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INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO CEARÁ - Nº 39 - MAIO/JUNHO DE 2003 NESTA EDIÇÃO Artigos VÁRIAS VOTE Serão realizadas as eleições para o novo corpo de conselheiros do CREMEC no dia 20 de agosto de 2003 de 08:00h às 20:00h. O voto é obrigatório; por lei. Quem não vota fica sujeito a MULTA (Lei nº 3268/XX). Os médicos do interior votarão por correspondência; receberão a cédula de votação e deverão remetê-la ao CREMEC; atualize seu endereço. LOCAL DE VOTAÇÃO: Sede do CREMEC:Rua Floriano Peixoto, 202l1 e PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DA SAÚDE PÚBLICA: rua Assunção, 1100, ao lado da sede do CREMEC. VEJA na página 03 Uma só chapa se inscreveu para o pleito.... ASSISTA AO CONGRESSO. II CONGRESSO CIENTÍFICO E ÉTICO DO CREMEC O II Congresso Científico e Ético do CREMEC será realizado entre os dias 25 a 27 de setembro de 2003. Cinqüenta e quatro convidados de outros estados já confirmaram suas presenças. Faça sua inscrição gratuita até o dia 30 de agosto; depois dessa data a inscrição será paga. Peça informações na Secretaria do CREMEC Esperamos repetir o êxito do ano de 2001 quando fizemos o primeiro congresso. PRECAVENHA-SE Propaganda Enganosa. Um médico, residente em Fortaleza, leu nos Classifica- dos do jornal "O Povo" , do dia 6 de Maio, a oferta de emprego no PSF, numa das cidades mais agradáveis deste Estado, com o salário de R$ 8.000,00. Atraído pela excelen- te oferta para trabalhar numa cidade de boa qualidade de vida, tentou o contato telefônico, mas as informações eram vagas e resolveu se deslocar até aquela cidade. Ao chegar, a oferta que lhe fizeram foi bastante diferente. Pagariam R$ 5.000,00 pelo trabalho no PSF, mas para chegar aos R$ 8.000,00 teria que complementar com plantões no Hospital Municipal. Fica o alerta, para os colegas, para não se iludirem com as ofertas de emprego muito vantajosas. CONTRIBUA: Estamos publicando três artigos sobre Faculdades de Medicina e Ensino Médico. Um dos artigos escrito por estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Posição oficial do CREMEC: Não devem ser abertas novas escolas de medicina públicas ou privadas. Dalgimar B. de Menezes Secretário do CREMEC Ementas dos últimos pareceres do CREMEC pág. 02 JURÍDICO pág. 03 ELEIÇÕES CREMEC pags. 04 05 06 Programa e Chapa Flagrantes dos Fóruns de Ética Médica do Interior e Correspondência pág. 08 Carta dos médicos à nação brasileira pág. 07

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INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO CEARÁ - Nº 39 - MAIO/JUNHO DE 2003

NESTA EDIÇÃO

Artig

os

VÁRIA SVOTE

Serão realizadas as eleições para o novo corpo deconselheiros do CREMEC no dia 20 de agosto de 2003 de08:00h às 20:00h. O voto é obrigatório; por lei. Quem nãovota fica sujeito a MULTA (Lei nº 3268/XX). Os médicosdo interior votarão por correspondência; receberão acédula de votação e deverão remetê-la ao CREMEC; atualizeseu endereço.

LOCAL DE VOTAÇÃO:Sede do CREMEC:Rua Floriano Peixoto, 202l1 e

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DA SAÚDEPÚBLICA: rua Assunção, 1100, ao lado da sede do CREMEC.

VEJA na página 03 Uma só chapa se inscreveu parao pleito....

ASSISTA AO CONGRESSO.II CONGRESSO CIENTÍFICO

E ÉTICO DO CREMECO II Congresso Científico e Ético do CREMEC será

realizado entre os dias 25 a 27 de setembro de 2003.Cinqüenta e quatro convidados de outros estados jáconfirmaram suas presenças. Faça sua inscrição gratuita atéo dia 30 de agosto; depois dessa data a inscrição será paga.Peça informações na Secretaria do CREMEC

Esperamos repetir o êxito do ano de 2001 quandofizemos o primeiro congresso.

PRECAVENHA-SEPropaganda Enganosa.

Um médico, residente em Fortaleza, leu nos Classifica-dos do jornal "O Povo" , do dia 6 de Maio, a oferta deemprego no PSF, numa das cidades mais agradáveis desteEstado, com o salário de R$ 8.000,00. Atraído pela excelen-te oferta para trabalhar numa cidade de boa qualidade devida, tentou o contato telefônico, mas as informações eramvagas e resolveu se deslocar até aquela cidade. Ao chegar, aoferta que lhe fizeram foi bastante diferente. Pagariam R$5.000,00 pelo trabalho no PSF, mas para chegar aos R$8.000,00 teria que complementar com plantões no HospitalMunicipal. Fica o alerta, para os colegas, para não seiludirem com as ofertas de emprego muito vantajosas.

CONTRIBUA: Estamos publicando três artigos sobreFaculdades de Medicina e Ensino Médico. Um dos artigosescrito por estudantes da Faculdade de Medicina daUniversidade Federal do Ceará.

Posição oficial do CREMEC: Não devem serabertas novas escolas de medicina públicas ou privadas.

Dalgimar B. de MenezesSecretário do CREMEC

Ementas dos últimospareceresdo CREMEC pág. 02

JURÍDICO

pág. 03

ELEIÇÕES CREMEC pags.

04

05

06

Programae Chapa

Flagrantes dosFóruns deÉtica Médicado Interiore Correspondência pág. 08

Carta dosmédicosà naçãobrasileira

pág. 07

2 J O R N A L C O N S E L H O [email protected]

JURÍDICO

EMENTAS DOS ÚLTIMOS PARECERES APROVADOS PELO CONSELHO REGIONALDE MEDICINA DO ESTADO DO CEARÁ

PARECER CREMEC Nº 08/200331/03/03

Assunto: Prescrição de Medica-mentos por Enfermeiro

Parecerista: Cons. Lino AntonioCavalcanti Holanda

Ementa: É improvável que o em-prego de metoclopramida em dosenormal seja causa direta ou indiretade morte. Diagnóstico e tratamentodas doenças são atos privativos domédico, ocorrendo exercício ilegal damedicina quando praticados por nãomédicos.

PARECER CREMEC Nº 09/200331/03/2003

Assunto: Auditoria MédicaRelator: Dr. Ivan de Araújo Moura FéEmenta: O médico não pode ser

auditor dos seus próprios atos pro-fissionais (inteligência dos artigos 118e 120 do Código de Ética Médica).

O médico auditor está obrigado arespeitar o segredo profissional.

PARECER CREMEC Nº 10/200314/04/2003

Assunto: Discriminação no paga-mento de Honorários Médicos

Relator: Comissão de Planos deSaúde do CREMEC

Dr. Helly Pinheiro ElleryDr. Francisco Alequy de

Vasconcellos FilhoEmenta: discriminar a remuneração

médica por ato médico com objetivodiagnóstico ou por especialidade é con-duta que fere princípios basilares queregem a profissão médica.

PARECER CREMEC Nº 11/200326/04/2003

Assunto: Regularidade de creden-ciamento de clínica que realiza Exame deTomografia Computadorizada por técni-co especializado no local, sendo o laudofornecido por profissional de outra cidade

Parecerista: Câmara Técnica de Ra-diologia.

Dr. José Wilson Medeiros de CarvalhoDr. Francisco Cláudio Teixeira

BeserraDra. Izabel René Leitão.Ementa: A realização de exame de

tomografia computadorizada é carac-terizada como Ato Médico; portanto,esta deverá ser conduzida na presençade médico especialista (radiologista),devendo o mesmo elaborar o laudotomográfico definitivo.

PARECER CREMEC Nº 12/200328/04/03

Assunto: Critérios de Admissão eAlta em UTI Neonatal

Relatores: Câmara Técnica dePediatria

Dra. Altani Santos PaivaDra. Maria Gurgel MagalhãesDra. Maria Sidneuma Melo VenturaEmenta: A criança no período neonatal,

fase compreendida entre o nascimento e28 dias de vida, especialmente quandoapresentar algum desvio da sua estabili-dade vital, seja por nascimento prematu-ro ou outra patologia não relacionada àprematuridade, reúne peculiaridades queimplicam em atendimento específico, de-vendo ter a mesma, assegurados, o direi-to à assistência humanizada, de qualidadee indicada à sua condição de saúde e agarantia dos recursos disponíveis para

tardem ou dificultem seu trabalho e pre-judiquem o paciente.

PARECER CREMEC Nº 16/200319/05/2003

Assunto: procedimentos normativosda junta médica do IPM

Relator: Antônio de Pádua de FariasMoreira

Ementa: os atos administrativos de-vem visar, acima de tudo, o interessepúblico e não transpor os limites da lei.O atestado médico com o diagnósticocodificado não é a regra.

PARECER CREMEC Nº 17/200302/06/2003

Assunto: Prescrição de óculos e adap-tação de lentes de contato, um ato médico.

Parecerista: Câmara Técnica deOftalmologia

Dr. Manoel Augusto Dias SoaresDr. Jailton Vieira SilvaDr. Antônio Augusto Matos PiresEmenta: A prescrição de óculos e a

adaptação de lentes de contato são atosmédicos.

PARECER CREMEC Nº 18/200309/06/2003

Assunto: Atestados Médicos e ser-viço médico de empresa

Relator: Dr. Ivan de Araújo Moura FéEmenta: os empregados de empresas

têm direito de escolher o médico assis-tente e o serviço médico onde queremser tratados. O médico de empresa seobriga a observar as normas referentesao segredo médico e a acatar, em princí-pio, os atestados firmados por outros pro-fissionais da medicina.

diagnose e terapia com potencial mínimode risco, conforme preceitos bioéticosque fundamentam a prática médica.

PARECER CREMEC Nº 13/200303/05/2003

Assunto: Atestado de Óbito em casode Morte Fetal

Relator: Dr. Ivan de Araújo Moura FéEmenta: O preenchimento da De-

claração de Óbito, em caso de óbitofetal, segue as diretrizes da ResoluçãoCFM 1601/00.

PARECER CREMEC NO 14/200312/05/03

Assunto: Plantão de sobreavisode Aneste-siologia em Hospital deEmergência

Parecerista: Cons. José Albertino SouzaEmenta: O médico anestesiologista

integrante de equipe médica de ProntoSocorro deverá permanecer no local, emregime de plantão.

PARECER CREMEC Nº 15/200326/05/2003

Assunto: Necessidade, para autori-zação de tratamento quimioterápicopelos convênios, de envio de referênciasbibliográficas dos tratamentos indicadose de informações técnicas sobre cada as-sociação de agentes antineoplásicos paracada tipo de câncer nos mais diversosestágios destas patologias.

Relator: Dr. Ivan de Araújo Moura FéEmenta: O médico deve agir sem-

pre em benefício da saúde do paciente,utilizando todos os recursos disponíveisde diagnóstico e terapêutica, não per-mitindo que medidas burocráticas re-

3 J O R N A L C O N S E L H O [email protected]

CHAPA“ÉTICA e CIDADANIA”

"O alvo de toda a atenção do médico é a saúde

do ser humano, em benefício da qual deverá agir

com o máximo de zelo e o melhor de sua capacida-

de profissional". O CREMEC tem pautado sua con-

duta no respeito a esse Princípio Fundamental do

nosso Código de Ética Médica, agindo na defesa do

melhor exercício de nossa profissão.

A equipe que se propõe a dirigir o próximo Con-

selho apresenta a experiência de atuais conselhei-

ros aliada à presença de novos colegas

compromissados com a defesa da ética e da digni-

dade do trabalho médico.

Diretrizes e Estratégias• Defender em conjunto com o SIMEC e a Associação

Médica Cearense a qualidade do Trabalho Médico e suajusta remuneração

• Fortalecer o Fórum em Defesa da Saúde Pública• Expandir a Educação Médica continuada• Manter o Congresso Científico e Ético do CREMEC• Criar a Ouvidoria do CREMEC• Agilizar a consecução de Resoluções, Pareceres e Processos• Contribuir para a formação ética dos estudantes de Medicina• Manter a realização dos Fóruns de Ética Médica do Interior• Reforçar as Câmaras Técnicas• Posicionar-se contrário à abertura indiscriminada de novas Es-

colas Médicas

ELEIÇOES NO CREMEC

ELEIÇÕES PARA O O NOVO CORPODE CONSELHEIROS DO CREMEC.VOTE EM 20 DE AGOSTO DE 2003.

ELEIÇÕES

CREMEC

2003

MEMBROS EFETIVOS CREMEC MEMBROS SUPLENTES CREMEC

ALDAÍZA MARCOS RIBEIRO 2702 ANA JULIA COUTO DE ALENCAR 2654

DALGIMAR BESERRA DE MENEZES 0880 CESAR SILVA PONTES 1888

FERNANDO QUEIROZ MONTE 0442 EUGÊNIO DE MOURA CAMPOS 3756

FRANCISCO DAS CHAGAS DIAS MONTEIRO 2087 EUGÊNIO LINCOLN CAMPOS MAIA 1466

FRANCISCO DE ASSIS CLEMENTE 1640 FRANCISCO ALEQUY DE VASCONCELLOS FILHO 1938

GLAUCO KLEMING FLORÊNCIO DA CUNHA 4409 FRANCISCO DIAS DE PAIVA 2470

HELVÉCIO NEVES FEITOSA 3754 FRANCISCO URSINO DA SILVA N ETO 3471

IVAN DE ARAÚJO MOURA FÉ 1421 HELENA SERRA AZUL MONTEIRO 2202

JOSÉ ALBERTINO SOUZA 3224 HELLY PINHEIRO ELLERY 4373

JOSÉ MÁLBIO OLIVEIRA ROLIM 2004 IZABELA MARIA PARENTE BANHOS 6370

JOSÉ ROOSEVELT NORÕES LUNA 1584 JOSÉ AJAX NOGUEIRA QUEIROZ 2779

LINO ANTONIO CAVALCANTI HOLANDA 1236 JOSÉ FERNANDES DANTAS 2402

LÚCIO FLÁVIO GONZAGA SILVA 2455 MARCELO COELHO PARAHYBA 5400

LUIZ GONZAGA PORTO PINHEIRO 1870 MÁRCIO UETTI FERNANDES OLIVEIRA 5669

MARIA DE FÁTIMA CASTRO DIAS 2857 MARCOS FLÁVIO HOLANDA ROCHA 6091

MARIA NEODAN TAVARES RODRIGUES 1606 PAULO HENRIQUE WALTER DE AGUIAR 5026

RAFAEL DIAS MARQUES NOGUEIRA 2742 ROBERTO DA JUSTA PIRES NETO 5976

SYLVIO IDEBURQUE LEAL FILHO 2246 ROBERTO WAGNER BEZERRA DE ARAÚJO 3609

URICO GADELHA DE OLIVEIRA NETO 2858 ROMERO DE MATOS ESMERALDO 1178

VALÉRIA GÓES FERREIRA PINHEIRO 4223 RÔMULO CÉSAR COSTA BARBOSA 4309

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Em 07/06/2003, o SenhorMinistro da Educação, ProfessorCristovam Buarque, lançou a propostade financiamento do ensino superiorpúblico por meio da cobrança diretados egressos das instituiçõesuniversitárias, assegurando que asmesmas garantiriam a gratuidade aosalunos durante a vigência do curso degraduação. O recolhimento cogitadoseria mediante uma alíquota específicae adicional de 2% sobre o Imposto deRenda da Pessoa Física (IRPF) incidindosobre o rendimento bruto, a serdestinado à instituição responsável pelagraduação de cada contribuinte.

A proposição não é novidade, játendo sido objeto de acerbada discussãono congresso nacional, e foratemporariamente sepultada. Como estáem voga integrantes do poder federaladotarem a prática da exumação deidéias do Ancient Régime, dantesduramente contestadas por eles, aindicação do ministro suscitará amanifestação de um amplo cordão dabase aliada a desfiar a ladainha de apoio,e, paralelamente, a ruidosa reação desua minoria a vociferar no deserto,rememorando os compromissos comos princípios partidários, dispostosquando eram um partido de oposição.

De início e por princípio, apropositura não é de todo antipática eencontrará razoável acolhida em algunssegmentos sociais, a exemplo dosempresários da educação e dosgraduados pelo sistema privado, osprimeiros porque serão contempladoscom um incremento quantitativo equalitativo da demanda a seus cursos eos últimos, talvez, por interpretaremcomo compensação por arcar"integralmente" com os custos daformação superior.

Os 2% aludidos podem atéparecer simbólicos à primeira vista,contudo vão ser agregados às pesadasalíquotas que sobrecaem sobre oscontribuintes de maior escolaridade,vez que são submetidos às tabelasprogressivas do fisco leonino, cujaferocidade explica a escolha desseanimal para simbolizar o tributocausador de muitas noites insones naspessoas físicas. Diga-se, de passagem,que o único leão dócil foi o do escravoAndrocles e o da receita federal nãodemonstraria afeição, mesmo para comalgum cidadão que o aliviasse de umespinho espetado na pata.

O desequilíbrio da medida podeser aquilatado no fato de que para um

período médio de cinco anos deduração do curso universitário, oegresso será tributado durante toda aexistência terrena, em média por 35anos de vida ativa e por mais alguns anosda aposentadoria, e isso caso o governonão encontre alguma fórmula aplicávelaos pensionistas ou instrumento decobrança além do além.

A linearidade da taxaçãoconfigura outra iniqüidade, poisdiferentes alunos da mesma turma,ainda que integrantes das idênticascoortes de admissão e de conclusão,pagariam valores diferenciados emfunção do "sucesso" material da cadaum. Por outro, empregados de umainstituição que tenham isonomiavencimental concorrerão com asquantias coincidentes, apesar degraduados por escolas públicas comdiferentes custos operacionais.

A sobretaxa em questãodesconsidera, certamente, aspectosatinentes à taxa interna de retorno doinvestimento (TIR) educacional, às taxasde ocupação e à empregabilidade decada profissão, e, portanto, viola osbasilares critérios de eqüidade,exigíveis em cobrança desse quilate.

Vale lembrar que essa tributaçãonão poderia se cingir aos egressos dosetor público, e apenas tangenciando osetor privado, pois este tambémconsome recursos públicos,exemplificados pela renúncia fiscal afavor das filantrópicas e por custosadministrativos que o Ministério daEducação assume para regulamentar oensino superior brasileiro, o quepoderia ampliar a cobertura ao gravara todos os portadores de diplomasuperior. Adite-se que a legislação fiscalpermite deduzir do IRPF as despesascom educação do beneficiário e seusdependentes, formalizando um subsídioàs escolas privadas; esta condição éreproduzível no financiamentoestudantil a alunos carentes (FIES), o quereduz a inadimplência e a incerteza daquitação das mensalidades, e natitulação pós-graduada do corpodocente das instituições particulares,costumeiramente propiciada pelasuniversidades públicas.

Cabe questionar se ocorreriamisenções para aqueles cuja formação foidirecionada exclusivamente para oserviço público, como a AMAN, a AFAe a Escola Naval, bem como os queoptaram pelo exercício funcionalpúblico, pois, pelos aviltantesvencimentos percebidos pela larga

maioria dos servidores de nível superiordas três esferas administrativas,depreende-se uma apropriaçãoindébita do trabalho intelectual denossos pares.

É sabido que a escala derendimentos de pessoas maisqualificadas guarda um estreitacorrelação com o grau de escolaridadealcançado, logo, por coerência ouprincipalmente por necessidade decaixa, o governo dificilmente nãoresistiria à tentação de onerar osprovidos de certificados e/ou diplomasde pós-graduação. Nesse tocante, dadaa existência da concentração regionaldos programas de pós-graduação,constatada pela persistência deacentuado desequilíbrio na suadistribuição no país, a iniciativaconcorreria para drenar recursos doNordeste para a região Sudeste, vistoque esta concentrava, em 2000, 60%dos programas de mestrado e 71% dedoutorado.

Se o imposto for cumulativo, umpesquisador ou um professoruniversitário detentor de notóriabagagem de títulos acadêmicos(graduação, especialização, mestrado,doutorado, livre docência, pós-doutorado etc.) poderia ser convertidoem um dizimista estatal, sendoduramente apenado por querer estudardemais: quem sabe um novo "Lavoisier"seria obrigado a ouvir que cientistas esábios não são necessários à pátria.

Se a intenção é tributar recorrendoao ajuste anual da declaração do IRPF,isto dificilmente encontraria guarida noordenamento jurídico do país sobre osjá graduados, postergando seus efeitossomente para aqueles admitidos emvestibulares desenvolvidos sob a guardade legislação introduzindo a pretendidareposição financeira aos cofres públicosà conta do benefício da formaçãosuperior estatal, ou seja, teria umpercurso de mais de um lustro paraouvir o eco de moedas fluindo para oerário. Ainda com respeito ao IRPF,outros mecanismos mais ágeis poderiamsurtir resultado quiçá bem promissor,como análogos do fenecido Fundo 157,concedendo a opção ao contribuintepara destinar parte do seu impostodevido à entidade onde graduou-se, ouda lei de incentivo à cultura,possibilitando o direcionamento derecursos extras para atividades depesquisa e ensino superior.

Senhor Ministro! É compreensívelsua ânsia por aportar recursos

*RESSARCIMENTO DE CUSTOS DO ENSINO SUPERIOR PAGOadicionais para a sua tão importantepasta - mas que transparece não ser umaefetiva prioridade do governo a que temVossa Senhoria servido com honradeze tirocínio; sua intenção traz à lume arecordação do grande vate dosescravos da Brasil, que acidentalmenteatirou no pé, e como conseqüênciadesse infortúnio agravou seu organismojá debilitado pelo bacilo de Koch. Achegada de recursos novos, via impostoespecífico, pode suprimir parte dacanalização das fontes ordinárias dotesouro: rememore-se a CPMF para ofinanciamento exclusivo da saúde.

Caro colega economista! Sabebem Vossa Excelência que é sempremelhor ganhar eficiência no uso dosrecursos disponíveis do que injetarsomas em um aparato marcado pelaineficiência, pois redundará emavantajado desperdício.

Aos graduados, como membrosdo tecido social, cabe o desafio essencialde concorrer, com o primor do trabalhofísico e intelectualmente qualificado,para o esforço de superação nacionalde nossas marcantes desigualdadeseconômicas e sociais. Talresponsabilidade se majora ao auferir aoutorga de um diploma de graduaçãoem instituição pública, pois, tornam-seaqueles parcela de um limitadocontingente que teve o privilégio dealcançar o nível universitário, visto queesse direito, por vários motivos, foisubtraído à ampla maioria dosbrasileiros que, mesmo não tendoacesso ao ensino superior, concorre, viatributação, para garantir o ensinopúblico superior.

A melhor e a mais eficiente formado retorno financeiro da formaçãosuperior pública repousa no exercíciode suas profissões com honestidade,sabedoria, competência e, sobretudo,tendo em consideração que o progressoprofissional deve ter o propósitoprincipal de servir à comunidade na qualestão ou estarão inseridos.

Caro Ministro! Convém exercitaroutras modalidades de resgate socialpara o capital investido na graduação: aprestação de serviços temporários dosrecém-graduados, com remuneraçãocompatível, às comunidades maiscarentes ou desassistidas e a gruposmarginalizados social eeconomicamente, pode ser umapossibilidade exitosa.

* Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor Titular de Saúde Pública da UECE

Posição oficial do Cremec: Não devem ser abertas novas escolas de medicina, públicas ou privadas

5 J O R N A L C O N S E L H O [email protected]

O delinea-mento do Ensi-no Médicoinstitúido porFlexner desen-volveu-se emuma visãotecnificista damedicina, levan-do a uma abor-

dagem segmentada do corpo humanoe ao caleidoscópico surgimento das es-pecialidades. A divisão excessiva suge-re a equivocada idéia de que cada par-te do soma trabalha sozinha. Aedificação da figura do médico basea-da em tal modelo mostra-se atualmen-te incoerente e absurda, motivando areformulação dos currículos de medi-cina, pontuados por uma formaçãosabidamente distante da realidade na-cional e das novas estratégias de saúdee, do ponto de vista dos acadêmicos,extremamente extenuantes.

Várias alternativas de formaçãomédica têm sido apresentadas, já sen-do implementadas em diversas univer-sidades. Nossa abordagem, entretan-to, difere no sentido de sua visãoholística. Considera-se que médico epaciente são um só, trabalhando umaformação generalista sólida, possibili-tando ao profissional atuar concreta-mente em todos os níveis de atenção,desenvolvendo uma relação de bem-estar e amizade com os pacientes e co-

munidade, entendendo suas necessida-des físicas, psicológicas e domésticas.

A formação desejada é conseqüên-cia de um sério trabalho de desenvolvi-mento metodológico, que foi amplamen-te debatido no meio médico-acadêmico.

O primeiro ponto que urgereformulação é a maneiracompartimentilazada e aprofundadacomo as disciplinas são ministradas, to-talmente embasadas numa visão especi-alista, dispendiosa e, ainda, estressantepara o aluno. As disciplinas de Farma-cologia Geral e Farmacologia Clínica,por exemplo, foram reformuladas deacordo com o perfil sociocultural local,sendo substituidas no módulo intensivo"Fitoterapia e Homeopatia". Ainda deacordo com o currículo, os laboratóri-os de Anatomia e Patologia devem serreduzidos, sendo estimulada a criaçãode espaços para práticas que busquemo entedimento holístico do ser humano,como o Laborátorio de Cristaloterapia.

O ponto mais forte da reestruraçãoda grade curricular é a criação de duasdisciplinas que correm ao longo de todoo curso médico: Auto-Ajuda e Medicinade Massas. Em AA, o acadêmico tem apossibilidade de aprender como vivermelhor, valorizando-se mais e entenden-do melhor o meio ambiente. Já durantetodo o curso, em MM, ensina-se comotratar a população de modo uniforme ede baixo custo, maneira plenamente fun-cional e adequada ao terceiro mundo.

REPENSANDO O ENSINO MÉDICO:UMA NOVA ABORDAGEM HUMANO GENERALISTA

José Wilson Benevides M. Neto;Paulo Cruz de Queiroz

Nessa nova visão, ter-se-á o cuida-do de sempre evitar o estresse do estu-dante medicina. A redução da carga ho-rária é de suma importância, sendoestruturadas duas "áreas", sejam elas:azuis, que deverão ser usufruídas peloaluno para potencializar seus estudos,dedicando-se, como sugestão, à leiturade paradidáticos; cor-de-rosa: tempo li-vre para esquecer a faculdade, evitando,assim, a exaustão mental, providencian-do um bom desenvolvimento psicológi-co - "a arte é a longa; a vida, breve".

Quanto à avaliação dos níveis deconhecimento, vê-se que ela se mostraantiquada e traumática. O acadêmiconão terá que se preocupar com provasou trabalhos desgastantes que possamvir a tirar suas noites de sono e diminuirsua qualidade de vida; sugere-se aimplementação da Avaliação Emocional,em que se conta a presença na aulas e arelação com professores e colegas, esti-mulando a formação de um médico al-truísta. Nesse novo modelo, o aluno nãoreprova, o que prejudicaria sua saúdepsicológica. O importante é participar !

O professor não será caracterizadopela arcaica figura do Mestre. Alguns mo-delos didáticos têm sugerido a apresenta-ção do orientador como um "facilitador".Ainda que seguindo nossa mesma linhapedagógica humanogeneralista, essa abor-dagem sugere a idéia de que somente oprofessor poderá 'transformar' o conhe-cimento para que o aluno possa entendê-

lo melhor, deixando a falsa impressãode incapacidade discente, prejudicandoo aluno em seu desenvolvimentocomportamental. Repensar a forma dever o professor e imaginar uma figuraque o acadêmico considere tão ilibadaquanto um mestre e tão próxima quan-to um facilitador levou-nos, amparadospor Freud, à célula da família. Aqui, oprofessor é mais que um mestre oufacilitador, é um Pai, um Amigo, que nãoministrará aulas, mas guiará "Momen-tos", nos quais falará sobre temas de im-portância ubíqua. A formação acadêmi-ca não será levada em conta, desde queo professor tenha experiências para pas-sar, podendo ser, quem sabe, atésecundarista, sendo um estímulo para aformação de um médico que melhorrespeite as diferenças.

Como um adendo aos Momentos,ter-se-ão as Sessões em LBL (Life basedlearning), reunindo grupo de alunos e umFormador (outrora sugerido como um'tutor'). Em cada sessão, seria aborda-do um tema específico vivido pelo For-mador, onde lhe seria possível ilustraraos acadêmicos situações difíceis que avida poderia-lhes apresentar; sugerem-se temas como morte, separação, difi-culdade financeira e como lidar com ostress cotidiano. As aulas do sistema LBLsão encerradas com uma sessão deabraços e elogios.

REUNIÃO DA COMISSÃO DE SISTEMATIZAÇÃODO CFM COM O CREMEC - 22/05/2003

Flagrantes da

reunião dos

conselheiros do

federal com os

conselheiros do

regionalDa esquerda para a direita:

Conselheiros Lino Antônio, Ivan Moura Fé,

Rubens dos Santos Silva, secretário do

CFM e Rafael Dias Marques,

representante do CREMEC junto ao CFM.

Da esquerda para a direita:

Dr. Djacir Figueiredo, Dra. Valéria Goes,

Dr. Fernando Monte,

Dra. Maria Neodan e Dr. Málbio Rolim

ATIVIDADES DO CREMEC

Posição oficial do Cremec: Não devem ser abertas novas escolas de medicina, públicas ou privadas

6 J O R N A L C O N S E L H O [email protected]

MEMBROS DO CONSELHO MEMBROS DO CONSELHO MEMBROS DO CONSELHO MEMBROS DO CONSELHO MEMBROS DO CONSELHOLINO ANTONIO CAVALCANTI HOLANDA

LUIZ GONZAGA PORTO PINHEIRODALGIMAR BESERRA DE MENEZES

FERNANDO QUEIROZ MONTERAFAEL DIAS MARQUES NOGUEIRA

HELLY PINHEIRO ELLERYIVAN DE ARAÚJO MOURA FÉ

EUGÊNIO DE MOURA CAMPOSEUGÊNIO LINCOLN CAMPOS MAIAFRANCISCO ALEQUY DE V. FILHO

FRANCISCO DAS C. DIAS MONTEIROFRANCISCO DIAS DE PAIVA

HELENA SERRA AZUL MONTEIROHELVÉCIO NEVES FEITOSA

JOSÉ ROOSEVELT NORÕES LUNAMARIA NEODAN TAVARES RODRIGUES

ORLANDO BEZERRA MONTEIROSYLVIO IDEBURQUE LEAL FILHO

URICO GADELHA DE OLIVEIRA NETOVALÉRIA GOES FERREIRA PINHEIRO

ALDAIZA MARCOS RIBEIROCARLOS ENEAS SOARES RICCA

FRANCISCO DE ASSIS CLEMENTEFRANCISCO JEAN CRISPIM RIBEIRO

FRANCISCO JOSÉ COSTA ELEUTÉRIOFRANCISCO XAVIER FERNANDES MAIA

GLAUCO KLEMING F. DA CUNHAJACQUELINE HOLANDA DE SOUZA

JOSÉ ALBERTINO SOUSAJOSÉ EDUILTON GIRÃO

JOSÉ FERNANDES DANTASJOSÉ MALBIO OLIVEIRA ROLIMJOSÉ MAURO MENDES GIFONIMARCELO COELHO PARAHYBA

MARCELO LIMA MONT’ALVERNE RANGELMARIA HAYDÉE AUGUSTO LIMA

PAULO HENRIQUE WALTER DE AGUIARRÔMULO CESAR COSTA BARBOSA

TARCIANO ROBERTO DE CARVALHOWEIBER SILVA XAVIER

REPRESENTANTES DO CREMECNO INTERIOR DO ESTADO

SECCIONAL DA ZONA NORTEEFETIVOS

JOSÉ RICARDO CUNHA NEVESFRANCISCO CARLOS N. ARCANJO

ARTUR GUIMARÃES FILHOSUPLENTES

RAIMUNDO TADEU DIAS XEREZFRANCISCO JOSÉ MONT’ALVERNE SILVA

FRANCISCO JOSÉ F. DE AZEVEDOEndereço:

Rua Coronel Mont’Alverne - 601, Sala 06Centro - Fone/Fax: (88) 613.2408CEP: 62.011-210 Sobral - Ceará

SECCIONAL DO CARIRIEFETIVOS

CLÁUDIO GLEIDISTON LIMA DA SILVAJOÃO BOSCO SOARES SAMPAIOJONAS RODRIGUES DE LIMA

SUPLENTESGERALDO WELILVAN LUCENA LANDIMFRANCISCO IDILIO DO NASCIMENTO

JOSÉ MARCOS ALVES NUNESEndereço:

Rua da Conceição - 536, Sala 309Ed. Shopping Alvorada - Centro

Fone: 511.3648 - Cep.: 63010-220Juazeiro do Norte - Ceará

LIMOEIRO DO NORTEEfetivo: Dr. Antônio Carlos Pessoa Chaves

Suplente: Dr. Ranalfo Gladstone de Freitas MaiaCANINDÉ

Efetivo: Dr. Francisco Thadeu Lima ChavesSuplente: Dr. Antônio Valdeci Gomes Freire

ARACATIEfetivo: Dr. Sérgio Ricardo da Costa Roberto

Suplente: Dr. Gambetá Bueno NetoCRATEÚS

Efetivo: Dr. José Wellington RodriguesSuplente: Dr. Antônio Newton Soares Timbó

QUIXADÁEfetivo: Dr. Aluísio Figueredo Filho

Suplente: Dr. Paulo Antônio Martins de LimaIGUATU

Efetivo: Dr. Vilmar Félix MartinsSuplente: Dr. Antônio Valberto Magalhães

ITAPIPOCAEfetivo: Francisco Deoclécio Pinheiro

Suplente: Nilton Pinheiro Guerra

COMISSÃO EDITORIALDalgimar Beserra de Menezes

Lino Antônio Cavalcanti HolandaCREMEC

Rua Floriano Peixoto, 2021 - José BonifácioCEP: 60.025-131

Telefone: 221.6607Fax: (85) 221.6929

E-mail: [email protected] responsável: fred miranda

Colaborou nesta edição:Victor Vasconcelos

Projeto Gráfico: Wiron TeixeiraImpressão: Expressão Gráfica

Fone: 253.2222

DIANTE DAS MAIS VARIADASCRISES: política, econômica, ética, mo-ral; descaminhos e desilusões, de múlti-plas etiologias; neste início de milênio,ressurge a praga do corporativismo declasses e de profissionais, que outrora,eram cognominados: liberais, tais comomédicos, advogados, economistas eoutros. "A idéia de corporação em sinão tem nada de errado. Dascorporações medievais nasceram osatuais sindicatos de trabalhadores e asassociações patronais. As corporaçõesderam origem ao capitalismo", dessemodo escreveu Fritz Utzeri (Ex-estudan-te de medicina e notável jornalista), emrelação ao tema: corporativismo.

Neste contexto, gostaria deretornar a uma discussão mais refinadae com espírito superior, entre osurgimento ou não de "Novas Faculda-des de Medicina: Públicas ou Privadas",que julgo merecer maiores debates.

Atualmente, vivemos, entre os pen-samentos dos filósofos Heráclito (cer-ca de 540-470 a.C, Éfeso, cidade daJônia) e Parmênides (cerca de 530-460a.C, em Eléia, hoje Vélia, na Itália; dis-cípulo de Xenófanes), que viveram nabusca dos desvendamentos do "sagra-do das coisas", chegaram, aos dois ex-tremos opostos do erro: o primeiroafirmando que tudo é movimento, quenão se banha duas vezes no mesmo rio,e outro, que tudo é imutável. Cada umna afirmação e defesa do seu erro, co-laboraram com Aristóteles (n. 384/383-382, a.C - O preceptor de Ale-xandre: O Grande), a encontrar a natu-reza das coisas: nem tudo é movimen-to, nem tudo é imutável.

A propósito dos artigos publica-dos: "Novas faculdades de medicina"(MENEZES, D.B) e "Da importância dafaculdade de medicina da universidadeestadual do Ceará (UECE)" (CARNEI-RO, P.C.A), no último número do JornalConselho (n.º 37. jan./fev., 2003, p. 4-6), gostaria de fazer algumas conside-rações sobre idéias e problemas atuais.Quem está correto, o meu notável ex-professor Dalgimar Beserra deMenezes ou quem vos escreve: PauloCesar Alves Carneiro? Resposta sensa-ta, desapaixonada e imparcial seria: ne-nhum. Quem está errado? Resposta sen-sata seria: nenhum. São apenas opini-ões respeitáveis, apesar de opostas oudistintas, talvez dialéticas. É o exercíciovoluntário da cidadania, da liberdadede expressão e do livre do pensamento.Se os senhores consultarem um Dicio-nário de Filosofia verão que a palavra:opinião significa: "Afirmação não sub-metida a exame crítico, mas tida porverdadeira por aquele que a anuncia".Enquanto o corporativismo é definido

como "a ação sindical ou política emque prevalece a defesa e interesses ouprivilégios de um setor organizado dasociedade" ou "Doutrina que prega areunião das classes produtoras emcorporações, sob a fiscalização do Es-tado" (In: Ferreira, Aurélio Buarque deHolanda. Novo Dicionário da LínguaPortuguesa. Ed. Nova Fronteira). Tal-vez, se perguntarem à classe médica, aresposta vencedora seria uníssona: oProf. Dalgimar; todavia se perguntaremao povo, que paga múltiplos impostose não recebe o devido retorno do Esta-do brasileiro, em saúde e educação, aresposta vitoriosa, de alto e bom tom,seria: o Prof. Paulo Carneiro.

No Rio de Janeiro, recentemente,uma Universidade Particular publicou"em página inteira" nos grandes jornais,que se credenciou junto ao MEC, o seuCurso de Medicina com conceito máxi-mo: muito bom (In: Jornal O Globo,06abr.2003. p.11 e Jornal do Brasil,13abr.2002, p.A17). Mas como senho-res? Esta universidade não possui Hos-pital-Escola próprio. Pasmem! Ela utili-za os dois grandes hospitais federais dacidade, enquanto algumas universidadespúblicas necessitam de melhores hospi-tais públicos associados para melhoriado ensino médico, pois alguma (s) nãopossui (em) Serviços de Emergência.Esta é a mesma universidade rica e po-derosa, que no Ceará possui uma escolamédica em funcionamento, e que tam-bém não possui Hospital-Escola Próprioe cobram uma mensalidade elevada e,talvez em breve será mais umacandidata que irá parasitar os hospitaispúblicos da cidade. Vale parafrasear oilustre jornalista Boris Casoy: "Isso é umavergonha!".

Não acredito e, lanço um desafio atoda classe médica e a populaçãocearense para acompanhar de perto esseassunto, pois essa universidade não cons-truirá um Hospital-Escola próprio, naterra do meu padrinho Padre CíceroRomão Batista (que foi um grandiosohomem de fé, um político loco-regionale que tenho a esperança que um dia serácanonizado).

A propósito do artigo do Prof.Dalgimar (Livre-Docente da UECE),peço vênia para fazer os seguintes co-mentários:

1. Sou contra a redução do tem-po de graduação para formação domédico, sejam quais forem as premis-sas, pois em seis anos são formadosapenas bacharéis em medicina.**Bons médicos não são gerados emum único ato como Deus gerou ohomem. Bons médicos não são pro-duzidos em série, como produzida amáquina. E sim, por toda uma vidade estudo, dedicação, trabalho árduoe diuturno. Médicos como outrosprofissionais de nível superior são

homens, portanto imperfeitos.Quem não gostar de estudar nãodeve escolher a profissão de médi-co. É óbvio, que existem outras pro-fissões mais atrativas, do ponto devista financeiro. Considero verdadei-ras as seguintes sentenças: a) o cur-so médico não é terminal; b) o médi-co recém-formado não está prepa-rado para atender as demandas atu-ais do mercado de trabalho.

2. "As escolas públicas recebemo contingente maior dos mais bempreparados intelectualmente, so-brando para a particular os menospreparados" (MENEZES, D.B). Osalunos das escolas médicas que con-seguem as melhores classificaçõesno vestibular, geralmente, não são osmelhores alunos durante o cursomédico; como também não são, fu-turamente, os melhores profissio-nais. Dizem os psicólogos, que é fun-damental conhecer como eles rea-gem às vicissitudes da vida. É preci-so lembrar do lado emocional do in-divíduo. No interessante livro:"Emotional Intelligence" de DanielGoleman (1995) afirma que : "a ra-zão não é a única responsável pelonosso destino".

O objetivo do textosupramencionado é fomentar o debatepúblico e ético sobre temas, que afe-tam a nossa vida cotidiana e não gerare manter polêmicas, sem fins construti-vos. Portanto, procuro harmonizar omeu exercício profissional com a dehomem público e intelectual preocupa-do com a prática da cidadania.

Por tudo isso e algo mais, meusilustres colegas cearenses, de alto e bomtom, eu assino em baixo.

O DEBATE DEVE CONTINUAR

"O mais sábio dos homens parecerá um símio diante deDeus, pela sabedoria, pela beleza, por tudo".

(In: Heráclito, Fragmentos.).

*Paulo César Alves CarneiroMédico (UFC, 1978) Cearense deTabuleiro do Norte; Professor Livre-Docente (Universidade Federal doCeará, Universidade do Rio de Janei-ro, Universidade Gama Filho); Prof.Adjunto Mestre e Doutor da Faculda-de de Medicina da Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro (UFRJ); Titularda Academia Fluminense de Medici-na (AFM); Titular Especialista do Co-légio Brasileiro de Cirurgiões;TitularEspecialista da Sociedade Brasileirade Mastologia (SBM).· Endereço para correspondência:Consultório médico: Rua.Viscondede Inhaúma, n.º 134. Salas; 1114 e1115. Centro. Rio de Janeiro-RJ. CEP:20091-000. Email.:[email protected]. Tel.:9982.6355/22632804/2223.2721.** O editor presume que uma leitu-ra irônica de Menezes DB foi inter-pretada como séria pelo autor Car-neiro PCA.

Posição oficial do Cremec: Não devem ser abertas novas escolas de medicina, públicas ou privadas

A PROPÓSITO DAS NOVAS ESCOLAS MÉDICAS*

7 J O R N A L C O N S E L H O [email protected]

Os representantes de 283mil médicos, reunidos no X En-contro Nacional das EntidadesMédicas, em Brasília, neste dia30 de maio, vêm manifestar àNação e ao Governo do País oseu posicionamento relacionadoao importante momento políti-co que vivemos, bem comoapontar as medidas que consi-deramos necessárias à melhoriadas condições de vida e saúdede nosso povo.

Nos primeiros meses de2003, assistimos a ascensão aoPoder do novo Presidente, atra-vés da histórica votação de maisde 50 milhões de brasileiros. Omundo viveu uma guerra degrandes proporções, mais moti-vada por interesses geopolíticose econômicos do que pela cha-mada "luta contra o terrorismo".

Presenciamos o surgimentode uma nova e letal epidemia, quemais que a guerra pode vir a tra-zer enorme sofrimento a grandeparte da população do planeta esérios prejuízos econômicos aospaíses atingidos.

No Brasil, é enorme a expec-tativa da população e a responsa-bilidade de todos nós na constru-ção de um País mais justo, commenos iniqüidades e bem coloca-do no cenário internacional. Aindaconvivemos com a vergonhosaposição de 74º lugar no Índice deDesenvolvimento Humano (IDH).Proliferou-se a violência, em suasmais variadas formas, durante anose tornou-se também uma questãode saúde pública. A segunda causade morte entre os brasileiros éadvinda da violência.

Continua a Nação submetidaà sangria de vultosas quantias men-sais para o pagamento dos jurosda dívida externa. Chegamos aoponto de, em um mês, o Brasilgastar com os serviços da dívidao correspondente a quase todo oorçamento anual do Ministério daSaúde: mais de R$ 20 bilhões, li-mitando as possibilidades dos bra-sileiros conquistarem o pleno di-reito à cidadania.

Os médicos brasileiros parti-

ciparão ativamente do grande de-bate nacional, que se inicia em re-lação à reforma da Previdência,devendo este ser ancorado emdados reais. Queremos discutirtambém a reforma política e as re-lações de trabalho em nosso País.Somos favoráveis às ações gover-namentais, desde que elas não pre-judiquem e penalizem nosso povoem seus direitos duramente con-quistados.

Na questão da saúde, ressal-tamos a mudança de condução donovo Ministério, em relação aotratamento com o movimentomédico brasileiro. As entidadesnacionais foram, nesse período, járecebidas pelo Ministro da Saúdeem diversas ocasiões. Além dis-so, foi convocada a 12ª Conferên-cia Nacional de Saúde e está sen-do encaminhadoum grande deba-te nacional, rela-cionado à saúdesuplementar. Fo-ram iniciadas, ain-da, as discussõesrelativas à formade trabalho dosmédicos, aosseus direitos e àsua carreira. As-sim, o X Encon-tro Nacional dosMédicos Brasilei-ros propõe:

1 - Uma am-pla discussão so-bre o Ato Médico com a socie-dade brasileira, com o Parlamen-to e com o Governo, tendo emvista a necessidade urgente dedefinir, claramente, os atos priva-tivos de nossa profissão e os quepodem ser compartilhados. Osmédicos brasileiros defendem aaprovação do Projeto de Lei doSenado nº 25/2002. A eventualexclusão do médico de qualquerequipe de saúde compromete aqualidade do atendimento à po-pulação e, em última análise, indi-ca a preocupação com a reduçãode custos, que vem ocorrendo há12 anos, e menos a garantia deacesso universal à saúde.

2 - O fortalecimento daAtenção Primária à Saúde, em seuconceito de atenção integral aocidadão, garantindo o acesso atodos os níveis de complexida-de e resolubilidade, a reversãodos baixos indicadoresepidemiológicos de saúde, asse-gurando a contratação dos pro-fissionais médicos, através deconcurso público, com carreiradefinida, para provimento de car-gos dentro do Sistema Único deSaúde, incluindo aí o Programa deSaúde da Família. Deverá serapresentado ao Congresso Na-cional um projeto de lei deter-minando a implantação do Pro-grama de Saúde da Família em to-dos os municípios brasileiros. AAssistência Primária à Saúde de-verá ser acompanhada de perma-

nente processode educaçãocontinuada dosprofissionais quenele atuam, a fimde garantir umaatenção de quali-dade em todasas faixas etáriasda populaçãobrasileira.

3 - Os médi-cos brasileiros lu-tarão, com tena-cidade, pela im-plantação de umPlano de Carrei-ra, Cargos e Sa-

lários do Sistema Único de Saú-de, a ser implementado por to-dos os Estados da Federação.Deverá ser respeitada a comple-xidade da carreira do médico,com sua necessária diferenciaçãonas atribuições e responsabilida-des relativas ao exercício de suasatividades profissionais.

4 - O estabelecimento de umpiso nacional da categoria médi-ca, hoje calculado em R$2.711,11, para o período de 20horas semanais, corrigido pelosíndices em vigor.

5 - A urgente revisão da polí-tica de criação de cursos de me-dicina, sem a devida comprovação

de sua necessidade social e recur-sos para sua completa implantaçãoe manutenção. Consideramos fun-damental a aprovação de dois pro-jetos de lei em tramitação no Con-gresso Nacional. Um estabelece ocaráter terminativo aos pareceresdo Conselho Nacional de Saúdepara a abertura de novas escolasmédicas. O outro estabelece aconcessão de período de morató-ria, sem autorização de aberturade novos cursos de medicina.

6 - O cumprimento das re-comendações resultantes das ava-liações oficiais de desempenho decursos de medicina. Propomos,também, o atrelamento das novasescolas com a oferta de vagas naresidência médica.

7 - Implantar a ListaHierarquizada de ProcedimentosMédicos (LHPM), com o objetivode valorizar o trabalho médico eregular as relações com as opera-doras de planos de saúde. O Sis-tema de Saúde Suplementar noBrasil carece de um grande deba-te com a sociedade, buscando asatisfação dos 40 milhões de usu-ários que dele dependem e dosprofissionais médicos que a elededicam os seus serviços.

8 - A participação dos médi-cos em todos os fóruns de gestãoe controle social do Sistema Úni-co de Saúde. É fundamental a par-ticipação e mobilização durante apreparação da 12º ConferênciaNacional de Saúde.

Desta forma, os médicos bra-sileiros vêm reafirmar seu apoio aoSistema Único de Saúde, público,integral, universal e equânime.Como cidadãos brasileiros, man-temos a luta e a expectativa de umBrasil melhor, onde a saúde e odireito a uma vida digna sejam ga-rantidos a todos nós.

Brasília, 30 de maio de 2003.

Conselho Federal de Medicina

Associação Médica Brasileira

Associação Nacional

dos Médicos Residentes

Confederação Médica Brasileira

Federação Nacional dos Médicos

CARTA DOS MÉDICOS À NAÇÃO BRASILEIRA

Na questão da

saúde,

ressaltamos a

mudança de

condução do

novo Ministério,

em relação ao

tratamento com

o movimento

médico brasileiro.

8 J O R N A L C O N S E L H O [email protected]

Flagrantes dos Fóruns de Ética Médica do Interior

Parabéns pela nova diagramação do nossoinformativo,bem mais agradável 'a leitura ecompreensão.Louvável ainda a presença de artigoscomo da Dra. Kelly Leite Maia de Messias a respei-to do PSF - instigante e reflexivo.Espero que inicia-tivas humanísticas como estas se multipliquem emoutras áreas do escopo médico.

Em tempo : Por que a presença da advertên-cia "É proibido Fumar" em cinco das seis fotospresentes na última página do informativo? Por queem francês?O idioma pátrio não é persuasivo ousuficiente?

Um abraço,Renato Moreira ( CREMEC 6921)

XLII Fórum de Quixadá23 e 24 de maio de 2003

Conselheiro presidente,Lino Antônio erepresentante doCREMEC na região;Aluísio Figueredo Filho

Assistência do fórum

CoselheirosLino Antônioe Ivan Moura Fé

XLIII Fórum de Sobral27 e 28 de junho de 2003

Assistência do fórum

CORRESPONDÊNCIA

Secretário de SaúdeLuis Odorico discorrendosobre a situaçãoda saúde do municípiode Sobral

Assistência do fórumDr. Gerardo Cristino mostra aosconselheiros, Ivan Moura Fé e DalgimarMenezes, a planta baixa do Serviço de

Verificação de Óbitos de Sobral

Foto de despedida do XLIII Fórum deÉtica Médica na cidade de Sobral