40-o contra-ataque da quinta da confusão

10
Quinta da Confusão – O nascimento de um império 294 Combatentes: Quinta do Douro X Quinta da Confusão Forças: Quinta do Douro – 150 animais; Quinta da Confusão 150 soldados; 10 carroças Líderes: Quinta do Douro – Nenhum; Quinta da Confusão Cavalo 3 Baixas: Quinta do Douro – 100 animais; Quinta da Confusão – 35 soldados; 15 civis 11:00 Habitantes: 750; Densidade populacional: 250 hab.\km 2 Meia hora depois da conclusão da Estação da Quinta da Confusão, a empreitada foi finalmente inaugurada. O comboio, já reparado depois do fuzilamento que sofrera na 3ª Batalha da Quinta da Perfeição, entrou então na maior estação ferroviária do império, para a volta inaugural à Linha Azul. Trazia a bordo os empregados da TFQC das outras estações da linha, pois tal como na inauguração anterior seriam estes a inaugurar o prolongamento da linha. Mais de 200 animais estavam presentes nas plataformas da estação, iluminados pelos candeeiros suspensos do tecto, e cada vez chegavam mais devido ao correr do relato da aventura que os empregados da empresa tinham passado na Quinta da Perfeição. Assim, quando o comboio passou para a linha oposta para seguir para a Quinta da Perfeição, os restantes empregados da TFQC e os construtores da Linha Azul subiram a bordo e assim o veículo arrancou. A jornada era basicamente uma simples viagem de comboio, mas 6 vezes maior do que as feitas até aí, com 6 km em vez de 1. Este passou a 50 km\h pela estação de Quinta da Perfeição – Mina de Ferro, e por fim parou meio km mais tarde já na Estação da Quinta da Perfeição, palco da acção que tanta gente levara à Estação da Quinta da Confusão. Os pormenores da história não estavam totalmente esclarecidos, e embora houvesse quem soubesse mais ou menos bem a verdade, havia já quem achasse, por exemplo, que os empregados da TFQC tinham defrontado 50 inimigos armados, e outros que achavam que a Quinta do Douro tentara encher as carruagens de pólvora para a detonar na Estação da Quinta da Confusão. A verdade foi por fim revelada quando o comboio regressou à estação de onde partira. Os empregados que tinham passado pela aventura subiram para o tecto da carruagem dos passageiros, para melhor serem vistos, e lá contaram o que se passara. Esta, no entanto, foi suficiente para que os presentes aplaudissem a actuação da TFQC, que conseguira astuciosamente salvar os seus empregados e levar os inimigos para a morte através de uma emboscada. A carruagem onde tudo se passara estava exposta junto à estação, sem qualquer alteração, mantendo ainda

Upload: miguel-goncalves

Post on 29-Mar-2016

224 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Páginas 294 a 303

TRANSCRIPT

Page 1: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

294

• Combatentes: Quinta do Douro X Quinta da Confusão • Forças: Quinta do Douro – 150 animais; Quinta da Confusão –

150 soldados; 10 carroças • Líderes: Quinta do Douro – Nenhum; Quinta da Confusão –

Cavalo 3 • Baixas: Quinta do Douro – 100 animais; Quinta da Confusão – 35

soldados; 15 civis

11:00 Habitantes: 750; Densidade populacional: 250 hab.\km2

Meia hora depois da conclusão da Estação da Quinta da Confusão, a empreitada foi finalmente inaugurada. O comboio, já reparado depois do fuzilamento que sofrera na 3ª Batalha da Quinta da Perfeição, entrou então na maior estação ferroviária do império, para a volta inaugural à Linha Azul. Trazia a bordo os empregados da TFQC das outras estações da linha, pois tal como na inauguração anterior seriam estes a inaugurar o prolongamento da linha. Mais de 200 animais estavam presentes nas plataformas da estação, iluminados pelos candeeiros suspensos do tecto, e cada vez chegavam mais devido ao correr do relato da aventura que os empregados da empresa tinham passado na Quinta da Perfeição. Assim, quando o comboio passou para a linha oposta para seguir para a Quinta da Perfeição, os restantes empregados da TFQC e os construtores da Linha Azul subiram a bordo e assim o veículo arrancou. A jornada era basicamente uma simples viagem de comboio, mas 6 vezes maior do que as feitas até aí, com 6 km em vez de 1. Este passou a 50 km\h pela estação de Quinta da Perfeição – Mina de Ferro, e por fim parou meio km mais tarde já na Estação da Quinta da Perfeição, palco da acção que tanta gente levara à Estação da Quinta da Confusão. Os pormenores da história não estavam totalmente esclarecidos, e embora houvesse quem soubesse mais ou menos bem a verdade, havia já quem achasse, por exemplo, que os empregados da TFQC tinham defrontado 50 inimigos armados, e outros que achavam que a Quinta do Douro tentara encher as carruagens de pólvora para a detonar na Estação da Quinta da Confusão. A verdade foi por fim revelada quando o comboio regressou à estação de onde partira. Os empregados que tinham passado pela aventura subiram para o tecto da carruagem dos passageiros, para melhor serem vistos, e lá contaram o que se passara. Esta, no entanto, foi suficiente para que os presentes aplaudissem a actuação da TFQC, que conseguira astuciosamente salvar os seus empregados e levar os inimigos para a morte através de uma emboscada. A carruagem onde tudo se passara estava exposta junto à estação, sem qualquer alteração, mantendo ainda

Page 2: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

295

todos os danos causados pelos disparos da Artilharia da Quinta da Confusão. Quando o comboio partiu novamente, levava a bordo não 20 passageiros mas sim 50, tal fora o sucesso da história, da empresa que defrontara inimigos armados e ainda assim mantivera os serviços. O director da TFQC, perante a situação, até comentou «Se esta história vai dar-nos sucesso, façam favor».

Apenas 5 minutos após o fim da 3ª Batalha da Quinta da Perfeição, o cavalo 3 deu ordem às suas tropas para começarem a andar em direcção à Quinta do Douro. Este pretendia atacar o país inimigo tão cedo quanto antes, para não lhe dar tempo de se recompor depois da derrota na Quinta da Perfeição, e por isso os soldados da Quinta da Confusão tiveram tempo para recuperar o fôlego e pouco mais antes de pegarem novamente nas armas e de se porem a caminho. Os soldados da Infantaria montaram as suas bicicletas, os da Cavalaria os seus cavalos e os da Artilharia as suas carroças, e o grupo de 115 animais deixou então a Quinta da Perfeição rumo a sul. Quinhentos metros mais tarde, o Exército da Quinta da Confusão alcançou o seu alvo: a Quinta do Douro, país que arriscara e perdera toda a sua pólvora na luta contra um inimigo já experiente a combater inimigos fortes e tecnologicamente avançados. Pela 3ª vez a Quinta da Confusão fora atacada por inimigos com melhores armas, pela 3ª vez saíra vencedora e agora iria conquistar as terras inimigas pela 3ª vez. O Comandante Supremo do Exército do império decidiu não arriscar, e manteve a Artilharia parada a norte da Quinta do Douro, deixando a invasão da quinta para a Cavalaria e para a Infantaria. A Infantaria, que mantivera os seus soldados lado a lado na 3ª Batalha da Quinta da Perfeição, numa só fileira, perdera 20 animais na batalha, tendo apenas 30 combatentes. Já a Cavalaria, cujos soldados tanto estavam mais atrás como mais à frente no campo de batalha, tinham escapado com menos 5 mortos, mantendo ainda 35 soldados. Eram, portanto, 65 os soldados que se iam defrontar contra os habitantes da Quinta do Douro, na já chamada Batalha da Quinta do Douro. Tanto comandantes como soldados sabiam que tinham de ter o máximo de cuidado possível, uma vez que nenhum dos combatentes imaginava que a Quinta do Douro apostara e perdera todas as suas armas de fogo e munições no ataque à Quinta da Perfeição. Era certo que na Quinta da Confusão só os militares possuíam armas de fogo, cujo segredo de fabrico fora descoberto por eles e não pelos cientistas, cidadãos civis, mas nada garantia que o mesmo não pudesse acontecer na Quinta do Douro. Assim, deixando os seus veículos para terem maior agilidade de movimentos, empunhando as suas espingardas (alguns soldados levavam espingardas da Quinta do Douro capturadas), com o coração a bater apressadamente sob o efeito da adrenalina que o sistema nervoso produzia,

Page 3: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

296

os soldados foram avançando, escondendo-se constantemente atrás de carroças, de (escassas) árvores e de altos-fornos, inúteis naquele país.

Os 250 habitantes da Quinta do Douro estavam divididos mais ou menos de igual forma tanto pela quinta como pelo seu prolongamento, de modo que estavam cerca de 130 animais na Quinta do Douro, contando com clientes da feira da quinta vindos da Quinta do Douro da Margem Sul, carente dessa construção. Entre eles incluíam-se alguns dos sobreviventes da 3ª Batalha da Quinta da Perfeição, 25 de um total de 50, sendo que desses 25 cinco ainda tinham balas nas suas espingardas. Mas, de resto, a Quinta do Douro apenas podia contar com os instrumentos de trabalho dos animais para combater as tropas da Quinta da Confusão, nomeadamente com a foice e com o machado. Assim, alguns animais preferiram pousar os seus instrumentos à passagem dos soldados, enquanto que outros optaram por os ignorar e continuar a trabalhar. Os soldados também nada fizeram, pois procuravam animais com espingardas. Mas, tal como a Quinta da Confusão fizera na 3ª Batalha da Quinta da Confusão, no Dia 6, também a Quinta do Douro decidiu atacar os invasores com a foice e o machado. Um dos soldados da Quinta da Confusão passou por um madeireiro que abatia uma árvore, aparentemente inofensivo. O soldado observou-o por escassos segundos e depois continuou a andar, achando que este não era uma ameaça. Mas o militar estava errado. De súbito, o madeireiro pôs-se à frente do soldado, empunhando o machado, e tomando balanço desferiu-lhe uma machadada no pescoço, não protegido pelo peitoral, que lhe tirou de imediato a vida. Mal o animal tombou no chão, o madeireiro pegou na sua espingarda e disparou contra outro soldado por perto, matando-o também. Depois, virou-se para um terceiro invasor e fez pontaria ao animal, premindo o gatilho. Mas, como as espingardas da Quinta da Confusão não comportavam mais do que uma bala em cada cano em simultâneo, ao contrário das da Quinta do Douro, a arma simplesmente fez um breve ruído. O madeireiro foi apanhado de surpresa pelo facto, e, antes de reagir, o seu alvo virou-se contra ele e matou-o com uma bala certeira no peito. Davam-se assim os primeiros disparos e mortes da Batalha da Quinta do Douro, a retaliação da Quinta da Confusão pela invasão do seu território.

Perto do local onde ocorreram as primeiras mortes da batalha estava outro madeireiro da Quinta do Douro, a cortar os ramos de uma árvore na sua copa. Pela mesma altura passou outro soldado da Quinta da Confusão pela árvore, que olhava para todos os lados tentando observar potenciais atiradores inimigos. Mas o militar não contava que o inimigo lhe surgisse de cima… De súbito, o madeireiro tomou balanço e atirou-se da árvore de machado em riste, tentando atingir o pescoço ou a cabeça do soldado. O instrumento, no entanto, atingiu o militar um pouco mais abaixo, no peitoral, e simplesmente mandou-o ao chão. O madeireiro caiu logo atrás, e o acto de se levantar, mais demorado do que o do soldado devido à altura

Page 4: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

297

da queda, deu preciosos segundos ao invasor para por sua vez se levantar e se pôr em posição de ataque. Quando o animal da Quinta do Douro se levantou, segurando o machado que por pouco não matara o inimigo, este pegou na espingarda pelo cano e, tomando balanço com a arma, atingiu o madeireiro na cabeça com a parte de trás da espingarda, quase o mandando ao chão. Este recuou uns passos com a pancada, mas logo voltou a avançar. Quando o madeireiro já tomava balanço com o machado, o soldado encostou o cano da arma ao pescoço do animal e premiu o gatilho. Os dois projécteis, saídos cada um de um cano da espingarda, trespassaram o pescoço do madeireiro e mataram-no instantaneamente. Este tombou para trás, já morto, deixando cair o pesado machado que empunhava. Episódios como esse decorriam à medida que as tropas da Quinta da Confusão avançavam pela Quinta do Douro, ora causando mais baixas na Quinta do Douro do que na Quinta da Confusão ora o oposto. A certa altura, o primeiro dos soldados do império conseguiu alcançar a feira, o alvo mais importante da Quinta do Douro, onde deveria estar armazenada uma reserva de espingardas de carregar pela culatra. O soldado, mal entrou, perguntou ao balconista «Quantas espingardas tem esta feira armazenadas?» O seu ajudante respondeu «Nenhuma. Foi tudo para o ataque à Quinta da Perfeição, e foi tudo perdido. Nem balas, nem cilindros, não há aqui nada de armamento». O soldado, mal percebeu que a Quinta do Douro não tinha espingardas, voltou para a porta e gritou «Ei, pessoal, boas notícias! A Quinta do Douro não tem…». Não chegou a acabar a frase. De súbito, caiu morto com uma facada no pescoço, dada por um cliente da feira que usara a própria faca do soldado.

Sem que o próprio cavalo 3 soubesse, o Exército da Quinta da Confusão teria o apoio da Marinha na ocupação dos territórios da Quinta do Douro. Isso porque a notícia da invasão da Quinta da Perfeição chegara aos ouvidos do porco 30, Comandante Supremo da Marinha da Quinta da Confusão, e este decidira pôr-se a caminho da Quinta do Douro com as suas tropas, compostas por 100 soldados e 20 barcos a remos de Modelo 1. O quartel da Marinha ficava junto ao do Exército, no centro da Quinta da Confusão e do curso da Ribeira da Confusão, pelo que até ao Rio Douro teriam 750 metros de caminho. Depois seria preciso navegar mais 3,5 km até à Quinta do Douro, pelo que no total a Marinha tinha 4,25 km a percorrer. A uma velocidade média de cerca de 10 km\h, os barcos foram da Quinta da Confusão à Quinta do Douro em pouco menos de 30 minutos, tendo chegado à Quinta do Douro mais ou menos à mesma hora do Exército. O porco 30 logo dispôs os barcos pelo Rio Douro, de modo a abarcarem todo o sul da Quinta do Douro, a tempo da chegada do Exército que tanto podia já ter chegado como ainda demorar horas, mas que chegou na hora certa. Os animais da Quinta do Douro que não tinham oferecido nenhuma resistência ficaram para trás, mas aqueles que tencionavam lutar,

Page 5: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

298

algumas dezenas, recuaram para a margem do Douro, onde estavam as estufas que lhes poderiam servir de esconderijo. Quando as tropas da Quinta da Confusão chegaram às estufas, num total de cerca de 20 para 30 agricultores da Quinta do Douro, mais de 50 animais estavam refugiados atrás das duas camadas de plástico, a salvo da vista dos soldados do Exército… Mas a chegada da Marinha veio dificultar a vida dos animais do país. Os soldados, a salvo das armas brancas dos inimigos, a bordo dos barcos, rapidamente alvejaram animais refugiados atrás das estufas, claramente em posição de ataque contra os aliados que se aproximavam. O auxílio da Marinha não evitou confrontos entre os animais da Quinta do Douro e os soldados do Exército, que às vezes só conseguiam atacar com a faca tal era a proximidade dos combates, que muitas vezes resultavam na morte de soldados da Quinta da Confusão (mas a Quinta do Douro também perdia animais nesses confrontos), mas deu uma grande ajuda ao prevenir ainda mais baixas do lado da Quinta da Confusão.

Apesar de a Marinha estar aparentemente a salvo dos inimigos no Rio Douro, um dos 20 barcos ao serviço do porco 30 estava junto à ponte que ligava a Quinta do Douro à Quinta do Douro da Margem Sul, de 5 metros de altura. Tal situação foi aproveitada por um dos animais da Quinta do Douro que combatia as tropas da Quinta da Confusão. Assim, este foi para o alto da ponte de 50 metros de comprimento, tão comprida quanto a largura do Rio Douro, conduzindo uma carroça de 4 rodas. Mas a sua intenção não era fugir: uma vez no alto da ponte, a salvo dos olhares dos soldados da Marinha da Quinta da Confusão ocupados a combater os outros animais na margem, o animal desatrelou a carroça dos cavalos e empurrou-a para a borda da ponte. Lentamente, empurrando o veículo de madeira, este conseguiu fazer as rodas da frente subirem as protecções que fechavam os lados da ponte de 4 metros de largura, em ferro. Após empurrar mais um pouco, o veículo inclinou-se e por fim deixou a ponte, caindo em direcção ao barco parado junto à estrutura. Quando os dois soldados que ocupavam a traseira da embarcação se aperceberam, a carroça caiu cm à sua frente e partiu o barco em duas partes, destruindo a parte da frente e erguendo a de trás, catapultando os dois soldados alguns metros para a frente, para as águas geladas do Rio Douro. Enquanto que o barco se afundava com os três soldados mortos pela queda da carroça a bordo, juntamente com a mesma, os dois soldados sobreviventes viram-se forçados a tirar o pesado peitoral para conseguirem nadar. O acto foi-lhes fatal: um animal da Quinta do Douro que combatera na Quinta da Perfeição e que regressara com balas na sua espingarda viu os inimigos, e mal o metal protector desapareceu nas águas do Douro estes foram fatalmente alvejados no peito, agora desprotegido. Logo a seguir o animal foi abatido por outros soldados da Marinha, mas o mal estava feito. Mas o barco afundado era só o primeiro a ir ao fundo na Batalha da Quinta do Douro. Isso porque outro barco

Page 6: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

299

cometeu a imprudência de se colocar ao pé da ponte, e logo animais da Quinta do Douro da Margem Sul aproveitaram a oportunidade.

Arrastando a maior árvore abatida na Quinta do Douro da Margem Sul, dez animais conseguiram levar o tronco de 1 metro de espessura e mais de 5 de comprimento para o alto da ponte que cruzava o Rio Douro, e lá à força de braços empurraram-no para a borda da estrutura, usando tábuas de madeira como rampas. A tarefa foi árdua mas frutífera: mal o tronco alcançou o alto da protecção lateral da ponte, este precipitou-se para o rio, e o barco que era o alvo dos animais estava no caminho da árvore. De súbito, o ruído de algo grande a cair na água atraiu a atenção dos barcos mais próximos, incluindo a embarcação do porco 30, e os seus ocupantes viram o imenso tronco em cima do barco despedaçado. A corrente acabou por levar o tronco e os restos do barco para oeste, rumo à cascata, enquanto que os cinco mortos resultantes do ocorrido, todos os ocupantes do barco, se afundaram juntamente com as suas armas. Os responsáveis pela queda do tronco ficaram parados no alto da ponte a observar o barco destruído, até que o porco 30 exclamou «Aqueles ali em cima foram os responsáveis! Matem-nos!». Foi o que bastou para desatarem a correr em direcção à Quinta do Douro da Margem Sul, agachados para que as barras metálicas das protecções laterais da ponte detivessem as balas. Nenhuma bala atingiu os animais, e quando os soldados recarregaram as armas já estes iam longe, para o interior. Mas a Batalha da Quinta do Douro não duraria muito mais: escassos minutos depois, os últimos animais da Quinta do Douro a combater depunham os seus instrumentos, pondo fim à Batalha da Quinta do Douro. Do lado da Quinta do Douro tinham havido 35 mortos, reduzindo a população do país para 215 habitantes. Já a Quinta da Confusão perdera 40 soldados: 15 tanto na Infantaria como na Cavalaria (que ficavam, respectivamente, com 15 e 20 soldados) e 10 na Marinha, que assim ficava com 18 barcos e 90 soldados, 40 mortos no total. A população do império caía assim para 600 habitantes, aos quais não se juntava nenhum da Quinta do Douro uma vez que todos estes haviam fugido, nalgum momento da Batalha da Quinta do Douro, para a Quinta do Douro da Margem Sul. Ainda assim, a Quinta da Confusão ganhara 0,5 km2 de área, ficando com 2,5 km2, e uma nova quinta: a Quinta do Douro.

Batalha da Quinta do Douro

• Data: 10:50 – 11:00 do Dia 10 • Local: Quinta do Douro e Rio Douro • Resultado: Vitória da Quinta da Confusão, anexação da Quinta do

Douro por parte da Quinta da Confusão • Combatentes: Quinta da Confusão X Quinta do Douro

Page 7: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

300

• Forças: Quinta da Confusão – 215 soldados, 10 carroças, 20 barcos a remos de Modelo 1; Quinta da Douro – 130 animais

• Líderes: Quinta da Confusão – Cavalo 3, porco 30; Quinta do Douro – Nenhum

• Baixas: Quinta da Confusão – 40 soldados, 2 barcos; Quinta do Douro – 35 animais

Império da Quinta da Confusão

Quintas (4) – Quinta da Confusão, Quinta da Perfeição, Herdade dos Ovos (+Herdade dos Ovos da Margem Sul) e Quinta do Douro Minas de Ferro (2) – Quinta da Confusão e Quinta da Perfeição

Minas de Ouro (1) – Quinta da Perfeição Minas de Carvão (2) – Quinta da Perfeição e Herdade dos Ovos

Área: 2,5 km2

A Quinta do Douro não só estava conquistada como também, pelo que os soldados podiam ver, estava totalmente vazia. Mas nem o cavalo 3 nem o porco 30 estavam satisfeitos: com os antigos habitantes da Quinta do Douro agora refugiados na Quinta do Douro da Margem Sul, o prolongamento da quinta ocupada pelo império tinha quase o dobro da população que as Forças Armadas enfrentaram na Quinta do Douro, pelo que era preciso invadir a Quinta do Douro da Margem Sul sem demora. Mas, com apenas 35 soldados contra mais de 200 animais, a presença da Artilharia era necessária na Quinta do Douro da Margem Sul. Assim, enquanto alguns dos soldados atravessaram a correr a Quinta do Douro para chamarem as tropas da Artilharia, os restantes soldados atravessaram a ponte que cruzava o Rio Douro e entraram no Distrito de Viseu. O cenário com que se depararam era assustador: várias filas de animais rodeavam um perímetro de 25 metros à volta do fim da ponte, todos eles empunhando machados e foices. O cavalo 3, um dos militares que ia à frente, parou de contar aos 100 animais, e avaliando os que restavam contar calculou que todos os habitantes da nação que a Quinta da Confusão combatia estivessem ali, prontos a aniquilar os soldados do império. Duzentos e quinze animais da Quinta do Douro da Margem Sul contra 35 soldados da Quinta da Confusão, o que dava uma proporção de 6 para 1. Com espingardas que só disparavam uma bala de 20 em 20 segundos, o cavalo 3 sabia que seria um suicídio ordenar às suas tropas que avançassem, para além de que muito provavelmente estas se recusariam a fazê-lo. Ao ver o Comandante Supremo do Exército a dar um passo para trás, o porco 30 ordenou «Acendam os rastilhos! Vamos bombardear as forças inimigas!». Logo os soldados da Marinha mais próximos usaram os candeeiros a bordo para acenderem os rastilhos dos cilindros dos barcos, e segundos depois os

Page 8: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

301

primeiros voavam em direcção aos animais da Quinta do Douro da Margem Sul. Estes tentaram fugir, mas as detonações rapidamente fizeram as primeiras mortes da Batalha da Quinta do Douro da Margem Sul. Enquanto os inimigos se afastavam, a Artilharia alcançou o resto do Exército, pelo que o número de soldados em terra passou de 35 para 85. Recuperando a coragem que o abandonara, o cavalo 3 ordenou «Pessoal, avancemos! Vamos dar uma sova a esta gente!». E, com isso, as tropas avançaram.

Rapidamente as carroças da Artilharia, escoltadas cada uma por alguns soldados da Infantaria e Cavalaria, se dispersaram pelo terreno, atacando todos os inimigos que lhes apareciam pela frente. Para andarem mais depressa os soldados da escolta subiram para as carroças, e atiravam sobre os inimigos enquanto que os cavalos galopavam velozmente a 50-60 km\h pela Quinta do Douro da Margem Sul. Os cilindros eram também arremessados em andamento, e o número de vítimas quase que crescia a cada segundo. A velocidade dificultava ainda mais o combate aos animais da Quinta do Douro da Margem Sul, visto que as únicas maneiras que tinham de matar inimigos eram atirar machados às carroças em andamento ou tentar subir a bordo delas. Ambas as maneiras eram muito difíceis de concretizar, uma vez que os soldados alvejavam os inimigos mal percebiam as suas intenções, mas quando eram bem sucedidas resultavam sempre em mortos do lado da Quinta da Confusão. Houve, no entanto, um animal da Quinta do Douro da Margem Sul que tentou algo ainda mais arriscado. Segurando um candeeiro aceso obtido na Quinta da Perfeição, um pequeno pau e uma foice, o animal deitou-se à frente de uma das 10 carroças da Artilharia, de barriga para cima, fingido que fora abatido com um tiro. Quando a carroça passou por ele, o animal agarrou-se subitamente ao eixo e ergueu-se do chão, tentando aguentar o máximo de tempo possível sem tocar na terra que passava velozmente por baixo dele. Os braços rapidamente se cansaram de suster o corpo, e o animal não pôde evitar roçar com as patas de baixo no chão. Então, este olhou para o eixo traseiro da carroça e viu que o tronco de madeira estava à distância ideal para nele apoiar as pernas. Assim o fez, e com a cabeça apoiada no eixo dianteiro para ter as patas superiores livres começou a raspar o fundo da carroça com a foice. Rapidamente conseguiu obter um buraco, que não era visto pelos soldados a bordo por estar debaixo da pilha de balas e cilindros a bordo. O animal abriu então o candeeiro e encostou ao fogo o pequeno pau que trazia consigo, que logo ficou com a ponta a arder. De seguida, introduziu-o no buraco aberto no chão da carroça, até perceber que incendiara o invólucro de um cilindro. Este esperou uns segundos, até ter a certeza de que o fogo não se apagaria, e então tomou a difícil decisão de saltar dos eixos da carroça em andamento. O animal encolheu as pernas, ficando suspenso pelos braços, e depois largou o eixo dianteiro da carroça. Mal chegou ao chão, este rebolou e saltou durante alguns metros, até parar de vez.

Page 9: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

302

O arrojo do animal da Quinta do Douro da Margem Sul podia ter-lhe causado a morte, caso fosse apanhado ou atropelado pela carroça, mas as únicas coisas que lhe rendeu foram alguns arranhões ligeiros. Mal este se pôs de pé e sacudiu a terra que se lhe agarrara aos pêlos, ouviu-se um enorme estrondo, e a carroça incendiada pelo animal transformou-se numa bola de fogo. Quando esta se dissipou, os restos enegrecidos da carroça jaziam espalhados pelo chão, assim como os seus 10 ocupantes. Dez animais mortos num só segundo, num acto sem igual efectuado pela Quinta do Douro numa batalha que quase de certeza acabaria por perder. A explosão e as mortes deram ânimo aos animais da Quinta do Douro da Margem Sul, mas o cavalo 3 e o porco 30 responderam com a intensificação dos bombardeamentos. Apenas dois minutos depois, os últimos animais da Quinta do Douro da Margem Sul ainda a combater depuseram as armas. Terminava assim a Batalha da Quinta do Douro da Margem Sul e a própria Guerra contra a Quinta do Douro, a mais curta que a Quinta da Confusão travara até então, com apenas 45 minutos de duração. Graças aos intensos bombardeamentos efectuados pela Artilharia e pela Marinha da Quinta da Confusão, o número de mortes inverteu-se: a Quinta da Confusão passou a ser a nação menos prejudicada e vice-versa, ao contrário do que acontecera na Batalha da Quinta do Douro. A Cavalaria e a Infantaria sofreram 10 mortos cada (ficando, respectivamente, com 5 e 10 soldados), a Artilharia perdeu 5 militares e uma carroça (ficando com 45 soldados e 9 carroças) e a Marinha não perdeu ninguém, pelo que o total de mortos do lado da Quinta da Confusão foi de 25. O cavalo 3, ao saber do bastante reduzido número de soldados da Cavalaria e da Infantaria ainda vivos, comentou «Com a pólvora, a Cavalaria e a Infantaria foram quase dizimadas. Sem ela… Não haveria o quase». Já a Quinta do Douro, apesar dos bombardeamentos, perdeu apenas 40 animais, sobrando 175 que assim elevaram o número de habitantes da Quinta da Confusão de 575 para 750. O império conseguiu assim anexar todas as quintas conhecidas à sua volta, quintas-estado como diriam nesse dia os cientistas da Quinta da Confusão, ficando com 4 quintas, 2 prolongamentos e um total de 3 km2 de área. A Quinta da Confusão podia então viver em paz… Ou não.

Batalha da Quinta do Douro da Margem Sul

• Data: 11:00 – 11:05 do Dia 10 • Local: Quinta do Douro da Margem Sul e Rio Douro • Resultado: Vitória da Quinta da Confusão, fim da Quinta do Douro

como um estado independente, anexação da Quinta do Douro da Margem Sul por parte da Quinta da Confusão

• Combatentes: Quinta da Confusão X Quinta do Douro

Page 10: 40-O contra-ataque da Quinta da Confusão

Quinta da Confusão – O nascimento de um império

303

• Forças: Quinta da Confusão – 175 soldados, 10 carroças, 18 barcos a remos de Modelo 1; Quinta da Douro – 215 animais

• Líderes: Quinta da Confusão – Cavalo 3, porco 30; Quinta do Douro – Nenhum

• Baixas: Quinta da Confusão – 25 soldados, 1 carroça; Quinta do Douro – 40 animais

Império da Quinta da Confusão

Quintas (4) – Quinta da Confusão, Quinta da Perfeição, Herdade dos Ovos (+Herdade dos Ovos da Margem Sul) e Quinta do Douro (+Quinta do

Douro da Margem Sul) Minas de Ferro (2) – Quinta da Confusão e Quinta da Perfeição

Minas de Ouro (1) – Quinta da Perfeição Minas de Carvão (2) – Quinta da Perfeição e Herdade dos Ovos

Área: 3 km2

Ilustração 28 – O Império da Quinta da Confusão após a queda da

Quinta do Douro: todas as quintas à volta da capital anexadas.

Legenda: Cinzento-escuro – N1 (em cima, em construção), ponte entre

a Quinta do Douro e a Quinta do Douro da Margem Sul (em baixo);

Verde – Herdade dos Ovos (em cima), Herdade dos Ovos da Margem

Sul (em baixo); Restantes cores – Ver legenda da ilustração 23, pág. 210

Guerra contra a Quinta do Douro – 30 minutos (290 vítimas)

Enquanto os soldados deixavam a Quinta do Douro e os seus animais se voltavam a espalhar pelos antigos territórios do país, agora parte do Império da Quinta da Confusão, um grupo de animais da Quinta do Douro decidiu construir por sua conta uma estrada que ligasse a Quinta da Perfeição à Quinta do Douro. A estrada, de 0,5 km de extensão, recebeu o nome de «N2», nome esse que logo foi posto no alto da placa de fundo branco que indicava as distâncias até aos territórios mais próximos, 0,5 km