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Dulce Maria Bedin

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  • III Mostra de Pesquisa da Ps-Graduao PUCRS, 2008

    III Mostra de Pesquisa da Ps-Graduao

    PUCRS

    Integralidade no SUS e Sade Mental

    Dulce Maria Bedin, Dra. Helena Beatriz K. Scarparo (orientadora)

    Programa de Ps-Graduao em Psicologia, Faculdade de Psicologia, PUCRS.

    Introduo

    A questo da sade mental, inserida no contexto do Sistema nico de Sade SUS,

    est marcada pela busca da construo de novos modelos de ateno influenciados pelo

    movimento da reforma psiquitrica (AMARANTE, 2001). Esse um modelo bastante audaz,

    no s por prever aes intersetoriais e trabalhos interdisciplinares (BUSS, 2000 e MINAYO,

    ET al. 2000) de forma a alcanar um timo nvel de qualidade de vida para as famlias e

    grupos, mas tambm por seu amplo objetivo, que o da promoo da sade integralmente.

    Com isso, mostram-se necessrias diversas formas de intervenes, muitas ainda no

    construdas, considerando-se a complexidade das necessidades em sade (BUSS, 2000).

    Conhecida como luta antimanicomial, a reforma psiquitrica comeou no Brasil h

    20 anos, quando ganhou corpo o debate sobre o fim dos hospcios e o tratamento dos

    pacientes fora dos hospitais. A inspirao foi o modelo definido pelo italiano Franco Basaglia

    que, em 1961, assumiu a direo do Hospital Psiquitrico de Gorizia e transformou o

    manicmio em uma comunidade teraputica, com princpios humanistas. O modelo se

    espalhou pelo mundo. H 18 anos, foi apresentado projeto de lei propondo uma nova poltica

    de sade mental, a qual s foi estabelecida legalmente em 2001, com a lei 10.216, que protege

    os direitos dos doentes e redireciona o modelo assistencial (AMARANTE, 2001).

    De acordo com Furtado (2006) os esforos para superao da lgica da internao

    como nica abordagem doena e ao doente mental, devero implicar na constituio,

    consolidao e expanso de uma rede de aes e servios substitutivos a essas prticas

    hegemnicas.

    A proposta do Ministrio da Sade (BRASIL, 2004b) que a sade mental no SUS

    seja organizada a partir dos Centros de Ateno Psicossociais CAPS, considerando que

  • III Mostra de Pesquisa da Ps-Graduao PUCRS, 2008

    estes centros estejam em contato com os outros servios territorializados da rede construindo

    em conjunto as novas formas de cuidado.

    Com relao Sade Mental na ateno primria, o Ministrio da Sade (BRASIL,

    2005), aponta a importncia da integralidade da ateno sade e constata que as equipes de

    Ateno Bsica, cotidianamente, se deparam com problemas de sade mental. Considera que,

    por sua proximidade com famlias e comunidades, essas equipes se apresentam como um

    recurso estratgico para o enfrentamento de diversos problemas nesta rea, como o uso

    abusivo de lcool, drogas e diversas outras formas de sofrimento psquico. Alm disso,

    entende que existe um componente de sofrimento subjetivo associado a toda e qualquer

    doena, s vezes atuando como entrave adeso a prticas preventivas ou de vida mais

    saudveis [...] todo problema de sade tambm e sempre de sade mental, e que toda

    sade mental tambm e sempre produo de sade (p.33).

    Avaliando que muitas vezes as equipes no se encontram preparadas para lidar com o

    tema, o Ministrio da Sade (BRASIL, 2005) tem estimulado a expanso de diretrizes que

    incluam a dimenso subjetiva dos usurios nas aes da ateno bsica, como uma forma de

    responsabilizao em relao produo da sade, busca da eficcia das prticas e

    promoo de eqidade, da integralidade e da cidadania num sentido mais amplo (p. 34),

    criando uma rede de cuidados em sade mental que se estruture a partir da Ateno Bsica,

    obedecendo ao modelo de redes de cuidado de base territorial e buscando o estabelecimento

    de vnculos e acolhimento.

    Apesar de todas essas proposies, temos nos deparado com algumas questes prticas

    que merecem sria considerao. Atualmente, muitas parcelas da sociedade esto

    desassistidas. Furtado (2006) aponta que dentre os 572 Caps existentes no Brasil, 41

    acompanham egressos de longas internaes em Servios Residenciais Teraputicos SRTs1,

    ou seja, 6,7% dos mesmos. Percentual pequeno para servios considerados estratgicos na

    organizao da rede de cuidados (BRASIL, 2004b).

    Portanto, buscarei com este trabalho conhecer em profundidade como esto

    estruturados os CAPS e os SRT em Porto Alegre/RS; buscando compreender melhor que

    prticas desenvolvem, enfatizando que relaes a gesto estabelece com essas aes.

    1 Cabe lembrar aqui que os SRTs aparecem como alternativas de moradia para um grande contingente de pessoas que esto internadas h anos em hospitais psiquitricos por no contarem com suporte adequado na comunidade (BRASIL, p.05, 2004a).

  • III Mostra de Pesquisa da Ps-Graduao PUCRS, 2008

    Ainda, mais especificamente, procurarei investigar junto aos servios quais os

    avanos, desafios e retrocessos identificados na forma de trabalho atual, propondo discusses

    interdisciplinares e intersetoriais sobre o tema.

    Metodologia

    - Pesquisa qualitativa;

    - Entrevista semi-estruturada com cada gestor dos servios.

    - Grupos focais com cada equipe e por fim um grupo focal com representantes de cada servio

    pesquisado.

    - Analisar de forma integrada os achados.

    Participantes da Pesquisa

    Trabalhadores dos CAPS e SRT de Porto Alegre/RS.

    Resultados (ou Resultados e Discusso) e Concluso

    Imagina-se que o trabalho possibilitar a ampliao das discusses sobre: novas formas de

    ateno em sade mental; redes de sade; necessidade de intensificao de aes

    interdisciplinares e mapeamento das polticas sociais de cuidado e promoo de vida.

    Referncias

    AMARANTE P. Loucos pela vida: a trajetria da reforma psiquitrica no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2001. BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. DAPE. Coordenao Geral de Sade Mental. Reforma psiquitrica e poltica de sade mental no Brasil. Documento apresentado Conferncia Regional de Reforma dos Servios de Sade Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Braslia, novembro de 2005. ________. Residncias Teraputicas: o que so, para que servem. Secretaria de Ateno Sade, Departamento de Aes Programticas Estratgicas, Coordenao Nacional de Sade Mental; 2004a. ________. Sade mental no SUS: os centros de ateno psicossocial. Secretaria de Ateno Sade, Departamento de Aes Programticas Estratgicas, Coordenao Nacional de Sade Mental; 2004b. ________. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dirio oficial da Unio, Braslia, 20.9.1990. BUSS, PM. Promoo da sade e qualidade de vida. Cincia & Sade Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5 (1): 163-177, 2000. CAMPOS, Gasto Wagner de Sousa. Sade pblica e sade coletiva: campo e ncleo de saberes e prticas. Cincia & Sade Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p.219-230, 2000. CAMPOS, Gasto Wagner de Sousa; DOMITTI, Ana Carla. Apoio matricial e equipe de referncia: uma metodologia para gesto do trabalho interdisciplinar em sade. Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, 2007. FURTADO, Juarez Pereira. Avaliao da situao atual dos Servios Residenciais Teraputicos no SUS. . Cincia & Sade Coletiva. Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, 2006. MINAYO, MCS; HARTZ, ZMA, BUSS, PM. Qualidade de vida e sade: Um debate necessrio. Cincia & Sade Coletiva. Rio de Janeiro, v. 5 (1): 7-17, 29-31, 2000.