8 - metodologia do trabalho científico e orientação de tcc - monografiafinal

106
1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO O crescimento do mercado mundial de pescado, modo geral, tem sido sustentado pela aqüicultura. A captura em águas salgadas e doces, apesar de responder por cerca de 70% da produção mundial, tem permanecido estacionada em torno de 93 milhões de toneladas ao longo dos últimos anos (ORMOND et al, 2004). Garcia e Moreno (2001) analisam que a estagnação da produção de pescados por captura decorre da saturação na exploração dos recursos pesqueiros. Em 1999 apenas 25% dos estoques eram encontrados moderadamente ou subexplorados. Os outros 3/4 já estariam sem potencial de crescimento e, em alguns casos, até mesmo esgotados, conseqüência da sobrepesca 1 . Segundo McGoddwin (1990), os primeiros registros históricos de sobrepesca foram observados na costa peruana há 3.000 anos, porém, desde o surgimento do homem até o início da era moderna, as racionalidades sociais, o baixo nível das tecnologias empregadas na atividade pesqueira, a baixa demanda por alimentos, em decorrência do reduzido tamanho das populações da época e a vastidão de espaços pesqueiros disponíveis circunscreveram os casos de sobreexplotação 2 a 1 Sobrepesca: É a pesca excessiva, ou seja, além do limite que possibilita a manutenção de um estoque pesqueiro em explotação. (SILVA & SOUZA, 1998). 2 Sobreexplotação: Tirar proveito econômico de (determinada área), sobretudo quanto aos recursos naturais. 12

Upload: hudson-sf

Post on 30-Jun-2015

3.555 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O crescimento do mercado mundial de pescado, modo geral, tem sido sustentado pela

aqüicultura. A captura em águas salgadas e doces, apesar de responder por cerca de 70% da

produção mundial, tem permanecido estacionada em torno de 93 milhões de toneladas ao

longo dos últimos anos (ORMOND et al, 2004).

Garcia e Moreno (2001) analisam que a estagnação da produção de pescados por

captura decorre da saturação na exploração dos recursos pesqueiros. Em 1999 apenas 25% dos

estoques eram encontrados moderadamente ou subexplorados. Os outros 3/4 já estariam sem

potencial de crescimento e, em alguns casos, até mesmo esgotados, conseqüência da

sobrepesca1.

Segundo McGoddwin (1990), os primeiros registros históricos de sobrepesca foram

observados na costa peruana há 3.000 anos, porém, desde o surgimento do homem até o início

da era moderna, as racionalidades sociais, o baixo nível das tecnologias empregadas na

atividade pesqueira, a baixa demanda por alimentos, em decorrência do reduzido tamanho das

populações da época e a vastidão de espaços pesqueiros disponíveis circunscreveram os casos

de sobreexplotação2 a algumas poucas espécies, notadamente espécies sésseis3 como as ostras

(MARRUL FILHO, 2003).

Um importante marco histórico nas relações homem-recursos pesqueiros foi à

revolução industrial, a partir da qual as formas de organização social da produção pesqueira,

(em que os seres humanos retiravam da natureza pequenas quantidades, sem grandes danos

ambientais), foram radicalmente modificadas pelas grandes transformações tecnológicas e pela

rápida urbanização, características do período, e pela construção de portos pesqueiros urbanos,

já no século XIX. (MARRUL FILHO, 2003).

Do ponto de vista tecnológico, a primeira grande modificação se deu nos meios de

propulsão.Os barcos pesqueiros, até então, movidos apenas à vela, tendo suas condições de

1 Sobrepesca: É a pesca excessiva, ou seja, além do limite que possibilita a manutenção de um estoque pesqueiro em explotação. (SILVA & SOUZA, 1998).2 Sobreexplotação: Tirar proveito econômico de (determinada área), sobretudo quanto aos recursos naturais.3 Sésseis: Que permanecem aderidas no mesmo local

12

Page 2: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

operação condicionadas pelas próprias forças da natureza, passaram a ser movidos por

máquinas a vapor e, mais tarde, por máquinas movidas a combustíveis fósseis, ampliando

assim seus raios de ação e podendo ir até pesqueiros nunca antes explotados. As

transformações tecnológicas e o maquinismo logo atingiram as tarefas de captura, permitindo o

desenvolvimento de grandes redes e equipamentos de auxílio à pesca. Além disso, o

desenvolvimento das tecnologias de resfriamento a bordo proporcionou o aumento do número

de dias que uma embarcação podia passar no mar, assim como a melhora significativa da

qualidade do pescado desembarcado, com fortes reflexos nos preços dos produtos pesqueiros.

Portanto, ampliou-se o poder de captura para limites até então desconhecidos (MARRUL

FILHO, op.cit).

No Pós-Guerra, o poder de pesca das frotas mundiais foi de novo ampliado na medida

em que toda a tecnologia naval desenvolvida com fins militares foi sendo rapidamente

apropriada e adaptada para as embarcações pesqueiras (MARRUL-FILHO, op.cit). A partir

desse momento, surgiram novas técnicas de navegação e localização de cardumes, com a

utilização de radares e ecossondas, e novos avanços nos sistemas de refrigeração que

permitiam o congelamento a bordo. Na atualidade, a navegação orientada por satélite e o uso

incessante de computadores que controlam várias tarefas pesqueiras com precisão, permitiram

um expressivo avanço entre os seres humanos e a natureza, no que se refere à apropriação dos

recursos pesqueiros em termos globais.

De acordo ainda com o autor, o processo iniciado com a Revolução Industrial gerou,

por sua vez, as condições para a penetração e o desenvolvimento do modo de produção

capitalista na atividade pesqueira o qual separando completamente o homem da natureza,

permite desenvolver uma racionalidade utilitarista e produtivista na apropriação dos recursos

pesqueiros.

Esse processo pode ser dividido em dois períodos, seguindo as etapas globais do

desenvolvimento do modo de produção capitalista em suas relações com a natureza, segundo

O`Connor (1994). No primeiro, dominado pela ética da economia de fronteira, prevalece à

lógica de dominação e exploração da natureza, seus bens e serviços, considerada externa ao

capital. Nessa etapa, o aumento constante da produção pesqueira, na proporção direta do

aumento de esforço – movimento típico das fases iniciais das pescarias – consolidou a visão de

inesgotabilidade dos recursos pesqueiros.

13

Page 3: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

O segundo período, mais recente, tem origem no momento em que o desenvolvimento

das forças produtivas do capital foi surpreendido pelos primeiros sinais de que os recursos

ambientais, entre eles os pesqueiros, não eram inesgotáveis. A partir de então, teve início um

processo de ressignificação da natureza que, de externa, passa a ser entendida como interna ao

próprio capital, sendo seus bens agora vistos como estoques e classificados como elementos de

uma natureza considerada como capital para a finalidade da reprodução expandida de capital,

chamados de capital natural. (O´CONNOR, op.cit).

Tal ressignificação ocorre na fase que o mesmo autor denomina de “fase ecológica do

capital” e constitui base ideológica para uma nova etapa de acumulação e crescimento, sob os

argumentos da gestão e conservação dos elementos da natureza, cuja regeneração agora se faz

“ pelo controle dos regimes de investimento integrados no cálculo racional da produção e

troca, através do milagre do sistema de preços”.

Marrul Filho (2003) ressalta que, diferentemente de outros setores produtivos, a pesca

encontra nos próprios recursos de que se apropria algumas características muito especiais que

atuam de forma contrária à racionalidade que hoje a preside. Assim, cabe destacar que os

recursos pesqueiros não surgem como produto do trabalho humano, pois, “ao contrário da

produção industrial, a reprodução biológica dos cardumes, os quais escapam ao controle do

homem” (DIEGUES, 1983).

A reprodução biológica e o crescimento dos indivíduos, fenômenos indispensáveis à

renovação dos estoques são limitados pela capacidade de carga do ambiente no qual ocorrem,

impondo limites ao tamanho dos estoques capturáveis. Constrói-se, assim, um teto máximo

sob o qual a atividade pesqueira pode operar – fato contrário à própria dinâmica do capitalismo

em sua tendência ao desenvolvimento infinito, ou seja, um limite biofísico ao processo de

acumulação. (O`CONNOR, op.cit).

As flutuações no tamanho dos estoques explotáveis, provocadas tanto por fatores

naturais como por aqueles decorrentes de desequilíbrios ambientais ocasionados por atividades

antrópicas, causam imensas dificuldades na previsão de rendas futuras, resultando em altas

incertezas econômicas para a atividade pesqueira (MARRUL FILHO, 2003).

A mobilidade dos organismos aquáticos, a distribuição geográfica das populações, a

extensão territorial onde acontece a pesca extrativa e a ocorrência de várias espécies em um

mesmo ambiente explotado são propriedades que circunscrevem os recursos pesqueiros em

14

Page 4: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

uma classe de recursos em que a exclusão é difícil e o uso comum implica rivalidade. (FENNY

et al., 1990).

Marrul Filho (2003) analisa que as características de rivalidade e não-exclusividade,

aliadas à incerteza econômica, são responsáveis pelos conflitos entre racionalidades

individuais e coletivas na apropriação dos recursos pesqueiros, fazendo predominar, quase

sempre, a visão e a prática entre agentes econômicos de que tudo aquilo que não é pescado

agora e no máximo possível por um pescador, outro o fará logo em seguida.

Em contrapartida Garcia & Grainger (1997) consideram que a natureza dos recursos, a

dinâmica dos setores pesqueiros e a deficiência dos sistemas de manejo são as causas

fundamentais da sobrepesca e da sobrecapitalização, atribuindo responsabilidades

compartilhadas entre o setor produtivo – empresários e pescadores – os cientistas e os gestores

dos recursos.

As diretrizes para o desenvolvimento da aqüicultura responsável que se encontram no

Código de Conduta para a Pesca e Aquicultura (FAO, 1994) têm como objetivo facilitar a

identificação das responsabilidades, deveres e obrigações dos governos, das autoridades e das

pessoas envolvidas com a atividade de aqüicultura, e são essenciais para apoiar e garantir a

contribuição sustentável desta atividade para a segurança alimentar, a mitigação da pobreza e o

bem estar socioeconômico das gerações atuais e futuras.

É nesse contexto que a aqüicultura está cada vez mais sendo inserida no mercado,

pois, tanto nos países em desenvolvimento como em subdesenvolvimento, ela tem caráter

quase exclusivamente empresarial, assim como pode ser parte da economia de subsistência

(PETRERE JR, et al, 1997).

15

Page 5: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

1.2 HISTÓRICO DA AQÜICULTURA

A aqüicultura é uma prática milenar apesar das inovações tecnológicas mundiais da

atualidade no setor pesqueiro, a aqüicultura inicialmente prosperou, por exemplo, com o

cultivo das ostras sendo praticado na antiga Roma. Há ainda outros relatos mais intrínsecos

que determinaram que a propagação artificial ictiológica ou dos peixes provém de um

legendário chinês chamado Fan-Li, do quinto século a.c, o qual criava carpas em uma lagoa

(BARDACH et al, 1972).

De acordo com Petrere Jr, et al (1997), os primeiros estudos científicos com a

aqüicultura, com ênfase na piscicultura, no Brasil, foram realizados pelo Dr. Rodolpho Von

Ihering nos anos de 1920 e 1930. Desde então, a atividade teve grande impulso,

principalmente a partir de 1970, com a organização e aperfeiçoamento de várias estações de

pesquisa e produção.

Tanto a aqüicultura semi-intensiva, na qual a produtividade natural é estimulada pela

adubação, mas, em virtude da maior densidade de estocagem, existe necessidade de

alimentação complementar, quanto a intensiva, que é mais sofisticada, com rações balanceadas

em virtude das densidades de estocagem bastante altas, podem ser realizadas em tanques,

viveiros e demais reservatórios nos quais se tem controle total sobre a entrada e saída de água.

A implantação da infra-estrutura necessária envolve a construção e preparação das instalações,

estocagem de peixes, crustáceos, moluscos, outros organismos aquáticos, fornecimento de

alimentação, controle de predadores e parasitas, acompanhamento do crescimento, despesca e

manutenção das instalações. A rentabilidade depende fundamentalmente da freqüência-

qualidade-preço do produto oferecido (PETRERE Jr. et al, 1997).

Existe um ramo na aqüicultura que, na atualidade, tem apresentado um significativo

crescimento na economia do agronegócio de vários países que se chama carcinicultura

marinha, ou arte e técnica de criar e multiplicar camarões de utilidade alimentar para o homem

(SILVA & SOUZA, 1998).

Para Shigueno (1972), essa arte de cultivar camarões teve sua origem histórica em

1933, quando um número de biólogos se juntou em um trabalho científico sobre camarões,

liderados por M. Fuginaga, biólogo graduado pela Universidade de Tóquio; o grupo

16

Page 6: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

desenvolveu técnicas durante trinta anos, suspensas apenas pela II Grande Guerra. A pesquisa

teve ênfase inicialmente ao esclarecimento da morfologia de larvas do camarão Penaeus

japonicus (Bate, 1888); tiveram a brilhante idéia de colocar o camarão fêmea, no período de

maturação, em um aquário onde descarregou seus ovos; então assim, ficou mais fácil a

iniciação das etapas de crescimento do crustáceo para as pesquisas, proporcionado com isso a

etapa inicial para outras pesquisas no ramo da carcinicultura.

Souza Filho (2003) acrescenta que no Sudoeste da Ásia, através de conhecimentos

básicos sobre o camarão, pescadores artesanais construíam diques de terra nas zonas costeiras

para o aprisionamento de pós-larvas selvagens que cresciam nas condições naturais

prevalecentes. Com o aperfeiçoamento das técnicas de cultivo e de reprodução, a atividade

passou a ser praticada comercialmente, apresentando bons resultados e uma conseqüente

expansão mundial, passando, assim, a assumir grande importância econômica e social em

diversos países, principalmente os emergentes.

A criação mundial de camarões se concentra no hemisfério oriental, que responde por

mais de um milhão de toneladas anuais de camarão cultivados majoritariamente em pequenas

propriedades de até 20 hectares, conforme informações da Associação Brasileira de Criadores

de Camarão – ABCC (2004). Dentre os países produtores, destacam-se China, Tailândia,

Vietnã e Indonésia. No oriente, predomina a espécie conhecida por Tigre asiático, Penaeus

monodom, (Fabricius, 1798) enquanto no Brasil prevalece a espécie Litopenaeus vannamei

(Boone, 1931), camarão exótico da Costa do Pacífico (ORMOND et al, 2004).

Conforme Flambot (1988), o desenvolvimento da tecnologia para a criação artificial

de camarão marinho no Brasil teve início no Rio Grande do Norte, na primeira metade da

década de 70, como conseqüência da necessidade de aproveitamento de pequenas e médias

empresas salinas que se tornaram antieconômicas, face à implantação de modernos projetos

para a exploração do sal em grande escala naquele Estado.

Com o patrocínio do Governo estadual, que pretendia, também, solucionar o sério

problema da mão-de-obra liberada após a desativação das salinas deslocadas do mercado com

a implantação dos grandes projetos, foram enviados técnicos ao Japão, Hawaí, Estados Unidos,

México e França, entre outros locais, com a missão de dotar aquele Estado dos conhecimentos

necessários ao desenvolvimento da carcinicultura (FLAMBOT, 1988).

De acordo com ABCC (2004), apesar do esforço inicial, o primeiro projeto de

produção comercial do camarão cultivado ocorreu no período entre 1978 e 1984, quando o

Governo do Rio Grande do Norte importou a espécie de camarão Penaeus japonicus. Isso

fortaleceu o “Projeto Camarão” ocorrendo assim a fase de adaptação e sistematização da

17

Page 7: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

espécie exótica às condições locais. Este período foi diagnosticado como a primeira fase do

camarão cultivado no Brasil. Esta espécie teve sucesso por apenas três anos, pois a falta de um

plano abrangente e validações tecnológicas levaram a um fracasso em sua domesticação.

Mesmo diante do insucesso na domesticação do Penaeus japonicus, os esforços de

viabilização da carcinicultura comercial no Brasil continuaram: foram aproveitados os

laboratórios e fazendas carcinicultoras e intensificados os trabalhos com novas espécies de

camarões nativos, ou seja, os do território nacional como o Litopenaeus schmitti (Burkenroad,

1936), Farfantepenaeus subtillis (Pérez-Farfante, 1967) e Farfantepenaeus paulensis (Pérez-

Farfante, 1967). Esse período constitui a segunda fase de cultivo no Brasil (ABCC, 2004).

Os esforços para domesticação e manejo dessas espécies de camarão em viveiros

duraram dez anos, porém os níveis de produtividade não foram suficientes para cobrir os

custos diretos de produção das fazendas com melhor manejo. Assim, através das validações

tecnológicas dessa segunda fase, chegou-se à conclusão de que as espécies nativas não

estavam se adaptando às rações alimentares e foi decidido pela descontinuidade da

domesticação das espécies nativas nacionais (ABCC, 2004). No entanto, um grupo pioneiro de

técnicos e produtores não se desestimulou e buscou a provável solução na espécie exótica (de

outro país) Litopenaeus vannamei, na década de 80, importando pós-larvas e reprodutores

dessa espécie. Em razão disso, os trabalhos de validação tecnológica se acentuaram no início

da década de 90.

Nesse terceiro período, em que os laboratórios brasileiros dominaram a larvicultura e

reprodução do L.vannamei, iniciando assim, sua distribuição comercial de pós-larvas através

das fazendas que anteriormente estavam semiparalisadas e aderiam à espécie exótica, os

índices de produtividade e rentabilidade desta superaram aos das espécies nativas. Desse

modo, foi intensificado ainda mais o processo de adaptação do L.vannamei e, a partir de

1995/1996, ficou demonstrada a viabilidade total e comercial da sua produção no Brasil

(ABCC, op.cit).

Aproximadamente 95% da produção nacional de camarões se concentra na região

Nordeste, além de a região deter também os melhores resultados de produtividade,

confirmando assim o camarão marinho efetivamente como uma nova riqueza do setor primário

que abre perspectivas altamente favoráveis de retomada do desenvolvimento regional

(ROCHA et al, 2004).

Para Flambot (1988) a Amazônia, nesse setor aquícola, oferece ao país um imenso

leque de opções na diversidade biológica, haja vista possuir em seu território cinco

macroecosistemas bem definidos: lacustre, fluvial, estuarino, litorâneo e marítimo, nos quais se

18

Page 8: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

reproduzem espécies animais com significativas possibilidades de exploração racional. Sob

esse enfoque, pesquisas devem ser estimuladas para que os recursos da fauna aquática possam

contribuir para a minimização dos problemas de alimentação da população.

No caso específico do Estado do Pará, a exploração dessa atividade começou através

de um projeto de criação de camarão marinho no município de Curuçá, na localidade

denominada Curuperé, na fazenda São Paulo, com bons índices de produtividade.Esse projeto

foi implantado pela empresa INTEMAR, localizada na colônia 3 de outubro, com a espécie de

camarão de água doce Gigante da Malásia, Macrobrachium rosembergui (De Man, 1979)

(FLAMBOT ,1988).

De acordo com intensas pesquisas nessa área, em termos de índices de salinidade da

água, períodos de aclimatação, limitações técnicas, descobriu-se que a espécie exótica

Litopenaeus vannamei se destacava muito mais favoravelmente aos criatórios e rações do que

as espécies nativas (regionais) e permanece, atualmente, em Curuçá nas localidades Nossa

Senhora de Fátima e São Paulo, alcançando resultados satisfatórios.

1.3 PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA

A cadeia produtiva do pescado no Estado do Pará se constitui em uma das mais

importantes da economia paraense, na ocupação de mão-de-obra, na geração de renda, nos

fluxos comerciais e, sobretudo, para a segurança alimentar.

O Estado do Pará é o maior produtor nacional do pescado (cerca de aproximadamente

17% da produção nacional) e é o quarto maior exportador de pescado do Brasil, representando

um pouco mais do valor total das exportações brasileiras.

Mediante esse contexto de sobrexplotação de estoques pesqueiros mundiais e

considerando as possibilidades de manutenção de oferta de produtos pesqueiros a partir da

prática da aqüicultura e particularmente da carcinicultura, é importante a execução de

pesquisas que auxiliem a compreensão mais abrangente das possibilidades de produção e

comercialização destes produtos.

Assim, a presente monografia visa responder à seguinte questão:

Qual a estrutura da concorrência e das relações sócioeconômicas que condicionam a

competitividade da cadeia produtiva da carcinicultura do Litopenaeus vannamei no Estado do

Pará?

19

Page 9: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Analisar a sustentabilidade e a cadeia produtiva da carcinicultura do Litopenaeus

vannamei no Estado do Pará.

1.4.2 Objetivos Específicos

- Caracterizar o mercado da carcinicultura em âmbito internacional, nacional

e estadual.

- Identificar os agentes econômicos da cadeia produtiva no Estado do Pará;

- Identificar os pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades para a

sustentabilidade da cadeia produtiva do L.vannamei no Estado do Pará;

- Disponibilizar informações que permitam a formulação de estratégias

competitivas para a cadeia produtiva do L.vannamei no Estado do Pará.

20

Page 10: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Apesar de cada mercado apresentar características estruturais e competitivas

peculiares, existem similaridades suficientes na forma pela qual a concorrência se configura,

de modo que é possível empregar um instrumental teórico analítico geral para identificar a

natureza e a intensidade da concorrência.

Nesse sentido, a presente monografia se propõe a analisar a cadeia produtiva do

Litopenaeus vannamei adotando o modelo das cinco forças de Michael Porter.

O modelo está fundamentado em cinco forças que configuram o ambiente de

negócios: a) Entrantes potenciais, b) Ameaça de produtos substitutos c) Rivalidade entre os

concorrentes já existentes, d) Poder de negociação dos fornecedores e) Poder de negociação

dos compradores, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1 – As cinco forças competitivas de mercado

Fonte: M. Porter, 1986.

Essas forças têm como intuito permitir aos agentes econômicos a formulação de

estratégias competitivas do mercado, com estudos de caso para setores emergentes, alguns já

21

1ª FORÇA

ENTRANTES POTENCIAIS

2ª FORÇA

CONCORRENTES EXISTENTES

4ª FORÇA

COMPRADORES

5ª FORÇA

FORNECEDORES

3ª FORÇA

SUBSTITUTOS

Page 11: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

existentes e outros em declínio, com a árdua finalidade de sobreviverem nesse mercado

altamente competitivo o qual não pode ser limitado a uma simples rivalidade entre

concorrentes; é preciso estudar todos os ângulos possíveis dos problemas internos e externos

de uma empresa. A teoria de base das cinco forças ajudará com eficácia a pesquisa em

andamento, implantando uma estratégia competitiva essencial para obter resultados eficientes

na empreitada desse trabalho científico.

Segundo Porter (1986), a essência da formulação de uma estratégia competitiva é

relacionar uma empresa ao seu ambiente de negócios. Embora o meio ambiente relevante seja

muito amplo, abrangendo tanto forças sociais como econômicas, o aspecto principal do meio

ambiente da empresa é a indústria ou as indústrias com que ela compete. A estrutura industrial

tem uma forte influência na determinação das regras competitivas do jogo, assim como das

estratégias potencialmente disponíveis para a empresa. Forças externas à indústria são

significativas principalmente em sentido relativo; uma vez que as forças externas em geral

afetam todas as empresas na indústria, o ponto básico encontra-se nas diferentes habilidades

das empresas em lidar com elas.

A intensidade da concorrência em uma indústria não é uma questão de coincidência ou

de má sorte. A concorrência tem raízes estabelecidas na estrutura econômica básica, e vai além

do comportamento dos concorrentes. O grau da concorrência em uma indústria depende das

cinco forças competitivas básicas, sendo que a interação destas forças determina o potencial de

lucratividade que é medido em termos de retorno em longo prazo.

Nem todas as indústrias têm o mesmo potencial, diferindo, fundamentalmente, em seu

potencial de lucro à medida que o conjunto das forças também difere. Nesse sentido, a meta da

estratégia competitiva é identificar uma posição em que a empresa possa se defender melhor

contra as forças competitivas ou influenciá-las em seu favor, dado que o conjunto de forças

pode estar exageradamente aparente para todos os concorrentes. Assim, a chave para o

desenvolvimento de uma estratégia é pesquisar em maior profundidade e analisar as fontes de

cada força.

O modelo apresentado por Porter (op.cit) reflete o fato de que a concorrência não está

limitada aos participantes estabelecidos. Os clientes, fornecedores, substitutos e os entrantes

potenciais são todos “concorrentes” para as empresas, podendo ter maior ou menor

importância, dependendo das circunstâncias. Neste sentido, a concorrência poderia ser definida

como rivalidade ampliada.

22

Page 12: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Todas as forças competitivas em conjunto determinam a intensidade da concorrência,

bem como a rentabilidade dos empreendimentos, sendo que a força ou as forças mais

acentuadas predominam, e tornam-se cruciais para a formulação de estratégias. Por exemplo,

mesmo uma companhia com uma posição consolidada num mercado no qual não haja ameaça

de entrada de novas empresas tenderá a um retorno baixo, caso se defronte com um produto

substituto superior e mais barato; sem produtos substitutos e com a entrada de novas empresas

bloqueadas, a intensa rivalidade entre os concorrentes existentes limitará os retornos

potenciais.

As características técnicas e econômicas de uma indústria são críticas para a

intensidade de cada força competitiva. A ameaça de entrada em uma indústria depende das

barreiras existentes, em conjunto com a reação que o novo concorrente pode esperar dos já

estabelecidos. No caso de as barreiras serem altas, o recém-chegado pode esperar retaliação

dos concorrentes; assim, a ameaça de entrada é pequena.

As fontes principais de barreiras de entrada, como as economias de escala, que

referem-se aos declínios nos custos unitários de um produto (ou operação ou função que entra

na produção de um produto), à medida que o volume absoluto por período aumenta.

Economias de escala detêm a entrada, forçando a empresa entrante a ingressar em larga escala

e arriscar-se a uma forte reação das empresas existentes, ou a ingressar em pequena escala e

sujeitar-se a uma desvantagem de custo; duas opções indesejáveis (PORTER, 1986).

A diferenciação do produto também é uma barreira de entrada muito poderosa,

desenvolvendo um sentido de lealdade para com os clientes, que provém de marketing,

publicidades, diferenças dos produtos, ou, até mesmo, por terem sido as primeiras a entrarem

na indústria.Nesse contexto, os entrantes terão que efetuar despesas muito pesadas para tentar

dissuadir os vínculos já estabelecidos com os clientes, muitas vezes criando prejuízos iniciais

que podem cessar ou perdurar por um longo período de tempo (PORTER, op.cit).

A necessidade de capital é uma fonte da barreira de entrada como uma necessidade

ímpar em casos iniciais quando há necessidade de capital para ser usado em publicidade,

desenvolvimento e pesquisa, assim como para estoques, instalações para produção e até

mesmo prejuízos iniciais, muitas vezes, irrecuperáveis.

Os custos de mudança são ligados a custos com o comprador quando muda de um

fornecedor para outro, incluindo custos com equipamentos, treinamento de empregados,

assistência técnica, custo e tempo para qualificar ou testar uma nova fonte. Caso esses custos

23

Page 13: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

logísticos sejam altos, o entrante potencial necessita redobrar seu desempenho e

aperfeiçoamento para convencer o cliente a não escolher um produtor já efetivo no mercado

(PORTER, 1986).

Outra barreira de entrada são os acessos aos canais de distribuição nos quais uma

barreira pode ser criada pela necessidade do entrante de assegurar a distribuição de seu

produto. Considerando que os canais de distribuição lógicos já estão sendo atendidos pelas

empresas estabelecidas, o entrante precisa persuadir os canais a aceitarem seu produto por

meio de descontos de preço, verbas para campanhas de publicidade em cooperação e coisas

semelhantes, o que reduz os lucros (PORTER, op.cit).

Assim, a força da barreira de entrada também cria uma fonte de desvantagens de custo

independentes de escala, visto que as empresas já estabelecidas criam obstáculos que tornam

praticamente impossíveis serem atingidas vantagens pelas empresas entrantes, mesmo com

economias de escala. Essas vantagens são obtidas através de localizações extremamente

favoráveis para as empresas estabelecidas, com acesso favorável às matérias-primas com

fontes seguras e confiáveis; com uma super tecnologia do produto, com patentes e segredos,e,

até mesmo por declínio nos custos através da experiência no mercado; com aprimoramentos

através dos funcionários com métodos mais eficientes. Logo, a curva de aprendizagem ou de

experiência é cada vez mais aperfeiçoada e reduz custos com distribuição, marketing, e

produção (PORTER, op.cit).

A política governamental entra como uma barreira de entrada importante, uma vez que

limita e até mesmo impede a entrada de certas empresas por determinados trâmites como

licenças de funcionamento e controles de poluição. Isso aumenta os custos iniciais da empresa,

exercendo uma margem de conhecimento para as já estabelecidas sobre a sua entrada em

potencial no mercado e fazendo com que haja estratégias de retaliação para com as entrantes.

Desse modo o entrante necessita esperar a retaliação prevista quanto à reação de seus

concorrentes estabelecidos, pois influenciarão na barreira de ameaça de entrada, de uma

maneira a tentar dissuadir de todas as formas a sua entrada. Muitas das empresas estabelecidas

detêm fatores favoráveis como a experiência de mercado, excedente de caixa, empréstimos a

seu favor, canais de distribuição equilibrados e confiáveis e clientes satisfeitos.

A intensidade da rivalidade entre os concorrentes estabelecidos assume a forma de

disputa por posição com o uso de táticas como concorrência de preços, batalha de publicidade,

introdução de produtos e aumento dos serviços ou das garantias ao cliente. A rivalidade ocorre

24

Page 14: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

porque um ou mais concorrentes sentem-se pressionados ou percebem a oportunidade de

melhorar o posicionamento. Na maioria das indústrias, os movimentos competitivos de uma

firma têm efeitos notáveis em seus concorrentes e pode, assim, incitar a retaliação ou os

esforços para conter estes movimentos; ou seja, as empresas são mutuamente dependentes.

Este padrão de ação e reação pode, ou não, permitir que a empresa iniciante e a indústria como

um todo se aprimore. Se os movimentos e contramovimentos crescem em um processo de

escalada, todas as empresas da indústria podem sofrer as conseqüências e ficar em situação

pior do que a inicial.

Existem vários fatores que podem ser estruturais para formar uma rivalidade acirrada

entre as indústrias, cujas políticas competitivas podem vir a ser amargas e impiedosas como

cavalheirescas e polidas. Quando os concorrentes são numerosos ou até mesmo quando são

poucas as empresas, existe a possibilidade de sofrerem retaliações, pois cada uma lutará para

abocanhar uma parcela do mercado em que produzem seus insumos.

A terceira força é a pressão dos produtos substitutos; as empresas estão competindo,

em termos amplos, com indústrias que fabricam produtos substitutos. Os substitutos reduzem

os retornos potenciais de uma indústria, colocando um teto nos preços que as empresas podem

fixar com lucro. Quanto mais atrativa a alternativa de preço-desempenho oferecida pelos

produtos substitutos, mais firme será a pressão sobre os lucros da indústria. Os substitutos não

apenas limitam os lucros em tempos normais, como também reduzem as fontes de riqueza que

uma indústria pode obter em tempos de prosperidade.

A identificação de produtos substitutos é conquistada através de pesquisas na busca de

outros produtos que possam desempenhar a mesma função que aquele da indústria. Algumas

vezes essa pode ser uma tarefa sutil e que leva o analista a negócios aparentemente muito

afastados da indústria. Os produtos substitutos que exigem maior atenção são aqueles que

estão sujeitos a tendências de melhoramento do seu “trade-off” de preço-desempenho com o

produto da indústria, ou são produzidos por indústrias com lucros altos.

O poder de negociação dos compradores é uma força segundo a qual estes competem

com a indústria forçando os preços para baixo, barganhando por melhor qualidade ou mais

serviços e jogando os concorrentes uns contra os outros, tudo à custa da rentabilidade da

indústria. O poder de cada grupo importante de compradores da indústria depende de

características quanto à sua situação no mercado e da importância relativa de suas compras na

indústria, em comparação com seus negócios totais.

25

Page 15: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Os compradores são ameaças concretas de integração para trás. Se os compradores são

parcialmente integrados ou colocam uma ameaça real de integração para trás, eles estão em

posição de negociar concessões. Determinados fabricantes engajam-se na prática de integração

crônica, ou seja, produzem parte de suas necessidades de um dado componente internamente, e

compram o resto, de fornecedores externos. Assim, suas ameaças de maior integração não só

são particularmente dignas de crédito, como também a produção parcial interna dá-lhes

conhecimento detalhado dos custos, o que é de grande auxílio na negociação. O poder do

comprador pode ser parcialmente neutralizado quando as empresas na indústria ameaçam com

uma integração para frente na indústria do comprador.

A quinta força é o poder de negociação dos fornecedores. Eles exercem essa pressão

sobre os participantes de uma indústria, ameaçando elevar preços ou reduzir a qualidade dos

bens e serviços fornecidos. Fornecedores poderosos podem, conseqüentemente, reduzir a

rentabilidade de uma indústria em função dos aumentos de custos em seus próprios preços. As

condições que tornam os fornecedores poderosos tendem ser aquelas que tornam os

compradores poderosos, sendo que um grupo fornecedor é poderoso quando é dominado por

poucas companhias, e é mais concentrado do que a indústria para a qual vende. Fornecedores

vendendo para compradores mais fragmentados terão em geral capacidade de exercer

considerável influência em preços, qualidade e condição. (PORTER, 1986).

Assim, modo geral, uma vez determinadas as forças que afetam a concorrência na

indústria e suas causas subjacentes, a empresa está em posição para identificar seus pontos

fracos e fortes em relação à indústria. Qual a posição que a empresa deve ficar em relação aos

seus substitutos? Quais as fontes de barreiras de entrada para se defender?Deve competir com

a rivalidade e possíveis retaliações de concorrentes já existentes?Uma indústria pode mapear

uma estratégia que assume a ofensiva no lugar somente da defensiva? Esta postura é

determinada para fazer algo mais do que simplesmente enfrentar as forças propriamente ditas;

ela visa alterar suas causas.

É nesse sentido que a presente teoria irá subsidiar o trabalho na identificação dos

pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades na carcinicultura do Litopenaeus vannamei no

Estado do Pará.

26

Page 16: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

3 METODOLOGIA

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A cadeia produtiva do pescado é uma das mais importantes da economia paraense

dada a sua relevância na ocupação de mão-de-obra e produção de alimentos. Atualmente, o

Estado do Pará assume destaque no contexto nacional ao responder por 17,3% da produção e

por 9,61% das exportações de pescado do país, números que o colocam na posição de maior

Estado produtor e quarto maior exportador de pescado do Brasil (SANTOS et al, 2004 e

SANTOS et al, 2005).

No período 1993/2003, foi um dos Estados que mais contribuiu para a ampliação da

produção nacional. Ao passar de uma produção de 82,1 mil toneladas, em 1993, para 174,2 mil

toneladas, em 2002, o Estado exibiu uma taxa de crescimento de 10,6% ao ano, sobejamente

superior ao crescimento observado no país que foi de 4,39% ao ano, na maior parte das outras

regiões do país (SANTOS et al, 2004 e SANTOS et al, 2005).

A mesorregião nordeste do Estado do Pará é muito rica por ser uma área estuarina e

será utilizada como base desse trabalho, especificamente na Vila de Caratateua, na fazenda

Nossa Senhora de Fátima, no município de Curuçá.

27

Page 17: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 2 - Mesorregião nordeste do Estado do Pará.

Fonte: Dados de pesquisa.

3.2 DADOS UTILIZADOS

Para atender os objetivos do trabalho, além da revisão de literatura para identificar as

publicações, diagnósticos e pesquisas já realizadas sobre a cadeia produtiva da pesca e,

particularmente, da aqüicultura, foram executados levantamentos de dados secundários e

primários, cujas especificações são apresentadas a seguir:

3.1 DADOS SECUNDÁRIOS

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO): Dados

estatísticos internacionais sobre a aqüicultura.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA):

dados sobre estatísticas da pesca extrativa e aqüicultura no Brasil, Regiões, Estados e

Municípios;

Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC): dados referentes ao censo

anual da evolução da carcinicultura no Brasil, Regiões e Estados;

Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Norte (CEPNOR):

dados sobre a carcinicultura no estado do Pará;

28

Page 18: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC): dados sobre o

fluxo de comércio de pescado (exportações e importações), obtido a partir do Sistema

Aliceweb.

3.2 DADOS PRIMÁRIOS

Os dados primários utilizados no trabalho foram obtidos por meio de entrevista com

os agentes que compõem a cadeia produtiva da carcinicultura no Estado do Pará, como

empresários e fazendeiros do setor.

3.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

Após a conclusão dos levantamentos, foram constituídos dois bancos de dados para

armazenamento dos dados de natureza primária e secundária.

Os dados secundários foram processados por meio do programa Microsoft Excel –

2003, no qual foram elaborados, principalmente, tabelas e gráficos para o acompanhamento do

comportamento das variáveis.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PANORAMA MUNDIAL

A produção mundial da pesca por captura, na atualidade, está em torno de 101 milhões

de toneladas de pescado para o consumo humano (FAO, 2008). Na Figura 3, demonstra-se a

evolução da produção mundial por captura na pesca extrativa e aqüicultura, na qual se percebe

que as flutuações na pesca extrativa obtêm oscilações decorrentes dos estoques explotáveis.

Conforme Garcia e Moreno (2001) analisam, a estagnação da produção de pescados por

captura extrativa decorre da saturação na exploração dos recursos pesqueiros, demonstram

ainda mais a viabilidade da aqüicultura como setor em crescimento.

29

Page 19: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 3 - Produção mundial por captura da Pesca Extrativa e Aqüicultura, 1994 a 2003.Fonte: FAO (2008).

No período de 1998 a 2007 o percentual total na produção oriunda da pesca extrativa

foi de 74,3%, contra 25,7% na aqüicultura, sendo que, somente no ano de 1998 a pesca

extrativa obteve 81,54% do total da produção mundial em milhões de toneladas contra 18,46%

da produção mundial na aqüicultura, em contrapartida, no ano de 2007, percebe-se que a pesca

extrativa perfaz um total de 68,08% em milhões de toneladas, enquanto a aqüicultura obteve

31,92% dessa produção oriunda de uma taxa de crescimento anual médio de cerca de 5% a.a

até 1969. Essa taxa aumentando para 8% nas décadas de 70 e 80 e desde 1990 vem crescendo a

uma taxa superior a 10% a.a (SONODA, 2002), indicando assim uma redução e aumento nos

respectivos setores do setor pesqueiro mundial (Figuras 3 e 4).

0

20000000

40000000

60000000

80000000

100000000

120000000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Ano

T o n el a d a s (t )

(t ) (t )

Pesca extrativaAquicultura

30

Page 20: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Pesca Extrativa74,3%

Aquicultura25,7%

Figura 4 - Distribuição mundial da produção de pescado por captura (Pesca Extrativa) e Aqüicultura, 1998 a 2007. Fonte: FAO (2008)

Os dados da Figura 5, na produção da aqüicultura por ambiente de cultivo mundial,

demonstram a evolução por período de 1998 a 2007 da aqüicultura com destaque para o

cultivo em água doce com produção total em 184 milhões de toneladas/ano.

31

Page 21: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 5 - Produção mundial de aqüicultura por ambiente de cultivo, 1994 a 2003.Fonte: FAO (2008)

Na Figura 6, a produção mundial de água doce é de 57,6%, e destaca a crescente

evolução desse ramo a nível mundial.

0

5000000

10000000

15000000

20000000

25000000

30000000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

ANO

Água doce

Salobre

Marinha

32P

RO

DU

ÇÃ

O

(T)

Page 22: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Salobre6,1%

Marinha36,3%

Água doce57,6%

Figura 6 - Distribuição mundial de aqüicultura por ambiente de cultivo, 1998 a 2007.Fonte: FAO (2008).

Na figura 7, o destaque vai para as capturas mundiais segmentadas por área, como os

peixes, seguidos de crustáceos, moluscos e outros organismos aquáticos, com posições de

destaque para maior valor agregado e obtenção de maior produtividade para a pesca por

captura dos peixes e moluscos seguidos dos crustáceos no período de 2001 a 2007.

33

Page 23: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 7: Captura mundial (Peixes, moluscos, crustáceos, outros organismos aquáticos), 1997 - 2003 .

Fonte: FAO (2008)

Considerando-se somente a pesca por captura marinha, para o ano de 2006, os 10

principais países produtores são: China, Japão, Estados Unidos, Federação da Rússia, Peru,

Indonésia, Chile, Índia, Tailândia, Noruega expostos na Figura 8. A produção da pesca por

captura marinha, em 2006, foi de 84,5 milhões de toneladas, o que representa uma redução de

2,6% em relação a 2004 e um ligeiro aumento de 0,4% em relação a 2005. China e Peru

0

20000000

40000000

60000000

80000000

100000000

120000000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

ANO

CA

PT

UR

A (

T)

Peixes

Crustáceos

Moluscos

Outros organismosaquáticos

34

Page 24: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

continuam ocupando os primeiros lugares em 2005 como em 2006. A produção por captura

declarada pela China vem se mantendo bastante estável desde 2000 e a tendência ao Peru

segue dependendo, em grande escala, das variações nas capturas da espécie anchoveta, Anchoa

spinifer (Valencienes, 1848).

2,7

2,9

3,2

3,8

4,3

4,4

4,5

4,9

8,8

16,6

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Milhões de Toneladas

Noruega

Tailândia

Federação Russia

Índia

Chile

Japão

Indonésia

Estados Unidos

Peru

China

Figura 8 – Produção marinha e continental dos dez principais países produtores no ano de 2006.

Fonte: FAO (2008)

Ainda de acordo com a FAO (1999), o estado de explotação dos principais recursos

pesqueiros, os quais tem sido objeto de avaliação, e sobre os quais mais se dispõe de

informações, vem se mantido praticamente inalterado desde o início dos anos de 1990. Assim,

confirma-se o fato, já divulgado pelo documento Estado Mundial das Pescarias, em sua versão

de 1997, de que 44% das principais pescarias mundiais estão totalmente explotadas e, portanto,

as capturas se encontram no nível máximo ou muito próximo dele, o que significa que não se

prevêem margens para expansão.

Nesse contexto, com a explotação da pesca extrativa, está havendo um significativo

aumento na aqüicultura em água doce e/ou salgada para alimentação humana e finalidades

industriais ou experimentais (Silva e Souza, 1998).

35

Page 25: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Conforme Petrere Jr, et al (1997), uma das vantagens que a aqüicultura oferece, tanto

para o produtor quanto para o consumidor, é a segurança da oferta no espaço e no tempo, pois

a pesca extrativa está sujeita às variações de abundância, às portarias normativas que impedem

as pescarias mais lucrativas na época da desova, às avarias dos barcos e aparelhos, fatores que

tornam a atividade intermitente.

A comunidade internacional reconhece agora que o excesso de capacidade de pesca e

de investimentos afeta negativamente os esforços de conservação e ordenamento da pesca e

ameaçam a sustentabilidade no longo prazo das pescarias, impedindo, por sua vez, uma

contribuição maior da pesca para a segurança alimentar (FAO, 1995).

4.2 PANORAMA NACIONAL

O Brasil possui cerca de 8.500 km de linha real de litoral e certo número de ilhas,

totalizando 3,5 milhões de km² de ZEE (Zona Econômica Exclusiva), a qual se estende desde o

Cabo Orange (5º N) até o Chuí (34º S), situando-se, na maior parte, nas regiões tropicais e

subtropicais (Dias-Neto & Dornelles, 1996).

36

Page 26: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

As condições ambientais do mar que banha a costa brasileira são determinadas,

basicamente, pela ocorrência de três correntes: (a) a Corrente da Costa Norte do Brasil, que

flui para Nordeste; (b) a Corrente do Brasil, que flui em direção ao sul; ambas resultantes da

Corrente Sul-Equatorial que vem da costa da África que, ao se encontrar com o continente

brasileiro, na altura de João Pessoa, bifurca-se nas duas direções mencionadas; e (3) a Corrente

das Malvinas. As duas primeiras apresentam características comuns, uma vez que são de

temperatura e salinidade altas e pobres em sais nutrientes.

Estes parâmetros, associados à alta profundidade da termoclima nas áreas percorridas

pelas correntes, não permitem que os sais nutrientes alcancem a zona trófica, para favorecer a

produção primária, tornando a produtividade do mar baixa nestas regiões. A Corrente das

Malvinas, com baixa temperatura e salinidade, penetra a região costeira do Rio Grande do Sul

e, atingindo a altura do paralelo 34-36º S, encontra-se com a Corrente do Brasil, formando a

Convergência Subtropical. Esta corrente possui alta concentração de sais nutrientes (DIAS-

NETO & DORNELLES, op.cit).

O mesmo autor afirma que a pesca nacional está colocada entre as quatro maiores

fontes de fornecimento de proteína animal para o consumo humano. A produção oriunda do

mar contribuiu, no período de 1975 a 1994, com um mínimo de 67,7% e um máximo de 85,2%

da produção total do pescado no Brasil.

As últimas estimativas do setor pesqueiro apontam que o mesmo contribui para a

geração de 800 mil empregos diretos, e é composto por um parque industrial que integra mais

de 300 empresas. Esses dois indicadores, associados à infra-estrutura de apoio à pequena

produção, à comercialização e à distribuição do pescado formam um conjunto de indicadores

socioeconômicos da pesca marítima nacional. E tal conjunto não é tão expressivo quando

comparado ao mesmo conjunto de indicadores da economia nacional no seu todo.

Não se pode dizer o mesmo quando se considera essa atividade como geradora de

emprego e de alimentos para um expressivo contingente de brasileiros que vivem no litoral e

áreas ribeirinhas. A pesca nacional é uma das poucas atividades que absorve mão-de-obra de

pouca ou nenhuma qualificação, quer seja de origem rural ou urbana. Em alguns casos, é a

única oportunidade de emprego para certos grupos de indivíduos e para a população excluída.

Esses fatos indiscutíveis, associados àqueles demais indicadores, transformam a pesca nacional

37

Page 27: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

em um dos pilares fundamentais da socioeconomia brasileira. (DIAS-NETO & DORNELLES,

1996).

Conforme análises do mesmo autor, a pesca extrativa marítima nacional também

enfrenta uma significativa crise. Os aspectos mais visíveis da crise da pesca brasileira podem

ser observados na situação de sobrepesca em que se encontra a grande maioria dos recursos

que suportam as mais importantes capturas. Podem ser observados igualmente na permanente

situação de falência do setor privado, nas fundamentadas reclamações dos pescadores quanto

ao “desaparecimento” dos cardumes, e na ausência de confiança entre os interlocutores do

Estado e da iniciativa privada.

A respeito do futuro da pesca marítima no Brasil em relação à crítica situação dos

estoques e à pesca mundial, cerca de 75% dos principais recursos encontram-se plenamente

explotados ou sob excesso de explotação, ou até esgotados ou se recuperando de tal nível de

utilização. No caso da pesca brasileira os principais recursos nessas condições ficam acima dos

80% (DIAS-NETO & DORNELLES , op.cit).

Analisando as pescarias industriais estuarinas/marinhas do Brasil, Paiva (1997)

conclui serem comuns às evidências de declínio (sobrepesca), e prevê, inclusive, o colapso da

explotação pesqueiras, principalmente decorrentes do aumento descontrolado dos esforços de

pesca a que estão sujeitas.

As últimas análises da FAO (2008) só tornam mais complicado o quadro anterior, uma

vez que a situação dos recursos pesqueiros marítimos que suportam as principais capturas,

tanto da pesca marítima mundial quanto da brasileira, só se agravou nestes últimos anos.

De acordo com análises de Dias-Neto (2003), deve-se considerar que o

comportamento da produção da pesca marinha é preocupante, seja pelo declínio a partir de

1986, seja pela posterior estagnação, entre 1990 e 1999, seja pelos segmentos sociais e

econômicos envolvidos e confirmados através de inúmeros estudos econômicos de pescarias

específicas como as da lagosta (CARVALHO et al., 1996 e SILVA & CAVALCANTE,

1994), do camarão da costa norte (VIEIRA et al., 1997) e da sardinha (IBAMA, 1992), seja

pelo declínio de estoques, ou sobrepesca, interligados à aguda crise por que passam as

pescarias dos principais recursos explotados.

Nesse contexto, serão analisados dados com estimativas da produção pesqueira

nacional, promovendo demonstrativos de como a pesca extrativa está em um patamar de

38

Page 28: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

explotação, ou muito próxima a este e, com isto, havendo um destaque nas evoluções da

aqüicultura.

Na Figura 9, o período de 2001 a 2007 demonstra que a participação relativa da

produção de pescado apresentou um comportamento de declínio para a pesca extrativa,

registrando, em 2003, uma participação de 71,40%, perfazendo 711.406,0 t contra 88,0% e um

total de 644.585,0 t, em 1997.

39

Page 29: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 9 - Produção total (t) da pesca extrativa e da aqüicultura em águas marinhas e continentais, 2001 -2007.

Fonte: IBAMA, 2008.

No entanto, a aqüicultura apresentou um comportamento de crescimento ao longo de

todo o período e, em 2007, registrou uma participação de 28,6% com um total de 996.631,0 t,

contra 12,0% e 732.258,5 t em 1997 (IBAMA, 2008).

Na figura 10, descreve-se, uma síntese da situação do uso dos recursos estuarinos e

marinhos que suportam as principais pescarias brasileiras, de acordo com a distribuição

espacial, enfatizando sobrepesca para as espécies lagosta-vermelha, Panulinus argus (Latreille,

1804) (N – NE), lagosta-verde, Panulinus laevicauda (Latreille, 1817) (N - NE), sardinha-

verdadeira, Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879) (SE - S), camarão-rosa,

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Marinha Continental Aquicultura Produção Total (t)

40

Page 30: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Farfantepenaeus subtilis, (Pérez-Farfante, 1967) (SE –S), camarão-sete-barbas, Xiphopenaeus

kroyeri (Heller, 1862) (SE-S), peixes demersais4 (SE – S) e piramutaba, Brachyplatystana

vaillantii (Valenciennes, 1840) (N), destacando ainda colapso de pesca para o pargo, Lutjanus

purpureus (Poey, 1875) (N – NE). (MARRUL-FILHO, 2003).

Figura 10 - Distribuição espacial dos principais recursos pesqueiros da costa brasileira.

Fonte: Dias Neto & Marrul Filho, 2003.

Nota: N – Norte; NE – Nordeste; SE – Sudeste; S – Sul.

4.3 COMÉRCIO EXTERIOR

Nas exportações e importações brasileiras de pescado, no período de 1985 a 1994, é

destacado que, apesar das flutuações, as exportações apresentaram uma tendência de

4 Peixes demersais: Compreende o conjunto das espécies explotadas: corvina, castanha, pescada-olhuda e pescadinha – real.

41

Page 31: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

decréscimo analisada por Dias-Neto & Dornelles (1996). A quantidade exportada passou de

62.130t, em 1985, para 35.561t em 1994, equivalendo ao valor de US$ 176 milhões e US$ 168

milhões, respectivamente. Em contrapartida, as importações, neste período, apresentam uma

forte tendência de crescimento, passando de 38.624t, em 1985, para 157.462t em 1994,

equivalendo, respectivamente, a US$ 45 milhões e US$ 229 milhões.

Os dados de exportação dos anos de 1998 e 1999 mostram que as quantidades foram

de 31.635t e 36.361t, enquanto os valores foram de US$ 121 milhões e US$ 137 milhões,

respectivamente, aparentando, uma leve recuperação no último ano (IBAMA, 2000 e 2001).

Os dados de 1998 e 1999 mostraram que a tendência de crescimento das importações

continuou, apesar do decréscimo ocorrido no último ano. As quantidades atingiram 197.366t e

168.960t, enquanto os valores chegaram a US$ 433 milhões e US$ 288 milhões,

respectivamente (IBAMA, 2000).

De acordo com dados estatísticos do Ibama (2008), ilustrados na Figura 11, no ano de

2007, a balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 224,6 milhões, 61,39% maior

que o verificado em 2006, resultado da diferença entre as exportações, no montante de US$

427,5 milhões, e as importações, no valor de US$ 202,9 milhões, conforme apresentado na

Figura 11. O seguinte desempenho ocorreu não só em virtude do crescimento significativo do

volume das exportações (15,64%), mas também pelo baixo crescimento no volume das

importações (2,93%). O crescimento das exportações, no ano de 2003, foi de 21,31%,

enquanto as importações decresceram 4,82%, em relação a 2006.

É interessante destacar, também, os preços médios das exportações, que, em 2001,

mostravam-se declinantes (US$ 4,180/t em 2000 e US$ 3,930/t, em 2001). Em questão,

percebe-se que, em 2002, constatou-se uma redução de 8,8% (US$ 3,583/t), em relação a

2001.

42

Page 32: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 11- Balança comercial brasileira de produtos pesqueiros, 2000-2007.Fonte: IBAMA, 2008.

Para o ano de 2007, observou-se uma ligeira recuperação (US$ 3,759/t), porém muito

distante dos preços praticados no início da década. Este fato contribuiu para que o superávit na

balança comercial brasileira de produtos pesqueiros não se mostrasse mais expressivo, uma

vez que foi feito um esforço significativo em aumentar as exportações em 15.384 t de pescado.

Os países especificados na Figura 12 somaram 87,9% das vendas do Brasil ao exterior.

Percebe-se que, embora o Brasil tenha exportado para 62 países, constata-se certa rigidez na

abertura de mercados alternativos, o que, aliado ao fato de os principais mercados hoje

existentes serem concentrados em poucos produtos, deixa vulneráveis os exportadores

brasileiros de pescado.

-400.000

-300.000

-200.000

-100.000

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

US

$

Exportação Importação Saldo Balança comercial(US$)

43

Page 33: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 12 - Principais mercados importadores, 2002 - 2003.Fonte: SECEX/IBAMA, 2008.

Registra-se que, em 2007, também houve uma ligeira queda na participação do valor

das exportações dirigidas a outros países que não os tradicionais, assim como uma diminuição

no número de países para os quais o Brasil vende os produtos pesqueiros.

Na pauta de exportações, o principal produto pesqueiro apresentou, no último período,

um crescimento vertiginoso, não só em termos de quantidade, mas também, em divisas

geradas. Em 2005, foi registrado US$ 129,4 milhões; em 2006 alcançou US$ 174,9 milhões; e

em 2007, passou para US$ 244,5 milhões. Em relação a 2006, observa-se que a venda de

camarões congelados ao exterior aumentou em US$ 69,6 milhões, respondendo por mais da

metade (57,2%) das exportações do setor.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

2006 2007

US

$Estados Unidos Espanha França Países BaixosJapão Argentina Outros Países

44

Page 34: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 13 - Principais Produtos exportados, 2006 - 2007.Fonte: SECEX/IBAMA, 2008.

Em se tratando dos demais produtos, não se observaram mudanças expressivas, a não

ser o caso da lagosta que teve sua participação diminuída em 5% aproximadamente, conforme

a Figura 13. O principal destaque vai para os camarões congelados que, em 2006, detinham

44,7% (89.352 t) e, em 2007, atingiram 52,3% (116.348,5t), em função do crescimento

vertiginoso da produção oriunda da carcinicultura.

A Figura 14 demonstra os principais Estados exportadores de pescado, com destaque

para o Ceará como principal estado exportador, sendo responsável por 26,3% (US$ 112,5

milhões) das exportações globais do setor pesqueiro. O volume representa 33% da produção

total do estado perfazendo 65.355,5 toneladas.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

2006 2007

US

$

Camarões congeladosLagosta congeladaOuts.Peixes Frescos, Refrig.Exc.Files, Outs.CarnesOuts.Peixes Congelados, Exc.Files, Outs.Carnes,Etc.Extratos e Sucos, de Carnes, de Peixes, de Crustáceos, Etc.Prep/Conservas, de Atuns, Inteiros, ou em Pedaç.Outs.Tipos de Pescados

45

Page 35: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 14 - Principais Estados exportadores de pescados, 2006 – 2007Fonte: IBAMA, 2008.

Nas exportações o Rio Grande do Norte, assim como em 2005, em 2007, teve um

crescimento considerável, não só em termos de quantidade (40%), como também em valores

(31,4%). As vendas ao exterior representaram 41,8% da produção estadual pesqueira

(56.231,5t). Analisou-se, ainda, que entre os nove principais estados exportadores, cinco são

da região Nordeste, responsáveis por 69,2% das exportações totais de pescado. Quanto aos

demais estados, operou-se alguma alteração em suas participações no ano de 2007, sem,

contudo, alterar o desempenho das exportações em suas respectivas Unidades, com exceção da

Bahia, que assumiu a quinta posição e teve suas vendas ao exterior aumentadas em US$ 3,5

milhões.

Na Tabela 1, cabe consignar que, da listagem arrolada, doze empresas estão ligadas

exclusivamente a carcinicultura. Destaca-se, também, que das 23 empresas que exportaram

igual ou acima de cinco milhões de dólares, quase a totalidade (20) estão localizadas no

Nordeste brasileiro. Observou-se que a empresa EMPAF – Empresa de Armazenagem

Frigorífica Ltda – primeira no ranking desde 2003, vem aumentando sua participação no

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

2006 2007

US

$

CEARÁ RIO GRANDE DO NORTEPERNAMBUCO PARÁBAHIA SANTA CATARINASÃO PAULO PARAÍBARIO GRANDE DO SUL OUTROS ESTADOS

46

Page 36: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

mercado exportador. De fato, em 2007, foi responsável por 11% das vendas brasileiras de

pescado ao exterior.

Tabela 1- Principais empresas exportadoras de produtos pesqueiros, 2007.

Empresa Municípios UF (t) US$

Camanor Produtos Marinhos Ltda CANGUARETAMA RN 2.791 102.378

EMPAF – Empresa de Armazenagem Frigorífica RECIFE PE 8.056 45.258

Compescal Com. de Pescado Aracatiense Ltda FORTIM CE 5.776 27.248

Pesqueira Maguary Ltda CAMOCIM CE 3.092 20.833

Norte Pesca S/A NATAL RN 4.186 12.573

Cina Cia Nordeste de Aqüicultura e Alimentação FORTALEZA CE 3.431 12.108

Bramex – Brasil Mercantil S/A GOIANIA PE 3.488 11.777

Potipora Aqualcultura Ltda PENDENCIAS RN 2.506 10.829

Lusomar Maricultura Ltda JANDAIRA BA 2.757 9.376

Valença da Bahia Maricultura S/A VALENCA BA 2.291 9.208

MM Monteiro Pesca e Exportação Ltda FORTALEZA CE 1.799 9.187

Qualimar Com. Importação e Export. Ltda RECIFE PE 494 8.155

Marine – Maricultura do Nordeste S/A CANGUARETAMA RN 2.034 7.786

Cida-Central de Ind. e Distribuição de Alimentos NATAL RN 2.049 7.781

Compex Indústria e Com. de Pesca e Exportação FORTALEZA CE 1.100 7.651

SM Pescados Indústria, Com. e Exp. Ltda FORTALEZA CE 1.577 7.650

Potiguar Alimentos do Mar Ltda NATAL RN 2.337 7.065

Aquática Maricultura do Brasil Ltda PORTO DO MANGUE RN 1.930 7.045

Amazonas Industriais Alimentícias – AMASA BELÉM PA 835 6.958

Pará Alimentos do Mar Ltda BELÉM PA 1.384 6.246

Mucuripe Pesca Ltda NATAL RN 1.368 5.989

Campasa Camarões do Pará S/A CURUÇÁ PA 2.196 5.635

Acarau Pesca Distrib. De Pescado Imp. e Exp ACARAÚ CE 928 5.223

Outras Empresas Exportadoras - - 49.298 57.756

Total Geral 107.703 411.715

Fonte: IBAMA, 2008.

4.4 CARCINICULTURA

Segundo Madrid (2004), no contexto do agronegócio mundial existem poucas

atividades que têm alcançado nos últimos vinte anos, principalmente a partir da década de

1980, taxas de crescimento tão elevadas como as do cultivo do camarão marinho.Uma das

principais causas desse alto índice de crescimento, de um certo modo, cabe aos progressos

47

Page 37: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

tecnológicos e à elevada demanda do mercado, principalmente na União Européia, Estados

Unidos e Japão. Por outro ângulo, a diminuição da velocidade de crescimento da produção de

camarão oriundo da pesca extrativa.

Uma das fontes que tem contribuído positivamente para o aumento acelerado desta

atividade é o apoio que os Governos têm proporcionado, muitas vezes conseguindo

financiamentos internacionais, visando à obtenção de um produto com potencial para a geração

de divisas e/ou elaborando Planos e Programas de apoio ao desenvolvimento (MADRID,

2004).

De acordo com Aragão (2007), no ano de 2006, havia 1,7 milhões de hectares de

viveiros em produção em mais de 50 países, e a produção total de camarão superou a cifra de

1,6 milhões de toneladas. Assim, a produção de camarão de cultivo apresentou um crescimento

de 29% em relação a 2001, contribuindo com 34% da produção mundial total de camarão que

atingiu 4,65 milhões de toneladas. Com destaque para a espécie Tigre asiático, Penaeus

monodom, (Fabricius, 1798) respondendo por 53% da produção total de cultivo, enquanto os

camarões brancos, por 35%.

Para Barbieri Jr. & Neto (2001), as primeiras experiências com o cultivo do camarão

marinho no Brasil ocorreram na década de 70, inicialmente com espécies nativas e,

posteriormente, com espécies exóticas. A princípio estes esforços não resultaram em uma

atividade comercialmente rentável e, somente no início dos anos 90, com a introdução do

camarão Litopenaeus vannamei, espécie exótica que originalmente se distribui do leste do

Pacífico, de Sonora (México) até Tumbes, no norte do Peru, com grande rusticidade é que foi

possível a obtenção dos melhores índices zootécnicos alcançados. E Aragão (2007)

complementa, ainda, que a excelente capacidade de adaptação dessa espécie às mais variadas

condições de cultivo possibilitaram a atividade se desenvolver de forma acelerada,

especialmente na região Nordeste, (ARAGÃO, 2007).

O Sudoeste da Ásia é responsável pela maior produção de camarão de cultivo; onde a

produção total superou a casa de 1,2 milhões de toneladas em 2007, conforme apresentado na

Tabela 2. Nessa região são utilizados, em sua maioria, sistemas intensivos em pequenas

fazendas com áreas inferiores a 20 ha. A China e a Tailândia são os líderes mundiais da

produção de camarão de cultivo, com 270 e 280 mil toneladas respectivamente, em 2007. Uma

grande parte destes produtos é destinada, principalmente, aos mercados americano e japonês.

São destacados, ainda, como importantes produtores mundiais, o Vietnã, Índia, Indonésia e

Bangladesh (ARAGÃO, 2007).

48

Page 38: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Tabela 2 - Produção mundial da carcinicultura e participação brasileira no ano de 2006 e 2007.

Principais Países produtores 

2006 

2007

Produção (t) Área (ha)Produtividade(Kg/ha/ano) Produção (t) Área (ha)

Produtividade (Kg/ha/ano)

China 337.000 243.600 1.383 370.000 257.000 1.440Tailândia 250.000 64.000 3.906 280.000 64.000 4.375Vietnã 195.000 480.000 406 220.000 500.000 440Indonésia 164.000 200.000 820 168.000 200.000 840Índia 145.000 186.000 780 160.000 195.000 821Brasil 60.128 11.016 5.458 90.190 14.824 6.084Equador 64.875 125.000 519 81.000 130.900 619Bangladesh 63.164 144.020 438 60.000 145.000 414México 28.250 26.000 1.087 38.000 27.500 1.382Malásia 20.000 20.500 976 21.000 20.900 1.005Outros 127.829 141.782 902 141.810 146.466 968TOTAL 1.455.246 1.642.100 886 1.630.000 1.701.590 958

Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Camarão - ABCC, 2008.

Nas Américas, o Brasil em 2007, manteve a liderança com 90,2 mil toneladas, ficando

o Equador em segundo lugar, com 81 mil toneladas e, depois, o México com 38 mil toneladas.

Destaca-se a grande vantagem comparativa do Brasil em termos de produtividade (6.084

kg/ha/ano), que é quase nove vezes a produtividade média mundial (958 kg/ha/ano)

(ARAGÃO, 2007).

A participação relativa da produção do pescado no período de 1999 a 2007 apresentou

um comportamento de declínio para a pesca extrativa do camarão, registrando em 2003 uma

participação de 27,4 %, contra 95,3% em 1999.

49

Page 39: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 15 - Produção da pesca extrativa do camarão e da carcinicultura marinha no Brasil, 1999 – 2007. Fonte: IBAMA, 2008.

Enquanto isso, a carcinicultura apresentou um comportamento de crescimento ao

longo de todo período, registrando, em 2007, uma participação de 72,6 %, contra 4,7 %, em

1999, conforme observado na figura 15.

Quanto às perspectivas comparativas do decréscimo na produção da carcinicultura no

período de 2006 e 2007, em relação à participação no número de fazendas, houve um aumento

de 905 fazendas, em 2006, para 997, em 2007, enquanto, em termos da área dos viveiros,

houve um aumento 1.774 kg/ha/ano neste mesmo período.Ressalta-se a análise em termos da

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

PESCA EXTRATIVA (t) CARCINICULTURA (t) TOTAL (t)

50

PR

OD

ÃO

(t)

Page 40: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

queda na produção, que o mercado europeu está concentrado em dois países, Espanha e

França, embora a Itália venha apresentando incrementos nas suas importações.

Figura 16 - Dados Comparativos da Carcinicultura Brasileira em 2006 e 2007.Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Camarão - ABCC, 2008.

Note-se ainda que os mercados, nestes países, são muito influenciados pela oferta do

camarão vermelho capturado na Argentina, cuja produção oscila muito de ano para ano. Nos

anos em que a oferta deste camarão é grande, a tendência é de queda na produção e nos preços

do camarão marinho de cultivo, conforme demonstra a Figura 16. (ARAGÃO, 2007).

Na tabela 4, pode-se observar o desdobramento desses números pelas Unidades

Federativas, no ano de 2007; observa-se que o estado do Rio Grande do Norte lidera, em

número de produtores, a área de viveiros e o volume produzido, seguido pelo Ceará.

905

14.824

90.190

997

16.598

75.904

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000Nº de fazendas Área (ha) Produção (t)

51

2006 2007

Page 41: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Posteriormente, por ordem de importância produtiva, aparecem os estados da Bahia,

Pernambuco, Paraíba, Piauí e Santa Catarina.

Tabela 4 - Quadro geral da Carcinicultura Brasileira por Estado em 2007.  Número de   Área   Produção   Produtividade

Estado Produtores % (ha) % (t) % (Kg/há/ano)RN 381 38,2 6.281 37,8 30.807 40,6 4.905CE 191 19,2 3.804 22,9 19.405 25,6 5.101BA 51 5,1 1.850 11,1 7.577 10 4.096PE 98 9,8 1.108 6,7 4.531 6 4.089PB 68 6,8 630 3,8 2.963 3,9 4.703PI 16 1,6 751 4,5 2.541 3,3 3.383SC 95 9,5 1.361 8,2 4.267 5,6 3.135SE 69 6,9 514 3,1 2.543 3,4 4.947MA 7 0,7 85 0,5 226 0,3 2.659PR 1 0,1 49 0,3 310 0,4 6.327Es 12 1,2 103 0,6 370 0,5 3.592PA 5 0,5 38 0,2 242 0,3 6.368AL 2 0,2 16 0,1 102 0,1 6.375RS 1 0,1 8 0 20 0 2.500

TOTAL 997 100,0 16.598 100,0 75.904 100,0 4.573Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Camarão - ABCC, 2008.

4.5 A CADEIA PRODUTIVA DA CARCINICULTURA DO L VANNAMEI NO ESTADO

DO PARÁ

52

Page 42: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

O Estado do Pará, pela riqueza estuarina em seu litoral, vem desenvolvendo

paulatinamente, em algumas fazendas, a cadeia produtiva do camarão L.vannamei e, apesar de

ser uma atividade incipiente na região, vem despertando interesse em alguns pequenos

produtores do agronegócio paraense.

Figura 18 – Representação esquemática da cadeia produtiva da carcinicultura marinha.Fonte: (CADEIA produtiva..., 2003)

O processo produtivo se inicia com a primeira etapa que é a larvicultura em

laboratórios no Nordeste, onde se dá a reprodução da espécie a partir do cruzamento das

matrizes e dos reprodutores, para posterior ovulação. Após esse período, existem alguns

Matrizes

Larvicultura

Engorda

Processamento

Mercado Internacional

Mercado Doméstico

Pesca

Rações e Artemias

Matrizes importadas ou coletadas em ambiente natural

Pós-Larvas

Camarões adultos

Congelados, Resfriados e Pré-processados

Camarões adultos

Matrizes

53

Page 43: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

estágios em que os náuplios eclodem dos ovos, utilizando antenas como forma de

movimentação; a seguir, passam por um segundo período se transformando em protozoéa e se

alimentando de algas unicelulares; depois dessa fase passam para o estágio mísis, quando a

carapaça passa a recobrir todo o tórax, alimentando-se de fito plâncton – nessa etapa eles

crescem um pouco mais –; e, finalmente, a fase larval termina e o camarão é considerado uma

pós-larva (PL’s) (BARBIERI JR & OSTRENSKY NETO, 2001).

Enfatiza-se que o camarão proveniente da pesca extrativa pode ser enviado para

processamento e distribuído para o mercado externo e interno, assim como pode não ser

processado e comercializado diretamente no mercado interno.

Com a chegada dos pós-larvas nas fazendas, é feito o povoamento dos mesmos,

entrando, assim, o período de engorda da espécie para posterior despesca, ou seja, a retirada

total do camarão para o processamento. Nesse ponto, são levados às empresas para serem

congelados, refinados e pré-processados, sendo, a seguir, distribuídos para o mercado externo

e interno (ORMOND et al, 2004).

Através de dados coletados no setor aquicultor do Estado do Pará e inserindo-os no

contexto das cinco forças competitivas, destaca-se a fase atual da carcinicultura no mercado

paraense.

54

Page 44: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 19 – As cinco forças competitivas de mercado no contexto do Estado do Pará.Fonte: Porter, 1986. (Adaptado pelo Autor).

4.6. PRIMEIRA FORÇA: ENTRANTES POTENCIAIS

Como discutido anteriormente no referencial teórico, os entrantes potenciais são

aqueles que estão aptos a aproveitarem uma oportunidade de negócio No caso específico desta

55

1ª FORÇA

ENTRANTES POTENCIAIS

1º Fazenda Camasa

2º Fazenda Camalta

2ª FORÇA

CONCORRENTES EXISTENTES

1º Fazenda São Paulo2º Fazenda Nsa. de

Fátima3º Fazenda Campasa

4ª FORÇA

COMPRADORES

1º Pesqueira Maguary2º Amazon Catfish

3º Campasa

5ª FORÇA

FORNECEDORES

1º Pós-larva: Aquanorte2º Ração: Purina

3ª FORÇA

SUBSTITUTOS

1º Farfantepenaeus

subtilis(Camarão rosa)

Page 45: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

pesquisa, os empreendimentos aqui mencionados são entrantes no setor da carcinicultura

paraense.

Existem duas fazendas dentro desse potencial entrante no Estado do Pará:

4.6.1 Fazenda Camalta

A propriedade CAMALTA – Camarões Terra Alta S/A – , foi fundada em 1992 e

com duas atividades no setor carcinicultor: as espécies Gigante da Malásia, Macrobrachium

rosembergui (De Man, 1979) e Litopenaeus vannamei; e na piscicultura com ênfase nas

espécies Tambaqui, Colosoma macropomum (Cuvier, 1818), Pirarucu, Arapaima gigas

(Schinz, 1822) e Tucunaré, Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831).

É localizada na mesorregião do nordeste paraense, no município de Salinópolis, na

microrregião do Salgado. A fazenda opera na carcinicultura do Litopenaeus vannamei com 08

viveiros em 03 hectares de terra, e seu abastecimento é através de bombeamento, não

possuindo equipamento aerador para oxigenação dos pós-larvas. Os ciclos produtivos que

ocorreram do L.vannamei foram todos vendidos diretamente ao consumidor final como

restaurantes, supermercados e lojas especializadas em camarões congelados.

4.6.2 Fazenda Camasa

A propriedade CAMASA – Camarões Atalaia S/A–, é localizada na mesorregião do

nordeste paraense, no município de Salinópolis. Não foram encontrados registros da fazenda

no Sindicato dos Aquicultores do Estado do Pará, assim como o proprietário não foi localizado

para entrevista.

4.7.SEGUNDA FORÇA: CONCORRENTES EXISTENTES

São os empreendimentos que já estão atuando no setor aquicultor em um determinado

período no mercado paraense.

56

Page 46: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Existem três concorrentes estabelecidos no mercado que são:

4.7.1 Fazenda Nossa Senhora de Fátima

Foi fundada em 2003, com operação de atividade carcinocultora da espécie

Litopenaeus vannamei e utilizada como base deste trabalho de pesquisa.

Localizada na mesorregião do nordeste paraense; a cidade de Curuçá junto com

Colares, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Salinópolis, São Caetano de Odivelas, São

João de Pirabas e Vigia formam a microrregião do Salgado. A fazenda encontra-se em Curuçá,

a 4.5 km do ramal da Vila de Caratateua no Estado do Pará. Ela dista do centro de Belém 160

km, através da rodovia PA – 36, totalmente pavimentada. E, a partir da cidade de Curuçá

percorre-se 30 km de estrada de chão até a Vila de Caratateua; a partir daí, são mais 1,5 km até

a propriedade, com Latitude 00º 40′ 411” e Longitude 047º46′449”.

A fazenda de cultivo tem, como manancial para abastecimento dos viveiros, o Rio

Ingaí, ao norte da propriedade, e o Rio Grande, ao sul, os quais estão em comunicação com o

oceano atlântico, tendo, portanto, disponibilidade constante de água para o necessário

programa de bombeamento. Possui 02 viveiros em 02 hectares de terra.

a) Descrição da área de influência do empreendimento:

O clima é tropical úmido, a umidade média anual é de 80% e os ventos são acentuados

no verão, direção predominante do quadrante nordeste. A temperatura média anual fica em

torno de 27,7ºC, variando ao longo de 26 (8º C a 28,0º C). A temperatura média das máximas

varia de 30º C a 32, 1ºC, e a média máxima anual de 31,7ºC. A temperatura mínima média

anual de 25,2ºC e a média das mínimas oscilam de 24,1ºC a 26,0ºC; portanto, o clima é

caracterizado como litorâneo quente e tropical.

A salinidade da água, medida ao longo de dois anos, demonstra ser oligohalina, ou

seja, nem totalmente doce, nem totalmente salgada, mas sim salobre.

b) Descrição ambiental da área

57

Page 47: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

A cobertura da área estudada é constituída de floresta tropical úmida, vegetação

litorânea de mangue e vegetação de restinga. Em grande parte da região, a floresta primitiva

foi retirada para exploração da agricultura itinerante.

O manguezal é um criadouro natural e abrigo de diversas espécies de peixes,

camarões, caranguejos, teredos (denominados de turus na região) e outros. É responsável,

também, pela existência de bancos de crustáceos, retendo e exportando nutrientes para o mar

aberto, onde os camarões são capturados. As águas oceânicas e estuarinas abrigam recursos do

mar e rios.

Os estuários caracterizam-se como sendo o sistema ideal para o cultivo dos crustáceos,

pois é genericamente definido como o local onde os rios deságuam nos oceanos. Assim,

constituem-se em uma zona de transição, sujeita a mudanças rápidas em suas características

hidrológicas, agindo como fator importante na manutenção do nível da água nos viveiros de

cultivo, e deverão estar localizados em área de fácil captação de água.

c) Avaliação de Impacto ambiental

A problemática ambiental é de múltiplo interesse, e dela participam diferentes idéias, e

há sobre elas, conceitos em esferas distintas para que o desenvolvimento sustentável ocorra

sem os problemas causados por impactos ambientais, é necessário tomar antecipadas

precauções na abertura de um empreendimento inserido em uma biota5 diversificada.

Logo, a área de influência do empreendimento Nossa Senhora de Fátima é objeto de

várias sansões legais para seu funcionamento através das esferas municipal, estadual e federal,

que são relacionadas abaixo:

- Resolução do CONAMA 001 de 23/01/86 – Estabelece e define diretrizes e critérios

para o uso de avaliação de impactos ambientais.

- Resolução do CONAMA 002 de 23/01/86 – Classifica as águas doces, salobras e

salinas em nove classes, de acordo com seus múltiplos.

- Portaria Normativa do IBAMA Nº. 1 de 04/01/90 – Institui a exigência de

fornecimento de licença ambiental e os custos operacionais referentes à análise de projetos.

5 Biota: Todas as espécies de plantas e animais que vivem em uma determinada área.

58

Page 48: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

- Lei Nº. 7.803 de 18/07/89 – Altera a redação da Lei Nº. 4.771 de 15/09/65, e cujo

novo enunciado dispõe sobre a largura mínima da faixa marginal dos cursos d’água e sobre a

reserva legal.

d) Ciclo produtivo da carcinicultura

O primeiro ciclo produtivo da Fazenda Nossa Senhora de Fátima ocorreu de

novembro de 2003 a junho de 2004, seguindo as seguintes etapas:

Viveiros

A área ideal escolhida para a implantação dos viveiros foi próxima a estuários,

conforme a Figura 20, genericamente definida, como sendo o local onde os rios deságuam nos

oceanos, constituindo-se uma zona de transição, sujeita a mudanças rápidas nas suas

características hidrológicas. Um fator determinante para a escolha deste local foi o

conhecimento da amplitude e das variações de marés (fluxo e refluxo), tornando-se muito

importante para a manutenção dos viveiros, pois será de fácil captação da água estuarina.

Tabela 6 - Estimativa do ciclo produtivo/ano nos viveiros de engorda.

Área

Total

(ha)

Densidade

Estocage

m

Tempo

de

cultivo

Qtd de

ciclos/ano

Qtde

Estocada

/ciclo

Sobrevivência

estimada

Qtd.

Retirada/ciclo

Peso

médio

final

02 40 PL’s

10 m²

110 dias 01 800.000

Pl/10

65% 520.000

camarões

14 g

Fonte: Dados de PesquisaNota: Pl´s = pós-larva

O tipo de solo dos viveiros apresenta graus de salinidade, alcalinidade e/ou matéria

orgânica, apresentando características argiloso-arenoso, e foram totalmente limpos de

vegetação, tocos e raízes para que o cultivo dos camarões seja técnico-economicamente viável.

59

Page 49: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 20 – Viveiros da Fazenda Nossa Senhora de Fátima – Curuçá/PAFonte: Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Norte – CEPNOR/IBAMA, 2007.

Abastecimento

O tipo de abastecimento de água da Fazenda Nossa Senhora de Fátima ocorre através

de bombeamento feito através de tubos interligados ao estuário.

Controle de qualidade de água

Essa etapa é de extrema importância para o cultivo do camarão, pois é feita através

do monitoramento diário por um Engenheiro de pesca ou técnico especializado, com leitura da:

- Temperatura: É necessário o monitoramento para que não haja um significativo aumento da

mesma, pois isso influencia diretamente no metabolismo dos camarões, forçando-os a

consumirem mais oxigênio, provocando uma queda nos níveis do referido gás.

- Salinidade: A salinidade para o cultivo do camarão marinho varia de 15% a 35%, e o

L.vannamei está na faixa de salinidade entre 15-25 ppt. O dado importante nesse tipo de

60

Page 50: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

monitoramento é o fato de esse crustáceo não se adaptar a salinidades com menos de 1 ppt ou

água doce, pois seu crescimento tende a declinar.

- pH: O pH da água é a medida de sua acidez e o valor ideal está entre 7,2 a 8,2.

- Turbidez: Ou cor da água. Refere-se ao material em suspensão no viveiro, sendo partículas

orgânicas e inorgânicas, como a argila e fitoplânctons6, que dificultam a passagem da luz e

com isto prejudicando a fotossíntese.

- Oxigênio e Gás Carbônico: São monitorados porque são os gases mais importantes em

aqüicultura de viveiros. As concentrações de equilíbrio do oxigênio dissolvido na água

decrescem com o aumento da temperatura e da salinidade. Os camarões podem tolerar

concentração de oxigênio dissolvido por um determinado período, mas tal concentração poderá

causar-lhes estresse, passando com isso a não se alimentarem bem e ficarem sujeitos a

doenças. As concentrações de gás carbônico raramente são altas o suficiente para prejudicar os

camarões, mas longas exposições a concentrações acima de 10mg/l por vários dias devem ser

evitadas.

Fertilização

A técnica utilizada para o cultivo dos camarões é a de fertilização orgânica ou

inorgânica, de maneira que propicie um bom desenvolvimento para a população fito e

zoobentônica7, servindo de base alimentar para os camarões. Esse método no cultivo é feito

cuidadosamente, sendo necessário uma fertilização inicial e de manutenção através de uréia,

esterco de galinha e esterco de gado.

Após a fertilização inicial, são aguardados de 5 a 25 dias para realizar o povoamento

dos camarões, e o nível d’água deverá estar em torno de 1,0m.

A uréia e os fertilizantes amoniacais são populares e de baixo custo, mas se utilizados

em doses altas, podem causar toxidez por amônia.

Povoamento

6 Fitoplânctons: Comunidade vegetal microscópica, que flutua livremente nas diversas colunas da água; p. ex. algas verdes, azuis e diatomáceas (SILVA e SOUZA, 1998).

7 Zoobentônica (zoobenthos): Organismos bentônicos, que vivem no sedimento aquático ou que utilizam outras estruturas como substrato (SILVA e SOUZA, 1998).

61

Page 51: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Para realização do povoamento dos camarões nos viveiros, é necessária a compra dos

pós-larvas em laboratórios de larvicultura. As informações quanto à salinidade da água dos

viveiros são fornecidas ao laboratório, assim como é realizado um cuidado com a aclimatação

dos pós-larvas durante o povoamento. A temperatura da água dos recipientes em que se

encontram as pós-larvas deve se tornar igual à temperatura da água dos viveiros, misturando-se

aos poucos até o completo povoamento, conforme a Figura 21.

Figura 21 – Povoamento dos viveiros na Fazenda Nossa Senhora de Fátima – Curuçá/PAFonte: Dados de pesquisa.

Biometria e Biomassa

Essa etapa é imprescindível para o bom desempenho dos camarões. Há um

acompanhamento semanal do crescimento do camarão após 15 dias do seu povoamento. A

62

Page 52: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

técnica para essa observação é chamada de biometria, que é realizada retirando-se várias

amostras de camarão com tarrafas, cuja malha é de 5mm a 10mm, e depende do tamanho em

que o camarão se encontra. Logo em seguida, serão tomadas as medidas de tamanho e peso

dos camarões. Também é necessário o levantamento populacional, geralmente feito à noite,

quando se dão vários lances de tarrafas em volta do viveiro, contando-se o número de

camarões em cada lance e dividindo-os pelo número de tarrafadas efetuadas.Com isso,

conhece-se a densidade populacional do viveiro.

Renovação da água

A renovação da água somente é feita por razões específicas como: descarregar o

excesso de nutrientes e plâncton; redução da salinidade; ou para reduzir a concentração de

amônia. Não devem ser esquecidos, ainda, os cuidados adequados para não elevar as despesas

com bombeamento.

Uso de ração

A oferta da ração utilizada na alimentação complementar do camarão varia de acordo

com a espécie, podendo ser de 2 a 4 vezes ao dia. No caso do L.vannamei, são utilizadas 3

vezes ao dia. A quantidade da ração está relacionada diretamente com a biomassa de camarão,

ou seja, número de camarão x peso. A distribuição dessa ração é feita através do arraçoamento

em bandejas no viveiro, e a taxa ou peso da ração durante esse período se faz utilizando um

valor que varia de 25% na primeira semana de alimentação até 3% ao final do cultivo, quando

o peso da ração ofertado no cultivo fica em torno de 2:1, ou seja, 2kg de ração para 1 kg de

camarão.

Na Figura 22, o incremento biométrico (tamanho) do camarão é diretamente

proporcional ao volume de ração e inversamente proporcional à densidade.

63

gr

14

12

9

6

3

Page 53: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

2 ha

Figura 22 – Ilustração esquemática da alimentação do camarão cultivado.Fonte: Dados de Pesquisa

As PL’s (pós-larvas) se mantem a partir do camarão com 3 gr até atingirem a

maturidade com 14 gr, povoando apenas 2 hectares de terra. Na pirâmide inversa de rações,

quando as pós-larvas estão ainda na fase inicial de engorda, pesando apenas 3 gr, são utilizadas

quantidades pequenas de ração cujo teor protéico chega a 35% fornecida através de bandejas

colocadas no fundo dos viveiros. Com o incremento em tamanho e povoando com densidade

de 50 camarões/m² na mesma quantidade de hectares, a ração tende sempre a aumentar e o

espaço físico a ficar pequeno em decorrência do constante aumento do tamanho do camarão.

Aeração

Esse tipo de técnica tem a função de aumentar a taxa de oxigênio na água dos

viveiros e são utilizados equipamentos aeradores, movidos à energia elétrica com a finalidade

64

PL’S

(2

RAÇÃO(gramas)

Page 54: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

de prevenir a mortandade do camarão quando ocorre falta de oxigênio. O horário mais comum

para aeração é entre meia noite e o amanhecer quando as concentrações de oxigênio dissolvido

são mais baixas.

Tempo de cultivo

O cultivo do camarão depende muito do mercado ao qual ele irá se direcionar, dentro

de 90 a 110 dias o camarão atinge aproximadamente 12g e está pronto para comercialização

com preferência para os E.U.A. Quando se utilizam mais de 150 dias, ou 6 a 7 meses, o

camarão pesa em torno de 20g e a preferência é Européia. Como dado de pesquisa, analisamos

o ciclo produtivo da fazenda, no período de novembro de 2006 a junho de 2007, com destino

para o mercado europeu; o ciclo produtivo seguinte foi de 90 dias e supriu o mercado interno.

Produção/ Produtividade:

Tabela 7 – Dados comparativos da carcinicultura na Fazenda N.Sa. de Fátima.

2006 2007

Número

Viveiros

Área

(ha)

Produção

(t)

Produtividade Número

Viveiros

Área

(ha)

Produção

(t)

Produtividade

02 02 11,5 t 5.75 t/ha 02 02 7.2 t 3.6 t/ha

Fonte: Dados de pesquisa

A fazenda Nossa Senhora de Fátima, no ano de 2006, produziu 11,5 toneladas de

camarão cultivado, em um total de 02 hectares de terra com 02 viveiros. Sua produção total foi

vendida para a empresa Pesqueira Maguary. O camarão de 19 g obteve um preço de US$

4.85/kg e o método empregado na negociação foi de contrato firmado entre as partes no início

do ciclo produtivo e finalizado na despesca da produção total com destino ao mercado

internacional.

No ano de 2007, a fazenda produziu 7,2 toneladas de camarão marinho e negociou

essa produção processada na forma de pré - cozido/salgado para o mercado interno, por um

preço de R$ 23,00/kg.

65

Page 55: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Os custos dos insumos imprescindíveis à iniciação do ciclo produtivo, que provêm

dos fornecedores, obtiveram o seguinte percentual no ano de 2006: 6.80% para as PL’s e

41,16% para a ração, perfazendo um total de 47,96% da produção total. E, no ano de 2005, os

custos com as PL’s foram em torno de 6,80% e a ração em 45,5%, totalizando 52,3%.

Despesca

A despesca é a etapa final do cultivo. Nesse ponto o cuidado com o produto é

redobrado, para que chegue ao mercado e ao consumidor final com um bom aspecto. Esse

método é realizado geralmente à noite quando a atividade dos camarões é mais intensa e as

temperaturas são mais amenas. A Figura 23 mostra essa fase.

Figura 23 – Despesca no período noturno na Fazenda N.Sa. de Fátima.Fonte: Dados de pesquisa.

Utiliza-se uma rede para despesca (retirada do camarão) do viveiro; logo após, são

colocados em containeres de fibra de vidro com água e gelo, sofrendo assim um choque

térmico; em seguida, são expostos em uma bancada para que seja feita a seleção quanto ao

66

Page 56: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

tamanho, depois acondicionados em basquetas com gelo, e enviados finalmente para

comercialização nas empresas processadoras.

4.7.2 Fazenda São Paulo

Foi fundada na década de 80 pela família Okagima, assessorada pelo Dr. Fernando da

Cruz Flambot, passando, em 2000, para outro proprietário, que manteve todas as técnicas de

cultivo anteriores.

Localizada na mesorregião do nordeste paraense, no município de Curuçá, na

localidade de Curuperé, na microrregião do salgado no Estado do Pará, conta com 05 viveiros

em 15,8 hectares de terra.

a) Ciclo Produtivo:

Mantém o mesmo ciclo produtivo descrito pela fazenda Nossa Senhora de Fátima,

com exceção do abastecimento de água para os viveiros que são feitos de maneira natural, ou

seja, realizado através do fluxo e refluxo de maré.

b) Produção / Produtividade:

Tabela 8 – Dados comparativos da carcinicultura na Fazenda São Paulo.

2006 2007

Número

Viveiros

Área

(ha)

Produção

(t)

Produtividade Número

Viveiros

Área

(ha)

Produção

(t)

Produtividade

05 13 65 t 5 t/ha 05 15,8 79 t 5 t/ha

Fonte: Dados de pesquisa

A fazenda São Paulo, no ano de 2006, produziu 65 toneladas de camarão cultivado,

em um total de 13 hectares com 05 viveiros. Sua produção total foi vendida para a empresa

Pesqueira Maguary, e o camarão de 12 g obteve um preço de R$ 8,00/kg. O método

empregado na negociação foi de contrato firmado entre as partes no início do ciclo produtivo e

finalizada na despesca ou retirada da produção total.

No ano de 2007, para um total de área de 15,8 hectares, com uma produção de 79

toneladas, foi firmado contrato, negociado antes do ciclo produtivo, com as empresas Amazon

67

Page 57: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Catfish e Campasa. Ambas negociaram o camarão marinho de 12 g por um preço de R$

6,50/kg.

Os insumos PL`S (pós-larvas) e a ração obtiveram um custo de 60%, em 2005, na

produção total da Fazenda São Paulo.

4.7.3 Fazenda Campasa

A propriedade CAMPASA – Camarões do Pará S/A –, foi fundada em 1975 e foi a

pioneira no cultivo de camarões no Estado do Pará. A família Flambot implantou inicialmente

todas as técnicas de cultivo e utilizou várias espécies de camarão como experiência; porém, de

todos, o que mais se adaptou ao cativeiro, do ano de 1996 em diante, foi a espécie de camarão

Litopenaeus vannamei.

Localizada na mesorregião do nordeste paraense, no município de Curuçá, na

microrregião do salgado no Estado do Pará, conta com 21 viveiros distribuídos em 19,8

hectares de terra.

a) Ciclo Produtivo:

Mantém o mesmo ciclo produtivo descrito pela fazenda Nossa Senhora de Fátima.

b) Produção / Produtividade:

Tabela 9 – Dados da carcinicultura na Fazenda Campasa em 2006.

2006

Número

Viveiros

Área

(ha)

Produção

(t)

Produtividade

21 19,8 86 t 5 t/ha

Fonte: Dados de pesquisa

A produção total de 86 toneladas do camarão cultivado L.vannamei no ano de 2006 foi

exportada para a União Européia, especificamente para a França.

Nos anos anteriores, mantinha comércio também com os Estados Unidos, porém

devido aos problemas de “Dumping” que alegava o referido país contra o Brasil, afetando os

68

Page 58: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

carcinicultores como um todo, com pesadas sobretaxas, a fazenda optou pela permuta ao

comércio de seu produto com a União Européia.

No ano de 2005, não houve ciclos produtivos do camarão marinho.

4.8 TERCEIRA FORÇA: PRODUTOS SUBSTITUTOS

Os produtos substitutos são aqueles que podem vir a tornar obsoletos os produtos

vigentes em um mercado competitivo.

Uma das espécies que aponta como de maior viabilidade técnica e econômica para a

Região Norte do Brasil como provável coadjuvante substituto à espécie Litopenaues vannamei,

é o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis), espécie nativa da costa brasileira e que ocorre ao

longo da costa atlântica das Américas Central e do Sul; de Cuba a Cabo Frio, Rio de Janeiro, o

camarão-rosa é geralmente encontrado a profundidades que variam de 1 a 192 metros.

Os principais aspectos que têm levado a espécie do F. subtilis aos experimentos é

devido ser uma espécie nativa da região, de onde poderão ser retirados seus reprodutores sem

haver problemas de consangüinidade como é o caso do L. vannamei. Ao longo dos anos

bancos de reprodutores desta, vêm perdendo suas aptidões, já que a dependência contínua de

animais mantidos em viveiros por muitas gerações leva à consangüinidade, por ser uma

espécie exótica, levando, com o decorrer do tempo, em perda gradual das características

genéticas originais da espécie (MAIA, 2003).

Outro aspecto ligado à espécie que merece atenção diz respeito aos preços do

Litopenaeus .vannamei nos mercados internacionais, os quais têm estado sob pressão devido às

grandes produções provenientes dos países asiáticos, e também a um imenso jogo de

informações contraditórias, praticado pelos países importadores. Em contrapartida, os preços

para o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis) e o Farfantpenaeus brasiliensis,(Latreille,

1817), tem sido mais altos, se comparados aos preços do camarão L. vannamei.

Em busca de respostas aos diversos questionamentos sobre a viabilidade comercial do

F. subtilis, um experimento de cultivo intensivo foi idealizado e desenvolvido na estação

experimental da Fazenda Compescal, localizada em Aracati – CE. Para tanto, quatro viveiros

de terra foram previamente preparados para garantirem o adequado suprimento alimentar

natural, à base de organismos vegetais e animais.

69

Page 59: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Os animais permaneceram nos primeiros 15 dias, em tanques berçários, antes de serem

estocados nos viveiros de terra. Nesse período, foram alimentados com biomassa de artêmia 8 e

ração comercial contendo 35% de proteína bruta. Os viveiros foram equipados com aeradores

de palheta.

Tabela 10 – Resultados da engorda experimental do F. subtilis comparados à performance do L .vannamei na mesma fazenda.

Espécie Semanas de

engorda

Peso na despesca (g) Taxa de engorda

semanal

L.vannamei 27 11,3 0,4

F.subtilis – Viv. 1 28 12,5 0,5

F.subtilis – Viv. 2 28 12,9 0,5

F.subtilis – Viv. 3 28 12,8 0,5

F.subtilis – Viv. 4 28 12,5 0,5

Fonte: Maia, 2003.

Os camarões foram despescados após 28 semanas de cultivo e os parâmetros de

crescimento, sobrevivência, produtividade e tempo de cultivo foram considerados satisfatórios

quando comparados com a performance do L. vannmaei, nas mesmas condições de alta

estocagem. O período de engorda do F. subtilis variou de 197 a 200 dias. A despeito das

baixas taxas de ganho de peso semanal, os camarões cresceram continuamente durante todo

ciclo de produção. Ao final, as taxas de incremento de peso semanais variaram de 0 a 1,4

gramas, quando comparadas às do L .vannamei, cultivado nos viveiros comerciais da mesma

fazenda e no mesmo período.

De acordo com Maia (2003), os resultados obtidos pela fazenda Compescal foram os

seguintes:

- A atratabilidade das rações comerciais empregadas foi positiva, pois todo alimento

ofertado nas bandejas foi totalmente consumido durante todo o processo de engorda.

- Quanto à adaptação da espécie, às rações, existe a necessidade de melhorias, uma vez

que o crescimento ocorreu linearmente até que os animais atingissem o peso médio de 5 a 6

gramas, decrescendo de modo mais significativo após atingirem 6 a 8 gramas.

8 Artêmia: Pequeno crustáceo desprovido de esqueleto calcário, cosmopolita, utilizados na forma de náuplio e adulto utilizado no cultivo de camarões, devido ao seu alto valor nutritivo (SILVA & SOUZA, 1998).

70

Page 60: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

- A adaptabilidade da espécie ao sistema de engorda intensiva foi bastante positiva,

indicando a possibilidade concreta da sua cultura em densidades de estocagem semelhantes às

praticadas para L.vannamei.

- As taxas de conversão alimentar foram excessivamente altas em comparação às

obtidas para o L.vannamei. Isso indica a necessidade de estudos específicos sobre as

exigências nutricionais de F.subtilis, como fundamentos para a formulação de dietas

adequadas para a espécie, possibilitando a viabilização do seu cultivo em escala industrial.

Figura 24 – Camarão Litopenaeus vannamei

Fonte: Dados de pesquisa.

71

Page 61: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Figura 25 - Camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis)

Fonte: Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Norte – CEPNOR/IBAMA, 2007.

No estado do Pará, está sendo idealizado, através do Centro de Pesquisa e Gestão dos

Recursos Pesqueiros do Litoral Norte – CEPNOR, um projeto experimental e desenvolvido

inicialmente na estação experimental de Cuiarana, de propriedade da Universidade Federal

Rural da Amazônia – UFRA, localizada no município de Salinópolis/PA, em parceria com a

Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Agência de Desenvolvimento da

Amazônia – ADA e Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. O projeto tem como

principal objetivo desenvolver tecnologia ambientalmente sustentável e promover o cultivo da

espécie de camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis) na costa Norte do Brasil.

Esse projeto terá duração de 36 meses e suas principais metas são: desenvolver

técnicas de maturação e desova de fêmeas do camarão-rosa em cativeiro; estabelecer

metodologia de cultivo de larvas do F. subtilis; identificar as demandas nutricionais; aprimorar

a alimentação artificial; realizar zoneamento ecológico-econômico; desenvolver tecnologia de

redução de efluentes; e desenvolver alternativas econômicas de cultivo de camarão para

inclusão das populações tradicionais e de pescadores.

72

Page 62: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

a) Biologia:

Os camarões adultos habitam áreas oceânicas, e os juvenis tanto podem ser

encontrados em ambientes estuarinos como oceânicos, preferindo fundos de lama, ou lama

com areia e conchas (MAIA, 2003).

Fêmeas maduras de F. subtilis são encontradas e distribuídas por toda a costa do Norte

e Nordeste do Brasil, verificando-se uma reprodução contínua ao longo do ano, mas com

evidências de dois períodos de maior ocorrência na Região Norte: Fevereiro-Abril e Julho-

Agosto (CINTRA, 2004).

Ainda Cintra (2004) estimou que as fêmeas de camarão rosa, completam a primeira

maturidade gonadal, ou seja, sua maturidade sexual, ao atingirem um comprimento médio total

135,5 mm.

O seu processo natural de reprodução ocorre em áreas oceânicas com a migração de

suas formas larvais aos estuários, onde permanecem até atingirem sua forma juvenil, quando

migram novamente para áreas oceânicas.

b) Vantagens da espécie:

A espécie Farfantepenaeus subtilis é tolerante a uma larga faixa de salinidade e se

desenvolve rapidamente sob condições de cultivo, especialmente em baixas densidades de

estocagem, ou sob a presença de alimentos naturais de origem animal.

Mesmo sendo uma alternativa ao L .vannamei, a espécie não tem se adaptado bem às

dietas comerciais disponíveis no Brasil, que foram especificamente formuladas para o

L .vannamei. Embora consumia muito bem estas rações ao longo do seu período de cultivo em

cativeiro, ocorre uma elevação nas taxas de conversão alimentar.

Por outro lado, apesar dos poucos insumos tecnológicos disponíveis para o F. subtilis,

são alentadoras as suas perspectivas econômicas em relação ao L. vannamei. Este apresenta

seus preços de comercialização no exterior fortemente pressionados pelas grandes produções

dos países asiáticos; já os preços para o camarão-rosa têm sido mais altos se comparados ao do

L. vannamei, apresentando uma diferença de 87% em favor daquele.

73

Page 63: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Em ambiente de cultivo, o período de engorda do F. subtilis variou de 197 a 200 dias

com um peso médio de 12,6 gramas, produtividade de 1.200 Kg/ha/ciclo e taxa de conversão

de 3 : 1, a uma taxa de estocagem de até 15 camarões/m2, segundo Maia (2003).

Diante das perspectivas apresentadas, o Estado do Pará está sendo contemplado com

esse experimento paulatinamente inserido no mercado, incluindo técnicas e metodologias de

cultivo do F. subitilis como alternativa ambientalmente saudável ao desenvolvimento da

atividade de carcinicultura, com intuito de melhorar a produtividade e ter melhores

rendimentos na comercialização do camarão cultivado.

4.9 QUARTA FORÇA: COMPRADORES

Esta força se refere às empresas que negociam a produção total das fazendas e operam

com o processamento do produto para comercialização externa ou interna.

Atualmente, existem três empresas atuando nessa linha de mercado no Estado do Pará:

4.9.1 Amazon Catfish Ltda

Empresa do setor pesqueiro, fundada em 2000 no Estado do Pará, fica localizada no

município de Belém, na Rodovia Arthur Bernardes, Km 15, no bairro do Tapanã. Seu ramo de

atividade é a pesca industrial de várias espécies e processamento de pescados em geral,

incluindo o camarão cultivado.

Em 2005, a empresa Amazon Catfish firmou contrato no início do ciclo produtivo

com a fazenda carcinocultora São Paulo, com intuito de adquirir toda produção na despesca da

espécie Litopenaeus vannamei, efetuando pagamento 100% antecipado que cobriram todos os

custos fixos e variáveis da fazenda, e pagando pelo camarão de 12 g o valor fixado em R$

6,50/kg. Após o processamento completo do camarão marinho, seu destino foi à exportação

para Europa. O L. vannamei representou 4,11 % no total da produção da empresa no ano

mencionado.

74

Page 64: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

4.9.2 Pesqueira Maguary

A empresa Pesqueira Maguary foi fundada em 1999 e é uma das maiores empresas da

pesca industrial, situada no Distrito de Icoaraci, em Belém do Pará. Tem o apoio de 60

embarcações próprias, para pesca do camarão, pargo, lagosta e outras espécies de pescados,

que são industrializados no seu próprio parque industrial.

No ano de 2004, a Pesqueira Maguary firmou contrato no início do ciclo produtivo

do L.vannamei com a fazenda carcinocultora São Paulo. A produção total na despesca desta foi

entregue à Pesqueira, e o camarão de 12 g foi fixado em um preço de R$ 8,00/kg. No contrato

foram cobertas as despesas da fazenda com fornecedores de pós-larvas e ração. Com a fazenda

Nossa Senhora de Fátima, no ano de 2004, foi firmado contrato com o mesmo sistema da

fazenda anterior, diferenciando-se apenas no peso do camarão marinho que era de 19 g a um

preço de US$ 4,85/kg.

Essa negociação com as fazendas carcinocultoras, em pauta, representou para a

empresa 0,59 % do total de sua produção de pescados em geral.

4.9.3 Campasa – Camarões do Pará S/A

A empresa Campasa foi fundada em 1984, e localiza-se no nordeste do Pará, no

município de Curuçá, em um povoado denominado Abade. Sua produção envolve o pescado,

em geral, proveniente da pesca artesanal.

No ano de 2005, firmou contrato no início do ciclo produtivo do L.vannamei com a

fazenda São Paulo, e o camarão pesando 12 g foi negociado com preço de R$ 6,50/kg.

Ressalta-se que, nos anos anteriores, a empresa Campasa exportava toda produção do

L.vannamei, decorrente de sua própria fazenda denominada Campasa e vendia primeiramente

para os Estados Unidos e Europa. Porém, os E.U.A recorreram à O.M.C (Organização

Mundial do Comércio), alegando que algumas empresas do Nordeste estavam praticando

“Dumping”, ou seja, vendendo abaixo dos preços de mercado. Assim, houve sobretaxas muito

altas que afetaram todo o Brasil na venda do crustáceo aos norte-americanos, logo, a sua

produção subseqüente foi toda escoada para a União Européia.

Essa negociação com a fazenda carcinocultora, no ano de 2005, representou para a

empresa 5 % do total de sua produção de pescados em geral.

75

Page 65: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

De acordo com as empresas de pesca, demonstrado na Figura 26, esse é o processo

que se configura o processamento do camarão cultivado.

Figura 26 – Fluxograma operacional do camarão inteiro cultivado e congelado nas empresasFonte: Dados de pesquisa

76

HABITAT

CAPTURA E DESPESCA

MANUSEIO

ESTOCAGEM A BORDO/ACONDICIONAMENTO

TRANSPORTE

DESCARGA

PESAGEM 1

RECEPÇÃOCÂMARA DE ESPERA

DESCONGELAMENTO / LAVAGEM

RESFRIAMENTO

LAVAGEM

CLASSIFICAÇÃO MECÂNICA

CLASSIFICAÇÃO MANUAL

EMBALAGEM PRIMÁRIA

PESAGEM II

GLAZEAMENTO

EMBALAGEM FINAL

ESTOCAGEM

EXPEDIÇÃO

Page 66: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

4.10 QUINTA FORÇA: FORNECEDORES

Esta força se refere às empresas que fornecem os insumos para iniciação do ciclo

produtivo da carcinicultura que são as PL`s (pós-larvas) do camarão e a ração para engorda.

a) Pós-larva:

Como fornecedora das PL`s para as fazendas no Estado do Pará, configura-se a

empresa Aquanorte, fundada há dois anos, porém com uma vasta experiência em âmbito

nacional e internacional. É situada em Parnaíba, no Estado do Piauí, e tem como principal

objetivo a produção de pós-larvas de camarão marinho Litopenaeus vannamei, com um

laboratório capaz de gerar 5 milhões de náuplios por dia e uma produção própria de algas para

o cultivo das PL`s. Seu ponto forte está na qualidade do produto que obtém de mortandade dos

pós-larvas em praticamente 0%.

O sistema adaptado pela empresa na venda dos pós-larvas é de pagamento antecipado;

no preço final já estão embutidos os valores do frete. Como exemplo de um ciclo produtivo

inicial em uma fazenda no Estado do Pará, é necessário 01 milheiro de PL´s que equivalem, na

Aquanorte, a um total de R$ 6.300,00, embutido o frete. A logística das PL´s é feita através de

transporte rodoviário e dura em torno de 28 a 30 horas para seu destino final em fazendas no

Norte do Brasil.

b) Ração:

Como fornecedora de ração para o período de engorda do camarão destaca-se a

empresa Purina, presente em 12 países e líder mundial, com mais de cem anos de pesquisa e

tecnologia em nutrição animal. Está presente no Brasil desde 1967, e localiza-se em todas as

regiões do País, com 06 fábricas e diversas centrais de distribuição.Sua sede principal está

situada no Estado de São Paulo.

A Purina tem produtos de alta qualidade e tem um programa denominado Camaronina,

uma marca mundial da Purina, que atende às necessidades dos camarões marinhos do ponto de

vista nutricional, assim como ambiental.

77

Page 67: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

A formulação utilizada na ração para o camarão marinho contém como conceito de

aminoácido disponível para organismos aquáticos, o que resulta em alimentos mais digestíveis

e com rápido crescimento e ganho de peso. Do ponto de vista ambiental, é a única empresa de

rações no Brasil membro do GAA (Global Aquaculture Alliance), praticando ações para uma

nutrição ambiental correta.

Seu sistema de vendas é com pagamento 100% antecipado na negociação. Por

exemplo, para um ciclo produtivo inicial, quando são utilizadas três toneladas de ração e com

povoamento de 50 camarões/m², a proteína da ração é de 35%. O valor do saco de 40 kl para

pessoa jurídica fica em torno de R$ 77, 88, perfazendo um total de R$ 6.074,64 para 3 t,

embutido o frete. Enfatiza-se que quando a ração é vendida para pessoa física são embutidos

2,13% do valor total anterior. A logística até às fazendas no Norte do Brasil é feita via

transporte rodoviário e duram em torno de 10 a 15 dias para chegar ao destino final.

78

Page 68: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

5 CONCLUSÕES

A partir dos resultados da pesquisa e com base no modelo teórico empregado, foi

possível, como conclusões, identificar os pontos fortes, os pontos fracos, as ameaças e as

oportunidades que caracterizam o ambiente de negócios da cadeia produtiva da carcinicultura

do Litopenaeus vannamei no Estado do Pará, sintetizados a seguir:

Pontos fortes:

Um dos principais pontos fortes que compõem a cadeia produtiva da carcinicultura no

Estado do Pará são as suas condições ecológicas, extremamente propícias à aqüicultura de um

modo geral, por possuir privilegiadas condições existentes, como berçários naturais para o

cultivo do camarão marinho através da riqueza estuarina. Em razão dessa externalidade natural

positiva, deve ser estimulado incentivos à pesquisa e aos arranjos produtivos da carcinicultura,

pois projetam oportunidades econômicas e sociais para a região, e contribuem ainda para a

minimização dos problemas de alimentação da população, que já vem sofrendo com a

sobrepesca de várias espécies, decorrentes da pesca extrativa;

A espécie de camarão marinho Litopenaeus vannamei alcança índices de produtividade

extremamente favoráveis para o seu cultivo zootécnico, com retornos lucrativos em curto

prazo. O Estado do Pará tem um diferencial positivo na economia em torno de 20% em relação

ao Nordeste, por levar vantagens como o tipo de água da região que é mais propícia e

adaptável ao cultivo do crustáceo;

O camarão marinho, se cultivado adequadamente pode ser produzido em dois ou três

ciclos ao longo do ano, enquanto o camarão decorrente da pesca extrativa tem que se adequar

às Leis federais as quais suspendem sua captura durante o período de defeso.

Pontos fracos:

Para iniciar-se o primeiro ciclo produtivo de uma fazenda camaroneira, os custos

iniciais empregados com ração, PL’s (pós-larvas) e tecnologia são elevados. Logo, o

empreendimento entrante ou já existente nesse setor deverá obter um bom poder de negociação

com os compradores e fornecedores do produto, para tentar firmar contrato antecipado de toda

sua produção e alcançar uma receita lucrativa;

79

Page 69: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

Faltam também, na região paraense, incentivos fiscais, linhas de créditos, planos e

programas para os pequenos produtores da carcinicultura marinha, por parte das esferas

competentes, pois a carcinicultura se ressente do “Risco Brasil”, dos juros elevados. Isso tudo

impede o desenvolvimento sustentável desse setor, fazendo-se necessária a implementação de

princípios balizadores de co-responsabilidade, sustentabilidade, co-participação,

competitividade e um enfoque maior ao agronegócio;

A burocracia e as regras implantadas pelos órgãos competentes para o licenciamento

ambiental e registro dos pequenos produtores da carcinicultura marinha são extremamente

complexos e morosos, constituindo-se como uma barreira inibidora de novos investimentos no

setor;

A necessidade de diversificação de outras espécies de camarão, como o camarão-rosa

(Farfantepenaeus subtilis), para que se adapte ao ciclo produtivo em cativeiro, como uma

opção regional, pode representar ao carcinicultor o fim da dependência de produção de uma

única espécie.

Ameaças:

A desvalorização cambial e a crise mundial se tornaram uma ameaça aos

incrementos de exportação na atualidade, fazendo com que os preços do camarão marinho

caíssem continuadamente no mercado externo. Isso influencia direta e negativamente as

exportações da espécie;

Oportunidades:

A problemática da queda nos preços do camarão marinho no mercado externo acabou

causando uma permuta nova e promissora para o mercado interno, onde os produtores estão

conseguindo preços maiores e mais atrativos, negociando sua produção para o consumidor

final, e com isso, propiciando um maior estímulo a novos ciclos produtivos da espécie de

camarão Litopenaeus vannamei.

80

Page 70: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

6 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE CAMARÃO – ABCC. Censo da carcinicultura nacional 2008,. Disponível em: <http://www.abccam.com.br/TABELAS %20CENSO%20 SITE.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2005.

_____. Histórico da carcinicultura no Brasil. Disponível em: <http://www.abccam.com.br/hist-in.htm> Acesso em: 15 jul. 2004.

ARAGÃO, J.A.N. Carcinicultura: um momento de reflexão. Brasília: SEAP, 2007.

_____ .O cultivo de camarões no Nordeste do Brasil. Brasília: SEAP, 2004.

AUMENTA o consumo de camarão na Europa. Revista Panorama da Aqüicultura, v. 15, n 88. p. 33, Mar/Abr, 2005.

BARBIERI Jr., Roberto Carlos; NETO, Antônio Ostrensky. Camarões Marinhos: reprodução, maturação e larvicultura. Viçosa / MG: Aprenda fácil, 2001, p. 12.

BARDACH, John E.; RYTHER, John H.; MCLARNEY, William O. Aquaculture; the farming and husbandry of freshwater and marine organisms. Massachusetts USA, 1972. p. 1-2.

CADEIA Produtiva da Carcinicultura Marinha. Disponível em: <http://www.shrimp.ufscar.br/historico/cadeia.php>. Acesso em: 05 out. 2004.

CARVALHO, R.C.A. et al. Custos e rentabilidade de embaracações envolvidas na pesca da lagosta no Nordeste do Brasil, 1995. Tamandaré, PE: Ibama / Cepene, Boletim Técnico-Científico do Cepene, v.4, p. 233-261, 1996.

CEPNOR/UFRA/SAGRI/ADA/MDA. Desenvolvimento de técnicas e metodologia de cultivo de camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis) na costa Norte do Brasil. Belém, 2005.

CINTRA, I.H.A.; ARAGÃO, J.A.N.; SILVA, K.C.A. Maturação gonadal do camarão-rosa Farfantepenaeus subtilis (Pérez-Farfante, 1967), na Região Norte do Brasil, 2004. Belém, PA: Ibama / Cepnor, Boletim Técnico Científico do Cepnor, v.4, n.1, p. 21-24, 2004

81

Page 71: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

CNIO – COMISSÃO NACIONAL INDEPENDENTE SOBRE OS OCEANOS. O Brasil e o Mar no século XXI: Relatório aos Tomadores de decisão do País. Rio de Janeiro: 408 p. 98. 1998.

DIAS NETO, J. Gestão do uso dos recursos pesqueiros marinhos no Brasil. 242 p. 2003. Dissertação (Mestrado em Gestão Ambiental do Meio Ambiente e Desenvolvimento) – UNB/CDS, Brasília, 2003.

DIAS NETO, J.; DORNELLES, L.D.C. Diagnóstico da pesca marítima do Brasil. Brasília: Ibama, 1996. 19-20 p. (Coleção Meio Ambiente. Série estudos Pesca, 20).

DIAS NETO, J.; MARRUL FILHO, S. Síntese da situação da pesca extrativa marinha no Brasil. Documento elaborado para apresentação aos integrantes do Grupo de Trabalho Interministerial – GTI. Brasília: Ibama, 2003. 35 p.

DIEGUES, A.C.S. Pescadores, camponeses e trabalhadores do mar. São Paulo: Ática, 1983. 287 p.

DORNELLES, L.D.C. Meio ambiente e propriedade privada. 34 p. 1999. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável) – UNB/CDS, Brasília, 1999.

FAO - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA. El estado mundial de la pesca e acuicultura. Roma: FAO, 1995.57 p.

_____. Planificación del desarrollo de la acuicultura – guia preliminar. Roma: FAO, 1994. 32p.

_____. El estado mundial de la pesca y la acuicultura. Roma: FAO, 1995. 57 p.

_____. El estado mundial de la pesca y la acuicultura. Roma: FAO, 1999. 63 p.

_____. El estado mundial de la pesca y la acuicultura .Roma: FAO, 2000. 142 p.

_____. Examen mundial de la pesca y la acuicultura. Roma: FAO, 2008. p.7.

FENNY, D., et al. The tragedy of the commons: twenty-two years later. Human Ecology, v. 18, n.1, p.1-19, 1990.

82

Page 72: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

FLAMBOT, Fernando da Cruz. Aqüicultura: indicadores de salinidade da água na microrregião do Salgado. Belém, Banco da Amazônia S.A. – GESPRO, 1988. 43 p.

GARCIA, S.M; GRAINGER, R. Fisheries management and sustainability: a new perspective of na old problem? In: HANCORD, D. Et al. (Ed.). Developing and sustaining world fisheries resources: the state of science and management. Collingwood: CSIRO, p. 631-653, 1997.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA. Relatório preliminar da reunião do grupo permanente de estudos (GPE) da sardinha, realizada no período de 23 a 27 de setembro de 1991, no CEPSUL, Itajaí, SC. Brasília: Ibama, 1992. 41 p. (Coleção Meio Ambiente. Série Estudos Pesca, 4).

_____. Estatística da Pesca – 1998, Brasil. Brasília: Ibama, 2000.

_____. Estatística da Pesca – 1999, Brasil. Brasília: Ibama, 2001.

_____. Estatística da Pesca – 2003, Brasil. Brasília: Ibama, 2004.

_____. Estatística da Pesca (Parcial) – 2004, Brasil. Brasília: Ibama, 2008.

MADRID, R.M. Análise das exportações brasileiras de camarão congelado cultivado. Acordo de Cooperação Técnica. Fortaleza: Documentos ocasionais nº 1. p. 2-22, 2004.

MAIA, Enox P. Camarão Subtilis: um possível substituto para o L.vannamei. Revista Panorama da Aqüicultura, v.13, n.79, p. 36-41, set/out. 2003.

MARRUL FILHO, S. Crise e sustentabilidade no uso dos recursos pesqueiros. Brasília: Edições Ibama, 2003.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br>. Acesso em: 03 fev. 2005.

McGOODWIN, J.R. Crisis in the world´s fisheries: people, problems and policies. Stanford: Stanford University Press, 1990.

83

Page 73: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

O`CONNOR, M. Codependency and interdependency: a critique of theory of production. In: ______ (Ed). Is capitalism sustainable? Political economy and the politics of ecology. New York: The Guilford Press, 1994.

ORMOND et al. A carcinicultura brasileira. BNDES Setorial, Rio de janeiro, n.19, p. 91-118, mar. 2004.

PAIVA, M.P.; BEZERRA, R.C.F.; FONTELES FILHO, A.A. Tentativa de avaliação dos recursos pesqueiros do nordeste brasileiro. Arq. Ciên. Mar., Fortaleza, v.11, n.1, p. 1-43, 1997.

PETRERE Jr., M. et al. Diretrizes ambientais para o setor pesqueiro: diagnóstico e diretrizes para a aqüicultura. Brasília: MMA, 1997. p. 8-9.

PORTER, Michael E; Estratégia Competitiva – Técnicas para análise de Indústrias e da concorrência; Editora Campus, 1986.

ROCHA, Itamar; RODRIGUES, Josemar; LEITE, Luciano. Carcinicultura brasileira: o censo 2003. Revista Panorama da Aqüicultura, v.14, n. 82, p.23. Mar/Abr, 2004.

ROCHA, Itamar. A Industria Brasileira do camarão cultivado, Disponível em: <http://www.abccam.com.br>. Acesso em: 23 abr. 2004.

SANTOS, M. A. S., et al. A cadeia produtiva da pesca artesanal no nordeste paraense: município de Augusto Correa, Bragança, Curuçá, Maracanã, Marapanim, São João de Pirabas e Viseu. SEBRAE/PA; PROASCON – Projetos e Consultoria em Agronegócios, Belém, 2004. 116p.

SANTOS, M. A. S., et al. Análise socioeconômica da pesca artesanal no nordeste Paraense. In: Anais do XLIII Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural. Ribeirão Preto: SOBER/PENSA-USP, 2005. 20p. CD-ROM.

SANTOS, O.C.O; ALVES, C.R.M.; MACHADO, I.C. Clima IN: Programa nacional de gerenciamento costeiro, macrozoneamento costeiro do Estado do Pará. Relatório Técnico. Convênio 077/91 – IBAMA/SECTAM/IDESP. 1991. p. 68-76.

SHIGUENO, Kunihiko D.Agr. Shrimp Culture in Japan. Japão, 1972. Tokyo. (Association for International Techinical Promotion). p.3.

84

Page 74: 8 - Metodologia do Trabalho Científico e Orientação de TCC - MONOGRAFIAFINAL

SILVA, Antônio; SOUZA, Raimundo Aderson: Glossário de Aqüicultura, 1998, UFRP.

SILVA, S.M.C.; CAVALCANTE, P.P.L. Perfil do setor Lagosteiro Nacional. Brasília: Ibama, 1994. 81 p. (Coleção Meio Ambiente. Série Estudos Pesca, 12).

SOUZA FILHO, J; COSTA, S.W. da; TUTIDA, L. M; FRIGO, T.B.; HERZOG, D. Custo de Produção do camarão marinho. Ed rev. Florianópolis: Instituto Cepa/SC/Epagri, 2003. 24p. (Cadernos de indicadores agrícolas).

SONODA, Daniel Yokoyama. Análise econômica de sistemas alternativos de produção de tilápias em tanques rede para diferentes mercados. 77 p. 2002. Dissertação (Mestrado em economia). ESALQ/USP. Piracicaba, 2002.

SPARRE, P.; VENEMA, S.C. Introdução de mananciais de peixes tropicais. Parte 1: manual. Roma: FAO, 1997. 404 p. (FAO Documento técnico sobre a pesca, 306/1).

VALENTI, W.C. GEO Brasil: Perspectivas do meio ambiente no Brasil. O estado dos recursos pesqueiros: pesca extrativista e agricultura. Brasília: IBAMA, 2002.p.132-145.

VIEIRA, I.J. et al. Análise bioeconômica dos defesos do camarão rosa (Penaeus subtilis) na costa norte do Brasil. Belém: FCAP, 1997.33 p. (Serviço de documentação e informação).

85