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A hipnose Ericksoniana: O Lugar da Focalização Viajantes no Tempo: Alípio Torre Fátima Martins 21 de Novembro de 2009

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A hipnose Ericksoniana:

O Lugar da Focalização

Viajantes no Tempo: Alípio Torre

Fátima Martins

21 de Novembro de 2009

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A Hipnose Ericksoniana: O lugar da Focalização

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INTRODUÇÃO

A nossa vida é um percurso análogo a uma viagem. Por isso, hoje, iremos contar-vos aquilo que sabemos sobre uma viagem particularmente interessante às profundezas do Ser, da mente, através da hipnose. Não sabemos exactamente quando e onde ela teve a sua génese. No entanto, sabemos que as induções hipnóticas são tão antigas quanto a comprovação da existência de civilizações remotas, com diferentes culturas, danças, rituais, expressões orais, forças da natureza, entre outros. Nestas civilizações toda a feitiçaria, o xamanismo, a cura espiritual, o ioga e quase todas as práticas primitivas religiosas e terapêuticas conjugavam-se e evidenciavam muitas das características análogas àquilo que, hoje em dia, se designa por hipnose (Gauld, 1992).

Sabemos também que os povos de civilizações mais antigas, como sendo os maias, os astecas, os persas e os gregos já utilizavam a hipnose como uma forma de cura. Curiosamente, sabe-se que através dos papiros que no Egipto eram compilados, os Sacerdotes induziam um certo tipo de “estado hipnótico”. Estes, também considerados como “bruxos”, provocavam aquilo que chama de “sono mágico”, através da imposição das mãos ou da realização de rituais caracterizados por cantos e danças com um ritmo monótono induzindo um certo “estado de transe” (Karle, 1995).

Também na Mitologia Grega pode-se ler que Asclépios (o Esculápio dos romanos), filho de Apolo e Coronis, aprendeu com o centauro Quíron um tipo de “sono especial” que curava as pessoas. Muitos dormiam no templo do deus, e durante a noite dava-se a cura. Outros sábios, como o caso do médico e filósofo iraniano Avicena, acreditava que a imaginação era capaz de tornar uma pessoa doente e curá-la. Também Paracelsus, pai da medicina hermética, acreditava na influência magnética das estrelas na cura de pessoas doentes. Confeccionava talismãs com inscrições planetárias e zodiacais (Lynn & Rhue, 1991).

São imensos os registos disponíveis sobre diversas tribos ancestrais espalhadas por todo o mundo que espelham os “estados de transe” conseguidos com o objectivo da cura. Nestas tribos, acredita-se no corpo como uma entidade que pensa e que sente, por isso, é natural, por exemplo, no seio dos ancestrais das tribos australianas, quando uma pessoa adoece ou fica ferida, toda a tribo se reúna junto ao doente, cantando e pedindo perdão à ferida ou à parte afectada e, curiosamente, esta começa, automaticamente a dar sinais de melhoria podendo mesmo ocorrer curas “milagrosas”. O mesmo ocorre nas assombrosas curas dos Kahunas ou médicos magos havaianos, que entram numa oração directa com a parte afectada, pedindo-lhe perdão. Esse acto de oração envolve os magos, o paciente e todas as vidas durante as quais eles possam ter-se encontrado e envolvido com essa pessoa. E também com estes, ocorrem curas consideradas “milagrosas” (Lynn & Rhue, 1991).

Ao longo desta viagem, encontramos estes simples exemplos, que apesar de carecerem de uma base dita científica, mostram que os estados de hipnose ou de transe são um legado antigo do qual não se conhece a sua génese.

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Viajando por estes caminhos do “senso comum”, rumo à “cientificidade” podemos encontrar marcos históricos que assinalam e caracterizam o contexto embrionário da hipnose.

Autores importantes como Anton Mesmer (que estava convencido de que o magnetismo podia curar muitas doenças), o marquês de Puységur (que desenvolveu o Sonambulismo Artificial tocando harpa durante a hipnose) e o abade Faria (que sustentou a ideia de que o transe se assemelhava ao sono), remetem-nos para os inicios desta viagem. Outros autores do Século XIX surgem nesta sequência temporal: Braid (que cunhou o termo hipnotismo) e Esdaile (que utilizava as técnicas de Mesmer para fazer grandes cirurgias sem anestesia durante a guerra na Índia) (Crabtree, 1993).

Duas correntes nascem então com pressupostos diferenciados: de um lado, encontramos a escola de Nancy (de Liébeault, de Bernheim e de Coué), que considerava que o estado de transe era um estado normal e não patológico e, do outro lado, a escola de Salpêtrière (de Charcot), onde Freud fez os seus estudos e considerava o estado de transe como algo que só acontecia como estado

patológico (Chaves, 1994).

No decurso desta viagem, surgem outros autores igualmente importantes, como Pavlov, um médico russo conhecido pela indução reflexológica, que definiu o transe como um “sono incompleto” causado por sugestões hipnóticas. Estas sugestões provocariam uma excitação em algumas partes do córtex cerebral e inibição em outras partes. Após a Segunda Grande Guerra, a hipnose começou a retomar força no tratamento dos traumas pós-guerra. Surgiram assim, novas teorias e o desenvolvimento de outros conceitos de transe hipnótico: hipnoanálise de Ernest Simmel, a Teoria da Aprendizagem: Repetição Associativa, Condicionamento e Formação de Hábitos, de Clark Leonard Hull; Teoria da Regressão dirigida ao serviço do ego, preconizada por Kris; André Muller Weitzenhoffer reforça o conceito de aprendizagem, mas caracteriza o transe como experiência naturalista; Gill e Brenman desenvolveram a regressão a um estado primitivo de transferência com o hipnotizador; Fromm, Oberlander e Grunewald sublinharam a ideia do ego compulsivo e da regressão adaptativa; Ernest Hillgard modificou os conceitos de dissociação de Janet, em que o transe é um desligamento temporário e; Milton H Erikson, que desenvolveu a hipnose naturalista ou também designada de hipnose focalizada (Karle, 1995).

Após Erickson, outros autores deram continuidade ao seu trabalho, tais como: Haley, que torna Erickson mais conhecido como pai das abordagens de terapia estratégica breve e; Zeig que aprendeu e desenvolveu um metamodelo de psicoterapia baseado nos ensinamentos tidos com Erickson (Lynn & Rhue, 1991).

Foi também a partir da observação dos trabalhos de Erickson que surgem os grandes investigadores da Programaçao Neuro Linguística (PNL), como por exemplo: John Grinder, Richard Bandler, Gregory Bateson, William H. O’Hanlon, Ernest Rossi e outros, que é considerada uma de entre as diversas

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tentativas de sistematização dos métodos de Erickson (Grinder &Bandler, (1981); Hewitt, 1997).

Podemos ainda citar outros nomes reconhecidos mundialmente como seguidores da linha de hipnoterapia ericksoniana. Cada um à sua maneira, desenvolvendo uma linha de abordagem dentro deste tema. Ernest Rossi, com a Terapia das Mãos; Stephen Gilligan e a sua concepção pessoal, em que mistura as técnicas aprendidas com Erickson, o budismo e o aikidô, fazendo um grande trabalho de amor e integração dos clientes; Stephen e Carol Lankton, que desenvolveram as Técnicas de Metáforas Embutidas (Hewitt, 1997).

1.1. Definição e diferenciação de Conceitos

Após uma breve caminhada pelos pilares que marcam o nascimento da hipnose Ericksoniana, importa agora definir conceitos, uma vez que estes, nem sempre se encontram claramente clarificados.

Assim sendo, o transe natural é um estado que, tal como indica o seu nome, é natural e acontece usualmente durante o dia-a-dia. Em alguma circunstância da vida, quase todas as pessoas estiveram sob um “estado hipnótico” sem se aperceberem. Por exemplo, muitas pessoas adultas fantasiam, sonham acordadas e, a grande maioria, tem períodos de “ausência” ou de “abstracção”, o que vulgarmente nos leva a usar expressões como “está num outro mundo” ou “está num mundo só seu”. Isto acontece, por exemplo, quando conduzimos ao longo de um determinado percurso habitual e, a certa altura, damos conta que já percorremos vários quilómetros e não nos apercebemos disso. O transe natural acontece involuntariamente, várias vezes ao dia e pode ser visto como um estado de consciência em que permanecemos mais em contacto connosco do que com o ambiente que nos rodeia (Hewitt, 1997).

Por outro lado, o transe hipnótico tem por base a sugestão, e pode ser comparado a uma orquestra, na qual o maestro vira-se para um solista e silencia os restantes elementos. Nessa altura, o solista pode ser ouvido sem qualquer interferência. Nesta forma de abstracção, há o uso de técnicas hipnóticas com o objectivo de provocar uma determinada mudança, no sentido da resolução e do equilíbrio de múltiplos problemas que podem assolar o paciente. Este conceito de transe hipnótico apesar de ainda ser bastante polémico remete-nos para um estado “expansivo”, “alterado”, “alternativo”, “focalizado” ou “elevado” de consciência, quando comparado com os estados normais de vigília e de sono. Trata-se de um estado temporário de extrema focalização ou concentração focalizada, no qual se denota a diminuição da consciência periférica e um aumento da acuidade e receptividade à sugestão, permitindo que o nosso inconsciente possa trabalhar livremente, sem ser necessária a intervenção da mente consciente (Kirsh, 1994).

Em suma, os estados de transe pressupõem um estado de abstracção equiparado, metaforicamente, a uma luz que ilumina uma sala. Tudo o que se encontra mais próximo da luz fica realçado, tornando-se o restante menos nítido, ou seja, o objecto da nossa atenção, ou da nossa concentração,

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predomina no consciente, todavia podemos ter consciência, embora menos nitidamente, de muitas outras coisas que circundam o ambiente onde nos encontramos. Isto acontece porque a nossa atenção fica mais orientada para o interior e menos para o exterior.

Dito de uma forma simples, todos os estados hipnóticos são caracterizados por um estado de relaxamento muito agradável, no qual o paciente se permite entrar, para que possam ser dadas sugestões benéficas àquela parte da mente conhecida como inconsciente. Sob hipnose, a parte da mente mais consciente e racional é temporariamente deixada em segundo plano, para que o inconsciente, essa parte que influencia as nossas funções físicas e mentais, fique mais receptivo à terapia.

Durante o estado de transe hipnótico, o paciente fica muitíssimo concentrado no propósito específico de maximizar o seu potencial, mudar convicções e comportamentos limitadores, acedendo a uma maior sabedoria e capacidade de insight.

Apesar do estado de hipnose poder ser leve, de meia profundidade e profundo, é o estado de meia profundidade o normalmente usado. Neste estado, o metabolismo, o ritmo respiratório e os batimentos cardíacos abrandam e o cérebro emite ondas alfa. Os estados de dormir, sonhar e estar acordado podem ser detectados através dos padrões das ondas cerebrais. O estado de hipnose é diferente destes três últimos. As ondas cerebrais associadas a estados de calma e de receptividade são chamadas ondas alfa. Nos estados alfa, o corpo relaxa gradualmente. Hipnose, meditação, sonhar acordado, estar absorvido na leitura de um livro, ver televisão ou ouvir música, conduzir através de uma estrada conhecida chegando ao destino sem se recordar do caminho, etc., são bons exemplos do estado alfa (Havens & Walters, 1989).

Existem, então, diferenças entre o relaxamento, o transe e a hipnose. O relaxamento é uma baixa actividade psíquica; o transe é um estado altamente focalizado de atenção, uma alta actividade psíquica, atenção direccionada, intensificada e pura e, a hipnose, é a ocorrência dos diferentes fenómenos do pensamento, que acontecem em intensidades diferentes dependendo da comunicação empreendida pelo hipnoterapeuta e pelo próprio paciente (Roustang, 1998).

Podemos então dizer que, a hipnose, é, então, um processo de comunicação. Tal como nos diz Watzlawick, Beavin e Jackson (1997), é impossível não comunicar e, a hipnose Ericksoniana é um convite para uma dança, na qual as palavras são a música que constituem a orquestra do encontro connosco mesmo, numa viagem emocionante às profundezas do Ser e da mente.

Neste sentido, a hipnose não é uma forma de fazer psicoterapia mas uma ferramenta que usada de forma correcta facilita os processos de mudança na psicoterapia. É uma ferramenta que ajuda a aflorar conteúdos inconscientes e estabelecer recursos. É um estado alternativo de consciência onde o indivíduo

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sente ou experimenta mudanças de sensações, percepções, pensamentos ou comportamentos.

A hipnose naturalista preconizada por M. Erickson pode ser vista como um procedimento terapêutico estratégico, rápido, focalizado que utiliza o transe conversacional (decorrente do correcto e adequado uso das palavras), as metáforas e a indução hipnótica, com objectivo de, indirectamente, efectuar mudanças positivas no paciente (Bauer, 1998; Robles, 2000b).

1.2. Hipnose Clássica vs Hipnose Ericksoniana

Existem algumas diferenças entre a hipnose clássica e a Ericksoniana (Karle, 1995; Havens & Walters, 1989), conforme apresentamos na tabela 1.

Tabela 1. Diferenças entre hipnose clássica e Ericksoniana

Hipnose Clássica Hipnose Ericksoniana

Há pessoas que são hipnotizadas e outras não

Probabilidade de resistências por parte do paciente

Sugestão de conteúdos que podem chocar as opiniões e fobias do paciente

Utilização de uma comunicação mais directiva

Trabalha-se a regressão da memória

Técnicas adaptadas a cada paciente

Todas as pessoas são passíveis de entrar em transe hipnótico

Paciente escolhe o tipo de experiência que quer ter

Paciente possui os recursos necessários para resolver os seus problemas

Uso de todo o material que o paciente traz para a sessão

Exige treino na observação de pistas não verbais

Utilização de uma comunicação mais permissiva e indirecta

Utilizam-se metáforas para indução e sugestão dos pacientes

Após a leitura da tabela anterior, verificamos que estas diferenças são mais

a nível da forma e da estrutura. A abordagem Ericksoniana pressupõe que o terapeuta seja o catalisador entre o paciente e os seus problemas, deixando-o, livremente na escolha das experiências que deseja ter. É dentro do paciente que são encontrados os recursos necessários para resolver os seus problemas.

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1.3. Principíos e Fundamentos da Hipnose Ericksoniana

Existem alguns princípios que estão inerentes à hipnose Ericksoniana (Bauer, 1998; Erickson & Rossi, 1980), nomeadamente:

Princípio da utilização – o hipnoterapeuta usa o material que o paciente traz com o seu sintoma e faz o seu trabalho a partir daí. Assim, num primeiro momento, a indução do terapeuta vem primeiro (já que a terapia começa com o transe do terapeuta e a sua atenção flutuante ao ouvir o paciente); depois, tudo o que o paciente trouxer pode ser utilizado (desde valores, a resistência do paciente, os seus sintomas, entre outros); qualquer técnica usada pelo paciente para ser paciente pode ser reutilizada pelo terapeuta (já que as técnicas podem ser construídas a partir do estudo do comportamento do paciente. Se ele gosta de histórias o terapeuta contará histórias; se é um paciente confuso, o terapeuta pode ser confuso, construtivamente) e; por fim, qualquer resposta que o terapeuta tiver, deverá desenvolvê-la (muitos pacientes não serão amáveis, não serão responsivos perante a hipnose, por isso, independentemente da resposta o terapeuta deverá prosseguir com a indução);

Princípio do prazer – o inconsciente rege-se por este princípio, reprimindo recordações dolorosas e disfarçando-as para que surjam na consciência de forma protegida (simbolizada), como sintomas e conflitos como forma de evitar a dor e o desprazer;

Princípio da economia – que define que as totalidades podem ser representadas por uma parte, isto explica o signo-sinal. Este explica que quando determinada coisa acontecer (signo-sinal), a pessoa entrará num estado hipnótico de resposta automática, o seu único recurso para não sofrer o mal indesejado. Assim, o hipnoterapeuta deve usar este princípio de economia do inconsciente, para ir até a causa do problema.

Estes princípios devem estar presentes em qualquer processo no qual a hipnose Ericksoniana é utilizada como ferramenta terapêutica. A eles associados, encontramos ainda três fundamentos que caracterizam a indução hipnótica Ericksoniana (Bauer, 1998):

Absorção da atenção – que permite levar o paciente a focalizar em si mesmo, na sua respiração, no seu corpo, nas suas sensações, entre outros. Através de uma linguagem permissiva, podem ser utilizados diversos padrões como: pressuposições (…você pode ir me ouvindo agora…); truísmos (…enquanto sua respiração vai se abrindo, você pode ouvir as minhas palavras, você pode ouvir os barulhos da sala, você pode ouvir o som da sua respiração…), entre outros;

Ratificação – através de uma linguagem natural o terapeuta transmite ao paciente que já está a observar mudanças na sua fisionomia, no seu ritmo de respiração, no seu tónus muscular, na cor da sua pele, na sua pulsação, nas diferenças de posição corporal, entre outros (…e à medida

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que eu fui falando a sua respiração já se modificou...sua pulsação já mudou… o seu semblante está mais suave…);

Aliciação – permite “convidar” o paciente a usar símbolos, imagens, ponte ao futuro, metáforas, analogias, sonhar, distorcer o tempo, entre outras (…e agora, você pode imaginar-se como uma gota de orvalho que balança numa folha verde e fresca, ao som do vento que o embala…pode apreciar a bela paisagem que se encontra à sua frente…pode também sentir a boa e agradável sensação de experimentar coisas novas…).

1.4. O Lugar da Focalização

Existem diversas linhas de orientação e padrões de linguagem que foram desenvolvidos por Erickson, com intuito de fazer perguntas e levar à tomada de consciência do paciente. Todos eles, acabam por estar interligados, pois por si só, mostram-se parcos em relação aos objectivos que se pretendem atingir. Globalmente, podemos dizer que qualquer que seja o problema do paciente, existem padrões que devem sempre estar presente na abordagem hipnoterapêutica. De entre esses padrões (Bauer, 1998), destacamos:

Congruência/Incongruência – que consiste em adoptar comportamentos verbais congruentes com o discurso proferido. Por exemplo, dizer “pode pensar em alguma coisa muito lenta e cuidadosamente”… de uma forma apressada, revela certa incongruência entre aquilo que se está a dizer e a forma como se diz;

Espelhamento ambiental ou pacing – consiste em ser o “espelho” do paciente para que o rapport possa ser conseguido. O espelhamento pode ser feito através dos gestos, das palavras, da respiração, entre outros, com objectivo de guiar o paciente (leading) a ressignificações necessárias;

Transições ou duplo vínculo – consiste em ligar uma sugestão a outra mesmo que estas não se encontrem relacionadas, através de vocábulos de transição como: “e”, “enquanto”, “ao mesmo tempo”, “à medida”, “quando”, “é possível”, entre outros;

Pressuposições e palavras permissivas – consiste em formular uma sugestão ou questão que tenha já em si mesma, a resposta orientada nesse sentido, utilizando vocábulos como: “repare”, “note”, “sinta”, “você pode”, entre outros.

Operadores modais – permitem ultrapassar as resistências e, nesse sentido, utilizam-se expressões como: “poderia”, “poderá”, “pode”, “possa”;

O “não” e Perguntas finais de negação – consiste na utilização do vocábulo “não”, pois sabe-se que este não é processado pela mente. Por exemplo, dizer “não pensem num elefante amarelo” significa induzir o pensamento de um elefante amarelo (ou seja, dar-lhe uma existência mental) para depois deixar de pensar nele. Não se pode “não pensar” em algo que não tenha tido previamente uma existência no pensamento. As perguntas finais de negação são análogas aos “question

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tags” utilizados na língua inglesa e orientam as respostas no sentido da questão. Por exemplo: “você está começando a relaxar, não é verdade?”;

Utilização/Incorporação – são padrões que sublinham o princípio necessário de integração e utilização de todo o material que circunda o setting hipnótico. Por exemplo: “E mesmo o ruído das conversas que se podem escutar da sala ao lado podem fazer-lhe recordar um dia de verão agradável… enquanto ouve o som das abelhas fazendo o mel e talvez possa repousar na relva fresca e verde… sentindo… realmente sentindo…. o calor prazeroso dos raios de sol no seu rosto… e ai você sente-se como gostaria de se sentir… viver como gostaria de viver… ser feliz como gostaria de ser”…

Outros padrões podem igualmente ser utilizados, no entanto, serão sempre interligados com os anteriores (Bauer, 1998; Robles, 2000a). Assim sendo, o hipnoterapeuta pode utilizar:

Truísmos – consiste em induzir três verdades que podem ser facilmente comprovadas pelo paciente e a quarta sugestão é apenas uma suposição. Por exemplo: “Está a ouvir a minha voz e é possível que possa sentir o calor das suas mãos, uma em cima da outra… e talvez concentrar-se na sua respiração, no movimento do seu peito… e também se pode esquecer que está aqui e agora”…;

Entremeamento ou comando embutido – trata-se de uma indução indirecta, colocada no meio de uma conversa informal, sublinhando-se o comando de sugestão através do tom de voz, enfatizando certas palavras ou frases, que funcionam como sugestões efectivas. Por exemplo: “enquanto você está aqui, sentado e pode começar a relaxar… não FECHE OS OLHOS senão tão rápido quanto for permitido pela sua mente inconsciente para UMA RECORDAÇÃO DE UM MOMENTO AGRADÁVEL DO PASSADO, ONDE e quando você se SENTIA CONFORTÁVEL”. O comando embutido aqui é: “feche os olhos… uma recordação de um momento agradável do passado… onde… sentia confortável”;

Yes set – são análogos ao truísmo, diferenciando-se deste pela utilização da expressão “eu sei”. Por exemplo: “Eu sei que os seus olhos podem estar cansados… também sei que as suas pálpebras podem querer fechar-se e ainda, que as imagens que surgem na sua mente podem ficar turvas... e também sei que é mais agradável para si fechar os olhos de fora e abrir os olhos de dentro”…;

No set – padrão igual ao anterior, todavia formulado na negativa. Por exemplo: “Eu não sei se pode ir sentindo o calor das suas mãos na sua coxa, eu não sei se já sentiu o peso do caderno na sua perna… também não sei se já notou que a sua respiração está-se tornando mais lenta… mas uma coisa eu sei… se você me escutar atentamente pode inclusive ouvir o seu próprio coração batendo”…;

Interrupção de padrão – consiste em quebrar um padrão automático do paciente. Por exemplo, num cumprimento social de aperto de mão se o hipnoterapeuta levanta a mão do paciente, este entra em confusão e

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focaliza-se na mão, não entendendo a razão deste comportamento. O hipnoterapeuta aproveita a oportunidade para fornecer as sugestões que pretende de indução hipnótica;

Citações – consistem em colocar “na voz do outro” alguma mensagem que se queira passar. Por exemplo: “Sabe que Erickson tinha um procedimento interessante para falar com os seus pacientes? Ao cumprimentá-los, levantava a sua mão e dizia:”… ;

Confusão mental – consiste em proferir uma série de frases controversas, que, aparentemente, não fazem sentido apesar de serem inteligentemente lógicas, criando assim uma espécie de bloqueamento de informação no paciente. Por exemplo: “eu estou me perguntando se você já se perguntou se a sua parte de infância está livre para falar sobre aquilo que o trouxe aqui… assim fale-me daquilo que não sabe que sabe”… ;

Estados de transe e Ancoragem – referem-se à tendência de qualquer elemento particular ou de uma experiência especial poder fazer emergir momentos excelentes que funcionam como âncora. Quando se possui uma âncora, pode-se fazer emergir os sentimentos e sensações psicofisiológicas que essa âncora despoleta. Por exemplo: “Já esteve certamente, perto do mar em algum momento da nossa vida, não é verdade?... E, enquanto lá esteve… de pé a olhar o horizonte interminável… podia sentir a brisa do mar no seu corpo… sentir o cheiro da maresia… ouvir o constante e infindável bater das ondas nas rochas…sentir a frescura da água em seus pés… e sentir um estado de paz e tranquilidade profundo… e, nesse momento, poderia querer fechar os olhos e entrar num bom e belo estado de transe hipnótico… faça-o… na certeza de que está em boas mãos”…;

Sistemas representacionais sobrepostos – que consiste em utilizar os 5 canais sensoriais sobrepostos, para a mesma experiência. Por exemplo: “você pode ouvir o canto de um pássaro que canta tranquilamente…enquanto prepara o seu alimento… pode ainda desfrutar das cores que esse pássaro tem, assemelhando-se a um arco-íris… é possível que possa sentir como as suas penas são leves e macias…e inalar o odor das flores onde ele está poisado”…;

Número mágico – consiste em sobrecarregar o paciente de informações, pois sabe-se que a sua mente apenas é capaz de processar entre 5 e 9 chuncks de informação de cada vez. Por exemplo denominar os dedos da mão correctamente e depois alternar o seu nome pelos diferentes dedos, criando uma espécie de confusão mental no paciente;

Metáforas – consistem em apresentar simbologias e histórias metafóricas aos pacientes, adequando-as ao seu problema, incluindo informações que devem ser processadas pela mente inconsciente. Este padrão permite igualmente compreender que muitos pacientes trazem já metáforas incorporadas sobre os seus problemas e, nesse sentido, importa utilizar essas metáforas e dar-lhes um novo significado proveitoso para o paciente;

Focalização – consiste em orientar a nossa atenção para estímulos específicos, que podem ser: um objecto, uma música, um tom de voz, um pensamento, uma imagem mental, entre outros. A focalização permite orientar a nossa atenção para um determinado estímulo em

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detrimento de outros. É neste padrão que nos vamos deter em seguida, por ser alvo do presente trabalho.

1.5. As técnicas de focalização

As técnicas de focalização da atenção encontram-se inerentes à hipnose e revelam-se muito úteis. Todos sabemos que numa situação ou estado normal a nossa atenção permanece mais ou menos distribuída por um sem número de factos ou estímulos. A imagem e o som do televisor, o tocar do telefone, o amigo que nos bate à porta, a temperatura que faz na sala, o sol que nos entra pela janela, o conforto do sofá sobre o qual repousamos, o fumo de um cigarro entre os dedos, o jornal que folheamos, são apenas algumas das percepções quase simultâneas que a nossa memória imediata se encarrega de manter perfeitamente disponíveis, ao alcance da nossa consciência (Bandler & Grinder, 1975).

Trata-se, porém, de uma atenção minimalista, superficial e algo difusa, que, ao não incidir especialmente sobre nada, tudo nos permite ter à mão. Mas imaginemos agora que, a certa altura, somos surpreendidos, no decurso da nossa despreocupada leitura do jornal, por uma notícia que, por este ou aquele motivo, consideramos muito preocupante, ou então, excepcionalmente favorável a um qualquer interesse que nos diz directamente respeito. A nossa curiosidade agudiza-se, a leitura pode tornar-se anormalmente apressada, mas, acima de tudo, por nada deste mundo quereremos perder o menor detalhe de uma informação tão importante. Precisamos de prestar a maior atenção ao que é dito na respectiva notícia (Bandler & Grinder, 1975).

Simplesmente, como diz, Damásio (1995, p. 184) “a atenção e a memória de trabalho possuem uma capacidade limitada”, o que faz com que esse acréscimo de atenção que passamos a colocar na leitura do jornal, tenha como consequência directa uma correspondente diminuição da atenção sobre aquela pluralidade de factos e acontecimentos sobre os quais mantínhamos, até aí, um apreciável controlo e vigilância. Isto, no que respeita aos estímulos que nos são exteriores.

Mas, com a redução do campo de consciência, é de admitir que um processo análogo ocorra também dentro de nós, ao nível dos conteúdos mentais a que passamos a ter acesso, pois, ainda no dizer de Damásio (1995, p. 124) “as imagens que reconstituímos por evocação ocorrem lado a lado com as imagens formadas segundo a estimulação vinda do exterior.”

E, como sustenta este mesmo autor, as imagens são provavelmente o principal conteúdo dos nossos pensamentos, independentemente da modalidade em que são geradas e de serem sobre uma coisa ou sobre um processo que envolve coisas, palavras ou outros símbolos. Logo, retomando o exemplo da notícia do jornal, o estarmos embrenhados profundamente na sua leitura, dá-se à custa de uma focalização da nossa atenção sobre o respectivo texto que, embora necessária à melhor compreensão possível, pode, a partir de determinado nível de intensidade, levar-nos à perda daquelas referências

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concretas ou idealizadas que normalmente nos asseguram a relativização do raciocínio e da própria avaliação.

Ora, o esfumar dessas referências só pode levar a uma tendência para a absolutização dos nossos juízos, na medida em que, desaparecendo os padrões comparativos, o que é pensado surge-nos como valendo por si mesmo, ou seja, não é verdadeiro nem falso, não é certo ou incerto, não é preciso nem impreciso. É, simplesmente. E como tal é assumido. Nenhuma comparação, nenhuma resistência: eis aqui o limiar da própria hipnose (Bandler & Grinder, 1975).

A focalização da atenção que acabamos de descrever é a que, em maior ou menor grau, podemos encontrar na indução hipnótica. A sua inserção na indução hipnótica não levanta qualquer problema, pois é justamente para o enfraquecimento dos processos lógicos do paciente que ela se orienta e dirige (Bandler & Grinder, 1975).

Como bem salienta Roustang (1998):

Há uma outra maneira de pensar o ser humano, quer dizer, não mais como união da alma e do corpo ou do espírito e do corpo, mas como unidade vivente onde o espírito é já corpo e onde o corpo é sempre espírito (p. 27).

Esta unidade não pode, contudo, ser compreendida senão num plano holístico. É por isso que Roustang (1998) afirma (a propósito do que dá origem à indução hipnótica):

Posso dizer que, segundo as circunstâncias, a potência modificadora é o vosso coração ou a pele que recobre o vosso corpo ou o vosso ventre ou os vossos pés que vos sustentam ou tal pensamento ou tal emoção, porque é a relação ao todo que dá a cada um a sua força (p. 31).

É neste regime de totalidade em que inteligência, espírito, liberdade, movimento, sensibilidade, afecto e emoção permanecem como registos inseparáveis no ser humano que poderemos olhar, a indução hipnótica.

A focalização é uma técnica/um padrão utilizado em variados e diferenciados contextos de actuação. Por exemplo, se estivermos ao nível da PNL, constata-se que o “transe” é um estado especial de atenção focalizada, no qual concentramos a nossa atenção num determinado foco específico, que pode ser uma experiência interna totalmente subjectiva ou uma experiência externa objectiva.

Por fim, pode-se dizer que a focalização é um processo inerente ao estado hipnótico podendo ser comprovada a sua actividade através da imagiologia, que revela mudanças nos sistemas neuronais subjacentes à auto-representação e à auto-regulação. Estas mudanças mostram que o estado hipnótico facilita a incorporação de sugestões através da modificação do interplay entre os mecanismos cerebrais implicados na regulação da vigilância, arousal e atenção, facilitando o acesso a experiências alternativas. Rainville e Price (2004) num estudo realizado, pediram a sujeitos para classificarem o seu nível de relaxamento e de focalização da atenção no estado normal de controlo e no

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estado hipnótico. De acordo com o modelo experiencial de hipnose, os aumentos referidos pelos sujeitos diziam respeito ao estado de relaxamento e à focalização e, tais aumentos correlacionavam-se significativamente com os níveis de susceptibilidade hipnótica. As mudanças verificadas no relaxamento e na focalização estavam também associadas a mudanças em redes cerebrais distintas implicadas na regulação da consciência (cf. Figura 1).

Figura 1 – Efeitos do relaxamento hipnótico (amarelo) e da

focalização (vermelho) na actividade cerebral (Rainville & Price,

2004, p. 241).

1.6. Exemplo prático

Em seguida, apresentaremos um exemplo prático de uma indução hipnótica, colocando especial ênfase na focalização, enquanto padrão privilegiado no presente trabalho.

Gostaria, Fátima, que soubesse como é fácil relaxar e entrar em transe…todas as pessoas que se sentaram nessa cadeira à minha frente… e prestaram atenção à minha voz…facilmente relaxaram e entraram em transe…enquanto está sentada nessa cadeira… pode sentir uma leve sensação de bem-estar… pode facilmente sentir uma vontade de relaxar o seu corpo… e as suas pernas… pode também sentir as suas pálpebras a quererem fechar… delicadamente… enquanto se concentra na minha voz… deixando que a sua mente inconsciente, sábia e amiga faça o processo por si… pode querer voltar atrás no tempo e no espaço … respirar mais calmamente e… inclusive… ouvir a sua própria respiração… e todos os ruídos que possa ouvir apenas a ajudarão a relaxar… mais tranquilamente… a entrar em transe… pode sentir vontade de fechar os olhos de fora e abrir os olhos da sua imaginação… concentrando-se apenas na minha voz… isso… talvez neste momento possa estar a sentir uma experiência maravilhosa de bem-estar… de paz…como se estivesse num lugar calmo…tranquilamente ouvindo a minha voz…e neste momento pode olhar para dentro de si, escutar a sua respiração… inspirando… e expirando lentamente… e em cada inspiração poderá querer entrar dentro de si mais profundamente e… em cada expiração libertar-se de todas as tensões…pode, se quiser, imaginar as águas límpidas e cristalinas da corrente de um rio… e talvez possa desfrutar de toda a paisagem que está ao seu redor… inspirando profundamente e expirando tranquilamente… ao mesmo tempo que continua a ouvir a

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minha voz… pode ainda sentir a brisa que vem de longe, uma brisa suave, que toca na sua face… ternamente… suavemente… confortavelmente… ao mesmo tempo que sente o calor dos raios do sol em todo o seu corpo… respirando… inspirando…. expirando … muito tranquilamente…como é bom sentir toda essa harmonia e tranquilidade… à medida que se vai concentrando na minha voz…calmamente ouvindo tudo aquilo que tenho para lhe dizer…maravilhosamente ouvindo e sentindo…e você pode lembrar-se desta experiência… e continuar a desfrutar dela mais tarde… sempre que quiser…permitindo que a sua mente inconsciente se lembre dela… e faça o que tiver que fazer… para poder continuar a sentir um conforto interior… um lugar seguro, protegido… onde pode sempre regressar…sempre que queira… e agora, quando estiver preparada… ouvirá a minha voz contar até três… e nesse momento, despertará muito tranquilamente… abrindo os olhos calmamente… 1… desfrutando desta maravilhosa dança com a natureza e com a vida… 2…sentindo-se feliz como quer ser… 3…abrindo os olhos…

REFLECTINDO…

O presente trabalho versou sobre o lugar da focalização no transe hipnótico, permitindo fazer uma viagem desde o inicio da hipnose até aos nossos dias. Neste percurso, compreendemos as dificuldades inerentes a todo o processo, nomeadamente, na construção de induções hipnóticas focalizadas no paciente e nos seus próprios problemas, utilizando estímulos congruentes com o seu discurso interno. Compreende-se, então, a necessidade imperiosa do rapport e do conhecimento do paciente, como facilitador da indução e da componente terapêutica que está a ela associada.

Por outro lado, consciencializamos que a focalização, apesar de poder ser vista como um padrão de linguagem na hipnose Ericksoniana, o seu alcance é bastante mais amplo e interdependente em todo o processo. Tal como Erickson referia, o seu modelo é um modelo de hipnose focalizada, o que significa que esta se encontra patente em todo o processo, não somente como técnica mas também como método, que proporciona e auxilia a viagem ao interior de cada ser humano.

Por fim, resta-nos sublinhar que a hipnose, em seu sentido ético e deontológico, deverá ser sempre preconizada com vista ao bem-estar físico, psicológico, social e espiritual do paciente e nunca com proveitos duvidosos ou ganhos secundários. A hipnose informal e conversacional proposta por Erickson poderá, assim, ser utilizada em todos os pacientes (mesmo os mais resistentes) e adequando-a a todos os problemas. Nesta linha de pensamento, ela não é mais do que uma deliciosa dança, na qual participam dois actores: o terapeuta e o paciente (enquanto verdadeiro expert da sua doença). Por isso, corroboramos da máxima Ericksoniana que nos diz que: não há pacientes resistentes, mas hipnoterapeutas incompetentes.

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