68 anos de alcoólicos anônimos no brasil · em 2015 (exceto um comércio em parte do térreo)...

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Breve Apanhado da História de A.A. no Brasil no seu 68º Aniversário Este exemplar pertence a Setembro 2015 Prédio da Associação Brasileira de Imprensa, na Rua Araújo Porto Alegre, 41, Região do Castelo, Rio de Janeiro – antigo Distrito Federal, onde se reuniam os pioneiros de A.A. no Brasil. Edifício Condomínio São Vicente I, na Rua Padre Antonio de Sá, 116, Tatuapé, São Paulo - SP, alugado em 2015 (exceto um comércio em parte do térreo) como Sede da Junta de Serviços Gerais de A.A. do Brasil JUNAAB.

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Breve Apanhado da História de A.A. no Brasil

no seu 68º Aniversário

Este exemplar pertence a Setembro 2015

Prédio da Associação Brasileira de

Imprensa, na Rua Araújo Porto Alegre, 41,

Região do Castelo, Rio de Janeiro – antigo

Distrito Federal, onde se reuniam os

pioneiros de A.A. no Brasil.

Edifício Condomínio São Vicente I, na Rua Padre

Antonio de Sá, 116, Tatuapé, São Paulo - SP, alugado

em 2015 (exceto um comércio em parte do térreo)

como Sede da Junta de Serviços Gerais de A.A. do Brasil

– JUNAAB.

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Índice Introdução ........................................................................................................................ 3

O início ............................................................................................................................ 4

A primeira literatura ........................................................................................................ 5

A origem do costume das fichas de sobriedade .............................................................. 6

O registro do primeiro Estatuto de A.A. no Brasil ......................................................... 6

O primeiro lema de A.A. no Brasil ................................................................................. 7

O primeiro pedido de tradução de literatura ................................................................... 7

As primeiras traduções autorizadas ................................................................................. 8

As primeiras reuniões de Al-Anon .................................................................................. 8

A autorização para a tradução do “Livro Azul” .............................................................. 9

O fortalecimento da Estrutura de Serviços ................................................................... 10

A primeira Conferência de Serviços Gerais .................................................................. 11

Os Conclaves e as Convenções ..................................................................................... 11

As Conferências de Serviços Gerais (a partir da V) ..................................................... 16

Adequação à Estrutura de Serviços Mundial ................................................................ 19

A Revista Vivência ....................................................................................................... 21

Resenhas Biográficas ................................................................................................... 23

Apêndice ........................................................................................................................ 24

Transcrição das primeiras literaturas de A.A. no Brasil ......................................... 24

Texto do “Livro Branco” .......................................................................................... 24

Texto de “A Tradição de A.A.” ................................................................................. 30

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Introdução Muito importante: os textos contidos nesta apostila não fazem parte da literatura de

A.A. aprovada ou autorizada pela Conferência de Serviços Gerais, nem pretende caráter oficial, mas sim, subsidiar quem se disponha a dar continuidade às pesquisas sobre esta história fascinante. As transcrições foram feitas por um AA destinadas unicamente a membros e amigos de A.A.

Esta pequena apostila foi criada para celebrar o do 68º aniversário de A.A. no Brasil, no dia 5 de setembro de 2015. Ela foi construída apenas com o material que este transcritor foi recopilando junto a outros companheiros/as e na internet. Embora neste trabalho exista uma linha condutora, há muitos espaços vazios que precisariam ser preenchidos e para um indivíduo sozinho seria uma tarefa difícil demais, além de, em A.A. não ser nada recomendável fazer essa tarefa sozinho devido á “ racionalização alcoólica” que Bill citou ao escrever os Passos e talvez os dados pudessem ser manipulados de acordo com conveniências oportunistas. Aliás, o próprio Bill W. dizia que “A nossa História é o nosso maior património”; se é assim, ela pertence ao coletivo e deverá ser o coletivo, o responsável por zelar pela preservação desse patrimônio através da a criação de comissões específicas de pesquisa e investigação.

Entretanto, é dever de cada um de nós oferecer as condições necessárias para que essas comissões delegadas cumpram sua tarefa colaborando com elas na coleta de dados históricos em nossos Grupos, Distritos, Setores e Áreas e disponibilizando nossos arquivos pessoais.

O folheto “Guia dos Arquivos Históricos” do ESG – Nova York começa com uma frase de Carl A. Sandburg (1878-1967): “Quando uma civilização ou uma sociedade desaparece, há sempre uma condição presente: seus membros esqueceram-se de onde vieram”. A.A. está no Brasil há apenas 68 anos; nem você nem eu temos o direito de deixar que o desaparecimento aconteça. Mesmo que seja somente pela simples questão da nossa sobrevivência, precisamos resgatar e preservar sua história e divulga-la. Todo membro de A.A. já sabe de onde veio; para ficar, tem o direito de saber onde está e nós temos o dever de lhe contar.

Para que estas informações sejam as mais corretas possíveis, este transcritor pede sua colaboração, leitor/a, no sentido de notificar eventuais falhas que possam comprometer o sentido e a veracidade dos fatos, enviando o texto correto com a devida comprovação seja através de provas documentais ou, na sua falta, testemunhais devidamente acreditáveis, para futuras revisões, correções e complementações, colaborando assim com o registro histórico de A.A. no Brasil e contribuindo para que um dia, não muito distante, exista de fato uma história verossímil que possa ser transmitida com segurança ás gerações futuras.

Tudo de graça veio e de graça-grata está indo. Se o conteúdo lhe for proveitoso, passe adiante nesse espírito. Obrigado.

[email protected]

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O início Em 1946, chegou ao Rio de Janeiro o publicitário americano

Herbert L. D. (Herb), com um contrato por de três anos para trabalhar como diretor artístico de uma multinacional do ramo de publicidade. Alcoólico, tinha ingressado num Grupo de A.A. em Chicago (EUA) em 1943. Em 1945 casou-se com Elizabeth Lee Treadwell, não alcoólica que se tornaria grande amiga de A.A. Antes de viajar para o Brasil esteve na Fundação do Alcoólico em Nova York, para se informar se poderia encontrar algum membro de A.A. por aqui. Deram-lhe o nome de Lynn Goodale, a quem Bob Valentine – um amigo de Bill W., teria abordado numa passagem pelo Rio em 1945 e alcançado a sobriedade. Não encontrando Lynn, comunicou à Fundação, pediu outros nomes e colocou-se à disposição para servir como contato no País.

Em julho de 1947, recebeu o endereço de um AA, e alguns libretos e folhetos em español. Numa carta recebida em outubro, a

Fundação “manifesta sua felicidade pelo início de um Grupo de A.A. no Brasil”. Não havendo registro do acontecido entre os meses de julho e outubro de 1947, a JUNAAB

considera como oficial, para efeito de datação, uma ata escrita no livro de registros do Grupo “A.A. do Rio de Janeiro” onde consta:

“Data – aniversário. Na reunião de hoje deliberamos comemorar o 3º (terceiro) aniversário da fundação do Gr. “A.A. do Rio de Janeiro” no dia 5 (cinco) próximo. A referida data ficará, por tradição, como a data oficial da fundação do Grupo. Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1950 “Fernando, secretário”.

Em função disto, o dia cinco de setembro de 1947, passou a ser a data oficial da fundação do primeiro Grupo de A.A. no Brasil.

Sabe-se que o Grupo também se chamou “A.A. Rio Nucleus” e os primeiros membros reuniam-se nas casas de alguns deles. A partir de 1949, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), à Rua Araújo Porto Alegre, 71, Castelo (à direita). Mais tarde se mudariam para a Rua Santa Luzia.

Herbert L. D.

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No início de 1948, Herb conseguiu publicar o primeiro de uma serie de artigos sobre o alcoolismo, primeiro no jornal “O Globo” e depois no “Brazil Herald” em língua inglesa. Como resultado dessa publicidade, um morador de Ingá em Niterói, Kenneth W. pediu ajuda para assistir seu irmão arruinado pela bebida, o contabilista e consultor de empresas Harold R. W., anglo-brasileiro, neto de ingleses, nascido em Santa Teresa no Rio de Janeiro; na manhã do dia 13 de março de 1948, Herb foi visitar Harold na casa de Kenneth, onde morava de favor, e lá o esperava com a mão direita estendida muito tremula, enquanto a mão esquerda segurava com força um copo de cachaça.

Deste encontro saiu um acordo segundo o qual Harold tentaria parar de beber substituindo os goles de cachaça que fosse tomando por água da bica até que o copo conteve-se apenas água; conseguindo isso, que traduzisse o panfleto de A.A., que Herb estava deixando, do inglês para o português. Então, na próxima quarta feira à tarde, ir a novo encontro com Herb no salão de café na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

A primeira literatura Na data marcada Harold bebeu de manhã o que seria seu último gole, e à tarde cumpriu o

prometido, embora não tivesse traduzido o folheto inteiro. Este folheto, produzido por um Grupo dos EUA, seria conhecido no Brasil como “Folheto Branco”, ou “Livro Branco” pela cor da sua capa que continha a sigla “A.A.”, o título “Alcoólicos Anônimos” e o endereço “Caixa Postal 254 – Rio de Janeiro, Brasil”. Foi a primeira literatura de A.A. no Brasil. Harold também traduziu nessa época “A.A. Tradições”, - as Doze Tradições escritas na forma longa e que ainda iriam ser homologadas na Primeira Convenção Internacional de Cleveland, em julho de 1950 com esse nome, mas que ainda eram conhecidos como “12 Pontos Para Assegurar o Nosso Futuro”. O formato deste folheto era exatamente igual ao anterior, substituindo na capa, também branca, “Alcoólicos Anônimos” por “A.A. Tradições.”. (Veja a transcrição dos textos destes dois livretos no Apêndice – página 24).

Harold foi um dos maiores divulgadores de A.A. e o responsável direto pela primeira mensagem de A.A. em São Paulo em 1949. Em 1965, morando na capital paulista foi padrinho e mentor de Donald M. Lazo, cofundador do Gr. Sapiens, o primeiro Grupo de A.A. em São Paulo.

Em 1949, o Grupo já contava com doze membros, a maioria brasileiros, também conhecidos como Os Doze Desidratados. Pouco antes de Herb voltar em junho para os EUA, ao término do seu contrato de trabalho, chegou Eleanor, que havia ingressado na Irmandade nos EUA e estava casada com um Almirante da Marinha dos EUA a serviço no Brasil e que seria de grande valia nas traduções e na correspondência com o Escritório de Nova York, além de ter sido considerada a primeira mulher AA no Brasil.

O Grupo reunia-se todas as segundas feiras numa pequena sala da Associação Cristã de Moços (ACM).

Harold R. W.

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A origem do costume das fichas de sobriedade Em 1950, chegou ao conhecimento dos membros no Rio o bem-sucedido lançamento de uma

campanha dos Grupos de A.A. nos EUA intitulada "Campanha do Níquel ao Telefone" que consistia em animar o recém-chegado a trazer sempre no bolso alguns níqueis (moedas fracionárias que também serviam como fichas nos telefones públicos) e o número do telefone do seu padrinho, o lema era: "Não Beba Agora, Neste Momento". Então, ainda não se falava em “primeiro gole” ou em “24 horas”. Como telefone era coisa rara no Brasil naquela época, foi dado o célebre "jeitinho bem brasileiro" e, como os cassinos haviam sido fechados fazia pouco tempo, as casas de venda de materiais próprios estavam com estoques encalhados, foram compradas e adotadas aquelas fichas de jogo como lembrete do A.A. Funcionava assim: até a ficha de dois anos, existia a “troca de ficha” que era feita com a entrega de uma ficha usada por um companheiro mais antigo, durante um determinado tempo, para alguém mais novo/a e recebia de outro companheiro a ficha que este havia usado.

Estas fichas levavam com elas a vontade, a força, as conquistas e o desejo de sucesso de quem as devolvia a quem as recebia.

Por outro lado, no caso de uma infortunada recaída, devia o companheiro, sigilosamente, acompanhado de seu padrinho ou madrinha, ou alguém de sua absoluta confiança, literalmente “quebrar a ficha” que lhe acompanhava, evitando o prosseguimento de seu ciclo negativo.

Em 19 de fevereiro de 1952 foi fundado o Grupo Central do Brasil, que durante aquela década centralizou as atividades de A.A. no País. Foi o iniciador de reuniões em hospitais, em indústrias. Promoveu a Primeira Convenção Nacional (em 1965). Lançou o 1º Boletim Nacional de Notícias. Traduziu e mandou mimeografar, distribuindo gratuitamente 34 títulos de literaturas e, no mesmo ano da fundação, instituiu a sacola da Sétima Tradição.

Em18 de agosto desse ano foi fundado o 2º grupo de brasileiros, o Grupo Nova Friburgo, nesse município serrano do RJ, pelo comp. Amaro do V.

O registro do primeiro Estatuto de A.A. no Brasil Em 8 de dezembro de 1952, foi registrado o

Estatuto da Irmandade no Brasil e a sigla A.A. Este registro se fez necessário porque a Associação Antialcoólica (A.A.A.), criada em São Paulo, Capital, em 1950, publicou e divulgou sem autorização o nosso Folheto Branco para fazer sua campanha antialcoólica; o Folheto trazia na contracapa a metade de um rosto de mulher apoiado sobre uma taça e vertendo lágrimas, seguindo a frase: "Em cada copo de álcool há lágrimas de mães, esposas e filhos" (à direita). Esses fatos, para preservar as Tradições de não vinculação, obrigaram os companheiros a registrar em Cartório a Irmandade de A. A. no Brasil e a se valer da ajuda do amigo Dr. Paulo Roberto para que, nos seus programas de rádio em S. Paulo, informasse ao povo que A. A. não era contra quem pode beber álcool, mas, sim, a favor dos que não podiam.

"Livro Branco", literatura de A.A. usada pela A.A.A.

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Entre os dias 07 a 21 de novembro de 1953, acontecem as primeiras reuniões de divulgação em Salvador - BA com a participação do secretário-geral Paulo S. e dos membros a seguir: Veloso, Teresa, Sampaio, Leone Sebastião e Herdy, que resultaram na fundação do primeiro Grupo na Bahia.

O primeiro lema de A.A. no Brasil Em 1955, Luiz M. (1929-1992), membro do Grupo Central do

Brasil, no Rio de Janeiro, autor da apostila, “As origens de A.A. no Brasil”, ao observar a propaganda do filme “I'll Cry Tomorrow”, EUA, 1955,- no Brasil "Eu Chorarei Amanhã", no cinema Metro naquela Cidade – que contava a histórica verídica de Lillian Roth, que viria ser membro de A.A., prestou atenção numa fotografia que mostrava uma sala com várias pessoas, fazendo lembrar uma reunião de A.A.; na parede, em um quadro negro, estava escrita com giz uma frase em inglês, que depois de traduzida, seu Grupo a adotou como slogan e a partir dele resultou numa das sentenças mais conhecidas de A.A. no Brasil: "Se o seu caso é beber, o problema é seu; mas, se o seu caso é parar de beber, o problema é nosso". http://www.epipoca.com.br/filmes_detalhes.php?idf=15589

O primeiro pedido de tradução de literatura A literatura disponível nesse período era muito escassa e, além do “Folheto Branco" e " A.A.

Tradições " citados acimas, havia cópias mimeografadas de "Como Cooperar Para Uma Obra Meritória" (este texto era a transcrição do 12º Passo do livro “Os Doze Passos e as Doze Tradições” publicado nos EUA em 1953). Em 1955, o Dr. Mellmann, um amigo de A.A., ofereceu-se para traduzir o Livro Azul; o Grupo Central do Brasil pediu permissão ao GSO para esse fim, mas a autorização foi negada. Esta petição está registrada numa resenha na primeira página do número de novembro de 1956 do AA Exchange Bulletin – substituído pelo atual Box 4-5-9, com o título: Bazilian Seek Translation Help, ou algo como, “Brasileiros Pedem Ajuda Para Tradução”, cujo texto diz:

“Luiz M., secretário do Grupo Central do Brasil do Rio de Janeiro sugere que a tradução do Livro Grande (Livro Azul) para o português seria muito útil para os membros brasileiros e suas famílias. Enquanto a Junta de Serviços Gerais não autoriza uma edição standard do livro, é possível que se possa fazer uma edição mimeografada para ser distribuída dentro de A.A. no Brasil”. (N.T.: Isto nunca se concretizou). Ver em =>http://www.aa.org/newsletters/en_US/en_box459_nov56.pdf

Em 1956, havia de treze Grupos brasileiros registrados no catálogo mundial. Em 03 de julho de 1965, Dorothy N. (1914-1990), membro de A.A. do Rio e cofundadora do

Grupo Sapiens em São Paulo, vai representar A.A. do Brasil na Convenção Internacional de Alcoólicos Anônimos em Toronto, Canadá, ocasião em que foi adotada a Declaração de

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Responsabilidade: “Eu sou responsável... Quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo ajuda, quero que a mão de A.A. esteja sempre ali. E por isso, eu sou responsável”.

Entre os dias 30 de outubro e 02 de novembro de 1965, foi realizada no Rio de Janeiro a Primeira Convenção Nacional de A.A., com a presença de companheiros de diversos Estados do norte, nordeste, centro-sul, sul e, principalmente, do Rio. Os eventos foram realizados na sede do Pen Club e no Colégio Talmud Torah. Este evento só pode ser realizado pelo apoio de diversos amigos de A.A, tais como: Dr. Francisco Laport, Embaixadores Paschoal Carlos Magno, e Dr. Oswald de Moraes Andrade.

As primeiras traduções autorizadas Em 1964 os estatutos foram modificados, adequando-se às Tradições e criando um Conselho

Administrativo e logo em seguida encaminhado aos Grupos para aprovação por carta. A partir do ano seguinte as atenções dos AAs brasileiros voltaram-se à tradução e publicação da literatura oficial no Brasil, com o aval do G.S.O. - General Service Office, ou Escritório de Serviços Gerais, órgão que substituiu a Fundação do Alcoólico em 1954. Mas isso ainda não foi possível. As traduções dos textos aprovados pela Conferência – EUA/Canadá, eram encaminhadas ao G.S.O para análise, impressão e retorno para uso nos Grupos. Foi o caso de Eis o AA, Você Deve Procurar o AA?, 44 Perguntas e Respostas, A Opinião de um Médico, Carta a uma Mulher Alcoólica, Conceitos Básicos Sobre AA e As Doze Tradições. Assim que a impressão ficava pronta, certa quantidade era enviada para o Brasil. Nos anos seguintes, contávamos com várias traduções impressas, dentre elas A.A. é Para Mim? A Doença do Alcoolismo e Apadrinhamento.

Numa das cartas recebidas do G.S.O na época, a então funcionária da Sede, Waneta N., encarregada da correspondência com membros de língua espanhola, solicita aos companheiros o orçamento para a impressão de mil unidades do Livro Grande em português, aqui no Brasil, informando que talvez o Comitê Internacional poderia custeá-lo, o que não prosperou. Em fins de 1965, havia 20 Grupos nos Estados de Minas, S. Paulo, Maranhão, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Paraíba, Paraná, Santa Catarina, Brasília-DF e Rio de Janeiro e o Catálogo mundial indicava que havia1468 membros de A.A. no Brasil.

As primeiras reuniões de Al-Anon Em 1965, no Rio de Janeiro, o Grupo Vigilante de A.A. em suas reuniões abertas aos domingos abria espaço para palestras destinadas aos familiares que ali compareciam e incentivando assim o começo dos Grupos Familiares Al-Anon naquele Estado, o que veio a dar-se em 18 de dezembro de 1965, com a fundação do 1º Grupo Al-Anon no Brasil. Segundo consta, o primeiro grupo foi formado com a presença de 11 familiares de alcoólicos, sendo suas fundadoras Sandra P., Emília, e Bernadete A. Entretanto, em julho de 1966 deixava de funcionar.

Em 17 de agosto de 1966, em São Paulo-SP, Sônia Mª - mulher de Donald M. Lazo cofundador, junto com Dorothy N., do Grupo Sapiens em São Paulo e Lygia – mulher de Stevenson, um dos primeiros membros do Grupo Sapiens, formaram o primeiro grupo de Al-Anon em São Paulo que também foi o primeiro Grupo Al-Anon do Brasil a ser registrado no ESM - Escritório de

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Serviços Mundiais em 03 de novembro de 1966, sendo, por este fato, considerado o pioneiro dos Grupos Familiares Al-Anon no Brasil.

A autorização para a tradução do “Livro Azul” Em 1966, Donald L. um AA de São Paulo, começou a traduzir o livro “Alcoholics

Annonymous” para o português. Ao que parece a concessão só veio em fins de 1968, quando Gilberto, um AA brasileiro, funcionário da ONU e residente em Nova York, passando férias no Rio de Janeiro tomou conhecimento através de Dorothy N. – uma AA do Rio e cofundadora junto com Donald L. do primeiro Grupo de A.A. em língua portuguesa no Estado de São Paulo – o Grupo Sapiens, quem lhe disse que em São Paulo o companheiro Donald L. estava traduzindo o Big Book (Alcoholics Anonymous) para o Grupo Sapiens e o considerava capacitado para fazer a tradução do livro para o Brasil. De volta a Nova York, Gilberto intermediou as negociações entre A.A. World Services Inc. - A.A.W.S., órgão detentor dos direitos autorais da literatura oficial de A.A., e Donald para fazer a tradução oficial do Big Book. A.A.W.S autorizou a tradução dos onze primeiros capítulos desde que fosse formado um comitê de tradução, e informando-lhe que a impressão deveria ser feita, após análise, em Nova Iorque. A.A.W.S. não permitiu a impressão no Brasil.

A seguir algumas das condições impostas para a distribuição do livro no Brasil: 1. Que fosse instalado no Brasil um Centro de Distribuição de Literatura (operacional) 2. Que o livro fosse vendido no varejo ao preço unitário de U$ 2,00 (dois dólares americanos),

aos membros e U$1,75 aos Grupos. 3. Que quando fosse criado o Escritório de Serviços Gerais de A.A. no Brasil, o Centro de

Distribuição de Literatura passasse a se constituir parte integrante daquela organização de serviços.

4. Que, uma vez aprovada a proposta em questão, fosse a operação considerada “em confiança”, assumindo todos os participantes da negociação total responsabilidade, como sendo os representantes de todos os membros de A.A. no Brasil.

Aceitas estas condições, foi liberado o direito de edição e publicação, em português, de 2.000 (dois mil) exemplares do livro Alcoholics Anonymous, ao custo financiado de U$ 2000,00 (dois mil dólares). Para esta concessão, válida para os próximos cinco anos, o A.A.W.S., Inc., estabeleceu ainda as condições:

a) Remessa ao A.A.W.S. de U$ 0,82 (oitenta e dois centavos de dólar), por cada livro vendido ou distribuído.

b) Advertência expressa no livro de que os direitos autorais pertencem ao A.A.W.S. (A.A. World Services, Inc. - Serviços Mundiais de A.A.), e proteção integral quanto ao citado direito.

c) Notificar A.A.W.S. no caso de não serem vendidos os 2000 exemplares. A primeira edição do livro “Alcoólicos Anônimos” ou, “Livro Azul”, como aqui passou a ser

conhecido, foi publicado em novembro de 1969 e foi uma tradução da Segunda Edição do livro homônimo em inglês publicada em 1955

A publicação do livro Alcoólicos Anônimos abriu caminho para a comunicação oficial entre os Grupos existentes na época. O verdadeiro cadastro de grupos iniciou-se com a anotação dos endereços dos Grupos que solicitavam o livro. Aos poucos os Grupos foram se comunicando com o

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CLAAB, que anotava os endereços, dias e horários das reuniões, fornecendo-os aos interessados. A REB - Revista Eclesiástica Brasileira, órgão oficial de comunicação entre a prelazia brasileira e as paróquias, publicou uma elogiosa crítica ao livro, recomendando-o como instrumento útil na recuperação de alcoólicos. Nesta mesma época, graças a amigos de A.A. tivemos acesso ao saguão da PUC, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde se realizava o IV Congresso Latino-Americano de Psiquiatria. Foi montado um stand com a pouca literatura de que dispúnhamos e os companheiros falaram diretamente com dois mil médicos, explicando-lhes o conteúdo do livro e oferecendo, gratuitamente, exemplares dos folhetos disponíveis. Registrou-se um recorde: duzentos e vinte exemplares vendidos em quatro dias (até aquela data nossa venda não havia passado os vinte exemplares por mês).

O fortalecimento da Estrutura de Serviços O atendimento às condições impostas para a concretização do empreendimento para a

publicação do “Livro Azul”, fez com que a Estrutura de Serviços no Brasil decola-se baseada em três itens:

1. Fundação em 29 de setembro de 1969, em São Paulo, do Centro de Distribuição de Literatura de A.A. para o Brasil – CLAAB, Sociedade Civil de natureza literária, cuja primeira diretoria foi formada por Donald, Nascimento, César, Vasco Dias, Melinho, Fernando P. e José Ferreira, consultor jurídico e contábil. Em 1970, sai Fernando P. e entram Eloy T., Cecília (do Rio) e Ana Maria – primeira servidora não alcoólica.

2. Fundação em 20 de junho de 1971, no Rio de Janeiro, do primeiro Escritório Nacional de Serviços de A.A. – ENSAA, e sua Diretoria foi formada por Diretoria: Isis N.S., Argentino, Marinho, Wala, Hélio, Coelho, Fernando, Ribamar, J. Cunha, Lewi e Naziazeno.

3. Realização do Primeiro Conclave Nacional em São Paulo, no carnaval, entre os dias 22 e 25 de fevereiro de 1974, quando o CLAAB passou a exercer as funções de Escritório de Serviços Gerais, após o ENSAA do Rio de Janeiro encerrar suas atividades. A diretoria do CLAAB passou a ser constituída pelos Delegados das 9 Áreas (Estados) que compareceram – SC, SP, RJ, AL, PR, PE, PA, CE, e MT. Do Conselho Fiscal do CLAAB fizeram parte dois Conselheiros não alcoólicos: Dr. José Ferraz Salles (SP) e Reverendo José Ribola (SP).

No início de 1971, o Centro de Distribuição de Literatura de A.A. para o Brasil (CLAAB) havia vendido os dois mil exemplares da primeira edição e o lucro verificado, deduzidas as despesas da sede, foi investido na produção dos folhetos AA em Sua Comunidade, Você Deve Procurar o AA? e 44 Perguntas e Respostas, editados no ano anterior. Por essa razão, liquidado o primeiro empréstimo, um segundo empréstimo foi contratado para possibilitar a segunda edição, agora sem quaisquer regras que regessem o pagamento, cuja liquidação final se deu em 1979. No Segundo Conclave Nacional, no carnaval de 1975, em São Paulo, elevou-se de 9 para 15 o número de Delegados. Esses acontecimentos serviram de ponto de partida para o extraordinário crescimento da Irmandade; nesse ano existiam no Brasil mais de 500 Grupos.

Em 29 de fevereiro de 1976, durante o Terceiro Conclave Nacional, em São Paulo, reuniram-se os membros do Conselho Diretor do CLAAB e 29 Delegados representando 16 estados, e criaram a Junta Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil – JUNAAB. O Estatuto dispunha que seriam Órgãos da JUNAAB, uma Assembleia Geral, uma Diretoria e o CLAAB. Assim, A.A. no

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Brasil credenciava-se a enviar dois Delegados para a 4ª Reunião Mundial de Serviços, em Nova York, em outubro desse ano; foram eles, Donald M. (SP) e Joaquim Inácio (RS).

A primeira Conferência de Serviços Gerais Nos dias 5, 6 e 7 de abril de 1977, realizou-se em Recife (PE) a Primeira Conferência de

Serviços Gerais – CSG. Entre os dias 07 e 10 foi realizado na mesma Cidade o Quarto Conclave Nacional de A.A.

O Quinto Conclave Nacional foi realizado em Belo Horizonte em 1978, e contou com a presença do Dr. Jack L. Norris, então Presidente a Junta de Custódios dos EUA/ Canadá. Durante a Segunda Conferência de Serviços Gerais, Eloy T., Delegado do MT, foi eleito como substituto de Donald M. como Delegado à Reunião de Serviço Mundial. Decidiu-se mudar o nome de Conclave para Convenção Nacional de A.A., e que as Convenções seriam realizadas a cada dois anos, em anos pares, sendo a próxima, a Sexta Conferência, em 1980 em Porto Alegre, e as Conferências seriam anuais - nos anos impares seriam realizadas em São Paulo e nos anos pares na Cidade escolhida para a Convenção (2).

Os Conclaves e as Convenções N.T.(2): O calendário anual da Conferência tem sido respeitado rigorosamente. No decorrer

da Semana Santa de 2014 foi realizada em Serra Negra, SP, a 38ª Conferência de Serviços Gerais de A.A. no Brasil. O propósito de realizar as Convenções a cada dois anos foi respeitado em parte. O calendário de todas as convenções – incluindo os chamados Conclaves, foi o seguinte:

1974 - I Convenção (I Conclave Nacional), São Paulo, SP. Realização do Primeiro Conclave Nacional em São Paulo, no carnaval, entre os dias 22 e 25 de fevereiro de 1974, quando o CLAAB passou a exercer as funções de Escritório de Serviços Gerais, após o ENSAA do Rio de Janeiro encerrar suas atividades. A diretoria do CLAAB passou a ser constituída pelos Delegados das 9 Áreas (Estados) que compareceram: 1. Santa Catarina - Álvaro K. 2. São Paulo - Arlindo B. 3. Rio de Janeiro - Dolores M. 4. Alagoas - Geraldo L. 5. Paraná - Chico R. (Sigolf R.) 6. Pernambuco - Luiz A. 7. Pará – Magalhães 8. Ceará - Mário H. 9. Mato Grosso - Eloy T. Do Conselho Fiscal do CLAAB fizeram parte dois Conselheiros não alcoólicos: Dr. José Ferraz Salles (SP) e Reverendo José Ribola (SP).

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Estavam presentes, além de diversos companheiros, Ana Maria T. e Sônia Lazo, representantes de Al-Anon e o GSO de Nova York nos enviou, como assessora, Mary Ellen Wesh. NOTA: Os nove Delegados passaram a constituir o Conselho Nacional do CLAAB

(Centro de Distribuição de Literatura de AA Para o Brasil) ficando a presidência desse Conselho com Chico R., de Curitiba-PR, tendo como Secretário Álvaro K. de Florianópolis-SC. Esse Conselho, então elegeu a Diretoria Executiva do CLAAB, tendo à frente Donald L. A grande novidade foi a apresentação do primeiro padre membro de A.A. do Brasil, o saudoso Pe. João. 28 companheiros assinaram a lista de presença, dos quais 21 já faleceram (1). Dentre os 28 citados não se tem notícias de nenhuma recaída. N.T. (1): o transcritor não pode precisar a data deste relato.

1975 - II Convenção (II Conclave Nacional), São Paulo-SP. Eleva-se de 9 para 15 o número de Delegados . Esses eventos serviram de ponto de partida para o extraordinário crescimento da Irmandade; nesse ano existiam no Brasil mais de 500 Grupos. Paralelamente à Convenção havia uma reunião de Serviços, ou seja, uma reunião preparatória às futuras Conferências.

1976 - III Convenção (III Conclave Nacional), São Paulo-SP. Em 29 de fevereiro de 1976, durante o Terceiro Conclave Nacional, em São Paulo, reuniram-se os membros do Conselho Diretor do CLAAB e 29 Delegados representando 16 estados, e criaram a Junta Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil – JUNAAB. O Estatuto dispunha que seriam Órgãos da JUNAAB, uma Assembleia Geral, uma Diretoria e o CLAAB. Assim, A.A. no Brasil credenciava-se a enviar dois Delegados para a 4ª Reunião Mundial de Serviços, em Nova York, em outubro desse ano; foram eles, Donald M. (SP) e Joaquim Inácio (RS). Também foi decidido que a I Conferência de Serviços Gerais seria realizada em 1977, em Recife-PE, juntamente com o IV Conclave de Carnaval.

1977 - IV Convenção (IV Conclave Nacional), Recife-PE. Nos dias 5, 6 e 7 de abril de 1977, realizou-se em Recife (PE) a Primeira Conferência de Serviços Gerais – CSG. Entre os dias 07 e 10 foi realizado na mesma Cidade o Quarto Conclave Nacional de A.A. Pela primeira vez foram apresentadas temáticas escritas com cópias distribuídas aos companheiros. Foram palestrantes: Roy P. - Os Doze Passos, Eloy T. - As Doze Tradições e Donald M. Lazo respondendo perguntas e tirando dúvidas. Durante a Conferência, agora já com o seu corpo de Delegados em número de 40, representando 20 Áreas, ficou decidido que o V Conclave teria lugar em Belo Horizonte-MG, juntamente com a II Conferência de Serviços Gerais e, em virtude do trânsito nas estradas na ocasião do Carnaval, foi a data transferida para a Semana Santa. A reprodução dos trabalhos apresentados foi feita por companheiros de Cuiabá-MT, sem ônus para a Convenção.

1978 - V Convenção (V Conclave), Belo Horizonte-MG.

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Contamos com a presença de Dr. Jack Norris, então presidente da Junta de Serviços Gerais dos EUA/Canadá e sua esposa (ambos falecidos). Mato Grosso, em vésperas de ser dividido, levou um Delegado do Norte (Eloy T.) e outro do Sul (Mário), sob a mesma bandeira do Mato Grosso uno. Durante a Segunda Conferência de Serviços Gerais, Eloy T., Delegado do MT, foi eleito como substituto de Donald M. como Delegado à Reunião de Serviço Mundial (RSM). Decidiu-se mudar o nome de Conclave para Convenção Nacional de A.A., e que as Convenções seriam realizadas a cada dois anos, em anos pares, sendo a próxima, a Sexta, em 1980 em Porto Alegre, e as Conferências seriam anuais - nos anos impares seriam realizadas em São Paulo e nos anos pares na Cidade escolhida para a Convenção.

1980 - VI Convenção Porto Alegre-RS. Foi uma ótima Convenção realizada no Plenário da Assembleia Legislativa do Rio

Grande do Sul. Foi escolhido o Roy Pepperell para substituir o Joaquim Inácio à RSM – Reunião de Serviço Mundial. Foi escolhida Fortaleza, Ceará como a sede da VII Convenção.

1982 - VII Convenção, Fortaleza-CE. Destacamos nessa Convenção, em primeiro lugar a presença de David Puerta da Colômbia e George Ifrán do Uruguai, ambos Delegados à RSM por seus países, como convidados. Destacamos mais, a presença pessoal do Sr. Prefeito Municipal nas reuniões de abertura e encerramento da Convenção. A Convenção, outrossim, editou dois livros a saber: a) Serviço, O Coração de A. A., um Relatório dos Delegados à 6ª RSM. b) Serviço - Responsabilidade de Todos, contendo todas as temáticas apresentadas

na Convenção. Por outro lado, em face de grande divulgação e à colocação do evento na agenda do Sr. Prefeito Municipal, a Convenção passou a ser, daí por diante a maior arma de atração da Irmandade.

1984 - VIII Convenção, Blumenau-SC. Grandes enchentes, com o extravasamento das águas do Rio Itajaí, ocorrido nas vésperas do evento, impediu que a VIII Convenção tivesse o brilho esperado. Todavia o número de companheiros presentes manteve-se em elevação.

1986 - IX Convenção, João Pessoa-PB. A Convenção continua a atrair a presença de elevado número de companheiros e, pela primeira vez tivemos Conferência, Convenção e temáticas todas concentradas na monumental Praça da Cultura. N.T.: O propósito de realizar as Convenções a cada dois anos preconizado na V

Convenção, em Belo Horizonte em 1978, foi respeitado até aqui. A adaptação a outras circunstâncias foi ditando as datas seguintes. Já o calendário da Conferência tem sido respeitado rigorosamente. No decorrer da Semana Santa deste ano (2013), estará acontecendo em Serra Negra, SP, a 37ª Conferência de Serviços Gerais de A.A. no Brasil.

1987 - IX (a) (nona “a”) Convenção – Festa dos 40 Anos de A.A. no Brasil.

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A descoberta de uma ata de um Grupo dos primeiros tempos que teve o nome de Rio de Janeiro permitiu que se esclarecesse a data correta do início de AA no Brasil. Nela estava registrado: “Nossa próxima Reunião (cinco de Setembro de 1950), coincidirá com o terceiro Aniversário da chegada de AA ao Brasil”. Isto motivou a organização de uma comemoração no intervalo das Convenções de João Pessoa (IX) e Curitiba (X). Foi organizada no Rio de Janeiro em um dia com Reuniões diversas em Unidades da Marinha de Guerra (com prestimosa ajuda do então Capitão de Mar e Guerra, Dr. Laís Marques da Silva que veio a ser nosso Custódio não Alcoólico e 2º. Presidente de JUNAAB). A coleta de fundos foi feita com a edição de um folheto: “Não me diga que não sou alcoólico”, originário de Cleveland numa época em que se permitiam edição de folhetos fora do CLAAB. Os fundos permitiram pagar a ocupação do Maracanãzinho para a Reunião de Encerramento. Durante o evento foi lançada a 1ª. Edição do Manual de Serviços.

1988 - X Convenção, Curitiba-PR. A Convenção atinge o seu clímax. Local favorável na Universidade Federal do Paraná e a presença destacada da classe médica. Um marco muito importante na divulgação de A.A.

1990 - XI Convenção, Belém-PA. O Norte e o Nordeste brasileiros disseram presente à Convenção e diversas caravanas partiram das regiões Sul e Sudeste, assegurando um sucesso de público, atraído também pela curiosidade turística da região.

1992 - XII Convenção, Brasília-DF. Situada a cidade no coração do país, torna-se o ponto mais equidistante de todo o território facilitando a locomoção, também em razão de ônibus de carreira ancorar naquela cidade vindos de todos os recantos da pátria.

1994 - XIII Convenção, Terezina-PI. Nenhuma novidade anotada, salvo o grande interesse despertado, trazendo um público de 3.000 companheiros, aproximadamente.

1997 - XIV Convenção, Rio de Janeiro-RJ (1). Aproveitou-se para comemorar os 50 anos de AA no Brasil. Como sempre, a cidade maravilhosa apresentou um trabalho de intensa divulgação, com apoio da média e com a disponibilidade de espaços adequados ao evento – o Maracanãzinho e o Rio Centro. Conta-se que 15.000 pessoas estiveram presentes. N.T. (1): Por ocasião deste evento, a revista Veja, na sua

edição 1497 de 28 de maio de 1997, dedicou sua capa ao tema do alcoolismo com o título “Da cervejinha ao alcoolismo” e subtítulo “Um mergulho no mundo da dependência”. Nas paginas 62 a 76 uma brilhante reportagem, “A crua realidade do alcoolismo” - da excelente jornalista e documentarista nascida na Croácia, Dorrit Harrazim - fala com muita propriedade de Alcoólicos Anônimos, dos 50 anos da Irmandade no Brasil e do evento

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comemorativo que estava sendo celebrado no Rio de Janeiro, com tal sensibilidade e conhecimento que não deixa absolutamente nada a dever ao artigo que Jack Alexander escreveu a respeito de Alcoólicos Anônimos na revista americana Saturday Evening Post publicado nos EUA em março de 1941. Você pode acessar a revista, ler e imprimir o artigo de capa no sítio:

http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx Veja: “ O artigo de Jack Alexander sobre Alcoólicos Anônimos” – Junaab, código 228

Também poderá ler o artigo de Jack Alexander em: http://www.alcoolicosanonimos.org.br/component/content/article/45-front-page/158-aa-por-

jack-alexander.html

2000 - XV Convenção, Salvador-BA. 5º. Centenário do Descobrimento do Brasil. A Bahia estava em festa e o AA aproveitou a oportunidade para incorporar-se às comemorações obtendo um resultado enorme quer quanto a público, quer pela excelência das apresentações no moderno Centro de Convenções de Salvador.

2003 - XVI Convenção, São Paulo-SP. Aconteceu na Assembleia Legislativa e no Ginásio do Ibirapuera. 4.500 inscrições foram vendidas estimando-se uma presença de mais ou menos 5.000 companheiros.

2007 - XVII Convenção, Manaus-AM. Mesmo considerando a distância e a inexistência de transportes além do fluvial e do aéreo (com alto custo). A Convenção foi realizada com sucesso com cerca de 4.000 presenças.

2012 - XVIII Convenção, Cuiabá-MT. Foi realizada sob grande expectativa, pela curiosidade do Brasil sobre o decantado progresso da região, líder absoluto na produção de soja e algodão, tendo os números da produção agrícola do Estado ultrapassado o Estado de São Paulo. O espaço físico invejável, com um Centro de Convenções moderno e acolhedor, a atração da culinária local, faz da capital mato-grossense, um atrativo todo especial. A presença no evento atingiu 6.000 participantes.

2016 - XIX Convenção será realizada em Maceió-AL. Acessando=>http://www.alcoolicosanonimos.org.br/convencao2016/index.php/

contribuicao/efetuar-contribuicao você pode contribuir com o valor de R$ 50,00 para a realização da Convenção independentemente de sua participação nela. A contribuição para a Convenção é a forma pela qual os membros e os Grupos de A.A. colaboram para a realização da Convenção Nacional de A.A. Ao clicar em fazer a inscrição um item será adicionado ao cesto de compras (canto superior direito da tela), para passar para a fase seguinte clique nesse cesto ou então no item do menu superior contribuição>mostrar cesto/finalizar. Os valores arrecadados com as contribuições serão utilizados para subsidiar a realização da XIX Convenção de Alcoólicos Anônimos do Brasil, a ser realizada na cidade de Maceió (AL) nos dia 21,22 e 23 de abril de 2016. A contribuição

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não está vinculada ao recebimento da pasta da Convenção. Todos os membros de A.A. tem o direito assegurado de participação na Convenção sem a necessidade de aquisição da inscrição.

Fontes usadas pelo transcritor para as Convenções no Brasil: � http://www.alcoolicosanonimos.org.br/convencao2012/index.php?option=com_conten

tview=article&id=109&Itemid=202 � As Origens de Alcóolicos Anônimos no Brasil (1) de Luiz M., do Rio de Janeiro. N.T.(1): Neste registro de memórias, Luz M. conta que “...em 30 de outubro de 1965, foi

realizada no Rio de Janeiro, RJ, a Primeira Convenção Nacional de A.A. com a presença de companheiros de diversos Estados do norte, nordeste, centro-sul, sul e, principalmente do Rio. Os eventos foram realizados na sede do Pen Club e no Colégio Talmud Torah. Dito evento só pode ser realizado pelo apoio de diversos amigos de A.A., tais como: Dr. Francisco Laport, Embaixadores Paschoal Carlos Magno, e Dr. Oswald de Moraes Andrade”.

As Conferências de Serviços Gerais (a partir da V) Na V Conferência de Serviços Gerais realizada entre os dias 16 e 18 de março de 1981 na

cidade de São Paulo, foi oficializado, para uso no Brasil, o emblema e o pavilhão da Irmandade tal como descritos pelos Serviços Mundiais de A.A. O emblema substitui o existente à época no Brasil, criado pelo CLAAB, onde constava, além dos três legados oficiais de A.A. mundial, um quarto legado – Responsabilidade – e eram representados por um quadrado circunscrito no emblema original.

Também nesta Conferência recomendou-se o desmembramento Administrativo Financeiro e Físico do CLAAB/ESG, ficando o CLAAB apenas como distribuidor de literatura de A.A. para o Brasil, enquanto o ESG assumiria de fato os Serviços Gerais (Executivo) de A.A. em nível nacional.

Em 07 de novembro de 1981 foi inaugurada a nova sede do ESG, que se desmembrou do CLAAB, constituindo Estatuto próprio, com registro no Terceiro Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas de São Paulo, sob nº 27.091, em 02/10/1981, com a denominação de "Os Estatutos de Alcoólicos Anônimos do Brasil Escritório de Serviços Gerais S/C. AABESG", que funcionou à Rua Itaipu, 31, Praça da Árvore, Vila Mirandópolis, São Paulo - SP.

Durante a VI Conferência de Serviços Gerais, realizada em Fortaleza em 1982, foi aprovado o Estatuto da JUNAAB e nele constou, pela primeira vez, legalmente instituída, a Junta de Custódios. No ano seguinte, 1983, na 7ª Conferência, realizada em São Paulo, foram eleitos nossos primeiros Custódios, em número de nove, sendo três não alcoólicos e seis membros da Irmandade, cuja posse se deu na 8ª Conferência, em Blumenau – SC, em 1984.

Nesta Conferência, a Junta deixa de se denominar Junta Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil (JUNAAB), para se chamar Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil. Por ser difícil a pronúncia de JSGAAB, optou-se por mudar o nome e manter a sigla JUNAAB, mais fácil de pronunciar e já conhecida de todos os membros.

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Com a publicação do Manual de Serviço de A.A. em 1983, algumas Áreas iniciaram a implantação experimental da Estrutura de Serviços Gerais, resultando na participação e aceitação dos RSG´s.

Em 1986, na 10ª Conferência realizada em João Pessoa (PB), recomendou-se a sistemática das contribuições proporcionais, 60-25-15, para os Órgãos de Serviço, assim distribuídas: 60% para as Centrais Intergrupais – hoje ESLs, 25% para os Comitês de Área e 15% para a JUNAAB.

Também em 1986, foi criado pela antiga Central de Serviços de Alcoólicos Anônimos de São Paulo – CENSAA-SP, o serviço de Plantão Telefônico – um trabalho de Décimo Segundo Passo feito por companheiros e companheiras voluntariamente, para atender e dar informações a respeito de endereços de Grupos e horários de Reuniões aos membros da Capital, Litoral e Interior do Estado de São Paulo. Atualmente, o serviço é prestado 24 horas por dia, todos os dias do ano para qualquer interessado do Brasil e do exterior. Tem sua sede no ESL-A, também ESL-Sede da Área 4, na Av. Paes de Barros, 3466, 2º andar, Mooca, São Paulo-SP, CEP 03149-000, [email protected] Atende pelo número (11) 3315 9333.

Em 1987, acontece em São Paulo - SP a 11ª Conferência de Serviços Gerais, de 16 a 18/4, tendo como assunto de destaque a apreciação do anteprojeto do Manual de Serviços, adaptado à realidade brasileira, transformando-se a Reunião Ordinária em Extraordinária.

Em 1988, 12ª Conferência e a 10ª Convenção, realizaram-se nos dias 27 a 29/3, em Curitiba - PR. O assunto prevalecente referiu-se à reforma dos Estatutos da Junta, seguido das eleições de Custódios, Delegados à RSM e apresentação dos relatórios dos Organismos de Serviços da Junta. Fato inédito foi a introdução de uma Comissão de Avaliação da Conferência.

A Irmandade no Brasil assumiu compromissos de apadrinhamento de países africanos como Angola, Moçambique, Guiné, Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, segundo relatou nosso Delegado à RSM. Esclareceu também que quanto a Portugal o trabalho está se desenvolvendo a contento e que, de acordo com informes do CLAAB, já adquiriram mais literatura do que nove de nossas Áreas.

Os estatutos da JUNAAB, com nova redação e analisados todos os capítulos, foram aprovados por unanimidade pela plenária em sessão extraordinária. Isso posto, incontinente, foi colocado em discussão e aprovação o Regimento Interno da Conferência de Serviços Gerais, que identicamente foi aprovado.

Em 1989 - foi realizada em Santos - SP, nos dias 22 a 24/3, a 13ª Conferência com o Tema Cooperação sem Afiliação. Mais uma vez tivemos propostas de Reformas dos Estatutos, justificadas para atender às exigências fiscais, considerando que o ESG estava registrado indevidamente como personalidade jurídica, com CGC (atual CNPJ), quando esta característica deveria ser da JUNAAB. Não obstante protestos da minoria, as alterações foram aprovadas com introdução do Regulamento da Revista Brasileira de A.A. - Vivência. Houve proposta para a revisão do Manual de Serviços, de modo que foi criada uma Comissão composta de quatro companheiros, sendo três Delegados de Área e um Custódio.

1990 - Realiza-se em Belém (PA) a XIV Conferência de Serviços Gerais nos dias 08 a 12 de abril, no Centro Mariópolis, em Benevides, com o Tema “A Mulher em A.A. e o 3º Legado”, simultaneamente com a 11ª Convenção no período de 12 a 14 de abril no Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA). Com o Tema “Nossa meta é a Mensagem, nossa Responsabilidade o Serviço” com participação ativa do Distrito trabalhando pelo Sub Comitê de Sede.

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Também em 1990, a Revista Vivência instalou-se em Fortaleza, e a partir número 25, referente aos meses de julho/agosto/setembro (na época era trimestral) de 1993, passou a ser editada em São Paulo. Nessa edição traz também uma mensagem maravilhosa de D. Helder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife onde diz que se o mundo seguisse os princípios de A.A. não mais haveria fome e guerras. Foi neste número que a Oração da Serenidade começou a ser impressa na capa posterior, pratica usada até hoje.

1991 - A XV Conferencia de Serviços Gerais realizada em Santos – SP, com o Tema “A Conferência Toma seu Inventário”.

1992 - A XVI Conferencia de Serviços Gerais realizada em Santos – SP, com o Tema “O Grupo Mudança na Matriz” .

1993 - A XVII Conferencia de Serviços Gerais realizada em Santos – SP, nos dias 06/04 a 09/04, com o Tema “Vivenciando a Literatura e Reformando a Matriz”.

1994 - A XVIII Conferencia de Serviços Gerais realizada em Santos – SP, nos dias 27/03 a 31/03, com o Tema “Serviço, Previlégio de cada Um”.

1995 - A XIX Conferencia de Serviços Gerais realizada em Santos – SP, nos dias 12/04 a 16/04, com o Tema “A Literatura de A.A. e os Três Legados”.

Também em 1995 foram reformulados os Estatutos da JUNAAB, e a edição da Revista Vivência - que até então era uma empresa autônoma com diretoria própria, passou a ser responsabilidade do Comitê de Publicações Periódicas – CPP, da JUNAAB.

1996 - A XX Conferencia de Serviços Gerais realizada em Santos – SP, nos dias 02/04 a 07/04, com o Tema “Autonomia de Grupo a Luz da Quarta Tradição”.

1997 - A XXI Conferencia de Serviços Gerais realizada em Santos – SP, nos dias 23 a 26 de Março de 1997, com o Tema “A.A. Brasileiro faz seu Inventário”.

1998 - A XXII Conferencia de Serviços Gerais realizada em Santos – SP, nos dias 08/04 a 11/04, com o Tema “Trabalhando com os Outros, Dadiva de Gratidão”.

1999 - A XXIII Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em Santos – SP, nos dias 31/03 a 03/04, com o Tema “Liderança à Luz da Segunda Tradição”.

2000 - A XXIV Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em Santos – SP, nos dias 19/04 a 22/04, com o Tema “Na Unidade, Planejamos o Futuro de A A”.

2001 - A XXV Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em Santos – SP, nos dias 10/04 a 14/04, com o Tema “Auto-Suficiência à Luz da Sétima Tradição”. Nesta Conferência foi aprovada a mudança do nome de Apostila (da Conferência) para Relatório Nacional. Também foi aprovado que as despesas da CSG sejam custeadas por recursos oriundos da venda de Relatórios Anuais de Alcoólicos Anônimos do Brasil junto às Áreas, e que seja respeitado o número de um relatório por grupo, com o preço fixado em R$ 20,00 para a XXVI CSG, salvo ocorram alterações de preços para a sua confecção, fica a JUNAAB responsável em comunicar às Áreas, até o mês de agosto/01, e que sejam destinados 20% de seu valor ao Comitê de Área adquirente. O prazo máximo para pagamento pelas Áreas será até o último dia do mês de fevereiro do ano da Conferência. Que o percentual das vendas extras dos Relatórios seja de 25 % para as Áreas adquirentes, (proposta aprovada por unanimidade).

2002 - A XXVI Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em São Paulo - SP, nos dias 26/03 a 30/03, com o Tema “Rumo ao Novo Milênio com Amor e Ação”.

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2003 - A XXVII Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em São Paulo - SP nos dias 13/04 a 17/04, com o Tema “Cooperação sem Afiliação à Luz da Sexta Tradição”.

2004 - A XXVIII Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em São Paulo – SP, nos dias 06/04 a 10/04, com o Tema “Atração em vez da Promoção”.

2005 - A XXIX Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em São Paulo – SP, nos dias 22/03 a 26/03, com o Tema “A Sobriedade ao Alcance de Todos: Objetivo Único de Nossos Serviços”.

2006 - A XXX Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em São Paulo – SP, nos dias 10/04 a 15/04, com o Tema “30 Anos de Recuperação, Unidade e Serviço”.

2007 - A XXXI Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em São Paulo – SP, nos dias 02/04 a 07/04, com o Tema “Os Principios acima das Personalidades”.

2008 - A XXXII Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em São Paulo – SP, nos dias 17/03 a 22/03, com o Tema “Rotatividade no Serviço, Chave para o Nosso Futuro”.

2009 - A XXXIII Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em Serra Negra – SP, nos dias 06/04 a 11/04, com o Tema “Politica Financeira de A A: Pobreza Coletiva”.

2010 - A XXXIV Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em Serra Negra – SP, nos dias 29/03 a 03/04, com o Tema “Comunicação: Base Fundamental de Um Bom Serviço”.

2011 - A XXXV Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em Serra Negra – SP, nos dias 18/04 a 23/04, com o Tema “Liderança em A A, Sempre Uma Necessidade Vital”.

2012 - A XXXVI Conferência de Serviços Gerais, será realizada em Serra Negra – SP nos dias 02/04 a 07/04, com o Tema “A.A. um Caminho sem Fronteira, uma Mensagem Universal”.

2013 - A XXXVII Conferência de Serviços Gerais, será realizada em Serra Negra – SP nos dias 24/03a 30/03, com o Tema “CTO – Responsabilidade de todos na Recuperação, Unidade e Serviço”.

2014 - A XXXVIII Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em Serra Negra – SP nos dias 14/04 a 19/04, com o Tema “Apadrinhamento à Luz dos Três Legados”.

2015 - A XXXIX Conferência de Serviços Gerais, foi realizada em Serra Negra – SP nos dias 30/03 a 04/04, com o Tema “Refletindo a Nova Estrutura de A.A. no Brasil”.

Adequação à Estrutura de Serviços Mundial A partir da Conferência de Serviços Gerais de 2007 a Junta de Serviços Gerais de AA do

Brasil resolveu se adequar à estrutura mundial de A.A. Nesse sentido resolveu que os nossos Delegados à Reunião de Serviço Mundial seriam também Custódios Alcoólicos. Até então nossos DRSM levavam as decisões da Junta de Custódios do AA do Brasil para a RSM, mas não participavam dessa tomada de decisões.

No ano de 2008 ficou evidente que havia necessidade um adjunto de Tesoureiro Geral, um não alcoólico que pudesse suprir as ausências do nosso titular e assim foi criado o encargo de Custódio de Serviços Gerais não alcoólico, Tesoureiro Geral II.

Portanto a nossa atual Junta de Custódios é composta por 14 Custódios, sendo 04 não alcoólicos (Dois Nacionais: Presidente e 1º Vice-Presidente e dois de Serviços Gerais: Tesoureiro Geral I e Tesoureiro Geral II) e 10 alcoólicos, membros da Irmandade (Dois de Serviços Gerais: Secretário/a (Diretor/a Geral do ESG) e Diretor/a Financeiro/a do ESG; Seis Regionais: Custódios

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das Regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste, Norte-I e Norte-II [Um 2º Vice-Presidente e cinco Diretores da Junta]; Dois Nacionais: Delegados à Reunião de Serviço Mundial e Diretores da Junta).

A Conferência de Serviços Gerais de 2010 redefiniu o conceito de Área para adequá-lo às necessidades atuais da maneira que segue:

“Uma Área é o espaço geográfico onde se localiza um número adequado de Distritos - adequado em termos de habilidade do membro do Comitê de manter-se em contato frequente com eles, para conhecer os seus problemas e a forma de contribuir para o seu crescimento e bem-estar.

Uma Área com grande número de Distritos e/ou grande extensão territorial poderá desmembrar-se em espaços geográficos menores, formando Setores.

A formação do quantitativo e abrangência geográfica dos Setores será definida de acordo com a autonomia e necessidade de cada Área. Após um período experimental, de no mínimo um ano, obtendo-se um resultado positivo no funcionamento, esses Setores poderão se transformar em novas Áreas” (MS 2012).

Com essa nova definição, as Áreas passaram a ser identificadas por números e não mais pela sigla do Estado que representavam. Com exceção da Área do Rio de Janeiro, que por consenso lhe foi atribuído o número 1 (um), todas as outras foram numeradas através de sorteio, como segue:

1. Rio de Janeiro 2. Minas Gerais 3. Paraíba 4. São Paulo 5. Mato Grosso 6. Pernambuco 7. Rio G. do Sul 8. Roraima 9. Goiás 10. Sergipe 11. Amapá 12. Mato Grosso do Sul 13. Rio G. do Norte 14. Santa Catarina 15. Piauí 16. Maranhão 17. Paraná 18. Distrito Federal 19. Alagoas 20. Pará 21. Espirito Santo

22. Amazonas 23. Rondônia 24. Tocantins 25. Acre 26. Bahia 27. Ceará 28. Santarém / Pará (1) 29. Campinas / São Paulo (1) 30. Taubaté / São Paulo (1) 31. Pirassununga / São Paulo (1) 32. Região Sul e Oeste da Capital e

Grande São Paulo / São Paulo (2) 33. Juiz de Fora / Minas Gerais (2) 34. Ipatinga / Minas Gerais (2) 35. Campina Grande / Paraíba (2) 36. Jaú / São Paulo (3) 37. Curitiba / Paraná (3) 38. Sobral / Ceará (3) 39. Volta Redonda / Rio de Janeiro (4)

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(1) Áreas homologadas na CSG de 2012 (2) Áreas homologadas na CSG de 2013 (3) Áreas homologadas na CSG de 2014 (4) Área homologada na CSG de 2015

Nesta readequação, a partir da Conferência de 2013 realizada em Serra Negra – SP, entre os dias 25 e 29 de março, cada Área passou a ser representada por um Delegado eleito a cada dois anos na Assembleia de Área correspondente para um mandato de dois anos. O início do exercício dos Delegados é o dia 01 de Janeiro do ano seguinte à sua eleição. As Áreas identificadas com número impar elegem seus Delegados em anos pares para iniciar seu exercício em ano ímpar; as Áreas identificadas com número par elegem seus Delegados em anos ímpares para iniciar seu exercício em ano par.

Ver: “Manual de Serviço de A.A.”, Capítulo III - Junaab, código 108.

A Revista Vivência Uma revista brasileira de A.A.

que servisse de divulgação ao público sempre foi desejada desde os primeiros Conclaves (atuais Convenções). Entre os dias 17 e 19 de agosto de 1985, a JUNAAB, durante a 2ª Reunião de Serviços Nacionais realizada em Baependi-MG, por sugestão dos Comitês, inclusive os membros dos recém oficializados Comitês de Finanças e de Literatura, elegeu uma diretoria e autorizou uma edição experimental: seria o número "Zero", marco inicial da revista, lançada em novembro do mesmo ano, em Campo Grande-MS, quando do Seminário da Região Centro-Oeste, com o nome de Revista Brasileira de A.A.

A revista foi um sucesso total e os 5.000 exemplares editados foram quase todos vendidos em tempo recorde. A revista era viável.

Devido a problemas técnicos e editoriais, consoante apreciação e parecer do Comitê de Literatura da Junta, a Revista Brasileira de A.A. foi transferida para ser editada e publicada em Brasília, sob nova direção., com o nome de "Vivência". Adquiriu um formato bem menor, quase de bolso e instituiu-se a assinatura anual. Procurava-se resolver os problemas emergentes. A revista crescia.

Instalada em Fortaleza-CE desde l990, passou de 1500 para 4000 assinaturas. A partir de 1993 passou a ser editada em São Paulo com tiragem de 8000 exemplares. A partir da 1ª edição do ano de 1994, passou a ser editada a cada dois meses. A “assinatura cortesia” foi apresentada pela primeira vez no Editorial da Revista nº 33 que também trazia um cupom “cortesia” impresso em suas páginas.

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Até a revisão do Manual de Serviços, ocorrida em 1995, onde foram reformulados os Estatutos da JUNAAB, a Vivência manteve-se como empresa separada, com Diretoria própria, assim como ocorria com o extinto CLAAB. No entanto, após essa revisão estatutária, os três Órgãos de Serviços da JUNAAB fundiram-se numa única empresa e a Revista passou a ser de responsabilidade de um novo Comitê da Junta - o Comitê de Publicações Periódicas (CPP) - responsável também pela publicação do BOB Mural e do boletim JUNAAB Informa.

É uma publicação bimestral e sua tiragem média é de aproximadamente 10.000 exemplares. Para conhecer o conteúdo de revista e a maneira como você pode colaborar veja:

http://www.alcoolicosanonimos.org.br/publicacoes/revista-vivencia/artigos-da-vivencia.html

Veja também uma coletânea de depoimentos dados à Revista Vivência recolhidos no livro preparado por ocasião da XVI Convenção Nacional de Alcoólicos Anônimos realizada em São Paulo em 2003 e cujo lema também serviu de título para o livro: “Compartilhando a Sobriedade” - Junaab, código 119.

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RESENHAS BIOGRÁFICAS (extraídas do “Jornal da Vila”)

Herbert (“Herb”) L. D., nasceu na cidade de Findlay, Ohio, EUA, em 22 de janeiro de 1904. Formou-se no Instituto de Tecnologia “Carnegie”, e completou o curso de artes no Instituto de Arte de Chicago. Durante

muitos anos exerceu a profissão de Desenhista de Publicidade.

Entre novembro de 1942, e novembro de 1944 serviu o Exército dos EUA, apesar das condições físicas sofríveis: sofria de pressão alta e tinha tendências para a obesidade e o alcoolismo. Este assunto começou a preocupá-lo antes de seu ingresso no Exercito, após o suicídio de um colega de escritório que se atirou por uma janela do edifício em que trabalhavam; naquela ocasião, outro colega comentou: “A.A. poderia tê-lo ajudado. Herb acho que é de A.A. que você também precisa”.

Ainda no Exército, em 1943, ingressou no Grupo de A.A. de Chicago amadrinhado por Grace Cultuic, e manteve-se sóbrio pelo resto da vida. Em julho de 1945, casou-se com Elizabeth (“Libita”) Lee Treadwell.

Em 1946 assinou um contrato de trabalho de três anos com uma empresa multinacional do ramo de Publicidade para ocupar o cargo de Diretor Artístico de sua filial no Rio de Janeiro.

Durante sua permanência na cidade do Rio de Janeiro, entre junho de 1946 e maio de 1949, Herb deu sua maior contribuição para o desenvolvimento mundial da Irmandade de Alcoólicos Anônimos, cuja filosofia trousse consigo de sua terra natal.

Ao término do contrato, maio de 1949, Herb retornou aos EUA e criou sua própria agência de Publicidade em Nova York, e de lá mantinha contato constante com os Grupos do Rio.

Devido a problemas respiratórios contraídos por Libita, o casal Daugherty mudou-se para o sul e fixou residência em Fort Lauderdale, na Flórida. Em 1970, Herb começou a ter complicações cardíacas, e após várias internações e tratamento especializado em Miami, veio a falecer em 13 de fevereiro de 1973.

Conforme seu desejo, seus restos mortais foram cremados e suas cinzas espalhadas sobre as águas do Oceano Atlântico, as mesmas águas que beijam o Rio de Janeiro e toda a costa do Brasil.

Harold R. W. nasceu no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, em 20 de julho de 1905. Filho de pais ingleses, Thomas Waddell e Lilian Caroline Waddell, fez seus primeiros estudos em Niterói, e fez o curso Comercial no “Aldridge College” e o curso de Contador no Instituto Brasileiro de Contabilidade, onde se diplomou em 1931. Realizou-se profissionalmente trabalhando como auditor de grandes empresas, e também como profissional liberal. Publicou vários trabalhos a respeito de contabilidade. Participou da Segunda Guerra Mundial ao lado das tropas inglesas como Sargento da arma de Infantaria. Um dia, porém, viu-se tomado pela doença do alcoolismo. Conheceu derrotas, perdeu empregos, seu casamento foi diluído pelo álcool, até que chegou aquele sábado 13 de março de 1948, quando Herbert chegou à casa de seu irmão Kenneth.

Órgão oficial de divulgação do Comitê de Área "Vila da Sobriedade de A.A." - Niterói, RJ

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Capa e contra capa e contracapa do “Livro Branco” – considerada a primeira literatura de A.A.

produzida no Brasil - com a assinatura de Harold W., datada em 1948.

Apêndice

Transcrição das primeiras literaturas de A.A. no Brasil Muito importante: A literatura transcrita abaixo (o Livro Branco e A Tradição de A.A.) não faz parte da “Literatura Aprovada pela Conferência de A.A. no Brasil”, até porquê, à época de sua publicação ainda não existia a Conferência nem na estrutura sênior (a primeira Conferência experimental foi em 1951, em Nova York e a Constitucional efetiva em 1955, em Saint Louis, Missouri), nem na estrutura de A.A. do Brasil (a primeira Conferência foi instalada em 1977). Entretanto, foram esses textos que apresentaram a filosofia, os princípios e o programa de A.A. aos alcoólicos do Brasil entrando pelo Rio de Janeiro em 1947 e os mesmos que havia quando da formação do Grupo Sapiens em São Paulo, em abril de 1965. Quanto ao livreto “Alcoolismo – A Doença que todos escondem”, foi uma publicação da CENSAA-SP e as ISAAs de Campinas, Santos e Sorocaba, durante os anos de 1980, sob a prerrogativa da autonomia dos órgãos de serviço para a criação de matérias de interesse de seus associados (os Grupos de A.A. registrados nos seus Estatutos). O registro desses materiais nesta apostila atende unicamente ao propósito de trazer ao conhecimento dos membros de A.A., em 2015, os textos que, embora não sejam mais publicados e os exemplares existentes sejam raríssimos, foram úteis a todos aqueles que ajudaram a você e a mim a conhecer e aceder ao programa de recuperação de A.A. e ficar na Irmandade.

Texto do “Livro Branco” Transcrição integral ipsis litteris (tal como escrito – exceto a acentuação) do “Livro

Branco”, a primeira literatura de A.A. produzida no Brasil, datada em 1948.

(Início da transcrição) QUE É ALCOÓLICOS ANÔNIMOS? Em grupos e às vezes a sós, os “A.A.” almejam ajudar seus colegas ébrios inveterados a recobrar a saúde. Não somos reformadores de almas ou de hábitos, e por isso só oferecemos nosso auxilio e experiência àqueles que os queiram. Não há contribuições, “Alcoólicos Anônimos” é uma obra de altruísmo. Cada “A.A.” salda a sua dívida de gratidão auxiliando outros alcoólicos a se refazerem. Deste modo mantém ele sua própria sobriedade. O primeiro agremiado se refez em 1934, e desde este ano até hoje a “A.A.” se tem desenvolvido rapidamente, passando da América do

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Norte para a América do Sul e para a Europa. Acreditamos que, pelo menos, dois terços de nós, que não retrogradamos, a despeito de termos sido dado como incuráveis, estabelecemos os alicerces para uma sobriedade permanente. A nossa luta para tirar outros das garras do alcoolismo é baseada (a) em nossa própria experiência como alcoólicos, (b) no que nos ensinaram a medicina e a psiquiatria, e (c) nos princípios espirituais comuns a todos os credos. Arregimentando todos estes recursos, conseguimos aumentar de muito o número de refeitos entre os alcoólicos que de fato querem parar de beber. Consideramos o alcoolismo como uma doença esmagadora, física, mental e espiritual. É uma obsessão mental conjugada a uma “alergia” física. Como se ver livre da obsessão que o compele a beber contra sua própria vontade? – eis o problema de todo alcoólico. Há somente uma exigência para o ingresso na agremiação “A.A.” – A VONTADE SINCERA DE PARAR DE BEBER! Para nós da “A.A.”, o ponto de vista religioso, se existe, é assunto privado de cada qual. Se bem que existem entre nós todos os padrões político-sociais, não nos colocamos englobadamente com este ou aquele partido em questões e controvérsias. Não impomos nenhum ponto de vista a quem quer que seja. Nosso único objetivo é MOSTRAR AO ALCOÓLICO ENFERMO, QUE QUER REERGUER-SE, COMO PODE CONSEGUIR SEU “DESIDERATUM” (N.T.: Aquilo que é objeto de desejo; aspiração ou desiderato) À LUZ DO NOSSO SUCESSO. Dezenas de milhares de desesperados, tanto homens como mulheres, que foram apresentados a “A.A.”, podem agora viver em paz consigo mesmo e com aqueles com quem estão em contato. SOU ALCOÓLICO? Esta é a pergunta tétrica, mas real que cada indivíduo com tendências para beber descontroladamente faz a si mesmo. Que significa “beber descontroladamente”? Ora, suponhamos, por exemplo, que tendes um encontro da máxima importância, antes do qual até um trago daria muito má impressão. Resolveis não beber nada, mas por mais estranho que pareça, tomais somente “unzinho”, porque achais, na última hora, que dele precisais! Segue-se o desastre! Mas isto não vos serve de lição definitiva, e passado algum tempo, a “debacle” é repetida. Desta vez é muito pior. Em vosso prejuízo e para consternação geral, ficais muito embriagado. Vamos presumir que continuais a fazer a mesma coisa – tomando aquele primeiro “drink”, quando existem razões de sobra para não toma-lo, ficando desastradamente bêbado quando tendes pleno conhecimento de que absolutamente não deveis ficar. É evidente que estais bebendo a despeito de vossa própria vontade, em oposição direta aos vossos melhores interesses. Algo aconteceu. Vós não podeis “TOMAR OU DEIXAR A BEBIDA” – mesmo compreendendo muito bem que um traguinho é desastroso! Agora vamos supor que vos embriagueis por estardes magoado, zangado ou preocupado. Ou somente por estardes aborrecido. E que frequentemente ficais muito mais embriagado do que planejáveis. “Nunca mais” – dizeis – no sentir os efeitos, no dia seguinte. Mas cedo esqueceis o castigo e repetis o ato. COMO AGE A “A.A.” ? São estes alguns dos sintomas do mau presságio, que separam o alcoólico dos seus colegas, os bebedores controlados. As pessoas normais bebem por “farra” e podem parar ou moderar-se quando seja necessário. Mas o alcoólico continua a beber, como que impelido por uma força interna

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estranha que o domina. Os agremiados de “Alcoólicos Anônimos” sabem que tal falta de controle e a misteriosa falta de força de vontade neste particular, são o prelúdio de uma obsessão alcoólica fatal. Quase todos nós lutamos desesperadamente, quando nos sentimos muito descontrolados, mas não podemos parar de beber. Cheios de ilusão de que podíamos beber como faziam os nossos amigos, procuramos reiteradamente “TOMAR OU DEIXAR”, mas não conseguimos nem uma nem outra coisa! Sempre adveio a recaída para uma fase de embriaguez consecutiva e infeliz. Nossas famílias, nossos amigos e nossos empregadores levantaram as mãos, impotentemente, magoados e consternados! Querendo, acima de tudo, parar de beber, fugir ao tirano que nos aniquilava – compreendendo que toda razão dada para justificar a bebida era somente uma desculpa maluca – nós também estávamos desnorteados. Alguns de nós nos submetemos a tratamentos especiais, outros foram hospitalizados ou internados em sanatórios. Na maioria dos casos, porém, a cura foi somente temporária. Estudamos as nossas personalidades alcoólicas, procurando as causas básicas de nossas estranhas obsessões. Julgávamo-nos convencidos de que conhecíamos as razões que nos obrigavam a beber e ainda assim não conseguíamos deixar de beber. Esta havia ultrapassado de muito a fase de hábito ou de paliativo para os aborrecimentos, e nós tínhamos ingressado naquele estranho mundo chamado “Alcoolismo”, onde durante séculos os homens se têm destruído contra sua própria vontade. Estávamos desesperadamente doentes, física, emotiva e espiritualmente! Alguns apreciadores de bebida dirão – “Eu não sou alcoólico, porque, se bem que beba em demasia, e esteja um tanto trémulo na manhã seguinte, não tomo o ‘traguinho’ matinal, não perdi minha esposa nem o emprego. Nunca fui hospitalizado ou internado por causa de bebida”. Sem dúvida, podem estar certos, e folgamos que assim seja, mas todos nós na “A.A.” podemos agora compreender claramente que já estávamos descontrolados muitos meses, e mesmo anos, antes de o admitirmos para conosco mesmo. Esperamos, pois, sinceramente que verificareis cuidadosa e serenamente o vosso controle sobre o álcool. Sabemos que isto não é tão fácil como parece, pois, por experiência própria, conhecemos a pouca vontade que um alcoólico potencial tem de enfrentar o fato de que talvez nunca mais possa beber. No entanto, nós na “A.A.” nos sentimos muito felizes em notar que tantos apreciadores da bebida estão bem cedo reconhecendo em si os primeiros sintomas que são, quase sempre, o prelúdio do Alcoolismo. Entram para “A.A.” e compreendem que escaparam de passar muitos anos de misérias incontáveis, tão bem conhecidas da maioria dos “A.A.” ! Tanto a religião como a psiquiatria contém princípios essenciais para a reabilitação do alcoólico. Na maioria dos casos, porém, o alcoólico não permite nem à religião nem à medicina construir aquela sólida ponte de compreensão e confiança mútua que um alcoólico, conversando com outro, baseado na experiência comum aos dois, pode, muitas vezes, estabelecer. Esta ponte é o meio eficiente para a transmissão dos princípios recomendados pela medicina e pela religião, os quais, do ponto de vista da “A.A.”, parecem estar surpreendentemente de acordo. Na “A.A.” o homem regenerado pode, se quiser, seguir tanto uma como outra. Nós damos valor aos do ponto de vista espiritual simplesmente porque a nossa experiência na “A.A.”, em toda parte, é que não nos conseguimos recuperar sem a ajuda de um poder mais forte do que o nosso. Este muito procurado auxilio de uma força superior nos chega por meio da “Alcoólicos Anônimos”, onde cada homem regenerado, não importa quão baixo haja descido, cedo pode trazer a esperança e a felicidade para outros alcoólicos que já tenham desesperado de as encontrar.

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Por isso todo alcoólico deverá ser francamente informado quão pequena possibilidade tem de se recuperar sozinho. A ilusão de que poderá algum dia vir a beber normalmente, deverá ser terminantemente destruída. Como aquele que sofre de câncer, ele terá que se apoiar somente naquilo que lhe trará salvação. ASSIM EXISTEM HOJE NO MUNDO MAIS DE 58.000 EX-BÊBADOS INVETERADOS, QUE FORAM RECONDUZIDOS À SAÚDE E À FELICIDADE, POR MEIO DE DOZE PASSOS QUE CONSTITUEM O PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO SUGERIDOS PELA “ALCOÓLICOS ANÔNIMOS”.

“OS DOZE PASSOS” São estes os passos que demos e que são sugeridos como um PROGRAMA DE

REERGUIMENTO: 1) Reconhecemos sermos impotentes contra o Álcool – e que não podíamos mais conduzir

nossas vidas. 2) Chegamos á conclusão de que um poder mais forte do que nós poderia restaurar nossa

sanidade metal. 3) Tomamos a decisão de entregar nossa vontade e a nossa vida aos cuidados de DEUS,

como cada um de nós o concebia. 4) Fizemos um inventário moral minucioso e desassombrado de nós mesmos. 5) Reconhecemos perante DEUS, perante nós e perante uma terceira pessoa a natureza

exata de nossos erros. 6) Estávamos inteiramente prontos a permitir que DEUS removesse estes defeitos de caráter. 7) Rogamos humildemente a DEUS para remover nossas falhas. 8) Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem causamos mal, e nos prontificamos a

fazer tudo para retificarmos o mal feito a todos. 9) Retificamos imediatamente o mal feito a tais pessoas, quando isto era possível,

excetuando somente os casos em que isto causaria transtornos a nós mesmos ou a terceiros.

10) Mantivemos o regime de tomada de um inventário pessoal, e quando verificávamos estar errados reconhecíamos imediatamente a nossa culpa.

11) Procuramos por intermédio de orações e de meditação melhorar o contato com DEUS, como cada um o concebia, rogando somente conhecimento de SUA vontade para conosco, e de força bastante para cumprir esta vontade.

12) Tendo passado por uma experiência espiritual em resultado do cumprimento destes PASSOS, procuramos transmitir estes preceitos a outros alcoólicos, e praticá-los em todos nossos atos.

Após a leitura dos DOZE PASSOS acima, muitos de nós dissemos – “Quanta coisa! Nunca poderei cumprir tantas clausulas!”. Não desespera! Nenhum de nós aderiu estritamente a estes princípios. Não somos Santos! O importante é querermos progredir espiritualmente. O programa dos Doze Passos é uma diretriz para o progresso. Procuramos difundir a ideia do Progresso Espiritual em vez da Perfeição Espiritual! Alguns leitores têm a impressão de que a mudança de personalidade, ou experiência espiritual (ou que outro nome se lhe dê) toma a forma de uma revolução repentina e espetacular. Devemos dizer, no entanto,

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que maioria de nós, esta experiência espiritual foi o que o psicólogo William James chama de natureza “educativa”, devido a se ter desenvolvido lentamente durante um período variável de tempo. O homem regenerado gradativamente compreende que se operou uma profunda alteração na sua compreensão da vida e que é pouco provável tal alteração pudesse ser conseguida por ele sozinho. Com muito poucas exceções, nossos agremiados descobrem que encontraram um recurso interno cuja existência ignoravam, o qual em tempo, identificam com a sua própria concepção de um PODER muito mais forte do que eles próprios. Desejamos asseverar categoricamente que todo alcoólico capaz de honestamente enfrentar os seus problemas à luz de nossa experiência, poderá recuperar-se, uma vez que não negue guarida em sua mente às concepções espirituais. Somente será derrotado se assumir uma postura de intolerância ou de negação. Temos sempre constatado que a parte espiritual do programa rarissimamente apresenta dificuldade para quem quer que seja. A BOA VONTADE, A HONESTIDADE E UMA MENTALIDADE SEM PREVENÇÕES, são essenciais para a recuperação. E são os únicos predicados indispensáveis. Estes e, DESDE O INÍCIO, A VONTADE HONESTA DO ALCOÓLICO QUERER PARAR DE BEBER. AOS AMIGOS DOS ALCOÓLICOS O alcoólico traz, invariavelmente, sofrimento para muitas outra pessoas que o cercam. A seus Pais, a sua Esposa (ou a seu Esposo, porque tudo que dizemos se aplica a um como a outro sexo), a sua Família, a seus Empregadores ou Empregados, e a seus Amigos. Ora, nós em “A.A.” nos certificamos plenamente, em resultado de nossa própria experiência, assim como da experiência dos 58.000 alcoólicos recuperados que atualmente constituem a família “A.A.” que o alcoolismo é uma doença esmagadora, física, mental e emocional. Uma vez que este ponto muito importante nos foi esclarecido, compreendemos a razão porque a nossa vontade própria, quase sempre forte quando enfrentamos outras situações que reclamam decisões e atitudes firmes de nossa parte, torna-se completamente ineficaz perante o alcoolismo. Não conhecemos caso algum de um canceroso, um tuberculoso ou um diabético se curar somente com a repetição para si, ou ouvir da boca daqueles que o cercam, frases como: “Onde esta sua força de vontade?” – “Seja forte e você se curará!” – “Não vê que sofrimento a sua fraqueza está causando em torno de si?” – “Lute contra esta maldita praga, para seu próprio bem e para a paz de espirito daqueles que lhe são caros” – “Você que é tão prendado, tem oportunidades excelentes e um futuro brilhante vai desprezar tudo isso por falta de vontade de lutar contra este mal?”. E assim as demais frases e “clichés” que o alcoólico sabe de cor! Ninguém mais do que o alcoólico compreende como a sua atitude vacilante e fraca é desprezível, egoísta e auto aniquilante. As tremendas lutas que são travadas em seu íntimo são tão exaustivas quanto ineficazes para livrá-lo da doença do alcoolismo! Tendo plena consciência do mal que está fazendo a si próprio como a infelicidade que está causando a todos que lhe são mais caros e mais íntimos, ainda assim nada consegue fazer de positivo para seguir o caminho e os conselhos teoricamente acertados que lhe são apontados. A constante consciência de sua fraqueza, e da situação de inferioridade em que a mesma o coloca perante a Sociedade, dia adia mais o desmoraliza, tornando-o mais e mais introspectivo, ressentido e irritável. E, por cúmulo da ironia, estes sentimentos explodem justamente contra aqueles

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que mais o procuram ajudar, quando estes, nunca tendo sentido o terrível flagelo que é o alcoolismo, mas só tendo em mente a salvação do ente amigo ou querido que se desgraça perante os seus olhos, usam das frases e atitudes que acima chamamos de “clichés” ! Assim sendo, sugerimos aos Pais, à Esposa (ou Esposo), à Família, aos Empregadores ou Empregados e aos Amigos, que têm entre si uma pessoa que mostra indicio de ser um alcoólico inveterado, a leitura deste panfleto, pois baseados em nossa própria experiência, estamos certos de que dentro de suas páginas se encontra o verdadeiro caminho para a regeneração da infeliz pessoa atacada pelo terrível flagelo conhecido por ALCOOLISMO! E, aos Pais, à Esposa (ou Esposo), à Família, aos Empregadores ou Empregados e aos Amigos, aconselhamos muita paciência e muita fé. Procurem não criticar nem diminuir, e sim por meio de conversas construtivas e cheias de otimismo honesto e amizade real, levantar o moral do paciente. Mostre-lhe por todos os meios ao seu alcance, que não está falando a ele de cima de um pedestal de probidade. Dê-lhe todo o apoio moral, espiritual e material possível. Sua recompensa, quando o alcoólico se regenerar, transcenderá todos os esforços e sacrifícios feitos durante o período de regeneração.

QUE DEUS NOS CONCEDA A SERENIDADE NECESSÁRIA PARA ACEITAR AS COISAS

QUE NÃO PODEMOS MODIFICAR, CORAGEM PARA MODIFICAR AQUELAS

QUE PUDERMOS E SABEDORIA BASTANTE PARA DISTINGUIR ENTRE AQUELA E ESTAS.

SOU UM ALCOÓLICO?

Ninguém na ‘A.A.’ tentará dizer-lhe se você é ou não alcoólico. Aqui está parte de um teste sobre alcoolismo usado pelo hospital Johns Hopkins. A título de verificação responda a estas perguntas e seja seu próprio juiz:

1) Falta ao serviço devido à bebida ou seus efeitos? 2) Necessita de um ‘trago’ na manhã seguinte? 3) Sua vida no lar está se tornando infeliz devido à bebida? 4) Sua reputação está sendo afetada pela bebida? 5) Sua iniciativa e sua ambição têm diminuído em consequência da bebida? 6) Procura companheiros de ambiente inferior ao seu para beber? 7) Sua saúde está sendo abalada pela bebida? 8) A bebida está afetando sua paz de espírito? 9) Está a bebida atrapalhando seu trabalho ou seus negócios? 10) Suas finanças estão embaraçadas por causa da bebida? 11) Procura a bebida para esquecer seus aborrecimentos e desgostos? 12) Tem um desejo imperioso de beber em determinadas horas do dia? 13) Tem lhe acontecido perder completamente a memória do que se passou durante a

embriaguez? 14) Sente remorsos após uma ‘bebedeira’? 15) Já sentiu alguma vez a necessidade de discutir estas questões com um médico, um padre

ou outra pessoa amiga?

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Na contracapa lê-se: A finalidade deste panfleto é mostrar como milhares de nós, que éramos alcoólicos sem esperança, saramos desta doença. Encontramos um modo de viver que não nos obriga mais a beber. A “Alcoólicos Anônimos” é a grande realidade que destruiu a nossa obsessão.

(Fim da Transcrição)

Texto de “A Tradição de A.A.” Transcrição ipsis litteris (tal como escrito - exceto a acentuação) do livreto “A

Tradição de A.A.”, a segunda literatura de A.A. produzida no Brasil, entre 1948-1949

Verso da capa: A "Alcoólicos Anônimos" não tem opinião sobre assunto controverso, nem está contra quem quer que seja. A "Alcoólicos Anônimos" só tem uma finalidade: Ajudar o doente de alcoolismo a sarar, se ele quiser.

Página 2: A finalidade deste panfleto é mostrar como milhares de nós, que éramos alcoólicos, sem esperança, saramos dessa doença. Encontramos um meio de viver que não nos obriga mais a beber. A "Alcoólicos Anônimos" é a grande realidade que destruiu nossa obsessão.

Prefácio: Qual a melhor maneira de nós, os Alcoólicos Anônimos, preservarmos nossa unidade? Este é o objetivo destas tradições. A unidade é tão vital para nós os A.A., que não podemos nos expor a atitudes e atos que ,algumas vezes, corromperam outras formas de sociedades humana. Nós, ao contrário, temos sido bem sucedidos, porque temos sido diferentes. Oxalá continuemos assim. Contudo, a unidade dos A.A. não pode preservar-se a si própria. Com a recuperação pessoal, teremos, sempre, que trabalhar para mantê-la. Aqui, também, necessitamos de honestidade, humildade, franqueza, desinteresse e, acima de tudo - vigilância. Gostaríamos que cada A.A. se certificasse das suas tendências, que poderiam vir a nos comprometer como um todo, caso ele tenha ciência dos defeitos pessoais que ameaçam sua sobrevivência e sua paz de espírito. Naturalmente, não pretendemos que cada A.A. torne-se um "examinador alarmado para o bem do movimento", ou que nos lancemos à obtenção de uma confissão dos pecados do nosso irmão A.A.

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Porém, cada um de nós pode sondar sua consciência, para ver se ele está fazendo algo que possa prejudicar nossa solidariedade essencial. Se cada um de nós procedermos honestamente, a consciência coletiva do nosso movimento será verdadeira. Os "12 Pontos da Tradição dos A.A", aqui reproduzidos, são a nossa primeira tentativa para firmar os princípios são da conduta do grupo e das relações públicas. Muitos dos A.A. já sentem que estas “12 tradições são o suficiente para se tornarem o guia básico e a proteção para os A.A.; que devemos aplica-las tão seriamente à nossa vida em comum, como o fazemos a nós, individualmente, com as 12 Etapas de Recuperação”.

Enquanto isto será aconselhável que cada A.A., como um subsídio ao seu próprio pensamento, leia estes fragmentos, dando especial atenção aos trechos sobre anonimato (revisados recentemente), conduta pessoal, o uso do dinheiro entre os A.A. e nossas relações denominadas “empreendimentos exteriores”, porque, no momento, os problemas do nosso grupo se concentram, na maior parte, nessas edições vitais.

TRADIÇÃO DOS “ALCOÓLICOS ANÔNIMOS” DOZE PONTOS PARA ASSEGURAR NOSSO FUTURO

Ninguém inventou os A.A. Desenvolveram-se espontaneamente. Sofrimentos e erros geraram uma vasta experiência. Pouco a pouco, fomos adotando as lições dessa experiência: a princípio como norma, depois como tradição. Este processo continua e esperamos que nunca pare. Poderíamos enganar-nos com regras insignificantes e proibições; poderíamos pensar ter dito a última palavra. Poderíamos, mesmo, exigir a aceitação, pelos alcoólicos, das nossas ideias severas ou, então, que permanecessem afastados de nós. Que jamais retardemos o processo desta maneira! Até aqui as lições de nossa experiência são de grande valia. Tivemos anos de grande contato com o problema de viver e trabalhar em conjunto. Se conseguirmos ser bem sucedidos nessa aventura – e assim nos conservarmos – então, e só então, nosso futuro estará garantido. Desde que a calamidade pessoal não mais nos prende à escravidão, nosso objetivo principal é o futuro dos A.A. Sabemos que os A.A. devem continuar a viver. Senão, salvo algumas exceções, nós e nosso irmão alcoólico, através do mundo, recomeçaremos a jornada, sem esperança, para o esquecimento. Terrivelmente relevante é o problema de nossa estrutura básica e nossa atitude para com aqueles que sempre levantam questões sobre direção, fundos e autoridade. O futuro pode muito bem depender de como encaramos e agimos em face dos pontos de vista opostos, e de como considerarmos nossas relações públicas. Agora surge o ponto crucial de nossa discussão. Ei-lo: Será que já adquirimos experiência suficiente para estabelecer normas firmes sobre estes, que são os nossos interesses principais? Podemos, agora, firmar os princípios gerais que se tornarão tradições vitais, tradições estas arraigadas no coração de cada A.A., por profunda convicção própria e pela aquiescência comum dos seus companheiros? Em face da persistência de velhos amigos dos A.A. e certos de que um acordo e uma aquiescência, entre os nossos membros, tornou-se agora possível, tentarei expressar, com palavras, estas sugestões para uma “Tradição de Relações dos Alcoólicos Anônimos” - Doze Pontos para Assegurar nosso Futuro.

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Nossa experiência nos ensinou que: 1) Cada membro dos A.A. é apenas uma partícula de um grande todo. Os A.A. devem

continuar a existir ou, então, a maior parte de nós perecerá. Por isso, nosso bem-estar vem em primeiro lugar e o bem-estar individual, em seguida.

2) Para a finalidade do nosso grupo há somente uma autoridade fundamental – um Deus benigno como a Ele nos referimos no nosso Grupo.

3) Nossa sociedade deve abranger todas as vitimas do alcoolismo. Assim, não podemos recusar ninguém que queira recuperar-se. Não deve a sociedade, jamais, depender de dinheiro para sua harmonia. Dois ou três alcoólicos reunidos visando à recuperação denominam-se um grupo de A.A., conquanto que, como um grupo, não tem eles nenhuma outra relação.

4) Com relação aos seus próprios negócios, cada grupo A.A. subordina-se à sua consciência. Porém, quando os planos do grupo afetam o bem-estar de grupos vizinhos, esses devem ser consultados. E nenhum grupo, comitê regional ou individual deve, jamais, tomar qualquer iniciativa que possa afetar, em grande parte os A.A., sem conferenciar com os Conselhos Fiscais da Fundação Alcoólica. Em tais decisões o nosso bem-estar comum é preponderante.

5) Cada grupo de A.A. deve ser uma entidade espiritual, tendo apenas uma finalidade – a de levar a sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.

6) Problemas de dinheiro, propriedade e autoridade podem, facilmente, desviar-nos do nosso objetivo espiritual fundamental. Pensamos, portanto, que qualquer propriedade de uso genuíno dos A.A. deve ser incorporada e dirigida livremente separando, deste modo, o material do espiritual. Um grupo A.A., como tal, não deve, nunca, imiscuir-se em negócios. Auxílios secundários para os A.A., assim como clubes ou hospitais, que exigem propriedade ou administração devem ser incorporados e postos à parte, a fim de possam ser, livremente rejeitados pelos grupos. Assim, tais facilidades não devem utilizar o nome dos A.A. sua administração deve caber unicamente às pessoas que os mantém financeiramente. Para Clubes, prefere-se aqueles que dirigem os A.A. Porém, hospitais, como também outros lugares destinados à recuperação, devem estar fora do alcance dos A.A. e sob supervisão médica. Conquanto um grupo dos A;.A. possa cooperar com quem quer que seja, tal cooperação nunca deve ir ao ponto de incorporação ou endosso, atual ou futuro. Um grupo de A.A. não deve ligar-se a ninguém.

7) Os Grupos A.A. devem ser mantidos, inteiramente, pelas contribuições de seus próprios membros. Achamos que cada grupo deve atingir, com a maior rapidez, este ideal: que qualquer pedido de fundos públicos, usando o nome dos A.A., é altamente perigoso, quer seja pelos Grupos, Clubes, Hospitais ou outras Agências externas; que a aceitação de grandes donativos de qualquer origem ou de contribuições que envolvam qualquer obrigação, não é aconselhável. Também, observamos com grande interesse o erário dos A.A. que existe em caixa, além das reservas para acumular fundos, para finalidades não declaradas. A experiência, muitas vezes, nos tornou patente que nada pode destruir, tão facilmente, a nossa herança espiritual, como as disputas sobre dinheiro, propriedade e autoridade.

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8) Os A.A. devem permanecer, para sempre, não profissionais. Definimos profissionalismo como a ocupação de aconselhar os alcoólicos por dinheiro. Porém, podemos empregar alcoólicos que possam executar os serviços, para os quais geralmente, teríamos que empregar não alcoólicos. Tais serviços especiais podem ser bem recompensados. Entretanto, o trabalho da “12ª Etapa” não deve, jamais ser pago.

9) Cada Grupo A.A. necessita um mínimo de organização possível. A mudança constante da administração é aconselhável. O pequeno grupo pode escolher seu Secretário, o grande grupo, seu Comitê de Revezamento e os grupos de uma grande metrópole seu Comitê Central. Eles são os guardas da nossa Tradição A.A. e os recebedores das contribuições voluntárias dos A.A., por meio das quais mantemos o Escritório Central dos A.A. em New York. Eles são autorizados, pelos grupos, a dirigir as nossas relações públicas e garantem a integridade do nosso principal jornal “The A.A. Grapevine”. Todos estes representantes devem ser orientados no espírito do serviço, porque os verdadeiros líderes dos A.A. são servidores experimentados e de confiança. Dos seus títulos não emana autoridade real; eles não governam. O respeito universal é a chave do seu sucesso.

10) Nenhum grupo ou membro A.A. deverá jamais (para não comprometer os A.A.) expressar qualquer opinião, em discussões externas, particularmente sobre política, reforma alcoólica ou religião. Os grupos dos A.A. não se opõem a ninguém. Sobre tais assuntos eles não podem expressar quaisquer pontos de vista.

11) Nossas relações com o público em geral devem ser caracterizadas pelo anonimato. Achamos que os A.A. devem evitar propaganda sensacionalista. Nossos nomes e retratos, como membros dos A.A. não devem ser irradiados, filmados ou impressos publicamente. Nossas relações públicas devem ser dirigidas de preferência pelo princípio de atração e não de promoção. Não é necessário, jamais, glorificar-nos. Preferimos que nossos amigos nos recomendem.

12) E, finalmente, nós, os A.A., acreditamos que o princípio do Anonimato tem uma grande significação espiritual. Ele nos lembra que devemos colocar os princípios acima das personalidades; que devemos, de fato, praticar uma verdadeira humildade. Isto para que nossos grandes benefícios não nos desvirtuem jamais; que nós vivamos, para sempre, uma contemplação agradecida a Ele que guia a todos nós.

Conquanto estes princípios tenham sido expostos numa linguagem positiva, eles são apenas

sugestões para o nosso futuro. Nós, os A.A., nunca respondemos entusiasticamente a qualquer suposição de autoridade pessoal. Talvez seja bom, para os A.A., que isto seja real. Assim, ofereço estes princípios, não como uma máxima, nem tampouco como uma crenças de qualquer espécie, mas como uma primeira tentativa de ilustrar o Ideal deste grupo, para o qual fomos levados por uma Força Superior, e onde permanecemos durante este quinze anos.

BILL

QUEM É UM MEMBRO DOS A.A.? A primeira edição do livro “Alcoólicos Anônimos” faz esta pequena asserção sobre o

membro: “A única exigência feita a um membro é um desejo honesto de parar de beber. Nós não

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somos aliados a qualquer crença ou seita, como também a nenhuma nos opomos. Unicamente queremos ajudar àqueles que estão aflitos”. Isto expressava nosso sentir em 1939, ano em que o primeiro livro foi publicado.

Desde aquele dia todas as espécies de experimentos foram tentadas com os membros. O número de regras para orientar os sócios, feito por diversos grupos (a maioria das quais quebradas) é inumerável.

Uma pequena reflexão sobre estas regras conduziu-nos a uma conclusão surpreendente. Se todas estas citações tivessem entrado em vigor, em toda a parte, simultaneamente, teria sido praticamente impossível, a qualquer alcoólico, juntar-se aos A.A. Cerca de nove d´cimos de nossos mais antigos e melhores membros, nunca poderiam ter-se juntado a nós.

Em alguns casos teríamos desistido em face das exigências feitas. Uma vez ou outra, a maioria dos grupos A.A. continuam a ditar regras. Naturalmente, quando

um grupo começa a desenvolver-se rapidamente, principia a enfrentar problemas difíceis. Neste ponto o grupo penetra na fase das regras e regulamentos. A maioria das tentativas “de imposição” geram tais dissenções e intolerâncias no grupo que

isto, é, sabe-se hoje, ser pior para a existência do grupo do que qualquer outra coisa. Assim, alguns de nós, ainda têm receio do que qualquer novo membro venha a fazer, e

prejudicar a reputação dos A.A. Os que caem em falta, os que pedem auxílios, os que fazem escândalos, os que se rebelam contra o programa, os que negociam com a reputação dos A.A., todas essas pessoas, raramente, podem prejudicar um grupo de A.A. por muito tempo. Alguns destes tornaram-se nossos mais respeitados e queridos amigos. Alguns permaneceram abusando de nossa paciência, sem nos causar dano. Outros nos abandonaram. Não os encaramos como ameaças, mas como ensinamentos. Eles nos obrigam a cultivar a paciência, a tolerância e a humildade. Finalmente, vemos que estas criaturas são apenas mais doentes do que o resto de nós, e nós que os condenamos somos os fariseus, cuja falsa justiça impõe ao nosso grupo o mais profundo dano espiritual.

Que aconteceria se os A.A. não os tivessem escolhido? Onde estariam eles agora? Isto é porque todos nós julgamos nossos membros menos e menos. Se o álcool for um

problema incontrolável para ele, e se ele desejar fazer algo contra, isto nos basta. Não nos interessa se o caso dele é grave ou não, se sua moral é boa ou má, se ele tem outras complicações ou não. Nossa porta está sempre aberta e se ele a atravessar e começar a fazer algo contra suas preocupações, será considerado um membro de A.A. Ele nada assina, com nada concorda, nada promete. Ele só se une a nós se quiser. Hoje em dia, na maior parte dos grupos, ele nem sequer precisa admitir ser alcoólico. Ele pode juntar-se aos A.A., baseado na suspeita de que pode ser um, de que já pode revelar os sintomas fatais de nosso mal.

Se um membro insistir em assistir às reuniões bêbado, ele pode ser conduzido para fora, levado por alguém. Porém, na maior parte dos grupos, ele pode voltar no dia seguinte, caso esteja bom. Mesmo que ele possa ser expulso de um clube, ninguém pensará em expulsá-lo de A.A. Ele será membro dos A.A., enquanto ele disser que o é.

Não desejamos privar ninguém do ensejo de abandonar o álcool. Desejamos ser tão Justos quanto possível.

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N. T. - No rodapé desta página lê-se: Há somente uma exigência para o ingresso na associação “A.A.” – A VONTADE SINCERA DE PARAR DE BEBER.

ANONIMATO – PRIMEIRA PARTE Nos anos futuros, o anonimato será, sem dúvida, uma parte da nossa tradição vital. Começamos a perceber que a palavra “anônimo” tem, para nós, uma grande significação espiritual. De maneira sutil, mas vigorosamente, lembramo-nos de que devemos colocar os princípios antes das personalidades; que renunciamos à glorificação pessoal em público; que nosso movimento não apenas prega, porém, pratica uma verdadeira humildade. O anonimato é o alicerce de nossas relações públicas. Como esta ideia primitivamente originou-se e subsequentemente se apoderou de nós, é uma etapa interessante da história dos A.A. Nos anos anteriores à publicação do livro “Alcoólicos Anônimos” não tínhamos nome. Sem nome, sem forma, nossos princípios essenciais de recuperação ainda sob discussão e provas, éramos, apenas, um grupo de bêbados procurando o caminho que, esperávamos, ser o da Liberdade. Logo que nos certificamos de estar no caminho certo decidimos publicar um livro em que poderíamos transmitir aos outros alcoólicos as boas notícias. À proporção que o livro tomava forma, escrevíamos nele a essência da nossa experiência. Era o produto de milhares de horas de discussões. Representava ele, de fato, a voz coletiva, o coração e a consciência daqueles que abriram o caminho durante os quatro primeiros anos de A.A. O estudo e a votação, em reuniões, para os títulos, tornaram-se uma das nossas principais atividades. Discussões e argumentos calorosos nos conduziram, por fim, à escolha de dois títulos. Devemos chamar nosso novo livro “A Saída” ou “Alcoólicos Anônimos”? Esta era a questão final. A última votação foi realizada pelos Grupos de New York e Akron. Por pequena maioria, o veredito foi favorável ao título “A Saída”. Pouco antes da impressão alguém lembrou que poderiam existir outros livros com esse nome. Um dos nossos mais antigos membros, (o prezado Fritz M., que naquela época morava em Washington) percorreu a Biblioteca do Congresso, a fim de levar a cabo uma investigação. Ele achou exatamente 12 livros com o mesmo nome “A Saída”. Quando esta informação circulou, tivemos receio de ser a 13ª Saída. Assim, o nome “Alcoólicos Anônimos” tornou-se o preferido. Deste modo achamos no nome para o livro que encerrava nossa experiência, um nome para o nosso movimento, e, como veremos posteriormente, uma tradição da maior importância espiritual. Os milagres realizam-se misteriosamente! Desde a publicação do livro “Alcoólicos Anônimos”, em 1939, fundaram-se centenas de grupos de A.A. Cada um deles fazia estas perguntas: Até que ponto devemos ser anônimos? Afinal, qual a vantagem do anonimato? Ainda que não mais temamos o estigma do alcoolismo, encontramos pessoas que são extremamente sensíveis quanto a suas relações conosco. Alguns entram com pseudônimos. Outros nos pedem segredo profundo. Temos, também, indivíduos que proclamam o anonimato uma infantilidade. Eles acham que sua obrigação é apontar os membros dos A.A. Eles frisam que os A.A. possuem pessoas de renome, algumas de importância nacional. “Porque, perguntam-nos, não devemos tirar proveito de seu prestígio pessoal, como o fazem outras organizações”?

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Entre estes extremos há um sem número de opiniões. Alguns grupos, especialmente os mais novos, conduzem-se como sociedades secretas. Eles não desejam que suas atividades sejam conhecidas, nem mesmo pelos amigos. Eles não admitem, nem mesmo a presença de pregadores, médicos ou suas esposas às reuniões. Quanto a convites a jornalistas – nem se cogita! Outros grupos são de opinião que suas comunidades devem saber tudo sobre os A.A. Ainda que não divulguem nomes, aproveitam toda oportunidade para propalar as atividades de seu grupo. De quando em quando, organizam reuniões públicas ou semi-públicas, onde os A.A. aparecem, à medida que são chamados pelo nome. Médicos, sacerdotes e funcionários públicos são, com frequência, convidados para falar nestas reuniões. De quando em quando, alguns A.A. abandonam por completo, o anonimato. Seus nomes, retratos e atividades pessoais aparecem nos jornais. Como membros dos A.A., muitas vezes, muitas vezes, apõem suas assinaturas em artigos que versam sobre sua organização. Assim, sendo quase evidente que a nossa maior parte acredita no anonimato, a prática dos nossos princípios varia muito. E, de fato, devemos compreender que a segurança e a efetividade futura dos A.A. pode depender de sua preservação. A questão vital é: “Onde devemos estabelecer o ponto em que a personalidade termina e o anonimato começa?”.

Aliás, alguns de nós são anônimos até o ponto onde vão os nossos contatos diários. Nessa altura, abandonamos o anonimato porque pensamos que os nossos amigos e associados devem saber algo sobre os A.A. e o que os mesmos fizeram por nós. Desejamos, também, perder o desejo de admitir que somos alcoólicos. Ainda que solicitemos, com insistência, aos jornalistas, a não divulgação das nossas identidades, falamos, frequentemente, diante de aglomerações semi-públicas, usando nosso verdadeiro nome. Desejamos convencer os ouvintes de que o alcoolismo é um mal que não devemos recear, discutir diante de quem seja. Se, contudo, formos além deste limite, perderemos, prontamente, o princípio do anonimato para sempre. Se cada A.A. tivesse a liberdade de publicar o seu próprio nome, retrato e história, seríamos, muito em breve, lançados numa vasta orgia de publicidade pessoal. Não é aqui onde, pelo bem da tradição, devemos estabelecer o limite?

ANONIMATO – SEGUNDA PARTE O anonimato tem para nós, os A.A., uma vasta significação espiritual. Que o princípio seja preservado como parte da nossa tradição vital. Necessitamos, por isso, de uma perfeita tradição que seja reverenciada por todos os A.A.

1) Deve ser privilégio de cada A.A. cercar-se de anonimato até o ponto que ele deseja. 2) Mutuamente os A.A. devem respeitar o sentimento do grupo local acerca do

anonimato. Se seu grupo desejar ser menos conspícuo (N.T.: menos visível, menos perceptível), na sua localidade, do que ele desejar, ele deve concordar com o grupo, a menos que este mude de opinião.

3) Deve ser norma universal que nenhum A.A. de publicar em combinação com qualquer atividade de A.A., seu nome e retrato em meio de circulação pública. Isto, naturalmente, não restringirá o uso de seu nome em outras atividades públicas, conquanto, naturalmente, que ele não publique sua qualidade de membro dos A.A.

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A maior parte dos A.A. concorda em que a ideia do anonimato é sã, porque a mesma encoraja os alcoólicos e suas famílias a se aproximarem de nós em busca de ajuda. Ainda com receio de serem estigmatizados, eles consideram o anonimato como uma segurança de que seus problemas serão mantidos em segredo.

O anonimato é uma proteção para a nossa causa. Ele evita que nossos fundadores ou líderes tornem-se nomes familiares que possam, em qualquer época, embebedar-se o que viria resultar em detrimento para os A.A. Ninguém pode afirmar que isto não poderia acontecer entre nós. Poderia?

Quase todos os jornalistas que de nós se ocupam queixam-se, de início, da dificuldade de escrever sua história sem nomes; porém, rapidamente, eles esquecem esta dificuldade quando constatam que aqui há um grupo de pessoas que não se prende a benefícios pessoais. Possivelmente, é a primeira vez na vida que eles escrevem sobre uma organização que não aspira a nenhuma publicidade pessoal. Esta sinceridade, instantaneamente transforma-os em amigos dos A.A. portanto, seus escritos são escritos de amigos, nunca de rotina. É um escrito entusiástico, porque o próprio jornalista se entusiasma. Muitas vezes perguntam como os A.A. são capazes de manter uma publicidade tão grande. A resposta parece ser que quase todos que escrevem sobre nós transformam-se em A.A. não será a política de anonimato a principal responsável por este fenômeno?

Porque o público, de modo geral, nos olha com simpatia? Será simplesmente porque estamos levando a recuperação a tantos alcoólicos? Não, isto não é certo. Contudo, ele pode estar impressionado com as nossas recuperações, Zé Ferreira está muito mais interessado no nosso modo de vida. Cansado da agitação constante em que vive, ele se sente bem na nossa quietude, modéstia e anonimato. É bem possível que ele sinta que uma grande força espiritual está sendo gerada – a algo novo surgiu na sua vida. Sob o sentido espiritual, o anonimato une-se à renuncia do prestígio pessoal como um instrumento de política geral.

Agora, que há com relação à sua aplicação? Já que falamos do anonimato a cada novo membro, devemos, naturalmente, preservar o anonimato do novo membro enquanto ele assim o desejar. Ainda que a maioria dos novos membros não ligue para o fato de que alguém saiba algo sobre o seu alcoolismo, outros, ao contrário, dão muita importância a este pormenor. Protejamo-los até que eles não mais se sintam deste modo. Devemos aconselhá-los a encarar tudo com calma; que em primeiro lugar meditem antes de falar sobre os A.A. a quem quer que seja; que não pensem em publicar algo sobre os A.A. sem estar seguros da aprovação do seu próprio grupo.

Em seguida, o problema do anonimato do grupo. Como acontece com o indivíduo, é provável que o grupo deva seguir seu caminho cuidadosamente até que obtenha força e experiência. Não deve haver muito empenho em introduzir estranhos ou realizar reuniões públicas. Porém este conservantismo primitivo pode ser exagerado. Alguns grupos continuam, ano após ano, evitando toda publicidade e quaisquer reuniões, exceto aquelas destinadas unicamente aos alcoólicos. Estes grupos desenvolver-se-ão vagarosamente. Eles se tornam antiquados porque não recebem sangue novo. Desejando manter segredo, esquecem-se de suas obrigações para com os outros alcoólicos em suas comunidades, que nunca souberam da existência dos A.A. na cidade. Porém, este cuidado desarrazoado, eventualmente, desaparece. Pouco a pouco, realizam-se algumas reuniões para as famílias e os amigos íntimos. Sacerdotes e médicos podem, de vez em quando, ser convidados. Finalmente, um grupo atrai o jornal local.

Na maioria dos lugares, é costume dos A.A. usar seus próprios nomes, quando falam a agremiações públicas ou semi-públicas.

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Na prática, então, o princípio do anonimato nos conduz ao seguinte: com uma exceção muito importante, a questão de como até onde cada indivíduo ou grupo abandonará o anonimato, fica a critério do indivíduo ou do grupo interessado. A exceção é: que todos os grupos ou indivíduos quando falam ou escrevem para publicação, como membros dos A.A., nunca se sintam inclinados a revelarem seus verdadeiros nomes. É ai que devemos fixar o anonimato. Não devemos nos mostrar ao público em geral por meio da imprensa, do cinema ou do rádio.

Modéstia e humildade são necessárias a todo o A.A. para sua própria recuperação. Se estas virtudes são necessidades tão vitais para os indivíduos, assim devem ser para os A.A. como um todo. O princípio do anonimato, em face do público em geral, pode, se nós o tomarmos a sério, garantir o movimento dos A.A. para sempre. Nossa política de relações públicas deve, principalmente, basear-se no princípio da atração e, raras vezes, se necessário, na promoção.

O DINHEIRO – PRIMEIRA PARTE Onde o uso de dinheiro acaba – e seu abuso começa – é o ponto, no campo espiritual, que nós todos procuramos. Sabendo que discussões sobre coisas materiais esmagaram o espirito de muito boas organizações, concluímos que dinheiro, em demasia, pode ser-nos prejudicial. Pouco adianta aspirar ao impossível. O dinheiro penetrou no nosso meio e nós estamos definitivamente resolvidos a gastá-lo comedidamente. Nenhum de nós pensaria, seriamente, em abolir nossos locais de reuniões e clubes com o fim de evitar dinheiro. A experiência nos mostrou que temos grande necessidade dessas facilidades, de modo que devemos aceitá-las mesmo que nelas haja algum risco. Porém, como devemos reduzir ao mínimo estes riscos? Como devemos limitar o uso do dinheiro, para que ele nunca destrua a base espiritual de que depende a vida de cada A.A.? este é o nosso problema real hoje em dia. Suponhamos que começamos com contribuições voluntárias. Cada A.A. ajuda a pagar o aluguel do local de reunião, de um clube, ou a manutenção de sua sede. Mesmo que muitos de nós não acreditem em clubes e conquanto alguns A.A. não vejam a necessidade de termos qualquer escritório local ou nacional, podemos dizer francamente que a maioria dos A,.A. acredita que estes serviços são necessidades básicas, É evidente, naturalmente, que tais contribuições não são, de modo algum, obrigações dos A.A. Todavia alguma empresa permanece, a maior parte surgindo em combinação com os nossos clubes, escritórios central e locais. Nota-se que às vezes ficamos presos a um “controle burocrático” ou, pior ainda, uma profissionalização categórica de A.A. Mesmo assim deve-se dizer que estas dúvidas nem sempre são desarrazoadas, porque já tivemos bastante experiência para eliminá-las em grande parte. Para começar é certo que não necessitamos ser subjugados pelos nossos clubes, escritórios locais ou central de New York. Estes são locais de serviço, eles não podem realmente controlar ou governar os A.A. Já que os A.A. não dependem de honorários ou obrigações, podemos sempre “lançar mão de nossas facilidades especiais ou deixá-las aparte”.

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Já que ninguém está sujeito a manter os serviços, eles nunca podem ditar, nem se afastar das tradições de A.A. Paralelamente com o principio “lançar mão de nossas facilidades especiais ou deixá-las aparte”, há uma tendência encorajadora para incorporar todas estas funções especiais separadas se elas envolverem grandes somas de dinheiro, propriedade ou direção. Mais e mais, os grupos A.A. verificam que são entidades espirituais e não organizações comerciais. À proporção que o progresso se patenteia, é aconselhável incorporar e separar o clube dos grupos vizinhos. A manutenção do clube torna-se, então, antes um assunto individual do que do grupo. Nossa evolução, nos grandes centros dos A.A., está começando a mostrar, claramente, que enquanto ela for uma função apropriada dos grupos ou do seu Comitê Central, para manter um secretário remunerado, destinado à sua área, não é função de um grupo ou comitê central manter os clubes financeiramente. A maioria não deve tentar submeter a minoria na manutenção dos clubes que ela supões desnecessários. De modo geral, a diretoria de um clube cuida da direção financeira e da vida social local. Porém, os assuntos estritamente dos A.A. permanecem sendo função dos grupos. Esta divisão das atividades não é regra geral: é apresentada apenas como uma sugestão, guardando as características da tendência atual. Um grande clube ou escritório central significa um ou mais funcionários remunerados. Que há com eles – estão profissionalizando A.A.? Para cada um de nós, o ideal dos A.A., é uma coisa bela e perfeita. É uma força superior que nos tirou da areia movediça e nos pôs a salvo na terra. O mais leve pensamento no sentido de desfigurar o nosso ideal, e muito menos, de permutar o ideal por ouro é, para a maioria, inadmissível. Porém, existe um princípio sobre o qual, creio, podemos resolver, honestamente, o nosso dilema. Ei-lo: um servente pode varrer um assoalho, um cozinheiro pode fritar um bife, uma secretária pode dirigir um escritório, um tipógrafo pode editar um jornal – todos, estou certo, sem profissionalizar os A.A. Se não fizéssemos este serviços, teríamos que contratar não alcoólicos para executá-los. Não pediríamos a nenhum não alcoólico para executar estas funções, sempre, sem pagamento. Assim, porque os que, entre nós, percebem bons salários no mundo externo, esperam que outros A.A. sejam administradores, cozinheiros ou secretários? Porque devem estes A.A. trabalhar gratuitamente em tarefas que outra parte de nós não tentaria ou poderia desempenhar? Ou porque devem estes ganhar menos do que os outros que executam trabalhos idênticos no mundo externo? E, que diferença faria se, no curso de suas obrigações, eles fizessem algum trabalho além da “12ª Etapa”? o princípio parece ser que podemos pagar bem por serviços especiais, porém, nunca por serviços da“12ª Etapa”. Como, então, poderiam os A.A. profissionalizarem-se? Bem simples. Posso, por exemplo, alugar um escritório e, na porta, pendurar a seguinte tabuleta: “João A., Terapeuta do A.A. Preço Cr$ 100,00 por hora”. Isso seria tratamento face a face do alcoolismo, por dinheiro. Eu estaria, seguramente, negociando com o nome dos A.A., uma organização puramente amadora, para alargar minha prática profissional. Isso seria a profissionalização dos A.A. – e como! Seria legal, porém, sem ética.

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Então, significa isto que devemos criticar os terapeutas como uma classe mesmo dos A.A. que escolhessem este campo? Absolutamente. “A questão é que ninguém deve identificar-se como um terapeuta dos A.A.”. Conquanto eu duvide que muitos A.A. penetrem no campo de terapia alcoólica, ninguém de3ve sentir-se excluído, especialmente se eles estiverem empenhados em serviços sociais, psicológicos ou psiquiátricos. Porém, certamente, eles nunca deverão usar suas relações como A.A., publicamente ou de modo perceba que os A.A. possuem uma classe especial dentro de suas fileiras. É aqui que devemos fixar todos os limites.

O DINHEIRO – SEGUNDA PARTE Resumo

a) O uso do dinheiro nos A.A. é um assunto de grade importância – onde seu uso acaba e seu abuso começa, é o ponto que devemos vigiar atentamente.

b) Aos A.A. já está confiado o uso qualificado do dinheiro, porque nós não pensaríamos em acabar com nossos escritórios, lugares de encontro e clubes, simplesmente para evitar as finanças em geral.

c) Nosso verdadeiro problema, hoje em dia, consiste em fixar limites inteligentes e tradicionais, sobre o uso de dinheiro, limitando, assim, ao mínimo, sua tendência destrutiva.

d) As contribuições voluntárias, ou donativos, devem ser nossa principal e, eventualmente, única ajuda; essa espécie de automanutenção evitaria que nossos clubes e escritórios passassem para outras mãos, porque seus fundos poderiam ser prontamente cortados, quando eles não nos servissem bem.

e) Achamos aconselhável incorporar separadamente essas facilidades especiais que exigem muito dinheiro ou administração; um grupo de A.A. é uma entidade espiritual, não uma casa de negócios.

f) Devemos, a todo custo, evitar a profissionalização dos A.A.; o serviço da 12ª etapa jamais deve ser pago; os A.A. que entram na terapêutica alcoólica nunca devem negociar com suas ligações com os A.A.; não há e jamais poderá haver um terapeuta A.A.

g) Os membros dos A.A. podem, contudo, ser por nós empregados como funcionários efetivos, conquanto que eles tenham obrigações legitimas, além e aquém da 12ª etapa. Podemos, por exemplo, admitir secretários, garçons e cozinheiros, sem torna-los A.A. profissionais.

Continuamos agora a discussão do profissionalismo: os A.A. constantemente consultam os comitês locais ou a Fundação Alcoólica, dizendo que lhes foram oferecidas posições em campos conexos. Podemos nós, agindo como indivíduos, aceitar tais ofertas? Muitos de nós não vemos a razão porque não podemos aceita-las.

Seguramente nenhum A.A. deve ser impedido de ocupar tal emprego, pelo fato de ser um A.A. Ele necessita apenas evitar a “Terapia A.A.” e qualquer ação ou palavra que comprometa A.A.

Há anos pensávamos que os A.A. deviam ter seus próprios hospitais, sanatórios e fazendas. Hoje em dia, estamos convencidos de que não devemos ter nada disso. Mesmo os nossos clubes

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dentro dos A.A., são um pouco afastados. E, na opinião de quase todos, os lugares de hospitalização devem estar bem fora dos A.A. e sob supervisão médica.

Em toda parte, cooperamos com os hospitais. Muitos nos oferecem privilégios e concessões. Alguns nos consultam. Outros empregam enfermeiras A.A. ou subalternos. Relações como estas, em geral, dão bons resultados. Porém, nenhuma destas instituições é conhecida como “Hospitais A.A.”.

Também tivemos algumas experiências com fazendas e lugares de descanso que, mesmo fora do alcance dos A.A. e de supervisão médica, foram, no entanto, administradas e financiada por membros de A.A. Algumas dessa experiências ofereceram bons resultados, outras não. Com uma ou outra exceção, as piores organizações possíveis foram aquelas em que os grupos A.A., com dinheiro e administração do grupo começaram a fazer uma exploração comercial. A despeito das exceções, tais hospitais A.A. são os que menos prometem. O grupo que admite um novo projeto usualmente acha que contraiu um responsabilidade desnecessária. Sendo um projeto do grupo não pode ser abandonado. Ou este projeto será abandonado ou representará uma infecção na politica do corpo. Estas experiências demonstram que o grupo A.A. terá que ser uma entidade espiritual e não um centro de negócios.

Que diremos, agora, sobre donativos ou pagamentos aos A.A., vindos de fontes externas? Naturalmente, pode ser tida como uma exceção ao principio de automanutenção, se um amigo

não alcoólico comparecer a uma reunião e contribuir com Cr$ 200,00. Também temos dúvidas sobre se devemos recusa Cr$ 100,00 enviados por um parente, em reconhecimento pela recuperação de um intimo. Talvez, parecêssemos mal agradecidos recusando-os.

Porém, não são estes pequenos donativos que nos interessam. São as grandes contribuições, especialmente aquelas que nos acarretam obrigações futuras, que nos fariam vacilar. Também há o fato de pessoas ricas reservarem somas para os A.A., em seus testamentos pensando que nós poderíamos usar uma grande soma de dinheiro se o tivéssemos. Não deveríamos desencorajá-los? E já foram feitas algumas tentativas alarmantes, em solicitações públicas, de dinheiro, em nome dos A.A. Poucos A.A. imaginarão aonde tal conduta nos levaria. De vez em quando recebemos ofertas de dinheiro de fontes “a favor ou contra o uso do álcool”. Isto é, evidentemente, perigoso. Devemos nos afastar desta controvérsia desastrosa. De vez em quando, os pais de um alcoólico, cheios de gratidão, querem fazer um grande donativo. Será isto bom para ele e para nós? Não nos sentiríamos em, débito com ele, e não pensaria ele, especialmente se fosse um novato, que havia comprado um bilhete para um destino feliz, a sobriedade?

Não seriamos, de modo algum, capazes de por em dúvida a generosidade desses doadores. Porém, é aconselhável aceitar as suas doações? Ainda que haja poucas exceções, compartilho da opinião dos A.A. mais antigos que a aceitação de grandes donativos, venham de onde vierem, é muito discutível e quase sempre é uma politica perigosa. De fato, o clube que luta pela existência pode necessitar, permanentemente, um donativo ou um empréstimo. Mesmo assim, é melhor que o paguemos, conforme possamos. Nunca devemos deixar que qualquer vantagem imediata, mesmo atrativa, não nos faça ver que estamos criando um desastroso precedente para o futuro. A disputa de dinheiro e propriedade arruinou, muitas vezes, melhores sociedades do que a nossa de alcoólicos temperamentais.

É com a mais profunda gratidão e satisfação que eu vos relato agora uma recente resolução que passou pelo nosso comitê de serviços gerais, o Conselho da Fundação Alcoólica, que é o guarda dos fundos dos A.A. Como norma, eles resolveram rejeitar todos os presentes que impliquem na

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mínima obrigação. E, ainda, que a Fundação Alcoólica não aceitará nenhum tributo de origem comercial. Como a maior parte dos leitores sabe, fomos procurados por várias companhias cinematográficas, acerca da possibilidade de fazer um filme sobre os A.A. Naturalmente, falou-se em dinheiro. Porém, nosso Conselho foi da opinião de que os A.A. nada têm para vender; que todos nós desejamos evitar o comercio, e que, em qualquer caso, os A.A., de modo geral, se mantêm.

A meu ver, isto é uma decisão de grande importância para o nosso futuro – um grande passo no caminho certo. Quando tal atitude, com relação ao dinheiro, tornar-se universal, teremos finalmente nos afastado da rocha de ouro traiçoeira, chamada materialismo.

Nos anos futuros, os A.A. farão frente a uma grande prova – sua prosperidade e sucesso. Eu acho que isto se evidenciará como a maior de todas as experiências. Podemos afirmar que o tempo e as circunstancias podem bater sobre nós em vão. Nosso destino estará seguro!

N. T. - No rodapé desta página lê-se: A BOA VONTADE, A HONESTIDADE E

UMA MENTALIDADE SEM PREVENÇÕES, são essenciais para a recuperação.

HOSPITALIZAÇÃO ADEQUADA... UMA GRANDE NECESSIDADE

Apesar da eficácia geral do programa dos A.A., muitas vezes necessitamos da ajuda de agencias amistosas fora dos A.A. Conquanto mais de um alcoólico tenha vencido seu vicio sem auxilio medico, e que alguns de nós sejam de opinião que o método “cortar de uma vez” é melhor, a maioria dos A.A. é de opinião que o novo membro, cujo caso é bastante serio, tem muito mais oportunidade de alcançar o grau se for bem hospitalizado no principio. A finalidade primaria da hospitalização não é privar o alcoólico do trabalho de tornar-se são; sua finalidade verdadeira é coloca-lo em estado de maior receptividade ao nosso programa A.A. É um reconhecimento de que ele necessita de ajuda, de que seu vicio é incontrolável; de que ele não pode completar a tarefa sozinho. A hospitalização, muitas vezes, é o acontecimento que ilumina o caminho à aceitação de toda essa importante 1ª Etapa. “Admitimos que não tínhamos força sobre o álcool – que nossas vidas tinham-se tornado descontroladas”. Em cada ano que passa, verificamos, cada vez mais, a imensa importância de apresentar adequadamente o programa a cada novo alcoólico, que está disposto a nos escutar. Muitos de nós acham que isto é a nossa maior obrigação para com ele e o não fazê-lo, a nossa maior falta. A diferença entre uma boa e uma má aproximação pode significar vida ou morte, para aqueles que procuram nosso auxilio. Cada vez mais, os grupos A.A. estão adotando a ideia do “Padrinho”. Cada novo membro é encaminhado a um membro A.A. moderado, sob cuja proteção ele fica durante seu curto período de adaptação ao nosso modo de vida. O “Padrinho” ajuda a fazer os preparativos no hospital, leva o doente para lá,. Visita-o frequentemente e providencia para que ele seja visitado por outros A.A., cujas experiências podem ser de grande utilidade.

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Assim, tiramos as seguintes conclusões desta vasta experiência: Esta hospitalização é, em muitos casos, imperativa e porque o hospital proporciona uma base tão firme para um bom “Padrinho” que é mesmo desejável nos casos menos sérios. Eles definitivamente terão melhores oportunidades se forem hospitalizados. Enquanto abordamos este tema devemos notar que todos os esquemas do grupo, para financiar as despesas do hospital para os companheiros, fracassaram. Não só muitos dos empréstimos deixam de ser pagos, mas sempre há, no grupo, a questão de quais são os que merecem o primeiro lugar. Em outros casos os grupos A.A., forçados pela necessidade de auxílio médico, iniciaram campanhas públicas de levantamento de dinheiro para construir “hospitais dos A.A.” em suas comunidades. Quase invariavelmente, estes esforços são infrutíferos. Estes grupos não pretendem apenas entrar no ramo de hospital, mas também de financiar suas aventuras, pedindo ao público em nome de A.A. Instantaneamente todas as espécies de dúvidas são geradas; os projetos submergem. Os A.A. conservadores verificam que as aventuras comerciais ou solicitações que levam sua sanção, são, de fato, perigosas para os A.A. Se isto se tornasse prática geral tudo estaria perdido. Outras perspectivas promissoras para boa hospitalização e de preço razoável estão em vista. Estes são os diversos hospitais gerais que continuam a abrir suas portas para nós. Muito cedo na história dos A.A., hospitais católicos, em algumas cidades do interior, viram a nossa necessidade e acolheram-nos, indiferentes à denominação. Seus exemplos levaram outras instituições religiosas a procederem de modo idêntico, pelo que somos profundamente reconhecidos. Recentemente, outros hospitais particulares ou semi-particulares começaram a demonstrar grande interesse. Às vezes eles chegam ao ponto de dividir enfermarias para uso dos A.A., só admitindo alcoólicos sob nossa recomendação, dando-nos privilégios de visitas e preços muito razoáveis. Acordos desta espécie, já em funcionamento, foram tão satisfatórios, para os hospitais e para os A.A., que muitas destas instituições tornar-se-ão ativas brevemente. Nestas situações, não participamos da direção do hospital. Oferecem-nos privilégios especiais em troca de nossa cooperação. Enquanto que os A.A. tradicionalmente não exerçam nenhuma pressão politica ou “promocional”, podemos como indivíduos, mostrar nossa grande necessidade de hospitalização suficiente a todos que se interessem, frisando, naturalmente, que se bem que acreditemos ser a hospitalização, primariamente, um problema médico, a ser resolvido pelas comunidades e pelos médicos, nós, os A.A., gostaríamos de cooperar com eles de qualquer maneira possível.

PERIGOS EM UNIR OS A.A. A OUTROS PROJETOS Nossas experiências A.A. levantaram a seguinte série de importantes, porém não resolvidas questões. Primeiramente: devem os A.A., como um todo, lançar-se no campo externo da hospitalização, pesquisa e educação não contenciosa (N.T.: incerta, duvidosa.) do álcool? Segundo: está um A.A. agindo estritamente como um individuo, justificando, ao levar sua experiência e conhecimento a tais empresas? Terceiro: se um membro dos A.A. aceita estas faces do problema do álcool, sob quais condições deve ele trabalhar? Podemos dizer que tanto aos A,A,, em conjunto, como a qualquer dos seus grupos, é livre, exercer outra atividade que não seja as dos A.A. Como grupos, não podemos endossar, financiar ou formar uma aliança com qualquer outra causa, mesmo sendo boa; não podemos unir o nome dos

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A.A. a quaisquer outras empresas no campo alcoólico, ao ponto que o público tenha a impressão de que abandonamos nossa única aspiração. Devemos sim, desencorajar nossos membros e nossos amigos nesses campos de ressaltar o nome de A.A. em publicidade ou em apelos financeiros. Agir de outro modo será pôr em perigo nossa unidade, quando, manter essa unidade, é, precisamente, nossa maior obrigação para com os nossos irmãos alcoólicos e para com o público em geral. Achamos que a experiência já tornou estes fatos evidentes. Já que penetramos num campo mais discutível, devemos perguntar a nós próprios, como indivíduos, se devemos levar nossa experiência especial para outras fases do problema alcoólico. Não devemos tudo isto à sociedade, e pode isto ser feito sem envolver os A.A. em geral? Parece-nos que alguns de nós devem atender chamadas de outros campos. E aqueles que necessitam unicamente lembrar, do princípio ao fim, que são A.A.? Que nas suas novas atividades são unicamente individuais? Isto significa que eles respeitarão o princípio do anonimato na imprensa? Que se eles aparecerem perante o público em geral não se dirão A.A.? que eles não pedirão dinheiro nem buscarão publicidade, usando sua qualidade de membro dos A.A.? Estes simples princípios de conduta, se aplicados conscientemente, podem, em breve, dissipar todo receio razoável ou não, que muitos A.A., no momento, nutrem. Em tal base, os A.A. em conjunto podem permanecer ainda desconfiando de qualquer coisa não contenciosa, procurando escrever uma página mais brilhante, nas crónicas obscuras do alcoolismo. Em resumo, estamos certos de que a nossa politica, em relação a projetos externos, será a seguinte: os A.A. não esboçam projetos em outros campos. Porém, se estes projetos forem construtivos e não contenciosos, os membros dos A.A. podem empenhar-se com eles, se agirem apenas como indivíduos. Talvez seja isto. Devemos tentá-lo?

TERÃO OS A.A. SEMPRE UM GOVERNO PESSOAL? A resposta para esta pergunta é quase, invariavelmente, “não”. Este é o veredicto claro de nossa experiência. Para começar, cada A.A. tem sido um individuo que, devido ao seu alcoolismo, poucas vezes pode governar-se a si próprio. Nem poderia qualquer outro ser humano, governar a obsessão para beber, seu desejo de ter as coisas ao seu modo. Há muito que famílias, amigos, empregadores, médicos, sacerdotes e juízes tentam disciplinar os alcoólicos. Quase sem exceção, o fracasso em conseguir qualquer coisa pela pressão, tem sido completo. Mesmo assim, nós, os alcoólicos, podemos ser dos A.A., e com prazer, nos submetemos à vontade de Deus. Por isso, não se deve estranhar que uma única autoridade real, entre os A.A. é a do Principio Espiritual. Não é nunca uma autoridade pessoal. Mesmo agora, sóbrios, possuímos vestígios da forte ressaca destas características pessoais, as quais nos fizeram resistir à autoridade. Nisto provavelmente há uma sugestão para nossa carência de governo pessoal nos A.A.: sem honorários, sem obrigações, sem normas e regulamentos, não se exige que os alcoólicos se conformem com os princípios de A.A. Ninguém é posto em autoridade pessoal, acima de outro. Mesmo sem ser puros, nossa aversão à obediência garante-nos a liberdade do domínio pessoal de qualquer espécie. Nós nos conformamos porque queremos.

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A maior parte dos grupos A.A. resolveram seguir “12 Pontos para Assegurar Nosso Futuro”. Os grupos estão dispostos a evitar controvérsias sobre assuntos externos como: politica, reforma ou religião; eles se prendem ao seu único objetivo, que é ajudar a recuperação dos alcoólicos; eles cada vez mais, confiam na automanutenção, do que na caridade externa. Mais e mais eles persistem na modéstia e anonimato, em suas relações publicas. Os grupos dos A.A. seguem nestes princípios, pela mesma razão que um individuo dos A.A. segue as “12 Etapas para a Recuperação”. Os grupos, em breve, verão que a fidelidade à nossa tradição e experiência, é o fundamento para uma vida de grupos mais feliz e mais efetiva e eles sentem que se desintegrariam se não a seguissem. Em parte alguma dos A.A. pode ser vista qualquer autoridade humana que possa obrigar um grupo A.A. a fazer algo. Alguns grupos A.A., por exemplo, escolhem os seus orientadores. Porém, mesmo com tal mandato, cada orientador logo conclui que enquanto ele puder guiar pelo exemplo e persuasão, nunca deve impor senão, no momento das eleições ele será posto de lado. A maioria dos grupos A.A. nem sequer escolhe os seus chefes. Eles preferem comitês de rodizio para cuidar dos seus assuntos simples. Estes comitês são invariavelmente julgados como empregados – eles têm apenas a autorização de servir, nunca de mandar. Cada comitê realiza o que ele pensa ser o desejo do grupo. Isto é tudo. Mesmo assim, os comitês tentavam disciplinar os membros indisciplinados, ainda que, eles, algumas vezes, tivessem elaborado normas pormenorizadas e regulamentos e, de vez em quando, se colocado mesmo como juízes da moral dos outros; não nos recordamos de caso algum em que tais empenhos tenham proporcionado efeito durável, exceto a eleição de um comitê completamente novo. O poder pessoal sempre falhou. Posso ver um sorriso dos meus amigos A.A. mais velhos. Eles estão lembrando os tempos em que também sentiam o chamado poder para “salvar o movimento A.A.” de uma ou outra coisa. Porém, seus dias de bancarem os Fariseus, passaram. Assim, as pequenas máximas: “Devagar se vae ao longe – e deixe o barco correr”, tornaram-se significativas para eles e para mim. Assim, todos aprendemos que nos A.A. cada um de nós só pode ser um empregado.

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OS 12 PASSOS São estes os passos que demos e que são sugeridos como um PROGRAMA DE REERGUIMENTO:

1) Reconhecemos sermos impotentes contra o Álcool – e que não podíamos mais conduzir nossas vidas.

2) Chegamos á conclusão de que um poder mais forte do que nós poderia restaurar nossa sanidade metal.

3) Tomamos a decisão de entregar nossa vontade e a nossa vida aos cuidados de DEUS, como cada um de nós o concebia.

4) Fizemos um inventário moral minucioso e desassombrado de nós mesmos.

5) Reconhecemos perante DEUS, perante nós e perante uma terceira pessoa a natureza exata de nossos erros.

6) Estávamos inteiramente prontos a permitir que DEUS removesse estes defeitos de caráter.

7) Rogamos humildemente a DEUS para remover nossas falhas.

8) Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem causamos mal, e nos prontificamos a fazer tudo para retificarmos o mal feito a todos.

9) Retificamos imediatamente o mal feito a tais pessoas, quando isto era possível, excetuando somente os casos em que isto causaria transtornos a nós mesmos ou a terceiros.

10) Mantivemos o regime de tomada de um inventário pessoal, e quando verificávamos estar errados reconhecíamos imediatamente a nossa culpa.

11) Procuramos por intermédio de orações e de meditação melhorar o contato com DEUS, como cada um o concebia, rogando somente conhecimento de SUA vontade para conosco, e de força bastante para cumprir esta vontade.

12) Tendo passado por uma experiência espiritual em resultado do cumprimento destes PASSOS, procuramos transmitir estes preceitos a outros alcoólicos, e praticá-los em todos nossos atos.

(Fim da Transcrição)