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ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 266 AS ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO Evandro La Macchia 1 Julio Cesar Wasserman 2 Jacob Binsztok 3 Gilson Brito Alves Lima 4 Resumo. Este artigo trata da questão da internacionalização das empresas da indústria de petróleo no Brasil. O tema analisado ganha maiores dimensões nas discussões, quando do advento das descobertas nas áreas de fronteiras exploratórias do pré-sal. O artigo cita que, em futuro breve, as referidas descobertas colocarão a indústria de petróleo brasileira e o seu maior representante, a Petrobrás, em uma posição de grande exportador líquido de óleo cru, o energético na forma de matéria prima bruta. A questão que se quer levantar é se este modelo exportador de matérias primas bruta ou semiacabadas, predominante na história do Brasil desde o seu descobrimento, será benéfico para o país ou mesmo para o maior ícone da indústria nacional de petróleo, a Petrobras. Também será feita uma análise de outras empresas, suas estratégias e forma de operação, empresas de outras nacionalidades, de capital estatal e privado, internacionalizadas desde o seu nascimento ou em francos processos de internacionalização, onde a atuação em países diferentes das suas sede será, ou passou a ser, objetivo a ser perseguido por suas organizações. Finalmente será analisado uma iniciativa de internacionalização, que foi a aquisição de 87,5% de participação da ExxonMobil na empresa japonesa, NSS Nansei Sekiyu KK, pela Petrobras em 2008. A empresa adquirida tem em seu portfólio de ativos, uma refinaria, um terminal de armazenagem e um porto composto por três atracadouros e uma monobóia para barcos do tipo VLCC (Very Large Crude Carriers). A aquisição de empresa com operação no Japão por empresa de capital Latino Americano foi inédita na história daquele país. Palavras-chave: Estratégia de Empresa. Indústria de Petróleo. Internacionalização. Fusões e Aquisições. Abstract: This article addresses the issue of internationalization of companies in the oil industry in Brazil. The subject analyzed gaining ground in discussions of this industry, when the advent of new discoveries in the areas of exploration frontiers, the areas of pre- salt. It seems to be approaching a future where new discoveries bring the Brazilian oil industry, notably its highest representative and almost totally dominant, Petrobras, in a position of net exporter of raw crude oil. The question that want to raise here is whether this model of exporting raw materials or semi-finished materials, predominantly in Brazil's history since its discovery, will be of benefit to the country or even for the greatest icon of national oil industry, Petrobras. Analysis will also be made of other companies, strategies and mode of operation, companies from other countries, state and private capital, internationalized since birth or in francs internationalization processes, where the operations in different countries of these headquarters are the objective of their organizations. Finally will be studied one case of internationalization initiative, which was the acquisition of 87.5% stake in the Japanese company ExxonMobil, NSS Nansei Sekiyu KK by Petrobras in 2008. The NSS have a refinery, storage terminal and port which included a point for VLCC (Very Large Crude Carrier). The acquisition of a Japanese 1 Rede UFF de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (REAMDS-UFF), Universidade Federal Fluminense. e-mail: [email protected] 2 Rede UFF de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (REAMDS-UFF), Departamento de Análise Geoambiental, Universidade Federal Fluminense. e-mail: [email protected] 3 Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense. e-mail: [email protected] 4 Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Gestão, Universidade Federal Fluminense. email: [email protected].

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  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 266

    AS ESTRATGIAS DE INTERNACIONALIZAO DA INDSTRIA DO PETRLEO

    Evandro La Macchia

    1

    Julio Cesar Wasserman2

    Jacob Binsztok3

    Gilson Brito Alves Lima4

    Resumo. Este artigo trata da questo da internacionalizao das empresas da indstria de

    petrleo no Brasil. O tema analisado ganha maiores dimenses nas discusses, quando do

    advento das descobertas nas reas de fronteiras exploratrias do pr-sal. O artigo cita que,

    em futuro breve, as referidas descobertas colocaro a indstria de petrleo brasileira e o

    seu maior representante, a Petrobrs, em uma posio de grande exportador lquido de leo

    cru, o energtico na forma de matria prima bruta. A questo que se quer levantar se este

    modelo exportador de matrias primas bruta ou semiacabadas, predominante na histria do

    Brasil desde o seu descobrimento, ser benfico para o pas ou mesmo para o maior cone

    da indstria nacional de petrleo, a Petrobras. Tambm ser feita uma anlise de outras

    empresas, suas estratgias e forma de operao, empresas de outras nacionalidades, de

    capital estatal e privado, internacionalizadas desde o seu nascimento ou em francos

    processos de internacionalizao, onde a atuao em pases diferentes das suas sede ser,

    ou passou a ser, objetivo a ser perseguido por suas organizaes. Finalmente ser analisado

    uma iniciativa de internacionalizao, que foi a aquisio de 87,5% de participao da

    ExxonMobil na empresa japonesa, NSS Nansei Sekiyu KK, pela Petrobras em 2008. A

    empresa adquirida tem em seu portflio de ativos, uma refinaria, um terminal de

    armazenagem e um porto composto por trs atracadouros e uma monobia para barcos do

    tipo VLCC (Very Large Crude Carriers). A aquisio de empresa com operao no Japo

    por empresa de capital Latino Americano foi indita na histria daquele pas.

    Palavras-chave: Estratgia de Empresa. Indstria de Petrleo. Internacionalizao. Fuses

    e Aquisies.

    Abstract: This article addresses the issue of internationalization of companies in the oil

    industry in Brazil. The subject analyzed gaining ground in discussions of this industry,

    when the advent of new discoveries in the areas of exploration frontiers, the areas of pre-

    salt. It seems to be approaching a future where new discoveries bring the Brazilian oil

    industry, notably its highest representative and almost totally dominant, Petrobras, in a

    position of net exporter of raw crude oil. The question that want to raise here is whether

    this model of exporting raw materials or semi-finished materials, predominantly in Brazil's

    history since its discovery, will be of benefit to the country or even for the greatest icon of

    national oil industry, Petrobras. Analysis will also be made of other companies, strategies

    and mode of operation, companies from other countries, state and private capital,

    internationalized since birth or in francs internationalization processes, where the

    operations in different countries of these headquarters are the objective of their

    organizations. Finally will be studied one case of internationalization initiative, which was

    the acquisition of 87.5% stake in the Japanese company ExxonMobil, NSS Nansei Sekiyu

    KK by Petrobras in 2008. The NSS have a refinery, storage terminal and port which

    included a point for VLCC (Very Large Crude Carrier). The acquisition of a Japanese

    1Rede UFF de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel (REAMDS-UFF), Universidade Federal

    Fluminense. e-mail: [email protected] 2Rede UFF de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel (REAMDS-UFF), Departamento de Anlise

    Geoambiental, Universidade Federal Fluminense. e-mail: [email protected] 3Programa de Ps-Graduao em Geografia da Universidade Federal Fluminense. e-mail:

    [email protected] 4Programa de Ps-Graduao em Sistemas de Gesto, Universidade Federal Fluminense. email:

    [email protected].

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 267

    company with operations in Japan by Latin American company was unprecedented in that

    country.

    KeyWords: Company Strategy. Oil Industry. Internationalization. Mergers and

    Acquisitions.

    1. INTRODUO

    Desde o perodo colonial o Brasil

    tem tido suas atividades econmicas

    relacionadas a operaes internacionais,

    seja no escoamento de riquezas para

    Portugal, seja nos processos de

    exportao com finalidade de equilibrar

    balanas comerciais. Inicialmente, o pas

    teve como principal atividade econmica

    a exportao de matrias primas bruta

    como as madeiras, os minrios diversos e

    o acar. Este ltimo que, atravs de

    processo de beneficiamento primrio nos

    conhecidos engenhos, foi e continua

    sendo, um dos principais produtos de

    pauta de exportao e consequente

    atuao internacional. Conforme cita

    Bueno (2010),o ingresso do Brasil no

    cenrio mundial de comercio se deu pela

    cana de acar plantada no litoral

    nordestino e o seu produto semimanu-

    faturado, o acar, que ocupava o lugar

    de destaque na gerao de riqueza da

    nova terra.

    Embora participante do mercado

    internacional, desde o descobrimento, o

    Brasil no conseguiu quebrar

    completamente o modelo de pas

    exportador de matria-prima bruta, como

    mostra a Figura 1, confeccionada a partir

    de estudo do Ministrio do

    Desenvolvimento, Indstria e Comrcio

    Exterior (2013).Apesar de um

    significativo desenvolvimento em

    algumas reas muito especficas como a

    aeronutica, o pas ainda no aprendeu a

    dominar as tecnologias de ponta, sendo

    que os processos mais sofisticados ainda

    precisam ser adquiridos no exterior. Na

    Figura 1 apresentado o perodo de 2003

    a 2012, onde as nossas exportaes so

    constitudas por 60,4% de produtos

    primrios e semimanufaturados. A Figura

    nos mostra que esta posio alcanada em

    2012, o resultado de uma tendncia de

    dez anos de comportamento que vem

    consolidando a posio de exportador de

    commodities. Alm disto, a futura

    ampliao da posio de exportador

    lquido de leo cru agravar a condio

    de exportador de produtos bsicos.

    Figura 1: Exportaes brasileiras por fator agregado entre 2003 e 2012. Fonte: Secretaria

    de Comrcio Exterior do Ministrio do Desenvolvimento, da Indstria e do Comrcio

    Exterior (2013).

    A marca de exportador de

    commodities, na forma de matrias primas brutas, persegue o pas e suas

    empresas h mais de 500 anos e, embora

    se tenha acesso aos mercados

    internacionais desde ento, muito pouco

    se fez no Brasil em termos de esforos

    para a internalizao dos seus produtos.

    como se o pas no conseguisse entrar

    nos mercados propriamente ditos,

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 268

    entregando as matrias primas e produtos

    semi acabados nas suas praias, para que outros agentes, mais sofisticados, as

    beneficiem e as comercializem, auferindo

    assim uma srie de vantagens,

    decorrentes desta forma de se posicionar

    e operar. Neste sentido, o presente artigo

    tem por objetivo, demonstrar que a

    indstria do petrleo deve escapar do

    modelo de mero exportador de matria

    prima, buscando um modelo capaz de

    abranger todo o ciclo de vida dos

    derivados do petrleo. O modelo

    proposto inspirado nas estratgias das

    maiores empresas petroleiras e

    apresentado de forma geral, devendo ser

    adaptado de acordo com as suas

    necessidades.

    2. A INDSTRIA DO PETRLEO

    Analisando os principais atores da

    gigante indstria de petrleo mundial, as

    empresas, os governos e os

    consumidores, vemos que desde os seus

    primrdios pensam e atuam de forma

    internacional.Com o propsito de ilustrar

    a evoluo do mercado do petrleo, no

    que tange as empresas, Yergin (1994)

    observa que nas dcadas de 1870 e 1880,

    a exportao de querosene era

    responsvel por mais da metade de toda a

    produo americana, dos quais pelo

    menos 90% passava pelas operaes da

    Standard Oil, empresa que originou os

    gigantes da indstria petrolfera mundial,

    ExxonMobil e Chevron, organizaes

    classificadas no ranking das maiores do

    mundo em 2013 pela revista Fortune Global 500 (2013), sendo a ExxonMobil

    a terceira maior e a Chevron a dcima

    primeira. Desde seus primrdios, a

    indstria do petrleo j aplicava um

    grande esforo na industrializao dos

    produtos, em detrimento da venda de leo

    cru extrado e produzido de seus prprios

    campos, mesmo que isto significasse

    cruzar fronteiras e instalar suas operaes

    em diferentes pases. Considerando a

    dimenso da indstria de petrleo, a

    busca de mercados externos vista como

    condio natural do negcio. Estas

    empresas pensam e se posicionam de

    maneira diferente da empresa de petrleo

    brasileira no que tange as operaes

    internacionais.

    Atualmente a indstria de petrleo

    mundial a responsvel pelo suprimento

    de aproximadamente 58% do consumo

    primrio de energia global, sendo 33%

    via leo cru e 25% via gs, o que afirma

    a publicao anual da empresa BP

    (2013a)representada na Figura 2. Trata-se

    de uma indstria internacional e global

    pela sua prpria dimenso e dependncia

    mundial dos energticos por ela

    produzidos, beneficiados e distribudos.

    Figura 2: Distribuio do consumo global de energia detalhado por tipo de matriz

    energtica (dado em milhes de toneladas equivalentes). Fonte BP (2013).

    Tendo como uma de suas

    principais caractersticas, desde o

    surgimento desta indstria, a atuao

    internacional, ela possui uma histria de

    atuao de mais de um sculo. Com outra

    forte peculiaridade que vale apena

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    8000

    9000

    10000

    11000

    12000

    13000

    87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

    Carvo

    Renovveis

    Hidroeletricidade

    Energia nuclear

    Gs natural

    Petrleo

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 269

    destacar, as operaes das grandes

    empresas so integradas e verticalizadas.

    Nelas operam de maneira conjunta a

    estrutura de explorao e produo,

    segmento denominado de upstream, e o refino e petroqumica, segmento

    denominado de downstream, sendo que os dois segmentos trabalham de maneira

    integrada. Acrescenta-se aos grandes

    segmentos supracitados, uma logstica

    prpria tambm de dimenses globais, e

    por fim, a distribuio e a

    comercializao, com priorizao aos

    seus prprios produtos. Ou seja, as

    grandes corporaes, produzem sua

    matria prima, as transformam em

    diferentes combustveis, para as mais

    diversas aplicaes e lanam mo de

    sofisticadas redes de logstica para vend-

    los em diferentes mercados. Graas ao

    controle de toda a cadeia produtiva, as

    gigantes do petrleo garantem a maior

    eficincia e eficcia de seu negcio.

    As grandes empresas de

    abrangncia global estruturaram suas

    redes de produo de maneira a dirigir as

    molculas de hidrocarboneto produzidas

    em seus campos para os caminhos de

    maior rentabilidade, sem deixar os

    sistemas internos da empresa. Elas

    definem o que vo produzir, no que diz

    respeito matria prima, determinam

    onde esta matria prima ser processada e

    cuidam da comercializao de forma

    mais otimizada possvel. A fragmentao

    do processo produtivo leva inexorvel

    deteriorao de alguns segmentos cruciais

    para a estruturao de uma empresa,

    tornando-a vulnervel s intempries do

    mercado.

    A caracterstica de operao

    internacional e integrada das grandes

    empresas da indstria do petrleo est

    ligada s prprias caractersticas do

    negcio e so inerentes a ele. Esta

    indstria combina operaes de alto risco

    (a explorao e produo) que podem ser

    caracterizadas como atividades

    semelhantes minerao, com atividades

    de natureza industrial, como o refino e a

    petroqumica. A estas duas cadeias so

    agregados um sistema de logstica e

    distribuio igualmente sofisticados.

    Alm de ser um negcio de alto risco, o

    petrleo demanda alto capital empregado

    e longo perodo de maturao. O tempo

    de maturao, definido como o perodo

    compreendido entre a aquisio de uma

    rea exploratria at a produo do

    primeiro leo pode ser de mais de dez

    anos. O negcio ainda est exposto a

    riscos geolgicos e geofsicos, riscos de

    operaes expostas a intempries da

    natureza, oscilaes de preos domsticos

    e internacionais, ambientes regulatrios,

    riscos contratuais e instabilidades

    polticas e sociais. Gomes e Alves,

    (2007), tratam dos desafios da indstria

    quando citam que muito se falou e se fala

    sobre os tempos de ocorrncia da

    chamada teoria do peakoil, porm muito

    pouco se duvida de que a fase do

    conhecido cheapoil j foi ultrapassada em

    muito. Entramos no sculo XXI j tendo

    passado pelo momento do peak of cheap

    oil.

    O petrleo o meio de energia de

    maior mobilidade at os dias de hoje o

    que o expe, por esta natureza, a questes

    globais. Como cita Yergin (1994), a

    mobilidade do leo foi comprovada na

    disputa entre as armadas alems e

    inglesas na I Grande Guerra Mundial.

    Churchil e Fisher foram bem sucedidos

    quando decidiram pela adaptao da

    Armada Real para os derivados de

    petrleo. Isto deu armada inglesa

    melhor posio competitiva dada a sua

    maior autonomia, maior velocidade e

    reabastecimento mais veloz. Ao contrrio

    a armada alem de alto mar, que no incio

    permaneceu suprida com o carvo e viveu

    srias restries quanto ao seu

    reabastecimento, impondo-lhe limitaes

    quanto autonomia e flexibilidade na

    logstica de reabastecimento. Embora o

    carvo ocupe a segunda posio na oferta

    de energia primria mundial, desde o

    surgimento do petrleo e seus derivados,

    ele vem perdendo participao na referida

    matriz (BP, 2013b).Talvez por esta

    caracterstica, o petrleo supri

    aproximadamente 60% da matriz

    primria de consumo mundial de

    energia(BP 2013a).A nica maneira de se

    proteger um negcio que sofre tantas e

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 270

    intensas influncias globais e locais,

    naturais e competitivas, a sua

    verticalizao e a distribuio do seu

    risco por mais de um pas e por toda a

    cadeia produtiva, ou seja, torn-lo o mais

    global e verticalizado possvel. O termo

    verticalizado se refere estrutura da

    indstria do petrleo, desde a explorao,

    at sua distribuio para os

    consumidores.

    Em uma anlise mais ampla,

    Michael Porter (1999) cita que, a

    estratgia internacional se estabelece na

    capacidade da empresa multinacional de

    conquistar vantagens competitivas

    atravs de uma atuao mundial. Realizar

    uma estratgia global, significa se

    envolver em operaes que ocorrem de

    maneira simultnea em diversos pases,

    buscando-se assim o atingimento de

    economias de escalas, impossveis de

    serem alcanadas em operaes de

    natureza nica domstica ou nacional.

    Outros fatores citados como criadores de

    vantagem competitiva so a capacidade

    desenvolvida de assimilar particulari-

    dades de outros mercados, aprendendo a

    responder a elas; acessos a recursos como

    capital domstico, mo de obra, matria

    prima e tecnologia. Em uma operao

    global tem-se disponvel e pode-se lanar

    mo destas fontes em vrios pases de

    maneira simultnea. Ou seja, se o pas,

    atravs de suas empresas, no cruzar

    fronteiras, estimulando-as a se instalar em

    outros mercados, em busca dos recursos e

    das vantagens competitivas aqui citados,

    seu acesso aos referidos recursos, estar

    limitado por suas prprias fronteiras.

    Esta forma de pensar e agir das

    grandes organizaes desta indstria

    atravessou sculos, e persiste at os dias

    de hoje.A empresa ExxonMobil, afirma

    atravs de seu presidente RexTillerson,

    em seu relatrio pblico anual

    (ExxonMobil, 2013),dirigido aos atuais e

    potencias futuros acionistas da empresa

    que dentre os seus principais diferenciais

    competitivos est o fato da empresa ter

    um portflio balanceado, disciplina nos

    investimentos, tecnologias de alto

    impacto, excelncia operacional e

    operaes integradas globalmente. A

    Figura 3 apresenta o portflio de

    negcios da empresa e ilustra a sua

    estratgia desde o incio do sculo

    passado. Observa-se nesta figura os

    vrios segmentos de negcios integrados

    em diferentes localidades do mundo.

    Em documento semelhante, a

    Shell (2013), explica sobre seu

    diversificado e integrado portflio global,

    relacionando os projetos estratgicos da

    empresa e apresenta no grfico da Figura

    4, as diferentes origens regionais das suas

    receitas. A despeito das incertezas

    econmicas, em 2012 a empresa

    continuou a investir em um diversificado

    portflio de ativos que dar a ela as bases

    para um crescimento sustentvel e de

    longo prazo. Estes ativos incluem grandes

    projetos de explorao e produo, que

    faro frente s demandas futuras e

    crescentes mundiais por energia, aliados a

    um portflio global de refinarias e plantas

    petroqumicas que permitem empresa a

    captao mxima de valor dos recursos

    produzidos em seus campos de petrleo

    espalhados pelo mundo.

    No documento, a empresa ressalta

    ainda, que dentre os itens que lhe do

    fora competitiva, est o fato de ter uma

    operao global e integrada. Vale

    lembrar, que a Shell foi produto da fuso

    da empresa predominantemente de

    explorao e produo de petrleo

    holandesa Royal Dutch (com atuao

    original nas ndias Orientais

    Holandesas)com a Shell, empresa inglesa

    predominantemente de refino, transporte

    e comercializao. A fuso das empresas

    se deu pela necessidade premente de ter

    operaes internacionais e integradas, ou

    seja, um brao de explorao e produo

    de leo integrado a um brao industrial, o

    de refino, e de logstica e distribuio. O

    Objetivo maior era o enfrentamento da

    global e integrada Standard Oil. Segundo

    Yergin (1994), nos primrdios da

    operao da Royal Dutch, seu ento

    presidente Deterding, via como crucial as

    fuses entre diferentes empresas de

    petrleo. A empresa tem no seu embrio

    estas caractersticas de operaes globais

    e integradas. Por operao integrada, no

    h melhor definio do que a

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 271

    demonstrada no fluxograma da Figura5,

    adaptada do mesmo documento da Shell

    (2012).

    Figura 3: Relatrio referente ao sumrio anual das operaes da ExxonMobil para o ano de

    2012. Fonte: adaptado de ExxonMobil (2013).

    Figura 4: Relatrio referente ao sumrio anual das operaes da Shell para o ano de 2012.

    Fonte: adaptado de Shell(2013).

    A national oil company Saudi

    Aramco, maior produtora e exportadora

    de petrleo mundial, declarou em seu

    Annual Review (Aramco, 2012) que

    esforos de investimentos em refino e

    petroqumica tm sido realizados em

    parcerias com outras empresas, como

    Sinopec, ExxonMobil, Shell, Total,

    Chevron, Sumitomo e outras, em varias

    partes do mundo. No portflio de

    investimentos da empresa h uma grande

    diversificao geogrfica, incluindo

    pases como Estados Unidos, China,

    Japo, Coria do Sul e Europa, de

    maneira a diminuir sua posio de

    exportador lquido de leo cru. Hoje a

    empresa tem participao de4.5 milhes

    de barris dia de capacidade de refino,

    sendo 2.4 milhes barris por dia em joint

    ventures internacionais, 1.1 milhes de

    barris por dia em joint ventures

    internacionais dentro da Arbia Saudita e

    1.0 milhes de barris por dia em

    operaes domsticas sem a presena de

    scios.

    Upstream: explorao e produo

    Downstream: refino

    Petroqumica

    Continente

    Europa

    sia, Oceania, frica

    Estados Unidos

    Outros das Amricas

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 272

    Figura 5: Relatrio referente ao sumrio anual das operaes da Shell para o ano de 2012.

    Fonte:adaptado de Shell(2013).

    Outro fruto da estratgia de

    internacionalizao e globalizao da

    SaudiAramco encontra-se no seu esforo

    de diminuir lacunas de conhecimento

    estratgico, atravs de investimentos em

    centros de pesquisas espalhados pelo

    mundo como ela demonstra na Figura

    6apresentada no mesmo documento.

    Stevens (1998), quando trata da

    integrao internacional do

    downstream com o upstream nas empresas de petrleo nacionais, j citava

    no final do sculo passado que a

    integrao vertical, alm de reduzir

    custos, dilui o risco e aumenta o potencial

    de captura de margens de todos os

    segmentos da cadeia do negcio. As

    margens das fases separadas, explorao,

    produo, comercializao, transporte,

    refino, distribuio e vendas no varejo,

    flutuam assimetricamente. A integrao

    ajuda a balancear as operaes da

    empresa e proteg-la da inerente

    instabilidade dos mercados. Em outras

    palavras, a flutuao assimtrica se

    estabelece quando o preo do leo cru

    est baixo, o refino e a comercializao

    apresentam, geralmente, margens altas e

    vice-versa. (Stevens 1998

    Figura 6: Relatrio referente ao sumrio anual das operaes da Shell para o ano de 2012.

    Fonte adaptado de Saudi Aramco(2013).

    Explorao

    Petrleo e gs

    Produo

    Petrleo e gs

    Desenvolvi-mento decampos

    leo em reservatrios

    de areia

    Liquefaode gs

    Extrao de xisto

    Transporte

    Dutos

    Petroleiros

    Refino

    Refino de petrleo e

    outros

    Regasifi-cao

    Liquefaode gs

    Produo de Biocom-

    bustveis

    EnergiaElica

    Beneficia-mento

    Petro-qumica

    Comercia-Lizao

    Produtosquimicosprimrios

    Combustveise lubrificantes

    Gs

    U p s t r e a m Downstream Distribuio

    5

    12

    3

    4

    6

    7

    81

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    Detroit, Michigan

    Houston, Texas

    Cambridge, Massachusetts

    Aberdeen, Esccia

    Paris, Frana

    Beijing, China

    Delft, Holanda

    Kaust, Arbia Saudita

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 273

    Brito et al. (2013), , ressaltam que

    nos anos 1980, a poltica de pases

    produtores de leo cru era de adquirir

    refinarias no exterior, com o objetivo de

    garantir a colocao de seus excedentes

    de produo. Tal poltica resultou na

    minimizao dos impactos das crises de

    preos baixos entre 1985 e 1999, quando

    as margens dos outros segmentos da

    indstria, o refino e a distribuio

    puderam ser agregadas aos resultados das

    referidas empresas, beneficiando de

    maneira direta tambm seus pases. O

    trabalho menciona ainda que tais

    solues devem ser aplicadas no Brasil,

    uma vez que devero ser construdos

    caminhos para a destinao do petrleo

    produzido nas reas do pr-sal em

    ambiente econmico marcado por

    enormes incertezas e riscos reais de

    sobre-oferta global. Os autores ainda

    sugerem, como realizado por outros

    produtores de petrleo, que se estude o

    desafio da securitizao de mercados, ou

    seja, da garantia de oportunidades de

    alocao da produo do leo cru atravs

    de entrada em ativos de refino em outros

    pases.

    3. ATUAO INTERNACIONAL DA PETROBRAS

    A Petrobras foi criada em 1953

    pelo ento nacionalista presidente Getlio

    Vargas, dentro de uma estratgia de

    governo pautada pela ideia de monoplio

    para o setor petrleo, sob forte apelo da

    campanha, igualmente nacionalista, O Petrleo Nosso. Embora a Petrobras tenha uma histria de busca por

    verticalizao das suas operaes, o que

    tem feito com sucesso, no que diz

    respeito s operaes internacionais, tem

    um registro de comportamento errtico.

    Como citado pela empresa, em seu livro,

    Histrias da Internacionalizao,

    (Petrobras, 2007)desde o seu surgimento

    em 1953, a Petrobras discute os desafios

    e a deciso de operar ou no no exterior.

    Nos seus primrdios no havia como

    desprezar as gigantescas reservas

    disponveis no Oriente Mdio. O

    primeiro chefe do departamento de

    explorao da empresa, o gelogo

    americano, Walter Link, insistiu na

    estratgia de se realizar esforos

    exploratrios fora do Brasil nas

    promissoras regies do Oriente Mdio. J

    na poca se discutia e se entendia, dentro

    da Petrobras, que a indstria de petrleo

    era por natureza uma indstria de

    caractersticas internacionais. Estas

    marcas dos primrdios da empresa, ainda

    esto presentes no seu dia a dia. O dilema

    de operar somente no Brasil ou realizar

    parte de suas operaes no exterior

    permanece at os dias de hoje.

    Testemunha deste dilema a estratgia

    atual de venda de seus ativos no exterior,

    com o objetivo de obter mais capital para

    suas operaes no Brasil. Com as vendas

    destes ativos, a empresa vai

    desmobilizando suas atividades

    internacionais e concentrando assim, cada

    vez mais, suas operaes no Brasil.

    Desde a sua criao, a empresa,

    por no possuir produo no Brasil, j

    atuava no mercado internacional de

    petrleo, importando 80% da sua

    necessidade de consumo. Em 1972, surge

    ento a primeira grande iniciativa de

    realizar operaes de explorao e

    produo de leo no exterior, com o fim

    de suprir o pas com petrleo e buscar o

    aprimoramento tcnico e administrativo

    da empresa. fundada a Braspetro,

    baseada em cinco razes estratgicas, a

    saber: 1) Existncia, no exterior, de capacitao gerencial e tecnologia

    avanada para explorao e produo de

    petrleo; 2) Bacias sedimentares

    brasileiras, em terra, sem perspectivas de

    poder abastecer o mercado nacional; e

    inexistncia de tecnologia para

    operaes na plataforma continental; 3)

    Grande mercado consumidor (Brasil),

    oferecendo Petrobras (nica

    importadora) grande poder de barganha

    nas importaes de petrleo e em

    operaes de contrapartida;

    4)oportunidades de diversificar riscos

    exploratrios e de garantir fontes de

    suprimento, com a consequente

    manuteno de reservas nacionais e

    reduo de riscos de desabastecimento

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 274

    no Brasil. 5) Expanso da Petrobras e da

    indstria brasileira para o mercado

    externo. (Petrobras, 2007). A Braspetro atuou com sucesso no exterior, tendo

    entrado em dez pases na sua primeira

    dcada de existncia, com descobertas na

    Lbia, Iraque, Ir e Arglia. A principal

    rea foco foi o Oriente Mdio, onde

    destacou-se poca a descoberta do

    campo de Majnoon no Iraque, at hoje

    um dos maiores e de maior capacidade de

    produo do mundo.

    A segunda iniciativa estruturada

    de atuao internacional surge com a

    criao da empresa de comercio exterior,

    a Petrobras Comercio Internacional,

    Interbras, criada em 1975 e extinta em

    1990. A empresa foi criada, com o

    objetivo de estabelecer contrapartidas

    com produtos brasileiros s importaes

    de leo feitas pela empresa.

    Em 1999, dois anos aps a

    promulgao da Lei 9.478 de 1997, lei de

    flexibilizao do monoplio estatal do

    petrleo no Brasil, a Petrobras lana um

    plano estratgico onde estabelece trs

    pilares para a empresa: a consolidao do

    mercado brasileiro, a implementao das

    atividades de gs e energia, e o

    incremento e acelerao do processo de

    internacionalizao (Petrobras, 2007).

    Findam aqui as atividades operacionais

    da Braspetro e surge em meio profunda

    reestruturao organizacional implantada

    em 2000, a rea de Negcios

    Internacionais. A nova rea surge com a

    incumbncia de consolidar a posio de

    empresa integrada e internacional de

    energia.

    4. A AQUISIO DA NSS NANSEI SEKIYU KK E O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAO

    Em seu Plano de Negcios 2002-

    2007, dentre outras polticas, a Petrobras

    iniciou um processo de

    internacionalizao atravs de aquisies

    de ativos em outros pases. Dentre as

    aquisies realizadas, citamos as

    refinarias na Argentina, Bolvia, EUA e

    Japo, sendo que esta ltima operao

    destacaremos a seguir.

    Em 2007, analisando o

    comportamento de outras empresas

    internacionais ou em processo de

    internacionalizao como a ExxonMobil,

    Shell, Saudi Aramco, aqui citadas, a

    Petrobras adquiriu ento participaes na

    empresa japonesa, NSS NanseiSekiyu

    KK, dona de complexo formado por

    terminal de armazenagem, porto e

    refinaria. Cabe destacar, que este evento

    de aquisio por empresa sulamericana,

    de ativo ou empresa japonesa operando

    dentro do Japo, nico na histria

    daquele pas e do nosso continente.

    Na poca, aproximadamente um

    quarto do leo cru exportado, declarado

    pela Petrobras ,tinha como destino a sia

    do Pacfico. No mesmo documento, so

    detalhadas as razes da referida compra:

    Est prevista a utilizao da capacidade do terminal para impulsionar

    a comercializao de biocombustveis no

    Japo e no mercado asitico e

    complementar a atual comrcio de

    petrleo e derivados no mercado asitico

    de aproximadamente 100.000barris por

    dia. O negcio representa um marco

    muito importante para a Petrobras que,

    pela primeira vez, entrar na sia em

    operaes de refino. O acordo est

    alinhado ao Planejamento Estratgico da

    Companhia referente ao incremento da

    capacidade de refino de petrleo no

    exterior e contribui de forma significativa

    para o aumento da comercializao de

    petrleo e derivados produzidos pela

    Petrobras. (Petrobras, 2007, Fato Relevante). Estabelece-se ento uma

    quebra de paradigma que se daria atravs

    da integrao das operaes da empresa

    compradora, a Petrobras, que exportaria

    seu leo para a refinaria tambm de sua

    propriedade, localizada dentro do

    mercado japons. Esta forma de atuar, a

    tornaria captadora de toda a margem da

    cadeia, que incluiria a produo do leo,

    o transporte, o refino e venda dos

    derivados diretamente no mercado

    japons e asitico. Isto daria empresa

    tanto uma condio de captao maior de

    margem, como de um posicionamento

    competitivo mais robusto, em

    contrapartida ao que teria dado a

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 275

    condio de mero exportador de matria

    prima. Haveria aqui tambm uma

    securitizao de mercados para o seu leo

    cru.

    Outro aspecto estratgico que vale

    a pena mencionar, o fato de que ao se

    adquirir uma empresa da ExxonMobil no

    Japo, adquiriu-se por consequncia,

    tecnologias de operao de refino,

    logstica, armazenagem, marketing,

    gesto de segurana, meio ambiente e

    sade e principalmente, tecnologia da

    gesto do negcio. Tem-se uma real

    oportunidade, de herdar tais

    competncias e de no mnimo, ter

    elementos de comparao para

    questionamento de paradigmas arraigados

    nas operaes domsticas brasileiras. As

    oportunidades de aprendizados imbudas

    na transao so incalculveis.

    Como demonstra o relatrio da

    BP(BP, 2013), de que a necessidade de

    derivados de petrleo em grandes

    mercados como Estados Unidos,

    Alemanha, Japo, China, Brasil,

    suprida, na sua maior parte, por

    capacidade de refino instalada dentro

    destes mercados. Uma das razes para tal

    comportamento a questo logstica.

    mais barato e mais fcil transportar o leo

    cru, matria prima bruta, do que

    transportar e distribuir seus derivados

    pelos mercados. Segundo Gomes e Alves

    (2007), no caso do transporte martimo, o

    valor unitrio do frete varia de acordo

    com o tamanho dos navios. Barcos de

    grande porte, utilizados para transporte de

    leo cru, podem chegar a metade do frete

    de barcos menores que so utilizados no

    transporte de derivados.

    Afeta tambm o custo da logstica

    a exigncia de qualidade do produto a ser

    preservada. As exigncias de controle de

    qualidade dos derivados so muito

    maiores do que as do leo cru,o que faz

    com que o seu transporte seja realizado

    por barcos mais sofisticados, elevando

    ainda mais o valor do frete. Como cita

    Porto (2008), existe uma distino e

    definio para os navios de petrleo e

    seus derivados, os quais so classificados

    como navios de claros ou limpos, os

    adequados para o transporte de gasolina,

    leo diesel, querosene de aviao e a

    nafta, os quais demandam equipamentos

    e estruturas mais sofisticadas. Os navios

    classificados como escuros so os

    indicados para a movimentao do

    petrleo e dos leos combustveis. Logo,

    dada a cara e sofisticada logstica exigida

    para o transporte dos derivados,

    indicado que o parque de refino se instale

    dentro ou o mais prximo possvel do

    mercado.

    Outra importante questo a se

    destacar so as barreiras comerciais de

    importao de derivados para estes

    pases, dentre elas as colocadas pelos

    prprios refinadores instalados nestes

    mercados. Desde 1997, no Brasil, como

    em alguns outros pases, a importao de

    derivados de petrleo, teve o seu

    monoplio flexibilizado, contudo, at o

    presente ano no se v outro importador

    significativo no pas. Para se exportar

    derivados para o Brasil, o pretenso

    exportador ter que enfrentar barreiras de

    entrada como a poltica de preos interna

    adotada pela empresa, ou mesmo o

    acesso sua logstica para internalizao

    do produto.

    Segundo Porter (1999), ao se

    pretender entrar em novos mercados, uma

    das foras que devem ser vencidas o

    poder de negociao dos fornecedores

    locais. Um novo entrante ter que

    considerar pelo menos os seis principais

    sustentculos das barreiras de entrada

    citados pelo autor, a saber: 1) economia

    de escala, 2) diferenciao de produto, 3)

    exigncias de capital, 4) desvantagens de

    custo independente do tamanho, 5) acesso

    a canais de distribuio e 6) polticas

    governamentais. Ningum entra no

    mercado dito dos outros, sem esta

    mnima, histrica e clssica anlise.

    Como citado ainda por Porter (1999), a

    concorrncia usar recursos para impedir

    uma que nova empresa entre em seu

    mercado. Recursos excessos de caixa,

    maior disponibilidade de crdito

    financeiro, capacidade de produo

    instalada e posio consolidada junto a

    canais de distribuio e clientes. No caso

    da indstria do petrleo, destaca-se a

    barreira da capacidade de refino instalada

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 276

    nos mercados, o poder dos canais de

    distribuio e logstica, que no caso do

    Brasil, pertencem aos prprios

    competidores verticalizados, e os

    diferenciais de custo a serem vencidos,

    dados os valores com o frete de

    exportao. O autor cita ainda que, no

    esforo de impedir que um novo

    concorrente entre em seu mercado,

    suprimindo parte de sua participao

    conquistada, as empresas estabelecidas,

    se mostram em geral dispostas a realizar

    poltica de reduo de preos atravs de

    descontos em seus produtos. Embora o

    pas seja um dos maiores mercados de

    derivados de petrleo do mundo, a

    poltica de preo dos combustveis e dos

    derivados de petrleo imposta pela

    Unio, acionista controlador da

    Petrobras,, inviabiliza qualquer inteno,

    quer seja de exportao de combustveis

    para o pas, quer seja a instalao aqui de

    um novo refinador.

    Dadas as dificuldades de entrada

    aqui citadas, uma estratgia histrica e

    usada de maneira ampla pela indstria de

    petrleo para atingir novos mercados so

    as fuses e aquisies. Vide as fuses e

    aquisies de Exxon com Mobil,

    Chevron com Texaco, Statoil com Hidro,

    Total com Elf, e a mais antiga de todas

    Royal Dutch com Shell (j mencionada

    anteriormente). A prpria Standard Oil

    cresceu atravs de agressivo programa de

    aquisies. Como exemplo adicional e

    nacional vale destacar a Consan, que em

    operao recente, adquiriu os ativos de

    distribuio da Esso e a seguir se fundiu

    com a Shell Brasil para a formao da

    empresa Raizen. Neste movimento, as

    empresas se verticalizaram, ligando a

    produo de etanol distribuio de

    combustveis. Com a fuso, a Consan

    passa a ter acesso ao circuito

    internacional de desenvolvimento

    tecnolgico do qual a Shell faz parte.

    Seguindo a estratgia de entrada

    em mercados via aquisio, foi adquirida

    ento, pela Petrobras, a participao da

    ExxonMobil (87,5%) na empresa NSS NanseiSekiyuKK, ficando como scia a

    Sumitomo Corporation (12.5%). A

    empresa est localizada no arquiplago

    de Okinawa, no Japo, possui entre os

    seus principais ativos uma refinaria de

    100.000 barris de capacidade de

    processamento de petrleo, terminal de

    armazenagem de 9.3 milhes de barris de

    leo e derivados e porto com trs

    posies de per e uma posio de

    atracagem tipo monobia, para barcos do

    tipo VLCC (Very Large Crude Carriers).

    Neste processo de aquisio foi possvel

    perceber diferentes maneiras de pensar e

    atuar, tanto dos governos japons e

    americano, como das corporaes aqui

    citadas. Ressalta-se ainda que a excelente

    posio geogrfica da NSS, a coloca em

    condies de atingir os mercados da

    China e de Taiwan. Para que a estratgia

    fosse implementada seria necessria a

    realizao de transformao da refinaria

    para o processamento do leo pesado

    produzido no Brasil.

    Tal estratgia foi abandonada com

    a deciso de se implantar as refinarias de

    exportao nos estados do Maranho e

    Cear. Esta estratgia de exportao de

    derivados aos mercados europeus teria

    que vencer todas as barreiras de entrada,

    descritas acima. Alm disto, as duas

    futuras refinarias encontrar-se-o muito

    distantes dos mercados alvos. Dada a

    necessidade de importao de derivados

    para atendimento ao mercado brasileiro,

    manteve-se a estratgia de construo de

    novas refinarias no Brasil, porem agora

    voltadas ao mercado domstico. O pas,

    entre os anos de 2003 e 2012, mais do

    que dobrou sua importao de derivados

    de petrleo, como demonstra a Tabela1.

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 277

    Tabela 1: Importao de derivados de petrleo, energticos e no energticos 2003 a 2012. Fonte: adaptado de Ministrio de Desenvolvimento, Indstria e Comrcio (2013).

    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 12/11%

    Energtico+no energticos 13139,40 11744,40 10921,60 13501,30 15959,50 17913,70 15936,70 27375,40 30314,90 27173,50 -10.36 Soma dos Energticos 6488,80 4870,80 2764,40 6111,30 7921,10 9713,50 7354,70 14727,40 17427,20 16152,40 -7.32

    Gasolina A 181,70 55,40 71,20 28,20 10,00 0,20 - 505,10 2186,80 3780,20 72.86 Gasolina de aviao 3,90 1,70 3,10 6,20 6,10 6,20 1.64

    GLP 2039,90 1880,10 947,60 1585,50 1794,60 2188,80 2556,70 3122,60 3389,70 2520,30 -25.65

    leo combustvel 93,00 130,40 52,90 251,70 116,90 198,30 10,20 160,70 709,40 212,30 -70.07

    leo diesel 3818,40 2694,70 2371,30 3545,10 5099,40 5829,30 3515,00 9007,00 9332,80 7970,20 -14.60

    QAV 352,00 108,50 324,50 700,80 891,20 1496,90 1269,60 1922,80 1802,70 1663,20 -7.74 Soma dos no energticos 6650,60 6873,60 8157,20 7390,00 8038,40 8200,20 8582,00 12648,00 12887,70 11021,10 -14.48

    Com o abandono da estratgia de

    entrada em mercados estrangeiros atravs

    de investimento em parques de refino,

    como o ocorrido no Japo, todo o

    excedente de leo bruto produzido no

    pas dever ter destino aos mercados

    estrangeiros, porm na condio de

    matria bruta. Volta-se ento mesma

    condio do Brasil colonial. Enquanto as

    refinarias novas no ficarem prontas, o

    pas ficar na condio de exportador de

    matria prima bsica e importador de

    produtos acabados. Caso mantida a

    estratgia de aquisio de refinarias no

    exterior, este suprimento de derivados

    poderia ser feito a partir de ativos de

    propriedade da prpria Petrobras,

    beneficiando-se assim da condio de

    integrao. Hoje estes produtos so

    importados de outros pases que dispe

    de estrutura adequada de refino.

    5. EFEITOS NO BRASIL E PETROBRAS

    Embora com queda de produo

    de leo e lquidos de gs natural no ano

    de 2013 em relao ao ano de 2012

    (Figura8), a Petrobras continua

    exportando crus (Figura 9).

    Figura8: Demonstrativo da produo de petrleo pela Petrobras desde o primeiro trimestre

    de 2012 at o segundo trimestre de 2013 (parcelas do Pr-sal e do Ps-sal

    discriminadas).Fonte: adaptado de Petrobras (2013).

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    1T12 2T12 3T12 4T12 1T13 2T13

    109 115 140 188 233 240

    1957 1855 1764 1792 1677 1691

    Outros campos

    Pr-sal

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 278

    Figura 9. Balano da importao e exportao de petrleo e derivados. Fonte: adaptado de

    Petrobras (2013).

    Com o aumento futuro da

    produo de leo cru provocado

    principalmente pelas promissoras

    descobertas do pr-sal brasileiro,e

    esperado excedente de leo para a

    exportao, (o mercado domstico de

    refino no absorver toda a produo

    prevista, Figura 10), a principal questo

    saber se haver uma mudana na

    estrutura e forma, tradicional e histrica,

    de atingimento de mercados no exterior,

    ou se haver uma quebra desta tendncia.

    Existe uma real oportunidade de quebra

    da tendncia, atravs de movimento de

    entrada em mercados de combustveis

    internacionais, via as aquisies de

    capacidade de refino. Esta estrutura

    integra a exportao de matria prima

    produzida pela empresa, produo de

    produtos acabados atravs de parques

    prprios de refino instalados dentro dos

    mercados alvos, e consequente venda

    destes produtos a mercados consumidores

    externos.

    Este movimento teria como

    objetivo, os alvos tais como os

    apresentados pelas empresas

    ExxonMobil, Shell e Saudi Aramco aqui

    citadas. As vantagens desta poltica

    resultam da valorizao mxima dos

    esforos de explorao e produo,

    agregao de valor via captao de

    margens provenientes do refino e da

    venda e distribuio dos produtos

    derivados do petrleo nos mercados e

    garantia de mercados para a produo de

    petrleo. No o petrleo, nem somente

    os produtos destas empresas, que cruzam

    os mares em movimentos de exportao,

    mas sim as suas prprias organizaes.

    Figura 10. Produo de leo e lquidos de gs natural e produo de derivados.

    Fonte: adaptado de Petrobras (2013).

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    2T12 1T13 2T13

    Exportao

    Outros derivados OC Petrleo

    2T12 1T13 2T13

    Importaes

    Diesel Gasolina Outros derivados Petrleo

    2T12 1T13 2T13

    Importaes

    Diesel Gasolina

    0

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    3.5

    4

    4.5

    2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

    Mb

    p d

    ia-1

    Produo de leo e LGN Produo de derivados

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 279

    Se compararmos as duas curvas

    apresentadas na Figura 10, a qual

    considera apenas a produo da Petrobras

    e o seu refino no Brasil, se prev um

    excedente de leo cru para ser exportado

    no valor de 1.4 milhes de barris dia. Isto

    colocar a Petrobras no grupo de maiores

    exportadores de leo cru do mundo.

    Considerou-se a produo de petrleo de

    4.2 milhes de barris dia, menos a

    capacidade de refino de 2.8 milhes de

    barris dia em 2020, considerando um

    fator de utilizao das refinarias de 93%.

    Neste perodo, considera-se que 100% do

    refino e da importao de combustveis

    do pas ser feita pela Petrobras e no h

    perspectiva da entrada de outras empresas

    no negcio at 2020.

    Cabe destacar que fora a produo

    da Petrobras, que prev as exportaes

    lquidas de 1.4 milhes de barris por dia

    mencionadas acima, o modelo regulatrio

    aprovado em dezembro de 2010, para as

    concesses das promissoras reas do pr-

    sal, ser o modelo de partilha, onde

    significativas parcelas da produo das

    novas reas ser destinada ao governo

    federal.

    No modelo regulatrio para

    explorao e produo nas reas do pr-

    sal, a previso de transformao do

    petrleo produzido em moeda, ser feita

    atravs da venda do leo cru, seja para o

    mercado domstico brasileiro seja para o

    mercado internacional. O modelo da

    forma como est proposto deve fazer,

    mais uma vez, o papel de incentivador de

    exportaes de matrias primas. Esta

    produo ainda no existe, pois a

    primeira rea do pr sal foi leiloada no

    ms de outubro de 2013,sendo que no

    compe a curva de produo apresentada

    pela Petrobras, como acima citado.

    6. CONCLUSO

    A operao integrada na cadeia de

    produo dos combustveis (vertical) e

    distribuda por mais mercados

    (horizontal) fortalecer estrategicamente

    e financeiramente a Petrobras que ficar

    mais equilibrada diante dos constantes

    problemas sofridos, que so gerados por

    fatores estruturais, descritos a seguir:

    i)Variao cambial da moeda brasileira Petrobras tem sido fortemente afetada

    pela desvalorizao cambial,

    principalmente pelo fato de que

    praticamente 100% de suas receitas so

    realizadas em Real e a maior parte do seu

    endividamento est vinculado ao Dlar

    americano. Como no h gerao

    significativa de receitas em outras

    moedas ditas fortes, o impacto da

    variao cambial sofrido pela empresa

    muito grande.

    ii)Poltica de preos desfavorvel A Unio, na condio de acionista

    controlador da Petrobras, tem imposto a

    empresa a adoo de uma poltica de

    preos que no contempla a referncia de

    preos internacionais. Este fator adverso,

    principalmente em momentos em que a

    empresa se torna importadora lquida de

    petrleo e combustveis, no se d s pelo

    fato de uma poltica de preos

    desfavorvel, mas em razo da quase

    totalidade das suas vendas acontecerem

    dentro do mercado brasileiro. A Petrobrs

    est vulnervel por estar exposta

    realidade de preos de um nico

    mercado.

    iii) Variaes de mercado como praticamente 100% das vendas da

    Petrobras ocorrem no Brasil e a sua

    capacidade de refino no atende ao

    mercado nacional, variaes nas

    demandas a colocam sistematicamente

    em situao difcil. Com expanses como

    as atualmente vividas, a empresa

    colocada em posio de importadora

    lquida de GLP (gs de cozinha),

    gasolina, querosene de aviao e diesel, e

    com possveis retraes, esta no tem a

    proteo de operar dentro de um conjunto

    de mercados que variam de maneira

    assimtrica. Se a empresa possusse

    parque de refino no exterior, como

    acontece com as empresas internacionais

    integradas, o suprimento da necessidade

    de importao poderia estar sendo feito

    atravs do prprio sistema Petrobras.

    iv) Mercado de Gs Natural certo que a Petrobras est exposta a variaes de

    chuvas e consequentes despachos de

    gerao termoeltricos. Mas isto um

    fato ligado sua participao na gerao

    eltrica via gs natural e ao fato de o pas

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 2, p.266-281, Junho 2014 280

    ter um vasto sistema de gerao

    hidroeltrica. exceo do suprimento

    de gs da Bolvia onde as operaes

    internacionais da empresa esto

    integradas a suas operaes no Brasil, ela

    est exposta necessidade de importao,

    e isto tem se tornado a regra da operao,

    dadas as variaes do mercado brasileiro.

    Finalmente, no sem razo, que

    desde os primrdios da histria da

    indstria do petrleo, empresas

    comparveis Petrobras, tentam

    constantemente se posicionar de maneira

    global, nos mais diversos segmentos que

    se apresentam nesta indstria e de

    maneira otimamente verticalizada. Se o

    alvo segurana e desenvolvimento da

    empresa e do pas, o peso do energtico

    petrleo sugere este posicionamento .A

    exposio a apenas um destes quatro

    fatores estruturais, aqui citados, j deve

    ser motivo de preocupao da empresa e

    do pas, quanto mais sua exposio

    simultnea aos quatro fatores. Desprezar

    esta caracterstica histrica da indstria

    tem trazido perdas Petrobras, a coloca

    em posio de fragilidade e por

    consequncia, dada a sua posio de

    quase monopolista, expe tambm o pas

    a riscos no segmento de energia.

    7. AGRADECIMENTOS

    JCW e JB agradecem ao CNPq

    por suas bolsas de produtividade em

    pesquisa

    8. REFERNCIAS

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