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Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas 9-1 9 CANTEIRO DE OBRAS Francisco Ferreira Cardoso, Viviane Miranda Araujo 9 Canteiro de obras .........................................................................................................................9-1 9.1 Inovações Tecnológicas .............................................................................................................9-2 9.1.1. Infra-estrutura do canteiro de obras .......................................................................... 9-2 9.1.2. Recursos .................................................................................................................. 9-12 9.1.3. Resíduos .................................................................................................................. 9-15 9.1.4. Incômodos e poluição ............................................................................................. 9-23 9.1.5. Demandas das metodologias de avaliação estrangeiras .......................................... 9-39 9.2 Políticas Públicas .....................................................................................................................9-44 9.2.1 Resíduos ................................................................................................................... 9-44 9.2.2 Ambiente de trabalho ............................................................................................... 9-46 9.2.3 Ruído ........................................................................................................................ 9-47 9.2.4 Qualidade do ar ........................................................................................................ 9-47 9.2.5 Outras legislações e normas referentes ao meio-ambiente ...................................... 9-48 Referências bibliográficas ..............................................................................................................9-50

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Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas 9-1

9 CANTEIRO DE OBRAS

Francisco Ferreira Cardoso, Viviane Miranda Araujo

9 Canteiro de obras .........................................................................................................................9-1 9.1 Inovações Tecnológicas .............................................................................................................9-2 9.1.1. Infra-estrutura do canteiro de obras ..........................................................................9-2 9.1.2. Recursos ..................................................................................................................9-12 9.1.3. Resíduos ..................................................................................................................9-15 9.1.4. Incômodos e poluição .............................................................................................9-23 9.1.5. Demandas das metodologias de avaliação estrangeiras ..........................................9-39 9.2 Políticas Públicas .....................................................................................................................9-44 9.2.1 Resíduos ...................................................................................................................9-44 9.2.2 Ambiente de trabalho ...............................................................................................9-46 9.2.3 Ruído ........................................................................................................................9-47 9.2.4 Qualidade do ar ........................................................................................................9-47 9.2.5 Outras legislações e normas referentes ao meio-ambiente ......................................9-48 Referências bibliográficas..............................................................................................................9-50

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

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9.1 Inovações Tecnológicas

Para a identificação das necessidades de desenvolvimento de tecnologias inovadoras visando reduzir os impactos ambientais do canteiro de obras, percorrem-se os quatro grandes temas do relatório anterior: infra-estrutura do canteiro de obras; recursos; resíduos; e incômodos e poluição. São apontadas as tecnologias necessárias no sentido lato, como também as de natureza gerencial que devem ser empregadas, e são destacadas aquelas que necessitam de um desenvolvimento.

As principais fontes empregadas para a produção deste texto, além das diretamente referenciadas no mesmo, são: Castegnaro (2003); Entreprise (2002); FFB (1999); Fundación (2005); ICADE CAPRI (s.dt); Resitech (2000). Também foram consultadas as referências: ADEME (2004); ADEME (s.dt.); Alameda County (2003); Environment Agency UK (s.dt.); Federal Office (2001); Foliente et al. (s.dt.); Pulaski et al. (2004); Qualité Construction (2005).

9.1.1. Infra-estrutura do canteiro de obras

9.1.1.1. Remoção de edificações

O sistema construtivo tradicionalmente usado no país baseia-se no uso de estruturas reticuladas de concreto armado, com lajes eventualmente em componentes cerâmicos, e vedações verticais em componentes cerâmicos revestidos de argamassa; construções baixas podem dispensar o uso de estruturas independentes e também tem aumentado o uso de alvenarias portantes, mesmo em edifícios altos. A remoção de todas essas edificações implica sistematicamente no uso de processos de demolição, já que não são desmontáveis, e gera um grande volume de resíduos inertes, impondo condições intensas de transporte, gerando problemas de tráfego.

Por razões econômicas, mais do que ambientais, em muitas demolições no Brasil já ocorre um processo parcial de seleção, principalmente quando há possibilidade de reuso de componentes, como no caso de portas, janelas, cerâmicas de revestimentos, telhas, etc. Isso, no entanto, apenas ocorre na demolição de casas de melhor padrão, onde há a possibilidade de se revender os componentes.

Um aspecto importante a se considerar é o dos cuidados com os equipamentos utilizados que, por acidente ou falta de manutenção, podem provocar danos à vegetação do canteiro ou à bens edificados vizinhos. Atenção também deve ser dada ao material removido, antes de sua destinação final, para que não ocorra seu carreamento por chuva ou vento, por exemplo, cobertura com lonas, criação de baias de estocagem, etc.

Várias são as recomendações relacionadas à segurança, como se evitar o acúmulo de entulho em quantidade tal que provoque sobrecarga excessiva sobre os pisos ou pressão lateral sobre as paredes. Em relação aos trabalhadores, deve ser fornecido o equipamento de segurança apropriado.

A boa técnica de demolição recomenda proceder-se de forma inversa à da construção, percorrendo-se as fases: retirada de elementos de decoração não fixos, aparelhos e instalações, forros falsos, revestimentos reutilizáveis, elementos de cobertura, vedações verticais e estrutura. Os serviços de demolição deverão ser iniciados pelas partes superiores da edificação. Uma alternativa a ser considerada, ao invés da retirada de materiais perigosos, é o enclausuramento.

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Uma capa protetora prova d’água é aplicada sobre o material, selando-o por no mínimo 20 anos.

Com relação aos resíduos, as preocupações são a da sua reutilização (em primeiro lugar) e da segregação para posterior reciclagem (para os produtos não reutilizáveis).

A NBR 5682 - Contratação, Execução e Supervisão de Demolições – Procedimento, de 1977, fixa condições exigíveis para contratação e licenciamento de trabalhos de demolição; providências e precauções a serem tomadas antes, durante e após os trabalhos; e métodos de execução. Embora exista tal norma, de um modo geral, as técnicas empregadas de demolição não se encontram sistematizadas e disseminadas. Há, portanto, necessidade se, não de se desenvolver, ao menos de se registrar tais técnicas e, sobretudo, de difundi-las, de tal forma que possam ser exigidas por contratantes públicos e privados.

Além da demolição total, a remoção de edificações envolve serviços de demolição parcial, em obras de recuperação e reabilitação. Os empreendimentos em questão têm crescido em número, principalmente graças a programas de moradias, normalmente de interesse social, em áreas centrais de cidades de maior porte, num processo fundamental para a renovação da dinâmica econômica, social e cultural das mesmas.

Os serviços de remoção envolvidos nessas obras nunca foram estudados no país. Não foram desenvolvidos tecnologia gerencial e equipamentos apropriados para tanto; normalmente, são feitas adaptações das maneiras de demolir e de construir que se usam em canteiros de obras novas. Há, portanto que se inovar nesta área.

Também os equipamentos e ferramentas disponíveis no mercado para uso em serviços de remoção são os tradicionais, havendo espaço para inovações. A Figura 1 ilustra equipamento inovador, de origem sueca: robô para demolição a motor elétrico, acionado a distância, evitando o contato entre o trabalhador e os ruídos e fumaças.

9.1.1.2. Supressão da vegetação

Em princípio não há necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias, uma vez que estas já existem. A questão central é como fazer para que práticas existentes sejam incorporadas pelo pessoal de obra. As principais recomendações neste caso são:

− Fazer um inventário de todos os recursos naturais existentes e elaborar um plano de preservação dos mesmos

− Ocupar o mínimo de espaço possível do terreno natural para o canteiro de obras (praça de trabalho), procurando assim preservar ao máximo as áreas verdes existentes.

− Documentar a vegetação existente no canteiro

− Obter orientação de profissional capacitado para definir soluções de preservação, conservação, transplante, etc.

− Prever soluções para proteção de árvores remanescentes, incluindo de suas raízes, de preferência por barreira física; proteger, igualmente, árvores em terrenos vizinhos e na calçada, que possam ser afetadas pela obra; evitar a abertura de valas e a execução de compactações em zonas contíguas a árvores preservadas; nunca usar o troco ou galhos de árvores preservadas para fixar objetos, mesmo que provisoriamente; não estocar produto de qualquer natureza nas proximidades de árvores preservadas; controlar o comportamento da equipe de produção quanto ao

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respeito às proteções e mantê-las em bom estado.

Figura 1 - Robô para demolição a motor elétrico, acionado a distância (fonte: http://www.brokk.com/).

− Alternativamente, preservar a vegetação relevante durante a obra transplantando os exemplares mais notáveis, de preferência para lugares próximos aos de origem; seguir estritamente as recomendações técnicas de profissional capacitado.

− Assegurar a correta molhagem das árvores e vegetações preservadas durante a obra; no caso da necessidade de podas, empregar as boas práticas.

− No caso da remoção de cobertura vegetal, prever área adequada para sua estocagem e assegurar-se de que ela não sofra deterioração; evitar a mistura de resíduos da vegetação não aproveitável com a terra fértil, de modo a facilitar o uso futuro desta.

− Atentar para os problemas de erosão, no caso da retirada da camada superficial de solo do terreno e exposição de camadas inferiores, evitando-se declividades acentuadas e protegendo-se a superfície com lonas, por exemplo.

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9.1.1.3. Risco de desmoronamento

Desmoronamentos podem ocorrer tanto de solos, no caso de taludes de escavações de valas ou fundações ou em platôs, quanto de partes de edifícios em execução, já acabados ou em demolição.

Como preconiza a Norma Regulamentadora NR-18 - Condições e Meio ambiente do Trabalho na indústria da Construção (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 1996), os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25 m devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. Fundações com riscos de desmoronamentos, como tubulões, podem também exigir escoramento adequado. A NR-18 traz também recomendações explicitas nestes dois casos: inspecionar diariamente os escoramentos; levar em consideração cargas e sobrecargas ocasionais, bem como possíveis vibrações, para determinar a inclinação das paredes do talude, a construção do escoramento e o cálculo dos elementos necessários; desviar o tráfego próximo às escavações e, na sua impossibilidade, reduzir a velocidade dos veículos.

É recomendável que seja feito um Plano de Controle de erosão e deposição de sedimentos. Este plano tem por objetivo identificar os possíveis processos de erosão e sedimentação que ocorrerão no canteiro, estabelecendo procedimentos para controlá-los.

Além do serviço de execução de fundações, no caso de obras em execução, é também crítico o de estruturas de concreto armado, já que as operações de concretagem e de desfôrma podem levar ao desmoronamento das fôrmas. O projeto adequado desta, incluindo de seus cimbramentos, assim como a implementação de processo de desfôrma adequado são, portanto, fundamentais, havendo no mercado profissionais capacitados para tanto. Além disso, como preconiza a NR-18, durante os trabalhos de lançamento e vibração de concreto, o escoramento e a resistência das fôrmas devem ser inspecionados por profissionais qualificados; além disso, durante a desfôrma devem ser viabilizados meios que impeçam a queda livre de seções de fôrmas e escoramentos, sendo obrigatórios a amarração das peças e o isolamento e sinalização ao nível do terreno.

Assim, há princípio, não há necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias que evitem o desmoronamento, mas sim a disseminação e a cobrança das existentes, não somente pelos agentes encarregados pela gestão dos canteiros, como os pela fiscalização das questões de segurança (DRT - Delegacia Regional do Trabalho).

9.1.1.4. Existência de ligações provisórias

Os desafios são evitar as improvisações, e conseqüentes vazamentos ou curtos-circuitos, e interromper o mínimo possível os fornecimentos [0]quando das ligações pelas concessionárias. Aqui também não há necessidade de desenvolvimento de inovações, bastando o uso de bom-senso. Assim, deve-se:

− Aplicar as normas técnicas pertinentes, inclusive as estabelecidas pelas concessionárias locais, para todas as ligações (água, energia, gás, esgoto), assim como as boas práticas construtivas.

− Planejar os serviços para executar as ligações de forma a interromper o mínimo possível o fornecimento, de modo a limitar a perturbação causada à vizinhança; informar com a antecedência adequada a vizinhança sobre os cortes de fornecimento devidos às ligações às redes.

− Se possível, instalar no início da obra as ligações definitivas do empreendimento, evitando a geração de resíduo e instalações provisórias desnecessárias.

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− Monitorar sistematicamente as ligações provisórias, nem que por simples inspeção visual, para detectar vazamentos, por exemplo.

− Reparar imediatamente danos causados ao bem comum para a execução das ligações, como calçadas e vias de circulação de veículos.

Uma boa prática construtiva, no caso das ligações elétricas, é a de bem isolá-las e, quando forem enterradas, corrê-las dentro tubos ou manilhas de proteção. Para as tubulações de diferentes naturezas (água, drenagem, esgotos, etc.) e materiais (plásticos, metais, etc.), atentar para aspectos como execução de embasamento adequado, de cobertura mínima de solo e de envolvimento de camada de proteção (contra oxidação, por exemplo).

9.1.1.5. Esgotamento de águas servidas

Mais uma vez, aplicar ao canteiro as soluções técnicas existentes para o esgotamento de águas servidas no caso de construções permanentes, de adequado desempenho técnico e econômico, é suficiente. Assim, deve-se:

− Prever um correto sistema para esgotamento de águas servidas da obra, por rede pública ou por instalações provisórias, como fossas sépticas e caixas de gordura.

− Prever área de decantação de águas com material particulado (argamassas, gesso, etc.), para recolher as águas de lavagem de equipamentos, rodas de veículos, etc., antes de esgotá-las.

− Adotar medidas para prevenir que eventuais produtos tóxicos existentes no canteiro sejam carreados pelas chuvas e adentrem as redes públicas.

− Assegurar a manutenção periódica das instalações, verificando a existência de vazamentos e a limpeza periódica de tanques sépticos e caixas de gordura.

9.1.1.6. Risco de perfuração de redes

O grande desafio para se evitar a perfuração de redes enterradas, quando da execução dos serviços preliminares de uma obra ou os de escavações e de fundações, é se conhecer o seu posicionamento. Isso é particularmente crítico nos casos de obras situadas em lotes remembrados envolvendo demolições de construções existentes, pela inexistência de cadastro.

Em algumas situações, principalmente no que se refere às redes públicas, estão acontecendo movimentos de prefeituras e concessionárias públicas no sentido de cadastrar as redes existentes e de repertoriar em bases eletrônicas as novas redes. Por exemplo, em casos como redes de gás, existem iniciativas como a da Comgás - Companhia de Gás de São Paulo, que implementou o Sistema de Gerenciamento da Rede, que possibilita visualizar em detalhes bairros, ruas e regiões inteiras para diversas áreas da Grande São Paulo e de modo mais ou menos simplificado de cidades do Interior do estado e do Vale do Paraíba.

Inovar ampliando estes cadastros vai, no entanto, além da capacidade de ação da empresa construtora. O que esta pode por em prática é fazer uso de técnicas de identificação de redes enterradas, não destrutivas, por exemplo, pelo uso de aparelhos de emissão contínua de ondas eletromagnéticas no solo que, ao serem refletidas nas estruturas ou objetos em profundidade, a uma antena disposta no aparelho, fornecendo a localização de tubulações e cabos enterrados (GPR -

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Ground Penetrating Radar).

9.1.1.7. Geração de energia no canteiro

A questão é reduzis-se os incômodos sonoros em situações que exijam a presença de grupo gerador, pela inexistência ou inadequação de energia por rede de concessionária. Assim, a boa prática recomenda o uso de grupo gerador cujo fabricante informe o nível de ruído produzido, escolhendo o a ser utilizado dentre aqueles que produzam níveis menos elevados. Além disso, deve-se observar as recomendações dos itens 9.1.4.3. Emissão de vibrações e 9.1.4.4. Emissão de ruídos deste documento.

9.1.1.8. Existência de construções provisórias

As construções provisórias incluem não somente as edificações, como as que delimitam o canteiro, normalmente constituídas por tapumes. A Norma Regulamentadora NR-18 traz um capítulo específico sobre as áreas de vivência, assim como outro sobre tapumes e galerias, cobrindo adequadamente as questões de higiene e segurança no trabalho.

Do ponto de vista ambiental, a maior necessidade de desenvolvimento de tecnologias específicas diz respeito a produtos modulares para abrigar as construções provisórias, que possam ser reaproveitados em diferentes obras. Soluções como esta já são oferecidas pelo mercado, oferecendo condições de desempenho apenas suficientes; em outros países, o mercado dispõe de sistemas mais sofisticados e duráveis, como ilustra a figura 2.

Figura 2. Construções provisórias modulares (fonte: http://www.algeco.fr).

Outras recomendações devem ser praticadas, dentre elas:

− Manter limpas e em bom estado de conservação as construções provisórias e os fechamentos.

− Adotar soluções para os tapumes que causem o menor impacto visual e que evitem o grafitismo e a colocação de cartazes por terceiros.

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− Prever aberturas translúcidas nos tapumes de modo que se possa acompanhar a evolução dos serviços pelo exterior, informando e tranqüilizando a vizinhança.

− Dar atenção ao(s) portão(ões) de acesso à obra (posição, tamanho, acesso, etc.), sobretudo por questão de segurança.

− Cuidar para que as placas de informações técnicas e propaganda fixadas nos limites da obra causem o menor impacto visual à vizinhança.

Embora não sejam propriamente construções provisórias ligadas às atividades de produção, os stands de vendas atualmente construídos nos empreendimentos habitacionais promovem uma agressão ao ambiente injustificável, sobretudo pelos “apartamentos modelos” de que dispõem. Há um desperdício de recursos que não pode ser justificado pelo valor agregado que os modelos trazem aos compradores dos imóveis. Essa prática precisa ser repensada pelas construtoras e incorporadoras.

9.1.1.9. Impermeabilização da superfície

Não há tecnologia específica a ser desenvolvida, mas apenas seguir uma recomendação: evitar ao máximo impermeabilizar superfícies sobre o terreno natural remanescentes, para não causar diminuição da capacidade de infiltração de água pelo solo.

9.1.1.10. Ocupação da via pública

O esforço maior deve ser no sentido de se implantar um canteiro de obras que não necessite fazer uso do espaço público, como calçadas, espaço junto ao meio fio ou mesmo vias de circulação de veículos. Mais uma vez, as tecnologias para tanto estão disponíveis e delas tem que se fazer uso. Assim, deve-se:

− Evitar ao máximo as perturbações causadas às vias públicas de circulação de pedestres (calçadas) e veículos, incluindo meio fios, como estrangulamentos, bloqueios e desvios para pedestres, colocação de caçambas de coleta, construções provisórias sobre o passeio público ou praças, etc.

− Realizar estudo dos acessos e condições de circulação de pedestres, assegurando a correta sinalização de desvios de fluxos, áreas de circulação proibida, acessos para pedestres, etc.

− Nunca impedir o acesso de vizinhos à sua propriedade; informar os vizinhos de toda restrição de circulação, apresentando a solução provisória adotada.

− Prever área de estacionamento para funcionários e visitantes, de modo a não sobrecarregar as vias públicas; dar atenção à circulação e acessos de veículos e ao estacionamento.

− Estimular o transporte solidário e o uso de transporte coletivo entre os funcionários da obra de todos os níveis.

• Estabelecer sistemática de limpeza de calçadas e áreas públicas, sobretudo durante a obra bruta.

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9.1.1.11. Armazenamento de materiais

O primeiro desafio aqui é evitar as perdas dos produtos armazenados, por deterioração ou furto, sendo as principais recomendações:

− Proteger adequadamente os produtos armazenados de agentes agressivos como umidade (pela chuva e pelo solo), raios solares, animais, etc.

− Programar o uso de produtos armazenados de modo a não gerar resíduos por vencimento do prazo de validade.

− Realizar inspeção visual nos produtos e suas embalagens antes do recebimento para garantir que estejam nas condições corretas; dispensar cuidados à manipulação dos produtos entregues, para não danificá-los, principalmente de produtos entregues acabados (esquadrias, painéis, elevadores, etc.).

− Prover a necessária segurança das áreas de armazenamento, para evitar furtos.

No caso do armazenamento de produtos tóxicos e perigosos, deve ainda:

− Prever áreas de estocagem impermeáveis para produtos tóxicos e perigosos, corretamente dimensionadas e capazes de reter eventuais vazamentos (combustíveis, aditivos, tintas, solventes, etc.).

− Armazenar todo material potencialmente poluidor à distância de eventuais cursos d’água existentes no terreno ou fronteiriços.

− Solicitar aos fornecedores as fichas técnicas de produtos considerados perigosos e estabelecer condições específicas de armazenamento; estocar os materiais de forma que as etiquetas fiquem visíveis, tomando especial cuidado com os produtos perigosos.

O item 9.1.3.3. Manejo e destinação de resíduos perigosos traz informações pertinentes ao armazenamento de produtos perigosos. Essa parece ser a questão mais difícil de ser incorporada ás práticas dos canteiros de obras e para a qual haveria necessidade do desenvolvimento de ferramentas gerenciais adequadas.

Outra questão importante é se evitar que vazamentos e carreamentos de materiais por intempéries (água, vento, etc.) ou pela ação da gravidade atinjam o ambiente. As principais recomendações, para as quais são disponíveis soluções tecnológicas, são:

− Evitar armazenamento em superfícies inclinadas ou próximas a desníveis.

− Materiais finos, pulverulentos, devem ser estocados ao abrigo dos ventos; devem, igualmente, ser cobertos; no caso da produção de concreto em obra e da presença de esteiras rolantes para conduzir aglomerados à betoneira, as mesmas devem ser cobertas.

− Dedicar atenção especial aos produtos inflamáveis que sejam estocados na obra; a localização de seu armazenamento, assim como de outras fontes de poluição, deve ser definida considerando-se os ventos dominantes e os riscos à vizinhança (proximidade entre edifícios); a presença de extintores de incêndio adequados e com cargas no prazo de validade (contrato de manutenção) é fundamental.

No caso da necessidade de armazenamento de terras férteis de escavações para posterior reutilização, deve-se separar o solo retirado de acordo com suas possíveis aplicações, armazenando-o em superfícies horizontais, em montes de, no máximo, dois metros de altura.

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Proteger a superfície para evitar erosão e ação da chuva. Não compactar o depósito e evitar o trânsito de máquinas, equipamento e veículos sobre os mesmo.

Deve-se ainda:

− Realizar projeto do canteiro; reduzir ao mínimo a ocupação do terreno destinada ao armazenamento de materiais; evitar a ocupação de áreas ambientalmente valiosas.

− Fornecer o adequado treinamento aos operários com relação aos produtos perigosos.

A Norma Regulamentadora NR-18 traz um capítulo específico sobre a armazenagem e estocagem de materiais, cobrindo inclusive questões de natureza ambiental.

9.1.1.12. Circulação de materiais, equipamentos, máquinas e veículos

Trata-se de um dos aspectos críticos em termos de impactos, pois se relaciona com temas como emissão de CO2 (efeito estufa), consumo de recursos não renováveis (combustíveis) e incômodos como ruídos, emissões e riscos de segurança para trabalhadores e a vizinhança ou danos a bens. A questão central é se diminuir a circulação.

Para as circulações que forem inevitáveis, do ponto de vista das demandas por inovações, a mais marcante é a falta de opções no mercado por máquinas, veículos e equipamentos adequados aos diferentes serviços de alto desempenho, ou seja, com baixos níveis de consumo de combustível, emissão de ruídos e gases e silenciadores instalados.

No mais, aqui, também, já são conhecidas muitas das soluções técnicas e gerenciais para se diminuir a circulação e se reduzir os impactos delas decorrentes:

− Minimizar a circulação de veículos, equipamentos e máquinas, tanto no interior do canteiro quanto no seu entorno, de modo a reduzir a poluição sonora e atmosférica e a economizar combustível.

− Realizar estudo de acessos e condições de circulação das vias de acesso ao canteiro, incluindo delimitações de horários de acesso ou de tonelagens de veículos; definir trajetos por vias que permitam um deslocamento seguro e que perturbe o menos possível a circulação e as zonas contíguas; estudar soluções alternativas de circulação, conjuntamente com técnicos do serviço técnico municipal responsável pelo assunto.

− Realizar estudo da logística de entregas e retiradas de material prevendo: datas, horários e condições de entrega (embalagens, volumes, pesos, equipamentos de transporte, proteções contra intempéries, etc.); procurar fazer com que as entregas sejam realizadas nos horários mais adequados para a vizinhança; evitar entregas em horários de pico de trânsito; assegurar-se de que as empresas transportadoras tenham as informações completas sobre o local da obra (mapa de acesso, principais vias, sentido de vias, restrições de circulação, etc.).

− Otimizar o número de deslocamentos, ajustando a carga a ser transportada à capacidade do veículo.

− Fixar corretamente e proteger a carga transportada, com lonas, por exemplo.

− Prever acessos e vias adequadas no interior do canteiro, impedindo que rodas de

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veículos se sujem de barro, vindo a sujar vias externas; delimitar os locais onde possa haver circulação no interior do canteiro, dando preferência a locais que serão impermeabilizados posteriormente e evitando a circulação sobre solo destinado à área verde, de modo a impedir sua compactação.

− Preparar corretamente as circulações entre a área do armazenamento a o local onde está o equipamento de transporte vertical (grua, elevador, guincho, etc.).

− Instalar sinalização adequada (locais de entregas, acessos de veículos e pedestres, caçambas de coleta, etc.); caso necessário, o local da obra deverá ser sinalizado em vias públicas, em comum acordo com os órgãos responsáveis.

− No caso de retiradas da obra, principalmente nas etapas de demolição e escavação, deve ser estabelecido plano de chegada de caminhões, evitando que fiquem estacionados nas vizinhanças da obra.

− Prever áreas de estacionamento de veículos que impeçam o contato de óleos que vazem de motores com o solo.

− Evitar que equipamentos de transporte vertical (guinchos, gruas, etc.) possam transportar cargas por sobre a vizinhança; definir o volume limite de circulação de cargas aéreas.

− Identificar a presença de linhas elétricas ou de alta tensão no terreno ou vizinhança e levar em conta a sua presença na escolha dos equipamentos de transporte vertical (guinchos, gruas, etc.) e na definição do volume limite de circulação de cargas aéreas.

Os maiores desafios para se implementar essas soluções são:

− aumentar o intercâmbio entre empresas construtoras e os serviços técnicos municipais responsáveis pelo trânsito;

− desenvolver estudos sobre logística de suprimentos, por dificuldades relacionadas à cadeia de suprimentos da maioria das empresas (relacionamentos inconstantes com fornecedores, compra por preço, falta de comunicação, falta de preparo dos fornecedores, etc.);

− deficiências no planejamento das obras, o que dificulta a programação das entregas e retiradas.

A Norma Regulamentadora NR-18 traz um capítulo específico sobre o transporte de trabalhadores em veículos automotores com recomendações que têm que ser observadas.

9.1.1.13. Manutenção e limpeza de ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos

As soluções técnicas e gerenciais para se reduzir os impactos são conhecidas, necessitando fundamentalmente do desenvolvimento de rotinas contendo boas práticas e sua implementação nos canteiros de obras, o que implica na capacitação da mão-de-obra:

− Assegura-se que máquinas, veículos e equipamentos são submetidos a manutenções regulares e de que estão em dia quanto ao pagamento de impostos (IPVA, por exemplo) e multas.

− Manter limpos ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos; limpá-los imediatamente após o uso; dar preferência ao uso de sistemas de limpeza que

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utilizem água sob pressão ou outros sistemas que evitem a necessidade de utilizar produtos perigosos (solventes, por exemplo).

− Prever área de lavagem de rodas de caminhões e de outros veículos, com dispositivo para recuperação das águas; essas devem ser tratadas em área específica prevista no canteiro (decantação).

− Prever área para decantação de águas de lavagem de equipamentos como betoneira, argamassadeira, etc.; trocar a água toda manhã, antes do início dos serviços, e retirar o material recolhido destinando-o à caçamba de coleta ou baia de resíduos inertes (Classe A).

− Prever área de abastecimento para veículos e tomar as providencias necessárias na mesma (impermeabilizar, caixa de óleo, etc)

− Pintar o concreto do tanque com tinta tipo epóxi, assim o óleo ou combustível não ficará retido nos poros do mesmo e, quando for demolido, não seria classificado como resíduo perigoso.

− Proteger o tanque contra possíveis colisões de veículos

− Responsabilizar os trabalhadores da obra pelo bom funcionamento, manutenção e limpeza de equipamentos, ferramentas, máquinas e veículos.

− Realizar sistematicamente medições de emissões de CO2 e ruídos em máquinas, veículos e equipamentos; observar sistematicamente se não ocorrem vazamentos.

− Garantir que quem utiliza ou opera os equipamentos, ferramentas, maquinas ou veículos tem pleno conhecimento do seu funcionamento.

− Não realizar troca de óleo de veículos no canteiro de obras; no caso da necessidade de abastecimento de veículos no canteiro, prever área específica com piso adequado.

A Norma Regulamentadora NR-18 traz um capítulo específico sobre ordem e limpeza, com recomendações adicionais que têm que ser observadas.

9.1.2. Recursos

9.1.2.1. Consumo de recursos naturais e manufaturados (inclui perda incorporada e embalagens)

As recomendações aqui pertinentes dizem respeito aos produtos utilizados e aos seus fornecedores, procurando se incorporar critérios de sustentabilidade na aquisição de bens e na contratação de serviços, perpassando outros aspectos relacionados à gestão do canteiro. Por suas conseqüências nos ecossistemas e em questões mais amplas, como a do aquecimento global pelo efeito estufa, a escolha da madeira e de seu fornecedor adquire grande importância. As principais recomendações são:

− Implementar medidas que levem à minimização das perdas incorporadas, envolvendo projeto, planejamento, oferta de produtos adequados (normalização técnica, conformidade, desempenho, coordenação modular, etc.), gestão da produção, equipamentos adequados, capacitação da mão-de-obra em todos os níveis, etc.

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− Priorizar produtos reciclados ou que permitam posterior reaproveitamento.

− Preferir o uso de produtos disponíveis localmente.

− Considerar, ao definir o tipo de madeira a ser utilizada, as características das peças a serem detalhadas para adequar o projeto às medidas das peças disponíveis no mercado com o objetivo de evitar perdas por cortes e emendas desnecessárias.

− Comprar madeiras somente de empresas que possam comprovar a sua origem, seja por meio de certificação legal (FSC, SOF, Cerflor etc) ou de um plano de manejo aprovado pelo Ibama, com a apresentação de nota fiscal e documento de transporte.

− Utilizar espécies de madeiras alternativas às tradicionais que se encontram sob pressão de exploração.

− Substituir madeiras conservadas com venenos à base de cromo e arsênico.

− Realizar um projeto de fôrmas adequado e assegurar-se de sua boa fabricação e uso (montagem e desmontagem), permitindo que as mesmas sejam reutilizadas um grande número de vezes.

− Dar preferência à contratação ou à compra de fornecedores que sejam socialmente responsáveis: que não trabalhem com mão-de-obra informal; que estejam em dia com suas obrigações tributárias e fiscais; que participem de seus programas setoriais da qualidade, não praticando concorrência desleal e seguindo a normalização técnica e a legislação; que pratiquem uma política de remuneração, benefícios e carreira justa com seus funcionários e seus próprios fornecedores; que valorizem o trinômio ‘saúde, segurança e condições de trabalho’; que respeitem o ambiente.

− Dar preferência à contratação de fornecedores que seja capazes de demonstrar sua capacitação tecnológica para realizar o serviço especializado de execução para o qual estão sendo contratados.

− Preferir produtos acondicionados em grandes volumes; exigir que os fornecedores utilizem palettes retornáveis e recolham as embalagens já utilizadas; preferir fornecedores que proponham embalagens reduzidas ou que sejam flexíveis e possam ser compactadas, e que, sobretudo, possam ser reaproveitadas; planejar as entregas de modo a minimizar o consumo de embalagens.

− Dispensar cuidados especiais à proteção dos serviços acabados, evitando danos por ação mecânica (choques, quedas de objeto, etc.) ou deterioração (intempéries, ação do sol, calor, manchas, etc.).

Algumas dificuldades existem para a implementação dessas medidas, que precisam ser superadas pelo maior desenvolvimento tecnológico, relacionadas:

− à implementação de medidas que levem à minimização das perdas incorporadas;

− ao baixo número de produtos reciclados disponíveis no mercado;

− à pequena participação no mercado de empresas que possam comprovar a origem de sua madeira e ao preço ainda elevado das madeiras de origem certificada;

− à ausência de mecanismos para caracterizar fornecedores que sejam socialmente responsáveis;

− à ausência de mecanismos para caracterizar fornecedores capazes de demonstrar sua capacitação tecnológica;

− à problemas na cadeia de suprimentos (falta da cultura no uso de paletes; baixo emprego de equipamentos de transporte; ausência de planejamento de entregas; etc.).

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9-14

9.1.2.2. Consumo e desperdício de água

As soluções preconizadas já dispõem de tecnologia adequada e são semelhantes às empregadas em edifícios em uso:

− Instalar medidores de água e luz nas áreas de produção (incluindo nas frentes de trabalho) e de vivência, de modo a conhecer os consumo e combater os desperdícios.

− Instalar, nas áreas de vivência, sistemas que permitam o uso eficiente de água e energia, responsabilizando os operários pela boa utilização dos mesmos.

− Promover campanha de conscientização e estabelecer política de inspeção, para evitar todo desperdício de água (identificação de vazamentos, torneiras deixadas abertas, reservatórios com bóias desreguladas, etc.).

9.1.2.3. Consumo e desperdício de energia elétrica

Mais uma vez, as soluções preconizadas dispõem de tecnologia adequada:

− Optar por máquinas, equipamentos e ferramentas economizadores de energia.

− Instalar, nas áreas de produção e vivência, sistemas que permitam o uso eficiente da energia, responsabilizando os operários pela boa utilização dos mesmos.

− Zelar para que não haja consumo desnecessário de eletricidade (luzes mantidas acessas em áreas administrativas e de vivência, banhos longos em chuveiros elétricos, aparelhos de ar condicionado funcionando ininterruptamente, etc.).

− Utilizar lâmpadas compactas fluorescentes.

− Promover campanha de conscientização para evitar todo desperdício de energia elétrica.

− Minimizar a utilização de placas de sinalização com luzes. Utilizar painéis fotovoltaicos

Deve ser desenvolvida tecnologia para etiquetagem de máquinas, equipamentos e ferramentas usadas na produção quanto ao consumo de energia elétrica (eficiência energética; selo Procel) e o mercado deve responder a ela.

9.1.2.4. Consumo e desperdício de gás

Embora o gás não seja fonte energética de uso intenso na maioria dos canteiros de obras, deve-se procurar implementar medidas para a sua conservação, e a principal solução a ser aplicada é conhecida:

− Promover campanha de conscientização e estabelecer política de inspeção, para evitar todo desperdício de gás (sobretudo pela identificação de vazamentos, que trazem enormes riscos para a saúde e a segurança).

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

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9.1.3. Resíduos

9.1.3.1. Perda de materiais por entulho

Esse tema é essencial, e foi tratado separadamente no capítulo 8.

9.1.3.2. Manejo de resíduos

Embora o manejo de resíduos do canteiro seja um aspecto ambiental de forte impacto para a ambiente, os resíduos sempre foram tratados sem muitos cuidados. Assim, os mesmos tradicionalmente são coletados misturados, sem caracterização e segregação ou triagem em função do tipo de produto, com acondicionamento improvisado, e assim destinados a aterros e outros fins, usualmente clandestinos e a céu aberto (“bota-foras” em terrenos baldios, encostas, várzeas, calçadas de ruas de menor movimento, etc.). Isso causa impactos ambientais evidentes nas áreas de destinação e impede o reaproveitamento dos resíduos, como a sua reciclagem, embora cada vez mais venham sendo desenvolvidas tecnologias para tanto.

No entanto, desde 2002 há um novo marco na legislação relacionado ao assunto, com a Resolução nº 307/2002 do CONAMA, que define “diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais”. Para tanto, a Resolução estabelece como instrumento o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, que incorpora dois outros instrumentos:

− Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, elaborado, implementado e coordenado pelos municípios e pelo Distrito Federal, que estabelece diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos pequenos geradores, em conformidade com os critérios técnicos do sistema de limpeza urbana local;

− Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, elaborados e implementados pelos geradores não enquadrados no caso anterior, fundamentalmente as empresas construtoras, e que têm como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos gerados nos canteiros de obras; a Resolução define assim a construtora como responsável pelos resíduos até a sua destinação fina

Tanto os aspectos gerais do Plano Integrado como as suas especificidades em relação aos Projetos de Gerenciamento de Resíduos interessam a este trabalho.

No caso do Plano Integrado, ele estabelece que os municípios devem assegurar: “... III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos; ... V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo; VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores; ...”. Essas exigências dizem respeito à questão da destinação dos resíduos, e são tratadas no item 9.1.3.2. É, portanto, a necessidade de se elaborar o Projeto de Gerenciamento de cada canteiro de obras que traz impacto imediato para o manejo dos resíduos, sendo tratado a seguir.

Outro aspecto importante é o da Resolução também estabelecer a forma de classificação dos resíduos da construção civil e as suas destinações possíveis, como ilustra a Tabela 1.

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Tabela 1. Classificação e destinações possíveis dos resíduos da construção civil (fontes: Resoluções CONAMA nº 307/2002 e nº 348/2004).

Classe Caracterização Destinação

Classe A

Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, oriundos de obras de infra-estrutura,

inclusive solos, de obras de edificações, de peças pré-moldadas em concreto, etc.

Reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

Classe B Resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais,

vidros, madeiras e outros.

Reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de

armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua

utilização ou reciclagem futura.

Classe C

Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações

economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos

oriundos do gesso.

Armazenados, transportados e destinados em conformidade com as

normas técnicas especificas.

Classe D

Resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais

à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações

industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou

outros produtos nocivos à saúde1

Armazenados, transportados, reutilizados e destinados em

conformidade com as normas técnicas especificas.

O Projeto de Gerenciamento de Resíduos visa reduzir a produção dos mesmos e criar as condições que permitam a sua reutilização ou sua reciclagem (reaproveitamento). A redução da produção de resíduos já foi discutida no capítulo anterior. Já para a reutilização ou reciclagem, dois pontos são fundamentais: evitar a mistura de resíduos de classes diferentes, e mesmo de produtos diferentes de uma mesma classe, e assegurar que haja coerência entre a separação e a capacidade de reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo nas proximidades da obra.

Para se evitar a mistura e corretamente classificá-los, deve-se segregar os resíduos desde a sua produção, ou seja, no próprio local de uso do produto. A partir daí, deve-se estabelecer uma seqüência de fluxos e um sistema de coleta dotado de recipientes de coleta e acondicionamento específicos intermediários, como bombonas e bags, e finais, como caçambas de coleta e baias, e respectivos acessórios. Há, portanto, necessidade de espaços no canteiro de obras para posicionar tais dispositivos e de pessoas responsáveis por assegurar o funcionamento do conjunto. Resíduos que venham a se misturar, de quebras ou varrições, precisam ser selecionados, o que pode se dar no próprio canteiro ou em área externa de transbordo e triagem (ATT).

1 Nova redação dada pela Resolução CONAMA nº 348, de 16 de agosto de 2004.

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A gestão dessa seqüência de atividades durante a obra deve ser cuidadosa e requer níveis distintos de atenção. Quando da execução da estrutura, por exemplo, a triagem dos resíduos é mais simples, já que são compostos essencialmente de resíduos de Classe A inertes reutilizáveis ou recicláveis como agregados (uso em concretos) e de Classe B, nesse caso recicláveis como madeira ou aço. Já a partir dos demais serviços, embora se mantenha os resíduos de Classe A (alvenarias, argamassas, cerâmicas, etc.) e B (embalagens de plásticos e papel/papelão, metais, vidros, madeiras, etc.), começam a existir resíduos de Classe C (gesso) e, mais complexos, os perigosos de Classe D (tintas, solventes, lâmpadas fluorescentes, etc.), que de modo algum podem se misturar aos outros.

A classificação dos resíduos em obra para sua triagem deve levar em conta processos de transformação que os produtos tenham sofrido no canteiro, pela combinação de produtos, por exemplo, que possam fazer com que mudem de classe.

Quanto à coerência entre a segregação e a capacidade de re-inserção dos resíduos, por exemplo, o grau de segregação dos resíduos de Classe B depende das possibilidades de reaproveitamento que existam nas proximidades da obra. Os resíduos dessa classe podem também ser misturados na obra e depois separados numa ATT; a decisão pelo nível de segregação na obra depende de aspectos como a área disponível e os volumes produzidos, por exemplo, que sejam suficientes para justificar a ida à obra de um reciclador para retirá-los.

Desse modo, o projeto do manejo dos resíduos deve identificar e quantificar os resíduos de diferentes classes e prever áreas de coleta e acondicionamento no canteiro com dispositivos adequados, em função da classe do resíduo.

Pode-se citar algumas recomendações gerais quanto ao manejo dos resíduos no canteiro:

− Estabelecer mecanismo de acondicionamento inicial, junto ao local de geração, em função do tipo de resíduo (resíduos inertes em pilhas; madeiras em bombonas; plásticos em bombonas; metais em bombonas; serragem em sacos de ráfia; placas, chapas e artefatos de gesso em pilhas; etc.); usar recipientes intermediários de coleta de resíduos de pequeno volume (bags, bombonas revestidas ou não se sacos de ráfia, etc.), para facilitar o transporte posterior dos resíduos para as caçambas ou baias; disponibilizar a quantidade necessária de dispositivos, de capacidade suficiente.

− Estabelecer mecanismo de acondicionamento final, junto ao local de triagem ou da saída do canteiro, em função do tipo de resíduo e das possibilidades de recuperação e dos requisitos do sistema de gestão criado (caçambas ou baias); disponibilizar a quantidade necessária de dispositivos, de capacidade suficiente.

− Especificar, de preferência, dispositivos impermeáveis e colocá-los em locais com nível adequado de iluminação e, de preferência, cobertos (obrigatório para papeis e derivados).

− Dispor de equipamento adequado para o transporte interno do resíduo no canteiro, em função de seu tipo (jericas, condutor de entulho, elevador de carga, guincho, grua, pá-carregadeira, etc.).

− Localizar os dispositivos de forma tal que se minimize os trajetos para a deposição dos resíduos, de modo a facilitar a adesão dos trabalhadores à idéia da segregação.

− Atribuir responsabilidades, aos trabalhadores, pelo gerenciamento dos resíduos e mantê-los informados em relação às diretrizes a seguir.

− Sinalizar adequadamente os recipientes de acondicionamento, os fluxos de resíduos, etc.

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9-18

− Controlar permanentemente o processo de triagem in loco, assim como o correto preenchimento das caçambas e baias.

− Assegurar-se que somente caçambas completamente preenchidas sejam transportadas da obra.

− Dar atenção especial às embalagens, para que possam ter sua quantidade diminuída e serem reaproveitadas ao máximo, sendo preferencialmente coletadas pelos próprios fabricantes dos produtos previamente embalados.

− Coletar resíduos de embalagens não diretamente recolhidos pelos fabricantes em caçamba ou baia específica (principalmente embalagens em papel e seus derivados).

− Minimizar os ruídos provenientes das atividades de gerenciamento de resíduos (quedas em calhas ou condutores plásticos, movimentações das caçambas, etc.) atendendo aos níveis de ruído permitidos e aos horários de emissão estabelecidos.

− Prever sistema para o gerenciamento dos resíduos gerados no canteiro em decorrência das atividades de apoio à produção (resíduos de escritório, vestiário, banheiros, refeitório, etc.), incluindo sua coleta e destinação; cuidados especiais devem ser dedicados aos resíduos de ambulatórios, caso existentes; para sua destinação, empregar os mecanismos estabelecidos de coleta pública.

− Os manuais desenvolvidos com o apoio do SindusCon-SP (PINTO et al., 2005) e do SindusCon-MG e do Senai-MG (JÚNIOR, 2005) são excelentes referências para boas práticas sobre o tema gerenciamento de resíduos de construção civil e sinalizam outros pontos importantes a se observar:

o Realizar reunião inaugural, antes da implementação do Plano de Gerenciamento de Resíduos na obra, com o objetivo de sensibilizar, informar, esclarecer e comprometer a equipe de obra quanto ao seu papel e funcionamento.

o Levantar informações e tomar decisões específicas sobre o canteiro de obras: quantidade de funcionários e equipes, área em construção, arranjo físico, resíduos predominantes, atribuição de responsabilidades, coletores qualificados, locais de destinação dos resíduos e cadastramento dos destinatários, rotina para o registro da destinação dos resíduos; verificação das possibilidades de reciclagem e aproveitamento dos resíduos; prévia caracterização dos resíduos, providência para reduzir ao máximo o volume de resíduos (caso das embalagens), etc.

o Oferecer treinamento a todos os operários no canteiro, com ênfase na instrução para o adequado manejo dos resíduos, visando, principalmente, sua completa triagem.

o Implantar controles administrativos, principalmente da documentação relativa ao registro da destinação dos resíduos.

o Avaliar o desempenho da obra, por meio de check-lists e relatórios periódicos, em relação à limpeza, triagem e destinação dos resíduos, aplicando o conceito de melhoria contínua ao Projeto de Gerenciamento.

o Qualificar e avaliar permanentemente os agentes envolvidos (fornecedores de dispositivos e acessórios, transportadores, destinatários).

o Fazer um estudo inicial dos fluxos dos resíduos, otimizando-o.

O manejo de resíduos no canteiro torna-se mais complexo em obras de reforma e em demolições.

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9.1.3.2. Destinação de resíduos (inclui descarte de recursos renováveis)

Como já está previsto na Resolução nº 307/2002, o problema do gerenciamento não se encerra na porta do canteiro, com a separação e o acondicionamento adequados, já que é fundamental se assegurar a correta destinação dos resíduos, pela re-inserção dos mesmos no ciclo produtivo – reúso, reciclagem, ATT, produção de energia - ou por sua destinação a áreas de aterro de resíduos de construção licenciadas.

Via de regra, a melhorar opção é se incorporar, sempre que possível, os resíduos, reutilizando-os na própria obra; senão, gerenciá-los de forma a garantir que sejam reaproveitados.

Podem ser reciclados ou usados novamente, em obras ou outras finalidades:

− solos diversos;

− materiais inertes, de origem mineral, como o concreto armado e protendido e o concreto massa, produtos cerâmicos, pedra natural, agregados, areias e vidros;

− materiais metálicos, como aço, chumbo, cobre, ferro, zinco, alumínio, etc.;

− plásticos, incluindo EPS (poliestireno expandido);

− asfaltos, betumes, neoprenes e borrachas;

− madeiras e serragens;

− papelão de embalagens e papéis de escritório;

− resíduos similares aos urbanos.

− lâmpadas que contenham mercúrio

− São assim potencialmente reutilizáveis:

o componentes estruturais: vigas, pilares e elementos pré-fabricados de concreto; fôrmas de madeira e elementos em EPS;

o componentes de vedações verticais: portas, janelas, ferragens, revestimentos cerâmicos e pétreos, divisórias internas e painéis leves e seus componentes, elementos de vedação pré-fabricados de concreto, etc.;

o componentes de cobertura: telhas, estruturas de sustentação metálicos ou em madeira, iluminações zenitais, sistemas de águas pluviais;

o revestimentos internos: forros, pisos elevados, revestimentos verticais, elementos de decoração, etc.;

o instalações: tubulações, louças, metais, equipamentos de climatização, mobiliário fixo de cozinha, mobiliário fixo de banheiro, elevadores, lâmpadas, etc.

− Observar as seguintes regras gerais quanto à destinação de resíduos:

o Privilegiar toda forma de reaproveitamento dos resíduos.

o Levantar a localização de áreas de destinação de resíduos na proximidade da obra, sejam elas para novo beneficiamento ou disposição final.

o Incluir a minimização da distância de transporte como critério para definir o local de destinação.

o Assegurar-se que os veículos que transportam solos e resíduos têm as condições adequadas para que não haja queda acidental do material transportado, adotando as precauções necessárias para que não sujem as vias públicas; realizar sistematicamente medições de emissões de CO2.

o Negociar o retorno ao fabricante dos resíduos de classe C (para os quais não foram

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desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação) e classe D (perigosos) com os próprios fornecedores dos produtos de origem (logística reversa).

o Manter adequadamente os registros de destinação e aceitação dos resíduos.

A questão da destinação final é crítica e está prevista na Resolução nº 307/2002. Ela estabelece no Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos, entre outras coisas, que os municípios devem assegurar o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos e a definição de critérios para o cadastramento de transportadores.

No caso dos resíduos oriundos de pequenos geradores, a Resolução atribui ainda aos municípios a responsabilidade pelo "cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento.” Assim, no caso de obras de pequeno porte, uma alternativa de destinação existente são os pontos de entrega mantidos pelo poder público, ditos “ecopontos”, como os da Tabela 2.

Tabela 2. Localização dos Ecopontos na cidade de São Paulo (fonte: http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/servicoseobras/limpurb/. Acesso em 29/5/2006).

Ecoponto Endereço

Bresser Pça Giuseppe Cesari nº 54 (baixos do Vd. Bresser) - Fone: 6693.0191

Pinheiros Baixos da Ponte Eng. Ary Torres e Vd. República da Armênia - Fone público 3045.1049

Santo Amaro Av. Vicente Rao sentido Diadema (Baixos do Vd. Ver. José Diniz) - Fone público: 5537.0014

Tatuapé Av. Salim Farah Maluf, 179 (Central de Triagem)

Imperador Av. Ribeirão Jacu, 201 (trecho Av. Imperador) - Fone: 6152.9679

Pe. Nogueira Lopes

Rua Cônego José Salomom, 861 - Vila Bonilha - Fone: 3992.6475

No caso de resíduos líquidos, a principal recomendação é a de não derramar substancias nas redes de esgoto, drenagem, ou em canais, córregos ou rios sem os devidos cuidados. Observar, ainda, as seguintes diretrizes:

− solicitar, ao órgão responsável pela rede pública de saneamento, permissão para utilização das mesmas nas situações nas quais os resíduos não causem efeitos prejudiciais aos coletores e estações de tratamento, não ofereçam riscos aos trabalhadores que realizam a manutenção da rede e não alterem os processos de depuração das estações de tratamento; é proibido o despejo de resíduos nas redes publicas se estes impedirem o correto funcionamento e manutenção dos coletores,

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Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas 9-21

sejam eles resíduos sólidos, líquidos, gases combustíveis, inflamáveis ou explosivos, irritantes, corrosivos ou tóxicos.

− Verificar se não há necessidade de autorização especial para deposição de resíduos líquidos em bacias hidrográficas ou outras áreas.

− No caso em que os níveis de contaminação observados nos resíduos ultrapassam os limites estabelecidos de contaminantes ou outros agentes agressivos, deve-se efetuar, no canteiro, o pré-tratamento, para que não altere as condições da rede.

− Devem-se instalar dispositivos e estabelecer procedimentos para coletar amostras e analisar a qualidade do resíduo líquido.

− Reduzir os resíduos em volume, evitando destinar imediatamente águas residuais, com cimento ou outros produtos provenientes da limpeza de ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos, reutilizando esses líquidos e realizando a sua evacuação de maneira controlada.

− Reduzir a periculosidade do acondicionamento dos resíduos líquidos, utilizando recipientes de coleta de materiais que evitem derrames de combustível, óleos e outros líquidos.

− Assegurar que a remoção dos recipientes de estocagem de resíduos líquidos seja feita por empresa especializada.

Finalmente, cabe lembrar que a questão do gerenciamento dos resíduos tem relação direta com a da limpeza da obra. Assim, não só as áreas coletivas e de apoio à produção do canteiro e as calçadas circunvizinhas devem ser varridas regularmente e mantidas limpas como, uma vez o serviço concluído, de preferência diariamente, também o local de produção deve ser varrido e os resíduos encaminhados para o local de coleta intermediária (bags) ou final (caçamba ou baia).

Do ponto de vista das necessidades de desenvolvimento tecnológico, muitas são elas. As primeiras são de natureza mercadológica: faltam estudos de logística reversa que definam o modus faciendis e demonstrem a sustentabilidade técnica, econômica e ambiental do reaproveitamento dos resíduos de construção. Tem relação direta com isso um dos objetivos da Resolução CONAMA nº 307/2002, de “incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo”, o que está longe de vir sendo feito pelos municípios.

Ainda em relação à Resolução, faltam ainda na maioria dos centros urbanos áreas já cadastradas aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, assim como áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos licenciadas.

Os fabricantes, de um modo geral, não estão sensíveis à sua responsabilidade no processo, e desconhecem conceitos como o de logística reversa ou mesmo de retorno dos resíduos à produção.

Do ponto de vista gerencial, empresas construtoras com sistemas de gestão da qualidade implantados não têm dificuldades para gerenciar os registros de destinação e aceitação dos resíduos, o que pode não ser o caso de outras empresas.

Há também necessidade de se desenvolver aspectos técnicos relacionados à reciclagem dos produtos, embora avanços venham ocorrendo nesta área.

No caso de pedidos e informações junto aos órgãos responsáveis pelas redes públicas de saneamento sobre a possibilidade de deposição de resíduos líquidos, já há tradição prévia de troca de informações entre as equipes de obras, nos casos das ligações provisórias e definitivas, o que

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pode facilitar as coisas.

Não há tecnologia para o pré-tratamento no canteiro de obras de resíduos líquidos cujos níveis de contaminação ultrapassam os limites estabelecidos de contaminantes e nem dispositivos e procedimentos para coleta de amostras e análise da qualidade do resíduo líquido.

Precisam ser definidos recipientes para o acondicionamento correto dos resíduos líquidos; o número de empresas especializadas capazes de removê-los é limitado.

9.1.3.3. Manejo e destinação de resíduos perigosos

Trata-se aqui de um caso particular dos discutidos nos dois itens anteriores, onde as mesmas recomendações se aplicam, só que com mais rigor, e outras vêem se somar. Resíduo perigoso é aquele que, por causa de suas propriedades perigosas podem causar danos à saúde e meio ambiente ou que tragam riscos para a segurança (incêndio, explosão, etc.).

Considerar como resíduos perigosos os definidos para a Classe D pelas Resoluções do CONAMA nº 307/2002 e nº 348/2004 (amianto). São assim resíduos perigosos, entre outros: produtos de soldagem; materiais usados em impermeabilizações a base de asfalto ou amianto; produtos de preservação de madeiras como creosotos, germicidas, anti-oxidantes; tintas e vernizes; outros resíduos químicos (anti-corrosivos, secantes, fungicidas, inseticidas, solventes, diluentes, ácidos, abrasivos, detergentes, etc.); equipamentos elétricos que contenham componentes perigosos, como tubos de raios catódicos e lâmpadas fluorescentes; instrumentos de aplicação de tintas e vernizes como broxas, pincéis e trinchas; outros materiais auxiliares na aplicação de produtos perigosos, como panos, trapos, estopas, etc. Materiais, instrumentos e embalagens contaminados por resíduos perigosos também passam a ser considerados como tal.

Tanto os resíduos perigosos, como as embalagens e os materiais contaminados por esses produtos, devem ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas. Deve-se assim prever triagem e acondicionamento específicos para os mesmos.

Cuidados especiais devem ser consagrados à destinação dos resíduos perigosos, uma vez que a destinação incorreta trará conseqüências extremamente danosas para comunidades mais distantes. Isso implica numa tarefa adicional para as construtoras, embora se superpondo a um papel dos órgãos ambientais, o da correta qualificação e avaliação dos destinatários, que obrigatoriamente devem ser licenciados.

Como recomendações gerais, tem-se ainda para o manejo e destinação resíduos perigosos:

− Preparar uma lista dos resíduos perigosos existentes na obra e realizar a triagem correta dos mesmos, seguindo com mais rigor as recomendações válidas para os resíduos não perigosos.

− Os resíduos líquidos devem ser dispostos em tanques impermeáveis.

− Armazenar os resíduos perigosos em recipientes adequados, cujo material não seja afetado pelo resíduo e seja resistente ao manejo; no caso de resíduos líquidos, posicionar os recipientes sobre áreas impermeáveis.

− Identificar os recipientes de armazenamento dos resíduos perigosos antes de serem enviados às áreas de destinação; identificá-los com uma etiqueta que, pela Resolução

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Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas 9-23

do CONAMA nº 006/1988, de 15 de julho de 1988, deve apresentar: identificação do gerador de resíduos; caracterização dos resíduos; dados sobre o transporte dos resíduos; dados sobre estocagem/tratamento/destino dos resíduos (data de destinação do resíduo e data de inicio e fim do armazenamento, por exemplo); responsável pelo preenchimento; convém adotar o símbolo / rótulo pictórico correspondente (produto nocivo, tóxico, inflamável, etc.), segundo a NBR 7500 - Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos, e transportar o resíduo acompanhado da respectiva Ficha de Emergência (NBR 7503 - Ficha de emergência e envelope para o transporte terrestre de produtos perigosos).

− Proteger ou mesmo fechar ou lacrar o recipiente quando estiver completamente cheio de resíduos perigosos.

− Posicionar os recipientes de resíduos perigosos em locais ventilados e protegidos das intempéries, de forma que as conseqüências de um possível acidente sejam mínimas; distanciá-los de focos de calor ou chamas e cuidar para que elementos que estejam armazenados à proximidade não reajam entre si.

− Tomar as devidas precauções quando do manejo de resíduos perigosos para proteger as condições de saúde do trabalhador, por exemplo, pela inalação ou manejo inadequado (contato com a pele, olhos, etc.).

9.1.3.4. Queima de resíduos

A queima de resíduos a céu aberto é uma forma de destinação de resíduos sólidos proibida pelo artigo 130 do Decreto-Lei 78/2004, de 3 de abril de 2004, que estabelece o regime da prevenção e controlo das emissões de poluentes para a atmosfera. Também a Norma Regulamentadora NR-18 proíbe a queima de lixo ou qualquer outro material no interior dos canteiros de obras.

9.1.4. Incômodos e poluição

O quarto e último grande tema diz respeito aos incômodos e poluição causados pelos canteiros de obras, que se relaciona com os seguintes aspectos ambientais:

− geração de resíduos perigosos;

− geração de resíduos sólidos;

− emissão de vibração;

− emissão de ruídos;

− lançamento de fragmentos;

− emissão de material particulado;

− risco de geração faíscas onde há gases dispersos;

− desprendimento de gases, fibras e outros;

− renovação do ar;

− manejo de materiais perigosos.

A discussão das necessidades de desenvolvimento de tecnologias para superar os impactos decorrentes desses aspectos é feita em função das atividades desenvolvidas nas diferentes fases de uma obra:

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

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9-24

− demolição;

− limpeza superficial do terreno;

− fundações;

− rebaixamento do lençol;

− escavações e contenções;

− estrutura;

− alvenarias;

− divisórias;

− esquadrias;

− telhado;

− impermeabilização;

− revestimento vertical;

− pintura;

− piso;

− sistemas prediais;

− redes enterradas e aéreas;

− terraplenagem;

− pavimentação;

− drenagem superficial.

9.1.4.1. Geração de resíduos perigosos

A geração de resíduos perigosos pode ocorrer em diferentes atividades desenvolvidas num canteiro de obras, e as tecnologias para minimizar seus impactos e o seu grau de desenvolvimento variam em cada caso. Seguem recomendações específicas, que visam minimizar o uso de determinados produtos e, indiretamente, dos resíduos perigosos por eles gerados.

Atividade: Demolição

Resíduos de antigas tubulações em chumbo devem ser segregados e considerados perigosos; pinturas em imóveis antigos podem ter sido executadas com tintas à base de chumbo. No caso das pinturas, a principal ação preventiva é evitar se respirar a poeira oriunda das pinturas, que tenham sido removidas por lixamento, apicotamento, etc.

Resíduos provenientes de edificações onde a possibilidade de exposição dos produtos a radiações ou a produtos químicos, como clínicas radiológicas e instalações industriais (ver Resolução CONAMA nº 307/2002) devem ser considerados perigosos.

Atividade: Fundações

A lama bentonítica e os siltes são bastante poluentes, e não podem ser jogados nos esgotos ou rede de drenagem. Caso haja solo contaminado no terreno, os corpos d’água devem ser isolados dos mesmos com, por exemplo, geomembrana.

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

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Atividade: Estrutura

A nata de cimento que escapa da concretagem de elementos estruturais pode ser considerada um resíduo perigoso.

Evitar produtos hidrossolúveis tóxicos de preservação contra insetos e fungos em madeiras estruturais (sais, CCA a base Cobre – Cromo – Arsênio e CCB base de Cobre – Cromo – Boro), incluído em madeiras para coberturas. Sempre se deve definir a quantidade do produto de preservação em função das condições de exposição do componente estrutural. Para classe de riscos de produtos de preservação da madeira, ver site do IBAMA: http://www.ibama.gov.br/qualidadeambiental/madeira/produtos_reg_ibama.xls.

Atividade: Divisórias

Os resíduos contendo gesso não são considerados inertes, pois, embora de baixa solubilidade, são solúveis em água, podendo atingir lençóis aqüíferos.

Evitar derramamentos de colas usadas na execução de divisórias.

Atividade: Impermeabilização

Evitar derramamentos de emulsões, solventes, etc.

Atividade: Pintura

Para diminuir os riscos de produção de resíduos perigosos, preferir o uso de tintas e vernizes sem formaldeídos ou formóis e que não emitam compostos orgânicos voláteis (COV) ou de baixa emissão, que normalmente não possuem mercúrio e seus derivados em sua composição, e também pigmentos de chumbo, cádmio, cromo ou seus óxidos. COV reagem com outros agentes poluentes presentes nos meios urbanos, produzindo ozônio, que afetam a saúde.

Evitar assim o uso de:

− solventes à base de derivados de petróleo (tolueno, xileno, white spirit, etc.), clorados (tricloroetileno, diclorometano, etc.), oxigenados (acetonas, álcoois, ésteres, éteres, etc.);

− vernizes sintéticos, à base de poliuretano

− tintas e vernizes a óleo (glicerofitálicos);

− tintas e vernizes à base de água.

Mesmos tintas acrílicas podem apresentar riscos ambientais, devidos a resinas, pigmentos e aditivos.

Evitar derramamentos de tintas e vernizes, sobretudo sobre o terreno natural.

Nunca permitir que os resíduos da limpeza de pincéis e outras instrumentos e ferramentas de pintura adentre a rede de esgoto ou atinja o terreno natural.

Atividade: Piso

Preferir vernizes com solventes à base de água; evitar emprego de vernizes tipo “Sinteko” ou poliuretânicos.

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

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9-26

Evitar derramamentos de colas.

Atividade: Sistemas prediais

Evitar o emprego de produtos antiferrugem contendo chumbo, cromo ou cádmio.

Atividade: Terraplenagem

Caso haja solo contaminado no terreno, deve-se isolar os corpos d’água e consultar um especialista sobre a melhor solução. Os siltes retirados durante a terraplenagem não podem ser dispostos em corpos d’água ou esgoto.

Atividade: Pavimentação

Os resíduos de pavimentação são considerados tóxicos, principalmente a fumaça, que causa problemas de saúde ao ser inalada.

9.1.4.2. Geração de resíduos sólidos

A redução de perdas no canteiro, e a conseqüente minimização da geração de resíduos, já foi discutida no capítulo anterior, dessa forma, este item não será abordado, apenas indicado, devido à sua importância na construção civil.

9.1.4.3. Emissão de vibração

As vibrações são fontes de danos à saúde do trabalhador, incômodos à vizinhança e patologias em edificações vizinhas ao canteiro. “O grau de vibração está associado à intensidade, à duração, à freqüência e ao número de ocorrência” das ações que a causam. Vale lembrar que, também como resultados das vibrações, há “o aumento da propagação do ruído pelo transporte do som através do solo e das estruturas, sendo mais perceptível durante a noite, devido ao baixo nível de ruído de fundo” (ANDRADE, 2004).

Se a emissão de vibração for inevitável, é recomendável que a faça em períodos que causem menores incômodos à vizinhança e que, no caso de construções vizinhas com risco de apresentarem patologias, que se tomem todas as precauções necessárias.

Este aspecto é particularmente importante quando, próximo ao canteiro, há hospitais, escolas, hotéis, sítios históricos, edificações antigas ou tombadas pelo patrimônio histórico, etc.

Atividade: Demolição

A emissão de vibração pode ser reduzida pelo uso de equipamentos leves ou serras de corte.

Atividade: Fundações

A execução das fundações é uma das maiores fontes de vibração em obras, especialmente quando são utilizadas estacas cravadas. É preferível a utilização de bate-estacas vibratórios, pois causam menos incômodos que os que funcionam por gravidade,

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Atividade: Escavações e contenções

Se possível, utilizar bate-estacas vibratório para cravar elementos de contenções.

Atividade: Redes aéreas e enterradas

No caso de escavações que causem vibração, valem as recomendações feitas no início deste item.

Atividade: Terraplenagem

Quando possível substituir o rolo compressor vibratório pelo não vibratório.

Atividade: Pavimentação

No caso do uso da britadeira, valem as recomendações feitas no início deste item.

9.1.4.4. Emissão de ruídos

A emissão de ruído e um dos aspectos ambientais que mais causam incômodos, podendo prejudicar a saúde e o bem estar dos trabalhadores e da comunidade vizinha à obra. Dependendo da vizinhança da obra, os cuidados com a emissão de ruídos precisam ser redobrados, como quando da existência de hospital, creche ou zona estritamente residencial calma.

Segundo Andrade (2004), “O ruído da obra pode ser avaliado em termos de nível sonoro equivalente contínuo e/ou em termos de nível máximo. O nível de som na vizinhança que provém do local da obra dependerá de vários fatores, que são: (a) a potência sonora do processo e da máquina; (b) o período de processo da operação e da máquina; (c) a distância da fonte para o receptor; (d) a presença de enclausuramento; (e) a reflexão do som. Outros fatores como condições meteorológicas (particularmente velocidade do vento e a sua direção), absorção do solo e absorção atmosférica, também podem influenciar no nível de ruído recebido...”.

Assim, escreve a autora: “Quando se descreve o ruído de eventos isolados, que não aparente ser por um período muito longo de Leq, pode ser utilizado um período curto (por exemplo 5 min) de Leq (valor médio quadrático sonoro). Qualquer medida usada para descrever o ruído do local da obra deve especificar o período do dia que o valor medido se aplica.”

Antes, ela afirmara que: “De acordo com U.S. Department of Transportation Federal Railroad Administration (1998), o Leq é apropriado por descrever os ruídos por operações separadas e pela combinação das mesmas, para cada equipamento, para cada fase da construção e para todas as fases conjuntas em períodos definidos. Se considerarmos o ruído da construção civil, que é variável durante um período de tempo T, o Leq representa o nível de ruído constante com a mesma energia que o ruído realmente percebido durante o período considerado. O Leq corresponde ao valor médio quadrático da pressão sonora referente a todo intervalo de medição, sendo que, devido ao conteúdo tonal existente, deve haver uma correção para corresponder ao incômodo real (I) ou deve ser utilizada a medição do nível sonoro máximo ponderado (LAmáx).”

A NBR 10.151 - Avaliação de ruídos em áreas habitadas visando o conforto da comunidade2 traz a fórmula para o cálculo do Leq.

2 ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.151: Avaliação de ruídos em áreas habitadas visando o conforto da comunidade. Rio de Janeiro, 2000.

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As recomendações gerais feitas no caso das vibrações, de escolha dos períodos de emissão e da gravidade do incômodo em certos locais também aqui são válidas Outras recomendações básicas para minimizar tais impactos confrontam as condições de exposição com as de aceitação dos ruídos. Com base na norma inglesa BS 5228 (Part 1): Noise Control on Construction and Open Sites (1984)3, Andrade (2004) propôs muitas delas, que são em parte aqui retomadas e complementadas:

− Adotar como critérios para se fixar o objeto de controle de ruído, uma vez que é “é provável que vários fatores afetem as considerações da aceitabilidade do ruído (de uma obra) e o grau de controle necessário”: localização da obra, nível de ruído ambiental existente na vizinhança (ruído de fundo), duração das operações ruidosas, horas de trabalho, percepção pelo receptor da atitude do produtor do ruído e características do ruído.

− Identificar os limites de produção de ruídos impostos pela legislação e outros impostos pelas condições locais.

− Procurar estabelecer limites mais rigorosos de emissão para a obra do que os da legislação; por exemplo, 80 dB(A) parece ser um valor máximo de nível sonoro adequado nas divisas do terreno da obra e o de 85 dB(A) o limite adequado para um local a 10 metros da fonte emissora.

− Identificar e relacionar ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos que produzam ruído ou vibração, caracterizar em que fases da obra são utilizados e estimar os valores das emissões sonoras causadas (dar preferência de uso para aqueles cujos fabricantes forneçam tais informações); comparar os níveis sonoros que serão atingidos com os limites; analisar a possibilidade de emprego de ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos menos ruidosas; planejar a realização de atividades ruidosas; considerar a possibilidade de se dobrar o número de equipamentos que produzam ruídos, de tal forma que trabalhem em paralelo, diminuindo o tempo de exposição; respeitar estritamente os horários de trabalho.

− Informar a vizinhança, ao longo do desenrolar da obra, quanto às fases de elevada produção de ruídos assegurando um bom relacionamento com a comunidade.

− Dar preferência a ferramentas, equipamentos, veículos e máquinas elétricos, e não pneumáticos ou a explosão; evitar geração de ruídos e vibrações por golpes (estaqueamento, martelamentos, posicionamento e esvaziamento bruscos de caçambas de concreto, etc.); o uso da solução elétrica, embora mais caros, pode ainda dispensar a necessidade de um compressor. independentemente da fonte de movimentação, exigir a insonorização das principais fontes de ruídos, principalmente dos internos (compressores, geradores, betoneiras, caminhões, guindastes, tratores, escavadeiras, etc.); dar preferência para bens novos, que produzem menos ruídos; zelar pelo estado de manutenção dos mesmos; mantê-los desligados quando não em uso.

3 BRITISH STANDARD. BS 5228 (Part 1): Noise Control on Construction and Open Sites. [S. l.], 1984 apud Andrade (2004).

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Para se ter uma idéia dos impactos sonoros, as tabelas 3 a 5 trazem valores de Nível de Potência Sonora Equivalente (LeqNWS) e Nível de Pressão Sonora Equivalente (LeqNPS) dos principais equipamentos usados nos canteiros.

Tabela 3. Níveis de Potência Sonora Equivalentes de equipamentos usados nos canteiros (fonte: Noise Levels of Equipment Used Outdoors, 2001 apud Andrade (2004)).

Equipamento LeqNWS (dB(A))

Bombas 111

Caminhões 105

Compressor 102

Gerador 102

Guindaste 115

Grua 115

Pá Carregadeira 108

Perfuratriz –Rompedor 121

Serra Manual Madeira/Mármore 125

Tabela 4. Níveis de Pressão Sonora para 15 metros de equipamentos usados nos canteiros (fonte: Congresso Internacional de Acústica, 1985 – Mackenzie L. Davis e David A. Cornwell,

“Introduction to Environmental Engineering” apud Andrade (2004)).

Equipamento LeqNPS (dB(A))

Compactadores 82 - 85

Caminhão basculante 79 - 94

Retroescavadeira 79 - 102

Tratores 85 - 106

Raspadeira niveladora 90 - 104

Caminhão betoneira 92 - 97 Equ

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Caminhões 92 - 106

Betoneira com carregador 84 - 96

Bomba para concreto 92 - 94

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Guindaste de braço horizontal – grua 96 - 98

Bombas 75 - 83

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Geradores 83 - 94

Compressores 83 - 98

Perfuratriz manual e furador – rompedor 92 - 108

Equ

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Bate estaca de impacto 104 - 118

Mangote de imersão e vibrador 80 - 93

Out

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Conjunto serra circular – bancada

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Tabela 5. Níveis de Potência Sonora Equivalentes e de Pressão Sonora de equipamentos usados nos canteiros (fonte: Andrade (2004)).

Equipamento LeqNWS (dB(A)) LeqNPS (dB(A))

Caminhão Tanque 93 96 (?)

Régua Vibratória 94 -

Bate-estacas - 110 (15 m)

Elevador de carga - 64 (1,5 m)

Pistola finca – pinos 120 (1,5 m)

Rolo pé de carneiro, 111 -

Distribuidora de agregados 108 -

Rolo compactador 121 -

Máquina soldadora - 73 (15 m)

Com base nesses valores, Andrade (2004) calcula os valores de Potência Sonora LeqNWS dos diferentes equipamentos, conforme tabela 6. Tais valores permitem identificar claramente quais os equipamentos que mais chances têm de causar impactos, embora não sejam suficiente para o cálculo do impacto no caso funcionamento simultâneo de vários deles, pois o resultado da ação conjunta depende de vários aspectos, incluindo do próprio ambiente da obra, e não da simples adição.

− Reduzir as emissões empregando máquinas, equipamento e veículos menos ruidosos, implantando silenciadores em escapamentos e mantendo-os desligados quando não estiverem sendo utilizados.

− Localizar as áreas de produção de ruídos e vibrações (compressores, betoneiras, vibradores, bombas, etc.) de tal forma a minimizarem os impactos na vizinhança, trabalhadores e fauna local; essa minimização muitas vezes se dá localizando as áreas próximas aos locais mais ruidosos já existentes na vizinhança; o aumento da distância entre emissor e receptor é uma solução minimizadora eficiente, e deve ser empregada quando possível.

− Zelar pelo uso (fechamento) e bom estado das proteções acústicas existentes nas ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos; prever a implementação de proteções acústicas complementares para aqueles que produzam ruídos excessivos, cujos custos podem ser amortizados em mais de uma obra; prever a construção de barreiras físicas ou utilizar barreiras existentes entre as fontes emissoras e receptoras.

− Prever o uso de walkie-talkie para comunicação entre pessoal da obra.

− Organizar a circulação de veículo de modo a que evitem zonas sensíveis a ruídos; prever áreas de manobras de veículos, para evitar que dêem marcha-à-ré e acionem o aviso sonoro; exigir que motores sejam desligados quando o veículo não estiver em movimento ou o equipamento em uso.

− Sensibilizar funcionários próprios e de terceiros atuando no canteiro quanto aos problemas de ruído, informá-los quanto às sua origens e riscos de exposição e capacitá-los quanto às formas de minimizá-los.

De um modo geral, e não obstante a tese de doutoramento de Andrade (2004), ainda se conhece pouco sobre as fontes de ruídos em obra e as soluções de projeto e de gestão para minimizá-las. Do

ponto de vista tecnológico, deve-se investir mais na fabricação local de ferramentas,

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

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equipamentos, máquinas e veículos que produzam menos ruídos, ou daqueles dotados de tecnologias alternativas, já normalmente menos ruidosas.

Tabela 6. Níveis de Potência Sonora de equipamentos usados nos canteiros (fonte: Andrade (2004)).

Equipamento LeqNWS (dB(A)) Bate-Estaca 140

Betoneira c/ Carregador 119 Bombas 111

Bomba para Concreto 117 Caminhões 105

Caminhão Basculante 119 Caminhão Betoneira 123 Caminhão Tanque 96

Compactador 110 Compressor 102

Distribuidora de Agregados 108 Elevador de Carga 64

Elevador de Plataforma 64 Gerador 102

Grua 115 Guindaste 115

Mangote-Vibrador 117 Máquina Soldadora 72

Pá Carregadeira 108 Perfuratriz –Rompedor 121

Pistola finca – pinos 120 Raspadeira, Niveladora 127

Régua Vibratória 94 Retro-Escavadeira 127

Rolo Pé de Carneiro 111 Serra Circular-Bancada 117

Serra Manual Madeira/Mármore 125 Trator 130

Rolo Compactador 121

Atividade: Demolição

Dar preferência ao uso de rompedores elétricos, e não pneumáticos.

Atividade: Limpeza superficial do terreno

Realizar as atividades em períodos causem menores incômodos à vizinhança.

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

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9-32

Atividade: Fundações

Quando possível, utilizar bate-estacas vibratório ao invés de bate-estacas por gravidade.

Atividade: Escavações e contenções

Vale a recomendação feita para as fundações.

Atividade: Estrutura

Atentar para as evoluções tecnológicas dos vibradores elétricos (isolamento em dias de chuva) e sua disponibilização no mercado; preferir o uso de vibradores de agulha mais silenciosos.

Privilegiar o uso de concretos auto-adensáveis.

Evitar perfuração de lajes ou estruturas em geral para realizar aberturas de passagens.

Preferir o emprego de componentes produzidos fora do canteiro (armadura pronta, fôrmas racionalizadas, estruturas pré-moldadas, estruturas metálicas, etc.).

Atividade: Revestimento vertical

Valem as recomendações feitas no início deste item.

Atividade: Redes aéreas e enterradas

Se possível, não utilizar britadeira. Caso haja necessidade, o equipamento deve ser utilizado em períodos que provoquem menores incômodos à vizinhança.

Os trabalhadores devem utilizar proteção auricular e outros equipamentos.

Atividade: Terraplenagem

OS equipamentos mais ruidosos devem ser utilizados em períodos que provoquem menores incômodos à vizinhança.

Atividade: Pavimentação

Valem as recomendações feitas no início deste item.

Atividade: Drenagem superficial

As atividades envolvidas na execução da drenagem superficial devem ser feitas em períodos que gerem menores incômodos à vizinhança.

9.1.4.5. Lançamento de fragmentos

A Norma Regulamentadora NR-18, em seu capítulo sobre máquinas, equipamentos e ferramentas diversas, falando de um modo genérico sobre a questão da segurança e saúde, estabelece que máquinas e equipamentos que ofereçam risco de ruptura de suas partes móveis, projeção de peças ou de partículas de materiais devem ser providos de proteção adequada.

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Atividade: Demolição

A principal recomendação específica aplica-se aos casos de uso de explosivos, onde deverão ser aplicadas as técnicas previstas, bem como se fazer uso de profissionais e empresas qualificados.

Atividade: Estrutura

Nos casos em que for possível, proteger o edifício com rede,

Atividade: Alvenarias

Proteger o edifício com rede desde o início da obra, auxiliando na retenção dos fragmentos.

Atividade: Revestimento vertical

É válida a recomendação feita para a execução das alvenarias.

9.1.4.6. Emissão de material particulado

Trata-se de um dos aspectos que causam incômodos dos mais perceptíveis, para os operários e para a vizinhança. Portanto, deve-se dedicar especial atenção a ele.

No caso da poluição do ar, dentre elas as causadas pelo material particulado, há de se atentar às condições meteorológicas (ventos, chuvas). Assim como no caso do desprendimento de gases, as soluções para os problemas relacionados à emissão de material particulado dependem das condições locais de vento. Assim, é preciso que a empresa levante informações sobre os ventos dominantes (freqüências, com velocidades e sentido) e as condições do relevo e das construções vizinhas que possam influenciá-los.

No mais, as principais recomendações são:

• Prever a molhagem moderada e periódica de vias e áreas sujeitas a ventos que possam gerar poeiras, principalmente em períodos de estiagem; manter as vias internas do canteiro de obra em condições adequadas.

• Cobrir ou molhar os materiais armazenados que emitem partículas.

• Exigir que motores diesel sejam desligados quando o veículo não estiver em movimento ou o equipamento em uso.

• Zelar pelo estado de manutenção de equipamentos, máquinas e veículos que possam emitir material particulado.

Do ponto de vista de tecnologias pouco usuais no país, tem-se o uso de aspiradores, em atividades com demolição, pintura (durante a preparação da base) e revestimentos à base de resinas sintéticas (durante a preparação da base).

Atividade: Demolição

A demolição gera grandes quantidades de poeira, portanto, é necessário prever a molhagem moderada e periódica dos resíduos que possam gerar poeiras.

Veículos transportando resíduos que possam desprender material particulado devem ser

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas

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adequadamente cobertos.

Atividade: Limpeza superficial do terreno

Veículos transportando material que possa desaprender partículas devem ser adequadamente cobertos.

Atividade: Fundações

Onde for possível, prever a molhagem moderada e periódica do solo.

Atividade: Escavações e contenções

Veículos transportando material que possa desaprender partículas devem ser adequadamente cobertos.

Atividade: Estrutura

Materiais finos, pulverulentos, como areia usada em concretos, devem ser estocados ao abrigo dos ventos; devem igualmente ser cobertos, principalmente em períodos de estiagem.

No caso da produção de concreto em obra e da presença de esteiras rolantes para conduzir aglomerados à betoneira, estas devem ser cobertas.

Atividade: Revestimento vertical

Os trabalhadores devem usar constantemente proteção para os olhos e nariz. Evitar raspagens.

Atividade: Pintura

Evitar as atividades de raspagem e assegurar que os funcionários utilizem equipamentos de proteção adequados.

Atividade: Piso

Cuidados devem ser dispensados à poeira gerada na raspagem de pisos de madeira.

Atividade: Redes aéreas e enterradas

Se for possível, realizar a molhagem moderada do solo durante a execução de redes enterradas.

Atividade: Terraplenagem

Prever a molhagem moderada e periódica de vias e áreas sujeitas a ventos que possam gerar poeiras, principalmente em períodos de estiagem.

Veículos transportando material que possa desaprender partículas devem ser adequadamente cobertos.

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

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Atividade: Pavimentação

Além das recomendações já feitas ao longo deste item, vale reforçar a utilização de equipamentos de proteção, dada a toxicidade do material particulado emitido pelo asfalto quente.

Quanto às tecnologias, quase nada se sabe sobre as medidas de emissões em canteiros de obras, embora se conheça sobre emissões em situações com certa semelhança, como o caso de minas e jazidas. Por outro lado, pesquisa com instrumentação e método similares aos que são usados em investigações sobre a qualidade do ar interno de edificações poderiam ser realizadas para cobrir esta lacuna, combinando métodos empregados em setores como os apontados.

9.1.4.7. Risco de geração de faíscas onde há gases dispersos

Atividade: Redes aéreas e enterradas

Entrar em contato com as concessionárias locais para obter informações sobre as redes existentes.

9.1.4.8. Desprendimento de gases, fibras e outros elementos

Uma das formas de penetração de produtos perigosos nos seres vivos é pela inalação de gases. Esse é o caso, por exemplo, de certas resinas sintéticas, presentes em tintas e vernizes e revestimentos, à base de epóxi, poliuretano, poliéster, etc. No caso dos operários, os momentos mais críticos de exposição são os de preparação do produto a ser aplicado (mistura, diluição, etc.) e de sua aplicação, manual ou mecânica; o momento da limpeza dos equipamentos e instrumentos também pode ser crítica.

De uma forma geral, as soluções para se minimizar os efeitos nocivos dos desprendimentos, principalmente de gases, dependem das condições locais de vento. Assim, é preciso que a empresa levante informações sobre os ventos dominantes (freqüências, com velocidades e sentido) e as condições do relevo e das construções vizinhas que possam influenciá-los.

Cuidados especiais devem ser dispensados aos produtos inflamáveis que sejam estocados na obra. A presença de extintores adequados e com cargas no prazo de validade (contrato de manutenção) é fundamental.

Reduzir a emissão de CO2, NOx e SOx mantendo os equipamento, veículos e maquinas com motores a gasolina desligados.

Evitar a emissão de clorofluorcarbonos hidrogenados (HCFC), evitando o uso de aerossóis, e provendo manutenção adequada aos equipamentos que possuam sistemas de refrigeração.

Feitos esses comentários gerais, pode-se entrar nas especificidades das emissões que ocorrem durante as diferentes atividades de uma obra.

Atividade: Demolição

Atenção ao risco de perfuração de tubulações de equipamentos contendo líquidos refrigerantes, que ao vazarem geram gases prejudiciais à camada de ozônio e que causam efeito estufa. O mesmo cuidado deve ser dispensado quando da demolição de câmaras frigoríficas, por exemplo.

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Atividade: Divisórias

O desprendimento de fibras pode ocorrer quando do uso de isolantes a base de fibras, tanto na sua colocação (operações de corte, por exemplo) quanto após, caso sejam deixados expostos. As lãs de rocha são mais biopersistentes do que as de vidro, sendo, portanto, mais nocivas para a saúde.

Empregar painéis com baixo teor formaldeídos ou formóis (por exemplo, divisórias de madeira compensada levam cola na junção das lâminas); evitar colas à base de formol para a colagem de placas de revestimento, que desprendem formaldeídos ou formóis (COV).

As colas com solventes trazem riscos de explosão, incêndio, intoxicação grave, agressão à pele e mucosas nasais quando de sua utilização e emitem gases após sua aplicação, quando de seu endurecimento.

Gessos obtidos a partir de fósfogessos podem emitir radônio.

Atividade: Esquadrias

O uso de solventes à base de acetona deve ser evitado em limpezas de vidros, pois causam problemas de saúde aos trabalhadores, causam chuvas ácidas e aumentam o efeito estufa.

Toda queima de produto à base de policloreto de vinila (PVC) deve ser evitada, pela legislação e por causar chuva ácida.

Atividade: Telhado

Evitar a utilização de telhas de amianto devido ao desprendimento de fibras tóxicas. O trabalhador, ao entrar em contato com materiais e componentes que contenham amianto, deve utilizar proteção adequada.

Atividade: Impermeabilização

Alguns produtos utilizados na impermeabilização emitem gases tóxicos, dessa forma, é necessário o uso dos equipamentos de proteção pertinentes.

Atividade: Pintura

Preferir o uso de tintas e vernizes sem formaldeídos ou formóis e que não emitam compostos orgânicos voláteis (COV) ou de baixa emissão, pois estes reagem com outros agentes poluentes presentes nos meios urbanos, produzindo ozônio, que afetam a saúde.

Solventes à base de derivados de petróleo (tolueno, xileno, white spirit, etc.), clorados (tricloroetileno, diclorometano, etc.), oxigenados (acetonas, álcoois, ésteres, éteres, etc.) desprendem gases que podem ter conseqüências neurológicas.

Vernizes sintéticos, à base de poliuretano, que desprendem compostos orgânicos voláteis (COV) devem ser evitados; podem causar explosões.

Tintas e vernizes a óleo, por desprendem grandes quantidades de compostos orgânicos voláteis (COV), devem ser evitados; podem causar explosões.

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Tintas e vernizes à base de água desprendem vapores de álcoois ou de éteres de glicol (sobretudo etilglicol e derivados), que são irritantes e tóxicos.

Quando as condições de exposições da madeira permitirem, dar preferência a tintas e vernizes naturais como resinas balsâmicas, óleos de linhaça, ceras de abelha, terebentinas naturais, etc.

Usar fundos de proteção à base de fosfato de zinco.

Em situações de uso obrigatório de resinas sintéticas que emitam gases, deve-se preferir, pela ordem, o uso de produtos considerados irritantes e depois os nocivos, evitando-se o uso dos considerados tóxicos.

Do ponto de vista da aplicação, algumas inovações quanto aos equipamentos são disponíveis em outros países, mas pouco usados no Brasil: misturadores móveis, que fazem a mistura de componentes em local confinado; bombas de projeção com fluxo duplo, que eliminam a mistura e facilitam as operações de limpeza; rolos de aplicação de pintura com alimentação automática da tinta, que evitam a imersão do mesmo na tinta e conseqüente gotejamento.

A pintura deve ser realizada antes da instalação de componentes ou materiais que absorvam os compostos orgânicos voláteis (COV).

Atividade: Pisos

Pisos de madeira compensada levam cola na junção das lâminas que podem emitir formaldeídos ou formóis (COV) nas primeiras idades.

Há desprendimento de gases quando do assentamento de revestimentos de pisos com o uso de colas; preferir colas brancas, à base de água.

Evitar o emprego de vernizes tipo “Sinteko” ou poliuretânicos; preferir vernizes com solventes à base de água.

As colas com solventes trazem riscos de explosão, incêndio, intoxicação grave, agressão à pele e mucosas nasais quando de sua utilização e emitem gases após sua aplicação, quando de seu endurecimento.

Atividade: Sistemas prediais

Toda queima de produto à base de policloreto de vinila (PVC) deve ser evitada, pela legislação e por causar chuva ácida.

Atenção ao risco de perfuração de tubulações de equipamentos contendo líquidos refrigerantes, que ao vazarem geram gases prejudiciais à camada de ozônio e que causam efeito estufa.

Atividade: Pavimentação

A fumaça desprendida pelo asfalto pode causar dores de cabeça; irritação nos olhos, nariz, garganta e pele; enjôo; mudança na pigmentação da pele; e aumenta o risco de câncer no pulmão. Dessa forma, além dos equipamentos de proteção, os trabalhadores não devem passar longos períodos em contato com a fumaça.

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Concluindo, do ponto de vista das tecnologias, se conhece bem os tipos de emissões, suas origens e conseqüências, mas pouco sobre as intensidades com que ocorrem nos canteiros; estudos específicos precisam então ser feitos.

9.1.4.9. Renovação do ar

A Norma Regulamentadora NR-18 traz um capítulo específico sobre locais confinados, cobrindo essencialmente questões gerais de higiene e segurança.

Do ponto de vista de tecnologias pouco usuais no país, tem-se o uso de ventiladores, em atividades com pintura (durante a preparação da base) e revestimentos de pisos.

Atividade: Fundações

Durante a escavação de tubulões deve-se observar se há desprendimento de gases ou outro impedimento à respiração do trabalhador.

Atividade: Pintura

Se necessário, manter sistema de renovação do ar em recintos fechados onde haja o uso de materiais que contenham compostos orgânicos voláteis (COV).

Atividade: Piso

Problemas de renovação podem ser causados em ambientes confinados, quando do assentamento de revestimentos de pisos com o uso de colas ou o emprego de vernizes tipo “Sinteko” ou poliuretânicos. Preferir vernizes com solventes à base de água.

9.1.4.10. Manejo de materiais perigosos

O tema é de grande importância e foi abordado com relação aos resíduos. Grande parte dos comentários e recomendações valem aqui também. Além disso, deve-se:

− Elaborar um protocolo de ação no caso de derramamento de substancias perigosas.

− Armazenar os materiais perigosos em local seguro e com acesso controlado.

− Conhecer o significado dos símbolos e pictogramas de risco impressos nas etiquetas, e atender todas as recomendações de uso dadas pelos fabricantes.

− Fornecer equipamentos de proteção adequados aos trabalhadores

Não deixar de considerar como perigosos resíduos dos produtos: solda; materiais usados em impermeabilizações a base de asfalto ou amianto; produtos de preservação como creosotos, germicidas, anti-oxidantes; tintas e vernizes; outros produtos químicos (anti-corrosivos, secantes, fungicidas, inseticidas, solventes, diluentes, ácidos, abrasivos, detergentes, etc.).

Atividade: Demolição

Antes do início da demolição deve-se identificar os materiais perigosos existente no local, especificando como o mesmo deve ser manejado.

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Atividade: Impermeabilização

Valem as recomendações feitas no início deste item.

Atividade: Pintura

Os trabalhadores devem utilizar proteção para minimizar a inalação de compostos orgânicos voláteis.

Atividade: Piso

Evitar o emprego de vernizes tipo “Sinteko” ou poliuretânicos; preferir vernizes com solventes à base de água.

Atividade: Pavimentação

São necessários cuidados especiais em relação à proteção do trabalhador, provendo os equipamentos de proteção necessários. A exposição à fumaça de asfalto deve ser moderada devido aos riscos que pode causar à saúde.

9.1.5. Demandas das metodologias de avaliação estrangeiras

Esse item tem como objetivo avaliar em que medida as tecnologias existentes e disponíveis no mercado brasileiro, e já praticadas em canteiros de obras, atendem às exigências das metodologias de avaliação da sustentabilidade de edifícios mais correntemente em uso no mundo, selecionadas e analisadas no relatório anterior.

9.1.5.1. Reduzir a produção de resíduos

Trata-se aqui de um dos maiores desafios a serem enfrentados pelo setor, não somente no segmento das HIS, como nos demais.

A redução da produção de resíduos passa pela implementação de medidas que vão muito além dos limites do canteiro de obras, envolvendo projeto, planejamento, oferta de produtos adequados (normalização técnica, conformidade, desempenho, coordenação modular, etc.), gestão da produção, equipamentos adequados, capacitação da mão-de-obra em todos os níveis, etc.

Do ponto de vista dos produtos e do suporte tecnológico básico (normas, laboratórios, etc.), já aconteceram avanços significativos, mas muito resta a ser feito.

Por outro lado, pode-se dizer que o ferramental metodológico básico para a redução da produção de resíduos existe e é praticado por num número bastante restrito de empreendimentos e empresas, de diferentes agentes.

São grandes as necessidades de investimento em pesquisa aplicada, no desenvolvimento de empresas e na capacitação de pessoas.

9.1.5.2. Quantificar os resíduos por classes

Este aspecto é crítico, porém é aparentemente simples de ser atendido. No entanto, são ainda muitos os desafios para se conseguir incutir a filosofia da triagem nos canteiros e de fato conseguir que seja praticada. A motivação pela sua prática, principalmente por parte dos operários, surge

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como conseqüência de um contexto mais amplo de organização e funcionamento dos canteiros, que passa pela questão da valorização dos trabalhadores, inclusive em termos de inclusão social e salarial. Quase nunca o exemplo dado pelos responsáveis pela condução do canteiro é adequado para que os operários nele se espelhem.

Mudar essa postura na gestão dos canteiros e então informar e instruir os operários são os desafios. Dessa for, precisam ser desenvolvidas metodologias adequadas, num nível de comunicação apropriado.

9.1.5.3. Avaliar o custo das destinações finais dos resíduos por classe

É necessário investir nos estudos econômicos, que hoje são incipientes, envolvendo, por exemplo, os setores industriais de produtos da construção e o conceito de logística reversa.

9.1.5.4. Organizar triagem e coleta

Tal exigência deve atender não somente à Resolução nº 307/2002 do CONAMA, como ser coerente com a capacidade local de assegurar a re-inserção dos resíduos triados no ciclo produtivo, pelo reúso, reciclagem, ATT, produção de energia, etc.

O problema da capacitação e sensibilização da mão-de-obra também é crítico, não somente da que atua nos canteiros de obras, mas incluindo de transportadores e funcionários de ATT.

9.1.5.5. Assegurar a qualidade da triagem

Depende, mais uma vez, da mão-de-obra e empresas envolvidas.

9.1.5.6. Assegurar a rastreabilidade dos resíduos transportados

Trata-se, sobretudo, de uma questão de seriedade no preenchimento dos borderôs que acompanham as cargas de resíduos para que não ocorram fraudes.

9.1.5.7. Limitar a deposição em aterros, privilegiando a reciclagem

Trata-se, essencialmente, de uma questão de desenvolvimento da cadeia produtiva, como comentado acima; é um dos objetivos perseguidos pela Resolução nº 307/2002.

9.1.5.8. Limitar os incômodos sonoros, visuais, de veículos e diversos

Os principais desafios foram apontados nos itens anteriores que discutiram os aspectos ambientais relacionados a esses incômodos.

9.1.5.9. Limitar a poluição do solo, da água e do ar

Os principais desafios foram apontados nos itens anteriores, que discutiram os aspectos ambientais relacionados à poluição.

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9.1.5.10. Assegurar a proteção do ecossistema local

Os principais desafios relacionados à proteção do ecossistema local foram apontados quando da análise dos aspectos ambientais supressão da vegetação e destinação de resíduos. No que se refere especificamente à fauna local, considerar também dificuldades apontadas nos aspectos circulação e manutenção e limpeza de materiais, equipamentos, máquinas e veículos e manejo e destinação de resíduos perigosos; no caso da flora local, valem também os aspectos supressão da vegetação e manejo e destinação de resíduos perigosos.

9.1.5.11. Limitar as erosões

Os principais desafios relacionados à limitação das erosões foram apontados quando da análise dos aspectos ambientais supressão da vegetação, risco de perfuração de redes e destinação de resíduos. Como menos relevância, devem também ser considerados os pontos discutidos nos aspectos ambientais remoção de edificações, risco de desmoronamentos, existência de ligações provisórias, armazenamento de materiais e consumo de recursos naturais e manufaturados.

9.1.5.12. Limitar o consumo de água e de energia

Os principais desafios foram apontados nos itens anteriores que discutiram os aspectos ambientais relacionados a essas necessidades de economia de recursos.

9.1.5.13. Usar madeira de plantação manejada, de reuso ou reciclada

Os principais desafios quanto à madeira foram apontados quando da discussão do aspecto ambiental consumo de recursos naturais e manufaturados.

9.1.5.14. Implementar um Sistema de Gestão do Empreendimento

Diversos agentes atuantes na cadeia produtiva diretamente na produção têm implementado sistemas de gestão próprios, sobretudo os baseados na NBR ISO 9001 e sistemas evolutivos nela inspirados (SiAC do PBQP-H, principalmente); esse é o caso de construtoras, e em menor monta de gerenciadoras e empresas de projeto; assim, não haverá problema para estas incorporarem um sistema de gestão com exigências mínimas voltadas ao empreendimento. No entanto, isso pode ser mais difícil no caso dos empreendedores, justamente os que têm que liderar o processo. Há pesquisa acadêmica sobre o assunto, embora esta não incorpore a questão da sustentabilidade, e experiência internacional (França) específica sobre a questão.

9.1.5.15. Criar mecanismo de comunicação com vizinhança e tratamento queixas

Esta exigência que já é atendida por algumas empresas construtoras líderes na incorporação de práticas ambientais; não havendo dificuldade maior para tanto.

Assim, antes de iniciar a obra, o canteiro deve implementar um mecanismo permanente de comunicação com vizinhos e organizações da proximidade (de bairros, ONG com interfaces, etc.), com os objetivos de ouvir suas necessidades, comunicar-lhes informações (evolução da obra, dos próximos incômodos e poluição, etc.) e receber pedidos ou reclamações.

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Deve haver facilidade para pedidos e reclamações, com disponibilização de número de telefone ou de caixa de correspondência. Deve ser incentivado papel pró-ativo da vizinhança no sentido de propor sugestões de melhorias. Podem ser previstos dias específicos de visitação à obra para a vizinhança. O primeiro contato deve ser estabelecido antes do início das obras e deve ser definido um interlocutor fixo.

Antes do canteiro se iniciar, deverão ser divulgadas informações de interesse para a vizinhança: tipo de obra, duração, horários de trabalho, incômodos e poluição prováveis, etc. Deve ser assumido o compromisso explícito com a vizinhança com relação a aspectos como: insegurança pessoal e patrimonial gerada pela obra, acidentes como quedas de objetos, aumento do tráfego de veículos, limpeza das vias públicas, perturbações do sinal de televisão pela presença de grau, ruídos, impactos visuais, etc.

Muitos dos impactos e incômodos causados pelos canteiros na vizinhança dependem das características do local e dos hábitos dessas pessoas. Portanto, deverão ser levantadas informações sobre a vizinhança tais como:

− atividades e serviços existentes nas imediações, sensibilidade desses aos incômodos e horários de funcionamento;

− incômodos já existentes (ruído de circulação de veículos, poeiras, movimentação de pessoas, sensação de insegurança, etc.);

− mecanismos associativos e comunitários existentes e dinâmica de funcionamento;

− identificação das angústias e expectativas geradas pela obra;

− pontos críticos dos edifícios vizinhos: estado de conservação, importância histórica, falhas de desempenho (acústico, por exemplo).

9.1.5.16. Contratação levando em conta aspectos ambientais

Os principais desafios quanto à contratação de fornecedores levando em conta aspectos ambientais e mesmo de sustentabilidade já foram apontados quando da discussão do aspecto ambiental consumo de recursos naturais e manufaturados.

9.1.5.17. Preparação do canteiro, levando em conta aspectos ambientais

Incorporar o princípio do estudo do canteiro de obras antes de sua execução e do início dos serviços é algo natural quando se pensa na questão ambiental, uma vez que a prevenção é um dos seus elementos básicos. No entanto, as mesmas dificuldades que existem para convencer as empresas a serem ambientalmente corretas haverá para incorporarem a idéia de que é importante se planejar a obra em todos os seus detalhes antes de iniciá-la.

9.1.5.18. Realizar o balanço ambiental do canteiro ao final da obra

Não haverá dificuldade em se realizar tal balanço aceita a idéia de que os agentes envolvidos, e a construtora em especial, por exigência do empreendedor, terá implementado um Sistema de Gestão do Empreendimento.

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9.1.5.19. Implementação de medidas para o controle da qualidade da construção

Valem os comentários feitos no item “Implementar um Sistema de Gestão do Empreendimento”.

9.1.5.20. Minimizar acidentes de trabalho que causem ferimentos ou mortes

Trata-se aqui de um objetivo bastante amplo, que vai além do alcance de práticas de sustentabilidade em canteiros. A legislação brasileira é completa e atual sobre o assunto, principalmente no que se refere a acidentes causem ferimentos ou mortes. Os impactos à saúde de trabalhadores e, sobretudo, da vizinhança causados por aspectos ambientais do canteiro, conforme visto, não são no entanto tão conhecidos assim e mereceriam mais atenção dos órgãos responsáveis e das instituições de pesquisa.

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9.2 Políticas Públicas

As políticas públicas e outras intervenções governamentais têm papel importante no incentivo, regulamentação e difusão de práticas sustentáveis na construção civil. Para a etapa de construção de um edifício, em geral, as ações governamentais se dão pela implementação de leis, resoluções, normalizações, entre outros.

Grande parte das legislações é referente aos resíduos e ao ambiente de trabalho, assim como os programas setoriais. A resolução CONAMA 001/1986, que regulamenta o EIA/RIMA, é a mais abrangente legislação envolvendo os impactos ambientais gerados por um empreendimento. No entanto é aplicada somente às obras de grande porte, envolvendo, inclusive, a fase de operação do empreendimento. Encaixam-se, neste caso: ferrovias, estradas, oleodutos, hidrelétricas, aterros sanitários, etc.

Ao longo do texto a abordagem será feita por temas, envolvendo os “resíduos”, o “ambiente de trabalho”, os “ruídos”, as “emissões veiculares”, e por fim, outras legislações pertinentes ao estudo.

9.2.1 Resíduos

É grande a preocupação em relação aos resíduos, seja pela contaminação que podem causar ao meio ambiente, pelos custos que representam às construtoras, pela escassez de locais para destinação, entre outros. Além das ações governamentais serão abordadas, neste item, ações setoriais, dada a importância e influencia destas.

9.2.1.1 Legislações

As legislações federais referentes aos resíduos provenientes da construção civil são:

− Resolução CONAMA n° 09/1993 – Recolhimento e destinação de óleo lubrificante usado ou contaminado

− Resolução CONAMA n° 257/1999 – Tratamento de pilhas e baterias usadas

− Resolução CONAMA n° 275/2001 – Código de cores para resíduos sólidos na coleta seletiva

− Resolução CONAMA n° 307/2002 – Gestão dos resíduos da construção civil

Há também diversas leis e decretos, estaduais e municipais, regulamentando a questão dos resíduos. Abaixo são listadas, apenas como exemplo, as referentes ao estado de São Paulo e sua capital.

− Lei Estadual 997/1976 – Critérios de emissão de resíduos

− Decreto Estadual 8468/1976 – Prevenção e Controle do meio ambiente

− Lei Estadual 12.300/2006 – Política estadual de resíduos sólidos

− Lei Municipal 13.298/2002 – Responsabilidades e condições de remoção de entulho, terra e materiais de construção

− Lei Municipal 10.315/1987 – Limpeza pública

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− Decreto Municipal 35.657/1995 – Regulamenta a disposição final de resíduos sólidos

− Decreto Municipal 37.952/1999 – Regulamenta a atividade de remoção de entulho

− Decreto Municipal 42.217/2002 – Regulamenta as áreas de transbordo e triagem

9.2.1.2 Programas Nacionais

O PBPQ-H – Programa Brasileiro da Produtividade e Qualidade do Habitat – exige no SiAC (Sistema de avaliação da conformidade de empresas de serviços e obras da construção civil), para os níveis A e B da certificação, no item 7.1.1 Plano da Qualidade da Obra, no item (i), que seja realizada a “definição dos destinos adequados dados aos resíduos sólidos e líquidos produzidos pela obra(entulhos, esgotos, águas servidas), que respeitem o meio ambiente”.

9.2.1.3 Normas Técnicas

A normas técnica referente ao gerenciamento de resíduos no canteiro é a NBR 10004:2004 – Resíduos sólidos – classificação. Nota-se que, entre esta norma e a Resolução Conama n°307, são feitas diferentes classificações dos resíduos.

9.2.1.4 Ações Setoriais

Os SindusCons de diversos estados apresentam ações envolvendo o gerenciamento de resíduos. Pela organização de manuais, seminários, convênios, entre outros, o SindusCon é responsável pela crescente conscientização do setor em relação à questão dos resíduos. Alguns programas estão listados abaixo.

SindusCon – SP

− Gestão de resíduos na construção civil: a experiência do SindusCon – SP.

− Seminário: A gestão de resíduos da construção – a legislação da cidade de São Paulo

− Programa de educação ambiental nos canteiros de obras – parceria com o Senai

− Coordenação de grupos de trabalho para desenvolvimento de soluções para a destinação dos resíduos: GT Gesso, GT impermeabilização, GT tintas.

− Divulgação da relação das empresas transportadoras cadastradas na Limpurb, das áreas de transbordo e triagem e aterros licenciados

− Treinamento de gestão de resíduos em canteiro de obras (curso de 8h, 4 turmas, 72 empresas participantes.)

− Programa de gestão ambiental de resíduos de construção em canteiros de obras – 11 empresas participantes

SindusCon – MG

− Cartilha de gerenciamento de resíduos sólidos para a construção civil

SindusCon – SE

− Projeto Entulho Bom – Reciclagem de entulho para produção de materiais de construção

− Gestão de resíduos na construção civil – manual realizado em parceria com Senai, Sebrae, Competir e GTZ

− Seminário: Reciclagem como oportunidade de negócio

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− A problemática dos resíduos da construção civil em Aracaju: diagnóstico – pesquisa

SindusCon - DF

− Projeto de gerenciamento de resíduos sólidos em canteiros de obras

9.2.2 Ambiente de trabalho

Além das legislações, as ações governamentais relacionadas ao ambiente de trabalho se dão através de pesquisas e publicações realizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, através da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina no Trabalho), como descrito no presente item.

9.2.2.1 Norma

− NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

9.2.2.2 Pesquisas e publicações da Fundacentro

A Fundacentro apresenta um extenso trabalho sobre o assunto, com um grande número de publicações. Dessa forma, optou-se por abordar algumas publicações e pesquisas representativas.

Evento

− Semana da pesquisa: Estudos e pesquisas em parceria na área de segurança e saúde do trabalhador

Segurança no ambiente de trabalho

− Recomendações técnicas de procedimentos

− Manuais e recomendações sobre engenharia de segurança do trabalho na indústria da construção civil

− Manuais de segurança e saúde no trabalho: condições de trabalho na indústria da construção e prevenção de acidentes fatais na indústria da construção civil

Saúde no ambiente de trabalho

− Pesquisa e publicações envolvendo o uso de materiais prejudiciais à saúde, como amianto, sílica, etc., e as doenças por eles causadas (asbestose, silicose, etc.)

9.2.2.3 Normas

− OHSAS – 18001 – Gestão de segurança e saúde ocupacional

9.2.2.4 Ações Setoriais

Os SindusCons dos estados também apresentam publicações ou programas envolvendo o ambiente de trabalho. Adotou-se como exemplo o SindusCon de São Paulo.

− Programa SindusCon-SP de segurança

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9.2.3 Ruído

As legislações relacionadas a ruídos são, principalmente, resoluções CONAMA.

9.2.3.1 Legislações

− Portaria Minter n° 92 19 de junho de 1980 – padrões, critérios e diretrizes relativos a emissão de sons e ruídos

− Resolução CONAMA n° 001/1990 - Critérios e padrões de emissão de ruídos, das atividades industriais

− Resolução CONAMA n° 002/1990 – Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição Sonora – SILÊNCIO

− Resolução CONAMA n° 001/1992 - Estabelece limites máximos de ruído com o veículo em aceleração e na condição parado

− Resolução CONAMA n° 252/1999 - Estabelece limites máximos de ruído nas proximidades do escapamento, para fins de inspeção obrigatória e fiscalização de veículos em uso

9.2.3.2 Normas técnicas

− NBR 10.151 – Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas

− NBR 10.152 – Níveis de ruído para conforto acústico

9.2.4 Qualidade do ar

A qualidade do ar é abordada de duas maneiras pelas legislações: controle da poluição e emissões veiculares. Dessa forma os dois temas serão tratados em diferentes itens.

9.2.4.1 Legislações referentes ao controle da poluição do ar

− Resolução CONAMA n° 005/1989 - Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar - PRONAR

− Resolução CONAMA n° 003/1990 - Padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR

− Resolução CONAMA n° 008/1990 - Padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR

9.2.4.2 Legislações referentes às emissões veiculares

− Resolução CONAMA n° 018/1986 - criação do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores - PROCONVE

− Resolução CONAMA n° 010/1989 - Mecanismos de Controle de Emissão de Gases de Escapamento por Veículos com Motor ciclo Otto

− Resolução CONAMA n° 007/1993 - diretrizes básicas e padrões de emissão para o estabelecimento de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - I/M

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− Resolução CONAMA n° 008/1993 - Complementa a Resolução nº 018/86, que institui, em caráter nacional, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores - PROCONVE, estabelecendo limites máximos de emissão de poluentes para os motores destinados a veículos pesados novos, nacionais e importados

− Resolução CONAMA n° 015/1995 - classificação de veículos automotores, para o controle de emissão veicular de gases, material particulado e evaporativa, considerando os veículos importados

− Resolução CONAMA n° 016/1995 - Complementa a Resolução CONAMA nº 008/93, que complementa a Resolução nº 018/86, que institui, em caráter nacional, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores - PROCONVE, estabelecendo limites máximos de emissão de poluentes para os motores destinados a veículos pesados novos, nacionais e importados, determinando homologação e certificação de veículos novos do ciclo Diesel quanto ao índice de fumaça em aceleração livre

− Resolução CONAMA n° 226/1997 - máximos de emissão de fuligem de veículos automotores

− Resolução CONAMA n° 227/1997 - do Programa de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso I/M

− Resolução CONAMA n° 251/1999 - critérios, procedimentos e limites máximos de opacidade da emissão de escapamento para avaliação do estado de manutenção dos veículos automotores do ciclo Diesel

− Resolução CONAMA n° 256/1999 - e mecanismos para inspeção de veículos quanto às emissões de poluentes e ruídos, regulamentando o Art. 104 do Código Nacional de Trânsito

− Resolução CONAMA n° 315/2002 - etapa do Programa de Controle de Emissões Veiculares-PROCONVE

9.2.5 Outras legislações e normas referentes ao meio-ambiente

As legislações e normas abordadas neste item referem-se a outros aspectos presentes no canteiro de obras não mencionados anteriormente. É importante ressaltar que não são abordadas legislações que englobem o empreendimento, mas não o canteiro, por exemplo: leis que proíbam a localização do empreendimento em áreas de preservação ambiental.

9.2.5.1 Legislações

− Lei Federal nº 9605/1998 – Crimes Ambientais

− Lei Federal n° 6.938/1981 – Política Nacional do Meio Ambiente

− Resolução CONAMA n° 001-A/1986 - transporte de produtos perigosos em território nacional

− Resolução CONAMA n° 020/1986 - classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional

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− Resolução CONAMA n° 007/1987 - regulamentação do uso do Amianto/Asbestos no Brasil

− Resolução CONAMA n° 019/1996 - critérios de impressão de legenda em peças que contém amianto (asbestos)

− Resolução CONAMA n° 023/1996 - importação e uso de resíduos perigosos

− Resolução CONAMA n° 237/1997 - aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente

− Resolução CONAMA n° 267/2000 - Proibição de substâncias que destroem a camada de ozônio

− Resolução CONAMA n° 357/2005 - classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

− Resolução CONAMA n° 369/2006 - casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP

9.2.5.2 Normas

− NBR ISO – 14001 – Gestão ambiental

9.2.6 Proposição de políticas públicas

Neste item são abordadas algumas propostas de políticas públicas referentes aos canteiros de obras. Tais ações envolvem incentivos, regulamentações, fiscalização, entre outros.

Com relação aos resíduos, apesar das regulamentações existentes, a fiscalização é praticamente inexistente. Neste caso, seriam necessárias ações de fiscalização por parte das prefeituras, por exemplo, cobrando antes do início da obra o Projeto de Gerenciamento de Resíduos. Outra necessidade identificada foi o incentivo à formação de cadeias de recepção, reaproveitamento e destinação dos resíduos.

Um problema enfrentado em diversas obras é a falta de informações sobre a localização das redes enterradas, o que gera transtornos diversos e gastos desnecessários por parte de concesionárias e construtoras. É necessária a formação de um banco de dados unificado, em constante atualização, envolvendo todas as concessionárias e prestadoras de serviços que possuam redes enterradas. O banco de dados deve conter todas as informações sobre as redes, como localização, conteúdo, informações sobre riscos na escavação do local ou perfuração das redes, etc.

Outra ação necessária é a fiscalização da correta aplicação nos canteiros da Norma Regulamentadora NR-18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.

Com relação à emissão de material particulado, ruídos e vibração, há a necessidade de rever a legislação em relação aos parâmetros adequados à saúde pública e aumentar a fiscalização. O desenvolvimento de equipamentos que diminuam tais emissões certamente está ligada ao incentivo governamental à essas ações.

Por fim, há a necessidade do incentivo ao desenvolvimento de materiais ambientalmente mais sustentáveis, o que envolve a aplicação do mesmo na etapa de construção do edifício. Este assunto

9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras

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9-50

não é detalhado aqui pois já foi tratado no capítulo referente à seleção de materiais.

9.3 Referências bibliográficas

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