básicos neste caso disponíveis no laboratório hospital municipal pois

o paciente tem baixo recursos econômicos. Faço orientações sobre uma dieta correta,

evitar o estresses, sobrepeso, sedentarismo, a pratica de exercício físico aeróbio

moderado, eliminar o tabagismo. Coloco tratamento com Losartana potássica 50mg 1

comprimido de manhã e Hidroclorotiazida 25 mg 1 comprimido de manhã (07.00

horas).

Os diuréticos tiazídicos a baixa dose são a primeira escolha para o tratamento

da hipertensão arterial, principalmente em pessoas maiores de 55 anos ou negras

segundo Caderno de Atenção Básica (CAB, 2013). Os Inibidores da enzima

conversora da Angiotensina(IECA) ou Bloqueadores de receptores AT1 da

Angiotensina(BRA) são muito úteis no tratamento da maioria dos hipertensos,

principalmente em populações de alto risco cardiovascular ou com comorbidades e

tem efeito benéfico sobre o remodelado cardiovascular. (CAB, 2013). Neste caso a

presença de tosse asociada ao captopril é também justificativa de mudança para BRA.

Agendo consulta de retorno e acompanhamento pelo equipe para aferir pressão

arterial, avaliar condições psicossociais, familiares e garantir adesão ao tratamento.

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Sobre o tratamento não medicamentoso orientamos diminuição da ingestão de sal.

Uma dieta com menor teor de sal é recomendada em todas as diretrizes, tanto pela

brasileira quanto pelas internacionais, como parte do tratamento não farmacológico

da HAS. A redução do sódio da dieta pode reduzir a PA em normotensos, pré-

hipertensos e em hipertensos, incluindo os idosos (BMJ 2017).

Segundo a RBH, vol. 21, 2014 uma redução na ingestão de sódio de

aproximadamente 75 meq/dia durante 4 ou mais semanas pode representar uma

queda da PA de 5/3 mmHg entre hipertensos e 2/1 mmHg entre normotensos. Além

do efeito direto na PA, a redução do volume extracelular pela diminuição da ingestão

de sódio pode melhorar a resposta à maioria dos medicamentos anti- hipertensivos.

O JNC-7 de 2003 recomenda redução na ingestão de sódio na dieta de 150 a 200

meq/dia para abaixo de 100 meq/dia (aproximadamente 2,3 g de sódio). Já a diretriz

europeia de hipertensão, de 2007, recomenda menos que 85 meq/dia (2,0 g de sódio).

A VI Diretriz Brasileira de Hipertensão de 2010, considera que a necessidade diária

de sódio para os seres humanos é a contida em 5 g de cloreto de sódio ou sal de

cozinha.

O controle do estresse psicossocial também é necessário, este pode dar início

à ativação do sistema nervoso simpático e secundariamente culminar na produção da

angiotensina e aldosterona fatores que têm papel importante nos mecanismos

fisiopatogênicos da hipertensão arterial.

A redução do excesso de peso e obesidade mediante exercício físico e dieta é

outro fator importante. Dados do Estudo Framinghan Heart divulgaram que,

comparados ao peso de adulto, as multivariáveis ajustadas ao risco relativo para

desenvolvimento de hipertensão foram de 1,48 e 1,70 para sobrepeso de homens e

mulheres e 2,23 e 2,63 para homens e mulheres obesos, têm demonstrado a

importância do ganho de peso com aumento dos níveis pressóricos e a redução do

mesmo com a diminuição dos níveis da pressão arterial (ARCH INTER MED; 162(16),

2002). Segundo o artigo da Rev Bras de Hipertensão 2014, o tecido adiposo funciona

como um órgão endócrino produtor de múltiplos moduladores imunes conhecidos

como adipocitocinas. A obesidade leva ao aumento da expressão dessas

adipocitocinas pró-inflamatórias no organismo, gerando um estado inflamatório

crônico mediado por interleucina 1 (IL-1), interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose

tumoral-alfa (TNF-α). O desequilíbrio dessas adipocitocinas parece ser a chave, a

resposta moduladora do sistema inflamatório que contribui para as doenças

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cardiovasculares e, concomitantemente, com a hipertensão arterial. Um incremento de

2,4 kg/m2 no índice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de desenvolver

HAS. Os mesmos autores apontam ainda que ganho de peso e aumento da

circunferência da cintura são índices prognósticos importantes de HAS e que a

obesidade central é um importante indicador de risco cardiovascular. Neste sentido,

recomenda-se que hipertensos com excesso de peso participem de programas de

emagrecimento com o objetivo de alcançar IMC inferior a 25 kg/m2 e circunferência

da cintura inferior a 102 cm para os homens e 88 cm para as mulheres. Aqui a dieta

adequada e a pratica de exercícios físicos tem um papel fundamental.

O sedentarismo e a hipertensão têm relações estreitas. A inatividade física

incrementa o sobrepeso, a obesidade, eleva os triglicerídeos, reduz o HDL- colesterol

e converge para o aumento de cintura abdominal, síndrome metabólica e resistência à

insulina, culminando na elevação da pressão arterial sistêmica (RBH, vol. 21(2),

2014). A Rev Hypertension 2005 mostra que exercício físico aeróbico regular reduz a

pressão arterial sistólica em repouso em 3,0 mmHg e a pressão arterial diastólica em

2,4 mmHg. É aconselhável os indivíduos hipertensos fazerem atividades físicas

aeróbicas moderadas, como corridas, bicicleta e natação por 30 minutos de 5 a 7 dias

por semana.

Abandono do tabagismo é essencial. O risco associado ao tabagismo é

proporcional ao número de cigarros fumados e à profundidade da inalação. A nicotina

age diretamente no sistema nervoso central e aumenta a liberação de substâncias

chamadas catecolaminas que causam um aumento da pressão arterial.

Por tanto os hipertensos que fumam devem ser repetidamente estimulados a

abandonar esse hábito por meio de aconselhamento e medidas terapêuticas

específicas segundo Cadernos de atenção básica 2013. Adicionalmente, o tabagismo

induz resistência ao efeito de drogas anti-hipertensivas (GHC-PA, 2009). Sobre o

tratamento medicamentoso utiliza-se diversas classes de fármacos selecionados de

acordo com a necessidade de cada pessoa, com a avaliação da presença de

comorbidades, lesão em órgãos-alvo, história familiar e idade.

Frequentemente, pela característica multifatorial da doença, o tratamento da

HAS requer associação de dois ou mais anti-hipertensivos (BRASIL, 2010).

2ª CONSULTA (Día 31/01/2017)

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Paciente em melhor estado geral, refere não apresenta cefaleia nem dor no

peito, está conciliando bem o sono, se alimentando bem. Só tem as vezes um pouco

de tontura. Apresenta exames laboratoriais e mapeamento da pressão arterial.

Exame Físico:

Peso: 81.100 kg

Altura: 1.70 m

IMC: 28,06 kg/m2.

PA (media das aferições): 154/92 mmhg

FC. 78 bpm.

Resto do exame físico sem nada positivo a indicar. Exames Laboratoriais:

Hto. = 52%,

Hb = 17,1 g/dL.

Plaquetas e leucócitos normais.

Col. total = 259 mg/dL.

Triglicérides= 203 mg/dL.

HDL-C = 45 mg/dL.

Glicemia= 105 mg/dL.

Uréia = 30 mg/dL.

Creatinina = 1,0 mg/dL.

Potássio = 3,7 mEq/L.

Ácido Úrico = 5,4 mg/dL.

Urina I = normal.

ECG: Eixo elétrico a esquerda. Ritmo sinusal. Sinais de sobrecarga de

ventrículo esquerdo(SVE).

Índice de sokolow: 38 mm.

Índice de cornell: 32 mm, são sinais de Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE).

Não apresenta sinais de isquemia coronária

Raios-X de Tórax: sem alterações pleuro-pulmonares. Índice cardiotorácico

aumentado.

Fundo de olho: (não feito por falta de oftalmoscópio).

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Conduta

Orientações sobre manter o tratamento não-medicamentoso que tem como

principal objetivo, diminuir a morbidade e a mortalidade cardiovasculares por meio de

modificações do estilo de vida que favoreçam a redução da pressão arterial. Dentre

essas modificações, as que comprovadamente reduzem a pressão arterial são:

redução da ingestão de sal, do peso corporal, e do consumo de bebidas alcoólicas,

prática de exercícios físicos aeróbio moderado com regularidade, a não-utilização de

drogas que elevam a pressão arterial e reduzir as medidas de colesterol e

triglicerídeos com valores altos.

O estudo de Framinghan evidencia que na análise isolada dos níveis

colesterolêmicos tem relação positiva com risco de eventos cardiovasculares,

conclusivos a partir de níveis de 200 mg/dL. O remodelamento e a hipertrofia vascular

promovida pelo desajuste entre o Oxido Nítrico e a angiotensina II, sob a ação da

dislipidemia, da DM e da hipertensão, estão na gênese da aterosclerose.

Oriento dieta saudável rica em frutas e vegetais ricos em potássio (cenoura,

beterraba, laranja, banana, tomate, frutas secas) e liberada de gorduras e alimentos

hipercalóricos. Uso óleo vegetal com moderação e dê preferência aos alimentos

cozidos, assados e/ou grelhados. Retirar o consumo de medicamentos ou drogas que

podem elevar a pressão arterial ou interferir em seu tratamento (corticosteroides, anti-

inflamatórios, anorexígenos, antidepressivos, hormônios). (CAB; n°37, 2003). Em

nosso caso evitar a tomada de Diclofenaco.

Coloco Atorvastatina 20mg um comprimido á noite por um mês e após

tratamento repetir o exame. As estatinas devem ser utilizadas como primeira opção

medicamentosa no tratamento da dislipidemia e na prevenção primária e secundaria

de eventos cardiovasculares. Aumento a dose de Losartana Potássica a 100mg ao

dia e manter a Hidroclorotiazida a igual dose e horário. Quando não se atinge a meta

pressórica, recomenda-se adicionar outro fármaco, ou aumentar a dose do fármaco

utilizado ou substituí-lo quando não houver nenhum efeito, reavaliando--se em

intervalos mensais. Baixas doses de hidroclorotiazida podem potencializar o efeito de

outro fármaco sem acrescentar efeitos adversos. Doses maiores somente

acrescentam paraefeitos (JAMA, 2003). Losartana, medicamento do grupo BRA,

proporciona redução da morbidade e mortalidade cardiovascular em hipertensos

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portadores de HVE, tanto de baixo como de alto risco cardiovascular (FHEMIG -

Protocolos Clínicos. 044, 2013) e apresentam os mesmos benefícios em desfechos

cardiovasculares e renais que os IECA.

Também age mais em brancos e asiáticos do que negros, mas quando

combinados com diuréticos ou bloqueadores dos canais de cálcio, são igualmente

efetivos em todos os grupos de pacientes. (JCH, vol.16, 2014). Adiamos o possível

uso de Antagonista dos canais de Cálcio (ACC) ou Betabloqueadores (BB) segundo

o resultado do controle da pressão arterial e avaliação cardiológica. Eles são anti-

hipertensivos-hipertensivos úteis e eficazes que reduzem a morbidade e mortalidade

cardiovascular.

Mentemos o uso de AAS. Em indivíduos com HAS e risco cardiovascular alto,

é recomendado o uso de aspirina profilática (100mg/dia), ápos controle ideal ou

próximo do alvo da pressão arterial (<140/90mmHg) (CAB, 2006).

Encaminhamos ao Cardiologista, oftalmologista para confirmação de lesão de órgão

alvo (LOA) e risco cardiovascular.

3ª CONSULTA (DIA 27/02/207)

Paciente com bom estado geral. Refere se sentir melhor. Assintomático neste

momento.

Exame Físico: Peso: 79.300 kg Altura: 1.70 m PA: 135 /90 mmHg, Glicemia Capilar:

98 mg/dl. Demais elementos do exame físico sem nada novo assinalar.

Conduta: Reorientação dietética e manter a mesma medicação. Manter as

medidas de prevenção do risco cardiovascular orientadas na consulta anterior.

Ficamos na espera da avaliação por especialista (atendimento a ser feito fora do

município). Agendamos consulta para 26/5/2017.

Plano

Avaliamos metas a serem atingidas neste caso por sinais de LOA e HAS

estagio 2. Modificação do estilo de vida. Adesão ao tratamento. Ao considerar este

caso com categoria de alto risco cardiovascular (o escore de Framinghan foi de 17

puntos, risco de doença arterial coronária em 10 anos de 30%) devemos manter uma

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pressão arterial estável aproximada a 130/80, nível de Colesterol- não HDL100mg/dl,

LDL-C 70mg/dl. (SBC, 2010; BRASIL, 2006). Dentro das ações a serem desenvolvidas

pela equipe estão a estimular ao paciente a manter dentro das suas limitações uma

vida independente, adaptar- se às modificações exigidas para um melhor controle dos

níveis pressóricos. Muitos casos portadores de hipertensão arterial encontram

dificuldades em seguir um plano alimentar capaz de atender às exigências de uma

alimentação saudável longe das preferências pessoais, do controle do peso corporal e

muitas vezes um verdadeiro problema o poder aquisitivo do indivíduo e de sua família.

Diante dessa situação a equipe de saúde deve de orientar e acompanhar ao

idoso no processo do autocuidado. Temos que levar uma ação educativa eficaz e

capaz de capacitar ao paciente, cuidador e seus familiares mais pertos em busca da

melhoria das condições de sua saúde, ou seja, significa capacitá-los para atender

suas necessidades levando em consideração não somente os aspectos físicos, mas

também os aspectos sociais, psicológicos, culturais e espirituais, conhecendo neste

caso a perda de um filho por drogadição e problemas de relacionamento hostil com

sua filha que tem uma atitude sexual inadequada e indicar medicamentos acorde a

seu nível econômico (genéricos e presentes nas farmácias do SUS).

O profissional de enfermagem e os agentes comunitários de saúde são

extremamente importante, ao agir como educador e apoiador do paciente hipertenso

para o autocuidado, contribuindo para a adesão ao tratamento. Deve- se estimular e

potencializar a autonomia e capacidade dos idosos em assumir responsabilidades

para resolver problemas próprios, cabendo aos profissionais de saúde implementar

ações específicas de atenção à saúde.

Temos neste momento o propósito de implementar grupos de autoajuda para

idosos com doença crônica e tem como objetivo o abordagem do paciente com HAS

em grupos onde eles seriam capazes de compartilhar experiências e ensinamentos

em que se processem mudanças nos hábitos de vida, os quais por serem medidas

educativas, necessitam da boa vontade de todos e da continuidade em sua

implementação.

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3. PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

O Programa de Saúde Familiar é a maior estratégia que atende o indivíduo e a

família de forma integral e contínua, desenvolvendo ações de promoção, proteção e

recuperação da saúde e tem como objetivo reorganizar a prática assistencial, agora

com foco na família e em seu ambiente físico e social.

Tenho já mais de um ano atuando como médico da Equipe de Saúde da Família

da UBS Maria Francisca Da Costa Cabral do município Tarauacá, estado Acre. Dentro

das ações mais importantes desenvolvidas junto a minha equipe destacamos o

atendimento na puericultura, o pré-natal e a saúde mental sempre garantindo os

princípios e diretrizes do SUS de universalidade, equidade, integralidade da

assistência e coordenação do cuidado, mantendo a organização e planejamento

adequado de ações programadas baseada na promoção de saúde, prevenção de

agravos, recuperação e reabilitação. Temos como estratégia, o trabalho em equipe,

multiprofissional, interdisciplinar, capaz de desenvolver vínculos de responsabilidade,

valorização e humanização da atenção. Procuramos alcançar um atendimento de

qualidade e uma ampliação da autonomia individual e coletiva na população.

A puericultura, é uma das práticas voltadas principalmente para os aspectos de

prevenção e de promoção da saúde, atua no sentido de manter a criança saudável

para garantir seu pleno desenvolvimento, de modo que atinja a vida adulta sem

influências desfavoráveis e problemas trazidos da infância. Seus objetivos básicos

contemplam a promoção da saúde infantil, prevenção de doenças e educação da

criança e de seus familiares, por meio de orientações antecipatórias aos riscos de

agravos à saúde, podendo oferecer medidas de proteção mais eficazes.

Com o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança como

parte importante da avaliação integral à saúde da criança, a equipe realiza ações de

promoção da saúde, de hábitos de vida saudáveis, vacinação, prevenção de

problemas e agravos à saúde e cuidados em tempo oportuno. Trabalhamos na

utilização e o adequado preenchimento da Caderneta de Saúde da Criança para o

registro das principais informações de saúde da criança, instrumento reconhecido

como facilitador da comunicação entre pais e profissionais. Promoção do Aleitamento

Materno como fator que mais previne mortes infantis, promove a saúde física, mental

e psíquica da criança e da mulher que amamenta. Adesão a consultas, pactuando com

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os pais, o calendário de consultas sem restrição do horário, o dia de trabalho e com

apoio do enfermeiro e agentes comunitários de saúde. Busca ativa de recém-nascidos

de risco e de crianças em situação de vulnerabilidade.

A gravidez é um dos momentos mais importantes da vida duma mulher, em que

ela vive uma gama de sentimentos, de alegria, felicidade, mas se a gravidez não é

esperada pode gerar surpresa, tristeza, negação. Também ansiedade e dúvidas,

sobre como está se desenvolvendo a criança, medo do parto, de não poder

amamentar, entre outros.

Por isso no atendimento pré-natal, a equipe desenvolve alguns temas de

educação e promoção de saúde como são: A importância do pré-natal e realização de

exames complementares, promoção da alimentação saudável com foco na prevenção

dos distúrbios nutricionais e das doenças associadas à alimentação e nutrição, como

baixo peso, sobrepeso, obesidade, hipertensão e diabetes; e uso de suplementos de

ferro e ácido fólico. Desenvolvimento normal da gestação e alívio dos medos

referentes à gestação e ao parto, sinais de alerta e o que fazer nessas situações

(sangramento vaginal, dor abdominal, febre, perdas vaginais, edema, dificuldade

respiratória e cansaço), importância do planejamento familiar, gravidez na

adolescência e dificuldades sociais e familiares, importância das consultas puerperais

e acompanhamento da puérpera e da criança na atenção básica com visita domiciliar

na primeira semana após a realização do parto e nascimento, cuidados com o recém-

nascido e importância da realização da triagem neonatal (teste do pezinho) na 1ª

semana de vida, orientação e oferta de métodos contraceptivos e prevenção das

DST/Aids.

Neste último tema tenho que comentar que quando iniciei o trabalho na UBS,

existiam casos notificados de crianças nascidas com VDRL positivo resultado de mães

com diagnóstico tardio de Sífilis na gravidez ou por tratamento não eficaz, por isso a

equipe foi dada a tarefa de reverter os fatos, primeiro com ações de rastreamento na

área de abrangência de mulheres grávidas sem acompanhamento do pré-natal por

desinteresse ou faltosas a consulta, conscientizando-as da importância do pré-natal

e a realização dos exames complementares protocolizados, principalmente do VDRL

e os teste rápidos para detecção precoce de doenças sexualmente transmissíveis

(Sífilis, Aids, Hepatite). Outro fator importante que faz diferença no acompanhamento

das grávidas já com sífilis/DST são as consultas de aconselhamento feitas na própria

unidade pela a equipe, separadas da rotina do pré-natal, onde participam os parceiros

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e familiares e além de ouvir as preocupações, procuramos obter a reflexão e a

superação de dificuldades, prover informação, apoio emocional, auxiliar nas decisões

para a adoção de medidas preventivas, adesão ao tratamento conforme ao protocolo

(tratamento completo, adequado ao estágio da doença, feito com penicilina benzatina

e finalizado pelo menos 30 dias antes do parto, tendo sido o parceiro tratado

concomitantemente). Os parceiros de gestantes com sífilis que não atenderem ao

chamado para controle e tratamento adequado são objeto de busca ativa pela a

equipe. Após o tratamento, a gestante realiza controle mensal com teste VDRL e novo

tratamento é instituído no caso de reinfecção ou aumento dos títulos no VDRL.

Enfrentando a assistência pré-natal com habilidade, sensibilidade, sem

preconceitos, realizada com esforço unificado, organizado e com implementação de

ações preventivas de saúde melhoramos a qualidade do cuidado e até o momento

alcançamos a redução da incidência da sífilis congênita em nossa população.

Em quanto a assistência da saúde mental a equipe realiza ações de promoção

e prevenção da saúde direcionada a minimizar as influências dos fatores de risco

sobre indivíduos vulneráveis e atuar no reforço dos fatores de proteção e apoio

familiar. As visitas domiciliares para conhecer o entorno familiar e social também

constitui um fator relevante no acompanhamento, cuidado e compreensão de cada

caso, assim como, o controle e uso correto e continuo da medicação.

Temos que realçar que em nosso município temos limitação para o atendimento

adequado de pacientes psicóticos agudos ou crônicos agravados pois não temos

psiquiatra e o centro de referência está na capital do estado. Só a equipe do Centro

de Atenção Psicossocial (CAPS) brinda apoio e dá suporte técnico através do

psicólogo e pessoal de assistência social, embora ainda se precisa duma maior

integração e aproximação entre o CAPS e a equipe de saúde.

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4. VISITA DOMICILIAR

A visita domiciliar (VD) constitui uma ocasião privilegiada para o

desenvolvimento duma atenção integral ao indivíduo e sua família. Um espaço para o

vínculo estreito e interação entre a equipe completa e a população da área que está

sob nossa responsabilidade, identificando necessidades, riscos e agravos. Ao realizar

a VD a equipe propõe-se atuar sobre o usuário e as determinantes sociais de saúde,

ou seja, condições de vida, culturais, ambientais e socioeconômicas e identificar as

necessidades, riscos e vulnerabilidade, sempre visando um trabalho organizado e

planejado.

Quando iniciei meu trabalho como médico da UBS Maria Francisca Da Costa

Cabral o estilo de trabalho da equipe era realizar as visitas domiciliares de forma

separada e pouco planejadas. Por uma parte ia o enfermeiro e pela outra o médico

com o ACS, as técnicas de enfermagem quase não participavam da atividade. Não

existia dia específico para a realização das visitas.

Atualmente após análises e discussões nas reuniões da equipe é alcançado a

mudança, a conscientização, corresponsabilidade e unidade para o desenvolvimento

adequado da visita domiciliar. Temos a sexta-feira de cada semana para as atividades

de VD pela a equipe, realizamos de 4 a 5 visitas por sessão, elas são planejadas com

antecedência e previa aceitação familiar. Os principais motivos de visita domiciliar em

nossa área de abrangência são doenças crônicas descompensadas em idosos

impossibilitados de se deslocar até a UBS, deficientes físicos e mentais, gravidas,

puérperas e recém-nascidos.

Quando realizamos a visita domiciliar na primeira fase após o acolhimento e

apresentação da equipe, fazemos o atendimento do doente e avaliação de seu estado

de saúde atual, fatores de risco associados e adesão ao tratamento se há presença de

doenças crônicas. Se realiza aferição de sinais vitais e glicose (se necessário) pela

técnica de enfermagem, entretanto os ACS e enfermeira oferecem orientações e

esclarecimento de dúvidas ao cuidador do paciente e familiares. Em uma segunda

fase tendo em conta o genograma familiar e dados obtidos pelos ACS nós avaliamos

a situação integral da família, estilo de vida, presença de fatores de risco de doenças

transmissível e acidentes, nutrição inadequada, má higiene domestica ou pessoal,

presença de grupos de vulneráveis (idosos, gravidas, crianças de colo), familiares com

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doenças crônicas, realização de preventivo de câncer de colo de útero (PCCU)

segundo o protocolo, planejamento familiar, vacinação, inter-relação familiar, situação

econômica, infraestrutura do domicilio. Após a pesquisa de todos esses elementos

realizamos atividades educativas de promoção de saúde e prevenção de agravos que

correspondem com as diferentes situações encontradas, orientamos a assistência a

UBS para PCCU, vacinação e procuramos atendimento multiprofissional e intersetorial

segundo as necessidades. Os detalhes da visita são recolhidos no prontuário.

Temos encontrados durante a visita domiciliar dificuldades na realização de

coleta de mostra de sangre para exames laboratoriais a pacientes acamados ou

deficiente físicos e mentais. Nosso município a atenção básica não conta com

laboratórios, nem meios de transporte para solucionar esses problemas. O paciente e

familiares se deslocam de sua residência ao hospital por meios próprios ou o

procedimento é feito por laboratório particular. Não existe o Núcleo de apoio a saúde

da familiar (NASF) como estratégia de apoio matricial, responsável de qualificar e

complementar o trabalho das equipes de Saúde da Família.

Com o desempenho do trabalho profissional, responsável, consciente e

respeito à vida privada e o comportamento ético a equipe pretende obter mudanças

objetivas no modo de vida, maior aceitação e satisfação da população. Ainda que o

conhecimento não signifique mudança, constitui o primeiro passo para alcançá-la.

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5. REFLEXÃO CONCLUSIVA

A Especialização em Saúde da Família constitui uma estratégia singular na

atenção primária, capaz de brindar os conhecimentos científicos e as ferramentas

necessárias para o cuidado adequado da saúde das pessoas conforme os princípios

doutrinários e organizativos do SUS.

Como profissional estrangeiro o curso de especialização em medicina de

família e comunidade foi para mim uma experiência muito positiva, pois permitiu

conhecer desde a história do surgimento da atenção básica no brasil, sua

organização, e planejamento estratégico até o manejo adequado das diferentes

situações clínicas relacionadas com nossa realidade do dia a dia levando em

consideração os conhecimentos e as experiências da saúde baseada em evidências.

Compreendi uma estrutura e organização da atenção básica diferente das que

já tinha conhecido, assim como as funções e importância de cada membro da equipe

de saúde com os quais desempenho meu trabalho na UBS, principalmente dos Agente

Comunitários de Saúde (ACS) e Enfermeiros. Em minha opinião eles constituem uma

pedra angular e fundamental que faz a diferença com outras formas de organização

da atenção básica.

No curso percebi a importância do Planejamento Estratégico Situacional (PES)

para reconhecimento das complexidades da área de abrangência e a realização de

ações intersetoriais. A utilização da agenda profissional compartilhada como

ferramenta programática das ações da equipe, o uso do Projeto Terapêutico Singular

como método de intervenção terapêutica resultado da discussão coletiva e

multiprofissional e a importância das redes de informação do SUS, entre outros.

Com o estudo dos casos clínicos e a participação dos fórum de notícias

alcançamos uma ampliação do olhar clínico, maior competência profissional e

segurança no atendimento da população, abordando sempre a atenção das doenças

num contexto individual, familiar e ambiental.

O curso como processo de qualificação profissional e educação permanente,

permitiu o desenvolvimento pessoal, ofereceu a possibilidade de transformar as

práticas profissionais, realizar reflexões, mudança de erros e alcançar uma maior

qualificação do trabalho da equipe.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica. Cadernos de Atenção Básica, n° 37. Brasília – DF, 2013.

3. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC / DHA). A importância do sal na origem da hipertensão. Rev Bras Hipertens, vol. 21(2), 2014, p.63-67.

5. Superintendência de Atenção Primária. (S/SUBPAV/SAP), Prefeitura de Rio de Janeiro. Guia de Referência Rápida. Hipertensão. Manejo clínico da hipertensão em adultos, 2013.

6. The Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH) diet, Western diet, and risk of gout in men: prospective cohort study. BMJ, 2017, p. 357.

7. CHOBANIAN, A. V. et al. The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure. The JNC 7 report. JAMA, [S.l.], v. 289, p. 2560-2572, dez. 2003.

8. FUCHS, F. D. Diuretics: still essential drugs for the management of hypertension. Expert Rev Cardiovasc Ther v. 7, n. 6, p. 591-598, jun. 2009.

9. FHEMIG - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Protocolos Clínicos. 044- Hipertensão Arterial Sistêmica, 2013.

10. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). Arq Bras Cardiol. I Diretriz de Prevenção Cardiovascular, Volume 101, Nº 6, Supl. 2, 2013.

11. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. RASTREAMENTO. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Primária, n. 29.Brasília – DF,2010

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12. FERREIRA, S. R. S. et al. Protocolo de Hipertensão Arterial Sistêmica para a Atenção Primária em Saúde. Gerência de saúde Comunitária. Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre, 2009.

13. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. RASTREAMENTO. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Primária, n. 15,2006.

14. NOBRE F, Coelho EB, Lopes PC, Geleilete TJM. Hipertensão arterial sistêmica primária. Medicina (Ribeirão Preto) 2013;46(3):256-72

15. Clinical Practice Guidelines for the Management of Hypertension in the Community. A Statement by the American Society of Hypertension and the International Society of Hypertension. The Journal of Clinical Hypertension (JCH). Vol 16, (1), 2014.

16. WILSON PWF, D’Agostino RB, Sullivan L, Parise H, Kannel WB. Overweight and obesity as determinants of cardiovascular risk: the Framingham experience. ARCH INTER MED, 162(16), 2002, p.1867-72

17. JAMES PA, Oparil S, Carter BL, et al. Evidence-based guideline for the management of high blood pressure in adults: report by the panel appointed to the Eighth Joint National Committee (JNC 8). JAMA, 2013.

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ANEXO 1 – PROJETO DE INTERVENÇÃO

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PROJETO DE INTERVENÇÃO

ESTALININ RODRIGUEZ BLAY

PLANO DE INTERVENÇÃO COM VISTAS À REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA DE

HIPERTENSÃO DESCOMPENSADA NA POPULAÇÃO IDOSA, DA UNIDADE DE

SAÚDE MARIA FCA. DA COSTA CABRAL, NO MUNICÍPIO TARAUACÁ,

ESTADO ACRE.

PORTO ALEGRE, NOVEMBRO DE 2016

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RESUMO

A Hipertensão Arterial Sistêmica é um importante fator de risco para doenças

cardíacas, cerebrais, renais que encontra-se afetando atualmente uma parte

importante de nossa população idosa. O presente projeto de intervenção, tem por

objetivo Implementar um plano de intervenção com vistas à redução da incidência da

hipertensão descompensada em idosos na UBS Maria Francisca. Da Costa Cabral,

Tarauacá, no período (Fevereiro 2017- Julho 2017). Para tal, será desenvolvido um

plano de ação baseado no Planejamento Estratégico Situacional que pretende garantir

o acompanhamento dos pacientes idosos com hipertensão arterial e terá como

principal estratégia: Fazer mudanças graduaiss no estilo de vida, melhorar a qualidade

de vida em o paciente idosos hipertensos através de um programa de intervenção

educativa. O plano será desenvolvido principalmente por meio de palestras educativas

sobre hipertensão arterial, prevenção de suas complicações e tratamento. Trata-se de

um projeto que surgiu de uma necessidade que a equipe de Saúde da Família

reconheceu na sua comunidade, contando com a motivação dos agentes envolvidos,

articulação Inter setorial, apoio e participação social e que acredita conseguir, assim,

intervir na vida de pessoas que precisam desenvolver um estilo de vida saudável.

Descritores: Atenção Primária a Saúde; Hipertensão Arterial; Saúde do Idoso; Saúde

da Família; Educação em Saúde.

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1. INTRODUÇÃO

Tarauacá é um município brasileiro localizado no noroeste do estado do Acre.

Está distante 400 km da capital do estado, Rio Branco. Sua população, de acordo com

estimativas do Instituto Brasileiro de geografia e estadística (IBGE), era de 38 201

habitantes em 2014, o que a coloca na posição de 4ta. Mais populosa do estado.

Ocupa o terceiro lugar entre os municípios do estado em extensão territorial, com uma

área de 15.553,43 km². Limita-se ao norte com o estado do Amazonas; ao sul, com o

município de Jordão; a leste, com o município de Feijó; a oeste, com os municípios de

Cruzeiro do Sul e Porto Walter, a sudoeste, com o município de Marechal Taumaturgo.

Tarauacá é o segundo município do Acre em concentração de terras indígenas. São

oito áreas, equivalendo a 9,8 por cento do total deste município. Esses povos vivem

em 30 aldeias, com aproximadamente 1 639 pessoas.

Nossa área de abrangença a Unidade Básica de Saúde (UBS) Maria Fca. Da

Costa Cabral, localiza-se ao noroeste do município Tarauacá do estado do Acre,

sendo uma UBS urbana com uma equipe de saúde da família, que não tem vínculo com

instituições de ensino. A equipe de saúde da família está formada por um médico

especialista em medicina geral integral, um enfermeiro, dois técnicos de enfermagem,

um dentista, uma assistente dentaria, sete agentes comunitários.

Na UBS trabalham também o coordenador, e contamos com o apoio de uma

recepcionista, um agente de segurança e a responsável pela limpeza. A população

atendida é de 3219 habitantes; tendo entre eles um elevado número de hipertensos

cadastrados idosos e com dificuldades na compensação de parâmetros vitais como a

pressão arterial. De acordo com os dados de o Sistema de Informação Básica (SIAB)

em nosso município a principal causa de óbitos e o decorrente de doenças do

aparelho circulatório implicando principalmente órgãos como coração e cérebro,

seguidas por mortes violentas, por doenças do aparato respiratório e neoplasias. A

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um importante fator de risco para doenças

cardíacas, cerebrais, renais que encontra-se afetando atualmente uma parte

importante de nossa população idosa; em muitas ocasiões devido à presença falta de

conhecimento da mesma doença, de suas complicações e como evitá-lo, de ali a

importância de nosso trabalho visando sempre na prevenção e o controle dos fatores

de risco modificáveis.

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Problema

Elevada incidência de hipertensão descompensada na população idosa da

UBS com risco importante para complicações e sequelas.

Justificativa

Hipertensão arterial e um problema de saúde em todo o mundo por sua

crescente incidência e prevalência, e associada a elevada morbidade e mortalidade

devido às complicações que surgem em seu curso. Na avaliação das principais causas

de aparecimento da hipertensão arterial descompensada e sua complicação serão

baseadas nos fatores de risco e nas ações necessárias quanto ao correto controle.

Este trabalho se justifica pela elevada incidência de hipertensão descompensada na

população idosa, a presença em muitos casos deles de sequelas neurológicas,

cardiovasculares e pelos riscos em outros de ter complicações aumentadas e suas

consequências.

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Implementar um plano de intervenção com vistas à redução da incidência de

hipertensão descompensada na população idosa da UBS Maria Francisca da Costa

Cabral.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar o desenho de operações para os nós críticos do problema prioritário.

Identificação dos recursos críticos para a solução do problema prioritário.

Realizar uma análise de viabilidade do plano de intervenção.

Elaboração do plano operativo para a solução do problema prioritário.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

Muitas pessoas idosas são acometidas por doenças e agravos crônicos não

transmissíveis (DANT) - estados permanentes ou de longa permanência - que

requerem acompanhamento constante, pois, em razão da sua natureza, não têm cura.

Essas condições crônicas tendem a se manifestar de forma expressiva na idade mais

avançada e, frequentemente, estão associadas (comorbidades). Podem gerar um

processo incapacitante, afetando a funcionalidade das pessoas idosas, ou seja,

dificultando ou impedindo o desempenho de suas atividades cotidianas de forma

independente. Ainda que não sejam fatais, essas condições geralmente tendem a

comprometer de forma significativa a qualidade de vida dos idosos. BRASIL, 2006.

A hipertensão e um grave problema de saúde no Brasil e no mundo sua

prevalência no Brasil varia entre 22% e 44% para adultos (32% em média), chegando

a mais de 50% para indivíduos com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70

anos segundo na sociedade brasileira de cardiologista, 2010; além de significar um

custo de 475 milhões de reais gastos com 1,1 milhão de internações por ano. BRASIL,

2010.

O envelhecimento populacional é uma importante mudança demográfica

observada na atualidade. Existem cerca de 600 milhões de idosos vivendo no mundo

e, destes, 370 milhões estão em países em desenvolvimento. O processo de transição

demográfica influencia a transição epidemiológica e a carga de doenças, em especial

no idoso. Em 2007, cerca de 72% das mortes no Brasil foram atribuídas às doenças

crônicas não transmissíveis (DCNT), especialmente as doenças cardiovasculares,

uma das causas mais frequentes de mortalidade entre os idosos.

Neste novo contexto epidemiológico torna-se indispensável monitorar algumas

doenças crônicas, particularmente aquelas mais relevantes e prevalentes, como a

hipertensão arterial. THE LANCET, 2011. Esta é uma tendência que continuará

durante os próximos anos, sendo de admitir que no ano de 2025 haja mais de 800

milhões de pessoas com idade superior a 65 anos em todo mundo. REVISTA

CIENTIFICA INTERNACIONAL, 2015. Segundo a literatura a Hipertensão Arterial

Sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados

e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se frequentemente a alterações

funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos

sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de

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eventos cardiovasculares fatais e não-fatais. SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA, 2006. É conceituada como uma doença sistêmica que envolve

alterações nas estruturas das artérias e do miocárdio associada à disfunção endotelial

e constrição e remodelamento da musculatura lisa vascular. Atualmente é definida de

acordo com valores pressóricos, nas quais níveis iguais ou superiores a 140/90

mmHg, identificados em duas ou mais verificações da pressão arterial, diagnosticam

a doença. REVISTA BIOQUIMICA DE HIPERTAÇAO ARTERIAL, 2011.

A fisiopatologia da hipertensão no idoso é influenciada por três fatores

principais: distensibilidade da aorta (complacência); volume sistólico do ventrículo

esquerdo e velocidade de ejeção do ventrículo esquerdo. A complacência da aorta é

o maior determinante da PAS e da pressão de pulso (PP), diferença da PAS e da PAD.

O mecanismo básico para o aumento da pressão sistólica, com o avançar da idade,

acontece de forma progressiva ao longo do tempo: a aorta desenvolve processos

ateroscleróticos tornando-se mais rígida e, portanto menos complacente. Outras

alterações que ocorrem com o idoso: diminuição da frequência cardíaca, diminuição

da resposta contrátil do miocárdio, diminuição da complacência arterial e elevação da

pós-carga. Todo este conjunto de modificações contribui para a redução do débito

cardíaco, da fração de ejeção ventricular e da capacidade máxima de trabalho do

ventrículo esquerdo. REV BRAS CLIN MED, 2008.

A HAS é um importante fator de risco para doenças decorrentes de

aterosclerose e trombose, que se exteriorizam, predominantemente, por

acometimento cardíaco, cerebral, renal e vascular periférico. É responsável por 25 e

40% da etiologia multifatorial da cardiopatia isquêmica e dos acidentes vasculares

cerebrais, respectivamente. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010. A

HAS no idoso está intimamente relacionada com grande número de eventos

cardiovasculares e, conseqüentemente, à menor sobrevida.

Uma pior qualidade de vida é fato nessa população, quando não tratada

adequamente. REV BRAS HIPERTENS, 2008. No surgimento da doença também

aparecem associados numerosos fatores que podem ser modificáveis o não tais como

idade, sexo, raça, genéticos, alimentares, obesidade, tabagismo, etilismo, atividade

física, escolaridade, ocupação, migração, baixo nível socioeconômico e doenças

como nefropatias, endocrinopatias, coartação da aorta e a certos medicamentos.

NURSING, 2005. Uma das principais causas do insucesso do controle da pressão

arterial é a falta de adesão ao tratamento que envolve, além do uso regular do

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medicamento, os aspectos referentes ao sistema de saúde, a fatores

socioeconômicos e, ainda, a aspectos relacionados ao tratamento, ao paciente e à

própria droga. Para que a tentativa de controle da doença seja eficaz, devido a sua

grande complexidade, é necessário valorizar o indivíduo, respeitando suas crenças,

ideias, valores, pensamentos e sentimentos sobre a patologia. VER BRAS DE

HIPERTENS, 2006.

A educação em saúde e as modificações do estilo de vida são uma prática

fundamental para as intervenções preventivas em âmbito comunitário particularmente

no que se refere às doenças crônicas. REV RENE, 2011. As modificações no estilo

de vida reduzem entre 4 e 20 mmHg a pressão arterial sistólica, fato este que permite

redução na incidência de doenças cardiovascular, cerebrovascular, renal e vascular

periférica. HYPERTENSION, 2003.

Intervenções não-farmacológicas têm sido apontadas na literatura pelo baixo

custo, risco mínimo e pela eficácia na diminuição da pressão arterial. Entre elas estão:

a redução do peso corporal, a restrição alcoólica, o abandono do tabagismo e a prática

regular de atividade física. Deste modo, a intervenção não- farmacológica presta-se ao

controle dos fatores de risco e às modificações no estilo de vida, a fim de prevenir ou

deter a evolução da hipertensão arterial. REV SOC CARDIOL, 2000.

Algumas mudanças nos hábitos de vida como diminuir a quantidade de sal na

preparação dos alimentos, evitar o saleiro à mesa, reduzir o consumo de alimentos

industrializados como: enlatados, conservas, embutidos, temperos, molhos prontos e

salgadinhos; incluir frutas, verduras e cereais integrais na dieta diária; consumir

alimentos com teor de gordura reduzido, moderar o consumo de álcool e cigarro e

praticar exercícios físicos podem prevenir a HAS ou reduzir a evolução da PA.

ZAITUNE et al, 2006.

Apesar do conceito difundido de que é muito difícil mudar hábitos de vida muito

antigos, quando a abordagem é feita com bom senso, criando alternativas saudáveis,

sem radicalismos, com esclarecimentos dos objetivos e resultados esperados, é

possível obter boa aderência, assim como os resultados esperados. As modificações

de estilo de vida podem ter ótima aderência, desde que bem orientadas,

especialmente através de equipe multidisciplinar. REV BRAS HIPERTENS, 2002. As

ações educativas desenvolvidas com idosos devem dar maior ênfase à história de

vida dos idosos, suas percepções sobre o processo de envelhecimento e seus direitos

para que se possa fazer uma orientação de acordo com o conhecimento que eles já

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possuem, facilitando as ações e obtendo desta forma melhores resultados.

Para se alcançar um melhor nível de saúde não basta apenas estimular e/ou

induzir os indivíduos a adotarem condutas saudáveis, sem considerar o contexto

social, político, econômico e cultural no qual estão inseridos. Deve-se estimular e

potencializar a autonomia e capacidade dos idosos em assumir responsabilidades

para resolver problemas próprios, cabendo aos profissionais de saúde implementar

ações específicas de atenção à saúde, orientando tanto o idoso quanto os seus

familiares envolvidos nesse processo promovendo interesse e motivação. REV

BRASILEIRA DE CIENCIAS DO ENVELHECIMENTO HUMANO, 2004.

É função das políticas de saúde contribuir para que mais pessoas alcancem

idades avançadas com o melhor estado de saúde possível, sendo o envelhecimento

ativo e saudável, o principal objetivo. Se considerarmos saúde de forma ampliada,

torna-se necessária alguma mudança no contexto atual em direção à produção de um

ambiente social e cultural mais favorável para população idosa. BRASIL, 2012.

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4. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do Plano de Intervenção utilizamos o Método do

Planejamento Estratégico Situacional - PES conforme os textos de referência da

Unidade 1 do módulo de Planejamento e gestão e uma revisão narrativa da literatura

sobre o tema. As etapas a serem desenvolvidas: identificação dos problemas,

priorização dos problemas, seleção do problema prioritário, determinação dos fatores

causais, descrição do problema, explicação do problema, identificação dos nós

críticos, desenho de operações, identificação dos recursos críticos, análise de

viabilidade do plano e elaboração do plano operativo.

O planejamento estratégico situacional é um processo participativo que

possibilita a incorporação dos pontos de vista dos profissionais da equipe e dos

usuários. Essa participação enriquece o processo de planejamento, criando

corresponsabilidade dos atores com a efetivação do plano de ação, dando mais

legitimidade e viabilidade.

O plano proposto de intervenção será feito para à redução da incidência de

hipertensão descompensada na população idosa da UBS Maria Francisca da costa

Cabral, no município de Tarauacá.

5. CRONOGRAMA

Atividades Meses – 2017

Fev Março Abril Maio Junho Julho

Apresentação da proposta à equipe de saúde

X

Capacitação da equipe

X

Realizar o levantamento de pacientes pela equipe

X X X X

Revisão dos prontuários

X X X X

Coleta de dados X X X X

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Elaboração do plano de ação do projeto

X X X

Avaliação do projeto pela equipe

X X

Analises e conclusões

X

6. RECURSOS NECESSÁRIOS

6.1 RECURSOS HUMANOS

Equipe de saúde da família composta por 7 agentes comunitários de Saúde, 2

técnicos de Enfermagem, 1 enfermeiro, 1 médico.

6.2 RECURSOS MATERIAIS

Computadores;

Prontuários e Fichas de Acompanhamento Domiciliar;

Folha A4;

Impressora;

Cadernos de Atenção Básica (Hipertensão Arterial, Envelhecimento, Atenção

Domiciliar, entre outros).

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7. RESULTADOS ESPERADOS

A proposta é que consigamos estabelecer o vínculo com os profissionais

destinados a atender os pacientes idosos hipertensos que residem em uma área

adstrita do território da unidade de saúde e implementar um plano de intervenção com

vistas à redução da incidência da hipertensão descompensada na população idosa de

nossa UBS e desenvolver os objetivos de controle e tratamento de forma coletiva com

participação Inter setorial.

Podemos dizer que após executar este projeto de intervenção haverá uma

diminuição da incidência de pacientes idosos com a pressão arterial elevada na

comunidade, além de garantir que a população saber medidas como evitar

enfermidade, e suas complicações a partir de sua casa.

REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento

de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

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