41º encontro anual da anpocs gt3 - circuitos …

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41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS TRASNACIONAIS E PESQUISAS EM ÁFRICA: DESAFIOS, DILEMAS E PERSPECTIVAS RESSONÂNCIAS DO APARTHEID NA ARTE CONTEMPORÂNEA SUL AFRICANA A PARTIR DE WILLIE BESTER CAROLINA DE CAMPOS TORNICH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTERUNIDADES EM ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 2017

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41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS

GT3 - CIRCUITOS TRASNACIONAIS E PESQUISAS EM ÁFRICA:

DESAFIOS, DILEMAS E PERSPECTIVAS

RESSONÂNCIAS DO APARTHEID NA ARTE CONTEMPORÂNEA

SUL AFRICANA A PARTIR DE WILLIE BESTER

CAROLINA DE CAMPOS TORNICH

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTERUNIDADES EM

ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

2017

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INTRODUÇÃO

A Arte Contemporânea Africana, que em muitos de seus artistas tem uma

característica politizada, é capaz de se constituir como ferramenta poderosa

para se conhecer os temas e questões de maior realce, sendo, igualmente,

forma de ação social e cultural. Este trabalho busca situar a obra de

WillieBester, artista sul-africano classificados como ―othercoloured‖ pelo regime

do apartheid, localizado temporalmente no contexto dos movimentos estéticos e

culturais Sul-Africanos. Suaobra, feita de fragmentos de lixo encontrados nas

townships destinadas aos grupos separados, é uma das mais expressivas da

arte contemporânea africana. Pelo olhar do artista é possível descortinar as

tensões e os debates significativos de movimentos culturais e artísticos deste

período da História Sul-Africana, que deixou resquícios profundos de

desigualdade e violência no país até nossos dias.

Para o recorte específico desta apresentação, destaca-se a obra de

WillieBester como um fio condutor de temáticas recorrentes em obras de artistas

sul-africanos, a partir de uma pequena exposição coletiva ocorrida em

Franschhoek, na MoórGallery. A Arte Contemporânea no país tem, em geral,

grande expressão pelas mãos de artistas que, como Bester, mantêm vivas as

lembranças do apartheide da colonização. Por esta razão, a arte sul-africana,

bem como em outros países do mesmo continente, é um bom medidor das

preocupações do coletivo.

Ao contrário de grande parte dos artistas classificados como ―coloured‖

durante o regime de segregação racial, WillieBester foi bem-sucedido em sua

carreira artística e tem destaque no continente e mundialmente na

representação da realidade do apartheide pós-apartheid. Gavin Jantjes, no

prefácio do livro ―Visual Century‖, volume 4 (2011), destaca:

Works of art can articulate particular moments in the life of a nation. Not all South Africa’s visual artists had the liberty, the means or the will to connect their work to the politics of national liberation, or to hold a critical light up to their nation’s moral potential. But those artists whose work did make these statements have become actors in the making of history, and their work is testimony to historical progress. Whether a rock painting, a wood sculpture or a video projection, such works have

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provided insights into how South Africans view themselves in their social and cultural environments.

A produção do artista está em permanente diálogo crítico com a

desigualdade de direitos por questões étnicas na África do Sul. Destaca-se uma

publicação que descreve o perfil de Bester:

Bester emerged as one of South Africa's most important resistance artists. He is recognised internationally for his ground-breaking anti-apartheid work. In more recent years, Bester has explored contemporary themes arising from the challenges of post-apartheid South Africa such as crime, greed, poverty and corruption. For him, resistance to apartheid was fundamentally about humanity and human rights, which he continues to be vigilant about. (Disponível em: http://www.thepresidency.gov.za/pebble.asp?relid=7833. Acesso em 17/10/2015 )

De acordo com Bester, sua obra caminha acompanhando o contexto

sócio-político vigente em seu país. Por meio de sua produção, é possível

identificar momentos históricos que testemunhou, mas também retrata a

simplicidade e a precariedade do cotidiano dos segregados em townships. Seus

trabalhos incluem esculturas, pinturas, instalações e até mesmo móveis e peças

de design.

[...] realities of segregation and inequality impacted on daily lives, rather than with heroic gestures of resistance. It addresses some of the ways that artists engaged with the everyday consequences of apartheid in their artworks. It deals with, to borrow a phrase fromNjabulo Ndebele, the ―rediscovery of the ordinary‖. In other words, […] visual representations of normal themes communicate something of the daily struggle for survival and for dignity of ordinary people.(MWANDA, Sipho in PISSARRA, Mario, p. 19, 2011)

Se por um lado, seu trabalho artístico pode ser considerado símbolo da

resistência anti-apartheid, por outro vemos WillieBester como artista de grande

realce. Um dos problemas desta pesquisa, ainda em curso, é problematizar o

lugar de Bester neste cenário político e seu lugar nas artes, considerando que

sua obra é amplamente valorizada, apesar de todos as barreiras impostas por

uma sociedade de direitos assimétricos.

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Capítulo 1

1.1 Apresentação deWillieBester1

Willie Bester2

Nascido em Montagu, cidade próxima à Cidade do Cabo, em 1956,

WillieBester era filho de pai Xhosa e de mãe classificada como ―coloured‖ pelo

regime do apartheid3, foto curioso se levada em conta raridade de uma união

como esta durante aquele período. Ainda menino, recebeu a classificação

―othercoloured‖, e já demonstrava talento para as artes plásticas.

Aos dez anos, Bester e sua família foram forçados a morar em uma

―pátria‖ pela Lei de Áreas de Grupo. O fim de sua infância e adolescência foram

marcados pelo abandono dos estudos e trabalho para ajudar no sustento da

família. Por necessidade, permaneceu um ano na Força de Defesa Sul-Africana.

Como parte do exército do regime, vivenciou intensamente o racismo, além de

ser forçado a atuar, como militar, contra os seus.

Aos 30 anos, voltou a confeccionar seus trabalhos artísticos em um

projeto comunitário de artes, e lá encontrou uma comunidade de artistas

1 As informações constantes nesta apresentação foram confirmadas em entrevista ao vivo com o

artista no dia 14/11/2016, durante um campo realizado pela pesquisadora com o apoio da Universidade de Stellenbosch. 2 Fotografia de WillieBester disponível em http://www.rosekorberart.com/artists/besterA.htm.

Acesso em 25/08/2016 3 Regime de segregação racial adotado pelo Partido Nacional na África do Sul entre 1948 e

1994, em que os direitos da maioria da população foram cerceados pela minoria branca.

Page 5: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

engajados socialmente, onde podia refletir sobre os horrores a que a África do

Sul estava submetida.

Ainda atuante como artista, Bester utiliza-se de sucatas que encontra em

lixões e ferros-velhos e as combina com pinturas a óleo e fotografias, sempre

atento ao uso consciente dos materiais. Esta característica é também uma

homenagem ao próprio passado, como forma de lembrar-se das maneiras

criativas que ele e seus compatriotas encontraram para sobreviver. Outro

aspecto no uso dos materiais inutilizados é o do discurso já existente no

passado desses objetos, que contribuem para o discurso da obra. A própria

casa onde mora atualmente é toda ornada de esculturas feitas por ele.

Sua produção constitui-se, sobretudo, de assemblages de lona,

esculturas de metal e pinturas. Bester atribui símbolos aos materiais que

encontra na rua para fazer seus trabalhos. Atualmente Bester explora temas

contemporâneos dos desafios pós-regime, como o crime, a ganância, a pobreza

e a corrupção. Ele ganhou o ―Prix de l'Aigle‖ pela obra mais original em 1992.4

4 Biografia do artista disponível também em

http://www.thepresidency.gov.za/pebble.asp?relid=7833. Acesso em 17/10/2015.

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1.2A obra de WillieBester no circuito artístico

É interessante perceber a localização de Bester como um artista africano

que ficou reconhecido internacionalmente, apesar de todos os obstáculos

impostos a ele por ser africano e designado como ―othercoloured‖ durante a

segregação.

Em Cape Town, a South AfricanNationalGallery, um dos espaços

expositivos de maior prestígioda cidade, abriga a obra ―Challengesfacingthe new

South Africa‖, de Bester, em sua coleção. Por todo o país, obras de Bester

tornam-se monumentos públicos, obras site-specific em universidades e

pertence a luxuosas coleções em prédios do governo.

Sua obra está fora da África do Sul em diversas coleções particulares,

como uma das mais conhecidas, Jean Pigozzi, em Genebra, que possui quatro

obras do artista. Bester participou de diversas exposições, solo e em grupo, e

passou pela Alemanha, Estados Unidos, Espanha, Malásia, Franca, Itália,

Inglaterra, Bélgica, Japão, Senegal, Holanda, Cuba, Suíça, Brasil (1998, em The

Edge ofAwarness), entre outros.

Além de AfricaRemix(2003), Bester participou da Bienal de Dakar (1998),

Veneza (1993), Joanesburgo (1995), Cuba (1994), entre outras. No site do

artista encontra-se disponível a relação de exposições individuais e coletivas

das quais participou. É uma média de 80 registros em exposição.

Além de Bester, muitos outros artistas produzem trabalhos com viés

político na esfera da arte contemporânea. Nomes da geração de Bester como

William Kentridge, que trata a decadência no homem branco no país, Sue

Williamson, de Cape Town, que trabalha com instalações, impressões, fotografia

e vídeo sobre o tema do apartheid, George Pemba, que retrata o cenas do

cotidiano dos agrupamentos de segregados durante o regime de segregação e

Manfred Zylla, grande crítico do apartheid, reforçam esta perspectiva.

O tema do feminino ligado à repressão e à pobreza, presente em

algumas obras de Bester, também é tema forte para artistas da África do Sul

como em Keith Dietrich desde os anos 80 até a produção mais recente de Mary

Sibande. Ambas as obras retratam a figura da empregada doméstica, ofício

Page 7: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

comum às mulheres não-brancas, que também é temática explorada por Bester.

O feminino também está presente no trabalho de Berni Searle e BaneleKhoza.

Há também outros artistas sul-africanos a serem apresentados no

próximo capítulo a partir de WillieBester, presentes na exposição ―Thisplace,

thisspace‖. Este recorte pretende dar um pequeno panorama das temáticas

políticas e sociais da África do Sul, relacionando obras de Bestercom outros

autores.

Page 8: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

Capítulo 2

Bester em diálogo com artistas sul-africanos a partir da exposição

“Thisplace, thisspace”

Entre outubro e novembro de 2016, obras de WillieBester esteve em exposição

na MoórGallery em Franschhoek, cidade do circuito dos vinhos, próxima a

Stellenbosch. ―Thisplace, thisspace‖, curada por CandiceCruse e Julia Meintjes

(esta última frequentemente contratada para exposições em galerias com obras

sul-africanas), foi parte do festival ArtFranschhoek5.

Esta galeria pertence a uma família tradicional nas artes na África do Sul. A

dona, Katherine Mc William Smith6, é filha e neta, respectivamente, dos pintores

Peter Moór e HenrikMoór. HenrikMoór viveu na Europa e Estados Unidos e

estudou na SladeSchool de Londres e na Munich’s Fine ArtsAcademy. Peter

Moór pintou cerca de 2000 retratos em comissão durante a sua vida na África do

Sul. Ele viveu por quarenta anos em Joanesburgo, e outros vinte em

Franschhoek.

A galeria foi inaugurada em maio de 2016 7 , após uma profunda reforma

realizada no imóvel antigo que atualmente recebe as exposições, e possui cinco

salas. Vende trabalhos de artistas impressionistas e contemporâneos, e possui

uma sessão dedicada aos artistas da cidade. Logo, a galeria estreitou contatos

com WillieBester, o que beneficiou a ambos. A nova galeria poderia expor obras

de um artista sul-africano renomado e ganhar destaque no circuito artístico,

enquanto que Bester teria um espaço próximo à Cidade do Cabo onde expor

5 Informações sobre a exposição retiradas do catálogo da exposição e da série de eventos do

festival. Apresentação da exposição disponível no link: http://franschhoek.org.za/event/this-place-group-exhibition-at-moor-gallery-franschhoek/. Acesso em 22/06/2017 6Informações sobre a galeria disponíveis em http://www.whatsonincapetown.com/post/profile-

moor-gallery/. Acesso em 22/06/2017 7

http://eatwelltraveloften.online/moor-gallery-bordeaux-street-franschhoek/. Acesso em 22/08/2017

Page 9: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

suas peças. Um fato curioso é a cidade de Franschhoek, uma das cidades mais

elitizadas e pactuadas com o apartheid ser esta que recebe WillieBester e uma

exposição comprometida e em fazer um retrato das injustiças presentes na

sociedade sul-africana.

Uma das obras de Bester foi produzida como ―site specific‖ para a MoórGallery,

para ser exposta na fachada do prédio, ao ar livre. A suntuosa escultura, feita

em metal, integra a lista de ―Trojan Horses‖ produzidas por Bester. Retomando a

história deste conjunto de obras, a produção trata de uma série de eventos por

todo o país, mais especificamente o que ocorreu em Athlone, próxima a Cidade

do Cabo, em que policiais sairam de caminhões de entrega e mercadorias

comuns, onde estavam escondidos, para atacar a população segregada nos

bantustões. A analogia feita pelo artista ao Cavalo de Troia resultou na

construção dos cavalos, feitos de peças automotivas que adquiriu em ferros

velhos. O material escolhido, pela dureza, texturas e cor, fazem referência ao

armamento pesado e à truculência dos policiais, que no evento em Athlone

matou três garotos sem nenhuma razão. Esta obra específica para a

MoórGallery foi chamada de ―ApocalypseHorse‖ pelo artista, produzida em 2016.

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Apocalipse Horse – 2016 – WillieBester

Metal

―Thisplace, thisspace‖, segundo a apresentação da exposição no catálogo, tem

por objetivo ―desafiar e encantar o espectador enquanto lidam com as respostas

de artistas ao nosso complexo país e sociedade‖ e emergiu desta relação

estabelecida com WillieBester.

This place, this space emerged from Moor Gallery's established relationship with Willie Bester. Bester has been creating strongly-coloured, mixed media works since the early 1990s, commenting on the political and social. He has markedly influenced artists depicting the 'spaces' of informal settlements and racial divides using found materials. Having received more recognition in the market outside of South Africa, it is seldom that contemporary exhibitions here include his work. This place, this space shows works by artists such as Diane Victor, whose absorbing images emerge from her reactions to events she views as 'disasters' in our society, in conversation with Bester's pieces. Alfred Thoba and Francois Knoetze challenge us on other issues. Desmond Mnyila's quiet studies of places are not only benign. And with works by, amongst others, Heather Gourlay-Conyngham, Philip

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Rikhotso and LizzaLittlewort, the magnetic generosity of our country's light, climate, and intricate web of people engages us all further in ever-complex spaces. (apresentação da exposição, disponível em: http://franschhoek.org.za/event/this-place-group-exhibition-at-moor-gallery-franschhoek/. Acesso em: 22/06/2017)

A lista completa de artistas participantes segue: WillieBester, Diane Victor,

LizzaLittlewort, FrancoisKnoetze, Angus MacKinnon, Louis Maqhubela, Heather

Gourlay-Conyngham, David Koloane, Joanne Bloch,NompumeleloKumalo,

Desmond Mnyila, Helen Timm, JabuMasuku, Janet Wilson, DerrickNxumalo,

Alfred Thoba, Louise Linder, ThandekaMathenjwa, ThulileNyawo,

NcamisileTembe, SizakeleMbuyisa e Eunice Geustyn.

A pequena galeria parece fazer crescer uma árvore invisível dentro de si nesta

exposição, entendendo WillieBester como o tronco que mantém a base do

diálogo com outros artistas, as ramificações deste tronco, que tratam temáticas

similares às dele, políticas ou sociais, ou que abordam outros temas, ou o

mesmo tema por outras perspectivas, ou apenas por uma aproximação estética.

Os elementos mais importantes da obra de Bester são: engajamento político,

tema das questões sociais, arte como um espelho da realidade atual, retomada

de fatos e mártires do apartheid, retratos a óleo de cidadãos sul-africanos (mais

frequentemente khoisan), cores vivas, crítica ao passado e às desigualdades,

uso de materiais inutilizados, técnicas e matérias-primas mistas em um único

trabalho (trabalho de composição e reestruturação de elementos para formar um

todo coeso e unificado, construção das obras assim se repete nas temáticas, no

objetivo do artista em reestruturar na arte as desigualdades históricas de seu

país), colagens, o tema da criança que lida com a pobreza e transita em

ambientes inóspitos, da infância ausente, o tema da exclusão social,

gentrificação, das estruturas de poder e a realidade e o realismo (uso de

fotografias coladas nas pinturas, assemblage de elementos do cotidiano) . Em

―Thisplace, thisspace‖, esses elementos e temáticas estão presentes em obras

de outros artistas, e por esta razão, dialogam com as peças de Bester.

WillieBester e Diane Victor

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A artista que conversa, talvez, mais diretamente com as obras de WillieBester é

Diane Victor, uma gravurista que retrata a partir de fortes imagens, muitas vezes

simbólicas e mitológicas, aquilo que considera como desastres na

contemporaneidade da África do Sul. A artista, de Pretória, expôs em

Franschhoek 20 gravuras em papel.

Mind the gap 1/25 – Diane Victor

Data: 2002

Descrição: Disaster no. 12

Nome: Etching

Tipo: Original graphic

Mídia: Etching on paper

Medidas: 21 x 28 cm

A obra acima trata da pobreza vivenciada, ainda, com mais exclusividade pela a

população negra na África do Sul. Durante o apartheid, houve um processo de

gentrificação profundo em todo o país. Na Cidade do Cabo, o exemplo mais

lembrado é o caso do District6, em que a população negra do bairro foi forçada

a deixar suas moradias para dar o espaço urbano privilegiado aos brancos.

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―Mind the Gap 8remind us of the extreme and humiliating poverty still suffered by

many black people in post-apartheid South Africa.‖

Na figura, uma mulher negra caminha, aparentemente sem rumo, com seus

pertences em um carrinho de supermercado, como que expulsa e sem um lugar

para morar. Imagens de casa aparecem isoladas da figura central nos cantos da

obra, como lugares em que, por uma questão de ―segurança‖, não estão

acessíveis a pessoas negras.

Relocation – Willie Bester9

Data: 2013

Nome: Oil

Tipo: Painting

Mídia: Oil on board and steel

Medidas: 54 x 104 cm

―Mindthe Gap‖ aproxima-se da temática de uma das obras de Bester exposta em

―Thisplace, thisspace‖: ―Relocation‖. Na obra, Bester retrata o momento da

chegada de um caminhão de mudança para a township, onde passam a morar

8 Informações sobre a artista e a obra disponíveis em:

http://www.jackimcinnes.net/WritingArticles/1CatalogEssayDianeVictor2010.pdf.

Acesso em 23/06/2017. 9 Imagem de acervo pessoal.

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os despejados e segregados. Em meio à pintura cheia de cores e elementos da

vizinhança pobre, o artista realiza a colagem de fotos de crianças negras. A

mudança deve-se ao fluxo destas pessoas para as townships, fruto do processo

de gentrificação. Esta obra de Bester encontrava-se na sala de entrada da

galeria. O valor desta pintura, afixado na parede era de R125.500, o

correspondente a, em média, R$32.000.

LizzaLittlewort, WillieBester e a questão da identidade sul-africana

Social engineering 3 – Willie Bester

10Data: 2014

Nome: Oil

Tipo: Painting

Mídia: Oil on board and metal

Medidas: 64 x 50 cm

Littlewort aproxima-se de Bester na busca de reparações para realidade atual da

África do Sul. Ambos dizem com suas obras: estamos no passado. O próprio

Bester, em entrevista concedida para esta pesquisa, conta sobre sua trajetória

de exclusão dentro os espaços artísticos sul-africanos, e como ainda é um

esforço para os artistas ―sem ascendência europeia‖, e como ainda é um esforço

pós-apartheid o de superar as desigualdades geradas. Sua obras, hoje bem

10

Imagem de acervo pessoal.

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cotadas no mercado pelo reconhecimento internacional que recebeu, muito

antes do reconhecimento dentro de seu país, não fazem parte da mesma

realidade de outros artistas que ainda precisam, por questões raciais, provar

com seu valor com muito mais dificuldade.

Tanto em Littlewort quanto em Bester há uma busca pela construção de uma

identidade do povo, que fica muito clara nos discursos das obras e nos retratos,

tipo de produção constante de Bester desde o início de sua carreira.

Littlewort localiza-se como artista branca falando em desigualdades, e é muito

cuidadosa nesse objetivo, pois entende seu papel de privilegiada dentro da

sociedade da qual é parte. Ela explora a dualidade do que vê como

desigualdade e do que ela mesma é, pela herança holandesa.

History repeating myself – LizzaLittlewort

11Data: 2016

Nome: Oil

Tipo: Painting

Mídia: Oil on board

Medidas: 80 x 60 cm

11

Imagem da obra de acervo pessoal.

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Na ―Historyrepeatingmyself‖, uma inserção (presumida) do próprio rosto de Littlewort no famoso retrato, atua como uma espécie de expressão da tensão apresentada pela herança holandesa do artista. Mais uma vez, esta narrativa politicamente corretiva é minada por sua colaboração abrupta com uma conversa sobre "o aqui" e uma conceptualização do "passado" que faz uso da cultura colonial de exploração que critica e não consegue abordar a presença real dos oprimidos Corpos aos quais muitas vezes invoca vagamente. (Disponível em: https://artthrob.co.za/2015/12/01/the-contradictions-of-living-in-the-past-lizza-littlewort-at-99-loop/. Acesso em 23/06/2017)

Ao todo, Littlewort teve expostos quatro trabalhos em ―Thisplace, thisspace‖. A

obra ―Historyrepeatingmyself‖ foi vendida ao valor de R17.100.

Bester, Heather Gourlay-Conyngham e o retrato da criança

Heather Gourlay-Conyngham é uma retratista sul-africana hiperrealista. Ela

acredita que uma boa obra de arte tem algo de intrigante, combinado à

habilidade, técnica e ideia. ―There is something compelling about recording a

person for posterity. Not only does a portrait give insight into a particular person

but it gives a sense of the time in which he/she lived as well as the way the artist

perceived that person. It is human nature to look at people‖ (CONYNGHAM, H.,

disponívelemhttps://artsouthafrica.com/220-news-articles-2013/2014-in-

conversation-with-heather-gourlay-conyngham.html.Acessoem 23/06/2017)

Page 17: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

Nicole and Karyn – Heather Gourlay-Conyngham12

Data: 2014

Nome: Oil

Tipo: Painting

Oil on canvas, 160 x 90 cm

Por esta visão da artista sobre o retrato, é possível traçar uma aproximação com

Bester, na medida em que localiza o retratado e sua identidade no tempo-

espaço. Em ―Thisplace, thisspace‖, a obra de Heather Gourlay-Conyngham

exposta é ―Nicole andKaryn‖, o retrato fidedigno de duas crianças, irmãs e

albinas.

Especificamente neste trabalho, outra aproximação é possível pelo retrato

realista da criança. No caso de Bester, as crianças aparecem em retratos

pintados a óleo ou nas fotografias, inseridas em pinturas das favelas. A criança

em Bester tem um ar de desamparo, de solidão, e da obrigação de vivenciar

esta pobreza, perdendo muitas vezes pelo caminho a própria infância, pela falta

de recursos e pela obrigação do trabalho desde muito cedo.

Não raramente, Bester faz o retrato destas crianças desamparadas brincando

com bonecas quebradas e bicicletas estilhaçadas, em meio à violência e ao

contato constante com a ameaça armada. Os brinquedos aparecem tão

abandonados quanto as crianças. Sapatinhos infantis feitos em metal aparecem

em composição com pás, referência ao trabalho e sangue. Este elemento está

retratado em oito obras expostas na MoórGallery.

12

Imagem de obra de acervo pessoal.

Page 18: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

The missing ones (2008) e The playground-tricycle 4- (2016)13

Detalhe da obra Social engineering 2 – WillieBester14

Data: 1999

13

Imagens de obras de acervo pessoal. 14

Detalhe da obra: imagem de acervo pessoal.

Page 19: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

Nome: Mixed media

Tipo: Painting

Mídia: Mixed media

Medidas: 160 x 33 x 12 cm

Bester, Angus Mackinnon e François Knoetze: o retrato e o lixo

Um fator de extrema importância para a produção artística de WillieBester é o

reaproveitamento dos materiais para a confecção de suas peças. No trabalhos

afixados em parece, misturam-se peças de sucata, sobretudo de aparelhos

eletrônicos e peças automotivas, latas de refrigerante, com o trabalho

bidimensional, mais delicado, das pinturas do artista. Nas esculturas, peças

pesadas são soldadas e formam cavalos monumentais, cães e figuras,

aparelhos inventados, móveis e peças de design, sapatinhos de criança, pás,

armas. O artista faz do reuso a matéria-prima para a obra-prima. O uso desses

materiais possui uma intenção ecológica, mas também simbólica, pois são

materiais encontrados nos bantustões. Esta simbologia tem relação direta com o

tratamento ―de lixo‖ dado aos personagens retratados, mas no profundo deste

descaso está a riqueza para o artista: as pessoas, o potencial transformador dos

fatos, da arte e pela arte.

Page 20: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

Social engineering 1- WillieBester15

Data: 2011

Nome: Mixed media

Tipo: Painting

Mídia: Mixed media

Medidas: 150 x 97 x 6 cm

Na obra acima, é possível identificar a reutilização de vários aparelhos e peças

inutilizadas, em harmonia com a pintura colorida, realista e delicada de Bester.

―Social engineering3‖ faz referência ao cotidiano de dentro das casas da

população negra (khoisan) e do trabalho pesado, da identidade e da infância

destas pessoas. As bonecas quebradas estão presentes e o retrato também.

15

Imagens da obra de acervo pessoal.

Page 21: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

The Domestic – Willie Bester16

Galvanized metal and spray paint

Na obra acima, Bester retrata uma figura feminina, voluptuosa e negra em seu

papel imposto pela sociedade: trabalhar nas casas de brancos. Na imagem, fica

claro que, na própria galeria, pertencente a uma família branca, que faz os

serviços domésticos não são brancos. A obra é feita de metal galvanizado

reutilizado, fruto da habilidade adquirida pelo artista em lidar com maçaricos e

soldas.

Voltando à questão do lixo, nesta exposição em Franschhoek, outros dois

artistas fazem uso de materiais que seriam descartados. O primeiro deles é

Angus Mackinnon, recentemente aluno da Universidade de Cape Town, na

Michaelis Schoolof Fine Art. Como um trabalho para o curso, ele recebeu uma

16

Imagem da obra de acervo pessoal.

Page 22: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

resposta fotográfica e a executou retratando as pessoas que vivem da prática do

Skurreling.

I wanted to photograph and explore the phenomenon of Skurreling (also known as waste-picking, trolley pulling, reclaiming) […] Initially my focus was on the trolleys that these guys stack ingeniously and pull for kilometers – I saw them as sculptures/objects worthy of attention rather than just a shopping trolley. It soon turned into a project about the pullers too. I spent large amounts of time getting to know a few guys within the industry and then began photographing them; it got easier as I went along, met more people and sussed out the process. (Disponível em: http://10and5.com/2013/12/12/fresh-meat-angus-mackinnon/. Acesso em 23/06/2017)

Eldhino, Carrier Way, Cape Town, 2013 1/9 – Angus Mackinnon17

Data: 2013

Nome: Photograph

17

Imagem de obra disponível em: http://www.juliameintjes.co.za/view_exhibitions.asp?pg=gallery_image&subm=gallery&img=10355.jpg&exCode=Moor. Acesso em: 23/06/2017.

Page 23: 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT3 - CIRCUITOS …

Tipo: Work on paper

Mídia: Giclיe print on 308gsm Photo Rag paper

Medidas: 31,5 x 31,5 cm

Main Street, Johannesburg, 2013 3/5 – Angus Mackinnon18

Data: 2013

Nome: Photograph

Tipo: Work on paper

Mídia: Giclיe print on 308gsm Photo Rag paper

Medidas: 45 x 45 cm

Mackinnon utiliza-se do retrato e da fotografia do lixo empilhado nos carrinhos e

caminhões (que ele considera esculturas, pelo equilíbrio e engenhosidade dos 18

Imagem de obra disponível em: http://www.juliameintjes.co.za/view_exhibitions.asp?pg=gallery_image&subm=gallery&img=10355.jpg&exCode=Moor. Acesso em: 23/06/2017.

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trabalhadores) para contar uma história sobre o lixo e a indústria que está por

trás dele, e das pessoas que ganham dinheiro o removendo.

Fica claro que a questão da limpeza das cidades e ambiental de uma maneira

geral toca os artistas sul-africanos.

O segundo artista de ―Thisplace, thisspace‖ que se comunica com esse aspecto

da reutilização dos materiais por Bester é o cineasta e performer François

Knoetze. O processo de Knoetze é bem interessante, por misturar quatro

linguagens das artes visuais: escultura, performance, vídeo e fotografia.

Cape Mongo – VHS – François Knoetze19

Dated: 2013

Performance

Knoetze confeccionou estas fantasias (personagens, avatares, parangolés) com

o intuito de contar a história de Cape Town a partir do lixo produzido pela

população. Em meio à performance, nos vídeos disponíveis no Youtube, ele faz

referência a ícones do capitalismo e consumismo como forma de criticar o

consumo sem consciência.

O artista criou cinco personagens: Papel, Plástico, Metal, VHS e Vidro20. Trata-

se também de uma crítica à desigualdade e à alienação. Cape Mongo tem esse

19

Imagens desta obra são de acervo pessoal 20

Vídeos das performances dos personagens disponíveis em https://www.youtube.com/watch?v=6nxZf8UUWYs https://www.youtube.com/watch?v=04Hpd_cfUSw Acesso em 23/06/2017)

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nome em referência à cidade e Mongo é uma gíria para algo que foi jogado fora

e depois recuperado.21

A obra esteve disponível como escultura (apenas VHS) e em registro fotográfico

na exposição em Franschhoek.

Paper, whose genetic roots are linked to trees, is a migratory creature – whose soft cardboard skin can be used for shelter. Glass emerged from sand and will eventually return to it. The traces of labels are visible on Glass’s skin. Visually, Plastic is a treasure; made from the rainbow-like scraps of modern life. Metal is a spectacular creature – like the Tin man of Oz, with an impressive armour and physical strength. VHS is made from the ribbons of old tape cassettes and videos. In five short films, the creatures revisit the spaces of their imagined pasts – the locations associated with their material existence and the constitution of their social relations – as if walking against the consumer-driven currents of city. (Disponível em: http://www.designindaba.com/videos/creative-work/francois-knoetzes-mythical-trash-creatures-reveal-our-terrible-treatment-waste. Acesso em 23/06/2017)

21

Apresentação do trabalho de Knoetze disponível em: http://www.artbaseafrica.org/project/cape-mongo. Acesso em: 23/06/2017.

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Conclusão

A obra de WillieBester pode ser entendida tematicamente como uma

denunciante do sistema de desigualdades do apartheidque se estende até os

dias atuais pelo fracasso em superá-las. Por meio dela, descortinam-se diante

dos olhos do espectador a expressão de fatos dramáticos como a exclusão

social, deslocamentos de grupos de pessoas e gentrificação, a criança diante de

um cenário violento e nada propício ao desenvolvimento, o capitalismo

desenfreado.

Como artista de renome e que aborda diversas questões sociais, é interessante

traçar paralelos entre sua obra e de outros artistas. Em ―Thisplace, thisspace‖,

desconsiderando os filtros curatoriais e as razões de escolha de tais artistas, é

possível obter uma amostragem de um leque complexo de temas político-

sociais.

A partir da observação e análise desta exposição e outros elementos, esta

pesquisa, ainda em curso, pretende localizar Bester, este artista que intriga pela

sua origem, seus temas engajados e, em algum nível, pela superação dos

problemas relativos ao preconceito enfrentado em seu país, em um circuito

artístico ainda elitizado e predominantemente branco e eurocêntrico, e qual o

seu papel como artista nesse meio.

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https://www.youtube.com/watch?v=04Hpd_cfUSw Acesso em 23/06/2017