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5º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários Políticas públicas, ética, internacionalização e pesquisa: discursos, práticas e desafios Universidade Estadual de Maringá – Paraná 13 a 15 de junho de 2018 Caderno de Resumos dos Simpósios Estudos Linguísticos

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5º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários

Políticas públicas, ética, internacionalização e pesquisa: discursos, práticas e desafios

Universidade Estadual de Maringá – Paraná

13 a 15 de junho de 2018

Caderno de Resumos dos Simpósios

Estudos Linguísticos

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INSTRUÇÕES PARA INSCRIÇÃO NOS SIMPÓSIOS • Escolha um simpósio cuja proposta esteja mais diretamente ligada ao seu tema de pesquisa – para ter acesso aos resumos dos simpósios, basta clicar no (s) título (s) do (s) simpósio (s) de seu interesse no Índice abaixo. • Preencha o formulário de inscrição de Comunicação em Simpósios, disponível no link da página do evento. • Envie o formulário de inscrição de Comunicação em Simpósios preenchido para o e-mail: [email protected]. • Espere pela resposta da Comissão Organizadora a respeito da aprovação ou não de sua proposta de comunicação em simpósio. • Somente faça o pagamento da taxa de inscrição após ter sua proposta de comunicação aprovada.

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Índice SIMPÓSIO 1: O lugar da tradução: mais um espaço entre os espaços......................................................... 5

SIMPÓSIO 2: A imagem: nos jogos dos dispositivos a produção de formas de subjetividade .................... 7

SIMPÓSIO 3: Intersecções entre ensino de língua e literatura: teorias e práticas ........................................ 9

SIMPÓSIO 4: Perspectivas para o ensino de línguas na educação básica: ressignificando discursos e práticas ....................................................................................................................................................... 11

SIMPÓSIO 5: Dificuldades de aprendizagem em língua portuguesa, inclusão e formação do professor .. 12

SIMPÓSIO 6: Línguas estrangeiras no trabalho com fins especializados: o gênero textual como eixo norteador no ensino .................................................................................................................................... 14

SIMPÓSIO 7: Novas histórias da língua portuguesa: da mudança linguística à história social ................. 16

SIMPÓSIO 8: Dialogismo, interação e escrita: ação, refração e reflexo no ensino ................................... 18

SIMPÓSIO 9: Texto e discurso: materialidades linguísticas na composição textual e os efeitos de sentido .................................................................................................................................................................... 19

SIMPÓSIO 10: Descrição funcional de línguas naturais ............................................................................ 20

SIMPÓSIO 11: Internacionalização da universidade e ensino-aprendizagem de gêneros textuais acadêmicos ................................................................................................................................................. 21

SIMPÓSIO 12: Práticas e políticas educacionais para a formação do leitor .............................................. 23

SIMPÓSIO 13: Pesquisa sociolinguística .................................................................................................. 25

SIMPÓSIO 14: A escrita e as relações dialógicas ...................................................................................... 26

SIMPÓSIO 15: Variação e mudança linguística: diferentes abordagens ................................................... 28

SIMPÓSIO 16: Resistir com imagens ........................................................................................................ 30

SIMPÓSIO 17: Pesquisas em linguística aplicada sob o matiz dos estudos dialógicos ............................. 32

SIMPÓSIO 18: Possibilidades e reflexões de abordagens pedagógicas das práticas de linguagem na formação inicial e continuada do professor de língua portuguesa .............................................................. 34

SIMPÓSIO 19: O lugar da subjetividade no ensino da língua(gem) .......................................................... 35

SIMPÓSIO 20: O eu e o outro no discurso acadêmico: constituição, funcionalidades e características .... 36

SIMPÓSIO 21: Letramento: etnografias da linguagem em contextos escolares e acadêmicos .................. 38

SIMPÓSIO 22: Língua francesa: concepções linguísticas, de literatura e de didática de ensino de línguas .................................................................................................................................................................... 40

SIMPÓSIO 23: Interculturalismo e ensino de línguas: experiências, reflexões e propostas ...................... 41

SIMPÓSIO 24: Currículo em reforma: olhares sobre as recentes propostas de mudança na educação básica .......................................................................................................................................................... 43

RESUMO 25: Ensino-aprendizagem de língua portuguesa, línguas estrangeiras e literatura por meio dos gêneros discursivos ..................................................................................................................................... 45

SIMPÓSIO 26: Do teórico ao político: análise do discurso e contemporaneidade .................................... 47

SIMPÓSIO 27: Práticas discursivas e regimes de (in)visibilidade: língua, corpo, heterotopia .................. 49

SIMPÓSIO 28: Semiótica, leitura e ensino ................................................................................................ 51

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SIMPÓSIO 29: Políticas públicas em governamentalidade: emergências linguístico-discursivas contemporâneas .......................................................................................................................................... 53

SIMPÓSIO 30: A linguística saussuriana na linguística brasileira: a recepção dos manuscritos nos cursos de letras ...................................................................................................................................................... 54

SIMPÓSIO 31: Políticas públicas e propostas metodológicas para o ensino de língua portuguesa na educação básica .......................................................................................................................................... 56

SIMPÓSIO 32: O encontro do oral/falado com o letrado/escrito como campo de estudo ......................... 58

SIMPÓSIO 33: A sociolinguística na sala de aula: por uma pedagogia da variação linguística ................ 60

SIMPÓSIO 34: Ensino de português língua adicional: desafios e avanços ................................................ 62

SIMPÓSIO 35: Ética em estudos da linguagem ......................................................................................... 64

SIMPÓSIO 36: Estudos do léxico e do discurso: contribuições para o ensino de língua materna e/ou estrangeira .................................................................................................................................................. 66

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SIMPÓSIO 1: O LUGAR DA TRADUÇÃO: MAIS UM ESPAÇO ENTRE OS ESPAÇOS

Liliam Cristina Marins1 Davi Silva Gonçalves2

Aline Cantarotti3

O objetivo deste simpósio é reunir pesquisas que possam representar os Estudos da Tradução por um viés multidisciplinar, considerando que este campo estabelece diálogos frutíferos com as mais variadas áreas do conhecimento. De acordo com Munday (2008), a relação dos estudos da tradução com outras disciplinas não é fixa, o que explica as mudanças ao longo dos anos, sendo tal característica multidisciplinar mais evidente desde a década de 1970. Além disso, como afirma Pym (1999), a tradução é homeless, ou seja, não é engessada em nenhum campo ou área do saber, o que permite que questões mercadológicas, sociais, semióticas, entre outras possam compartilhar um mesmo locus enunciativo. Ou seja, conforme Munday (2008, p. 32), “os estudos da tradução foram do estudo das palavras para o estudo do texto, para o contexto sociocultural, passando para o trabalho, práticas e ‘habitus’ dos tradutores. Até mesmo o objeto de estudo mudou no decorrer do tempo”. Ao olhar para a tradução por esta lente, abrimos a possibilidade não só de discutir e acolher diferentes pontos de vista teóricos, como também de congregar os mais variados pares linguísticos, abordagens e gêneros do discurso, como tradução audiovisual, tradução intersemiótica, tradução no ensino, tradução entre línguas de sinais, interpretação, tradução literária, tradução técnica, localização, adaptação, dentre outros. Este caráter multidisciplinar, inerente aos Estudos da Tradução, também se configura como uma das características de uma vertente mais pós-moderna, que reconhece o estar eternamente “entre” lugares, línguas, culturas, discursos e ideologias como significativo na produção do conhecimento. Há, nesse movimento, um rompimento com as grandes totalizações das Ciências Humanas, que são definidas ora como desnecessárias, ora como impossíveis por Derrida (2002). Como consequência, presenciamos uma renúncia àquele tipo de discurso científico que tem como exigência a busca por firmar lugares pré-determinados, marcando um pertencimento fixo e imutável. Assim, há um sujeito tradutor fluido, conforme descrito por Coracini (2005), que se faz cada vez mais presente e se constrói (ou se desconstrói constantemente, se reconstruindo na e pela diferença). Deixamos, assim, de almejar um círculo fechado e completo de conceitos, abordagens e objetos de análise em direção a uma tentativa de atender as demandas que surgem. É nesse sentido que, respeitando a particularidade da tradução, que não diminui o seu caráter intrinsicamente inter- e transdisciplinar, convidamos para este simpósio pesquisadores interessados em compartilhar os achados de seus estudos na área, concluídos ou em processo. Isto porque, em seu estatuto de homeless, ou seja, de desabrigada, ao pé da letra, está implícita não só a dimensão fluída que possui os estudos da tradução, como também a sua carência de um lugar de destaque, de um ponto privilegiado para enunciação. Se, de acordo com Frota (2013), tradução é transformação, entendemos como inegável a importância de abrir espaços como este, onde a tradução, com todo seu potencial transformador, pode efetivamente abandonar a margem discursiva e ser finalmente trazida para o foco de nossas reflexões.

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná - [email protected]. 3 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]

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Palavras-chave: Estudos da Tradução; Multidisciplinaridade; Transformação.

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SIMPÓSIO 2: A IMAGEM: NOS JOGOS DOS DISPOSITIVOS A PRODUÇÃO DE FORMAS DE SUBJETIVIDADE

Atílio Butturi Jùnior1

Roselene de Fatima Coito2

Este simpósio pretende reunir pesquisadores que discutam pela perspectiva discursiva a imagem, seja ela icônica ou verbal, e sua problemática a partir de materialidades distintas, tendo em vista que, na contemporaneidade, há uma produção e uma circulação excessiva de imagens. Neste regime de excessos, pode-se questionar qual seria o “destino das imagens” hoje nos seus modos de fazer, nos seus modos de trazer à visibilidade estes modos de fazer e nos modos de pensabilidade desta relação entre estes modos de fazer. Interessa-nos, pois, pensar na finalidade desta circulação excessiva, sem perder de vista que cada materialidade tem seu próprio modo de produção. Este modo de produção se dá tanto em variadas técnicas quanto em múltiplas tecnologias. Estas técnicas variadas - de controle, de organização, de seleção, de inclusão e de exclusão de um conjunto heterogêneo (discursivo, institucional, legal, entre outros), desde as mais antigas quanto as mais contemporâneas-, se dão em regimes de visibilidade e de enunciação de acordo com as condições de produção do dizer/mostrar de cada época e de cada sociedade. Nestes regimes de visibilidade e de enunciação, a imagem produz, ou pode produzir, determinadas verdades que estarão ou não no verdadeiro da época, que se colocarão como normatização ou como resistência àquilo que é dado como verdade. Tendo em vista, também, tecnologias atuais que permitem uma circulação quase instantânea das imagens, sejam elas em movimento ou não, não se pode desconsiderar que na instãncia da imagem entrelaçam-se alteridade e identidade dos sujeitos sociais, alteridade e identidade estas que constituem e se constituem de subjetividade em abundância, que podem fazer dos sujeitos, sujeitos à e não sujeitos de, ou seja, sujeitos em constante controle e vigilância ou sujeitos que, agonisticamente exercitam a resistência. Por isso, estes diferentes modos de produção que têm condições de possibilidades de aparecimento, que têm condições de emergência do dizer/mostrar podem ou não instituir a imagem enquanto uma prática estética e ética. A primeira entendida segundo a ordem de diagramas que ensejam novas sensações e outras modalidades de reconhecimento e legitimação. A segunda, a ética, tomada como aquilo que, na intersecção entre o público e o privado em que nos inserimos, engendra formas de subjetividade política, as quais resvalam em efeitos de normatização e/ou de resitência. No panorama de discussões sobre a imagem, em diferentes temporalidades e geografias, interessa-nos, justamente, colocar em debate o jogo dos dispositivos e a produção de formas de subjetividade, bem como as estratégias possíveis de resistência que, no vértice entre o estético e o político materializados na enunciação das imagens, podem emergir. Neste panorama de estudos, terão lugar de destaque os debates sobre as corporalidades, sobre as táticas de racialização, sobre os gêneros e as sexualidades, sobre a memória e a narrativa, sobre as tecnologias e a história, sobre a colonialide e a modernidade, sobre a autotelia e a contemporaneidade. Espera-se, a partir daí, entabular um tensionamento não apenas relativo às possibilidades de abordagem da imagem, assim como questionar o papel que os estudos do discurso desempenham e podem desempenhar diante destes diagramas ético-estético-políticos.

1 Universidade Federal de Santa Catarina - [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]

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PALAVRAS-CHAVE: Imagem; Dispositivos; Subjetividade.

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SIMPÓSIO 3: INTERSECÇÕES ENTRE ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA: TEORIAS E PRÁTICAS

Angélica de Oliveira Castilho Pereira1 Dayhane Alves Escobar Ribeiro Paes2 Hilma Ribeiro de Mendonça Ferreira3

É lugar comum, dentro das teorias e das práticas de ensino, a relação intrínseca estabelecida entre os atributos e as competências necessárias para o desenvolvimento de proficiências discursivas, nos alunos. Nesse caso, tanto as áreas de língua quanto as de literatura confluem para a centralidade do dialogismo como fonte para desenvolvimento de práticas docentes que conduzam a tais proficiências. A partir dessa perspectiva analítica desdobram-se estudos importantes para a análise da produção dos sentidos, por meio do texto. Desde as propostas de análise transfrástica, operada nos limites sintáticos da oração e do texto, passando pela construção de gramáticas para entendimento textual, já vislumbrando análises para além dos limites da frase, até o alcance do discurso, quando se ancora à análise textual na esfera do discurso. Interseccionam-se, portanto, três esferas diferenciadas que compreendem propriedades materiais e discursivas relacionadas ao processo de aquisição dos sentidos. As diferentes fases teóricas da Linguística Textual (LT) a transformam em uma ciência da linguagem, elevada a domínios analíticos diferenciados. Os fatores do que se compreende por texto, tal como enumerados por Beaugrande e Dressler (1981) podem ser estudados no âmbito de outras ciências linguísticas que, conjugadas à LT refletem contribuições importantes à tarefa docente. Existe, na relação dos escopos analíticos uma esquematização de estudos que, mais ou menos relacionados, podem contribuir com uma mensuração de diferentes categorias para o estudo do dialogismo e o desenvolvimento de proficiências, nos alunos. Possuir o texto como início, meio e fim em aulas de língua e literatura nada mais é que evidenciar o lugar do texto como materialidade do discurso e as implicações que tal reconhecimento traz socioculturalmente. O trabalho com o texto literário e não literário, portanto, foca na leitura como processo que parte da interação entre o leitor, o autor e o texto, sendo este último o suporte material dos discursos neles subjacentes. Nesse sentido, a leitura e, consequentemente, as considerações linguísticas e a escrita surgem como prática de interação do ser humano consigo mesmo e com a cultura em que está inserido, é um ato político, ou seja, é uma prática que proporciona reflexão sobre as relações humanas em seus graus de complexidades variados. Este é o primado metodológico defendido por Paulo Freire e também por Rildo Cosson, por exemplo. O ensino de literatura, nessa perspectiva, parte do texto e volta para este em um trabalho de leitura das muitas camadas de sentidos e suas relações com o mundo em momentos históricos distintos, buscando a humanidade que neles se revela, os muitos modos de dizer com palavras sem as restrições que um estudo pautado em identificações de características de gêneros literários e estilos de época impõem, enfim, em uma busca do ensino de literatura por meio do prazer de ler e entender o que lê. Nesse sentido, as pesquisas de Antunes (2003; 2009), Austin (1962), Azevedo (2006), Bagno e Stubbs (2002), Bakhtin (1997), Barthes (2002), Cereja (2005), Colomer (2001), Compagnon (2001), Cosson (2014), Eco (2003), Freire (2009), Geraldi (1991), Goffman (1980), Grice (1982), Iser (1979; 1999), Jauss (1978; 1994), Kleiman (1995), Koch (1999),

1 Universidade Estadual do Rio de Janeiro - [email protected] 2Universidade Federal Fluminense - [email protected] 3 Universidade Estadual do Rio de Janeiro - [email protected]

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Koch e Travaglia (1999), Lajolo (2000), Leite (1988), Marcuschi (2007; 2005; 2009), Marcuschi (2008), Moita Lopes, (2006), Rocco (1992), Rojo (2009), Silva (1985), Soares (2002), Todorov (2009), Yunes (1995), Zilberman (1989) e podem corroborar contribuições importantes na análise do texto e muito auxiliar no contexto do ensino de língua e literatura, com vistas de promover práticas que tenham como cerne a apropriação dos recursos textuais, pelos estudantes. De acordo com esses pressupostos pedagógicos, tudo o que somos, fazemos e compartilhamos possui a leitura e a escrita como mediadoras. Ignorar isto, é ignorar o papel fundamental desses processos na sociedade em que vivemos. Palavras-chave: Ensino; Língua Portuguesa; Literatura

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SIMPÓSIO 4: PERSPECTIVAS PARA O ENSINO DE LÍNGUAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: RESSIGNIFICANDO DISCURSOS E PRÁTICAS

Madson Góis Diniz1

Adriana Letícia da Rosa2 Hudson Marques3

De natureza transdisciplinar, compartilhando as correntes de pensamento da Antropologia, Sociologia, Psicologia Cognitiva, Psicanálise, dentre outras áreas das Humanidades, a Linguística Aplicada Crítica (LAC) tem exercido influência capital na ressignificação das teorias e práticas do ensino de língua portuguesa e língua estrangeira partindo da premissa da relação língua-sociedade como um conjunto de práticas cognitivas e sociais articuladas num contexto e conjuntura de aprendizagem. Nesse aspecto, as bases teóricas da Linguística Aplicada Crítica no ensino de língua materna e estrangeira despontam como possibilidades de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento de competências com vistas ao empoderamento de sujeitos no exercício da cidadania cultural, capacitando o aprendiz a uma leitura do mundo mais crítica e reflexiva, desvendando a possibilidade de encontrar no outro e em si mesmo, os saberes e conhecimentos necessários para construção de valores democráticos. Nessa perspectiva, compreende-se que o ensino de língua na educação básica está associado a reflexões pedagógicas que vislumbram observá-la a partir do seu contexto enunciativo de realização e materialização: as interações verbais, orais ou escritas, estão situadas em contextos sociocomunicativos particulares, bem como materializam-se em enunciados tipicamente estáveis de interação, os gêneros do discurso. Nesse caminhar, no processo de ensino-aprendizagem de línguas, alguns pressupostos são basilares: os sujeitos da interação são ativos, histórica e ideologicamente situados, encontrando-se intimamente engajados na atividade de uso da língua. Desta forma, a sala de aula transforma-se num espaço para uma série de práticas que enfatizam a importância, legitimidade, vitalidade, validade da diversidade cultural e étnica em moldar a vida de indivíduos e grupos sociais. Portanto, o objetivo deste Simpósio é refletir sobre temas contemporâneos do ensino de língua portuguesa e estrangeira, a partir das bases epistêmicas da Linguística Aplicada Crítica, redimensionando o ensino de línguas ao debater novas possibilidades teóricas, com a inclusão de temáticas como identidade, subjetividade, políticas linguísticas, gênero, etnias, inclusão, compreendendo discursos e práticas como instâncias sociais e dialógicas, assim como as respectivas representações sociais e suas funções linguísticas. As comunicações poderão promover uma releitura de autores tradicionais da Linguística, da Linguística Aplicada ou teorias que dialoguem com diversos campos de conhecimento nas Humanidades, inclusive pesquisas que possam articular autores como Moita Lopes, Rajagopalan, Pennycook, dentre outros. Por fim, espera-se que os debates possam, em certa medida, ressignificar discursos e práticas, sobretudo com a reflexão política dos estudos linguísticos, na medida em que as propostas teóricas e análises sinalizem o compromisso com uma sociedade plural, construída por meio da ética da diferença. Palavras-chave: Língua Portuguesa; Língua Estrangeira; Linguística Aplicada Crítica

1 Universidade Federal de Pernambuco - [email protected] 2 Universidade Federal de Pernambuco - [email protected] 3 Instituto Federal de Pernambuco - [email protected]

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SIMPÓSIO 5: DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM LÍNGUA PORTUGUESA, INCLUSÃO E FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Cristiane Malinoski Pianaro Angelo1

Elsa Midori Shimazaki2

A educação brasileira evidencia muitas contradições no que se refere ao processo de aprendizagem de todos os que adentram no sistema escolar. Desde os anos de 1970 ao final do século passado, pesquisas como as de Patto (1999), Abramovich (1998), dentre outras, mostram as dificuldades no acesso às escolas, a evasão e a repetência como questões preocupantes naquele período. No enfrentamento dessas problemáticas, o poder público criou programas como o de Correção de Fluxo, o Regime de Progressão Continuada, o Alfabetização Solidária, dentre outros. Tais iniciativas vêm assegurando o ingresso, a permanência e a aprovação dos alunos, mas não vêm garantindo a apropriação devida dos conhecimentos escolares, que é o maior objetivo da escola. Um dos fatores que interferem na aprendizagem do aluno relaciona-se à formação inadequada ou insuficiente do professor para o trabalho com as habilidades de leitura e escrita. Os cursos de licenciatura não contemplam estudos sobre as dificuldades de aprendizagem em língua portuguesa e, ao ser inserido nas escolas, o professor se depara com muitos alunos que chegam ao 6º ano do ensino fundamental sem saber ler, escrever e desenvolver os conteúdos escolares exigidos por essa série de ensino. O problema se agrava em se tratando de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores para a Educação Básica (BRASIL, 2015) estabelecem que as instituições de ensino superior assegurem nos currículos a formação docente para trabalhar na perspectiva inclusiva, discutindo as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais. Entretanto, diversos estudos, como o de Glat e Pletsch (2010) e Cruz e Glat (2014), apontam que, de maneira geral, os cursos de licenciatura não estão preparados para formar professores que saibam acolher a heterogeneidade e a singularidade postas pela inclusão. O descompasso entre as orientações legais (BRASIL, 2008), erigidas nos pressupostos de uma educação voltada à inclusão, e o percurso formativo do professor da educação básica gera o fenômeno da pseudoinclusão (CRUZ; GLAT, 2012), ou seja, o estudante com deficiência tem o direito de estar matriculado na escola regular, mas não se encontra devidamente incluído no processo de aprender. Sendo assim, para que possamos esperar do docente da educação básica, outra atitude, que não seja o descaso, a resistência ou a falta de investimento na escolarização do aluno com dificuldades ou necessidades especiais, torna-se imprescindível mobilizar o professor a comprometer-se com a escolarização de todos os alunos a partir de uma formação inicial que não negligencie o acolhimento e o trato da diversidade (BRASIL, 2002). Embasados nos pressupostos do dialogismo bakhtianiano, que evidencia a natureza social e dialógica da linguagem, e da teoria histórico-cultural, na qual se concebe que o conhecimento se forma por meio das relações sociais, destacando o papel do outro como aquele que utiliza de instrumentos mediadores no processo de elaboração do conhecimento, este simpósio objetiva discutir as dificuldades de aprendizagem em língua portuguesa apresentadas por alunos da educação básica, bem como o processo de formação do professor para intervir nessas dificuldades. Propõe-se, assim a debater: dificuldades de leitura; dificuldades na produção escrita, como, por exemplo; dificuldades de

1 Universidade Estadual do Centro-Oeste – [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá – [email protected]

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organização de ideias na escrita; dificuldades de ortografia; dificuldades de pontuação; dificuldades de coesão, bem como a formação docente com vistas à abordagem dessas dificuldades e à educação inclusiva. Espera-se que este simpósio contribua para o desenvolvimento da mediação docente e da aprendizagem em sala de aula da educação básica, instigando debates e orientando a intervenção pedagógica nos processos de leitura e de escrita de alunos que não manifestam o domínio efetivo dessas práticas no cotidiano escolar.

Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa; Dificuldades de aprendizagem; Educação básica.

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SIMPÓSIO 6: LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NO TRABALHO COM FINS ESPECIALIZADOS: O GÊNERO TEXTUAL COMO EIXO NORTEADOR NO

ENSINO

Andréia C. Roder Carmona-Ramires1 Viviane Cristina Poletto Lugli2

Entendemos que o trabalho com o texto no ensino de línguas não pode ser considerado apenas um objeto do processo de ensino e aprendizagem, posto que reflete uma função histórico-comunicacional, abrangendo práticas sociais que emergem do contexto sócio-histórico que as evocam. Trata-se, portanto, de um construto sócio-histórico/cultural que pode sugerir ricas interpretações, tanto para criar/recriar como construir/desconstruir realidades. Ao refletir o processo comunicativo, em meio ao desenvolvimento de práticas sociais advindos de novos gêneros (MARCUSCHI, 2003), observamos que esses refletem transformações ocorridas nas formas de comunicação da sociedade, da reprodução de gêneros já existentes, reforçando assim a dinâmica organizacional da comunicação que norteia o ensino de línguas para fins específicos. Concebendo essa ideia, vemos que observar e considerar os diferentes objetivos de aprendizagem dos discentes ao entrarem em contato com uma língua estrangeira é um fator de extrema relevância para alcançarmos melhor desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem, bem como para a elaboração de futuras pesquisas na área do ensino de línguas, seja esse ensino de língua geral ou específico. Tratando mais especificamente sobre o ensino de Língua Espanhola, constatamos que essa obteve, nas últimas décadas, grande relevância no panorama, não somente educacional, como veículo de expressão cultural, mas também no econômico – comercial. Destarte, conhecer os diferentes gêneros elaborados nas diversas esferas e nas diferentes línguas, fazendo entender como esses gêneros se caracterizam por uma linguagem padronizada, pode auxiliar os processos de transposição didática em sala de aula. Na língua inglesa, a necessidade sobre o estudo de gêneros para fins específicos também é evidente. Portanto, o conhecimento de aspectos comportamentais do interlocutor com quem se interage para o estabelecimento de uma boa relação social é fator também necessário no processo de negociação comercial. Nesse sentido, interessa-nos nessa discussão trabalhos que compreendam o processo de ensino/aprendizagem a partir do texto, concebendo-o como um instrumento poderoso para reforçar identidades, refletir habilidades comunicativas estratégicas no uso da língua para fins específicos. Tomando o gênero como objeto de ensino (DOLZ e SCHNEUWLY, 2004), este simpósio tem por objetivo reunir trabalhos e pesquisas que: i) tratem sobre estudos de características dos gêneros textuais, com vistas ao ensino de língua estrangeira para contextos profissionais; ii) discutam a relevância das competências de compreensão e produção textual em contextos profissionais; iii) abordem a função dos gêneros como práticas sócias para fins específicos que demonstrem os efeitos do discurso como reprodutores ou transformadores de representações sociais; iv) proponham ou discutam materiais didáticos e sua relação com a abordagem de ensino por meio de gêneros textuais em diferentes contextos, à luz de diferentes vertentes como a sóciointeracionista, sociolinguística, funcional etc; v) exponham pesquisas acadêmicas realizadas em contextos específicos. Sendo assim, por meio de discussões críticas sobre o ensino de línguas na heterogeneidade de contextos, pretendemos promover o diálogo entre

1 Universidade Estadual do Paraná - [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]

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pesquisadores e professores, objetivando repensar as ações praticadas no processo de ensino e aprendizagem de línguas em consideração com o seu contexto sócio-histórico de estudo. Palavras-chave: Ensino; Línguas Estrangeiras; Heterogeneidade.

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SIMPÓSIO 7: NOVAS HISTÓRIAS DA LÍNGUA PORTUGUESA: DA MUDANÇA LINGUÍSTICA À HISTÓRIA SOCIAL

Hélcius Batista Pereira1 André Luís Antonelli 2

Fabiane Cristina Altino3 Castilho (2010), em seção dedicada a expor o tratamento da língua como “um conjunto de produtos e processos em mudança”, lembra-nos que a “Linguística Moderna” surgiu como “Linguística Histórica”, ainda no século XIX. Os estudos nessa área resultaram em algumas teorias sobre a mudança da língua: 1) o Comparatismo (e seu método histórico-comparativo); 2) o Neogramaticismo; 3) o Estruturalismo; 4) o Gerativismo e 5) o Variacionismo, o Funcionalismo e as correntes centradas no uso da linguagem. Mas, no percurso histórico do pensamento da Linguística, o grande desenvolvimento das pesquisas em perspectiva sincrônica acabou por resultar em sua “hegemonia” nos debates acadêmicos, havendo, em determinado momento, um certo desprestígio do olhar diacrônico sobre a língua (FARACO, 2005). Esse quadro de certa desvalorização dos estudos de História da Língua não perdurou. Ainda na segunda metade do século XX, na imagem proposta por Castilho (2010), a Linguística Histórica tornou-se “fênix renascida”, fruto de trabalhos como o de Martinet (sobre fonologia diacrônica), o de Chomsky (principalmente partir da teoria dos Princípios e Parâmetros), e, também, o de Labov (que colocou em foco a heterogeneidade da língua e a relação entre a variação e a mudança linguística). Em terras brasileiras, esse ressurgimento da perspectiva histórica sobre a língua veio pela investigação realizada por pesquisadores como Fernando Tarallo, Mary Kato, Rosa Virgínia Mattos e Silva, Vanderci Aguilera, e o próprio Ataliba Teixeira Castilho, dentre tantos nomes relevantes que poderíamos citar. Esse esforço resultou em muitas escavações históricas da língua e em projetos como o “Para História do Português Brasileiro” e suas vertentes “regionais” - “Projeto de História do Português Paulista”, “Para História do Português Paranaense”, dentre outros levados a cabo nas mais relevantes universidades brasileiras. Esses projetos caracterizaram-se por reunir linguistas de perspectivas teóricas diversas dedicados a descrever o Português Brasileiro, tanto pela perspectiva da “Mudança Linguística” – que se concentra na trajetória histórica dos elementos linguísticos, perfazendo uma “História Interna da Língua”-, como pela perspectiva da História Social da Língua - que relaciona as mudanças da Língua às mudanças socioculturais. O presente simpósio se propõe a cultivar esse mesmo espírito de dialogia teórica e metodológica para a observação do passado da Língua Portuguesa. Estão convidados a participar da discussão que propomos os trabalhos que observem a língua diacronicamente ou que se atenham à uma dada sincronia passada, partindo dos mais diversos arcabouços teóricos, como o estruturalista, o gerativista, o funcionalista e o sociovariacionista. Serão bem-vindas as pesquisas que tomem por objeto de estudo os fatos linguísticos, em perspectiva histórica, observados em qualquer dos níveis e subsistemas da língua, sejam estes tomados de forma isolada, ou ainda, explorando suas inter-relações. Estudos que tomem a História de nossa língua a partir das interações entre a linguagem e os elementos socioculturais também estão convidados para o debate.

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 3 Universidade Estadual de Londrina - [email protected]

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Palavras-Chave: Linguística histórica; História social da língua; Mudança linguística.

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SIMPÓSIO 8: DIALOGISMO, INTERAÇÃO E ESCRITA: AÇÃO, REFRAÇÃO E REFLEXO NO ENSINO

Adriana Beloti1

Renilson José Menegassi2 O Simpósio “Dialogismo, interação e escrita: ação, refração e reflexo no ensino”, a partir do pressuposto do Dialogismo centrado nos estudos do Círculo de Bakhtin (VOLOCHINOV/BAKHTIN, 1926; BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006) e nos estudiosos brasileiros, objetiva reunir pesquisadores dos vários níveis de ensino que se debruçam sobre trabalhos que investigam os conceitos relacionados à interação e escrita, e todos os desmembramentos pertinentes nas relações teórico-metodológica-analíticas possíveis que se engendram nessa episteme discursiva, a partir do enunciado concreto materializado em gênero discursivo. As práticas de linguagem estabelecidas em situações de ensino de línguas (materna e estrangeira) são realizações efetivas no sistema escolar brasileiro, considerando-se as tradicionais já estabelecidas pela literatura em Linguística Aplicada: leitura, produção textual e análise linguística/gramática. Assim, sob o viés do Dialogismo, discutido pela Análise Dialógica do Discurso e pelo Interacionismo Sócio-Discursivo, como escopos principais, tendo a concepção dialógica de linguagem como pressuposto, bem como a concepção interacionista de ensino de línguas, este Simpósio objetiva congraçar pesquisadores, professores, estudantes e demais interessados a discutir como as práticas de linguagem estão sendo estudadas, pesquisadas, trabalhadas, ensinadas, aprendidas, constituídas, sistematizadas e apropriadas em situação de ensino e aprendizagem de ensino de língua, tanto materna como estrangeira, considerando-se, também a língua brasileira de sinais, entre outras manifestações de comunicação, atualmente. Dessa forma, considera-se que há vários avanços nas discussões teórico-metodológicas efetivadas nos últimos anos sobre o tema, que precisam ser discutidas e divulgadas de maneira efetiva entre os pares, como se pretende neste Simpósio, para que o congraçamento e a atualização da academia se manifeste efetivamente. Nesse sentido, além das perspectivas teóricas apontadas, são observadas e consideradas investigações acerca das práticas de linguagem também por outros escopos, como Psicolinguística, Linguística Enunciativa, Gêneros Textuais, Linguística Textual, Análise do Discurso, Sociolinguística entre outros, que consolidam campo de trabalho e investigação em franco desenvolvimento nas pesquisas sobre ensino e aprendizagem de línguas no Brasil, tendo o Dialogismo como uma possível escolha teórica e teórica-metodológica. Assim, tanto as pesquisas de cunho a) teórico, b) teórico-metodológico, c) teórico-analítico, d) teórico-metodológico-analítico, e) as de viés eminentemente prático, são bem-vindas ao espaço de discussões e reflexões, que objetivam socializar os estudos relativos à leitura, produção textual escrita verbal e não-verbal, análise linguística e ensino de gramática, nos diversos níveis de ensino, desde a Educação Básica até o Ensino Superior, incluindo a formação inicial e continuada de professores. O pressuposto para apresentação é a pesquisa se desenvolver sobre um dos conceitos relacionados ao Dialogismo. Palavras-chave: Dialogismo; Interação; Escrita.

1 Universidade Estadual do Paraná (Campo Mourão) - [email protected]. 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected].

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SIMPÓSIO 9: TEXTO E DISCURSO: MATERIALIDADES LINGUÍSTICAS NA COMPOSIÇÃO TEXTUAL E OS EFEITOS DE SENTIDO

Evandro de Melo Catelão1

Jacqueline Vignoli2 Jussara Maria Jurach3

As relações entre textualidade e discursividade provocam momentos profícuos de discussão sobre seus limites e suas convergências, visto que o texto, compreendido como processo, como interação, acontece na vivência social com a linguagem, espaço de discursos, interpretações e sentidos na sua pluralidade. Devido à complexa relação entre texto e discurso, desenvolveram-se várias delimitações teóricas que tratam dessas noções, abarcando o viés bakhtiniano, o pecheutiano, o benvenistiano, entre outros. Cada uma com seus princípios, todas essas teorias permitem ampliar os processos de compreensão do que é linguagem, da trama textual e dos sentidos nela produzidos. Com vistas à compreensão ampliada do nível textual e do nível discursivo, este simpósio propõe um espaço de interação entre estudos que empreendam análises de materialidades linguísticas e seus desdobramentos na constituição composicional dos textos, no nível das tipologias, das sequências, dos planos de texto e dos gêneros discursivos, assim como trabalhos que se debruçam sobre a linguagem e os efeitos de sentido que permeiam os textos na vida em sociedade, ou seja, a discursividade que acontece pelo que é social, histórico e ideológico. Filiamo-nos, assim, teoricamente, à Linguística Textual e desejamos discutir, no interior desse campo de estudos, pesquisas que contemplem o conjunto de processos e recursos de construção textual tais como: elementos composicionais dos gêneros discursivos, tipos e sequências textuais, planos pré-formatados por um gênero, processos de referenciação, mecanismos de articulação e de gerenciamento de vozes, tópico discursivo, intertextualidade, inferencialidade, assim como os conceitos de coesão e coerência textuais. Além do desafio de compreender o texto e o discurso, esses estudos permitem evidenciar a amplitude das nossas atividades cognitivas com os textos, a polissemia dos recursos linguísticos no texto e no discurso, a prototipicidade e a dinamicidade dos gêneros discursivos nas suas funcionalidades, a complexidade das ideologias e das vivências sociopolíticas dos sujeitos, vivências essas promovidas por textos, pela linguagem em sua efetividade. Ao pensar nas relações humanas permeadas pelos textos, também objetivamos empreender discussões sobre os desafios do trabalho com o texto em sala de aula de modo a articular a materialidade linguística e a composicionalidade textual à discursividade, uma vez que, a partir de uma perspectiva interacional de língua, a unidade de ensino passou a ser o texto, cabendo ao professor a tarefa de formar leitores e produtores textuais aptos a interagir em sua sociedade por meio da linguagem materializada nos textos, verificando quais processos de construção textual são mais frequentemente selecionados e de que maneira são didatizados. Assim, esperamos que comunicações propostas assumam uma abordagem que se enquadre ou em uma acepção social / interacional / ideológica ou em uma abordagem mais cognitiva, a fim de que se possa criar um debate sobre a grande produtividade humana com a linguagem mediada pelos mais diversos textos. Palavras-chave: Texto; Discursividade; Efeitos de Sentido.

1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - [email protected] 2 Universidade Estadual do Paraná (Campo Mourão) - [email protected] 3 Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Marechal Cândido Rondon) - [email protected]

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SIMPÓSIO 10: DESCRIÇÃO FUNCIONAL DE LÍNGUAS NATURAIS

Juliano Desiderato Antonio1 Marcelo Módolo2

Uma das principais características das gramáticas funcionalistas é a prioridade das regras pragmáticas, entendidas como regras de uso, sobre as regras formais (fonológicas, morfológicas, sintáticas, semânticas). Assim, pode-se afirmar que, no paradigma funcional, as expressões linguísticas não são estudadas isoladamente, mas levando-se em conta os propósitos para os quais foram utilizadas nos textos em que ocorrem. A maioria dos pesquisadores funcionalistas parte do princípio de que a língua tem como função primordial estabelecer comunicação entre falantes. É importante observar que os funcionalistas entendem por comunicação não apenas a transmissão e recepção de informações, mas todos os fatores envolvidos no evento de fala. Neste simpósio, pretendemos reunir trabalhos que tratem da descrição de línguas naturais amparados em base teórico-metodológica funcionalista. Temos interesse, principalmente, em trabalhos calcados nos seguintes modelos: Gramática Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), Gramática Funcional (DIK, 1989; 1997), Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), Gramática de Papel e Referência (VAN VALIN; LAPOLLA, 1997), Funcionalismo da Costa-Oeste (DU BOIS, 1997; HOPPER, THOMPSON, 1980; GIVÓN, 1984; dentre tantos outros trabalhos), Gramática de Construções (FILLMORE; KAY, 1996; TOMASELLO; BROOKS, 1999; GOLDBERG, 1995; CROFT, 2001; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), Gramática CognitivA (LAKOFF, 1987; LANGACKER, 1987), Teoria da Estrutura Retórica (RST) (MANN; THOMPSON, 1988; TABOADA, 2009). Os trabalhos deverão obrigatoriamente apresentar um objeto de análise, preferencialmente integrando diversos níveis. Descrições de fenômenos que ocorrem no nível textual/ discursivo serão bem-vindas. É comum as teorias funcionalistas reconhecerem a importância do discurso e das relações contextuais, uma vez que a comunicação não se dá por meio de frases, mas sim por meio do “discurso multiproposicional, organizado em estruturas que reconhecemos como caracterizando conversações, palestras, encontros de comitês, cartas formais e informais dentre outras” (BUTLER, 2003). Butler (2005) apresenta um desafio importante para as teorias do pólo funcional. De acordo com o autor, se os funcionalistas realmente consideram como primordial a função comunicativa da língua, então o modelo de gramática dessas teorias não pode se limitar ao nível da frase, mas deve dar conta da “estrutura e da função de textos inteiros em seus contextos de produção e de recepção”. No que diz respeito à perspectiva temporal, além dos trabalhos que tratam de aspectos sincrônicos do português brasileiro, também estarão incluídos neste simpósio trabalhos que investigam a gramaticalização de elementos linguísticos ou investigam o português em uma perspectiva histórica. Os estudos de gramaticalização podem tanto adotar uma perspectiva diacrônica quanto uma perspectiva sincrônica. No primeiro caso, um item lexical se torna gramatical ou um item gramatical se torna ainda mais gramatical. No segundo caso, investigam-se fenômenos pragmático-discursivos, isto é, investiga-se como preferências discursivas acabam por originar padrões gramaticais e como funções do nível do discurso se transformam em funções semânticas do nível da frase. Palavras-chave: Descrição linguística; Funcionalismo; Línguas naturais.

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade de São Paulo - [email protected]

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SIMPÓSIO 11: INTERNACIONALIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE E ENSINO-APRENDIZAGEM DE GÊNEROS TEXTUAIS ACADÊMICOS

Ana Carolina de Laurentiis Brandão1

Wiliam César Ramos2

A internacionalização das universidades é resultante do novo contexto social, político e profissional imposto pela globalização e pela sociedade do conhecimento. Internacionalizar o ensino superior significa promover a relação entre nações, culturas, sistemas de ensino e instituições, pautando-se pela cooperação e benefício mútuo, de modo a resolver problemas, superar desafios e crescer conjuntamente. Nesse novo cenário, em que várias culturas interagem por meio do ensino, pesquisa e extensão, a educação superior deve assegurar uma formação que contemple o estudo de problemas compartilhados pela maioria dos países, e fornecer subsídios para a mobilidade da comunidade acadêmica e sua efetiva participação em projetos de colaboração internacional. Dentre esses subsídios, figuram-se ações que capacitem a comunidade acadêmica a se comunicar, e entender o outro e sua cultura por meio de uma outra língua. Embora existam diferentes modalidades de mobilidade acadêmica e concepções de internacionalização adotadas pelas universidades, é fato que o ensino-aprendizagem de línguas tem um papel crucial em iniciativas de internacionalização. A internacionalização do currículo das universidades prevê, por exemplo, a oferta de disciplinas ministradas em línguas estrangeiras, principalmente em inglês, devido ao seu status de língua franca no mundo globalizado. Dessa forma, a produção e a recepção de gêneros textuais acadêmicos em língua estrangeira, tais como o artigo de pesquisa, a comunicação oral e a dissertação, exigem do aluno o conhecimento das convenções discursivas desses e de outros gêneros textuais, bem como das culturas acadêmicas e práticas sociais envolvidas em sua constituição. Articuladores das ações sociais que permeiam contextos de internacionalização do ensino superior, os gêneros textuais acadêmicos escritos e orais desempenham um papel importante tanto na mobilidade discente quanto docente. Portanto, entender como os fatores linguísticos e não linguísticos articulam-se na constituição dos gêneros textuais, e seu processo de ensino-aprendizagem torna-se essencial para atingir objetivos e superar desafios inerentes a esse contexto de internacionalização que vivenciamos. A partir dessas considerações, este simpósio tem por objetivo reunir propostas que discutam perspectivas e ações envolvendo o trabalho com gêneros textuais acadêmicos em língua estrangeira. Particularmente, este simpósio acolhe propostas que: a) investiguem a estrutura retórica, as convenções linguísticas e o contexto de produção de gêneros textuais acadêmicos, escritos ou orais, em língua estrangeira; b) discutam iniciativas e desafios envolvendo a implementação de abordagens de ensino de gêneros textuais acadêmicos em língua estrangeira; e c) explorem experiências de ensino-aprendizagem de gêneros textuais acadêmicos em língua estrangeira, e seu impacto na internacionalização do ensino superior. Esperamos que este simpósio propicie um espaço de reflexão e troca de experiências acerca do processo de ensino-aprendizagem de gêneros textuais acadêmicos em língua estrangeira, bem como do seu papel na internacionalização das universidades.

1 Universidade do Estado de Mato Grosso – [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá – [email protected]

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Palavras-chave: Internacionalização; Gêneros textuais acadêmicos; Língua estrangeira.

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SIMPÓSIO 12: PRÁTICAS E POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR

Alessandra Fontes Carvalho da Rocha1

Washington Kuklinski Pereira2

As políticas públicas de educação ao redor do mundo estão passando por um processo de padronização internacional. O sistema PISA (Programme for International Studant Assiment), que conta atualmente com a participação de 32 países, promove testes internacionais com o objetivo de estabelecer níveis de aprendizado. Para tanto, são criados sistemas genéricos de avaliação que desprezam as particularidades de cada região analisada. Além disso, há a proposta de mecanização do conhecimento, sendo estabelecidos apenas parâmetros para mensurar pseudo competências sobre o entendimento de Ciências, Matemática e a capacidade de leitura dos estudantes. Atualmente, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Peru, República Dominicana e Uruguai são países que se tornaram signatários do sistema PISA. Sendo assim, as políticas públicas implementadas nestes países passaram a estabelecer metas que direcionam o processo ensino-aprendizagem a uma formação genérica que atenda aos parâmetros internacionais estabelecidos e desprezam a formação crítica do indivíduo. Na contramão desse processo de mecanização do processo de ensino-aprendizagem, muitos professores procuram promover diversas práticas educativas que priorizam a formação crítica dos estudantes. Além disso, há muitas propostas de políticas públicas para a educação que seguem perspectivas diferentes do sistema PISA. Nesse sentido, o objetivo desse simpósio é reunir professores-pesquisadores e/ou apenas pesquisadores que discutam as políticas públicas de educação e/ou que apresentem relatos de experiência sobre suas práticas educacionais no Ensino Fundamental e Ensino Médio para a formação do leitor, seja ele literário ou não e que, ao contrário de todo o sistema imposto, ainda consigam estabelecer uma relação de prazer entre os estudantes e os textos trabalhados em sala de aula. Tal discussão ainda se faz necessária, pois sabemos que é pela leitura que as pessoas são capazes de adquirir uma visão crítica do mundo, além de repertório cultural e ampliação de pontos de vista. É inegável que a leitura seja capaz de despertar senso crítico nas pessoas, tornando o leitor competente um sujeito qualificado para opinar sobre diversos temas e fatos sociais, políticos e econômicos de nossa sociedade, sendo também capacitado a questionar, problematizar e propor soluções. Nessa perspectiva e a fim de recuperarmos o prazer da leitura, buscamos, com este simpósio, pesquisas que apresentem discussões acerca das políticas educacionais e novas práticas docentes a partir do trabalho textual e da pedagogia da leitura que respondam positivamente ao problema enfrentando por inúmeros professores responsáveis por diversas disciplinas, sobretudo pelo ensino de Língua Portuguesa e Literatura: a falta da prática de leitura entre os jovens estudantes. No contexto escolar, a leitura vem assumindo ares de obrigação e não é raro que os discentes concluam os estudos lendo, porém não compreendendo os textos obrigatórios – consequências do imperativo com o qual o verbo ler está sendo tratado. Considerando que o ato de ler é uma atividade complexa, plural e multidirecionada, que segundo Kleiman (1989, p. 13) necessita do engajamento e apoio de muitos fatores – memória, atenção, percepção e conhecimentos linguísticos - que precisam ser ativados quando se constrói os sentidos

1 Universidade Federal do Rio de Janeiro - [email protected] 2 Fundação de Estudos do Mar; Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro - [email protected]

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do texto, recusamos a ideia de que a leitura se reduz à simples decodificação de códigos linguísticos e à singela apreensão de informações, pois a tarefa do leitor não é apenas a do reconhecimento de objetos e situações representados no texto. Ainda sobre o ato de ler, segundo Chartier (1999, p. 16), “A leitura não é somente uma operação abstrata de intelecção; ela é engajamento do corpo, inscrição num espaço, relação consigo e com os outros”, sendo esse um dos aspectos que acreditamos ser de direito dos estudantes da educação básica, durante sua formação enquanto leitor. Palavras-chave: Políticas Educacionais; Práticas Educacionais; Formação do Leitor

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SIMPÓSIO 13: PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA

Dircel Aparecida Kailer1 Jacqueline Ortelan Maia Botassini2

A Sociolinguística, ainda que tenha derivado muito de sua abordagem da Linguística Estrutural, rompe radicalmente com a forma de compreender as línguas como sendo completamente uniformes, homogêneas ou monolíticas em sua estrutura. No Estruturalismo, as diferenças constantes nos hábitos de fala de uma comunidade eram explicadas como “variação livre”. Uma das principais tarefas da Sociolinguística é provar que a variação ou diversidade linguística não é “livre”, mas correlacionada a diferenças sociais sistemáticas. O estudo da língua como fenômeno social opõe-se ao conceito de homogeneidade, visto que as comunidades linguísticas reais são complexas e heterogêneas. Alkmim (2007) afirma que língua e variação são inseparáveis e que, para a Sociolinguística, a diversidade linguística não é um problema, mas uma qualidade que compõe o fenômeno linguístico, representando uma redução na compreensão desse fenômeno conceber apenas o invariável, visto que, em qualquer comunidade linguística, constata-se a existência de diversidade ou de variação. E é justamente a heterogeneidade, a diversidade linguística o objeto de estudo da Sociolinguística. Interessam à Sociolinguística, além dos fatores internos à língua, os fatores sociais, dentre os quais se incluem os diferentes sistemas de organização política, econômica, social ou geográfica de uma comunidade, os fatores individuais que têm influência sobre a organização social em geral, os aspectos históricos, enfim, o contexto externo em que os fatos linguísticos ocorrem. López Morales (2004) assevera que a Sociolinguística objetiva compreender as razões que levam um falante (e seu grupo) a escolher uma variante específica em detrimento de outra(s) e também as razões linguísticas e extralinguísticas que motivam e impulsionam a mudança linguística. O uso de uma ou de outra variante normalmente está condicionado por fatores que podem favorecer ou desfavorecer a aplicação de uma regra variável. Tais fatores podem ser internos (também classificados como estruturais ou linguísticos) ou externos (sociais ou extralinguísticos) ao sistema linguístico. O grupo das variáveis internas é constituído por fatores de natureza fonético-fonológica, morfológica, sintática, semântica, discursiva e lexical, os quais “dizem respeito a características da língua em várias dimensões, levando-se em conta o nível do significante e do significado, bem como os diversos subsistemas de uma língua”. Já as variáveis externas agrupam os fatores inerentes ao indivíduo (como idade, sexo, etnia), os propriamente sociais (como nível de escolaridade, profissão, classe social) e os contextuais (como grau de formalidade e tensão discursiva) (conforme MOLLICA, 2008, p. 11). Este Simpósio objetiva reunir trabalhos cujos temas estejam voltados à investigação e ao estudo dos fenômenos da variação linguística do português brasileiro, pretendendo socializar descrições metodológicas adotadas na coleta e na transcrição de dados e resultados de análises de projetos de pesquisa, de dissertações e de teses que versam sobre os fenômenos da fala nos níveis fonético-fonológico, semântico-lexical e morfossintático. Palavras-chave: Sociolinguística; Variação; Português Brasileiro.

1 Universidade Estadual de Londrina - [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]

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SIMPÓSIO 14: A ESCRITA E AS RELAÇÕES DIALÓGICAS

Vanda Mari Trombetta1 Rosangela Rodrigues Borges2

O Círculo de Bakhtin (BAKHTIN/VOLOSHINOV ([1929] 2006; BAKHTIN (2010)) traz apontamentos para a análise das relações discursivas e dialógicas na escrita, tais como a enunciação, o gênero discursivo, a incorporação de outros discursos e a apropriação de outros gêneros pelo escrevente, o dialogismo, a interação verbal. Noções que não apenas possibilitam compreender a escrita inseparável das situações comunicativas em que se desenvolvem, mas que também implicam trabalhar, numa perspectiva social e histórica, compreendendo-a na perspectiva do uso. A escrita em uso é a “linguagem em uso” (CORRÊA, 2011, p. 334), um espaço no qual o escrevente faz-se sujeito, tanto pelos atos de enunciação presencial como pelos não presenciais, marcados pelas réplicas ao já-enunciado, de maneira que, ao historicizar seu dizer, deixa indícios de um “conjunto de conhecimentos que o constituíram ao longo de sua formação” (cf. CORRÊA, 2008a). Se a enunciação presencial aborda o encontro, do ponto de vista da presença, da necessidade de sujeitos empíricos dialogarem, o segundo trata o encontro do ponto de vista da presença e da não presença. Nesse sentido, os escreventes estão constituídos de outros encontros os quais os auxiliam na construção de pontos de vista e de representações de mundo, bem como na elaboração de variados gêneros discursivos, por exemplo. Assumir a escrita nessa perspectiva significa, assim, considerar que o escrevente está envolto em histórias dos letramentos e experiências sociais na escrita de um gênero (TROMBETTA, 20017). Nesse sentido, passa-se a refletir sobre as práticas de letramento constituídas de saberes ligados estritamente à escola, sem desconsiderar os saberes que estão fora dela, em diferentes espaços sociais, tendo em vista que o escrevente constrói interlocuções circulando entre diferentes saberes na produção de seus textos. Esse entendimento do que seja a construção de um gênero conduz à compreensão de que o ponto de partida para a análise de um gênero discursivo é, portanto, o sujeito da enunciação no trabalho com a escrita. Defendemos que, a partir de uma perspectiva discursiva e dialógica, estudos sobre a escrita podem contribuir para a discussão, por exemplo, das mais variadas posições enunciativas que o escrevente evoca em diferentes momentos, se o pesquisador e o professor de ensino de escrita trabalharem com a noção de sujeito da enunciação, que tem sua existência no discurso. Ampliam-se, a nosso ver, as possibilidades de estudos uma vez que a escolha desse ponto de partida implica tentar compreender a relação desse sujeito com seus diferentes destinatários – o imediato, o presumido e sobredestinatário –, ou seja, a relação de alteridade que o escrevente constrói para assumir diferentes posições enunciativas e para construir a imagem do outro seja pela noção de excedência de visão (BORGES, 2017), seja pela noção do “terceiro elemento (uma terceira voz) na composição do objeto de discurso (TROMBETTA, 2017). Nessa linha de pensamento, práticas de letramento passam a ser consideradas encontros que se dão entre o escrevente, nas mais variadas interações, que a escrita, como modo de enunciação sempre inconcluso, possibilita. Interessa-nos, neste simpósio, a socialização e a discussão de pesquisas sobre a escrita, seu ensino na Educação Básica e no Ensino Superior, sobre a formação docente do professor de ensino de escrita (BORGES, 2017), bem como as relações do escrevente com os diferentes destinatários e com as histórias

1 Universidade Federal da Fronteira do Sul - [email protected] 2 Universidade Federal de Alfenas - [email protected]

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de letramento (TROMBETTA, 2017) na construção de um gênero, pesquisa essas que tenham como referencial teórico a Análise do Discurso, os estudos de Bakhtin e do Círculo e os Estudos dos Letramentos ((STREET 1984, 2007); KLEIMAN (1995)). Palavras-chave: Escrita; Ensino de escrita; Formação docente.

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SIMPÓSIO 15: VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA: DIFERENTES ABORDAGENS

Mircia Hermenegildo Salomão-Conchalo1

Márcia Cristina do Carmo2 Ana Helena Rufo Fiamengui3

A proposta deste simpósio temático é a de reunir trabalhos que investiguem ou tenham investigado fenômenos variáveis do Português Brasileiro (doravante, PB), nos diferentes níveis de análise linguística – fonético-fonológico, morfológico, sintático, semântico ou discursivo – sob a perspectiva de diferentes abordagens teórico-metodológicas: da Sociolinguística Quantitativa (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968; LABOV, 2008 [1972]); das Redes Sociais (MILROY, 1985); da Terceira Onda Sociolinguística (ECKERT, 2000; 2005; 2012); da Linguística Etnográfica (CREESE, 2008); e/ou da Dialetologia Monodimensional ou Pluridimensional e Relacional (RADTKE; THUN, 1998; THUN, 1998); dentre outras. De acordo com Labov (2008 [1972]), por conveniência teórico-metodológica, a Linguística foi definida, por muito tempo, a partir da exclusão dos estudos do comportamento social e da fala. Nesse contexto, na segunda metade do século XX, difunde-se uma nova tendência, a qual considera como objeto de estudos da Linguística o instrumento de comunicação presente na comunidade de fala, abarcando, finalmente, questões de variação linguística. Embora relativamente recentes, pesquisas sobre variação e sua significância social têm apontado algumas das descobertas mais incisivas no que diz respeito à estrutura e à função da linguagem (CHAMBERS, 2009 [1995]). Sob esse prisma, estilo e identidade são conceitos fortemente associados; numa situação típica de agentividade, os falantes atribuem um novo significado social à variação, aproveitando-se de variáveis já existentes no mercado linguístico. De acordo com Eckert (2008), a prática estilística constitui, assim, um processo de “bricolagem”, em que os recursos linguísticos diversos podem ser interpretados e combinados para construir uma entidade significativa mais complexa. O significado social de variedades pode ser explicitado também por testes de atitudes e de crenças. Embora tais estudos sejam ainda pouco presentes no Brasil, suas contribuições são relevantes não somente para a descrição linguística em si, mas também para o ensino. Nesse âmbito, destaca-se o trabalho pioneiro de Lambert e colaboradores (1960) em uma comunidade bilíngue a partir do desenvolvimento da matched guise technique (técnica dos falsos pares), na qual se inspiraram pesquisas posteriores de Labov (1972), Wölck (1973) e, no Brasil, Santos (1996) e Cyranka (2007). Nesse sentido, o objetivo do presente simpósio é oportunizar a divulgação e a discussão dos resultados de pesquisas nessas diferentes perspectivas de análises, a fim de (i) esclarecer os condicionamentos linguísticos e sociais dos processos variáveis no PB, como também os processos culturais que originam a variação, que a mantêm ou que provocam a regressão; (ii) discutir as atitudes e as crenças em relação a variantes/variedades linguísticas em contexto monolíngue ou em relação a diferentes línguas em contexto multilíngue; (iii) avaliar as potencialidades e as limitações dessas perspectivas para a compreensão da variação linguística em si; (iv) propor questões que orientem pesquisas futuras, suscitadas, sobretudo, pela coleta e análise de dados; e (v)

1 Universidade Estadual do Paraná (Paranaguá) - [email protected] 2 Universidade Estadual do Paraná (Paranaguá) - [email protected] 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (Presidente Epitácio) - [email protected]

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proporcionar uma integração interdisciplinar entre os trabalhos das distintas abordagens no que concerne ao conhecimento e à divulgação dos mesmos. Poderão ser apresentadas, no que cerne ao tipo de análise, tanto investigações sincrônicas, quanto diacrônicas. Ademais, trabalhos que abarquem a fundamentação teórica e a avaliação de aspectos metodológicos implicados pelas diferentes perspectivas de análise serão bem-vindos neste simpósio. Palavras-chave: Fenômenos Variáveis; Diferentes Abordagens; Sociolinguística.

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SIMPÓSIO 16: RESISTIR COM IMAGENS

Luciene Jung de Campos1 Renata Marcelle Lara2

Este simpósio toma as imagens múltiplas, com destaque para as artes, como discurso(s), no sentido político (divisão do sentido), que circulam tensionando o social e, nesse/por esse processo, (se)abrindo à resistência. Resistência esta compreendida aqui como possibilidade de, na/pela falha, haver rupturas na ideologia, mesmo esta não parando de funcionar, conforme esclarece Orlandi (2012) em Discurso em análise: sujeito, sentido, ideologia. Tal possibilidade existe porque “nos processos discursivos há sempre ‘furos’, falhas, incompletudes, apagamentos e isto nos serve de indícios/vestígios para compreender os pontos de resistência” (ORLANDI, 2012, p. 213). Nesse sentido é que nos voltamos ao social divido, tensionado, eclodido em meio ao estabilizado, que responde, mesmo em/pelo silêncio, às amarras e aos silenciamentos a que vem sendo submetido em diferentes setores, sejam eles artístico, político, midiático, esportivo, educacional, entre outros. Formulações visuais que percorrem museus, praças, ruas (e demais espaços públicos e privados), redes sociais e outros espaços digitais, impressos e orais. Imagens em constante movimento, que (nos) dizem acerca do social, problematizando-o, assim como a nós mesmos, e se materializam em/como obras e outras produções/manifestações artísticas, midiáticas, educacionais etc., denunciando formas de assujeitamento, tendo em vista que “nas formas atuais de assujeitamento do capitalismo, há resto, nas relações dissimétricas, que produz a resistência, não na forma heroica a que estamos habituados a pensar, mas na divergência desarrazoada, de sujeitos que teimam em (r)existir” (ORLANDI, 2012, p. 234). É nesse olhar oblíquo que nos situamos. No vai e vem entre o visível e o invisível das imagens que não dizem tudo, mas que aguardam que tropecemos nelas, em algum equívoco, que nos force a falar para constituir o sentido. O intangível é próprio dessa condição de não mostrar-se toda das imagens, da sua não transparência, enquanto tela do inconsciente. Por outro lado, a busca pela imagem sem nada de não-evidente traz consigo o retorno do gozo do olhar, como refere Quinet (2004, p. 272), na “Sociedade Escópica”, como ele chama a nossa sociedade atual, onde se institui “o poder da imagem, a prevalência do ideal do espetáculo, o imperativo da transparência e a vigilância social como forma de controle da sociedade”. Segundo Lacan, em O Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1998[1964], p.92), “nessa matéria do visível, tudo é armadilha”, afirmando uma ruptura entre o que vemos e o que nos olha. Na imagem não existe a dialética da superfície, mas esquize entre olho e olhar na relação com a imagem e o sentido que divide o sujeito. Nessa perspectiva, Didi Huberman em O que vemos e o que nos olha (1998, p.85) une o valor de uma imagem ao valor de uma perda que faz retorno no sujeito, assim, o olhar é uma operação de sujeito, “portanto uma operação fendida, inquieta, aberta”. Mesmo tendo como ponto de partida a Análise de Discurso de vertente francesa pecheutiana para a abordagem de tais imagens, o simpósio proposto se abre a entremeios com outras vertentes discursivas, psicanalíticas, históricas, sociológicas, filosóficas, artísticas, valorizando abordagens propícias a diálogos sobre a resistência dos sentidos e dos sujeitos pelas imagens, para além da “onipotência individual”, e que valorizem o trabalho do inconsciente, a materialidade, a abertura ao sensível e o polissêmico. É por tais entremeios que buscamos fazer, em nossas

1 Universidade de Caxias do Sul - [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected].

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discussões do simpósio, advir o “irrealizado” produzindo sentido “do interior do sem-sentido”, tal como proposto por Pêcheux (1990, p. 17), em “Delimitações, inversões e deslocamentos”.

Palavras-chave: Discursos; Imagem; Resistência.

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SIMPÓSIO 17: PESQUISAS EM LINGUÍSTICA APLICADA SOB O MATIZ DOS ESTUDOS DIALÓGICOS

Neil Franco1

Rodrigo Acosta-Pereira2 Terezinha Costa-Hübes3

Estudos contemporâneos em Linguística Aplicada têm buscado delinear caminhos distintos de investigação acerca da constituição e da funcionalidade da língua/linguagem nas práticas sociais e de ensino e aprendizagem de línguas. Para nós, linguistas aplicados, as diferentes perspectivas possuem um traço em comum: a relevância do social para a compreensão da linguagem. Dentre essas perspectivas, tem-se a abordagem dialógica, baseada nos escritos do Círculo de Bakhtin e nas pesquisas contemporâneas em Análise Dialógica de/do Discurso (ADD). Esses estudos ganharam força principalmente a partir da década de 1990, com a publicação de documentos parametrizadores – com destaque para os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) – que vêm alicerçando o ensino de Língua Portuguesa à luz da concepção bakhtiniana de língua/linguagem. Os escritos do Círculo de Bakhtin sobre a interação têm sido objeto de discussão daqueles que defendem uma proposta de ensino e de aprendizagem de línguas, buscando que as enunciações reais e as formas típicas de enunciados concretos – os gêneros do discurso –, que se dão nos mais variados campos da atividade humana, constituam, conforme postulam Bakhtin/Volochínov (2006[1929]), o caminho teórico e metodológico para o estudo da língua/linguagem em funcionamento. Com base, portanto, na concepção dialógica da linguagem e na ADD, escopo teórico e metodológico de análise de linguagem, que vem sem consolidando nos últimos anos, este simpósio visa reunir pesquisas: a) com foco na análise de gêneros do discurso nas diversas esferas de atividade humana; b) com foco na análise do discurso materializado nos diferentes gêneros do discurso; c) com foco nos gêneros do discurso para a elaboração didática das práticas de leitura, escuta, produção textual e análise linguística e d) com foco na formação docente (inicial e contínua) no contexto da Educação Básica. Com tais reflexões, intencionamos contribuir com pesquisas e uma educação linguística socialmente mais relevante, evidenciando estudos e práticas didático-pedagógicas que problematizem os desafios que envolvem a compreensão da linguagem em uso. Em suma, este simpósio tem por objetivo acolher propostas voltadas para a compreensão de aspectos (sociais, históricos, dialógicos, comunicativos, linguístico-discursivos etc.) da constituição e do funcionamento da língua/linguagem sob uma perspectiva dialógica que, dentre outros aspectos, considera que a interação verbal, engendrada por atravessamentos de ordem ideológico-valorativa, é o espaço de constituição e de funcionamento linguísticos. Ademais, acreditamos na relevância de reunir trabalhos sob o matiz dialógico não apenas pela sua contribuição nas políticas públicas de ensino de línguas no Brasil, em especial aquelas direcionadas à disciplina de Língua Portuguesa, como também, sobretudo, por entendermos que compreender a língua/linguagem sob o escopo da interação e da dialogia é pressuposto para qualquer pesquisa no campo da Linguística Aplicada.

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Federal de Santa Catarina - [email protected] 3 Universidade Estadual do Oeste do Paraná - [email protected]

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Palavras-chave: Linguística Aplicada; Círculo de Bakhtin; Análise Dialógica de/do Discurso.

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SIMPÓSIO 18: POSSIBILIDADES E REFLEXÕES DE ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DAS PRÁTICAS DE LINGUAGEM NA FORMAÇÃO

INICIAL E CONTINUADA DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA

Cláudia Valéria Doná Hila1 Lilian Cristina Buzato Ritter 2

Márcia Cristina Greco Ohuschi3 Em uma perspectiva contemporânea da Línguística Aplicada (LA), Moita Lopes (2006) afirma ter emergido uma necessidade de se pensar uma área de pesquisa que dialogue com outras teorias que estão perpassando o campo das ciências sociais e das humanidades. Nesse movimento, a LA reveste-se de uma natureza inter/transdisciplinar. Defende, dessa maneira, uma ciência híbrida, que possa dialogar com o mundo contemporâneo, redefinindo a forma de produzir conhecimento. Além das teorizações de caráter híbrido, argumenta a favor de uma ciência que extermine os limites entre teoria e prática. Se o que se quer é corresponder à vida contemporânea, a teorização não pode mais se prestar a rupturas abstratas entre teoria e prática, pois ambas devem ser consideradas de forma dialógica, tendo em vista a complexidade dos contextos sociais e dos sujeitos sociais. Por sua vez, Signorini (2006) contribui com o paradigma de uma LA crítica pressupondo alguns traços identificadores do campo aplicado dos estudos da linguagem. Seguindo o mesmo movimento de redefinição da área, a autora confere-lhe um caráter de interface entre diferentes campos disciplinares ao assumir sua natureza transdisciplinar. Assim, a autora privilegia a construção dos objetos de investigação de modo complexo, situando a língua em uso na dinâmica das práticas sociais historicamente situadas. Nesse sentido, no ensino de línguas em LA, interessa investigar problemas de uso da linguagem e de discurso, socialmente relevantes e contextualizados, para criar ou aprimorar conhecimento útil a participantes sociais em contexto. Dessa forma, preocupados em contribuir para a perspectiva crítica nas pesquisas em LA, este Simpósio, que tem sua origem no desdobramento do Projeto de Pesquisa Interinstitucional “Estudos Dialógicos da Linguagem: contribuições para o ensino e a pesquisa” (CNPq) e também se insere no Grupo de Pesquisa “Interação e escrita” (UEM-CNPq), procura reunir estudos e materiais teórico-metodológicos que enfoquem as relações entre o saber linguístico e a formação inicial e/ou continuada de professores de Língua Portuguesa, acolhendo propostas de análise, as quais se sustentem em uma abordagem dialógica da linguagem, que contemplem: a) a observação, a reflexão e o registro de situações-problema, visando à atuação tanto do futuro licenciado quanto do professor em serviço em situações contextualizadas; b) a análise de propostas de intervenção que mapeiem a abordagem de práticas de linguagem no trabalho com os gêneros discursivos; c) a criação de propostas de intervenção que coloquem em evidência o trabalho com as práticas de linguagem. Assim, esperamos que o Simpósio “Possibilidades e reflexões de abordagens pedagógicas das práticas de linguagem na formação inicial e continuada do professor de Língua Portuguesa” se institua como um espaço que colabore com a motivação de estudantes, pesquisadores e professores em serviço, na escola e na universidade, para o diálogo, na acepção bakhtiniana do termo, sobre o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa.

1 Universidade Estadual de Maringá – [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá – [email protected] 3 Universidade Federal do Pará – [email protected]

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SIMPÓSIO 19: O LUGAR DA SUBJETIVIDADE NO ENSINO DA LÍNGUA(GEM)

Pascoalina Bailon de Oliveira Saleh1

Carmen Teresinha Baumgärtner2

A proposta deste simpósio é um desdobramento de um projeto de organização de um livro em coletânea, em andamento, que procura articular os propósitos teóricos do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (UEPG) com outros Programas de Pós-graduação na área de Letras do Estado do Paraná, na perspectiva de alavancar um diálogo sobre o tema que dá título também a esta proposta. Com efeito, uma das principais preocupações do PPGEL é promover estudos e reflexões voltados para a compreensão da constituição da(s) identidade(s) e da subjetividade, sem perder de vista sua relação com os diferentes usos da linguagem, pretendendo, ainda, contribuir para o ensino desta. Discutir a subjetividade significa projetar-se para os desafios epistemológicos e metodológicos que a complexidade desse tema impõe, em suas diferentes possibilidades de tratamento. Para citar algumas delas, na perspectiva da Psicologia histórico-cultural, defende-se que o homem constitui sua subjetividade mediante o processo de apropriação dos conhecimentos construídos historicamente, a partir dos quais desenvolve suas funções psicológicas superiores, tais como raciocínio lógico, pensamento abstrato, capacidade de planejamento, entre outras funções; no campo da filosofia da linguagem, dentro dos estudos bakhtinianos, entende-se que toda manifestação discursiva é marcada pela subjetividade daquele que enuncia, se manifesta, dialoga e se posiciona. Todavia, para compreendê-la é preciso buscar a sua materialização na linguagem; já na psicanálise lacaniana, entende-se que o sujeito se constitui na relação com o Outro, intermediada pela linguagem. Essa relação estrutura o inconsciente e promove a organização subjetiva. Assim, a subjetividade não exclui o consciente, mas é regida primordialmente pelo funcionamento do inconsciente, a partir do qual se constitui o mundo do sujeito. No discurso, o corte entre consciente e inconsciente se realiza na divisão entre sujeito do enunciado e sujeito da enunciação. Considerando que o termo “subjetividade” tem sido rememorado constantemente em diferentes áreas do conhecimento, e também convocado em documentos oficiais de ensino, como os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná, bem como na recente Base Comum Curricular, pretende-se por meio deste simpósio, promover reflexões sobre esse conceito, estabelecendo relações com diferentes visões de sujeito, de forma inclusive a expandir as perspectivas acima elencadas, e explicitar suas possibilidades e limites dentro do campo de ensino da língua(gem). Dessa forma, neste simpósio são bem vindos trabalhos que discutem esse conceito nos campos dos estudos da língua(gem), bem como outros a eles relacionados, tais como “alteridade” e “identidade”, focando suas relações com a formação de professores e com o ensino de língua e/ou de literatura. Espera-se que trabalhos com objetos de análise e/ou de reflexão diversificados possam contribuir para situar e problematizar essa noção e aquelas a ela relacionadas. Palavras-chave:

1 Universidade Estadual de Ponta Grossa - [email protected] 2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná - [email protected]

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SIMPÓSIO 20: O EU E O OUTRO NO DISCURSO ACADÊMICO: CONSTITUIÇÃO, FUNCIONALIDADES E CARACTERÍSTICAS

Maria Clara Maciel de A. Ribeiro1

Clébson Luiz de Brito2 Maria da Penha Brandim de Lima3

Essencialmente polifônico, o discurso acadêmico se constitui por meio de um emaranhado de vozes convergentes e/ou divergentes que se articulam para ressoar como posicionamentos de um eu/nós. Neste fazer, os modos de demarcação do eu/nós e de referência ao ele/outro se tornam marcas identitárias capazes de sinalizar tanto para normatizações e tradições do gênero discursivo e da cultura disciplinar em questão quanto para a experiência ou inexperiência daquele que se assume como sujeito do discurso acadêmico. Logo, olhar para o discurso acadêmico é olhar para o sujeito, sua trajetória e práticas, bem como para as relações (de pertencimento ou de inicialização) que estabelece com o campo e com o outro (a ser endossado ou combatido). Nesse sentido, para compreender aspectos basilares do funcionamento do discurso acadêmico, parece-nos fundamental focalizá-lo numa perspectiva enunciativa que possibilite perceber a natureza de processos linguístico-discursivos que se articulam para a produção e comunicação do conhecimento construído na universidade. Parece-nos fundamental, também, pensar no processo de apropriação de gêneros da esfera acadêmica, por parte de estudantes de graduação e pós-graduação, bem como nas características e particularidades distintivas aos gêneros, tendo em vista que a cultura disciplinar costuma regular, por exemplo, o que se entende por resumo, resenha, ensaio, artigo, dissertação e tese em cada área do conhecimento. Destaca-se, portanto, pelo menos duas grandes perspectivas que se inter-relacionam: uma que olha para o objeto e evidencia aspectos de sua constituição e funcionamento linguístico-discursivo, outra que olha para os sujeitos e seus fazeres no processo de ensino-aprendizagem. A partir dessa reflexão, este Simpósio objetiva propor um espaço de discussão e debate sobre o discurso acadêmico por meio de estudos em andamento ou finalizados que priorizem reflexões sobre: a) gerenciamento de vozes e indícios de autoria; b) construção da argumentação em diferentes tradições disciplinares; c) processos de ensino-aprendizagem de gêneros da esfera acadêmica; d) mecanismos ou recursos linguístico-discursivos que demarquem processos de referenciação, modalização e heterogeneidades enunciativas diversas; e) modos de didatização ou transposição didática em gêneros do discurso acadêmico. Do ponto de vista teórico, estudos que partam de abordagens condizentes com a Linguística Textual, a Análise do Discurso (francesa, crítica ou greimasiana) e a Semântica Argumentativa serão bem-vindos, assim como estudos que partam de teorias afins, com perspectivas discursivas. O investimento na temática se justifica pela importância de se compreender o discurso acadêmico como um objeto que flagra e materializa a produção e comunicação de conhecimento numa perspectiva linguístico-discursivo e sócio-histórica que ressignifica tal prática, compreendendo-a como uma manifestação ao mesmo tempo individual e coletiva, sujeita a coerções, mas também a transformações.

1 Universidade Estadual de Montes Claros – [email protected] 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte – [email protected] 3 Universidade Estadual de Montes Claros – [email protected]

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Palavras-chave: Discurso acadêmico; Gêneros discursivos; Polifonia.

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SIMPÓSIO 21: LETRAMENTO: ETNOGRAFIAS DA LINGUAGEM EM CONTEXTOS ESCOLARES E ACADÊMICOS

Adriana Dalla Vecchia1

Jakeline Aparecida Semechechem2 Neiva Maria Jung3

A perspectiva dos Novos Estudos do Letramento (Street, 2014), no Brasil Estudos do Letramento (Viana et al., 2016), marcou uma mudança de foco das pesquisas sobre a língua escrita: de um foco centrado na escritura do indivíduo e sua mente passou-se a investigar práticas sociais da linguagem (Gee, 2000). Trata-se de uma concepção pluralista e multicultural das práticas de uso da língua escrita (Kleiman, 2008), que procura reconhecer e legitimar práticas sociais e culturais de uso da escrita geralmente invisibilizados na sociedade, o que por sua também invisibiliza pessoas e grupos sociais. Assim, a etnografia da linguagem e a microetnografia possibilitam descrever práticas letradas locais e problematizar "diversas racionalizações preconceituosas por meio das quais se tem justificado o fracasso na escola de grande parcela dos estudantes e também do professor na realização de sua tarefa.” (Kleiman, 2008, p. 49). Nesse sentido, nosso objetivo neste simpósio é reunir experiências etnográficas que investigam a linguagem como prática social em contextos escolares e acadêmicos e que se voltam para interlocução com comunidades profissionais acadêmicas e não acadêmicas (Garcez e Schulz, 2015). Para tanto, articulamos posicionamentos ontológicos e epistemológicas que procuram descrever e compreender fatos sociais em sua inscrição em práticas sociais situadas, como trabalhos sobre escrita acadêmica, o ensino de escrita acadêmica (Fiad, 2018) e práticas letradas cotidianas que possibilitariam pensar a educação escolar em termos de interculturalidade e um maior protagonismo do aluno em sua aprendizagem. Assim, também reafirmamos que realizamos etnografias da linguagem em Linguística Aplicada (Garcez e Schulz, 2015), compreendendo-a como políticas em ação que atendem a demandas sociais, culturais, econômicas, acadêmicas e pessoais, o que implica tanto nossa participação em contexto quanto o dialogismo constituinte de todo processo de pesquisa, inclusive da escrita do relato etnográfico (Santos, Jung, Machado em preparação). Pretendemos discutir assim, a partir das experiências etnográficas, a unicidade da experiência etnográfica e sua abrangência para além das especificidades do trabalho de campo. Ainda considerando que o objetivo da Linguística Aplicada é criar inteligibilidade sobre problemas sociais em que a linguagem tem papel central (MOITA LOPES, 2006), e de problemas com relevância social suficiente para exigirem respostas teóricas que tragam ganhos a práticas sociais e a seus participantes (Rojo, 2006), pretendemos discutir também de que modo as etnografias da linguagem, além da inteligibilidade, possibilitam respostas que tragam ganhos a práticas sociais e a seus participantes. Esse simpósio busca, em síntese, reunir etnografias da linguagem sobre práticas letradas que envolvem dentre as principais questões ou problemas sociais na atualidade, identidades, transculturalidade, conflitos linguísticos, normalizações linguísticas, ensino e aprendizagem de línguas, letramentos, formação de professores,

1 Universidade Estadual do Centro Oeste (Irati) - [email protected]. 2 Universidade Estadual do Norte do Paraná (Cornélio Procópio) - [email protected]. 3 Universidade Estadual de Maringá - [email protected].

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dentre tantos outros (Rojo, 2013).

Palavras-chave: Etnografia da linguagem; Práticas escolares; Escrita.

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SIMPÓSIO 22: LÍNGUA FRANCESA: CONCEPÇÕES LINGUÍSTICAS, DE LITERATURA E DE DIDÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUAS

Ana Paula Guedes1

Andrea Correa Paraiso Muller2 Wagner Vonder Belinato3

Este simpósio propõe um espaço de interação interdisciplinar a partir de pesquisas que versem sobre as diversas modalidades de estudos sobre Língua Francesa e seu ensino. Neste sentido, serão acolhidos trabalhos e discussões sobre a) Estudos Literários, b) Estudos Linguísticos e c) Didática de ensino de Língua Francesa. Desta maneira, abrangemos uma diversidade de conhecimentos que podem contribuir para o ensino da Língua Francesa de maneira plural, cultural e interacional. Seja qual for o campo específico do conhecimento para a formação em licenciatura, as suas reflexões e relações são interdependentes e envolvem o ensino: texto, discurso, gênero, competências linguísticas, sociolinguísticas, pragmáticas, interacionais, cognitivas, plurilinguismo, pluriculturalismo, dentre outros conceitos e suas ramificações, precisam ser debatidos no ambiente acadêmico e transpostos para o campo da didática de ensino de línguas. A formação inicial e continuada do docente do ensino de línguas é envolta por uma rede complexa de conhecimentos que abarcam pontualmente os campos da Literatura, da Linguística e da Linguística Aplicada. Esses campos movimentam-se em convergência e contribuem para a Didática do Ensino de Línguas. Destaca-se, neste sentido, que a Língua Francesa é caracterizada como ambiente fecundo na descrição de eventos sócio históricos, possibilitando um espaço de discussões culturais, sociais e linguísticas. Desta forma, voltamos nossa atenção para a análise, reflexão e estudos sobre o processo de ensino da Língua Francesa; buscamos a construção de um ambiente propício para a discussão acadêmica capaz de gerar ações pedagógicas que levem à interação entre os conhecimentos da linguística, da literatura e da didática de ensino de língua francesa. Assim, pensamos contribuir para a formação continuada do professor crítico, capaz de questionar, avaliar, adaptar e utilizar os seus conhecimentos, de selecionar os recursos disponíveis de acordo com seu contexto, com seus objetivos, com sua necessidade a partir de uma realidade idiomática, social, cultural diferente da vivenciada pelos aprendizes no seu cotidiano. É durante a aprendizagem da língua estrangeira que o indivíduo contrapõe mundos linguísticos, sociais e culturais. Por isso, destacamos que para a compreensão geral dos processos de ensino de línguas não podemos nos limitar ao estudo restrito de um componente isolado, principalmente, no meio democrático de discussões acadêmicas e formativas da licenciatura. Assim, apoiamos nossas reflexões, desta feita, em Beacco (2007), para quem o docente do ensino de línguas seleciona e trabalha com conteúdos culturais e linguísticos autênticos adaptados à expectativa presumida de seus estudantes com vistas à motivação e ao desenvolvimento do conhecimento dos mesmos, bem como em Martinez (2009) que afirma formação e informação caminharem juntas neste espaço de conhecimento compartilhado, de reflexão conjunta, de aplicação pedagógica, criado pelos meios acadêmicos de debate sobre o ensino de línguas. Palavras-chave: Língua Francesa; Literatura Francesa; Didática de Ensino de Línguas.

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Estadual de Ponta Grossa - [email protected] 3 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]

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SIMPÓSIO 23: INTERCULTURALISMO E ENSINO DE LÍNGUAS: EXPERIÊNCIAS, REFLEXÕES E PROPOSTAS

Larissa de Pinho Cavalcanti1

Jonathas de Paula Chaguri2 O objetivo deste simpósio é estimular a apropriação da interculturalidade enquanto perspectiva de ensino-aprendizagem de línguas através da troca de experiências ou de propostas de ensino que se orientem para desenvolver respeito, empatia, motivação e se afastem de concepções estereotipadas do outro. Neste sentido, abrimos espaços para discussão de trabalhos que possam se orientar a partir das contribuições de Alptekin (2002), Brawerman-Albini e Medeiros (2013), Byram (1997), Corbett (2003), Chlopek (2008), Fantini (2000), Lázár (2007), Zorzi (1996). Quanto aos aspectos metodológicos, as propostas submetidas a este simpósio podem ser configuradas a partir de uma pesquisa de natureza bibliográfica, documental, etnográfica, estudo de campo, documental e/ou pesquisa social de natureza qualitativa. Os trabalhos podem ser propostos por professores da educação básica e ensino superior, bem como alunos de programa de pós-graduação e da graduação (neste último, apenas os que participam formalmente de programa de iniciação científica). Por conseguinte, esperamos, assim, que as comunicações organizadas neste simpósio se alinhem à urgência de se inserir na formação (inicial e continuada) de professores e nas próprias aulas de línguas, considerações sobre espaços de negociação de sentidos e sensibilidade cultural que estabeleçam vínculos com a concepção de língua como culturalmente situada; discutam o papel do professor como mediador intercultural; questionem desde a produção aos usos de materiais didáticos e; ressignifiquem as próprias práticas interpessoais do ambiente escolar. Professores e futuros professores estão cientes de que a aprendizagem de uma língua envolve processos socioculturais, para além da aquisição de vocabulário e adequação gramatical, assim como sabem da relevância do conhecimento cultural como perpassante todos os níveis da língua e de seu uso socio-historicamente situado. Todavia, muito do que tem sido feito em termos de abordar culturas de povos estrangeiros durante o processo de ensino-aprendizagem de uma língua adicional retoma os aspectos de exposição e memorização da cultura visível (a cultura com “c” maiúsculo), tais como nomear celebridades, discutir feriados e ouvir músicas. Nesse sentido, a cultura tem sido abordada como mais uma informação e advinda de territórios nacionais específicos e imperialistas. Cabe, portanto, em plena descentralização do aprendizado e uso de línguas, questionar que língua e se ensina e qual (quais) cultura(s) deve(m) ser levada(s) à sala de aula. Para isso, a abordagem intercultural propõe um novo olhar para o papel da cultura no ensino de línguas, reorientando o conhecimento cultural, primeiro, para o desenvolvimento crítico sobre o posicionamento do próprio sujeito em uma configuração de culturas, e, depois, para o posicionamento crítico, respeitoso e tolerante, na relação com a língua, os valores e comportamentos de outros sujeitos e suas matrizes culturais. Muito há que se debater e refletir sobre noções mais fundamentais e conceitos associados dessa perspectiva (como a própria noção de cultura, sua relação com a língua, distinção entre multiculturalidade e interculturalidade), mas, principalmente, como o professor de línguas pode integrá-los a sua prática cotidiana.

1 UFRPE-UAST - [email protected] 2 UPE-Mata Norte - [email protected]

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Palavras-chave: Ensino de línguas; Interculturalismo; Prática de ensino;

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SIMPÓSIO 24: CURRÍCULO EM REFORMA: OLHARES SOBRE AS RECENTES PROPOSTAS DE MUDANÇA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Amarildo Pinheiro Magalhães1 Jane Cristina Beltramini Berto2

Noádia Iris da Silva3

Constituir-se como território de disputa é um aspecto inerente ao currículo escolar. A inclusão-exclusão de conteúdos, a definição e hierarquização de componentes curriculares, a construção dos itinerários formativos, entre outros elementos, tomados como prioritários ou não no processo de ensino refletem os vários poderes e vozes em conflito que caracterizam as condições de produção das políticas públicas em educação em nosso país, como decorrência, inclusive, da instabilidade que marca a história política brasileira. Perpassam ainda esse jogo de interesses as questões empresariais ligadas à formação de profissionais da educação e da comercialização de materiais didáticos, decorrentes da avidez pela captação dos recursos financeiros destinados a esse setor. A partir dessa conjuntura, este simpósio objetiva congregar trabalhos e resultados de pesquisas sustentados pelas diversas vertentes dos estudos linguísticos e suas múltiplas abordagens no campo dos estudos descritivos, ensino aprendizagem de línguas e/ou estudos do texto e do discurso, que problematizem as políticas curriculares no Brasil, em sua multiplicidade de documentos curriculares oficiais, tanto nas esferas administração pública (federal, estadual ou municipal) quanto na iniciativa privada. Almeja-se estabelecer um espaço de discussão-problematização acerca do(s) sentido(s) que o vocábulo “reforma” assume na relação com a produção das políticas educacionais e das questões político-ideológicas e teórico-metodológicas que constituem a sua formulação e implementação no(s) espaço(s) da escola, no interstício dos últimos vinte anos e, em especial, no tocante às reformulações propostas-impostas mais recentemente, de base curricular, tais como a propalada reforma do Ensino Médio em conjunto a definição-publicização de uma base nacional comum curricular – BNCC, aprovada e em fase de implantação nas escolas de norte a sul. Nesse escopo, encontram-se não apenas os discursos com produção e circulação no âmbito das instituições educacionais, ou voltados aos educadores, mas também aqueles formulados e veiculados pelas esferas políticas e midiáticas, inclusive veiculados nas redes sociais. Essa discussão circunscreve também pesquisas concernentes às propostas teórico-metodológicas ditas inovadoras, que apresentem um viés educacional definido e em destaque, preferencialmente, mas não exclusivamente, na área da linguagem, motivadas pelas reformas implementadas ou em implementação em quaisquer esferas. São também abarcadas discussões que se ocupem da (in)tensa relação entre as permanências e as mudanças decorrentes do movimento, por vezes pendular, entre a sucessão de governos e respectivas propostas educacionais ou a ausência delas e que se materializam em documentos curriculares, manuais didáticos, orientações técnicas e enunciados midiáticos em suas diversas configurações, os quais textualizam as divergências e as convergências dos diversos sujeitos que disputam espaços e recursos no campo da educação.

1 Instituto Federal do Paraná - [email protected] 2 Universidade Federal Rural de Pernambuco - [email protected] 3 Universidade Federal Rural de Pernambuco - [email protected]

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Palavras-chave: Currículo; Reforma; Educação.

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RESUMO 25: ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA, LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E LITERATURA POR MEIO DOS GÊNEROS

DISCURSIVOS

Eva Cristina Francisco1 Nerynei Meira Carneiro Bellini2

Patrícia Cristina de Oliveira Duarte3 Na confluência entre mudança social e ética da diferença, em um mundo marcado por expressivos contrastes sociais e éticos, este simpósio visa à ampliação/ressignificação de saberes, os quais possam instrumentalizar os professores em formação – inicial e contínua – na árdua e gratificante tarefa de ser e ensinar a ser professor de língua portuguesa e outras linguagens. Nesse enfoque, propõe discussões sobre gêneros discursivos/textuais, relação teoria/prática – a práxis, no ensino de línguas materna e estrangeira. Com a reunião de estudiosos da área de Gêneros Discursivos/Textuais, Ensino de Língua Portuguesa e outras linguagens e Formação Docente, pretende-se, então, fomentar a socialização de saberes e a interação entre os participantes, estabelecendo, assim, um profícuo e dialético diálogo, que culmine em significativas reflexões sobre a temática abordada e o desafio docente de criar as condições para que o estudante, situado e significado, possa engajar-se criticamente ao processo de transformação da realidade social, econômica e política de seu contexto histórico-social. No que diz respeito ao ensino-aprendizagem de línguas, inclusive da língua materna, é fato que a utilização de gêneros discursivos/textuais tem proporcionado caminhos que potencialmente levam os discentes à absorção e apropriação de conteúdos relacionados tanto ao sistema linguístico quanto ao ato interativo. Os métodos/estratégias de ensino, por meio de gêneros, viabilizam o ensino de línguas com abordagem das quatro habilidades comunicativas (ouvir, falar, ler e escrever) de forma integrada e dinâmica. Ademais, é por meio de textos, dos mais diversos gêneros, providos de variadas temáticas, que o docente potencializa o trabalho com a interdisciplinaridade, importantíssima para o diálogo e interfaces entre os saberes e apresentada como essencial pelos documentos que regem a Educação Nacional (Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE). Ao tornar o discurso como base para o ensino-aprendizagem da área de línguas e linguagens, trabalhamos com contextos, situacionalidade, interação, dialogismo. Em relação à disseminação/apropriação de conhecimentos na área de literatura, na perspectiva dos gêneros, alcançamos saberes que vão além de informações referentes a fatos históricos, sociopolíticos, curiosidades e biografia sobre autores da literatura e características de obras, que se configuram como aspectos externos ao texto. Não desconsiderando a importância desses elementos, mas ampliando o espaço do conhecimento, o professor deve ficar atento às necessidades vigentes na era contemporânea e tecnológica. Reconhecendo o gênero discursivo/textual como instrumento essencial de enriquecimento da forma de ensinar, encontramos diferentes caminhos para uma mudança significativa no trabalho com literatura que pode, inclusive, promover o prazer pela leitura entre diversos públicos e faixas-etárias. Além disso, o ensino, por meio das mencionadas estratégias, capacita o docente a aprimorar sua forma de mostrar os caminhos para o conhecimento. Este simpósio,

1 Instituto Federal de São Paulo - [email protected] 2 Universidade Estadual do Norte do Paraná - [email protected] 3 Universidade Estadual do Norte do Paraná - [email protected]

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portanto, conta com pesquisas que abordem o ensino-aprendizagem de língua portuguesa, línguas estrangeiras, literatura, como também de outras linguagens, por meio da abordagem dos gêneros textuais/discursivos, em sala de aula. Palavras-chave: Gêneros textuais/discursivos; Ensino-aprendizagem; Línguas e Literatura.

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SIMPÓSIO 26: DO TEÓRICO AO POLÍTICO: ANÁLISE DO DISCURSO E CONTEMPORANEIDADE

Kátia Alexsandra dos Santos1

Renata Adriana de Souza2 Vera Lucia da Silva3

Este simpósio se propõe a discutir a contribuição da teoria da Análise do Discurso (AD) para compreender as relações constitutivas de força e de um poder que esquadrinha, desarticula (FOUCAULT, 2006) e se recompõe por meio de técnicas ancoradas na rapidez e na “eficácia” marcada pela revolução tecnológica da atual conjuntura social, histórica e política. Nosso objetivo é compreender as diferentes configurações do social por meio das práticas discursivas que circulam em diversos e divergentes espaços, assim como os efeitos de sentido produzidos a partir de tais práticas. Trata-se de um trabalho que considera a opacidade do dizer, tendo em vista o atravessamento constitutivo do político e da história como fatores relacionados ao funcionamento da linguagem: a inscrição da língua na história para que ela signifique. Tendo em vista os pressupostos estabelecidos por essa teoria, esperamos receber trabalhos que explorem e discutam pontos diversos da atualidade como, por exemplo: a recente crise política, econômica e de manutenção e busca de direitos, na tentativa de se manter incluído (ou tentar se incluir) em um sistema que é regido pelo aumento da exclusão instalada no mundo; as questões ambientais e de segurança pública; a influência do digital na produção discursiva em nossa contemporaneidade e os efeitos de sentido próprios dessas produções; a constituição, formulação e circulação de sentidos (ORLANDI, 2001) nos meios de comunicação tradicionais e/ou nas mídias digitais; questões relacionadas a movimentos sociais como o feminismo e suas atuações a partir das mídias digitais, como o cyberfeminismo; produções que tragam para a discussão a construção discursiva de questões de gênero e sexualidade; o discurso artístico, assim como o discurso sobre a arte; trabalhos que abordem a relação da Análise do Discurso e outros campos de saberes, como a psicanálise; a circulação de discursos de preconceito, ódio e intolerância; discurso sobre a língua, as línguas, o ensino de língua (s), assim como a reforma do ensino; entre outras temáticas importantes de nossa contemporaneidade. Podem se inscrever trabalhos tanto da perspectiva teórica de Michel Pêcheux como da perspectiva de Michel Foucault cujas discussões realizadas contemplem conceitos específicos do arcabouço teórico-analítico dos autores em questão: as relações entre interdiscurso e/ou memória discursiva em seus múltiplos funcionamentos no discurso; o silêncio constitutivo ou a política do silêncio em materialidades significantes; a noção de heterogeneidade na língua(gem); o arquivo como dispositivo de poder e de controle do dizer no meio social; as distintas formações ideológicas e formações discursivas nas quais os discursos se inscrevem; o conceito de inconsciente; as relações de poder que atravessam o meio social; poder disciplinar, poder soberano e biopoder como estratégias políticas; formas de resistência etc. Desse modo, pretendemos reunir discussões que possibilitem um panorama dos elementos que têm atravessado as discussões sobre o contemporâneo, colocando em questão temáticas que nos são caras na caracterização desse mosaico discursivo que compõe o período atual, a partir de produções teóricas e analíticas que tomam por base a perspectiva da Análise do Discurso. Independente de

1 Universidade Estadual do Centro-Oeste - [email protected] 2 Universidade Estadual do Centro-Oeste - [email protected] 3 Centro Universitário de Maringá - [email protected]

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toda a problemática social contemporânea que precisa ser enfrentada, os sujeitos falam e as línguas existem e são utilizadas de modo determinado, reconfirmando o imbricamento de tais questões e também a necessidade da própria ressignificação da teoria, bem como, do(s) analista(s) do(s) discurso(s). Palavras-chave: Análise do Discurso; Pêcheux; Foucault.

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SIMPÓSIO 27: PRÁTICAS DISCURSIVAS E REGIMES DE (IN)VISIBILIDADE: LÍNGUA, CORPO, HETEROTOPIA

Ismara Tasso1

Maria Cleci Venturini2 Aparecida Feola Sella3

A paradoxal atuação do “modus operandi” do tempo presente e inscrita em práticas discursivas sociais, educacionais, artísticas, digitais e midiáticas, torna esses espaços os de (in)visibilidade para os modos como se instituem a inclusão e a exclusão, as atitudes positivas ou negativas, perceptíveis ora nos fatores internos ora externos ao uso da linguagem, no exercício de governamentalidade de si e dos outros. Assim, este simpósio tem por objetivo reunir pesquisas que problematizem o funcionamento de línguas em contato e de fronteira, em seus aspectos sociais, políticos, linguísticos, discursivos e culturais, como também abre espaço para reflexões sobre diferentes materialidades discursivas, cujas relações se estabeleçam em âmbitos interculturais, multilinguísticos e multiculturais, em espaços midiáticos, digitais, de brasilidade e escolares, cujas políticas de governamentalidade se exerçam nas dobras do diferente, da diversidade cultural, linguística, étnica, ou ainda em pesquisas que se voltem para contatos linguísticos e culturais, e para línguas majoritárias, minoritárias e indígenas. Sob tais perspectivas, as noções de corpo, sujeito, governamentalidade, língua, território, heterotopia, interdiscurso e intercultura primam por ocupar lugar de destaque nos debates e reflexões a serem empreendidos frente aos mais diversos entrelaçamentos, destacando as políticas linguísticas decorrentes dessas fronteiras. Nessa conjuntura, este simpósio se apresenta como um espaço produtivo para a sistematização, divulgação e diálogo entre teorias linguístico-discursivas, constituindo-se, assim, em oportunidade de interlocução entre os trabalhos da Análise do Discurso Francesa e seus desdobramentos no Brasil (nas vertentes de Pêcheux e Foucault), Linguística, Linguística Aplicada, História das Ideias Linguísticas e de teorias com as quais dialogam, tendo em vista a plurilinguagem e a língua em sua incompletude, praticadas na relação dialética entre sujeitos em zonas de fronteira. Consideramos as fronteiras os espaços limítrofes entre cidades gêmeas, situadas entre o Brasil e o Uruguai, o Brasil e a Argentina e, também, as fronteiras imaginárias existentes entre países que falam a língua do mesmo nome, como ocorre entre Brasil e Portugal; a língua das comunidades indígenas, dos habitantes das periferias das grandes cidades e dos que vivem no campo; enfim, a divisão entre sujeitos escolarizados e não escolarizados. Por meio desses espaços de prática linguística, buscamos colocar os modos como as línguas se relacionam, se cruzam e significam. Este simpósio aceita discussões que envolvam o estudo do corpo, do digital, dos espaços heterotópicos como também das crenças e atitudes linguísticas, das línguas de sinais e aquelas relacionadas ao ensino, dando visibilidade a processos de exclusão e de inclusão e aos espaços de imigração, discutindo a tensa relação entre a língua da velha e da nova pátria, como ocorre, por exemplo, nas colônias suábias, no interior do estado do Paraná.

1 Universidade Estadual de Maringá – [email protected] 2 Universidade Estadual do Centro-Oeste – [email protected] 3 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – [email protected]

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Palavras-Chave: Língua; Heterotopia; Intercultura.

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SIMPÓSIO 28: SEMIÓTICA, LEITURA E ENSINO

Tânia Regina Montanha Toledo Scoparo 1 Eliane Aparecida Miquelelli2

Os diversos e diferentes tipos de textos que circulam em nosso cotidiano constituem-se em fato cultural e objeto de conhecimento que pressupõe atenção especial sobre a formação docente e o ensino. Texto verbal, não verbal, sincrético, semioses, linguagem sincrética, discurso cinematográfico, entre outros, são termos que requerem considerações sobre o processo de ensino de leitura, uma das competências escolares com baixo índice de desempenho no Brasil, segundo dados de institutos como o INEP. Em uma sociedade como a atual, rica em construções textuais que articulam diferentes linguagens, o ensino de leitura na escola não pode mais se restringir somente ao texto verbal. É importante alcançar competências de leitura que oportunizem aos alunos da educação básica dar conta da produção de sentido nos mais variados tipos de textos, sejam eles verbais, não verbais, verbo-viso-sonoros, tornando-se, assim, proficientes e crítico aos variados textos que os rodeiam. Em meio ao mundo informatizado e rápido, também estão as linguagens em suas múltiplas configurações: games, internet, publicidade, televisão, fotografia digital, filmes, entre outros. Há uma tendência à informação visual no comportamento humano, consoante Dondis (1997) busca-se um reforço visual do conhecimento por diversas razões; entre elas e a mais importante é o caráter direto da informação, a proximidade da experiência real. Cabe atentar para o fato de que os gêneros permeados por essas configurações exigem leitores aptos a captar, nas diversas formas de construção expressiva, os sentidos intencionalmente construídos, conforme Rojo (2009): de textos multimodais, pois integram as modalidades de linguagem verbal (oral e escrita) e não verbal; de textos multissemióticos, já que exploram um conjunto de signos/linguagens, ampliando a noção de letramentos para o campo da imagem, de outras semioses que não somente a escrita. Dessa forma, está em foco que hoje o ensino de leitura envolve auxiliar o aluno a perceber que há textos que manuseiam as informações não só no verbal, mas, também a partir de recursos visuais como imagens, cores, tipos e tamanhos de letras (em caso de revista, jornal), iluminação, ângulo, planos, enquadramento (em caso de textos verbo-viso-sonoros), entre outros, que ajudam na construção dos sentidos. A escola é vista como um agente de letramento e é importante criar condições para isso. Nesse contexto, teorias voltadas para a construção dos efeitos de sentido nos textos podem auxiliar nesse processo, entre elas a semiótica francesa que tem como objetivo principal explicar não só “o que” o texto diz, mas também “como” diz (BARROS, 2005). Estimulam-se, nesse viés, artigos que, tendo como uma de suas bases teóricas a semiótica francesa, contemplem, dentre outros pontos, as seguintes questões: como se articulam os mecanismos de construção de sentido mobilizados pelos textos verbais, visuais ou verbo-viso-sonoro, responsáveis por gerar tais efeitos de sentido? A partir desses mecanismos, como instrumentalizar os alunos para que eles leiam e analisem, eficientemente, esses tipos de textos? Como ler e analisar as configurações da imagem no seu dia a dia? Como fazer deles leitores proficientes, no sentido amplo do termo? Integrando pesquisa e ensino, aceitamos trabalhos que articulem as várias linguagens desses textos com o ensino de Língua Portuguesa.

1 Secretaria Estadual de Educação do Paraná - [email protected] 2 Universidade Federal da Grande Dourados - [email protected]

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Palavras-Chave: Semiótica; Leitura; Ensino

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SIMPÓSIO 29: POLÍTICAS PÚBLICAS EM GOVERNAMENTALIDADE: EMERGÊNCIAS LINGUÍSTICO-DISCURSIVAS CONTEMPORÂNEAS

Érica Danielle Silva1

Valéria Oliveira2 Raquel Fregadolli Cerqueira Reis Gonçalves3

As políticas públicas emergentes na contemporaneidade se constituem como medidas relativas às demandas sociais inscritas nos mais diversos campos das políticas afirmativas e da ética nos domínios educacionais, socioculturais, artísticos e linguísticos. Tais medidas administram as adversidades/diversidades inerentes à população por meio de estratégias, de dispositivos e de técnicas de governo. Considerando esse regime de funcionamento das políticas públicas, este simpósio tem como proposta reunir trabalhos de pesquisas que se ancoram nas contribuições dos pressupostos teórico-metodológicos foucaultianos para problematizar as políticas públicas enquanto modos de racionalização das formas de governo que se efetivam por meio de um conjunto de instituições, como também um conjunto de práticas e formas de pensamento que têm como alvo a economia política e os dispositivos de segurança. Esses regimes estão a serviço do exercício da biopolítica e do biopoder, ou o “poder sobre a vida”, que se constitui de intervenções e controles reguladores da população, pelo poder de “causar a vida ou devolver à morte” (FOUCAULT, 2009). Essas formas de regulamentar a população acionam técnicas disciplinares e de segurança que controlam, organizam e sistematizam as relações sociais e políticas por meio de processos de subjetivação e de normalização. As práticas discursivas desse regime de governo constituem campos de (in)visibilidade nas quais os enunciados são (re)produzidos e significam a partir de determinadas regras de formulação. Ao mobilizar reflexões acerca dos modos de dizer e de enunciar discursivamente essas práticas, trazemos à tona um complexo investimento que fundamenta a regulação da população, sobretudo, no que concerne os modos de agir do corpo social, cultural e político em práticas de linguagem diversas. Desse modo, este simpósio visa proporcionar e investir no diálogo entre pesquisadores e temáticas que investiguem o exercício do poder em práticas discursivas sobre políticas públicas, em regimes de governamentalidade a partir de movimentos descritivo-interpretativos arqueogenealógicos de enunciados que operam, mobilizam e constroem na (in)visibilidade das práticas processos de significação que organizam os dizeres e os saberes, investindo os discursos na ordem do dizível e do visível, cujas condições de emergência, de existência e de possibilidade irrompem o acontecimento discursivo e sustentam a rede das práticas do biopoder. Esperamos que o debate sobre os regimes de governamentalidade das práticas discursivas contemporâneas que organizam as políticas públicas contribua com a temática do evento e com o desenvolvimento dos pesquisadores participantes, em especial para as discussões pertinentes aos múltiplos campos de saber e a diferentes materialidades e conjuntos enunciativos verbais e não verbais que são acionados para o tratamento dessas práticas linguageiras e/ou discursivas que constituem as inquietações e problematizações emergentes na contemporaneidade. Palavras-chave: Governamentalidade; Prática discursiva; Políticas públicas.

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 3 Faculdade de Engenharia e Arquitetura - [email protected]

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SIMPÓSIO 30: A LINGUÍSTICA SAUSSURIANA NA LINGUÍSTICA BRASILEIRA: A RECEPÇÃO DOS MANUSCRITOS NOS CURSOS DE

LETRAS

Eliane Silveira1 Flávia Zanutto2

O pensamento de Ferdinand Saussure – do curso ou dos escritos – é leitura obrigatória para terrenos epistemológicos distintos e recobre uma parte considerável da história e das reflexões científicas a partir das quais se consolidaram as Ciências da Linguagem e, por consequência, o ensino de línguas. À Saussure, afirma Benveniste (1991), “não há um só linguista hoje que não lhe deva algo. Não há uma só teoria geral que não mencione o seu nome”. Com a descoberta em 1996 de novo conjunto de manuscritos, reacenderam-se as discussões, no universo acadêmico. “Atualmente, diante de uma reaproximação dos manuscritos de Saussure, temos um número grande de publicações sobre ele. Embora ainda seja muito cedo para dizer dos efeitos desse movimento, pensamos que ele pode renovar o estatuto de Saussure na linguística. Entretanto, essa reaproximação do material produzido por Saussure implica uma questão que escutamos mais de uma vez ao falar dos manuscritos: eles revelam o Saussure verdadeiro? Não nos parece e, mais ainda, é preciso que estejamos atentos para não alimentar uma ‘quimera” dos linguistas: encontrar o verdadeiro Saussure. (SILVEIRA, 2007, p.117-8). Considerando que a grande quantidade de disciplinas a carga horária destinada aos estudos linguísticos em cursos de Letras é escassa e que a maioria dos graduandos não têm contato com os manuscritos e a pluralidade de ideais de Saussure, ficando restritos somente ao Saussure do CLG, deparamo-nos com a necessidade de (re)pensar a linguística saussuriana no processo de formação do profissional e do pesquisador de línguas, uma vez que já se tem consenso entre os linguistas brasileiros de que a abordagem tradicionalmente dada aos estudos do Curso de Linguística Geral não recobre todo o seu pensamento. Pretendemos, portanto, neste simpósio, possibilitar discussões sobre a linguística saussuriana no processo de formação do professor de línguas, necessidade que se apresenta diante da (re)configuração do linguista a partir da descoberta dos novos manuscritos e das releituras do CLG no ínicio do séc. XXI, assim como já tem sido pauta de linguistas como Silveira (2007), Pereira de Castro (2016), Cruz (2009), Faraco (2016), Fiorin (2016), Flores (2016) e outros linguistas brasileiros conceituados. Para isso, apoiaremo-nos em Saussure (1995; 2012), Arrivé (2010), Normand (2009), Puech (2017). Considerando que as disciplinas voltadas aos estudos linguísticos limitam-se, ainda, a uma visão tradicional de Saussure, quase que sempre limitando-o às dicotomias, primaremos por discutir a importância desse achado aos estudos linguísticos, bem como sua abordagem e importância na formação dos futuros profissionais da linguagem e do ensino de línguas no Brasil. Em outras palavras, serão bem-vindas discussões de ordem teórica, que (re)visitem os estudos saussurianos e apresentem sua vivacidade no tratamento dos fenômenos da língua(gem). Na mesma medida, serão acolhidos trabalhos que busquem, do ponto de vista teórico-analítico, demonstrar os ecos e efeitos dos estudos saussurianos, notadamente aqueles que incluem as reflexões contemporâneas de Saussure para a constituição (ou deslocamento) das Ciências da Linguagem e do ensino de línguas.

1 Universidade Federal de Uberlândia - [email protected]. 2 Universidade Estadual de Maringá - [email protected].

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Palavras-chave: Saussure; Manuscritos; Linguística brasileira.

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SIMPÓSIO 31: POLÍTICAS PÚBLICAS E PROPOSTAS METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Cláudia Maris Tullio 1

Letícia Jovelina Storto 2 Sônia Merith-Claras 3

Com as mudanças contemporâneas, o cenário educacional vê-se na emergência de adequar-se às novas políticas públicas de ensino, mas o que se observa nos cursos de formação de professores, seja em nível inicial ou continuado, é que, muitas vezes, os documentos oficiais ainda não encontram “eco” nem são efetivados pelos profissionais por uma série de razões, entre as quais se podem citar falta de (in)formação, de estudo crítico dos documentos e de atualização. Pensando nesse contexto, o objetivo deste simpósio é congregar reflexões acerca das políticas públicas que norteiam o ensino de Língua Portuguesa na Educação Básica brasileira. Propõe também apresentar e discutir acerca de propostas teórico-metodológicas para esse ensino e como as políticas têm ancorado tais propostas. A fim de alcançar tais objetivos, parte-se da noção de língua enquanto processo de interação, partilhada por sujeitos constituídos histórico, cultural e ideologicamente situados (SILVA, 2014); do sujeito como participante ativo do seu processo de aprendizagem e do professor como mediador; do texto como objeto de ensino; dos gêneros textuais/ discursivos como eixo organizador e de progressão curricular; do discurso como intrinsecamente argumentativo (AMOSSY, 2016). Ao reunir pesquisas que refletem detidamente a respeito das políticas públicas em vigência e de como elas tratam o ensino do português no Brasil, em seus variados eixos, e também que conjeturam propostas teórico-metodológicas para o trabalho com leitura, escrita, oralidade e análise linguística, tenta-se compreender a educação linguística na contemporaneidade, verificando quais discursos a perpassam, em que base teórica, filosófica e educacional se fundamenta e quais heranças serão deixadas para o futuro da educação no país. Tal reflexão faz-se importante à medida que verificamos a publicação de documentos que buscam, de certo modo, integrar o ensino, diminuindo as discrepâncias verificadas de Norte a Sul do Brasil no que tange à educação básica, pública e privada, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), cuja versão final foi publicada em dezembro passado, após idas e vindas e depois de várias consultas públicas e a especialistas. Além desse documento, são também objeto de estudo para este simpósio os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica (DCE), as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Plano Nacional de Educação (PNE) e outros. Por outro lado, quando se fala em educação básica, não se pode deixar de lado a formação de professores, o que inclui as Políticas Públicas de ensino as quais têm norteado, em específico, os cursos de Licenciatura. Cite-se, por exemplo, a Resolução número 2 de 1 de julho de 2015 que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada, e a qual norteia os processos de reestruturação dos cursos de licenciatura. Dessa forma, as políticas públicas relativas aos cursos de formação de

1 Universidade Estadual do Centro-Oeste - [email protected] 2 Universidade Estadual do Norte do Paraná - [email protected] 3 Universidade Estadual do Centro-Oeste - [email protected]

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professores também são objeto do presente simpósio, haja vista atingir diretamente a educação básica. Cumpre frisar que se busca a heterogeneidade teórico-metodológica de pesquisa e de análise dos dados. Palavras-chave: Ensino; Língua portuguesa; Políticas públicas.

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SIMPÓSIO 32: O ENCONTRO DO ORAL/FALADO COM O LETRADO/ESCRITO COMO CAMPO DE ESTUDO

Cristiane Carneiro Capristano 1

Elaine Cristina de Oliveira2 Lourenço Chacon Jurado Filho3

Este simpósio tem como proposta dar continuidade a discussões sobre relações entre o oral/falado e o letrado/escrito, emergentes em diferentes contextos sócio-históricos, iniciadas em momentos anteriores (CIELLI/2012, CIELLI/2014 e CIELLI/2016) e possibilitar a instauração de novos debates ligados a essa temática. Nosso objetivo, nesta nova edição do simpósio, é instaurar um espaço para a apresentação e discussão de pesquisas (concluídas ou em andamento) que elegeram o encontro do oral/falado com o letrado/escrito como campo de observação e de atuação. De modo específico, almejamos acolher trabalhos cujo objetivo geral seja o de examinar e debater, a partir de uma perspectiva linguística ou linguístico-discursiva, o encontro do oral/falado com o letrado/escrito a partir de temas relacionados, por exemplo, (a) à linguagem na infância, em seu modo de enunciação falado, em contextos considerados como normais e em contextos considerados como desviantes; (b) à linguagem na infância, em seu modo de enunciação escrito, vista em diferentes contextos sócio-históricos; (c) à discussão sobre letramento, alfabetização e escolarização; (d) à emergência da escrita no contexto da tecnologia digital; (e) à relação entre produção falada e escrita e a medicalização na infância; (f) ao ensino e à aprendizagem da escrita. Com este simpósio, desejamos aprofundar e divulgar conhecimento científico sobre pesquisas voltadas para o entendimento do encontro do oral/falado e o letrado/escrito como fenômeno intrinsecamente ligado a práticas sociais e criar condições para o estabelecimento de diálogos entre diferentes áreas da Linguística e da Linguística Aplicada com a Fonoaudiologia e a Pedagogia, na medida em que a compreensão de fenômenos do oral/falado e do letrado/escrito está entre as temáticas que preocupam investigadores de todos esses campos de conhecimento. Partimos ainda da constatação de que linguistas, fonoaudiólogos e profissionais da educação têm se interessado, já há algum tempo, por examinar fenômenos linguísticos relacionados ao encontro do oral/falado e do letrado/escrito, fundamentando-se em teorias linguísticas ou linguístico-discursivas. Uma parcela desses profissionais compartilha a ideia de que os fatos linguísticos falados e escritos não devem ser compreendidos como dicotomizados e restritos ao código (gráfico ou sonoro). Supõe, na direção oposta, que o funcionamento dos fatos linguísticos falados e escritos deve ser investigado no âmbito de práticas sociais de oralidade e de letramento, bem como no âmbito de suas relações. Dito de outra forma, entre esses profissionais há relativo consenso de que, para se compreender o funcionamento dos fatos linguísticos falados e escritos, é necessário interrogar–se sobre as práticas sócio-históricas em que esses fatos linguísticos emergem e se efetivam. Esse relativo consenso tem possibilitado uma melhor compreensão dos fatos linguísticos falados e das práticas sociais orais, bem como dos fatos linguísticos escritos e das

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected]. 2 Universidade Federal da Bahia - [email protected]. 3 Universidade Estadual Paulista (Marília/S.J. Rio Preto) - [email protected].

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práticas sociais letradas, assim como tem permitido investigar relações possíveis entre essas duas formas de enunciação. Palavras-chave: Oralidade; Letramento; Relação oral/escrito

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SIMPÓSIO 33: A SOCIOLINGUÍSTICA NA SALA DE AULA: POR UMA PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Flávio Brandão Silva1

Joyce Elaine de Almeida Baronas2

Um dos desafios que o ensino de língua portuguesa, na escola, apresenta é o de formar alunos realmente proficientes quanto ao uso da língua materna em situações diversas de interação verbal. No sistema oficial de ensino, há alunos que provêm, em grande parte, dos meios menos privilegiados da sociedade e que trazem consigo usos linguísticos próprios desses meios em que vivem. O ensino de língua portuguesa que privilegia apenas a norma culta tende a não promover a emancipação social e intelectual do indivíduo, mas a reforçar as desigualdades já existentes na sociedade. Um processo de ensino-aprendizagem mais eficaz deve favorecer o aprimoramento da língua materna, deixando de ser somente o repasse de regras ou mera nomenclatura da gramática tradicional, para oportunizar atividades escolares mais próximas das práticas sociais letradas e cidadãs. Nesse sentido, é necessário que a variação linguística seja contemplada dentre os conteúdos da disciplina de língua portuguesa, com a fim de colocar em evidência os vários usos da linguagem, bem como a diversidade cultural existente nos diferentes grupos, espaços e regiões. Os estudos sobre variação avançaram consideravelmente, no meio acadêmico, nas últimas décadas, o que possibilitou uma descrição sistematizada dos fenômenos variáveis do Português Brasileiro, além do que, tais estudos, contribuíram para que a relação entre variação linguística e ensino de se estreitasse significativamente. No processo de ensino-aprendizagem, uma abordagem da variação linguística por meio de aulas isoladas sobre o tema, ou de unidades “soltas” em materiais didáticos não constitui proposta bem sucedida, visto que resultaria apenas em aulas desvinculadas do ensino da língua e sua totalidade, podendo, inclusive, favorecer um olhar caricaturesco da língua, quando abordada sob um viés variacionista. O que se espera, na realidade, é que o ensino de língua portuguesa contemple o estudo da diversidade linguística, de forma que o estudante possa criar a consciência de que o sistema linguístico é variável e, por isso, dispõe de possibilidades de uso (variedades mais formais e variedades menos formais), que serão colocadas em prática nas diferentes situações de interação. Neste sentido, a partir de uma visão muito mais ampla em relação ao ensino da língua, Faraco (2008) propõe a “Pedagogia da variação linguística”. Segundo o autor, a pedagogia da variação seria capaz de combater os estigmas linguísticos e a violência simbólica, resultantes das diferenças linguísticas. Nessa perspectiva, não haveria uma norma a ser abordada na escola, mas normas diferentes e adequadas a diferentes contextos interacionais. Na sociedade brasileira, podem-se constatar, empiricamente, variadas normas, que se apresentam como possibilidades adequadas a determinados contextos. Deste modo, a norma culta faz parte de um conjunto composto de outras normas que representam as variedades do Português do Brasil. Assim, o distanciamento entre a norma padrão e a realidade linguística brasileira dificulta a assimilação de tal norma por uma grande parcela da população do país. (FARACO, 2002). Cabe ainda enfatizar que a aquisição da norma culta não se dá por mera exposição desta norma, mas a partir do resultado da inserção do aluno no mundo letrado, como aponta Faraco (2008, p.170): “o acesso às variedades cultas da língua não se dá só por uma pedagogia concentrada no domínio de formas

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Universidade Estadual de Londrina - [email protected]

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linguísticas, mas como subproduto de uma pedagogia articulada para garantir aos alunos a ampliação de seu letramento”. Portanto, é preciso que a escola seja capaz de inserir seu alunado no mundo letrado, criando possibilidade desta inserção, como por exemplo, possibilitando aos alunos atividades (orais e escritas) comuns ao letramento e também transformando o próprio ambiente escolar num espaço da cultura letrada. A partir de tais considerações, a proposta deste simpósio consiste em reunir trabalhos na área da Sociolinguística Educacional, os quais abordem questões referentes à Pedagogia da Variação Linguística, bem como promovam a reflexão sobre sua relação com o ensino da Língua Portuguesa no Brasil. Palavras-chave: PDE; Sociolinguística Educacional; Pedagogia da Variação Linguística; Ensino de Língua Portuguesa.

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SIMPÓSIO 34: ENSINO DE PORTUGUÊS LÍNGUA ADICIONAL: DESAFIOS E AVANÇOS

Luciana Ferreira Dias Di Raimo1

Cristina Marques Uflacker2 A valorização de um país se reflete na sua língua. Com a consolidação do Brasil no mercado internacional, a língua portuguesa também adquire valor, atraindo falantes de outras línguas com diferentes objetivos e propósitos. Com isso, a recente entrada de diferentes grupos sociais na universidade (indígenas, professores de assentamentos e outros), as novas ondas migratórias (trabalhadores transplantados, refugiados em função de crises políticas, econômicas e fenômenos naturais) e a mobilidade internacional de estudantes e profissionais (intercâmbio acadêmico de professores, pesquisadores e estudantes; profissionais das mais diversas áreas, destacando-se médicos) têm constituído grandes desafios para o ensino de Português Língua Adicional, doravante PLA. Este simpósio tem o objetivo de reunir trabalhos que reflitam sobre as novas demandas de ensino de PLA, que abordem questões teóricas e práticas de ensino e formação de professores em PLA, e pesquisas relacionadas ao exame Celpe-Bras, avaliação de proficiência do português brasileiro. Dentro de uma visão de uso social da linguagem para agir no mundo (CLARK, 2000), precisamos refletir e discutir ações possíveis para a elaboração de materiais didáticos, formação de professores e encaminhamentos de pesquisas que contribuam para o ensino de PLA. Apesar do aumento na produção de material didático nos últimos anos, ainda há carência de recursos pedagógicos que reflitam essa concepção de linguagem também observada no exame Celpe-Bras (RODRIGUES, 2013; ALMEIDA, 2007). Scaramucci (2000) destaca que a formação de professores de línguas adicionais é uma área que ainda precisa de mais atenção das pesquisas em Linguística Aplicada no Brasil. Da mesma forma que Carvalho e Schlatter (2011) ressaltam a importância do investimento na formação dos professores para que os mesmos possam contribuir para o êxito de políticas linguísticas. O Exame Celpe-Bras com um conceito de proficiência que considera o uso adequado da língua para desempenhar ações no mundo (DELLl’ISOLA et al., 2003; BRASIL, 2006; BRASIL, 2012; BRASIL, 2015), avaliando as quatro habilidades (compreensão oral, compreensão escrita, produção oral e produção escrita) de forma integrada se consolida como um importante instrumento de política linguística. Assim sendo, é preciso considerar que o ensino de PLA demanda muito mais que o conhecimento e domínio de regras linguísticas, mas também traz a necessidade de um trabalho com regras/situações de uso contextualizadas. Ainda há muito a se fazer para acolher e incluir os novos migrantes na sociedade, nas escolas e nas universidades brasileiras. Cidadãos de diferentes origens com diferentes práticas letradas merecem um olhar voltado para a especificidade de cada realidade na busca de uma melhor inserção na nossa sociedade. Também cabe também refletir sobre os pressupostos teóricos do exame Celpe-Bras, os impactos do mesmo, a elaboração de tarefas e seleção de materiais que correspondam às especificidades do exame e contribuam para a formação de examinandos usuários da língua. Em síntese, este simpósio pretende reunir professores e pesquisadores que queiram contribuir para uma área ainda pouco explorada no contexto brasileiro e que

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Unilínguas/Unisinos - [email protected]

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tem exigido a ações que fomentem não só o ensino e a pesquisa em PLA, mas que também busquem a inclusão dos envolvidos em diferentes práticas letradas de nossa sociedade.

Palavras-chave: Português Língua Adicional; Ensino; Pesquisa.

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SIMPÓSIO 35: ÉTICA EM ESTUDOS DA LINGUAGEM

Josimayre Novelli1 Juliana Orsini da Silva2

Simone Reis3 Pensar em ética é resgatar um conceito bastante antigo advindo da filosofia, a qual trata de princípios morais no que diz respeito à conduta humana, à (in)correção de atitudes e também à qualificação dessas ações em boas ou ruins. De origem grega, a ética pode ser classificada em deontológica e teleológica (REIS, EGIDO, 2017). Quanto às origens dos princípios éticos para pesquisas com seres humanos, têm-se sua instituição após Guerras Mundiais, sendo estabelecida e garantida a proteção aos direitos humanos. Tais princípios recaem à deontologia, tipo normativo de teoria moral que guia e avalia as escolhas e atitudes das pessoas na relação com o outro. Assim, as pesquisas realizadas com seres humanos passaram a se valer de regras deontológicas, ou seja, uma pesquisa e/ou conduta é ética se aplicada a todos, sem distinção. (REIS, EGIDO, 2017). Sabe-se que a demanda de conduta ética em pesquisas envolvendo seres humanos ainda é recente (REIS, EGIDO, 2017). Considerando, dentro desse princípio, as condutas em relação às pesquisas desenvolvidas na área educacional, é fundamental que, entre as preocupações do pesquisador, estejam presentes considerações e ações de cunho ético em investigações envolvendo seres humanos. Nesse sentido, princípios como o da dignidade, vulnerabilidade e o conceito de hipossuficiência passaram a ser considerados no que tange a tutela de participantes de pesquisas. Tais conceitos são importantes no que se refere às relações estabelecidas entre as diferentes pessoas envolvidas em uma pesquisa, neste caso, o pesquisador e o pesquisado. Assim, cabe ao primeiro ter um tratamento ético e bem assistido aos seus participantes ao levar em conta suas fraquezas e o seu papel desempenhado na pesquisa (ANDRADE, 2017). Com base nesses princípios presentes em documentos que regem as normas e condutas de pesquisadores nos comitês de ética envolvendo seres humanos, a ética em pesquisas da Linguística Aplicada tem sido marcada por práticas movidas, de um lado, por preocupações de natureza formal (CHRISTIANS, 2006) ou burocrática (REIS, EGIDO, 2017), de outro, pela necessidade de estender os benefícios da pesquisa aos participantes, seja pela devolutiva dos resultados, para informação, ou pelo retorno do pesquisador a estes, para, por meio de diálogo sobre a análise, valorizar a voz dos participantes no relato final da pesquisa, rever interpretações e posições. Nem sempre, porém, é possível estender os benefícios de uma pesquisa para esferas mais amplas, desde aquela que congrega os profissionais da área, a esfera legislativa e a sociedade em geral. Mesmo assim, percebe-se certa mudança quanto ao tratamento ético nos estudos na referida área, partindo-se daquela formalista/burocrática, geralmente interessada em apenas obter consentimento dos seus sujeitos mediante esclarecimentos dos propósitos de pesquisa, avançando-se para uma ética emancipatória/empoderadora, a qual prevê retorno dos dados aos participantes da pesquisa, bem como incorporação de suas interpretações e vozes nos relatos investigativos/na agenda de pesquisa do pesquisador (CAMERON et al, 1992; CELANI, 2005). Com base nessas considerações, este simpósio abre-se ao compartilhamento de experiências de práticas de ética de

1 Universidade Estadual de Maringá - [email protected] 2 Faculdade Metropolitana de Maringá - [email protected] 3 Universidade Estadual de Londrina - [email protected]

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Caderno de Resumos dos Simpósios – Estudos Linguísticos

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pesquisadores da área e subáreas de Letras, a fim de lhes oportunizar conhecer e dialogar sobre desafios, obstáculos, êxitos, caminhos consolidados, alternativas inovadoras, e possíveis tendências. Palavras-chave: Linguística Aplicada; Ética; Linguagem Humana.

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SIMPÓSIO 36: ESTUDOS DO LÉXICO E DO DISCURSO: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA E/OU ESTRANGEIRA

Eduardo Batista da Silva1

Maria Cristina Parreira2 Rosimar de Fátima Schinelo3

Levando em consideração as possibilidades de exploração do léxico nos estudos linguísticos de forma geral e seu protagonismo em determinadas linhas teórico-metodológicas da Linguística, a presente proposta tem a intenção de receber pesquisas relacionadas ao léxico e/ou discurso sob diferentes perspectivas, a saber: trabalhos teóricos e/ou aplicados relativos ao ensino de línguas (materna e estrangeira); descrição do léxico de línguas; prática de vocabulário; fraseologia mono, bi e multilíngue, Linguística de Córpus; Estatística Lexical e Análise do Discurso. Ao lançar luz sobre as contribuições para o ensino de língua materna e/ou estrangeira relacionadas aos estudos do léxico e do discurso, o Simpósio apresenta-se como uma oportunidade para a divulgação da área, promovendo a conscientização teórica, apresentando metodologias e ferramentas de análise e estimulando o desenvolvimento de novos trabalhos, oriundos das reflexões fomentadas no evento. O arcabouço teórico que ancora este Simpósio perpassa estudos que abordam, especialmente, a Lexicologia e a Lexicografia (BIDERMAN, 2001; NATION, 2001, entre outros), a Linguística de Córpus (BERBER SARDINHA, 2004, 2012); Estatística Lexical (SILVA, no prelo) e a Análise do Discurso (PÊCHEUX, 2014; BAKTHIN 2010). No entanto, outras orientações teóricas são igualmente bem-vindas para enriquecer os debates e troca de ideias. Neste contexto, as Ciências do Léxico, entendidas como ramificações dos estudos linguísticos, podem apresentar como foco de interesse: a) o estudo de um repertório de unidades (lexicais – lexemas/lexias – ou fraseológicas, por exemplo) presentes em um idioma; b) o desenvolvimento de obras de referência (gerais, especiais ou específicas); c) estudos contrastivos e a questão dos aspectos quantitativos e/ou qualitativos no/do léxico, em uma perspectiva pedagógica. Sob uma ótica multidisciplinar, os estudos do léxico podem ser engendrados aos percursos histórico-discursivos imbricados nas instâncias lexicais. Uma vez que o léxico desempenha um papel pivotal nos estudos linguísticos (SILVA, SIMÕES, 2017), o presente Simpósio, ao mesmo tempo em que possibilita compartilhar pesquisas que vem sendo realizadas em diferentes Instituições de Ensino Superior, contextos e abordagens, visa, também, reunir trabalhos que explorem estudos lexicais e léxico-discursivos da língua geral ou especializada, de forma a problematizar a relevância do léxico no contexto de descrição ou aplicação na aula, seja de língua materna seja de língua estrangeira. Conforme o exposto, o Simpósio tem, além disso, o intuito de ser um momento para a reflexão e conscientização de alunos em formação, professores e pesquisadores a respeito da relevância do estudo do léxico, bem como de suas implicações na seara dos estudos descritivos e aplicados nos níveis de graduação e pós-graduação. Espera-se que ao final do Simpósio os participantes entendam que os estudos que possuem o léxico como objeto de pesquisa podem recorrer à uma abordagem qualitativa, quantitativa ou qualiquantitiva, em função de vários fatores, dentre eles: os objetivos e orientação teórico-metodológica do trabalho.

1 Universidade Estadual de Goiás - [email protected]. 2 Universidade Estadual Paulista - [email protected]. 3Faculdade de Tecnologia (Catanduva) - [email protected].

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Palavras-chave: Estudos Léxico-Discursivos; Léxico e Ensino; Língua Materna e Línguas Estrangeiras Modernas.