67882151 sensivel olhar pensante

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O sensível olhar - pensante: premissas para a construção de uma pedagogia do olhar Miriam Celeste Martins MARTINS, Mirian Celeste. O sensível olhar pensante: premissas para a construção de uma pedagogia do olhar. São Paulo: Arteunesp, 1993.

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  • O sensvel olhar - pensante: premissas

    para a construo de uma pedagogia

    do olhar

    Miriam Celeste Martins

    MARTINS, Mirian Celeste. O sensvel olhar pensante: premissas para a construo

    de uma pedagogia do olhar. So Paulo: Arteunesp, 1993.

  • Do que o texto O sensvel olhar-

    pensante... fala?

    Qual foi a motivao que fez com que a

    autora escrevesse esse texto?

  • No caso da obra Ronda noturna de

    Reembrant o que a autora nos narra? O

    que ela viu e no viu na obra? O que o

    escrito de Merleau-Ponty fez, provocou

    nela? A que concluso ela chegou?

  • A mo que aponta para ns em

    A ronda noturna est

    verdadeiramente ali, quando a

    sua sombra no corpo do capito

    no-la apresenta simultaneamente

    de perfil. No cruzamento das duas

    vistas incompossveis, e que

    no entanto esto juntas, fica a

    espacialidade do capito...

    Para v-la, a ela, no era preciso

    v-lo, a ele.

    Merleau-Ponty (1975)

  • O texto fala de uma rea especfica: Arte

    Porm, possvel pensarmos que

    outras reas, como o design, precisa

    tanto quanto a arte de um olhar atento,

    investigador e disponvel para ver mais

    profundamente aquilo que se d a ver.

  • E qual o nosso jeito de olhar?

    At que ponto no decorrer de nossas

    vidas fomos convidados a entrar em

    contato com designs, obras de arte,

    arquiteturas, paisagens...?

    At que ponto fomos estimulados, ou

    mesmo nos permitiram encontrar

    significaes atravs de um olhar sensvel

    e sensibilizado?

  • Mas em que grau de profundidade

    olhamos para o mundo?

    Ns nem sempre olhamos o que vemos...

  • Se formos a um museu ou galeria de arte

    e nos entregarem um catlogo da

    exposio logo na entrada que explica

    todas as peas que se encontram ali, o

    que geralmente fazemos?

    Ns frumos as peas expostas?

  • Como tiraremos as amarras que nos

    levam a ver as coisas do mundo com

    olhar comum, pr-formatado?

  • Vamos nos convidar a olhar as

    cores, as formas, as texturas, o espao do mundo que enchem os

    nossos olhos para olharmos de um

    jeito novo o j visto.

  • Olhar perceber diferenas

    ... e no apenas o homogneo

    ... o bonito

    ... o que compreendemos

    (Gibon, 1974)

    O olhar pensa, viso feita interrogao

    (Cardoso, 1984)

  • O olhar pensante procura formas de

    olhar. Procura no prprio objeto a

    forma de o compreender. Percebe as

    diferenas do que j conhece.

    Estabelece semelhanas e diferenas

    (e no apenas soma conhecimentos)

  • 1) quebrar as amarras de um olhar comum

    2) procurar conscientemente a prpria forma de olhar

    3) exercitar a busca de ngulos novos

    4) construir novas relaes

    5) procurar ter um olhar de pensamento divergente

  • E, PRINCIPALMENTE:

    Para conquistar esse olhar pensante,

    que a autora fala, tm-se que primeiro

    perceber a frma do olhar superficial,

    preconceituoso, simplrio e

    reducionista.

  • Como vocs pensam em

    trabalhar tal questo, em

    exercitar?

  • Ns e o Outro: encontros [e desencontros]

    Toda vez que vamos analisar, ler, apreciar algo,

    seja uma obra de arte, uma pea de design, um

    interior, uma arquitetura etc.,

    refletimos, atravs da obra do outro, sobre o

    nosso olhar que olha o olhar do outro. Olhamos o

    nosso olhar - impregnado - sobre o olhar do outro,

    que olha o mundo.

    o encontro de ns com o outro.

  • Afinal, os objetos colocados no mundo

    so registros do sensvel olhar

    pensante do outro.

    O olhar do indivduo sobre o mundo,

    olhar que no envolve s a viso, mas

    cada partcula de sua individualidade

    est profundamente colada sua

    histria, sua cultura, ao seu tempo e

    ao seu momento especfico de vida.

  • O olhar de quem produz algo e daquele que olha o que o outro produziu, so fruto de

    uma histria pessoal e nica de vida vivida

    em meio a uma determinada sociedade e

    sua cultura, em determinada poca,

    vinculado sua prpria idade, com seu

    prprio modo de ver. Este repertrio

    individual envolve tambm, alm dos

    conhecimentos especficos, os valores

    estticos, filosficos, ticos, polticos,

    assim como a ideologia do indivduo, do

    grupo ou da classe.

  • Alm de um objeto refletir como espelho

    o olhar de quem a criou, ela tambm

    reflete, como novo espelho, o olhar de

    quem a v. S posso ver na obra o que

    encontra eco em mim...

  • Aprender a ver significa perceber

    significativamente as diferenas, gerando

    relaes entre variedades complexas.

    Qualidades passam a ser definidas. Formas,

    texturas, superfcies e cores tornam-se

    especficas. Movimentos, direes,

    tamanhos e distncias, propriedades como

    dentro e fora, compatibilidade, simetria,

    oposio e continuidade so reconhecidos,

    assim como objetos, sujeitos,

    acontecimentos e situaes.

  • No podemos apenas, como na

    experincia da autora em relao

    obra Ronda noturna, nos

    satisfazermos com um conhecimento

    vindo de fora. Temos que investigar os

    objetos a partir de seus significantes

    para que por meio deste chegarmos ao

    seu significado!

  • No aprendemos a ter percepes, mas a

    diferenci-las.

    neste sentido que aprendemos a ver.

    (olhar!!!)

  • LEITURAS

    Para Pareyson, ler significa executar, e executar significa fazer com

    que a obra viva de sua prpria vida, torn-la presente na plenitude

    de sua realidade sensvel e espiritual. Essa execuo, que cabe

    vrias reas, apresenta-se em trs aspectos: a decifrao, a

    mediao e a realizao.

    A decifrao: o olhar reconstri a realidade viva da obra,

    multiplicando as perspectivas, escolhendo os pontos de vista,

    dando maior relevo a certas linhas do que a outras, notando os tons

    e as relaes, os contrastes, os relevos e as sombras, as luzes, em

    suma, dirigindo, regulando e operando a viso.

    A mediao: pode ou no dispensar a figura de um mediador

    (diretor do museu, curador de uma exposio, um professor, um

    autor etc.), que sugere o ponto de vista de onde se deve olhar.

  • A realizao: a reconstruo da obra, fazendo-a viver a sua prpria vida. Executando-a. no se tem acesso obra executando-a ... no

    consegue ler a poesia quem, ao l-la, no a sonoriza interiormente,

    isto , no a profere dentro de si.

    cada verdadeira leitura como um convite a

    reler, porque a obra de arte tem sempre alguma

    coisa de novo a dizer, e seu discurso sempre

    novo e renovvel, a sua mensagem exaurvel (Pareyson, 1984)