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5º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários Políticas públicas, ética, internacionalização e pesquisa: discursos, práticas e desafios Universidade Estadual de Maringá – Paraná 13 a 15 de junho de 2018 Caderno de Resumos dos Simpósios Estudos Literários

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5º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários

Políticas públicas, ética, internacionalização e pesquisa: discursos, práticas e desafios

Universidade Estadual de Maringá – Paraná

13 a 15 de junho de 2018

Caderno de Resumos dos Simpósios

Estudos Literários

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INSTRUÇÕES PARA INSCRIÇÃO NOS SIMPÓSIOS • Escolha um simpósio cuja proposta esteja mais diretamente ligada ao seu tema de pesquisa – para ter acesso aos resumos dos simpósios, basta clicar no (s) título (s) do (s) simpósio (s) de seu interesse no Índice abaixo. • Preencha o formulário de inscrição de Comunicação em Simpósios, disponível no link: • Envie o formulário de inscrição de Comunicação em Simpósios preenchido para o e-mail: [email protected]. • Espere pela resposta da Comissão Organizadora a respeito da aprovação ou não de sua proposta de comunicação em simpósio. • Somente faça o pagamento da taxa de inscrição após ter sua proposta de comunicação aprovada.

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Índice SIMPÓSIO 1: Leitores em formação e mercado editorial: tendências contemporâneas da literatura infantil e juvenil ................................................................................................ 5 SIMPÓSIO 2: A monstruosidade interior: maldade humana ou influência de forças sobrenaturais na narrativa fantástica ................................................................................ 7 SIMPÓSIO 3: Práticas e desafios nas literaturas de língua inglesa: escrita e sujeito ...... 9 SIMPÓSIO 4: Língua, literatura, arte e cultura: epistemes fronteiriças ......................... 10 SIMPÓSIO 5: A literatura do século XXI: Mínima? Múltipla? Comum? ..................... 12 SIMPÓSIO 6: História(s) nas narrativas brasileira e hispano-americana: diálogos possíveis ......................................................................................................................... 13 SIMPÓSIO 7: Representações do vazio na arte ............................................................. 15 SIMPÓSIO 8: Literatura juvenil: da produção à recepção ............................................. 16 SIMPÓSIO 9: Literatura infantil e juvenil: histórias, análises e estudos comparados ... 18 SIMPÓSIO 10: Resistência nas literaturas de minorias ................................................. 20 SIMPÓSIO 11: Literatura brasileira contemporânea de autoria feminina: debates e perspectivas .................................................................................................................... 22 SIMPÓSIO 12: Multiculturalismo, plurilinguismo e multiletramentos: diferentes epistemologias para o ensino de literaturas de língua inglesa ........................................ 24 SIMPÓSIO 13: Textualidades marginalizadas em foco: por uma educação literária .... 26 SIMPÓSIO 14: “E os filhos de saturno devoraram a si mesmos”: melancolia e suicídio na literatura ..................................................................................................................... 28 SIMPÓSIO 15: Ressignificações do passado pela literatura: estudos comparados ....... 30 SIMPÓSIO 17: Animais e literatura: poética, ética, identidades ................................... 33 SIMPÓSIO 18: Para além do nacional: outros paradigmas ........................................... 35 SIMPÓSIO 19: “Alegria, alegria: literatura e cultura na contramão”. ........................... 37 SIMPÓSIO 20: Leitura e escola: políticas públicas, história e educação ...................... 38 SIMPÓSIO 21: O teatro no campo dos estudos literários II .......................................... 39 SIMPÓSIO 22: Vozes e estilos literários ....................................................................... 41 SIMPÓSIO 23: Literatura e memória: produção de saberes .......................................... 42 SIMPÓSIO 24: Imaginário, mitos, ritos e religiosidades: manifestações na literatura, nas artes e na mídia ............................................................................................................... 43 SIMPÓSIO 25: Faces e máscaras contemporâneas da literatura: mídias, tecnologias e novas linguagens ............................................................................................................ 45 SIMPÓSIO 26: Resistência e resiliência: o desafio das literaturas indígena, africana e afro-brasileira.................................................................................................................. 47 SIMPÓSIO 27: Leitura literária e ensino: novas utopias para uma realidade nova ....... 48

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SIMPÓSIO 28: Intertextualidade e dialogismo entre textos religiosos e heterodoxos .. 49 SIMPÓSIO 29: Investigações em edição: livro, leitura, escrita e suas tecnologias ....... 51

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SIMPÓSIO 1: LEITORES EM FORMAÇÃO E MERCADO EDITORIAL: TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA LITERATURA INFANTIL E

JUVENIL

Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira1 Epaminondas de Matos Magalhães2

Thiago Alves Valente3 A produção literária contemporânea destinada a crianças e jovens possui significativa presença no campo editorial, proveniente não só de suas elevadas vendas, como também da qualidade de suas obras. Inserida no mercado de bens simbólicos, essa produção dialoga com adaptações cinematográficas, HQs, mangás, RPGs, bem como demais produtos culturais consumidos por jovens diversos. Pelo exposto, este simpósio tem por objetivo proporcionar um espaço de reflexão crítica sobre a produção infantil e juvenil contemporânea dotada de valor estético, seja por meio da análise de obras literárias pós anos 2000, e/ou sobre a recepção dessas obras na formação do leitor. Justifica-se o recorte temporal como aspecto metodológico, tendo em vista a oportunidade de mobilizar pesquisadores do campo dos Estudos Literários, bem como aqueles dedicados a outras áreas do saber – Sociologia, Psicologia, Educação, entre outros –, a discutirem a contemporaneidade, trazendo à tona questionamentos sobre o texto literário (verbal, imagético e verbo-vocal) enquanto objeto cultural, estético, político, ideológico, em suma, como produto passível de focalizações convergentes e divergentes, as quais, no conjunto, propiciam melhor compreensão do corpus em análise, bem como de algum aspecto do sistema literário brasileiro. Também, tornam-se pertinentes estudos comparativos entre obras literárias infantis e juvenis; propostas de análise de obras literárias historicamente pouco divulgadas no campo literário; abordagens críticas com foco na materialidade, nas imagens e/ou nos paratextos de publicações; estudos panorâmicos ou monográficos da produção de autores brasileiros e estrangeiros para crianças e jovens; revisão bibliográfica ou busca do “estado da arte” dos estudos críticos mais recentes direcionados ao corpus em questão; discussões teóricas ou reflexões críticas articulando autores, obras e público no contexto brasileiro. Temas decorrentes deste foco são a formação do leitor na contemporaneidade, o mercado de bens simbólicos, o fazer da crítica literária contemporânea, políticas públicas de leitura, ética no trabalho com a leitura em sala de aula, internacionalização da pesquisa voltada para leitura, além da própria metodologia como objeto de debate frente às novas demandas das obras mais recentes. Além desses temas, vale discutir a migração de um livro para outro meio de comunicação, se ela favorece ou não o incentivo à leitura, permitindo o rompimento do círculo de desinformação que isola o potencial leitor da literatura. Torna-se válida essa reflexão, tendo em vista que a desinformação é um dos principais entraves para o desenvolvimento do comércio livreiro nacional. Contudo, ao se analisar a divulgação de obras pela mídia na contemporaneidade, percebe-se que a produção nacional nem sempre é contemplada ou bem representada no cinema, na televisão. Caberia a quem assegurar essa produção entre as leituras dos alunos em formação? Por fim, espera-se que as discussões ampliem perspectivas de estudos críticos pautados pela

1 Universidade Estadual Paulista (Assis-SP) – [email protected]. 2 Instituto Federal do Mato Grosso (Pontes e Lacerda-MT)/Universidade Estadual do Mato Grosso (Tangará da Serra-MT) – [email protected]. 3 Universidade Estadual do Norte do Paraná (Cornélio Procópio-PR)

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percepção do objeto literário como produto cultural contemporâneo que assim se constitui, pelos diferentes aspectos sociais, educacionais, econômicos, históricos, os quais compõem práticas de leitura não só dos leitores crianças e jovens, mas também da crítica literária. Palavras-chave: Literatura infantil e juvenil; Mercado editorial; Crítica literária e leitura.

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SIMPÓSIO 2: A MONSTRUOSIDADE INTERIOR: MALDADE HUMANA OU INFLUÊNCIA DE FORÇAS SOBRENATURAIS NA NARRATIVA

FANTÁSTICA

Adilson dos Santos1 Fábio Lucas Pierini 2

Muitos dos clássicos da narrativa fantástica lidam com o sobrenatural de forma sutil, conforme nos legaram os contos e novelas de ETA Hoffmann, precursor do gênero em língua alemã. Tal técnica narrativa, a de nunca revelar a verdadeira origem dos fenômenos que inquietam o leitor (se realmente sobrenaturais ou apenas uma interpretação equivocada de eventos naturais), desencadeia o que Freud, em 1919, chamou de inquietante (Unheimliche), que, modernamente interpretado, trata-se de um conceito referente a uma leitura enviesada de estados alterados de consciência e de coincidências fortuitas que leva a mente humana a naturalmente concluir que a partir de certos indícios combinados, estaríamos diante de uma manifestação de seres ou forças sobrenaturais. Um tema chave na transição dos tempos pré-fantásticos, quando o gênero ainda não estava consolidado, para seu começo no século XIX, é o pacto demoníaco, no qual tanto a figura do diabo quanto os benefícios obtidos pelos personagens apresentam um progressivo descolamento das crenças populares, pois autoridades eclesiásticas buscavam, desde o século XVIII, combater as superstições sem, no entanto, negar a sobrenaturalidade de sua própria doutrina. Por essa razão, a figura do diabo vai paulatinamente se tornando cada vez mais sutil até chegar ao ponto de detectarmos somente a dinâmica do pacto (desejo → obtenção do objeto → consequências adversas da obtenção → restauração trágica), mas não a presença concreta do concessor. Além disso, tal dissolução do sobrenatural na narrativa empurrou a crítica para uma leitura alegórica que muitas vezes vedou a consideração de tais textos como fantásticos. Outro obstáculo no estudo do fantástico sutil ou obtuso (FABRE, 1992) é que ele depende do sistema de crenças do leitor para fazer sentido. A este respeito, constata-se que a obra de Todorov (1970) restringiu a leitura do fantástico a um exercício puramente estético, pois, segundo o teórico búlgaro, quando o leitor se decide por escolher qual interpretação dar a uma narrativa naturalmente ambígua para os olhos da crítica, o texto deixa de ser classificado como fantástico e passa para categorias contíguas, como fantástico estranho, estranho, fantástico maravilhoso ou maravilhoso. Atualmente, se adotarmos novos recursos teóricos advindos do estudo cognitivo da narrativa de ficção, descobriremos que, para uma narrativa fazer sentido para o leitor, é preciso partir do pressuposto de que o sobrenatural lhe seja plausível. E isso implica entender que o realismo é uma técnica narrativa e a verossimilhança uma competência de leitura: desde as narrativas primevas cheias de eventos sobrenaturais, o ser humano sempre narrou com realismo, pois nossa verossimilhança enxergava nos mitos, lendas, baladas e demais gêneros, a materialização de uma realidade concreta, mas imperceptível aos sentidos primitivos. O que convencionamos chamar de realismo em ficção é, na verdade, a assimilação de técnicas do relatório científico e da reportagem investigativa na narração, técnicas mais afeitas à noção de real das sociedades ocidentais pós-industriais, fruto da vida em grandes aglomerações onde o passado remoto com suas criaturas não existe e todos desconfiam de todos. O fantástico nasce justamente da apropriação dessas técnicas para convencer sub-repticiamente o leitor de que forças

1 Universidade Estadual de Londrina – [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá – [email protected].

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sobrenaturais agem sobre o ser humano, desviando-o do seu caminho natural. O objetivo deste simpósio é reunir pesquisadores cujos trabalhos abordem narrativas fantásticas de ficção em que os personagens vivam situações em que aparentemente tenham sido manipulados ou atingidos por seres ou forças sobrenaturais e, consequentemente, causado ou deixado causar dano ou prejuízo a si, a outrem ou a coletividades inteiras. Palavras-chave: narrativa fantástica; monstruosidade humana; influências sobrenaturais.

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SIMPÓSIO 3: PRÁTICAS E DESAFIOS NAS LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA: ESCRITA E SUJEITO

Isabel Cristina Rodrigues Ferreira1

Ana Viale Moutinho2 A proposta do Simpósio Temático “Práticas e Desafios nas Literaturas de Língua Inglesa: Escrita e Sujeito” insere-se na temática “Políticas públicas, ética, internacionalização e pesquisa: discursos, práticas e desafios” do 5° Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários (CIELL) na medida em que propõe reunir, refletir, discutir, analisar e apresentar pesquisas sobre textos literários de produção poética, dramática ou narrativa nas literaturas de língua inglesa que tenham como foco a escrita de sujeitos que problematizam questões socioculturais, históricas, e/ou identitárias (gênero e etnia, por exemplo). Os textos podem abranger diferentes períodos históricos, tempo e espaços geográficos como, por exemplo, de Beowulf a Adichie Chimamanda, de Salman Rushdie a Margaret Atwood, ou de Mary Wollstonecraft a Alan Duff. Pretende-se, por meio das comunicações orais propostas para este Simpósio Temático, assim, abranger as seguintes questões como ponto de reflexão: 1) quais são as tensões históricosociais que a escrita do sujeito tem provocado e/ou atravessado ao longo dos séculos e espaços; 2) como a representação ou autorepresentação do sujeito (personagem e/ou narrador) questiona as relações de gênero em contextos literários diversos; e 3) qual é a reflexão que a condição do sujeito marginalizado promove sobre a diversidade cultural na sociedade anglófona na qual está inserido. Ao pensar sobre as perspectivas propostas para este Simpósio Temático, os trabalhos podem refletir sobre a ideia de gênero apresentada por Judith Butler em Problemas de gênero (2003), por exemplo. A filósofa defende em seu livro a ideia de que o gênero não é algo que somos, no âmbito puramente biológico, mas que constantemente fazemos, pois é algo historicamente construído, “confundindo o próprio binarismo do sexo e denunciando sua não inaturalidade fundamental” (BUTLER, 2003, p. 214). Dessa forma, Butler (2003) ultrapassa a discussão de masculino e feminino e discute a homossexualidade, a bissexualidade e a transsexualidade. No que diz respeito ao sujeito marginalizado, pode-se, por exemplo, respaldar os estudos em Gayatri Spivak. Em Pode o Subalterno Falar? (2010), a escritora indiana define esse sujeito como pertencente “às camadas mais baixas da sociedade constituídas pelos modos específicos de exclusão dos mercados, da representação política e legal, e da possibilidade de se tornarem membros plenos no estrato social dominante” (SPIVAK, 2010, p. 12). Assim, Spivak (2010) problematiza o silenciamento de muitos sujeitos em diferentes contextos sociais nos países anglófonos, mas mostrando a necessidade de que essa voz seja ouvida. Tanto Butler (2003) como Spivak (2010) são possibilidades de perspectivas teóricas, mas a proposta não quer se delimitar ou restringir a elas. Dessa forma, espera-se disseminar e promover o debate demonstrando a apropriação da escrita do sujeito e suas marcas diferenciais em meio à dinâmica tensional da sociedade na qual a obra se insere. Palavras-chave: Escrita; Sujeito marginalizado; Questão de gênero

1 Universidade Federal de Lavras – [email protected] 2 Universidade Fernando Pessoa – [email protected]

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SIMPÓSIO 4: LÍNGUA, LITERATURA, ARTE E CULTURA: EPISTEMES FRONTEIRIÇAS

Edgar Cézar Nolasco 1

Marcos Antônio Bessa-Oliveira2 Damaris Perreira Santana Lima 3

A guinada do século XX para o XXI trouxe mudanças territoriais, culturais e sobretudo epistemológicas que afetaram e estão afetando as crenças, os valores e o próprio modo de enfrentar a vida e o outro no mundo atual. Uma prova disso é a condição de inúmeros refugiados que se encontram literalmente fora do lugar, fora de casa, vivendo uma condição de apátridos. Mudanças dessa natureza têm interferido diretamente, e cada vez mais, nas relações humanas em todo o sentido, obrigando, quase que naturalmente, que valores, antes incontestáveis, agora sejam postos na balança da suspeição. Essa reverificação de valores de toda ordem também vem causando alterações substanciais no modo de pensar no Ocidente, especificamente dentro das Academias, e, por conseguinte, as línguas canônicas, o discurso moderno, a forma absoluta de produzir saber, o valor estético abstrato, entre outros valores, e, por extensão, o próprio sistema do pensamento moderno enfraqueceram-se diante de novos modos de pensar o homem e sua condição, priorizando aí os lóci de onde esses novos discursos e essas novas epistemes têm emergido. No campo da teoria e da crítica neste século XXI, percebemos que o aparecimento de novas proposições epistemológicas vem nos permitir constatar que tal projeto moderno ocidental não contempla ler criticamente a partir das diferenças coloniais que grassam no mundo atual. A importância em não mais ignorar as diferenças coloniais dos povos, línguas e culturas periféricos, sobretudo, dá-se para não incorrer no mesmo risco do pensamento moderno que, ao agir assim, homogeneizou as diferenças tornando totalizante e abstrato o discurso e o saber veiculado por meio do discurso erigido apenas a partir dos grandes centros dos saberes, das culturas e das civilizações, excluindo, sumariamente, as heranças e diferenças coloniais que insistem e persistem nas bordas da nação moderna. Podemos dizer que aquela vontade salvífica e messíanica arraigada no projeto moderno com relação ao outro da exterioridade foi suplantada pelo direito de não mais falar por esse outro, mas, antes, deixar que esse outro fale por si a partir de seu lócus e seu bios. Também é nessa direção que devemos compreender as produções culturais humanas, bem como os discursos e os sujeitos da exterioridade criada e alimentada pela própria epistemologia moderna como forma de manter sub judice a exclusão sumária do outro subalterno. Voltada para as questões atinentes à língua, literatura, arte e cultura, com ênfase nas periféricas ou fronteiriças, a proposta central do simpósio aqui encetado volta-se para o discurso de ordem de uma epistemologia fronteiriça, por entender que somente embasado nessa perspectiva de uma teorização pós-ocidental é possível descolonizar os conceitos e discursos que teimam em prevalecer no poder colonizado no modo totalizante de pensar que ainda prevalece nas discussões teóricas e críticas da atualidade. Entre outros, dão sustentação epistemológica para a proposta aqui inquirida os livros: Fronteiras Platinas Em Mato Grosso do Sul (Brasil/Paraguai/Bolívia) (2017), de Marcos Antônio Bessa-Oliveira, Edgar Cézar Nolasco, Vânia Maria Lescano Guerra e Zélia R. Nolasco dos S. Freire; Histórias locais/Projetos globais (2003), de Walter Mignolo; Borderlands/La frontera

1 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – [email protected] 2 Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul – [email protected] 3 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – [email protected]

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(2007), de Gloria Anzaldua; Habitar la frontera (2015), de Walter Mignolo; El vuelco de la razón, de Walter Mignolo; Epistemologias do Sul (2010), de Boaventura de Sousa Santos & Maria Paula Meneses (org.); Uma literatura nos trópicos (2000), de Silviano Santiago. Por fim, suspeitamos que rediscutir língua, literatura, arte e cultura nesse tempo sombrio e incerto que espia a humanidade neste começo de século não deixa de ser um modo, ou uma prática teórica de por em ação uma opção descolonial, como forma de fazer justiça às histórias locais relegadas ao esquecimento, ou melhor, à exterioridade, por meio do pensamento moderno que imperou e continua a imperar nas Academias, nos discursos e no mundo atual. Palavras-chave: Descolonialidade; Crítica biográfica fronteiriça; Teorias sem disciplinas.

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SIMPÓSIO 5: A LITERATURA DO SÉCULO XXI: MÍNIMA? MÚLTIPLA? COMUM?

Adenize Aparecida Franco 1

Érica Fernandes Alves2

A chegada do novo milênio, apesar de aguardada ansiosamente pelos crédulos em uma mudança de ordem mundial, parece não ter sido um evento grandioso ou repleto de novas tendências e ideologias que poderiam influenciar a humanidade a alterar drasticamente seu pensamento ideológico, seja em torno da concepção da arte ou do caminho que a própria humanidade deveria seguir em busca de um caminho mais acertado do que aquele que vinha trilhando. Após quase vinte anos do início do novo milênio, a escolha dos caminhos que devem ser percorridos pode ainda ser vista como dúbia, incerta, até o momento, assim como no poema A estrada não trilhada, de Robert Frost, publicado no ano de 1916, que deixa o leitor examinando se as decisões tomadas foram acertadas ou errôneas: “A estrada divergiu naquele bosque – e eu/segui pela mais ínvia que me pareceu/e foi o que fez toda a diferença”. Ou ainda, o leitor indeciso se penetra no bosque labiríntico borgeano em que as veredas se bifurcam. Se na praticidade do dia a dia a incerteza é uma certeza, na literatura, os caminhos parecem mais difíceis de serem encontrados do que nunca: se os críticos e apreciadores da literatura procuram, se é que procuram, por uma modalização, uma tendência, um caminho a percorrer por esta arte neste século, nada conseguem encontrar de concreto. Porém, a incerteza talvez seja a tendência em si. A literatura do século XXI mostra, com toda a sua força, uma variedade criativa incessante a cada novo ano, como vinha fazendo desde o momento em que se tem notícia de sua existência; seja na poesia, na prosa ou no teatro, as abordagens se multiplicam e dão origem a novos olhares de antigos e novos escritores e escritoras que surgem de todas as partes do mundo para falar da experiência do ser humano neste novo século: o feminismo, as lutas de classe, o pós-colonialismo, o existencialismo, a teoria queer, dentre tantas outras correntes teóricas, continuam a alcançar espaços nas prateleiras de livrarias e bibliotecas, dando continuidade ao que foi iniciado nos séculos anteriores. Seriam estas obras escritas na contemporaneidade tendências possíveis que exprimem o(s) novos papel(eis) dos indivíduos na sociedade, ou estariam elas realmente arraigadas ao que foi postulado pelas tendências dos séculos anteriores? Seria tal literatura um divisor matemático, porque minimalista ou infinita? Mínima? Múltipla? Comum? Tais perguntas nos perseguem continuamente e, talvez, não possamos respondê-las de imediato, mas tentaremos. Deste modo, este simpósio abre espaço para pesquisadores que anseiam por revelar os olhares da literatura do século XXI, sob os mais variados vieses teóricos na tentativa de vislumbrar o que a literatura tem a nos dizer sobre o indivíduo e sua experiência no mundo: suas memórias, suas batalhas em torno da identidade, do preconceito de gênero, de raça, de etnia, dos embates violentos, psicológicos, sociais e políticos. Serão aceitos trabalhos que versem sobre os mais diversos gêneros da literatura contemporânea, preferencialmente, em língua portuguesa ou inglesa. Palavras-chave: Literatura; Século XXI; Contemporâneo.

1 Unicentro – [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá – [email protected]

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SIMPÓSIO 6: HISTÓRIA(S) NAS NARRATIVAS BRASILEIRA E HISPANO-AMERICANA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Cilene Margarete Pereira1

Fernanda Aparecida Ribeiro2 Maria de Fatima Alves de Oliveira Marcari3

Durante séculos, estudiosos propuseram diferenciações entre literatura e história, partindo da obra de Aristóteles – que já distinguia a função do historiador e do literato e assinalava que a literatura emergia no campo do verossímil. Com o passar dos tempos, tal contraposição se acentuou e, com o advento do Iluminismo, ocorreu a “separação” entre arte e ciência, resultando na disjunção literatura e história, já que essa última havia sido elevada à categoria de ciência. Contudo, para alguns críticos contemporâneos, a literatura e a história têm a mesma essência, pois “ambas são constituídas de material discursivo, permeado pela organização subjetiva da realidade feita por cada falante, o que produz infinita proliferação de discursos” (ESTEVES, 2010, p. 17). Isto é, as narrativas históricas e literárias, como narrativas, são construtoras de representações da realidade. Na América Latina, a relação ficção e história sempre foi estreita e os primeiros textos aqui escritos (por europeus) costumam ser estudados tanto pela historiografia quanto pela crítica/história literária. Para os historiadores, a relação entre as áreas aponta para uma discussão sobre o entendimento e uso da literatura como documento histórico, uma vez que ela leva a uma reflexão sobre as condições de produção, circulação e recepção de uma época, inserindo a literatura em um campo cultural mais amplo. Segundo Pesavento, tanto a literatura realista, nascida de uma observação mais direta do escritor, quanto a fantástica ou especulativa “é sempre um registro – privilegiado – do seu tempo”, no qual o historiador, ao fazer uso dela como fonte, precisar considerar que ela, “tal como a pintura [...] fala das verdades do simbólico, ou seja, da realidade do imaginário de um determinado tempo, deste real construído pela percepção dos homens, e que toma o lugar do real concreto” (PESAVENTO, 2003, p. 40, grifos da autora). Para Candido, o entendimento da literatura passa pela junção de “texto e contexto numa interpretação dialética íntegra”, no qual o “externo (no caso, o social) importa, não como causa, nem como significado, mas como elemento que desempenha um certo papel na constituição da estrutura, tornando-se, portanto, interno” (CANDIDO, 2000, p. 6, grifos do autor). A partir do exposto, este simpósio pretende reunir pesquisadores interessados nos diálogos possíveis entre literatura e história a partir de duas perspectivas que se cruzam: 1. Uma que busca refletir sobre como as narrativas literárias proporcionam a releitura da história de forma crítica, com a finalidade de elucidar a sua relação com a historiografia, não com o objetivo de rescindir o discurso da história, mas, sim, de recolocá-la em um espaço novo, em que se permitem diversos tempos, várias versões e outros discursos que auxiliam na interpretação do passado, configurando as “histórias híbridas”, segundo o termo de Perkowska (2008, p. 42); 2. Sem negar a dimensão estética do texto literário, procura entendê-lo como uma manifestação cultural que adquire significação como parte da totalidade histórica, na relação com seu contexto, originário de uma interação

1 Universidade Vale do Rio Verde - [email protected] 2 Universidade Federal de Alfenas - [email protected] 3 Universidade Estadual Paulista (Assis) - [email protected]

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social dinâmica. Nas duas perspectivas, impõe-se como recorte: o estudo de narrativas brasileiras e hispano-americanas publicadas a partir do século XIX. Palavras-chave: Literatura; História; Diálogos.

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SIMPÓSIO 7: REPRESENTAÇÕES DO VAZIO NA ARTE

Luzia Aparecida Berloffa Tofalini1 Rosi Basseto Sena2

Vive-se hoje em plena era do vazio. José Castelo (2013), no artigo “Crítica da Razão Cínica” – resenha do capítulo intitulado Narcisismo em tempos sombrios, de Jurandir Freire Costa –, afirma que o destino do homem não se encontra atrelado ao automatismo do instinto como é o caso dos animais. Conforme o autor, a sociedade humana foi fundada sobre um caos e, por isso, necessita dos “artifícios culturais para sobreviver”. Os vazios apresentam-se de diversas formas e o ser humano busca extinguir, de muitas maneiras, aqueles que lhes são perceptíveis. Há os vazios considerados positivos tal como é o caso, por exemplo, do Vazio Primordial ou Vazio Supremo pregado pelo Taoísmo (tradição filosófica e religiosa originária do Leste Asiático); os vazios negativos/positivos – aqueles que são negativos a princípio, mas que podem trazer a recompensa de ganhos (como por exemplo o vazio existencial ou o vazio interior ou, ainda, o vazio psicanalítico – aqueles que geram sentimentos indescritíveis de angústia e dos quais o sujeito procura fugir na tentativa de escapar da realidade difícil e sem sentido; e os vazios considerados negativos, como é o caso do vazio metafísico. Nos tempos atuais, os acontecimentos atropelam-se na vida das pessoas sem dar tempo aos sujeitos para processar novas informações, sensações, emoções e sentimentos. As identidades estão entrando em colapso. Nesse início de século impera o consumismo e os indivíduos se veem rodeados não mais pelos seus semelhantes, mas por objetos materiais, chamados ‘bens de consumo’. Aos poucos o sujeito vai se mostrando cada vez mais quieto, introvertido, retraído e, como consequência, mais isolado. Surgem então, na própria existência, o medo, a aflição, a insegurança, a angústia, a ansiedade, que potencializam o isolamento e a solidão, podendo precipitar o sujeito na depressão e até mesmo no ato suicida. As relações sociais, de quaisquer natureza, são ditadas pela era da técnica e acontecem sob o comando da superficialidade. As emoções e os sentimentos vêm perdendo intensidade e apresentando-se como nuvens de fumaça. De acordo com a psicóloga clínica Silvia Malamud (s.d. p.1), “Na era do vazio, o norte passa a ser a competição, a conquista e o culto de si mesmo (narcisismo). [...] há uma tendência de o ser humano não mais conversar consigo mesmo. [...] O vazio grita nos ouvidos e perturba, mas funciona como um alerta para a alma mostrar o quanto estamos distantes de nós mesmos, vivendo como autômatos”. Buscando contribuir com o debate científico e visando ao processo reflexivo acerca das representações do vazio, que estabelecem relações entre as características da sociedade atual e as suas influências na vida dos sujeitos, este simpósio objetiva acolher e reunir pesquisadores cujas propostas de trabalho focalizem a problemática do vazio na arte, seja ela literatura, teatro, música, cinema, pintura, fotografia, dança etc. O simpósio abre espaço também para os estudos que investigam as formas e modos do silêncio, buscando evidenciar situações de vazio. Palavras-chave: Silêncio; Vazio; Artes.

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari - [email protected]

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SIMPÓSIO 8: LITERATURA JUVENIL: DA PRODUÇÃO À RECEPÇÃO

Alice Áurea Penteado Martha1 Clarice Lottermann2

João Luís Ceccantini3 Dentre os subsistemas que alimentam o sistema literário, destaca-se a literatura juvenil, cuja produção se fez maciça nas últimas décadas. A publicação de inúmeros títulos e a circulação particularmente marcante no contexto escolar, em meio aos muitos produtos culturais que inundam o mercado e disputam avidamente a atenção dos jovens, evidenciam que, para que a literatura realmente exista, ela precisa integrar-se em um sistema de produção, circulação e consumo, tornando-se um objeto significativo para a sociedade em que está inserida. Embora os números sobre a produção e a circulação de livros para jovens sejam bastante significativos, a questão do “específico juvenil” ainda levanta polêmicas nos estudos acadêmicos. Se a oposição “literatura”/“literatura infantil” se faz presente na absoluta maioria dos textos que compõem a bibliografia teórica, inclusive em língua estrangeira, sobre o assunto, já as oposições “literatura”/“literatura juvenil” ou “literatura infantil”/“literatura juvenil” são quase que deixadas de lado pelos textos que se dispõem a tratar desse subsistema literário. Sob a ambígua rubrica “literatura infantojuvenil”, utilizada, aliás, até recentemente sem maior questionamento, todos os problemas parecem estar à primeira vista resolvidos, ainda que depois se revelem contradições internas nas obras teóricas, ao acabarem, explícita ou implicitamente, trabalhando com a diferenciação de conceitos. Apesar do peso significativo que possui atualmente a literatura juvenil no campo editorial, movimentando cifras consideráveis; da vasta produção de títulos com níveis de literariedade diferenciados; dos vários autores já consagrados ou novatos; dos congressos sobre o tema, organizados por instituições de diferente natureza, é possível constatar que a pesquisa sistemática sobre o assunto se encontra ainda em estágio inicial. Há um enorme trabalho a realizar na área, tanto no sentido da pesquisa teórica e crítica, quanto daquela voltada para a questão da leitura no país e à superação gradativa dos problemas relativos à formação de leitores literários “permanentes”. Esse contexto justifica a proposição deste simpósio, empenhado em compreender melhor o gênero juvenil nas suas múltiplas dimensões, assim como a legitimação que a literatura juvenil acaba por receber de diferentes instituições (prêmios, diretrizes curriculares, disciplinas de graduação e pós-graduação, produção, circulação e recepção). Importa conhecer os autores e seu processo de criação, as características especiais das obras, os mecanismos de fabricação dos livros, com todos os integrantes de seleção, ilustração, composição, edição, revisão, entre outros aspectos, bem como investigar as diversas instâncias mediadoras entre os livros e seus leitores, como livrarias, bibliotecas, escolas, academias, igrejas, eventos literários, seções de crítica em periódicos e muitas mais, além dos leitores propriamente ditos e suas preferências e modalidades de leitura, segundo os fatores intervenientes. Apenas a atenção dada às relações entre esses variados agentes no complexo campo literário em pauta, na interface com os demais campos que compõem o todo social, pode fornecer elementos para a reflexão sobre o papel da literatura juvenil na construção da identidade dos leitores e na sua capacidade

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Marechal Cândido Rondon) - [email protected] 3 Universidade Estadual Paulista (Assis) - [email protected]

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de interagir com os demais, em um intrincado processo de assimilação e difusão cultural. Desse modo, o simpósio está aberto a trabalhos que levantem obras que circulem sob a rubrica literatura juvenil; debatam o gênero em seus elementos estético/formais; realizem reflexão sistemática sobre a existência de um específico juvenil no campo mais amplo da literatura; discutam e proponham questões relativas ao ensino da literatura juvenil; analisem o processo de mediação e recepção dos textos literários no contexto escolar, em suas múltiplas variáveis; discutam políticas públicas voltadas à leitura de obras juvenis. Palavras-chave: Literatura juvenil; Mercado editorial; Indústria cultural.

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SIMPÓSIO 9: LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: HISTÓRIAS, ANÁLISES E ESTUDOS COMPARADOS

Geovana Gentili Santos1

Karina de Oliveira2 Vanessa Regina Ferreira da Silva3

A literatura infantil e juvenil, entendida como um sistema em que os três elementos – autor, obra, público – interagem entre si (CANDIDO, 1964), tem sido sensível aos diferentes contextos sócio-histórico-políticos em que emerge, traduzindo em seu conjunto discursivo um intenso movimento de adesão e de resistência ideológica. Entender e estudar a dinâmica constitutiva deste sistema literário permite-nos compreender não só o projeto estético-literário das produções destinadas à infância e à juventude e, consequentemente, o próprio conceito de literatura infantil e juvenil; mas também, as políticas públicas em torno do gênero que, por sua vez, sinalizam os avanços e os retrocessos nas práticas sociais de leitura e de formação do sujeito. Assim, se outrora, no sistema literário brasileiro, o “gigante” que vigiava e cerceava as produções literárias para infância e juventude denominava-se censura e exigia um movimento de resistência e subversão; atualmente, qual(is) seria(m) o(s) elemento(s) que circunda(m) essas produções? De que modo governo, escola e mercado valem-se do gênero para suas proposições ideológicas? Qual(is) a(s) nova(s) dinâmica(s) imposta(s) pelo mercado editorial às obras infantil e juvenil? E os prêmios literários, como atuam e o que indicam nesse processo? E se para além da análise de um único sistema, amplia-se o olhar e compara-o ao movimento realizado em outro sistema literário, que dados ou percepções se teria? O que este estudo comparado revelaria sobre si e sobre o outro? São inúmeros os questionamentos que podem ser feitos em torno da literatura infantil e juvenil a fim de compreender as findas disputas e relações de poder instauradas no campo da arte. Para que essas reflexões ganhem uma dimensão mais global e, ao mesmo tempo, consigam reconhecer a situação específica de cada país, é válido trazer à tona pesquisas literárias cujo centro de indagação esteja amparado no estudo comparativo – visto, hoje, como um vasto campo, com inúmeras possibilidades e que se edifica como um diálogo transcultural, aceitando as diferenças (COUTINHO, 1996). Desde essa perspectiva teórica, é possível comparar autores e/ou obras de um mesmo sistema literário ou, ainda, ampliar os horizontes comparativos e colocar em diálogo duas ou mais produções artísticas e/ou projetos literários de diferentes nacionalidades. Neste campo investigativo, é possível também estabelecer relações entre a literatura infantil e juvenil e outras manifestações artísticas, como cinema, música, teatro, histórias em quadrinho, adaptações televisivas etc. Desta forma, a proposta de se investigar uma mesma problemática sob o viés dos estudos comparados viabiliza que os horizontes do conhecimento estético sejam ampliados e que se construa uma percepção e uma compreensão mais crítica das literaturas nacionais por meio de uma análise contrastiva (CARVALHAL, 2004). Considerando, portanto, a validade de debruçar-se sobre esse conjunto discursivo para entender sua constituição no passado e, assim, poder analisar os movimentos realizados na atualidade, com o presente simpósio pretende-se construir

1 UFPR-Setor Litoral – [email protected] 2 UNIFEV/IFSP-Birigui – [email protected] 3 IFSP-Pirituba – [email protected]

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um espaço para o diálogo e a reflexão em torno da literatura infantil e juvenil – tanto nacional quanto estrangeira – a partir de diferentes aportes teóricos e viés comparativo. Palavras-chave: Literatura Infantil e Juvenil; Discurso Literário; Estudos Comparados.

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SIMPÓSIO 10: RESISTÊNCIA NAS LITERATURAS DE MINORIAS

Nelci Alves Coelho Silvestre1 Maria Carolina de Godoy2

O revide ou resistência é um modo de ir contra a dominação do poder, de não aceitar as imposições colonialistas, étnico-raciais, culturais, entre outras, e de procurar reverter a situação para que os oprimidos possam resgatar sua subjetividade e buscando a centralização de sua identidade fragmentada por meio de sua auto-expressão e a obtenção de sua voz. Ashcroft (2001) assevera que resistência é um termo que se adapta a uma grande variedade de circunstâncias, por isso a descreve como sinônimo de qualquer tipo de luta política. O autor pondera ainda que, se pensarmos em “resistência como qualquer forma de defesa através da qual o ‘invasor’ é rechaçado, as formas sutis e não verbalizadas de resistência social e cultural têm sido muito mais frequentes” (ASHCROFT, 2001, p. 20). Há diversas maneiras de se resistir ao poder imperial. A mais primitiva ocorre por meio da luta, da resistência física, armada. No período inicial da colonização e no período pré-independência essa forma era a única possível. Porém, os sujeitos coloniais não estavam preparados para combater os colonizadores e por isso não tinham muitas chances contra eles e suas armas mais avançadas, aperfeiçoadas em séculos de guerras. Esse tipo de revide foi uma boa tentativa de resistência, mas pouco serviu na quebra da hegemonia europeia, o que pôde gerar mais opressão por parte do império, ou guerras civis intermináveis no período pós-colonial. Outro tipo de resistência pode ser feito de pequenos atos de revide por parte dos povos oprimidos, como as mulheres e os escravos serem morosos ou raivosos, ao fazerem seus trabalhos, pequenos atos como realizar propositadamente um mau trabalho, o murmúrio ou o xingamento de Calibã, entre outros. O último tipo de resistência e o mais importante para os estudos literários, de cultura e artes em geral é o revide discursivo, empregado pelo colonizado para fazer ruir a sistemática monolítica do colonizador. Mais efetiva na defesa do colonizado, a resistência discursiva consiste em resistir sem fazer uso da violência, em empregar táticas para se defender dos moldes europeus impostos ao colonizado. Ashcroft (2001) classifica a resistência em pacífica, violenta e discursiva, Homi Bhabha (1998) discorre sobre a mímica, conceito desenvolvido por estratégia constituída de elementos que desestabilizam e questionam os padrões dominantes. Além disso, há os aspectos da resistência discursiva e suas divisões, tais como a reescrita, a releitura e a paródia, embasados em Hutcheon (1989). Gerald Vizenor (2008) a partir dos estudos indígenas estadunidenses apresenta o conceito de survivance, que, segundo o autor, é um senso ativo de presença, mesmo na ausência obrigatória, ou decretada pelas forças dominantes. Trata-se de uma prática, muitas vezes contraditória, na qual o oprimido negocia, e usa a resistência de forma ativa, repudiando a dominação e a vitimização. O conceito de survivance, como Vizenor (2008) o utiliza para literatura indígena estadunidense, possibilita a busca de paralelos em sua aplicação no estudo das escritas literárias de autores de minorias étnico-raciais-culturais e na resistência discursiva de escritores indígenas brasileiros, africanos e afro-brasileiros. O presente simpósio tem o objetivo de discutir aspectos de resistência pós-colonial e de outras estratégias de lutas de minorias étnico-raciais-culturais contra seus aparatos de opressão,

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]

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sejam estes institucionalizados ou executados individualmente. Serão bem-vindas as análises de obras que demonstrem estratégias de resistência nas literaturas de minoria e seus efeitos sobre a construção ou modificação das identidades. Pretende-se também verificar como tais conceitos estendem-se à educação e a outros métodos de difusão da mídia para a expressão da voz das minorias silenciadas. Palavras-chave: Literatura de Minorias; Resistência Discursiva.

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SIMPÓSIO 11: LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA DE AUTORIA FEMININA: DEBATES E PERSPECTIVAS

Lúcia Osana Zolin1 Marly Catarina Soares2

Wilma dos Santos Coqueiro3 Em tempos de modernidade tardia, a constituição do sujeito é constantemente colocada em debate revelando suas instabilidades, fragilidades, fragmentação. Stuart Hall (2006) aponta que o declínio de velhas identidades leva à desestabilização da vida em sociedade abrindo caminho para o surgimento de novas identidades “fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado” (p.7). Neste contexto conceitos estabelecidos e aparentemente sedimentados encontram-se hoje desacreditados, desarticulados e não oferecem suporte para conservar a estabilidade do sujeito. A fragmentação possibilita o descentramento do sujeito e consequente multiplicidade de identidades segundo ainda Hall. As ideias discutidas sobre identidade por Hall e outros teóricos sugerem que na era pós-tudo em que vivemos não cabe mais aceitar conceitos essencialistas, pois normatividade e exclusividade não são mais categorias absolutas para regular a situação da representatividade. Quem nós somos e de onde nós viemos não respondem mais a complexidade do sujeito dessencializado. Como um dos resultados dessa discussão surgem os estudos feministas que começam a ocupar espaço, incerto no início, na segunda metade do século XX, adquirindo maior visibilidade no final do século e início do século XXI. Verifica-se então uma intensa e extensa produção teórica como resultado do engajamento de pesquisadores e interessados no tema, dentro e fora das academias e um volume bastante considerável de textos literários produzidos por mulheres nos últimos anos. Há que se anotar a ampliação dos estudos feministas para Estudos de Gênero numa bem sucedida tentativa de abarcar as várias posições de sujeito e as múltiplas identidades que se desenharam nas últimas décadas. Tal ampliação abre caminho para reconfigurações de autoria de gênero no intuito de dar voz a novas configurações de sujeito, sujeitos e corpos não-hegemônicos, que transitam entre contextos possíveis de negociações identitárias. Para que esse avanço fosse possível é necessário verificar que nos últimos quarenta anos, a literatura tem visto expandir o número de mulheres escritoras colocando a lume o universo feminino, seus problemas, desbravando e ampliando a geografia literária para outras construções de gênero, etnia, sexualidade. A crítica literária, abordada a partir da leitura do gênero e seus sistemas inter-relacionados de representação – sexualidades, raça, etnias, experiência, diferença, diáspora, pós-colonialismo, entre outros eixos conceituais –, bem como a partir das divisões que estruturam capôs discursivos, estéticos, culturais e geopolíticos, enfatiza a relação entre gênero/subjetividades e as estruturas de poder. A proposta deste simpósio é promover um espaço de discussão legitimado pela academia sobre a literatura brasileira contemporânea produzida por mulheres. Espera-se congregar neste simpósio pesquisadores/as que desenvolvam pesquisas relacionadas à literatura brasileira contemporânea de autoria feminina. A partir destes pressupostos, para enriquecer o debate aqui proposto, o presente simpósio

1 Universidade Estadual de Maringá 2 Universidade Estadual de Ponta Grossa 3 Universidade Estadual do Paraná (Campo Mourão).

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acolherá trabalhos de pesquisadores/as resultantes de pesquisas atinentes ao gênero e as suas mais diversas configurações, relacionadas com a produção literária de mulheres dada a público após os anos 2000. Palavras-chave: Literatura de autoria feminina; Literatura recente; Debates.

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SIMPÓSIO 12: MULTICULTURALISMO, PLURILINGUISMO E MULTILETRAMENTOS: DIFERENTES EPISTEMOLOGIAS PARA O

ENSINO DE LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA

Vera Helena Gomes Wielewicki1 Cielo Griselda Festino2

Gikandi (2005) observa que uma das ironias do discurso da globalização é que, embora as literaturas de língua inglesa tenha se tornado um signo do trans-nacionalismo, continua enraizada em um etos nacional, ou seja, no modelo da historiografia literária nacional no qual autores, narrativas e culturas são idolatradas. Para quebrar com essa tendência e com dicotomias estabelecidas pela Literatura Comparada, entre autores e obras considerados canônicos ou subalternos, o crítico indiano Satya Mohanty (2011), inspirado na tradição literária indiana multicultural e plurilíngue propõe explorar, em vez de influências literárias, pontos em comum e diferenças entre agrupamentos de narrativas literárias, provenientes de diferentes culturas, em suas perspectivas ideológicas que se manifestam não somente na temática, mas também no uso da linguagem e dos estilos narrativos. Por sua vez, essa abordagem às narrativas literárias exige uma detalhada análise textual e interpretação cultural que possa gerar um modelo de interação textual e intercâmbio cultural além das fronteiras culturais, literárias e linguísticas, mais complexo e cuidadoso que se torne uma verdadeira crítica social. Seria essa uma forma de close reading cultural de narrativas em contraponto, propondo-se um melhor entendimento das culturas e comunidades nas quais foram produzidas. Ao mesmo tempo, partimos também da premissa de que contemporaneamente não se pode afirmar que a escrita formal, como vem sendo historicamente desenvolvida pela escola, seja o único modo de circulação de literatura. Desde o advento da imprensa, a escrita tem moldado uma epistemologia que privilegia a razão e o pensamento lineares, e a escola vem se esforçando para cumprir o papel de possibilitar que as pessoas façam o uso correto tanto da linguagem escrita quanto tenham acesso a um modo de pensamento privilegiado socialmente, em que a ciência, a filosofia, a história e o direito não apenas são expressos através da escrita mas, como afirma Lévy (2010), são constituídos por ela. Entretanto, pode-se observar também outras formas de produção e circulação de pensamento que não seguem os princípios de linearidade tão claros como a escrita, mas também estabelecem relações de comunicação entre os seres humanos. Em uma época em que a comunicação virtual vem quebrando fronteiras delimitadas de tempo e espaço e criando movimentos sociais eficientes, outros modos de comunicação passam a surpreender aqueles que se dedicam a estudá-los. A inquietação de Lévy, de que o declínio da prosa significaria também um declínio do saber a ela ligado, ou seja, da ciência, da filosofia, da história e do direito como os concebemos até hoje, é também a preocupação de muitos educadores. Está claro que a escola, se almeja formar cidadãos instruídos, capazes de se comunicar eficientemente, não pode deixar de olhar para outros modos de comunicação (conforme Kress 2000). Assim, diferentes modos de expressão pressupõem diferentes formas de significação e relações dos indivíduos com esses diferentes significados, ou epistemologias. Outros letramentos, diferentes daquele que se dá via palavra escrita, devem ser possibilitados, através de uma pedagogia dos

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Paulista - [email protected]

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multiletramentos, abrindo espaço para uma educação pluralista (Cope e Kalantzis 2000). Dessa forma, pretende-se agrupar neste Simpósio trabalhos que problematizem a literatura de língua inglesa em suas interfaces multiculturais e plurilíngues, não somente entre as diferentes culturas onde a língua inglesa é falada, mas também com narrativas de outras culturas e em outras línguas na versão original ou tradução, ou em meios deferentes do escrito, considerando as implicações de tais interfaces no seu ensino em uma perspectiva dos multiletramentos, evidenciando, no processo, as diferentes epistemologias envolvidas. Palavras-chave: Multiculturalismo; Plurilinguismo; Multiletramentos

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SIMPÓSIO 13: TEXTUALIDADES MARGINALIZADAS EM FOCO: POR UMA EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Ana Claúdia e Silva Fidelis1

Ana Paula Franco Nobile Brandileone2 Como instância de conservação e de reprodução cultural, os sistemas de ensino, mais especificamente a escola (o que inclui a universidade), são instâncias de legitimação que determinam qual (ou quais) cultura(s) é (são) digna(s) de ser(em) consagradas (s) e, portanto, compreendida(s) como legítimas. Desse modo, é na escola que se define qual literatura é ou não válida, qual obra deve ser lida ou não, o que é preciso saber sobre ela e o que deve ser ignorado, o que pode e o que deve ser admirado (BOURDIEU, 2009), o que acaba excluindo e/ou tornando invisíveis a figuração de outros grupos sociais e, portanto, de outras formas de expressão. Sob esta perspectiva, é que a oferta de obras literárias representativas de determinado grupo social não apenas promove a exclusão de outros grupos sociais, mas também contribui para o desprestígio de uma cultura em relação a outra. Nesse contexto, a Literatura, ao contrário da sua natureza, pode contribuir para a proliferação desse estado de coisas, marginalizando e/ou alienando determinados grupos, em prol de um grupo dominante, quando sua vocação é também dar voz para a legitimação de coletividades repudiadas. Compreender o território literário como um dos principais organizadores da cultura humana, constituído por um sistema múltiplo (polissistema), é condição sine qua non para de um lado dar visibilidade a produções literárias que não se restringem ao cânone e, de outro, perceber as fronteiras e os jogos de poder que permeiam o campo literário. Deste modo, há que se supor que o campo literário é formado por um sistema múltiplo que comporta outros em seu interior, em relações de interdependência, configurando, assim, uma estrutura dinâmica e heterogênea. Por esta hipótese, permite-se investigar amplos e diversos sistemas, e não apenas aqueles que passaram por um processo de canonização (ou seja, de consagração) (EVEN-ZOHAR, 1990). Por isso, é que o ensino da literatura na contemporaneidade exige dos professores e pesquisadores um exercício para compreender as complexas e múltiplas nuances que envolvem os textos literários, na sua intrincada rede de produção e consumo, circulação, suporte, diferentes formas de apreciação, relações com outras formas de arte e, sobretudo, os desafios de operar simultaneamente com o repertório literário canônico, isto é, aceito histórico e socialmente, e as novas formas de expressão que hoje organizam o campo da literatura. A emergência dessas novas vozes, sobretudo na ficção brasileira contemporânea, lugar de enunciação de sujeitos à margem do poder econômico, social, étnico-racial, de gênero, orientação sexual, dentre outros e que, por isso mesmo, vivenciam uma identidade coletiva que recebe valoração negativa da cultura dominante, não deve ser ignorada pela escola, sob pena de perpetuar um estado de exclusão e subalternização desses grupos. Diante da necessidade de (re)pensar sobre certas exclusões sociais e culturais e reforçar o entendimento da urgente incorporação desses grupos que foram relegados à penumbra nas instituições de ensino, este Simpósio se propõe a não apenas refletir sobre obras da Literatura Infantil e Juvenil contemporânea brasileira, a fim de verificar se elas favorecem ou não a ruptura de concepções redutoras, preconceituosas e estereotipadas, ou se contribuem para a emancipação e para construção identitária

1 Pontifícia Universidade Católica (Campinas) – [email protected] 2 Universidade Estadual do Norte do Paraná (Cornélio Procópio) – [email protected]

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desses grupos. Interessa também promover a discussão de práticas pedagógicas inovadoras, voltadas para a educação literária, que promovam a circulação do literário em esferas que não contemplem apenas as obras canônicas, bem como dar visibilidade a processos de recepção literária que procurem dar espaço a estas novas formas de expressão literárias. Palavras-chave: Ensino de Literatura; Educação Literária; Literatura infantil e juvenil contemporânea brasileira.

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SIMPÓSIO 14: “E OS FILHOS DE SATURNO DEVORARAM A SI MESMOS”: MELANCOLIA E SUICÍDIO NA LITERATURA

Willian André1 Gabriel Pinezi2

Minha mãe se matou sem dizer adeus, romance de Evandro Affonso Ferreira, nos apresenta um narrador que, de partida, se autoproclama “melancólico medíocre medroso”: “não sou melancólico por obra do acaso; aperfeiçoei-me no desconsolo”. Narrador verborrágico e leitor assíduo, rememorando constantemente o suicídio de sua mãe em uma infância distante, mas sempre presentificada, esse personagem octogenário indica, em sua “meada de difícil desenredo”, algumas referências que nos ajudam a pensar sua “espécie rara de melancolia árida”, que o deixa sempre próximo do autoaniquilamento: entre outros, ele menciona autores como Robert Burton e Sigmund Freud. Não por coincidência, trata-se de dois autores cujas obras se situam entre a medicina e a literatura: Burton, resolvendo escrever tudo o que poderia ser dito sobre a melancolia, entregou ao ocidente um dos livros mais ricos e complexos da literatura de língua inglesa; e Freud, na tentativa de estabelecer uma “clínica da palavra”, acabou recebendo o prêmio Goethe, em 1930, pelo valor de sua prosa. Certamente, a melancolia é um dos temas privilegiados no debate das relações entre medicina e literatura. E isso desde as origens da Grécia Antiga, quando Aristóteles já tentava explicar “por que todos os homens que se tornaram excepcionais em filosofia, política, poesia e artes se afiguram melancólicos [?]”. Com essa pergunta, inicia-se a extensa tradição que, partindo da Grécia clássica, atravessa as reflexões medievais dos padres católicos em direção à modernidade de Baudelaire. Tal percurso foi largamente documentado e estudado por autores como Walter Benjamin, Erwyn Panofsky, Giorgio Agamben e Jean Starobinski. Embora todos eles apontem sempre para a insistente associação entre a melancolia e a morte – especialmente ao tratar da influência do Chronos-Saturno destruidor sobre a alma do melancólico – são poucas ainda as pesquisas que se voltaram de forma mais sistemática às relações entre melancolia e suicídio. Conforme Kristeva, “o artista que se consome com a melancolia é [...] o mais obstinado em combater a demissão simbólica que o envolve”. O limite desse confronto, para a autora, é o suicídio. Hamlet é um dos grandes paradigmas: na tragédia que leva seu nome, é Ofélia quem tira a própria vida, mas o Príncipe da Dinamarca encontra-se sempre em uma linha tênue, de desenho melancólico, que o aproxima do ato. Outro paradigma é o jovem Werther que, consumido pela impossibilidade de casar com sua amada, prefere matar-se do que aceitar uma vida sem Charlotte. Em obras literárias e estudos teóricos do século XX que abordam o suicídio, se estabelece um vínculo direto com a depressão que, a partir do advento da psicanálise, passa a ser compreendida como espécie de “desdobramento” do humor melancólico. No campo da reflexão teórica, destacam-se os estudos de Al Alvarez, Andrew Solomon e Maria Rita Kehl; já no campo da realização literária, basta pensarmos, por exemplo, em nomes como Florbela Espanca, Virginia Woolf, Sylvia Plath, Anne Sexton e Sarah Kane – autoras que, inclusive, decidiram pela própria morte. Em todas essas obras, o suicídio se relaciona com a falta que é própria da condição melancólica e se apresenta quase como uma tentativa de “solução” extrema para suprir essa falta: ainda conforme Kristeva, está em

1 Universidade Estadual do Paraná (Campo Mourão) - [email protected]. 2 Universidade Estadual Paulista (Araraquara) - [email protected].

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jogo aí a “língua morta” que o melancólico fala e que prefigura seu suicídio. Os exemplos mencionados e as breves reflexões aqui suscitadas servem como ponto de partida para o quadro geral que pretende abarcar o presente simpósio: interessam-nos mormente os trabalhos que prezem pelas relações entre a melancolia e o suicídio em obras literárias das mais diversas épocas e origens, mantendo-se sempre a abertura para o diálogo com outras áreas do conhecimento. Reflexões de cunho teórico sobre as possíveis relações entre esses dois temas também serão bem-vindas. Palavras-chave: Suicídio; Melancolia; Literatura e Interdisciplinaridade.

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SIMPÓSIO 15: RESSIGNIFICAÇÕES DO PASSADO PELA LITERATURA: ESTUDOS COMPARADOS

María Rosa Lojo1

Gilmei Francisco Fleck2 Weslei Roberto Candido3

O passado da América, consignado nos anais tradicionais da história, revela o discurso do colonizar, agindo sobre a terra e a gente conquistada nem sempre pelos métodos menos cruéis e abusivos. Nessas escritas estão consignadas as imagens dos heróis europeus da “descoberta”, colonização e domínio do território americano. Suas ações são exaltadas por meio de um discurso hegemônico, unicamente produzido pela parcela colonizadora do território que, de posse do saber da escrita, perpetrou aquelas imagens que lhes convinham diante dos monarcas europeus a quem serviam e, também, para o futuro da humanidade. A persistência, até nossos dias, de muitos resquícios desse árduo processo de colonização, em diferentes áreas das sociedades aqui constituídas após os processos de independência, tem motivado a muitos literatos, especialmente latino-americanos, desde o ano de 1949 – com a publicação do primeiro novo romance histórico: El reino de este mundo, do cubano Alejo Carpentier – a buscar revelar, pelas vias da ficção, outras perspectivas para esse passado. Tais produções consistem em possíveis ressignificações do passado pela arte literária e, às vezes, também, por outros campos do saber. Entre elas se destacam as modalidades críticas da segunda e terceira fases da trajetória do romance histórico: o novo romance histórico latino-americano, a metaficção historiográfica e o romance histórico contemporâneo de mediação, além das escritas memorialísticas e (auto)biográficas, entre outros gêneros híbridos de história e ficção. Pelo emprego de recursos discursivos como a paródia, a ironia, a carnavalização, a polifonia, a dialogia, a heteroglossia, os multiperspectivismos, os anacronismos, as visões periféricas, entre outras possibilidades, a literatura busca desconstruir a hegemonia discursiva da história tradicional sobre o passado, aproximando-se das proposições da “nova história” em marcha desde os anos 70 do século passado. Analisar tais produções críticas, desconstrucionista e mediadoras, tem sido um dos propósitos – juntamente com o estudo da importância da leitura e da escrita na América Latina – do Grupo de Pesquisa “Ressignificações do passado na América: processos de leitura, escrita e tradução de gêneros híbridos de história e ficção – vias para a descolonização”. Neste simpósio buscamos, pois, expandir esse frutífero diálogo sobre as possíveis ressignificações do passado pela literatura com pesquisadores de diferentes Instituições que compartem propósitos semelhantes, com encaminhamentos para o processo de descolonização da América Latina e a revelação da relevância dessas ressignificações do passado propostas a partir das escritas literárias. Tais ações, normalmente, ocorrem no seio da Literatura Comparada, dos estudos sobre o romance histórico, das pesquisas envolvendo a importância do processo de leitura e escrita na América Latina e, também, dos estudos da tradução que se voltam à revitalização das produções do passado para uma maior integração latino-americana, pelo conhecimento do “outro” e suas raízes literárias. Desse modo, nosso Simpósio acolhe estudos relacionados aos temas e às áreas

1 USAL/Buenos Aires- Argentina – [email protected] 2 UNIOESTE/Cascavel-PR-Brasil – [email protected] 3 UEM/Maringá-PR-Brasil – [email protected]

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aqui mencionadas com o propósito de amalgamar estudos que contribuem para evidenciar as vias de descolonização propostas pela literatura em nosso continente. Palavras-chave: Ressignificações do Passado; Literatura Comparada; Gêneros híbridos de história e ficção.

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SIMPÓSIO 16: LEITURA LITERÁRIA COMO TRANSGRESSÃ0

Sheila Oliveira Lima1 Marilu Martens Oliveira2

A leitura do texto literário, segundo a estudiosa argentina María Teresa Andruetto (2017), pode ser vista como uma espécie de revolução. Por sua vez, a antropóloga francesa Michele Petit (2009, 2013), na mesma direção, considera a leitura, principalmente de literatura, como um dos caminhos possíveis para a construção de identidades e, sobretudo, de subjetividades fortalecidas. Já o teórico de literatura Antonio Candido, em texto de 1988, já colocava a leitura literária como uma das atividades mais relevantes para a garantia dos direitos humanos. Em todas essas assertivas, é possível entrever o reconhecimento de que a literatura e sua fruição guardam em si potencial humanizador, justamente por sua capacidade de colocar em xeque valores e ideias, instaurando a dúvida e a desconstrução de convicções e expondo a necessidade constante de nos reinventarmos, isto é, de nos reposicionarmos diante da vida, da cultura, da história, da sociedade. A escola, por seu turno, parece pouco considerar esse potencial em suas práticas de abordagem da leitura e da literatura. Conforme Cosson (2014), Lajolo (2007), Lima (2016), entre outros que vêm, desde a década de 1980, refletindo a respeito do lugar da leitura na escola, a aula de literatura pouco instiga à fruição do texto literário, no sentido dado por Barthes (1999). Ao contrário de propô-la enquanto revolução permanente, é muito comum observar a abordagem da literatura na escola de modo a esquadrinhá-la, tornando-a distante de seu fim principal: a leitura. Já esta, num caminho inverso, costuma ser levada de modo quase paralelo, sem a atenção aos processos que a efetivam, marcada pela ausência de uma mediação que convide o estudante a enfrentar as dificuldades iniciais e, assim, alcançar a fruição. Frequentemente, a literatura é tomada como objeto para análise de recursos estilísticos ou, o que é ainda mais grave, pretexto para estudo gramatical ou até de temas transversais diversos. A leitura, por sua vez, sobretudo de literatura, é posta, em geral, como tarefa autônoma, porém sem resultados efetivos. Propomos que a leitura do texto literário seja tomada como transgressão. De saída, a literatura pode ser considerada transgressora, conforme identificou Jauss (1994), na medida em que ela se manifesta como proposta de um novo horizonte de expectativa, instaurando o novo e instando o leitor a criar em si uma revolução. Dentro do campo da educação, a leitura do texto literário deverá ser tomada enquanto transgressão desde que haja disposição para colocá-la acima das pequenas razões didáticas, perseguindo-se, portanto, sua essência pedagógica, não por um caráter pretensamente edificante, mas sobretudo porque, conforme Candido (1988), “faz viver”. Este simpósio, portanto, traz como proposta a reflexão sobre modos de abordagem da leitura de literatura na escola, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, de forma a aproximá-la do aluno como possibilidade de experiência ética e estética, capaz de transgredir, romper e libertar para as potências da dúvida e da criatividade. Palavras-chave: Leitura; literatura; ensino.

1 Universidade Estadual de Londrina - [email protected] 2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná (C. Procópio e Londrina) - [email protected]

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SIMPÓSIO 17: ANIMAIS E LITERATURA: POÉTICA, ÉTICA, IDENTIDADES

Elda Firmo Braga1 Evely Libanori 2

A nossa cultura tem se relacionado com os animais não humanos de forma especista ou seja, eles são considerados seres inferiores, cujas existências servem para atender os interesses humanos. E assim tem sido desde milênios. Os animais não humanos são usados como produtos para alimentação, pesquisa científica, diversão, trabalho, vestimenta. São Tomás de Aquino (1225-1274) estabeleceu as bases morais para a relação da comunidade cristã com os animais. O filósofo entendeu a racionalidade com a propriedade que separa o ser humano da natureza e o aproxima de Deus. Os animais, ou “as bestas” são os seres imperfeitos e presos ao mundo natural. O grau de perfeição animal do ser humano repercute no tratamento moral e proteção de suas vidas. As “bestas” existem para oferecer conforto, segurança e alimento ao ser humano. René Descartes (1596-1650) disseminou o pensamento de que a ciência experimental não teria obrigações morais para com os animais, visto que eles eram máquinas feitas por Deus para servir ao homem e, como máquinas, seriam destituídos de inteligência, alma e capacidade de sentir dor. A ideia cartesiana implicou o uso dos animais em pesquisas científicas sem o cuidado para minimizar seu sofrimento. A vivissecção era praticada sem anestesia e sem culpa. A consequência do pensamento de Tomás de Aquino e de Descartes é que, todos os dias, milhões de animais são assassinados para atender a demanda humana de lucro. A exploração dos animais não causa constrangimento moral à nossa sociedade. Os argumentos usados para a manutenção dos hábitos especistas e antropocêntricos são diversos. Alegam que os animais não raciocinam, que foram criados por Deus para atender as necessidades humanas, que os seres humanos precisam comer animais pela necessidade de proteína animal etc. Esse estado de coisas só começa a mudar nas últimas décadas, com o surgimento de um ramo de estudo chamado “Estudos Animais”. A preocupação com a forma como o ser humano se relaciona com os animais tem acontecido em diferentes campos do conhecimento, o que faz dos Estudos Animais uma área de pesquisa híbrida, que agrega pesquisadores de diferentes ciências, tais como a literatura, filosofia, biologia, ética, biopolítica, direito, educação. A Literatura tem sido o instrumento para o questionamento sobre as fronteiras entre o animal e o humano. O animal sai do estado de coisa e é alçado à categoria de Ser e, então, é visto no seu próprio ethos. A focalização no animal permite ao leitor pensar a própria condição ontológica. A Literatura tem sido, ainda, veículo para discussão do tratamento ético que dispensamos aos animais. Os textos apontam a senciência e não a racionalidade como critério ético para lidar com os outros animais, pois a falta do raciocínio lógico nada tem a ver com a capacidade de sofrer. Portanto, o objetivo do simpósio é reunir trabalhos da área dos Estudos Animais na Literatura com enfoque voltado para a poética e para a ética animal. A intenção é pensar o animal enquanto indivíduo e, também a forma como nos relacionamos com ele no dia a dia. Com isso, o simpósio pretende promover a revisão dos valores seculares que ainda hoje fundamentam a ideia sobre os animais.

1 Universidade Estadual do Rio de Janeiro - elda@literaturas@net 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]

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Palavras-chave: Animais; Poética; Ética

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SIMPÓSIO 18: PARA ALÉM DO NACIONAL: OUTROS PARADIGMAS

Ricardo Luiz Pedrosa Alves1 Ana Beatriz Matte Braun2

A literatura comparada foi construída a partir da ambiguidade do nacional e da constituição dos Estados-nação como “comunidades imaginadas” (Benedict Anderson). Ao mesmo tempo em que se erigiram histórias nacionais de cada literatura, a função de cada uma delas esteve relacionada às demais, usualmente sob o enquadramento da ocidentalização das literaturas europeias. Estudavam-se, sob o rótulo de influências, as relações hierárquicas entre as literaturas nacionais. A problematização de tais relações engendrou concepções como a de centro-periferia. A teoria pós-colonial foi a confirmação a contrapelo daquela concepção, na medida em que as nações pós-coloniais reclamaram e constituíram sua autonomia literária em relação às literaturas coloniais, ampliando o rol de literaturas legitimadas. Com a intensa circulação contemporânea (migração, contrabando e comércio) a única instância monopolizável pelo Estado ainda parece ser o território. Só o Estado continua “nacional”, pois outros atores (do comércio à literatura) já se tornaram além-nacionais. A literatura, de intensa aderência nacional (tome-se o caso do romance), não é indiferente a tais movimentos nomeados de modo conservador como globalização. Mesmo o surgimento das literaturas nacionais europeias foi contemporâneo à própria discussão de Goethe sobre a Weltliteratur. Desde o princípio, a literatura da era industrial oscilou entre a constituição de comunidades nacionais imaginadas e a ruptura crítica ou o embaralhamento anárquico das mesmas. Assim, as pesquisas literárias para além do nacional tanto podem reconsiderar os antigos cânones, conferindo historicidade às hierarquias e descolonizando o imaginário, quanto podem ser retomadas, sob outras formas, do imperialismo, como adverte Samir Amin. Têm surgido, nos estudos literários, discussões que encaminham a percepção da literatura para enquadramentos pós-nacionais sob diferentes linhas teóricas. São noções que revisam a literatura comparada a partir da centralidade da discussão da alteridade e dos velhos e novos arranjos de força no concerto mundial das nações: Boaventura de Sousa Santos e as “epistemologias do Sul”; Ángel Rama e as noções de “transculturação” e de “comarcas literárias”; Gayatri Spivak e a noção de “planetaridade”; Franco Moretti (e outros nomes) e a revisão da antiga ideia de “literatura mundial”; Pascale Casanova e a noção de “República mundial das letras”; Ottmar Ette e os estudos de “transárea”; Edward Said e a concepção crítica do “exílio” e Arjun Appadurai e a discussão de uma “geografia pós-nacional” e de “territorialidades pós-nacionais”. Teóricos vêm trabalhando com noções correlatas, como as de literatura diaspórica, fronteiriça, de zonas de contato etc. No mesmo compasso, muitas pesquisas vêm renovando as abordagens mais típicas da literatura comparada. Por exemplo, a literatura de Moçambique, para além da vinculação à lusofonia, passou a ser rediscutida sob o paradigma do Oceano Índico, no qual se tecem relações internacionais anteriores ao próprio colonialismo português. Já a circulação de literaturas periféricas, como a brasileira, tem sido objeto de vários estudos quanto à recepção estrangeira, não só junto aos grandes centros, como também no papel irrigador que exerceu junto às literaturas africanas de língua portuguesa. A própria produção literária também vem abordando formal e

1 Faculdade Guarapuava - [email protected]. 2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - [email protected].

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tematicamente as dimensões estéticas e éticas para além do nacional. É o caso das literaturas de Wilson Bueno ou de Douglas Diegues, construídas em alguns livros sob a égide do portunhol. É a partir de tais considerações que este seminário temático se constrói. Pretende-se acolher trabalhos que discutam paradigmas literários para além dos nacionais, seja através de investigações teóricas, seja através de estudos de caso. Palavras-chave: Literatura comparada; Literatura pós-nacional; Literatura mundial.

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SIMPÓSIO 19: “ALEGRIA, ALEGRIA: LITERATURA E CULTURA NA CONTRAMÃO”.

Marisa Corrêa Silva1

Acir Dias da Silva2 Inspirado na canção tropicalista de Caetano Veloso, cuja proposta à época de seu lançamento não foi totalmente compreendida, chegou-se à surpreendente afirmação de Žižek sobre a contemporaneidade: a necessidade de agir, de estar sempre em movimento, carrega o perigo de trazer ao sujeito uma falsa sensação de bem-estar consigo mesmo. Para o pensador esloveno, a atividade pode tornar-se rapidamente pseudoatividade, cuja metáfora mais clara é a corrida da Rainha de Copas, de Lewis Carrol, na qual é necessário correr o mais que se possa a fim de permanecer nos mesmo lugar. Desse modo, a verdadeira atividade de resistência é a pausa na atividade frenética: o recolhimento e a reflexão ponderada sobre os temas abordados, num esforço de escapar à maré embriagadora das opiniões dominantes e do senso comum. Tal atitude se traduz, em Žižek, na fórmula “but what if the opposite were true?” (mas e se o contrário for verdade?). Em suas inversões silogísticas que, muitas vezes, parecem boutades, o filósofo expõe os riscos de falácia que abundam nas “verdades” consagradas, especialmente a partir do momento em que se deixa de interpretá-las de forma dialética e passa-se a adotá-las com excessiva reverência. Em termos acadêmicos, a pseudoatividade pode se traduzir numa pressa de absorver e de repetir as visões já consagradas; em produzir textos previamente aceitáveis por veículos prestigiosos, mas que, de fato, não acrescentem, contradigam ou problematizem nada no estado da questão. Por outro lado, Adam Potkay, em História da Alegria (2008), busca, no modelo inaugurado por Nietzsche em Genealogia da moral, o qual contrapõe os conceitos de bem e de mal pagãos aos mesmos conceitos em sua versão cristã, trabalhar o tema da alegria em suas metamorfoses ao longo da história ocidental. Se não há sentimento separado de um conceito, e se não há conceito separado de uma palavra, Adam Potkay faz a história de um sentimento que também é um conceito e uma palavra, em suas várias dimensões culturais, estéticas e comportamentais. Este simpósio tem como objetivo reunir e dar espaço a pesquisas, completas ou em andamento, que remetam à postura de resistência a e questionamento de: leituras consagradas, críticas mainstream, aplicação automática de referencial teórico padrão etc. Em tempos de dificuldades, é importante estimular a criatividade e o repensar de “verdades” que já nos chegam prontas e intocáveis. Tal repensar não precisa ser despido de alegria, uma vez que o foco dos trabalhos não deve ser necessariamente o embate ou a demolição do passado e sim a consciência da necessidade de, a partir do mesmo passado e/ou de seus objetos culturais, repensá-lo de forma original, abrindo novas perspectivas para o estudo e para a análise crítica do texto polissêmico (literário, fílmico, pictórico), bem como da encenação teatral, da fotografia, dos jogos etc. Serão bem-vindos no simpósio os tratamentos dos objetos escolhidos feitos com humor, irreverência, distanciamento irônico e/ou afetos polêmicos, desde que respeitado o caráter cientifico e o rigor da pesquisa, uma vez que tais facetas não são, em nosso entender, mutuamente exclusivas. Palavras-chave:

1Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Unioeste (Cascavel) - [email protected]

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SIMPÓSIO 20: LEITURA E ESCOLA: POLÍTICAS PÚBLICAS, HISTÓRIA E EDUCAÇÃO

Célia Regina Delácio Fernandes1 Fernando Rodrigues de Oliveira2 Mirian Hisae Yaegashi Zappone3

No campo das Letras, criou-se uma tradição de estudos, talvez balizada pela associação desse curso com a formação de bacharéis, de que o estudo da literatura é quase sempre uma abstração, já que seu objeto é revestido da aura estética típica dos objetos que se revestem de valor artístico. Assim, muitos dos estudos e teorias da literatura objetivaram e objetivam a descrição do(s) modo(s) de composição presentes nos textos literários que lhes concedem caráter estético. Nesse percurso, a dimensão social da literatura, tal como proposta por Candido, bem como por Escarpit (1969) torna-se menos visível e menos estudada. Embora para alguns a literatura interesse, efetivamente, por seu caráter artístico, ela não sobrevive sem sua encenação material e social: para haver literatura, é preciso autores, obras e públicos, elementos intrinsecamente demarcados social e historicamente. Nesse sentido, como lembram Lajolo (2008), Lajolo e Zilberman (1991), para que a literatura exista, é preciso que se articulem inúmeras instâncias que se interpõem entre os três elementos do sistema literário (autores, obras, públicos) apontado por Candido (1959). Entre esses elementos, interessam-nos as relações estabelecidas entre autores e públicos (particularmente, os públicos escolares), já que sem eles, o texto não existe, como bem ensinam as teorias da recepção. Desse modo, esse simpósio tem o objetivo de debruçar-se sobre as práticas de uso da escrita literária em suas relações com a escola e com as políticas públicas que regem seu ensino. A fim de propiciar uma discussão que desloque os eixos tradicionais de investigação na área de Letras e da Educação e que a estenda para o espaço do público e das práticas de uso da literatura, esse seminário objetiva realizar discussão em torno da literatura e de seus leitores situados em um espaço privilegiado, a escola, instituição responsável pelo desenvolvimento de práticas letradas sem as quais a literatura não pode ser produzida e consumida. Sendo assim, serão aceitos trabalhos que reflitam sobre: 1) políticas voltadas para a leitura e leitura literária; 2) teorias de leitura que privilegiem a leitura do texto literário; 3) metodologias de ensino de literatura; 4) história do ensino de literatura no Brasil; 5) estudos de compêndios e de livros didáticos nos quais o texto literário seja objeto de ensino; 6) o ensino de literatura nos diversos níveis de escolaridade (infantil, fundamental, médio e superior); 7) o papel de bibliotecas na formação do leitor escolar; 8) a formação do professor de literatura nas licenciaturas; 9) programas governamentais de fomento à leitura e à formação de docentes de literatura; 10) ensino de literatura e novas tecnologias; 11) o ensino de literatura e sua figuração dentro dos textos literários. Com a discussão desses temas, esperamos que o simpósio possa contribuir para a reflexão sobre o atual estado das políticas de desenvolvimento das práticas de letramento literário na escola.

Palavras-chaves: Literatura; Educação, Políticas públicas

1 Universidade Federal da Grande Dourados - [email protected] 2 Universidade Federal de São Paulo - [email protected] 3 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]

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SIMPÓSIO 21: O TEATRO NO CAMPO DOS ESTUDOS LITERÁRIOS II

Alexandre Flory1 Rosemari Bendlin Calzavara2

Esse Simpósio é a continuação da discussão iniciada no Cielli 2016 e que se mostrou muito pertinente e produtiva, além de um espaço privilegiado de interlocução para os pesquisadores de Letras que se interessem pelo estudo da Dramaturgia e do Teatro. É notório que o teatro recebe pouca atenção no campo dos estudos literários no Brasil, apesar de sua importância para uma compreensão mais complexa e completa da literatura brasileira. Essa negação não ocorre somente porque o teatro exige atenção para uma dinâmica entre texto e cena – cena esta que afasta muitos pesquisadores pela sua natureza supostamente diversa da literatura. Afinal de contas, mesmo sua limitação ao texto, como literatura dramática, recebe pouca atenção, apenas conjuntural, sem consideração para suas especificidades históricas, formais, teóricas, críticas, recepcionais, didáticas e epistemológicas. Como se vê por essa lista, é um campo decisivo para discutirmos limites e possibilidades para os estudos literários. Além disso, a revisitação do teatro contribui em muito para se discutir mudanças significativas no campo dos estudos literários hoje, tendo em vista os estudos culturais, as teorias da recepção, o amplo campo da formação dos leitores, entre outros. Se é verdade que o romance, e por consequência o gênero épico-narrativo, é uma forma muito adequada para expressar questões relativas à ascensão do mundo burguês a partir da revolução industrial e da revolução francesa no século XVIII, isso não impede que gêneros como o lírico e o dramático consigam estar à altura do tempo histórico. O teatro também conseguiu falar em prosa e voltar-se para problemas da dimensão do indivíduo burguês, como se vê pelo teatro realista francês. E também soube articular uma crítica veemente ao enunciado dessas formas burguesas, como é o caso do teatro expressionista, do teatro épico, do teatro do absurdo, entre outras possibilidades. No campo específico do teatro brasileiro, temos desde influxos barrocos e medievais no teatro de José de Anchieta ao diálogo entre a tragédia clássica e o romantismo na obra de Gonçalves de Magalhães, ao mesmo tempo em que Martins Pena criava nossa importantíssima comédia de costumes costurando várias tradições europeias (de Gil Vicente ao entremez ibérico) com relações sociais brasileiras, para ficarmos em exemplos até a primeira metade do século XIX. Na sequência tivemos o teatro realista de José de Alencar, a dramaturgia instigante de Machado de Assis, os gêneros cômicos considerados rebaixados (e, por isso, desprezados pela crítica) como a Opereta, a Revista de Ano e a Burleta, que consagraram autor tão fundamental quanto pouco discutido como Artur Azevedo. O século XX viu, numa lista que não tem nenhuma pretensão de esgotar o tema, o teatro de Oswald de Andrade, de Nelson Rodrigues, de Jorge Andrade, de Augusto Boal, de Gianfrancesco Guarnieri, Vianinha, Dias Gomes; grupos de teatro como o Arena, o CPC, o Oficina, o Opinião, chegando nos dias de hoje ao Galpão, à Cia do Latão, à Trupe de atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, entre muitos outros que atestam sua vitalidade e atualidade nos tempos que correm. Essas questões podem ser debatidas nos vários níveis em que se desenvolve a pesquisa acadêmica, ou seja, em termos de história, teoria e crítica. Há uma história do teatro brasileiro que seja significativa e cujo estudo seja produtivo? Quais as implicações disso para a teoria literária frente às especificidades da teoria teatral? Como pensar o espaço da crítica teatral, que é tanto

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Estadual de Londrina - [email protected]

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literária, propriamente dita (quando toma como objeto o texto) quanto interartes (ao remeter à relação entre texto e cena)? Qual o papel do teatro no cenário brasileiro atual? Quais as especificidades desse trabalho com teatro e de que forma sua relação com outras formas literárias contribui para o estudo de ambos? Esses são alguns tópicos cuja discussão será acolhida por este simpósio. Palavras-chave: Estudos Teatrais; Teatro e Sociedade; Dramaturgia e Teatro

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SIMPÓSIO 22: VOZES E ESTILOS LITERÁRIOS

Aloísio de Medeiros Dantas1 Fabiane Remata Borsato2

O fim do século XIX vivenciou uma série de reações ao impressionismo crítico, ao factualismo e ao historicismo como formas de abordagem da literatura. O século XX foi palco de diversas teorias literárias que dialogaram com a Linguística, tendo por foco a abordagem da literatura como um universo expressivo específico e passível de ser problematizado. A Estilística é uma dessas teorias a promover intercâmbio entre as áreas da Linguística e dos Estudos literários, propondo tanto estudos do idioma do usuário, quanto do uso particular da língua por parte dos escritores. Ao descrever fatos estilísticos, tais como a linguagem e suas funções expressivas, a Estilística avança rumo às explicações de certos fenômenos linguísticos, para a compreensão do estilo do autor, da língua, do período de produção literária, etc. O simpósio em questão espera reunir um conjunto de trabalhos que 1) verse sobre elementos estilísticos textuais, relacionados a uma voz de autoria, a obras, bem como a épocas e escolas literárias, por meio de análise de caso ou de abordagens teórico-críticas. 2) analise as marcas de autoria dos níveis sonoro, lexical, sintático e semântico de textos literários, visando ao estudo do estilo do autor nas obras estudadas. 3) Proponha estudos temáticos, ideológicos, comparativos e estéticos como possibilidade de compreensão da carga afetivo-expressiva do texto literário e de suas marcas estilísticas. 4) problematize a dependência da intuição no desenvolvimento de análises estilísticas. 5) reflita sobre as relações entre norma e desvio nos textos literários. 6) discuta e analise as relações entre tradição, retórica, gêneros literários, fontes, influências. Diante do exposto, serão aceitos trabalhos que empreendam estudos estilísticos que dialoguem com as contribuições de Charles Bally e sua Estilística da língua; Erich Auerbach, Carlos Bousoño e a Estilística sociológica e comparatista; Benedetto Croce, Karl Vossler (1872-1949) com suas Estilísticas idealistas; Leo Spitzer, anti-positivista para quem estilo exige escolhas e desvios da norma linguística; Dámaso Alonso e sua proposta de análise da dimensão psicológica do texto (elementos afetivos da linguagem literária) e dos conjuntos semelhantes; Roman Jakobson e a Estilística funcional; Mikhail Bakhtin e as diferentes formas de expressão estilístico-discursiva; além de outras vertentes teóricas que tenham como fundamento os estudos do estilo na literatura, especificamente. Espera-se que os simposistas exerçam reflexões teórico-críticas sobre o papel da Estilística na atualidade e sobre suas contribuições para o estudo da linguagem literária e do estilo do autor. Ainda serão esperadas análises estilísticas de textos literários, e a realização de estudos dos critérios adotados por cada teórico do estilo para a construção de suas metodologias de abordagem da literatura, sendo que o desenvolvimento da Estilística transborda o século XX e recai sobre as inquietações do século XXI, sendo citadas algumas delas: o sujeito, os discursos e as diferentes políticas de linguagem que se impõem na contemporaneidade. Palavras-chave: Estilo; Autor; Literatura

1 Universidade Federal de Campina Grande - [email protected] 2 Universidade Estadual Paulista (Araraquara)/Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, da Universidade do Porto - [email protected]

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SIMPÓSIO 23: LITERATURA E MEMÓRIA: PRODUÇÃO DE SABERES

Luciana Carneiro Hernandes1 Inês Cardin Bressan2

Memória e literatura, quando interligadas convergem para a interdisciplinaridade. Esta se efetiva no discurso literário e no encontro do discurso da memória. Desse modo, ambos constituem-se como fonte de pesquisa e produção para a reconstrução da identidade de um sistema literário pluricultural. Nesta seara, a literatura oral tem papel coadjuvante na construção do discurso literário. Segundo Coutinho (2003), esta literatura, além de existir em todas as bibliografias, é o elemento vivo e harmonioso que envolve a criança e acompanha, sem cessar, o homem, num eco de memória e saudade. O autor considera todos os seres humanos como portadores de material rico e complexo, recolhido durante toda a vida, desde a infância até a maturidade, arquivado na mente de cada um. A história contada e recontada durante muitas gerações sofre modificações, por isso a importância de pesquisas que retomam a memória e buscam a história de personagens, muitas vezes, desconhecidas, que estabelecem um diálogo intertextual entre memória e literatura. A narração, forma artesanal de comunicação, tece o acontecido até atingir a forma desejada. A história precisa ser narrada e, quando passada de geração a geração, gera tantas outras prolongando o original tecidas por outras mãos, por outros dedos, por outros lábios. Uma das formas de preservar as memórias e a história da literatura é o gênero narrativo, pois através dele se perpetuam as histórias que a vida ofereceu e ainda oferece. “A arte de narrar é uma relação alma, olho e mão: assim transforma o narrador sua matéria, a vida humana” (BOSI, 1994, p.90). Surgida no holocausto, a literatura de testemunho, por sua própria construção, questiona a relação entre a literatura e a realidade e, convida-nos desse modo, a refletir sobre o discurso não ficcional, o histórico e a sua relação com o discurso literário. Para Seligmann-Silva (2003, p. 373), a literatura de testemunho apresenta-se como algo mais que um gênero: é uma face da literatura que se mostra numa época de catástrofes e faz com que toda a história da literatura – após 200 anos de auto-referência – seja revista a partir do questionamento da sua relação e do seu compromisso com o “real”. E ainda, esse real, não pode, de forma alguma, ser confundido com a realidade, da maneira como se a concebia no romance realista e naturalista, mas sim, compreendido na chave freudiana do trauma, de um evento que justamente resiste à representação. Nos estudos de testemunho, há que se buscar caracterizar o “teor testemunhal” que marca toda a obra literária, mas que aprendemos a detectar a partir da concentração desse teor na literatura e escritura do século XX. Esse teor indica diversas modalidades de relação metonímica entre o “real” e a escritura (SELIGMANN-SILVA, 2005, p. 85). Num olhar convergente entre literatura e memória, este simpósio propõe uma reflexão entre a literatura e a memória, num reconhecimento de vozes sociais e plurais que fundamentam a produção literária, e consequentemente o seu discurso interdisciplinar. Palavras-chave: Literatura de testemunho; Memória; História.

1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná (C. Procópio) - [email protected] 2 Secretaria da Educação do Paraná (Professora da Rede Estadual – Cornélio Procópio) - [email protected]

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SIMPÓSIO 24: IMAGINÁRIO, MITOS, RITOS E RELIGIOSIDADES: MANIFESTAÇÕES NA LITERATURA, NAS ARTES E NA MÍDIA

Hertz Wendel de Camargo1

Marcele Aires Franceschini2

A partir do conceito de que mitos e religiosidades se manifestam na literatura, nas artes e nas mídias como o cinema, a televisão e a internet – performando o imaginário sociocultural – o simpósio tem por objetivo reunir pesquisas que contemplem os estudos relacionados a linguagens, arquétipos, mitologias, imaginário, mitocrítica, rituais, religiões e representações do sagrado. Aceitam-se trabalhos especialmente sobre as narrativas literárias e/ou midiáticas, mas interessam, ainda, pesquisas relacionadas a imagens, artes e discursos. Em 2017, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados do Senso de 2010 sobre a religião dos brasileiros: apesar da redução de 1,7 milhão de fiéis, o país ainda é a maior nação católica do mundo (64,6%), ao passo em que os evangélicos cresceram (22,2%). No entanto, apesar dos que se autodeclaram cristãos somar 86,8% da população, há também a presença de uma diversidade de grupos religiosos no Brasil: espíritas, judeus, muçulmanos, budistas, hinduístas, bem como seguidores da Umbanda, do Candomblé, do Santo Daime, do Toré, do Catimbó/Jurema Sagrada, das religiões ameríndias que cultuam o ayahuasca, da Fé Bahai e até mesmo das religiões neo-pagãs como a Wicca, a Ásatrú e o Neo-Druidismo. Nesse caldeirão de expressões, linguagens, mitos e ritos o país ainda se caracteriza pelo sincretismo, muito embora a temática da religiosidade no Brasil ainda sofra com a ação de grupos de orientação fundamentalista, tanto no cenário político quanto no midiático. Todavia, a Constituição de 1988 prevê a liberdade de religião e reconhece que o Estado é laico. Muito além das discussões de estereótipos e visões tanto radicais quanto superficiais, esse simpósio preza a pluralidade das manifestações religiosas, representadas em personagens antológicos como Zé do Burro, protagonista de O pagador de promessas, da peça teatral de Dias Gomes encenada pelo TBC em 1960, mais tarde transformada em filme (1962) por Anselmo Duarte, rendendo ao país indicação de melhor filme estrangeiro no Oscar de 1963, sagrando-se como grande vencedor de Cannes, em 1962. Há ainda inúmeros outros exemplos: Euclides da Cunha e a constatação do messianismo de Antonio Conselheiro em Os Sertões (1902); Jorge Amado e sua produção marcada pelo sincretismo e pela abertura às religiões afro-brasileiras, como em O Compadre de Ogum (1964), Os pastores da noite (1964) e Tenda dos milagres (1969); já o poeta pernambucano Ascenso Ferreira apresentou ao Nordeste o primeiro poema modernista: Catimbó (1927), no qual canta a vida e a morte de Mestre Carlos, da Jurema Sagrada ribeirinha de Pernambuco. Tem-se ainda os dilemas e impasses do índio Avá, do romance Maíra (1979), de Darcy Ribeiro, levado a Roma por missionários, perdendo a identidade e se transformando no padre Isaías. Quanto às Artes, a representação do hibridismo de crenças assume fartos exemplos, como a releitura do clássico Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, pelo Teatro Oficina em sua Ópera Baile (2010); as fotografias dos rituais afro-brasileiros por Pierre Verger e Roger Bastide nos terreiros Brasil afora; as maravilhosas pinturas de orixás e figuras das religiões de matriz africana do político, artista plástico e ativista Abdias do Nascimento; as telas repletas de anjinhos em procissões católicas pintadas por Portinari.

1 Universidade Federal do Paraná - [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]

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Há ainda os exemplos midiáticos, na figura detentora do poder do bispo Edir Macedo, proprietário do Grupo Record, garantindo o monopólio das informações em favor da Igreja Universal do Reino de Deus; e o performático Pastor Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus – diga-se de passagem, ambos constam na Revista Forbes por suas fortunas: Macedo (US$ 950 milhões) e Santiago (US$ 220 milhões). Na religião católica, o jovial e belo Padre Fábio de Melo arrasta multidões em suas missas e nas redes sociais. Enfim, o simpósio faz valer as palavras de Chico Science: “E você samba de que lado / De que lado você samba?”. Palavras-chave: Religiosidades; Mitologias, Representações do sagrado.

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SIMPÓSIO 25: FACES E MÁSCARAS CONTEMPORÂNEAS DA LITERATURA: MÍDIAS, TECNOLOGIAS E NOVAS LINGUAGENS

Márcio Roberto do Prado1 Jaime dos Reis Sant'Anna2

A popularização do acesso ao ciberespaço e a demanda cotidiana por novas plataformas comunicacionais e midiáticas exigem a constante reflexão acerca do surgimento de novas dinâmicas na construção de textos. No que tange, de modo especial, aos textos literários, tais dinâmicas trazem consigo diversas implicações, dentre as quais destacamos aquelas ligadas à elaboração de conceitos que buscam elucidar os aspectos referentes não apenas à produção da literatura, mas também no que diz respeito a sua assimilação por novos e/ou outros públicos e a sua disseminação por meio de novos suportes midiáticos. O presente simpósio pretende discutir elementos teóricos que contribuam para situar a literatura no cenário contemporâneo, aproximando-a criticamente de outras mídias e artes com as quais convive (quadrinhos, games, filmes, etc.) e com os novos meios de produção e recepção da obra de arte literária (como nos casos das fanfictions, dos fóruns, dos blogs, dentre outros). Daí o interesse pelas discussões que envolvam a busca da literariedade, a problemática do valor, o espaço que a literatura ocupa em termos sociais, culturais e educacionais, em suma, aspectos frequentemente ligados à reflexão sobre o fenômeno literário que se intensificam na atual conjuntura, gerando novos desafios e possibilidades. Nesse contexto, não causa espanto que autores em sintonia com as demandas atuais, como Pierre Lévy e Henry Jenkins, debrucem-se sobre semelhantes questões. Jenkins aponta para a natureza convergencial de nossa cultura, na qual mídias, interesses e indivíduos encontram pontos de contato teleologicamente organizados; para ele, as constantes transformações tecnológicas geram mudanças na produção cultural, no mercado e nas relações sociais, as quais se refletem na conjuntura contemporânea dos meios de comunicação. Lévy destaca o contexto cultural que emerge da presença das tecnologias de informação e comunicação em nossas vidas, em suas mais variadas frentes (a “cibercultura”), indicando a urgência e a obrigatoriedade de modificações em diversos de nossos paradigmas, não escapando dessa condição o próprio professor que, instigado por uma verdadeira revolução na dinâmica comunicacional, vê-se impelido a buscar novas possibilidades que, por seu turno, têm como condição incontornável uma reflexão teórica mais pormenorizada capaz de dar base a essas possibilidades que se abrem. Dessa forma, levando-se em conta a busca da construção de um leitor crítico no ciberespaço e em plena interação com mídias diversas, vemos emergir a necessidade premente de uma formação contínua e diferenciada de pesquisadores e professores capazes de enfrentar os desafios que se apresentem. Nesse sentido – e tendo em vista que tais questões ocupam espaço cada vez maior em documentos norteadores do processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, tais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Orientações Curriculares do Ensino Médio (OCEM) – entende-se a necessidade cada vez maior de pesquisas que auxiliem numa contínua reflexão que ajudem na construção de um instrumental teórico-metodológico que, para além do âmbito acadêmico, sirvam de apoio aos professores do Ensino Básico em suas práticas docentes. Dessa forma, levando-se em conta a busca da construção de um leitor

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Estadual de Londrina - [email protected]

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crítico no ciberespaço e em plena interação com mídias diversas, propomos a discussão com pesquisadores imbuídos da tarefa de enfrentar os desafios que se apresentam e aproveitar as oportunidades – sobretudo no que se refere ao campo literário que mídias, tecnologias e novas linguagens se nos oferecem. Palavras-chave: Leitura literária; Tecnologias; Novas Linguagens.

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SIMPÓSIO 26: RESISTÊNCIA E RESILIÊNCIA: O DESAFIO DAS LITERATURAS INDÍGENA, AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA

Ana Claudia Duarte Mendes1

Dejair Dionísio2

Esse simpósio tem como objetivo abordar os desafios a serem enfrentados por professores, pesquisadores e produtores das literaturas africanas, afrodescendentes e indígenas, ameaçados pelas articulações político-sociais que desde 2015 agem no sentido de fazer retroagir as políticas públicas de inclusão. Essas articulações e ações culminaram com o golpe político de 2016, o que provocou desdobramentos e consequências nas esferas históricas, políticas, sociais e educacionais. É perceptível o incômodo que esse governo e as instituições políticas, jurídicas, sociais e econômicas que lhe dão sustentação, causaram em escala internacional, ao dissolverem o resultado de uma eleição - legítima e, consequentemente, as políticas públicas que contemplam o ensino diversificado e necessário que emanam dessas temáticas. Este governo, ao propor mudanças curriculares nos diferentes níveis de ensino, inseriu entre as alterações a não obrigatoriedade do cumprimento das Leis 10.639/03 e 11.645/08. Essa ação visou enfraquecer a luta pela equidade de tratamento aos afrodescendentes e indígenas nos currículos, livros didáticos e, principalmente, nas práticas educacionais, pois ainda que haja leis para estabelecer relações de igualdade de tratamento aos diferentes grupos étnicos que formam a cultura brasileira, compreendemos que a realidade da sala de aula depende da formação de professores conscientes desta necessidade, o que a obrigatoriedade poderia provocar a longo prazo. Outro desdobramento desta não obrigatoriedade da lei diz respeito às produções acadêmicas e literárias, neste caso, representada pela possível queda dos incentivos a publicações de autores fora da esfera estabelecida pelo mercado editorial, bem como de produção e divulgação de pesquisas, que ficam reduzidas aos grupos resistentes e a eventos específicos. Nesse sentido, o ensino facultativo das literaturas africanas, afrodescendentes e indígenas tornam o contexto ainda mais desafiador. Diante do cenário atual, resta-nos a resistência e resiliência, pois inseridos nos estudos das diferentes temáticas, confrontamo-nos não apenas com departamentos conservadores das universidades, mas também com a luta por superar as emoções políticas, que advém de equívocos discursivos que abrangem os valores civilizatórios dos grupos étnicos ligados a outros fazeres literários, bem como os da mídia social. Não obstante, a necessidade, ainda, de abordar essas temáticas, nos faz crer que o ensino Fundamental e Médio, serão principais prejudicados com a ausência de mais publicações e pesquisas, já que compõem o maior quantitativo de aprendizes e professores que necessitam desse material específico, para que haja o efeito colaborativo e inclusivo, observando as representações que a literatura dessas temáticas apresenta. A onda conservadora atual faz emergir discursos raciais provenientes do desconhecimento da cultura, história, memória e religiosidade dos diferentes grupos étnicos. Assim, serão bem vindas as análises que contemplem esse devir e os desafios que as envolvem, propostas de intervenções educacionais correlacionadas, bem como estudos literários relacionados às culturas indígenas, africanas e afro-brasileiras. Palavras-chave: Lei 10.639/03; Lei 11.645/08; questões etnicorraciais

1 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - [email protected] 2 Universidade Federal de Minas Gerais - [email protected]

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SIMPÓSIO 27: LEITURA LITERÁRIA E ENSINO: NOVAS UTOPIAS PARA UMA REALIDADE NOVA

Robson Coelho Tinoco1

Adriana Demite Stephani2 A complexidade das relações e recursos da contemporaneidade pressiona uma mudança de paradigmas nas diferentes esferas e espaços sociais, inclusive no escolar. E, é na escola que muitos indivíduos terão sua única oportunidade de contato com a leitura e o universo desta, conforme lembrou o professor e escritor Osman Lins (1977). De fato, a escola ainda é o espaço concreto-simbólico de efetivação do direito inalienável à literatura (CANDIDO, 1995), um espaço idealizado por muitos como de formação de leitores literários. Esta ciência do papel do espaço escolar como também de educação literária – e que sofre influência das mudanças sociais contemporâneas – suscita diversas discussões/questionamentos sobre o trabalho atual com a leitura literária: Diante da efemeridades das coisas contemporâneas, há ainda condições de que esse direito alienável seja garantido pela escola? Ela consegue realmente educar literariamente? Com o advento de novos suportes de leituras, há espaço para o livro físico? Qual o perfil desse leitor dos novos suportes? Essas inquietações aumentam quando do conhecimento de pesquisas que apontam sobre haver na escola brasileira uma resistente crise no processo de formação de novos leitores. A conclusão delas é de que, apesar do amparo de teorias de leitura, estudos e pesquisas, de metodologias e modelos, a escola brasileira não tem, com algumas louváveis exceções, conseguido intervir de maneira eficaz na formação do gosto pela leitura nem no efetivo letramento literário. Notamos, assim, que há impasses e questionamentos quanto às adaptações nesse processo de escolarização da literatura, todavia, há pesquisas e experiências outras que discutem a possibilidade real dessa relação Literatura-Escola. Seguindo essa perspectiva, e mantendo nossa decisão primeira de não desistir da escola como espaço de formação de leitores literários, o presente simpósio pretende agrupar trabalhos de pesquisas cujos objetos de estudo englobem os envolvidos no processo de letramento literário nos espaços escolares (mediadores/professores e leitores/alunos) apresentando discussões teóricas e práticas que versem sobre a recepção do texto literário em contextos escolares. Assim, serão bem-vindos trabalhos de professores e pesquisadores (de distintas perspectivas teóricas e metodológicas) que: a) analisem as relações entre educação e literatura apresentando problemas, perspectivas, propostas, pesquisas e práticas; b) proponham discussões a respeito das perspectivas (teóricas e metodológicas) em circulação sobre educação literária, ensino de literatura, didática da literatura e letramento literário; c) apresentem propostas diversas de trabalho com o texto literário em espaços escolares, inclusive trazendo experiências com os novos suportes de leitura; e, d) sistematizem reflexões a respeito da formação e das práticas de professores para a mediação no ensino de literatura (da educação básica e do ensino superior). O objetivo é reunir pesquisadores para uma reflexão sobre os rumos do letramento literário, identificando e divulgando discussões e experiências de leitura literária enriquecedoras para o espaço escolar. Palavras-chave: Leitura literária; Ensino; Realidade.

1 Universidade de Brasília - [email protected] 2 Universidade Federal do Tocantins - [email protected].

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SIMPÓSIO 28: INTERTEXTUALIDADE E DIALOGISMO ENTRE TEXTOS RELIGIOSOS E HETERODOXOS

Filipe Marchioro Pfützenreuter1

Jaison Luís Crestani2 Marco Antônio Domingues Sant’Anna3

A história da humanidade revela que, quando o racionalismo puro ou a ciência sucumbem na tentativa de explicar um determinado fenômeno, o ser humano não aceita a derrota para o inexplicável e, então, busca respostas no sobrenatural. O animalismo, por exemplo, conforme destaca Júlio de Queiroz (2011, p. 17), surgiu diante da necessidade humana de explicar os fenômenos climáticos, os quais inicialmente fugiam à sua compreensão. Ainda segundo o autor, da necessidade de explicações quotidianas, o ser humano passou, então, à busca por explicações sobre sua própria origem e, sucessivamente, à escatologia. Levando em consideração que três religiões de dimensão transcontinental – Islamismo, Judaísmo e Cristianismo – têm sua fé fundamentada em livros, entende-se que as experiências literárias e teológicas são análogas e complementares. O Alcorão, a Torah e a Bíblia foram fundamentais para a propagação e consolidação das suas respectivas teologias. Em contrapartida, na ausência do Islamismo, Judaísmo e Cristianismo, possivelmente tais livros não teriam sido tão lidos e debatidos durante séculos. Sendo assim, justifica-se tomar como objetos de estudo os textos que refletem experiências humanas com o sagrado, porque estudá-los na condição de obras literárias que são, desvencilhando-se das amarras provenientes do dogmatismo religioso, é compreender melhor o ser humano, a sua história, a sua relação com o sagrado e, mais especificamente, a sua arte. Diante dessa motivação, o objetivo geral deste simpósio é analisar as relações intertextuais e dialógicas existentes entre obras heterodoxas e os textos que são tomados como paradigmas de fé por instituições religiosas ou por religiosidades. Como objetivos específicos, delimitam-se os seguintes: a) identificar gêneros textuais utilizados para a promoção de experiências com o sagrado; b) identificar livros ou episódios bíblicos em obras da literatura heterodoxa; c) confrontar os discursos religiosos com suas implicações sociais. A título de contextualização metodológica, este simpósio orienta-se, principalmente, pela linha de pesquisa desenvolvida por Karl-Josef Kuschel (1999) – a Teopoética –, a qual propõe estudos comparados entre Teologia e Literatura. Seu método norteador é o Método da Analogia Estrutural (KUSCHEL, 1999), o qual consiste na constatação de correspondências e discrepâncias entre a fé teológica, com seus textos canônicos e interpretações autorizadas, e o que emerge dos textos literários enquanto manifestações autênticas. Como referências para a fundamentação teórica das pesquisas que este simpósio visa a acomodar, além do criador da Teopoética, destacam-se autores como Georges Minois, Júlia Kristeva, Northrop Frye, José Reis Chaves, além dos pesquisadores que atualmente protagonizam os estudos comparados entre Teologia e Literatura no Brasil: Profa. Dra. Salma Ferraz (UFSC) e Prof. Dr. Antonio Carlos de Melo Magalhães (UEPB). Como exemplos de temas e objetos de estudo para este simpósio, podem ser citados: paródia e pastiche a partir de livros bíblicos; charges e

11 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (Palmas) - [email protected] 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (Palmas) - [email protected] 3 Universidade Estadual Paulista (Assis) - [email protected]

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cartuns contemplando temas ou personagens religiosos; gêneros textuais bíblicos; humor ou mau-humor em textos religiosos; análise de obras (livros, filmes, músicas) com foco na identificação de intertextualidade ou dialogismo com textos canônicos. Palavras-chave: Teopoética; Intertextualidade; Dialogismo.

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SIMPÓSIO 29: INVESTIGAÇÕES EM EDIÇÃO: LIVRO, LEITURA, ESCRITA E SUAS TECNOLOGIAS

Ana Elisa Ribeiro1

Paula Renata Melo Moreira2 Alejandra Torres Torres3

Segundo a Enciclopédia Intercom de Comunicação (2010), publicada pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, o termo edição tem diversos significados, entre eles “o processo de produção de uma obra, desde o recebimento do texto original (ou manuscrito) até a impressão, passando por diversas etapas e decisões gráficas e redacionais”. Podem ser incluídos aí aspectos de toda a rede da edição, como a distribuição e a circulação das obras, os processos criativos (autoria, ilustração, design, etc.), a análise de paratextos editoriais, a formação de público, etc. O processo de edição é antigo, remontando a séculos antes de Cristo, mas vem sempre, ao longo do tempo e da história, sendo afetado por inovações tecnológicas que alteram seu processo de criação, seu andamento, suas técnicas e o produto editorial, assim como as práticas sociais de leitura e letramento. Nos dias que correm, o produto dos processos de edição pode ser impresso ou digital, sendo também variáveis seus gêneros discursivos e formas. Na área de Letras, há pelo menos duas décadas, algumas universidades brasileiras têm envidado esforços de pesquisa, ensino e extensão no campo da edição (com foco ampliado em relação à crítica genética), como é o caso do CEFET-MG, da UFMG e da UFSCar, em consonância com o que vem ocorrendo em toda a América Latina, a exemplo da Argentina, do Chile, da Colômbia e do Uruguai. Como diz o eminente pesquisador argentino José Luis de Diego, em entrevista concedida à revista de crítica cultural brasileira Pontos de Interrogação (2017), trata-se de um campo de pesquisa de forte apelo interdisciplinar, mas que ainda padece de “debilidade institucional”, sendo este o ponto que nos provoca e nos faz propor esta discussão no âmbito de um evento internacional como o Cielli. Este simpósio pretende debater pesquisas brasileiras e internacionais no campo da edição, considerando recortes que enfoquem a produção textual ou a criação, passando pelos processos editoriais responsáveis por uma diversidade de materiais que possam ser lidos e/ou consumidos pelos mais variados públicos. Estão contemplados aqui o mercado editorial e seus nichos (literário, didático, fantasia, religiosos, técnicos, quadrinhos, policial, etc., obras trend ou não), casas editoriais (história e memória) e personagens de nossa cultura editorial, a tradução, a adaptação, assim como análises de obras em suas especificidades, bem como estudos de recepção, produção e difusão, sob distintos pontos de vista, à luz de diversas teorias, desde que em clara interface com o âmbito das Letras. Análises embasadas em áreas afins como a Sociologia, a Antropologia, a Ciência da Informação e a Biblioteconomia, a Comunicação, a História, a Filosofia, entre outras, são bem-vindas, conjuntamente a trabalhos fundamentados em abordagens literárias e/ou linguísticas, que ampliem o escopo da discussão em torno do livro e de suas tecnologias, da leitura, da escrita e das práticas sociais relacionadas à cultura escrita.

1 Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - [email protected] 2 Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - [email protected] 3 Universidad de la Republica (Udelar, Uruguai) - [email protected]

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Palavras-chaves: Edição; Livro; Leitura.